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Eurico Gaspar Dutra

Eleições:

• O general Eurico Gaspar Dutra governou o Brasil de


1946 a 1950, sendo o primeiro presidente eleito no
Brasil após a Era Vargas (1930-1945), obtendo
3.351.507 votos pela aliança PSD e PTB, derrotando
Eduardo Gomes da UDN.

Uma nova Constituição:

• No dia 31 de Janeiro de 1946, quando tomou posse, também foi aberta a Assembleia
Constituinte, para elaboração de uma nova Constituição que substituiria a lei de 1937, do
Estado Novo.
• A Constituição de 1946 acabou tendo caráter liberal, garantindo o voto secreto e universal
para pessoas de 18 anos de idade ou mais, a garantia da liberdade de expressão, além da
exclusão do voto dos militares e analfabetos e mandatos políticos de cinco anos.

Política:

• No ponto de vista político, o Brasil se alinhou aos EUA e rompeu com a URSS. Como
consequência, o PCB foi colocado na ilegalidade no ano de 1947 e o direito a greve foi
restringido. Assim, a liberdade de expressão definida pela Constituição foi desrespeitada.
Em 1948 foi fundada a OEA (Organização dos Estados Americanos), com sede em
Washington, nos EUA, a qual o Brasil passou a fazer parte, tendo como objetivo a defesa da
soberania dos Estados Americanos e de suas respectivas democracias representativas.
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Economia:

• O governo Dutra buscou desenvolver setores mais carentes do país. Assim, foi estabelecido o
Plano Salte (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia). Como consequências desse plano
foram construídas a rodovia Rio-São Paulo (Via Dutra) e a rodovia Rio de Janeiro-Bahia, além
da construção da maternidade Carmela Dutra em Florianópolis-SC e a Companhia Hidrelétrica
de São Francisco. O Plano Salte também estabelecia a parceria público-privada para a
exploração e o refino do petróleo brasileiro, o que desagradou os EUA.
• O Plano Salte é considerado fracassado, pois recebeu a maior parte de investimentos
estrangeiros e realizou menos obras do que se esperavam, contribuindo para o aumento
da dívida externa do país.

Economia:

• Em seu governo, também foi inaugurada a primeira emissora de televisão brasileira, a TV


Tupi, além do país sediar a Copa do Mundo de Futebol de 1950, com a vitória do Uruguai,
derrotando o Brasil por 2 x 1 na final, no estádio do Maracanã (Maracanaço).

2
Fim do mandato:

• No dia 3 de Outubro de 1950 ocorreram eleições presidenciais, e Getúlio Vargas, que durante
governo Dutra, exercia o mandato de senador, foi eleito pelo PTB, tomando posse no dia 31 de
janeiro de 1951. Assim terminava o governo de Eurico Gaspar Dutra. Porém, como político,
tentou retornar a presidência em 1964, após o golpe militar, mas sem sucesso faleceu em 1974.

Anotações:

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Getúlio Vargas

Eleições:

• Entre anos de 1946 e 1947, Getúlio Vargas exerceu


mandato de Senador da república. Durante esse
período, apoiou o governo de do presidente Eurico
Gaspar Dutra, compreendendo ser uma porta de
entrada para o seu retorno ao poder executivo nas
próximas eleições.

• As eleições de 1950 foram conturbadas, com a oposição tentando impugnar a candidatura


de Vargas, alegando que ele não havia respeitado duas constituições até então, a
Constituição de 1891 e a Constituição de 1934. Porém, a sua popularidade fez com que fosse
eleito pelo PTB no dia 3 de outubro daquele ano com 3.849.040 votos, contra 2.342.384
votos de Eduardo Gomes da UDN. Assim, no dia 31 de janeiro de 1951, iniciou o seu último
mandato, sendo interrompido pela sua morte no dia 24 de Agosto de 1954.

O retrato do velho:

Bota o retrato do velho outra vez Eu já botei o meu


Bota no mesmo lugar E tu, não vais botar?
Bota o retrato do velho outra vez Já enfeitei o meu
Bota no mesmo lugar E tu, vais enfeitar?

O sorriso do velhinho faz a gente O sorriso do velhinho faz a gente se


trabalhar animar
O sorriso do velhinho faz a gente O sorriso do velhinho faz a gente se
trabalhar animar

1
Governo:

• O governo de Getúlio Vargas foi marcado pelo desenvolvimentismo nacional, com a criação
do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o Banco do Nordeste,
com sede em Fortaleza, que tem por objetivo promover o desenvolvimento sustentável do
Nordeste, o Instituto Brasileiro do Café, tendo como objetivo de definir a política do setor,
desde a produção a exportação, e através da lei 2004, a Petrobrás foi criada no dia 3 de
outubro de 1953, sendo responsável pelas políticas do setor, como o a exploração, o refino
e a comercialização do petróleo brasileiro.

O petróleo é nosso:

• Nos meses que antecederam a criação da Petrobrás foi instituída uma campanha nacional
denominada "O Petróleo é Nosso", defendida não só pelo governo de Vargas, mas também
por setores da direita nacionalista e da esquerda, assim como o PCB (Partido Comunista
Brasileiro), que discursavam em torno da importância do monopólio da exploração do
petróleo pelo Estado. Em oposição, pejorativamente definidos como Entreguistas, estavam
setores mais conservadores, que alegavam ser indispensável a abertura da concorrência
para a exploração.

A oposição:

• A defesa do monopólio pelo Estado atraiu mais ainda a oposição a Getúlio Vargas, como a
UDN (União Democrática Nacional), através do jornalista Carlos Lacerda, as forças armadas
que já buscavam um alinhamento aos EUA no contexto da Guerra Fria, a imprensa
brasileira, além do empresariado.
• Devido a forte pressão da oposição, no início de 1954 o Ministro do Trabalho, Indústria e
Comércio, João Goulart propôs o aumento do salário-mínimo em 100%, de 1200 cruzeiros
para 2400 cruzeiros, como forma de evitar greves contra o governo. O resultado foi
catastrófico, desagradando a elite empresarial, resultando na queda de Jango.
2
Atentado:

• No dia 5 de agosto de 1954, ocorreu o Atentado da Rua Toneleiros, no Rio de Janeiro, quando
Carlos Lacerda, opositor a Vargas, chegava em seu prédio com Rubens Vaz, major da
aeronáutica. Em meio a troca de tiros, Rubem Vaz faleceu e Carlos Lacerda foi baleado no
pé. O inquérito policial da época condenou Alcino João do Nascimento e o auxiliar Climério
Euribes de Almeida pelos disparos, e Gregório Fortunato como mandante, ambos
pertencentes a Guarda Negra, o serviço de segurança pessoal de Getúlio Vargas.

