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CURSO

NOME DO(S) AUTOR(ES) EM ORDEM ALFABÉTICA

POPULAÇÃO CARCERÁRIA BRASILEIRA: POSSÍVEIS


IMPLICAÇÕES DE UM CENÁRIO CAÓTICO

CIDADE
2022
NOME DO(S) AUTOR(ES) EM ORDEM ALFABÉTICA

POPULAÇÃO CARCERÁRIA BRASILEIRA: POSSÍVEIS


IMPLICAÇÕES DE UM CENÁRIO CAÓTICO

Trabalho apresentado à Universidade UNOPAR, como


requisito parcial para a obtenção de média semestral nas
disciplinas norteadoras do semestre letivo.

Tutor (a): XXXXXXXXX

CIDADE
2022
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................3
2 DESENVOLVIMENTO..........................................................................................4
2.1 ETAPA 1........................................................................................................... 4
2.2 ETAPA 2........................................................................................................... 5
2.3 ETAPA 3........................................................................................................... 6
2.4 ETAPA 4........................................................................................................... 7
3 CONCLUSÃO.......................................................................................................8
REFERÊNCIAS........................................................................................................... 9
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1 INTRODUÇÃO

As exposições sobre os diversos problemas enfrentados pelo atual sistema


carcerário brasileiro estão cada vez mais frequente. A situação é complexa e exige
esforços unificados. A falta de atenção por parte do Estado, onde o ambiente
carcerário é discriminatório e os presos são submetidos a tormentos diários, em
razão do ambiente demasiado precário: a superlotação, a falta de estrutura física e a
total deficiência na higienização, que transformam o ambiente em locais que
reforçam ainda mais a criminalidade.
É importante evidenciar que apenas pôr criminosos atrás das grades como se
fosse um depósito humano não se mostra como solução, haja vista que os
estabelecimentos precarizados, sem estrutura física e técnica, reduzem as
possibilidades de recuperação dos infratores, fato que reflete no alto índice de
reincidência criminal no Brasil. Assim, a população carcerária aumenta cada dia
mais, o que provoca diversas revoltas nesses espaços.
Com base nisso, esta produção busca abordar as possíveis implicações
desse cenário caótico. Para isso, o desenvolvimento foi dividido em quatro partes: (i)
breve discussão sobre estratégias de negociação em caso de revoltas; (ii) ênfase
em métodos para reduzir atos infracionais, por meio da redução de desigualdades
sociais; (iii) comentários sobre a medida alternativa de monitoramento eletrônico; e,
por fim, (iv) uma reflexão sobre a atuação situação do sistema carcerário e os
direitos humanos.
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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 ETAPA 1

As rebeliões em presídios brasileiros são muito presentes, sendo resultado da


superpopulação e déficits estruturais. Como exemplo, pode-se mencionar o caso de
Carandiru, em que 111 presos foram mortos pelos policiais. Essas rebeliões são
extremamente preocupantes, pois suas consequências são graves, tanto para os
prisioneiros como para os policiais. Desse modo, é importante pensar em métodos
para reduzir essas ocorrências.
Nesse contexto, destacam-se as estratégias de negociação e comunicação
em segurança como meios capazes de evitar ou atenuar tais rebeliões. Para abordar
essa questão, primeiramente é necessário distinguir conflitos e confrontos. De
acordo com Moretti (2018), os conflitos podem ser definidos como divergências entre
os indivíduos, ou seja, refere-se a discordância entre as partes em relação a um
determinado interesse, surgindo a partir da necessidade de escolha entre situações
classificadas como incompatíveis.
O confronto, por sua vez, pode ser entendido como uma busca pela anulação
do outro, através de disputas entre as partes, com a finalidade de derrotar o
adversário. Consoante a isto, Cortella (2011 apud MORETTI, 2018, p. 11 ) explica
que:
“conflito é a divergência de posturas, de ideias, de situações; confronto é a
tentativa de anular o outro. Assim, consideramos que não existe conflito
militar, porque guerras são situações de confronto, nunca de um simples
conflito. A intenção numa guerra, num combate, não é convencer o outro,
mas vencê-lo pela força, extingui-lo”.

