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CAPÍTULO

2
Clima e Variação Climática

CONTORNO

2.1 A Natureza do Clima e das Condições Climáticas 2.5 Cronogramas de Variação Climática 33
Variação 13
2.6 Variações do Orbital da Terra
2.2 O Sistema Climático 16 Parâmetros 36

2.3 Mecanismos de Feedback 24 2.7 Forçamento Solar 46

2.4 Balanço Energético da Terra e Seus 2.8 Forçamento Vulcânico 50


Atmosfera 27

2.1 A NATUREZA DO CLIMA E VARIAÇÃO CLIMÁTICA

O clima é a expressão estatística dos acontecimentos meteorológicos diários; mais simplesmente, o clima é o
tempo esperado. Naturalmente, para um determinado local, certos eventos climáticos serão comuns
(ou altamente provável); estes ficarão próximos da tendência central ou média da distribuição de
eventos climáticos. Outros tipos de clima serão mais extremos e menos frequentes; o mais
extremo o evento, menor a probabilidade de recorrência. Tais eventos apareceriam em
as margens de uma distribuição de eventos climáticos que caracterizam um clima particular. O geral
a distribuição dos parâmetros climáticos define a variabilidade climática do local. Se fôssemos
medir a temperatura no mesmo local por um período finito de tempo, a distribuição estatística
dos valores medidos refletiria a situação geográfica do local (em relação à energia solar
recebimentos de radiação, grau de continentalidade e elevação), bem como a frequência relativa
de padrões meteorológicos sinópticos e do fluxo de ar associado sobre a região. Dado um tempo suficiente
período de observações, seria possível caracterizar a temperatura do local em
termos de média e variância. Da mesma forma, observações de outros parâmetros meteorológicos, como
como precipitação, umidade relativa, radiação solar, nebulosidade, velocidade e direção do vento,

Paleoclimatologia 13 Direitos autorais # 2015 Raymond S. Bradley.


Publicado pela Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.
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14 2. CLIMA E VARIAÇÃO CLIMÁTICA

permitiria obter uma compreensão mais abrangente do clima do local.


No entanto, implícito nessas estatísticas está o elemento tempo. Durante quanto tempo devem ser feitas
observações para obter uma imagem fiável do clima num determinado local? A Organização
Meteorológica Mundial recomendou a adoção de períodos padronizados de 30 anos para caracterizar o
clima (Organização Meteorológica Mundial, 2007; Arguez e Vose, 2011).
A adoção de um período de referência padrão é necessária porque as estatísticas que definem o clima
em uma área podem variar ao longo do tempo, de modo que o clima, a rigor, deve ser sempre definido
com referência ao período utilizado no seu cálculo. Estudos recentes sobre o aquecimento global
expressam mudanças na temperatura global em relação à média de 1951-1980 ou 1961-1990 (por
exemplo, Hansen et al., 2012), mas muitos estudos paleoclimáticos fazem referência a dados climáticos
de décadas anteriores. Isto torna-se importante quando se tenta comparar as variações climáticas
bastante subtis do passado recente (ou simulações do modelo de circulação geral) com o clima de “hoje”,
uma vez que na maioria das áreas os últimos 30 anos foram significativamente mais quentes do que nas
décadas anteriores; de facto, à escala global, 1981-2010 foi o período de 30 anos mais quente do último
milénio (Mann et al., 1999). O problema é ainda mais difícil quando se trata de precipitação, onde uma
média climática de 30 anos pode ser bastante diferente de outra (Bradley, 1991). Não existe uma
solução simples, pelo que as mudanças no clima devem ser sempre expressas em relação a um intervalo
de tempo definido, para permitir que diferentes reconstruções sejam comparadas de forma adequada.
O clima pode variar de diferentes maneiras. Alguns exemplos de variação climática são mostrados na
Figura 2.1. As variações podem ser periódicas (e, portanto, previsíveis), quase periódicas (previsíveis
apenas em termos mais amplos) ou não periódicas. As tendências centrais (valores médios) podem
permanecer mais ou menos constantes ou exibir tendências ou mudanças impulsivas de uma média para
outra (Hare, 1979). Tais ocorrências podem parecer aleatórias numa série temporal, mas isso não
significa necessariamente que não sejam previsíveis. Por exemplo, vários estudos demonstraram que
mudanças abruptas no clima resultam geralmente de grandes erupções vulcânicas explosivas (por
exemplo, Bradley, 1988). Consequentemente, os efeitos climáticos de erupções semelhantes podem ser antecipados.
Hansen et al. (1996), por exemplo, utilizaram um modelo de circulação geral para estimar as mudanças
de temperatura esperadas a partir da erupção do Monte Pinatubo (Filipinas) em 1991. Suas estimativas
acompanharam de perto as mudanças de temperatura observadas nos anos seguintes à erupção.
Tais estudos indicam que, em algumas circunstâncias, podem ser feitas previsões climáticas fiáveis,
mesmo que as próprias erupções não sejam periódicas.
Um aspecto muito importante da variabilidade no sistema climático envolve feedbacks não lineares,
nos quais podem ocorrer mudanças drásticas se algum limiar crítico for excedido. Um exemplo disto é a
circulação termohalina oceânica que pode deixar de funcionar se o equilíbrio entre salinidade e
densidade nas águas próximas da superfície do Oceano Atlântico Norte for perturbado para além de um certo ponto.
A circulação cessaria então, até que a salinidade aumentasse até ao nível em que a reviravolta da coluna
de água induzida pela densidade pudesse ser retomada (ver Capítulo 6, Secção 6.8).
Finalmente, a variação climática pode ser caracterizada por um aumento na variabilidade sem uma
mudança na tendência central, embora normalmente uma mudança na variabilidade acompanhe uma
mudança na média global. A variabilidade climática é uma característica extremamente importante do
clima no nosso mundo cada vez mais sobrecarregado. Todos os anos, acontecimentos climáticos
inesperados (extremos no espectro climático) resultam em centenas de milhares de mortes e em
dificuldades económicas e sociais incalculáveis. Se a variabilidade climática aumentar, o inesperado
torna-se mais provável e a pressão sobre os sistemas sociais e políticos aumenta. Dados paleoclimáticos
de alta resolução podem esclarecer este importante aspecto da variação climática.
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2.1 A NATUREZA DO CLIMA E VARIAÇÃO CLIMÁTICA 15

FIGURA 2.1 Exemplos de variação e variabilidade climática. De Lebre (1979).

À luz destas discussões, é apropriado considerar o termo alterações climáticas.


É evidente que os climas podem mudar em diferentes escalas de tempo e de diferentes maneiras. Nos
estudos paleoclimáticos, as mudanças climáticas são caracterizadas por diferenças significativas nas
condições médias entre um período de tempo e outro. Dado detalhes suficientes e cronológico
controle, a significância da mudança pode ser calculada a partir de estatísticas que descrevem o tempo
períodos em questão. Condições climáticas marcadamente diferentes entre dois períodos de tempo
implicam um período intermediário de clima caracterizado por uma tendência ascendente ou descendente
ou por uma mudança impulsiva na tendência central (Figura 2.1). Muitos registros paleoclimáticos
parecem fornecer evidências de que existem modos climáticos distintos, dentro dos quais
as variações de curto prazo são essencialmente estocásticas (aleatórias). Breves períodos de movimentos rápidos, escalonados,
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16 2. CLIMA E VARIAÇÃO CLIMÁTICA

as alterações climáticas parecem separar estes interlúdios aparentemente estáveis (Alley et al., 1997c).
Análise de vários milhares de datas 14C em descontinuidades estratigráficas (principalmente em pólen
registos da Europa Ocidental, mas incluindo dados de outros lugares) dá algum apoio a esta
ideia (Wendland e Bryson, 1974). Certos períodos destacam-se como sendo tempos de mudanças ambientais à
escala mundial1 (Figura 2.2). Essas descontinuidades generalizadas
implicam mudanças climáticas abruptas e globalmente sincronizadas, presumivelmente provocadas por alguns
forçamento em grande escala. Em particular, o período de 2760-2510 anos AP (início da época subatlântica)
destaca-se tanto nos dados palinológicos como nos arqueológicos como um período de grande
mudança ambiental e cultural, cuja causa não é conhecida (embora o forçamento solar seja
comumente citado). Há também evidências crescentes de uma mudança no clima de muitos
regiões há cerca de 4.200 anos, que tiveram impactos sociais significativos (Dalfes et al., 1997;
Weiss e Bradley, 2001). Compreender as causas de tais mudanças é cada vez mais importante à medida que a
população mundial continua a crescer, aumentando em mil milhões de pessoas a cada 15 anos,
colocando forte pressão sobre todos os sistemas ambientais (Rockstro¨m et al., 2009). As perturbações abruptas
do sistema climático no futuro terão grandes consequências sociais, económicas e políticas.
consequências (Parry et al., 2007).

2.2 O SISTEMA CLIMÁTICO

Embora seja comum considerar o clima simplesmente como uma função da circulação atmosférica durante um
período de tempo, fazê-lo ignora a complexidade dos fatores que determinam o
clima de uma determinada região. O clima é o produto final de uma infinidade de interações
entre vários subsistemas diferentes – a atmosfera, os oceanos, a biosfera, a superfície terrestre,
e a criosfera – que coletivamente constituem o sistema climático. Cada subsistema é acoplado
de alguma forma aos outros (Figura 2.3), de modo que mudanças em um subsistema podem dar origem a
mudanças em outros lugares (Seção 2.3). Dos cinco subsistemas principais, a atmosfera é o mais
variável; tem uma capacidade térmica relativamente baixa (calor específico baixo) e responde mais rapidamente a
influências externas (da ordem de 1 mês ou menos). Está acoplado a outros componentes do
sistema climático através de trocas de energia na superfície (a camada limite atmosférica) como
bem como através de interações químicas que podem afetar a composição atmosférica (Overpeck
e outros, 2003; Pedersen et al., 2003; Raynaud e outros, 2003). Só recentemente foi possível
avaliar variações na composição atmosférica e turbidez durante longos períodos de tempo,
através de estudos de núcleos de gelo de ambientes primitivos (Lambert et al., 2008; Loulerge
e outros, 2008; Lu¨thi et al., 2008; Bigler et al., 2009; Wolff et al., 2010b; Abbott e Davies,
2012). Tais variações são de particular importância, pois podem ser uma causa fundamental
das mudanças climáticas do passado.
Os oceanos são um componente muito mais lento do sistema climático do que a atmosfera. As camadas
superficiais do oceano respondem a influências externas numa escala de tempo de meses
anos, enquanto as mudanças nas profundezas dos oceanos são muito mais lentas; pode levar séculos para que
mudanças significativas ocorram em profundidade. Como a água tem uma capacidade térmica muito maior que o ar, o

1
Conforme discutido no Capítulo 3, as alterações no conteúdo de 14C da atmosfera podem resultar em períodos de aparentemente
mudança rápida, porque eventos que na realidade estavam separados no tempo parecem quase síncronos quando datados de 14C .
Este efeito pode ter influenciado o padrão de mudança observado por Wendland e Bryson (1974).
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2.2 O SISTEMA CLIMÁTICO 17

FIGURA 2.2 “Descontinuidades climáticas” reveladas pela


análise de mais de 800 datas 14C em descontinuidades Estratigrafia de turfa Datas 14C
estratigráficas em registros paleoambientais (principalmente 0
botânicos) (com base em dados de Wendland e Bryson,
1974). Descontinuidades maiores e menores são mostradas Subatlântico 850
por linhas irregulares grandes e pequenas, respectivamente. 1000
Os limites de tempo da hipotérmica e da altitérmica são de
Deevey e Flint (1957). O esquema Blytt-Sernander da 1680
estratigrafia europeia da turfa foi desenvolvido antes que 2000
as técnicas de datação do século 14 estivessem disponíveis.
Baseia-se em alterações no crescimento da turfa que foram
consideradas relacionadas com o clima. As datas de 2760
3.000
radiocarbono indicam agora que os limites não são precisos, Sub-Boreal
mas variam ao longo dos intervalos indicados (com base 3570
nos resumos de Godwin, 1956; Deevey e Flint, 1957).
4000
Análises objetivas da estratigrafia de turfa indicam que os
4240
estágios “clássicos” da estratigrafia de turfa podem não ter
significado regional, afinal (exceto para a transição
subboreal/subatlântica em cerca de 2.500 anos AP) (Birks 5.000
5060
e Birks, 1981). No entanto, os descritores (Atlântico,

ocimrétitlA
subatlântico, etc.) ainda são habitualmente utilizados para

ocimrétsipiH
atlântico
se referir a um determinado período de tempo, embora 6.000
6050
vagamente definido, tanto climática como cronologicamente.
As cronozonas do final do glacial/início do Holoceno são de Mangerud et al. (1974).
7.000 6910
4A
oPn
sC 1
a

7740
8.000
boreal
8490

9.000
9300

Pré-Boreal
10.000 10.030
Dryas mais
jovens
11.000
AllerØd

Dryas mais antigas


12.000

Bulling

13.000
Dryas

mais antigas

14.000

os oceanos armazenam grandes quantidades de energia e atuam como um amortecedor contra


grandes mudanças sazonais de temperatura. Em grande escala, isto reflecte-se nas diferenças entre
as variações sazonais de temperatura dos hemisférios Norte e Sul (Tabela 2.1). Numa escala menor,
a proximidade do oceano é um factor importante que afecta o clima de uma região. Na verdade, é
provavelmente o factor mais importante, depois da latitude e da elevação.
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18 2. CLIMA E VARIAÇÃO CLIMÁTICA

FIGURA 2.3 Diagrama esquemático dos principais componentes do sistema climático. Os feedbacks entre vários componentes
desempenham um papel importante nas variações climáticas.

