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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CAMPUS GUARAPARI
PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS POLICIAIS
POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL, MJSP

DISCIPLINA: Estratégias para o Controle do Crime


DISCENTE: Gibson de Sousa e Souza
MATRÍCULA: 20222ecpg3233

Modelos de Políticas Criminais

Cada modelo de política criminal representa uma abordagem específica para o tratamento
do crime e do sistema de justiça criminal. Vejamos:

1. Minimalismo Penal:
a. Ideia Principal: O minimalismo penal busca limitar a intervenção do sistema
de justiça criminal ao mínimo necessário. Ele enfatiza a importância de evitar
o uso excessivo de penas e de manter o sistema penal enxuto.
b. Justificação: A justificação por trás desse modelo é a preocupação com os
direitos individuais e a prevenção da criminalização excessiva. Argumenta-se
que a criminalização e o encarceramento devem ser reservados para os
casos em que são absolutamente necessários para proteger a sociedade.
c. Principais Elementos: O minimalismo penal promove a descriminalização
de certos comportamentos, a redução das penas para crimes não violentos e
a ênfase na reinserção social dos infratores. Também valoriza a proteção dos
direitos dos acusados durante o processo penal.
2. Abolicionismo Penal:
a. Ideia Principal: O abolicionismo penal busca a abolição gradual do sistema
penal e das prisões. Ele questiona a eficácia e a humanidade do sistema de
justiça criminal.
b. Justificação: A justificação por trás desse modelo é a crença de que o
sistema penal é inerentemente opressivo e contribui para a perpetuação de
desigualdades sociais. Os abolicionistas penais argumentam que é possível
encontrar formas alternativas de lidar com conflitos e crimes.
c. Principais Elementos: O abolicionismo penal propõe a eliminação das
prisões, substituindo-as por abordagens de justiça restaurativa, mediação e
programas de reabilitação. Ele também enfatiza a importância da prevenção
do crime por meio de políticas sociais e econômicas.
3. Garantismo Penal:
a. Ideia Principal: O garantismo penal é um modelo que coloca a proteção dos
direitos individuais no centro do sistema de justiça criminal. Ele enfatiza a
presunção de inocência e a limitação do poder estatal.
b. Justificação: O garantismo penal parte do princípio de que é preferível
absolver um culpado do que condenar um inocente. Busca equilibrar a
necessidade de punição com a proteção dos direitos individuais dos
acusados.
c. Principais Elementos: O garantismo penal defende a ampla proteção dos
direitos dos acusados durante o processo penal, incluindo o direito a um
julgamento justo, a proibição de provas obtidas de forma ilegal e a presunção
de inocência até prova em contrário.
4. Direito Penal do Inimigo:
a. Ideia Principal: O direito penal do inimigo é um modelo que propõe
tratamento mais severo para certos infratores considerados perigosos para a
sociedade, muitas vezes antes mesmo da comprovação de culpa em um
tribunal.
b. Justificação: Ele se baseia na ideia de que certos indivíduos representam
uma ameaça tão grave que merecem um tratamento mais rigoroso, mesmo
que isso implique a supressão de alguns direitos fundamentais. No entanto,
esse modelo é altamente controverso devido ao risco de abusos e injustiças.
c. Principais Elementos: O direito penal do inimigo pressupõe penas mais
severas, restrições adicionais aos direitos dos acusados e a possibilidade de
detenção preventiva prolongada com base na suposição de que o infrator é
um "inimigo" da sociedade.

Cada um desses modelos de política criminal reflete diferentes visões sobre o papel do
sistema de justiça penal na sociedade e as prioridades que devem ser consideradas ao lidar
com o crime. A escolha entre esses modelos influencia diretamente as políticas públicas, as
leis penais e a administração da justiça em um determinado país.

Elementos que demonstram as dificuldades enfrentadas pela Política Criminal


Brasileira para mitigação da criminalidade

A Política Criminal Brasileira enfrenta diversas dificuldades na mitigação da criminalidade, e


três elementos destacados a seguir exemplificam esses desafios:

1. Sistema Carcerário Superlotado e Ineficiente:


a. Superlotação: Um dos principais obstáculos enfrentados pela Política
Criminal Brasileira é a superlotação dos presídios. O sistema carcerário do
Brasil enfrenta uma crise de capacidade, com muitos presos em espaços
inadequados. Isso resulta em condições degradantes para os detentos,
aumenta a violência dentro das prisões e dificulta a ressocialização.
b. Reincidência: A ineficácia na ressocialização de presos é outro desafio. A
falta de programas de reabilitação e reinserção, aliada às condições
precárias nos presídios, contribui para altas taxas de reincidência criminal.
Os detentos muitas vezes saem do sistema prisional ainda mais propensos
ao cometimento de novos crimes, alimentando o ciclo da criminalidade.
c. Baixa Resolução de Crimes: O sistema de justiça criminal muitas vezes não
é eficaz na investigação e resolução de crimes, levando à impunidade. Isso
ocorre devido à falta de recursos, treinamento inadequado de investigadores
e à burocracia no processo judicial, o que dificulta a responsabilização dos
infratores.

