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econômica do crime
O desenho de uma estratégia para a redução da
criminalidade no Brasil
1. Introdução
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As condições socioeconômicas das vítimas e sua percepção da eficiência das au-
toridades de polícia e justiça podem determinar parcialmente o seu comportamento de
registrar ou não uma vitimização. Baseados nisso, Santos e Kassouf (2008) deduzem que,
se houver, por exemplo, variações no nível de escolaridade de determinada região, no
nível de renda ou nos gastos com segurança pública com reflexos na eficiência das insti-
tuições de prevenção e repressão à criminalidade, poderão ocorrer variações na taxa de
sub-registro de crimes. Portanto, a hipótese de que a taxa de sub-registro é estável ao longo
do tempo seria, no mínimo, forte.
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Há grave deficiência de dados para se chegar a um número seguro. Na pesquisa
Onde mora a impunidade?: porque o Brasil precisa de um indicador nacional de esclareci-
mento de homicídios, de 2017, o Instituto Sou da Paz, com o fim de elaborar o Indicador
Nacional de Esclarecimento de Homicídios, solicitou aos estados que informassem seus
respectivos indicadores. Apenas 6 estados enviaram, e os números são preocupantes: Pará,
4,3% de homicídios denunciados; Rio de Janeiro, 11,8%; Espírito Santo, 20,1%; Rondônia,
24,6%; São Paulo, 38,6%; e Mato Grosso do Sul, 55,2%. Segundo a pesquisa, as baixas
taxas de esclarecimento de homicídio e a demora excessiva no processamento dos casos
são atribuídas à preponderância de investimentos públicos no policiamento ostensivo, à
escassez de servidores nas polícias civis e técnico-científicas e condições ruins de trabalho,
que desembocam na precariedade de procedimentos técnico-periciais-chave, tais como
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Por outro lado, a revisão de literatura feita por Chalfin e McCrary (2017) encontrou
pouco apoio empírico para a força dissuasória da pena de morte.
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A taxa de reincidência no Brasil varia de 24,4% a 46,3%, dependendo do período e
da metodologia adotados (PESSOA, 2017). Ou seja, de cada 10 pessoas presas, de 2 a 4
voltam a delinquir.
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O instituto chileno Latinobarómetro, em pesquisa de 2015, perguntou aos brasilei-
ros se, de forma geral, eles confiam nas pessoas. Apenas 7,4% responderam positivamente.
O Our World in Data, da Universidade de Oxford, encontrou índice bem próximo em
2014: 6,53%. Esse índice para os países escandinavos, por exemplo, é superior a 60%. O
Latinobarómetro está disponível em: <http://www.latinobarometro.org/latOnline.jsp>.
Acesso em: 3 abr. 2018.
8.1. Aprisionamento
9.1. Educação
9.3. Demografia
Sobre o autor
Thiago Ivo Odon é doutor em Sociologia pela Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil;
mestre em Direito e Políticas Públicas pelo Centro Universitário de Brasília, UNICEUB,
Brasília, DF, Brasil; consultor legislativo do Senado Federal para as áreas de direito penal,
processual penal e penitenciário, Brasília, DF, Brasil.
E-mail: tiagoivo@senado.leg.br
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A Resolução 181/2017, do CNMP, vai nesse sentido, ao propor o acordo de não
persecução penal para crimes de menor gravidade, o que também ajuda a descongestionar
a justiça criminal.
ABSTRACT: The study reviews the literature on the economic analysis of crime and,
based on it, offers ways to design a public security policy for Brazil. The study approaches
some crime models and gathers the evidences that the specialized literature has found
of the influence of some variables on criminality, like imprisonment, policing, income
inequality, salary, education, demography, among others. Considering the current fiscal
restraint in Brazil, it is fundamental to see law enforcement policies under the perspective
of efficient allocation of resources. Public policies with greater potential to impact on
crime should be prioritized, since they optimize the use of budgetary resources, minimize
the social cost and potentiate the benefits in the long run.
(APA)
Odon, T. I. (2018). Segurança pública e análise econômica do crime: o desenho de uma
estratégia para a redução da criminalidade no Brasil. Revista de Informação Legislativa:
RIL, 55(218), 33-61. Recuperado de http://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/55/218/ril_
v55_n218_p33
Referências
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Aug. 2010.