TABELA 2.1 Temperaturas Médias (C) e Diferenças de Temperatura

Meses extremos Anos

(a) Superfície

Hemisfério norte 8.0 (janeiro) 21.6 (julho) 15,0

Hemisfério sul 10.6 (julho) 16.5 (janeiro) 13.4

Globo inteiro 12.3 (janeiro) 16.1 (julho) 14.2

(b) Troposfera média (camada de 300-700 mb)

Temperaturas médias

Equador 8.6 8.6 8.6

Polo Norte 41,5 (janeiro) 25.9 (julho) 35,9

pólo Sul 52,7 (julho) 38.3 (janeiro) 47,7

Diferenças de temperatura

Equador-Pólo Norte 32.9 (janeiro) 17.3 (julho) 27.3

Equador-Pólo Sul 29.7 (janeiro) 44,1 (julho) 39,1

Depois de Flohn (1978) e Van Loon et al. (1972).

Actualmente, os oceanos cobrem 71% (361.106 km2 ) da superfície da Terra e, portanto,


desempenham um papel extremamente importante no equilíbrio energético da Terra (Secção 2.4). Os oceanos
são mais extensos no Hemisfério Sul, entre 30 e 70S, e menos extensos no
a zona 50-70N e em direção ao pólo 70S (Figura 2.4). Esta distribuição de terra e mar é de
grande significado; é em grande parte responsável pelas diferenças na circulação atmosférica
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2.2 O SISTEMA CLIMÁTICO 19


FIGURA 2.4 Distribuição percentual
de terra e oceano por faixa de latitude 5.
Área de terreno sombreada. Os números superiores dão
porcentagem da área de superfície hemisférica
em direção ao equador das latitudes mostradas. Setas; flechas
indicam faixas latitudinais médias de cobertura de neve
sazonal (cf. Tabela 2.3).

entre os dois hemisférios e tem implicações importantes para a glaciação da Terra


(Flohn, 1978). Numa escala global, as proporções relativas de terra e mar mudaram pouco
durante o Quaternário, apesar das mudanças no nível do mar devido ao crescimento e decadência das camadas de
gelo continentais. Quando o nível do mar estava 120-130 m abaixo do seu nível actual, a área oceânica diminuiu em
apenas 3% (embora isto seja equivalente a um aumento de 10% na superfície terrestre). Tais mudanças
teve, sem dúvida, significado regional; em particular, as alterações no nível do mar podem ter tido efeitos importantes
na circulação oceânica e certamente devem ter influenciado o grau de continentalidade de algumas áreas (por
exemplo, Nix e Kalma, 1972; Kurek et al., 2009).
Os oceanos desempenham um papel crítico no equilíbrio químico do sistema atmosférico, particularmente no que
diz respeito aos níveis atmosféricos de dióxido de carbono. Porque os oceanos contêm muito
grandes quantidades de CO2 em solução, mesmo uma pequena alteração no balanço oceânico de CO2 pode ter
consequências profundas para o equilíbrio de radiação da atmosfera e, portanto, para o clima
(Sundquist, 1985, 1993). O papel dos oceanos nas trocas globais de CO2 é de particular importância, não só para
uma compreensão das variações climáticas passadas, mas também para uma visão do futuro.
Tendências de CO2 na atmosfera (Sabine et al., 2004; Le Que´re´ et al., 2009). Mudanças na taxa de ventilação dos
oceanos em determinados momentos do passado (devido a variações na temperatura termohalina
circulação) também afetaram a quantidade de radiocarbono na atmosfera, levando a platôs na escala de tempo do
radiocarbono (por exemplo, Muscheler et al., 2008; Skinner et al., 2010).
A superfície terrestre da Terra interage com outros componentes do sistema climático em todos os
prazos. Durante longos períodos de tempo, os movimentos das placas continentais (em relação ao
eixo de rotação da Terra) tiveram efeitos importantes no clima mundial (Tarling, 1978; Frakes
e outros, 1992). Não é por acaso que a frequência da glaciação continental aumentou à medida que
as placas moveram-se para posições cada vez mais polares. Da mesma forma, episódios de construção de montanhas
(orogenias) tiveram efeitos importantes no clima mundial. Além dos efeitos dinâmicos na circulação atmosférica
(Yoshino, 1981; Ruddiman e Kutzbach, 1989; Liu e Yin, 2011), o
presença de superfícies elevadas em latitudes relativamente altas, onde a neve pode persistir por toda parte
ano, pode ser um pré-requisito para o desenvolvimento de mantos de gelo continentais (Ives et al., 1975).
A distribuição latitudinal da terra e do mar é de importância fundamental tanto para a região
e clima global. Em particular, a presença de camadas altamente reflexivas cobertas de neve e gelo
regiões em altas latitudes afetam fortemente os gradientes de temperatura do pólo equatorial (Tabela 2.1b).
No Hemisfério Sul, a presença do planalto antártico de alta altitude ao sul de
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20 2. CLIMA E VARIAÇÃO CLIMÁTICA

FIGURA 2.5 Relação entre a latitude do eixo principal dos anticiclones subtropicais e o gradiente de temperatura
hemisférico (pólo-equador) no mês anterior. Depois de Korff e Flohn (1969).

75S (Figura 2.4) faz com que haja um gradiente de temperatura no pólo equatorial muito mais forte do que
no Hemisfério Norte. Como resultado, um intenso padrão de circulação oeste se desenvolve
acima das camadas superficiais (60% mais fortes, em média, que os ventos de oeste no Hemisfério Norte;
Peixoto e Oort, 1992). O gradiente de temperatura mais forte também resulta na localização do cinturão
subtropical de alta pressão do Hemisfério Sul mais próximo do equador.
do que no Hemisfério Norte (29-35S em comparação com 33-41N; Figura 2.5). Esta diferença, decorrente
principalmente da localização polar da Antártica e das baixas temperaturas associadas, dá origem a uma
assimetria básica na posição das zonas climáticas em ambos os países.
hemisférios (Korff e Flohn, 1969; Flohn, 1978).
A criosfera consiste em geleiras de montanha e mantos de gelo continentais, neve sazonal
e cobertura de gelo em terra e gelo marinho. A sua importância no sistema climático decorre da elevada
albedo das regiões cobertas de neve e gelo, o que afecta grandemente as receitas globais de energia
(Kukla, 1978). Atualmente, cerca de 8% da superfície da Terra está permanentemente coberta por neve
e gelo (Tabela 2.2), mas a expansão sazonal da criosfera faz com que este número duplique
(Tabela 2.3). As diferenças hemisféricas são particularmente profundas. No Hemisfério Norte, 4% da área
total está permanentemente coberta de gelo (principalmente o Oceano Ártico (3%) e
Groenlândia). Nos meses de inverno, a formação de gelo marinho e a queda de neve nos continentes
resultam num aumento de seis vezes na neve e na cobertura de gelo. No meio do inverno, 24% do Hemisfério
Norte está geralmente coberto por neve e gelo. No Hemisfério Sul, a maior parte da cobertura permanente de gelo é
baseados em terra, no continente Antártico, e as mudanças sazonais são quase inteiramente devidas a um
aumento na formação de gelo marinho (Figura 2.6). No meio do inverno, 13% do Hemisfério Sul estará
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2.2 O SISTEMA CLIMÁTICO 21

TABELA 2.2 Extensão atual de neve e gelo permanentes (geleiras, calotas polares e gelo marinho)

Área (106 km2 ) Volume (106 km3 ) Equivalente ao nível do mar (m)

Hemisfério norte

Groenlândia 1,73 3,0 7,5

Outros locais 0,5 0,12 0,3

Total de neve e gelo terrestre 2.23

Gelo marinho 8,87

Total para o Hemisfério Norte 11,0

Hemisfério sul

Antártica 13,0 29,4 73,5

Outros locais 0,032 <0,01 <0,02

Total de neve e gelo terrestre 13.032

Gelo marinho 4.2

Total para o Hemisfério Sul 17.23

Globo inteiro

Total de neve e gelo terrestre 15.3

Gelo marinho 13,0

Total para todo o globo 28,3

Compilado de Kukla (1978), Hollin e Schilling (1981) e Hughes et al. (1981).

TABELA 2.3 Mudanças Sazonais na Área de Cobertura de Neve e Gelo (106 km2 ); Baseado em extensão de neve e gelo
no período 1967-1974 (Kukla, 1978)

Extensão Máxima Extensão Mínima

Mês Área (%) Mês Área (%)

Hemisfério norte Fevereiro 60,1 24a Agosto 11,0 4a

Hemisfério sul Outubro 34,0 13a Fevereiro 17.2 7a

Globo inteiro dezembro 79,1 16b Agosto 42,3 8b

a
Porcentagem da área do hemisfério.
b
Porcentagem da área de todo o globo.

geralmente coberto por neve e gelo. É de particular interesse que a criosfera, considerada em
numa escala global, duplica a sua área num período relativamente curto, de Agosto a Dezembro, em média.
Dada a variabilidade no tempo sazonal das mudanças na cobertura de neve e gelo em ambos os hemisférios,
é bastante provável que aumentos muito grandes de área possam ocorrer durante um período ainda mais curto.
período, e isto tem implicações importantes para as teorias das mudanças climáticas (Kukla, 1975a).
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FIGURA 2.6 Extensão da neve e do gelo em quatro intervalos durante o ano. Note-se que a extensão máxima do gelo
global ocorre em Novembro/Dezembro e a mínima é em Agosto (cf. Tabela 2.3). De Kukla (1978).
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2.2 O SISTEMA CLIMÁTICO 23

Claramente, parte da criosfera sofre variações sazonais extremamente grandes e, portanto, tem um
tempo de resposta muito curto. As geleiras e os mantos de gelo, por outro lado, respondem muito lentamente às
mudanças externas, numa escala temporal de décadas a séculos; para grandes mantos de gelo, tempos de ajuste
pode ser medido em milênios. Simulações do sistema climático durante longos períodos de tempo indicam que o
crescimento e a deterioração das camadas de gelo em altas latitudes dependem criticamente da
configuração orbital da Terra e o nível de CO2 na atmosfera. Quando o CO2 é
<280 ppmv. e a Terra está em uma “órbita fria” (ou seja, alta excentricidade, baixa obliquidade e periélio
ocorrendo no inverno do Hemisfério Norte - veja a Seção 2.6) , as condições são mais favoráveis para o
desenvolvimento de mantos de gelo em altas temperaturas. latitudes setentrionais (DeConto et al., 2008). Para
Na Antártida, o início da glaciação começou com níveis de CO2 muito mais elevados , duas a quatro vezes os
valores pré-industriais (Pollard e DeConto, 2005).
O componente final do sistema climático é a biosfera, composta pelos mundos vegetal e animal, embora a
cobertura e o tipo de vegetação sejam principalmente importantes para o clima. Como a vegetação mudou ao
longo do tempo, ocorreram importantes alterações biogeoquímicas e biofísicas.
feedbacks com a atmosfera (Claussen, 2009). A vegetação não afeta apenas o albedo, a rugosidade e as
características de evapotranspiração de uma superfície, mas também influencia a composição atmosférica
através da remoção de dióxido de carbono e da produção de aerossóis e oxigênio.
(Claussen, 2009; Carslaw et al., 2010). A ausência de vegetação pode resultar em aumentos significativos
na carga de partículas na atmosfera, pelo menos localmente, e isso pode por si só ser um fator significativo
fator na alteração do clima (Overpeck et al., 1996). Simulações de modelos mostram que a perda de vegetação
A cobertura nas áreas semiáridas do Norte de África provoca alterações na hidrologia da superfície, de modo que
o fluxo de calor sensível para a atmosfera aumenta e o fluxo de calor latente diminui, o que leva a uma
aumento da subsidência atmosférica. Tal mudança tende a suprimir as chuvas convectivas de modo que
uma perda de vegetação pode levar a uma redução nas chuvas através de feedbacks positivos na atmosfera, o
que provavelmente amplificaria o declínio inicial da vegetação (Charney et al., 1975; Xue,
1997). Em altas latitudes, fortes feedbacks estão associados a mudanças no albedo quando as florestas
substituir a tundra coberta de neve ou vice-versa. A vegetação tem assim desempenhado um papel importante na
a dinâmica das alterações climáticas do Quaternário (Overpeck et al., 2003).
O tipo de vegetação varia muito de uma região para outra (Tabela 2.4). Florestas e bosques
cobrem 34% dos continentes e desempenham um papel importante na remoção de CO2 atmosférico
(Woodwell et al., 1978; Bonan, 2008). Os desertos e matagais desérticos ocupam 13% dos continentes e são as
principais fontes de poeira trazida pelo vento (embora as terras cultivadas sejam cada vez mais
suscetível à erosão eólica também). O tempo de resposta da biosfera varia amplamente, da ordem
de anos para elementos individuais da biosfera a séculos para comunidades vegetais inteiras.
O sequestro de carbono nos ecossistemas terrestres variou ao longo dos ciclos glacial-interglaciais
devido a mudanças em grande escala na área de diferentes tipos de ecossistemas. Assim, a área de florestas
durante o último máximo glacial (LGM) foi reduzido para menos de um terço da cobertura florestal
hoje, com uma redução correspondente no armazenamento de carbono nos ecossistemas florestais (Van Campo
e outros, 1993). No geral, o armazenamento de carbono em terra foi 30% menor do que hoje no LGM.
Os seres humanos fazem, obviamente, parte da biosfera e as atividades humanas desempenham um papel
cada vez mais importante no sistema climático. Aumentos na concentração atmosférica de CO2,
mudanças na vegetação natural, aumentos na carga de partículas da baixa troposfera,
e as reduções nas concentrações de ozônio atmosférico na estratosfera são uma consequência
das atividades mundiais do homem (Forster et al., 2007). A taxa dessas mudanças é rápida e
até que ponto o sistema climático pode ajustar-se a eles sem mudanças drásticas no clima
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24 2. CLIMA E VARIAÇÃO CLIMÁTICA

