Você está na página 1de 46

Capítulo 14

v AZÃO MÁXIMA E HIDROGRAMA DE PROJETO

Carlos E. M. Tucci

14.1 Conceitos

A vazão máxima de um rio é entendida como sendo o valor associado a um


risco de ser igualado ou ultrapassado. O hidrograma de projeto ou hidrograma
tipo é uma seqüência temporal de vazões relacionadas a um risco de
ocorrência. Esta seqüência se caracteriza pelo seu volume, distribuição
temporal e valor máximo (pico do hidrograma).
A vazão máxima é utilizada na previsão de enchentes e no projeto de
obras hidráulicas tais como condutos, canais, bueiros, entre outras. O
hidrograma de projeto é necessário quando o volume, a distribuição temporal e
o pico são importantes no funcionamento da obra hidráulica, como no caso de
reservat6rios e ensecadeiras.
A vazão máxima e o hidrograma são necessários para o controle e
atenuação das cheias numa determinada área, dimensionamento de obras
hidráulicas de drenagem urbana, perímetro de irrigação, diques e extravasores
de barragens, entre outros. A estimativa destes valores tem importância
decisiva nos custos e na segurança dos projetos de engenharia. AWWA(l966)
relatou que cerca de 20% das falhas de 193 barragens deveram-se a
subdimensionamento dos vertedores.
·A determinação da vazão e o hidrograma, resultante de precipitações
ocorridas ou com possibilidade de ocorrer, podem ser divididas em duas
classes principais: a) representação de um evento específico; e b)
dimensionamento. No primeiro caso existe um compromisso com a precisão, as
vazões são obtidas com base na precipitação da bacia e nas condições de
umidade do solo e perdas iniciais reais. Esta simulação é utilizada para
retratar condições ocorridas para a análise operacional de obras,
extrapolação de dados e previsão em tempo real.
No dimensionamento, as vazões devem reproduzir condições críticas
possíveis de ocorrer com um determinado risco. Essas condições são
identificadas dentro das mais desfavoráveis. Deve-se definir o risco de um
projeto de acordo com os objetivos do projeto e, dentro destas condições de
risco, explorar as situações mais desfavoráveis. Por exemplo, no cálculo de
bueiros o risco adotado é de 2 a 10 anos, pois aceita-se que as ruas poderão
ser inundadas com a referida freqüência; o dimensionamento de vertedor de
528 Hidrologia

grandes barragens deve ter um risco mínimo, pois o impacto do rompimento da


barragem é destrutivo e o tempo de retomo adotado tem sido de 10.000 anos. A
defmição das situações mais desfavoráveis, após a escolha de um risco,
envolve as condições iniciais de solo, perdas por retenção e infiltração,
distribuição temporal e espacial da precipitação.
O risco é a probabilidade que um valor seja ultrapassado. Este risco é
obtido pelo ajuste de uma distribuição de probabilidade aos valores anuais da
variável em estudo (nível ou vazão). Neste caso, a probabilidade (P) é o
risco da vazão ou nível ser ultrapassado num ano qualquer. O tempo de
retomo deste valor é T = llP. O risco que uma vazão, com uma probabilidade
associada, ocorra nos próximos anos é obtido pela expressão

N
PR = 1 - ( 1 - 1m (14.1)

onde N = número de anos. Esta última expressão é utilizada para verificar o


risco de uma obra dentro de sua vida útil.

Exemplo 14.1. A ensecadeira de uma barragem deverá ser utilizada por 4 anos
de construção. Estime qual deve ser o tempo de retomo da vazão de projeto,
para que o risco no período citado seja de 10%.

Solução: A probabilidade aceita para os quatro anos de construção é de 10% ou


PR = 0,10. Sendo N = 4, da equação 14.1, obtém-se T.
4
0,10 = 1 - (1 - 1m e T = 38,5 anos

Segundo Sokolov et aI. (1975), quando uma grande inundação pode causar
danos catastróficos à vida humana e às propriedades, a cheia de projeto deve
ser estimada com base na precipitação máxima provável (capítulo 5). Para
áreas de menor potencial de dano, as cheias são definidas com base nos
aspectos econômico e político-social. Os aspectos econômicos identificam a
relação benefício-custo da obra, ou seja o custo da construção deve ser
inferior ao dano provocado pela enchente. Viessman et al.(1977) apresentaram
os tempos de retomo normalmente utilizados para pequenas obras hidráulicas
(tabela A.l, anexo A). Snyder (1964) apresentou alguns critérios para
dimensionamento de barragens, reproduzidos na tabela A.2 (anexo A).
Sokolov et alo (1975) apresentaram os critérios russos de definição do
risco do projeto, tabela A.3. Nas tabelas A.4 a A.6 são apresentados os
critérios recomendados pela Comissão brasileira de Grandes Barragens
(Eletrobras, 1987). Todos os critérios combinam risco de perdas materiais e
humanas com critérios de projeto. Estes critérios não garantem segurança
total da obras, mas permitem reduzir a chance de que ocorra uma catástrofe,
sem que o custo seja extremamente alto.
Vazão Máxima e hidrograma de Projeto 529

14.2 Vazões Máximas

A vazão máxima pode ser estimada com base a) no ajuste de uma


distribuição estatística; b) na regionalização de vazões; e c) na
precipitação.
Quando existem dados hist6ricos de vazão no local de interesse e as
condições da bacia hidrográfica não se modificaram, pode ser ajustada uma
distribuição estatística. A mesma é utilizada para a estimativa da vazão
máxima para um risco escolhido. Quando não existem dados ou a série é
pequena, pode-se utilizar a regionalização de vazões máximas (capítulo 15) ou
as precipitações. A regionalização permite estimar a vazão máxima em locais
sem dados com base em postos da região. As precipitações máximas são
transformadas em vazões através de modelos matemáticos. Este método é útil
quando a bacia sofre modificacões.
A precipitação máxima é determinada com base no risco ou tempo de
retorno escolhido para o projeto. A vazão resultante não possui
necessariamente o mesmo risco, se comparado com os métodos anteriores, devido
aos diferentes fatores que envolve a transformação da precipitação em vazão.
Os principais fatores são as condições iniciais de perdas do solo, de
escoamento dos rios e reservat6rios, além da distribuição temporal e espacial
da precipitação.

14.2.1 Vazões máximas com base em série histórica

No capítulo 4 foram descritas as principais distribuições estatísticas


utilizadas em hidrologia. Estas distribuições são utilizadas no ajuste dos
valores de vazão máxima. As séries amostrais de vazão podem ser anuais ou
parciais. As séries anuais são as vazões máximas ocorridas em cada ano. Neste
procedimento são desprezados os outros valores máximos ocorridos dentro do
ano. Como resultado, o segundo ou terceiro maior valor num determinado ano,
pode ser superior ao maior valor observado num ano menos chuvoso. O ajuste de
séries parciais utiliza os valores máximos escolhidos a partir de uma
determinada vazão selecionada. Esta vazão é escolhida de tal forma a não
incluir vazões pequenas e de existir pelo menos um valor por ano. Os eventos
devem ser independentes entre si.
A utilização de séries parCIaIS somente apresenta resultados
discrepantes com relação ao uso de séries anuais, para tempo de retorno
pequeno. Alguns autores (NERC,1975) recomendam o uso de séries parciais
quando os registros existentes são reduzidos e deseja-se estimar a vazão de
tempo de retorno pequeno. Neste capítulo são abordadas as séries anuais.
530 Hidrologia

Seleção das Vazões

Algumas recomendações na escolha das vazões são as seguintes: a) para


cada ano hidrológico, com período completo, selecione a vazão máxima
instantânea; b) na grande maioria dos postos fluviométricos não existe
linígrafo, sendo necessário utilizar a vazão máxima diária ou a maior vazão
das leituras diárias. (Nas ··listagens fomecidas pelas entidades que coletam
dados esses valores são selecionados mensalmente); c) quando o posto dispõe
de linígrafo, procure obter o valor máximo. Quando houver um ano de dados
incompletos, verifique se o período que falta é nos meses secos. Compare com
postos vizinhos, observando se a maior enchente na região está contida nos
meses de falha. Utilize este ano e seu valor, se a falha for no período ~eco
e/ou houver razões fortes para que o pico não tenha ocorrido no período de
falha.

Condições das vazões escolhidas

o ajuste de uma distribuição de probabilidade aos dados hist6ricos


baseia-se no seguinte: a) a série dos valores amostrais de vazão máxima anual
devem ser independentes; b) o processo natural de ocorrência das mencionadas
vazões é estacionário; c) a amostra é representativa da população.

Independência das vazões· Para vazões máximas anuais a chance de ocorrer


dependência entre valores extremos é pequena, devido ao tempo que separa cada
enchente. A escolha da vazão máxima é realizada, em geral, dentro do ano
hidrológico. O ano hidrol6gico corresponde ao período de 12 meses a partir do
início do período chuvoso e o fim da estação seca. Na região Sudeste do
Brasil, para a maioria dos rios, o ano hidrol6gico inicia em outubro e
termina em setembro. No Rio Grande do Sul inicia em maio e termina em abril.
Bxistem regiões em que a cheia pode ocorrer em qualquer mês do ano, pois o
l",gime não apresenta uma sazonalidade bem defmida.

Série estacionária· Uma série é estacionária quando não ocorrem modificações


nas características estatísticas da sua população ao longo do tempo. Por
exemplo, a não-estacionaridade de uma série pode ser provocada: pelo aumento
da urbanização, resultando numa mudança gradual das características do
escoamento; pela construção de reservatórios ou diques, alterando a série de
vazões a jusante da barragem; pelo desmatamento, por exploração ou queima,
mudando o comportamento do escoamento.

