Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Janeiro de 2021
INDICE
INTRODUÇÃO 4
DETERMINANTES DO CRIME 19
DE APLICAÇÃO DA LEI 32
2
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
OU SISTEMA REFEXIVO 48
3
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
4
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
INTRODUÇÃO
1 1
Pastor, Santos (1989) Sistema Juridico y Economía. Una Introducción al Analisis Económico del
Derecho. Madrid: Tecnos, pp. 34-35.
5
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Como não existem dois indivíduos, ou duas situações, entre os quais não exista tanto uma
igualdade fática parcial quanto uma desigualdade fálica parcial, tudo teria que ser tratado ao
mesmo tempo como igual e como desigual, caso a fórmula se relacionasse a uma igualdade - ou
a uma desigualdade - fática parcial em relação a algum aspecto qualquer. […]
Como não existe uma igualdade ou uma desigualdade em relação a todos os aspectos
(igualdade/desigualdade fática universal) entre indivíduos e situações humanas, e visto que uma
igualdade (desigualdade) fática parcial em relação a algum aspecto qualquer não é suficiente
como condição de aplicação da fórmula, então, ela só pode dizer respeito a uma coisa: à
igualdade e à desigualdade valorativa.”[…]
Para se chegar a uma vinculação substancial do legislador, é necessário interpretar a fórmula "o
igual deve ser tratado igualmente; o desigual, desigualmente" não como uma exigência dirigida
à forma lógica das normas, mas como uma exigência dirigida ao seu conteúdo, ou seja, não no
sentido de um dever formal, mas de um dever material de igualdade.”
A análise económica do direito visa uma análise sistemática que leve ao melhor
entendimento de como os indivíduos e organizações (através dos indivíduos)
respondem aos comandos contidos no sistema jurídico, a fim de se obter a
realização quer da eficiência quer da equidade, dois valores fundamentais em
qualquer sociedade, como já referido.
2 Alexy, Robert (2006). Teoria dos Direitos Fundamentais - Malheiros Editores. Brasil, pp.399-400.
6
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
De referir que a análise económica do crime pode ser estendida a outros tipos de
direito sancionadores, seja no que concerne ao direito administrativo seja no que
tange ao direito disciplinar.
Dado que o objectivo final é encontrar a lei mais eficaz e eficiente e uma melhor
descrição da tomada da decisão humana em relação aos comandos da lei, a teoria
das escolhas racionais (TER) será útil apenas na medida em que é uma descrição
precisa de como as pessoas tomam decisões.
3Deve notar-se que o combate à actividade criminosa e os custos suportados para minimizar a mesma a
não se cinge apenas ao Estado, mas também os cidadãos além de utilizarem meios de vária ordem, desde
os utilizados nas casas como nos veículos, a utilização de segurança privada, suportam ainda os custos
do risco de serem assaltados levando-os a desenvolverem comportamentos estratégicos para
aumentarem o custo da actividade criminosa de modo a que esta diminua.
7
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Deste modo, deduz-se que os indivíduos cometem actos ilícitos porque cometê-
los compensa os custos esperados de os cometerem, pois, os benefícios
esperados que visam obter pela suas comissões são maiores que os custos
esperados. Deverá notar-se que os benefícios e os custos são da mais diversa
índole e natureza, quer sejam monetários ou não.
Devemos ter a consciência que é uma mera ilusão pretender viver numa sociedade
sem a comissão de crimes, dado que qualquer sociedade humana é formada por
indivíduos naturalmente egoístas, no sentido da obtenção de bem-estar máximo
ou, pelo menos adequado, e que apenas se pode contrariar essa tendência egoísta
4 Pastor, Santos (1989) Sistema Juridico y Economía. Una Introducción al Analisis Económico del Derecho.
Madrid: Tecnos, p. 169.
8
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Dado que assim é, e não o que deve ser, a diminuição da taxa de criminalidade
requer a utilização de recursos escassos com aplicações alternativas para a
detenção do crime, implicando, sempre, a existência de um custo de oportunidade,
pelo que, necessariamente, o montante óptimo de crimes será, muito
provavelmente, positivo.
5 Dawkins, Richard (2006) The Selfish Gene – Oxford University Press. "If you wish to build a society in
which individuals cooperate generously and unselfishly towards a common good, you can expect
little help from biological nature. Let us try to teach generosity and altruism, because we are born
selfish. Let us understand what our own selfish genes are up to, because we may then at least
have a chance to upset their designs, something that no other species has ever aspired to do."
Tradução: “Se desejar construir uma sociedade na qual os indivíduos cooperem generosa e
desinteressadamente para um bem comum, poderá esperar pouca ajuda da natureza biológica.
Tentemos ensinar generosidade e altruísmo, porque nascemos egoístas. Compreendamos o que
os nossos próprios genes egoístas tramam, porque assim, pelo menos, poderemos ter a
oportunidade de frustrar os seus intentos, uma coisa que nenhuma outra espécie jamais aspirou
fazer
6 Gasset, Ortega y (1914). Meditaciones del Quijote, ““Eu sou eu e as minhas circunstâncias e, se não as
salvo a elas, não me salvo a mim”. (Tradução nossa).
