Você está na página 1de 57

A NATUREZA DO SETOR PÚBLICO

Flora Cunha Lobo 1


A Natureza do Setor Público

Bibliografia
Principal:
 Economia e Finanças Públicas”, Paulo Trigo Pereira, António
Afonso, Manuela Arcanjo, J.C. Gomes Santos, Escolar Editora,
2016 (5ª edição).

 “Economia e Finanças Públicas: Da Teoria à Prática”, Paulo Trigo


Pereira, Almedina, 2016 (3ª edição).
 Gordon, Robert J. (2006): “Macroeconomics”, 10th Edition, Addison-Wesley.

Complementar:
 Stiglitz, J. , Economics of the Public Sector, Norton., 2000
 Musgrave, R. and Musgrave, P., Public Finance in Theory and
Practice , McGraw-Hill., 1989
Flora Cunha Lobo 2
A Natureza do Setor Público

Finanças Públicas e o Papel do Estado

Qual é o papel do estado numa economia mista?

Objetivo de aprendizagem: fundamentos da


intervenção do Estado na economia

Flora Cunha Lobo 3


Finanças Públicas e o Papel do Estado
(I) Objeto de Estudo da Disciplina de Economia e Finanças
Públicas

(II) Análise normativa versus análise positiva

(III) Critérios normativos:


 Eficiência

 Equidade

 Liberdade (negativa)
 Fontes de divergência

(IV) Funções do Estado:


 Função redistribuição

 Função estabilização

 Função afetação

Flora Cunha Lobo 4


Finanças Públicas e o Papel do Estado

(V) Teorias sobre o papel do Estado


 O Estado Mínimo: a primazia do mercado
 O Estado de Bem-Estar (ou protetor)
 O Estado Imperfeito

(VI) Diferentes abordagens das finanças


públicas

 Finanças clássicas e Estado Mínimo

 Finanças Intervencionistas e Estado de Bem-estar

 Constitucionalismo Financeiro e Estado Imperfeito

Flora Cunha Lobo


 Características das finanças “modernas” 5
(I) Economia e Finanças Públicas

Nota Prévia:
 Objeto de estudo comum ao da economia: considera, no
âmbito do setor púbico, as questões económicas
fundamentais (derivadas do problema da escassez):
 O que produzir?
 Como produzir?
 Para quem produzir?

 Que recursos devem ser utilizados na produção de bens privados e


que recursos devem ser utilizados na produção de bens públicos?

 Qual é a melhor forma de produzir e financiar os bens públicos?

 Quem deverá beneficiar da produção dos bens públicos?

Flora Cunha Lobo 6


(I) Economia e Finanças Públicas

Definição (Objeto de estudo)

A disciplina de Economia e Finanças Públicas

desenvolve a análise, normativa e positiva, das

atividades financeiras das entidades do sector

público.

Análise positiva e análise normativa: dois tipos de análises

desenvolvidas nas finanças públicas


Flora Cunha Lobo 7
(I) Economia e Finanças Públicas

Definição (Objeto de estudo)

Principais questões:
(I) Quais os efeitos da manipulação de certas variáveis instrumentais
(política orçamental) na prossecução dos objetivos a atingir?

(II) Quais são os efeitos de alterações nas variáveis estruturais (regras e


instituições) na implementação das políticas públicas?

(III) Qual deve ser a intervenção do Estado na economia, nomeadamente


na vertente financeira (receitas e despesas públicas)?

(IV) Quais devem ser as regras e instituições a operar no setor público


de modo a implementar as políticas públicas desejáveis?

Flora Cunha Lobo 8


(II) Análise Positiva versus Análise
Normativa

Análise Positiva
 Analisa e explica a realidade e prevê (pressupõe a existência de um
modelo baseado num conjunto de hipóteses) as consequências em
certas variáveis objetivo de alterações em uma ou mais variáveis
instrumentais ou estruturais

NO DIAPOSITIVO (8) QUAIS SÃO AS QUESTÕES QUE SE


ENQUADRAM NO ÂMBITO DA ANÁLISE POSITIVA?

Flora Cunha Lobo 9


(II) Análise Positiva versus Análise
Normativa

Análise Normativa
 Produz juízos de valor, quer sobre determinadas
características da sociedade (por exemplo, distribuição de
rendimento, características do mercado de trabalho), quer
sobre a adoção de uma política pública, na vertente dos
instrumentos utilizados e na vertente dos seus
resultados/consequências

Questão: o juízo de valor é formulado com base em que


critérios ou normas?