Amostra representativa. A confiabilidade dos parâmetros calculados com base


na série hist6rica depende do número de valores da série, das incertezas e da
sua representatividade. A diferença entre os parâmetros estatísticos da
Vazão Máxima e hidrograma de Projeto 531

amostra e os da população é definida como incerteza por Yevjevich(l972). As


principais fontes de incertezas são os erros: de processamento e medição da
vazão; devido à não-homogeneidade e; da falta de rcpresentatividade da
amostra.
Considere uma série de vazões máximas de N anos. Se este período abrange
uma seqüência de anos. chuvosos, a estimativa de seus parâmetros será
tendenciosa. Esse erro aumenta à medida que se deseja estimar tempos de
retomo maiores. Benson(l960), utilizando uma série gerada de 1000 anos de
vazão máxima, mostrou que para estimar uma cheia de 50 anos são necessárias
séries de 39 anos, para que as estimativas fiquem na faixa de 25% do valor
correto, 95% das vezes. Caso seja considerado 80% das vezes, o período de
dados necessário seria de 15 anos. Alguns autores consideram que uma série
amostral de N anos, pode estimar vazões com alguma confiabilidade para tempos
de retomo de até 2N. Na realidade não é o número de anos, mas a
representatividade dos anos da série que permite uma boa estimativa dos
parâmetros da população.

Exemplo 14.2. No rio Itajaí-Açu, em Blumenau, existem registros de marca de


todas as enchentes que ultrapassaram 9,00 m no posto linimétrico. Esta série
iniciou em 1852. As maiores marcas são apresentadas na tabela 14.1.

Tabela 14.1. Níveis de enchentes em Blumenau


Ano nível
16,30
17,10
16,90
15,50
15,34
1984
1888
1911
1983 (m)
1852

Entre 1912 e 1982 não ocorreu nenhuma enchente com cota superior a
13,00m. Portanto, utilizando estes 71 anos para ajustar uma distribuição
estatística, os resultados seriam tendenciosos, mesmo para estimativa de
riscos inferiores a 50 anos.

Para identificar a representatividade da amostra pode-se utilizar os


dados de precipitação, que em geral são mais longos, para verificar se o
período de vazão disponível é representativo de uma seqüência mais longa.
532 Hidrologia

Ajuste de Distribuição Estatística

As principais distribuições estatísticas utilizadas em hidrologia para


ajuste de vazões máximas são: Empírica, Log-Normal, Gumbel e Log-Pearson m.
Os conceitos e equações básicas das citadas distribuições foram descritos no
capítulo 4. Beard (1974) examinou enchentes de 300 estações nos Estados
Unidos comparando diferentes métodos, e concluiu que as distribuições Log--
Normal e Log-Pearson lU foram as únicas distribuições que não apresentaram
resultados tendenciosos, enquanto que esta última apresentou resultados mais
consistentes. O autor recomendou o uso da Log-Pearson lU com coeficiente de
assimetria regionalizado para amostras pequenas. A seguir são apresentadas,
de forma resumida, as distribuições Gumbel e Log-Pearson m, além de
exemplos ilustrativos sobre a aplicação das mesmas em vazões máximas.

Distribuição Gumbel - As principais relações utilizadas no ajuste da


distribuição Gumbel pelo método analítico são as seguintes:
-y
P(Q~ Qo) = 1 - e-e (14.2)

onde P(Q ~ Qo) é a probabilidade da vazão Q ser maior ou igual a Qo, e

y = (Q - )l)/a (14.3)

chamada de variável reduzida, sendo )l e a parâmetros da distribuição e


estimados com base na média e desvio padrão dos valores da série

a = 0,78 s (14.4)

)l = x - 0,5772 a (14.5)

onde x e s são a média e o desvio padrão das vazões.


A equação de posição de plotagem utilizada na verificação do ajuste dos
valores da amostra para esta distribuição é a seguinte

i - 0,44 (14.6)
P(Q ~ Qo) = N + 0,12

onde i = é a posição das vazões (ordem decrescente); N = tamanho da amostra.

Distribuição Log-Pearson lU - A distribuição log-Pearson m possui três


paiâmetros: média, desvio padrão e coeficiente de assimetria dos logarítimos
das vazões. A estimativa destes parâmetros é obtida por:
Vazão Máxima e hidrograma de Projeto 533

X=--LlogQi (14.7)
N

-2
, L(log(Qi-X)
s = (14.8)
N-!

N L (log
G=----- Q - x )3
(14.9)
(N-1)(N-2) s3

A estimativa da vazão para um tempo de retomo T é obtida por


10gQT = x + K (T,G) s (14.10)

onde K(T,G) é obtido com base na tabela A7 (anexo A). Para valores de G entre
-1 e 1 o valor de K pode ser estimado por

2 G G
K = - { [ ( Kn - - ) - + 1]3 -1 } (14.11)
G 6 6

onde Kn é o coeficiente para G = O da tabela A7, (Anexo A)


A equação de posição de plotagem recomendada para a distribuição log-
Pearson lU é a seguinte:

i - 0,4
P=-- (14.12)
N + 0,1

Limites de Confiança - A incerteza de uma estimativa depende da diferença


entre os parâmetros da população e da amostra usada. Os limites de confiança
procuram medir o grau de incerteza. Para cada estimativa da vazão, com um
determinado tempo de retomo (risco) pode-se estimar os limites superior e
inferior, entre os quais a vazão estimada se manterá, aceito um grau de
confiabilidade denominado nível de significância. Neste capítulo são
utilizados os limites de confiança da distribuição log-Pearson I1I, que são
calculados por
(LogQ)a = x + Ka s (14.13)

onde (LogQa) é o logaritmo da vazão no limite de confiança com nível de


significância a; Ka é o parâmetro para o limite de confiança de nível de
534 Hidrologia

significância a. Este parâmetro é calculado com base no tempo de retomo

Zp
Ka = -----
Jz~-a b' limite superior (14.14)
a

Zp - Jz~-a b'
K(l-a) = ----- limite inferior (14.15)
a

2 2
Za 2Za
onde a = 1 - --; b = Zp - -; e p = probabilidade; Zp = valor de K
2(N-1) N
para a probabilidade p; Za = é o valor de K para o nível de significância a e
G = O; N = o tamanho da amostra.

Exemplo 14.3. Ajuste as distribuições Gumbel e Log-Pearson III aos dados do


posto Rio do Sul no rio Itajaí-Açu, apresentados na tabela 14.2.

Solução • Ajuste da distribuição Gumbel: A média, o desvio padrão e os


parâmetros da distribuição ficam: x = 813 m3/s, s = 370,9 m3/s e a = 289,3
e l-l = 646,1. A equação da distribuição fica y = (Q - 646,1)/289,3.
A reta teórica é traçada com base nesta última equação e apresentada na
figura 14.1. Os porttos plotados nesta figura foram obtidos colocando as
vazões em ordem decrescente e calculada as probabilidades com a equação 14.6.
Ajuste da distribuição Log-Pearson III: Utilizando as equações 14.7 a
14.9 para cálculo da média, desvio padrão e coeficiente de assimetria dos
logaritmos das vazões do posto referido obtém-se: x = 2,866; s = 0,199357 e;
G = 0,010874
A equação 14.10 fica log QT = 2,866 + 0,199357 . KT. Neste caso como
-1,0 :s G :s 1,0 pode-se utilizar a equação 14.11 para KT, função do tempo de
retomo. As vazões de alguns tempos de retomo foram calculadas por esta
equação e traçada a curva teórica de probabilidade desta distribuição, como
apresentado na figura 14.2. Por exemplo, para o tempo de retomo de 10 anos,
KT = 1,283 e QT = 1324 m3/s.
Os intervalos de confiança foram estabelecidos para um nível de 95%.
Utilizando as equações 14.13 a 14.15 foram calculados os limites da figura
14.2. Para exemplificar, a seguir é apresentado o cálculo para o tempo de
retomo de 10 anos. Za = ZO,05= 1,645; Zp = ZO,l = 1,282. Os coeficientes
ficam
Vazão Máxima e hidrograma de Projeto 535

1,6452 2 1,6452
a = 1 - --- = 0,965; b = 1,282 --- 1,576
2 (40- 1) 40

1,282 + J1,2822- 1,576 . 0,965


Ka = = 1,6915
0,965

Utilizando o valor de Ka na equação acima, resulta QLS = 1597 m3/s. Para


o limite inferior Kl-a = 0,966 e QLI = 1144 m3/s.

Tabela 14.2. Vazões máximas de Rio do Sul


1944
1090
1000
1120
Ano
1947
1956
1953
1970
1983
1961
1946
1943
1950
1952
1968
1971
1979
1980
1982
1977
1958
1955
1962
1973
1974
1976
1949458
8605
2130
1080
1190
1470
1020
1905
1210
1050
270
465
9476
Vazão
Ano 19596460
750
666
535
645
846
801
5338
780
324441
3823
735
682722
23
68
01
18
64
71
69- m3/s
720-1962
1967
1963
m3/s

Ajuste de distribuição considerando marcas históricas

Num posto fluviométrico com série contínua de N anos podem existir


informações históricas de marcas de água que ocorreram antes da instalação do
posto que gerou a série contínua. Estas marcas devem ser as maiores de um
período de H anos, sendo H o número de anos que englobe a série contínua e o
período em que as marcas de enchentes foram os maiores valores (figura 14.3).
Essas informações devem ser incorporadas à análise de freqüência,
permitindo melhorar o ajuste da distribuição.
536 Hidrologia

PROBABILIDADE DE VALORES MENORES (%)


5102030
I I ! ! I
50
, ,
70
!
80
I
90
!
95
I I
97
I
98
I
99
!
99,5
I
99,8
,
2400

2000 l-+---~-~.- - -]7


17
11100
eoo
l/
O M-
N 1200 I I J;'
(jJ ~E.
'<I:
i

400O I---

1,1 1,5 2 3 4 5 10 15 20 30 40 50 100 200 500


INTERVALO DE REGORRÊNGIA (anoo)
, t " I " I " J I , , I " " ! • I " [ ti , , I I " , !" , ! I " !l !, ! " 1 11 t , Ir , 1 I 1 11 " ! ,," ! , , " [
-1 O 1 2 3 4 5 6
VARIÁVEL REDUZIDA (V)

