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Textos de Direitos Fundamentais e Direito

Internacional da Protecção da Pessoa Humana

Organizadores:
JOSÉ PINA DELGADO
LIRIAM TIUJO DELGAGO

Editora ISCJS
Praia * 2014

Ficha Técnica:
Colectânia: Textos de Direitos Fundamentais e Direito Internacional da Protecção da Pessoa
Humana – com algumas anotações e indicações bibliográficas
Organizadores: José Pina Delgado e Liriam Tiujo Delgado
© José Pina Delgado e Liriam Tiujo Delgado
Editora: Instituto Superior de Ciências Jurídicas e Sociais (ISCJS)
Colecção: Compilações
Impressão: Imprensa Nacional
Local: Praia
Ano: 2014
Tiragem: 200
Introdução aos Textos Normativos de Direitos Fundamentais e de Direito
Internacional de Protecção da Pessoa Humana

Esta compilação decorre de um projecto iniciado pouco tempo depois de os


organizadores terem começado a leccionar a disciplina de direitos fundamentais no Curso
de Direito do Instituto Superior de Ciências Jurídicas e Sociais e, mais tarde, a cadeira de
Direito Internacional de Protecção da Pessoa Humana (DIPPH) no curso de Relações
Internacionais e outros domínios interligados como o Direito Internacional (DI), o Direito
Público Externo (DPE), o Direito Comunitário (DC) e o Direito da Segurança
Internacional (DSI).
Neste processo, os docentes, no quadro da implementação do projecto didáctico-
pedagógico dos cursos do ISCJS, conceberam tanto as disciplinas do Direito Internacional
no sentido estrito (DI-Parte Geral; DIPPH; DSI) como as que, sendo do direito interno
cabo-verdiano (DF e DPE) estão integradas com (DF) ou têm por objecto directo as
relações externas do Estado de Cabo Verde (DPE), com base numa perspectiva que se
pode denominar de monista, de acordo com a qual há uma ligação umbilical entre os
princípios e regras internacionais e as normas de direito interno que têm por objecto a
protecção da pessoa humana. Neste sentido, pressupõem-se que não se consegue ensinar,
por um lado, uma disciplina que tenha por objecto o sistema cabo-verdiano de direitos
fundamentais sem se recorrer, para além dos instrumentos internos que deles tratam,
também às normas de carácter internacional, nem transmitir os conteúdos de uma
disciplina de direito que tenha por objecto o sistema internacional de protecção da pessoa
humana relevante para Cabo Verde, caso não envolver as normas que no país corporizam
essas normas internacionais seja no nível constitucional, seja no infra-constitucional.
Esta integração entre o sistema internacional e o sistema interno é assumida de
forma clara tanto por um como pelo outro. De uma parte, o sistema internacional actua
com base no pressuposto de que a sua eficácia depende da projecção, recepção e garantia
de eficácia dos seus princípios e regras no direito interno dos Estados ou outras entidades
que se vinculam a essas obrigações, um aspecto ilustrado pelas normas convencionais que
obrigam os Estados-Parte a internalizar essas normas e a apresentar relatórios para a
monitorização desse cumprimento. De outra parte, o sistema cabo-verdiano de direitos, em
resposta a esse enquadramento, foi construído de forma aberta, uma abertura que se
manifesta tanto do ponto de vista normativo, como também institucional, permitindo a
incorporação de normas de direitos, liberdades e garantias no sistema com estatuto de
normas de direitos fundamentais (arts. 17 (1) e 29 (2)), que outras normas sejam recebidas
através dos mecanismos de recepção do Direito Internacional no ordenamento jurídico
cabo-verdiano (art. 12) e, finalmente, na consideração de que instituições judiciárias
internacionais (mormente os tribunais internacionais que têm por objecto a protecção de
direitos humanos) façam parte do sistema cabo-verdiano de direitos fundamentais e
possam participar da sua tutela (art. 210 (2)).
Observou-se, todavia, que se, por motivos evidentes, o acesso às normas-base nesse
domínio é relativamente facilitado em razão de terem sido, naturalmente, vertidas para a
Constituição da República, já o mesmo não ocorre no concernente às normas
internacionais que vinculam Cabo Verde, à luz dos mecanismos previstos pelo artigo 12 da
Lei Fundamental pátria, e em relação às normas infra-constitucionais que as densificam em
Cabo Verde. Estas, em particular, revelam-se dispersas em várias leis ordinárias,
dificultando o seu acesso e o seu recurso como suporte para as aulas que são ministradas
no ISCJS e também nas actividades próprias dos operadores jurídicos e judiciários.
É com este enquadramento que se apresenta uma estrutura dividida em dois
volumes, decorrente da classificação básica dos direitos em direitos, liberdades e
garantias/direitos civis e políticos; direitos económicos, sociais e culturais e os direitos dos
grupos vulneráveis, ficando, pela sua extensão, para o primeiro volume os direitos,
liberdades e garantias/direitos civis e políticos e os direitos económicos, sociais e culturais,
e, para o segundo, os extensos instrumentos relacionados à última categoria mencionada
(os direitos de grupos vulneráveis).
A esta macro-organização foi necessário acrescentar a micro-organização e opções
fundamentais que evidentemente implicam em escolhas muitas vezes difíceis, uma vez que
existem certos instrumentos que são passíveis de entrarem em classificações diversas e
outros que, tendo a ver com o reconhecimento de direitos, em razão da dificuldade de
espaço, não puderam ser incluídas.
O primeiro volume foi dividido em várias partes. A primeira tem por objecto os
textos gerais, ou seja, os que abarcam tanto os direitos, liberdades e garantias, como os
direitos económicos, sociais e culturais (a Constituição da República, a Declaração
Universal dos Direitos Humanos e a Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos); a
segunda, apresenta os instrumentos relacionados aos direitos, liberdades e garantias ou,
utilizando a nomenclatura internacional, os direitos civis e políticos a partir de uma sub-
divisão entre texto geral (o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos), os
relacionados à vida e integridade pessoal, liberdades fundamentais e direitos políticos,
privacidade e nacionalidade.
Na terceira parte introduzimos os textos normativos que se posicionam na
intersecção entre os direitos e a segurança – um interesse público relevante que,
normalmente, justifica a afectação de direitos no quadro constitucional, designadamente
por via da restrição ou da suspensão. Por motivos evidentes, até pela facilidade de acesso
que as caracterizam, não se juntou a esta compilação os mais simbólicos instrumentos
jurídicos concernentes a esta temática, o Código Penal, o Código de Processo Penal e a Lei
de Execução de Penas. Por sua vez a quarta parte do primeiro volume é integrada por
tratados e leis gerais sobre direitos económicos, sociais e culturais, ficando para a quinta e
derradeira, os diplomas ligados à protecção desses direitos no plano internacional e no
plano interno seja através de tribunais ou de órgãos e instituições quase-judiciários ou
mesmo administrativos especiais.
Para o volume dois ficarão os instrumentos internacionais e internos que integrem
os direitos de grupos vulneráveis, uma categoria em processo de consolidação dogmática.
Incluiremos, nesta parte, os instrumentos específicos de protecção dos direitos das
crianças, dos trabalhadores, das mulheres, imigrantes, refugiados e deslocados internos,
pessoas submetidas a sanções criminais, idosos, pessoas com deficiência, minorias sexuais,
etc.
Para além da referenciação oficial do diploma no jornal oficial da República,
tentamos introduzir anotações lá onde se mostraram essenciais para o entendimento do
contexto ou das vicissitudes relacionadas ao documento normativo em causa. Por vezes,
em razão de serem instrumentos internacionais aprovados dentro de um determinado
enquadramento político-jurídico internacional e com efeitos específicos na ordem
internacional; em outras, porque são instrumentos internos envoltos em processos de
reforma legislativa, portanto passíveis de alteração ou cuja existência se mostra precária.