NO DIAPOSITIVO (8) QUAIS SÃO AS QUESTÕES QUE SE


ENQUADRAM NO ÂMBITO DA ANÁLISE NORMATIVA?
Flora Cunha Lobo 10
(II) Análise Positiva versus Análise
Normativa

Análise Positiva
 Analisa e explica a realidade e prevê (pressupõe a existência de um
modelo baseado num conjunto de hipóteses) as consequências em
certas variáveis objetivo de alterações em uma ou mais variáveis
instrumentais ou estruturais
 (I) Quais são os efeitos da manipulação de certas variáveis
instrumentais (política orçamental) na prossecução de
objetivos?
 (II) Quais são os efeitos de alterações em variáveis
estruturais (regras e instituições do sistema político) na
implementação das políticas públicas?

Flora Cunha Lobo 11


Análise Positiva versus Análise Normativa

Análise Normativa
 Produz juízos de valor, quer sobre determinadas
características da sociedade (por exemplo, distribuição de
rendimento, características do mercado de trabalho), quer
sobre a adoção de uma política pública, na vertente dos
instrumentos utilizados e na vertente dos seus
resultados/consequências
 (III) Qual deve ser a intervenção do Estado na economia,
nomeadamente na vertente financeira (receitas e
despesas públicas)?
 (III) Quais devem ser as regras e instituições a operar
no setor público de modo a implementar as políticas
públicas desejáveis?

Flora Cunha Lobo 12


(II) Análise Positiva versus Análise
Normativa
Síntese:
 A abordagem positiva refere-se ao que é enquanto que a

abordagem normativa refere-se ao que deve ser.

 Ambas as abordagens coexistem na análise económica

 As duas abordagens são complementares: a abordagem

positiva torna-se necessária ao fundamento da abordagem

normativa: quando se propõem políticas há que conhecer os

efeitos prováveis das alternativas que se colocam

Flora Cunha Lobo 13


(II) Análise Positiva versus Análise
Normativa
Enquadre cada uma das seguintes questões
debatidas no âmbito da Economia e Finanças
Públicas na análise positiva ou na análise normativa:
 Quais as consequências do aumento do preço dos produtos petrolíferos?

 Deve ou não haver pagamentos de propinas no ensino superior?

 Qual o tratamento fiscal que deve ser dado às confissões religiosas?

 Que reformas fazer para aumentar a justiça fiscal?

 Deve ser dada prioridade às despesas públicas com o ensino básico ou com o
superior?

 Em que medida recursos adicionais específicos para a educação têm feito


melhorar o sucesso escolar e a inclusão social?

Flora Cunha Lobo 14


(III) Critérios Normativos

 Eficiência

 Equidade

 Liberdade (negativa)

Flora Cunha Lobo 15


(III) Critérios Normativos

Eficiência

Afectar os recursos económicos de forma óptima (no

sentido de que não é possível melhorar o bem-estar de um

agente sem ser à custa da diminuição do bem-estar de outro

– óptimo de Pareto)

Flora Cunha Lobo 16


(III) Critérios Normativos

Equidade (ou justiça)

 Preocupação centrada nos fatores determinantes do bem-estar


social:

 Na redução das desigualdades de distribuição de rendimentos

 Na criação de condições para a promoção da igualdade de


oportunidades entre os cidadãos

 Assegurar o acesso a bens primários

 Grandes disparidades entre ricos e pobres são normalmente


repudiadas pelas sociedades modernas.

Flora Cunha Lobo 17


(III) Critérios Normativos

Equidade (ou justiça)


 O Estado deve intervir no sentido de aproximar a distribuição
feita pelo mercado à noção de justiça que a sociedade tem.

 Os impostos progressivos, os subsídios e transferências, a


segurança social, ou métodos mais drásticos, como a
expropriação, a reforma agrária, são instrumentos de que a
sociedade se serve para conseguir a equidade.

 Exemplo: Quais os efeitos da distribuição da carga fiscal e os


benefícios da despesa pública no bem-estar social?

