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TEMPO DE RETORNO – DRENAGEM URBANA

Na hidrologia, os períodos de retorno de diferentes projetos variam tipicamente de 10 a 100 anos, e


em países (ou locais) onde a Precipitação Máxima Provável (PMP) não foi definida, até 10.000
anos. A escolha do período de retorno depende de vários fatores, incluindo área de drenagem, risco
de falha, importância da estrutura e grau desejado de conservadorismo.
Na hidrologia de pequenas bacias hidrográficas, o pico de descarga está relacionado ao tempo de
concentração (isto é, a duração do evento chuvoso) e, através da curva intensidade-duração-
frequência, à intensidade da chuva. Pequenas áreas de drenagem terão um período de concentração
curto, resultando em alta intensidade e, consequentemente, um alto pico de descarga por unidade de
área. No entanto, como a área é pequena, o pico de descarga será correspondentemente pequeno.
Quanto menor a área de drenagem, menor a probabilidade de ocorrer um evento chuvoso de alta
intensidade. Assim, para áreas pequenas, com tempo de concentração medido em minutos,
geralmente não é econômico projetar para longos períodos de retorno.
O menor período de retorno, aplicável na drenagem urbana, é de 5 a 10 anos. Normalmente, esses
períodos de retorno estão associados a áreas de drenagem menores que 100 hectares. Para essas
áreas, o método racional pode ser usado para determinar o valor de vazão máxima. Em certos casos,
principalmente em áreas com mais de 100 hectares, períodos de retorno mais longos podem ser
necessários.
As obras regionais de proteção contra inundações são estruturas como diques, que se estendem por
grandes comprimentos e áreas de drenagem correspondentes. Nesse caso, os períodos de retorno
podem variar entre 50 e 100 anos. O tempo de concentração é muito maior, digamos algumas horas,
e a intensidade da chuva é correspondentemente menor, resultando em uma vazão máxima por
unidade de área comparativamente pequena. No entanto, a vazão máxima pode ser grande,
refletindo mais o tamanho da área de drenagem do que a intensidade da chuva.

Para o
projeto de
drenagem de
rodovias, a
escolha do
período de
retorno
depende da
importância
da estrutura.
Os períodos
de retorno de
rodovias e
outras infra-
estruturas de
transporte
regional,
incluindo galerias, geralmente variam de 25 a 100 anos. A utilização de períodos de retorno
superiores a 100 anos para projetos de drenagem de rodovias é incomum.
No caso de pontes que atravessam rios, o foco muda do tamanho da área de drenagem para a
importância da estrutura e o risco de falha. Para o projeto de pilares de ponte, períodos de retorno de
até 500 anos podem ser justificados, dependendo do caso individual.
Um período de retorno de 100 anos equivale a quatro gerações humanas. É um número que não é
muito alto nem muito baixo. O valor de 100 anos não significa que a estrutura estará em risco
exatamente a cada 100 anos. Pelo contrário, podemos dizer que significa que a estrutura estará em
risco 10 vezes a cada 1000 anos. O pico de inundação de 100 anos se aplica ao desenvolvimento de
planícies de inundação, à obras de proteção de tamanho médio e à instalações de drenagem urbana
urbana.
Como regra, quanto maior a área de drenagem, maior o período de retorno. Normalmente, áreas de
drenagem com menos de 250 hectares não justificam períodos de retorno maiores que 25 anos. No
entanto, áreas maiores, de até 10.000 hectares ou mais, podem justificar períodos de retorno de até
100 anos ou mais.
A idéia de estabelecer um período de retorno de 100 anos como norma para cálculos de inundações
nos Estados Unidos é amplamente, mas presumivelmente não totalmente precisa, atribuída ao
professor Gilbert F. White. Aqui citamos parte do documento intitulado Entrevista com Gilbert F.
White por Martin Reuss (c. 2005).

"Houve um desenvolvimento muito interessante


da noção de que poderia haver uma cheia de
frequência suficientemente baixa para que
nenhum esforço fosse necessário para lidar com
a mesma. A Administração Federal de Seguros
escolheu um por cento de um intervalo de
recorrência de cem anos [sic]. Alguns de nós se
envolveram nessa questão porque
reconhecemos que era necessário algum valor
inicial para se usar. A inundação de 1% foi
escolhida. Acredito que Jim Goddard e colegas
da TVA seriam considerados parte do crime.
Com a ausência de qualquer outra,o conceito
retirado da Cheia Regional Intermediária da
TVA pareceu um valor moderadamente razoável. Geralmente usamos o termo cheia
catastrófica para eventos de frequência muito menor ".

