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A aplicação do confisco alargado de bens frente à corrupção e o seu efeito sobre o

triângulo da fraude
Solon Cícero Linhares1
Leandro Machiniski2
RESUMO: A presente pesquisa visa mostrar a dificuldade no enfrentamento da
criminalidade reditícia, visto que o lucro se tornou o grande objetivo das organizações
criminosas, e o estado brasileiro dispõe apenas das medidas assecuratórias reais previstas
no código de processo penal e na lei de lavagem de capitais na tentativa de recuperar os
ativos e impedir novos investimentos em outras modalidades criminosas. Além das
pretensões punitivas do Estado, o código de processo penal também se preocupa com a
proteção dos direitos da vítima nos eventuais danos patrimoniais, prejuízos causados a
terceiro de boa-fé e os gastos com as custas processuais, visando assegurar seu respectivo
ressarcimento e combater o enriquecimento ilícito, em virtude dos crimes praticados. Um
problema ainda maior surge quando as organizações criminosas utilizam de artifícios, na
tentativa de ocultar e dissimular tais proventos dos ilícitos praticados. Desta forma os
mecanismos encontrados do CPP apresentam uma limitação em relação às novas práticas
criminosas, já que não alcançam bens presumíveis, bem como serem de origem criminosa e
sempre dependem de uma sentença transitada em julgado para sua efetividade. Buscando
também alcançar tais criminosos, o legislador apresentou as medidas assecuratórias
aplicadas na lei de lavagem de dinheiro. Na análise da disciplina prevista na Lei de
lavagem, diz que havendo indícios suficientes de infração penal, o juiz poderá decretar as
cautelares previstas no CPP. Contudo, mantendo o vínculo do delito cometido que a
antecede bem como a morosidade processual que já é calculada pelos criminosos ao medir
o “custo-benefício” da prática delituosa. É nítido que há uma grande deficiência do Estado
em chegar até os proveitos dos crimes que são lavados, pois muitas vezes os criminosos se
utilizam de interpostas pessoas físicas e jurídicas, “offshore”, dentre outros mecanismos
que dificultam a eficácia das medidas. Sendo assim, necessitamos de medidas que venham
trazer uma ampliação dos instrumentos positivados e maior rigidez em relação à sanção
aplicada aos crimes cometidos principalmente nos casos em que os bens públicos são
afetados, mostrando assim que o crime não compensa.

1
Doutor em Direito pela PUCPR. Mestre pela UFPR. Professor Adjunto da PUCPR.
2
Graduando em Direito pela PUCPR.

1
Palavras chaves: medidas assecuratórias reais – criminalidade lucrativa – organização
criminosa – confisco alargado.

ABSTRACT: The purpose of this research is to show the difficulty in dealing with crime
since the profit became the great goal of criminal organizations and the Brazilian State has
only the real measures provided for in the CPP and in the law of money laundering in an
attempt to recover the assets and prevent new investments in other forms of crime. In
addition to the punitive claims of the State the CPP is also concerned with the protection of
the rights of the victim in any property damage, damage caused to third in good faith and
the expenditures with the procedural costs in order to ensure their compensation and
combat illicit enrichment in virtue of the crimes charged. An even bigger problem arises
when the criminal organizations use of fireworks in an attempt to hide and conceal such
proceeds of offenses committed. In this way the mechanisms found in the CPP have a
limitation in relation to the new criminal practices since they do not reach goods suspected
to be of criminal origin and always depend on a final judgment for its effectiveness.
Seeking also to achieve such criminals the legislator has submitted the measurements
applied the law of money laundering. In the analysis of the discipline under the Law says
that there is insufficient evidence of criminal offense the judge may declare the
precautionary measures provided for in the CPP. However maintaining the bond of the
crime committed that precedes as well as lengthy procedure which is already calculated by
the criminals to measure "cost-benefit" of criminal practice. It is clear that there is a great
deficiency in the State in reaching the proceeds of crimes that are washed because many
times the criminals make use of brought individuals and corporations offshore, among other
mechanisms that hinder the effectiveness of the measures. We need measures that will
bring a widening of the instruments and greater stiffness in relation to the sanction applied
to crimes committed mainly in cases in which public goods are affected thus demonstrating
that crime doesn't pay.
Key words: measures actual insurance companies - crime profitable - criminal organization
- confiscation.

2
SUMÁRIO

1) INTRODUÇÃO.................................................................................................................4

2) BREVE HISTÓRICO DA LAVAGEM DE


CAPITAIS..............................................................................................................................6

3) DEFINIÇÃO......................................................................................................................9

4) ITER CRIMINIS DA LAVAGEM DE


DINHEIRO............................................................................................................................9

5) A NOVA LEI DE LAVAGEM DE


DINHEIRO..........................................................................................................................10

6) ATUAL SITUAÇÃO DO CONFISCO DE BENS NO


BRASIL................................................................................................................................11

7) AMPLIAÇÃO DAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS E A ALIENAÇÃO


ANTECIPADA DE BENS..................................................................................................13

8) CONFISCO ALARGADO DE
BENS....................................................................................................................................15

9) - VARA FEDERAL DE CURITIBA ESPECIALIZADA NOS CRIMES DE


LAVAGEM DE CAPITAL................................................................................................18

10) PROPOSTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL..........................................19

11) TRIÂNGULO DA FRAUDE......................................................................................20

12) POSSIVEIS EFEITOS PRÁTICOS DO CONFISCO ALARGADO SOBRE A


ÉGIDE DO TRIÂNGULO DA FRAUDE.........................................................................22

13) CONCLUSÃO...............................................................................................................22

14) REFERÊNCIAS............................................................................................................24

3
1 – INTRODUÇÃO
A presente pesquisa tem como objetivo o estudo de questões referente a
reestruturação do processo penal brasileiro e dos meios de combate a corrupção, através do
confisco alargado e a alienação antecipada de bens interligados aos crimes de lavagem de
capitais, bem como os reflexos futuros de tais medidas perante a sociedade através da
discussão do triângulo da fraude.
No entanto, antes de tudo será importante ressaltar o quanto o crime vem tomando
maior proporcionalidade em termos de quantidade, e ainda com relação à evolução do
“modus operandi”, seja nos crimes de lavagem de dinheiro, ou nos demais crimes
tipificados no Código Penal.
A lavagem de dinheiro está intimamente ligada com organizações criminosas, e com
a prática de outros crimes, como por exemplo, o tráfico de drogas e a corrupção. Ou seja, a
lavagem praticamente assessora uma gama gigantesca de delitos.
Com o passar dos séculos, e o avanço da tecnologia, os delinquentes também
evoluíram, e com isso nos trazem a todo o momento grandes desafios na afronta do Estado
frente a essa criminalidade.
Para Gunther Teubner,3 “(...) a globalización es un enómeno multidimensional que
involucra diversos domínios de actividad e interaccion, incluyendo los domínios
econômicos, políticos, tecnológicos, militares e jurídicos (...).”
Nesse contexto que a criminalidade hiper desenvolve-se, segundo Solon Cícero
Linhares4:
“ela não se dedica a delitos de powerless ou chamados delitos de
rua, senão para a consecução de crimes powerfull, os conhecidos
crimes de natureza econômica-financeira, sendo o lucro e a
concorrência desleal entre os atores os principais combustíveis
para o funcionamento das praticas criminosas.”

