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Colégio Pedro II – Curso Técnico em Instrumentos Musicais

Música, Sociedade e Cultura 2 – Profa Ana Paula Cruz

Maxixe e Tango Brasileiro

Ana Cristina Santos de Paula

Quando as companhias de teatro europeias chegam ao Rio de Janeiro, elas


trazem um ritmo que faz muito sucesso diante da classe-média que estava surgindo na
cidade: a polca. O sucesso da polca foi tamanho que o escritor Machado de Assis –
cujos romances contos e crônicas tiram seus temas da vida carioca da segunda metade
do século passado ia referir-se a ela em oito de suas obras: crônicas de 1878,1887 e
1894, nos romances Ressurreição (1872), Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881),
Quincas Borba (1891) e em dois contos.
Na polca o par dança entrelaçado e por alguma semelhança rítmica e
coreográfica com o lundu a polca no Brasil começa a misturar-se com ele e a gerar uma
nova dança: o maxixe. O maxixe nasce como uma dança popular no bairro da Cidade
Nova, onde se localiza o atual sambódromo no Rio de janeiro.
O problema inicial foi que o maxixe estava tão intimamente ligado às suas
origens negras e mestiças e ao seu cultivo suspeito por homens do comércio e mulheres
de vida airada, nos clubes carnavalescos, que a simples anunciação do nome maxixe
feria a sensibilidade feminina como um desrespeito. O nome de maxixe que a dança
tomara por volta de 1870 era usado ao tempo para tudo quanto fosse coisa julgada de
última categoria. O próprio fruto comestível maxixe é uma planta rasteira que na época
era cultivada com muita frequência nos quintais das chácaras dos antigos mangues da
Cidade Nova, sem ter nenhum valor. Daí o maxixe, que por alguns estudiosos é
considerado uma versão nacional da polca misturada ao lundu ter sido bastante
estilizado como dança e não ter sido aceito como gênero, recebendo a classificação de
tango-brasileiro.
Alguns musicólogos apontam o tango-brasileiro como uma variante mais bem
cuidada do maxixe e que constituiu realmente um gênero. Tudo somado, a conclusão é
de que na realidade, não houve uma criação, mas duas criações: uma popular – a do
maxixe surgido aos poucos, na área dos músicos chorões, como síntese de uma forma de
acompanhar um estilo de dança espevitada- e outra semi-erudita- a do tango de Ernesto
Nazareth, composto para piano com requintes de virtuosismo técnico, e possivelmente
influenciado pela habanera, sempre mais aproveitada pelos músicos eruditos do que o
maxixe nacional. Alguns consideram que o tango-brasileiro seja uma junção do lundu,
da polca e da habanera (havenera).

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