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OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
A estrutura interna da Terra é composta por uma série de camadas que variam
de acordo com suas propriedades químicas e físicas. Essas diferenças entre as
camadas profundas do planeta provocam um fenômeno conhecido como correntes
de convecção, responsável pela redistribuição do calor interno que, por sua vez,
controla a dinâmica interna do planeta.
Neste capítulo, você conhecerá os principais sistemas da Terra e suas intera-
ções, identificando as diferentes camadas que constituem a estrutura interna do
planeta. Também compreenderá como esses componentes relacionam-se com a
tectônica de placas e, consequentemente, com o ciclo das rochas.
Sistemas da Terra
A principal característica da Terra é o seu conjunto de condições únicas e ex-
traordinárias que favorecem a existência e a estabilidade de muitas formas de
vida (TEIXEIRA et al., 2000). Isso ocorre devido à interatividade dos sistemas
que compõem o planeta, ao longo do tempo geológico. A Terra apresenta um
raio equatorial ligeiramente maior do que o polar (Figura 1), com a forma de
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Clima
O subsistema do clima inclui todas as propriedades e interações dos compo-
nentes do sistema Terra necessárias para determinar o clima em uma escala
global e descobrir como ele muda com o tempo (PRESS et al., 2006), envol-
vendo as diversas esferas externas da Terra, litosfera, biosfera, hidrosfera e
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vários estudos indicam os seres humanos como agentes ativos nas mudanças
climáticas globais.
Tectônica de placas
A tectônica de placas pode ser descrita como a movimentação de placas
rígidas, compostas por crosta oceânica e/ou continental e compartimentadas
por falhas e fraturas profundas, na superfície terrestre (Figura 3). Essas placas
movimentam-se sobre as camadas mais profundas do planeta influenciadas
pelas diferenças de calor interno da Terra que formam correntes de convecção
no manto, constituindo o sistema de tectônica de placas.
O alto fluxo de calor que ascende do manto, ao atingir as zonas mais
superficiais do interior da Terra, perde calor e movimenta-se lateralmente,
afastando as placas tectônicas sobrejacentes e formando uma zona de re-
baixamento na superfície cada vez mais baixa com relação ao nível do mar. A
continuidade desse processo resulta no afogamento dessa área que tende a
evoluir para um ambiente oceânico. Na medida em que essas áreas se afastam,
são formadas as dorsais meso-oceânicas, em um processo conhecido como
expansão do assoalho oceânico com geração de nova crosta (TEIXEIRA et al.,
2000). No lado oposto, regiões das trincheiras oceânicas, as placas podem
sofrer um processo de subducção, voltando para o interior da Terra ou, caso
apresentem características físicas como densidade, similares às placas,
colidem, formando grandes cadeias de montanhas ou arcos de ilhas.
As feições geológicas que serão formadas dependem dos tipos de placas
tectônicas que estão interagindo entres si, pois cada uma delas apresenta
características químicas e físicas distintas. A crosta continental é composta
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por rochas que variam de ácidas a ultrabásicas, formadas por minerais menos
densos, com espessura média variando entre 25 e 50km (PRESS et al., 2006). A
crosta oceânica possui composição litológica mais homogênea, formada por
rochas básicas a ultrabásicas, portanto, mais densas, apresentando espessura
média que varia entre 5 e 10km, por ser mais nova do que a crosta continental.
Geodínamo
O sistema geodínamo é resultado do campo magnético da Terra que, se-
gundo experimentos de Gauss em 1838, origina-se 95% em seu interior, e
somente uma parte provém de fontes externas (TEIXEIRA et al., 2000), fica
registrado nas rochas da superfície e ultrapassa os limites do planeta. No
interior terrestre, os campos magnéticos são gerados no núcleo externo, que
é composto, principalmente, por ferro e apresenta movimentos convectivos,
que induzem correntes elétricas um milhão de vezes mais rápido do que no
manto sólido (PRESS et al., 2006).
