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Drenagem Superficial

2. DRENAGEM SUPERFICIAL

2.1. Escoamento Superficial

É a parte da precipitação total, em uma área, que 2.1.1. Fórmula racional


escoa sobre a superfície do terreno.

Existem muitas fórmulas que permitem fazer


estimativas das descargas máximas de escoamento Q = Vazão (m3/seg.)
superficial em função das características da bacia,
do seu uso e da intensidade máxima de preci- C = Coeficiente de escoamento que é a razão entre
pitação para a duração e recorrência desejados. o volume de água escoado superficialmente e o
Como base deste trabalho foi escolhida a fórmula volume de água precipitado (adimensional).
racional por ser de usos simples e prático. Esta I = Intensidade máxima de chuva (mm/h)
fórmula, por outro lado, fornece resultados altos A = Área da bacia (ha)
para bacias maiores que 50 ha. O motivo principal
da obtenção de vazões altas é o fato da fórmula Tempo de concentração (Tc)
admitir em seus princípios que a chuva é
uniformemente distribuída em toda a área da bacia, É o tempo de deslocamento de uma partícula de
o que geralmente não acontece quando a chuva é água do ponto mais distante de uma bacia até o
do tipo convectiva, que comumente é bastante ponto de saída desta. Neste momento toda bacia
localizada, de alta intensidade e baixa duração. estará contribuindo simultaneamente na formação
da descarga máxima de escoamento.
Para bacias maiores que 50 ha, pode ser usada a
fórmula de McMath (9) que contém fator de Supõe-se, para efeito de cálculo, que a preci-
correção de área, evitando assim que a vazão pitação é uniforme em intensidade, em toda a
aumente na mesma proporção que a área da bacia. bacia considerada quando a duração da chuva é
igual ao tempo de concentração.
Por outro lado, a fórmula fornece valores muito
baixos para bacias grandes, digamos, aleatoria- Existe também um grande número de fórmulas de
mente, da ordem de 800 ha. cálculo do tempo de concentração (Tc); apresenta-
se a seguir a fórmula de Kirpich, utilizado pelo
Valores mais confiáveis para bacias maiores que U.S. Bureau of Reclamation.
50 ha podem ser obtidos utiliz ando o método das
curvas-número, desenvolvido pelo Serviço de Tc = 0,0195 K0,77
Conservação de Solos dos EEUU.

Há ainda a possibilidade de uso da fórmula


Cypress-creek que também será apresentada neste Tc = tempo de concentração (minutos)
trabalho. L = comprimento máximo percorrido pela água
(m)
H = diferença de altura entre o ponto mais distante
e o ponto de saída da bacia (m)

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Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

A declividade geral da bacia é dada pela fórmula S Os projetos de drenagem superficial são conce-
= H/L. bidos geralmente para tempo de recorrência
superiores a 5 anos. A decisão quanto ao período
Outra fórmula recomendada, por levar em de recorrência de uma determinada chuva deveria
consideração a altitude média da bacia, é a de ser feita em função de um balanço econômico entre
Giandotti, a seguir: os prejuízos anuais previstos, provenientes de
perdas agrícolas e danos a estruturas e os custos
anuais de escavação de drenos e construção de
S = superfície da bacia – Km2 estruturas de maior capacidade.
L = compromento da linha do talvegue – Km
Hm = altitude média da bacia – m
Ho = altitude no final do trecho – m Intensidade máxima de chuva (I)

De uma maneira geral, os valores de precipitações


Duração das chuvas pluviométricas disponíveis no Brasil são proveni-
entes de leituras feitas com o emprego de
Tempo utilizado para a determinação da chuva pluviômetros, que fornecem somente leituras
de projeto em bacias que possuam áreas de acumu- diárias.
lação da água. Pode ser igual ao tempo de
concentração ou ao tempo de drenagem. Nos cálculos de vazões de escoamento superficial
é comum necessitar-se de valores de precipitação
A duração das chuvas pode ser igual ou superior para durações que vão de frações de hora a
ao tempo de concentração, dependendo da algumas horas. Este tipo de dado é fornecido por
existência de área de acumulação de água dentro pluviógrafos, que registram as alturas de precipi-
da bacia e também da tolerância da cultura à tações em função do tempo. Neste caso, de posse
inundação. de registros de várias estações para uma série de
anos, pode-se preparar tabelas ou curvas de
Algumas culturas podem permanecer inundadas intensidade-duração-frequência de chuvas.
por períodos de tempo que variam de algumas horas
a dias, como a cultura do arroz que tem mostrado tole- Pfafstetter (4) a partir de dados provenientes de
rar períodos maiores podendo chegar a 6 dias, em- pluviógrafos preparou, para muitas áreas do Brasil,
bora não sejam conhecidas pesquisas nesse sentido. uma série de curvas de alturas de precipitação para
diversas durações e tempos de recorrência. Pode
Na grande maioria das vezes a duração das ocorrer que a área a ser estudada não esteja coberta
chuvas, para efeito de projeto, é igual ao tempo pelo seu trabalho e nem disponha de leituras
de concentração. provenientes de pluviógrafos. Neste caso, se os
únicos dados disponíveis forem de leituras de
Tempo de recorrência pluviômetros, é necessário que sejam empregados
artifícios de cálculo para transformar valores de
Tempo de recorrência ou período de retorno é o chuvas diárias em chuvas com duração de 24 horas
período em que uma determinada chuva apresenta e chuvas de períodos inferiores, inclusive frações
a probabilidade de ocorrer pelo menos uma vez. de hora.
A título de ilustração, uma chuva de 1 hora de
duração e tempo de recorrência de 10 anos deverá Torrico (7) desenvolveu um método capaz de fazer
ocorrer em torno de 10 vezes para cada 100 anos. as transformações desejadas no preparo de tabelas

