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Volume 1

GEOLOGIA DA BAHIA
Pesquisa e Atualização

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Governo do Estado da Bahia

Governador
Jaques Wagner

Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração - SICM

Secretário
James Silva Santos Correia

Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM

Diretor Presidente
Hari Alexandre Brust

Diretor Técnico
Rafael Avena Neto

Diretor Administrativo e Financeiro


Vinícius Neves Almeida

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Reitora
Dora Leal Rosa

Vice-Reitor
Luiz Rogério Bastos Leal

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GEOLOGIA DA BAHIA
Pesquisa e Atualização

Coordenação Geral

Johildo Salomão Figueirêdo Barbosa

Volume 1

Salvador - Bahia - 2012

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©2012, Autores.
Direitos para esta edição cedidos à Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM e Universidade Federal da Bahia.
Feito o Depósito Legal.

Coordenação Geral
Johildo Salomão Figueirêdo Barbosa

Editores
Johildo Salomão Figueirêdo Barbosa
Juracy de Freitas Mascarenhas
Luiz César Corrêa Gomes
José Maria Landim Dominguez
Jailma Santos de Souza

Editoração Gráfica
Gabriela Nascimento
Letícia Nunes de Almeida Gouveia
Marcela Matthews Soares
Rafael Gordilho Barbosa
Tarcio Cândido Roseira Viana

Revisão Ortográfica
Enock Dias de Cerqueira
Francisco Baptista Duarte

Revisão Geral
Augusto J. Pedreira da Silva

G345 Geologia da Bahia : pesquisa e atualização / coordenação geral Johildo Salomão Figueirêdo
Barbosa. – Salvador : CBPM, 2012.
2 v. : il. color. – (Série publicações especiais ; 13).

Convênio CBPM-UFBA.
ISBN 978-85-85680-47-3 (v. 1).

1. Geologia – Bahia. 2. Pesquisa geológica – Bahia. 3. Evolução geológica - Bahia. I.


Barbosa, Johildo Salomão Figueirêdo. II. Companhia Baiana de Pesquisa Mineral. III. Série.

CDD 558.142
CDU 551(813.8)

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Apresentação

A Bahia, um dos estados brasileiros com notável apelo nacional e internacional pela geodiversidade de seu ter-
ritório, destaca-se, por exemplo, em possuir rochas dentre as mais antigas da história da Terra, com idades de
3,4-3,5 bilhões de anos. A antiguidade e a boa preservação de algumas sequências estratigráficas do Arqueano
e do Paleoproterozoico são completadas por importantes registros do Fanerozoico e que nos tem possibilitado,
gradativamente, traçar o desenvolvimento crustal e litosférico do embasamento do cráton e de suas faixas móveis
Brasilianas circunjacentes.

Diante dessa importância surgiu a idéia de reunir todos os dados geológicos existentes no Estado, da carta de
Pero Vaz de Caminha aos tempos atuais, e assim publicar este livro “Geologia da Bahia. Pesquisa e Atualização”.
Desta forma, no final de 2008 foi celebrado um convênio entre a CBPM-Companhia Baiana de Pesquisa Mineral
e a UFBA-Universidade Federal da Bahia, essa ultima através do NGB-Núcleo de Geologia Básica-Mapeamento
Geológico e Metalogênese do IGEO-Instituto de Geociências, visando a elaboração desta valiosa obra.

Seus autores, de comum acordo, decidiram contar a história geológica da Bahia por Eras, desde o Paleoarquea-
no até o final do Neógeno. Diante da grande quantidade de informações, a obra foi dividida em dois volumes. O
primeiro dedica-se à história da geologia da Bahia, às contribuições da geofísica e principalmente às rochas do
embasamento precambriano (Capítulos I ao VII) enquanto o segundo, às rochas de cobertura (Capítulos VIII ao
XIX). O Capítulo XX é de conclusão e está reservado à evolução tectônica e metalogenética do estado.

A criação, fundamentos e forma final deste livro têm contribuições de muitas e muitas fontes, entre as quais
algumas inéditas. Tentamos render homenagem a todos estes contribuidores, tentando fazer um referencial bi-
bliográfico o mais rico e impessoal possível.

A CBPM, sempre comprometida com o desenvolvimento mineral do Estado e prestes a completar 40 anos de
ações centradas no esforço de gerar produtos objetivando a geração de informações básicas sobre a geologia do
nosso território, publica este importante trabalho. Com o cuidado extremo dispensado pelos autores, revisores
e organizadores, esta obra visa contribuir com o avanço do conhecimento da geologia da Bahia. Com os mapas
geológicos ao milionésimo devidamente revisados, e as modificações inseridas ao longo do texto, ela será útil,
não somente à nova geração de geocientistas e profissionais da área, mas também a empresas que lidam com
as Ciências da Terra. Estamos, portanto, felizes com mais esta realização, e convictos de que este livro será um
referencial de destaque, um marco notável e notório nos tempos atuais e naqueles que advirem.

Hari Alexandre Brust Dora Leal Rosa Johildo Barbosa


Presidente da CBPM Reitora da UFBA Coordenador Geral

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Autores

Abílio C. da S. P. Bittencourt UFBA


Alexandre Uhlein UFMG
Aline Sá Nunes UFBA-UNIME
Ângela M. Leal UFBA
Antonio C. Pedrosa Soares UFMG
Antonio Fernando M. Freire Petrobras
Antonio Sergio Teixeira Neto Consultor
Augusto José Pedreira CPRM/CBPM
Benjamin Bley de Brito Neves USP
Carlson de Matos Maia Leite Petrobras
Carolina de Almeida Poggio UFBA
Dilce Rosseti INPE
Edson S. Sampaio UFBA
Élson P. Oliveira Unicamp
Fabrício A. Caxito UFMG
Fernando F. Alkmim UFOP
Idney Cavalcanti da Silva UFBA
Jailma Santos de Souza UFBA
Johildo Salomão Figueirêdo Barbosa UFBA
José Carlos Cunha CBPM
José Maria Landim Dominguez UFBA
José Martin Ucha IFBA
José Torres Guimarães CPRM
Juracy de Freitas Mascarenhas CBPM
Leo Rodrigues Teixeira CPRM
Luiz Cesar Corrêa Gomes UFBA
Marcos Egídio Silva USP
Marilda S. Pinto UEFS
Moacyr Moura Marinho UFBA
Nivaldo Destro Petrobras
Raymundo Wilson Santos Silva CBPM
Renata Cárdia Rebouças UFBA
Rian Pereira da Silva UFBA
Sergio Neto Petrobras
Simone P. Cruz UFBA
Webster Mohriak Petrobras

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DEDICATÓRIA

Ao Mestre com carinho


Juracy de Freitas Mascarenhas

In Memoriam
Hermes Augusto Verner Inda

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Sumário

VOLUME 1 - ROCHAS DO EMBASAMENTO PRECAMBRIANO

Capítulo I
Histórico da Geologia da Bahia
Benjamim Bley de Brito Neves (USP), Augusto Jose Pedreira (CBPM) & Juracy de Freitas Mascarenhas (CBPM)

1 Introdução... 33
2 Periodização... 36
2.1 Período colonial (1500-1808)...37
2.2 Na Trilha da Liberdade (1808 – 1907)...41
2.2.1 Primeira Fase (1808- 1839)...41
2.2.2 Segunda Fase (1839-1870)...42
2.2.3 Terceira Fase (1870-1907)...43
3 Pós 1907-processos de urbanização e industrialização mais período desenvolvimentista... 46
3.1 Pré anos 60...46
3.2 Anos 60...49
4 Pós-década de “60”/Sob o signo do desenvolvimentismo... 50
4.1 Os anos pós-60. As pedras angulares da evolução do conhecimento geológico da Bahia...50
4.1.1 PETROBRAS - Petróleo Brasileiro S/A...51
4.1.2 SBG - Sociedade Brasileira de Geologia...52
4.1.3 CPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais–Serviço Geológico do Brasil...53
4.1.4 CBPM - Companhia Baiana de Pesquisa Mineral...56
4.1.5 O papel das Universidades...56
4.1.6 Projeto RADAMBRASIL...59
5 Síntese... 59

Capítulo II
Estudos Geofísicos. Evolução e Estágio Atual do Conhecimento
Edson Emanoel Starteri Sampaio (UFBA) & Raymundo Wilson Santos Silva (CBPM)

1 Introdução... 63
2 Aplicações da geofísica...64
3 Levantamentos geofísicos... 65
3.1 Gravimetria...65
3.2 GDS...68

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3.2.1 Magnetograma da Seção S1...75
3.2.2 Mapas de Contorno da Transformada de Fourier...76
3.3 Aerogeofísica...80
3.3.1 Levantamentos Aerogeofísicos de Baixa Resolução...81
3.3.2 Levantamentos Aerogeofísicos de Alta Resolução...81
3.3.3 Levantamentos Aerogeofísicos de Detalhe...89
4 Síntese... 100

Capítulo III
Terrenos Metamórficos do Embasamento
Johildo Salomão Figueirêdo Barbosa (UFBA), Simone Pereira Cruz (UFBA) & Jailma Santos de Souza (UFBA)

1 Introdução... 101
2 Unidades Litoestratigráficas... 102
2.1 Localização das rochas arqueanas e paleoproterozoicas do embasamento...102
2.2 Principais Litologias do Bloco Gavião (Parte Norte)...107
MESOARQUEANO
2.2.1 Gnaisses e migmatitos...108
2.2.2 Greenstone Belt Mundo Novo...109
2.2.3 Complexo Mairi...109
NEOARQUEANO
2.2.4 Greenstone Belt Lagoa do Alegre...114
2.2.5 Greenstone Belt Salitre-Sobradinho...114
2.2.6 Complexo Barreiro...114
PALEOPROTEROZOICO
2.2.7 Grupo Colomi...115
2.2.8 Complexo Serra da Boa Esperança...115
2.2.9 Complexo Carbonatítico Angico dos Dias...115
2.2.10 Complexo Máfico-Ultramáfico do Peixe...116
2.2.11 Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Alegre de Lourdes...117
2.2.12 Complexo Saúde...117
2.2.13 Grupo Jacobina ...117
2.2.14 Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso...118
2.2.15 Granitoides...119
2.3 Principais Litologias do Bloco Gavião (Partes Oeste, Central e Sul)...119
PALEOARQUEANO
2.3.1 Rochas Tonalíticas, Trondhjemíticas, Granodioríticas (TTGs)...120
MESOARQUEANO
2.3.2 Complexo Gnáissico Migmatítico...122

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2.3.3 Complexo Paramirim...122
2.3.4 Complexo Santa Isabel...122
MESOARQUEANO-NEOARQUEANO
2.3.5 Granitoides...123
NEOARQUEANO-PALEOPROTEROZOICO
2.3.6 Greenstone Belt Umburanas...123
2.3.7 Greenstone Belt Brumado...124
2.3.8 Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba...124
2.3.9 Greenstone Belt Guajeru...124
2.3.10 Greenstone Belt Riacho de Santana...124
2.3.11 Greenstone Belt Boquira...124
2.3.12 Sequência Metavulcanossedimentar Contendas-Mirante...125
2.3.13 Sequência Metavulcanossedimentar Caetité-Licínio de Almeida...125
2.3.14 Sequência Metavulcanossedimentar Urandi...127
2.3.15 Sill do Rio Jacaré-Fazenda Gulçari...127
PALEOPROTEROZOICO
2.3.16 Granitoides...129
2.4 Principais Litologias do Bloco Serrinha...129
MESOARQUEANO
2.4.1 Complexo Santa Luz...131
2.4.2 Cinturão Caldeirão...132
2.4.3 Peridotito Cromitífero de Santa Luz...132
PALEOPROTEROZOICO
2.4.4 Greenstone Belt Serrinha/Rio Itapicuru...133
2.4.5 Granitoides e Diques Máficos...134
2.5 Principais Litologias do Bloco Uauá...135
MESOARQUEANO
2.5.1 Complexo Lagoa da Vaca...135
2.5.2 Complexo Uauá...135
PALEOPROTEROZOICO
2.5.3 Greenstone Belt Rio Capim...137
2.5.4 Granitoides...137
2.5.5 Diques Máficos...138
2.6 Principais Litologias do Bloco Jequié...138
MESOARQUEANO
2.6.1 Granulitos heterogêneos orto e paraderivados...139
2.6.2 Rochas anfibolíticas e quartzo-feldspáticas...144
2.6.3 Granulitos enderbíticos-charnockíticos...144
2.6.4 Granulito Augen-Charnockítico...146
2.6.5 Granitoides...147

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PALEOPROTEROZOICO
2.6.6 Rochas gabro-anortosíticas...147
2.6.7 Charnockitos...148
2.7 Principais Litologias do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (Parte Norte)...150
MESOARQUEANO
2.7.1 Suíte São José do Jacuípe...150
2.7.2 Complexo Tanque Novo-Ipirá...151
2.7.3 Complexo Caraíba...152
2.7.4 Rochas Máfico-Ultramáficas do Vale do Curaçá...153
PALEOPROTEROZOICO
2.7.5 Augen Granulito Riacho da Onça...154
2.7.6 Rochas Máfico-Ultramáficas do Vale do Jacurici...154
2.7.7 Granitoides...155
2.8 Principais Litologias do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (Parte Sul)...155
MESOARQUEANO
2.8.1 Granulitos Básicos...157
2.8.2 Granulitos Paraderivados...157
NEOARQUEANO
2.8.3 GranulitosTonalíticos-Trondhjemíticos...158
PALEOPROTEROZOICO
2.8.4 Granulitos Tonalíticos-Trondhjemíticos...160
2.8.5 Granulitos Monzoníticos e Monzodioríticos...161
2.8.6 Rochas Dunito-Peridotíticas...162
2.8.7 Granitoides...163
2.9 Principais Litologias do Cinturão Salvador-Esplanada...163
MESOARQUEANO
2.9.1 Milonitos da Zona Aporá-Itamira...165
2.9.2 Suíte Granitoide Teotônio-Pela Porco...165
2.9.3 Migmatitos e granulitos da Zona Salvador-Conde...165
PALEOPROTEROZOICO
2.9.4 Granitoides...168
2.9.5 Diques Máficos...169
3 Deformações...169
3.1 Deformações Dúcteis...169
3.1.1 Deformações Arqueanas...171
3.1.2 Deformações Paleoproterozoicas ...172
3.1.3 Deformações Neoproterozoicas...184
3.2 Deformações Dúctil-Rúpteis e Rúpteis...186
4 Metamorfismo...187
4.1 Metamorfismo Paleoproterozoico...188
4.1.1 Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá (partes norte e sul)...188

12 • G eolog i a da B a hi a

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4.1.2 Bloco Gavião (parte oeste)...197
4.2 Metamorfismo Neoproterozoico...197
4.2.1 Bloco Gavião (partes central e sul)...197
4.2.1 Faixa de Dobramentos Rio Preto-Riacho do Pontal (embasamento)...198
4.2.2 Faixa de Dobramentos Sergipana (embasamento)...198
4.2.3 Faixa de Dobramentos Araçuaí (embasamento)...199
5 Síntese...199

Capítulo IV
Greenstone Belts e Sequências Similares
José Carlos Cunha (CBPM), Johildo S. F. Barbosa (UFBA) & Juracy de F. Mascarenhas (CBPM)

1 Introdução...203
2 Greenstone Belts na Bahia...207
2.1 Principais Greenstone Belts e Sequências Similares...207
2.2 Ocorrências de Komatiitos na Bahia...210
2.3 O Caso Contendas Mirante...213
3 Greenstone Belts do Bloco Gavião (Parte Norte)...216
PALEOARQUEANO-MESOARQUEANO
3.1 Greenstone Belt Mundo Novo...218
3.1.1 Embasamento...220
3.1.2 Sequência Inferior...220
3.1.3 Sequência Média...222
3.1.4 Sequência Superior...222
3.1.5 Estruturas e Metamorfismo...224
3.1.6 Intrusivas Pós-Tectônicas...226
3.1.7 Dados Litogeoquímicos...226
3.1.8 Dados Geocronológicos...226
3.1.9 Recursos Minerais...227
NEOARQUEANO
3.2 Greenstone Belt Lagoa do Alegre...228
3.2.1 Sequência Inferior...229
3.2.2 Sequência Superior...231
3.2.3 Dados geocronológicos...231
3.2.4 Recursos Minerais...232
3.3 Greenstone Belt Salitre-Sobradinho...232
3.3.1 Sequência Inferior...233
3.3.2 Sequência Superior...235
3.3.3 Estruturas e Metamorfismo...237
3.3.4 Dados Litogeoquímicos...239
3.3.5 Dados Geocronológicos...239

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3.3.6 Recursos Minerais...239
3.4 Greenstone Belt Barreiro-Colomi...240
3.4.1 Sequência Inferior...241
3.4.2 Sequência Superior...245
3.4.3 Estruturas e Metamorfismo...246
3.4.4 Dados Geocronológicos...247
3.4.5 Recursos minerais...247
3.5 Greenstone Belt Tiquara...247
4 Greenstone Belts do Bloco Gavião (Partes Oeste, Central e Sul)...252
NEOARQUEANO-PALEOPROTEROZOICO
4.1 Greenstone Belt Umburanas...255
4.1.1 Embasamento...255
4.1.2 Sequência Inferior...255
4.1.3 Sequência Média...260
4.1.4 Sequência Superior...261
4.1.5 Estruturas e Metamorfismo...261
4.1.6 Intrusiva Pós-Tectônica...263
4,1,7 Dados Litogeoquímicos...263
4.1.8 Dados Geocronológicos...264
4.1.9 Recursos Minerais...264
4.2 Greenstone Belt Brumado...264
4.2.1 Sequência Inferior...267
4.2.2 Sequência Média...267
4.2.3 Sequência Superior...267
4.2.4 Estruturas e Metamorfismo...267
4.2.5 Dados Litogeoquímicos...267
4.2.6 Dados Geocronológicos...268
4.2.7 Recursos Minerais...268
4.3 Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba...268
4.3.1 Embasamento...269
4.3.2 Sequência Inferior...269
4.3.3 Sequência Média...271
4.3.4 Sequência Superior...272
4.3.5 Estruturas e Metamorfismo...273
4.3.7 Dados Litogeoquímicos...274
4.3.8 Dados Geocronológicos...274
4.3.9 Recursos Minerais...274
4.4 Greenstone Belt Guajeru...274
4.4.1 Sequências Inferior, Média e Superior...276
4.4.2.Estruturas e Metamorfismo...278
4.4.3 Dados Litogeoquímicos...278
4.4.4 Dados Geocronológicos...279
4.4.5 Recursos Minerais...279