Fim do mandato e morte:

• No dia 22 de agosto de 1954 foi assinado o Manifesto dos Generais, por 19 generais
influentes, como Henrique Lott, Golbery do Couto e Silva, Humberto Castelo Branco, entre
outros, exigindo a renúncia de Getúlio Vargas.
• Após reunião com seus ministros, quando foi aconselhado a se licenciar, Getúlio Vargas
cometeu suicídio na madrugada do dia 23 para o dia 24 de agosto de 1954, deixando uma
carta testamento em posse de Alzira Vargas, filha de Getúlio e chefe de gabinete durante o
seu mandato.
• No lugar de Vargas, assumiu a presidência o conservador Café Filho até o dia 8 de novembro
de 1955.
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Carta testamento:

Mais uma vez as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e se desencadeiam


sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam; e não me dão o direito
de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue
a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.
Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos
econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci.
Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar.
Voltei ao governo nos braços do povo.
A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais
revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida
no Congresso. Contra a Justiça da revisão do salário-mínimo se desencadearam os ódios.
Quis criar a liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da
Petrobras, mal começa esta a funcionar a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi
obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre, não querem que o
povo seja independente.
Assumi o governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os
lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de
valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de
dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se nosso principal produto. Tentamos
defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia a ponto
de sermos obrigados a ceder.
Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante,
incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo,
para defender o povo, que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar, a não
ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar
sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.
Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha
alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito
a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no
pensamento a forca para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a
vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa

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consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o
perdão.
E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo
e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será
escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o
preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo.
Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu
vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o
primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.
(Rio de Janeiro, 23/08/54 - Getúlio Vargas)

Anotações:

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República Democrática

Pós-governo Vargas (1954-1956)

Café Filho:

• Com a morte de Getúlio Vargas no dia 24 de agosto de


1954, o vice-presidente João Fernandes Campos Café
Filho, do PSP (Partido Social Progressista) assumiu a
presidência, exercendo o cargo até o dia 8 de novembro
de 1955.

• Em seu discurso de posso, Café Filho alegou não ter


grandes pretensões na política, afirmando o caráter
provisório de seu governo, o que agradou militares e
políticos da UDN.

• Para combater a crise econômica do país, Café Filho diminuiu os gastos públicos, manteve
retido o imposto de renda e instituiu uma taxa única de energia elétrica.

• Nas eleições de 1955, Café Filho apoiou o candidato da UDN Juarez Távara, que foi derrotado
pela aliança PSD-PTB, que havia lançado Juscelino Kubitschek como presidente e João
Goulart como vice-presidente.

• Tanto UDN, quanto militares haviam feito pressão a Café Filho para que interferisse nas
eleições, adiando-a para evitar o retorno do varguismo ao poder, mas o presidente não
cedeu. No dia 8 de novembro de 1955, teve de se afastar de seu cargo devido a doença
cardiovascular.

1
Carlos Luz:

• De 8 a 11 de novembro, assumiu o cargo o presidente da


câmara dos deputados, Carlos Luz. Nesse período, o coronel
Jurandir Mamede discursou em prol da intervenção para
impedir a posse de Juscelino Kubitschek no ano seguinte, e
o Ministro da Guerra, o Marechal Henrique Lott, que
defendia a normalidade do processo, demonstrou interesse
em punir o coronel, porém, Carlos Luz não aceitou a
proposta e através de setores militares e do apoio de Carlos
Lacerda, isolou politicamente o Marechal Henrique Lott, que
pediu demissão.

• Com apoio da Escola Superior de Guerra (Sourbonne), Henrique Lott deferiu um golpe de
Estado a Carlos Luz, promovendo um cerco ao Palácio do Catete. Porém, o presidente
conseguiu fugir a bordo do Cruzador Tamandaré.

• Henrique Lott apresentou a proposta de impeachment, alegando que Carlos Luz tinha fugido
do Brasil, mas através de uma carta, o presidente alegou estar em “águas territoriais”.
Mesmo assim, o processo foi aprovado e o presidente do Senado, Nereu Ramos assumiu a
presidência

Nereu Ramos:

• No dia 21 de novembro, Café Filho anunciou que estava


apto a reassumir a presidência, porém, o Congresso
recusou, alegando que ele havia conspirado contra a
posse de Juscelino Kubitschek.

• O presidente Nereu Ramos decretou estado de sítio,


limitando os poderes do Congresso para garantir a posse
do futuro presidente no dia 31 de janeiro de 1956.

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Juscelino Kubitschek

Contexto:

• O médico e oficial mineiro Juscelino Kubitschek foi


presidente do Brasil de 1956 a 1961, anteriormente já havia
sido prefeito de Belo Horizonte e governador de Minas
Gerais. O período de seu governo como presidente ficou
conhecido como Anos Dourados, devido ao
desenvolvimento econômico.
• Em seu período de governo também comemorou
conquistas brasileiras no esporte, como a Copa do Mundo
de 1958, realizada na Suécia, os títulos de tênis de Grand
Slam, US Open e Wimbledon, de Maria Esther Bueno no
ano de 1959 e o mundial de basquete masculino de 1959,
realizado no Chile.
Eleições:

• Kubitschek venceu as eleições de 1955 através da chapa PSD-PTB, tendo como vice João
Goulart. Antes da posse, a oposição liderada pela UDN tentou anular o resultado das urnas,
temendo o retorno do varguismo ao poder.

Relações Internacionais:

• Do ponto vista internacional, J.K. se alinhou aos EUA na Guerra Fria e criou a OPA (Operação
Pan-Americana), que visava desenvolver os países da América, gerando um bem-estar
social como forma de inibir a propagação dos ideais comunistas. Foi resultante desse
acordo a criação do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) com sede em
Washington, nos EUA, tendo por objetivo propiciar financeiramente projetos de
desenvolvimento da América.
1
Economia:

• Do ponto de vista econômico, o governo de J.K. foi marcador pelo desenvolvimentismo,


buscando industrializar e viabilizar o crescimento de setores carentes do Brasil, era o
chamado Plano de Metas, contendo 31 metas a serem realizadas, priorizando a integração
do país pela construção da nova capital federal, Brasília, localizada no Centro-Oeste, pelo
transporte rodoviário, através das rodovias federais (BRs), como Belém-Brasília, Brasília-
Rio Branco e Cuiabá-Porto Velho, o desenvolvimento das indústrias de bens de consumo
duráveis e não duráveis, o investimento em energia com a construção da Usina Hidrelétrica
de Turmas e Três Marias. O presidente pretendia cumprir todas as metas durante o seu
mandato, por isso o slogan "50 anos em 5".

• O objetivo das metas era reduzir o Custo Brasil, melhorando a qualidade de vida da
população e reduzir as importações com empresas internacionais instaladas no Brasil,
tendo fabricação local, como por exemplo a Volkswagen e a General Motors. Para que isso
ocorresse, J.K. recorreu a empréstimos junto ao FMI (Fundo Monetário Internacional),
assim, ao mesmo tempo em que o país se desenvolvia a dívida externa também crescia,
saído de 57 milhões de dólares antes de seu governo começar para 297 milhões de dólares
no meio de sua gestão, desvalorizando a moeda (Cruzeiro) e elevando a inflação a mais de
30% ao ano.