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Fig. 1 - Isozona de igual relação

ou curvas, que permitam obter intensidades de Para a conversão das chuvas máximas diárias em
chuvas para diversas durações e freqüências. chuvas com duração entre 6 minutos e 24 horas,
Segundo Torrico, a metodologia a ser adotada é a adota-se a seguinte metodologia.
seguinte:
• Converte-se a chuva de um dia em chuva de 24
• Compilam-se para cada ano os dados das chuvas horas, multiplicando-se a primeira pelo fator 1,10.
máximas diárias dos postos pluviométricos da • Determina-se, através da Figura 1, a isozona na
região do projeto. qual a área do projeto se situa.
• Os projetos que abranjam regiões muito extensas, • Na tabela 1 fixam-se, para a isozona do projeto
com climas diferentes, ou que contenham micro- e para o tempo de recorrência previsto, as
lima, deverão ser subdivididos em sub-regiões. percentagens para 6 minutos e 1 hora.
• Calcula-se, empregando qualquer método • A partir dos percentuais para 1 hora e para 6
estatístico (Hazen, Gumbel, Person, etc.) e, para minutos, obtidos na mesma tabela e da chuva de
cada estação meteorológica, a chuva máxima de 24 horas (100%), calcula-se as alturas de preci-
um dia para o tempo de recorrência desejado. pitação para 6 minutos e para 1 hora.

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Prevenção da Salinização de Solos

Tabela 1-
Valores para converter alturas de chuva de 24 horas
em chuva de 1 hora e chuva de 6 minutos

Fig. 2 - Alturas de chuvas versus tempo de duração em horas

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Drenagem Superficial

• Delimitam-se, Figura 2, as alturas de chuva para de cada sistema de drenagem. Não é indicado
24 horas, para 1 hora e para 6 minutos de duração. também para que condições da Espanha a fórmula
• Liga-se a seguir os pontos para obter as alturas foi desenvolvida.
de chuva versus duração em horas. Pode-se assim
obter as alturas de chuvas para qualquer tempo de Tendo-se calculado o tempo de concentração (Tc)
duração entre 6 minutos e 24 horas. e tendo-se escolhido o tempo de recorrência
• A partir da altura de chuva e sua duração obtém- desejado (5, 10, 15, 20, 25 anos etc.) que é uma
se a intensidade de precipitação em mm/h. função do risco assumido para a estrutura projetada,
calcula-se com base nos registros de precipitações
Uma outra forma de solucionar o problema é aquele da região a intensidade máxima de chuva em mm/
que consiste em estimar diretamente a intensidade h.
máxima de chuva a partir, segundo Pires (3), de
valores da precipitação máxima diária para o
período de recorrência desejado, o que pode ser Coeficiente de escoamento (c)
feito empregando-se a fórmula:
Este coeficiente depende de vários fatores como
-0,55
I = 2,31p Tc solo, cobertura vegetal, grau de saturação do solo
Onde: e declividade geral da bacia.
I - Intensidade máxima de chuvas (mm/h)
p - Precipitação máxima diária (mm) O ideal é que fosse obtido através de dados
Tc- Tempo de concentração em minutos. experimentais, colhidos na própria bacia ou então
que fosse proveniente de bacias próximas, mas que
Esta fórmula, recomendada por Pizarro para as apresentem condições similares.
condições da Espanha, vem, de acordo com Pires,
dando bons resultados na drenagem de várzeas do É comumente obtido em função de fatores como
Estado de Minas Gerais. O autor, no entanto, não textura predominante da área, declividade geral
apresenta uma análise dos resultados obtidos, da bacia e tipo de cobertura vegetal, utilizando-
considerando as recorrências utilizadas nos se para isso tabelas existentes, como a tabela 2 a
dimensionamentos dos drenos, áreas das bacias seguir:
drenadas e períodos decorridos após a implantação

Tabela 2 - Valores do coeficiente de escoamento superficial (c).

DECLIVIDADE% SOLOS ARENOSOS SOLOS FRANCOS SOLOS ARGILOSOS


FLORESTAS
0-5 0,10 0,30 0,40
5 - 10 0,25 0,35 0,50
10 - 30 0,30 0,50 0,60
PASTAGENS
0-5 0,10 0,30 0,40
5 - 10 0,15 0,35 0,55
10 - 30 0,20 0,40 0,60
TERRAS CULTIVADAS
0-5 0,30 0,50 0,60
5 - 10 0,40 0,60 0,70
10 - 30 0,50 0,70 0,80

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Tendo-se obtido os valores de C, I e A, calcula-se dente a uma recorrência igual a 1:2,3 ou aproxima-
a vazão Q empregando-se a fórmula Q = CIA/ damente 1:3 anos.
360. Em função da descarga obtida, dimensiona-
se a obra desejada que pode ser a seção de um Usando esta tabela a seleção da chuva seria feita
dreno, um bueiro ou um outro tipo de estrutura da seguinte maneira:
desejado. N = fn
N = número de anos de registro de chuvas.
Várias outras fórmulas poderão ser usadas para o f = freqüência ou recorrência desejada.
cálculo do escoamento superficial sendo que a es- n = número de ordem, na coluna, de valores anuais
colha desta ou daquela vai depender das informa- decrescentes de chuvas.
ções hidrológicas existentes, da dimensão e forma
fisiográfica da área e do grau de precisão desejado. Exemplo:

Seleção de chuvas a) Registro de chuvas para período de 31 anos.


