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Ráffila Pinheiro Amorim

APP - Aprendizado Público-Privado, o olhar das


Ciências Sociais sobre as Tecnologias Sociais.

Resumo
Este trabalho se propõe a descrever, analisar e catalogar interações público-
privadas que envolvam desenvolvimento de Tecnologia Social1 no Brasil com o
arcabouço teórico e metodológico das Ciências Sociais. O recorte é centrado nos casos
em que o Estado é o principal beneficiário e/ou executor da inovação. Dado a necessidade
de criação de soluções sociais inovadoras ser incontestável, compreende-se que para
configurar de fato uma solução, a perspectiva dos afetados deve sobrepujar as
perspectivas do setor privado, do público e também a qualidade da ideia. Ainda que a
Administração Pública e a Economia já possuam uma tradição nesse campo de estudo,
argumenta-se neste que a metodologia e o processo analítico dessas áreas do
conhecimento partem de um maior distanciamento da perspectiva dos grupos e das
populações afetadas pela execução da política resultante – hierarquia de credibilidade2
que prioriza os administradores e executores das ideias. Este projeto preconiza, portanto,
que haja um apoderamento desse campo de estudo pelas Ciências Sociais, uma vez que a
contribuição da literatura do campo permite observar a interação Estado-Mercado-
Sociedade.

Os objetivos da pesquisa
O objetivo da pesquisa é inicialmente encontrar diversos casos de
desenvolvimento de tecnologias sociais nos quais o Estado de alguma forma se serviu das
inovações provenientes do setor privado, seja através do aprendizado do primeiro com

1
Resultado do conhecimento aplicado a necessidades sociais através da participação e da cooperação de
todos os atores envolvidos, gerando soluções novas e duradouras para grupos sociais, comunidades ou para
a sociedade em geral. (Bignetti 2011)
2
Conceito descrito por Howard Becker em Métodos de Pesquisa em Ciências Sociais, página 9.
alguma prática ou forma de operar da iniciativa privada ou da prestação de um serviço
desse último para com o Estado. O segundo passo é buscar compreender os processos, os
resultados reais e projetados de cada caso, levando como prioridade a perspectiva do
grupo a quem a política criada se destinou. Dessa compreensão pretende-se produzir
desenhos desses casos, para a partir desse ponto analisar, caracterizar e catalogar os
diferentes casos.

A busca pelos casos vai partir tanto da academia - trabalhos de outras áreas do
conhecimento que discorram sobre casos considerados de sucesso -, quanto da iniciativa
privada e da sociedade civil. A proposta é encontrar casos como o Táxi.Rio Cidades 3:
uma ação da prefeitura do Rio de Janeiro para baratear o serviço e aumentar a segurança
do serviço de táxi, frente os desafios que a cadeia produtiva sofria por conta da
concorrência de outros aplicativos, além de regular as tarifas. Essa proposta não só conta
diretamente com a participação da população para melhorar o serviço 4, tática comum aos
desenvolvedores privados de aplicativos, como também já se predispõe a auxiliar outras
prefeituras a implementarem sistemas semelhantes. Esse caso parece se enquadrar neste
projeto por ser um exemplo em que o governo de alguma forma escolheu aprender com
uma estratégia já aplicada pelo setor privado em empresas como a Uber e se beneficiou
com a escolha além de entregar algo para os taxistas e para os usuários de táxi.

Outro caso que indica se enquadrar nesta pesquisa é o caso do Sonar5, uma startup6
criada para facilitar o processo de compra de diversos gestores públicos através da
adesão/carona, evitando a necessidade de licitações repetidas. O funcionamento básico
da plataforma era rastrear as publicações de licitações aprovadas e oferece-las para outros
órgãos interessados, para os gestores públicos a prestação do serviço era gratuita, a
cobrança era feita para as empresas que aumentariam suas vendas com a facilitação
gerada pela plataforma. Nesse caso o beneficiário é o governo e o prestador de serviço e
os financiadores eram do setor privado e é por casos como esses que este trabalho vai
centrar sua pesquisa.

