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Antonio J. Augusto
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Texto do encarte do CD Henrique Alves de Mesquita: músico do Império do Brasil.
valsa composta em homenagem à célebre soprano que encantou o compositor e o
público carioca foi editada em 1854 e tocada em concerto, em benefício à cantora, no
Teatro São Pedro de Alcântara. Neste dia, de acordo com periódicos da época, foram
oferecidos à diva um colar com 42 brilhantes e uma pulseira com 14 brilhantes.
De sua vasta produção de mágicas, o Art Metal Quinteto optou por registrar
trechos do Ali Babá (1872), da Coroa de Carlos Magno (1873) e de O Vampiro, ou
os demônios da meia noite (1873), estas duas últimas gravadas pela primeira vez em
disco. Chama-nos a atenção a forma embrionária do nosso tango brasileiro no Tango
do Ali Babá, ainda fortemente marcado pela habanera; o virtuosismo que demanda a
execução do bailado da Coroa e o domínio formal da grande valsa do Vampiro.
Agregam-se a estas obras o Batuque Característico, com seu forte gestual negro e a
tocata A Vaidosa. A partitura criada para a gravação do Batuque foi realizada sobre
o arranjo realizado por Anacleto de Medeiros para a Banda do Corpo de Bombeiros.
A Marcha heroica Marquês de Pombal foi estreada no Theatro D. Pedro II
durante um festival comemorativo do centenário de falecimento do importante
estadista português, em 1882. Na mesma ocasião, foram tocadas obras de músicos que
gozavam enorme prestígio na sociedade Imperial, como Arthur Napoleão, Robert J.
Kinsman Benjamin e Leopoldo Miguez. A polca Carlos Gomes, composta em 1887,
utilizando trechos e motivos da ópera O Guarany, foi executada no mesmo ano
durante a visita de Mesquita ao violinista Sant’Anna Gomes, em Campinas.
A gravação inédita de trechos do Te Deum, especialmente arranjados para esta
ocasião – verdadeiro desafio musical, técnico e interpretativo –, foi realizada a partir
do manuscrito encontrado no Acervo Musical do Cabido Metropolitano do Rio de
Janeiro. A obra, infelizmente não datada, foi composta para solistas, coro e orquestra
e é uma importante faceta deste artista que durante toda sua vida manteve constante
em seu ofício a prática da música sacra, e participou de maneira ativa de festejos e
comemorações das mais diversas irmandades religiosas da cidade do Rio de Janeiro.
150 anos depois da estreia da ópera O Vagabundo, abrimos as cortinas e
apresentamos um verdadeiro espetáculo de talento, brasilidade e emoção. Que a
poeira do esquecimento seja para sempre varrida da obra de Mesquita e que possamos
cada vez mais escutar e festejar um dos maiores artistas do Império da Santa Cruz, um
gênio desta terra solar chamada Brasil.