Brasília:

• A construção de Brasília foi finalizada em seu próprio governo, em abril de 1960, e já era
prevista desde a primeira constituição republicana (1891), sendo importante para a ligação
de todas as regiões do Brasil, sendo acompanhada das rodovias federais (BRs) como a
rodovia Belém-Brasília.
2
• A nova capital federal foi projetada pelos arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, mas foi
realmente construída pelos Candangos, trabalhadores de diversas regiões do Brasil,
principalmente do Norte e do Nordeste, que viam a oportunidade de trabalho em regiões
mais desenvolvidas economicamente. Por isso, o governo do Kubitschek também é
conhecido por promover o êxodo rural, quando a população urbana ultrapassou a
população rural em números.

3
Sudene:

• Em seu governo também foi criada a SUDENE (Superintendência de Desenvolvimento do


Nordeste) que tinha por objeto o reduzir as desigualdades sociais entre as regiões,
promovendo desenvolvimento econômico e viabilizando estrutura como irrigação de água
potável para o sertão e acesso a serviços básicos. Porém, a instituição pouco funcionou,
sendo esvaziada durante a ditadura militar (1964-1985) e fechada em 2001, sendo recriada
no ano de 2007 pelo governo Lula.

Oposição:

• Devido ao grande fluxo de capitais internacionais J.K. sempre foi alvo de muitas críticas da
oposição udenista de Carlos Lacerda, de militares que o acusavam de corrupção, e operários
e de movimentos sociais, principalmente movimentos rurais, que lutam pela reforma
agrária, que criticavam a concentração de riquezas do Brasil que contribuíam com as
desigualdades sociais.

Crise do governo:

• Em seu governo ocorreram greves e revoltas, com destaque para a Revolta de


Jacareacanga, ocorrida entre os dias 10 e 29 de fevereiro de 1956, no município de Santarém,
localizado no estado do Pará, liderada pelo Major Haroldo Veloso e pelo capitão José
Chaves, que tomaram a base militar de Jacareacanga. O objetivo da revolta era denunciar
J.K. pela entrega do petróleo para empresas estrangeiras, além de uma possível ligação
com o comunismo. Aliada a Revolta de Jacareacanga, também ocorreu a Revolta de
Aragarças em Goiás, realizada pela FAB (Força Aérea Brasileira) em dezembro de 1959,
também liderada por Haroldo Veloso, denunciavam o governador do Rio Grande do Sul
Leonel Brizola por conspiração comunista e criticavam Jânio Quadros por ter se recusado
inicialmente a concorrer às eleições de 1960 encabeçado a oposição a J.K. O governo
reprimiu ambas as revoltas, mas anistiou os líderes.

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Fim do mandato:

• No dia 3 de outubro de 1960 são realizadas eleições presidenciais que foram vencidas por
Jânio Quadros do PTN (Partido Trabalhista Nacional), aliado a UDN. Após a presidência,
Juscelino Kubitschek se tornou deputado federal pelo estado de Goiás, mas teve o seu
mandato e seus direitos políticos cassados após o golpe militar de 1964, assim, passou a
viver nos EUA e Europa, e em 1967, com seu retorno ao Brasil, organizou a Frente Ampla de
oposição aos militares com João Goulart e Carlos Lacerda.
• J.K. faleceu no ano de 1976 em um misterioso acidente na Rodovia Dutra.

Anotações:

5
Jânio Quadros (1961)

Eleições:

• Jânio Quadros foi eleito presidente do Brasil em 1960,


governando de 31 de Janeiro a 25 de Agosto de 1961, pela
coligação PTN-UDN, com 5,6 milhões de votos, derrotando o
Marechal Henrique Lott, que se candidatara pela coligação PSD-
PTB. A sua eleição foi a maior da História até aquele momento
com a contribuição do MPJQ (Movimento Popular Jânio
Quadros), utilizando uma imagem de populista e defendendo a
moral e os bons costumes contra a ameaça comunista. Porém,
devido a legislação da época, que exigia a escolha do vice em um
processo eleitoral separado, João Goulart (Jango) foi eleito pelo
PTB. Em seu governo, Jânio teve uma forma bem peculiar de se
comunicar seus ministros, utilizando memorandos que ficaram
conhecidos como "bilhetinhos de Jânio".

Jingle:

• Varre, varre, varre, varre vassourinha!


• Varre, varre a bandalheira!
• Que o povo já tá cansado de sofrer dessa maneira
• Jânio Quadros é a esperança desse povo abandonado!
• Jânio Quadros é a certeza de um Brasil moralizado!
• Alerta, meu irmão!
• Vassoura, conterrâneo!
• Vamos vencer com Jânio!

1
Relações Internacionais:

• Em relação a política externa, através do ministro


das relações exteriores Afonso Arinos, Jânio se
propôs a manter relações com todos os países,
incluindo o bloco socialista liderado pela URSS.
Assim, condenou a invasão dos EUA na Baía dos
Porcos em Cuba, em Abril de 1961. Tal episódio
aproximou o Brasil de um dos líderes da Revolução
Cubana, Ernesto Guevara de la Serna, que veio ao
país, sendo condecorado com a medalhada Ordem
do Cruzeiro do Sul.
• Devido a sua posição na política internacional, Jânio
foi alvo de duras críticas de grupos ligados ao capital
externo, como empresários, exército e até a UDN.

Economia:

• No ponto de vista econômico, Jânio chegou a criticar a política do governo anterior, de


Juscelino Kubitschek, que encerrou o seu mandato com altos índices de inflação, por isso,
procurou reduzir a concessão de créditos e congelou o salário mínimo, desvalorizou a
moeda e tentou também reduzir as importações e aumentar as exportações. Porém, tais
medidas só tornaram o seu governo cada vez mais impopular.

• Tais medidas fizeram com credores internacionais concedessem ao Brasil o direito de


renegociar a dívida externa.

Política:

• Em seu governo, Jânio também criou o Parque Nacional do Xingu, a primeira reserva
indígena do Brasil homologada pelo governo federal, e através da sua defesa da moral e
dos bons costumes, proibiu o uso de biquínis em locais públicos e em momentos
televisionados como o concurso Miss Brasil, proibiu a rinha de galo e a utilização de lança-
perfume em bailes de carnaval, porém, regulamentou o jogo carteado.

2
Crise do governo:

• No dia 21 de Agosto de 1961, Jânio Quadros cassou a concessão da empresa norte-americana


Hanna, para explorar reservas de minério de ferro em Minas Gerais. Tal medida desagradou
os militares que pediram a sua renúncia. Assim, no dia 25 de Agosto daquele mesmo ano,
Jânio renuncia, como uma trama teatral, alegando que "forças ocultas o impediam de
governar". Ele acreditava que a população pressionaria o Congresso a não aceitar a sua
renúncia, além de não permitirem a posse do vice-presidente João Goulart, tido pela
oposição como comunista, que inclusive estava na China realizando acordos diplomáticos.
Porém, o seu plano fracassou, e tempos depois se tornou deputado federal, mas teve os
seus direitos cassados durante a ditadura militar, e em 1986 se tornou prefeito de São
Paulo.