9
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
7 Evensky, Jerry. (1993) Ethics and the Invisible Hand – Journal of Economic Perspectives 7(2):197-205.
https://www.jstor.org/stable/2138208?seq=1
8
Pastor, Santos (1989) Sistema Juridico y Economía. Una Introducción al Analisis Económico del
Derecho. Madrid: Tecnos, pp.170-172.
10
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
II
Foi com Beccaria9, século XVIII, e com Jeremy Bentham 10, século XIX, que se
iniciou a análise de que a escolha da actividade criminosa, por parte dos
indivíduos, obedecia às mesmas decisões de cometer um crime como as decisões
da escolha de outra qualquer actividade. Contudo, foi com Gary Becker 11 (1968)
que, contemporaneamente, se iniciou o aprofundamento a teoria do crime com a
análise económica do direito, como representando a "ressurreição",
modernização" e aperfeiçoamento da análise desses pioneiros.
No seu artigo seminal “Crime and Punishment" Gary Becker12 sugere que esta é
uma teoria útil quanto ao comportamento criminal que pode dispensar as teorias
da anomia, das inadequações psicológicas, ou da herança de traços especiais, e
simplesmente aplicar a análise económica da escolha racional em situações de
incerteza.
9 Beccaria, Cesare (1764) Des délits & des peines - Éditions du Boucher (2002)
10 Bentham, Jeremy (1811) Théorie des peines et des recompenses - ed. E. Dumont, Vol. 1.
11 Becker, G. S. (1968) Crime and Punishment: An Economic Approach - Journal of Political Economy, 74,
2: 169–217.
12 Idem
11
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Refere Becker:
III
Uma sanção consubstancia-se num prejuízo imposto a alguém por fazer o que é
proibido. Um preço consubstancia o pagamento por alguém fazer o que é
permitido, o que traduz uma diferença substancial. Os conceitos essenciais para
captar a diferença são: “fazer o que é proibido” e “fazer o que é permitido”. Importa
13 Idem: “Some persons become "criminals," therefore, not because their basic motivation differs from that
of other persons, but because their benefits and costs differ”
14 Cooter, Robert (1984) Prices and Sanctions - Columbia Law Review, Vol. 84, No. 6 (Oct., 1984), pp.
1523-1560 (38 pages) Published By: Columbia Law Review Association, Inc.
12
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
sublinhar que a interpretação da frase “fazer o que é permitido” não implica, por
exemplo, que as cláusulas de um contrato tenham que ser obrigatoriamente
cumpridas, pois as mesmas podem ser violadas se aumentarem a eficiência,
havendo uma melhoria paretiana, se uma ou as duas partes ficarem numa situação
melhor, sem que nenhuma delas fique prejudicada, o que implica a compensação
pela parte beneficiada pelo não cumprimento do contrato (breach of contract)à
parte prejudicada, tendo essa compensação a natureza de preço e não de sanção.
15
Alexy, Robert (2006). Teoria dos Direitos Fundamentais - Malheiros Editores. Brasil, p. 92.
13
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Como a realização dos contratos tem por finalidade a obtenção de benefícios para
as duas partes, “o contrato não fica concluído enquanto as partes não houverem
acordado em todas as cláusulas sobre as quais qualquer delas tenha julgado
necessário o acordo.” (art.º 232º do Código Civil) e deverá ser pontualmente
cumprido (art.º 406º/1 do CC).
16 Idem, p. 93.
17 George Akerlof (1970) The Market for Lemons: Quality, Uncertainty and The Market Mechanism - 84
Quarterly Journal of Economics, 488 (1970).
14
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
18
Russell Korobkin (1998) The Status Quo Bias and Contract Default Rules - 83 Cornell L Rev 608 (1998),
and also Russell
19
Korobkin, Russell (1998) Inertia and Perception in Contract Negotiation: The Psychological Power of
Default Rules and Form Terms - 51 Vand L Rev 1583 (1998)
15
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
lesado pelo não cumprimento do contrato na posição que teria se o lesante tivesse
cumprido o contrato, para que se verifica uma melhoria Paretiana, o que tende a
acontecer com as sentenças dos tribunais quando atribuem compensações aos
lesados pelo incumprimento do contrato.
No caso de não cumprimento do contrato e depois da compensação integral do
lesado, pelos danos esperados, o lesante ainda fica numa posição melhor do que
se cumprisse o contrato verifica-se uma melhoria paretiana, pois o não
cumprimento do contrato melhorou a situação de uma parte sem prejudicar
ninguém. Porém, o excedente em relação aos danos esperados do contrato pode
ser dividido pelas duas partes, o que significa que se verifica uma deslocação das
curvas de indiferença das duas partes, tangenciando-se na curva de contratos,
utilizando a caixa de Edgeworth, como se pode visualizar no seguinte gráfico:
16
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
A alocação que é eficiente à Pareto (´óptimo de Pareto) pode ser descrita como
uma alocação onde:
Não existe outra forma de fazer com que todas as pessoas envolvidas
possam melhorar; ou
Não há maneira de melhorar a situação de alguém sem que a situação de
outrem piore;
Todos os ganhos da transacção foram exauridos; ou
Não existem mais vantagens mútuas que possam ser realizadas.
Fora dos pontos da curva de contrato as situações são ineficientes, o que significa
que os indivíduos procuram melhorar a sua situação através das transacções
(contratos).