N = 31
Os dados de chuvas podem ser apresentados em b) No caso de querermos uma recorrência de 10
tabelas, onde as intensidades máximas de anos.
precipitação de cada ano e para cada duração f = 10
escolhidas, são colocados em colunas decres- c) N = fn n = N/f = 31/10 = 3,1 ≅ 3
centes.
Neste caso, os valores de precipitação situados na
Na tabela 3 são apresentados a título de exemplo, 3ª linha apresentam probabilidade de se repetirem
Luthin (1), valores tabulados de um posto dos a cada 10 anos.
E.U.A. para precipitações máximas de 31 anos,
ocorridas no período de 1904 a 1934 inclusive. Para tempo de concentração ou duração de 30 mi-
nutos e recorrência de 10 anos encontra-se, na ta-
Não são apresentados os dados em ordem bela 3, o valor 34,5 mm. Como na fórmula o valor
decrescente até ao 31º pelo fato de que o décimo de "I" é tomado em mm/h, basta então multiplica-
número da coluna já representa o valor correspon- lo por 2; obtêm-se então I = 69,0 mm/h.

Tabela 3 - Alturas máximas de precipitação anuais para diversas durações

DURAÇÃO
(minutos) 5 10 15 30 60 90 120
ORDEM ano prec. ano prec. ano prec. ano prec. ano prec. ano prec. ano prec.
1 1908 21.6 1908 30.5 1908 35.6 1908 43.7 1908 54.6 1908 62.5 1919 75.4
2 1921 19.3 1915 26.4 1915 30.0 1904 49.4 1904 48.8 1915 60.5 1908 66.8
3 1915 18.5 1921 23.6 1904 28.2 1915 34.5 1915 43.2 1904 54.4 1904 59.8
4 1934 18.3 1904 22.4 1921 26.2 1921 31.0 1926 36.8 1921 46.0 1921 53.9
5 1929 16.8 1926 21.3 1926 24.6 1926 30.0 1921 35.6 1926 41.9 1926 46.5
6 1926 15.8 1934 20.3 1934 23.4 1931 28.0 1914 33.8 1914 38.1 1917 41.7
7 1931 13.0 1929 19.8 1929 22.7 1934 26.1 1931 31.8 1931 35.6 1914 39.4
8 1904 11.4 1931 17.3 1931 20.8 1929 25.7 1934 30.5 1917 34.5 1931 38.4
9 1917 9.1 1911 13.2 1911 17.0 1911 24.1 1929 29.0 1934 34.0 1934 37.1
10 1914 7.1 1917 13.0 1917 15.8 1917 21.1 1911 28.2 1929 32.3 1929 35.8
11 1911 5.3 1914 8.9 1914 12.7 1914 20.1 1917 27.7 1911 31.2 1911 34.0

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Drenagem Superficial

Muitas vezes são preparadas tabelas que apresen- curvas estão correlacionadas as alturas de
tam os valores de precipitação de uma dada região, precipitação, em milímetros, com as durações e
em mm/h, em função do período de retorno e do os tempos de recorrência.
tempo de concentração (ver Tabela 4) . Neste caso
basta determinar o tempo de concentração e Também são apresentadas fórmulas empíricas e
assumir qual o período de retorno desejado para tabelas que visam definir precipitações máximas
obter-se intensidade de precipitação diretamente em função da duração e do tempo de recorrência.
em mm/h.
Uma outra fórmula e que é bastante utilizada nos
Para algumas áreas existem curvas como aquela Estados Unidos, é a fórmula Cypress Creek (10).
da Figura 3, que correlacionam a precipitação,
em milímetros, com a duração em horas, para 2.1.2. Fórmula Cypress-Creek
determinadas curvas de recorrência. Neste caso, Q = 0,00028 C A5/6
após estimar-se a duração da chuva, entra-se no Q = descarga (m3/se g.)
gráfico e acha-se a altura da lâmina d’água A = área da bacia (ha)
precipitada para a duração considerada; a seguir, C = coeficiente que engloba características de solo,
calcula-se a precipitação ou intensidade (I) de cobertura vegetal, declividade e condições de
precipitação em mm/h. precipitação.

A obra intitulada "Chuvas Intensas no Brasil" de O valor "C" pode ser obtido diretamente na área a
autoria do Engenheiro Otto Pfafstetter (4) apresenta ser drenada ou nas imediações desta.
grande quantidade de curvas provenientes de
leitura de pluviógrafos de postos de serviços de Para obter-se o valor desejado é preciso que
meteorologia do Ministério da Agricultura. Nas existam bueiros ou pontilhões sob estradas ou

Tabela 4 -
Intensidade de precipitação em mm/h para o posto " x " em função
do tempo de concentração e período de retorno.