Discurso de renúncia ao Congresso Nacional:

Fui vencido pela reação e, assim, deixo o Governo. Nestes sete meses, cumpri meu dever.
Tenho-o cumprido, dia e noite, trabalhando infatigavelmente, sem prevenções nem rancores.
Mas, baldaram-se os meus esforços para conduzir esta Nação pelo caminho de sua verdadeira
libertação política e econômica, o único que possibilitaria o progresso efetivo e a justiça social,
a que tem direito o seu generoso povo.
Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando, nesse sonho, a corrupção, a mentira e
a covardia que subordinam os interesses gerais aos apetites e às ambições de grupos ou
indivíduos, inclusive, do exterior. Forças terríveis levantam-se contra mim, e me intrigam ou
infamam, até com a desculpa da colaboração. Se permanecesse, não manteria a confiança e a
tranquilidade, ora quebradas, e indispensáveis ao exercício da minha autoridade. Creio mesmo,
que não manteria a própria paz pública. Encerro, assim, com o pensamento voltado para a nossa
gente, para os estudantes e para os operários, para a grande família do País, esta página de
minha vida e da vida nacional. A mim, não falta a coragem da renúncia.
Saio com um agradecimento, e um apelo. O agradecimento, é aos companheiros que,
comigo, lutaram e me sustentaram, dentro e fora do Governo e, de forma especial, às Forças
Armadas, cuja conduta exemplar, em todos os instantes, proclamo nesta oportunidade.

3
O apelo, é no sentido da ordem, do congraçamento, do respeito e da estima de cada um dos
meus patrícios para todos; de todos para cada um.
Somente, assim, seremos dignos deste País, e do Mundo.
Somente, assim, seremos dignos da nossa herança e da nossa predestinação cristã.
Retorno, agora, a meu trabalho de advogado e professor.
Trabalhemos todos. Há muitas formas de servir nossa pátria.

Anotações:

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João Goulart

Contexto:

• João Goulart foi presidente do Brasil de 1961 a 1964, mas


antes havia sido deputado estadual e federal pelo Rio
Grande do Sul, Ministro do Trabalho do governo de
Getúlio Vargas e vice-presidente do país nos mandatos
de Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros.

Campanha da legalidade:

• Com a renúncia de Jânio Quadros a 24 de agosto de 1961, a Constituição previa a posse do


vice-presidente, porém, João Goulart, que estava na China realizando acordos diplomáticos
foi impedido pelos militares de assumir a presidência por sua possível relação com o
comunismo. Assim, o governador do Rio Grande do Sul e cunhado de Jango, Leonel Brizola,
lançou a "Campanha pela Legalidade", tendo voz em grande parte dos meios de
comunicação do país, defendendo com que a Constituição seja respeitada. Porém, não
houve acordo por parte dos militares, levando o Congresso a aprovar a proposta de um
sistema parlamentar, onde João Goulart tomaria posse, mas parte de seus poderes como
presidente passariam para o cargo Primeiro-Ministro, que foi exercido por Tancredo Neves,
do PSD.

1
Economia:

• Durante o período parlamentarista, através do Ministro do Planejamento, Celso Furtado,


foi anunciado o "Plano Trienal", que consistia em retomar o crescimento do PIB brasileiro
e controlar a inflação através da diminuição das importações e da alocação de verbas em
setores da indústria. Porém, o plano fracassou, visto que a carga tributária aumentou e
os investimentos estrangeiros no país reduziram. Assim, mais empréstimos foram feitos
junto ao FMI (Fundo Monetário Internacional).

Plebiscito de 1962:

• Ainda no ano de 1962 foi organizado um plebiscito para o futuro do sistema político no
Brasil. Assim, o presidencialismo retornou em janeiro de 1963 com amplo apoio popular.

Relações Internacionais:

• No âmbito das relações internacionais, João Goulart tentou se manter neutro, mas acabou
sendo alvo de desconfiança por parte dos EUA, principalmente após a visita de Richard
Kenedy ao Brasil, irmão do presidente John Kenedy, que pretendia aglutinar apoio do Brasil
para intervir no processo da Revolução Cubana, ocorrida em 1959. Fato esse que foi negado
por Jango.

Reformas de Base:

• Exercendo o seu mandato como presidente, João Goulart anunciou as "Reformas de Base",
de caráter econômico e social que tinham por objetivo retomar o crescimento do país e
combater as desigualdades sociais.

• Na Educação, as reformas pretendiam eliminar a cátedra vitalícia nas universidades e


lançar um programa de combate ao analfabetismo, a Reforma Eleitoral pretendia garantir
o voto dos analfabetos e militares de baixa patente e, legalizar o PCB (Partido Comunista
Brasileiro), a Reforma Bancária pretendia aumentar o acesso ao crédito por pequenos
produtores, a reforma fiscal tinha por objetivo aumentar a arrecadação do Estado e evitar
a remessa de lucros para o exterior.
2
• De todas as reformas, a mais conhecida foi a Reforma Agrária, que pretendia democratizar
o acesso a terra no Brasil, desapropriando terras improdutivas e inexploradas. Porém, o
governo pretendia indenizar os ex-proprietários com títulos da dívida pública, enquanto a
Constituição exigia uma indenização imediata em dinheiro. Havia uma movimentação de
oposição grande no Brasil devido a concentração de terras, destacando-se as Ligas
Camponesas, que pautavam a Reforma Agrária como urgente e necessária desde governos
atrás.

Comício na Central do Brasil:

• No dia 13 de março de 1964, em um comício na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, com a


presença de cerca de 150 mil pessoas, Jango anunciou dois decretos que a soberania
permitida pela Constituição de 1946: O primeiro diz respeito a nacionalização de refinarias
de petróleo que ainda não estavam sob controle da Petrobrás, e o segundo referente ao
anúncio da Reforma Agrária.

3
Oposição a Jango:

• A política progressista de João Goulart causou indignação dos setores mais conservadores
da sociedade, como a classe média, a elite industrial e agrária, o alto comando do exército,
a igreja católica e a UDN, através do governador do estado da Guanabara Carlos Lacerda.
No dia 19 de março de 1964, foi realizada em São Paulo a Marcha da Família com Deus pela
Liberdade, através dos ideais de TFP (Tradição, Família e Propriedade), contra o governo do
presidente.

• No dia 28 de março, eclodiu a Revolta dos Marinheiro e Fuzileiros Navais no Rio de Janeiro,
por melhores condições de trabalho e apoio as reformas de base. O presidente João Goulart
se recusou a puni-los, causando indignação do comando da marinha, que alegou quebra de
hierarquia.

Golpe de 1964:

• No dia 31 de março de 1964, o general Olímpio Mourão Filho rumou a Rio de Janeiro com
tropas advindas de Juiz de Fora-MG, com o objetivo de depor o presidente. No dia seguinte,
João Goulart tentou apoio do Congresso, mas de forma ineficiente, assim, em Porto Alegre
reuniu com Leonel Brizola, que propôs resistência ao golpe, mas que foi rejeitada para
evitar um derramamento de sangue. No dia 2 de abril de 1964, o Congresso alegou vacância
no cargo presidencial.