Figura 14.1. Ajuste da distribuição Gumbel

USWRC(1975) recomenda o uso do seguinte procedimento: a) os eventos


hist6ricos da série descontínua devem ser os maiores do período anterior ao
registro contínuo; b) selecione z eventos que são os maiores do períódo de H
anos. Deve-se procurar utilizar todas as marcas hist6ricas, mas ter o cuidado
de selecionar corretamente os eventos hist6ricos. pois é preferivel
desprezar alguns valores baixos quando a informação não é muito consistente;
c) para os z eventos escolhidos deve-se dar peso 1. Aos eventos restantes são
dados pesos
H-z
(14.16) w=-
N*

N* = o número de valores restantes da série contínua; d) Os parâmetros


estatísticos são obtidos por

w LIogQ + LIog Qz
x = -------- (14.17)
H

-2 -2
w L (logQ - x) + L (logQz - x) 0,5
s = [ --------- ] (14.18)
H-I
#-~
__
Vazão Máxima e hidrograma de Projeto 537

" ,-o--ji•""';-
!
.
-..5000
'"N
E
4000
3000
1000
6000
600
800
",t'"
300, ..
200 400
2000
j

;""f
;

?'"i;"',
/~-------.-
SUL
iIITAJA(
,
I
~ ;--
,I,!;; ' DO
I I I ,iSUL
i-_--I---
••-.
EM
I i DO! •••.••
__ iIIIIiIP'
I I
!
i
-l----
RIO I ..r
o."
--"
0j;>". ; ",""
•.....
i
- II ",'"
~
,,-,•-
I ;11""'''
- i
!
I
.I

i
! ",
-r -1--- 6
5
4
i
3

1
9
8
7
6
5
4
3

1
0,01 0,10,2 0,5 1 2 5 10 20 30 40 50 60 70 80 90 95 98 99 99,8 99,9
--~i--~I-~I --~I -~i------~i -~i --~i-i~--i~
1,001 1,01 1,02 1,11 1,28 5 10 50 100 1000
T (ono.l

Figura 14.2. Distribuição Log-Pearson III e os limites de confiança

H
G = ----(w l:(log - x)3 + l: (logQz - x)3] (14.19)
(H-l)(H-2) s3

onde Qz = as vazões dos z elementos.


e) A posição de plotagem é calculada por

P = ---
i-
0,4
para 1 < i < z (14.20)
H + 0,1
e

m - 0,4
P = -- para (z + 1) ~ i ~ (z + N) (14.21)
H + 0,1

onde i = ordem do evento no conjunto dos dados observados posicionados de


forma decrescente; m = w i - (w-l) (z + 0,5); f) O cálculo da curva de
probabilidade e dos intervalos de confiança segue o mesmo procedimento já
descrito.

Exemplo 14.4 Na bacia do rio Itajaí-Açu existem registros de ocorrências de


enchentes que datam de 1851 (figura 14.3). Tucci e Krebs(1986) apresentaram
538 Hidrologia

uma série de vazões para Apiuna com base nos dados no local e na regressão
com níveis de B1umenau. A série histórica de dados contínuos de Apiuna é de
1934 a 1984. Ajuste a distribuição log-Pearson III para a série, considerando
as marcas de enchentes.

1--------1
1852 1984

• • • • • • • I OOOOOOOOOOOOOOOOOOO I
(8 marcas) 1934 1984

o - série contínua
• - maiores eventos históricos do período entre 1852 e 1934

Figura 14.3. Exemplo de vazões baseadas em marcas históricas

Solução: Na tabela 14.3 são apresentados os valores em ordem decrescente dos


z valores. Na tabela 14.4 são apresentados os N* valores. No problema z =12;
N*=47; H = 133 e; w =(133 -12)/47 =2,5745

Tabela 14.3. Ajuste com marcas históricas para Apiúna, z valores


Probabilidade
2900
3050
Ano 4500
4950
3150
5300
3090
Vazão
3450
5450
4327 retomo
98,151,2
92,813,9
95,8
99,5
96,528,9
92,012,6
91,311,5
95,0222,0
20,2
23,8 de
93,515,5
94,317,5
98,883,2
97,337,0
(%)Tempo
98
00
57*
68
55
83*
84*
52
911
91
0*
1880 m3/s

* valores da série contínua


Os parâmetros de ajuste com marcas históricas ficam: x = 3,1566; s =
0,228; G = 0,2099. Na figura 14.4 são apresentadas as curvas com marcas
históricas e sem marcas históricas. Pode-se observar que a série de 1935 a
1984 é tendenciosa para tempos de retomo altos.
Vazão Máxima e hidrograma de Projeto 539

...-
6000
~
5000•.. i
.
-r ,
ITAJAí
!""IC"
,oV
II~iIiIJ!.
APIÚNA
f:jI. IEM i-,
! -I AÇU
~
!
~~
,
-- I
;
l- - -l IS~RIE
I
I
SERIECI852-1984)A"
F
6
5
.•...•• I I C1934 - 1984~
IJ 4000 4
~ 3000 3

2000 2
..
,.,.
E
1
,S! 1000
N 800 8
..
>
600 6
500 5
400 4
300 3

200 2

1
0,01 O,J 0,20,5 1 2 5 10 20 30 40 50 60 10 80 90 95 98 99 99,599,9
i i i i i i i I i I
1,001 1,01 1,02 1,11 1,25 5 10 50 100 1000
T (onos)

Figura 14.4. Ajuste da distribuição com dados de marcas hist6ricas

14.2.2 Vazão máxima com base na precipitação: Método Racional

A vazão máxima pode ser estimada com base na precipitação, por métodos
que representam os principais processos da transformação da precipitação em
vazão e pelo método racional, que engloba todos os processos em apenas um
coeficiente. Os métodos que estimam a vazão máxima e o hidrograma de projeto
serão descritos no pr6ximo item.
O método racional é largamente utilizado na determinação da vazão máxima
de projeto para bacias pequenas (~ 2 km2). Os princípios básicos desta
metodologia são: a) considera a duração da precipitação intensa de projeto
igual ao tempo de concentração. Ao considerar esta igualdade admite-se que a
bacia é suficientemente pequena para que esta situação ocorra, pois a duração
é inversamente proporcional à intensidade. Em bacias pequenas, as condições
mais críticas ocorrem devido a precipitações convectivas que possuem pequena
duração e grande intensidade; b) adota um coeficiente único de perdas,
denominado C, estimado com base nas características da bacia; c) não avalia o
volume da cheia e a distribuição temporal das vazões.
A equação do método racional é a seguinte:

Qmax = 0,278 C I A (14.22)


540 Hidrologia

Tabela 14.4. Valores da série contínua (N vazões)


1240
anos
2760
1946
1280
2630
Ano
vazão
Vazão
1951
1260
2310
1960
2250
1958
2210
1934
1121
2160
1959
1947
1100
1020
2156
2040
1940
1032
1930
927
1981
951
1974
918
1956
1938
1937
2030
1941
895
1082
1057
1890
702
909
881
1949
1952
1764
1847
1730
1968
562
859
1967
1460
1610
1550
1539
1944
495
648
566
1964
1945
1220
1970
1975
1821
1750
1680
1533
8,3
7,2
1,71
6,3
5,6
5,1
3,6
4,6
4,2
3,0
1,00
Ano 9,986,1
1,65
39,7
1,60
37,7
1,51
1,38
1,35
68,7
72,5
28,1
1,22
1,46
3,4
1,28
1,31
66,7
74,5
31,9
22,2
24,2
1,16
2,7
1,25
64,8
60,9
59,0
62,9
1,14
2,3
1,09
1,83
1,02
45,5
55,1
2,1
2,0
1,07
1,9
1,05
47,4
4,9
1,77
89,9
43,5
~8,O
41,6
84,1
82,2
1,55
80,3
3,2
3,9
70,6
78,3
76,4
2,8
2,5
2,418,4
16,4
2,9
10,6
6,8
1,19
1,40
1,11
2,2
57,1
1,97
49,3
53,2
51,3
936
%35,8
33,9
26,1
30,0
20,3
14,5
8,7
12,6
% Tr
Tr
PP
1,0 m3/s

onde 1 = a intensidade da precipitação em mrn/h; A = a área da bacia em km2 e;


C = coeficiente de perdas. A vazão máxima Qmax é dada em m3/s.

Intensidade - O tempo de concentração pode ser estimado pelas equações


apresentadas anteriormente no capítulo 11. O tempo de concentração também
pode ser estimado por uma equação derivada com base no método da onda
cinemática para precipitação constante.

447 (L.n) 0,6


te= (14.23)
SO,3 1°,4
e
Vazão Máxima e hidrograma de Projeto 541

onde te em minutos; L = comprimento do rio em km; n :: rugosidade de Manning;


S = declividade (m/m); Ie = precipitação efetiva em mm/h, sendo Ie = I C.
Alguns valores de n são apresentados na tabela 14.5.

Tabela 14.5. Valores do coeficiente de Manning


0,020 . n
0,030
0,014
0,400
0,350
0,012
Cobertura da bacia
asfalto
pouca
argila suave
vegetação
sfalto ou densa
concretoe floresta
compactada
vegetação

A precipitação é obtida das curvas de intensidade duração e freqüência


do local em estudo. Quando a equação 14.23 for utilizada, o processo de
cálculo toma-se iterativo, po.is para determinar a intensidade I é necessário
conhecer a sua duração, que é igual ao tempo de concentração. Quando a
intensidade é expressa na forma da equação do tipo

I= (14.24)

onde Tr = tempo de retomo, a, b e c são coeficientes que dependem do local e


t = duração. Neste problema t = te, substituindo a equação 14.24 na equação
14.23, resulta

m
I= (14.25)

onde m = aTbr; s = 447 (L.n)O,6/[SO,3 CO,4]. Calculando um valor inicial para Ia,
com base no tempo de concentração obtido da equação de Kirpich ou do SCS
(capítulo 11) e substituindo no denominador da equação 14.25, obtém-se o valor
de 11. O valor correto será obtido quando a diferença entre duas iterações for
insignificante (1 - 5 %).