TEMPO DE
CONCENTRAÇÃO PERÍODO DE RETORNO (ANOS)
(MIN.)
2 5 10 15 20 25 50 75 100
5 123,6 159,0 182,4 195,4 202,8 221,8 233,4 246,0 255,0
10 102,0 127,8 144,6 154,2 160,2 167,4 182,4 191,4 198,6
15 85,8 110,4 126,6 136,2 141,6 147,6 162,6 171,6 177,6
20 76,2 98,4 112,8 121,8 126,0 131,4 144,6 153,0 158,6
25 67,2 86,4 99,0 106,2 110,4 114,6 126,6 133,8 138,6
30 61,2 78,0 89,4 96,0 99,6 103,8 114,6 120,6 124,8
40 51,6 66,6 76,2 81,6 85,2 88,8 97,8 103,2 106,8
50 45,0 58,2 67,2 72,6 75,0 78,6 87,0 91,8 95,4
60 39,6 52,8 61,2 66,0 69,0 72,6 80,4 85,2 88,8
75 32,4 43,2 50,4 54,6 57,0 60,0 66,6 70,8 73,2
90 27,6 37,2 43,2 46,8 48,6 51,0 57,0 60,0 62,4
105 24,0 31,8 37,2 40,2 42,0 43,8 48,6 51,6 54,0
120 21,6 28,2 33,0 35,4 37,2 39,0 43,2 45,6 47,4

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Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Fig.3: Curva de altura - duração -frequência de chuvas para o posto meteorológico de piaçabuçu

canais, e que se disponha de plantas topográficas sistema de drenagem superficial do projeto Senador
para delas obter-se as áreas das bacias que Nilo Coelho- Petrolina - Pe, com área de 25.000 ha.
contribuem para cada ponto de deságüe. De posse
desses valores, adicionados do conhecimento, A partir de estimativas de vazões máximas
mesmo que aproximado, do tempo de existência ocorridas em bueiros de estradas que cortam a área,
de cada estrutura e após obter-se informações, na observando marcas de nível d’água deixados, foi
área, sobre o funcionamento de cada estrutura possível obter um valor "C" razoavelmente
considerada, se já houve transbordamento, quantas confiável, que no caso foi igual a 35.
vezes e quando, pode-se então determinar o valor
do coeficiente "C" com razoável segurança. 2.1.3. Fórmula de McMath
Q = 0,0091 C i A4/5 S1/5
O valor "C" é empregado para obter-se a descarga Q = vazão (m3/seg.)
máxima para determinada recorrência. Só pode C = coeficiente de escoamento de McMath
ser extrapolado para áreas que apresentem i = intensidade de chuvas (mm/h)
condições de solo, topografia e clima semelhantes. A = área da bacia (ha)
S = declividade no talvegue principal = metro/metro
O Serviço de Conservação de Solos dos Estados
Unidos apresenta uma série de tabelas e curvas Na tabela 5 são apresentados os coeficientes de
que visam a obtenção do coeficiente desejado. McMath, sendo o valor "C" a soma dos três coefi-
Para fazer uso das curvas precisa-se, no entanto, cientes selecionados para caracterizar a bacia.
de uma série de informações que geralmente não
existem em nossas condições, o que limita entre Esta fórmula foi obtida em função da fórmula
nós o uso da fórmula. racional, sendo que o valor da intensidade de
chuvas é obtido da mesma forma que para a fórmula
Esta fórmula foi utilizada no cálculo de vazões do citada. Possui um fator de redução de área que

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Drenagem Superficial

Tabela 5 - Valores representativos de média ponderada de características de bacias,


necessários para o cálculo do coeficiente de McMath.

CONDIÇÕES DE TIPO DE TIPO CONDIÇÕES


ESCOAMENTO COBERTURA VEGETAL DE SOLO TOPOGRÁFICAS DA BACIA
baixa área coberta de gramíneas 0,08 areia 0,08 área plana 0,04
moderada cobertura vegetal intensa 0,12 textura leve0,12 ligeiramente ondulada 0,06
média cobertura razoável a rala 0,16 textura média 0,16 ondulada a montanhosa 0,08
alta cobertura rala a esparsa 0,22 textura pesada (argilosa) 0,22 montanhosa a escarpada 0,11
muito alta cobertura esparsa e solo textura pesada escarpada0,15
descoberto0,30 a área rochosa0,30

evita um aumento linear e irreal das vazões em pela CODEVASF para bacias de contribuição
função da áreas de contribuição. maiores que 50 ha.

2.1.4. Cálculo da vazão de escoamento superficial O fluxograma da figura 4 abaixo indica como
pelo método das curvas-número proceder no uso do método, enquanto que as
É um método prático que aparentemente tem tabelas 6,7,8 orientam como obter os dados
resultado na obtenção de valores confiáveis de necessários para os cálculos de que trata o
escoamento superficial. É o método mais utilizado fluxograma.

Fig. 4 - Fluxograma para cálculo da


vazão de escoamento superficial

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Tabela 6
Dados da Bacia
Grupos de solo segundo o potencial de escoamento superficial (*)

GRUPO CARACTERÍSTICAS

A Baixo potencial de escoamento. Solos que possuem altas taxas de


infiltração ainda em condições completamente úmidas. Neste grupo se
classificam os solos arenosos e muito bem drenados.