• João Goulart teve os seus direitos políticos cassados por dez anos, tendo de se exilar no
Uruguai e Argentina. Porém, em 1966, ainda participou da Frente Ampla de oposição a
ditadura, com Juscelino Kubitschek e Carlos Lacerda.

• No ano de 1976, Jango faleceu na Argentina vítima de um ataque cardíaco, mas que ainda
gera discussões sobre um provável assassinato.

4
Ditadura Militar – Humberto Castelo Branco

Estabelecimento da Ditadura Militar:

• Após o golpe de 31 de março de 1964 e a declaração do


congresso que havia vacância no cargo presidencial,
Ranieri Mazzilli, presidente da Câmara dos deputados
assumiu a presidência interinamente. No dia 11 de abril,
foram realizadas eleições indiretas para o poder
executivo, quando Humberto Castelo Branco, chefe do
Estado Maior venceu Juarez Távora e Eurico Gaspar
Dutra.

Linhas Militares:

• É Importante destacar os que existiam duas linhas principais em disputa dentro das Forças
Armadas, a Sourbonne (alusão a Universidade francesa), também conhecida como
Castelista ou Linha Branda, ao qual Castelo Branco fazia parte, se tratando de uma linha
mais intelectualizada, que justificava o golpe como forma de combater o comunismo,
recuperar a economia e enfim retomar a Democracia, e a Linha Dura, que tinha um caráter
mais repressor ainda, e não tinha em seu discurso o retorno as vias democráticas.

Política:

• Castelo Branco tomou posse em 15 de abril de 1964, e em seu governo iniciou a perseguição
a grupo e movimentos opositores, como a ilegalidade da UNE (União Nacional dos
Estudantes), que já havia tido a sua sede incendiada de forma criminosa do dia 1 de abril,
e a prisão de líderes sindicais e das Ligas Camponesas.

1
• Em junho de 1964, foi criado o SNI (Serviço Nacional de Inteligência), com o objetivo de
levantar informações sobre opositores no Brasil e no Exterior, utilizando da prática de
agentes infiltrados em movimentos, telefones grampeados, entre outros. Em seu governo
também foi mantida a lei de Segurança Nacional, criada em 1935, que tinha por objetivo
conter qualquer prática de prejudicasse a ordem pública, e assim, passou a ser utilizada a
Doutrina de Segurança Nacional, com militares brasileiros frequentando cursos militares
norte-americanos, como forma de desenvolver mecanismos de repressão.

Economia:

• No ponto de vista econômico, o governo Castelo Branco criou o PAEG (Plano de Ação
Econômica do Governo), que tinha por objetivo retomar o crescimento econômico do país
e controlar a inflação. Para isso o governo passou a fornecer reajustes salariais anuais
abaixo da inflação, como forma de conter gastos.

Atos Institucionais:

• No dia 9 de abril de 1964, foi baixado o AI-1 (Ato Institucional número 1), que estabelecia aos
militares o poder de alterar a Constituição, cassar mandatos parlamentares e suspender
os seus direitos políticos por 10 anos, além de demitir funcionários públicos que não
colaborassem com a ordem.

2
• No dia 27 de outubro de 1965, foi baixado o AI-2 (Ato institucional número 2), que estabelecia
eleições indiretas para presidente, além de estabelecer o bipartidarismo, com a presença
da ARENA (Aliança Renovadora Nacional), como braço de apoio ao governo, contendo
antigos políticos da UDN e PSD, e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), sendo
oposição aos militares, contendo membros de diversos partidos extintos, como o PTB e o
PCB, por exemplo. Devido ao AI-2, que estabelecia eleições indiretas para presidente, Carlos
Lacerda, ex-líder da UDN passou a se opor a ditadura, visto que pretendia concorrer ao
pleito executivo no ano de 1966, que seria quando teoricamente o mandato de Castelo
Branco acabaria.
• No dia 5 de fevereiro de 1966, foi baixado o AI-3 (Ato institucional número 3), que estabelecia
eleições indiretas também para governadores de estados e suas capitais.
• No dia 7 de dezembro de 1966, foi baixado o AI-4 (Ato Institucional número 4), que revogava
a Constituição de 1946 e criava uma nova carta constitucional, estabelecendo mandatos
presidenciais de cinco anos com presidentes militares, reafirmava a proibição de greves e
manifestações, previa censura futura a meios de comunicação e centralizava os poderes
nas mãos do executivo.

Fim do mandato:

• Em 15 de março de 1967, Castelo Branco terminou o seu mandato, sendo substituído por
Artur da Costa e Silva, militar pertencente a Linha Dura, que foi eleito de forma indireta.
Castelo Branco faleceu dias após deixar a presidência, em um acidente aéreo no dia 18 de
julho de 1967, com a qual os inquéritos militares da época não explicaram de forma clara.

Anotações:

3
Ditadura Militar – Artur da Costa e Silva

Eleições:

• Artur da Costa e Silva havia sido ministro da guerra


durante o governo de Humberto Castelo Branco, e após
esse período, se tornou o segundo presidente da
ditadura militar no Brasil, sendo eleito por via indireta,
sendo o único candidato. Pertencente a Linha Dura, seu
governo durou de 1967 a 1969.

Economia:

• Do ponto de vista econômico, Costa e Silva deu continuidade ao PAEG (Plano de Ação
Econômica do Governo), com o arrocho salarial (reajustes que não acompanham a inflação),
além da redução de gastos em obras públicas e restrição de crédito, abrindo caminho para
o "Milagre Econômico" que seria colocado em prática nos anos seguintes, durante o governo
de Emílio Garrastazu Médici.

Oposição:

• Por se tratar de um representante da Linha Dura, as ações do governo eram em sua


maioria repressivas contra qualquer oposição. Assim, os confrontos entre situação e
oposição eram cada vez mais frequentes. Em 1968, foi deflagrada uma das maiores greves
do país, iniciando em Contagem e Betim, em Minas Gerais, tendo como inicial motivação o

1
movimento anti-arrocho. Cerca de 2.000 trabalhadores da siderúrgica Belgo-Mineira
pararam as suas atividades, e o processo de oposição ao governo continuou, chegando a
Osasco, no estado de São Paulo, quando cerca de 3.000 trabalhadores da COBRASMA
(Companhia Brasileira de Metal ferroviário) também pararam as suas atividades.
• O Movimento Estudantil também teve grande representatividade na oposição a ditadura,
principalmente após a morte do estudante Edson Luís em uma manifestação no
Restaurante Calabouço no Rio de Janeiro, que oferecia almoço a preço popular, mas que,
no entanto, estava sofrendo com a alta de preços. O seu velório foi considerado um marco
na resistência, com a participação de milhares de pessoas em protesto contra a repressão,
além da missa na Igreja da Candelária, onde a cavalaria militar violentou os estudantes
presentes.
• Em junho de 1968, foi realizada no centro do Rio de Janeiro a Passeata dos Cem Mil,
reunindo estudantes, artistas e intelectuais, tendo como slogan em faixa de protesto
"Abaixo a ditadura. Povo no poder!", o Ato também é considerado um marco da resistência
a ditadura militar.