Flora Cunha Lobo 18


(III) Critérios Normativos

Liberdade (negativa)

O indivíduo deve ter uma esfera (privada) de autonomia imune à

intervenção coerciva do Estado, isto é, devem existir limites às

possibilidades de intervenção do Estado na vida (privada) dos

cidadãos

Exemplo: o caso do sigilo bancário: o acesso público

(ainda que em termos limitados) às contas privadas é uma

violação do critério de liberdade (negativa)


Flora Cunha Lobo 19
(III) Critérios Normativos

Duas Fontes de Divergências:

 Análise positiva: divergências quanto aos modelos


mais realistas e quanto à análise empírica

 Análise normativa: estando em causa juízos de


valor, não é consensual entre os economistas:
 a hierarquização dos critérios normativos (a
prioridade de cada critério relativamente aos
restantes)

 o grau de conflito entre os critérios

Flora Cunha Lobo 20


(III) Critérios Normativos

Tarefa: Dê um exemplo de três medidas de políticas


públicas em que existe um conflito entre dois critérios
normativos:

 Eficiência e equidade

 Equidade e liberdade

 Eficiência e liberdade

Flora Cunha Lobo 21


(III) Critérios Normativos

Qual é a prioridade?
Eficiência Equidade Equidade Eficiência
Liberdade Liberdade

Taxas Sigilo Bancário Impostos que


Moderadoras nas incidem sobre a
urgências dos circulação e
hospitais aquisição de
veículos
Subsídio de Aumento dos
desemprego impostos sobre o
tabaco
Salário Mínimo Proibição de fumar
Nacional nos espaços
públicos
Flora Cunha Lobo 22
Divergência : eficiência versus equidade

Exemplo 1) Taxas Moderadoras nas Urgências dos


Hospitais
Critério normativo da eficiência:

 O efeito esperado do aumento das taxas moderadoras nas

urgências será desincentivar as idas de doentes às urgências

cujo estado de saúde não o justifique, com a consequente

melhoria da eficácia do serviço no atendimento aos

verdadeiros casos de urgência

 Portanto, os economistas/decisores que valorizem o critério

normativo da eficiência tendem a concordar com esta prática


Flora Cunha Lobo 23
Divergência : eficiência versus equidade

Exemplo 1) Taxas Moderadoras nas Urgências dos


Hospitais
Critério normativo da equidade:

 Os economistas/decisores que valorizem o critério normativo

da equidade tendem a ponderar o facto de os cidadãos de

mais baixos recursos económicos poderem estar a ser

excluídos do acesso a um serviço (o dos cuidados de saúde)

que é um direito social básico


Flora Cunha Lobo 24
Divergência : eficiência versus equidade

Exemplo 2) Subsídio de desemprego


 Critério normativo da equidade:
Assegura que o individuo não fica privado de
rendimentos, o que a acontecer o colocaria numa
situação de vulnerabilidade económica
 Critério normativo da eficiência:
A existência de uma prestação social como o subsídio de
desemprego pode ser desincentivadora da procura de
trabalho, retardando o regresso ao mercado de trabalho, com
a consequente redução da produção potencial, diminuição
das receitas fiscais sobre os rendimentos e aumento dos
gastos da segurança social

Flora Cunha Lobo 25


Salário Mínimo: Imposição de um Preço Mínimo no
Mercado de Trabalho

Preço Mínimo P1
Preço Mínimo
SEM EFEITO
P2>PE

Flora Cunha Lobo 26


Salário Mínimo: impacto junto dos trabalhadores
menos qualificados
Desemprego ou
excedente de
trabalhadores
W S
Salário Mínimo

D
L
Diminuição no
emprego em
resultado do
salário mínimo
Flora Cunha Lobo 27
Divergência: eficiência versus equidade

Exemplo 3) Salário mínimo nacional


 Critério normativo da equidade:
Tem como objetivo assegurar que nenhum
trabalhador aufira um rendimento inferior a
determinado patamar considerado justo em termos
sociais
 Critério normativo da eficiência:
A existência do salário mínimo (preço mínimo regulado no
mercado de trabalho e não livremente negociado entre os
agentes do lado da oferta e da procura) pode ser encarada
como um fator que potencia o aumento do desemprego (o
desempego é sinónimo de excesso de oferta no mercado de
trabalho), logo, um fator de perda de eficiência na economia

Flora Cunha Lobo 28


Divergência: equidade versus liberdade

Exemplo 4) Quebra do Sigilo bancário


 Critério normativo da equidade:
Instrumento eficaz na promoção de uma maior equidade
fiscal (combate à evasão e fraude fiscal, à corrupção e ao
branqueamento de capitais) no cumprimento das
obrigações dos contribuintes
 Critério normativo da liberdade:
A quebra do sigilo bancário representa uma violação da
esfera privada dos cidadãos, aspeto que as políticas
públicas têm que ponderar, pelo que injustificável (???)
como meio para promover a equidade
Flora Cunha Lobo 29
Divergência: eficiência versus liberdade