TABELA 2.4 Áreas dos principais ecossistemas do mundo e seu conteúdo estimado de carbono e albedo,
Hoje e no Último Máximo Glacial

Área Moderna Carbono Moderno Albedoa Área LGM Carbono LGM

Ecossistema (106 km2 ) Armazenamento (Pág.) (%) (106 km2 ) Armazenamento (Pág.)

floresta boreal 11.8 310,2 7-15 2.3 63,5

Floresta temperada 13,0 343,9 13-17 3.9 109,2

Floresta tropical 14.3 399,9 7-15 6.1 159,4

Florestas xerófitas 11.3 147,0 15-20 19,0 249,2

Todas as florestas e bosques 50,4 1201,0 31.3 581,3

Tundra ártica e alpina 10.7 204,4 10-15 14,7 281,9

Estepes e matagais de montanha 30,8 337,9 15-20 41 444,7

Todas as estepes e tundras 41,5 542,3 55,7 726,6

Desertos frios e polares 4,0 27,4 10-20 15,8 64,0

Desertos quentes 14,5 21.8 25-44 19,7 29,6

Todos os desertos 18,5 49,2 35,5 93,6

Terras cultivadas 14.1 195,0 8-20

Pântanos
0,7 128,1

Total 125,2 2115.6 122,5 1401,5

a
De Lieth (1975)
De Van Campo et al. (1993).

ou a variabilidade climática permanece incerta. A única certeza é que a humanidade se tornou


extremamente vulnerável a quaisquer perturbações inesperadas do clima. O bom senso argumenta
para medidas que limitem as actividades que possam contribuir para perturbações climáticas à escala global
(Metz et al., 2007).

2.3 MECANISMOS DE FEEDBACK

As interações dentro do sistema climático envolvem frequentemente relações complexas e não lineares. Todos
componentes do sistema climático estão intimamente ligados ou acoplados a todos os outros componentes
de tal forma que as mudanças em um subsistema podem envolver mudanças compensatórias em todo o
todo o sistema climático. Estas alterações podem amplificar a perturbação inicial (anomalia) ou
umedeça-o. As interações que tendem a amplificar a perturbação são chamadas de feedback positivo.
mecanismos ou processos; eles operam de tal forma que o sistema fica cada vez mais desestabilizado. As
interações que tendem a atenuar a perturbação inicial são chamadas de feedback negativo.
mecanismos ou processos; proporcionam uma influência estabilizadora no sistema, tendendo a preservar o status
quo (National Research Council, 2003).
O crescimento das camadas de gelo continentais fornece um exemplo de mecanismos de feedback positivo.
Qualquer que seja a perturbação inicial do sistema climático que levou à formação do manto de gelo continental
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2.3 MECANISMOS DE FEEDBACK 25

No passado (ver Secção 2.6) , uma vez que a neve e o gelo persistissem durante todo o ano, o albedo continental mais
elevado teria resultado em menores receitas globais de radiação, portanto em temperaturas mais baixas e num ambiente
mais favorável ao crescimento das camadas de gelo. Claramente, em algum momento, outros
fatores (como falta de precipitação, depressão do leito rochoso e perdas de massa por desintegração) devem ter entrado
em jogo à medida que o manto de gelo crescia em tamanho para reverter essa tendência de
aumento da glaciação do planeta (MacAyeal, 1993; Clark et al., 1999).
Mudanças na concentração atmosférica de CO2 também podem induzir feedbacks positivos. Como CO2
aumentarem, haverá um aumento na absorção de ondas longas (infravermelhas) terrestres
radiação por CO2; concomitantemente, haverá um aumento na absorção de ondas longas pela água
vapor, resultante do aumento das emissões infravermelhas da superfície da Terra e atmosféricas. As temperaturas mais
baixas da troposfera aumentarão assim (o “efeito de estufa”), embora a magnitude da
este aumento continua a ser difícil de avaliar, principalmente devido à complexidade dos efeitos de feedback. Como
a temperatura atmosférica aumentar, a temperatura das camadas superiores do oceano também aumentará
aumentar, fazendo com que o CO2 em solução seja liberado para a atmosfera, reforçando assim a
tendência para temperaturas mais altas. Este exemplo (bastante simplista) de uma abordagem físico-bioquímica
o feedback às vezes é chamado de “efeito estufa descontrolado”. Contudo, a perspectiva
que tal eventualidade ocorrerá devido à produção antrópica de excesso de CO2 proveniente
a combustão de combustíveis fósseis é improvável. À medida que as temperaturas aumentassem, haveria mais
evaporação dos oceanos, aumento da nebulosidade (maior albedo global) e, portanto, uma diminuição na
energia solar para o sistema. Além disso, temperaturas mais elevadas em latitudes elevadas, associadas a
O aumento da advecção da umidade em direção aos pólos pode ser acompanhado por mais queda de neve, resultando
em maior albedo continental (e/ou em um período sem neve mais curto) e, portanto, menor nível geral.
receitas globais de energia. Tais mecanismos são exemplos de feedbacks negativos, em que o
o sistema tende a se estabilizar após uma perturbação inicial. Determinando o relativo
A importância dos feedbacks positivos e negativos é crítica, a fim de quantificar o papel dos factores determinantes nas
alterações climáticas passadas (e futuras).
As interações entre diferentes partes do sistema climático que são provocadas por um processo dentro do sistema
são consideradas mecanismos internos de variação climática. Eles envolvem
iniciação por um fator dentro do sistema climático, como a ressurgência de águas frias do fundo do oceano
água ou uma cobertura de neve invulgarmente persistente sobre uma extensa área da superfície terrestre, que
pode ser amplificado por outros componentes do sistema climático e eventualmente levar a um ajuste na circulação
atmosférica. Estes ajustamentos no sistema climático podem, por sua vez,
alterar, e talvez eliminar, o fator original que iniciou a variação climática. Geralmente,
tais mecanismos são de natureza estocástica, de modo que as consequências climáticas não são previsíveis em escalas
de tempo muito mais longas do que a escala de tempo do processo inicial. Por contraste,
existem factores externos ao sistema climático que podem provocar (forçar) ajustamentos no
clima, mas essas mudanças não têm influência no fator inicial (Mitchell, 1976). Mudanças
na produção solar e/ou características espectrais, mudanças nos parâmetros orbitais da Terra e
mudanças na turbidez atmosférica devido a erupções vulcânicas explosivas são exemplos de
fatores que podem causar mudanças no sistema climático, mas que não são afetados por essas mudanças
(Robock, 1978). Alguns desses mecanismos de variação climática são determinísticos (previsíveis)
uma vez que variam de uma maneira conhecida. Este é particularmente o caso das variações orbitais da Terra, que
foram calculadas com precisão tanto para períodos anteriores no tempo como para o futuro.
(Berger e Loutre, 1991; Berger et al., 1991). Existe, portanto, um elemento de previsibilidade na
as consequentes mudanças climáticas, embora estas possam, por sua vez, depender das condições internas específicas
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26 2. CLIMA E VARIAÇÃO CLIMÁTICA

condições do sistema climático prevalecentes no momento do forçamento externo. O forçamento orbital,


solar e vulcânico é considerado mais detalhadamente nas Seções 2.6–2.8.
Um conceito importante que ocupa muita discussão sobre futuras alterações climáticas devido a gases
antropogénicos com efeito de estufa é a noção de sensibilidade climática, S. Neste contexto, a sensibilidade
climática é definida como a resposta da temperatura média global a uma duplicação de CO2 . Se a
sensibilidade climática for baixa, as temperaturas não aumentarão muito à medida que os níveis de CO2
aumentarem; por outro lado, uma alta sensibilidade implica mudanças mais drásticas de temperatura à frente
(Knutti e Hegerl, 2008). Diferentes modelos, utilizados para estimar futuras alterações de temperatura devido
ao aumento dos níveis de gases com efeito de estufa, têm diferentes sensibilidades climáticas (devido a
diferenças de feedback dentro dos modelos), o que leva à incerteza sobre futuras alterações de temperatura.
Na geração atual de modelos usados na 5ª avaliação do IPCC, S varia de 2,0 a 4,4 C. De forma mais geral,
a sensibilidade climática pode ser considerada como a resposta da temperatura de equilíbrio a qualquer
mudança no forçamento radiativo, levando em conta todos os feedbacks que podem estar envolvidos.
Vários estudos tentaram avaliar o valor de S usando estimativas paleoclimáticas da temperatura global no
passado, juntamente com estimativas de mudanças passadas no forçamento radiativo (por exemplo, Ko¨hler
et al., 2010; Rohling et al., 2012; Schmittner et al., 2011; Membros do Projeto PALAEOSENS, 2012).
Os estudos paleoclimáticos levam implicitamente em consideração fenômenos que levam muito tempo para
entrar em equilíbrio, como mudanças no volume do manto de gelo ou nas temperaturas das profundezas do
oceano (feedbacks lentos que levam muito mais tempo para entrar em equilíbrio do que a escala de tempo
do forçamento inicial). ), bem como fenômenos que respondem mais rapidamente (feedbacks rápidos) (Figura
2.7). Foi dada especial atenção à estimativa da sensibilidade climática utilizando dados paleoclimáticos para
o último máximo glacial, quando os níveis de CO2 eram de 180 ppmv, contra 280 ppmv na era pré-industrial.

FIGURA 2.7 Prazos de diferentes feedbacks que são relevantes para estimar a sensibilidade climática de equilíbrio.
Extraído de PALAEOSENS (2013).
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2.4 BALANÇO ENERGÉTICO DA TERRA E SUA ATMOSFERA 27

vezes, e 400 ppmv em 2014. No entanto, há muita incerteza sobre o quanto as temperaturas médias
globais foram mais frias no LGM, uma vez que as estimativas da paleotemperatura são limitadas
geograficamente. Além disso, os feedbacks no sistema dependem, até certo ponto, do “estado climático”
– e as condições do LGM, com extensas camadas de gelo terrestre, muito mais gelo marinho, grandes
quantidades de aerossóis na atmosfera, etc., estavam longe de ser semelhantes às modernas.
condições de contorno climático (Crucifix, 2006; Yoshimori et al., 2011). No entanto, a maioria das
estimativas de sensibilidade climática baseadas em paleodados situam-se dentro do intervalo do IPCC,
geralmente em torno de 2-3°C, e tendem a excluir a possibilidade de valores de sensibilidade muito
maiores, o que teria resultado em mudanças muito maiores no clima passado. do que foram observados.

2.4 BALANÇO ENERGÉTICO DA TERRA E SUA ATMOSFERA

À medida que a Terra percorre o espaço na sua revolução anual em torno do Sol, ela intercepta
uma pequena fração da energia emitida por esta estrela tão importante. Como a Terra é
(aproximadamente) esférica e gira sobre um eixo inclinado (atualmente) 23,4 em relação ao plano
através do qual se move em torno do Sol (a eclíptica), as receitas de energia variam muito de uma
parte do globo para outra. Além disso, o padrão de receitas de energia está em constante mudança.
Estas receitas diferenciais de energia são a força motriz fundamental da circulação atmosférica. Se a
produção solar for considerada invariante, os padrões espaciais e temporais das receitas de energia
que incidem na atmosfera exterior podem ser calculados (Figura 2.8; Newell e Chiu, 1981). Contudo,
para condições próximas da superfície da Terra, o papel da atmosfera deve ser considerado, uma vez
que a atmosfera diminui grandemente a potencial recepção de radiação solar. Estimar como a energia
recebida então se espalha pela atmosfera é complexo e requer dados observacionais baseados na
superfície e por satélite, bem como simulações de modelos. As melhores estimativas atuais são
apresentadas na Figura 2.9, mas cada componente tem alguma incerteza, como indica o diagrama
(Wild et al., 2012). No entanto, o quadro geral não está em disputa, e isto fornece algumas informações
sobre os factores potencialmente importantes envolvidos nas variações e variabilidade climáticas.
Para o sistema como um todo, as receitas de energia nos limites externos da atmosfera durante o ano
são de 340 W m2 (Kopp e Lean, 2011). À medida que a radiação penetra na atmosfera, em média
global, 76 W m2 (22%) são refletidos no topo das nuvens ou espalhados para cima por moléculas e
partículas no ar. Como a superfície da Terra também é reflexiva, outros 24 W m2 (7%) da radiação
solar incidente são devolvidos ao espaço, sem aquecer a atmosfera ou a superfície da Terra. O albedo
planetário global (refletividade) é, portanto, de 29% (100 W m2 ). Outros 79 W m2 (23%) são absorvidos
pelo ozono, pelo vapor de água e pelas gotículas de água nas nuvens, e pelas partículas, aumentando
assim a temperatura da atmosfera. Assim, apenas 47% (161 W m2 ) da energia que incide na
atmosfera exterior atinge a superfície, onde é absorvida, aumentando a temperatura da superfície.