Coeficiente C - A estimativa do coeficiente C é baseada em tabelas e tem


alguns aspectos subjetivos. Na tabela 14.6 são apresentados valores
recomendados pela ASCE (1969). Na tabela 14.8 são apresentados valores de C
542 Hidrologia

segundo adaptação do critério de Fruhling e utilizados pela Prefeitura de São


Paulo (Wilken,1978). Os coeficientes para áreas agrícolas são apresentados na
tabela 14.7. Neste caso o coeficiente C fica

C =! - (C'l + C'2 +C'3) (14.26)

As variáveis são identificadas na tabela 14.7. Considerando o


comportamento natural da bacia é de se esperar que o coeficiente varie com o
tempo de retomo ou com a magnitude da enchente, pois com o aumento da
intensidade as perdas não continuam as mesmas e o coeficiente deve aumentar.
Para levar em conta esta variação é utilizado um multiplicador para o valor
de C de acordo com o tempo de retomo (tabela 14.9).

Exemplo 14.5. Determine a vazão máxima para tempo de retomo de 50 anos para
uma bacia com 30% de área cultivada; 70% da bacia com cobertura natural com
árvores e declividade média 8 m/km. O solo tem permeabilidade média. A bacia
tem 2 km2, desnível de 24 m e comprimento de 3 km. Os valores da curva
de intensidade duração e freqüência são: a = 1265,7; b = 0,052; c = 12;
e d=O,77.

SOlução· O tempo de concentração pode ser estimado pela equação de Kirpich,


neste caso: te = 57 (33/ 24)°.385 = 59,64 minutos. Considerando te = t =
59,64 ruin e utilizando a equação i-d-f resulta,

Tabela 14.6. Valores do coeficiente C (ASCE,1969)


Superfície 0,20
0,15
0,30
0;13
0,83
0,88
0,80
0,85
valor esperado
0,Q8 0,80
0,18
0,18 0,70
0,10
0,15
0,25 0,17 C
0,22
0,13 -- 0,95
0,05
0,75 0,15
0,20
0,35
0,10
0,85
intervalo asfalto
plano (2%)
Vazão Máxima e hidrograma de Projeto 543

Tabela 14.7. Valor de C para áreas rurais (Williams, 1949)


declividade de 3 - 4C·m/km
0,20 0,40
0,30
0,20
0,10
-50 m/km áreas cultivadasTipo de área
argila impermeável
terreno plano, declividade de 0,2-0,6 m/km

Tabela 14.8. Valores de C adotadas pela Prefeitura São Paulo (Wilken,1978)


Zonas C
0,05
0,6Q - 0,95
0,25
0,10
0,50
0,70 0,20
0,50
0,25
0,60
0,70
tadas
Partes
parques
com centrais.
de
pavimentadas
de construção
tações, mas comdensamente
residenciais
rurais,
ruasajardinados,
earrabaldes
adjacenteáreas
calçadas
ao com
verdes,
ruasecampos
ruas construídas
esubúrbios
superfícies
pavimentadas
centro, de de
macadamizadas
demenos
esporte
com
construções
calçadas semuma
pequena cidade
arborizadas,
cerradas,
pavimentadas pavimentação
ou
densidade densidade
pavimen-
de habi-
ruas
544 Hidrologia

Tabela 14.9. fator de correção de C (Wright-MacLaughin, 1969)


1,25
1,00 Cf
Tempo de retorno 1,10
1,20
(anos)
100
25
50
2 a 10

I = 1265,7. 50°,052 = 578


(59,64 + 12)0,77 ' mm/h

o coeficiente de descarga fica

Ccu! = 1 -(0,2 +0,2 +0,1)= 0,5


Cn = 1 - (0,2 + 0,2 + 0,2) = 0,40
C = 0,3 . 0,5 + 0,7 . 0,40 = 0,43.

Corrigindo para o tempo de retorno fica

C = 0,43 . 1,2 = 0,52.

A vazão resultante é

Q = 0,278 . 0,52 . 57,8 . 2 = 16,6 m3/s

A determinação da vazão quando o tempo de concentração é calculado


pela equação da onda cinemática é descrita a seguir. Como o escoamento ocorre
parte na bacia e parte no canal, adotou-se n =0,03. Na equação 14.25, os coefi-
cientes são: s = 582,8 e m = 1551,2. A referida equação fica

I = 1551,2/(582,8 1-0,4 + 12)0,77

para 10 = 57,8 mm/h, resulta 11 = 37,21 mmlh na equação acima. Após algumas
iterações o valor converge para I = 31,3 mm/h.
A vazão resultante é

Q = 0,278. 0,52 . 31,3 . 2 = 9,1 m3/s

Este valor é inferior ao anterior. Esta equação depende do coeficiente


de rugosidade que é difícil de estimar para uma bacia pequena em que parte
Vazão Máxima e hidrograma de Projeto 545

importante do escoamento ocorre na superfície da mesma. A equação de Kirpich


tende a subestimar o tempo de concentração e, em conseqüência, superestimar a
vazão. De outro lado a equação da onda cinemática considera que o escoamento
ocorre num plano representado pela bacia, com pequena profundidade, que na
prática não ocorre. O escoamento tende a ocorrer numa rede de pequenos
riachos interligados, onde a constribuição dos planos tem comprimento de
poucos metros.

14.3 Hidrograma de projeto

O hidrograma de projeto ou o hidrograma tipo pode ser determinado com


base em dados históricos de vazão ou com base na precipitação, com um risco
escolhido.

14.3.1 Hidrograma de projeto com base na vazão

O hidrograma de projeto envolve duas variáveis fundamentais, a vazão


máxima e o volume. O risco está relacionado com uma das variáveis e não com
as duas simultâneamente. Além disso deve-se adicionar a distribuição temporal
do volume como outra condição do hidrograma de projeto a ser defmida. A
determinação deste hidrograma com base em dados de vazão, pode basear-se em
diferentes critérios, que admitem alguma simplificação. Alguns dos métodos
existentes para a estimativa do hidrograma de projeto são os seguintes:

Hidrograma crítico· Sokolov et aI. (1975) apresentaram a prática russa que


se baseia no hidrograma crítico observado para defmir a forma do hidrograma
de projeto. O procedimento é o seguinte:

a) selecione o hidrograma histórico mais crítico quanto a distribuição


temporal;
b) ajuste uma distribuição estatística às vazões máximas instantâneas (Qp) e
para as vazões (Qm) correspondentes à duração (td) do hidrograma de cheia;
c) determine a vazão instantânea (Qp) e a vazão Qm, para o tempo de retomo
escolhido;
d) calcule o coeficiente K = Qp/Qx, onde Qx é a vazão máxima do hidrograma
observado;
e) calcule as ordenadas do hidrograma de projeto por Qt = K.Qi, onde Qi são
as vazões do hidrograma observado;
f) as vazões resultantes devem ser ajustadas para que o somatório resultante
apresente volume igual a V (V = Qm td).

As principais limitações deste processo são: a) o volume e pico não


ocorrem necessariamente no mesmo evento, para o mesmo risco, o que pode
546 Hidrologia

tomar difícil o ajuste mencionado; b) nada indica que as condições de cheia


se repetirão para a combinação prevista. Este procedimento pode ser elaborado
para diferentes padrões de hidrogramas para o local de interesse em função de
diferentes padrões de hidrogramas críticos observados.

Estatística dos hidrogramas • pfastetter (1976) utiliza a estatística das


vazões máximas de diferentes durações para construir um hidrograma
característico. O procedimento é o seguinte:

a) ajuste uma distribuição estatística às vazões máximas para diferentes dura-


ções (por exemplo, vazão máxima de 1, 2, 5 e 10 dias), variando da instantânea,
ou diária, ao tempo de base dos hidrogramas observados na bacia;
b) escolhido o risco T, são determinadas as vazões 01, 02, 03, ... On, para as
durações dl, d2, d3, ..;dn, respectivamente; e,
c) as vazões do hidrograma são: On 1 = 01 com duração d 1, que corresponde ao
máximo. Para a duração d2, a ordenada é On2 = (02 d2 - 01 d1) / (d2 - d1). Para
a duração di a vazão fica Oni = (Oi di - Oi-1 di-1) / (di - di-l). As abcissas
correspondentes à subida e descida do hidrograma são definidas de acordo com
a maior freqüência verificada nos dados observados. Por exemplo, na vazão de
duração de dois dias, a vazão máxima de 1 dia é conhecida, o valor seguinte
pode estar antes ou depois do pico. O segundo valor é posicionado de acordo
com a maior freqüência observada nos dados. O hidrograma resultante terá o
volume correspondente a maior duração escolhida, para o tempo de retorno T ,
com pico On1.

Este método apresenta também as mesmas limitações do anterior e pode


filtrar os gradientes de vazões dos eventos mais críticos.

Exemplo 14.6. Determine o hidrograma de projeto de 50 anos para o posto de


Marcelino Ramos no rio Uruguai. A série de dados disponíveis é de 1940 a
1975.

Solução - Na figura 14.5 são apresentadas as curvas ajustadas para as


durações de 1, 2, 3, 5, 10 e 15 dias. Na tabela 14.10 são apresentadas as
vazões para o tempo de retomo de 50 anos, divididas pela sua duração. A
vazão calculada para o hidrograma e a posição da abcissa são apresentadas na
tabela 14.10. Para exemplificar, para a duração de 5 dias fica

Qn4 =(Q4 d4 - Q3 d3)/(d4 - d3)=(10400 . 5 - 12400 . 3)/(5 -3) = 7400.