Exemplo 5) Impostos que incidem sobre a circulação (sobre os


proprietários de veículos) e aquisição de veículos
 Critério normativo da eficiência:
Há um conjunto de despesas públicas associadas ao uso do automóvel

(manutenção e construção de estradas, policiamento das estradas,

tratamento das vítimas de acidentes, qualidade ambiental), que se traduzem

nos custos sociais provocados pelo uso do automóvel, superiores ao custo

privado para o seu proprietário/utilizador

 os proprietários devem pagar o imposto (que traduz o


custo social) de modo a incorporarem esse custo nas
decisões sobre o uso do automóvel (questão da eficiência)
Flora Cunha Lobo 30
Divergência : eficiência versus liberdade

Exemplo 5) Impostos que incidem sobre a circulação (sobre os


proprietários de veículos) e aquisição de veículos
 Critério normativo da liberdade (negativa):
 O imposto poderá interferir com a liberdade de
escolha dos indivíduos em relação à aquisição de
bens cuja tributação tem um grande peso nas
receitas do orçamento do estado
 O imposto sobre a aquisição de veículos é
relevante na formação da decisão de aquisição de
um novo veículo, podendo funcionar como
incentivo para a compra de outros bens em
detrimento do automóvel (habitação, por exemplo)

Flora Cunha Lobo 31


Divergência : eficiência versus liberdade

Exemplo 6) Impostos sobre o tabaco/proibição de fumar em


espaços públicos
 Critério normativo da eficiência
O imposto é a resposta às externalidades
negativas para toda a sociedade associadas ao
consumo do tabaco

 Critério normativo da liberdade (negativa)


Este tipo de medidas é uma forma abusiva do
Estado interferir na capacidade de escolha privada
dos cidadãos

Flora Cunha Lobo 32


(IV) Funções do Setor Público

 Este capítulo apresenta os fundamentos para a


intervenção do setor público na economia, ou, dito
de outra forma, sobre as funções do setor público.

 De acordo com Musgrave, as funções do setor


público são:
(I) Redistribuição (ótica microeconómica)
(II) Estabilização (ótica macroeconómica)
(III) Afetação (ótica microeconómica)

Flora Cunha Lobo 33


(IV) Funções do Setor Público

Função Redistribuição

PROMOVER UMA SOCIEDADE MAIS JUSTA

IGUALDADE DE OPORTUNIDADES DESIGUALDADE DE RENDIMENTOS

assegurar a todos os cidadãos o acesso correção da distribuição de


a certos bens e serviços considerados rendimentos que resulta
meritórios (cuidados básicos de saúde, do mercado
ensino obrigatório)
Flora Cunha Lobo 34
(IV) Funções do Setor Público
Função Redistribuição

A repartição operada pelo mercado, a


Aplicação de impostos de
repartição primária, gera taxas progressivas
desigualdades económicas e sociais.
Por exemplo: o IRS.

Orientado por princípios de justiça


social, o Estado intervém na
economia no sentido de corrigir as
situações geradas pela repartição
primária do rendimento e promover a Despesas com prestações
equidade, efetuando uma sociais

redistribuição do rendimento, a Por exemplo: subsídio de desem-


prego, de velhice ou de invalidez.
repartição secundária.

Flora Cunha Lobo 35


(IV) Funções do Setor Público

Função Estabilização

Aplicação de políticas públicas que visam promover a

estabilização macroeconómica da economia, ao nível:

 o emprego

 a estabilidade de preços,

 o equilíbrio das contas externas e

 o crescimento económico
Curto Prazo: estabilização dos ciclos económicos
Flora Cunha Lobo 36
(IV) Funções do Setor Público

Função Estabilização: Ótica Macroeconómica

Curto Prazo Longo Prazo


Horizonte trimestres 10 ou mais anos
Temporal 1 a 10 anos
Objeto de Ciclos Económicos Tendência
Estudo Flutuações Cíclicas Fenómenos Permanentes
Fenómenos Transitórios e Estrutura
Recorrentes

Principal Estabilização dos Ciclos Crescimento Económico


Preocupação Económicos (tendência do PIB real)

Variáveis Chave PIB real Crescimento Económico


Emprego/Desemprego
Nível de Preços
(inflação/deflação)
Flora Cunha Lobo 37
Função Estabilização: Ótica Macroeconómica

Curto Prazo: estabilização dos ciclos económicos

No curto prazo, pretende-se a estabilização dos ciclos


económicos, isto é, a manutenção de um nível
adequado de atividade produtiva: elevado mas
compatível com a estabilidade de preços.