A energia é reirradiada da superfície da Terra em comprimentos de onda mais longos (radiação


terrestre), grande parte da qual é absorvida pelo vapor de água, dióxido de carbono e outros gases
residuais na atmosfera (efeito estufa). A atmosfera é assim ainda mais aquecida (aumentando a
energia de ondas curtas que absorveu) e assim emite radiação de ondas longas (tanto para cima como
para baixo). No geral, porém, há uma perda líquida de radiação de ondas longas da Terra para o
espaço através da atmosfera; 34% da energia absorvida pela superfície da Terra (55 W m2 ) é perdida
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FIGURA 2.8 Distribuição da radiação solar no topo da atmosfera (em W m2 ). A posição aparente do Sol acima da cabeça ao
meio-dia (declinação) é mostrada pela linha pontilhada.

FIGURA 2.9 Diagrama esquemático do balanço energético médio global da Terra, em W m2 . As incertezas são dadas
entre parênteses. Note-se que a última estimativa para a irradiância solar total durante o mínimo do último ciclo solar é
de 1360 W m2 ; este valor é dividido por 4 para obter a energia distribuída pela área da seção transversal (circular) da
Terra (ou seja, 340 W, m2
como mostrado aqui). De Wild et al. (2012).
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2.4 BALANÇO ENERGÉTICO DA TERRA E SUA ATMOSFERA 29

por emissões radiativas desta forma. A energia restante na superfície, ou radiação líquida, é transferida para
a atmosfera através de transferências de calor sensível e latente. O fluxo de calor sensível (H) envolve a
transferência de calor diretamente da superfície para camadas de ar imediatamente adjacentes a ela pelos
processos de condução e convecção. O fluxo de calor latente (LE) envolve a transferência de calor da
superfície através da evaporação da água; à medida que a água evapora da superfície, o calor latente é
extraído, apenas para ser liberado para a atmosfera posteriormente, quando a água se condensa.
Este é o mecanismo mais importante pelo qual a energia é transferida da Terra para a atmosfera,
representando 80% (85 W m2 ) da radiação líquida na superfície da Terra (Figura 2.9). A importância relativa
dos mecanismos de calor sensível e latente na transferência de calor da superfície da Terra é por vezes
caracterizada pela razão de Bowen (H/LE); valores elevados (10) são típicos de áreas desérticas onde os
valores do fluxo de calor latente são muito baixos, enquanto os baixos índices de Bowen (1) são típicos de
áreas oceânicas onde a maior parte da energia é transferida através da evaporação da água.

Os valores médios globais para o balanço energético fornecem uma base para avaliar a importância de
uma série de parâmetros no sistema climático. Consideremos, por exemplo, o papel da presença de nuvens
nas receitas globais de energia. À escala global, 22% de toda a energia que entra na atmosfera é reflectida
pelos topos das nuvens, devido ao seu albedo extremamente elevado. As nuvens também absorvem energia
de ondas longas emitida pela superfície da Terra. Pequenas variações na cobertura global de nuvens, ou
mesmo no tipo de nuvem, podem, portanto, ter consequências muito grandes para o balanço energético
global, mas no registo paleoclimático temos poucas pistas sobre como a nebulosidade pode ter variado ao
longo do tempo numa escala global. (Bradley et al., 1993). Na superfície da Terra, o albedo é de particular
importância, embora isto seja mais aparente quando as médias zonais (faixa de latitude) são consideradas (Figura 2.10). O

FIGURA 2.10 Distribuição latitudinal do


albedo de superfície médio sazonal (média
em torno das faixas de latitude, ou seja,
———, zonalmente). estimativas de Kukla
e Robinson (1980); - - - - -, estimativas de
Hummel e Reck (1979). Depois de Kukla e
Robinson (1980).
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30 2. CLIMA E VARIAÇÃO CLIMÁTICA

a distribuição de neve e gelo domina este padrão (cf. Figura 2.6) e é em grande parte responsável pelos grandes
défices de energia em latitudes elevadas (ou seja, maiores perdas radiativas do que ganhos, acomodados por
transferências de energia de baixas latitudes). Foi apenas durante os últimos 35 anos que os satélites forneceram
uma perspectiva global sobre as variações da cobertura de neve e gelo, tanto sazonalmente como interanualmente.
Embora os registos sejam bastante curtos, é evidente que as variações na extensão da neve e do gelo de ano para
ano podem alterar o albedo da superfície hemisférica ponderada por área em 3-4%, o que pode influenciar a
circulação atmosférica nas estações subsequentes, proporcionando um feedback positivo para o sistema (Groisman
et al., 1994a,b). Durante períodos de tempo mais longos, as mudanças no albedo da superfície foram muito grandes
e os seus efeitos no albedo devem ter sido profundos. Não só os mantos de gelo continentais e o gelo marinho mais
extenso (Tabela 2.5) aumentaram o albedo global, mas também os desertos mais extensos e as pastagens de
savana na época dos máximos glaciais teriam acentuado este efeito.
A importância do CO2 atmosférico e do vapor de água também é evidente na Figura 2.9; esses gases
desempenham um papel vital no balanço energético global devido à sua relativa opacidade em relação à radiação
terrestre. Um aumento de CO2 reforçaria esta troca de energia, aumentando as temperaturas atmosféricas. No
entanto, muitas outras interacções e consequências também resultariam, e é esta complexidade que torna tão difíceis
as previsões do impacto climático dos aumentos de CO2 (Meehl et al., 2007).

Este esboço do balanço de radiação do sistema Terra-atmosfera é em grande parte uma simplificação da
realidade. Mais importante ainda, existem grandes diferenças regionais nos valores da radiação líquida e do fluxo de
calor latente e sensível devido à geografia da Terra (distribuição dos continentes e oceanos, relevo da superfície,
vegetação e cobertura de neve) e às diferenças climáticas básicas de um região para outra (principalmente variações
na cobertura e tipo de nuvens) (Budyko, 1978). Isto é facilmente aparente a partir da consideração dos componentes
do balanço energético anual para a superfície da Terra, mostrados como médias zonais na Tabela 2.6 e mapeados
nas Figuras 2.11–2.13. A radiação líquida varia de 30 W m2 em altas latitudes a 170 W m2 em partes dos oceanos
tropicais e equatoriais (Figura 2.11). Nos continentes, a radiação líquida é inferior à média zonal devido ao maior
albedo da superfície (por exemplo, nas regiões desérticas) ou devido às maiores quantidades de nuvens que reduzem
as receitas de radiação superficial (Tabela 2.6).

Para a Terra como um todo (Tabela 2.6, resultado final), 84% da radiação líquida é contabilizada por radiação latente.

TABELA 2.5 Extensão máxima dos mantos de gelo terrestres durante o Pleistoceno

Área (106 km2 )

América do Norte 16.22

Groenlândia 14h30

Europa 7.21

Ásia 3,95

América do Sul 0,87

Australásia 0,03

Antártica 13,81

Observe que nem todas as áreas experimentaram cobertura máxima de gelo ao mesmo tempo durante o
Pleistoceno. Por conseguinte, não é adequado totalizar estes valores. Também a cobertura sazonal de neve e a
extensão do gelo marinho não estão incluídas, pelo que estes números representam alterações mínimas na área
da criosfera global (cf. Tabelas 2.3 e 2.4).
Depois de Flint (1971) e Hollin e Schilling (1981).
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TABELA 2.6 Valores Latitudinais Médios dos Componentes do Balanço de Calor da Superfície Terrestre (W m2 )

Latitude Terra oceano Terra

R LE P R LE P F0 R LE P F0

70-60N 29 21 8 30 41 29 40 29 27 15 12

60-50N 42 30 12 57 62 25 31 49 44 17 12

50-40N 60 33 27 85 89 21 25 72 60 24 12

40-30N 77 31 46 119 127 19 27 101 86 31 16

30-20N 85 25 60 147 145 9 7 125 100 28 3

20-10N 98 42 56 161 155 97 4 145 126 21 3

10-0N 105 76 29 165 138 9 17 151 123 13 15

0-10S 105 81 24 169 131 8 29 154 119 12 23

10-20S 100 60 40 162 150 12 0 149 130 19 0

20-30S 94 37 57 145 141 15 11 133 117 24 8

30-40S 82 38 44 122 109 15 1 117 101 19 3

40-50S 58 29 29 96 68 8 20 94 66 9 19

50-60S 46 29 17 61 46 12 3 61 46 12 3

Terra inteira 66 36 30 121 109 12 0 105 88 17 0

R é o fluxo radiativo de calor (balanço de radiação da superfície da Terra) igual à diferença da radiação de ondas curtas absorvida
e a radiação líquida de ondas longas que sai da superfície da Terra; LE é o gasto de calor para evaporação (L é o calor latente
de vaporização e E é a taxa de evaporação); P é o fluxo turbulento de calor entre a superfície da Terra e a atmosfera;
F0 é o rendimento de calor resultante da troca de calor através dos lados da coluna vertical de uma seção unitária que passa pelo
Superfície da Terra com as camadas ambientais. Os valores para a Terra como um todo são ligeiramente diferentes das estimativas mais recentes de
Selvagem et al. (2012) apresentados na Figura 2.8, que dão valores para R de 106 W m2 e para LE de 85 W m2 , mas os valores aqui são
bem dentro das incertezas fornecidas por Wild et al. (2012). As estimativas para regiões geográficas mais pequenas são mais difíceis, mas
os valores nesta tabela provavelmente estarão corretos dentro de 10%.
De Budyko (1978).

FIGURA 2.11 Distribuição global da radiação líquida anual de ondas curtas (Rn) na superfície da Terra. Valores geralmente
aumentam das regiões polares para a zona equatorial, mas regiões nubladas (como a convergência intertropical
Zona Sul e Bacia Amazônica) apresentam valores mais baixos. Do Centro Europeu de Previsão Meteorológica de Médio Prazo,
Atlas ERA-40.
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32 2. CLIMA E VARIAÇÃO CLIMÁTICA

FIGURA 2.12 Distribuição global anual do fluxo de calor latente na superfície da Terra (W m2 ). Valores negativos
indicam que o fluxo de energia é da superfície para a atmosfera. O fluxo máximo de calor latente (maiores valores
negativos) ocorre nas regiões oceânicas das regiões subtropicais. Do Centro Europeu de Previsão Meteorológica de
Médio Prazo, ERA-40 Atlas.

FIGURA 2.13 Distribuição global anual do fluxo de calor sensível na superfície da Terra (W m2 ). Valores negativos
indicam que o fluxo de energia é da superfície para a atmosfera. O fluxo máximo de calor sensível da Terra para a
atmosfera (maiores valores negativos) está associado às principais regiões desérticas. Valores positivos indicam que o
calor é transferido da atmosfera para a superfície terrestre (principalmente no Ártico e na Antártica). Do Centro Europeu
de Previsão Meteorológica de Médio Prazo, ERA-40 Atlas.
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2.5 TEMPOS DE VARIAÇÃO CLIMÁTICA 33

TABELA 2.7 Balanço de Energia para Diferentes Superfícies (W m2 )

R eu H a H/L

Floresta tropical 110 85 25 13 0,3

Savana 65 40 25 33 0,6

Deserto 70 8 62 46 8,0

Depois de Baumgartner (1979).

gastos com calor (88 de 105 W m2 ) (ou 80% de acordo com as estimativas revisadas de Wild et al.,
2012, discutido anteriormente). No entanto, se considerarmos apenas os oceanos, 90% da radiação líquida (109 de
121 W m2 ) são utilizados na evaporação, em comparação com apenas 55% nos continentes. Na verdade, em
áreas extremamente áridas, a transferência de calor latente pode ser responsável por <20% da radiação líquida
(cf. Figuras 2.11 e 2.12). Nessas áreas, o fluxo de calor sensível é de importância primordial (Figura
2.13). Para os continentes como um todo, 45% da radiação líquida é utilizada em transferências de calor sensível.
Sobre os oceanos, o fluxo de calor sensível só é importante nas altas latitudes setentrionais, onde
correntes que fluem para o norte colocam água quente em contato com massas de ar polares frias
(Figura 2.13). As próprias correntes oceânicas desempenham um papel muito importante no transporte de energia, uma vez que
fica claro na coluna 8 da Tabela 2.6. O “excesso” de calor é transferido das regiões equatoriais e tropicais
regiões a latitudes mais altas onde a energia assim disponibilizada pode até exceder a radiação líquida na superfície (por
exemplo, 60-70N; cf. Figuras 2.11 e 2.13).
A partir desta visão geral do balanço energético de diferentes regiões, é apenas um pequeno passo considerar como os
componentes do balanço energético de algumas áreas podem ter variado no passado e
como as atividades humanas podem afetar o equilíbrio energético de algumas áreas no futuro. Claro, é
só será possível fazer isso de forma grosseira, uma vez que o balanço energético de qualquer local é uma
função de muitas variáveis, incluindo partes do sistema climático distantes do local
em questão. No entanto, alguns pontos gerais podem ser feitos. Consideremos, por exemplo, a vasta
Região do Deserto do Saara. Atualmente, a radiação líquida nesta área é em média de 70 W m2
com um índice de Bowen de 8 (Tabela 2.7; Baumgartner, 1979). Durante o início e meados do Holoceno,
a área era mais úmida e sustentava uma cobertura vegetal de pastagem esparsa, aumentando para savana
ao longo da margem do Sahel a sul (Hoelzmann et al., 2004; Le´zine et al., 2011); se moderno
análogos servem de guia, a área teria um albedo mais baixo, radiação líquida mais alta e
índice de Bowen muito mais baixo. Outras regiões desérticas também experimentaram mudanças semelhantes na vegetação
e, portanto, no balanço energético (embora as mudanças em outros lugares tenham sido geralmente maiores no último
máximo glacial). Como os desertos e semidesertos ocupam hoje mais de 10% da superfície continental
área, tais mudanças tiveram consequências importantes para o equilíbrio energético do mundo como um todo. Isto
também parece provável que o sobrepastoreio e a desertificação de ambientes marginais hoje, como
bem como a destruição dos ecossistemas florestais tropicais, provocará mudanças marcantes na
o balanço energético das baixas latitudes, com possíveis consequências globais.