No gráfico, o espaço sombreado entre as curvas de indiferença A2 e B2 representa
a zona de contrato, dentro da qual o contrato pode ser estabelecido com benefício
para as duas partes contratantes e, assim, poder ser executado pelos tribunais.
Como exemplo, suponha-se que A, produtor de melões, prometeu vender 1’000kg
de melões a B, retalhista, por 2 €/kg. Este, B, venderia cada kg de melões a 2,2 €/kg,
obtendo um lucro de 200€ com a venda de todos os melões.
Contudo, A, o produtor, antes de entregar os melões a B (o primeiro retalhista), foi
contactado por um segundo retalhista, C, que lhe ofereceu comprar os 1000kg de
melões a 2,5 €/kg, tendo o produtor vendido todos os 1000kg de melões a C
(segundo retalhista), não cumprindo o contrato com B, e tendo realizado um lucro
extra de 300€ (=1000*2,5€ -1000*2,2€).
Pelo incumprimento do contrato o produtor de melões, A, tem de compensar B, o
primeiro retalhista, pelo potencial lucro que deixou de obter, compensação que
tem a natureza de preço (não de sanção) e ainda ficou numa posição melhor. Deste
modo, verificou-se o que é denominado por incumprimento eficiente, traduzindo
uma melhoria paretiana.
As compensações que a lei prevê pelo não cumprimento dos contratos que sejam
efectuadas constituem incentivos para o seu cumprimento.
Os benefícios obtidos pela realização de um contrato podem não ser
equitativamente distribuídos, dependendo de vários factores, entre os quais o
17
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
ponto de referência ou status quo de cada parte, o efeito framing, bem como o que
é designado por preço “âncora”.
A aversão ao risco por parte dos indivíduos leva a dois efeitos: o Endowment Effect
e ao Status Quo Bias20. O endowment effect significa que a escolha é enviesada
em relação à dotação actual do indivíduo 21 22.
20 Samuelson, W., and Zeckhauser, R. (1988) Status Quo Bias in Decision Making - Journal of Risk and
Uncertainty 1: 7-59.
21 Kahneman, D., Knetsch, J. L. and Thaler, R. H. (1990) Experimental tests of the endowment effect and
the Coase theorem - Journal of Political Economy, 98 (1990), 1325-48.
22 Kahneman, D., Knetsch, J. L. and Thaler, R. H.(1991) The endowment effect, loss aversion, and status
quo bias - Journal of Economic Perspectives, 5 (1991), 193-206.
18
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
19
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
IV
20
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
o nível de educação26;
o género, havendo evidência científica que as mulheres, em média e ceteris
paribus, têm um grau de aversão ao risco maior do que os homens;
o nível de rendimento, sobretudo o baixo nível salarial 27 e o seu impacto no
número de crimes sobre a propriedade (que não nos crimes violentos),
a desigualdade da distribuição do rendimento constitui uma das causas da
actividade criminosa, conforme alguns estudos 28 têm evidenciado, tendo-se
verificada que quanto maior o grau de desigualdade na distribuição do
rendimento maior tende a ser a taxa de criminalidade.
o desemprego29 que pode afectar sobretudo a taxa de crimes sobre a
propriedade, podendo existir simultaneamente uma actividade legal e uma
actividade criminosa, podendo aquela ser um meio de facilitar o
comportamento criminal como o desfalque, a corrupção, ou o furto de bens
26 Lochner, L. and Moretti, E. (2004) “The Effect of Education on Crime: Evidence from Prison Inmates,
Arrests, and Self-reports,” American Economic Review, 94: 155–189.
27 Gould, E.D., Weinberg, B.A. and Mustard, D.B. (2002) Crime Rates and Local Labor Market Opportunities
in the United States, 1979–1997 - Review of Economics and Statistics, 84: 45–61.
28 Kelly, M. (2000) Inequality and Crime - Review of Economics and Statistics, 82: 530–539.
29 Raphael, S. and Winter-Ebmer, R. (2001) Identifying the Effect of Unemployment on Crime - Journal of
Law and Economics, 44: 259–283.
21
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
30 Gould, E.D., Weinberg, B.A. and Mustard, D.B. (2002) Crime Rates and Local Labor Market Opportunities
in the United States, 1979–1997 - Review of Economics and Statistics, 84: 45–61.
31 Tyler, J.H. and Kling, J.R. (2006) Prison-based Education and Re-entry into the Mainstream Labor
Market- NBER Working Paper 12114.
32 Council of Europe Report, February, 2006: Social Reintegration of Prisoners: “Reintegration presupposes
that detention is organised in a manner which facilitates a return to normal living and working
conditions. This is a long and difficult process and also requires the co-operation of the social,
medical and judicial services if it is to be effective. Returning successfully to a life in the mainstream
society prevents repeat offending.
Throughout the Council of Europe’s member states, prison does not have the desired effects in
terms of successful reintegration and is very often an obstacle to former prisoners’ prospects and
future employment opportunities.”
22
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
10 000
5 000
0
1962
1968
1974
1980
1983
1986
1989
1992
1995
1998
2001
2004
2007
2010
2013
2016
2019
Ensino básico Ensino secundário Ensino superior
33
Lochner, L. and Moretti, E. (2004) “The Effect of Education on Crime: Evidence from Prison Inmates,
Arrests, and Self-reports,” American Economic Review, 94: 155–189.