Além disso, cabe ressaltar os pontos importantes a serem pensados na


negociação e comunicação em segurança. Segundo o processo de negociação de
Harvard, é fundamental que inicialmente seja feita a preparação, ou seja, o estudo
do que será negociado Moretti (2018). Desse modo, é necessário que o negociador
verifique o que se deseja obter, o que seria considerado vitória, o que poderia ser
cedido e outros. Para isso, é preciso fazer o levantamento dos seguintes pontos:
Interesses (do representado e da parte contraria). • Informações a serem
levantadas. • Proposta (se houver) e opções. • Critérios de legitimidade de
eventual proposta. • Tópicos a serem destacados na comunicação
(MORETTI, 2018, p. 63).
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No caso das rebeliões, pode-se pensar que o interesse do representante


(seguranças e polícias) consiste em manter os indivíduos em cárcere, para que a
punição prevista na lei seja efetivada. Entretanto, para a parte contrária (população
carcerária), o interesse é sair do presídio, tanto para ser sua liberdade de volta,
como melhores condições de vida. Assim, como proposta, os representantes podem
negociar melhores estruturas no presídio, como reduzir a quantidade de indivíduos
dividindo a cela devido a superlotação. Além disso, no que diz respeito a tópicos a
serem destacados, é importante frisar a comunicação e o desejo em se chegar a um
acordo.

2.2 ETAPA 2

Uma das possíveis soluções para os atuais desafios referentes a população


carcerária diz respeito a reduzir a quantidade de práticas ilegais. Partindo do
pressuposto que os indivíduos em vulnerabilidade social, os quais estão à margem
da sociedade, podem muitas vezes acabar recorrendo ao crime para conquistar
melhores condições de vida, é imprescindível desenvolver estratégias comunitárias
para fornecer saúde, moradia e melhores rendas para essa população.
Nesse sentido, ressalta-se a importância de a realização de um trabalho
comunitário e participativo ser realizado junto à população brasileira. Brasil (2021)
enfatiza a relevância de realizar uma Gestão de Riscos com a comunidade, trazendo
a participação desta para a tomada de decisão. Essa gestão participativa surge na
perspectiva de seguir a premissa de estado democratizado instituído pela
Constituição Federal de 1988, sendo esta também a norteadora para implantação e
execução.
A democracia assegura a participação e representação social nas diversas
instâncias da administração pública, proporcionando a população falar, ouvir,
discutir, opinar e sugerir sobre suas necessidades e possíveis soluções. Desse
modo, elaborar ações comunitárias participativas pode ser uma ferramenta da
administração pública que faz com que a sociedade possa participar ativamente das
decisões, ajudando no processo social.
Acerca dos benefícios, Brasil (2021) destaca: confiança para a elaboração de
programas políticas; maior engajamento e poder de decisão da comunidade,
fortalecendo a democracia; mais participação dos grupos sociais, havendo a
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inclusão de grupos excluídos socialmente; fortalecimento da coleta de dados e


informações contextualizadas e atualizadas, proporcionado um melhor uso de
recursos para lidar com problemática que de fato afetam a população; e, sobretudo,
conscientização da população acerca da sua realidade socioeconômica e política.
Em síntese, a desigualdade social, presente desde a formação do país,
necessita ser trabalhada de forma sistêmica e contínua, pois é uma problemática
estrutural na sociedade. Para que seja solucionada, é preciso um grande
investimento em polícias públicas de reparação a desigualdade, como o
investimento na participação da população nessas percepções e decisões,
buscando auxiliar numa maior percepção e valorização do cidadão e, dessa forma,
reduzir as vulnerabilidades.

2.3 ETAPA 3

No Brasil, as discussões iniciais acerca do uso do monitoramento eletrônico


ocorram em 2001, devido a superlotação carcerária, a qual direcionou o Congresso
Nacional a pensar em métodos para solucionar essa questão. Nove anos depois,
após inúmeros debates, em 2010, foi promulgada a lei 12.258. Essa lei não
determina um prazo de revogação, dispondo somente que a monitoração eletrônica
pode ser revogada caso se torne desnecessária ou inadequada ou caso o
condenado viole os deveres em vigência (BRASIL, 12.258, art. 146-D).
Em relação as vantagens do monitoramento eletrônico, pode-se salientar as
seguintes: auxilia a diminuir a população prisional, reduzindo os custos para o
Estado, minimizando as consequências da superlotação e proporciona a redução
das taxas de reincidência de crimes; além disso, o monitoramento eletrônico
possibilita a ressocialização do infrator, sendo vista como um meio de reduzir as
consequências negativas do aprisionamento (PELEGRINO; DE FREITAS, s/d).
Entretanto, também pode-se mencionar desvantagens, tais como: é
necessário que haja um grande controle estatal acerca dos passos do indivíduo;
uma maior facilidade para burlar o sistema, pois o aparelho é suscetível a falhas e
fraudes; favorece fugas; e permite o rápido regresso ao crime, pois a liberte
permite o indivíduo a continuar suas práticas criminosas (PELEGRINO; DE
FREITAS, s/d).
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2.4 ETAPA 4