B Solos que tem taxas de infiltração moderadas quando úmidos.


Compreendem principalmente solos profundos e moderadamente
profundos, drenagem boa e moderada. Textura de moderadamente fina
a moderadamente grossa. São solos que possuem taxas moderadas de
transmissão de água.

C Solos que tem infiltração lenta quando completamente úmidos e consistem


principalmente de solos com uma camada que impede o movimento
descendente da água, ou que possuem texturas finas a moderadamente
fina. Estes solos tem uma lenta transmissividade de água

D Alto potencial de escoamento. Solos com uma baixa taxa de infiltração


quando completamente molhados. Consistem principalmente de solos
argilosos com um alto potencial de expansão, solos com um lençol freático
alto e permanente. Solos com fragipan (barreira) ou camada argilosa
superficial, e solos muito superficiais sobre uma camada impermeável.
Estes solos tem taxa de transmissão de água muito baixa.

(*) segundo Schwab et al. Soil and water conservation engineering - pag 105

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Drenagem Superficial

Tabela 7
Curvas-número (cn) representando escoamento superficial para as condições de solo, cobertura vegetal
e umidade abaixo apresentadas (condições de umidade ii e ia = 0,2 S) (*)

COBERTURA GRUPOS DE SOLO


USO DA TERRA TRATAMENTO CONDIÇÃO * A B C D
OU PRÁTICA HIDROLÓGICA NÚMERO DA CURVA
CURVA

Cultura em fileiras Fileiras retas Ruim 72 81 88 91


(milho, algodão,
tomate, etc.) Fileiras retas Boa 67 78 85 89

Fileiras em contorno Ruim 70 79 84 88


Fileiras em contorno Boa 65 75 82 86
Anterior + terraças Ruim 66 74 80 82
Anterior + terraças Boa 62 71 78 81
Culturas em fileiras Fileiras retas Ruim 65 76 84 88
estreitas. (trigo, arroz) Fileiras retas Boa 63 75 83 87
Fileiras em contorno Ruim 63 74 82 85
Fileiras em contorno Boa 61 73 81 84
Anterior + terraças Ruim 61 72 79 82
Anterior + terraças Boa 59 70 78 81
Leguminosas em Fileiras retas Ruim 66 77 85 89
fileiras estreitas ou Fileiras retas Boa 58 72 81 85
forrageiras em rota- Fileiras em contorno Ruim 64 75 83 85
ção(também hortali Fileiras em contorno Boa 55 69 78 83
ças) Anterior + terraças Ruim 63 73 80 83
Anterior + terraças Boa 51 67 76 80
Pastagens Ruim 68 79 86 89
(pastoreio) Regular 49 69 79 84
Boa 39 61 74 80
Fileiras em contorno Ruim 47 67 81 88
Fileiras em contorno Regular 25 59 75 83
Fileiras em contorno Boa 6 35 70 79
Pastagens (feno) Boa 30 58 71 78
Floresta Ruim 45 66 77 83
Regular 36 60 73 79
Ou Bosque Boa 25 55 70 77

* Boa - Cobertura em mais de 75% da área


Regular - entre 50 e 75%
Ruim - menor de 50% da área
Ia = água inicial retida (plantas, empoçamento e água que se infiltra antes do início do escoamento superficial.

(*) Segundo Shwab et al. Soil and water conservation engeneering - pag. 104

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Tabela 8 -
Fatores de conversão de curvas-número para as condições I e III para Ia = 0,2 S (*)

CURVA-NÚMERO PARA FATOR DE CONVERSÃO DE CURVA NÚMERO II PARA:


A CONDIÇÃO II CONDIÇÃO I CONDIÇÃO III
10 0,40 2,22
20 0,45 1,85
30 0,50 1,67
40 0,55 1,50
50 0,62 1,40
60 0,67 1,30
70 0,73 1,21
80 0,79 1,14
90 0,87 1,07
100 1,00 1,00

(*) segundo Schwab et al. Soil and water conservation engineering - pag 106

Valores de curva-número para as condições anterio- •Precipitação total que escoa =


res de precipitação podem ser obtidos utilizando-
se os fatores constantes da tabela 8.

Precipitações dos 5 dias anteriores


a chuva considerada
Condição (mm)
I 0 - 35 • calculo de vazão de escoamento superficial
II 35 - 52 Q = C A5/6 x 10-3
III Mais de 52

2.1.5. Exemplo de cálculo de


escoamento superficial Q = 13.7 X 4005/6 X 10-3 = 2,0m3/s
Bacia de 400 ha.

a) Método - curvas-número b) Fórmula Cypress-Creek


•Grupo hidrológico - B
•CN = 75. Q = 0,00028 C A5/6
•Infiltração potencial Para 0,00028 C = 0,01, obtido a partir de estima-
•Tempo de concentração tivas de campo provenientes de estruturas
existentes em área com condições que, mais ou
Tc = 0,0195 K0,77, sendo menos, se aproximam da área do projeto formoso
Para L = 4 770m e H = 6,5m, de Irrigação, obtêm-se:
Tc = 168 minutos = 2 h e 50 min. ou 2,8 horas. Q = 0,01 x 4005/6
•Para Tc = 2 h e 50 min. e TR = 10 anos, a Q = 1,47 m3/s
precipitação total estimada para a área é P = 44
mm.

