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GOVERNO DE EURICO GASPAR DUTRA (31/01/1946 A 31/01/1951)

Eleito graças às bases políticas formadas por Getúlio Vargas, Eurico Dutra foi o primeiro presidente eleito pelo voto
direto após o Estado Novo. Empossado em 1946, ele vivenciou as tensões e problemas que marcavam o desenvolvimento da
Guerra Fria no cenário político internacional. Internamente, teve como primeira grande ação, a convocação da Assembleia
Constituinte que discutiria as leis a serem integradas a uma nova Carta Magna.
Oficializada em 1946, a nova constituição brasileira determinava a autonomia entre os três poderes e a realização de
eleições diretas para os cargos executivos e legislativos estaduais, municipais e federais. Militares e analfabetos não
poderiam votar, o voto feminino foi mantido e sua idade mínima reduzida para os 18 anos de idade. De fato, somente as
mulheres que atuavam no funcionalismo público com cargos remunerados é que deveriam votar obrigatoriamente. Na
economia, observamos que o país reconquistava os níveis de importação na medida em que as grandes nações
industrializadas retomavam o antigo ritmo de produção. Sendo um mercado consumidor de grande interesse, o Brasil
absorveu uma significativa quantidade de bens de consumo, principalmente dos Estados Unidos. Em pouco tempo, as
reservas cambiais do país foram diminuindo, a indústria nacional desacelerou e a dívida externa voltou a crescer.
Não se restringindo ao campo econômico, a aliança do governo Dutra junto ao governo norte-americano também
repercutiu em ações políticas de natureza autoritária. Após receber uma significativa quantidade de votos, o Partido
Comunista foi posto na ilegalidade e todos os funcionários públicos pertencentes ao mesmo partido foram exonerados de
seus cargos. Pouco tempo depois, o governo do Brasil anunciou o rompimento de suas relações diplomáticas com a União
Soviética.
Observando o agravamento dos problemas econômicos do país, Dutra adotou medidas que facilitavam a importação
de combustível e maquinário industrial para o país. Em maio de 1947, o Plano Salte pretendia reorganizar os gastos públicos
com saúde, alimentação, transporte e energia. Por meio dessas ações de controle, o governo Dutra conseguiu atingir uma
média anual de crescimento econômico de 6%.
Chegando em 1950, os brasileiros preparavam-se para uma nova eleição para presidente da República. Mais uma
vez, assim como em 1945, o cenário político nacional experimentava a carência de líderes políticos nacionais. De tal forma,
o PSD ofereceu a candidatura do incógnito mineiro Cristiano Machado e a UDN apostou novamente no brigadeiro Eduardo
Gomes. O PTB por sua vez, chegava à frente lançando o nome de Getúlio Vargas, que venceu com 48% dos votos válidos.

GOVERNO DE GETÚLIO VARGAS (31/01/1951 A 24/08/1954)