Quanto aos objetivos, no que tange a descrição desses casos, este buscará integrar
diferentes metodologias de análise, se baseando essencialmente em compreensões e

3
http://www.rio.rj.gov.br/web/taxiriocidades
4
http://www.rio.rj.gov.br/web/taxirio/noticias?id=7442134
5
https://www.linkedin.com/company/o-sonar/about/
6
Empresa em estado inicial com proposta de negócio inovadora e que possui grande potencial de
crescimento.
ferramentas antropológicas, sociológicas e da Ciência Política – proposta melhor descrita
na seção “Os Métodos de Pesquisa”. O foco é, portanto, permitir que os afetados tenham
participação ativa no debate acerca do que as Tecnologias Sociais de fato estão gerando
como consequência de suas implementações.

No processo do desenho descritivo desses casos o intento é utilizar um formato de


case7, linguagem comum às academias de Administração e Economia, para facilitar o
diálogo com essas outras áreas e a compreensão geral de agentes públicos e da iniciativa
privada. Na análise, por sua vez, o arcabouço teórico da Ciência Política, Sociologia e da
Antropologia, serão fundamentais para aumentar a complexidade das análises acerca
desses casos e impedir defesas unilaterais que beneficiem somente os executores de tais
projetos, como os empreendedores sociais. Por fim, o foco será compreender como os
diferentes atores – da sociedade, representantes do Estado e das instituições pesquisadas
do Mercado – compreendem este fenômeno recente da sociedade brasileira.

O processo de catalogar vai levar em consideração tanto os olhares clássicos de


parcerias público-privadas como as diferenças entre as concessões patrocinadas e
administrativas propostas pela Lei Federal 11.079/20048, que focam na categoria de
pagamento do serviço, quanto também deve propor categorias novas que o próprio
exercício do trabalho indique como relevantei. As prováveis categorias a serem
encontradas no decorrer do projeto são: se houve a necessidade de desenvolvimento de
tecnologia - como no caso do Táxi.Rio Cidades que exigiu o desenvolvimento de um
aplicativo -, ou se restringiu-se a aplicação de uma ideia inovadora proveniente do setor
privado – como no caso do Sonar que se baseou em uma eficiência de pesquisa em diários
oficiais sem necessidade de desenvolvimento tecnológico específico; quem executou a
proposta de inovação, alguma instância do Estado (Prefeitura do Rio de Janeiro no caso
Táxi.Rio), ou do setor privado (Caso Sonar), ou até mesmo instituições do Terceiro Setor;
se houve necessidade de contrato ou direitos autorais envolvidos na execução, quando
envolver tecnologias patenteadas, e etc.

7
Experiência de trabalho marcante, que merece ser estudada. Formato utilizado pela Administração e pela
Economia, para descrever histórias que possam ser utilizadas como modelo a se seguir ou a se inspirar. Um
case de sucesso tem também como objetivo descrever os obstáculos enfrentados no processo que resultou
na criação da ideia inovadora. Exemplo: Cantora Anitta é estudada na Business School de Harvard como
um case de sucesso na área do entretenimento, por ter apresentado - mesmo com muitas barreiras sociais -
um crescimento rápido e sustentável nos mercados: brasileiro, latino americano e estadunidenses.
8
LEI Nº 11.079, DE 30 DE DEZEMBRO DE 2004. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l11079.htm> Acesso em: 26/10/2020
A justificativa
O conceito de Tecnologia Social, uma evolução do conceito de Tecnologia
Apropriada desenvolvido na Índia no século XIX, nasce em oposição às tecnologias
convencionais. A diferença intrínseca a esses dois conceitos está na definição, para a
proposta mais recente se define de fato um desenvolvimento tecnológico apenas
propostas que necessariamente abarquem as esferas sociais, ou seja, leve em conta a
degradação do meio ambiente, respeite e valorize a cultura local e promova a
independência dos assistidos pela implementação da inovação 9. Esse é um tema recente
que só começou a ser debatido no Brasil na primeira década do século XXI e se centra
em temáticas comuns às Ciências Sociais: “a crescente exclusão social, a precarização e
a informalização do trabalho, a violação dos direitos humanos e, também, a crescente
compreensão acerca dos limites da atual política de ciência e tecnologia no país”ii.