Na figura 14.6 é apresentado o hidrograma construído com base nas vazões


da tabela 14.10. Pode-se observar neste hidrograma que o tempo de pico é
muito reduzido.
Vazão Máxima e hidrograma de Projeto 547

PROBABILIDADE DE VALORES MAIORES COlo)


1 2 5 10 20 30 40 50 60 70 80 90 95 98 99 99,599,8· 99,99
I , I I I ! ! I , • , I I I ! I I ,! , I
100000

10000

1000
1,01 1,051,11 1,25 1,5 5 10 50 ]02 500 ]03 ]04
INTERVALO DE RECORRÊNCIA lanos)

Figura 14.5. Curvas de probabilidade para Marcelino Ramos

Tabela 14.10.Resultados do exemplo 14.7


3 3
78001
19100
7400
5200
9900
8200
3400Qni
abcissa
63332
dias 1 m /s
O
Qi
s Duração
4500
400inicial*
100dias

* número de dias antes do pico


da abcissa inicial (figura 14.6)
548 Hidrologia

Q(m3/s)

20000
rJ\11dia
I

15000
1

I
I
I
1

10000 I
-'- -1 12 dias
, I
-'--l-
I 1
_,_ ,- .JI -
I 1 1

1 1 1
,__ L. '_, __ , , _
5000 I I 1
1 1

! I I! I I
I_~-l--,---t------
I I 1 I
-'--r--
I
___ -,15dias
1

1
1 1 I I I
1

1 I I I I ,

2
1

!
I

!
1

I
4
I
1

I
6 8
I
10
I

-l __ ..L--l--.J.
12 14
I
L--l
16

TEMPO (dias)

Figura 14.6. Hidrograma de projeto de 50 anos.

14.3.2 Hidrograma de projeto com base precipitação

o hidrograma de projeto é usualmente determinado com base na


precipitação. O hidrograma pode ser associado ao seguinte: a) precipitação
-máxima provável, para projetos de importantes obras hidráulicas; b)
precipitações associadas ao risco ou probabilidade de ocorrência.
A estimativa do hidrograma de projeto com base na precipitação é
composta das seguintes partes: a) discretização da bacia; b) precipitação de
projeto; c) perdas e condições iniciais; d) escoamento superficial e
subterrâneo; e) escoamentos em rios e reservatórios.
No capítulo 5 foram descritos os métodos de determinação da precipitação
máxima e sua distribuição temporal e espacial. As perdas por infiltração,
depressão do solo e interceptação foram analisadas nos capítulos 6 e 9.
Métodos para estimativa da precipitação efetiva foram descritos no capítulo
11 juntamente com a propagação superficial pelo hidrograma unitário. A
propagação em rios e reservatórios foi apresentada no capítulo 12. Neste
Vazão Máxima e hidrograma de Projeto 549

capítulo são descritos os critérios para a combinação dos métodos


apresentados nos mencionados capítulos para a obtenção do hidrograma de
projeto.

Discretização da bacia

Na figura 14.7 é apresentada uma bacia e a sua subdivisão. O hidrograma


de projeto é obtido pela transformação da precipitação de projeto em cada
sub-bacia e a propagação da mesma através dos canais e reservat6rios, até a
seção de interesse. Quando a bacia hidrográfica é suficientemente pequena
para que a distribuição espacial e temporal da precipitação média não crie
tendenciosidade no escoamento, pode-se simular o hidrograma de projeto sem
discretizá-la em sub-bacias. O critério de subdivisão em bacias deve levar em
conta o seguinte: uniformidade espacial da precipitação; homogeneidade da
cobertura vegetal, tipo de solo e relevo; locais de interesse e obras
hidráulicas que interferem no escoamento.
Estas condições dificilmente são encontradas, mesmo em poucos
quilômetros quadrados. A discretização deve considerar principalmente as
macrodiferenças das bacias e depende da experiência do hidr61ogo. Em cada
sub-bacia existirá uniformidade da precipitação e dos parâmetros do modelo e
um hidrograma de saída.

Precipitação de projeto

O hidrograma de projeto resultante não terá vazão e volume com o mesmo


risco, além disso o risco associado está relacionado com a precipitação
escolhida, o que não é necessariamente o risco da vazão ou do volume máximo
resultante. O risco é escolhido de acordo com o projeto.
A precipitação utilizada na definição do hidrograma de projeto necessita
ser caracterizada quanto ao seguinte: total precipitado na duração;
distribuição espacial: precipitação total média sobre a bacia; distribuição
temporal: precipitação média sobre a bacia em cada intervalo de tempo. A
precipitação é escolhida de acordo com sua duração. A duração da precipitação
total deve ser maior ou igual ao tempo de concentração da bacia. A
precipitação é estimada com base no seguinte: na PMP (precipitação máxima
provável); estatística das precipitações; evento extremo ocorrido na região.
Os métodos para estimativa da precipitação foram descritos no capítulo 5.

Distribuição espacial - A precipitação máxima pontual não é a mesma para toda


a bacia (apenas para bacias pequenas < 25 km2). Durante um evento chuvoso as
precipitações máximas ocorrem sobre uma área pequena, reduzindo-se com o
espaço. Para a estimativa da precipitação média, função da precipitação
máxima pontual podem ser usados os seguintes critérios:
550 Hidrologia

• Local de interesse
a - Bacia
Limite do bacia

,-( Rio ou diviso do bacia

s\~Qt1:1®
2

84 Q
P c::::>

®
/p Q
Q
~

Q~P
8' P Sub-bacia
concentrado

Sub-bacia
distribuído
com contribuição

com contribuição

Q P
~ ~ Trecho de rio
85
P~Q
® Seção de interesse
@ ! •__. ...·.__
N __ ._._ ._ ••

b- Subdivisão esquemática

Figura 14.7. Discretização


Vazão Máxima e hidrograma de Projeto 551

a) curva altura·área·duração: utilizada quando existem dados suficientes para


obtê-Ia, ou através de funções desenvolvidas para outras regiões (figura
5.18).

b) isoietas de projeto: esta metodologia utiliza isoietas elípticas espaçadas


de acordo com um padrão estabelecido, tendo como precipitação média o valor
total estabelecido. US Corps of Engineers, citado por Viessman et alo (1977)
utilizou isoietas elípticas (figura 14.8) relacionadas com as durações da
precipitações totais (figura 14.9). Para a duração escolhida, a percentagem
da precipitação média de cada isoieta é obtida com base na área que cada
isoieta cobre. Por exemplo, para a isoieta A, que cobre uma área de 16 mi2,
na curva para duração de 96 hrs, corresponde a 140% da precipitação média
total. A precipitação de cada isoieta é obtida multiplicando a precipitação
total pela percentagem. A precipitação de cada sub-bacia é obtida de acordo
com o método das isoietas. Estas isoietas podem ser movimentadas buscando
maximizar a resposta da bacia;

c) isoietas observadas: são isoietas de um evento crítico sobre a bacia ou


bacia vizinha, desde que tenha compatibilidade meteorol6gica. A metodologia
de uso das isoietas observadas consiste em: 1) estabelecer as isoietas da
precipitação com a duração do evento; 2) obter a precipitação máxima pontual
do evento (pm); 3) dividir os valores de precipitação das isoietas por Pm; 4)
as isoietas do evento com precipitação de projeto P, são obtidas,
multiplicando este valor pelos fatores calculados no item anterior.

Distribuição temporal • Inicialmente é necessário defmir o intervalo de


tempo, que depende do tempo de pico e tempo de concentração da bacia. O
intervalo de tempo deve ser menor ou igual a 1/5 do tempo de concentração e
1/3 do tempo do tempo de pico. A menor duração da precipitação deve ser menor
ou igual ao intervalo de tempo escolhido. As durações restantes devem ter
espaçamentos que permitam a discretização representativa do hietograma.
Quando a bacia é subdividida em sub-bacias, o intervalo de tempo deve ser
compatível com a simulação de cada sub-bacia e seu tempo de concentração.
Os métodos de estimativa da distribuição temporal da precipitação de
projeto foram descritos no capítulo 5. Os principais métodos são: 1) baseados
nas estatísticas da distribuição temporal, como apresentado por Ruff; 2)
baseado na curva intensidade-duração e freqüência, método de Chicago,
utilizado para bacias urbanas; 3) distribuição padrão, como a apresentada
pelo Bureau of Reclamation, que procura maximizar a resposta da bacia; 4)
baseado num evento histórico ocorrido.
Com base nos critérios apresentados existe um grande número de
combinações possíveis dos diferentes critérios apresentados para a defmição
552 Hidrologia

.!!!
)(
o G
•...

o 10 20
I
milhas

ISOIETA GENERALIZADA

IISOIETA

OBSERVAÇÃO:
I A
8
I) O sentido pode ser orientado
c em qualquer direção
D
2) A precipitação e' obtida da
E
figura
F
G (Corps of Engineer, 1965)

Figura 14.8. Isoietas elípticas

da precipitação de projeto. Algumas seqüências possíveis são as seguintes:

Método A - Baseado nas estatísticas dos valores pontuais: 1) determine as


curvas dealtura-área-duração (capítulo 5) ou utilize relação da literatura
se não houver dados suficientes; 2) ajuste uma distribuição de probabilidade
às precipitações máximas dos postos para diferentes durações. No caso de não
existirem pluvi6grafos ajuste a distribuição com precipitações de durações
maiores ou iguais a 1 dia e converta para durações menores (consulte capítulo
5); 3) determine a precipitação máxima pontual de cada duração, para o risco
escolhido, na bacia de interesse; 4) localize os valores no mapa que englobe
Vazão Máxima e hidrograma de Projeto 553

a bacia e utilize o método de Thiessen para calcular a precipitação máxima


média pontual. A precipitação máxima pontual e o valor que ocorreria numa
área de no máximo 25 km2• A precipitação máxima média pontual é o valor
ponderado para toda a bacia; 5) como o valor obtido representa o máximo
pontual, utilize a curva do item 1 para obter as precipitaçõ~s médias
espaciais para as durações escolhidas até o tempo t, onde t ~ te (tempo de
concentração); 6) determine a' distribuição temporal de acordo com algum
critério de maximização ou evento histórico crítico para a bacia.