14 • G e olog i a da B a hi a

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4.5 Greenstone Belt Riacho de Santana...280
4.5.1 Sequência Inferior...281
4.5.2 Sequência Média...283
4.5.3 Sequência Superior...283
4.5.4 Estruturas e Metamorfismo...248
4.5.5 Intrusivas Pós-Tectônicas...285
4.5.6 Dados Litogeoquímicos...285
4.5.7 Dados Geocronológicos...286
4.5.8 Recursos Minerais...286
4.6 Greenstone Belt Boquira...286
4.6.1 Sequência Inferior...287
4.6.2. Sequência Média...287
4.6.3 Sequência Superior...287
4.6.4 Dados Geocronológicos...287
4.6.5 Recursos Minerais...287
4.7 Sequência Metavulcanossedimentar Caetité-Licínio de Almeida...289
4.7.1 Embasamento...290
4.7.2 Litologias da Sequência...293
4.7.3 Estruturas...294
4.7.4 Metamorfismo e Geocronologia...295
4.7.5. Dados litogeoquímicos...297
4.7.6 Aspectos Genéticos do Protominério e Minério de Ferro e Manganês...297
4.7.7 Recursos Minerais...299
4.8 Sequência Metavulcanossedimentar Urandi...300
4.8.1 Embasamento...300
4.8.2 Litologias da Sequência...302
4.8.3 Estruturas...306
4.8.4 Metamorfismo e Geocronologia...307
4.8.5 Recursos Minerais...309
4.9 Sequência Metavulcanossedimentar Ibiajara...309
5 Greenstone Belts do Bloco Serrinha...310
PALEOPROTEROZOICO
5.1 Greenstone Belt Serrinha-Rio Itapicuru...310
5.1.1 Embasamento...311
5.1.2 Sequência Inferior...311
5.1.3 Sequência Média..311
5.1.4 Sequência Superior...314
5.1.5 Estruturas e Metamorfismo...314
5.1.6 Intrusivas Sin e Pós-Tectônicas...315
5.1.7 Dados Litogeoquímicos...315
5.1.8 Dados Geocronológicos...315
5.1.9 Recursos Minerais...316
6 Greenstone Belts do Bloco Uauá...317

G eo lo g i a d a Ba h ia • 15

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PALEOPROTEROZOICO
6.1 Greenstone Belt Rio Capim...317
6.1.1 Embasamento...318
6.1.2 Sequência Inferior...318
6.1.3 Sequência Superior...322
6.1.4 Estruturas e Metamorfismo...322
6.1.5 Dados Litogeoquímicos...323
6.1.6 Dados Geocronológicos...323
6.1.7 Recursos Minerais...324
7 Síntese...325

Capítulo V
Granitoides
Johildo S.F. Barbosa (UFBA), Marilda Santos-Pinto (UEFS), Simone C. P. Cruz (UFBA)
& Jailma Santos de Souza (UFBA)

1 Introdução...327
2 Granitoides do Bloco Gavião (Parte Norte)...328
PALEOPROTEROZOICO
2.1 Granitoide Campo Formoso...328
2.2 Granitoide Carnaíba...330
2.3 Granitoide Cachoeira Grande...336
2.4 Granitoide Flamengo...336
2.5 Granitoide Jaguarari...336
2.6 Granitoide Serra do Meio...337
2.7 Síntese dos Dados Litogeoquímicos e Geocronológicos ...337
3 Granitoides do Bloco Gavião (Partes Central, Sul e Oeste...339
PALEOARQUEANO
3.1 Granitoide Sete Voltas...339
3.2 Granitoide Boa Vista/Mata Verde...339
3.3 Granitoide Bernarda...342
3.4 Granitoide Aracatu...343
3.5 Granitoide Mariana...343
MESOARQUEANO
3.6 Granitoide Sete Voltas...344
3.7 Granitoide Lagoa do Morro...344
3.8 Granitoide Serra do Eixo...345
3.9 Granitoide Lagoa da Macambira...346
3.10 Granitoide Serra dos Pombos...346
3.11 Granitoide Malhada de Pedra...346

16 • G eolog i a da B a hi a

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NEOARQUEANO
3.12 Granitoide Sete Voltas...347
3.13 Granitoide Serra do Eixo...347
3.14 Granitoide Caraguataí...347
3.15 Granitoide Pé de Serra-Maracás...349
PALEOPROTEROZOICO
3.16 Granitoide Aracatu...349
3.17 Granitoide Mariana...350
3.18 Granitoide Serra da Franga...351
3.19 Granitoide Umburanas...351
3.20 Granitoide Rio do Paulo...351
3.21 Granitoide Caculé...353
3.22 Granitoide Iguatemi...353
3.23 Granitoide Espírito Santo...353
3.24 Granitoide Gameleira...354
3.25 Granitoide Anagé-Pau de Colher...354
3.26 Granitoide Riacho das Pedras...356
3.27 Granitoide Caetano e Aliança...356
3.28 Granitoide Lagoa Grande e Lagoinha...356
3.29 Granitoide Guanambi-Urandi ...357
3.30 Granitoide Cara Suja...357
3.31 Granitoide Ceraíma...358
3.32 Granitoide Estreito...358
3.33 Granitoide Jussiape...360
3.34 Granitoide Ibitiara...360
3.35 Granitoide Boquira...361
3.36 Granitoide Veredinha...361
3.37 Granitoide Lagoa Real...361
3.38 Síntese dos Dados Litogeoquímicos e Geocronológicos...362
4. Granitoides do Bloco Serrinha...364
MESOARQUEANO
4.1 Ortognaisse Valente...364
4.2 Granitoide Ambrósio...364
4.3 Granitoide Requeijão...367
4.4 Granitoide Maracanã...367
PALEOPROTEROZOICO
4.5 Granitoide Curral...367
4.6 Granitoide Araci...369
4.7 Granitoide Eficéa...369
4.8 Granitoide Cipó...369
4.9 Granitoide Lagoa dos Bois...371
4.10 Granitoide Nordestina ...371

G eo lo g i a d a Ba h ia • 17

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4.11 Granitoide Quijingue...372
4.12 Granitoide Trilhado...372
4.13 Granitoide Teofilândia...372
4.14 Granitoide Barrocas...373
4.15 Granitoide Cansanção...373
4.16 Granitoide Morro do Afonso...375
4.17 Granitoide Serra do Pintado...375
4.18 Granitoide Agulhas-Bananas...376
4.19 Granitoide Itareru...376
4.20 Granitoide Morro do Lopes...376
4.21 Granitoide Pedra Vermelha...377
4.22 Granitoide Barroquinhas...377
4.23 Granitoide Maravilha...377
4.24 Granitoide Salgadália...378
4.25 Síntese dos Dados Litogeoquímicos e Geocronológicos...378
5 Granitoides do Bloco Uauá...379
PALEOPROTEROZOICO
5.2 Granitoide Euclides...379
5.2 Granitoide Araras...382
6 Granitoides do Bloco Jequié...382
NEOARQUEANO
6.1 Granitoide Itagibá...382
6.2 Granitoide Santa Maria...384
6.3 Granitoide Lua Nova...384
7 Granitoides do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (Parte Norte)...384
PALEOPROTEROZOICO
7.1 Granitoide Itiúba...384
7.2 Granitoide Santanápolis...386
7.3 Granitoide Bravo...387
7.4 Granitoide Pedra Solta...387
7.5 Granitoide Gavião-Morro do Juá...389
7.6 Granitoide Pé de Serra-Camará...389
7.8 Síntese dos Dados Litogeoquímicos e Geocronológicos...390
8 Granitoides do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (Parte Sul)...390
PALEOPROTEROZOICO
8.1 Granitoide São Félix...389
8.2 Granitoide Anuri...392
8.3 Síntese dos Dados Litogeoquímicos e Geocronológicos...393
9 Granitoides do Cinturão Salvador-Esplanada...393
MESOARQUEANO
9.1 Granitoide Teotônio-Pela Porco...393

18 • G e olog i a da B a hi a

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PALEOPROTEROZOICO
9.2 Granitoides Salvador...394

Capítulo VI
Serra de Jacobina e Contendas-Mirante
Carlson de Matos Maia Leite (UFBA/Petrobras) & Moacyr Moura Marinho (UFBA)

1 Introdução...397
2 Região da Serra de Jacobina...398
PALEOARQUEANO-MESOARQUEANO
2.1 Greenstone Belt de Mundo Novo...398
2.1.1 Domínio Máfico–Ultramáfico...398
2.1.2 Domínio Vulcânico Máfico...401
2.1.3 Domínio Vulcânico Félsico-Sedimentar...401
2.1.4 Domínio Metassedimentar...402
2.2 Complexo Saúde...402
PALEOPROTEROZOICO
2.3 Grupo Jacobina...403
2.3.1 Formação Bananeira...404
2.3.2 Formação Serra do Córrego...404
2.3.3 Formação Rio do Ouro...404
2.3.4 Formação Cruz das Almas...405
2.3.5 Rochas Magmáticas...405
2.4 Tectônica...407
2.4.1 Estruturas Dúcteis...407
2.4.2 Estruturas Rúpteis-Dúcteis e Rúpteis...410
2.5 Metamorfismo...410
2.6 Síntese e Evolução Geotectônica do Grupo Jacobina...414
3 Região de Contendas-Mirante...418
ARQUEANO
3.1 Unidade Inferior...421
3.1.1 Formação Jurema-Travessão...421
3.1.2 Formação Barreiro d’Anta...425
3.1.3 Subvulcânicas de Barra da Estiva...426
3.2 Unidade Média...426
3.2.1 Formações Rio Gavião e Mirante...426
3.2.2 Metavulcânicas Calcialcalinas...427
PALEOPROTEROZOICO
3.3 Unidade Superior...429
3.4 Tectônica...429

G eo lo g i a d a Ba h ia • 19

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3.5 Metamorfismo...431
3.6 Síntese e Evolução Geotectônica do Contendas-Mirante...435
4 Síntese...438

Capítulo VII
Corpos Máficos-Ultramáficos
Angela Beatriz de Menezes Leal (IGEO/UFBA), Johildo Salomão Figueiredo Barbosa (IGEO/UFBA)
& Luiz César Corrêa-Gomes (IGEO/UFBA)

1 Introdução...443
2 Corpos Máfico-Ultramáficos do Bloco Gavião (Parte Norte)...444
PALEOPROTEROZOICO
2.1 Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Alegre de Lourdes...444
2.2. Complexo Máfico-Ultramáfico do Peixe...449
2.3. Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso...450
3 Corpos Máfico-Ultramáficos do Bloco Gavião (Parte Sul)...454
NEOARQUEANO
3.1. Sill do Rio Jacaré...454
4 Corpos Máfico-Ultramáficos do Bloco Serrinha...457
MESOARQUEANO
4.1. Complexo Máfico-Ultramáfico de Pedras Pretas (Peridotito Cromitífero de Santa Luz)...457
5 Corpos Máfico-Ultramáficos do Bloco Uauá...459
MESOARQUEANO
5.1. Complexo Anortosítico-Leucogabroico de Lagoa da Vaca...459
6 Corpos Máfico-Ultramáficos do Bloco Jequié...462
PALEOPROTEROZOICO
6.1. Maciço do Rio Piau...462
6.2. Maciço de Samaritana/Carapussê...465
7 Corpos Máfico-Ultramáficos do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (Parte Norte)...468
MESOARQUEANO
7.1. Rochas Máfica-Ultramáficas do Vale do Curaçá...468
7.2. Suíte São José do Jacuípe...475
7.3. Rochas Máfica-Ultramáficas do Vale do Jacurici...475
8 Corpos Máfico-Ultramáficos do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (Parte Sul)...478
PALEOPROTEROZOICO
8.1 Maciço de Mirabela...478
8.2. Maciço de Palestina...481
9 Síntese...481

20 • G eolog i a da B a hi a

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Referências...483

•••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••

VOLUME 2 - ROCHAS DE COBERTURA

Capítulo VIII
Supergrupos Espinhaço e São Francisco
José Torres Guimarães (CPRM-SUREG/SA), Fernando Flecha Alkmim (UFOP)
& Simone Cerqueira Pereira Cruz (UFBA)

1 Introdução...33
2 Evolução do Conhecimento dos Supergrupos Espinhaço e São Francisco...37
3 Supergrupo Espinhaço na Região da Chapada Diamantina...41
MESOPROTEROZOICO
3.1 Formação Serra da Gameleira...42
3.2 Grupo Rio dos Remédios...45
3.3 Grupo Paraguaçu...48
3.4 Grupo Chapada Diamantina...50
3.5 Formação Morro do Chapéu...54
4 Supergrupo Espinhaço na Região do Espinhaço Setentrional...55
4.1 Formação Algodão...56
4.2 Grupo Oliveira dos Brejinhos...57
4.3 Grupo São Marcos...61
4.4 Grupo Santo Onofre...63
5 Supergrupo Espinhaço na Região Ocidental da Bahia...67
NEOPROTEROZOICO
6 Supergrupo São Francisco...68
6.1 O Supergrupo São Francisco na Chapada Diamantina...68
6.1.1 Formação Bebedouro...68
6.1.2 Formação Salitre...72
7 Supergrupo São Francisco na Região Ocidental da Bahia...74
7.1 Formação Jequitaí (Grupo Macaúbas)...74
7.2 Grupo Bambuí...74
8 Estilos Deformacionais do Supergrupo São Francisco...76
8.1 Corredor de Deformação do Paramirim...79
8.1.1 O Cinturão de Falhamentos e Dobramentos da Chapada Diamantina...79
8.1.2 Cinturão de Falhamentos e Dobramentos do Espinhaço Setentrional...81
8.2 deformação das Coberturas da Região Ocidental...82
9 Síntese e Evolução Tectônica...83

G eo lo g i a d a Ba h ia • 21

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Capítulo IX
Faixa de Dobramentos Rio Preto e Riacho do Pontal
Alexandre Uhlein (UFMG), Fabrício A. Caxito (UFMG), Marcos Egydio-Silva (USP) &Johildo S. F. Barbosa (UFBA)

1 Introdução...87
2 Faixa Rio Preto...89
2.1 Evolução dos Conhecimentos...89
2.2 Estratigrafia...91
ARQUEANO-PALEOPROTEROZOICO
2.2.1 Embasamento...91
MESOPROTEROZOICO-NEOPROTEROZOICO
2.2.2 Grupo Rio Preto. Formação Formosa...93
NEOPROTEROZOICO
2.2.3 Grupo Santo Onofre...94
2.2.4 Formação Canabravinha...94
2.2.5 Grupo Bambui...95
CRETÁCEO
2.2.6 Grupo Urucuia...96
CENOZOICO
2.2.7 Coberturas Paleógenas-Neógenas...96
2.3 Sedimentologia e Modelo Deposicional...96
2.4 Geologia Estrutural e Tectônica...103
2.5 Metamorfismo e Geocronologia...110
3 Faixa Riacho do Pontal...112
3.1 Evolução dos Conhecimentos...112
3.2 Estratigrafia...113
ARQUEANO-PALEOPROTEROZOICO
3.2.1 Embasamento...114
MESOPROTEROZOICO
3.2.2 Rochas Metassedimentares da Chapada Diamantina...114
NEOPROTEROZOICO
3.2.3 Suíte Afeição...114
3.2.4 Grupo Casa Nova...114
3.2.5 Complexo Brejo Seco...117
3.2.6 Rochas Plutônicas...117
PALEOZOICO-MESOZOICO
3.2.7 Coberturas Fanerozoicas...120
3.3 Sedimentologia e Modelo Deposicional...120
3.4 Geologia Estrutural e Tectônica...120

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3.5 Metamorfismo...124
3.6 Geocronologia...125
3.7 Reflexo Tectônico da Faixa Riacho do Pontal no Antepaís...126
4 Síntese...129

Capítulo X
Orógeno Araçuaí
Simone Cerqueira Pereira Cruz (UFBA), Fernando Flecha Alkmim (UFOP), Augusto José Pedreira da Silva
(CBPM), Leo Rodrigues Teixeira (CPRM), Antônio Carlos Pedrosa Soares (UFMG), Luiz César Corrêa Gomes
(UFBA), Jailma Santos de Souza (UFBA) & Ângela Beatriz de Menezes Leal (UFBA)

1 Introdução...131
1.1 Orógeno Araçuaí...131
1.2 Evolução do Conhecimento sobre o Orógeno Araçuaí na Bahia...132
2 Faixa Araçuaí...139
2.1 Estratigrafia...139
ARQUEANO-PALEOPROTEROZOICO-MESOPROTEROZOICO
2.1.1 Embasamento...139
NEOPROTEROZOICO
2.1.2 Suíte Salto da Divisa...140
2.1.3 Grupo Macaúbas...142
2.1.4 Grupo Rio Pardo...143
2.1.5 Grupo Una...145
2.1.6 Complexo Gabro-Anortosítico Rio Pardo...145
2.1.7 Província Alcalina do Sul da Bahia...149
2.2 Arcabouço Estrutural e Metamorfismo...152
2.2.1. Zona de Interferência Orógeno Araçuaí e Aulacógeno do Paramirim...152
2.2.2 Saliência do Rio Pardo...160
2.2.3 Zonas de cisalhamento Itabuna-Itaju do Colônia e Itapebi-Potiraguá...161
2.2.4 Bacia do Rio Pardo...164
3 Núcleo Orogênico de Alto Grau...165
3.1. Estratigrafia...167
3.1.1 Complexo Jequitinhonha...167
3.1.2 Supersuítes Plutônicas...168
3.2 Arcabouço Estrutural e Metamorfismo...172
3.2.1 Principais Traços Estruturais...172
3.2.2 Metamorfismo...172
4 Síntese e Evolução Tectônica...172
4.1 Bacia Precursora Macaúbas...173
4.2 Fechamento Inicial da Bacia Macaúbas...173