A Economia ortodoxa, que analisa a sociedade através da lógica dos incentivos,


parte do pressuposto de que o Estado é por natureza ineficiente, moroso, custoso e
principal responsável pela criação e manutenção das desigualdades sociais iii, seja na
exploração de recursos ou em prestações de serviço entre entes da sociedade civil e esse
deve, portanto, se ater somente a áreas regulatórias e de desinteresse do mercado 10. Os
incentivos competitivos inerentes do setor privado, por sua vez, são vistos como a maior
motivação para a criação de ideias inovadoras e da busca por eficiência desse setor, esse
é também um dos argumentos muito frequentemente utilizados em defesa de
privatizações11, de uma forma geral. Ainda que governos enfrentem também uma lógica
competitiva, quando se trata de Estados em situação de paz a ideia de competição está
claramente mais distante, o que faria supostamente esse último pouco propenso a inovar
e por consequência desenvolver tecnologias sociais.

No que tange as competições entre governos, a problemática traz mais


dificuldades do que benefícios. A pesquisa “Reflexos da mudança de governo
presidencial nos programas nacionais de transferência de renda condicionada latino-
americanos desde 1990”iv escrita pelo Prof. Jimmy Medeiros, Doutor em Políticas

9
ALMEIDA, A.S. REDE DE TECNOLOGIA SOCIAL - RTS (Brasil) (Org.). Tecnologia Social e Desenvolvimento
Sustentável: Contribuições da RTS para a formulação de uma Política de Estado de Ciência, Tecnologia e
Inovação – Brasília/DF. Página 14. Secretaria Executiva da Rede de Tecnologia Social (RTS), 2010.
10
Compreensão proveniente da minha experiência como aluna por 2 anos da EPGE (Escola de Economia
ortodoxa da FGV-Rio), bem explicitada no texto Estado Mínimo e Patriotismo de Pedro Cavalcanti
Ferreira, PhD em Economia pela Universidade da Pensilvânia e professor da EPGE-FGV.
11
idem
Públicas pela UFRJ e pesquisador da FGV-CPDOC, com participação da candidata,
identificou que existe uma tendência clara de trocas do grupo político no poder resultarem
também em alterações ou descontinuidades em Programas de Transferência de Renda
Condicionada (PTRCs).

Em apenas 5% dos casos analisados nos 22 países da América Latina não


houveram alterações na política pública quando houve troca do grupo político no poder12.
Outro resultado da pesquisa é referente a transição, o novo governo tende a
gradativamente reduzir o impacto da política do governo anterior para só depois
implementar a nova proposta – que muitas vezes só difere no nome 13. Ainda que essa
leitura seja restrita a um tipo de política pública específica, ela indica que a competição
na produção de políticas públicas entre governos de diferentes grupos de poder tende a
ser maléfica e não criativa, exatamente por desassistir a população e não necessariamente
trazer inovações ou melhorias.

Nessa ótica, o setor privado parece o único ambiente realmente propício a


inovação. É importante ressaltar que assim como as políticas de governo são frágeis em
comparação as políticas de Estado (LIMA 2012)v, o setor privado e suas iniciativas
também se encontram em um cenário de instabilidade. O trabalho e a solução criada pelo
Sonar, que é um dos casos que esse trabalho pretende estudar, foram interrompidos por
motivos de mercado e das dificuldades geradas pelo próprio modelo de sociedade no qual
a startup se estabeleceu14, por exemplo. O próprio conceito de startup já implica em uma
iniciativa instável e ainda que seja excelente para desenvolver novas ideias tem baixo
potencial de longevidade.

