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Departamento de Geografia

OS MOVIMENTOS DE MASSA NA BACIA DO CÓRREGO D’ANTAS,


EM NOVA FRIBURGO, OCORRIDOS EM JANEIRO DE 2011:
ANÁLISE PRELIMINAR DA RELAÇÃO GEOMORFOLOGIA E
OCUPAÇÃO

Aluno: Rodrigo Paixão


Orientador: Marcelo Motta

Introdução
O presente trabalho é parte de um projeto realizado pelo grupo de pesquisa
MorfoTektos do departamento de Geografia em conjunto com o grupo de Geotecnia
Ambiental do departamento de Engenharia Civil e o Serviço Geológico do Estado (DRM –
RJ) sobre o Megadesastre ocorrido na Região Serrana do estado DO Rio de Janeiro. Entre os
dias 11 e 12 de Janeiro de 2011 ocorreu o que foi classificado como Megadesastre da Região
Serrana do Estado do Rio de Janeiro. O megadesastre esteve associado a um número
incontável de escorregamentos em encostas urbanas e rurais de 07 municípios que provocou
muitas vitimas fatais e prejuízos financeiros.
Um fluxo hiper-concentrado, com fases de corrida de detritos, afetou o canal do córrego
D’antas desde a cota de 1021m, até o fim da sua planície de deposição próxima à sua
confluência com o rio Bengalas, na cota 850m. Os movimentos de massa somados em uma
corrida com extensão de aproximadamente 8 km, 30-100 m de largura máxima, causou
diretamente o alagamento em diversos pontos e a destruição de centenas de casas ao longo do
vale. A corrida do córrego D’antas foi originada por uma sequência de escorregamentos
ocorridos na cabeceira da bacia, que se caracterizavam como deslizamentos rasos planares de
pouco espessura de solo residual vegetado em contato com a superfície de rocha sã, que
contribuiu para a formação da corrida de massa gravitacional. O material envolvido nesta
corrida foi basicamente “lama” e não houve mobilização de blocos, caracterizando o processo
como uma categoria semelhante aos mud flow ou fluxos de lama.
A dinâmica das encostas frente aos eventos de chuva tropicais é reconhecida como
processos naturais, porém o processo de ocupação, historicamente, não previu esta dinâmica.
Percebe-se que a maioria das cidades expande a partir dos alvéolos nas áreas de baixadas e
nas encostas de geometria côncava. Enquanto a primeira feição é passível de alagamentos e
inundações, a segunda feição concentra os fluxos hídricos favorecendo a ocorrência de
movimentos de massa. Trabalhos de alguns autores já chamam a atenção para a dinâmica das
encostas nos planejamentos urbanos e planos diretores. [1,2]

Objetivos
Avaliar os condicionantes geomorfológicos da Corrida de Massa do Córrego D’Antas,
bem como sua relação com a ocupação ao longo da bacia do mesmo córrego.

Metodologia

A metodologia do trabalho consiste na realização de trabalhos de campo na bacia do


córrego D’Antas para visitação das áreas afetadas, para a identificação das feições
geomorfológicas presentes na região como os alvéolos, knickpoints e as concavidades. Além
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disso, nos trabalhos de campo, foram feitas as descrições do movimento de massa e dos
mecanismos deflagradores dos movimentos.

Para a realização deste trabalho, foram utilizadas bases cartográficas da empresa


AMPLA de energia, bem como ortofotos retificadas do IBGE de 2006, para a elaboração dos
mapas no software ArcView 9.3. Além disso, o cruzamento de dados em ambiente SIG
permite realizar análises complexas, ao integrar dados de diversas fontes e ao criar bancos de
dados georreferenciados. Ou seja, possibilita o cruzamento de informações proporcionando
assim uma visão integrada da situação.

Com esses dados, foi feita a delimitação da bacia de drenagem na escala de 1:10.000, a
partir da identificação dos divisores de drenagens pelas isolinhas convexas, utilizando-se o
software Arcview 9.3. Sobre as bases topográficas e delimitações feitas foi elaborado o
modelo digital do terreno e foi feito o mapeamento de concavidades, tomando-se por base as
isolinhas de geometria côncava, definidas como rotas preferenciais de deslizamentos. Para o
mapeamento dos alvéolos e dos knickpoints também foi utilizada a base topográfica.

Também foi realizado o mapeamento das cicatrizes, tendo como base imagens de
satélite disponibilizadas pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA) logo após o evento. E a
partir dos dados levantados, foi feito um breve estudo sobre a ocupação de Nova Friburgo e se
essa ocupação levou em consideração essas feições geomorfológicas estudadas para a
prevenção de acidentes em megadesastres, visto que estes eventos são recorrentes na região.

Conclusões

A partir dos estudos preliminares, pode-se dizer que a falta de planejamento urbano e a
falta de incorporação do entendimento das dinâmicas das encostas contribuíram para o
desastre. É importante o reconhecimento da geomorfologia no processo de expansão e
ocupação urbana para a amenização de impactos que possam ocorrer em eventos de chuvas
como os de janeiro de 2011.

Referências

1 - MEIS, Maria Regina Mousinho. Os “complexos de rampa” e a evolução das encostas no


planalto sudeste do Brasil. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 53 (3). 1981.

2 – ROSS, Jurandyr Geomorfologia Ambiental. In: GUERRA, Antonio José Teixeira.


Geomorfologia do Brasil. Rio de Janeiro: Bertand Brasil. 4ª Edição, 2006. p. 351- 388.

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