Flora Cunha Lobo 38


Função Estabilização: Ótica Macroeconómica

(I) CICLOS ECONÓMICOS: as


economias alternam entre
períodos de contração e de
expansão do PIB real (Real
GDP) ao longo do tempo (Time)

DUAS FASES DO CICLO:


 EXPANSÃO: Fundo a Pico
 RECESSÃO: Pico a Fundo

Curto Prazo: estabilização dos ciclos económicos


Flora Cunha Lobo 39
Função Estabilização: Ótica Macroeconómica

Curto Prazo: estabilização dos ciclos económicos

Ciclo Económico-Principais Características


As flutuações da actividade económica conhecidas como ciclos
económicos são:

(1) generalizadas – afectam a economia no seu conjunto, e não


apenas um ou outro sector;

(2) recorrentes, mas não periódicas – repetem-se ao longo do


tempo, mas são relativamente imprevisíveis e de duração muito
variável;

(3) indesejadas – pela incerteza que criam, e pela perda de bem-


estar associada às fases de recessão.
Flora Cunha Lobo 40
Função Estabilização: Ótica Macroeconómica

DUAS FASES DO CICLO:


Ciclo completo
de pico a pico  EXPANSÃO: Fundo a Pico
Pico  RECESSÃO: Pico a Fundo
PIB real

PIB real efetivo


Pico Recessão

a economia oscila em
Fundo torno da tendência de
Fundo
Expansão
longo prazo = PIB real
potencial ou PIB natural
t0 t1 t2 t3
Tempo
Expansão Recessão

Ciclo Completo
de fundo a fundo

Curto Prazo: estabilização dos ciclos económicos


Flora Cunha Lobo 41
Função Estabilização: Ótica Macroeconómica

Curto Prazo: estabilização dos ciclos económicos

(I) PIB real efetivo versus PIB real potencial (ou natural)

 PIB real efetivo: volume de produção que de facto é

produzido numa economia, num dado período de

tempo (o valor nominal foi corrigido das variações dos

preços)

Flora Cunha Lobo 42


Função Estabilização: Ótica Macroeconómica

Curto Prazo: estabilização dos ciclos económicos

 PIB real potencial (ou natural)


O produto potencial é o produto real que pode ser obtido na
economia de forma sustentável, no caso em que os recursos
disponíveis são utilizados em condições de eficiência ("plena
capacidade"), dadas as limitações institucionais e tecnológicas da
economia, sem criar pressões inflacionistas (taxa de inflação
constante)
 valor da atividade produtiva realizada sob “condições normais”
(médias)

 corresponde à capacidade produtiva de um país

 corresponde ao pleno emprego dos recursos


Flora Cunha Lobo 43
Função Estabilização: Ótica Macroeconómica

Curto Prazo: estabilização dos ciclos económicos

 PIB real potencial (ou natural)


 Conceito teórico: variável não observada, tem que ser estimada

 Empiricamente corresponde à tendência extraída da evolução do


PIB real efetivo (PIB na ausência de ciclos)

 O produto potencial não representa o máximo que pode ser


produzido numa economia, mas sim o produto obtido em
condições normais de utilização dos recursos

 apenas temporariamente, capital e trabalho podem ser utilizados


com uma intensidade superior à normal (por exemplo, se houver
recurso a horas extras ou ao recurso intensivo de equipamentos
–laboração em vários turnos)
Flora Cunha Lobo 44
Função Estabilização: Ótica Macroeconómica

Curto Prazo: estabilização dos ciclos económicos

O PIB potencial cresce ao longo do tempo, à medida

que a força de trabalho aumenta, com a abertura de

novas empresas, novos equipamentos e máquinas

são instalados e com a inovação tecnologica.

Flora Cunha Lobo 45


Função Estabilização: Ótica Macroeconómica

Curto Prazo: estabilização dos ciclos económicos

(II) Taxa de Desemprego Natural

 Taxa de desemprego para a qual não há pressão para a

inflação aumentar ou diminuir (taxa de inflação

constante)

 Se o PIB real efetivo é igual ao PIB real potencial (taxa

de inflação constante), a taxa de desemprego efetiva é

aFlorataxa de desemprego natural


Cunha Lobo 46
Função Estabilização: Ótica Macroeconómica

Curto Prazo: estabilização dos ciclos económicos

 Estando a economia num nível de atividade normal, o produto real


e a taxa de desemprego tendem a coincidir com o produto natural
e a taxa de desemprego natural. A inflação tende a manter-se
constante.