Este projeto de dissertação defende, portanto, que ao invés do Estado se ausentar


de ocupar esses espaços, ele deve beber de outras fontes que produzem essas ideias
inovadoras e promover espaços de pesquisa próprios que produzam propostas de soluções
sociais, dado que ele é pivô no processo de gerar mudanças estruturais (EVANS 1993)vi.
Autores como a Amsten (1985, 1989)vii e o Wade (1990)viii, que analisam casos na Coréia
do Sul e em Taiwan, concluem, por exemplo, que o Estado - por ser dotado da capacidade

12
MEDEIROS, J. & AMORIM, R. P. (2018). Reflexos da mudança de governo presidencial nos programas
nacionais de transferência de renda condicionada latino-americanos desde 1990. Revista MERCOSUR de
políticas sociales, página 232.
13
Idem.
14
Informações acerca do que levou ao fim da empresa foram coletadas através de entrevista preliminar
com Tales Gontijo, um dos criadores da startup.
de produzir incentivos e intervenções seletivas - gerou um cenário de cooperação entre
os setores público e privado, como fator crucial para o crescimento econômico e
desenvolvimento social da região. Outro grande fator em defesa da participação do Estado
como centro gestor dessas criações, é o seu maior potencial de replicação da solução para
outras regiões, como no caso do Táxi.Rio que evoluiu para o Táxi.Rio Cidades.

Como anteriormente exposto, este projeto parte da compreensão que existe uma
ausência de trabalhos de Ciências Sociais que dissequem e analisem essas propostas de
soluções sociais inspiradas no setor privado. A importância de gerar e estudar soluções
sociais inovadoras – desenvolvimento de Tecnologia Social - é por definição algo que
merece atenção acadêmicaix, contudo para que de fato gerem retorno social, econômico e
político sustentável, essas devem contar com uma análise ampla e multidisciplinar, desde
o desenho dos projetos até a avaliação de resultados. Justifico, portanto, o valor desta
pesquisa visto que:

A articulação virtuosa da pesquisa e Extensão pode trazer, à luz


dos princípios que regem o movimento pela defesa da promoção das
tecnologias sociais, contribuições significativas para a transformação
das estruturas que privilegiam poucos em detrimento de muitos.
Quebrar resistências, modificar arranjos institucionais, valorizar nichos
e iniciativas emancipadoras são condições necessárias para a profícua
relação universidade–comunidade.15

Por fim, este trabalho tem potencial de auxiliar na defesa de propostas de soluções
frente entes públicos e privados e contribuir para o processo de replicação nas esferas
municipais, estatais e federais. O aumento da complexidade de análise, que se propõe
com o olhar das ciências sociais, busca melhorar a qualidade das propostas de soluções
vistas como desejáveis.

Os métodos de pesquisa
Artigos como os dos engenheiros Barros e Bagno (2014)x; dos administradores
Ventura, Andrade e Almeida (2011)xi vão fazer parte do processo de busca por casos de
sucesso, por avaliarem aplicações e desenvolvimento de tecnologias sociais. Outra fonte
que vai nortear as buscas vai partir de iniciativas como a Inovativa Brasil16, o Brasil Lab17,

15
ALMEIDA, A.S. REDE DE TECNOLOGIA SOCIAL - RTS (Brasil) (Org.). Tecnologia Social e
Desenvolvimento Sustentável: Contribuições da RTS para a formulação de uma Política de Estado de
Ciência, Tecnologia e Inovação – Brasília/DF. Página 15.
16
https://www.inovativabrasil.com.br/sobre/
17
https://brazillab.org.br/olab#quem-somos
o GNova18, a Fundação Avina19, a Viva Rio20, a Social Soluções21, a Oxfam Brasil22 e as
iniciativas premiadas pelo Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 23.

A metodologia a ser utilizada para coletar informações de como se deu o


desenrolar de cada caso será através de entrevistas individuais e grupos focais; da coleta
e da análise de dados que quantifiquem os valores de retorno do financiamento da política
ou inovação implementada, e da leitura crítica da posição da mídia e da academia das
outras áreas de estudo sobre os casos escolhidos. Possivelmente, será selecionado um
caso para desenvolver a pesquisa exploratória, buscando entrevistar agentes públicos que
atuaram no processo de instituição da parceria público-privada, bem como dos agentes
do mercado e da sociedade, ambos impactados pela inovação. Inicialmente, a proposta é
realizar entrevistas em profundidade com 2 a 4 representantes de cada setor, com duração
média de 30 a 60 minutos. O objetivo é traçar uma proposta metodológica que parta da
complementação das qualidades quantitativas e qualitativas de pesquisa.