Um campo magnético pode ser visualizado como linhas de força que
apontam para fora do solo no polo norte magnético e para dentro no polo sul
magnético (PRESS et al., 2006). Podemos imaginar a Terra como uma esfera
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cujo centro apresenta um dipolo (dois polos) com eixo magnético inclinado
cerca de 11° com relação ao eixo de rotação da Terra (eixo geográfico) (Figura
4). Esses polos magnéticos migram a uma velocidade de cerca de 0,2° por
ano ao redor do eixo geográfico, descrevendo uma trajetória irregular, mas,
em geral, sem se afastar mais do que 30° do eixo (TEIXEIRA et al., 2000). A
migração dos polos magnéticos faz com que o campo magnético inverta a
sua direção ao longo do tempo (milhões de anos) trocando o polo norte pelo
sul e vice-versa.
(Continua)
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(Continuação)
Figura 7. Correntes de convecção: (a) modelo onde as correntes de convecção ocorrem so-
mente na astenosfera; (b) modelo onde as correntes de convecção envolvem todo o manto.
Fonte: Adaptada de Teixeira et al. (2000).
Isostasia e soerguimento
A isostasia é a condição de busca do equilíbrio das massas litosféricas sobre
a astenosfera, refletindo-se em movimentos verticais da superfície da crosta
terrestre e seu relevo para o alto ou para baixo até a estabilização isostática
(FERREIRA, 1980). As compensações isostáticas da crosta terrestre controlam
tanto os processos de soerguimento associados às cadeias de montanhas
denominadas orogênese quanto a subsidência e geração de depressões
e bacias sedimentares pela atuação de falhas (tafrogênese) (FAUSTINONI;
CARNEIRO, 2015). Assim, uma região está em equilíbrio isostático quando
não há movimentos verticais, subsidência (rebaixamento) ou soerguimento
(elevação) causados, respectivamente, por ganho ou perda de massa na
superfície (TOLEDO, 2014).
Os dois modelos mais conhecidos que explicam o equilíbrio das massas
litosféricas sobre a astenosfera são os modelos de Airy e de Pratt. No modelo
de Airy (Figura 8a), os blocos possuem a mesma densidade, porém apresentam
alturas diferentes, por isso os blocos mais altos são também mais profundos.
No modelo de Pratt (Figura 8b), os blocos possuem densidades e alturas dife-
rentes, apresentando constante o produto da altura pela densidade, assim,
as bases de todos os blocos ficam na mesma profundidade (DUARTE, 2003).
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Referências
DIAS, A. J. G. et al. Endosfera. Revista de Ciência Elementar, v. 1, n. 1, p. 57, 2013.
DUARTE, O. O. Dicionário enciclopédico inglês-português de geofísica e geologia. 2. ed.
Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Geofísica, 2003.
FAUSTINONI, J. M.; CARNEIRO, C. D. R. Movimentos da crosta e relações entre tectônica
e dinâmica atmosférica. Terræ Didatica, v. 11, n. 3, p. 173–181, 2015.
FERREIRA, J. B. Dicionário de geociências. Ouro Preto: Fundação Gorceix, 1980.
GROTZINGER, J.; JORDAN, T. Para entender a terra. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
PRESS, F. et al. Para entender a terra. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.
TEIXEIRA, W. et al. Decifrando a terra. São Paulo: Oficina de Texto, 2000.
TOLEDO, M. C. M. Estrutura interna da Terra. In: TOLEDO, M. C. M.; TEIXEIRA, W.; BOUROTTE,
C. L. M. Geologia. São Paulo: USP/Univesp/EDUSP, 2014. v 1, cap. 3. (Licenciatura em
ciências. Módulo 2: Ambiente da Terra).
VAN DER PLUIJM, B. A.; MARSHAK, S. Earth structure: an introduction to structural
geology and tectonics. 2nd ed. New York: W. W. Norton, 2004.
Leituras recomendadas
BONAN, L. A história recente das ciências da terra como estratégia de ensino para
confrontar representações epistêmicas ingênuas. Terræ Didatica, v. 5, n. 1, p. 4–9, 2009.
JAQUETO, P. et al. O registro da variação secular geomagnética em um espeleotema do
centro-oeste do Brasil: resultados preliminares. Latinmag Letters, v. 3, 2013. Special
Issue.