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Teresa Gallotti Florenzano

,
IMAGENS DE SATELITE
PARA ESTUDOS AMBIENTAIS

de
- textos
--<:::J b
© Copyright 2002 Oficina de Textos

Capa: Isabel M. Sipahi


Ilustração: Daniel Moreira
Imagens: Luigi C. M. Aulicino
Diagramação: Daniel Moreira e Anselmo T. Avila
Revisão técnica: Evlyn M.L.M. Novo

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil

Florenzano, Teresa Gallotti


Imagens de satélite para estudos ambientais /
Teresa Gallotti Florenzano. -- São Paulo : Oficina de Textos, 2002.

1. Estudos ambientais 2. Satélites artificiais no sensoriamento


remoto 3. Sensoriamento remoto - Imagens L Título.

02-5772 CDD-621.3678

Índice para Catálogo Sistemático:


1. Imagens por sensoriamento remoto: Satélites artificiais: Utilização
em estudos ambientais : Tecnologia 621.3678

Todos os direitos reservados à


OFICINA DE TEXTOS
Travessa Dr. Luiz Ribeiro de Mendonça, 4
01420-040 - São Paulo
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www.ofitexto.com.br e-mail: ofitexto@ofitexto.com.br
íNDICE

Apresentação. ......................................................... 5

IMAGENS OBTIDAS POR SENSORIAMENTO REMOTO. ................. 9


1.1 Sensoriamento Remoto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.2 Fontes de Energia Usadas em Sensoriamento Remoto 11
1.3 A Energia Refletida da Superfície Terrestre .. 11
1.4 Sensores Remotos 13
1.5 Resolução........................................................ 14
1.6 Fotografias Coloridas 17
1.7 Imagens Coloridas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2O

2 TECNOLOGIA ESPACIAL NO BRASIL................................... 23


2.1 Satélites Artificiais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.2 Programa Espacial Brasileiro 26
3 DA IMAGEM AO MAPA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.1 Imagens em 3D e Estereoscopia ..... 35
3.2 Escala 37
3.3 Distância dos Sensores à Superfície Terrestre 38
3.4 Legenda.......................................................... 40
4 INTERPRETAÇÃO DE IMAGENS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
4.1 O que é Interpretação de Imagens? 41
4.2 Elementos de Interpretação de Imagens 42
4.3 Como Selecionar Imagens de Satelites? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
5 O USO DE IMAGENS NO ESTUDO DE FENÔMENOS AMBIENTAIS....... 55
5.1 Imagens de Satélites na Previsão do Tempo ..... 55
5.2 Detecção e Monitoramento de Focos de Incêndio e Áreas Queimadas. . . . . . . . . 57
5.3 Desmatamento.................................................... 60
5.4 Erosão e Escorregamento de Encostas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
5.5 Inundação........................................................ 63
6 O USO DE IMAGENS NO ESTUDO DE AMBIENTES NATURAIS. . . . . . . . . . . 65
6.1 Florestas Tropicais 66
6.2 Mangues......................................................... 68
6.3 Ambientes Gelados 7O
6.4 Ambientes Áridos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
6.5 Recursos Minerais ,................... 73
6.6 Feições de Relevo e de Ambientes Aquáticos , ...... 75
7 O USO DE IMAGENS NO ESTUDO DE AMBIENTES TRANSFORMADOS. . .. . 81
7.1 Ambientes Aquáticos 81
7.2 Ambientes Rurais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
7.3 Ambientes Urbanos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
8 SENSORIAMENTO REMOTO COMO RECURSO DIDÁTICO.............. 93

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
Apresentação

A busca contínua de conhecimento sobre o nosso


universo e a conseqüente conquista do espaço pelo homem
possibilita o desenvolvimento de novas tecnologias espaciais. Um
exemplo é a geração de imagens obtidas por sensores remotos
instalados em satélites artificiais. As imagens de satélites permitem
. etL'\:ergar,e descobrir, o planeta Terra de uma posição privilegiada.
Essas imagens proporcionam uma visão sinóptica (de conjunto) e
multitemporal (em diferentes datas) de extensas áreas da superfície
terrestre. Através delas, os ambientes mais distantes ou de difícil
acesso tornam-se mais acessíveis.
Apesar do grande potencial das imagens de satélites para o
estudo e monitoramento do meio ambiente terrestre e da sua
presença cada vez mais freqüente nos meios de comunicação, em
atlas e livros, elas são ainda muito pouco exploradas. Isto se deve,
em grande parte, ao pouco conhecimento a respeito do uso desse
tipo de imagem.