G eo lo g i a d a Ba h ia • 23

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4.3 Colisão e Soerguimento do Orógeno Araçuaí...175
4.4 Colapso Pós-Colisional...177
  

Capítulo XI
Faixa Sergipana
Elson Paiva de Oliveira (Unicamp)

1 Introdução...179
2 Faixa Sergipana no Estado da Bahia...184
2.1. Domínios Tectônicos...184
ARQUEANO-PALEOPROTEROZOICO
2.1.1 Embasamento Arqueano-Proterozoico...184
NEOPROTEROZOICO
2.1.2 Domínio Estância...184
2.1.3 Domínio Vaza Barris...189
2.1.4 Domínio Macururé...191
2.1.5 Domínio Marancó...191
2.1.6 Domínios Poço Redondo e Canindé...195
2.2. Síntese e Modelo Tectônico Regional...196

Capítulo XII
Diques Máficos
Angela Beatriz de Menezes Leal (UFBA), Luiz César Corrêa-Gomes (UFBA) & José Torres Guimarães (CPRM)

1 Introdução...199
ARQUEANO-PALEOPROTEROZOICO
2 Províncias de Diques Máficos...200
2.1 Província Uauá-Caratacá...200
2.1.1. Aspectos de Campo e Estruturais...200
2.1.2. Dados Petrográficos...204
2.1.3. Dados Litogeoquímicos...204
2.1.4 Dados Geocronológicos e Tectônicos...205
2.2 Província Salvador...206
2.2.1 Aspectos de Campo e Estruturais...206
2.2.2 Dados Petrográficos...207
2.2.3 Dados Litogeoquímicos...207
2.2.4 Dados Geocronológicos e Tectônicos...208
3 Ocorrência de Diques Máficos...208

24 • G eolog i a da B a hi a

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3.1 Feira de Santana-Lamarão...208
3.2 São José de Jacuípe-Aroeira...209
3.3 Juazeiro-Sobradinho...210
MESOPROTEROZOICO-NEOPROTEROZOICO
4 Províncias de Diques Máficos...211
4.1 Província Chapada-Diamantina-Paramirim...211
4.1.1 Aspectos de Campo e Estruturais...211
4.1.2 Dados Petrográficos...214
4.1.3 Dados Litogeoquímicos...215
4.1.4 Dados Geocronológicos e Tectônicos...215
4.2 Província Litorânea...216
4.2.1 Aspectos de Campo e Estruturais...216
4.2.2 Dados Petrográficos...217
4.2.3 Dados Litogeoquímicos...219
4.2.4 Dados Geocronológicos e Tectônicos...220
4.3 Província Caraíba-Curaçá...223
4.3.1 Aspectos de Campo e Estruturais...223
4.3.2 Dados Petrográficos...224
4.3.3 Dados Litogeoquímicos...224
4.3.4 Dados Geocronológicos e Tectônicos...224
4.4 Província Itabuna-Itaju do Colônia...225
4.4.1 Aspectos de Campo e Estruturais...225
4.4.2 Dados Petrográficos...229
4.4.3 Dados Litogeoquímicos...229
4.4.4 Dados Geocronológicos e Tectônicos...229
5 Ocorrência de Diques Máficos...230
5.1 Coronel João Sá ...230
6 Síntese...231

Capítulo XIII
Bacias Paleozoicas e Mesozoicas
Antonio Sérgio Teixeira Netto (Consultor)

1 Introdução...233
PALEOZOICO
2 Borda sul da Bacia do Parnaíba...234
3 Ocorrências Paleozoicas no nordeste e seus registros em subsuperfície por sob o rift-valley
Mesozoico...235
MESOZOICO
4 Bacia Sedimentar Jurássica da Depressão Afro-Brasileira...238

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4.1 Rift-valley Cretáceo-Configuração Estrutural...238
4.2 Preenchimento do rift-valley...241
4.3 Mesozoico Marinho na Plataforma Continental da Bahia...245
4.4 Bacia Sedimentar Cretácea do Urucuia...249
5 Síntese...254

Capítulo XIV
Tectônica das Bacias Paleozoicas e Mesozoicas
Luiz César Corrêa-Gomes (UFBA) & Nivaldo Destro (PETROBRAS)

1 Introdução...255
PALEOZOICO-MESOZOICO
2 Bacias Paleozoica-Mesozoicas...259
2.1 Depósitos sedimentares da região de Paulo Afonso e Santa Brígida...259
2.2 Bacia do Parnaíba...259
2.3 Bacia do Urucuia...260
MESOZOICO
3 Bacias Mesozoicas...263
3.1 Bacias Tipo Rift...264
3.1.1 Modelos de formação de Bacias Tipo Rift...265
3.2 Bacias Tipo Rift. Quebra de supercontinentes e anomalias termais...266
4 Evolução Tectônica da Borda Atlântica da Bahia...269
5 Herança Estrutural do Embasamento nas BaciasTipo Rift...272
6 Relevo Associado as Bacias Tipo Rift...282
7 Modos de Falhamento e Bacias Tipo Rift...285
8 Visão Geral do Sistema de Bacias do Recôncavo-Tucano-Jatobá (SBRTJ)...288
8.1 Planos de Falhas.Visão Geral...292
8.1.1 Planos de falha com cinemática deduzida...292
8.2 Orientações dos Campos de Tensão...295
8.2.1 Orientações dos campos de tensão por subáreas...298
9 Sistemas de Falhas, Estágios Evolutivos e Orientações de Campos de Tensão em Bacias do Tipo Rift ...302
9.1 Grande Rift Este Africano...302
9.2 Evolução Tectônica Polifásica do Rift Recôncavo-Tucano-Jatobá...303
9.3. Falhas Transversais em Bacias tipo Rift. Falhas de Transferência e de Alívio...304
9.4 Magnitudes Relativas dos Tensores Principais e os Sistemas de Falha em Bacias Tipo Rift...306
9.5 Falhas Translacionais versus Rotacionais...308
10 Sistemas de Falhas no Terreno. O Complexo Quadro de Campos de Tensão do SBRTJ...309
10.1 Falhas Longitudinais...310
10.2 Falhas Transversais...311
11. Considerações Finais...313

26 • G e olog i a da B a hi a

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11.1 Início do Afinamento Litosférico...313
11.2 Modelos de Formação de Bacias Tipo Rift...314
11.3 Extensões nas Bacias Tipo Rift...319
11.4 Herança Estrutural do Embasamento...322
11.5 Relevo das Bacias...322
11.6 Modelo Complementar para a Formação e Evolução das Bacias Intracontinentais do Tipo Rift do NE do
Brasil...324
12 Síntese...324

Capítulo XV
Geologia das Bacias Sedimentares da Margem Continental
do Estado da Bahia
Webster Mohriak (PETROBRAS)

1 Introdução...327
1.2 Base de Dados...328
2 Evolução Tectônica da Região Leste Brasileira...329
2.1 Evolução Estrutural e Estratigráfica das Bacias da Margem Continental...331
2.1.1 Megassequência Pré-Rift...332
2.1.2 Megassequência Sin-rift...335
2.1.3 Megassequência Transicional...336
2.1.4 Megassequência Pós-Rift...336
2.2 Modelos Evolutivos Conceituais...338
2.3 Principais Feições Morfoestruturais da Região Oceânica...339
2.3.1 Interpretação Geológica e Geofísica de Feições Crustais...345
3 Características Estruturais das Bacias...350
3.1 Margem Nordeste (Segmento Transversal)...350
3.1.1 Bacia de Jacuípe...350
3.2 Margem Leste (Segmento Divergente)...351
3.2.1 Bacia de Camamu...351
3.2.2 Bacia do Almada...352
3.2.3 Bacia do Jequitinhonha...353
3.2.4 Bacia de Cumuruxatiba...354
3.2.5 Bacia de Mucuri...356
3.3 Vulcanismo pós-rift...359
4 Geologia de Petróleo...361
5 Síntese...363

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Capítulo XVI
Tabuleiros Costeiros. Paleoambientes da Formação Barreiras
Dilce de Fátima Rossetti (INPE) & José Maria Landim Dominguez (UFBA)

1 Introdução...365
2 Distribuição Geográfica e Contexto Geológico...366
3 Estudos Prévios sobre a Formação Barreiras...368
4 Caracterização de Associações Faciólogicas...369
4.1 Associação de Fácies CF...371
4.2 Associação de Fácies PI...371
4.3 Associação de Fácies BD...371
4.4 Associação de Fácies PD...373
4.5 Associação de Fácies CD...373
4.6 Associação de Fácies BE/DM...376
4.7 Associação de Fácies P...376
4.8 Associação de Fácies AP...376
4.9 Associação de Fácies CM...377
4.10 Associação de Fácies PM...384
5 Paleoambientes de Deposição...384
6 Distribuição Espacial...388
7 Considerações sobre a Tectônica...389
8 Síntese...391

Capítulo XVII
Zona Costeira do Estado da Bahia
José Maria Landim Dominguez (UFBA) & Abilio Carlos da Silva Pinto Bittencourt (UFBA)

1 Introdução...395
2 Origem da Zona Costeira...395
2.1 Principais Controles...396
2.1.1 Geologia Pré-Quaternária...396
2.1.2 Cráton do São Francisco...396
2.1.3 Faixa de Dobramentos Araçuaí...396
2.1.4 Bacias Sedimentares Mesozoicas...396
2.1.5 Tabuleiros Costeiros...397
2.2 Suprimento de Sedimentos...397
2.3 Variações do Nível do Mar...397
2.3.1 Clima e Fatores Oceanográficos...399
3 Compartimentação da Zona Costeira Baiana...399
3.1 Costa do Litoral Norte...399

28 • G eolog i a da B a hi a

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3.2 Costa dos Rifts Mesozoicos...402
3.3 Costa Deltaica do Jequitinhonha-Pardo...402
3.4 Costa Faminta do Sul da Bahia...402
4 Depósitos Quaternários...406
4.1 Depósitos de Leques Aluviais Pleistocênicos...406
4.2 Depósitos de Areias Litorâneas Regressivas Pleistocênicas...406
4.3 Depósitos de Areias Litorâneas Regressivas Holocênicas...408
4.4 Depósitos Argilo-Orgânicos de Planícies de Maré...408
4.5 Depósitos Argilo-Orgânicos de “Terras Úmidas”...410
4.6 Depósitos Areno-Argilosos Fluviais ...411
4.7 Depósitos Eólicos Pleistocênicos...411
4.8 Depósitos Eólicos Holocênicos...413
4.9 Recifes de Corais...414
4.10 Rochas de Praia...417
4.11 Outras Unidades Quaternárias...418
5 Evolução Paleogeográfica...418
5.1 Estágio 1 - Trangressão Miocênica – Deposição da Formação Barreiras...418
5.2 Estágio 2 - Regressão Neógena...419
5.3 Estágio 3 - Nível de Mar Alto do MIS9 ou MIS11...419
5.4 Estágio 4 - Nível de Mar Alto do MIS5e...419
5.5 Estágio 5 - Último Máximo Glacial ...420
5.6 Estagio 6 - Transgressão Holocênica ...422
5.7 Estágio 7 - Nível de Mar Alto do MIS1...423
6 Recursos Minerais...424
7 Síntese...425

Capítulo XVIII
Plataforma Continental
José Maria Landim Dominguez (UFBA), Alina Sá Nunes (UFBA-UNIME), Renata Cardia Rebouças (UFBA),
Rian Pereira da Silva (UFBA), Antonio Fernando Menezes Freire (CENPES-PETROBRAS) & Carolina de Almeida
Poggio (UFBA)

1 Introdução...427
2 Arcabouço Geológico...428
3 Aspectos Oceanográficos...430
3.1 Ondas...430
3.2 Correntes de Maré...430
3.3 Correntes Geradas pelo Vento...430
3.4 Correntes Geostróficas...432
4 Suprimento de Sedimentos...432
5 Batimetria...438

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5.1 Compartimento Norte...438
5.2 Compartimento Central...439
5.3 Compartimento Sul...444
6 Sedimentos Superficiais. Textura e Composição...444
6.1 Compartimento Norte...451
6.2 Compartimento Central...459
6.3 Compartimento Sul...464
7 Baías de Todos os Santos e Camamu...465
7.1 Baía de Todos os Santos...465
7.2 Baía de Camamu...465
8 Evolução Quaternária...476
8.1 Regressão Pleistocênica e o Último Máximo Glacial...476
8.2 Subida do Nível Eustático após o Último Máximo Glacial...485
8.3 Nível de Mar Alto Atual...487
9 Recursos Minerais...492
10 Síntese e Conclusões...496

Capítulo XIX
Neotectônica
Luiz C. Corrêa-Gomes (UFBA), Jose Martin Ucha (CG-DCA-IFBA) & Idney Cavalcanti da Silva (UFBA)

1 Introdução...497
1.1 Padrões de Orientação de Planos de Falhas e dos Campos de Tensão...499
2 Fatores de Influência na Orientação Local de Campos de Tensão...503
3 Mecanismos de Geração dos Campos de Tensão...507
4 Idades dos Campos de Tensão da Formação Barreiras...510
5 Motores de Geração dos Campos de Tensão...510
6 Implicações Regionais...514
7 Síntese...514

Capítulo XX
Evolução Tectônica e Metalogenética
Johildo S. F. Barbosa (UFBA), Juracy de F. Mascarenhas (CBPM), José Maria Landim Dominguez (UFBA)
& Antônio Sergio Teixeira Netto (Consultor)

1 Introdução...517
2 Arqueano...519
2.1 Bloco Gavião (Parte Norte)...519
2.2 Bloco Gavião (Partes Oeste, Central e Sul)...520

30 • G eolog i a da B a hi a

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2.3 Bloco Serrinha...525
2.4 Bloco Uauá...525
2.5 Bloco Jequié...526
2.6 Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (Parte Norte)...527
2.7 Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (Parte Sul)...528
2.8 Cinturão Salvador-Esplanada...529
3 Paleoproterozoico...529
3.1 Bloco Gavião (Parte Norte)...529
3.2 Bloco Gavião (Partes Oeste, Central e Sul)...530
3.3 Bloco Serrinha...533
3.4 Bloco Uauá...534
3.5 Bloco Jequié...534
3.6 Orogeno Itabuna-Salvador-Curaçá (Parte Norte)...00
3.6.1 Situação Pré-Colisão...535
3.6.2 Situação Sin-Colisão...535
3.6.3 Situação Pós-Colisão (Atual)...537
3.7 Orogeno Itabuna-Salvador-Curaçá (Parte Sul)...539
3.7.1 Situação Pré-Colisão...539
3.7.2 Situação Sin-Colisão...540
3.7.3 Situação Pós-Colisão (Atual)...542
3.8 Suite Lagoa Real e Vulcânicas Rio dos Remédios...543
4 Mesoproterozoico...544
4.1 Supergrupo Espinhaço...544
4.2 Diques Máficos e Kimberlitos...544
5. Neoproterozoico...546
5.1 Supergrupo São Francisco...546
5.2 Faixa de Dobramentos Araçuaí...548
5.3 Inversão do Aulacógeno Paramirim...550
5.4 Faixa de Dobramentos Rio Preto e Riacho do Pontal...552
5.5 Faixa de Dobramentos Sergipana...555
6 Paleozoico...557
7 Mesozoico...557
7.1 Depressão Afro-Brasileira...558
7.2 Rift -Valley do Leste Baiano...558
7.3 Entrada do Oceano Atlântico...560
8 Cenozoico...560
8.1 Neógeno...560
8.2 Quaternário...562
9 Síntese e Conclusões...562

Referências...567

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Histórico da
Capítulo I Geologia da Bahia
Benjamim Bley de Brito Neves (IG-USP)
Augusto J. Pedreira da Silva (CPRM)
Juracy de F. Mascarenhas (CBPM)

1 Introdução
O resgate da história da evolução do conhecimento geológico de uma determinada região é, a um só tempo, uma
tarefa difícil e delicada, na mesma proporção que é uma tarefa necessária. Geralmente, este resgate está dentro
de um contexto maior da ciência e da tecnologia, e, de certa forma, do contexto político vigente, dos quais não
pode nem deve ser separado. Mas, esta é uma tarefa essencial e em processo em qualquer civilização que queira
ser julgada como tal.

Em primeiro lugar, há uma grande heterogeneidade de fontes e registros das informações e nas ênfases escolhi-
das e dadas pelos eventuais historiadores, houve sempre certa falta de cuidado na preservação dos registros, e
muitas vezes não se deu a devida importância como matéria-prima da própria ciência. No caso do Brasil, costu-
ma-se dizer que “este é um país sem memória...”, mas isto não é um fato total, felizmente. Consoante Motoyama
(2004), no seu prelúdio para uma história, “existe uma história belíssima e fascinante que ainda não foi escrita
– pelo menos em sua plenitude. Trata-se da história da técnica , da ciência e da tecnologia no Brasil”. Qualquer
autor, ou grupo de autores, estará fadado tanto a dar pesos distintos para os acontecimentos, como também,
lamentavelmente, estará sujeito a omissões.

No caso das ciências geológicas em particular, onde se tem um cotejo de fatos complexos e multifários , houve
uma série de fatos marcantes, de repercussão rica ao nível continental que aparecem na maioria das restituições
históricas. Mas há alguns acontecimentos locais (caso da Bahia, como exemplo) de grande importância para a
história dos conhecimentos e para o desenvolvimento econômico que carecem ser pinçados e exaltados com o
devido peso. No compromisso de traçar uma história de desenvolvimento científico e tecnológico serão muitos os
percalços, alguns dos quais inevitáveis.