2
Repressão:

• No dia 12 de outubro de 1968, foi realizado o 30º Congresso da UNE, na Fazenda Mucuru,
na cidade de Ibiúna, no interior do estado de São Paulo. Como a UNE era considerada uma
entidade ilegal desde o governo Castelo Branco, o congresso deveria ocorrer de forma
clandestina, porém, foram descobertos, pois a cidade tinha cerca de 6 mil habitantes, e o
congresso fez com que chegassem cerca de mil pessoas a mais, que consumiram grande
parte do comércio local. Assim, o jornalista José Carlos Amaral, que estava no município
fazendo uma reportagem sobre crianças carentes, descobriu a movimentação estranha,
conversando com moradores locais, e logo denunciou. Os estudantes foram surpreendidos
e presos durante a assembleia em curso.

Atos Institucional 5:

• No dia 13 de dezembro de 1968, foi baixado o AI-5 (Ato Institucional número 5), tendo como
justificativa o discurso do deputado Márcio Moreira Alves, do MDB, realizado em setembro,
que criticou abertamente a ditadura, dizendo "Quando não será o exército um valhacouto
de torturadores?". O congresso se negou a punir o parlamentar através de votação,
deixando os militares preocupados em perder o controle da situação política do país.
• O AI-5 gerou reações fortes na resistência à ditadura, assim, a luta armada passou a se
organizar, além de movimentos artísticos que se fortaleceram para se opor ao governo,
como foi a Tropicália, que tinha influências da cultura pop da época e dos movimentos de
1968 que ocorriam em várias partes do mundo.
• O AI-5 dava direitos ao presidente de cassar mandatos políticos, e fechar assembleias
legislativas federais e estaduais, além de retirar os direitos civis, como a liberdade de
expressão, o direito a manifestação pública e o fim do habeas corpus, também foi
estabelecida censura prévia a meios de comunicação e a manifestações artísticas.

3
Fim do mandato:

• Em decorrência de um acidente vasculhar cerebral no dia 31 de agosto de 1969, Costa e Silva


teve de se afastar da presidência, falecendo alguns meses depois. Em seu lugar, assumiu o
poder a Junta Governamental Provisória até a eleição do próximo presidente militar.

Anotações:

4
Ditadura Militar - Emílio Garrastazu Médici

Governo:

• Emílio Garrastazu Médici foi o terceiro presidente da


ditadura militar do Brasil, pertencente a Linha Dura,
ocupando o cargo do dia 30 de outubro de 1969 a 15 de
março de 1974, sendo eleito pelo voto indireto com a
reabertura do Congresso Nacional. Antes de assumir a
presidência, o país havia sido governado pela Junta
Governativa Provisória, formada pelo Almirante
Augusto Rademaker, ministro da Marinha; o General
Aurélio de Lira Tavares, ministro do Exército; e o
Brigadeiro Márcio de Sousa Melo, ministro da
Aeronáutica, que haviam assumido e governado de
agosto a outubro, após o afastamento de Artur da
Costa e Silva. O seu período de governo também ficou
conhecido como "Anos de Chumbo", devido a forte
repressão a oposição através do AI-5.

Política Externa:

• Em relação a política externa, o governo Médici reafirmou o seu alinhamento com os EUA,
se reunindo em 1971 em Washington D.C. com o presidente norte-americano Richard Nixon,
prestando apoio clandestino para um golpe de Estado em Cuba, para derrubar Fidel Castro.

Economia:

• Do ponto de vista econômico, Delfim Netto, que exercia o cargo de ministro da fazenda,
propôs o "Milagre Brasileiro", através de obras de grande impacto (faraônicas), que
acelerariam o crescimento econômico do país.
1
• O "milagre" contou com apoio financeiro internacional. Inicialmente, a estratégia surtiu
efeito, com o PIB saltando de 9,8% para 14%, além do controle inflacionário. Porém, com
o passar do tempo, o plano econômico se mostrou fracassado, pois a dívida pública cresceu
e o aumento da concentração de riquezas fez com que as desigualdades sociais se
acentuassem.
• Entre as principais obras do Milagre Brasileiro, estão: O Programa Nuclear Brasileiro, com
o início da construção de Angra-I, o acordo com o governo paraguaio para a construção
da usina hidrelétrica de Itaipu, que teve a sua obra iniciada em 1975, a construção da BR-
230 (Rodovia Transamazônica), com o objetivo de ligar a região norte com o nordeste,
porém, não teve as suas obras concluídas até a atualidade e a Ponte Rio-Niterói.

2
Crise de petróleo:

• No ano de 1973 ocorreu a chamada Crise do Petróleo, quando os países árabes membros
da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), elevaram o preço dos barris
cerca de 400% em protesto contra o apoio dos EUA ao Estado de Israel na Guerra do Yom
Kippur, quando o país entrou em conflito contra a Síria e o Egito. A Crise do Petróleo gerou
inflação no mundo todo, e assim, o Brasil também foi afetado com alta dos preços e uma
redução abrupta das relações com o mercado externo.

Luta Armada:

• Devido a forte repressão, os movimentos de luta armada contra a ditadura eram cada vez
mais constantes, destacando-se a VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), tendo como
um de seus principais nomes Carlos Lamarca, que era considerado um desertor do
exército brasileiro, a COLINA (Comando de Libertação Nacional), o MR8 (Movimento
revolucionário 8 de Outubro), a ALN (Ação Libertadora Nacional), a VAR-Palmares
(Vanguarda Armada Revolucionária Palmares), que era uma fusão entre a VPR e a
COLINA, e o MOLIPO (Movimento de Libertação Popular).
• As atuações dos grupos de guerrilha se dividiam entre o campo e a cidade. As guerrilhas
urbanas tinham como prática a formação de aparelhos (residências clandestinas) que
eram utilizados para a formação de estratégias e cárceres para os sequestros de políticos
internacionais, com o objetivo de negociar a liberdade de prisioneiros políticos, como ficou
conhecido o caso do sequestro do embaixador dos EUA Charles Burke Elbrick, em uma
ação conjunta da ALN e do MR8.

Guerrilha do Araguaia:

• A Guerrilha do Araguaia foi um movimento de luta armada contra a ditadura militar no


Brasil, que iniciou em 1967, se estendendo até o ano de 1974, sendo localizada na região do
Bico do Papagaio, na região norte do país, na divisa entre os atuais estados de Tocantins,
Maranhão e Pará, as margens do rio Araguaia.