40000
30000
20000 .-.-.l--.-

10000 +
.
'" 5000 -,---
'E 4000,'
3000 ~.
~ 2000 ~
~ i
i
«
o 1000 ~ _

~
r---'

1--
.
.t..
,

l)
Z
tl1J
::;)
500
400~
r-
....J
u.. 300-·---
Z
l1J
200;"
o
«
w 100~--- .---- .... ---.~-----
a:
'« t. -.____ _ +. -- - .._-~--_.- .•..

=-_:'- ._
:.'1':'.=-.-.-.'_:"--:: _ .. --- ..---r
--t------
- ~-._---- . _... ,

~f -~-I.-~ !
-·:l-~.
10
O 20 40 60 80 100 120 140
ISOIETA % DA CHEIA MÉDIA

Figura 14,9. Durações de precipitação total


554 Hidrologia

A distribuição temporal, com base em evento crítico observado, é obtida


com base no. seguinte:

Pmb(t/D) = Pm . P(t/D) (14.29)


PT

onde Pm = precipitação máxima média da bacia na duração total; P(t/D) =


precipitação observada no intervalo t da chuva de duração total D; PT =
precipitação de duração D; Pmb(t/D) = precipitação na bacia no intervalo t/D.
Esta metodologia combina a ocorrência da precipitação máxima num ponto
com as distribuições espacial e temporal, dentro de uma visão de projeto, ou
seja de buscar as condições desfavoráveis possíveis de ocorrerem.

Método B • Baseado na ocorrência de um evento extremo: 1) determine as


isoietas do total precipitado de um evento extremo; 2) ajuste uma
distribuição de probabilidades das precipitações do posto com série longa
mais representativo destas ocorrências na bacia; 3) determine a precipitação
máxima pontual para a duração do evento extremo, com o risco escolhido; 4)
determine a precipitação máxima média com base nas isoietas do evento; 5)
distribua a precipitação média total ao longo do tempo com base no
pluvi6grafo mais representativo para a bacia, ou aquele que apresentar as
condições mais severas.

Exemplo 14.7. Determine o hietograma de projeto de 50 anos para uma bacia


localizada pr6xima a cidade de Santa Maria, com área de drenagem de 330 km2.
Na tabela 14.11 (coluna 2), são apresentadas as precipitações máximas do
posto de Santa Maria (CETESB,1979). O rio tem comprimento de 17 km,
declividade média de 0,0005 m/mo

Solução· O tempo de concentração desta bacia pode ser estimado com base na
equação de Kirpich
173
0,385
te = 57 (~) = 11 horas

Adotando o intervalo de tempo de 1 hora e interpolando para os valores


desconhecidos, obtém-se os valores de precipitação da coluna 2. Utilizando a
figura 5.18 com a área de 330 km2 obtém-se os coeficientes de redução da
precipitação para as durações utilizadas (coluna 3). A precipitação média é
apresentada na coluna 4. Na coluna 5 são determinadas as precipitações de
cada intervalo. Nos seis primeiros intervalos ocorre a vazão de pico e as
maiores precipitações. O método do Bureau of Reclamation procura maximizar a
Vazão Máxima e hidrograma de Projeto 555

vazão máxima, distribuindo os maiores valores para o terceiro quartil da dura-


ção de 6 horas. Neste caso adotou-se uma pequena alteração na seqüência do
referido método. O maior valor fica no 4º intervalo, o segundo no Sº, o tercei-
ro no 3º, o quarto no 6º, o quinto no 2º e o sexto no 1º. (coluna 6). Os demais
intervalos são mantidos iguais

Tabela 14.11.Exemp10 14.7


mm
mm
áP*
mm
áP
Cred
14,6
7,0
4,999,7P mm
Pr
165,3
4,1
5,6
159,0
178,5
174,6
182,4
0,90
0,89
155,4
145,5
25,87,0
5,6
55,6
18,3
0,69*
136,1
144,4
18,3
80,6
0,82*
0,84
0,87*
0,86
14,6
9,9
189,1
3,0
170,0
5,8
3,5
5,3
185,8
0,88
0,91
151,3
169,1
164,2
139,9
160,7
4,9
8,7
4,1
5,8
3,5
5,3
121,6
152,7
3,0
107,1
25,8
55,6
8,7
0,76
9,9
124,2
172,1
114,3
81,4
55,6
132,9
2839h74561
10
12
11
13
14 duração

P • precipitações acumuladas
áP* - precipitações reorganizadas
para maxirnizar o pico

Nos métodos anteriormente descritos não foi mencionado o caso no qual a


bacia é subdividida em sub-bacias devido à variação das características
físicas e das precipitações. Neste caso a análise da distribuição temporal e
espacial é realizada para toda a bacia, enquanto que a precipitação de cada
sub-bacia é calculada com base nas isoietas que abrangem a mesma. A
distribuição temporal é obtida com base no pluvi6grafo mais pr6ximo ou em
padrão escolhido.
Um procedimento alternativo baseia-se no cálculo da precipitação média
máxima da bacia. A seqüência é a seguinte: a) determine a precipitação média
espacial de toda a bacia para cada evento ao longo do ano e escolha o maior
valor anual. A duração deve ser maior ou igual ao tempo de concentração; b)
ajuste uma distribuição estatística as precipitações médias máximas anuais;
c)determine a precipitação média máxima para o risco escolhido; d) escolha um
evento crítico conhecido na bacia ou na região para determinar a precipitação
nas sub-bacias no tempo e no espaço. A distribuição temporal é adotada com a
556 Hidrologia

mesma proporcionalidade da observada (equação 14.29). A distribuição temporal


observada é aquela do posto mais pr6ximo e representativo.

Exemplo 14.8. Na região Metropolitana de São Paulo existe um grande número de


postos pluviométricos e pluviográficos. A determinação da precipitação de
projeto para sub-bacias do trecho do rio Tietê entre a Penha e Edgard de
Souza (figura 14.10) utilizou dados de postos com séries desde 1938 a 1984
(promon, 1986). Nem todos os postos possuiam dados em todo o período,
portanto foram utilizados os postos com dados disponíveis em cada ano. Do
total de 20 postos, 12 possuem série de 38 a 84 e o restante série -iniciando
em 58. Para o conjunto foram estabelecidas as áreas de influência com base no
método de Thiessen.
Para cada dia da série foi estimada a precipitação média e para cada ano
foi selecionada a maior precipitação média. Estas precipitações médias
máximas foram ajustadas à distribuição de Gumbel (figura 14.11). A
distribuição espacial foi obtida com base num evento extremo ocorrido de 1 a
2/2/83 (figura 14.10). Os valores deste gráfico foram divididos pela média do
evento que foi de 114,5 mm. Para o cálculo da precipitação de uma sub-bacia,
basta calcular o fator de ponderação médio e multiplicar pela precipitação
obtida do ajuste pela distribuição de Gumbel. A distribuição temporal foi
obtida utilizando o evento registrado pelos pluvi6grafos. Foi adotada a
distribuição do posto mais representativo de cada sub-bacia.

Condições Iniciais

As condições iniciais adotada para o modelo utilizado devem procurar


condições desfavoráveis de projeto e com chance de ocorrência. Não é
recomendável combinar situações desfavoráveis de pouca probabilidade de
ocorrência, pois o hidrograma passaria a ter um risco muito maior que o
previsto. Por exemplo, numa bacia em que as maiores intensidades de
precipitação ocorrem no verão, quando o solo está em geral seco, não devem
ser combinadas com solo pr6ximo da saturação, que é condição do inverno
quando as chuvas são pouco intensas mas de longa duração.
As condições iniciais são defmidas com base no conhecimento do
comportamento da bacia e da distribuição da precipitação ao longo do ano na
bacia, procurando explorar as condições mais críticas.

Estimativa dos Parâmetros.

Os parâmetros dos modelos devem ser defmidos na seguinte ordem de


preferência: 1) com base em dados hist6ricos no local de interesse: ajustando
o modelo aos dados observados e verificando para a faixa de valores em que as
vazões do hidrograma de projeto serão geradas; 2) ajuste dos parâmetros com
-<
~
~l
O
~
~
3'
~
G
::s-
o.:
'Tl
ôQ'
a
()Q
c: ....•

~
....•

..-
s
~
~ o..
..- G
p
.....
(J)
0.79 ~
•...•.
o G
n'
...• Õ
~
o..
G
"O
o::s
o..
~
~~,
o

o P12-60

Figura 14,10 - Isoieta de ponderação


VI
VI
-.l
558 Hidrologia

VALORES DE Y
2 1O-11,5 2 345 I; 7 8 9
1,01 1,1
SO 180
140
20
100

10 100 1000 10000


INTERVALO DE RECORRÊNCIA T (anos)

Figura 14.11.Distribuição das precipitações médias máximas

base em dados de posto vizinho, que tenha bacia de característica semelhante


e obtenha a transposição dos parâmetros para a bacia de interesse; 3)
estimativa dos parâmetros com base no conhecimento físico da bacia e uso de
tabelas da literatura. Neste caso é importante verificar a magnitude dos
valores obtidos com base em outras bacias, mesmo que seja de outra região.

Exemplo 14.9. Determine o hidrograma de projeto de 50 anos para uma bacia


localizada pr6xima da cidade de Santa Maria, descrita no exemplo 14.7. A
bacia tem um solo com capacidade de escoamento acima da média. A cobertura da
bacia é composta de 30% de pasto, 60% com soja e 10% com florestas muito
esparsas. As precipitações de 50 anos de Santa Maria são apresentadas na
tabela 14.12.

Solução - De acordo com o tipo de solo e cobertura, na tabela 11.2 obteve-se:


solo tipo C - pasto (30%) = 75 (normais); soja (60%) = 82 (em curvas de nível);
florestas (10%) = 86 (muito esparsas); ponderando:

CN = 75 . 0,3 + 82 . 0,6 + 86 . 0,1 = 80.