Com o objetivo de difundir esse conhecimento, este livro


fornece informações básicas de sensoriamento remoto. Ele ilustra
como são obtidas as imagens de satélites.. descreve os tipos de
sensores e satélites existentes e destaca o programa espacial
brasileiro, Aborda a relação entre imagem e mapa e o processo de
interpretação de imagens obtidas por sensoriamento remoto. Este
livro mostra como as imagens de satélites podem contribuir para o
estudo dos fenômenos ambientais, dos ambientes naturais e
daqueles transformados pelo homem. Finalizando ele destaca o
uso de sensoriamento remoto como recurso didático. Espero que
o livrq colabore para que as imagens de satélites sejam cada vez
mais exploradas,
..
Agradecimentos

Agradeço a todos aqueles que colaboraram para a realização deste


livro, particularmente aos pesquisadores Evlyn M.L.M. Novo,
Flávio Ponzoni, Gilberto Câmara, Hermann Kux, João Roberto
dos Santos, José Carlos N. Epiphânio, Madalena Niero Pereira,
Mauricio A. Moreira, Nelson Jesus Ferreira, Paulo RoBerto
Martini, Valdete Duarte, Waldir R. Paradella e Yosio
Shirnabukuro, da DSR/INPE; ao Alberto Setzer e José Fernando
Pesquero do CPTEC/INPE; ao Clóvis Solano Pereira do
LIT /INPE; Joseph M. Kirman da Universidade de Alberta; ao
Mauricio M. Braga, representante da Space Imaging; ao Luiz
Antonio Paulino, professor da UFSC; aos a unos do curso d~ pós-
graduação e do curso Internacional de Sen10riamento Remoto do
INPE; aos professores do ensino fundamental e médio do curso
O so do Sensoriamento Remoto no Estudo do Meio Ambiente,
do INPE; ao Giovanni Prota, à Maria Martha Florenzano e à
Vânia Maria N. dos Santos.
'l1
'\.

Agradeço também às se~intes instituições: Centre


National de d'Etudes Spatiales (CNES), Canadian Space Agency
(CSA) , RADARSAT International, IMAGEM Sensoriamento
Remoto e à INTERSAT.

Finalmente, meus especiais agradecimentos ao Instituto


Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) que ofereceu importante
suporte e cujas imagens CBERS e LANDSAT possibilitaram este
livro.

Teresa Gallotti Florenzano


outubro de 2002
Capítulo 1
IMAGENS OBTIDAS POR
SENSORIAMENTO REMoro

s sensores instalados em satélites ar- 1.1 Sensoriamento Remoto


tificiais são o resultado da evolução da ciên-
cia e da tecnologia espacial. As imagens obti- Sensoriamento remoto é a tecnologia que
das de satélites, de aviões (fotografias aéreas) permite obter imagens e outros tipos de dados, da
ou mesmo na superfície ou próximo a ela superfície terrestre, através da captação e do registro
como, por exemplo, uma fotografia da sua da energia refletida ou emitida pela superfície.
casa, escola ou de uma paisagem qualquer, ti- O termo sensoriamento refere-se à obtenção dos
rada com uma máquina fotográfica comum, dados, e remoto, que:significa distante, é utilizado por-
são todos dados obtidos por sensoriamento que a obtenção é feita à distância, ou seja, sem o
remoto. Por isto, inicialmente, vamos definir contato físico entre o sensor e a superfície terres-
o que é sensoriamento remoto . tre, como ilustrado na Fig. 1.1.
. '

fonte de energia

, Satélite/sensor

~
I
I
I
I
I
I
I
I
estação de
knergia emitida
recepção
/ pela superfície
I
I
I
I
I

energia
b- ~ ~~ ~~ __
absorvida
Fig. 1.1 Obtenção de imagens por sensoriamento remoto