23
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Esta ligação explica a relação existente entre o nível de capital humano e o nível
de rendimento. Muito provavelmente a relação inversa encontrada, entre o nível de
educação e a taxa de criminalidade é explicada pelas melhores oportunidades de
emprego e salários mais elevados oferecidos a indivíduos com maior nível de
escolaridade, de capital humano ou força de trabalho.
34 Ehrlich, Isaac (1973) Participation in Illegitimate Activities: A Theoretical and Empirical Investigation -
Journal of Political Economy 81, 3: 521–65.
24
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
35 Chiu, W.H.; Paul Madden. (1998) Burglary and Income Inequality.” Journal of Public Economics 69, 1:
123–41
36 Deaton, Angus (2001) Health, Inequality, and Economic Development -Working Paper 8318, National
Bureau of Economic Research, Cambridge, MA.
25
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Masculino Feminino
% M/Total % F/Total
26
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Vários estudos sobre a percepção do risco evidenciaram que as mulheres têm uma
percepção do risco maior que os homens, nomeadamente em relação ao crime, ou
outras formas de violação da lei, conforme um dos estudos efectuados por William
Smith e Marie Torstensson42:
37 Sobre as disparidades da justiça por género Ver: Arnaud Philippe (2017) Gender disparities in criminal
justice - Toulouse School of Economics; University of Toulouse Capitole.
38 Mazur, A.; T.A. Lamb (1980) Testosterone, status, and mood in human males -Hormones and Behavior,
14, 236–46.
39 Coates, J.M.;J. Herbert (2008) ‘Endogenous steroids and financial risk taking on a London trading floor
-Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, 105 (16),
6167–72.
40 Booth, A., et al (2006) Testosterone and social behavior - Social Forces, 85, 168–91.
41 Mehta, P.H., A.C. Jones; R.A. Josephs (2008) The social endocrinology of dominance: basal testosterone
predicts cortisol changes and behavior following victory and defeat - Journal of Personality and
Social Psychology, 94, 1078–93.
42 Smith, William; Marie Torstensson (1997) Fear of Crime: Gender Differences in Risk Perception and
Neutralizing Fear of Crime: Toward Resolving the Paradox - 37 Brit. J. of Criminol. 608 (1997).
27
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
“...as mulheres percebem mais o risco [de crime] nas suas próprias áreas onde
habitam e, consequentemente, são mais temerosas em resposta a contextos
específicos do que os homens. O receio das mulheres de contextos específicos
pode ser um reflexo da sua vulnerabilidade, enquanto alguns homens,
particularmente aqueles com baixa ou elevada educação, pensam que são
invulneráveis, levando-os a descontar o risco” com maiores taxas de desconto.
Os mesmos resultados foram obtidos no âmbito da circulação rodoviária, quanto
às diferenças biológicas entre os homens e as mulheres, evidenciado, também
por vários estudos empíricos43:
“Quanto maior o nível de testosterona, maior a propensão ao risco, uma vez que
os homens são mais confiantes (Barber, B. M .; Odean, T., 2001) 44. Assim,
podemos concluir que existem fatores biológicos que predispõem os homens a
serem mais amantes de risco do que as mulheres. Com efeito, existe uma
tendência a um maior risco de condução em relação aos homens do que às
mulheres. (Andersson, Henrik; Petter Lundborg, 2006) 45”
“women perceive more risk [of crime] in their own living areas and are consequently more fearful
in response to specific context than men. Women's fear of specific contexts may be a reflection of
their vulnerability, while some men, particularly those with either low or high educational
achievement, think they are invulnerable, leading them to discount risk.”
43 Donário, Arlindo (2013) Road Accidents, Risk and Biological Factors – UAL, p. 94
Disponível em:
https://repositorio.ual.pt/bitstream/11144/3153/1/BIOLOGICAL%20FACTORES%20AND%20THE%20RO
AD%20ACCIDENTES%20%20-DONARIO-.pdf
44
Barber, B. M.; Odean, T. (2001) – Boys will be boys: gender, overconfidence, and common stock investment,
Quarterly Journal of Economics, 116, 261–92, pp. 264-266.
45
Andersson, Henrik; Petter Lundborg (2006) – Perception of Own Death Risk An analysis of Road-Traffic and
Overall Mortality Risks – VTI notat 12A-2006, Stockholm, Sweden.
28
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
46 Riger, Gordon; M. R. Le Bailly (1978) Women’s Crime: From Blaiming to Restricting the Victim. –
Victimology 3: 274-284.
47 Mehta, P.H., A.C. Jones and R.A. Josephs (2008) The social endocrinology of dominance: basal
testosterone predicts cortisol changes and behavior following victory and defeat -Journal of
Personal and Social Psychology, 94 (6), 1078–93.
48 Harris, J.A., P.A. Vernon; D.I. Boomsma (1998) The heritability of testosterone: a study of Dutch
adolescent twins and their parents - Behavioral Genetics, 28 (3), 165–71.
49
Josephs, R.A., J.G. Sellers, M.L. Newman and P.H. Mehta (2006) The mismatch effect: when
testosterone and status are at odds - Journal of Personality and Social Psychology, 90 (6), 999–
1013.
50
Idem.
29
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Se = S * p (1)
onde
Se : representa a sancao esperada;
S : é a sanção prevista na lei
p : representa a probabilidade de aplicação da lei
51
Peter, L.J.; R. Hull (1969) The Peter Principle - New York: W. Morrow.