A precipitação efetiva acumulada é obtida pelo uso da equação 11.2, onde


S = 25400/80 - 254 = 63,5. A equação fica

2
( P -0,2.63,5) ( P - 12,70)2
Pef =
P + 0,8.63,5 - P + 50,8
Vazão Máxima e hidrograma de Projeto 559

Tabela 14.12. Exemplo 14.9


mmmm
Pet cm
ÂPet
P
duração151,3
145,5
132,9
139,9
172,1
169,1
O0,52
0,51
0,61
1,27
114,0
111,2
106,8
40,44
118,30,32
0,28
36,96,7
92,5
18,6
0,62
0,05
2,16
164,2
155,4
160,7
8,7 0,5
95,1
78,7
84,8
89,9
66,0
4,4
0,37
103,6
0,48
98,8
3,77
O
h13
7564398
1214
12
10
11

As precipitações P devem ser acumuladas para o uso na equação acima. Os


valores da coluna 2 da tabela 14.12 são acumulados. As precipitações efetivas
foram calculadas e são apresentadas na coluna 3. A precipitação efetiva de
cada intervalo é apresentada na coluna 4.
Utilizando o hidrograma unitário triangular do SCS;

tp = 0,5 + 0,6 . 11 = 7,1 h;

qp = 2,08 . 330n,11 = 96,7 m3/s

Aplicando o HU triangular às precipitações efetivas da tabela 14.12,


convertidas em cm, e efetuando a convolução obtém-se as vazões da figura
14.12, que é o hidrograma de projeto para 50 anos de tempo de retomo para a
bacia referida. Neste exemplo a bacia não foi subdividida e não existiam
dados para ajustar o HU a valores observados. Na solução do exemplo a vazão
de base foi desprezada. Para bacias em que o aqüífero apresenta grande
regularização esta vazão pode ser importante e necessita ser somada aos
valores do escoamento superficial.

Exemplo 14.10. A cidades de Igrejinha e Três Coroas, localizadas na bacia do


rio Paranhana sofrem enchentes (Figura 14.13). Qual é o impacto que poderia
produzir a construção de um reservat6rio numa sub-bacia a montante, para
controle de enchentes? Na bacia existem três postos pluviométricos com série
560 Hidrologia

longa. Os dados são apresentados na tabela 14.13. A bacia possui área de 477
km2• As características de cada trecho são apresentadas na tabela 14.14.
Determine a enchente de 100 anos de tempo de retomo sem o reservatório e com
o reservat6rio, para as duas cidades. Os dados do reservat6rio projetado são
apresentados na tabela 14.15. Na tabela 14.16 são apresentadas as
precipitações acumuladas dos postos, para o tempo de retomo de 100 anos.

900

800~ .....................................................................•........

700 ~......•........•
- .............•......

600~"'"

~
E
g
400~'
>[;j

200~"'"

o
o 5 10 15 20 25 30 35
intervalos de tempo, h

Figura 14.12.Hidrograma de projeto para 50 anos.

Tabela 14.13.Dados da Bacia


0,50
PI
0,40
2,7
162,0 P-3-
hárea
te P2
ponderados
225,2
59,8
1,6
1,5 0,30
0,70
2,3
29,80,48
0,500,12 de Thiessen
1,00
Bacia
km2

*Tc = tempo de concentração


Vazão Máxima e hidrograma de Projeto 561

Tabela 14.14. Dados dos Trechos


mm -
m/m -
8700
70
de
95
7900
1200
0,04 mdeclividade
0,0027
planície
0,0011
4,0
inundação
trecho rugosidade
comprimento
largura
planície
de
inundação

Tabela 14.15. Relação Vazão-Armazenamento do Reservat6rio


250
7836
7200
806
11672
10135
13589
9146
17404
Vazão Armazenamento/At
m3/s
259
159
594
379
25
88
905
14 m3/s
4

Solução - Intervalo de tempo: O tempo de concentração da menor bacia é de 1,4


hs e da maior 2,7 hs. Considerando que At :!: 1/5 te, para a bacia com menor
te, At ~ 15 mio;
Duração: A duração da precipitação deve ter um tempo superior ao tempo de
concentração de toda a bacia. O tempo de concentração da bacia é

tc = (t)bacia 1 + (t)trecho A-B + (t)trecho B-C

sendo (t)bacia 1 = 2,7 hs. O tempo de deslocamento nos trechos pode ser
estimado com base na equação de Manning, adotando n = 0,04 para o leito menor
e 0,08 para o leito maior. Sendo (t)trecho = Ax/v, considerando uma
profundidade de 5m (enchente) e adotando R ~ Y (profundidade), resulta

52/3 (0,0027)1/2 3600


t(A_B) = [_8_7oo_XO_,04
__ ] _1_ = 0,64 h
562 Hidrologia

P2

~~
1·' Q

o Lfa' Q 83
<;=:::J P
P~

--- Q ®
Q B4
...•.'1i:-:RES ICOROAS
B Ç=J P

®
Ç==J Bacia distribuída
c
•... -- Bacia concentrado

6 Reservato"rio

-y-
Barragem
Limite
Rio
do bacia
II Trecho

a - Bacia b - Discretização esquemótica

Figura 14.13. Bacia do rio Paranhanha

No trecho B-C, ocorre extravasamento, fazendo Q = L Qi ou Q = Q1+Q2 +Q3,


onde QE = Ql = Q3. Neste caso

v = -- = 2 + ----- --- = 0,94 m/s


A 0,08 0,04 (2x5 + 95)2/3 1200 + 5x95
2QE+Q2 [[lx600XI2/3] [ (5x95)S/3 ]] (0,0011)1/2
Vazão Máxima e hidrograma de Projeto 563

7900
t = - = 2,33 h
0,94

tc = 2,7 + 0,64 + 2,33 = 5,67 hs.

Tabela 14.16.Precipitações acumuladas (T-=100anos)


mm
Posto
54696,6 1 23
Posto
mm
62,2
50,4
58,0
50,4
30,2
46,2
30,2
42,8
~0,2
42,0
79,0
71,4
75,6
tempo 101,6 66,4
69,7
73,1
68,8
65,5
92,4
81,5
93,2
90,7
95,8
87,4
84,8
97,4
89,9
86,5
84,0
83,2
88,2
80,6
79,0
89,9
84,0
82,3
79,8
78,1
74,8
85,7
88,2
89,9
94,1
104,2
103,3
105,8
95,8
97,4
94,9
95,8
94,9
100,4
67,2
98,7
62,2
91,6
72,2
61,3
91,6
92,4
75,6
94,1
-·,',1

Considerando 22 intervalos de tempos de precipitação e 30 intervalos de


'empo de vazões foram simuladas as sub-bacias identificadas na figura 14.13
através do modelo do SCS. Foi adotado CN = 63 para todas as bacias. Na
distribuição da precipitação foi considerado que o valor máximo cai dentro
dos 25% dã duração.
O escoamênto nos trechos de canais foi simulado pelo modelo Muskingun-
Cunge não-linear com base nos dados tia tabela 14.14. No primeiro trecho foram
utilizados 10 subtrechos e no segundo 4. Na figura 14.14 são apresentados os
hidrogramas resultantes na cidade de Tr~s Coroas para as duas condições (com
564 Hidrologia

e sem reservatório), enquanto que na figura 14.15 são apresentados os


resultados para a cidade de Igrejinha. Pode-se observar destes resultados que
o reservatório amorteceria consideravelmente o pico da enchente.

PROBLEMAS

1 - Qual a diferença entre a vazão máxima obtida pela curva de probabilidade


de vazões máximas e a vazão máxima obtida do hidrograma de projeto?

2· Para detemúnar o tempo de retomo do nível de enchentes são utilizadas


vazões máximas anuais ou níveis máximos anuais? Justifique.

3 - Quando deve-se utilizar o hidrograma de projeto? Justifique.

4 - Quando é necessário discretizar uma bacia hidrográfica em sub-bacias e


subtrechos de rios?' Quais as características que devem ser examinadas?
Relacione e discuta cada uma.

5 - A precipitação máxima de 1 dia para o tempo de retomo de 100 anos de uma


bacia próxima de São Paulo é 130 mm. Detemúne a distribuição temporal pelo
método do Bureau of Reclamation e Huff. A bacia tem tempo de concentração de
cerca de 12 horas.

7'00-,---
! 'TR~S CORJAS
I • Sem reservatório
I HIDROGRAMA DE 100 ANOS
600 -j , Com reservatório

I
50C~
,)
,;.,
E 4JO-i

,<[

~ 300
",
'
•...•.

;; l' •...•...
..•..
......•
2001 ......•.
..•..

100j

o
O 5 10 15 20 25 30 35
INTERVALO DE TEMPO

Figura 14.14. Hidrograma de 100 anos em Três Coroas


Vazão Máxima e hidrograma de Projeto 565

700
IGREJINHA
HIDROGRAMA DE 100 ANOS Sem reservatório
600
Com reser vatório

'"N 300500
<E O 400
> 1<
"-
O
li>

200
100
O
/"
--- ' .
.. •..
.. .... ....
I •••.
,
I
I "-,,- "-
••••
,
I "
I •••
I
I
/
I
--" ---.,,/
5 10 15 20 25 30 35
INTERVALO DE TEMPO

Figura 14.15.Hidrograma de 100 anos em Igrejinha

6 - Determine a vazão máxima de uma bacia com 30% de área de vegetação


rasteira, 30% com vegetação densa e 40% com área rf'sidencial. A declividade
da bacia é suave. A bacia tem 1,2 km2. Calcule a cheia de 5 anos de tempo de
retorno. Verifique o aumento da vazão máxima para a urbanização de toda a
bacia com área residencial (adote os dados que não forem fornecidos).

7 - Determine a vazão máxima de uma bacia próxima de Porto Alegre com tempo
de retorno de 10 anos. A bacia atualmente é rural com cobertura de 50% de soja e
50% de eucaliptos. A declividade é moderada. Nesta área será implantado um
loteamento residencial em 30% da bacia. Estime o impacto da urbanização sobre
esta cheia, em função da área de bacia, declividade e comprimento.