2. Criminalidade Violenta e Armada:


a. Tráfico de Drogas e Violência Associada: O tráfico de drogas é um dos
principais motores da criminalidade violenta no Brasil. A luta contra o tráfico
frequentemente resulta em confrontos armados entre traficantes e forças de
segurança, gerando altas taxas de homicídios e feridos.
b. Acesso a Armas de Fogo: A facilidade de acesso a armas de fogo é um
problema crítico. Armas ilegais estão amplamente disponíveis, e seu uso é
comum em assaltos, homicídios e confrontos com a polícia, tornando o
combate à violência ainda mais desafiador.
c. Gangues e Organizações Criminosas: Gangues e organizações criminosas
têm um papel significativo na propagação da violência. Elas controlam
territórios e atividades ilegais, alimentando o ciclo da criminalidade e
dificultando os esforços de aplicação da lei.
3. Desigualdade Social e Desafios Socioeconômicos:
a. Desigualdade de Renda: A desigualdade econômica é um problema
estrutural no Brasil, e está intrinsecamente ligada à criminalidade. Áreas
economicamente desfavorecidas tendem a ter maiores taxas de
criminalidade, enquanto a falta de acesso a oportunidades econômicas
legítimas pode empurrar indivíduos para atividades criminosas.
b. Educação e Saúde Precárias: A falta de investimento em educação e saúde
de qualidade contribui para a exclusão social e a marginalização de
comunidades vulneráveis. Isso pode criar um ambiente propício ao
recrutamento por organizações criminosas e ao envolvimento em atividades
ilegais.
c. Desemprego e Subemprego: A falta de oportunidades de trabalho digno leva
a altas taxas de desemprego e subemprego, especialmente entre jovens.
Isso pode levar à adesão ao crime como uma alternativa para sobreviver.

Esses elementos destacam as complexas e interconectadas dificuldades enfrentadas pela


Política Criminal Brasileira na mitigação da criminalidade. Solucionar esses problemas
requer abordagens abrangentes que vão além do sistema de justiça criminal, envolvendo
políticas sociais, econômicas e educacionais para abordar as causas subjacentes da
criminalidade.

Ações que podem contribuir para a redução da criminalidade por meio da Política
Criminal Brasileira

Para contribuir para a redução da criminalidade por meio da Política Criminal Brasileira, é
possível adotar ações que se alinhem a diferentes modelos de políticas criminais. Abaixo,
apresento duas sugestões de ações, cada uma relacionada a um modelo específico:

1. Ação para a Redução da Criminalidade utilizando o Modelo de Prevenção e


Resolução de Conflitos:
Ação: Implementação de programas de mediação comunitária em áreas de alta
criminalidade.
Justificação: O Modelo de Prevenção e Resolução de Conflitos prioriza abordagens
não punitivas e busca resolver conflitos de maneira pacífica. A implementação de
programas de mediação comunitária envolveria a formação de mediadores treinados
para facilitar a resolução de disputas e conflitos nas comunidades. Essa abordagem
ajudaria a prevenir a escalada de conflitos para atos criminosos violentos, reduzindo
assim a criminalidade.
2. Ação para a Redução da Criminalidade utilizando o Modelo de Justiça
Restaurativa:
Ação: Expansão de programas de justiça restaurativa nas escolas.
Justificação: O Modelo de Justiça Restaurativa busca reparar o dano causado pelo
crime e promover a reconciliação entre as partes envolvidas. Ao expandir programas
de justiça restaurativa nas escolas, o objetivo seria abordar conflitos e
comportamentos problemáticos entre os alunos por meio de diálogo e reparação, em
vez de medidas disciplinares punitivas. Isso poderia contribuir para a redução da
violência entre os jovens e, potencialmente, prevenir que eles se envolvam em
comportamentos criminosos no futuro.
Essas ações exemplificam como diferentes modelos de políticas criminais podem ser
aplicados para abordar a criminalidade no Brasil. A implementação de estratégias baseadas
em modelos de prevenção, resolução de conflitos e justiça restaurativa pode promover uma
abordagem mais holística e eficaz para lidar com o crime, ao mesmo tempo em que busca
minimizar a estigmatização e os efeitos negativos do encarceramento.

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