3
TEUBNER, Gunther Saskia Sassen e KRASNER, Stephen. Estado, Soberania y Globalización. Nuevo
Pensamento Jurídico. Colección dirigida por Daniel Bonilla Maldonado. Siglo delHombre Editores Bogota.
Colômbia. 2010. 35p.
4
LINHARES, Solon Cícero. Confisco de Bens, Uma medida penal, com efeitos civis contra a corrupção
sistêmica. São Paulo. 2016. 24p.

4
Neste diapasão, buscamos medidas mais eficazes para que o combate tenha no
mínimo uma paridade de armas, a fim de diminuir a reincidência destes crimes, tanto no
Brasil quanto no mundo a fora, principalmente atingindo aquilo que financia estas práticas:
os bens destes infratores.
Portanto, é evidente a necessidade de se estudar as medidas que asseguram os
proveitos dos crimes em favor do Estado Democrático de Direito, e ainda a possibilidade de
alienar estes bens de forma antecipada, com o objetivo de evitar que estes se esvaiam e
sejam novamente inseridos na sociedade de forma ilegal, dando auxilio para reiteração dos
crimes.
Por outro lado, também irá se discutir a problemática da alienação antecipada desses
bens, junto também as dificuldades apresentadas com entraves do sistema Processual Penal
brasileiro, do Direito Penal e da Constituição Federal de 1988 em combate a estes delitos, e
ainda a luz do Direito comparado.
Ainda se não bastasse, a situação atual do país vem a calhar diante dos vários
escândalos de corrupção e lavagem de dinheiro. Bem como já dito, é cada vez maior o
avanço desses crimes, e a tecnologia também favorece as práticas delituosas. Diante desta
análise o Estado vem perdendo força neste combate, e precisa se remodelar para que exista
uma diminuição destas condutas.
Este mercado corrupto que necessita “lavar” seu dinheiro é para Paulo Bonavides5:
“(...) ação devastadora sobre a base econômica, notadamente nos
países em desenvolvimento, justamente porque circula de maneira
especulativa, provoca crises como as ocorridas no ano de 2008,
abala a fazenda pública, derruba bolsa de valores, desorganiza as
finanças públicas internas, dissolve economias estruturais, esmaga
mercados e traz de engrenado o aumento da insegurança e o
aumento da criminalidade clássica e das práticas pelos aparatos
organizados do poder (...).”

5
BONAVIDES, Paulo. Do Estado Liberal ao Estado Social. 11. Ed., 2 tir. São Paulo: Malheiros Editores,
2013, 12p.

5
O crime organizado acaba afetando direta ou indiretamente a própria democracia, a
concorrência legítima, a economia de mercados, bem como a própria integração regional 6.
Infelizmente, existe hoje uma deficiência do legislativo em produzir leis eficazes no
combate à corrupção, bem como uma limitação do poder judiciário no que tange os
instrumentos normativos para a repressão das atividades ilícitas.
O Ministério Público também demonstra dificuldade na produção de provas, devido
ao fenômeno da globalização alcançar criminalidade, proporcionando aos criminosos
mecanismos mais eficazes de dissimulação dos capitais obtidos pela lavagem de dinheiro.
Essa discussão é importante não só na questão brasileira, mas também, em países
onde ainda se questiona muito a violação dos princípios basilares do Direito, já essas
medidas inovadoras de combate tornam-se polêmicas para alguns doutrinadores, por
teoricamente violarem normas constitucionais.

2 - BREVE HISTÓRICO DA LAVAGEM DE CAPITAIS


Os crimes de Lavagem de Dinheiro foram anteriormente tipificados em outros
países antes do Brasil, sendo que a principal raiz das grandes organizações criminosas que
praticavam essa conduta se originou nos Estados Unidos e Europa.
Conforme entendimento de Raúl Cervini7 é na Itália em 1978 que surge a conduta
típica de Lavagem de Dinheiro através dos mafiosos da época, ligados a crise política
instaurada no país levando a criação da norma que passou a criminalizar substituição de
dinheiro ou de valores provenientes de roubo qualificado, extorsão qualificada, etc., por
outros valores.
Já nos Estados Unidos, a história aponta para a cidade de Chicago, Estado de
Illinois, em meados dos anos 20, quando a cidade era tomada pelo crescimento, atraindo
investidores, riqueza e também o crime. Surge neste cenário um dos maiores nomes do
século XX.
O gangster Al Capone acumulou fortunas com a comercialização de bebidas
alcoólicas, proibidas na época. A fortuna acumulada era tão grande advinda do crime, que
precisava de alguma forma ser tirada do rastro da polícia. Portanto, a famosa expressão de
6
LINHARES, Solon Cícero. Confisco de Bens, Uma medida penal, com efeitos civis contra a corrupção
sistêmica. São Paulo. 2016. 45p.
7
CERVINI, Raúl; TERRA DE OLIVEIRA, William; GOMES, Luiz Flávio. Lei de Lavagem de
Capitais. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1998. p. 18. Tradução livre.

6
lavagem de dinheiro supostamente teria vindo da idéia de Al Capone, e demais mafiosos da
época a concentrar seus ganhos ilícitos em empresas de fachada, fazendo com que o
dinheiro passasse a ter caráter lícito. Dessa forma, era comum o uso de lavanderias ou lava
rápidos para fazer circular o dinheiro ilícito. Portanto, seria daí a expressão “Money
Laundering” nos países de língua inglesa. 8 Ainda segundo Marcelo Batlouni Medroni,
outros Estados como a França e Bélgica adotam os termos “blanchiment d’ argent”, e a
Espanha “bloqueo de capitales”. Contudo, seriam locais onde simplesmente dariam ao
uma cara nova ao dinheiro, e depois de “lavados” poderiam novamente reinserir-se nas
transações comerciais.
Todavia, com o passar do tempo a circulação de dinheiro “sujo” nos
estabelecimentos de fachada já não comportava o crescimento dos negócios, diante de
novos mercados, como o tráfico de entorpecentes. Nesta seara, com o fim de ocultar os
ativos ilícitos e fugir do confisco de bens nos Estados Unidos, os mafiosos descobriram que
a melhor maneira seria colocar o dinheiro nas jurisdições que não cooperassem com o
governo, locais onde o rastro do dinheiro era menor. Surgem então à utilização das
“offshore”9, limites fora da costa limítrofe que garantiam mais segurança ao dinheiro.
Países como a Suíça, Panamá, ilhas de modo geral, os chamados paraísos fiscais passaram a
ser frequentados pelo crime organizado.
A expansão destas práticas era nítida. Antes era algo restrito em seus respectivos
países, agora passou a ser um problema mundial, talvez aí esteja um dos ônus da
globalização. Daí veio um dos principais marcos históricos do combate ao crime
organizado e a lavagem de dinheiro em uma Convenção em Viena na Áustria no ano de
1988, lá foram adotas as primeiras medidas para fazer frente às condutas acima descritas. 10
Decide-se então que, atacar os ganhos obtidos ilicitamente era uma forma de
combate efetivo a criminalidade. Por exemplo, o dinheiro obtido pela venda de substâncias
ilícitas passaria a ser o foco dos Estados. A Convenção de Viena, portanto, buscou gerar
uma consciência aos países de que, a criminalidade organizada tomou forma de empresa
globalizada, seria necessário o combate e cooperação internacional.

