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Carlos E. M. Tucci
14.1 Conceitos
N
PR = 1 - ( 1 - 1m (14.1)
Exemplo 14.1. A ensecadeira de uma barragem deverá ser utilizada por 4 anos
de construção. Estime qual deve ser o tempo de retomo da vazão de projeto,
para que o risco no período citado seja de 10%.
Segundo Sokolov et aI. (1975), quando uma grande inundação pode causar
danos catastróficos à vida humana e às propriedades, a cheia de projeto deve
ser estimada com base na precipitação máxima provável (capítulo 5). Para
áreas de menor potencial de dano, as cheias são definidas com base nos
aspectos econômico e político-social. Os aspectos econômicos identificam a
relação benefício-custo da obra, ou seja o custo da construção deve ser
inferior ao dano provocado pela enchente. Viessman et al.(1977) apresentaram
os tempos de retomo normalmente utilizados para pequenas obras hidráulicas
(tabela A.l, anexo A). Snyder (1964) apresentou alguns critérios para
dimensionamento de barragens, reproduzidos na tabela A.2 (anexo A).
Sokolov et alo (1975) apresentaram os critérios russos de definição do
risco do projeto, tabela A.3. Nas tabelas A.4 a A.6 são apresentados os
critérios recomendados pela Comissão brasileira de Grandes Barragens
(Eletrobras, 1987). Todos os critérios combinam risco de perdas materiais e
humanas com critérios de projeto. Estes critérios não garantem segurança
total da obras, mas permitem reduzir a chance de que ocorra uma catástrofe,
sem que o custo seja extremamente alto.
Vazão Máxima e hidrograma de Projeto 529
Entre 1912 e 1982 não ocorreu nenhuma enchente com cota superior a
13,00m. Portanto, utilizando estes 71 anos para ajustar uma distribuição
estatística, os resultados seriam tendenciosos, mesmo para estimativa de
riscos inferiores a 50 anos.
y = (Q - )l)/a (14.3)
a = 0,78 s (14.4)
)l = x - 0,5772 a (14.5)
i - 0,44 (14.6)
P(Q ~ Qo) = N + 0,12
X=--LlogQi (14.7)
N
-2
, L(log(Qi-X)
s = (14.8)
N-!
N L (log
G=----- Q - x )3
(14.9)
(N-1)(N-2) s3
onde K(T,G) é obtido com base na tabela A7 (anexo A). Para valores de G entre
-1 e 1 o valor de K pode ser estimado por
2 G G
K = - { [ ( Kn - - ) - + 1]3 -1 } (14.11)
G 6 6
i - 0,4
P=-- (14.12)
N + 0,1
Zp
Ka = -----
Jz~-a b' limite superior (14.14)
a
Zp - Jz~-a b'
K(l-a) = ----- limite inferior (14.15)
a
2 2
Za 2Za
onde a = 1 - --; b = Zp - -; e p = probabilidade; Zp = valor de K
2(N-1) N
para a probabilidade p; Za = é o valor de K para o nível de significância a e
G = O; N = o tamanho da amostra.
1,6452 2 1,6452
a = 1 - --- = 0,965; b = 1,282 --- 1,576
2 (40- 1) 40
400O I---
w LIogQ + LIog Qz
x = -------- (14.17)
H
-2 -2
w L (logQ - x) + L (logQz - x) 0,5
s = [ --------- ] (14.18)
H-I
#-~
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Vazão Máxima e hidrograma de Projeto 537
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4000
3000
1000
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600
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5
4
i
3
1
9
8
7
6
5
4
3
1
0,01 0,10,2 0,5 1 2 5 10 20 30 40 50 60 70 80 90 95 98 99 99,8 99,9
--~i--~I-~I --~I -~i------~i -~i --~i-i~--i~
1,001 1,01 1,02 1,11 1,28 5 10 50 100 1000
T (ono.l
H
G = ----(w l:(log - x)3 + l: (logQz - x)3] (14.19)
(H-l)(H-2) s3
P = ---
i-
0,4
para 1 < i < z (14.20)
H + 0,1
e
m - 0,4
P = -- para (z + 1) ~ i ~ (z + N) (14.21)
H + 0,1
uma série de vazões para Apiuna com base nos dados no local e na regressão
com níveis de B1umenau. A série histórica de dados contínuos de Apiuna é de
1934 a 1984. Ajuste a distribuição log-Pearson III para a série, considerando
as marcas de enchentes.
1--------1
1852 1984
• • • • • • • I OOOOOOOOOOOOOOOOOOO I
(8 marcas) 1934 1984
o - série contínua
• - maiores eventos históricos do período entre 1852 e 1934
...-
6000
~
5000•.. i
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APIÚNA
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SERIECI852-1984)A"
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IJ 4000 4
~ 3000 3
2000 2
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1
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N 800 8
..