Dutra cumpriu todo o tempo previsto para o mandado presidencial e, em outubro de 1950 foram realizadas novas
eleições presidenciais. Para o pleito de 1950 candidataram-se Cristiano Machado pelo Partido Social Democrático (PSD), o
brigadeiro Eduardo Gomes pela União Democrática Nacional (UDN), e Getúlio Vargas pela coligação entre o Partido
Trabalhista Brasileiro (PTB) e o Partido Social Progressista (PSP).
O candidato do PSD era apoiado por Dutra para ser o sucessor na presidência. O candidato da UDN era o predileto
da mídia. No entanto, foi Getúlio Vargas que obteve a maioria dos votos (48,7%). A UDN, ferrenha opositora de Vargas,
contestou essa vitória, pois não havia alcançado a maioria absoluta dos votos - ou seja, 50% ou mais -, havia apenas
conseguido a maioria simples. A Justiça Eleitoral não aceitou a contestação da UDN, porque segundo a Constituição em
vigência o candidato eleito deveria ter apenas a maioria simples dos votos.
Com o objetivo de recuperar a economia nacional, Vargas adotou o Plano de Reaparelhamento Econômico que
consistiu na organização de políticas setoriais e no desenvolvimento industrial. Dessa maneira, foram disponibilizados
capitais para a infraestrutura de determinados setores fundamentais como o rodoviário e a energia. Dentre as principais
realizações do segundo governo de Getúlio Vargas estiveram a criação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico -
BNDE (1952), a criação da Petrobrás (1953), e a proposição de criação da Eletrobrás (1954). Para recuperar as perdas
salariais ocorridas durante a presidência de Dutra, os trabalhadores fizeram duas Greves Gerais. Para conter as manifestações
dos trabalhadores, Getúlio Vargas aceitou a proposta do então ministro do Trabalho, João Goulart, e aumentou o salário
mínimo em 100%. Por conta do aumento salarial, Vargas começou a ser acusado pelos empresários de aproximação
ao comunismo. Os empresários estavam insatisfeitos e articulavam-se para realizar um golpe de Estado.
A UDN também conspirava contra o governo de Vargas, e por meio dos órgãos da imprensa depreciavam o
presidente e o governo. O principal jornal que promovia campanha contra o governo era o Tribuna da Imprensa, propriedade
do jornalista udenista Carlos Lacerda. Em 5 de janeiro de 1954, ocorreu o atentado da rua Tonelero, ferindo Carlos Lacerda e
atingindo letalmente o major Rubens Vaz. Esse atentado feito pelo chefe da guarda pessoal de Vargas, Gregório Fortunato,
desencadeou os pedidos de deposição ou renúncia de Getúlio Vargas.
Em 22 de agosto de 1954, militares liderados pelo brigadeiro Eduardo Gomes escreveram um manifesto pedindo a
renúncia de Vargas. No entanto, o presidente não cedeu à exigência dos militares. Em 24 de agosto de 1954, Getúlio Vargas
suicidou-se com um tiro no peito e deixou uma carta-testamento encerrada com as seguintes palavras: “Serenamente dou o
primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História”. O suicídio de Vargas causou grande
comoção popular.
O vice-presidente Café Filho (PSP) assumiu a presidência, e por motivos de saúde foi substituído pelo presidente da
Câmara dos Deputados, Carlos Luz. Somente foram realizadas novas eleições em outubro de 1955.

GOVERNO DE JUSCELINO KUBITSCHEK (31/01/1956 A 31/01/1961)


No final do ano de 1954, Juscelino e as lideranças do PSD decidiram lançar a candidatura dele à presidência do
país. O suicídio de Getúlio Vargas havia causado transtornos na sucessão presidencial. O vice-presidente Café Filho ocupou
o cargo interinamente e devido aos problemas de saúde precisou ser substituído. Primeiro foi sucedido pelo presidente da
Câmara dos Deputados, Carlos Luz. No entanto, o ministro da Guerra, marechal Henrique Lott, destituiu-o, pois considerou
Carlos Luz uma ameaça à sucessão presidencial de Juscelino. Em seguida, Nereu Ramos assumiu presidência na tentativa de
assegurar a Café Filho a restituição do cargo. Contudo, Lott inviabilizou o retorno de Café Filho. Nereu Ramos governou até
a tomada de posse de Juscelino Kubitschek na presidência e João Goulart na vice-presidência da República, em 31 de
janeiro de 1956.
Dentre as primeiras proposições políticas do governo Juscelino Kubitschek esteve o Plano de Metas, também
chamado de Programa de Metas. Esse plano consistia em um projeto de desenvolvimento nacional com trinta e uma metas,
a trigésima primeira meta era a construção de Brasília e a transferência da capital federal do Rio de Janeiro para lá. O slogan
adotado para o Plano de Metas foi “50 anos de progresso em 5 anos de realizações”. O Plano de Metas pretendeu atuar em
cinco setores da economia nacional e estabeleceu várias metas para cada um deles, esses setores foram: energia, transportes,
indústria de base, alimentação e educação. Esses três primeiros setores mencionados receberam 93% dos recursos, e
educação e alimentação contaram apenas com 7% dos investimentos. O resultado mais significativo do Plano de Metas foi o
crescimento em 100% na indústria de base nacional. Contudo, a utilização de capital estrangeiro para fomentar o Plano de
Metas gerou desequilíbrio monetário no país.
Em 1957, Oscar Niemeyer organizou um concurso para eleger quem formularia o plano-piloto de Brasília, no qual
foi escolhido o projeto do urbanista Lúcio Costa. A União Democrática Nacional (UDN) foi contra a transferência da capital
nacional do Rio de Janeiro para Brasília, e convocou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar
irregularidades na construção da capital, em 1958. Essa CPI foi protelada até a inauguração do novo Distrito Federal, em 21
de abril de 1960.
A manutenção da política econômica desenvolvimentista do governo Kubitschek estava comprometida por conta
das exigências financeiras do Fundo Monetário Internacional (FMI) e das manifestações populares contra a carestia, para
manter o cunho desenvolvimentista do governo foi necessária o descumprimento das prescrições do FMI.
O governo de Juscelino Kubitschek foi sucedido pelo de Jânio Quadros, candidato da UDN, que obteve a maioria
esmagadora dos votos nas eleições presidenciais. João Goulart, do Partido Trabalhista Brasileiro, apesar da disparidade
política em relação ao candidato à presidência, foi reeleito para o cargo de vice-presidente. Jânio Quadros e João Goulart
assumiram os postos em 31 de janeiro de 1961.