30
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Uma primeira conclusão será a de que para qualquer nível de sanção esperada
desejada deverá escolher-se a combinação entre a probabilidade e a sanção que
utilize a menor quantidade de recursos.
31
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Se = S * p + π (2)
52 Donário, Arlindo (2010) - Aumento das Sanções ou das Probabilidades de Aplicação da lei?” /"Aumento
de las Sanciones o de las Probabilidades de Aplicación de la Ley? - (Publicación bilingue) - EDIUAL
- Universidade Autónoma de Lisboa. Disponível em:
https://repositorio.ual.pt/bitstream/11144/133/1/Aumento%20das%20san%C3%A7%C3%B5es%20ou%2
0das%20probabilidades%20de%20aplica%C3%A7%C3%A3o%20da%20lei.pdf
53 Avner Bar-Ilan (2000) The Response to Large and Small Penalties in a Natural Experiment - University
of Haifa, Israel. Neste paper é efectuada uma demonstração matemática.
32
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
A CRP no art.º 26º, como forma de garantir a defesa dos direitos, liberdades e
garantias que consagra, nomeadamente os direitos de personalidade, que são
absolutos e transversais, como o direito à imagem e à reserva da intimidade da
vida privada, onde se enquadram as conversas telefónicas e vídeos privados,
impõe limites à validade dos meios de prova obtidos sem autorização judicial,
conforme está estabelecido art° 126° Código de Processo Penal ,sob a epígrafe
“Métodos proibidos de prova”, estabelece, no seu n°3: “Ressalvados os casos
previstos na lei, são igualmente nulas as provas obtidas mediante intromissão na
54 Idem. “When the probability is low or when the benefit is high, even infinitely high penalty will not prevent
the crime. Equations (4) or (5) show that this case in which no penalty can deter the crime happens
when the probability is below the level.”
33
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
No mesmo Código, nos artigos 174° a 177° quanto às revistas e buscas, estatuindo-
se no art.º 174º/3 que as mesmas devem ser autorizadas por despacho pela
autoridade judiciária competente; a apreensão (art°178° a 186°) que deve ser
autorizada por despacho judicial (art.º 178º/3); as escutas telefónicas (187° e seg.)
que devem ser autorizadas por despacho judicial (art.º 187º/1).
55 Atkins; Raymond A.; Paul H. Rubin (2003) Effects of Criminal Procedure on Crime Rates: Mapping Out
the Consequences of the Exclusionary Rule - The Journal of Law and Economics Volume 46,
Number 1April 2003
34
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Gary Becker considerou que a utilidade esperada E[U] de cometer uma ofensa é
dada pela seguinte expressão:
isto é, se a sanção esperada (pf) for maior que o rendimento obtido pela
transgressão. O valor exigido da sanção esperada pode ser obtido por várias
combinações da probabilidade e severidade da punição.
35
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
VI
onde
U (.): representa a função utilidade do indivíduo;
p: representa a probabilidade de sucesso;
(1-p); representa a probabilidade de insucesso;
U (X1); significa a utilidade ou benefício obtido pelo resultado X 1 de sucesso da
acção;
U (X2): representa significa a desutilidade suportada em decorrência do resultado
de insucesso X2; e
U (X0): representa a utilidade de não praticar a acção.
36
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Este caso geral pode ser aplicado ao trade-off entre o cumprimento da lei e a sua
violação. Na óptica da política social, para avaliar o benefício do transgressor da
lei, existem duas questões fundamentais. A primeiro traduz-se na identificação de
todos os trade-offs relevantes e a segunda relaciona-se com a importância de cada
compensação. Importa sublinhar que qualquer escolha implica um custo de
oportunidade quer individual quer social.
Verifica-se que nas expressões (3) a (6) não se encontra a magnitude da punição
prevista na lei, destacando-se, apenas, a probabilidade de aplicação da lei, pelo
que, pelo menos no curto prazo, se pode concluir que será mais eficaz aumentar a
probabilidade de aplicação da lei do que a magnitude da severidade da sanção
legal.
37
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
38
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
o indivíduo decida não praticar o crime, enquanto que uma pequena diminuição
leva-o a cometer o crime.
57 Loewenstein, George (2005) – Hot-Cold Empathy Gaps and Medical Decision Making. Health
Psychology, vol. 24, nº 4 (Suppl.): S49-S56.
58 Ariely, Dan (2010). Predictably irrational – HarperCollins, Chapter 5.
59 Idem, “Prevention, protection, conservatism, and morality disappeared completely from the radar screen.
They were simply unable to predict the degree to which passion would change them.”, p. 97.
60 Idem.
39
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
VII
Este modelo tem por base o homo economicus (que é uma ficção) sobrestimando
o poder da razão, considerando apenas o sistema reflexivo ou sistema II e
olvidando as emoções, os sentimentos (emoções consciencializadas 61), as
paixões, que estão relacionados com o sistema automático ou sistema I, e
desprezando também a dimensão ética que está relacionada com o sistema
reflexivo ou sistema II.
61 Damásio, António (2007) Looking for Spinoza. Joy, Sorrow, and the Feeling Brain - William
Heinemann: London, p. 31.