8
MENDRONI, Marcelo Batlouni. Crime de Lavagem de Dinheiro. 3. Ed. São Paulo: Atlas, 2015. v. 01.
22p.
9
PINTO, Edson. Lavagem de Capitais e Paraísos Fiscais. São Paulo: Atlas, 2007. p50.
10
MENDRONI, Marcelo Batlouni. Op. cit. v. 01. 54p.

7
No Brasil, a Convenção de Viena de 1988 foi ratificada pelo Decreto nº 154, de 26
de junho de 1991. Algumas leis foram criadas com caráter de resposta a acordo selado em
1988, passando pela lei 9.613/98 e culminando na nova lei de lavagem de dinheiro, lei
12.683/12.
A lavagem de dinheiro através das “offshore”, alcança uma magnitude monstruosa
no mundo. Com o passar dos anos os escândalos de corrupção atingem a maioria dos países
do globo, inclusive incluindo nessa lista o Estado do Vaticano, que segundo informações do
portal Carta Maior publicada em 20/08/2013, ocupou o 8º lugar mundial entre os países que
lavam dinheiro sujo, oriundo da sonegação de impostos, da obtenção de lucros ilícitos, do
tráfico de armas e de drogas, entre outras fontes criminosas. O menor Estado do mundo
conseguiu deixar para trás, em matéria de lavagem de dinheiro, países como a Suíça,
Bahamas, Liechtenstein, Nauru e as Ilhas Maurício. A pesquisa foi realizada pela rede de
organizações sociais francesas Voltaire, com base em dados fornecidos por autoridades
alemãs e suíças.11
Nesse contexto histórico junto da evolução das praticas de Lavagem de Dinheiro
pela criminalidade, o Brasil também foi atingindo, e apesar de não estar no topo da lista de
corrupção e lavagem de capitais elencada todos os anos por instituições de transparência
mundial, os dados do Ministério Público Federal referente ao Brasil são assustadores.
Na entrevista concedida em São Paulo o Procurador do Ministério Fúblico Federal
Daltan Dallagnol, participou do lançamento das dez medidas contra a corrupção, e afirmou
segundo a notícia do Jornal Estadão 12 que, os recursos desviados em esquema de corrupção
no Brasil desviam dos cofres públicos algo em torno de R$ 200 bilhões por ano, dados que
corroboram ainda mais quando lembramos dos escândalos como da operação “Lava Jato” e
do “Mensalão”.
Portanto, percebe-se que essas condutas são um grande retrocesso da sociedade,
pois o dinheiro oriundo das diversas formas de crime são reinseridos na economia como se

11
Disponível em: AZEVEDO, Dermi. Vaticano Ocupa 8º Lugar Global Em Lavagem de Dinheiro, 20/08/2013.
http://cartamaior.com.br/?/editoria/internacional/vaticano-ocupa-8%ba-lugar-global-em-lavagem-de-
dinheiro/6/28368 - acesso em 04/08/2016.
12
Disponível em: LOPES, Elizabeth e AFFONSO, Julia. Corrupção Desvia R$ 200 Bi, por ano, no Brasil,
diz coordenador da Lava Jato, 15/09/2015.
http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/corrupcao-desvia-r-200-bi-por-ano-no-brasil-diz
coordenador-da-lava-jato. - acesso em 11/09/2016

8
fossem obtidos de forma lícita, bem como são base para reiteradas praticas de corrupção e
manutenção das organizações criminosas.
Dessa forma, estudaremos as medidas que podem fazer frente aos crimes de
lavagem de capitais e demais crimes antecedentes, buscando a “asfixia patrimonial” dos
delituosos.
Esta pratica é antiga e pode ter sua origem antes mesmo de ser tipificada na Europa
e nos EUA, todavia, o que muda com o passar dos séculos é a capacitação dos criminosos, a
rapidez com que se executam tais crimes, formas de dissimulação, porém, o intuito é o
mesmo, obter as maiores vantagens possíveis para a manutenção da criminalidade
organizada.
3 - DEFINIÇÃO
Lavagem de Dinheiro poderia ser definida como o método pelo qual um indivíduo
ou uma organização criminosa processa os seus ganhos financeiros obtidos com atividades
ilegais, com o objetivo de promover aparência licita.13
Segundo a Unidade de Inteligência Financeira do Brasil - COAF, “lavagem de
dinheiro constitui um conjunto de operações comerciais ou financeiras que buscam a
incorporação na economia de cada país dos recursos, bens e serviços que se originam ou
estão ligados a atos ilícitos.14”
4 - ITER CRIMINIS DA LAVAGEM DE DINHEIRO
O objetivo dos criminosos concerne na desvinculação do produto do crime
principal, cumprindo assim as três etapas da lavagem:
“a) colocação ('placement'), quando o produto do crime é
desvinculado de sua origem material; b) dissimulação ('layering'),
quando sucedem-se várias transações de modo a obstar o
rastreamento da origem do dinheiro; c) integração ('integration'),
reintegração da pecúnia em negócios lícitos. Contudo, à tipicidade
da Lei nº 9.613/98 basta uma das etapas (v.g., manutenção de conta

13
MENDRONI, Marcelo Batlouni. Crime de Lavagem de Dinheiro. 3. Ed. São Paulo: Atlas, 2015. v. 01.
21p.
14
Disponível em: Comissão Trabalha na Regulamentação da Lei de Lavagem de Dinheiro, 30/07/2015.
www.coaf.fazenda.gov.br/comissao-trabalha-na-regulamentacao-da-lei-de-lavagem-de-dinheiro.acesso em
05/08/2016.

9
bancária titulada por laranja, destinatária de corrupção - STF, HC
80.816-SP, Informativo do STF nº 226)”.15

