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Desigualdades sociais – desigualdade de género

As desigualdades sociais são um problema social que ocorrem em diversos países e que
acabam por limitar ou prejudicar o estatuto/ status de um determinado grupo, classe social a
nível económico, monetário, educacional, laboral e de saúde. Estas desigualdades, por norma
vão sempre existir já que é impossível que cada indivíduo obtenha as mesmas quantidades e
qualidades monetárias e materiais. Acabam por influenciar áreas como o direito ao voto
nalguns países atualmente assim como liberdade de expressão, direitos ao acesso escolar,
saúde, transporte e serviços sociais e de trabalho.

Estas desigualdades acabam por acontecer devido a uma má administração, falta de


oportunidades de trabalho, falta de investimento em determinadas áreas sociais, culturais,
educacionais, um problema a nível de consumo e consequentemente corrupção. Acabam por
ter consequências a nível de diferenças sociais, pobreza, aumento das taxas de desemprego,
aumento da taxa de mortalidade e violência e consequente atraso económico dos países.

Algumas soluções para estas desigualdades acabam por passar pelo acesso a um sistema
educacional de qualidade que atenda às necessidades da população, capaz de formar sujeitos
com capacidades colaborativas e evolutivas. Posteriormente o acesso a um conhecimento
democratizado com liberdade de expressão e intervenção da população.

Entre várias desigualdades temos a desigualdade de gênero. Gênero, classificação de


masculino e feminino, que diz respeito á forma como as relações sociais se enquadram em
padrões e comportamentos esperados para cada sexo, em que o da mulher na sociedade é
dado todo o tipo de restrição, enquanto que nos homens existe uma maior liberdade. Desde o
início da humanidade as relações sociais foram sempre dominadas pelo homem. Este domínio
começou no âmbito privado e depois passou para o âmbito publico, como empresas, política e
ciências, sendo estes sectores quase exclusivamente dominados pelos homens. Durante muito
tempo a mulher foi privada de ter acesso á educação, de trabalhar fora de casa e de ter
autonomia.

Esta desigualdade faz com que a mulher lute pelos seus direitos, surgindo assim vários
movimentos feministas nalguns países que ao longo dos tempos conseguiram vários direitos
como a licença de maternidade, direitos das trabalhadoras mas atualmente apesar de todas as
conquistas a desigualdade persiste.

No mercado de trabalho, as oportunidades entre homens e mulheres não são igualitárias


sendo que as mulheres têm mais dificuldade em ingressar no mercado de trabalho e
consequentemente subir numa posição hierárquica mais elevada que os homens assim como
assumir uma posição de chefia tendo as mesmas qualificações académicas e a nível salarial
continua a haver esta desigualdade. O género acaba por ser um elemento que condiciona a
posição social dos indivíduos quer a nível de profissão, entre outros.

Em Portugal esta desigualdade pode ser verificada a vários níveis, podendo destacar-se os
níveis:

Educacional

Referindo um último estudo da Por data em 2020 por exemplo, do total da população
portuguesa com 15 e mais anos, 2,9% do sexo masculino não tem qualquer nível de ensino, e
no sexo feminino são 7,5%. No entanto como podemos verificar pelos gráficos a tendência da
desigualdade no sexo feminino tende a diminuir ao longo dos anos, pois em 1998 a
percentagem era de 24,3% contra os 7,5% verificados em 2020.
sem nivel de escolaridade

homens mulheres
No mesmo estudo verificamos ainda que com estudos superiores, a desigualdade não se
verifica uma vez que em 2020 existe 24,3% de mulheres a frequentar o ensino superior contra
17,6% dos homens.

As mulheres estão em maioria em todas as áreas da educação, com exceção da Engenharia, da


Construção e das Indústrias Transformadoras, Cursos mais frequentados pelo universo
masculino.
nivel superior

homens mulheres
Laboral

As mulheres têm uma escolaridade média superior à dos homens, mas entram no mercado de
trabalho com menos oportunidades sendo mais difícil arranjar ofertas de emprego, quando
frequentemente empresas escolhem homens em detrimento das mulheres, e quando estas
são escolhidas verificamos a desigual inserção no mercado de trabalho entre homens e
mulheres pelo salário auferido, existindo uma diferença salarial entre homens e mulheres
tendo estes a mesma categoria profissional e as mesmas aptidões e qualificações académicas.

Como podemos verificar no estudo publicado na Pordata a remuneração base média mensal
dos trabalhadores por conta de outrem entre homens e mulheres em 2018 era de 26,1%.

As mulheres ganham menos do que os homens exercendo profissões e trabalhos iguais. Estas
diferenças salariais devem-se a vários fatores entre eles, legais, socias, culturais e económicos
assim como qualificações profissionais e escolares, a ocupação profissional, o setor de
atividade, as interrupções na carreira e até mesmo a dimensão da empresa onde se trabalha.
As mulheres em determinadas profissões ou setores de atividade estão sub-representadas e
mesmo acontece em cargos de chefia.