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Nesta tarefa de lavrar os registros, com base no mais das nas chamadas “periodizações” (a serem comenta-
amplo rol de referências bibliográficas possível, os das) da evolução do conhecimento da ciência e tecno-
autores devem estar cientes que serão muitos os per- logia no Brasil. Embora não haja identidade absoluta
calços, e algumas lacunas imperdoáveis fatalmente entre os autores que se preocuparam com esta perio-
ocorrerão. Por maior que seja o esforço e a tentativa dização, não são esquemas incoerentes, pois permitem
de sistematização do conhecimento, alguns fatos de conciliação, compreensão e interação (Quadro I.1),
importância podem escapar, porque a devida relevân- como será tentativamente feito na seção subsequente.
cia não foi apontada adequadamente – no seu tempo-
e agora, no momento da apreciação histórica. Como Na observação do quadro I.1 e na leitura dos diversos
resultado deste apanhado, certamente virão alguns proponentes (recomendada), verificam-se muitas se-
elogios e muitas críticas, que devem ser consideradas melhanças na eleição dos períodos e poucas discre-
como a parte melhor, e essencial para o aprimora- pâncias. Isto é válido e percebido rapidamente para
mento de futuros historiadores. Na verdade, se não um leitor identificado com a geologia do Brasil, e é
houver estas tentativas de síntese, estas críticas e estes também plenamente inteligível para um leitor mais
reparos, muitos fatos históricos e importantes podem distanciado do problema. As diferenças são mínimas,
vir a cair no limbo do esquecimento. Os autores estão questão de interpretação e peso dado a determinados
cientes destes fatos todos e esperançosos da compre- fatos. É preciso ficar claro que estes limites entre pe-
ensão e do perdão magnânimo de seus leitores. ríodos não são cercas inflexíveis, e uma diferença de
uma dezena de anos (de uma subdivisão para outra) é
Vários autores do contexto das geociências já se pre- algo absolutamente compreensível, não pode ser co-
ocuparam com a história destes ramos de conheci- tado como diferença de monta.
mento, e traçaram interessantes painéis, principal-
mente a partir da metade do século passado. Este Mas, para o caso específico da Bahia, há alguns fatos
processo pode ser dito como inaugurado pela célebre históricos próprios (e intransferíveis) a serem conside-
obra de Oliveira e Leonardos (1943), que traçou um rados, como a descoberta do petróleo no Recôncavo
amplo registro em seu capítulo inicial, com 33 pági- da Baía de Todos os Santos, a criação e atuação do Ce-
nas, fonte inescapável e fundamental de todos que nap-Petrobrás, da Seção de Geologia da Ceplac
os seguiram. Na esteira desta obra, vieram outras (1967), a criação da Secretaria de Minas e Energia e
que merecem destaque como Leinz (1955), Almei- da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM
da (1964), Leonardos (1973), Mendes & Petri (1971), (1972), a atuação da Companhia de Engenharia Rural
Ghignone (1979), Leinz & Amaral (1985) e em diversas da Bahia - Cerb (desde 1971, com cerca 12.800 poços
outras edições do livro de coautoria, Mendes & Ama- concluídos), a atuação privilegiada da Sudene (anos
ral (1981), Berbert (1990), Figueirôa (1992), Machado 60) e da Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais
& Figueirôa (1999), Tosatto (2001), Schobbenhaus & - CPRM no Estado (sempre, e especialmente nas últi-
Mantesso Neto (2004) etc. que são muitos, mas não mas décadas), a primeira identificação de “greenstone
são apenas esses, dos quais muito será auferido e será belts” no continente (1973, J. Mascarenhas), o fato de
registrado ao curso da elaboração deste texto/síntese ter sido sede de vários congressos brasileiros da So-
sobre o caso específico da Bahia.. ciedade Brasileira de Geologia - SBG, a realização do
Simpósio Internacional sobre o Arqueano e Protero-
Para se chegar ao atual estágio de conhecimentos geo- zóico - ISAP (1982) e outros simpósios internacionais
lógicos, a Bahia foi contemplada por várias fases abso- de ponta, de pelo menos dois simpósios nacionais
lutamente distintas, dos tempos coloniais aos dias de (com ramo internacional) de Estudos Tectônicos. Além
hoje; todas elas podem, sem problemas, ser enquadra- disto, a Bahia dispõe de alguns referenciais notáveis

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QUADRO I.1 - Cotejo das principais propostas de periodização da evolução do conhecimento geológico do Brasil

SGMB - Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil IGC - International Geological Congress


CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear EMOP - Escola de Minas de Ouro Preto
MME - Ministério de Minas e Energia CPRM - Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais
DNPM - Departamento Nacional da Produção Mineral Serviço Geológico do Brasil

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da evolução do seu conhecimento geológico, como chegada de vários trabalhos anteriores, do autor dele
nenhum outro estado brasileiro, como é o caso das com coautores diversos, dando um destaque especial
edições sucessivas dos mapas geológicos, começan- para os grandes eventos políticos e econômicos da
do com o de 1978 (Coordenação da Produção Mine- nação, que foram pari passu acompanhados com o
ral - CPM-CBPM, Inda & Barbosa 1978) considerado desenvolvimento científico e tecnológico. Este autor
um marco em vários sentidos e um exemplo singular distinguiu então:
para os demais Estados, 1994 (em colaboração com
a Universidade Federal da Bahia - UFBA, organizado (i) o Período Colonial (1550-1808), o Período da Ciên-
por Barbosa & Dominguez) e 2003 (da CPRM, sob a cia e Técnica na Trilha da Liberdade (do Império até a
coordenação de Dalton de Souza et al). Some-se a isto República, 1808-1889),
o fato relevante de ser o estado brasileiro com maior
porcentagem de área mapeada em escala de semi- (ii) o Período de Ciência e Tecnologia nos Processos
detalhe (1:100.000 e superiores). Por isto e por mais de Urbanização e Industrialização (de 1889 até 1930,
algumas coisas, como o fato de ter a CBPM como a época da Revolução),
mais bem sucedida das empresas estaduais de mi-
neração do país, a história da geologia do Estado da (iii) o Período Desenvolvimentista (de 1930 a 1964, en-
Bahia pode ser enquadrada e entrar nas propostas de tre a Revolução de 30 e o golpe militar de 1964),
sistematizações/periodizações da história das ciên-
cias, mas com certa luz própria e cintilante. Após con- (iv) o Período sob o signo do Desenvolvimentismo
siderarmos estas sistematizações, no próprio texto, (1964 a 1985) e
sempre que possível é necessário estes marcos e es-
pecificações inefáveis da história da geologia da Bahia (v) o Período Nova República - 1985 até 2000
estarão sendo pinçados e destacados devidamente.
Em conjunto, e após este olhar mais amplo e neces-
sário sobre o desenvolvimento científico e tecnológico
como um todo, merecem destaques aqueles autores
2 Periodização que visaram a sistematização enfocando mais as ci-
ências geológicas, de Berbert (1990), Figueirôa (1992,
A divisão da história do conhecimento em fases (com sua tese de doutoramento voltada mais para os perío-
frequência referida como periodização) tem várias dos pós-coloniais, de 1808 a 1907) e o mais recente, de
conveniências práticas, mas não é uma tarefa fácil, Schobbenhaus & Mantesso-Neto (2004), que estudan-
onde se permaneça absolutamente imparcial. A pe- do a evolução dos mapas geológicos murais do Brasil,
riodização será sempre o resultado de uma opção e que praticamente endossaram aqueles períodos já
feita pelo historiador. De forma que é bom ler e ave- discriminados por Berbert (1990). (Quadro I.1)
riguar detalhadamente vários autores proponentes,
cotejar seus esquemas, antes de traçar uma linha que Como a ciência é una, e como a subdivisão de Mo-
seja considerada a melhor para a narração dos fatos toyama (2004) é reconhecidamente de boa qualidade,
na região/estado/país considerado e para o caso da Bahia, de aproveitamento muito feliz,
e se esta sistematização for associada com aquela de
Vários autores, em diferentes oportunidades, tenta- Figueirôa (1992) - que detalhou especificamente , em
ram sistematizar a história da ciência e da tecnologia sua tese, o período de passagem do século XIX para o
em nosso país. Para o contexto mais amplo, existe o século XX (tendo as ciências geológicas como fanal)-,
clássico livro de Motoyama (2004) que é um ponto de as duas constituem um conjunto de qualidade e res-

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peito, dignas de serem seguidas. Isto não desmerece com a edição do Mapa Integrado de Geologia e Modelo
o trabalho de Berbert (1990, focado na evolução dos Digital do Terreno SRTM do Estado da Bahia (CPRM,
sistemas de informações) e de Schobbenhaus & Man- Dalton de Souza et al. 2003). Deve ser aliado a este fato
tesso-Neto (2004, com enfoque no desenvolvimento de inconteste importância, em termos de impulso para
dos mapas geológicos murais). todo o Brasil, a atuação do atual governo federal – di-
reta ou indiretamente – que fortificou enormemente
Um adendo apenas e algumas chamadas serão feitas os setores da geologia e da mineração.
pelos presentes autores. O ano de 1964 foi considera-
do um divisor (topo do período “Desenvolvimentista”
e base do “Sob o Signo do Desenvolvimentismo”) por 2.1 Período Colonial (1500-1808)
Motoyama (2004) e isto tem procedência (analisando-
-se as ciências em geral). No caso da Geologia, e espe- É opinião corrente (ainda que controversa) que não se
cificamente no caso da Bahia, os anos 60 – por várias pode falar em Ciência e Tecnologia no Brasil, no pe-
razões – a serem especificadas, devem ser colocados ríodo colonial. Pelo menos e principalmente não nos
em separado . Na verdade, esta década como um todo três primeiros séculos. Mesmo porque, a ciência em
(não se pode especificar um ano, pois foi uma frequên- sua forma mais acabada, não existia ainda em Portu-
cia inusitada de fatos) é um marco especial a ser des- gal no tempo do descobrimento.
tacado, separando ou subdividIndo a história do sécu-
lo XX de nossas ciências geológicas, como será visto. A procura de ouro, pedras preciosas e de nativos para
escravizar foi o grande motivador da penetração no
De sorte que a importância da década de 60 para a interior do Brasil. A curiosidade natural sobre o solo
geologia da Bahia (e do Brasil) merece um destaque, e subsolo do novo mundo encontrado – e a explorar –
como um marco, entre épocas distintas [o que não fertilizou a imaginação dos descobridores e de outros
aparece consignado nas propostas de Berbert (1990), aventureiros, conforme já se pode entender da carta de
nem de Schobbenhaus & Mantesso Neto (2004), sem Pero Vaz de Caminha ao rei Dom Manoel I (Fig.I.1):
demérito para os mesmos].
“Porém um deles pôs olho no colar (de ouro) do
Para as últimas décadas (o “pós-anos 60”), há peque- Capitão e começou a acenar com a mão para
nas e contornáveis controvérsias nas propostas dos a terra e depois para o colar. Como que nos di-
autores. Motoyama (2004) enfatiza o início da Nova zia que havia em terra ouro. E também viu um
República como marco (ano 1985). Berbert (1990) fo- castiçal de prata, e assim mesmo acenava para
caliza e realça o ano de 2.000 pelo 31º. Congresso In- a terra e então para o castiçal, como que havia
ternacional de Geologia ter sido sediado no Brasil. No também prata...” trecho da carta de Pero Vaz
caso da Bahia, nenhum dos dois fatos pode ser rele- que é considerada a primeira referência às ri-
gado, mas também não agregou tal ordem de impor- quezas minerais do território da Bahia.
tância. Ao nosso ver, o desenvolvimento após o “boom“
dos anos 60 não pode ser dividido em etapas ainda. Outro trecho desta mesma carta é considerado como
É preciso dar tempo ao tempo, para uma análise me- instaurador dos estudos geomorfológicos e estrati-
lhor e uma subdivisão mais adequada. Para a Bahia, gráficos da Bahia, quando o escrivão da frota trata
há um candidato a marco natural para se contar o preliminarmente do (atual) Grupo Barreiras, dizendo
tempo, para se estabelecer um novo ponto de partida “... traz ao longo do mar, em algumas partes grandes
para um futuro período. Sem dúvida, é o ano de 2003, barreiras, delas vermelhas e delas brancas, e a terra

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Figura I.1 - Primeira página da carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei d. Manuel I de Portugal,
escrita na então ilha da Vera Cruz, em 1º. de maio de 1500. Fonte: (Villela 2000).

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por cima toda chã...”, consoante a notável resenha (ii) 1567 – Martim de Carvalho: saiu de Porto Segu-
histórica dos sedimentos fanerozoicos da Bahia da la- ro, numa expedição que levava cerca de 50 homens
vra de Ghignone (1979). e chegou até à serra de Itacambira, onde encontrou
areias auríferas (Fig.1.2).
Na verdade, houve várias incursões não sistemáticas
ao interior, e muitos documentos desta história se (iii) Francisco Dias de Ávila: no século XVII (data incer-
perderam no grande incêncio da biblioteca do DNPM, ta) este sertanista encontrou ouro e salitre na Serra
do Rio de Janeiro, em 1973. Há alguns arquivos exce- de Jacobina.
lentes no Instituto Geológico de São Paulo, no Museu
Nacional e na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. É (iv) Pedro Barbosa Leal: em 1696 ou 1697 partiu de Sal-
justo acrescentar que parte desta documentação fora vador levando um “mineiro” prático, Manuel Vieira da
destruída ou propositadamente ocultada pelos nos- Silva. Explorou a Serra de Jacobina e os montes de Pi-
sos colonizadores, em face da cobiça que despertava caraçá (Monte Santo), encontrando minas de salitre e
em rivais como a Espanha e a França. ametista (Fig.I.2). é considerado o precursor das minas
de ouro em Jacobina.
No caso específico da Bahia, o conhecimento geológi-
co começou, como em todo o país, a partir da busca (v) A pesquisa de ouro na região da Chapada Dia-
de ouro, pedras preciosas e índigenas para escravizar. mantina e seus contrafortes começou no século XVIII,
Dessa forma, foram descobertos ouro na Serra de Ja- tendo as primeiras notícias aparecido em 1701. Quase
cobina, na região de Rio de Contas, diamantes na Cha- na mesma época da descoberta de ouro em Jacobina,
pada Diamantina (muito antes da descoberta “oficial”). descobriu-se este metal no sul da Chapada Diaman-
A partir do início do século XIX, o estado foi penetrado tina, no vale do Tromba. Tal feito deveu-se ao ban-
por muitos viajantes que, ao lado dos conhecimentos deirante paulista Sebastião Raposo, acompanhado do
botânicos e zoológicos, trouxeram as primeiras infor- seu sobrinho Antônio Raposo. A atual cidade de Rio
mações sobre a geologia e as riquezas minerais. de Contas, a vila de Mato Grosso e outras localida-
des tiveram origem nessas antigas explorações. Uma
As primeiras expedições exploradoras do território narrativa detalhada desses fatos pode ser encontrada
baiano realizaram-se nos séculos XVI, XVII e XVIII, em Teixeira et al. (1998) e Ligabue (2005).
geralmente com organização militar, saindo de Sal-
vador, Porto Seguro ou Ilhéus, sedes de capitanias. (vi) Na esteira da pesquisa do ouro foi garimpado dia-
Entre as diversas expedições empreendidas, algumas mante na Chapada Diamantina nos meados do século
dedicaram parte do seu esforço à busca de riquezas XIX, pelo “mineiro”José Pereira do Prado, utilizando
minerais, reais ou imaginárias, como as seguintes que sua experiência prévia em “rochas parecidas”que ele
podem ser pinçadas de Tavares (2001): havia prospectado em Minas Gerais.

(i) 1553 – Francisco Bruza Espinosa: teria partido da É justo acrescentar, que no final do século XVIII, co-
vila de Porto Seguro, percorrendo o vale do rio Jequi- meçou a florescer algum estímulo para o desenvol-
tinhonha e as cabeceiras dos rios Pardo e das Velhas, vimento científico no Brasil (inclusive em ramos da
alcançando até o rio São Francisco; o geólogo Orville geologia), com pesquisadores do escol dos irmãos
A. Derby reconstituiu o seu itinerário (Fig.I.2). Entre- Andrada (José Bonifácio e Martim Francisco), Manoel
tanto, esta expedição não trouxe minérios nem pedras Ferreira Bethencourt (o “intendente Câmara”), Mano-
preciosas; apenas notícias de riquezas a serem des- el de Arruda Câmara e outros. As primeiras informa-
cobertas. ções sobre os diamantes do Brasil foram publicadas

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Figura I.2 - Principais trajetos percorridos e regiões estudadas no estado da Bahia entre 1553 e 1911.

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em 1792, na Sociedade de História Natural de Paris,
pelos irmãos Andrada

Dessa maneira, nessa época surgiram a Academia


de Ciências e de História Natural no Rio de Janeiro
(fundada em 1722), a dos Felizes (1736) e dos Seletos
(1752). E na Bahia, a Academia Brasílica dos Esqueci-
dos (1724-1725) e dos Renascidos (1759-1760), ambas
carecendo um trabalho especial de investigação mais
aprofundada.

2.2 Na Trilha da Liberdade (1808-1907)

2.2.1 Primeira Fase (1808-1839) Figura I.3 - Wilhelm Ludwig von Eschwege (1777-1855)

A mudança da família real portuguesa para o Brasil


teve muitas implicações benéficas, sociais e políticas, Enviados pelo rei Maximiano José I, da Baviera, os na-
mas também no campo científico. Em primeiro lu- turalistas Johann B. von Spix e Carl F. P. von Martius
gar, despontam a criação da Academia Real Militar e percorreram o Brasil entre 1817 e 1820, colheram e
o Museu Real (Nacional), encarregados de formação forneceram muitas informações sobre a nossa fau-
profissional e da pesquisa de recursos minerais. E a na e flora, mas também sobre a geologia no clássico
repercussão da importância destes fatos transcendeu trabalho Reise in Brasilien (que veio a ser publicado
em muito a capital Rio de Janeiro. em Munique em 1829; o seu trajeto na Bahia (Fig.I.2)
consta do livro “Através da Bahia”, tradução do trecho
Com o restabelecimento das relações diplomáticas relevante de Reise in Brasilien (Von Spix & Von Mar-
de Portugal e as metrópoles europeias, várias expedi- tius, 1938). (Fig.I.4) Os dois viajantes partiram de Ma-
ções científicas foram autorizadas a vir ao Brasil. Nes- lhada, no Rio São Francisco, em direção a Salvador,
ta época vários pesquisadores estrangeiros “natura- passando por Caetité, Livramento e Rio de Contas. De
listas”, no sentido mais amplo, chegaram ou viajaram Salvador foram para Ilhéus de barco, retornando para
pelo Brasil, deixando registros notáveis, muitos deles Salvador a pé. De Salvador partiram para o norte da
com passagens pela Bahia. A presença e a contribui- Bahia, visitando Monte Santo, Senhor do Bonfim e Ju-
ção deles são válidas na história do desenvolvimento azeiro, e fizeram vários comentários sobre os terre-
da geologia de qualquer parte do Brasil. nos precambrianos atravessados, e comparações com
àqueles de Minas Gerais (Tijuco). Chegaram a discutir
Wilhelm Von Eschwege (Fig.I.3) veio para o Brasil a geologia precambriana de Salvador e os sedimentos
nesta época, se estabelecendo em Minas Gerais, e deu da Baía de Todos os Santos (vide Ghignone 1979). Ain-
contribuição notável na geologia regional, e na pes- da coube a estes autores uma referência muito inte-
quisa de ferro, ouro, manganês, chumbo e diamantes ressante à possibilidade de diamantes (chamados de
e, posteriormente, deixou um livro clássico de 600 pá- “brilhantes”) ocorrerem na encosta oriental da Serra
ginas (em 1836), o Pluto Brasiliensis. do Sincorá.

