O DESEMPREGO NO BRASIL E SEUS FATORES
Uma análise sobre os fatores raciais, de gênero, classe e faixa etária.
Esther de Abreu Machado – RU: 3331398
Polo: Tubarão – Santa Catarina
Todos os anos a porcentagem do
índice de desemprego no país
promove expectativa nos setores
econômicos e sociais da sociedade.
Seja para o governo em vigência, para
a população e para aqueles que
estudam e lutam pela classe
trabalhadora. Já parou para pensar em
como um número pode exemplificar e
medir a situação do trabalho em um
determinado país? Além disso, traz
consigo diversos fatores que
explicitam as desigualdades no
mercado de trabalho, podendo fazer
recortes de raça, gênero, classe e
faixa etária em nível nacional ou
regional.
Mas vamos às análises desses
fatores. Quem integra a força de
trabalho brasileira? Quais são as
dificuldades para conseguir um
emprego e se manter nele? Há uma
diferença entre homens e mulheres no
campo salarial, doméstico e
educacional? O fator de raça contribui
na desigualdade de oportunidades?
É o que trataremos a seguir.
De acordo com os dados do IBGE,
divulgados em março de 2021, 54,5%
das mulheres com 15 anos ou mais,
integravam a força de trabalho
brasileira no ano de 2019. Entre
homens, o número é de 73,7%.
.
A força de trabalho feminina encontra
dificuldades para manter a estabilidade
no trabalho. O nível de ocupação de
mulheres com filhos é menor daquelas
que não tem. Sob um olhar de raça, o
nível ocupacional de mulheres negras
é ainda mais baixo, no limite de 50%.
A ocupação de homens com filhos é
de 89,2%, deixando ainda mais visível
sobre quem recai a responsabilidade
de cuidar dos filhos.
ALOISIO MAURICIO/FOTO ARENA/ESTADÃO
CONTEÚDO
Ainda no âmbito familiar, há os
afazeres domésticos. Os dados
indicam maior dedicação das
mulheres, abdicando 21,4 horas
semanais para o trabalho doméstico,
contra 11,00 dos homens. Mulheres
com maior rendimento conseguem
diminuir a carga doméstica –
contratando babás; matriculando seus
filhos em creches particulares ou
contratando empregadas domésticas.
Diferente daquelas que obtém menor
rendimento, pois dependem dos
serviços públicos, muitas vezes
indisponíveis. Segundo o IBGE: ‘’O
rendimento médio das mulheres
representa 78,6% do recebido pelos
homens. E ocupados de cor preta,
59% do rendimento médio dos
brancos.’’
Diante do exposto até aqui,
observamos que mulheres, negros e
jovens são os que mais sofrem com o
desemprego. No que tange à
igualdade de oportunidades, o racismo
torna-se um fator contribuinte. A
abolição da escravatura não rompeu
todas as correntes. O passado
escravagista ainda impera em nossa
sociedade. Pesquisa de 2010 do
Departamento Intersindical de
Estatísticas e Estudos
Socioeconômicos – Dieese mostra que
os negros predominam no setor
agrícola, na construção civil, nos
serviços domésticos. Mesmo com o
avanço social e educacional, esse
grupo populacional ainda não tem
oportunidade de ocupar posições mais
qualificadas em setores de ponta da
economia brasileira. O rendimento
médio do homem negro ainda é
metade do homem branco. A mulher
negra recebe, em média, 30% do
salário do homem branco e metade da
remuneração da mulher branca.
Ainda sob esse olhar, podemos ver a
recorrência de episódios onde pessoas
negras são encontradas em condições
análogas à escravidão.
Partindo para uma análise regional,
veremos a situação do desemprego no
estado de Santa Catarina.
Santa Catarina tem a menor taxa de
desemprego do país: 4,5%. O dado foi
divulgado na Pesquisa Nacional por
Amostras de Domicílios (PNAD), do
Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). O estudo é
referente aos três primeiros meses
2022. A pesquisa mostrou também
que o rendimento médio real mensal
habitual foi de R$ 2.944 em Santa
Catarina.
Não devemos nos iludir com os dados
do estado o catarinense. Os fatores
discutidos até aqui também são
históricos, ou seja, o racismo, a
desigualdade, o patriarcado
conservador imperam também
regionalmente. Desde meados do
findar do Brasil Colônia até os dias de
hoje, a região Sul-Sudeste foi
privilegiada pelos governantes, com
investimentos agrícolas e industriais,
deixando para trás a região nordeste e
norte. Ademais, as regiões com alta
taxa de desemprego fazem parte
destes territórios.
Muito se discute sobre políticas
públicas que diminuam a realidade
desses fatores. Entretanto é
necessário discutir jornada de
trabalho. A jornada atual de 40h
semanais é ultrapassada, vide os
avanços tecnológicos nos setores
trabalhistas. A redução da jornada é
crucial para uma melhor qualidade de
vida dos trabalhadores, pois
proporciona tempo para lazer, prática
de exercícios e execução do trabalho
doméstico compartilhado. A ampliação
de programas que ajudem os jovens
na garantia de estudos e
oportunidades de trabalho. É notório a
ação dos governos em acabar com
essas desigualdades, entretanto, é
necessário essas minorias
participarem da elaboração das
propostas, contribuindo com suas
vivências.