O Brasil é um Estado Democrático de Direito, o que implica dizer que todos os


cidadãos brasileiros possuem seus direitos fundamentais e direitos humanos
garantidos, tanto pela Constituição Federal de 1998 como pelo Pacto Internacional
sobre Direitos Civis e Políticas. Desse modo, os prisioneiros também têm acesso
aos direitos humanos.
Cabe salientar que, conforme o Pacto Internacional mencionado, as pessoas
podem ser privadas de liberdade em casos “previstos em lei e em conformidade com
os procedimentos nela estabelecidos” (BRASIL, 1992). Portanto, o aprisionamento
está consoante com os documentos legais citados. Contudo, de acordo com a
Legislação, eles tem direitos a vida, a não serem torturados, bem como direito a
educação e também moradia. Na prática, por sua vez, a atual situação do sistema
carcerário evidência conflitos com a Constituição Federal de 1998.
Isso ocorre, pois com o aumento carcerário, passou a haver uma
superlotação, na medida em que a quantidade de vagas é desproporcional a
quantidade de encarceramento em massa. Nesse contexto, os indivíduos se
encontram em situações precárias: diversas pessoas amontoadas em um espaço de
6m², em ambientes sujos e degradantes. A ausência de melhores condições em
presídios pode ser vista como uma violação a dignidade humana, não havendo
consonância com o que foi estabelecido na constituição.
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3 CONCLUSÃO

Na produção pode-se entender o quão complexo e difícil é compreender a


atuação situação do sistema carcerário brasileiro, o qual é influenciado por fatores
socioeconômicos e políticos. O atual sistema está sobrecarregado e os prisioneiros
estão submetidos a um espaço precário e sem a infraestrutura adequada, gerando
inúmeras revoltas no país. Quanto a isto, pode-se concluir que é fundamental os
profissionais de Segurança Pública se capacitarem acerca de estratégias de
negociação.
Além disso, na segunda etapa, pode-se perceber que o crime não deve ser
analisado como um fator isolado e inerte, pois o problema não surge de forma
natural e sim com suporte nas condições de desigualdade social e vulnerabilidade
enfrentadas pela maioria da população acometida por uma conduta agressiva
perante a sociedade. Nesse contexto, é fundamental o desenvolvimento de medidas
que visem reduzir essas desigualdades, para que a população tenha melhores
condições de vida e suporte para trabalho.
Com base nas discussões sobre a importância de se pensar em novas
alternativas punitivas, como o caso da tornozeleira eletrônica, e no fato de garantir
os direitos humanos da população carcerária, torna-se imprescindível salientar a
necessidade de se nova estratégias que fundamentem uma reconstrução do sistema
penitenciário. Portanto, esta produção permitiu evidenciar a importância de
discussões que visem repensar e reformular o sistema penal brasileiro.
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REFERÊNCIAS

BRASIL. Casa Civil. Decreto N°592, de 6 de julho de 1992. Atos Internacionais.


Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos. Promulgação. Disponível em:
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/d0592.htm.

BRASIL. Ministério de Desenvolvimento Regional. Secretaria Nacional de proteção e


defesa civil. GIRD 10+. Caderno técnico de gestão integrada de riscos e
desastres. Ministério de Desenvolvimento Regional, 2021. Disponível em:
https://www.gov.br/mdr/pt-br/assuntos/protecao-e-defesa-civil/Caderno_GIRD10__.p
df.

BRASIL. Lei no 12.258, de 15 de junho de 2010. Brasília, DF, 2010. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12258.htm.

MORETTI, C. dos S. Negociação e gestão de conflitos de segurança. Londrina:


Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018. Disponível em: https://biblioteca-
virtual.com/detalhes/livro/579.

PELEGRINO, Flávia Werneck; DE FREITAS, Cláudia Regina Miranda. Anotações


sobre o monitoramento eletrônico de presos no Brasil. [S.I], s/d. Disponível em:
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/
doc_biblioteca/bibli_servicos_produtos/bibli_informativo/bibli_inf_2006/Rev-FD-
UFU_v.44_n.01.04.pdf.

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