_-a Fig. 1.1 podemos observar que o sol ilumina a emitida pela superfície da Terra também pode ser
superfície terrestre. A energia proveniente do Sol, captada e registrada. Observe que, na sua trajetória,
refletida pela superfície em direção ao sensor, é a energia atravessa a atmosfera, que interfere na
captada e registrada por este. Como veremos mais energia final registrada pelo sensor. Quanto mais
adiante, dependendo do tipo de sensor, a energia distante o sensor estiver da superfície terrestre,

9
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

História do Sensoriamento Remoto


A origem do sensoriamento remoto . esplOnagem. Re-
vincula-se ao surgimento da fotografia aérea. centemente, com o
Assim, a história do Sensoriamento Remoto pode fim da Guerra Fria,
ser dividida em dois períodos: um, de 1860 a 1960, muitos dados consi-
baseado no uso de fotografias aéreas, e outro, de derados de segredo
1960 aos dias de hoje, caracterizado por uma militar foram libera-
variedade de tipos de fotografias e imagens. O dos para o uso civil.
Sensoriamento Remoto é fruto de um esforço Na década
multidisciplinar que integra os avanços da de 1960, as pri-
Matemática, Física, Química, Biologia e das meiras fotografias
Ciências da Terra e da Computação. A evolução orbitais (tiradas de
das técnicas de sensoriamente remoto e a sua satélites) da super-
aplicação envolve um número cada vez maior fície da Terra foram obtidas dos satélites
. de pessoas de diferentes áreas do conhecimento. tripulados Mercury, Gemini e Apelo. A con-
A história do Sensoriamento Remoto está tribuição mais importante dessas missões foi
estreitamente vinculada ao uso militar dessa demonstrar o potencial e as vantagens da
tecnologia. A primeira fotografia aérea data de aquisição de imagens orbitais, o que incentivou
1856 e foi tirada de um balão. Em 1862, durante a construção dos demais satélites de coleta de
a guerra civil americana, o corpo de balonistas de dados meteorológicos e de recursos terrestres.
um exército fazia o reconhecimento das tropas Com o lançamento do primeiro satélite
confederadas através de fotografias aéreas. A meteorológico da série TIROS, em abril de
partir de 1909, inicia-se a fotografia tomada por 1960, começaram os primeiros registros siste-
aviões-e na primeira Grande Guerra Mundial seu máticos de imagens da Terra. Em julho de 1972,
uso intensificou-se. Durante a II Guerra Mundial foi lançado o primeiro satélite de recursos
houve um grande desenvolvimento do terrestres, o ERTS-1, mais tarde denominado
sensoriamento remoto. Nesse período, foi de·LANDSAT-1. Atualmente, além dos satéli-
desenvolvido o filme infravermelho, com o tes americanos de recursos terrestres da
)"
objetivo de detectar camuflagem (principalmente série LANDSAT, existem outros como, por
para diferenciar vegetação de alvos pintados de exemplo, os da série SPOT, desenvolvidos pela
verde), e introduzidos novos sensores, como o França. No Brasil, as primeiras imagens do
radar, além de ocorrerem avanços nos sistemas LANDSAT foram recebidas em 1973. Hoje,
de comunicações. Posteriormente, durante o o Brasil recebe, entre outras, as imagens do
período da Guerra Fria, vários sensores de alta satélite CBERS, produto de um programa de
resolução foram desenvolvidos para fins de cooperação entre o Brasil e a China.