Analisando a “teia” em que a lavagem de dinheiro se distribui, verificamos o alto


grau de complexidade para rastrear os ganhos das organizações criminosas, sendo, portanto,
um trabalho de investigação altamente complexo e que demanda muita preparação dos
agentes do Estado. Por outro lado, mesmo com todo o aparato dos serviços de inteligência,
não é garantido o sucesso na localização e desmantelamento do negócio ilícito, ainda mais
quando a dissimulação atinge níveis internacionais.
5 - A NOVA LEI DE LAVAGEM DE DINHEIRO
Nosso ordenamento atual possui como maior avanço ao combate da lavagem de
capitais a lei 12.683/2012, e falando em ampliação dessas medidas de combate, tanto os
diplomas internacionais quanto o marco legal brasileiro, buscam a desvinculação da
lavagem de dinheiro da constatação plena do crime antecedente, a ponto da lei brasileira
indicar expressamente que bastam indícios da infração precedente para o recebimento da
denúncia por lavagem de dinheiro, consoante Art. 2º, §1º, da lei de lavagem. Menciona
ainda a possibilidade de condenação por este crime na ausência do julgamento do
antecedente, e mesmo que desconhecida sua autoria ou ausente sua punibilidade.
Percebe-se, portanto, que os esforços legislativos que desvinculam
progressivamente a lavagem de dinheiro do delito anterior, a ponto de restar entre eles
apenas uma relação de causalidade, verificando assim um movimento político-criminal de
autonomia da lavagem de dinheiro, sendo o crime antecedente posteriormente o impulso
inicial pro confisco alargado de bens que trataremos adiante.
A lei 12.683/2012 prevê que todas as infrações penais podem ser antecedentes em,
expandindo o sistema estabelecido pela lei anterior ao dispor que qualquer crime e qualquer
contravenção podem produzir produtos que possam abastecer a lavagem de capitais.
Pode se dizer que o critério da fixação de antecedentes na nova lei, é coerente com a
ideia de proteção da administração da justiça, uma vez que o encobrimento do produto do
crime é capaz de afetar o bem jurídico tutelado, independente de sua gravidade de extensão.
Com a vigência dessa nova redação, todo processo penal que tiver por objeto crimes com
15
Disponível em: DALLAGNOL, Deltan Martinazzo. Teoria Geral do Delito Pelo Colarinho Branco. Ed.
2017. http://www.crimesdocolarinhobranco.adv.br/livro/ii-parte-especial/i-vi-da-lavagem-de-dinheiro - acesso
em 13/09/2016.

10
produtos patrimoniais atrairá a discussão sobre o destino dos bens e a possível lavagem de
dinheiro. A nova lei, não se limita enquanto a gravidade da infração penal, incidindo desde
os crimes de furto como nas contravenções simples. E essa ampliação tem impacto muito
maior nos crimes patrimoniais.
O avanço da lei também recai sobre a ampliação das medidas assecuratórias, ou
seja, deixa claro que podem ser objeto das medidas os bens, direitos ou valores que estejam
em nome do investigado antes da ação penal, do acusado após a ação penal ou de
interpostas pessoas. Bem como que somente podem ser objeto de medidas os bens, direitos
ou valores que sejam instrumento, produto ou proveito do crime de lavagem ou das
infrações penais antecedentes.
Já com base no Código Penal e Código de Processo Penal, o Estado somente pode
entrar na posse de um bem se ele for instrumento, produto, proveito direito ou indireto do
crime. Ou seja, a redação trás consigo as infrações penais antecedentes, sem contar na
terminologia mais ampla, onde o magistrado poderá decretar medidas assecuratórias,
englobando todas essas espécies de medidas cautelares, dentre elas apreensão ou o
sequestro de bens, direitos ou valores, hipoteca legal e o arresto.
Por fim, a nova lei de lavagem é mais abrangente, como por exemplo, no efeito da
condenação, o perdimento de bens, direitos e valores relacionados, direta ou indiretamente
com a prática de lavagem de dinheiro, inclusive aqueles utilizados para prestar a fianças,
etc.
No entanto, a discussão da presente pesquisa ainda gira em uma maior ampliação
destas medidas, como referência de outros países que adotam sistemas mais elaborados de
combate a criminalidade.
6 - ATUAL SITUAÇÃO DO CONFISCO DE BENS NO BRASIL
Feita a pesquisa jurisprudencial inseridas pelos tribunais, observamos que a lei
12.683/12 acaba por abarcar as formas de congelamentos de bens no Brasil.
Talvez uma das maiores inovações da nova Lei com relação às Medidas
Assecuratórias, está na apreensão e o sequestro de bens com a inversão do ônus da prova.
Ou seja, a nova idéia é a de entregar ao acusado o ônus de comprovar a ilicitude dos bens,
já que ele seria a parte que possui melhores meio de comprovar isso.

11
Segundo Marcelo Batlouni Mendroni16, em meio a um complexo de ingredientes
lícitos e ilícitos, somente o próprio agente pode ser capaz de efetuar a própria separação.
Aquilo que comprovar ser de origem honesta receberá de volta. É sabido que na maioria
das vezes os bens provenientes do crime, os bens adquiridos com os proveitos do crime se
misturam facilmente com aqueles de origem não criminosa, e para o Estado a Recuperação
desses ativos fica muito mais complicada.
O Código de Processo Penal continha uma estrutura com resquícios da
criminalidade da época dos anos quarenta, sendo que hoje já não é mais compatível com a
realidade, por isso a necessidade da busca e apreensão de valores e bens. Se não for
comprovado presume-se a ilicitude e esses serão confiscados.
Por fim, como já no início foi levantado, mas importante ressaltar que a nova lei de
lavagem deixa claro que podem ser objeto das medidas assecuratórias os bens, direitos ou
valores que estejam em nome do investigado antes da ação penal, do acusado após a ação
penal ou de interpostas pessoas. Bem como que somente podem ser objeto de medidas os
bens, direitos ou valores que sejam instrumento, produto ou proveito do crime de lavagem
ou das infrações penais antecedentes.
Por outro lado, no Código Penal e de Processo penal, o Estado somente pode entrar
na posse de um bem se ele for instrumento, produto, proveito direito ou indireto do crime.
Ou seja, a redação trás consigo as infrações penais antecedentes, com terminologia mais
ampla, onde o magistrado poderá decretar medidas assecuratórias, englobando todas essas
espécies de medidas cautelares, dentre elas apreensão ou o sequestro de bens, direitos ou
valores, hipoteca legal e o arresto.
No entanto, mesmo que o Brasil possua tais objetivos, através desta pesquisa, foram
notados alguns entraves legislativos para o confisco desses bens, principalmente se
comparado com os métodos adotados em outros países, como veremos a seguir. Neste
sentido, possuímos um sistema que avança no congelamento de bens em face dos acusados,
todavia, a forma de confisco destes proveitos ainda é muito tímida e necessita de melhorias.
No caso brasileiro, se nota uma carência de normas que tornem o crime

16
MENDRONI, Marcelo Batlouni. Crime de Lavagem de Dinheiro. 1. Ed. São Paulo: Atlas, 2006. v. 01.
155p.

12
financeiro/econômico menos atrativo, em especial quando se conjectura com a
possibilidade de perda de bens17.
7 - AMPLIAÇÃO DAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS E A ALIENAÇÃO
ANTECIPADA DE BENS
A globalização trouxe vários avanços, com a tecnologia revolucionando os meios de
comunicação, tornando tudo mais próximo, mais rápido. Podemos afirmar que, para as
Organizações Criminosas, Narcotráfico, Crimes de Colarinho Branco, e os meios de
Lavagem de Capitais também foram beneficiados com o salto da tecnologia. Sendo assim,
não seria viável que as técnicas de combate aos crimes também evoluíssem? Que o Estado
de Direito também se equipe com tecnologia e meios mais eficazes para combater os
infratores?
Nesse ponto, fica bem observado, através do artigo de Euclides Dâmaso Simões e
José Luís F. Trindade, qual trata do seguinte tema:
“Recuperação de activos: da perda ampliada à actio in rem
(virtudes e defeitos de remédios fortes para patologias graves)”, é
feita uma análise sobre tais medidas de recuperação de bens ativos
dos envolvidos com a criminalidade ainda mais amplos, através da
perda ampliada e a “Actio in Rem”18.