GOVERNO DE JÂNIO DA SILVA QUADROS (31/01/1961 A 25/08/1961)


Em 20 de abril de 1959, foi fundado um movimento pela candidatura de Jânio Quadros à presidência do país, o
Movimento Popular Jânio Quadros (MPJQ). A campanha para a presidência adotou o seguinte slogan: “varre, varre,
vassourinha, varre, varre a bandalheira”, em menção às propostas de combate à corrupção e moralização de costumes.
O governo de Jânio Quadros foi marcado por contradições do presidente. Já no dia em que tomou posse do cargo
mostrou-se contraditório, no primeiro discurso elogiou o governo de JK e horas depois disse à imprensa que havia herdado
dívidas do governo anterior, que não havia gerido bem o país. Jânio Quadros manteve no governo federal as medidas de
moralização de costumes e tentou até mesmo proibir o uso de biquínis nas praias. Promoveu uma centralização do poder na
presidência, diminuindo os encargos do Congresso Nacional.
No que se referiu à política econômica realizou uma reforma cambial que favoreceu o setor exportador e os
credores internacionais. Malgrado, adotou uma política econômica conservadora e alinhada aos propósitos estadunidenses,
propôs a retomada de relações diplomáticas e comerciais com países do bloco socialista (China e União Soviética),
ocasionando muitas críticas dos setores que o apoiaram. Com o aprofundamento dos conflitos sociais surgiram as Reformas
de Base, os movimentos sindical e camponês engajaram-se nessas propostas de reformas, entretanto, o governo estabeleceu
relações dúbias com esses movimentos.
Em janeiro de 1961, foi realizada a Conferência de Punta del Este em que se discutiu a relação dos países
americanos com o Estados Unidos da América. Após essa conferência, Ernesto Che Guevara, ministro da Economia de
Cuba, visitou o Brasil e Argentina para agradecer o posicionamento dos governos desses países favorável à Cuba. Che
Guevara recebeu de Jânio Quadros a condecoração da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, inquietando setores
conservadores militares e civis.
A condecoração de Che Guevara, a restituição de jazidas de ferro em Minas Gerais ao governo federal e a viagem
do vice-presidente João Goulart à China foram fatores que levaram os militares a exigirem a deposição da presidência de
Jânio Quadros. A União Democrática Nacional (UDN) que era base política do governo Jânio Quadros tornou-se oposição.
A principal figura política da UDN, Carlos Lacerda, declarou em rede nacional de rádio e televisão que Jânio Quadros
estaria conspirando para instaurar um golpe de Estado.
No dia seguinte (25 de agosto de 1961), Jânio Quadros renunciou, prontamente aceita pelo Congresso Nacional. Na
carta de renúncia, Jânio Quadros dizia: “Forças terríveis se levantaram contra mim”, pretendendo provocar uma comoção
popular contra a renúncia. No entanto, isso não ocorreu. A transferência do cargo para o vice-presidente João Goulart
passou por diversos percalços. Durante a renúncia de Jânio Quadros, João Goulart estava em uma missão diplomática na
China e sua imagem era relacionada ao regime comunista por parcela das forças armadas e por grupos de direita. Para tentar
impedir que Goulart assumisse o cargo, os ministros militares do governo de Jânio Quadro formaram uma Junta Militar.
O Congresso Nacional considerou o veto ao governo de Goulart inconstitucional, mas restringiu os poderes do
futuro presidente votando a proposta de adoção do regime parlamentarista no país. A escolha do parlamentarismo arrefeceu
os grupos que pretendiam o impedimento de João Goulart. No curso das duas semanas entre a renúncia de Jânio e o retorno
de Goulart, assumiu a presidência da República o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli. E, somente em 7
de setembro de 1961, João Goulart iniciou o governo presidencial em regime parlamentarista.

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