2.5 TEMPOS DE VARIAÇÃO CLIMÁTICA

O clima varia em todas as escalas de tempo e espaço, desde a variabilidade climática interanual até
variações de períodos muito longos relacionadas com a evolução da atmosfera e mudanças na litosfera. Exemplos de flutuações
climáticas conhecidas são mostrados na Figura 2.14. Neste diagrama,
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34 2. CLIMA E VARIAÇÃO CLIMÁTICA

FIGURA 2.14 Diagrama esquemático que ilustra flutuações climáticas em escalas de tempo que variam de decenal (os últimos 100
anos, painel mais baixo) a centenário (os últimos 1000 anos, segundo painel) a milenar (os últimos 10.000 anos), até o último
milhão de anos (painel superior) . Cada painel sucessivo, de trás para frente, é uma versão expandida (ampliada por um fator de
10) de um décimo da coluna anterior. Assim, as variações climáticas de frequência mais alta são “aninhadas” em mudanças de
frequência mais baixa. Observe que a escala de temperatura (representando a temperatura média anual global) é a mesma em
todos os painéis. Isto demonstra que as mudanças de temperatura ao longo dos últimos 100 anos (painel inferior) foram menores
em comparação com as mudanças durante longos períodos de tempo. Tais mudanças ocorreram ao longo da história, mas perdem-
se no ruído dos registos climáticos de longo prazo; apenas as mudanças de amplitude maiores são detectáveis quando olhamos para trás no tempo.
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2.5 TEMPOS DE VARIAÇÃO CLIMÁTICA 35

cada linha representa uma expansão, por um fator de 10, de cada intervalo na linha acima dela. Assim,
pode-se imaginar variações de curto prazo (alta frequência) aninhadas em variações de longo prazo
(frequência mais baixa) (Webb, 1991). No entanto, no registo paleoclimático, à medida que recuamos
cada vez mais no tempo, é cada vez mais difícil resolver as variações de frequência mais elevada,
embora em algumas circunstâncias, breves instantâneos das condições do passado possam ser
revelados em alta resolução (por exemplo, Tudhope et al., 2001). Como as variações climáticas na escala
temporal de anos a décadas são da maior importância para a sociedade moderna, cada vez mais atenção
deve ser dada aos dados paleoclimáticos pertinentes a este problema (Bradley e Jones, 1992a).
As flutuações climáticas em diferentes escalas de tempo podem ser provocadas por mecanismos
internos ou externos, que operam em frequências diferentes (Figura 2.15). As alterações nos parâmetros
orbitais da Terra, por exemplo, são prováveis candidatas a variações climáticas na escala de tempo dos
glaciares e interglaciais durante o final do Quaternário, mas não podem explicar as variações climáticas
multidecadais que ocorreram ao longo dos últimos mil anos. Para flutuações nessa escala temporal, é
mais provável que estejam envolvidos outros factores, como a carga de poeira vulcânica na atmosfera, a
variabilidade solar ou ajustes internos entre diferentes subsistemas do sistema climático (Jones et al.,
1996). É claro que diferentes factores de força podem ter operado em conjunto, causando flutuações
climáticas de magnitude variável em diferentes momentos do passado, embora factores individuais
possam ser responsáveis pela variação do clima numa determinada frequência. Mitchell (1976) salientou
que grande parte da variância do registo climático resulta de processos estocásticos internos ao sistema
climático. Isto inclui processos atmosféricos de curto período (por exemplo, turbulência) com constantes
de tempo na escala de minutos ou horas, até processos de ação mais lenta ou mecanismos de feedback.

FIGURA 2.15 Exemplos de processos potenciais envolvidos em flutuações climáticas e suas escalas de tempo características
(Kutzbach, 1974).
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36 2. CLIMA E VARIAÇÃO CLIMÁTICA

que aumentam a variação climática em escalas de tempo mais longas. No entanto, estes factores apenas
contribuem com ruído branco para o espectro climático em escalas de tempo superiores à escala de tempo
do processo em questão (ou seja, contribuem para a variação do clima de uma forma aleatória e imprevisível,
sem efeitos concentrados numa frequência específica). Sobrepostos a este ruído de fundo estão certos picos
no espectro de variância do clima que correspondem a mecanismos de forçamento externos que operam
num domínio de tempo restrito (isto é, são fenómenos periódicos ou quase periódicos). Tal variabilidade
temporal pode estar associada à variabilidade espacial característica (Mann et al., 1996). Por exemplo, os
eventos ENSO (El Niño-Oscilação Sul) ocorrem em escalas de tempo de 3 a 7 anos e têm padrões de
anomalias espaciais distintos (Diaz e Kiladis, 1992).
Sabe-se que os mecanismos de forçamento determinísticos operam apenas em algumas frequências
relativamente estreitas e, embora sejam muito importantes para a variação climática nessas frequências, a
sua contribuição para a variação climática global é menor em comparação com o papel dos processos estocásticos.
Isto apresenta problemas tanto para a previsibilidade climática como para a interpretação de mudanças
climáticas passadas (conforme visto no registo paleoclimático) em termos de factores causais específicos
(Mitchell, 1976). No entanto, certos mecanismos de forçamento externos têm sido frequentemente utilizados
para explicar características do registo paleoclimático. O mais importante deles para as flutuações climáticas
no período Quaternário são as variações nos parâmetros orbitais da Terra que são a causa subjacente dos
ciclos glacial-interglaciais durante pelo menos os últimos milhões de anos (Berger e Loutre, 1991) . Isto é
discutido mais detalhadamente na próxima seção e no Capítulo 6, Seção 6.3.3.

2.6 VARIAÇÕES DOS PARÂMETROS ORBITAL DA TERRA

Embora se saiba há mais de 2.000 anos que a posição e a orientação da Terra em relação ao Sol não têm
sido constantes, só em meados do século XIX é que a importância de tais variações para o clima da Terra foi
realmente apreciada. Naquela época, James Croll, um historiador natural escocês, desenvolveu uma hipótese
na qual a causa final das glaciações no passado eram consideradas mudanças nos parâmetros orbitais da
Terra (forçamento orbital) (Croll, 1867a,b, 1875) . A hipótese foi elaborada por Milankovitch (1941) e
posteriormente por Berger (1977a, 1978, 1979, 1988) e Laskar et al. (1993). Um excelente relato da forma
como esta hipótese se desenvolveu numa teoria crucial na paleoclimatologia (a teoria astronómica ou de
Milankovitch) é fornecido por Imbrie e Imbrie (1979).

Os elementos básicos do movimento orbital da Terra em torno do Sol hoje são os seguintes: A Terra move-
se numa trajetória ligeiramente elíptica durante a sua revolução anual em torno do Sol; por causa do caminho
elíptico, a Terra está mais próxima do Sol (periélio) por volta de 3 de janeiro, e por volta de 5 de julho, está
mais distante do Sol (afélio). Como resultado, no periélio, a Terra recebe 3,5% mais radiação solar do que a
média anual (fora da atmosfera) e 3,5% menos no afélio. A Terra também está inclinada em seu eixo de
rotação 23,4 a partir de um plano perpendicular ao plano da eclíptica (a superfície aparente sobre a qual ela
se move durante sua revolução ao redor do Sol). Nenhum desses fatores permaneceu constante ao longo do
tempo devido aos efeitos gravitacionais do Sol, da Lua e de outros planetas da Terra. Variações ocorreram
no grau de excentricidade orbital ao redor do Sol, na inclinação axial (obliquidade) da Terra em relação ao
plano da eclíptica e no tempo do periélio em relação às estações da Terra (precessão dos equinócios). (Figura
2.16).
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FIGURA 2.16 Variações de excentricidade, inclinação (obliquidade), precessão e a combinação de todos os três fatores (ETP) ao
longo dos últimos 800.000 anos com suas principais características periódicas indicadas pelo espectro de potência à direita de
cada série temporal (diagrama superior). Abaixo está a série temporal das anomalias da radiação solar de julho em 10, 65 e 80N
(expressas como desvios dos valores de 1950 DC). Observe que o sinal de anomalia de insolação em altas latitudes é dominado
pelo ciclo de obliquidade de 41.000 anos, enquanto em latitudes mais baixas, o ciclo de precessão de 23.000 anos é mais
significativo. Depois de Imbrie et al. (1993a); diagrama inferior: dados de Berger e Loutre (1991).
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38 2. CLIMA E VARIAÇÃO CLIMÁTICA

As variações na excentricidade orbital são quase periódicas, com uma duração média de período de
95.800 anos nos últimos 5 milhões de anos. A órbita variou de quase circular (portanto, essencialmente
sem diferença entre o periélio e o afélio) até a excentricidade máxima quando as receitas de radiação
solar (fora da atmosfera) variaram em 30% entre o afélio e o periélio (por exemplo, a 210.000 anos AP;
Figura 2.16) . As variações de excentricidade afetam assim as intensidades relativas das estações, o que
implica um efeito oposto em cada hemisfério.

As mudanças na inclinação axial são periódicas com um período médio de 41.000 anos. O ângulo
de inclinação variou de 21,8 a 24,4, com o máximo mais recente ocorrendo há cerca de 100.000 anos
(Figura 2.16). O ângulo define as latitudes dos círculos polares (Ártico e Antártico) e dos Trópicos de
Câncer e Capricórnio, que por sua vez delimitam a área da noite polar que dura o dia inteiro no inverno e
as latitudes máximas alcançadas pelo zênite do Sol em meados do verão em cada hemisfério. Mudanças
na obliquidade têm relativamente pouco efeito na recepção de radiação em baixas latitudes, mas o efeito
aumenta em direção aos pólos. À medida que a obliquidade aumenta, as receitas de radiação de verão
em altas latitudes aumentam significativamente, enquanto os totais de radiação de inverno em latitudes
médias diminuem (Figura 2.17). Assim, as variações da radiação de verão ao longo dos últimos 250.000
anos para 65 e 80N (Figura 2.16) variam principalmente com as mudanças periódicas na inclinação axial.
Como a inclinação é a mesma em ambos os hemisférios, as mudanças na obliquidade afetam igualmente
a recepção de radiação nos hemisférios Sul e Norte.
As mudanças no tempo sazonal do periélio e do afélio resultam de uma ligeira oscilação no eixo de
rotação da Terra à medida que ela se move em torno do Sol (Figura 2.18a). O efeito da oscilação (que é
independente das variações na inclinação axial) é alterar sistematicamente o tempo dos solstícios e
equinócios em relação às posições extremas que a Terra ocupa em sua trajetória elíptica ao redor do Sol
(conhecida como precessão dos equinócios) ( Figura 2.18b). Assim, há 11.000 anos, o periélio ocorreu
quando o Hemisfério Norte estava inclinado em direção ao Sol.

FIGURA 2.17 Média da insolação durante cada máximo de obliquidade durante os últimos 2 Ma e contornada como uma
anomalia das condições médias, juntamente com a anomalia na média anual (direita). Anomalias de insolação negativa
são indicadas por contornos pontilhados. Extraído de Huybers (2007).
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2.6 VARIAÇÕES DOS PARÂMETROS ORBITAL DA TERRA 39

20 de março
N
23
21 de junho

21 de dezembro

22 de setembro

21 de dezembro

20 de março

22 de setembro

21 de junho

22 de setembro

21 de dezembro

21 de junho
S
(a)

20 de março

Terra em 21 de dezembro

Sol
(b)
FIGURA 2.18 (a) A Terra oscila ligeiramente em seu eixo (devido à atração gravitacional do Sol e da Lua sobre o bojo
equatorial da Terra). Com efeito, o eixo move-se lentamente numa trajetória circular e completa uma revolução a cada
23.000 anos. Isso resulta na precessão dos equinócios. Este efeito é independente de mudanças no ângulo de inclinação
(obliquidade) da Terra, que muda com um período de 41.000 anos. (b) Como resultado da oscilação do eixo da Terra, a
posição do equinócio (20 de março e 22 de setembro) e do solstício (21 de junho e 21 de dezembro) muda lentamente
em torno da órbita elíptica da Terra, com um período de 23.000 anos. Assim, há 11.000 anos, a Terra estava no periélio
na época do solstício de verão, enquanto hoje o solstício de verão coincide com o afélio. Extraído de Imbrie e Imbrie (1979).