Visa-se segundo os autores, modelos mais avançados de combate a criminalidade


mundial, mas sempre com a velha idéia de que o crime não compensa. Por outro lado, não
significa que tudo isso não venha gerar polêmica entre os estudiosos.
A criminalidade atual possui grande desenvoltura para obter grandes proventos
econômicos, e tem como cerne esse objetivo. Falam-se aqui em Organizações Criminosas.
Para os autores, a repressão dessa criminalidade, qual gira em torno dos diversos
tipos de tráficos, por exemplo, não alcançará sucesso se não se voltar para a recuperação de
fundos. Dessa forma, surge a idéia de quebrar o paradigma de que o crime compensa.

17
LINHARES, Solon Cícero. Confisco de Bens, Uma medida penal, com efeitos civis contra a corrupção
sistêmica. São Paulo. 2016. 64p.
18
SIMÕES, Euclides Dâmaso e TRINDADE, José Luís F. - Recuperação De Activos: Da Perda Ampliada
À Actio In Rem (Virtudes E Defeitos De Remédios Fortes Para Patologias Graves) - JULGAR on line-
2009. Pag. 1.

13
A perda ou confisco também estão definidos no art. 2º da Convenção da ONU
contra a corrupção, onde é tida como a perda definitiva de bens por decisão de um tribunal
ou outra autoridade competente.19
Nos Estados Unidos e Europa a insuficiência da modalidade tradicional de
vinculação de perda trouxe a adoção do “extended forfeiture” 20, e segundo os autores a sua
formatação mais ousada desse instituto permite a perda ou confisco dos benefícios do
crime, a menos que o criminoso prove que os recebeu de qualquer fonte não criminosa.
Para Euclides Dâmaso Simões e José Luís F. Trindade há que atuar utilizando as
virtualidades dos dispositivos da lei portuguesa, o que resultará num aperfeiçoamento do
nosso sistema penal. E isso segundo eles, em uma interpretação baseada nos preceitos
constitucionais, onde o MP deve fazer prova segundo o critério tradicional da superação da
dúvida razoável. O MP também deverá provar que esse crime se insere numa determinada
atividade criminosa. Há ainda há necessidade de o Ministério Público demonstrar a
existência de um conjunto de bens, e que esses por não serem proporcionais com o
rendimento normal do arguido, deverão presumir-se como vantagens de atividade
criminosa. E por fim, caberá demonstrar que os bens não possuem uma fonte criminosa.
Na Alemanha pode determinar-se de forma autônoma o perdimento ou confisco de
um bem ou do seu valor correspondente, quando se verificarem os pressupostos para essas
medidas, porém, por razões de prova, nenhuma pessoa pode ser perseguida ou condenada
pelo crime. Nesse caso, e vale à pena ressaltar, o confisco pode assumir a natureza de
sanção ou medida de segurança.
Sendo assim, existe essa possibilidade de aplicar o confisco em procedimento
autônomo do processo penal. E mais além, permite atingir os proventos de um crime
cometido no estrangeiro.

19
(Art.2 º da Decisão-Quadro 2005/212/JAI, de 24/07/2005).
20
SIMÕES, Euclides Dâmaso e TRINDADE, José Luís F. - Recuperação De Activos: Da Perda Ampliada
À Actio In Rem (Virtudes E Defeitos De Remédios Fortes Para Patologias Graves) - JULGAR on line-
2009. Pag. 3.

14
Por último, mas não menos importante, é apresentado outro modelo de confisco,
conhecido como “actio in rem21”. Esse procedimento vai contra o patrimônio, possuindo
caráter administrativo ou civil.
Nos EUA transformou-se no já citado “civil forfeiture”22, qual tem importante
função no combate do tráfico e outras atividades ilícitas.
A “actio in rem” é dirigida contra a propriedade determinada, e possui autonomia.
Para essa medida, não é importante a culpa de quem for o atual proprietário da coisa, mas
na verdade, é o bem que é culpado, não sendo relevante a conduta da pessoa. Dessa forma,
evita-se o maior ônus probatório na esfera civil.
Contudo, os estudiosos também colocam o termo da “civil forfeiture”, baseada em
um procedimento administrativo ou civil, contra uma propriedade carregada de origem
ilícita, bem como trás certa vantagem de não se submeter ao tramites do processo penal, ou
seja, tem um “standard” probatório mais baixo, fazendo com que o confisco seja mais ágil.
Existe, no entanto, uma crise dogmática nessas questões de recuperação de ativos,
confiscos, etc., mas para os autores uma coisa é certa, existe a necessidade de encontrar
soluções, já que as sociedades democráticas exigem garantias mais elevadas, dando
respostas mais eficazes aos desafios que segundo eles, a criminalidade organizada nos
coloca.
Na mesma linha da Recuperação de Ativos que tratam Euclides Dâmaso Simões E
José Luís F. Trindade, vem a tona a ideia do confisco alargado de bens, o qual possui
características similares, porém, com propostas mais avançadas, como veremos adiante.
8 - CONFISCO ALARGADO DE BENS
Para União Européia, a mensagem é clara: recuperar mais bens para o Estado para
trazer melhoras significativas às vítimas do crime, aos contribuintes e a própria sociedade
como um todo. Uma vez confiscados, os produtos e instrumentos do crime podem ter
destinação social ou ainda podem ser objetos de financiamento em novas iniciativas de
operacionalidade para aplicar a lei penal e mesmo como recurso para a prevenção a estas
ações tão nocivas para o cidadão23.
21
SIMÕES, Euclides Dâmaso e TRINDADE, José Luís F. - Recuperação De Activos: Da Perda Ampliada
À Actio In Rem (Virtudes E Defeitos De Remédios Fortes Para Patologias Graves) - JULGAR on line-
2009. Pag. 4.
22
SIMÕES, Euclides Dâmaso e TRINDADE, José Luís F. Op. cit., Pag. 6.
23
LINHARES, Solon Cícero. Confisco de Bens, Uma medida penal, com efeitos civis contra a corrupção
sistêmica. São Paulo. 2016. 92p.

