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A aula de hoje vai abordar o

tema da desigualdade de rendimentos do trabalho e a questão de gênero.


Eu abordarei os seguintes aspectos: desigualdade de rendimentos do trabalho,
segregação ocupacional das mulheres e diferença de rendimentos por sexo.
O primeiro tópico: desigualdade de rendimentos do trabalho.
A desigualdade de rendimentos do trabalho no Brasil é muito grande e é a causa
principal da enorme desigualdade socioeconômica das famílias brasileiras.
O coeficiente ou índice de Gini é uma das medidas
mais usadas para mostrar a desigualdade da distribuição
das pessoas conforme seus rendimentos ou a desigualdade da
distribuição das famílias conforme o seu rendimento familiar.
É número que varia entre zero e onde zero
indica completa igualdade e corresponde a completa desigualdade.
Pode também ser impressa a porcentagem.
No Brasil a distribuição dos rendimentos com base na distribuição familiar
per capita é muito desigual e o índice de Gini é bastante elevado,
porque fica evidência quando o comparamos com outros países.
Na tabela observa-se o índice de Gini para várias países porcentagem.
Na primeira linha, vemos que o índice de Gini para o Brasil era 51,9% 2012.
O índice de Gini do Brasil é mais elevado que o de
todos os outros países considerados,
mostrando de lado que a diferença nos rendimentos familiares no Brasil
é muito grande e de outro que existe uma grande diversidade
nessa desigualdade entre os próprios países desenvolvidos.
A desigualdade socioeconômica das famílias aparece nas grandes diferenças
de renda das famílias, mas essas diferenças de renda das famílias
são consequência das grandes diferenças de renda das pessoas ocupadas.
2015 o índice de Gini das pessoas ocupadas foi de 49,1%.
É possível ilustrar as diferenças de renda das pessoas
ocupadas de vários pontos de vista: pelas características pessoais das pessoas,
idade, escolaridade e sexo e/ou pelas características de sua inserção
no trabalho como setor de atividade, grupos ocupacionais entre outros.
Vamos começar pelas características pessoais.
A tabela dois mostra a diferença de renda das pessoas
ocupadas de 14 anos e mais conforme idade.
Observamos que a renda média das pessoas de 40
a 59 anos é 14% maior que a renda média do total das pessoas ocupadas.
Mas o que é mais interessante observar nessa tabela é que,
se compararmos a renda média do grupo de 40 a 59 anos com o de 18 a 24 anos,
o grupo de 40 a 59 anos tem uma média de rendimentos
que é o dobro da renda média dos de 18 a 24 anos.
Ou seja, a diferença de renda entre adultos e jovens é muito grande no Brasil.
Essas enormes diferenças de renda das pessoas ocupadas
aparecem também no nível de escolaridade.
Na tabela três podemos observar a diferença de renda
cada nível de escolaridade com relação à média geral.
Mas também podemos observar por exemplo que a renda
média das pessoas ocupadas com nível superior é quatro vezes a renda
média das pessoas ocupadas com o ensino fundamental incompleto.
Ou seja, as diferenças de renda por nível de escolaridade
são muito grandes e muito maiores que as diferenças de renda média por idade.
As diferenças de renda também aparecem por sexo.
Vemos na tabela quatro que o rendimento médio dos homens supera
11% a renda média geral e que a renda média das
mulheres equivale a 85% da renda média geral.
Mas, se compararmos a renda média dos homens com a das mulheres,
observamos que a renda média dos homens é 30% superior à das mulheres.
Assim mostramos que as diferenças de renda por sexo também são muito grandes.
Vejamos agora as diferenças de renda do ponto
de vista da inserção no mercado de trabalho.
A tabela cinco nos mostra os rendimentos médios dos
ocupados conforme setor de atividade.
Podemos observar que as pessoas ocupadas nos setores como serviços a empresa
de administração pública têm rendimentos médios 48% superiores à média geral.
Enquanto que as pessoas ocupadas na agricultura têm uma renda média
equivalente a 61% da renda média do total dos ocupados,
mas se compararmos os setores administração pública,
educação e saúde ou serviços, serviços às empresas com o setor agrícola,
observamos que o rendimento médio dos ocupados nos dois primeiros
setores é 2,4 vezes o rendimento médio dos ocupados na agricultura.
Assim as diferenças de renda por setor de atividade são muito grandes.
As diferenças de rendimento são muito grandes também quando
consideramos os grupos ocupacionais, tabela seis.