como é o caso daquele a bordo de satélites é transformada em sinais elétricos, que são
artificiais, maior será a interferência da atmosfera. registrados e transmitidos para estações de
A presença de nuvens na atmosfera, por recepção na Terra, equipadas com enormes
exemplo, pode impedir que a energia antenas parabólicas (Fig. 1.1). Os sinais envi-
refletida pela superfície terrestre chegue ao ados para essas estações são transformados
sensora bordo de um satélite. Neste caso, o em dados na forma de gráficos, tabelas ou
sensor registra apenas a energia proveniente imagens. A partir da interpretação desses
da própria nuvem. dados, é possível obter informações a respeito
A energia refletida ou emitida pela da superfície terrestre. Como interpretar ima-
superfície terrestre e captada por sensores gens obtidas por sensoriamento remoto você
eletrônicos, instalados em satélites artificiais, vai encontrar no Capítulo 4 deste livro.

10
, CAPíTULO 1 - Imagens Obtidas por Sensoriamento Remoto

1.2 Fontes de Energia Usadas em a velocidade da luz (300.000 km por segundo).


Ela é medida em freqüência (em unidades de
Sensoriamento Remoto
hertz-Hz,) e comprimento de onda-l (em
unidades de metro). A freqüência de onda é o
Qualquer atividade requer o uso de energia, número de vezes que uma onda se repete por
assim como para a obtenção de dados por unidade de tempo. Dessa maneira, como indi-
sensoriamento remoto. A energia com a qual cado na Fig. 1.2, quanto maior for o número,
operam os sensores remotos pode ser proveni- maior será a freqüência e, quanto menor, menor
ente de uma fonte natural, como a luz do sol e o será a freqüência de onda. O comprimento de
calor emitido pela superfície da Terra, e pode ser onda é a distância entre dois picos de ondas
de uma fonte artificial como, por exemplo, a do sucessivas: quanto mais distantes, maior é o
flash utilizado em uma máquina fotográfica e o comprimento e, quanto menos distante, menor
sinal produzido por um radar. será o comprimento de onda (Fig. 1.2). A
A energia utilizada em sensoriamento freqüência de onda é diretamente proporcional
remoto é a radiação eletromagnética, que se à velocidade de propagação e inversamente
propaga em forma de ondas eletromagnéticas com proporcional ao comprimento de onda.

Comprimento de onda (m)


curta longa
10"\3 10"\2 10"" 10"\0 10"9 10"8 10"7 10"6 10"5 10"' 103 10"2 10"\ 10 102 103 104
I I I I I I I I I I I I I I I I I