Como podemos verificar no quadro abaixo, Portugal encontra-se em 15º no ranking da Europa
16,2% das mulheres em cargos de chefia.
Descrevendo agora um pouco a desigualdade de género no contexto europeu verificamos de
que a Grécia é o país onde há mais desigualdades entre homens e mulheres, seguida pela
Hungria. Na Suécia e Dinamarca esta desigualdade não é muito acentuada. Este estudo
publicado pelo Instituto europeu para a igualdade de géneros classifica os países da União
europeia numa escala de 0 a 100 pontos, com base no acesso que ambos, homens e mulheres
têm á saúde, trabalho, dinheiro poder e tempo e existem diferenças significativas.
Por exemplo na Hungria os cargos ministeriais, são quase exclusivamente preenchidos por
homens. Na Suécia já existe um equilíbrio em termos salariais, mais uma vez o estudo
demonstrou uma diferença entre sexos, cerca de 20% e cerca de 40% no caso de mãe solteiras.

Luxemburgo é um dos seis países que dá às mulheres os mesmos direitos laborais que os
homens, com um índice de igualdade de géneros em 2017 de 94,4%, como é possível conferir
na tabela acima.

No entanto apesar do Luxemburgo ter uma das leis mais igualitárias, não deixa de existir uma
pequena diferença pois de acordo com os dados divulgados pelo Eurostat em 2017, os homens
ganham em média 5,5% mais do que as mulheres.

Na Estónia a igualdade entre homens e mulheres está longe de ser alcançada devido ao
ambiente familiar, mas também laboral, em que as mulheres têm um salário de 30 a 40% mais
baixo que o homem na mesma área de trabalho.

No outro lado do mundo, Brasil um último estudo em 2019, Fórum Económico Mundial coloca
o Brasil na 92ª posição num ranking que mede a igualdade entre homens e mulheres. As
brasileiras estão sub-representadas na política, têm uma remuneração bastante inferior do
que os homens, sofrem mais assédio e estão mais vulneráveis ao desemprego. A nível
educacional, as mulheres passam mais tempo na escola têm maior escolaridade do que os
homens. Por exemplo numa população entre 25 a 44 anos, 21,5% das mulheres concluíram o
ensino superior contra 15,6% dos homens.

No entanto o facto de terem esta escolaridade não é sinal de terem melhor oportunidade de
trabalho, antes pelo contrário. Assim a desigualdade de género é uma das maiores injustiças e
um dos desafios que enfrentamos.

A União Europeia de forma a combater esta discrepância entre gêneros acaba por tentar
estabelecer algumas medidas para o mesmo. Algumas delas são contrariar a superioridade
física do homem perante a mulher, regras a nível de emprego com igual remuneração, serviços
sociais e condições de trabalho mais adaptáveis de forma a promover o aumento da taxa de
emprego das mulheres. O apelo também a uma igualdade na política, promovendo a
participação equitativa das mulheres na tomada de decisões a todos os níveis.

Estas são algumas das soluções propostas pela União Europeia para uma proximidade
igualitária entre gêneros.

Este tema da desigualdade de gênero acaba por existir à volta de todo o mundo, com União
Europeia a trabalhar na possível igualdade a todos os níveis entre homens e mulheres, sendo
uma questão que por norma irá demorar mais alguns anos a conseguir resolver. Para além de
alguns progressos relativamente aos direitos das mulheres em diversos setores mas
maioritariamente no laboral e educacional, as mulheres continuam a ser discriminadas um
pouco por todo o mundo assim como Portugal entre outros anteriormente referidos que ainda
têm um longo processo evolutivo a alcançar e mesmo em países como Luxemburgo que foi o
país que mais evoluiu neste aspeto sendo que continua sempre a existir uma diferença
significativa entre ambos os gêneros.

Fontes:
https://www.wort.lu/pt/luxemburgo/luxemburgo-e-um-dos-seis-pa-ses-que-d-o-as-mulheres-
os-mesmos-direitos-laborais-que-aos-homens-5c7d0886da2cc1784e33f025

https://www.pordata.pt/Europa/
Disparidade+salarial+entre+sexos+nos+trabalhadores+por+conta+de+outrem+(percentagem)
+total+e+por+sector+de+actividade+econ%c3%b3mica-2811

https://www.europarl.europa.eu/at-your-service/pt/be-heard/eurobarometer/the-gender-
inequalities-in-the-european-union

https://www.idealista.pt/news/financas/mercado-laboral/2020/03/05/42635-portugal-na-
cauda-da-europa-so-ha-16-2-de-mulheres-em-cargos-de-direcao-nas

https://unric.org/pt/a-desigualdade-de-genero-e-o-desequilibrio-de-poder/

https://g1.globo.com/mundo/noticia/onde-ha-mais-desigualdade-de-genero-na-europa.ghtml

https://veja.abril.com.br/mundo/subdesenvolvimento-reforca-desigualdade-de-genero-
aponta-onu/

https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/desigualdade-de-genero.htm

https://www.europarl.europa.eu/news/pt/headlines/society/20190712STO56961/como-o-
parlamento-europeu-luta-pela-igualdade-de-genero-na-ue

https://www.tsf.pt/portugal/sociedade/portugal-nao-cumpre-as-metas-para-reduzir-a-
desigualdade-de-genero-12364234.html

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