O documento discute os conceitos de análise positiva e normativa na economia e finanças públicas. A análise positiva se baseia em modelos e hipóteses para prever resultados, enquanto a análise normativa avalia políticas públicas com base em critérios como eficiência, equidade e liberdade. Existem divergências entre economistas sobre esses critérios e sobre o papel do governo.
O documento discute os conceitos de análise positiva e normativa na economia e finanças públicas. A análise positiva se baseia em modelos e hipóteses para prever resultados, enquanto a análise normativa avalia políticas públicas com base em critérios como eficiência, equidade e liberdade. Existem divergências entre economistas sobre esses critérios e sobre o papel do governo.
O documento discute os conceitos de análise positiva e normativa na economia e finanças públicas. A análise positiva se baseia em modelos e hipóteses para prever resultados, enquanto a análise normativa avalia políticas públicas com base em critérios como eficiência, equidade e liberdade. Existem divergências entre economistas sobre esses critérios e sobre o papel do governo.
Os apontamentos compilados do Livro denominado “Economia e finanças
públicas em democracia”, busca - se analisar o papel do sector público na economia, com particular enfoque de aplicação, adaptado ao caso moçambicano. Pretende-se assim clarificar, a abordagem política - económica que está além de uma mera análise económica normativa da intervenção das entidades do sector público, tomando em consideração os condicionalismos institucionais e as restrições de natureza política envolvidas nas tomadas de decisão colectiva. É clarificada a distinção essencial entre análise positiva e normativa. A análise Positiva – Pressupõe a existência de um modelo baseado num conjunto de hipóteses e visa a previsão das consequências em certas variáveis com o intuito de manipular as variáveis instrumentais (ou estruturais). A análise normativa - Sem que dispense a análise prévia positiva, destina-se a produzir juízos de valor quer sobre determinadas características da sociedade actual (e.g. distribuição de rendimento, características do mercado de trabalho, etc.), quer sobre os resultados de certas políticas públicas. Dentro dos critérios normativos utilizados pelos economistas sobressaem os de equidade, eficiência e liberdade (negativa). Tratando-se de Juízos de valor, não existe obviamente consenso entre os economistas quer em relação à natureza e intensidade de eventuais conflitos entre eles. Contribui para a transparência do debate económico e político que cada economista clarifique quais as suas prioridades e qual o seu entendimento do conflito entre por exemplo, eficiência e equidade. Contudo “demasiadas vezes se assiste a intervenções de economistas que procuram passar recomendações com implicações morais e políticas como se de pronunciamento científico não se tratasse”.
Por exemplo a liberalização do mercado de arrendamento contribui para uma
melhoria na eficiência na afectação de recursos (habitação), mas qual o efeito sobre a equidade? Alguns dirão que o efeito é negativo, assumindo que em média o grupo dos proprietários está melhor na sociedade que o grupo dos arrendatários, apesar da média esconder situações muito díspares. A primazia dada ao critério da eficiência sugere claramente a liberalização total e sobretudo o uso de instrumentos adequados (na tributação e nas prestações sociais) para prosseguir objectivos da equidade. As divergências dos economistas são mais pronunciadas na análise normativa, mas estendem-se também á analise positiva. Também ha divergências quanto aos modelos que melhor se adaptam a realidade e quanto à necessidade ( ou não) de estes se basearem em hipóteses realistas. Já no que diz respeito à forma de entender a sociedade, existe algum acordo entre economistas quanto a uma visão humanista (ou individualista) em que a soviedade é entendida como uma comunidade de indivíduas onde o bem estar social está necessariamente relacionado com o bem – estar desses indivíduos. Deste modo o impacto das políticas públicas na sociedade, será necessariamente analisado em termos do impacto nos indivíduos que a compõe. Esta perspectiva opõe-se a uma visão orgânica, não partilhada pela maioria dos economistas, em que a sociedade seria vista como uma entidade autónoma e em que seria possível identificar a sua “vontade” o seu “bem-estar” a partir de algo estranho e exógeno aos indivíduos que a compõe (por