15
Nesse sentido, como proposta, sugere-se a adoção de mecanismos e estratégias de
cooperação jurídica internacional visando dar maior efetividade e publicidade ao confisco
através do Confisco Direto de bens; Confisco de Valores; Confisco Alargado; etc.
O confisco direto de bens e de valores, são as formas mais comuns de apropriação
pelo Estado do produto ou do instrumento do crime, fundamentados em uma decisão
judicial definitiva, podendo, inclusive, ser realizado o confisco por valor equivalente ao do
produto do crime. É o confisco clássico previsto no artigo 91 do Código Penal Brasileiro,
ou seja, a possibilidade de perda de bens de objetos que foram utilizados para a consecução
do delito ou o resultado obtido.
O confisco alargado, instituto aprovado em 03 de abril de 2014, quando o Conselho
Europeu editou a diretiva nº 2014/42/UE 24, insurge uma nova perspectiva no que se refere
ao combate à corrupção sistêmica, visto sua eficácia ao atingir o "calcanhar de Aquiles"
das organizações criminosas, seus lucros. Consiste na perda de bens e valores que são
desproporcionais aos rendimentos do réu, ou seja, após uma condenação por um dos crimes
previstos em um rol taxativo, há presunção de que a essa diferença seja proveniente de
crimes.
Nesse momento, inverte-se o ônus da prova, cabendo ao indiciado comprovar a
licitude da incompatibilidade dos bens. Logicamente que nos casos em que o eventual
investigado comprove a licitude dos seus bens o confisco deixará de existir. Neste caso, por
razões óbvias, não sofrerá a constrição judicial de perda dos bens, entretanto, do contrário,
é presumível que seus bens foram adquiridos com a prática criminal e assim, portanto,
trata-se de criminalidade reditícia e o Estado neste quesito precisa agir para evitar o
reinvestimento em novas práticas criminais.
A nova proposta de confisco é principalmente estudada e defendida pelo Doutor
Sólon Cicero Linhares. Existe segundo ele, a possibilidade do confisco ser decretado
mesmo sem anterior condenação criminal, nas situações, por exemplo, que o arguido
faleceu durante o transcurso do processo penal ou ainda em casos de empreendimento de
fuga nas cargas ilícitas de entorpecentes.25

24
Disponível em: Parlamento Europeu facilita confisco de bens de origem criminosa na EU,
25/02/2014.http://www.europarl.europa.eu/news/pt/newsroom/20140221IPR36627/html/Parlamento-
Europeu-facilita-confisco-de-bens-de-origem-criminosa-na-UE - acesso em 15/07/2016.
25
LINHARES, Solon Cícero. Confisco de Bens, Uma medida penal, com efeitos civis contra a corrupção
sistêmica. São Paulo. 2016. 93p.

16
Ainda segundo o autor, existe a necessidade da ampliação da cooperação judiciária
e policial em nível internacional, modernamente tratada como relações de parceiros entre
Estados membros, fundamentando uma idéia de confiança no intuito de dar efetividade ao
cumprimento das decisões, junto aquelas que visam a reparação de valores, confisco e
apreensão de bens.
Diante da análise de sua obra “Confisco de Bens, Uma medida penal, com efeitos
civis contra a corrupção sistêmica”, observamos que o confisco alargado seria pautado na
alienação antecipada dos bens dos criminosos desde a condenação de segundo grau,
portanto, com o objetivo de evitar o trâmite processual das instâncias extraordinárias que
visam somente postergar a condenação26.
Bem como, a aplicação da inversão do ônus da prova para que o indivíduo
demonstre serem os bens obtidos de forma lícita, pois o estado não possui o aparato para
provar no lugar do réu o contrário. Ainda, a aplicação da já mencionada “actio in rem”, ou
seja, a ação sobre o bem, no intuito de evitar o “standard” probatório penal, trazendo a
discussão da ilicitude do bem para o juízo civil, não avaliando mais a conduta do réu, mas
sim a irregularidade do bem. E por fim, a alienação antecipada sobre todo ou em parte o
patrimônio do réu, desde que esse não prove a licitude de todos os seus bens, onde somente
serão alvos aqueles envolvidos em crimes de organização criminosa que visam o lucro.
Cabe então aqui a seguinte proposta pelo autor, como sendo requisitos formais e
objetivos para a aplicação do confisco alargado, qual seja: i) a condenação em segunda
instância por um delito constate em rol taxativo, sempre que praticado na linha de uma
organização criminosa ou associação objetivando o lucro; ii) que os bens objetos do
confisco estejam na posse do arguido a menos de dez anos; iii) que o arguido não tenha tido
êxito em provar a origem lícita dos bens; iv) que o patrimônio seja desproporcional aos
seus rendimentos lícitos. E ainda, como proposta de transparência a essa medida ampliada
de confisco, o autor sugere requisitos de natureza cumulativa, como por exemplo: i) que a
vida criminosa seja uma espécie de profissão para o arguido; ii) que o patrimônio não tenha
sido financiado de forma lícita e paga pelo arguido também de forma lícita; iii) que o
arguido se utilize de outras pessoas físicas ou jurídicas para dissimular o patrimônio; iv)
que o arguido possua de alguma forma vínculo com paraísos fiscais , ou meios que

26
LINHARES, Solon Cícero. Op. cit. 127p.

17
dificultem a detecção da origem dos seus bens 27. Contudo, o rol de crimes taxativos
incluiria a Lavagem de Capitais dentro da lei ordinária.
9 - VARA FEDERAL DE CURITIBA ESPECIALIZADA NOS CRIMES DE
LAVAGEM DE CAPITAL
O Juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba, a qual tem como Juiz Titular Sérgio
Fernando Moro, deu a esta pesquisa algumas informações práticas da atual conjuntura no
combate a criminalidade ligada aos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, etc.
Quando questionados sobre as principais dificuldades enfrentadas pela Vara Federal
especializada na Lavagem de Capitais, com relação à alienação antecipada de bens, diante
do atual sistema Processual brasileiro, informaram que as dificuldades encontradas são
inerentes ao procedimento de leilão, como por exemplo, os levantamentos de ônus em
relação ao bem (a depender de onde o bem se localiza isso pode ser difícil), eventuais
desbloqueios por outros Juízos e algumas dificuldades relacionadas à próxima avaliação do
bem.
Especificamente em relação à legislação, as alterações trazidas pela lei 12.683/12,
ampliaram muito as possibilidades e facilitou a alienação antecipada de bens nos crimes de
lavagem de dinheiro, o que já foi algo muito benéfico.
No segundo momento, foi indagado se no Brasil é possível ou interessante uma
proposta de “lege ferenda”, sobre a ampliação das possibilidades de alienação antecipada
de bens nos delitos de lavagem de capitais, e a resposta foi que, as alterações trazidas pela
lei 12.683/12, facilitaram a alienação, porém, seria interessante flexibilizar um pouco mais
o percentual mínimo para venda dos bens. Apesar de 75% de já ter sido uma inovação,
ainda é um valor relativamente alto, o que dificulta a venda do bem, e o Estado novamente
sai perdendo neste caso. Fato que demonstra uma necessidade de ajustes na legislação
vigente, com o objetivo de barrar os incentivos que levam a prática dos delitos.
Por fim, a questão da violação de alguns princípios que a Constituição Federal de
1988 nos garante, pois algumas medidas aplicadas em outros países, com o intuito de
combate incisivo aos crimes de lavagem, bem como aos demais crimes correlacionados, são
para muitos estudiosos, afrontas aos princípios constitucionais, como por exemplo, o da
Ampla Defesa, ou o do Contraditório. Quando questionados se o Brasil, diante da situação
27
LINHARES, Solon Cícero. Confisco de Bens, Uma medida penal, com efeitos civis contra a corrupção
sistêmica. São Paulo. 2016. 208p e 209p.