Praia, Maio de 2014


ÍNDICE TEMÁTICO

Apresentação dos Organizadores 05

PARTE I:
TEXTOS NUCLEARES
1) Constituição da República de Cabo Verde
2) Declaração Universal dos Direitos do Homem
3) Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos

PARTE II:
DIREITOS, LIBERDADES E GARANTIAS/DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS
A) Texto Geral
4) Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos
B) Vida e Integridade Pessoal
5) Segundo Protocolo Adicional ao Pacto Internacional sobre os Direitos Civis
e Políticos, com vista a Abolição da Pena de Morte
6) Convenção para a Prevenção e Repressão do Genocídio
7) Convenção contra a Tortura e Outras Penas ou Tratamentos Cruéis,
Desumanos ou Degradantes
8) Lei da Interrupção Voluntária da Gravidez
C) Liberdades Fundamentais/Direitos Políticos
9) Carta Africana sobre a Democracia, as Eleições e a Governação
10) Lei da Liberdade de Reunião e Manifestação
11) Lei da Liberdade Religiosa
12) Lei da Objecção de Consciência
13) Lei das Associações Públicas Profissionais
14) Lei das Associações de Fim Não-Lucrativo
15) Lei dos Partidos Políticos
16) Lei da Comunicação Social
17) Lei do Acesso às Actividades Económicas
D) Privacidade
18) Lei da Protecção de Dados Pessoais
E) Nacionalidade
19) Lei da Nacionalidade
PARTE III:
SEGURANÇA E DIREITOS
20) Lei do Segredo de Estado
21) Lei da Segurança Interna e Prevenção da Criminalidade
22) Lei do Estado de Sítio e Estado de Emergência
23) Lei da Declaração de Calamidade Pública

PARTE IV:
DIREITOS ECONÓMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS
A) Texto Geral
24) Pacto Internacional sobre Direito Económicos, Sociais e Culturais
B) Textos Específicos
25) Lei de Bases do Sistema de Saúde
26) Lei de Bases da Protecção Social
27) Lei de Bases do Sistema Educativo
28) Lei de Bases do Património Cultural
29) Lei da Expropriação

PARTE V:
TUTELA E PROTECÇÃO DE DIREITOS
A) Texto Geral
30) Lei do Acesso à Justiça
B) Meios Jurisdicionais
31) Lei do Tribunal Constitucional
32) Lei do Recurso de Amparo e Habeas Data
33) Estatuto de Roma que cria o Tribunal Penal Internacional
34) Lei do Contencioso Administrativo
C) Meios Quasi-Jurisdicionais
35) Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura e Outras Penas ou
Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes
36) Protocolo Facultativo referente ao Pacto Internacional sobre Direitos Civis
e Políticos
37) Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional sobre os Direitos Económicos,
Sociais e Culturais
D) Meios Não-Jurisdicionais
38) Lei do Provedor de Justiça
39) Estatutos da Comissão Nacional para os Direitos Humanos e a Cidadania
40) Lei do Direito de Petição

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