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Drenagem Superficial

c) Fórmula de McMath c) Fórmula de McMath

Q = 0,0091 C i A4/5 S1/5 Q = 0,0091 x 0,38 x 5,04 x 10.0004/5


6,5m
S = declividade em m/m . . S = x (7,7/18.400)1/5 = 5,85m3/s
4770m
Esta fórmula não deve ser recomendada principal-
Q = 0,0091 x 0,38 x 15,7 x 4004/5 x (0,00136)1/5 = mente para áreas grandes.
1,75m3/s
Q = 1,75m3/s
2.1.5.3. Cálculo para duração maior que o tempo
d) Fórmula Racional de concentração

Área de várzea argilosa contendo 120ha de arroz


Irrigado. Assume-se:
Q = 6,1 m3/s - valor muito alto. Não é recomen- •Tolerância da cultura do arroz à submersão = 6
dado o seu uso para áreas maiores que 50 ha. dias.
•Perdas de água das chuvas por infiltração,
evaporação e transpiração = 15%
2.1.5.2. Bacia de 10.000 ha
Q = CIA/360
a) Método das curvas-número:
Área = A = 120 ha
0,77
•Tempo de concentração-Tc = 0,0195 k Duração da chuva = 6 dias ou 144 horas.
Recorrência assumida = 10 anos

•para 144 horas de duração e 10 anos de


-25,4 = 8,47cm = 84,7mm recorrência encontra-se, na figura 3, uma lâmina
de chuva de 245 mm.
•Precipitação total para a duração escolhida
P = 64 mm Intensidade -
•Total da precipitação que escoa
O coeficiente de escoamento superficial é a
relação entre o volume escoado e o volume
precipitado; como 15% da água precipitada se
•Coeficiente de escoamento infiltra e evapora, restam, para escoar, 85% do
total ou

• Vazão do dreno
Q= C A5/6 x 10-3 = 9,8 x 10.0005/6 x 10-3= 21,1m3/s
•A vazão neste caso pode também ser estimada
da seguinte forma:
b) Fórmula Cypress - Creek
Q = 0,01 A5/6
Q = 0,01 (10.000)5/6 = 21,5m3/s
Q = 21,5m3/s

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Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Neste caso o método racional pode ser usado para Na Figura 5 é apresentado desenho esquemático
áreas maiores que 50 ha, desde que haja segurança de dreno trapezoidal, onde:
quanto ao cálculo estimativo da lâmina de chuvas
do período considerado, mesmo ocorrendo chuvas
convectivas que geralmente cobrem áreas
pequenas.

Em função das condições especificas de dedução Fig. 5 - Seção Trapezoidal de dreno


de cada fórmula ou método de determinação da
vazão de escoamento superficial e suas limitações A = bh + h²z
e não existindo uma fórmula especifica ou P = b + 2h
adaptada para as condições da área a ser estudada, b = base menor - m
recomenda-se: h = altura considerada - m
1- Áreas de até 50 ha - usar o método ou fórmula z = talude - m
racional. p = perímetro molhado - m
2- Para áreas de 50 ha até cerca de 400 ha, utilizar
valores médios obtidos entre a fórmula de McMath A vazão de um dreno é igual a sua sessão vezes a
e o método das curvas-número, tomando valores velocidade média de fluxo, onde:
nunca inferiores aos obtidos pela fórmula racional Q = VA
para área de até 50ha.
3- Para áreas de bacias situadas entre 400 e V = velocidade - m/seg.
2000ha, usar preferencialmente os valores da curva
que une dados obtidos para 400ha e o valor obtido Seção mais eficiente de um dreno
através do método das curvas-número para bacia
de contribuição de 2000ha. É aquela que mais se aproxima da forma semicir-
4- Na falta de dados de chuvas e em última opção, cular, no entanto, em drenagem dificilmente pode-
poderá ser usada a fórmula Cypress Creek, desde se seguir este princípio, tendo em vista os seguintes
que sejam obtidas informações confiáveis no campo. fatos:
5- Para áreas de contribuição maiores que 2000ha, •Talude - é uma função das características do solo
usar método das curvas-número. a ser drenado.
6- Para áreas maiores poderá ser usado, como •Profundidade - é definida em função da posição
opção, hidrograma de escoamento superficial. da área em relação ao ponto de descarga; da
profundidade da camada que apresente resistência
ao corte ou ainda em função da necessidade ou
2.2. Dimensionamento de Sistemas não de drenar também o perfil do solo.
de Drenagem •Largura - geralmente de 0,50 m; 0,80m; 1,00m;
1,50m ou 2,00m, dependendo da profundidade e
O dimensionamento dos sistemas de drenagem é vazão de projeto e também do tipo de equipamento
comumente feito utilizando-se a fórmula de de escavação disponível.
Manning onde:
Para o dimensionamento de drenos abertos são
Q = vazão - m³/seg. apresentados nas tabelas 9, 10 e 11 valores de
n = coeficiente de rugosidade coeficientes de rugosidade, velocidades de fluxo
R = raio hidráulico - A/P da água e taludes compatíveis com os diversos
S = declividade do dreno = m/m tipos de solo.
A = área do dreno - m²