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600 6
500 5
400 4
300 3
200 2
1
0,01 O,J 0,20,5 1 2 5 10 20 30 40 50 60 10 80 90 95 98 99 99,599,9
i i i i i i i I i I
1,001 1,01 1,02 1,11 1,25 5 10 50 100 1000
T (onos)
A vazão máxima pode ser estimada com base na precipitação, por métodos
que representam os principais processos da transformação da precipitação em
vazão e pelo método racional, que engloba todos os processos em apenas um
coeficiente. Os métodos que estimam a vazão máxima e o hidrograma de projeto
serão descritos no pr6ximo item.
O método racional é largamente utilizado na determinação da vazão máxima
de projeto para bacias pequenas (~ 2 km2). Os princípios básicos desta
metodologia são: a) considera a duração da precipitação intensa de projeto
igual ao tempo de concentração. Ao considerar esta igualdade admite-se que a
bacia é suficientemente pequena para que esta situação ocorra, pois a duração
é inversamente proporcional à intensidade. Em bacias pequenas, as condições
mais críticas ocorrem devido a precipitações convectivas que possuem pequena
duração e grande intensidade; b) adota um coeficiente único de perdas,
denominado C, estimado com base nas características da bacia; c) não avalia o
volume da cheia e a distribuição temporal das vazões.
A equação do método racional é a seguinte:
I= (14.24)
m
I= (14.25)
onde m = aTbr; s = 447 (L.n)O,6/[SO,3 CO,4]. Calculando um valor inicial para Ia,
com base no tempo de concentração obtido da equação de Kirpich ou do SCS
(capítulo 11) e substituindo no denominador da equação 14.25, obtém-se o valor
de 11. O valor correto será obtido quando a diferença entre duas iterações for
insignificante (1 - 5 %).
Exemplo 14.5. Determine a vazão máxima para tempo de retomo de 50 anos para
uma bacia com 30% de área cultivada; 70% da bacia com cobertura natural com
árvores e declividade média 8 m/km. O solo tem permeabilidade média. A bacia
tem 2 km2, desnível de 24 m e comprimento de 3 km. Os valores da curva
de intensidade duração e freqüência são: a = 1265,7; b = 0,052; c = 12;
e d=O,77.
A vazão resultante é
para 10 = 57,8 mm/h, resulta 11 = 37,21 mmlh na equação acima. Após algumas
iterações o valor converge para I = 31,3 mm/h.
A vazão resultante é
10000
1000
1,01 1,051,11 1,25 1,5 5 10 50 ]02 500 ]03 ]04
INTERVALO DE RECORRÊNCIA lanos)
Q(m3/s)
20000
rJ\11dia
I
15000
1
I
I
I
1
10000 I
-'- -1 12 dias
, I
-'--l-
I 1
_,_ ,- .JI -
I 1 1
1 1 1
,__ L. '_, __ , , _
5000 I I 1
1 1
! I I! I I
I_~-l--,---t------
I I 1 I
-'--r--
I
___ -,15dias
1
1
1 1 I I I
1
1 I I I I ,
2
1
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I
!
1
I
4
I
1
I
6 8
I
10
I
-l __ ..L--l--.J.
12 14
I
L--l
16
•
TEMPO (dias)
Discretização da bacia
Precipitação de projeto
• Local de interesse
a - Bacia
Limite do bacia
s\~Qt1:1®
2
84 Q
P c::::>
®
/p Q
Q
~
Q~P
8' P Sub-bacia
concentrado
Sub-bacia
distribuído
com contribuição
com contribuição
Q P
~ ~ Trecho de rio
85
P~Q
® Seção de interesse
@ ! •__. ...·.__
N __ ._._ ._ ••
b- Subdivisão esquemática
.!!!
)(
o G
•...
o 10 20
I
milhas
ISOIETA GENERALIZADA
IISOIETA
OBSERVAÇÃO:
I A
8
I) O sentido pode ser orientado
c em qualquer direção
D
2) A precipitação e' obtida da
E
figura
F
G (Corps of Engineer, 1965)
40000
30000
20000 .-.-.l--.-
10000 +
.
'" 5000 -,---
'E 4000,'
3000 ~.
~ 2000 ~
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«
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-·:l-~.
10
O 20 40 60 80 100 120 140
ISOIETA % DA CHEIA MÉDIA
Solução· O tempo de concentração desta bacia pode ser estimado com base na
equação de Kirpich
173
0,385
te = 57 (~) = 11 horas
P • precipitações acumuladas
áP* - precipitações reorganizadas
para maxirnizar o pico
Condições Iniciais
~
....•
..-
s
~
~ o..