3
• O movimento foi liderado pelo PCdoB, partido fundado em 1958 através de dissidentes do
PCB, utilizando táticas de organização maoistas de guerrilha. Ou seja, se inspiravam na
forma de organização de guerrilha através do campesinato. Para isso, cerca de 80
militantes, a maioria universitários e ex-universitários, migraram para a região para viver
por anos, se aproximando da população local, vivendo da pesca, do cultivo de culturas de
subsistência, mas também realizando cursos de alfabetização e reuniões estratégicas com
os nativos da região. Os grupos de guerrilheiros se organizavam em três grupos (A, B e C)
ao longo de 6,5 km2.

• A população local tinha em mente que o grupo não era da região, os chamando de
"paulistas", porém, muitos não sabiam dizer quais eram os seus reais objetivos, por isso,
a residência dos guerrilheiros na região durou por tantos anos.
• O movimento foi descoberto devido a necessidades dos militantes em saírem da região,
como a ex-estudante de medicina da USP Lúcia Regina Martins, que estava grávida e teve
de ser levada a um hospital em Goiânia. "Regina", como era conhecida pelo movimento,
não retornou ao Araguaia e foi para São Paulo, entregando os dados da guerrilha para a
família. Assim, logo, a CIE (Central de Inteligência do Exército) tinha informações
suficientes para iniciar o processo de combate ao movimento.
• Em 1972, o exército iniciou o processo de desmantelamento da guerrilha, através de três
operações: A Operação Papagaio foi a chegada do efetivo militar de paraquedistas na
região, que tentaram realizar um cerco direto através da troca de tiros, porém, não
conseguiram eliminar o movimento, pois, segundo os moradores locais, os próprios
membros do exército eram despreparados para sobreviver na mata. Já os guerrilheiros
estavam tendo aquela experiência há anos.

4
• A última operação, denominada de Operação Marajoara, foi iniciada em outubro de 1973,
com a chegada de militares na região, munidos de uma grande quantidade de
armamentos. Nessa operação, chegaram a aprisionar moradores locais e praticarem
torturas para que entregassem o paradeiro dos envolvidos com a guerrilha. A Operação
Marajoara decretou o fim da guerrilha com a morte de cerca de 60 guerrilheiros, que
foram enterrados na região.
• Após o fim da guerrilha, foi colocada em prática a Operação Limpeza, que consistia em
acobertar o ocorrido, desenterrando os corpos, recolhendo as ossadas e levando para a
Serra das Andorinhas, que ganhou o apelido de Serra dos Martírios, onde costumavam
dissolvê-los com ácido. A prática de acobertar os vestígios da guerrilha continuou a ser
utilizada até mesmo após a redemocratização do país em 1985.

Ufanismo:

• Com o passar do mandato, a política de Médici tornava a ditadura cada vez mais impopular,
por isso, utilizou da estratégia do ufanismo (patriotismo de forma exacerbada) para se
reerguer rente a população. Para isso, lançou o slogan "Brasil, ame-o, ou deixe-o", e
investiu politicamente na campanha da Seleção Brasileira de Futebol para a conquista do
tricampeonato mundial em 1970, no México.

5
Fim do mandato:

• Emílio Garrastazu Médici terminou o seu mandato presidencial, sendo sucedido por
Ernesto Geisel, e faleceu em 1985, aos 79 anos de idade, vítima de insuficiência renal aguda
e respiratória.

Anotações:

6
Ditadura Militar – Ernesto Geisel

Eleições:

• Ernesto Geisel foi o quarto e penúltimo presidente da


ditadura militar do Brasil, sendo filiado a ARENA, foi
presidente da Petrobrás, nomeado pelo ex-presidente
Artur da Costa e Silva, e governou o país de 15 de março
de 1974 a 15 de março de 1979.

Redemocratização:

• O governo de Geisel foi marcado pela “Redemocratização lenta, gradual e segura", visto
que o país passava por uma crise econômica devido a dívida externa feita pelo "Milagre
Brasileiro" de Médici, e a crise do Petróleo de 1973. Além disso, o país vivia mazelas sociais
e a opinião pública sobre a ditadura deixava claro cada vez mais que ela deveria chegar ao
fim.
• Por causa da proposta de redemocratização, o governo sofreu grandes críticas da Linha
Dura, que entendia que a ditadura deveria continuar.
• Ainda sim, a redemocratização deveria ser segura e lenta do ponto de vista do governo
para evitar uma derrota acachapante dos ditadores, além de garantir a sua sobrevivência
por mais alguns anos e evitar punição a torturadores e militares.

1
Vladimir Herzog:

• No dia 25 de outubro de 1975, o jornalista iugoslavo, naturalizado brasileiro e militante do


PCB, Vladimir Herzog, o "Vlado" foi assassinado nos porões do DOI-CODI. Havia em curso
uma investigação aos membros do PCB, que era considerado um partido ilegal pelo
governo, e Vlado, como opositor a ditadura e comunista, foi preso, torturado e
assassinado. Porém, em meio a proposta de redemocratização e promessa da diminuição
da repressão, a mídia aliada a ditadura informou que Vlado havia suicidado, através de
enforcamento.

Política:

• Algumas medidas adotadas pelo governo Geisel foi a fusão dos estados do Rio de Janeiro
e da Guanabara, antiga localização da capital federal, que havia se tornado estado em 1960,
com a construção de Brasília, além da separação do Mato Grosso, surgindo o estado do
Mato Grosso do Sul.

Economia:

• Do ponto de vista econômico, houve uma redução do crescimento, visto que o país passava
por uma forte recessão, com a inflação atingindo o pico de 45% ao final de seu mandato.
Assim, foi lançado o Segundo Plano de Desenvolvimento, se destacando o acordo nuclear
entre o Brasil e a Alemanha para buscar fontes alternativas de energia.

2
• A Alemanha, através da empresa Siemens, se comprometeria construir oito reatores
nucleares no Brasil. Porém, dessa parceria, foram construídas apenas as usinas nucleares
de Angra-I e Angra-II, além das sanções impostas pelos EUA que impediam com que o
Brasil importasse da Alemanha a tecnologia de enriquecimento de urânio, fracassado o
programa nuclear do país.
• Em 1975, foi lançado o Próalcool (Programa Nacional do Álcool), que visava substituir o
consumo de gasolina por álcool, dando incentivos fiscais para produtores de cana-de-
açúcar para a produção, e para as indústrias de automóveis que fabricassem mais carros
movidos a álcool. Inicialmente a atitude teve um bom efeito, mas passada a crise do
petróleo, resultou no aumento da dívida pública devido aos créditos e incentivos fiscais
concedidos.

Repressão:

• Ainda no ano de 1975, Ernesto Geisel utilizou o AI-5 para cassar mandatos de
parlamentares de Rio Branco, no Acre, que se recusaram a ratificar a posse do prefeito
indicado pelo governo. Porém como parte do processo de redemocratização, o Ato
Institucional foi revogado e chegou ao fim no ano de 1978.