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Drenagem Superficial

Tabela 9 - Coeficientes de rugosidade de Manning

CARACTERÍSTICAS DOS DRENOS COEFICIENTES


Drenos cortados em rocha, trechos retos e regulares 0,035
Drenos retos, bem limpos e regulares 0,023
Drenos de seção grande e bem limpo 0,032
Drenos largo, profundo escavado em solo
Drenos em solo aluvial e com vegetação pouco densa 0,030
Drenos com vegetação intensa 0.040
Drenos com pequena seção 0,040
Drenos com pouca irregularidade e limpos 0,035
Drenos de seção média, fundo e taludes irregulares e vegetação densa 0,045
Drenos escavados com draga, talude e fundo irregulares e com vegetação rala 0,045
Drenos com paredes irregulares, escavados com draga e muita vegetação em seu leito 0,080

Tabela 10 - Velocidades máximas de fluxo d’água recomendadas em função


do tipo de solo

TEXTURA DO SOLO VELOCIDADES(m/s).


Argiloso (argila 1:1 fortemente cimentada, tipo argilito) 1,8
Argilosa (argila 1:1) 1,2
Argilosa (argila dispersiva) 0,4*
Franco argilosa 0,8
Franca 0,9
Franco arenosa e areia fina 0,7
Cascalho fino 1,5
Cascalho grosso 1,8
Velocidade mínima para evitar deposição de silte ou areia fina 0,3
Mínima para evitar a germinação de ervas daninhas 0,5
Mínima para inibir o crescimento de ervas daninhas 0,8
* sugerido em função de problemas encontrados. Não existem valores experimentais.

Tabela 11 - Taludes de drenos recomendados em função do tipo de solo

TIPO DE SOLO TALUDES (V-H)


Solo turfoso 1: 0 a 1 : 0,25
Argiloso pesado 1: 0,5 a 1: 1
Argiloso e franco siltoso 1: 1 a 1: 1,5
Franco arenoso 1: 1,5 a 1: 2
Areia 1: 2 a 1:3
* Para argilas dispersivas não existem dados. Supõe-se que o melhor é implantar o dreno e vegetar
artificialmente as suas paredes para protegê-las da erosão principalmente pelo impacto das águas da chuva.

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Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Dreno parcelar A subsidência é também devida a perda de suporte


do solo com a eliminação de água.
É um dreno raso que tem como finalidade principal
coletar os excedentes de irrigação do lote ou Observações feitas em solos orgânicos da Europa
parcela. Tem em geral a forma de "V" com talude e Estados Unidos indicam que há em média um
que de um lado pode ser por exemplo, de 1:1. Do rebaixamento de ordem de 2,5 cm/ano e que a
outro, o talude deve ser suave, podendo ser de subsidência é uma função da espessura da camada
1:10 ou mais. De início a sua construção pode drenada ou profundidade do lençol freático
fazer parte das obras de preparo do lote para a
irrigação. É um dreno que pode ser destruído e Nos primeiros anos após a drenagem a subsidência
refeito após cada cultivo, principalmente quando é maior devido a compactação inicial sofrida pelo
se trata de irrigação por gravidade, em sulcos. Pode solo drenado.
ter profundidade ligeiramente superior à dos sulcos,
devendo ser reconstruído pelos ocupantes do lote, Onde não existam dados referentes a subsidência,
após cada cultivo, empregando sulcadores pode-se assumir que haverá, com o tempo, um
apropriados, enxada, motoniveladora etc. rebaixamento da ordem de 25 a 35% em relação
a profundidade inicial dos drenos.
De uma maneira geral, as atribuições de um
engenheiro de drenagem terminam quando começa
o dreno parcelar, sendo que a drenagem de projeto Escavação de drenos
vai obrigatoriamente até esse nível.
É feita com emprego de dragas, para drenos de
Obras complementares grandes dimensões ou retroescavadeira, para
drenos menores.
Bueiros, quedas, pontes, pontilhões são as obras
complementares mais comuns. São projetadas É conveniente, sempre que os drenos forem de
geralmente em escala 1:50, devendo a topografia dimensões pequenas confeccionar e utilizar na
do local de cada obra ser feita a nível de detalhe. retroescavadeira uma concha de forma trapezoidal.
Na parte referente a anexos são apresentadas
plantas-tipo para diferentes obras. A implantação de drenos pode ser também manual,
o que torna o serviço em geral muito caro e
Drenagem de áreas com altos teores de matéria demorado, só se justificando para trabalhos de
orgânica. pequena monta e quando não existe máquina na
proximidade da área a ser drenada. Para pequeno
Nestas áreas é comum o fenômeno da subsidência, volume de trabalho, o transporte de uma máquina
podendo haver, em casos especiais, rebaixamento situada a grande distância pode tornar o seu
de até 50 cm. emprego economicamente inviável, devido
principalmente a componente relativa a custo de
Freqüentemente as valas são abertas e após o transporte.
rebaixamento do material, devido à oxidação são,
então, aprofundadas. Deve-se ter sempre em mente que os trabalhos de
escavação de drenos jamais devem ser feitos sem
A oxidação da matéria orgânica se dá após a acompanhamento topográfico, com checagem de
drenagem e ocupação pelo ar dos poros do solo, cotas de fundo, para que a sua escavação seja
devido a ação de bactérias aeróbicas, que conver- feita de acordo com a declividade do projeto. No
tem a matéria orgânica em dióxido de carbono. anexo I é apresentado um perfil tipo de dreno aberto.