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Figura I.4 - Karl Friedrich Philipp Von Martius (1794-1868) Figura I.5 - Charles Darwin (1809-1882) desenho de 1840,
e Johann Baptist Von Spix (1781-1826), naturalistas alemães por George Richmond. Fonte: Keynes, 2004.
que percorreram a Bahia no século XIX.

Em síntese, Spix e Martius (Fig.I.4) elaboraram um Sem que tenha havido um marco fixo natural, esta
tratado magnífico sobre nossas condições sociais, primeira fase é um preâmbulo dos acontecimentos da
políticas, econômicas e com informações preciosas fase subsequente.
sobre as ciências naturais, geologia e geografia inclu-
sive. 2.2.2 Segunda Fase (1839-1870)

Com respeito aos diamantes, há várias menções an- Esta segunda fase tem a marca dada pelo esforço de
teriores e posteriores a Spix e Martius, sem o peso de construção de uma ciência nacional, no campo das
publicação científica. Há referências ao Capitão-Mor geociências e outros, consoante Figueirôa (1992), com
Félix Ribeiro Novaes que havia encontrado diamantes uma participação efetiva de muitos cientistas nas-
próximo a Boninal, na parte central da Bahia. Outra cidos e educados no Brasil (ainda que alguns deles
referência é de 1841, na Serra do Assuruá, entre Mi- tenham estudado no exterior). Ainda assim, a contri-
radouro e Xique-Xique, encontrados por um senhor buição de naturalistas estrangeiros foi auspiciosa e
chamado de “Mineiro Matos”. Em 1844, José Pereira expandida, numa continuidade e enriquecimento do
Prado (“Cazuzinha do Prado”) extraiu alguns diaman- que começara na fase anterior.
tes do rio Mucugê (hoje rio Mucugezinho). Vide refe-
rências em Teixeira & Linsker (2005). Destaque inicial para o francês A. Pisis (apud Ghig-
none 1979 e Oliveira & Leonardos 1943) que viajou
Charles Darwin (Fig.I.5), a bordo do navio Beagle , pas- algum tempo pelo Brasil e publicou um trabalho
sou pelos rochedos de São Pedro e São Paulo, Bahia acompanhado de um mapa geológico da parte leste
e Rio de Janeiro, em 1832, retornando quatro anos do Brasil (mapa ideal para o início do Siluriano). Este
mais tarde à Bahia e Pernambuco. Suas passagens e autor fez um relato sobre a “Bacia de Salvador”, em
observações pelo país tiveram repercussões em vários 1842, incluindo mapeamento geológico, indo ao lon-
campos das ciências, muito além da sua proposição da go da costa até Maraú. É dele a primeira tentativa de
teoria de evolução das espécies. interpretar a tectônica, identificando fases, do Paleo-
zoico ao Terciário.

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Samuel Allport (1816-1897), comerciante inglês da como pesquisador, líder e incentivador de pesquisas
praça de Salvador e geólogo amador, dedicava seus na geologia brasileira (em geral na Bahia) dominou o
fins de semana para coleta de fósseis nos sedimen- cenário do conhecimento geológico na fase seguinte,
tos do Recôncavo, fazendo uma coleção organizada e reúne fatos que transcendem uma síntese.
ao longo de muitos anos de pesquisa que enviou ao
Museu Britânico. Em 1859 este trabalho foi publicado A Expedição Morgan, partindo de Nova York e patroci-
como monografia (On the Discovery of Some Fossil nada por Edwin B. Morgan (um dos diretores da Univer-
Remains Near Bahia, in South America). Este trabalho sidade de Cornell) chegou ao Brasil em 1870, no fecho
pioneiro sobre o conteúdo fossilífero dos sedimentos desta fase. C. F. Hart era o chefe, trazendo, entre vários
de Salvador ostentou vários pareceres adicionais de outros pesquisadores, Orville A. Derby. Ainda em 1870
outros cientistas britânicos. Há detalhes de peixes, visitou os vales do Tocantins e Tapajós, na Amazônia, e
moluscos e ostrácodas, chegando a sistematizar gê- depois a Bahia (acompanhado de vários outros espe-
neros e espécies, além de discussão sobre ambiente cialistas), num prelúdio de uma contribuição prolífera
sedimentar original. e duradoura e de muitos desdobramentos.

Em 1854 foi divulgado o primeiro mapa geológico do 2.2.3 Terceira Fase (1870-1907)
Brasil por Franz Foetterle, sob as ordens do Instituto
Geológico Imperial Austríaco, e que se acha repro- Motoyama (2004) coloca como fecho desta etapa pós-
duzido no artigo de Schobbenhaus e Mantesso-Neto -chegada da família real em 1889 (Proclamação da
(2004). Este mapa, com legenda ampla (cores e tra- República), enquanto que S.F.M. Figueirôa o coloca
mas) que traz inclusive informações de países vizi- em 1907, o que para termos de evolução da geologia
nhos (vai de 5o N até 35o S) é referencial muito impor- parece mais adequado, e foi adotado. Esta é uma fase
tante para o conhecimento da geologia do Brasil e da de expansão dos espaços institucionais nos quais as
Bahia (mapa mural, na escala 1:15.000.000). Na sua ciências geológicas estiveram presentes, mas tam-
nota explicativa Foetterle relaciona dezenas de fon- bém de criação de várias instituições especificas como
tes, de praticamente todos os pesquisadores estran- a Comissão Geológica do Brasil - CGB, a Comissão Ge-
geiros que até então tinham visitado o Brasil. ográfica e Geológica de São Paulo - CGGSP e o Serviço
Geológico e Mineralógico do Brasil - SGMB, e ainda da
Em 1865 chegou ao Brasil a Expedição Thayer, orga- Escola de Minas de Ouro Preto - EMOP, a primeira es-
nizada no Canadá (financiada por Nathaniel Thayer) pecificamente voltada para a formação profissional.
e sob o comando do naturalista (e glaciologista) Jean Além destes fatos concretos, e repercussão em todo
Louis R. Agassiz, com um grupo de cerca de 15 natu- o Brasil, e do qual a Bahia foi beneficiária inconteste,
ralistas, e entre estes integrantes, o geólogo Charles soma-se a isto o fato de ser a fase da explosão das
Frederick Hartt, que veio a se constituir na pedra an- contribuições de Hartt, Derby (Fig.I.6), em suas curtas
gular da geologia brasileira, por seus trabalhos e pelos existências (e em parte também da contribuição de J.
discípulos que veio formar e trazer (como Orville Derby C. Branner).
e John Casper Branner) e contribuir no mesmo fanal.
Charles Frederick Hartt (Fig.I.6), canadense natura-
Encerrada a expedição (com muitos frutos em vários lizado norte-americano que chegou ao Brasil como
campos científicos), Hartt voltou ao Brasil em 1867, às membro da Expedição Thayer, como supramenciona-
próprias custas, para completar sua obra sobre a ge- do, voltou por conta própria em 1867 e publicou seu
ologia e a geografia física do Brasil, que foi publicada primeiro e importante trabalho em 1870 (o primeiro
em Boston em 1870. A vinda de Hartt e o seu papel texto incisivo sobre a geologia do Brasil). Ele nasceu

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em 1840, chegou no Brasil com apenas 25 anos, já
sendo um profissional respeitado e morreu precoce-
mente no Brasil em 1878, em meio à curta e extraor-
dinária produção em termos de trabalhos geológicos.
Consoante Oliveira & Leonardos (1943) , Hartt foi “um
dos mais operosos e profundos investigadores que
até então havia pisado no solo pátrio”. E o Estado da
Bahia foi beneficiário inconteste desta faina.
1. Charles Frederick Hartt 2. Orville A. derby

Em 1875 foi convidado e guindado ao cargo de dire-


tor da Comissão Geológica, onde passou só um ano,
demitindo-se por divergências com os superiores hie-
rárquicos (que extinguiram a CGB no ano de 1877).

Na Bahia estudou o cinturão sedimentar costeiro do


Terciário (como parte do conjunto no Brasil). Iden-
tificou, próximo a Cachoeirinha, no baixo Rio Pardo,
fósseis que imaginou serem devonianos. Estudou os
arenitos vermelhos do Grupo Brotas. Visitou os ja-
3. John Casper Branner 4. Fernando Flávio zigos fossilíferos de Mont Serrat e descreveu vários
Marques de Almeida
moluscos (inclusive espécies novas) e ainda desco-
briu restos de répteis (Crocodilus Hartti, entre outros)
Figura I.6 - Os artífices dos alicerces de todo o conhecimento que foram descritos pelo Prof. O . C. Marsh, de Yale.
geológico da Bahia. Em sentido horário: 1. Charles Frederick Hartt
Percorreu a estrada de ferro da Bahia para o Rio São
(1840-1878), um pioneiro da Geologia do Brasil; fonte: Freitas
2002. 2. Orville A. derby (1851-1915) em foto de 1905, ano da sua Francisco, em construção, descrevendo vários aflora-
vinda para a Bahia; fonte: Tosatto 2001. 3. John Casper Branner mentos. Estudou os sedimentos e fósseis (moluscos,
(1850-1922)publicou os primeiros trabalhos sobre as serras de
peixes e outros) da Bacia do Recôncavo, admitindo
Jacobina, do Tombador e Bacia de Irecê; fonte: Mendes 1971.
4. Fernando Flávio Marques de Almeida (1916) criador do Cráton idade do Cretáceo Inferior, conjunto a que chamou
do São Francisco; fonte: Cordani et al. 2000. de “Grupo Baiano” (consoante Ghignone 1979). Tra-
balhou também no Baixo São Francisco escrevendo
as primeiras notas sobre a geologia da região. Fez
observações também no Arquipélago de Abrolhos,
detalhando a Ilha de Santa Bárbara e especialmente
os recifes de corais. (Fig.I.7) Faleceu no Rio de Janeiro,
com apenas 38 anos, em março de 1878, deixando no-
tável legado em produção e com seus discípulos e su-
cessores. Para a prolífera contribuição de derby existe
Figura I.7 - Perfil da ilha de Santa Bárbara no arquipélago
dos Abrolhos. Legenda: a-Calcário arenoso; b-Folhelho azul; um livro (Tosatto 2001), que é uma homenagem justa
c-Arenito amarelado; d-Trap-basaltico com esfoliação esferoidal. e referência obrigatória. Para C. F. Hartt, a comunida-
Fonte: Hartt 1941.
de científica está em falta.

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Orville Adelbert Derby (Fig.I.6) chegou ao Brasil como
membro da Expedição Morgan e teve uma vida agita-
da e pródiga no eixo Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia.
Tosatto (2001) tratou amplamente da vida de Derby e
o alcunhou de “Pai da Geologia Brasileira”.

Em 1894 fundou (com 69 sócios) o Instituto Histórico


e Geográfico de São Paulo - IHGSP, onde teve notável
desempenho, que o levou a ser convidado à indicação
de sócio correspondente do Instituto Histórico e Geo-
gráfico do Brasil, no Rio de Janeiro. Posteriormente,
em 1905 chegou à Bahia, nomeado por Miguel Calmon
(Secretário de Agricultura) para estudar a geologia Figura I.8 - Theodoro Sampaio: um pioneiro da Geologia da Bahia
(Santo Amaro, 1855-Rio de Janeiro, 1937).
da Bahia e organizar o “Serviço de Terras e Minas do
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Teodoro Fernandes Sampaio.
Estado da Bahia”. Na Bahia Derby estudou as regiões
diamantíferas, manganesíferas, petrolíferas e a ge-
ologia regional do Estado, publicando vários artigos Outras contribuições de Theodoro Sampaio à geologia
(clássicos) sobre o tema, como “O Manganês de Nazaré da Bahia foram: em 1884, o Reconhecimento geológi-
(Bahia)”, “Notas Geológicas sobre o Estado da Bahia”, e co do trecho da E.F. Bahia e São Francisco; no mesmo
“Os primeiros descobrimentos de diamantes no Estado ano, as Notas sobre a região entre o Rio São Francisco
da Bahia”. Nestes trabalhos estabeleceu as bases da e a Serra Geral , ambos sob encomenda de O.A. Derby;
estratigrafia da Chapada Diamantina, que viriam a ser e a Carta do Recôncavo da Bahia na escala 1/250.000,
completadas por Branner. (Fig.I.6) em 1899; e Notas sobre as rochas arqueanas da Bahia
(solicitadas por J.C. Branner em 1907). Os terremo-
Como assistente de Derby deve ser destacada na his- tos na Baía de Todos os Santos e no Estado da Bahia
tória a atuação do engenheiro Theodoro Sampaio também foram abordados por Theodoro Sampaio, em
(Fig.I.8) que foi membro da “Comissão Hidráulica” dois trabalhos de 1916 e 1920. Além disso, na Biblio-
designada para estudar (1879-1880) a navegabilida- graphy of Geology, Mineralogy and Palaeontology of
de do Rio São Francisco. Nesta viagem, a Comissão Brazil de J.C. Branner estão citados seis trabalhos de
subiu o rio até a cidade de Januária (MG); descendo o T. Sampaio, assim como seus trabalhos estão citados
rio, Theodoro Sampaio desembarcou em Carinhanha, e foram utilizados na confecção do Mapa Geológico
cavalgando através da Bahia até a cidade de São Félix. do Brasil organizado por Branner em 1919.
Em ambos os percursos, ele fez inúmeras observa-
ções sobre a geologia, tanto do embasamento como Por conta de sua dedicação, eficiência e capacidade
da Chapada Diamantina. Estas observações, avança- de liderança, Derby foi convidado por Miguel Calmon
díssimas para a época, foram publicadas em seu livro (agora promovido a Ministro de Indústria, Viação e
“O Rio São Francisco e a Chapada Diamantina”, com Obras Públicas), em 1906, para idealizar e fundar o
diversas edições, a última das quais publicada em Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil - SGMB,
2002, organizada pelo Prof. José Carlos B. Santana evento significativo o bastante para consignar o fim
(Sampaio 2002). de uma fase e o início de outra.

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3 Pós 1907 – Processos dos mapas e trabalhos disponíveis. Conquanto este

de Urbanização e mapa tenha sido publicado em 1919, ele é o produto


de várias viagens de Branner ao Brasil, desde 1874.
Industrialização + Período
Desenvolvimentista Parte do pós-1907, a criação do SGMB já foi relatada
como uma consequência imediata deste Serviço e do
trabalho de Derby e seus discípulos mais imediatos.
3.1 Pré Anos 60 Para alguns autores (Berbert 1990), esta fase seguiria
pelo menos até 1985. Para Schobbenhaus e Mantesso-
O SGMB foi criado em Janeiro de 1907, e Derby esteve -Neto, esta fase pode ser estendida até o ano 2000
à frente dele por oito anos até a sua morte precoce em (ano do Congresso Geológico Internacional no Brasil).
1915 (suicídio) devido aos desentendimentos com su-
periores hierárquicos. Nestes oito anos teve o período No entender dos autores, esta parte do século XX
mais notável de sua vida científica, pela sua obra e permite divisões mais ou menos claras, e a propos-
pela formação de inúmeros discípulos (como Francis- ta de 1964 como linha divisória de Motoyama (2004)
co de Paula Oliveira, Luiz Gonzaga de Campos, Alber- faz sentido nas geociências, especialmente no caso
to Paes Leme, Euzébio Paula Oliveira, Franz Eugênio da Bahia. Ainda que não seja proposto um ano (ano
Hussak, John Casper Branner, Roderic Crandall, Ma- 1964) exclusivo, mas os acontecimentos dessa déca-
thias de Oliveira Roxo e tantos outros que são parte da foram marcantes, segundo um surto indizível que
da história da geologia do país. Como já dito acima, a merecem menção especial.
escolha do ano 1907 para início deste período foi se-
guindo Figueirôa (1992) Esta primeira parte do século XX é caracterizada pela
criação e consolidação de alguns órgãos (SGMB, seu
J. C. Branner e Roderic Crandall, reconhecidos geó- sucedâneo Departamento Naconal de Produção Mi-
logos norte-americanos foram convidados por Derby neral - DNPM, Inspetoria Feredal de Obras Contra a
para estudos geológicos na Bahia, Sergipe e Alagoas, Seca - IFOCS sucedido pelo Departamento Nacional
assim como Milton Underdown e Horace Williams fo- de Obras Contra a Seca - DNOCS, Conselho Nacional
ram reconhecer os terrenos na margem do São Fran- de Petróleo - CNP, Petrobras, Sudene etc.) que ti-
cisco. Crandall (1919) publicou em Economic Geology, veram papéis notórios no progresso do conhecimento
notas sobre a geologia da região diamantífera. Bran- geológico da Bahia, a seu tempo e em trabalhos con-
ner produziu vários trabalhos publicados entre 1910 e jugados, pela descoberta do petróleo (na Bahia), e por
1911 sobre a Serra de Jacobina, e sobre a Chapada Dia- uma série de viagens científicas (e respectivos rela-
mantina. A estratigrafia proposta para a Chapada Dia- tórios). Estas viagens, geralmente de uma ou poucas
mantina é praticamente irretocável, malgrado vários pessoas, visavam determinadas regiões ou problemas
trabalhos posteriores (e com mais condições de aces- geológicos pinçados anteriormente, e que funciona-
so) terem tentado desfazer ou apresentar alterações. vam como chamarizes para os pesquisadores (em sua
grande maioria vinculados ao DNPM). Merece desta-
Em 1919, Branner editou o “Mapa Geológico do Bra- que a edição do livro Geologia do Brasil, de Oliveira
zil”, sob os auspícios da Geological Society of Ame- & Leonardos, de 1943 (há algumas edições anteriores
rica, escala 1:5.000.000, onde a geologia e os recur- de menor circulação). Por sinal, este livro está acima
sos minerais da Bahia (ouro, diamantes, carbonados, de qualquer expectativa para o seu tempo e para hoje,
ametistas, manganês, areias monazíticas, ferro, cobre posto que ali está sintetizada, de maneira excepcional,
etc.) têm destaque especial e ainda faz uma relação a essência do conhecimento geológico do continente.