Leis:

• Com a crescente oposição a ditadura, o MDB tinha conquistado, em 1974, durante as


eleições parlamentares, a maior parte das cadeiras do Senado, derrotando a ARENA, e a
sua atuação na Câmara dos Deputados também era crescente. Temendo uma derrota
ainda maior, o governo Geisel, no ano de 1978, apresentou o Pacote de Abril, que consistia
em leis federais que garantiam a permanência da ditadura de forma segura. As principais
medidas do Pacote de Abril foram a Lei Falcão, que proibia as críticas ao governo em
campanhas eleitorais de parlamentares no rádio e na TV, assim, as propagandas só
passavam o currículo dos candidatos, e a criação do cargo de Senadores Biônicos, que
garantia 1/3 dos cargos de Senadores indicados pelo presidente, sem passar por processo
eleitoral. O apelido "Senadores Biônicos" era uma alusão à uma série que era transmitida
na Rede Bandeirantes chamada de "O homem de seis milhões de dólares", mas que
também era conhecida como "O homem biônico".

3
Fim do mandato:

• Em 1979, termina o mandato de Ernesto Geisel, porém, ele ainda continuou influente no
exército, além de ser responsável pelas negociações que levaram a eleição de Tancredo
Neves e o fim da ditadura militar em 1985.

Anotações:

4
Ditadura Militar - João Batista Figueiredo

Eleições:

• João Baptista Figueiredo foi o quinto e último presidente


da ditadura militar no Brasil, governando de 15 de março
de 1979 a 15 de março de 1985, sendo eleito de forma
indireta como candidato da ARENA, com 355 votos
contra 266 votos do general Euler Bentes Monteiro, do
MDB.
• Ao assumir, Figueiredo anunciou a "mão estendida em
conciliação", prometendo da continuidade ao processo
de redemocratização iniciado por Ernesto Geisel.

Economia:

• Do ponto de vista econômico, o governo enfrentou grande crise, sendo consequência das
políticas anteriores, do aumento da dívida externa, principalmente após o "milagre
brasileiro" do governo Médici, mas também pelo chamado "Terceiro Choque do Petróleo",
ocorrido em 1979, devido a Revolução Iraniana, que transformou o Irã em uma república
teocrática, resultando diretamente no preço dos barris de petróleo, subindo de U$12,00
para U$39,50.
• Através do ministro do planejamento Delfim Netto e do slogan "Plante que o João
garante", o presidente lançou um programa de incentivo a modernização para estocagem
de gêneros agrícolas produzidos por grandes produtores rurais, com o objetivo de manter
as exportações brasileiras. Tal medida prejudicou médios e pequenos agricultores que
foram deixados de lado.
• Durante o seu governo, através do BNH (Banco Nacional de Habitação), Figueiredo lançou
o maior programa de habitação da história do país com a entrega de 3 milhões de
moradias populares, iniciando pelo conjunto "Vila do João", na Maré, no Rio de Janeiro.
1
Lei da Anistia:

• Em 28 de agosto de 1979, foi aprovada a Lei da Anistia, concedendo anistia a pessoas que
cometeram crimes políticos e eleitorais de 1961 até 1979, incluindo militares. Porém, a CBA
(Comitê Brasileiro pela Anistia) defendeu a "Anistia ampla, geral e irrestrita", já que a lei
excluía membros da luta armada, mas perdoava torturadores. A lei da anistia permitiu a
volta do exílio de diversas pessoas que se opuseram a ditadura.

Atentado Riocentro:

• No dia 30 de abril de 1981, nas prévias da comemoração do Dia dos Trabalhadores, ocorreu
o Atentado no Centro de Convenções do Riocentro, com a explosão de um carro bomba,
um Puma GTE e uma outra bomba jogada pelo muro de uma miniestação de energia. Os
responsáveis pelo atentado foram o sargento Guilherme Pereira do Rosário e o capitão
Wilson Dias Machado. Ambos pertenciam a Linha Dura e se opunham ao processo de
reabertura política. Porém, a primeira bomba explodiu prematuramente, matando o
sargento Guilherme Pereira e ferindo o capitão Wilson Dias Machado. Na época, o SNI
(Serviço Nacional de Inteligência) culpou os movimentos de esquerda, pertencentes a
guerrilha urbana, mas que já estavam extintos. Assim, o crime ficou sem resolução a sua
época, culminando na renúncia do general Golbery do Couto e Silva, ministro chefe da
Casa Civil.
• Apenas no ano de 1999, o capitão Wilson Dias Machado foi condenado por homicídio
culposo, já que o atentado ocorreu em 1981, não sendo amparado pela Lei da Anistia, que
perdoava crimes apenas até o ano de 1979.

2
Pluripartidarismo:

• Em 22 de novembro de 1979, foi aprovada a Lei Orgânica dos Partidos, estabeleceu o


pluripartidarismo no Brasil. Assim, da ARENA surgiu o PDS (Partido Democrático Social),
do MDB surgiu o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), além de uma sério
de outros partidos, como o PT, o ressurgimento do PTB e a volta da legalidade do PCB.

Greve Geral:

• Em 1979 e 1980, ocorreram as greves gerais dos metalúrgicos no ABC paulista,


reivindicando autonomia sindical, a reabertura política e o fim do arrocho salarial, pois em
tempos de crise econômica, o salário-mínimo tinha reajuste abaixo dos índices da inflação.
Essas greves foram fundamentais para a criação do PT (Partido dos Trabalhadores) e da
CUT (Central Única dos Trabalhadores), vendo surgir a figura importante de Luiz Inácio
Lula da Silva.

3
Diretas Já:

• Em 1983 foi criada uma proposta de emenda constitucional denominada "Dante de


Oliveira", devido ao deputado federal do PMDB-MT, que pretendia estabelecer eleições
diretas para a presidência da República.
• Assim, tomou corpo o movimento "Diretas Já", que contava com a participação de
trabalhadores em geral, artistas, políticos, esportistas e estudantes, para pressionar o
Congresso a aprovar a emenda, porém, não passou no Congresso e a ditadura acabaria
por vias indiretas.

Eleições Indiretas:

• Em 15 de janeiro de 1985, ocorreu a eleição presidencial indireta, tendo de um lado,


Tancredo Neves e seu vice José Sarney, que era ex-ARENA e havia há pouco abandonado
o PDS para se filiar ao PMDB, e do outro lado, Paulo Maluf, do PDS. Tancredo tinha apoio
de Ernesto Geisel, que o considerava um político moderado, mas que temia com a
proximidade dele com Ulysses Guimarães, deputado do PMDB que fazia duras críticas aos
militares.
• Após dezenas de reuniões entre Tancredo Neves e os militares, incluindo o presidente
Figueiredo e o ex-presidente Geisel, foi aberto o processo eleitoral, lhe concedendo a
vitória sobre Maluf por 480 a 180 votos.
4
Fim da Ditadura:

• No dia 14 de março de 1985, na véspera da posse, Tancredo Neves foi internado as pressas,
não podendo assumir, passando por sete cirurgias e falecendo no dia 21 de abril. Os
relatórios médicos apontavam para uma diverticulite, porém, tempos depois indicaram
que o político estava com câncer. Com a sua morte, José Sarney se torna presidente, e a
ditadura militar chega ao fim.

Anotações:

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