-.
.11~~~~l~~~\~HHH~~H~~
~~~ AA 0 ~ "A (\ (\ ••
raios gama raio X ultravioleta infravermelho microonda ondas de ródio
(
1IIIIlmll1"nHHH
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I
~
luz visível
V
I
V V V"
I I I
V V V V
I I I I I I
102\ 1020 10\9 10'8 10\7 10'6 1015 10" 10\3 10\2 10" 10'0 109 108 107 106 105
alta baixa
Freqüência (Hz)

Fíg. 1.2 O espectro eletromagnético

o
Espectro Eletromagnético representa 1.3 A Energia Refletida da Superfície
a distribuição da radiação eletromagnética, por Terrestre
regiões, segundo o comprimento de onda e a
freqüência (Fig. 1.2). Observe que o espectro Os objetos da superfície terrestre como a vegetação,
eletromagnético abrange desde curtos compri- a água e o solo refletem, absorvem e transmitem
mentos de onda, como os raios cósmicos e os radiação eletromagnética em proporções que
raios gama (y), de alta freqüência, até longos variam com o comprimento de onda, de acordo
comprimentos de onda como as ondas de rádio com as suas características bio-físico-químicas. As
eTV, de baixa freqüência. Na região do espectro variações da energia refletida pelos objetos podem
visível, o olho humano enxerga a energia (luz) ser representadas através de curvas, como as
eletromagnética, sendo capaz de distinguir as mostradas na Fig. 1.3. Devido a essas variações,
cores do violeta ao vermelho. A radiação do é possível distinguir os objetos da superfície
infravermelho (aquela do calor) é subdividida terrestre nas imagens "de sensores remotos. A
em três regiões: irifraverrn e lho próximo representação dos objetos nessas imagens vai
(0,7-1,3 J..lm)médio (1,3-6,0 J..lm)e distante ou variar do branco (quando refletem muita energia)
termal (6,0-1000 J..lm). ao preto (quando refletem pouca energia) (Fig. 1.4).

11
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

visível ' infravermelho infravermel ho


- água limpa
água turva
Fig. 1.3) é representada com
tonalidades escuras.

-
próximo médio
solo argiloso
solo arenoso
vegetação N a região do visível,
as variações da energia
refletida resultam em um
efeito visual denominado
cor. Desta forma, um
determinado objeto ou
superfície é azul, quando
reflete a luz azul e absorve
as demais. O céu, por exem-
plo, é azul porque as molé-
0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 culas de ar que compõem a
Comprimento de onda (m) atmosfera refletem na faixa
Fig. 1.3 Curva espectrel da vegetação, da água e do solo de luz azul. Os objetos são
verdes, como a vegetação,
Analisando as curvas da Fig. 1.3, quando refletem na faixa de luz verde. Eles são
observamos que na região da luz visível a vermelhos quando refletem na faixa de luz
vegetação (verde e sadia) reflete mais energia na vermelha, como a maçã, por exemplo, e assim
faixa correspondente ao verde. Esse fato explica por diante. A !uz branca é a soma cla~ores do
porque o olho humano enxerga a vegetação na .e.sE..~<:_~~isRcl.,_]2_ortanto, um objeto é branco
cor verde. Entretanto, verifica-se que é na faixa quando re}::!ete_.!odas as.. c<2!es. O ._preto é a
do infravermelho próximo que a vegetação ausência de cores, por isto um objeto é preto
reflete mais energia e se diferencia dos demais quando abs<?rve._to~as as cores desse .espectro.
objetos. A curva do solo indica um
comportamento mais uniforme, ou
seja, uma variação menor, de
energia refletida, em relação à
vegetação, ao longo do espectro.
A água limpa reflete pouca energia
na região do visível e praticamente
nenhuma energia na região do
infravermelho, enquanto a água
túrbida (com sedimentos em sus-
pensão ou poluída) reflete mais
energia, porém somente na re-
gião do visível.

N a imagem da Fig. 1.4


podemos observar, por exemplo,
que a vegetação da mata atlântica,
que reflete muita energia nesta faixa
(como indica a Fig. 1.3), é repre-
sentada com tonalidades claras,
enquanto a água, que absorve muita Fig. 1.4 Imagem de Ubatuba obtida na faixa do infravermelho
energia nessa faixa (como indica a próximo, no canal 4 do sensor ETM+(satélite LANDSA T-7), 11/08/1999.

12
JU CAPíTULO 1 - Imagens Obtidas por Sensoriamento Remoto

1.4 Sensores Remotos regiões do espectro. O olho humano é um sensor


natural que enxerga somente a luz ou energia