..- G
p
.....
(J)
0.79 ~
•...•.
o G
n'
...• Õ
~
o..
G
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o::s
o..
~
~~,
o
o P12-60
VALORES DE Y
2 1O-11,5 2 345 I; 7 8 9
1,01 1,1
SO 180
140
20
100
2
( P -0,2.63,5) ( P - 12,70)2
Pef =
P + 0,8.63,5 - P + 50,8
Vazão Máxima e hidrograma de Projeto 559
longa. Os dados são apresentados na tabela 14.13. A bacia possui área de 477
km2• As características de cada trecho são apresentadas na tabela 14.14.
Determine a enchente de 100 anos de tempo de retomo sem o reservatório e com
o reservat6rio, para as duas cidades. Os dados do reservat6rio projetado são
apresentados na tabela 14.15. Na tabela 14.16 são apresentadas as
precipitações acumuladas dos postos, para o tempo de retomo de 100 anos.
900
800~ .....................................................................•........
700 ~......•........•
- .............•......
600~"'"
~
E
g
400~'
>[;j
200~"'"
o
o 5 10 15 20 25 30 35
intervalos de tempo, h
sendo (t)bacia 1 = 2,7 hs. O tempo de deslocamento nos trechos pode ser
estimado com base na equação de Manning, adotando n = 0,04 para o leito menor
e 0,08 para o leito maior. Sendo (t)trecho = Ax/v, considerando uma
profundidade de 5m (enchente) e adotando R ~ Y (profundidade), resulta
P2
~~
1·' Q
o Lfa' Q 83
<;=:::J P
P~
--- Q ®
Q B4
...•.'1i:-:RES ICOROAS
B Ç=J P
®
Ç==J Bacia distribuída
c
•... -- Bacia concentrado
6 Reservato"rio
•
-y-
Barragem
Limite
Rio
do bacia
II Trecho
7900
t = - = 2,33 h
0,94
PROBLEMAS
7'00-,---
! 'TR~S CORJAS
I • Sem reservatório
I HIDROGRAMA DE 100 ANOS
600 -j , Com reservatório
I
50C~
,)
,;.,
E 4JO-i
,<[
~ 300
",
'
•...•.
;; l' •...•...
..•..
......•
2001 ......•.
..•..
100j
o
O 5 10 15 20 25 30 35
INTERVALO DE TEMPO
700
IGREJINHA
HIDROGRAMA DE 100 ANOS Sem reservatório
600
Com reser vatório
'"N 300500
<E O 400
> 1<
"-
O
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200
100
O
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I •••.
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I "
I •••
I
I
/
I
--" ---.,,/
5 10 15 20 25 30 35
INTERVALO DE TEMPO
7 - Determine a vazão máxima de uma bacia próxima de Porto Alegre com tempo
de retorno de 10 anos. A bacia atualmente é rural com cobertura de 50% de soja e
50% de eucaliptos. A declividade é moderada. Nesta área será implantado um
loteamento residencial em 30% da bacia. Estime o impacto da urbanização sobre
esta cheia, em função da área de bacia, declividade e comprimento.
REFERÊNCIAS
1 - ASCE. 1969. Design and Construction of sanitary and storm sewers. New
York. (ManuaIs and Reports of Engineering Practice n. 37).
ANEXO A
-0,225
-0,282
-0,396
-0,333
-0,330
~J68
0~99
0,225
0,282
0,330
0,368
0,842
0,0
0,01 0,705
0,02
0,04
0,10
0,20
-0,164
-0,099
0,033
0,164
0,396 0,643
0,420
0,830
0,574
0,499
OJ57
0,696
0,832
0,799
0,752
1,282
0,758
0,800
0,852
0,636
0,850 1,337
1,318
1,180
0,844
0,747
1,301
1,284
1238
0,945
1200
1,041
1,751 2,193
1,340
1,328
0,660
1,258
1,128 2,278
2,128
2267
2,240
0,888
0,764
1,818
2,054
1,528
1,198
1,035 2,848
2,043
1,939
0,666
1,680
1,366
PROBABILIDADES 2,706
2,159
3,152
3~71
2,970
0,900
0,768
2,326
lJ20
1,270
1,069 3,499
2,542
2,359
0,666
1,945
1,492 3,271
4,051
2,472
3J89
3,705
0,905
0,769
lJ80
1,318
1,087
3,022
2,755
2,178
0,667
1,588
G -0,2 -0,6
-1,0
-1,4
-2,6
-3,0
0,0
2,6
1,8
-1,8
-2,2
0,2
2,2
0,6
1,4
1,0 0,50