18
atual deveriam ponderar sobre esses princípios, os especialistas da Vara Federal de Curitiba
entendem que no nosso país existe uma distorção dos princípios da Ampla Defesa e do
Contraditório, já que, a aplicação de tais princípios, conjuntamente com o princípio do
Devido Processo Legal e o da Presunção de Inocência, não podem ser confundidos com a
impunidade dos criminosos.
Para eles, é possível ter um processo penal célere, com todos os procedimentos
respeitados, com o exercício da Defesa, sem que isso fira ou desrespeite qualquer princípio.
Muitas vezes, o que se verifica são teses defensivas formalistas, levantadas por poderosas
bancas de Advogados, com o único propósito de arrastar o processo, tudo para evitar o
exame da acusação no que diz respeito ao seu mérito, e, assim evitar a aplicação da lei e a
punição de seus clientes que também são poderosos.
10 – PROPOSTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
As dez medidas contra a corrupção28 já são objeto de divulgação pelo Ministério
Público Federal, com intuito de inserir no ordenamento maiores medidas de combate a
criminalidade, e uma das medidas inclui o confisco alargado de bens, qual passaria a
compor o código vigente. Tal discussão no Parlamento é votada com o projeto de lei (PL)
4850/2016.
Em uma entrevista concedida a revista ISTOÉ em 22/07/2016 29, o procurador
coordenador da força tarefa da Lava Jato Deltan Dallagnol salientou:
“É senso comum que o crime não deve compensar. O problema é
que, no mundo real, ele compensa. Isso não só no Brasil. Segundo
uma pesquisa de um professor da PUC/PR, Sólon Linhares, no
Reino Unido o crime organizado teve um ganho de 15 bilhões de
libras, mas apenas 125 milhões foram recuperados. De 903 milhões
na Alemanha, 113 foram alcançados. Criminosos que adotam um
estilo de vida criminoso, o criminal lifestyle, dificilmente são pegos
e, quando são, respondem pela pequena parte dos seus crimes que
foi descoberta e comprovada, como aconteceu com Al Capone.”

28
Disponível em: 10 Medidas contra a corrupção. http://www.dezmedidas.mpf.mp.br/ - acesso em
23/08/2016.
29
Disponível em: “Hoje a corrupção é um crime de baixo risco e alto benefício”,
22/07/2016.http://istoe.com.br/%E2%80%9Choje-corrupcao-e-um-crime-de-baixo-risco-e-alto-beneficio
%E2%80%9D/#.V5OBWNkM8RU.twitter – acesso em 05/09/2016

19
Segundo Sólon Cicero Linhares, no Brasil aplicando-se a faixa de consenso de
Camdessus ao nosso cenário, tendo em vista que o PIB nacional foi de R$ 4,14 trilhões em
2011, é possível estimar a quantidade de dinheiro “lavado” no país nesse período, ou seja,
pode ter alcançado uma média de R$ 144,9 bilhões, podendo chegar a R$ 207 bilhões30.
Todavia, para que este cenário possa tomar outros rumos precisamos adotar medidas
como Portugal, Alemanha, Espanha e Itália, países que criaram um instrumento legal na
mesma conjuntura do confisco alargado.
11 - TRIÂNGULO DA FRAUDE
O Tribunal de Contas da União lançou recentemente um referencial de combate à
fraude e a corrupção, e um dos principais pontos abordados pelo documento é o estudo do
triângulo da fraude, ou seja, para que esses atos ilícitos possam ocorrer são necessários a
presença de três circunstâncias, a pressão, a oportunidade e a racionalização.
“A fraude nas organizações foi objeto de estudo de Donald R.
Cressey (1953), que teorizou um modelo que ficou conhecido como
“Triângulo da fraude”. Por esse modelo, para uma fraude ocorrer,
é necessária a ocorrência de três fatores: pressão, oportunidade e
racionalização. A primeira aresta do triângulo da fraude é a
pressão, mas em algumas representações do triângulo, essa aresta
é também chamada de incentivo ou motivação.”31

Sendo assim, o referencial que se aplica a qualquer entidade da administração


pública, tanto direta como indireta, específica as três arestas do triângulo da fraude. No que
tange a pressão, pode ser desencadeada por motivos pessoais ou profissionais. Questões
pessoais podem ser diversas, mas por exemplo, o indivíduo acaba optando pelo crime por
estar diante de alguma situação financeira decadente, busca atingir o sucesso financeiro a
qualquer custo, ou qualquer situação pessoal que ache relevante para praticar o ato ilegal.
Outrossim, para que a pressão possa gerar algum efeito, ainda será necessária a
presença da oportunidade, e segundo o referencial, ela só surge pela falha do próprio

30
LINHARES, Solon Cícero. Confisco de Bens, Uma medida penal, com efeitos civis contra a corrupção
sistêmica. São Paulo. 2016. 74p.
31
Disponível em: Referencial de Combate à Fraude e à Corrupção - Aplicável a Órgãos e Entidades da
Administração Pública. https://portal.tcu.gov.br/biblioteca-digital/referencial-de-combate-a-fraude-e-
corrupcao.htm. Pdf. 17p. acesso em 11/06/2017.

20
sistema, pela fragilidade do mesmo, na falta de métodos eficazes que visam diminuir as
brechas que o sistema acaba deixando perceptível, o que torna tudo mais fácil para as
pessoas se corromperem.
Por fim, e mais importante para correlacionar com o confisco alargado de bens, é a
racionalização, pois mesmo que o indivíduo seja pressionado e exista uma oportunidade,
ainda sim é possível que uma aresta do triângulo seja a diferença entre praticar o ato ilícito
ou não.
“A racionalização refere-se à justificação de que o comportamento
antiético é algo diferente de atividade criminosa. Os
transgressores se veem como pessoas comuns e honestas que são
pegas em más circunstâncias. As racionalizações comuns são “eu
estava apenas pegando emprestado o dinheiro”, “eu merecia esse
dinheiro”, “eu tinha que desviar o dinheiro para ajudar minha
família”, “eu não sou pago o que mereço”, “minha organização é
desonesta com outros e merece ser trapaceada”32.

Neste diapasão, percebemos que a prática da corrupção é uma somatória de


circunstâncias, as quais acabam direcionando os agentes a delinquir, e seu combate não
algo tão simples, envolve uma cooperação social, desde métodos de fiscalização, até a
conscientização do cidadão.

12 - POSSIVEIS EFEITOS PRÁTICOS DO CONFISCO ALARGADO SOBRE A


ÉGIDE DO TRIÂNGULO DA FRAUDE
Antes de tudo, é necessário estabelecer que este ponto da pesquisa parte de uma
questão hipotética, e que somente teria efeitos práticos a partir do momento que o Confisco
Alargado fosse realmente adotado.
Neste sentido, partimos do pressuposto de que os indivíduos respondem a estímulos
para praticar algo, e no caso do crime não poderia ser diferente. Para a corrupção,

32
Disponível em: Referencial de Combate à Fraude e à Corrupção - Aplicável a Órgãos e Entidades da
Administração Pública. https://portal.tcu.gov.br/biblioteca-digital/referencial-de-combate-a-fraude-e-
corrupcao.htm. Pdf. 18p. acesso em 11/06/2017.