40
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Além disso, a economia dominante, como uma ciência, observa os resultados das
decisões económicas dos indivíduos, mas não observa o processo actual do
cérebro humano.
A teoria dominante, neoclássica, afirma que não se pode conhecer nem
interpessoalmente comparar as preferências actuais, mas apenas observar as
“preferências reveladas,”62 que têm sido muito utilizada na teoria neoclássica,
pelo que os resultados são tudo o que importa, ou como referia Paul Samuelson 63:
“Toda a teoria de comportamento do consumidor pode, portanto, ser baseada em
fundações operacionalmente significativas em termos de preferência revelada”,
o que foi criticado por Amartya Sen 64, entre outros. A teoria da preferência revelada
iguala as preferências não observáveis com as escolhas observáveis efectuadas
pelos indivíduos.
Com efeito, a teoria económica neoclássica trata o cérebro humano como uma
caixa negra65, como não se podendo saber quais os processos que se estabelecem
no cérebro humano nas diferentes situações e estados do indivíduo, o que
hodiernamente já se pode conhecer, o que pode permitir o estabelecimento de
políticas que tendam a diminuir a propensão para a entrada na actividade
criminosa, pelo efeito substituição desencadeado pela aplicação dessas políticas.
Na teoria neoclássica a análise das decisões é efectuada com base nos resultados
das mesmas, a partir das quais são efectuadas inferências acerca das intenções
62 Samuelson, Paul (1938). A note on the pure theory of consumer behavior - Economica 1, 61 – 71. “if a
consumer making a choice between an apple and an orange selects an apple, he reveals a
preference for apples.”
63 Samuelson, Paul (1948) Consumption Theory in Terms of Revealed Preference – Economica New
Series, Vol. 15, No. 60 (Nov., 1948), pp. 243-253, “The whole theory of consumer’s behavior can
thus be based upon operationally meaningful foundations in terms of revealed preference”, p.251.
64 Amartya Sen (1973) Behaviour and the Concept of Preference “- Economica, New Series, Vol. 40, No.
159. (Aug., 1973), pp. 241-259. Ver a crítica que Sen fez à teoria da preferência revelada, utilizando
o o dilema dos prisioneiros.
http://mikael.cozic.free.fr/philoESS-1011/sen73-
behaviour%20and%20the%20concept%20of%20preference.pdf
65 Wargo Donald et al (2010) Dopamine, expected utility and decision-making in the firm, in
“Neuroeconomics and the Firm. “
41
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
66 Idem, “Real humans make decisions by internally maximizing dopamine and other hormones that make
them feel good, rather than maximizing the outcome. Real humans are focused (either
unconsciously or consciously) on the process in the brain, rather than the outcome by itself.”
67 Damásio, António (1994) Descartes’ Error. Emotion, Reason and the Human Brain -
Putnam:
“Unwittingly, Gage’s example indicated that something in the brain was concerned
specifically with unique human properties, among them the ability to anticipate the future
and to plan accordingly within a complex social environment; the sense of responsibility
42
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
As sanções legais são frequentemente vistas como o preço por fazer o que é
proibido, mas já analisámos acima a diferença entre a natureza de preço e a
towards the self and others; and the ability to orchestrate one’s survival deliberately, at
the command of one’s free will”. p. 10
43
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
68 Kant – Groundwork for the Metaphysics of Morals - Yale University Press (2002):” In the realm of ends
everything has either a price or a dignity. What has a price is such that something else can also be
put in its place as its equivalent; by contrast, that which is elevated above all price, and admits of
no equivalent, has a dignity.”, p.52.
44
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
onde
Seg : representa a sanção esperada global;
SL: representa a sanção prevista na lei;
P: é a probabilidade de aplicação da lei;
Smx: representa a sanção social externa; e
Smi: representa a sanção interna que se traduz na culpa pela violação de normas
éticas e morais.
Para muitas pessoas a sanção interna pode tender para infinito, o que leva a que
essas pessoas tenderão a nunca entrar na actividade criminosa, dado que há
69 Cooter, Robert (1998) Models of Morality in Law and Economics: Self-Control and Self-Improvement for
the "Bad Man" of Holmes - Boston University law review. Boston University. School of
Law 78(1134)
“The virtuous prefer good, villains prefer bad, and rational actors in economics prefer themselves.
Instead of obeying or disobeying the law for its own sake, the rational actor in economics treats law
as an obstacle or an instrument, not a value. The success of the economic analysis of law proves
the fruitfulness of this research strategy.”
45
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
valores inculcados em muitas pessoas humanas que não têm preço nem
equivalente.
Convém referir que muitas vezes as normas legais positivas consideram crime o
que em termos de dignidade humana não pode assim ser considerado, por estarem
em causa valores sem preço nem equivalente.
Já John Locke70 considerava que as leis injustas deveriam ser desobedecidas:
“Assim, a lei da natureza permanece como um governo eterno para todos os
homens, legisladores e outros. As regras que eles fazem as ações de outros
homens, devem, bem como as suas próprias e as ações de outros homens, sejam
conformes à lei da natureza, i. e., da vontade de Deus, da qual esta é uma
declaração, e a lei fundamental da natureza sendo a preservação da humanidade,
sem sanção humana pode ser bom ou válido contra ele. "
Quando estão em causa direitos fundamentais e de personalidade intrinsecamente
conectados com a dignidade humana, nomeadamente a vida humana, é legítimo
desobedecer às normas positivas para preservar o bem supremo que é a vida, sem
que tal acção possa ser considerada crime.