visível. Sensores artificiais nos permitem obter
Os sensores remotos são equipamentos dados de regiões de energia invisível ao olho
que captam e registram a energia refletida ou emitida humano.
pelos elementos da superfície terrestre. As câmaras fotográficas e de vídeo
Dependendo de suas características, eles podem captam energia na região do visível e do
ser instalados em plataformas terrestres, aéreas infravermelho próximo. Nas câmaras fotográficas,
(balões, helicópteros e aviões) e orbitais (satélites o filme funciona como o sensor que capta e registra
artificiais). As câmaras fotográficas, as câmaras a energia proveniente de um objeto ou área. O
de vídeo, os radiômetros, os sistemas de varredura sensor eletrônico multiespectral TM, do satélite
(scanners) e os radares são exemplos de sensores. LANDSAT-5, por exemplo, é um sistema de
Existem sensores operando em diferentes varredura que capta dados em diferentes
regiões do espectro eletromagnético. Dependendo faixas espectrais (três da região do visível e
J
do tipo, o sensor capta dados de uma ou mais quatro da região do infravermelho).

Fig. 1.5 Aeronave EMB-110 BANDEIRANTE (do INPE) ~


e seus principais sensores remotos. No detalhe está a
câmara fotográfica instalada na parte inferior do avião ~
que voa em faixas, de um lado ao outro da área a ser
fotografada, a intervalos regulares, e dispara a câmara
fotográfica automaticamente. Fotos: Carlos Alberto
Steffen.

Os sensores do tipo radar, por produzirem


uma fonte de energia própria na região de micro-
ondas, podem obter imagens tanto durante o dia
como à noite e em qualquer condição meteorológica
(incluindo tempo nublado e com chuva). Essa é a
principal vantagem dos radares em relação aos
sensores óticos que dependem da luz do sol, como
as câmaras fotográficas (a menos que se utilize um
flash), as câmaras de vídeo, scanners multiespectrais pelo homem, o princípio de funcionamento é o
como, por exemplo, o ETM+ do satélite mesmo do radar natural de um morcego. O radar
LANDSAT-7, entre outros. Para esses sensores, a artificial, assim como o do morcego, emite um
cobertura de nuvens é uma limitação na obtenção sinal de energia para um objeto e registra o sinal
de imagens. Quanto ao radar artificial, construido que retoma desse objeto.

13
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

Na verdade, o morcego conta com a


ajuda de um sonar que lhe permite captar o
eco dos sons que emite para localizar objetos.
Da mesmssforma que é possível transmitir
~
um jogo de futebol em diferentes emissoras de
rádio e TV, que operam em diferentes freqüências
de energia, denominadas canais, é possível obter
imagens de uma mesma área, em diferentes
faixas espectrais, também denominadas canais
ou bandas.
Na Fig. 1.6, podemos observar imagens
da mesma área obtidas pelo sensor multiespectral
ETM+ do satélite LANDSAT-7 em diferentes
canais. Pela análise dessa figura, verificamos que
os objetos (água, vegetação, área urbana, etc.)
não são representados com a mesma tonalidade
nas diferentes imagens, porque, como vimos
anteriormente (Fig. 1.3), a quantidade de energia
refletida pelos objetos varia ao longo do espectro
eletromagnético e as variações foram captadas pelo
sensor ETM+, que opera em diferentes canais.

1.5 Resolução

A resolução refere-se à capacidade de


um sensor "enxergar" ou distinguir objetos da
superfície terrestre. Mais especificamente, a
resolução espacial pode ser definida como o
menor elemento ou superfície distinguível
por um sensor. Dessa forma, um sensor
como o ETM+, do satélite LANDSAT-7,
cuja resolução espacial é de 30 metros, têm
a capacidade de distinguir objetos que medem,
no terreno, 30 metros ou mais. Isto equivale
dizer que 30 por 30 metros (900 m ') é a
menor área que o sensor TM consegue "ver
ou enxergar".

Fig 1.6 Imagens de Ubatuba. obtidas pelo


(,
ETM'"LANDSAT-7,11/08/1999. nos canais 3 (da região
do visível), 4 (do infravermelho próximo) e 5 (do
infravermelho médio). Podemos observar que a área
urbana está mais destacada na imagem do canal 3.
enquanto a separação entre terra e água é mais nítida
na imagem do canal 4. A vegetação está bem escura
na imagem do canal 3. escura na imagem do canal 5