 Em fases de maior atividade, o volume de produção é elevado


(produto superior ao natural), a utilização dos recursos é elevada
(desemprego inferior ao natural) e a inflação tende a aumentar.

 Nas fases de menor atividade, o volume de produção é baixo


(produto inferior ao natural), tal como a utilização dos recursos
(desemprego superior ao natural), e a inflação tende a diminuir.
Flora Cunha Lobo 47
Função Estabilização: Ótica Macroeconómica

Curto Prazo: estabilização dos ciclos económicos

(III) Hiato do Produto (Output Gap)


O hiato do produto corresponde à diferença entre o PIB real efetivo
(produto observado de uma economia) e o PIB real natural ( a estimativa
do produto potencial)

Se o PIB estiver acima do seu nível potencial, o hiato do produto é positivo: a

restrição da capacidade produtiva tende a tornar-se ativa, o que se manifesta

numa tendência de aumento da inflação (se as empresas se defrontam com uma

procura que excede em muito a sua capacidade produtiva de modo sustentado,

os preços tendem a aumentar); o desemprego é reduzido para um valor abaixo

da sua taxa natural.


Flora Cunha Lobo 48
Função Estabilização: Ótica Macroeconómica

Curto Prazo: estabilização dos ciclos económicos

(III) Hiato do Produto (Output Gap)

Por outro lado, se o hiato do produto é negativo, o PIB é inferior

ao seu potencial: existe capacidade não utilizada, logo as

pressões inflacionistas diminuem e o desemprego cresce para

valores acima da taxa natural de desemprego.

Flora Cunha Lobo 49


Função Estabilização: Ótica Macroeconómica

Curto Prazo: estabilização dos ciclos económicos

(III) Hiato do Produto (Output Gap)

Se o hiato do produto é nulo, o PIB está no seu nível

potencial, não há tendência para a inflação aumentar

ou diminuir, e a taxa de desemprego é a taxa de

desemprego natural

Flora Cunha Lobo 50


Função Estabilização: Ótica Macroeconómica

No Curto Prazo o objetivo da macroeconomia é a


estabilização dos ciclos económicos:
 “alisar” o comportamento da economia, restringindo as
flutuações do PIB real (em torno da tendência de longo prazo)

 manutenção de um nível adequado do PIB real, isto é, elevado


mas compatível com a estabilidade de preços, já que:

 um PIB real “demasiado elevado” exerce pressão sobre a


subida dos preços e deve ser evitado

 níveis reduzidos de PIB real significam desemprego,


degradação do nível de vida

Flora Cunha Lobo 51


Função Estabilização: Ótica Macroeconómica

Curto Prazo: estabilização dos ciclos económicos


Volatilidade Estabilidade

PIB (real) efetivo versus PIB (real) potencial (ou natural)

Flora Cunha Lobo 52


Função Estabilização: Ótica Macroeconómica

Curto Prazo: estabilização dos ciclos económicos


Correlação
positiva entre
o output gap
e inflação

O PIB real
efetivo não
pode ser
“demasiado
elevado”

Flora Cunha Lobo 53


Função Estabilização: Ótica Macroeconómica

Curto Prazo: estabilização dos ciclos económicos


Correlação
negativa entre
o output gap
e o gap de
desemprego

O PIB real
efetivo não
pode ser em
“demasiado
reduzido”

Flora Cunha Lobo 54


Função Estabilização: Ótica Macroeconómica

A principal preocupação da Macroeconomia no curto prazo é a


estabilização macroeconómica, isto é, definir políticas para “alisar” o
ciclo económico, de modo a que o PIB real efetivo e a taxa de
desemprego efetiva estejam o mais próximo possível dos seus valores
naturais
Flora Cunha Lobo 55
Função Estabilização: Ótica Macroeconómica

Longo prazo: crescimento económico


Mesmo com forte

estabilidade conjuntural, a

proximidade entre o PIB

real efetivo e o PIB real

natural não garante um

crescimento económico

rápido e sustentável

Flora Cunha Lobo 56


Função Estabilização: Ótica Macroeconómica

O principal objetivo económico de longo prazo é o crescimento


económico, dada a repercussão que tem na qualidade de vida da
população.

Flora Cunha Lobo 57

Você também pode gostar