PMP significa
Precipitação Máxima
Provável. Mesmo que
seu nome implique
uma probabilidade, na
verdade o último P no
PMP deve ser
interpretado livremente
como "possível". A
PMP é uma
maximização razoável
do evento de
precipitação esperado
em uma determinada
localização geográfica,
por um determinado
período. As estimativas
da PMP, incluindo as
generalizadas e baseadas estatisticamente, tem sido utilizadas nos Estados Unidos desde o início dos
anos 1960.
Em países sem PMP, é prática comum utilizar o período de retorno de 10.000 anos em vez da PMP.
O valor de 10.000 anos foi utilizado por muitas décadas para designar o período máximo de retorno
a ser considerado em projetos hidrológicos. É de fato um equivalente do valor máximo praticável.
A PMP determinada estatisticamente é utilizada em locais onde a PMP generalizada não está
disponível (Ponce, 1989, p. 454). Não é incomum que uma PMP com base estatística seja diferente
de um P10,000 com base estatística.
Para locais onde PMPs generalizadas não foram desenvolvidas e onde o risco de falha coloca a vida
humana em risco, são necessários períodos de retorno superiores a 100 anos, incluindo 200, 500,
1000, 2000, 5000 e 10.000. Valores de até 10.000 anos são usados para vertedouros de emergência e
hidrogramas de borda livre no projeto de barragens.
Nos Estados Unidos, são usados períodos de retorno de até 100 anos na pátrica de hidrologia. Além
desse limite, as precipitações são consideradas como a soma da P100 com uma porcentagem da
diferença entre a P100 e a PMP. Por exemplo, para uma barragem de classe (c), o Serviço de
Conservação de Recursos Naturais (NRCS) especifica uma precipitação igual a 100% do P 100 mais
26% da diferença entre a PMP e a P100 (NRCS TR- 60: Barragens de Terra Reservatórios).
Efetivamente, isso significa que a precipitação do projeto é uma média ponderada da P 100 e da
PMP. No contexto de um modelo de precipitação pluviométrica, essas precipitações são utilizadas
para calcular o hidrograma de cheia do projeto. Para uma barragem de classe (c), a PMP é usada
para calcular a CMP (Cheia Máxima Provável) ou o hidrograma de borda livre, isto é, a cheia que
ocuparia toda a borda livre.
O período de retorno de uma inundação causada pelo rompimento de uma barragem depende do
volume armazenado no reservatório e da duração do rompimento. Se o último for curto, digamos
menos de 1 hora, o pico de vazão resultante poderá ter um período de retorno superior a 10.000
anos. Portanto, é importante projetar a barragem para garantir que o vertedouro seja capaz de lidar
com uma cheia extrema.
Quando todos os outros fatores são iguais, a escolha do período de retorno passa a depender do
tamanho da área de drenagem. Quanto menor a área de drenagem, menor o período de retorno.
Similarmente, quanto maior a área de drenagem, maior o período de retorno. Dessa forma, áreas
menores dentro de uma dada bacia terão períodos de retorno mais curtos, digamos 10 anos,
enquanto áreas maiores terão períodos de retorno mais longos, digamos 25, 50 ou até mesmo 100
anos. A lógica de variação do período de retorno (dentro do mesmo projeto) deriva do fato de que a
probabilidade de ocorrência de uma certa intensidade de chuva aumenta com a diminuição da área
de drenagem. Assim, é mais provável que áreas menores sejam atingidas por chuvas de alta
intensidade do que áreas maiores.
A realização de um projeto completo de drenagem urbana (com áreas variando de alguns hectares a
centenas de hectares) com o mesmo período de retorno pode levar ao dimensionamento
inapropriado das estruturas do projeto em locais com elevadas áreas de drenagem. A estrutura pode
ser menor do que o necessário se for utilizado um período curto, ou maior do que o necessário se
um período longo for escolhido.
O período de retorno é escolhido pelo engenheiro projetista, em consulta com o proprietário ou seu
designado, seguindo a prática estabelecida. Uma avaliação de risco é fundamental para a seleção do
período de retorno. A Tabela 1 pode ser usada como orientação em conjunto com os regulamentos
locais e experiência.

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