exemplo um líder político ou religioso que “revelaria” o bem comum da sociedade). O papel do governo numa sociedade democrática tem sido analisado de forma diversa pelos economistas que se têm debruçado sobre as finanças públicas. Numa tradição que remonta a Erik Lindhal e cujo expoente máximo foi até há pouco tempo Richard Musgrave, o governo tem sido entendido como um ditador benevolente, isto é, como um agente que pretende maximizar o bem estar da sociedade, funcionando sem restrições de natureza institucional. Em certo sentido, esta perspectiva é mais relevante em sociedades democráticas, onde através do voto e de sondagens de opinião os cidadaõs manifestam alguma preferência em relação as políticas públicas. Outra tradição, que remonta a Knut Wicksell e cujo principal mentor foi James Buchanan, dá maior importancia às questões institucionais e tem adoptado, sobretudo na corrente da teoria da escolha pública, uma visão mais céptica do governo, nomeadamente pela subordinação a grupos de interesse procurando rendas, ou a burocratas procurando maximizar orçamentos, ou a políticos maximizando votos. A ênfase numa ou noutra das formas de encarar o governo, sugere também diferentes perspectivas quanto à importância relativa das funções do sector público numa economia mista. Richard Musgrave sistematizou as três funções do sector público numa economia mista contemporânea: melhoria da eficiência na afectação de recursos, ultrapassando certos fracassos do mercado; melhoria da equidade e justiça social, através de políticas de redistribuição de rendimentos e de promoção de igualdade de oportunidades; e estabilização macroeconómica, através da promoção do crescimento, do emprego, da estabilidade de preços e alisando os ciclos económicos. (Todo ciclo econômico é formado por quatro estágios principais: expansão, boom, contração e recessão).
Tópicos para reflexão
1. “A abordagem político-económica da economia do sector público traduz –se em fundamentar economicamente as politicas financeiras do sector público, tendo em conta as regras e instituições que propiciam, ou não essas políticas”. Clarifique o conteúdo desta afirmação. 2. Tendo em conta as funções que Musgrave atribui ao sector público e os critérios normativos relevantes, justifique a intervenção do Estado nos seguintes casos: Plano de vacinação obrigatoria. Regulação das emissões indistriais de poluição, incluindo um quadro de sanções pecuniárias. 3. Se um governo toma uma medida no sentido da liberalização do mercado das telecomunicações, a que critério (s) está a dar primazia? Será que neste caso se pode falar de em conflito entre eficiência e equidade? Justifique. 4. Explique qual a distinção entre uma perspectiva (ou individualista) e uma perspectiva orgânica de considerar conceitos como: bem – estar social, interesse público ou vontade colectiva. 5. Duas das funções do sector público numa economia mista têm sobretudo a ver com uma intervenção microeconómica do governo e outra com uma natureza macroeconómica. Identifique – as explicaando o seu conteudo. 6. Diminuir o sigilo em relação às contas bancárias individuaisé uma medida que é favorável de acordo com um critério normativo, mas desfavorável de acordo com o outro. Identifique esses critérios e, tendo em conta o conflito resultante entre ambos, dê a sua opinião sobreo carácter desejável (ou não) dessa medida política. 7. Dê um exemplo de três medidas de políticas públicas cuja racionalidade fundamental assenta respectivamente num creitério de: a) Eficiência b) Equidade c) Liberdade 8. Dê um exemplo de três medidas de políticas públicas em que existe um conflito entre dois critérios normativos: i. Eficiencia e equidade ii. Equidade e liberdade iii. Eficiencia e liberdade 9. Um governo democrático tem poderes especiaiss, que mais nenhuma organização na sociedade possui. Explicite quais são esses poderes que o distinguem relativamentea outras instituições e qual a sua justificação. 10. O critério normativo de liberdade (negativa) significa: A. Que cada individuo deve ser livre de fazer aquilo que quer B. Que as eempresas devem ser livres de realizarem os investimentos que quiserem. C. Ausência de coersão de uma entidade pública (Estado) sobre as escolhas individuais. D. A escolha entre sapatos e camisolas não deve ter a interferência dos impostos.
Fichamento Do Texto: INTRODUÇÃO À TEORIA DA POLÍTICA PÚBLICA. In: Políticas Públicas Coletânea / Organizadores: Enrique Saravia e Elisabete Ferrarezi. - Brasília: ENAP, 2006.