Observamos que acima da média global estão os diretores e gerentes,
os profissionais das ciências e das artes,
os técnicos de nível médio e os membros das forças armadas.
Todos os demais grupos ocupacionais apresentam rendimentos
médios inferiores à média geral.
Mas a diferença de rendimentos entre grupos ocupacionais são também gritantes.
Por exemplo: o grupo ocupacional dos diretores e
gerentes tem uma renda média que é 3,6 vezes
a renda média dos trabalhadores qualificados da construção e
5,8 vezes a renda média das ocupações agrícolas.
Assim as diferenças de renda por grupo ocupacional são muito
grandes e muito maiores que as diferenças de renda média por setor de atividade.
O segundo tópico é a segregação ocupacional das mulheres.
No quadro de ampla desigualdade socioeconômica,
insere-se a problemática das desvantagens das mulheres no mercado de trabalho.
essas desvantagens das mulheres estão associadas às dificuldades
de articulação do trabalho remunerado com as responsabilidades familiares.
As desvantagens das mulheres na atividade econômica aparecem na
condição de atividade, na segregação ocupacional que se manifesta na
elevada participação nas piores situações de informalidade,
nos empregos formais pior remunerados e nos rendimentos médios
inferiores aos dos homens, qualquer que seja o nível de instrução,
sendo esta diferença mais acentuada no nível superior de escolaridade.
A segregação ocupacional por sexo também se expressa na concentração de mulheres
num conjunto reduzido de ocupações definidas como tipicamente femininas.
Isto ocorre inclusive no setor público e
ocupações que exigem ocupações de nível superior.
A seguir, com base na pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua
de 2013, são mostradas essas desvantagens da mulher no mercado de trabalho.
Na condição de atividade, tabela sete, as taxas de participação
feminina são bem menores que as masculinas e as taxas de desemprego, bem maiores.
Na tabela oito observa-se que as desvantagens das mulheres
aparecem também na alta proporção de mulheres no desemprego.
Do total de desempregados mais da metade, 56,8% são mulheres.
Elas estão também sobrerrepresentadas nas atividades para o próprio consumo,
55,6%, e nas atividades não-remuneradas,
65,1%, e subrepresentadas no emprego assalariado
formal e sem carteira e nas atividades por conta própria de empregador.
Na tabela nove, pode-se ver que as mulheres
ocupadas estavam segregadas setores tradicionalmente femininos.
Assim, no serviço doméstico remunerado,
a proporção de mulheres era de 92,6%.
No setor de educação, essa proporção era de 76,5%.
Nos outros serviços,
63,5% e alojamento 57%.
Todos esses setores a proporção de mulheres
superava a média nacional de 44,7%.
O terceiro tópico: a diferença de rendimento por sexo.
A relação anual de informações sociais, RAIS, permite destacar
importantes diferenças salariais entre homens e mulheres no emprego formal,
ou seja, aquele trabalho assalariado estabelecimentos com
mínimo de organização.
principalmente aqueles empregos regidos pela CLT ou pelo
estatuto do servidor público.
O nível de escolaridade dos trabalhadores ajuda a explicitar
muito bem a diferença de remuneração entre homens e mulheres.
A tabela dez mostra que no emprego formal a escolaridade
das trabalhadoras era bastante superior à dos trabalhadores.
25% de mulheres com nível superior de escolaridade e só 13,3% de homens.
Essa vantagem feminina reflete a maior
escolaridade das mulheres no conjunto da população,
a exigência de nível superior de escolaridade nos postos de trabalho,
no emprego formal de mulheres, e o fato de que as mulheres de famílias
com condição socioeconômica mais desfavorecida e que possuem menor grau
de escolaridade ainda têm uma participação menor na atividade econômica.
A comparação dos rendimentos médios das mulheres e
homens, última coluna da tabela,
põe evidência primeiro lugar que qualquer que seja o nível
de escolaridade os rendimentos médios femininos são sempre
inferiores aos masculinos e segundo lugar que, no nível superior
de escolaridade, as diferenças de rendimentos são ainda maiores.
Assim, no nível superior de escolaridade, o rendimento médio
das mulheres equivalia a 64,3% do dos homens.
Os dados apresentados mostram que, apesar dos avanços observados,
as mulheres continuam ainda segregadas ocupações consideradas
femininas e auferem remunerações muito inferiores às dos homens.

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