Uma visão redutora do Direito ao positivismo 71 jurídico tem levado a humanidade,
várias vezes na história, à aplicação de normas que ofendem profundamente a
dignidade humana, com a perpetração de genocídios, como se verificou com o
regime nazi na Alemanha, no Camboja (1975-79), na Bósnia (1992-95) e no Ruanda
(1994)72.
70 Locke, John (1690) Second Treatise of Government - Hackett Publishing Company, Inc.
“Thus the law of nature stands as an eternal rule to all men, legislators as well as others. The rules
that they make for other men's actions, must, as well as their own and other men's actions, be
conformable to the law of nature, i. e. to the will of God, of which that is a declaration, and the
fundamental law of nature being the preservation of mankind, no human sanction can be good, or
valid against it.”, p. 71.
71 Kelsen, Hans (1960) Pure Theory of Law – The lawBook Exchange,
“It is called a "pure" theory of law, because it only describes the Law and attempts to eliminate from
the object of this description everything that is not strictly law: Its aim is to free the science of Law
from alien elements. This is the methodological basis of the theory.”, p.11.
72 Perry, Michael J. (2008) Human Rights as Morality, Human Rights as Law - University of San Diego
Law School.
46
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Esta frase de Tomás de Aquino explicita de forma evidente que há que ter em conta
as circunstâncias e os valores (que não têm preço nem equivalente, pelo que têm
dignidade, em causa para se considerar uma acção que segundo a previsão geral
e abstracta da lei é considerada crime, mas que a defesa dos valores supremos
impõe que a mesma seja violada sem que deva ser considerada crime.
Como exemplos, a proibição abstracta das normas quanto ao furto (art.º 208º do
Código Penal) e quanto ao roubo (art.º 210º do Código Penal) é afastada, no que
tange à sanção penal, pois a protecção do direito da propriedade alheia prevista
no art.º 62º da CRP cede perante direitos fundamentais e de personalidade, dado
que essa proibição não expressa a máxima adequação em face de direitos
fundamentais como a vida, art.º 24º da CRP, ou direitos de integridade pessoal,
art.º 25º da CRP, para a realização da dignidade humana (que não tem preço nem
equivalente), art.º 1º da CRP.
Por essa razão, a proibição de furto ou roubo, prevista nos artigos referidos do
Código Penal, não é adequada em face das circunstâncias, onde existe a
47
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
VIII
75
Donário, Arlindo (2013) Road Accidents, Risk and Biological Factors – UAL, pp. 41-49; 69-84; 92-94.
Disponível em:
https://repositorio.ual.pt/bitstream/11144/3153/1/BIOLOGICAL%20FACTORES%20AND%20THE%20RO
AD%20ACCIDENTES%20%20-DONARIO-.pdf
76 Thomadsen, Raphael (2017) How Context Affects Choice - Springer Science+Business Media.
48
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
77 Loewenstein, George (2000) – Emotions in Economic Theory and Economic Behavior. American
Economic Review: Papers and Proceedings, vol. 90, nº 2: 426-432.
78 Audretsch, David B. (2010) Foreword, in “Neuroeconomics and the Firm” - Edward Elgar, p. xxi.
79 Kosfeld, M., M. Heinrichs; P.J. Zak; U. Fischbacher; E. Fehr (2005) Oxytocin increases trust in humans
- Nature, 435 (2), 673–76.
80 Zak, P.J.; A.A. Stanton; S. Ahmadi (2007) Oxytocin increases generosity in humans - PLoS ONE, 2 (11),
e1128.
81 Cooter, Robert (1998) Models of morality in law and economics: self-control and self-improvements for
the "bad man" of Holmes - Boston University law review. Boston University. School of
Law 78(1134).
49
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Vários estudos83 84 empíricos evidenciaram que existe uma relação inversa entre o
número de crimes e o nível de salário, em termos relativos, com efeitos, sobretudo,
nos crimes sobre a propriedade85. O desemprego é outro dos factores
determinantes da taxa de criminalidade, conforme evidenciado por vários
estudos86 87empíricos, bem como a dilação judicial. 88 89 90
82 Giedd. J. N. (2004). Structural magnetic resonance imaging of the adolescent brain - Annals of the New
York Academy of Sciences, 1021, pp. 77-85.
83 Machin, Stephen & Costas Meghir (2004) Crime and Economic Incentives - 39 Journal of Human
Resources 958 (2004).
84 Zak, P.J., R. Kurzban; W.T. Matzner (2004) The neurobiology of trust - Annals of the New York Academy
of Sciences, 1032, 224–7.
85 Kelly, M. (2000) Inequality and Crime - Review of Economics and Statistics, 82: 530–539.
86 Weinberg, E. Gould, B. & D. Mustard (2002) Crime Rates and Local Labor Market Opportunities in the
United States: 1979–1995 - 84 Review of Economics and Statistics 45 (2002);
87 Raphael, S. & R. Winter-Ebmer (2001) Identifying the Effect of Unemployment on Crime - 44 Journal of
Law and Economics 259 (2001).
88 Ehrlich, I., (1974) Participation in Illegitimate Activities – An Economic Analysis,” in Becker, G.S. and
W.M. Landes, eds., The Economics of Crime and Punishment, New York: Columbia University
Press, 68-134.