(meados de junho) e não no meio do inverno do Hemisfério Norte, como é o caso hoje. Os
efeitos de precessão são opostos nos hemisférios Norte e Sul, e a mudança na precessão
ocorre com um período médio de 21.700 anos (Figura 2.16).
Claramente, os efeitos da precessão dos equinócios nas receitas de radiação serão
modulados pelas variações na excentricidade; quando a órbita é quase circular, o tempo
sazonal do peri-hélio é irrelevante. Contudo, na excentricidade máxima, quando as diferenças
na radiação solar podem chegar a 30%, o tempo sazonal é crucial. As receitas de radiação solar
das baixas latitudes são afetadas principalmente pelas variações na excentricidade e precessão dos equinócios,
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40 2. CLIMA E VARIAÇÃO CLIMÁTICA

enquanto latitudes mais altas são afetadas principalmente por variações na obliquidade. Desde a excentricidade
e os efeitos de precessão em cada hemisfério são opostos, mas os efeitos de obliquidade não são,
existe uma assimetria entre os dois hemisférios, em termos dos efeitos orbitais combinados,
que se torna mínimo em direção aos pólos de 70. Também vale a pena enfatizar que as variações orbitais não causam
nenhuma mudança global (anual) significativa nas receitas de radiação solar; eles
simplesmente resultam em uma redistribuição sazonal tal que um baixo total de radiação no verão seja compensado por um
alto total no inverno, e vice-versa (Berger, 1980).
É importante notar que os períodos mencionados para cada parâmetro orbital (41.000, 95.800,
e 21.700 anos para obliquidade, excentricidade e precessão, respectivamente) são médias do
principais termos periódicos nas equações usadas para calcular as mudanças de longo prazo no orbital
parâmetros. Para o parâmetro de precessão, por exemplo, os termos mais importantes no
a expansão em série da equação corresponde a períodos de 23.700 e 22.400 anos; nas próximas
três termos estão próximos de 19.000 anos (Berger, 1977b). Quando os termos mais importantes são
em média, o período médio é de 21.700 anos, mas alguns registros paleoclimáticos podem ser capazes
de resolver os principais períodos de 19.000 e 23.000 anos separadamente (cf. Hays et al.,
1976). Da mesma forma, o período médio de mudanças na excentricidade é de 95.800 anos, mas pode ser possível detectar
períodos separados de 95.000 e 123.000 anos em longos oceanos de alta resolução.
registros centrais correspondentes a termos importantes (ou “batidas” produzidas por interações de termos importantes) na
equação (cf. Wigley, 1976). A excentricidade também tem uma periodicidade de longo prazo
412 ka que foi identificado em alguns registros sedimentares marinhos (Imbrie et al., 1993a). Além disso, a importância
relativa de todos estes períodos pode ter mudado ao longo do tempo. Por exemplo, os ciclos de precessão de 19 ka e de
excentricidade de 100 ka foram mais significativos antes de
600 ka AP (Imbrie et al., 1993a). Este é um dos enigmas do espectro paleoclimático;
durante o último milhão de anos, o período de 100 ka nos registros geológicos aumentou em amplitude,
no entanto, no mesmo intervalo de tempo, o principal período associado à excentricidade mudou para
frequências mais baixas (412 ka).
As variações orbitais também podem ter significado para variações climáticas em escalas de tempo muito mais curtas.
Loutre et al. (1992) calcularam as mudanças de insolação ao longo dos últimos milhares de anos,
resultante de mudanças na precessão, obliquidade e excentricidade. Eles encontraram periodicidades estatisticamente
significativas na insolação (a 65N em julho) de 2,67, 3,98, 8,1, 18,6, 29,5 e 40,2 anos.
(cf. Borisenkov et al., 1983, 1985). Nas demais épocas e localidades, periodicidades de 61, 245 e
830-900 anos são significativos. Essas variações de frequência mais alta são muito pequenas em amplitude
em comparação com as mudanças orbitais discutidas anteriormente, mas elas podem, no entanto, desempenhar algum papel
na modulação da variabilidade climática na escala de tempo decenal a milenar. Curiosamente, alguns
das periodicidades na insolação recebida devido a efeitos orbitais são semelhantes àquelas identificadas
em dados de manchas solares (que podem estar relacionadas a mudanças na irradiância solar), então os efeitos cumulativos podem
ser significativo para a variabilidade climática de curto prazo. Este assunto tem recebido relativamente pouca atenção até
agora.
Consideradas em conjunto, a sobreposição de variações na excentricidade, obliquidade e precessão produz um padrão
complexo e sempre variável de recebimentos de radiação solar na borda externa.
da atmosfera da Terra. Para apreciar a magnitude dessas variações e suas
e padrões temporais, é comum expressar as receitas de radiação para um determinado local
e momento no tempo como um desvio (ou anomalia) dos correspondentes períodos sazonais ou mensais.
valores em 1950. Um exemplo é mostrado na Figura 2.19 para o mês de julho em todas as latitudes
(90N-90S) de 0 a 200 ka AP (Berger, 1979). De particular interesse são as anomalias de radiação nas altas latitudes
setentrionais (60-70N), que Milankovitch (1941) considerou críticas.
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2.6 VARIAÇÕES DOS PARÂMETROS ORBITAL DA TERRA 41

FIGURA 2.19 Desvios de longo prazo da radiação solar em relação aos valores de 1950 dC. Os valores foram calculados em
intervalos de 10 latitudes de 100.000 anos AP até os dias atuais (diagrama inferior) e de 200.000 anos AP a 100.000 anos AP
(diagrama superior). Os desvios negativos são mostrados por linhas pontilhadas. Os valores são dados em calorias por
centímetro quadrado por dia. A área sombreada indica áreas (ao sul do Círculo Antártico) que não recebem radiação solar direta em julho.
Depois de Berger (1979).

para o crescimento dos mantos de gelo continentais. Nesta zona, os períodos de menores receitas de
radiação no verão teriam favorecido a persistência da neve do inverno nos meses de verão, levando
eventualmente à persistência da cobertura de neve ao longo do ano. Tais condições podem ter ocorrido
em 185, 115 e 70 ka AP (Figura 2.19). Nessas épocas, havia a combinação de condições que Milankovitch
sugeriu serem mais propícias à glaciação – obliquidade mínima, excentricidade relativamente alta e o verão
do Hemisfério Norte coincidindo com o afélio, cuja combinação é às vezes chamada de “órbita fria” ( ver
Figura 2.18b). Ao mesmo tempo, os invernos mais quentes (isto é, os invernos do Hemisfério Norte
coincidindo com o periélio) teriam favorecido o aumento da evaporação dos oceanos subtropicais,
proporcionando assim umidade abundante para precipitação (queda de neve) em latitudes mais altas.
Gradientes de temperatura mais fortes no pólo equatorial no Verão e no Inverno teriam resultado numa
circulação geral intensificada e num maior transporte de humidade para latitudes elevadas para alimentar
as crescentes camadas de gelo. É de grande interesse, portanto, que a análise dos núcleos oceânicos
aponte para estes períodos como sendo momentos importantes de crescimento de gelo nos continentes
(ver Capítulo 6, Secção 6.3.3).
A maior parte da atenção de Milankovitch concentrou-se nas anomalias de radiação nos meses de verão
e inverno, mas é digno de nota que os meses de transição parecem ser mais sensíveis às mudanças nas
receitas de radiação solar e à expansão da cobertura de neve. Em particular, os meses de outono parecem
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42 2. CLIMA E VARIAÇÃO CLIMÁTICA

ser especialmente crítico para o acúmulo de neve no interior continental (Kukla, 1975a,b). Para examinar
o padrão mensal da mudança da radiação solar ao longo do tempo, Berger (1979) calculou mês a mês
os valores dos desvios da radiação solar das médias de longo prazo em 60N, durante os últimos 500.000
anos (por exemplo, Figura 2.20). A partir destes cálculos, fica claro que não só as partidas mensais
variam muito em amplitude, mas também o calendário sazonal das anomalias pode mudar muito
rapidamente de uma parte do ano para outra. Por exemplo, uma grande anomalia positiva da radiação
solar em junho e julho em 125 ka AP foi substituída por uma grande anomalia negativa no mesmo mês
em 120 ka AP. Tais características do registo foram denominadas assinaturas de insolação (Berger,
1979) e são consideradas características de uma mudança de uma fase climática relativamente quente
para uma mais fria. Durante os últimos 500.000 anos, tais assinaturas foram observadas centradas em
486, 465, 410, 335, 315, 290, 243, 220, 199, 127, 105 e 84 ka AP, todos períodos que coincidem
notavelmente bem com evidências geológicas de rápida deterioração das condições climáticas.

É importante reconhecer que embora a zona centrada em 65N possa ser de grande importância no
mecanismo real de crescimento do gelo continental, um controle mais fundamental sobre a glaciação é a
circulação atmosférica que é em grande parte uma função dos gradientes de temperatura do pólo
equatorial em diferentes regiões. épocas do ano (gradientes de radiação mais fortes produzem gradientes
de temperatura mais fortes). Quando os gradientes de radiação são fortes, pode-se esperar uma
circulação atmosférica mais vigorosa; os sistemas subtropicais de alta pressão tenderiam a ser
deslocados para latitudes mais baixas (cf. Figura 2.5), e um fluxo circumpolar oeste mais intenso se
desenvolveria, levando a um aumento do fluxo de umidade para latitudes altas. Gradientes de radiação
mais fracos implicam que o eixo principal das células subtropicais de alta pressão seria deslocado em
direção aos pólos, e uma circulação oeste mais lenta levaria a uma redução no fluxo de umidade para os
continentes em latitudes elevadas. É interessante, portanto, que os gradientes de radiação mais fortes
no verão e no inverno (resultantes principalmente de recebimentos de radiação anormalmente baixos em
altas latitudes) ocorreram durante períodos de grande crescimento de gelo (por exemplo, 72.000 e
115.000 anos AP). Em contraste, os períodos de deglaciação ou interglaciais correspondem a gradientes
de radiação latitudinais mais fracos, resultantes principalmente de maiores recebimentos de radiação,
particularmente em latitudes elevadas (Figura 2.21). Assim, as intensidades de circulação resultantes
amplificam a anomalia geral, seja ela positiva ou negativa (Young e Bradley, 1984). É digno de nota
também que o gradiente de insolação varia com uma periodicidade de 41 ka, que é a periodicidade
dominante de 3 a 0,8 Ma BP (Raymo e Nisancioglu, 2003).
Finalmente, deve-se reconhecer que as alterações de insolação calculadas por Berger e outros
referem-se à radiação solar que entra na atmosfera (frequentemente declarada como radiação no topo
ou fora da atmosfera). Contudo, a radiação que passa pela atmosfera é refletida e absorvida de forma
diferente de uma região para outra (dependendo, em grande medida, do tipo e da quantidade de
cobertura de nuvens). Além disso, as condições de albedo da superfície também determinam quanto da
radiação que atinge a superfície será absorvida (cf. Figura 2.9). Tais fatores podem minimizar a
importância de certas frequências orbitais. Por exemplo, a Figura 2.22 mostra que o gradiente de radiação
de 30 a 70N em meados de julho durante os últimos 200 ka teve uma forte periodicidade de 40 ka na
radiação extraterrestre (cf. Raymo e Nisancioglu, 2003). No entanto, devido aos efeitos diferenciais na
atenuação da radiação na atmosfera e às diferenças latitudinais no albedo da superfície, o sinal de
obliquidade em altas latitudes é reduzido, levando a um período dominante de 23 ka no gradiente
latitudinal da radiação absorvida (Berger, 1988; Tricot e Berger , 1988).
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FIGURA 2.20 “Assinaturas de insolação” em 60N de 200.000 anos AP (canto inferior direito) até o presente (canto superior esquerdo). Cada linha mostra o ciclo anual de
desvios da insolação média mensal durante os últimos 500.000 anos. Escala vertical no canto superior esquerdo (langleys (calorias cm2) por dia). Períodos em que grandes
as anomalias positivas da radiação solar no verão mudam para grandes anomalias negativas (assinaturas de insolação) correspondem a épocas em que o clima mudou de
quente para esfriar. De Berger (1979).
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44 2. CLIMA E VARIAÇÃO CLIMÁTICA

FIGURA 2.21 Variações nos gradientes de insolação (mensais) expressas como desvios dos últimos 150.000 anos
médias para períodos de tempo selecionados. Os períodos de crescimento máximo do gelo (por exemplo, em 71.000 e 23.000 anos AP) correspondem a
períodos de gradientes de insolação mais fortes que a média em todos os meses (diagrama à esquerda). Tempos de rápida decomposição do gelo (por exemplo,
128.000 e 11.000 anos AP) correspondem a gradientes geralmente mais fracos do que a média (diagrama da direita). Gradientes
calculado para o Hemisfério Norte (30-90N). Depois de Young e Bradley (1984).