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Drenagem Superficial

Nota: Limite da Área do projeto:

Fig. 6 - Desenho esquemático mostrando a nomenclatura do sistema de drenagem

Nomenclatura dos drenos

As denominações de cursos d’água existentes, de Para drenos secundários, terciários e quaternários,


fluxo temporário ou permanente, devem ser o número correspondente ao dreno deve estar em
mantidas. ordem crescente, de jusante para montante.
Quando dois drenos desaguarem em um mesmo
A nomenclatura, sempre que se tratar de rede de ponto, a numeração será crescente da esquerda
drenagem de grande porte, deve ser codificada para a direita.
conforme segue:
1º Espaço - Letra D (maiúscula) Existem todavia situações em que não é possível
2º Espado - Letras P,S,T ou Q, identificando enumerar os drenos principais (DP) de acordo com
respectivamente, o dreno principal, secundário, o esquema proposto. Nesses casos, sugere-se que
terciário ou quaternário. o DP 01 seja o de maior porte e os demais sejam
3º e 4º Espaços - Número correspondente ao dreno enumerados no sentido horário. A Figura 6 exem-
principal, ou zero, caso não haja mais de um dreno plifica o procedimento proposto.
considerado como principal;
5º e 6º Espaços - Número, a partir de 01,
correspondente ao dreno secundário; Conservação e manutenção de drenos
7º e 8º Espaços - Número, a partir de 01,
correspondente ao dreno terciário; O ideal é que cada dreno, imediatamente após a
9º e 10º Espaços - Número, a partir de 01, sua escavação, tivesse as suas paredes cobertas
correspondente ao dreno quaternário. com vegetação de porte rasteiro para evitar a
erosão de seus taludes.
O dreno DPO1 será sempre aquele cujas águas
desembocam mais a jusante do maior coletor Em áreas úmidas e de solos férteis em profundi-
natural (rio, riacho ou talvegue). Os demais drenos dade, essa cobertura é feita espontaneamente por
principais serão denominados de jusantes para plantas nativas em curto período de tempo. Em
montante segundo a ordem de deságüe. áreas menos favorecidas pelas condições

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Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

climáticas e de solo, as paredes dos drenos se 3 - PIRES, Elias Teixeira. Informações mínimas para
mantém parcialmente desnudas ou desprotegidas drenagem de várzea. Belo Horizonte:
por longos períodos de tempo, o que facilita a EMATER (MG), 1982. 30p.
erosão de seus taludes.
4- PFAFSTETTER, Otto. Chuvas intensas no Brasil;
O plantio de gramíneas ou leguminosas de relação entre precipitação, duração e
pequeno porte em taludes de drenos, com fins de freqüência de chuvas com pluviógrafos. SP:
protegê-los, não tem sido feito até o momento em DNOS, 1975.419 p. il.
nosso país por ser uma prática muito onerosa,
mesmo sendo empregado o processo da hidros- 5- RHODIA S.A. Drenos; princípios básicos e
semeadura. sistemas drenantes. São Paulo: 1978. 64 p.
il.
O problema de proteção de taludes se torna mais
necessário em áreas onde há predominância de 6- SCHWAB, Glenn O. et al. Precipitation. In:
argila expansiva tipo 2:1 (Teor de argila natural SOIL AND WATER CONSERVATION ENGI-
baixo). NEERING. 2ed. New York: John Wiley & Sons,
1966.
Em casos como esses, tudo indica que a melhor
opção é proteger as paredes do dreno, imedia- 7- TABORGA, JAIME JOSÉ TORRICO. Práticas Hi-
tamente após a sua escavação, por meio do plantio drológicas. Rio de Janeiro: TRANSCON,
de vegetação apropriada. 1974. 120p.

Quanto a limpeza de vegetação, é geralmente feita 8- TEIXEIRA, Antônio Libânio. Cálculo estimativo
manualmente através de roçagem. Esta deveria, de hidrograma de cheia. Belo Horizonte:
para drenos de seções maiores, ser sempre feita 1969. 14 p. il.
com o emprego de máquinas apropriadas,
constituídas de ceifadeira hidráulica de braço 9- USDA BUREC. Drainage manual; a water
móvel e ajustável, acoplada a trator de roda, que resources technical publication. Denver:
poderia roçar não só as paredes como também o 1978. 268 p. i l.
fundo do dreno.
10- U.S. DEPARTAMENT OF AGRICULTURE. Soil
No caso de desassoreamento, este também pode conservation service; drainage of agri-
ser feito manualmente, para drenos pequenos, ou cultural land. Washington: 1971 1v. il.
mecanicamente para drenos maiores sempre que (National engineering handbook, section 16).
a operação for julgada necessária.
11-VILLELA, Swami M., MATTO, Arthur. Hidrolo-
gia aplicada. São Paulo McGraw-Hill do
Bibliografia Brasil, 1975. 245p. il.

1- LUTHIN, James N. Drainage engineering. New 12-WILKEN, Paulo Sampaio. Engenharia de


York: Robert E. Engineering, 1973. 250p. il. drenagem superficial. São Paulo: 1978. 478
p. il.
2- MILLAR, Augustin A. Drenagem de terras
agrícolas; princípios, pesquisas e cálculos.
Petrolina: SUDENE, 1974. 1v. il.

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