21
poderíamos então dizer que a pressão, a oportunidade e a racionalização são os estímulos
que levam sua consumação.
Portanto, o confisco alargado seria uma forma de desestimular os indivíduos, uma
medida incisiva dentro do referido triângulo da fraude, pois meche com aquilo que financia
o crime e cresce aos olhos dos infratores, que é o dinheiro, e com o tempo toda a sociedade
passaria a repensar em seus atos, não somente aqueles que praticam os crimes de grande
potencialidade, mas sim todas aquelas pessoas que pensam que o comportamento antiético
é diferente do crime, e isso é justamente o que fala quando tratamos da racionalização, ao
ponto do próprio cidadão enxergar que o troco que ele recebeu a mais na compra do seu
pão e não devolveu é sim um problema cultural, que reflete dos atos mais “simples” até os
crimes que levam o país ao subdesenvolvimento, a corrupção não está somente no alto
escalão econômico, dentro do parlamento, no executivo, ou nas esferas do judiciário, mas
sim na sociedade como um todo, e quem sabe o confisco alargado não será uma das
medidas que trará um pouco de mudança neste cenário.
13 - CONCLUSÃO
O presente trabalho se propôs a analisar os melhores caminhos, bem como técnicas
atuais ou inovações para o combate ao crime de lavagens de capitais, mais especificamente
pelas medidas assecuratórias e alienação antecipada de bens através do confisco alargado.
Fica evidenciado que o Brasil já caminha numa melhor direção, com perspectivas
plausíveis nesse combate, e a lei 12.683 de 2012 é mais um passo nesse caminho árduo. Os
exemplos são grandes, e o Direito comparado nos mostra que é possível ampliar as leis sem
violar princípios fundamentais, com o intuito de reduzir não só a prática de um crime, mas
sim uma gama deles, pois a lavagem de dinheiro é posterior a prática de uma série de
condutas antecedentes, quais advém de crimes menos ofensivos, como por exemplo, o
vulgo “jogo de bicho”, até crimes de ampla magnitude, como os “crimes do colarinho
branco”, ou denominados “powerfull”.
O estudo também deixou claro que o sequestro, a hipoteca legal, as medidas
assecuratórias reais elencadas nos arts. 125 e 134 do CPP, são importantes para o combate a
criminalidade organizada, todavia, existe a carência de métodos mais eficazes, como
demonstrado na obra:

22
“Confisco de Bens, Uma medida penal, com efeitos civis contra a
corrupção sistêmica, por Solon Cícero Linhares,33 o confisco
alargado tem a possibilidade jurídica e fática para suprir o alcance
indesejado do sequestro e da hipoteca legal.”

Sem dúvida é um tema que está longe de ser solucionado, diante das grandes
discussões dogmáticas que pairam, porém, é nítida a necessidade de mudanças, pois mesmo
perante os avanços supramencionados, os estudos sobre a atual conjuntura legislativa de
repressão a corrupção ainda demonstram a deficiência do legislativo em produzir leis
eficazes no combate à corrupção34; a limitação do judiciário no que tange os instrumentos
normativos para a repressão das atividades ilícitas 35; a dificuldade do Ministério Público na
produção de provas devido ao fenômeno da globalização alcançar criminalidade,
proporcionando aos criminosos mecanismos de dissimulação dos capitais obtidos pela
lavagem de dinheiro36, e por fim, a falta de uma reeducação da sociedade para prevenção de
tais crimes, quais tem como foco o proveito de valores astronômicos, colocando o país
ainda mais em situações de colapso econômico, social, jurisdicional.
Em suma, as medidas assecuratórias reais do código de processo penal e a nova lei
de lavagem de capitais necessitam de um meio que amplie a alienação dos bens dos
criminosos, e a proposta de confisco alargado é medida que se impõe diante do novo
Direito Penal, sendo, portanto, o Direito Penal da Globalização, o qual deverá tolher os
incentivos das praticas de “powerfull”, realizando um “asfixiamento econômico” das
organizações com técnicas mais incisivas, pois como disse Marcelo Batlouni Mendroni37,
“não se combate câncer com aspirina.”
REFERÊNCIAS
AVENA, Norberto Cláudio Pâncaro. Processo Penal Esquematizado. 6ª. Ed. SÃO
PAULO: Editora Método, 2014. v. 01.

33
LINHARES, Solon Cícero. Confisco de Bens, Uma medida penal, com efeitos civis contra a corrupção
sistêmica. São Paulo. 2016. 205p.
34
AVENA, Norberto Cláudio Pâncaro. Processo Penal Esquematizado. 6ª. Ed. SÃO PAULO: Editora
Método, 2014. v. 01. 1416p.
35
BOTTINI, Pierpaolo Cruz, BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahi. Lavagem de dinheiro. 1. ed. São
Paulo: RT, 2012. v. 1. 383p.
36
MORO, Sergio Fernando. Crime de lavagem de dinheiro. 1ª. Ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
37
MENDRONI, Marcelo Batlouni. Crime de Lavagem de Dinheiro. 2. Ed. São Paulo: Atlas, 2013, 239p.

23
BONAVIDES, Paulo. Do Estado Liberal ao Estado Social. 11. Ed., 2 tir. São Paulo:
Malheiros Editores, 2013.

BOTTINI, Pierpaolo Cruz, BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahi. Lavagem de


dinheiro. 1. Ed. São Paulo: RT, 2012. v. 1.

CERVINI, Raúl; TERRA DE OLIVEIRA, William; GOMES, Luiz Flávio. Lei de


Lavagem de Capitais. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1998. Tradução livre.

LINHARES, Solon Cícero. Confisco de Bens, Uma medida penal, com efeitos civis
contra a corrupção sistêmica. São Paulo. 2016.

MENDRONI, Marcelo Batlouni. Crime de Lavagem de Dinheiro. 1. Ed. São Paulo:


Atlas, 2006. v. 01.

MENDRONI, Marcelo Batlouni. Crime de Lavagem de Dinheiro. 3. Ed. São Paulo:


Atlas, 2015. v. 01.

MORO, Sergio Fernado.. Crime de lavagem de dinheiro. 1ª. Ed. São Paulo: Saraiva,
2010.

PINTO, Edson. Lavagem de Capitais e Paraísos Fiscais. São Paulo: Atlas, 2007.

SIMÕES, Euclides Dâmaso e TRINDADE, José Luís F. - Recuperação De Activos: Da


Perda Ampliada À Actio In Rem (Virtudes E Defeitos De Remédios Fortes Para
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TEUBNER, Gunther Saskia Sassen e KRASNER, Stephen. Estado, Soberania y


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Maldonado. Siglo delHombre Editores Bogota. Colômbia. 2010.

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brasil-diz coordenador-da-lava-jato. - acesso em 11/09/2016.

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http://www.europarl.europa.eu/news/pt/newsroom/20140221ipr36627/html/parlamento-
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http://www.dezmedidas.mpf.mp.br/ - acesso em 23/08/2016.

24
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25

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