FIGURA 2.22 O gradiente (de 30 a 70N) da radiação solar incidente em meados de julho nos últimos 200 ka (topo)
em comparação com o gradiente modelado de radiação que atinge a superfície (meio) e do gradiente de radiação
absorvido na superfície (fundo). Devido à absorção e reflexão diferenciais com a latitude, a periodicidade dominante da radiação absorvida na superfície muda
da obliquidade para a da precessão, o que é mais característico de uma influência de latitude mais baixa no gradiente. Extraído de Tricot e Berger (1988).
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2.6 VARIAÇÕES DOS PARÂMETROS ORBITAL DA TERRA 45

A teoria das mudanças climáticas de Milankovitch tem implicações tremendas para a paleoclimatologia
quaternária, mas havia poucas evidências de campo datadas de forma confiável para apoiar ou refutar a
ideia até meados da década de 1970, quando Hays et al. (1976) identificaram as principais frequências
de forçamento orbital em um núcleo de sedimentos do Oceano Índico. Desde então, muitos estudos
demonstraram que as variações nos parâmetros orbitais da Terra são de facto factores fundamentais
nos ciclos glacial-interglaciais e no crescimento e decadência dos mantos de gelo continentais (por
exemplo, Broecker et al., 1968; Mesolella et al. 1969 ; Imbrie et al., 1992, 1993a,b; Petit et al., 1999;
Pollard e DeConto, 2005; Ruddiman, 2006; Jouzel et al., 2007b; DeConto et al., 2008) . Esta evidência é
discutida com mais detalhes no Capítulo 6, Secção 6.3.3, mas as principais questões estão resumidas
aqui na Figura 2.23. As variações da radiação solar recebida em junho em 65N são divididas em suas partes componentes

FIGURA 2.23 Radiação recebida nos últimos 400 ka a 65N, dividida (filtrada por banda) em seus principais componentes
orbitais (topo) em comparação com o registro do volume de gelo continental (registrado por d18O em sedimentos
marinhos) e seus principais componentes em as mesmas frequências (abaixo). O painel inferior mostra as bandas
normalizadas de precessão e obliquidade na insolação e d18O sobrepostas para mostrar a forte coerência entre o
forçamento da radiação e a resposta do volume de gelo continental. A forte relação direta entre as mudanças de
insolação relacionadas com a obliquidade e a precessão contrasta fortemente com a aparente falta de correspondência
entre a força de excentricidade e a resposta do sistema climático. De Imbrie et al. (1993b).
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46 2. CLIMA E VARIAÇÃO CLIMÁTICA

(precessão, obliquidade e excentricidade) e comparado com os mesmos componentes filtrados por passagem de banda do
registro d18O marinho dos últimos 400 ka (representando mudanças no volume de gelo continental). Claramente, as bandas
de frequência associadas à precessão e à obliquidade são semelhantes com
(e coerente com) o sinal de volume de gelo d18O , mas o sinal de radiação de 100 ka é completamente
inadequado para explicar o forte ciclo de 100 ka no volume de gelo. Várias razões possíveis para isso
discrepância foi proposta. Por exemplo, pode haver uma resposta não linear dentro
o sistema climático, talvez envolvendo algum mecanismo de feedback interno, que estabelece o
observada periodicidade de 100 ka, ou pode haver oscilações dentro do sistema climático que em alguns
interagem com mudanças de precessão e obliquidade para gerar um ciclo de 100 ka, em fase com
excentricidade (Ruddiman, 2006). Qualquer que seja o mecanismo correto, ele também deve explicar a mudança
em direção a ciclos de amplitude muito maiores no sistema climático nos últimos 800 ka (conforme registrado por
mudanças no volume de gelo, deposição de loess, registros de pólen, etc.) em um momento em que a excentricidade força em
o período de 100 ka estava diminuindo em importância.
Em resumo, o forçamento orbital tem sido um fator importante na condução do clima quaternário.
flutuações e, portanto, as periodicidades associadas às variações orbitais são sinais proeminentes em muitos registros
paleoclimáticos (Berger et al., 1992a). No entanto, o mecanismo preciso de
como tal forçamento se traduz numa resposta climática continua a ser objecto de muito debate
(por exemplo, Ruddiman, 2006; Schulz e Zeebe, 2006; Raymo e Huybers, 2008). Estudos de modelagem computacional
forneceram muitos insights para preencher a lacuna entre
teoria e dados de campo (por exemplo, Berger, 1990; Crucifix et al., 2006; Kutzbach et al., 2008; Yin e
Berger, 2012). Este tópico é discutido mais detalhadamente no Capítulo 6, Seção 6.3.3.

2.7 FORÇAMENTO SOLAR

O forçamento orbital envolve a redistribuição da energia solar recebida, tanto latitudinalmente quanto
sazonalmente. Assim, existem efeitos diferenciais no sistema climático que podem levar a alterações na circulação, e pode
haver diferentes respostas ao forçamento nos hemisférios Norte e Sul. Mudanças na irradiância solar (energia emitida pelo
Sol) podem ser esperadas
afectar igualmente todas as partes da Terra. No entanto, isto não é assim, porque a resposta à energia solar
o forçamento de irradiância é amplificado regionalmente, como resultado de feedbacks e interações dentro do
atmosfera (Rind, 2002; Haigh, 2005).
Durante muitos anos, presumiu-se (com base em medições em locais secos e de grande altitude)
que a irradiância total não variou, pelo menos não em escalas interanuais a decenais - daí o termo
“constante solar” foi cunhada para descrever a energia que é interceptada pela atmosfera
quando o Sol está acima (Hoyt e Schatten, 1997; Kopp e Lean, 2011). As medições de satélite nos últimos 25 anos contam
uma história diferente – a irradiância solar total, TSI (radiação recebida integrada em todos os comprimentos de onda) varia
0,08% ao longo de um ciclo solar de Schwabe (média
duração de 11 anos), com valores máximos em épocas de atividade solar máxima (quando há
há muitas manchas solares e fáculas solares brilhantes) (Lean, 2010). Manchas solares reduzem a irradiância solar
e as fáculas aumentam-no, de modo que as mudanças globais durante um ciclo solar refletem o efeito líquido destas
dois fenômenos, com fáculas superando as manchas solares durante os máximos solares (Figura 2.24).
Além disso, a irradiância muda em comprimentos de onda muito curtos (ultravioleta) e varia ainda mais
ao longo de um ciclo solar (Lean, 2000). Tais mudanças são significativas porque um aumento na radiação UV faz com que
mais ozônio (O3) seja produzido na estratosfera superior. O ozônio absorve
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2.7 FORÇAMENTO SOLAR 47


FIGURA 2.24 Medições de satélite de
fáculas solares e manchas solares para
os últimos três ciclos de atividade solar.
As fáculas aumentam as emissões de energia
do Sol, enquanto as manchas solares reduzem
eles. O resultado líquido é um aumento de
0,1% na irradiância solar total entre o mínimo
e o máximo dos ciclos solares (topo).
Infelizmente, não existem medições mais
longas destes fenómenos e, portanto, existe
uma incerteza considerável sobre como a
irradiância mudou no passado. Extraído de
Lean (2010).

radiação (em comprimentos de onda UV de 200-340 nm), de modo que as taxas de aquecimento na alta
atmosfera aumentam durante períodos de maior atividade solar. Isto então afeta os ventos estratosféricos
(fortalecendo os ventos estratosféricos de leste), que podem, por sua vez, influenciar o clima de superfície
através de ligações dinâmicas entre a estratosfera e a troposfera (Shindell et al., 1999; Baldwin e
Dunkerton, 2001; Haigh, 2005; Ineson et al., 2011). Simulações de modelos desses efeitos indicam que
há um deslocamento em direção aos pólos do jato troposférico de oeste e uma extensão em direção aos
pólos da circulação de Hadley, em 70 km do mínimo solar ao máximo solar, no hemisfério de verão
(Haigh, 1996; Larkin et al. , 2000). Embora tais mudanças sejam pequenas, se as mudanças na irradiância
no passado fossem maiores e mais persistentes do que a variabilidade do ciclo solar, os efeitos poderiam
ter sido bastante significativos.
Quanto a irradiância mudou em escalas de tempo mais longas? As medições por satélite são
demasiado curtas para lançar luz sobre alterações de irradiância a longo prazo, pelo que estas devem ser
inferidas a partir de outras linhas de evidência. As observações de manchas solares começaram no início
do século XVII, mas as observações de fáculas solares são muito mais curtas, por isso a dificuldade é
como estimar as mudanças na irradiância total quando os únicos dados de longo prazo são os números
de manchas solares (Figura 2.25) . De particular interesse é o período de 1645 a 1715 (o Mínimo de
Maunder), quando praticamente nenhuma mancha solar foi vista (Eddy, 1976). Muitos estudos tentaram
reconstruir a mudança global no TSI desde o Mínimo de Maunder, com estimativas variando de <0,1% a
0,24% (Figura 2.25), com alterações presumivelmente maiores na radiação UV. Numerosas simulações GCM usaram esses
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48 2. CLIMA E VARIAÇÃO CLIMÁTICA

FIGURA 2.25 Números de manchas solares


registrados desde o início de 1600, mostrando o
forte ciclo de Schwabe de 11 anos e variações de
longo prazo, de perto de zero durante o Mínimo de
Maunder até mais de 150 nas últimas décadas. No
diagrama superior são apresentadas estimativas das
alterações na irradiância solar total (IET), com base
em diferentes modelos de atividade solar. A
estimativa mais recente para o mínimo solar durante
o último ciclo solar é de 1360 W m2 (Kopp e Lean,
2011) (cf. Figura 2.24). De Lean (2000, 2010), Wang
et al. (2005a,b) e Tapping et al. (2007).

estimativas para examinar como a irradiância solar pode ter afetado as temperaturas nos últimos
séculos. Apesar das incertezas na estimativa da magnitude do forçamento solar, estes estudos
geralmente concluem que grande parte da variabilidade de baixa frequência nas temperaturas do
Hemisfério Norte durante o último milénio (antes do início dos efeitos antropogénicos globais) pode
ser explicada em termos de energia solar. e forçamento vulcânico, embora a variabilidade interna
do sistema climático possa mascarar os efeitos globais (em grande escala) de aquecimento e
arrefecimento à escala regional (por exemplo, Rind et al., 1999; Crowley, 2000; Goosse et al.,
2005). Na verdade, padrões distintos de mudança de temperatura regional podem estar associados
ao forçamento solar, como visto em estudos empíricos e de modelagem, devido a interações
complexas entre a circulação na estratosfera e na troposfera, e feedbacks entre a atmosfera e a
circulação oceânica ( Waple et al., 2001; Swingedouw et al., 2011). Variando a força de irradiância
solar em um GCM, Shindell et al. (2001) simularam temperaturas de inverno mais frias no leste da
América do Norte e na Europa ocidental (em 1-2 C), em comparação com um século depois,
quando a irradiância solar era maior, mudanças que são consistentes com a evidência paleoclimática
para o final do Mínimo de Maunder (Pfister et al . ., 1999; Luterbacher et al., 2001) (Figura 2.26).
Este padrão é característico de uma mudança na Oscilação do Atlântico Norte (NAO) para
condições de índice mais baixo, em que o gradiente de pressão entre a Islândia e os Açores é
reduzido, levando a uma menor advecção de ar quente e húmido do Atlântico para a Europa
Ocidental e temperaturas mais frias na Eurásia (cf. Ineson et al., 2011).
Se a irradiância solar mudou entre 0,1 e 0,24% nos últimos 350 anos, quanta mudança ocorreu
em períodos de tempo mais longos? Pode ser possível estimar mudanças de longo prazo na
atividade solar a partir de mudanças em isótopos cosmogênicos preservados em arquivos naturais.
Os raios cósmicos interceptados pela alta atmosfera produzem isótopos cosmogênicos – como
10Be e 14C – que eventualmente entram no ambiente terrestre na superfície da Terra. Em tempos de alta
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2.7 FORÇAMENTO SOLAR 49

FIGURA 2.26 A mudança na temperatura do ar na


superfície no inverno entre 1680 e 1780 (1680-1780),
com base em uma simulação GCM na qual a energia solar
a irradiância foi aumentada em 0,32 W m2 (0,1%)
entre esses tempos. O GCM tinha um componente
interativo de química estratosférica para que os efeitos
UV no ozônio pudessem ser incluídos. O padrão de
mudança é semelhante ao associado a uma fase
negativa da Oscilação do Atlântico Norte.
De Shindell et al. (2001).