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Ao lado de uma narrativa fidedigna dos acontecimen- partir de então, a história do conhecimento geológico
tos históricos das geociências no Brasil, o livro foi or- da Bacia do Recôncavo recebe grande e significativo
ganizado de eon por eon (Do Arqueano + “Algonquia- impulso, com vários trabalhos, mapeamentos, idéias e
no” até o Quaternário), e nisto todos os eventos geoló- vários nomes de ponta (Ghignone 1979), que se pode
gicos e paleontológicos foram alvos de registro. Para dizer coroada com os trabalhos de Ben Barnes, em
a Bahia, que figura praticamente em todos os itens é 1947-1948, que reconheceu ali os registros tectônicos
um documento histórico, de valor impensável, docu- e sedimentares de evolução de um rift. Vide histórico
mento sine qua non que deve ser lido para anteceder específico em Ghignone (1979).
qualquer trabalho de geologia a ser feito neste Esta-
do. A obra de Oliveira & Leonardos transcende nos-
sas possibilidades de encômios nesta oportunidade.
Talvez seja necessário afirmar que só após 43 anos de
esforços para o desenvolvimento do conhecimento se
pode chegar a obras que a ela se assemelham e dela
se aproximam (evocando assim os textos editados por
Almeida & Hasui (1984) e Schobbenhaus et al. (1984).

Entre 1933 e 1934 o Ministério da Agricultura (sob o


comando de Juarez Távora) sofreu profunda e ampla
re-estruturação, quando foi criado o Departamento
Nacional da Produção Mineral - DNPM, que então já
contava com diversos laboratórios internos (Fomen-
to, Águas, Petrografia etc.), agência que passou a ter
desempenho de vulto até os nossos dias, ordenando a
produção mineral brasileira. Em sequência foi elabo-
rado o Código de Minas (1934), que declarou o subsolo
como propriedade do estado e a exploração mineral
passava a ser concessão.

Em 1938, o governo Getúlio Vargas, mediante as pres-


sões dos acontecimentos (e das descobertas de óleo no
Recôncavo) decretou a organização do Conselho Na-
cional do Petróleo - CNP (presidido pelo General J. C. Figura I.9 - Postal comemorativo da descoberta do petróleo na
Bahia. Fonte: acervo de Augusto J. Pedreira
Horta Barbosa), que ficava encarregado da pesquisa,
lavra, transporte e refino do petróleo. Vários geólo-
gos/engenheiros de minas do DNPM foram desloca-
dos para o CNP, e foi contratada nos Estados Unidos A Inspectoria Federal de Obras Contra as Secas -
uma firma de renome para o mapeamento geológico, IFOCS foi instituída em 1907 (posteriormente trans-
a prospecção sísmica e a perfuração de poços. É justo formada em DNOCS), e vários dos seus geólogos (Ho-
colocar aqui algumas datas importantes como a per- ratio Small, Roderic Crandall, Horace Williams, Ralph
furação do primeiro poço de petróleo do Brasil (1937) Sopper) em diferentes oportunidades colaboraram na
na localidade de Lobato, subúrbio de Salvador (Fig.I. 9) evolução do conhecimento geológico do Nordeste, e
e a descoberta de petróleo no segundo poço (1938). A da Bahia (vide referências).

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No tocante ao processo de viagens de pesquisas cabe
destacar primeiro os trabalhos de R. Crandall (1919,
supramencionado) e de Ralph Sopper (1914), este um
clássico que trata da geologia e do suprimento de
água no nordeste da Bahia. Este último foi enriqueci-
do com o trabalho de José Lino de Mello Jr. do SGM/
DNPM, em 1938, tratando da geologia e da hidrologia
desta região nordeste do Estado da Bahia. Some-se
a estes o trabalho de Benedito Paulo Alves e Luciano
Jacques de Moraes (1952) que estudaram a região de
Paulo Afonso, cuidando de diversos aspectos da geo-
logia, recursos minerais e hídricos.

Nos anos 50, percorreu a Bahia e Minas Gerais o ge-


ólogo inglês Lester King, estudando a geomorfologia
Figura I.10 - Wilhelm Kegel (1890-1971) um nome importante,
regional na tentativa de compará-la com a do lado com várias contribuições (décadas de 50 e 60) para a geologia da
africano. Lester King (1956) publicou na Revista Brasi- região central da Bahia e de todo o nordeste.
Fonte: Mendes (1971).
leira de Geografia um trabalho que é de grande valia
e clássico sobre as superfícies geomórficas do Brasil
Oriental (Superfícies Post-Gondwana, Sul-America- Com relação à criação da Petrobras (em 1954 e
na, Velhas e Paraguaçu, da mais antiga para a mais do Cenap, em 1955), não há espaço suficiente para
recente). Ainda hoje, é um trabalho respeitado e tema uma síntese da sua importância na história da geo-
de muitos debates, mesmo quando se passou a usar logia do Brasil e da Bahia nos “anos 60”, como aqui
dados de satélites, traços de fissão e informática no será abordado, e na sequência dos anos. A repercus-
estudo destas superfícies. são destas instituições foi fato notável e sobranceiro
para o conhecimento dos sedimentos fanerozoicos da
Nos contextos destas viagens de pesquisa (pesquisa Bahia (vide histórico detalhado e excelente por Ghig-
+ relatório imediato), é necessário registrar a contri- none 1979), em termos litoestratigráficos, estruturais
buição do Professor Wilhelm Kegel (Fig.I.10), geólogo e econômicos. Seja fazendo geologia e geofísica e
alemão, ligado ao DNPM que realizou vários traba- produzindo dados, seja formando especialistas, seja
lhos no nordeste como um todo. Na Bahia e na Bacia fomentando outros centros de pesquisa, dissertações
do Parnaíba de forma especial. Seus trabalhos sobre de mestrado e teses de doutoramento, reuniões cien-
a zona central da Bahia (1959), Médio São Francisco tíficas etc., a história da Petrobras merece e tem
(1957), estrutura geológica de todo o nordeste (1961, merecido vários textos específicos. Esta criação trou-
enfatizando os grandes lineamentos) e da Serra de xe muitas mudanças conceituais e evolução para as
Jacobina (1963), assim como sobre a Bacia Una-Utin- ciências geológicas como um todo e para a indústria
ga (1969) são considerados referências indispensá- do petróleo, que não são possíveis dissertar no com-
veis, apesar do desgaste do tempo. Ainda dentro deste promisso de uma síntese. Como será discutido, o seu
contexto das viagens específicas, deve ser acrescen- Boletim Técnico e posteriormente sua Revista de Ge-
tado um trabalho de Paulo Rolff sobre a Serra do ociências têm contribuído para a evolução do conhe-
Tombador, com mapas, que mesmo tendo sido feito cimento e são registros científicos e históricos de alta
na década de 50 foi publicado em 1960, em Boletim valia.
da Sociedade Brasileira de Geologia.

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3.2 Anos 60 tiva. Várias folhas começaram a ser mapeadas na es-
cala 1:100.000 (e mesmo em escalas maiores), e pela
Como já foi discutido anteriormente, a razão da “se- primeira vez em rochas do embasamento (na Bahia e
paração” dos anos 60 sem discriminar um único ano Pernambuco, pelo menos) com estes projetos da Su-
(como fez Motoyama 2004), como uma década espe- dene, assim como foram possibilitados e começaram
cial na história das geociências, na Bahia, apresenta os projetos de integração ao milionésimo. Em alguns
número considerável de razões. Certamente, muito do casos específicos, os mapas provenientes do Projeto
que aconteceu nos anos 60 constituiu os primeiros re- Cobre (Barbosa 1970, Braun 1966) ainda constituem
flexos dos acontecimentos e decisões políticas da dé- as únicas referências geológicas de determinados rin-
cada anterior dos governos de Vargas (Petrobras, cões (na Bahia e Pernambuco, pelo menos). Foi nesta
Cenap) e Juscelino Kubitschek (cursos de geologia década que se completaram os mapeamentos geoló-
da CAGE-Campanha de Formação de Geólogos, Su- gicos das bacias do Recôncavo e Tucano (com a ela-
dene). Apesar de ter sido a época do golpe militar, na boração da primeira e grande Revisão Estratigráfica,
seara da geologia, os impulsos daquelas instituições publicada em 1971 por Viana et al.), bacias do Almada
criadas na década anterior e da leva de sangue novo e Jatobá (Ghignone 1979) e ainda de toda parte sul da
da plêiade de geólogos recém-formados (primei- Bacia do São Francisco (Oliveira 1967), sendo alguns
ra turma em 1960, em São Paulo) falou mais alto e apenas os trabalhos publicados, ao lado de muitos
marcou sua presença, numa série torrencial de dados relatórios inéditos. Last but not least, o conhecimento
significativos. Adicionalmente, nos anos 1960 foram da margem continental divergente da placa sul-ame-
criados o Ministério de Minas e Energia, a Comissão ricana teve os mais importantes trabalhos explorató-
Nacional de Energia Nuclear, e a Companhia de Pes- rios e de interpretação geológica fundamental a par-
quisa de Recursos Minerais, de certa forma amplian- tir desta década de 60, como estopins fundamentais
do os espaços para geólogos. Trata-se de uma década para a explosão nas décadas seguintes. Foi com este
que fica mais difícil falar em nomes, apontar deter- acervo de dados que foi possível a primeira edição
minados trabalhos (com algumas exceções), para se tentativa do Léxico Estratigráfico do Leste do Brasil
falar mais em instituições e programas de pesquisa, (Sudene, Brito Neves 1968) onde a litoestratigrafia
e tentar consignar a atuação na Bahia. Nos períodos da Bahia então conhecida teve o devido registro.
anteriores pontificavam nomes (experiência, dedica-
ção, viagens de pesquisa, trabalhos), mas doravante Carece aqui a inserção de uma referência a Reinhard
vai se falar mais em instituições e equipes como se Maack (1963) que procedeu a um dos primeiros ma-
deve presumir e esperar da epígrafe “Sob o Signo do peamentos da bacia do Rio de Contas, antecedendo os
Desenvolvimentismo”. múltiplos mapeamentos da Sudene (Ipupiara, Barra
do Mendes, Ouricuri do Ouro, Ibitiara, Macaúbas, etc.)
Nesta década começava a produção de mapeamentos na porção ocidental da Chapada Diamantina.
e trabalhos geológicos dos primeiros geólogos for-
mados nas escolas de geologia do Brasil, destacan- Nos cursos de geologia começaram vários trabalhos
do-se aqui os trabalhos de mapeamento sistemático de relatórios de graduação e outros de pesquisas de
da Chapada Diamantina, do Espinhaço, do nordeste seus professores, com apoio de alunos, como por
e norte da Bahia (Conesp-Sudene, Missão Geoló- exemplo – entre tantos e tantos outros – os trabalhos
gica Alemã, projeto Cobre Sudene-Prospec), do de J. Griffon (1967) sobre a Serra de Jacobina, inicia-
Inventário Hidrogeológico Básico do Nordeste, entre dos por Leo et al. (1964, do DNPM). A estratigrafia e a
muitos outros comandados ou consorciados com a estrutura da Serra de Jacobina ficaram praticamen-
Sudene, que vivia uma década auspiciosa e produ- te equacionadas desde estes trabalhos pioneiros de

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mapeamento. Ainda neste tema, deve-se enumerar e doutorado formal, e a maioria deles de nível ad hoc
o trabalho de Griffon et al. (1967) sobre a estrutura equivalente.
e gênese da esmeralda de Carnaíba. O levantamento
completo destes trabalhos é uma tarefa praticamen- De sorte que a importância da década de 60 para a ge-
te impossível, e somente uma pesquisa específica em ologia da Bahia (e do Brasil) merece todo este realce,
cada uma das fontes pode amenizar este quadro. como marco mais delongado ou similar, que se não foi
consignado nas propostas de Berbert (1990), nem de
Como decorrência natural destes trabalhos advieram Schobbenhaus & Mantesso Neto (2004), sem demérito
as primeiras sínteses geocronológicas e a concepção para os mesmos, é aqui discriminada e reiterada.
de Gondwana (Hurley et al. 1967), e desta feita exer-
cícios científicos fomentando com dados brasileiros e
concretos os alicerces da Tectônica Global que já se
difundia no mundo ocidental sob a epígrafe de “re- 4 Pós-Década de “60”
volução dos anos 60”. Desta década são as sínteses
sementais sobre o embasamento da plataforma sul-
/ Sob o Signo do
-americana (Almeida 1964, 1967) e de sua cobertura Desenvolvimentismo
(Almeida 1969, no XXIII Congresso Brasileiro de Geo-
logia realizado em Salvador), que vieram nortear to- 4.1 Anos Pós 60 – As Pedras Angulares da
dos os trabalhos de geologia dos tempos seguintes, Evolução do Conhecimento Geológico da
de notável validade até os dias atuais. Trata-se de
Bahia
obras memoráveis, que a Bahia teve o privilégio de
criar as condições e de testemunhar. Neste período epigrafado “Sob o Signo do Desenvol-
vimentismo” torna-se mais difícil se falar em nomes
A partir de 1967, a Comissão Executiva do Plano da La- (como nos anos pré-60). Os trabalhos de mapeamen-
voura Cacaueira-Ceplac, necessitando de uma base to sistemático, por equipes sob o comando das gran-
geológica para o mapeamento sistemático dos solos des empresas (CPRM/DNPM, CPM/CBPM, Petro-
do sul da Bahia, mapeou em convênio com a Secreta- bras, Radambrasil), os trabalhos emanados das
ria das Minas e Energia e a Universidade Federal da universidades e seus laboratórios (a partir de 1970
Bahia, grande parte da região meridional do estado, com cursos de pós-graduação), todos com grande
principalmente a Bacia do Rio Pardo, estabelecendo quantidade de pessoal técnico envolvido. Muitos des-
as bases fundamentais da sua estratigrafia. Esta re- tes mapeamentos em convênios com essas empresas
gião já havia despertado a curiosidade dos geólogos estatais (e/ou empresas de mineração) passaram a
desde 1880, quando foram descobertos diamantes no predominar, consignando seu lugar na história. Com
Rio Salobro (cf. Chatrian 1886). menor ênfase, a própria indústria mineral que teve
grande desenvolvimento, passou a contribuir (direta
Por fim, é bom lembrar que a Companhia de Pesquisa ou indiretamente) com o processo de evolução e re-
de Recursos Minerais-CPRM (atual Serviço Geológico gistro dos conhecimentos.
do Brasil) foi criada no fecho desta década, 1969, para
ser o braço executivo do Ministério das Minas e Ener- Ao mesmo tempo, este foi um período pródigo em reu-
gia no tocante aos mapeamentos geológicos básicos. niões científicas nacionais e internacionais (com atas,
A ativa e operosa Superintendência Regional de Sal- anais, roteiros de excursão, e documentos outros) de
vador tem um acervo de produção notável com geó- grande vulto e repercussão. Assim como neste perí-
logos do mais alto nível, muitos deles com mestrado odo começaram a pontificar as sínteses da geologia

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da Bahia, crescentes em riqueza de informações com Tucano (Viana et al.1971) inicia uma nova etapa dos
o passar do tempo, e tomando proveito e utilizando conhecimentos e instaura um exemplo a ser seguido
de forma sistemática os dados desses mapeamentos (posteriormente em praticamente todas as bacias se-
e destas reuniões científicas. dimentares do Brasil)

A curta apreciação sobre estas principais fontes pro- É válido destacar o v.15 n.2, do Boletim de Geociên-
pulsoras do atual conhecimento geológico da Bahia cias, ano 2007, que traz uma síntese atualizada e as
será feita procurando alcançar pequenas sínteses ob- colunas litoestratigráficas (e cronoestratigráfica) de
jetivas. Certamente, em cada caso, há vários outros todas as bacias sedimentares, interiores e costeiras,
caminhos de exploração para o melhor conhecimen- da Bahia (Tucano Norte, Central e Sul, Recôncavo, Ja-
to do conteúdo e peso de cada uma delas. A ordem cuípe, Camamu, Almada, Jequitinhonha e Cumuruxa-
seguida foi cronológica, para não sugerir uma clas- tiba) e do Brasil. Este volume traduz com rara fideli-
sificação, mesmo porque os autores tinham um com- dade o estágio do conhecimento estratigráfico do Fa-
promisso expositivo, o mais enxuto possível, e não nerozoico na Bahia, e é um documento de inestimável
teriam condições de fazer uma opção de uma ordem valor para o histórico do conhecimento da geologia
de méritos. da Bahia, referencial para o passado e para o futuro.