O desenho dos casos vai partir da metodologia de Administração de construção


de casos para ensino xii. O objetivo é utilizar uma linguagem que se comunique bem com
outras áreas do conhecimento e que seja mais facilmente aplicada tanto para o ensino e
quanto para a produção de artigos. Como propõe, Alberton e Silva:

Um caso para ensino é uma descrição de uma situação administrativa


(Bonoma, 1989), uma fonte rica de dados detalhados que representa a
complexidade organizacional (Booth, Bowie, Jordan, & Rippin, 2000), que
imita ou simula uma situação real. Seu principal propósito é promover uma
representação da realidade (Ellet, 2007, 2008), encorajando a tomada de
decisão e o risco em um ambiente controlado. Quando utilizado no contexto
do ensino, um critério determinante é que o caso deve fomentar um debate
entre os estudantes (Jennings, 1996, 2002), o qual, para ser ‘rico’ em
aprendizagem, demanda o relato de uma situação estruturada e detalhada, com
um dilema bem definido.24

Importante ressaltar, a análise geral dos casos vai se apoiar no arcabouço teórico
da Ciência Política, da Sociologia e da Antropologia, para posicionar os afetados no

18
http://gnova.enap.gov.br/pt/
19
https://www.avina.net/pt/nossa-historia/
20
http://vivario.org.br/
21
http://www.socialsolucoes.com/sobre
22
https://www.oxfam.org.br/historia/
23
https://www.fbb.org.br/pt-br/ra/conteudo/premio-fundacao-bb-de-tecnologia-social
24
ALBERTON, A. & SILVA A. B. (2018). Como Escrever um Bom Caso para Ensino? Reflexões sobre o
Método. RAC, Rio de Janeiro, v. 22, n. 5, art. 6, pp. 750, setembro/outubro, www.rac.anpad.org.br.
centro deste projeto, resultando em uma combinação de análises logicamente rigorosas e
de compreensões sociológicas de pesquisa 25.

Quadro Teórico
O desenvolvimento desse trabalho pretende se debruçar nas teorias e as análises
que as Ciências Sociais desenvolveram sobre Parcerias Púbico-Privadas (PPP). O
objetivo é treinar o olhar para o momento de classificação do tipo de interação público-
privada do recorte desse trabalho, utilizando trabalhos como o mapeamento realizado
pelos sociólogos Ferreira e Henrique (2018)xiii que mapearam todas as parcerias público-
privadas no setor de saneamento no Brasil de 2006 a 2017.

Outro apoio teórico relevante para este, é compreender o que a literatura de


diferentes áreas do conhecimento define como Tecnologia Social e Soluções Inovadoras.
O intuito é gerar uma adequação linguística no sentido de facilitar a troca entre essas
diferentes áreas de estudo e tornar a contribuição das ciências sociais ainda mais valiosa.
Trabalhos que definem e discorrem sobre esses conceitos são: Bignetti (2011)xiv; Barros,
Ávila e Madruga (2013)xv; Rodrigues e Barbieri (2008)xvi; Maciel e Fernandes (2011), e
o livro Tecnologia Social e Desenvolvimento Sustentável26.

Um dos objetivos específicos é, portanto, aplicar o escopo de estudo sobre casos


que se apresentam como soluções sociais e Tecnologia Social, dado a identificação da
ausência de estudos na área das Ciências Sociais e de uma análise distanciada da
perspectiva dos grupos afetados de outras áreas do conhecimento. Minha pesquisa
pretende cobrir esta ausência no recorte brasileiro dos casos em que o governo é também
beneficiário da política. Por fim, pretendo ter como produtos, além da Dissertação: artigos
sobre os diferentes casos estudados por este e um artigo final destinado à comparação dos
casos.

25
BECKER, H. S. Métodos de Pesquisa em Ciências Sociais. Tradução: Marco Estevão e Renato Aguiar.
São Paulo, Editora Hucitec, 1999. Página 46.
26
REDE DE TECNOLOGIA SOCIAL - RTS (Brasil) (Org.). Tecnologia Social e Desenvolvimento
Sustentável: Contribuições da RTS para a formulação de uma Política de Estado de Ciência, Tecnologia e
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