89 Perry, Orit, et al (2000) Frequent Probabilistic Punishment in Law Enforcement – JEL
90 Donário, Arlindo (2010) Análise Económica da Regulação Social – Universidade Autónoma de Lisboa,
2.3 – Dilação judicial e seus efeitos nos custos dos acidentes, pp. 213- 234.
91 Pastor, Santos (1989) Pastor, Santos (1989). Sistema Juridico y Economía. Una Introducción al Analisis
Económico del Derecho. Madrid: Tecnos, p. 170.
50
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
92 Stigler, George (1970) The Optimum Enforcement of Laws - Journal of Political Economy Vol. 78, No. 3
(May - Jun., 1970), pp. 526-536. “There is one decisive reason why the society must forego
"complete" enforcement of the rule: enforcement is costly. […We could make certain that crime
does not pay by paying enough to apprehend most criminals. Such a level of enforcement would
of course he enormously expensive, and only in crimes of enormous importance will such
expenditures be approached. The society will normally give to the enforcement agencies a budget
which dictates a much lower level of enforcement.]”
93 Loewenstein, George (2005) – Hot-Cold Empathy Gaps and Medical Decision Making. Health
Psychology, vol. 24, nº 4 (Suppl.): S49-S56.
94
Thaler; Richard H.; Cass R. Sunstein () NUDGE. Improving Decisions About Health, Wealth, and
Happiness - Yale University Press, p. 41.
51
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
95 Gazzaniga, Michael et al (2002) Cognitive Neuroscience: The Biology of the Mind 138–39(Norton, 2002).
96 Damásio, António (2005) L’Erreur de Descartes (Nouvelle edition) – Odile Jabob, “[…] a emoção participa
na razão e pode ajudar ao processo do raciocínio em vez de o incomodar, como era suposto
correntemente.”
97 Slovic, Paul; Melissa Finucane; Ellen Peters; Donald MacGregor (2003) Risk as Analysis and Risk as
Feelings: Some Thoughts about Affect, Reason, Risk, and Rationality - National Cancer Institute
52
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Dado que a sanção prevista na lei não ocorre com certeza (o Direito é um valor
esperado) o transgressor da lei ou o criminoso confronta-se, ex-ante, apenas com
a sanção esperada. Assim, um criminoso racional e buscando o seu interesse
próprio compara os custos e benefícios esperados da actividade ilegal e comete o
crime se o benefício esperado de cometer o crime excede o custo esperado, não o
fazendo no caso contrário.
workshop on Conceptualizing and Measuring Risk Perceptions, Washington, D.C., February 13-
14, 2003.
98 Camerer, Colin; George Loewenstein; Drazen Prelec (2005) Neuroeconomics: How Neuroscience Can
Inform Economics - Journal of Economic Literature Vol. XLIII (March 2005), pp. 9–64.
“Some important insights will surely come from neuroscience, either directly or because
neuroscience will reshape what is believed about psychology which in turn informs economics.
53
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
99 Donald Wargo; Norman A. Baglini; Katherine A. Nelson () Dopamine, expected utility and decision-
making in the firm, in “Neuroeconomics and the Firm” - Edward Elgar:
“The neoclassical model of homo economicus states that we make decisions as a rational utility
maximizer, with expected utility being defined as the ‘satisfaction’ we expect to receive from the
consumption or possession of goods and services. Further, economics as a science observes the
outcomes of economic decisions by individuals and not the actual decision process in the human
brain. It states that we cannot know nor interpersonally compare the actual preferences of
individuals, but only observe the ‘revealed preferences’, so the outcomes are all that matters. In eff
ect, neoclassical economics treats the human brain as a black box.”
100 Samuelson, Paul (1948) Consumption Theory in Terms of Revealed Preference – Economica New
Series, Vol. 15, No. 60 (Nov., 1948), pp. 243-253, “The whole theory of consumer’s behavior can
thus be based upon operationally meaningful foundations in terms of revealed preference”, p.251.
101Amartya Sen (1973) Behaviour and the Concept of Preference “- Economica, New Series, Vol. 40, No.
159. (Aug., 1973), pp. 241-259. Ver a crítica que Sen fez à teoria da preferência revelada, utilizando
o dilema dos prisioneiros na teoria dos jogos.
http://mikael.cozic.free.fr/philoESS-1011/sen73-behaviour%20and%20the%20concept%20of%20preference.pdf
54
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
102 Camerer, Colin; George Loewenstein; Drazen Prelec (2005) Neuroeconomics: How Neuroscience Can
Inform Economics - Journal of Economic Literature Vol. XLIII (March 2005), p. 9.
103 Epstein, S. (1994). Integration of the cognitive and the psychodynamic unconscious - American
Psychologist, 49, p. 709.
104
Kuhnen, Camelia M.; Brian Knutson (2011) The Influence of Affect on Beliefs, Preferences, and
Financial Decisions - Journal of Financial and Quantitative Analysis Vol. 46, No. 3, June 2011, pp.
605–626
55
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Por sua vez o sistema automático ou sistema I, é o sistema ligado com os estados
hot, é emocionalmente controlado por os estímulos inatos não controláveis. Os
dois sistemas não actuam separadamente, mas influenciam-se mutuamente.
56