Claramente se verifica que, doravante, indicar nomes Na parte de publicações é necessário ressaltar os vá-
fica difícil, porque começam os trabalhos de equipes rios roteiros de excursão (bacias Recôncavo, Tucano,
multidisciplinares. Poderia se apontar nomes de teses Almada, Sergipe-Alagoas, etc.) da lavra de técnicos
de doutoramento, possibilidade que não é assumida da Petrobras que têm sido publicados e são do-
para não cometer omissões. cumentos atualizadíssimos e de grande valia para
estudantes e professores em geral. A Petrobras
4.1.1 PETROBRAS – Petróleo Brasileiro S.A. tem funcionado também como financiadora de vá-
rios livros de diferentes ramos das ciências geológi-
Neste período, a Petrobras continuou os trabalhos cas, sendo válido exemplificar aqueles mais recentes
de exploração no Recôncavo e bacias adjacentes (tra- de geologia do continente sul-americano (Mantesso
balhos de recuperação, e de refinamento dos dados Neto et al. 2004), sobre ambientes de sedimentação
de subsuperfície), e em várias outras atividades corre- siliciclástica (Pedreira da Silva et al. 2008), sobre a
latas e paralelas, contribuindo para o enriquecimento geologia e a tectônica do sal (Mohriak et al. 2009), so-
do conhecimento geológico e para a divulgação do bre geologia geral (Grotzinger et al. 2006) e, recente-
mesmo de forma altamente elogiosa. mente, sobre a história do petróleo na Bahia (Teixeira
et al. 2009).
A contribuição científica , oriunda de muitos relatórios
técnicos, tem sido regularmente publicada no Bole- Além deste trabalho de rotina de uma indústria pe-
tim Técnico da Petrobras (periódico de 1957 até 1998, trolífera, é justo exaltar o engajamento da Petro-
ISSN 0006-6117) e posteriormente o Boletim de Ge- bras com a universidade e com as empresas de geo-
ociências da Petrobras (trimestral, desde 1987, ISSN logia e mineração, em prol do crescimento coletivo. O
0102-9304), que são referências inescapáveis, tendo fomento aos cursos de graduação, de pós-graduação
em vista principalmente os dados (litoestratigráficos, (em termos financeiros diretos e indiretos) regula-
paleontológicos, geofísicos) obtidos das perfurações mentares e das dissertações e teses é um ponto alto,
e re-exame de dados de poços profundos. A primeira assim como o apoio irrestrito aos diferentes congres-
revisão litoestratigráfica das bacias do Recôncavo e sos realizados na Bahia. Vários outros cursos têm sido

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patrocinados e promovidos pela Petrobras, para de campo, tudo isto servindo para elevar o nível do
seu pessoal técnico e para convidados, tanto em Sal- conhecimento de forma unilateral. A promoção da
vador como no interior da Bahia. Bahia e de sua geologia no cenário internacional tem
sido uma consequência imediata destes encontros.
Inclui-se no bojo da Petrobras uma participação
complementar importante, aquela que foi desenvol- No tocante aos eventos internacionais de monta,
vida pelo Centro de Aperfeiçoamento e Pesquisa do devem ser ressaltados, pelo nível e pelo legado de
Petróleo-Cenap, fundado em 1955, que treinou vários trabalhos científicos (anais, boletins de resumos ex-
técnicos de nível superior (engenheiros civis, quími- pandidos, etc.), sínteses e até mesmo entre estes, tra-
cos, agrônomos etc.) em geologia do petróleo posto balhos científicos. Saliente-se que em alguns destes
que não havia cursos regulares de geologia no Brasil, eventos está a marca da introdução e proposição de
e que foi sediado inicialmente em Salvador. Os profis- conceitos novíssimos e influentes na história das geo-
sionais saídos do Cenap tiveram uma atuação notó- ciências. Entre estes cabe destacar:
ria, como geólogos (de campo, de poço, etc.) em uma
primeira instância, e como professores posteriormen- (i) ISAP – 1982 – International Symposium on Archean
te, em todo Brasil. Vários cursos de geologia do Brasil, and Lower Proterozoic Geologic Evolution and Metal-
em nível de graduação e pós-graduação receberam logenesis;
treinamentos destes profissionais (que antecede-
ram às fornadas dos primeiros cursos de geologia da (ii) ISGAM – 1987 e 1997 – International Symposium
CAGE). O Cenap foi uma promoção bem sucedida, on Granites and Associated Mineralizations;
instituição marcante na geologia da Bahia e do Brasil
(iii) I e VII SNET – 1987 (Salvador) e 1999 (Lençóis)
4.1.2 SBG – Sociedade Brasileira de Geologia Simpósio Nacional de Estudos Tectônicos;

Esta associação nacional e seu núcleo regional (Nú- (iv) IV/SSAGI – 2003 – South American Symposium on
cleo Bahia-Sergipe) vêm desenvolvendo o papel es- Isotope Geology;
perado da sua proposta original, fazendo uma inter-
mediação importante no e para o desenvolvimento do (v) I , II, III Simpósios sobre o Cráton do São Francis-
conhecimento geológico da Bahia. Isto tem sido feito co-1973 (Aracaju, reunião preparatória), 1979 (primei-
de várias formas e oportunidades. ro simpósio, em Salvador, com Anais publicados em
1981), II (em Salvador, 1993) e III (em Salvador, 2005).
Em termos de organização de congressos nacionais, o Em todos eles houve participação decisiva da Univer-
núcleo da Bahia organizou os encontros de 1949, 1957, sidade Federal da Bahia, da CBPM e da CPRM.
1969, 1982 e 1996 em Salvador, e os de 1973 e 2006
em Aracaju. Além disto, vários simpósios regionais, e Este papel da SBG tem sido árduo, mas profícuo. No
em todos eles se verificou um somatório notável de primeiro desafio o de arregimentar contribuições fi-
assentamento do conhecimento geológico progressi- nanceiras de órgãos estaduais e privados de mine-
vo, seja através de Boletim de Resumos e Anais, e dos ração, das agências estaduais e federais de fomento,
debates promovidos. etc. Em segundo lugar, estes encontros têm sido o
foro por excelência para aprimorar e elevar o conhe-
Destaque aqui para as reuniões científicas de caráter cimento coletivo. E como todos estes encontros têm
internacional, trazendo especialistas de vários conti- documentos (Atas, Anais, etc.), e até mesmo publica-
nentes, incluindo apresentações, debates e excursões ções específicas (impressas e em forma digital), eles

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são referências obrigatórias para se conhecer e aferir ço do Estado foi mapeado (e está sendo), e existe ainda
a evolução do conhecimento geológico. considerável porção mapeada em 1:50.000 (Fig.I.11,
I.12). Isto vem sendo feito em várias etapas de sua his-
A RBG - Revista Brasileira de Geociências (ISSN 375- tória em consórcios diversos com o DNPM, a CBPM, a
7536) da SBG, de periodicidade trimestral, publicada UFBA, além de vários e outros órgãos e empresas, em
desde 1971 (substituindo o antigo Boletim da SBG), muitas interações e convênios dos mais meritórios.
tem sido um veículo digno de menção no processo de
alimentar a evolução do conhecimento geológico da Os trabalhos de mapeamento (e sua divulgação im-
Bahia. Seja no curso de sua atividade rotineira (com pressa e digital), treinamento de pessoal (inclusive
trabalhos diversos sobre a Bahia, em várias opor- em programas de pós-graduação) participação cien-
tunidades), seja publicando resumos e excertos de tífica e de co-patrocínio em eventos científicos, a co-
várias dissertações e teses voltadas para a geologia operação/interação com outras entidades são fatos
do Estado, seja trazendo coletâneas (Atas, resumo de usuais destes 40 anos da empresa. Destaca-se a coo-
Simpósios) de reuniões científicas realizadas na Bahia peração com a UFBA (no caso baiano) dentro do pro-
(p.ex., v. 12, n. 1/2/3 de 1982, sobre o ISAP). Neste nú- grama “Pronageo”, onde alunos e professores estão
mero, destacam-se alguns artigos sobre a geologia engajados em mapeamentos (8 folhas, no momento).
(e de sua metalogênese) da Bahia, na língua inglesa, A CPRM mantém em Morro do Chapéu, na parte cen-
dos tempos modernos, o que é um dado interessante. tral da Bahia, um centro integrado de estudos geoló-
Outros volumes da RBG que apresentam diversos tra- gicos (CIEG de Morro do Chapéu), desde 1987, que é
balhos dedicados à geologia da Bahia são os volumes um ponto avançado de apoio, e que tem servido a de-
35, no. 4, 2005 (suplemento), e 37, no 4, 2007 (suple- zenas de universidades brasileiras (UFBA, USP, UFMG,
mento), ambos relativos ao Cráton do São Francisco. UFOP, UFPE, etc.), à Petrobras e a outras empresas,
oferecendo hospedagem e outras comodidades para
4.1.3 CPRM – Companhia de Pesquisa de diferentes cursos de aperfeiçoamento e extensão, em
Recursos Minerais – Serviço Geológico do mais de 200 eventos até 2011.
Brasil
A sua missão precípua de embasar e alavancar o co-
A CPRM é uma empresa pública, criada em agosto de nhecimento geológico e hidrogeológico básicos para
1969, vinculada ao Ministério de Minas e Energia que o desenvolvimento sustentável do Brasil, a CPRM tem
tem atribuições e responsabilidades de Serviço Geoló- cumprido com abnegação. Isto na Bahia é um fato in-
gico do Brasil, em várias áreas de atuação (Geologia, conteste e de domínio público, e como se pode deduzir
Recursos Hídricos e Minerais, estudos outros multi- das menções feitas neste capítulo e nos subsequen-
cisciplinares, Geodiversidade). Esta empresa instalou, tes. Seus produtos (mapas, relatórios, textos diver-
desde os seus primeiros dias, uma Superintendência sos, etc.) são de acesso via Internet ou diretamente
Regional em Salvador, que conta atualmente com no balcão, merecendo destacar os bancos de dados
cerca de 50 geólogos, e que sempre foi pilar impor- Geobank (mapas diversos, pontos de observação, etc.)
tante e de fronteira no desenvolvimento geológico do e Siagas (poços tubulares) que favorecem muito a co-
Estado da Bahia. municação com o público

Esta empresa cobriu o Estado com mapas geológi-


cos nas escalas 1:1.000.000 (em diversos projetos e
oportunidades) e praticamente também na escala
1:250.000. Na escala 1:100.000, cerca de mais um ter-

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Figura I.11 - Mapas Geológicos 1:100.000 da Bahia, sistema CPRM-DNPM-CBPM

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Figura I.12 - Mapas Geológicos 1:50.000 da Bahia, sistema CPRM-DNPM-CBPM

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4.1.4 CBPM – Companhia Baiana de Pesquisa já realizados pelo Estado, abrangendo uma área de
Mineral cerca de 258.451 km2, totalizando 612.177 km lineares
de voo (Fig.I.13). (CAPÍTULO II)
A CBPM é uma sociedade de economia mista, vin-
culada (hoje) à Secretaria da Indústria, Comércio e Um sistema de geodatabase (IGBA) está sendo orga-
Mineração-SICM, criada em dezembro de 1972. Seus nizado na companhia, para armazenar todos os dados
objetivos são a pesquisa, prospecção e desenvolver possíveis, e que vai permitir consulta franca geral pe-
formas de aproveitamento dos bens minerais, além los usuários e interessados.
de prestar serviços e assessoria técnica ao Estado e
aos empresários. Particularmente, a empresa está Os trabalhos e as edições promovidos pela CBPM
apta à execução de projetos próprios de pesquisa e (Textos Básicos, Séries, Arquivos Abertos etc.) – que
de comercialização de bens minerais, e tem feito isto merecerão detalhamento no item relativo às sínteses
com sucesso. – e a sua capacidade de interação com outras em-
presas, com a universidade, na promoção de eventos
A CBPM conta hoje com uma equipe de cerca de 35 científicos, na abertura para treinamento de seu pes-
geólogos (e alguns engenheiros de minas, entre mui- soal técnico (inclusive no exterior) faz desta empresa
tos outros técnicos de nível médio e superior). Du- – considerada a mais bem sucedida do gênero no país
rante os últimos 40 anos a CBPM realizou mais de – um paradigma a ser aplaudido.
400 projetos vinculados à geologia, sendo portadora
de quantidade inusitada de informações do subsolo 4.1.5 O Papel das Universidades
baiano. Entre estes projetos destacam-se aqueles de
inventário de recursos minerais e ocorrências, mape- Como já focado acima, a criação dos cursos de geo-
amento geológico básico (em parte conveniada com logia no Brasil trouxe um fôlego novo e salutar para
a CPRM e/ou com universidades e empresas), explo- a evolução do conhecimento geológico. A partir dos
ração mineral, avaliação de bens e de reservas. Pon- anos 70, com a introdução dos diversos cursos de pós-
tificam neste acervo os levantamentos aerogeofísicos -graduação, o progresso do conhecimento geológico
contratados, que estão expostos na figura I.13. Vários se intensificou, porque vários campos novos de inves-
depósitos minerais importantes foram descobertos tigação foram abertos.
pela CBPM e muitos estão em exploração, ao lado do
que há um bom número de oportunidades concretas Vários mestrados e doutorados foram desenvolvidos
de investimentos (p.e. ouro, kimberlitos, pedras or- em porções distintas de embasamento (TTG, cintu-
namentais, vanádio, calcário, barita, areias silicosas, rões granulíticos, greenstone belts, plutonismo gra-
areias com titânio, etc.), na expectativa de investido- nítico e alcalino) e das coberturas (proterozoicas e
res privados empresariais ou compradores. fanerozoicas s. l.). Muitos excertos destes mestrados e
doutorados estão publicados no Brasil e no exterior, e
Um dado adicional sobre a CBPM diz respeito aos le- todos eles (de certa forma) foram conhecimentos ab-
vantamentos aerogeofísicos do Estado, promovidos sorvidos e integrados nos grandes trabalhos de sínte-
entre 1975 e 2009, que são matéria-prima indispen- se (textos e mapas).
sável para todos os projetos de mapeamento geoló-
gico e pesquisas minerais das áreas contempladas. Além dos mapas geológicos originados nestes traba-
O programa, sem similar no Brasil (por parte de es- lhos de pós-graduação (e deles auferidos para as sín-
tados), tem como objetivo, para o futuro, a cobertura teses), é válido destacar aqueles trabalhos enfocando
aerogeofísica de todo o Estado. São 32 levantamentos recursos minerais metálicos e não metálicos os mais

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Figura I.13 - Levantamentos Aerogeofísicos do Estado da Bahia – Áreas levantadas em 1975-2009. CBPM/ SICM

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diversos, e ainda sobre gemas (esmeralda, ametista, Não é oportuno e aconselhável discriminar/citar no-
citrino, etc.), sobre rochas ornamentais, sobre água mes de autores de dissertações de mestrado e teses,
mineral e recursos hídricos diversos (água subter- para não cometer injustiças, e porque o conjunto da
rânea). Estes trabalhos muitas vezes foram feitos em obra é o que fica consignado. Ao seu modo e tempo,
associação estreita com a CPRM, CBPM, Petrobras todos foram importantes. Quem for pesquisar sobre
e a Indústria Mineral. Um levantamento comple- estas teses e dissertações de mestrado achará os no-
to destes trabalhos, da metade dos anos 70 para os mes de destaque na sua área de interesse.
nossos dias ainda está para ser feito, mesmo porque
muitos deles estão inéditos, ainda. Felizmente, grande Na organização das principais reuniões científicas
parte do conhecimento por eles gerado já foi incorpo- promovidas na Bahia e Sergipe (enumeradas neste
rada em outros trabalhos (de síntese ou não) já pu- trabalho), a participação da Universidade e de seus
blicados alhures. Além da validade como fatores de professores foi notória, em termos de arregimentação
treinamento e aprimoramento, tem ressaltado o fato de esforços e espaços adequados, busca de recursos,
do contingente de novos conhecimentos que foram na edição de várias publicações específicas etc.
adquiridos para a geologia baiana.
Nos eventos comemorativos dos 50 anos (1957-2007)
Além da UFBA, a geologia da Bahia tem sido contem- da criação do curso de geologia na Universidade Fede-
plada por trabalhos de pós-graduação (além da pes- ral da Bahia-UFBA, surgiu a ideia de uma publicação
quisa individual de seus professores) de várias univer- dedicada ao registro histórico da evolução do conheci-
sidades brasileiras de São Paulo, de Campinas, de Mi- mento, documento especial publicado pela Secretaria
nas Gerais, de Ouro Preto, da Universidade de Brasília da Indústria, Comércio e Mineração-SICM, trabalho de
e de Pernambuco (as mais frequentes). No campo da estreita cooperação entre a CPRM, a Universidade, a
geocronologia, a Bahia tem recebido contribuições de SBG e a CBPM, em 2008. Nesta publicação especial,
diversos laboratórios do Brasil (USP, UFPA, UFRGS, muito bem organizada por geocientistas da CPRM e da
UnB), mas também de vários laboratórios do exterior Universidade (Bahia, 2008, ISBN- 978-85-85680-32-9)
(USA, Europa, Austrália e França), na maioria das ve- estão reunidos vários trabalhos clássicos sobre a geo-
zes atracados com projetos de pós-graduação (mas logia da Bahia, a maioria deles já publicados, mas que
não necessariamente). Em 1978, quando da edição estavam bastante dispersos. Estes trabalhos versam
do Mapa Geológico de Inda & Barbosa (1978), a Bahia sobre o embasamento do Cráton do São Francisco e
dispunha de cerca de 550 determinações geocrono- de suas coberturas proterozoicas, granitogênese e
lógicas (métodos Rb-Sr e K-Ar, sobretudo); hoje este recursos minerais, mas também sobre a Faixa Ser-
número é incontável (passa estimativamente de 3.000 gipana, e com algumas inserções de trabalhos sobre
determinações), a grande maioria oriunda de méto- as bacias sedimentares (Recôncavo e Faixa Costeira).
dos de maior poder de resolução (U-Pb, vários tipos). Trata-se de uma obra extremamente meritória, opor-
No caso da UFBA, é justo destacar a concentração de tuna e feliz, que conseguiu resgatar alguns clássicos
trabalhos de pós-graduação em problemas de geolo- fundamentais da geologia da Bahia e publicá-los num
gia da Bahia. De 53 teses já defendidas na UFBA, em único volume, que desde já se insere como uma das
campos diversos (geoquímica, sedimentologia, petro- sínteses mais importantes da geologia da Bahia, neste
logia, geologia estrutural, metalogenia, etc.) cerca de início de século.
75% foram voltadas para problemas geológicos espe-
cíficos do território baiano, e grande parte se trans-
formou em publicações em revistas indexadas.