8 - Nas tabelas 14.17 e 14.18 são apresentados os dados de dois eventos da


bacia do rio Mathias em Joinville. Determine o hidrograma de projeto para 5.
10 e 50 anos de tempo de retomo. O posto pluviográfico mais próximo é o de
São Franscisco do Sul. A bacia tem área de 1,86 km2, o comprimento do rio
principal é 2,8 km, 20% de área impermeável e declividade de 11,3%. Na tabela
14.16 são apresentados dois eventos registrados na bacia.

9 - Para a bacia do exemplo 11.11. determine a enchente de Tr = 50 anos para


566 Hidrologia

bacia em condições atuais e após a sua urbanização. As precipitações são da


cidade de Porto Alegre.

10 - Na tabela 14.19 são apresentados os dados de enchente da cidade de


Brusque. Ajuste as distribuições de probabilidade e compare os resultados.

Tabela 14.17.Rio Mathias, evento 1


At P
1,5
0,1
1
0,3
0,052 24
22
21
34
35
33
31
30
18
17
1632
19
29
28
27
14
26
13
25
23
3,55
,33
,02
0,33,46
6,8 20
2,99
1,13,4
1,04,0
9,21,74
0,2At
15
,27
4,73,55
6,33,2
(mm) 10
0,22
0,29
0,20
0,34
0,45
0,58
0,23
0,25
0,4
0,66
0,81
0,26
0,28
0,32
0,37
0,49 min
(m9/s)

Tabela 14.18.Rio Mathias, evento 2


P
0,01
0,41,33
0,35
0,45
4,9
0,25
0,02
0,2
50,89
At0,18
5,80,93
4,90,23
0,38
0,6
0,9 22
14
32
31
20
21
19
34
29
30
24
36
23
17
18
28
27
35
26
25
13
16
33
2400,79
4,21,09
1,11,02
0,91,93
7,2
0,1 1,43At
15
1(mm)
2,04,37
,51
,03
,68 0,63min
10
,74 0,37
,17
,71
3,64
,58
,95 0,28
0,29
0,42
0,52
0,58
0,35
0,34
0,32
0,31
0,38
0,45
0,47
(m9/s)
(m9/s)
Vazão Máxima e hidrograma de Projeto 567

Tabela 14.19. Vazões máximas em Brusque.


-296
211
207
Vazão
112
Vazão
Ano
243
133
Ano 2181948
239
202
417
285
205
335
304
208
152
128
184
185
138
119
175
194
123
173
159
153
197
195
160
1319
479
240
234
248
638
285
368
214
80
610
157
135
1951
1969
1968
19675
1976
1977
1963
1955
1953
1952
1970
1957
1959
1961
1962
1980
1964
1511972
1950
1979
36096
1965
1954
956
949
958
960 -1m3/s
978
971
198
1973
1974
1983
1971
1975
1981 982
-m3/s
1931
1936
1935
1937
1938
1940
1944
1939
1942 1932
1943
1933
1941
1945
1946
1947 1984
1934
1930 m3/s

REFERÊNCIAS

1 - ASCE. 1969. Design and Construction of sanitary and storm sewers. New
York. (ManuaIs and Reports of Engineering Practice n. 37).

2 - AWW A. 1966. Spil/way design Practice. New York.

3 - BEARD, L.R. 1974. Flood Frequency Techniques. Austin: Center ofResources


University of Texas, Austin.

4 - BENSON, R. 1960. Evolution of Methods for evaluation the occurence of


floods. Geological Survey Water-Supply Paper, Washington, n.1580-A.

5 - CETESB. 1979. Drenagem urbana: manual de projeto. São Paulo. 467p.

6 - ELETROBRAS. 1987. Guia para cálculo de cheia de projeto de vertedotres.


Rio de Janeiro. 288p.
568 Hidrologia

7 - NERC. 1975. Flood Studies Report, London: Natural Environment Research


Counci!. 5v.

8 - PFASTEITER, O. 1976. Def/úvio superficial. Rio de Janeiro: DNOS.

9 - PROMON, 1986. Estudos Hidrológicos para o projeto de ampliação da calha


do rio Tietê entre as barragens da Penha e Edgard de Souza, Promon
Engenharia, 51 p.

10 - SNYDER, F.F., 1964. Hydro1ogy of Spillway Design: Large Structures-


Adequate data, ASCE, 1. Hyd. Div. 90, N. HY3 (maio) p 239-59.

11 - SOKOLOV, AA, RANTZ, SE, ROCHE, M. 1975. Flood jlow computation.


Paris Unesco. 194p.

12 - TUCCI, C.E.M., KREBS, AJ. 1986. Zoneamento de áreas inundáveis. Porto


Alegre: Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS. 123p. (Recursos
Hídricos. Publicação n.18)

13 - USWRC. 1975. Guidelinesfor determining f/ood f/ow frequency. Water


Resource Council, Washington. Não Paginado.

14 - VIESSMAN, w., KNAPP, J.w., LEWIS, G.L., HARBAUGH,T.E. 1977.


Introduction to hydrology. NewYork: IEP.

15 - USWRC. 1975. Guidelinesfor determining f/ood f/ow frequency. Water


Resource Council, Washington. Não Paginado.

16 - WILKEN, P.S. 1978. Engenharia de drenagem superficial. São Paulo: CETESB


477p.

17 - WRIGHT-MACLAUGHLIN ENGINEERS. 1969. Urban storm drainage


criteria manual. Denver. 2v.

18 - YEVJEVICH, V. 1972. Probability and Statistics in Hydrology.


Fort Collins: Water Resources Publication. 302p.
Vazão Máxima e hidrograma de Projeto 569

ANEXO A

Tabela A.1. Tempo de retomo de projeto para pequenas


obras hidráulicas (Viessman et al,1977)
25 de
tempo10 a5a 50
10
50
retomo
tipo de obra
nagem
uenos
em
a depluvial
diques
agrícola
aeroporto (anos)
rodovias de do
intensidade acordo com a
tráfego
nagem que atravessa

Tabela A.2.Critérios de dimensionamento do vertedor de


barragens (Snyder,1964)
baseada
mais
retomo.
1000
40 <50
anos
do
nenhuma
da
a severas
aa
100
1000
tempestades
tempo
pequena nas
de
mais
100
proprietário
magnitude
categorias
pequena
cheia >
50.ooC
mesma
custo
deda
dentro
padrão: severa
50.000
considerável
excessiva
60
PMP:cheia
intermediárias superior
fmanceira
para a do
região
da capacidade barragem
re-pé)
o possível mas
570 Hidrologia

Tabela A.3. Classificação numérica de obras hidráulicas (Sokolov et al.,1975)


Obra Hidráulica III
IV
II
primária 2
Classificação IV
IIIIII
II
Classificação
>
entre
de
0,7 lMW
<0,05
30,05a0,3
Hidrelétrica
pequenos
rios
importância
0,15
><0,15 a arios
MW
tons)
Hidrelétricas 0,3
anavegáveis
milhões
30,7
primária 1 importantes 1rios
milhões comMW
MW
tons)
milhões
local
com tons)
capacidade
navegáveis
de
de tons) de
navegação
capacidade

l-primária - reflete o potencial de destruição associado com a falha


da obra hidráulica, que neste caso seria severa;
2- secundária - quando o potencial mencionado é menos severo.
3- classificação: I: Tr=10.000 anos; lI: 1.000 anos; III: 200 anos;
IV: 100 anos.
Vazão Máxima e hidrograma de Projeto 571

Tabela AA.Cheias recomendadas para dimensionamento do CBGB, Comitê


Brasileiro de Grandes Barragens (Eletrobras, 1987)
11/2CMP
Dimensão
CMP
média
tempo
Cheia CMP a 1CMPpara
de projeto
e de retomo de 50
100aa 100
1/2 anos
vertedor CMP
Perigo
Grande
Baixo
Médio grande cheia máxima provável (CMP)
pequena

Tabela A.5. Classificação do potencial do Perigo-CBGB (Eletrobras,1987)


Perdas
nenhuma
mais de
atédocinco vida
(nenhum
esperada
que cinco Perdas
excessiva
ais econômicas
desenvolvida,
turas
e eestruturadas)
cultivos
cultivadas,
desenvol-
(nenhuma
apreciável
mínima estrú-
industri-
(comunidades
(região
(terras
não
Categoria
rbano
ras e
pequeno
humana) não mais
habitáveis)
permanente
m para
Alto
número ocasionais)
turas extensas)
indústrias e agricul-

Tabela A.6. Classificação da dimensão de barragens do CBGB (Eletrobras,1987)


106 515-
> --50,0
m3
altura
>50
volume
1,00-
0,05 15
30
30
1,0
Categoria
média
grande m
pequena
572 Hidrologia

Tabela A.7. Valor de K para a distribuição Log-Pearson Tipo III

-0,225
-0,282
-0,396
-0,333
-0,330
~J68
0~99
0,225
0,282
0,330
0,368
0,842
0,0
0,01 0,705
0,02
0,04
0,10
0,20
-0,164
-0,099
0,033
0,164
0,396 0,643
0,420
0,830
0,574
0,499
OJ57
0,696
0,832
0,799
0,752
1,282
0,758
0,800
0,852
0,636
0,850 1,337
1,318
1,180
0,844
0,747
1,301
1,284
1238
0,945
1200
1,041
1,751 2,193
1,340
1,328
0,660
1,258
1,128 2,278
2,128
2267
2,240
0,888
0,764
1,818
2,054
1,528
1,198
1,035 2,848
2,043
1,939
0,666
1,680
1,366
PROBABILIDADES 2,706
2,159
3,152
3~71
2,970
0,900
0,768
2,326
lJ20
1,270
1,069 3,499
2,542
2,359
0,666
1,945
1,492 3,271
4,051
2,472
3J89
3,705
0,905
0,769
lJ80
1,318
1,087
3,022
2,755
2,178
0,667
1,588
G -0,2 -0,6
-1,0
-1,4
-2,6
-3,0
0,0
2,6
1,8
-1,8
-2,2
0,2
2,2
0,6
1,4
1,0 0,50

Você também pode gostar