e clara na imagem do canal 4 que, como destacado
anteriormente. corresponde à faixa espectral na qual
a vegetação reflete mais energia.

14
CAPíTULO I - Imagens Obtidas por Sensoriamento Remoto

RADAR
o termo radar (radio detection and agência espacial europela (ESA) e o
ranging) significa detecção deealvos e avaliação RADARSAT, desenvolvido pelo Canadá, em
de distâncias por ondas de r;[dio. Os radares parceria com a NASA e NOAA, dos EUA. A
operam em comprimentos de onda bem ESA já lançou três satélites de observação da
maiores do que aqueles da região espectral do Terra, o ERS-l, o ERS-2 e o ENVISAT. Os
visível e infravermelho. Eles operam na região satélites ERS, a uma altitude média de 780
de microondas entre as bandas K-alfa (10 em k.m, levam a bordo um radar que opera na
ou 40 GHz) e P (1 m ou 300 MHz). banda C (comprimento de onda de 5,7 em)
O território brasileiro foi imageado, na da região de microondas. A resolução espacial
escala original de 1:400.000, pelo sistema de desse sensor é de 25 metros (tamanho do
radar da GEMS (Goodyear Environmental menor objeto distinguido pelo sensor). O
Monitoring System), transportado a bordo de ENVISAT, lançado recentemente (1-3-2002),
um avião a 11.000 m de altura. Este leva a bordo dez sensores que visam monitorar
imageamento foi realizado em dois períodos: o uso e a cobertura da terra, os oceanos, o gelo
1971/1972 e 1975/1976. O primeiro período polar e a atmosfera. Um desses sensores é um
cobriu a Amazônia Legal, parte leste dos sistema avançado de radar, o ASAR (Advanced
Estados da Bahia e Minas Gerais e norte Syntetic Aperture Radar).
do Espírito Santo; o segundo período cobriu O programa RADARSAT visa fornecer
o restante do Brasil. A partir da análise dessas dados de áreas sensíveis do planeta do ponto
imagens foi feito um mapeamento dos recursos de vista ambiental, como florestas tropicais,
naturais de todo o País pelo projeto desertos em expansão, etc. e para estudos
RADAMBRASIL no período de 1971 a 1986. nas áreas de geologia, geomorfologia,
Os mapas resultantes desse projeto encontram- oceanografia, vegetação, uso da terra e
se publicados na escala de 1:1.000.000. agricultura, entre outras. Deste programa
No nível orbital, ou seja, a bordo de foi lançado o RADARSAT-l que está a uma
satélites artificiais, as missões civis com radar altitude de 798 km. O radar, a bordo desse
iniciaram-se em 1978 com o programa satélite, opera na banda C da região de
SEASAT, desenvolvido pela NASA. microondas, com uma resolução espacial que
Atualmente, destacam-se o programa ERS da pode variar de 10 a 100 m.

Redersst-I ERS-l

15
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

I?:"
-60
<ti

Fig. 1.7 Imagens do aeroporto de San


Francisco (EUA), tomadas com resolução
espacial de 30 metros (a), 5metros (b) e
1 metro (c) pelos sensores a bordo dos
satélites LANDSAT-5, IRS-2 e IKONOS-2,
respectivamente. Cortesia: Mauricio B.
Meira.

primeira missão, o IKONOS-1, não


foi bem sucedida), é possível obter
imagens pancromáticas (região do
visível) de alta resolução, cerca de
um metro, como a da Fig. 1.7 c, e de
quatro metros para as imagens
multiespectrais (região do visível e
_ infravermelho).

Em uma fotografia aérea ou imagem de


satélite, com uma resolução espacial em torno de
1 metro, podem-se identificar as árvores de um
pomar, as casas e edifícios de uma cidade ou os
aviões estacionados em um aeroporto, enquanto
em uma imagem de satélite, com uma resolução
de 30 metros, provavelmente será identificado o
pomar, a mancha urbana correspondente à área
ocupada pela cidade e apenas a pista do aeropor-
to, como pode ser observado na Fig. 1.7.
A partir do satélite americano
IKONOS-2, lançado em setembro de 1999 (a

Fíg. 1.8 Fotografia aérea colorida natural (a) e colorida


infravermelho (b) da Universidade de Wisconsin (EUA).
Observando esta figura é possível constatar que o campo
de futebol é formado por grama sintética (f), pois se a
grama fosse natural (n) seria representada na cor ver-
melha na foto b, como ocorre com o campo ao lado, de
grama natural, e o restante da vegetação natural.
Fonte: Lillesand e Kiefer,2000.

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