-1,75 -0,7 -0,5 -0,35-0,2 -0,05 0,05 0,2 0,35 0,5 0,7 0,9

Mudança de temperatura no inverno (ÿC)

atividade solar, o fluxo de raios cósmicos para a atmosfera é reduzido, levando a uma redução na taxa de
produção desses isótopos. Assim, as variações nos isótopos cosmogênicos estão inversamente
relacionadas à atividade solar. Se fizermos a suposição de que a atividade solar está correlacionada com
as mudanças do TSI (uma suposição bastante grande, embora seja apoiada por observações no período
instrumental recente – ver Beer et al., 1996; Steinhilber et al., 2009), a longo prazo mudanças em 14C
(vistas como desvios da idade esperada, em anéis de árvores) ou 10Be (em núcleos de gelo) poderiam
ser usadas como um índice de mudanças na irradiância solar ao longo do tempo. No entanto, existem
questões sobre o papel dos processos atmosféricos na transferência de 10Be da sua produção na
estratosfera para locais de deposição na superfície da Terra e sobre a taxa a que o radiocarbono foi
sequestrado nas profundezas do oceano (devido, por exemplo, à termohalina). mudanças na circulação)
que também podem ter afetado as concentrações atmosféricas de radiocarbono ao longo do tempo. Além
disso, outros factores também afectaram a taxa de produção de isótopos cosmogénicos durante o
Holoceno, e estes devem ser tidos em conta para isolar os efeitos da variabilidade solar. Em particular,
as variações do campo geomagnético tiveram um grande impacto nas taxas de produção (um campo
mais fraco está associado a níveis de produção mais elevados), e as variações do campo magnético da
Terra não são bem compreendidas (ver Capítulo 4, Secção 4.1.5) . ). Para examinar algumas dessas
questões, Bard et al. (2000) utilizaram um modelo de caixa de variações de carbono oceânico impulsionadas
por variações de 10Be medidas num núcleo de gelo para avaliar se as variações de 14C ao longo dos
últimos 1000 anos tinham sido afetadas por alterações na circulação oceânica. Nesta escala de tempo,
tais efeitos parecem ter sido mínimos, sugerindo que o 14C pode ser usado para avaliar a variabilidade
solar ao longo do milénio e talvez durante mais tempo. Resultado semelhante foi encontrado por Beer et
al. (1996) nos últimos 4.000 anos. Assim, muitos estudos compararam reconstruções paleoclimáticas com anomalias de 14C , c
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50 2. CLIMA E VARIAÇÃO CLIMÁTICA

variabilidade. Desta forma, a variabilidade da precipitação nos trópicos, no norte da América do Sul e
Yucatán (Black et al., 1999; Haug et al., 2001; Hodell et al., 2001), no leste da África e na Península
Arábica (Verschuren et al., 2001), no leste da África e na Península Arábica (Verschuren et al., 2001). .,
2001; Neff et al., 2001), e na China (Wang et al., 2005b), foi correlacionado com variações da atividade
solar, representadas por anomalias de 14C (embora a quantidade total de variância contabilizada seja
bastante pequena). A variabilidade solar também tem sido associada à frequência de secas no meio do
continente em escalas de tempo curtas e longas (Cook et al., 1996; Yu e Ito, 1999; Dean et al., 2002), e
outros estudos identificaram ligações potenciais entre variações da atividade solar e mudanças climáticas
no Holoceno (Magny, 1993; van Geel et al., 2000; Eichler et al., 2009). Bond et al. (2001) argumentaram
que a abundância de detritos transportados por gelo nos sedimentos do Atlântico Norte variava com a
mesma frequência (1450-1500 anos) que as anomalias do 14C , e Stuiver et al. (1991) também notaram a
semelhança entre uma periodicidade de 1470 anos em dados de 14C e uma periodicidade semelhante em
dados isotópicos de oxigênio do GISP2. Resta saber até que ponto estas relações são robustas e que
mecanismos plausíveis poderão ligar variações muito pequenas da actividade solar/irradiância ao clima em
partes tão diversas do globo. Uma possibilidade (observada em algumas simulações de modelos) envolve
variações solares influenciando a circulação tropical de Hadley, o que leva a mudanças na distribuição de
nuvens e anomalias de precipitação, com teleconexões adicionais a regiões extratropicais (por exemplo, Meehl et al., 200
Uma reconstrução com base mais física das mudanças totais de irradiância solar durante o Holoceno
foi produzida por Steinhilber et al. (2009, 2012), com base em uma calibração de 10Be a partir de núcleos
de gelo e variações observadas no campo magnético aberto do Sol. Depois de considerar estimativas de
como o campo magnético da Terra mudou ao longo do Holoceno (conforme estimado por Knudsen et al.,
2008), a sua irradiância reconstruída revela um grande número de anomalias que foram comparáveis ao
Mínimo de Maunder (bem como episódios de atividade solar aprimorada)
(Figura 2.27). Observe, entretanto, que uma estimativa diferente dos efeitos do campo geomagnético
poderia alterar esses valores. No entanto, as suas estimativas indicam que o TSI variou geralmente menos
de 0,1% em relação aos níveis modernos durante o Holoceno, o que significa que os efeitos solares no
clima de superfície são provavelmente provocados por fortes feedbacks dentro do sistema climático.
As variações a longo prazo ainda não foram estimadas (Bard e Frank, 2006).

2.8 FORÇAMENTO VULCÂNICO

É bem sabido, a partir de estudos de registros instrumentais, que erupções vulcânicas explosivas podem
ter efeitos de resfriamento de curto prazo nas temperaturas médias hemisféricas ou globais (Bradley, 1988;
Robock, 2000). Os aerossóis vulcânicos têm um impacto climático direto, reduzindo as receitas de energia
na superfície (Figura 2.28), mas também podem haver alterações associadas na circulação atmosférica
(frequentemente envolvendo uma amplificação do padrão de ondas de Rossby superior), que podem levar
a grandes temperaturas. anomalias em algumas regiões. Por exemplo, grandes erupções durante o século
XX foram frequentemente associadas a anomalias positivas de temperatura de inverno no norte da
Escandinávia e no norte da Rússia devido a um deslocamento para norte dos ventos de oeste (uma fase
positiva da Oscilação do Atlântico Norte) (Groisman, 1992; Robock e Mao, 1995). Há também evidências
de que grandes erupções nos trópicos podem provocar o desenvolvimento de um evento El Niño, devido a
efeitos radiativos diferenciais nos setores nublados versus setores livres de nuvens da circulação de Walker
(Adams et al., 2003; Mann et al., 2003; Mann et al., 2003; Mann et al., 2003; Mann et al., 2003; Mann et al .
al., 2005; Emile-Geay et al., 2007).
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2.8 FORÇAMENTO VULCÂNICO 51

FIGURA 2.27 Uma reconstrução da irradiância solar total dos últimos 9.300 anos com base na relação entre o
campo magnético aberto do Sol (que modula os raios cósmicos galácticos que chegam à Terra) e 10Be medido
em núcleos de gelo, após levar em conta as mudanças no campo magnético da Terra . A faixa sombreada é a
incerteza 1s considerando as incertezas da calibração e da reconstrução do registro do campo magnético aberto
do Sol. De Steinhilber et al. (2012).

A maioria dos efeitos da temperatura não são detectáveis após alguns anos, pelo que as erupções explosivas
individuais apenas contribuem para a variabilidade de curto prazo no espectro do clima do Holoceno. No entanto,
se as erupções fossem mais frequentes no passado ou se ocorressem em grupos de eventos, é possível que o
efeito cumulativo das erupções pudesse ter persistido por mais tempo, resultando em impactos à escala de
décadas a multidécadais. Tais efeitos seriam intensificados se o arrefecimento inicial conduzisse a feedbacks
dentro do sistema climático, tais como neve mais persistente e cobertura de gelo marinho, o que aumentaria o
albedo da superfície e possivelmente alteraria a circulação atmosférica. Por exemplo, Miller et al. (2012)
descobriram que as calotas polares do planalto se expandiram por uma ampla área da Ilha Baffin, no Ártico do
Canadá, após grandes erupções explosivas em 1258 e 1452 DC. Eles argumentam que as calotas polares
maiores permaneceram muito depois de a poeira vulcânica ter se assentado na atmosfera. esfera, devido a
feedbacks associados ao gelo marinho do Ártico. Simulações de modelos indicam que as condições mais frias
levaram a um gelo marinho mais extenso, o que, por sua vez, reduziu ainda mais a temperatura do ar.
Coletivamente, o aumento da glaciação continental e a maior quantidade de gelo marinho levaram à persistência
da perturbação inicial. Esta persistência durou o suficiente para que ocorressem outras erupções menos
dramáticas, prolongando ainda mais as mudanças que foram desencadeadas pelos grandes eventos vulcânicos
iniciais.
Um estudo de depósitos vulcânicos (tefra) em núcleos de sedimentos marinhos do Pacífico ao longo dos
últimos milhões de anos encontrou uma relação estatisticamente significativa entre episódios de vulcanismo explosivo
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52 2. CLIMA E VARIAÇÃO CLIMÁTICA

FIGURA 2.28 Diagrama esquemático que mostra os muitos efeitos de erupções vulcânicas explosivas que
ejetam partículas, vapor de água e gases na estratosfera, onde interceptam a radiação solar incidente. De
Robock (2000).

e forçamento orbital, particularmente na frequência 41.000 (obliquidade) (Kuterolf et al., 2012). Pensava-
se que isto estava relacionado com mudanças no estresse da crosta terrestre devido ao crescimento e
decadência dos mantos de gelo e às mudanças associadas no nível do mar. Os níveis de sulfato em
núcleos de gelo da Groenlândia e da Antártica também fornecem um registro de vulcanismo explosivo
(Castellano et al., 2005; Gao et al., 2007, 2008), e o registro de sulfato GISP2 indica que houve períodos
de erupções explosivas mais frequentes de 9.500 a 11.500 anos civis AP, talvez também relacionado ao
descarregamento da crosta pós-glacial ao redor da Islândia (Zielinski et al., 1994). Houve muitos picos
grandes de sulfato durante este período, muitas vezes superiores ao sinal de Tambora (em 1815), que
foi a maior erupção dos últimos séculos (Figura 2.29). É claro que um sinal de sulfato maior não é
indicativo da origem da erupção – pode simplesmente significar que a erupção ocorreu perto do local do
núcleo de gelo (Coulter et al., 2012). Para resolver este problema, a análise detalhada dos núcleos de
gelo da Gronelândia levou à extração de fragmentos de tefra do gelo, para que possam ser impressas
geoquimicamente para identificar a sua origem. Isto indica que houve muitas tefras depositadas na
camada de gelo da Groenlândia, principalmente da Islândia, mas houve até algumas provenientes de
erupções explosivas na América do Norte (Abbott e Davies, 2012). Estas tefras fornecem uma cronologia
de grandes erupções que podem ter tido efeitos climáticos significativos (cf.
Capítulo 4, Seção 4.3). Porém, para resolver esses efeitos, o que é realmente necessário é um registro
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2.8 FORÇAMENTO VULCÂNICO 53

FIGURA 2.29 O registro Holoceno de sulfato vulcânico (anomalias de variações de fundo) registrado no núcleo
de gelo GISP2 de Summit, Groenlândia. De Zielinski et al. (1994).

de como a poeira vulcânica afetou a profundidade óptica atmosférica, tanto latitudinal quanto sazonalmente.
Isto é extremamente desafiador e, até agora, só foi tentado nos últimos séculos (Robertson et al., 2001;
Ammann et al., 2003). Utilizando esses dados, os modelos de balanço energético e de circulação geral indicam
que o vulcanismo explosivo contribuiu fortemente para a variabilidade natural das temperaturas médias
hemisféricas e globais ao longo do último milénio (Crowley e Kim, 1999; Free e Robock, 1999; Crowley, 2000).

Muitos estudos paleoclimáticos que citam uma relação com mecanismos de forçamento específicos o
fazem por meio de correlações simples no domínio do tempo (correspondência de curvas) ou no domínio da
frequência (encontrar um pico espectral que corresponda a algo semelhante em um fator de forçamento
específico) (por exemplo, Black et al., 1999; Bond et al., 2001). Tem havido geralmente pouca interacção entre
aqueles que trabalham nas fronteiras da compreensão de como as forçantes afectam o sistema climático, num
sentido mecanicista ou dinâmico, e aqueles que reconstroem o registo paleoclimático. A modelagem fornece
uma ligação entre essas duas abordagens, especialmente quando as simulações envolvem GCMs oceano-
atmosfera totalmente acoplados, com química estratosférica realista, vegetação e feedbacks (hidrológicos) da
superfície terrestre e um componente de gelo marinho. Com essas ferramentas, pode ser possível compreender
as interações complexas que são impulsionadas pelo que muitas vezes parece ser uma simples função de
forçamento. É importante ressaltar que os modelos podem fornecer informações sobre a resposta climática
espacial a fatores forçantes específicos e, talvez, limiares e feedbacks dentro do sistema também possam
ser identificados para ajudar a explicar o registro paleoclimático observado no Quaternário.
Deve-se reconhecer que existem também modos internos de variabilidade do sistema climático que podem
dar origem a anomalias climáticas de grande escala à escala regional (por exemplo, El Niño-Oscilação Sul,
Oscilação Multidecadal do Atlântico e Oscilação Decadal do Pacífico). Estes modos variam tanto em escalas
de tempo longas como curtas (embora saibamos relativamente pouco sobre o seu comportamento a longo prazo).
Parte desta variabilidade pode ser modulada por factores externos, mas também pode resultar de interacções
aleatórias com outras partes do sistema climático. A ressonância estocástica no sistema climático – em que
um sinal de força quase periódico fraco pode ser amplificado num sinal climático não linear e biestável –
poderia ter provocado mudanças relativamente abruptas no passado, empurrando o sistema para além de
limiares críticos (Lawrence e Ruzmaikin, 1998) . ; Ruzmaikin, 1999; Rahmstorf e Alley, 2002).
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54 2. CLIMA E VARIAÇÃO CLIMÁTICA

Finalmente, nem toda a variabilidade paleoclimática observada no Holoceno pode ser atribuída a
forças externas específicas (orbitais, solares ou vulcânicas). Talvez o melhor exemplo disto seja o
“evento” AP de 8.200 anos civis, que resultou da drenagem catastrófica de um enorme lago proglacial
nas margens do manto de gelo Laurentide (Alley et al., 1997c; Barber et al., 1999 ; Cheng e outros,
2009). Isto não estava relacionado com qualquer força externa e levou a uma rápida inundação do
Atlântico Norte com água doce, reduzindo assim a circulação meridional de reviravolta do Atlântico
(AMOC), que afectou o clima de muitos lugares em todo o mundo (Rohling e Pa¨like, 2005) . Outras
anomalias climáticas generalizadas são mais enigmáticas, sem (ainda) nenhum fator causal óbvio, como
o episódio AP de 4.200 anos que é visto em muitos registros, no Oriente Médio (Weiss et al., 1993;
Weiss, 2012) . ), Índia (Berkelhammer et al., 2012), Alasca (Fisher et al., 2008) e centro-oeste dos
Estados Unidos (Booth et al., 2005).

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