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4.1.6 Projeto RADAMBRASIL o Mapa Geocronológico (Mascarenhas & Garcia 1989)
e o de Recursos Minerais (Sá et al. 1980), documentos
Nos anos 70, o Projeto RADAMBRASIL do DNPM fo- de síntese de muito boa qualidade. Mais recentemen-
tointerpretou e integrou ao milionésimo os dados te, na mesma esteira, foi editado o Mapa Gemológico
geológicos das folhas SC. 23-Rio São Francisco e SC. (escala 1:2.500.000) por Couto (2000). Nestes três úl-
24-Aracaju, somando uma área próxima a 220.000 timos casos, sem esquecer o patrimônio de síntese aí
km2. Nos anos 80, trabalhos semelhantes foram de- embutido exitosamente, temos que ressaltar que são
senvolvidos nas folhas SC. 24-25, Aracaju/Recife, en- exclusivos no gênero, sem similares (servindo como
tre os paralelos 8º S e 12º S e na Folha Salvador SD. exemplo) para os demais estados da federação nes-
24 (entre os paralelos 12º S e 16º S). Consoante as li- te e em outros continentes. A atuação da CPRM e da
mitações da escala e da metodologia (alguns poucos Secretaria de Minas e Energia (através de vários dos
trabalhos de campo adicionais), trata-se de contribui- seus órgãos vinculados) merece registro.
ções interessantes, com informações sobre a geolo-
gia, a fisiografía, a vegetação e os recursos naturais e Naquele último mapa ao milionésimo, confeccionado
hídricos, que foram utilizadas, e atualizados de certa por Dalton de Souza et al. (2003), envolvendo gran-
forma na elaboração posterior dos mapas geológicos de parte de toda a equipe da CPRM, além do suporte
da Bahia. complementar de dados geofísicos (Bouguer, domí-
nios litoestruturais, domínios tectônicos.) e geocro-
nológicos mais atualizados, a sua associação com
modelo digital de terreno, a característica de ter to-
5 Síntese dos os dados digitalizados e georreferenciados (“GI-
Sados”), e porque não, até a beleza das cores escolhi-
O historiador da geologia da Bahia contará a seu fa- das, é um mapa para sensibilizar quaisquer plateias.
vor com alguns trabalhos de síntese de qualidade, É um exemplo a ser reiteradamente mencionado e ser
reiteradamente aqui apelidados de alicerces e marcos seguido em qualquer país do mundo. Se o mapa de
do conhecimento, seja em forma de mapas ao milio- 1978 foi excelente e de qualificação inusitada para sua
nésimo (1978, 1996, 2003), seja em termos de publica- época (e foi um exemplo citado e que atraiu muitos
ções especiais (p. e. Geologia e Recursos Minerais do seguidores), o mapa de 2003 – com os recursos desta
Estado da Bahia-Textos Básicos, de 1975 a 1981, Série década – é sucedâneo à altura. De um modo geral es-
Arquivos Abertos da CBPM – desde 1993, Revista Ce- tes mapas são de consulta e leitura obrigatória para
râmicas da Bahia, etc.), seja em termos de livros de se avaliar o conhecimento geológico do Estado e a
cunho regional (abrangendo o Cráton do São Francis- sua evolução.
co e suas faixas marginais) ou nacional.
Os primeiros textos de síntese a serem mencionados
Os mapas geológicos na escala ao milionésimo de Inda são aqueles que seguiram a edição do mapa de 1978,
& Barbosa (1978, CPM-CBPM, com vários textos a ele editados pela CPM-Secretaria de Minas e Energia/
vinculados), Barbosa & Dominguez (1996, SICM-SGM) SME-CBPM sob o título de “Geologia e Recursos Mi-
e Dalton de Souza et al. (2003, CPRM) são documen- nerais do Estado da Bahia-Textos Básicos”, editados
tos de excelente qualificação técnica e rara felicidade em 1979 (1º e 2º volumes), 1980 ( 3º volume), 1981 (4º
que, cotejados, conseguem mostrar e aferir evolução volume), 1984 (5º volume), 1985 (6º volume), 1986 (7º
do conhecimento geológico do Estado (e da região, volume). Estão contemplados nestes volumes ele-
em termos tectônicos). Na esteira destes mapas, e sob mentos da geologia básica, do embasamento e cober-
o respaldo da geologia neles figurada foram editados tura, nos seus mais diversos tempos e formas, a geo-

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cronologia e de alguns tipos específicos de minerali- no seu capítulo de Geotectônica do Escudo Atlântico
zações (ouro, cobre, chumbo, etc.). Trata-se de uma (principalmente) traz excelente síntese atualizada so-
coletânea altamente oportuna e elogiável, e desta- bre os elementos geológicos da Bahia, embasamen-
cável como o primeiro esforço de síntese da geologia to e cobertura, com excelente nível de atualização.
baiana em suas diversas feições e riquezas minerais. Igualmente, o livro editado por Mantesso-Neto et al.
(2004, Petrobras/Beca ISBN 85-87256-45-9) para
Os livros editados por Almeida & Hasui (1984) e de a geologia do continente sul-americano, em vários
Schobbenhaus et al. (1984, este vinculado ao Mapa capítulos, traz, em diferentes formas e abordagens,
Geológico do Brasil na escala 1:2.500.000), ao trata- observações de ponta sobre a geologia da Bahia. Des-
rem das províncias do São Francisco e da Borborema taca-se o capítulo I com síntese moderna sobre o Crá-
(parte sul), fizeram sínteses de qualidade sobre o arca- ton do São Francisco, o capítulo XIX sobre granulitos
bouço geológico e tectônico regional , inclusive incor- e o capítulo XXX sobre glaciações neoproterozoicas,
porando os dados geocronológicos existentes até en- entre muitos outros. No momento, estes livros são os
tão. São consideradas sínteses meritórias e referências portadores das sínteses mais atualizadas e dignas de
valiosas para seus respectivos tempos e objetivos. menção (sem esquecer aquela edição de Bahia 2008,
já destacada na contribuição das universidades, que
Em 1993, como sequência ao Simpósio do Cráton do traz alguns textos clássicos do passado)
São Francisco (1982, Salvador), Dominguez & Misi
(1992) editaram um livro sobre o Cráton do São Fran- O texto “Geologia da Bahia-50 anos de contribuição”
cisco. Neste livro estão abordados os diversos tipos de (Bahia 2008) supracitado, dos eventos comemorati-
terrenos do embasamento do Cráton (terrenos de alto vos dos 50 anos (1957-2007) da criação do curso de
grau e de baixo grau, corpos máficos e ultramáficos) e geologia da UFBA, já comentado, deve ser novamente
da sua cobertura proterozoica (com o primeiro ensaio evocado e aqui inserido, como um dos importantes pi-
destas coberturas sob o ponto de vista de análise de lares destas sínteses obrigatórias. Da mesma forma,
bacias). Ainda são capítulos deste livro importantes as Atas, Anais e Boletins dos certames científicos já
resenhas e sínteses sobre a geocronologia do Cráton e enumerados acima, fazem parte da relação de sínte-
da Bahia e sobre os recursos minerais do Cráton (den- ses importantes.
tro do contexto geotectônico).
Neste objetivo de apontar sínteses de grande valia
O livro editado por Cordani et al. (2000) sob patrocínio para se aferir o conhecimento geológico do Estado
do 31º Congresso Geológico Internacional tem gran- deve ser enfatizada a publicação especial da série “Ar-
de importância para a geologia do Brasil, e da Bahia quivos Abertos”, da CBPM. Do primeiro (n. 1, em 1993)
em particular. As evoluções tectônicas do Cráton do ao último (n. 37, em 2011, ISBN 978-85-85680-44-2)
São Francisco e de suas várias faixas marginais estão esta série tem pinçado e publicado os temas mais in-
sintetizadas na língua inglesa, assim como parte da teressantes do embasamento (greenstone belts, como
metalogenia. Mantesso-Neto & Schobbenhaus (2004) Umburanas, Mundo Novo, Contendas-Mirante), da
chegaram a evocar este fato (e os acontecimentos co- cobertura (Chapada Diamantina, Bacia do Rio Pardo),
nexos), pela importância no contexto internacional, de recursos minerais (diamantes, estanho, etc.), todos
como suficientes para demarcar um novo período na eles excertos de mapeamentos geológicos e relató-
evolução do conhecimento geológico do Brasil rios já concluídos (da CBPM e CPRM). Este é sem dú-
vida um trabalho vigilante e de grande importância
O livro editado por Bizzi et al. (2003, CPRM, ISBN 85- para que a comunidade tenha o mais franco acesso e
230-0790-3) sobre a geologia e recursos minerais aproveitamento científico de trabalhos (que em mui-

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tas empresas estariam relegados às prateleiras e até De certa forma, para o embasamento e as coberturas
o esquecimento) de valia inestimável, e que não pode- précambrianas há uma grande diversidade de textos
riam estar em arquivos restritos. (livros, “Textos Básicos”, mapas, históricos, etc.), e o
cotejo destes diferentes tipos de sínteses menciona-
Os Mapas, Textos Básicos, Livros, resenhas editadas, dos em itens anteriores é o melhor caminho para for-
Atas e Anais, e os arquivos supramencionados podem mar uma ideia da Geologia da Bahia e dos caminhos
não ser os únicos registros valiosos dignos de referên- de seu desenvolvimento. Para o caso dos sedimentos
cia agora (alguns podem ter escapado de citação). Não fanerozoicos, é necessário retornar aqui e reiterar um
podem ser esquecidos os Anais e Boletins Expandidos caminho relativamente menos complexo. É aquele
gerados nos inúmeros eventos científicos antes já ven- concedido pelas sínteses bem fundamentadas e ob-
tilados. Por exemplo, os muitos textos originados em jetivas de excelente qualidade já existentes. Primeiro
trabalhos de pós-graduação foram mencionados en é o caso do trabalho excepcional da lavra de Ghig-
passant na análise da contribuição das universidades none (1979), aliando o histórico do conhecimento ao
(embora partes deles estejam certamente incorpora- seu lastro na época. O segundo caso é o do Boletim
do a este conjunto aqui destacado) Muitos deles estão de Geociências da Petrobras, v. 15, n. 2 de 2007 (já
publicados de forma reduzida em revistas nacionais e mencionado) que traz sínteses atualizadas das colu-
internacionais. Estas teses e publicações constituem, nas lito-bio-cronoestratigráficas de todas as bacias
sem nenhum favor, suporte e substância suficiente, de sedimentares do território baiano, de inestimável va-
densidade específica elevada, para retratar o conheci- lor, tanto para a história (este é um marco obrigatório
mento geológico do Estado da Bahia, como ele chegou e um ponto de parada e reflexão) da geologia, como
a esta primeira década do século XXI. para o seu conhecimento.

Hi stó r i co d a G eo lo g i a d a Ba h ia • 61

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Estudos Geofísicos.
Evolução e
Estágio Atual do
Capítulo II Conhecimento
Edson Emanoel Starteri Sampaio (UFBA)
Raymundo Wilson Santos Silva (CBPM)

1 Introdução
Atualmente, a aplicação da geofísica em geociências tem sido intensamente requerida para a análise e o enten-
dimento do ambiente natural. Entre suas áreas de aplicação, avulta o suporte ao mapeamento geológico básico
e sua implementação, principalmente para prover informações dos mecanismos crustais causadores das evidên-
cias na superfície. Também, a prospecção regional de recursos naturais, tais como: materiais de construção, água
subterrânea, petróleo e uma diversidade de espécies minerais, necessita da participação de estudos geofísicos.
Além dessas duas grandes aplicações, o conhecimento geofísico também é útil em estudos de hidrologia super-
ficial e subterrânea, de proteção ambiental, de desenvolvimento florestal e agrícola, de arqueologia e de saúde
comunitária, bem como em investigações forenses e de geotecnia.

A crescente difusão e procura pelo uso da geofísica deve-se à capacitação de grupos de geocientistas e pesqui-
sadores da área. Isto tem possibilitado um grande avanço na tecnologia de aquisição de dados, na definição de
algoritmos mais precisos no tratamento, modelagem e interpretação dos mesmos e na informatização e gestão
da informação com criação de bancos de dados robustos e corporativos.

Historicamente, nas décadas anteriores a 1970, os trabalhos de geofísica na Bahia foram predominantemente
direcionados para pesquisa de petróleo com o uso dos métodos potenciais magnético e gravimétrico, além dos
métodos sísmicos de refração e de reflexão.

E stu d o s g eo f í s i co s : evo lu ção e estág i o atu al d o co n h eci m ento • 63

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Durante a década de 1970, ocorreu o início da imple- vos em nosso país. Tal evento ocorreu em 1969, com a
mentação de programas intensivos de levantamen- criação, na Universidade Federal da Bahia, do primei-
tos aéreos recobrindo extensas regiões do Estado ro Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Geofí-
da Bahia, majoritariamente aquelas de exposição do sica no país com os objetivos de realizar pesquisas de
embasamento cristalino. Estes levantamentos foram alto nível e formar mestres e doutores em geofísica,
patrocinados, principalmente, pelo governo federal, nas áreas de física nuclear e de exploração de recur-
através do MME-Ministério de Minas e Energia e NU- sos naturais: água subterrânea e recursos minerais.
CLEBRAS e parte pelo governo estadual, através da O amadurecimento desse programa permitiu à UFBA
SME/CBPM-Secretaria de Minas e Energia/Compa- criar o segundo curso de Graduação em Geofísica do
nhia Baiana de Pesquisa Mineral. Algumas áreas de Brasil em 1994.
bacias sedimentares foram recobertas pela PETRO-
BRAS. Este capítulo abordará, principalmente, a evolução
da geofísica como instrumento de contribuição ao co-
A partir da década de 1980, o governo do Estado da nhecimento geológico do território baiano do ponto
Bahia retomou o programa de cobertura aerogeofísi- de vista macro, para a definição de grandes ambien-
ca em áreas até então não recobertas. Este programa tes e sua configuração tectônica.
foi mais intensificado a partir da década de 1990-2000
onde se realizou o recobrimento de áreas anterior-
mente já levantadas, neste caso, com tecnologia de
alta resolução. Ainda na década de 1980, foi elabo- 2 Aplicações da Geofísica
rado o Mapa Gravimétrico Regional (Bouguer) na
escala 1:1.000.000, através do Projeto Levantamento No estágio de desenvolvimento atual, se reconhece
Gravimétrico do Estado da Bahia, executado em 1980, e se identifica o uso global da geofísica em diversos
pelo Convênio DNPM/CPRM-Departamento Nacional segmentos da sociedade. Entre eles, os órgãos pú-
da Produção Mineral/Companhia de Pesquisa de Re- blicos federais, estaduais e municipais, além de em-
cursos Minerais (Gomes et al. 1980) e atualizado pelos presas privadas e organizações não-governamentais.
mesmos autores. Estas entidades atuam, principalmente, nas seguintes
áreas:
É importante ressaltar o significado da política de
cobertura do Estado da Bahia por levantamentos ae- (i) Levantamentos Básicos – identificação e caracteri-
rogeofísicos (magnetometria e espectrometria gama) zação de ambientes geológicos e compartimentações
colocando-o como um dos estados que apresentam o tectonoestruturais e, também, na definição de alvos
melhor conhecimento de seu território. Em adição a específicos para trabalhos de pesquisa mineral;
esses levantamentos, do ponto de vista prospectivo,
vários levantamentos geofísicos (aéreos e terrestres), (ii) Prospecção Aplicada à Pesquisa Mineral – tanto
têm sido executados por empresas privadas e estatais, de semidetalhe quanto de detalhe, utilizando serviços
recobrindo áreas reconhecidas como potencialmente aerotransportados ou terrestres, na identificação de
portadoras de minérios ou de petróleo. assinaturas geofísicas relacionadas à definição e deli-
mitação de depósitos minerais;
A Bahia foi pioneira na formação de mestres e douto-
res em geofísica no Brasil. Isto constituiu um marco (iii) Recursos Hídricos – na identificação de áreas ou
relevante na formação de pessoal qualificado em ge- zonas favoráveis à locação, perfuração, definição das
ofísica aplicada aos estudos geológicos e prospecti- potencialidades e aproveitamento dos recursos hídri-

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cos subterrâneos, bem como na avaliação e monito- 3.1 Gravimetria
ramento da qualidade e quantidade dos aquíferos;
Para o Estado da Bahia foi elaborado o mapa Bouguer
(iv) Ambiental – no estudo dos problemas decorren- resultante dos trabalhos executados pelo Projeto Le-
tes da utilização do meio físico pelo homem, encami- vantamento Gravimétrico do Estado da Bahia (Gomes
nhando sugestões práticas para o desenvolvimento et al. 1980, Gomes et al. 1996), através do Convênio
equilibrado entre o ambiente natural e o desenvolvi- DNPM/CPRM (Fig.II.1).
mento industrial regional; visando dar suporte a di-
versos programas ligados a diagnósticos ambientais, Para melhorar este mapa é premente a necessidade
através de sensores específicos, para elaboração de de uma atualização destes dados, com a tomada de
programas preservativos e corretivos visando o mo- medidas em estações terrestres que permitam me-
nitoramento e a proteção dos recursos ambientais; lhor homogeneizar e adensar as informações. A com-
partimentação geológica, sobreposta ao mapa Bou-
(v) Geotecnia – dando suporte a esta ferramenta bá- guer (Fig.II.1) ressalta a importância do uso destes
sica para estudo dos processos relacionados a áreas dados na interpretação e entendimento do arcabouço
de riscos geológicos em taludes, encostas, cavidades geológico do Estado.
cársticas, estradas e aterros e na implantação de bar-
ragens, açudes e polos industriais; As figuras II.2, II.3 e II.4 mostram uma interpretação
do arcabouço geotectônico da Bahia ao longo de
(vi) Agronegócios e Florestal – no mapeamento dos perfis regionais, combinando os dados gravimétricos
diversos tipos de solo e redes de drenagem, dando com os segmentos geotectônicos atualizados (Sam-
suporte para planejamento territorial, de forma a ra- paio & Barbosa, em elaboração).
cionalizar o uso e a ocupação do meio físico;
O perfil A-B (Goiás, Tocantins-Sergipe) (Fig.II.2) cruza
(vii) Investigação Forense – utilizando o imageamento o Bloco Gavião (BG), o Cinturão Itabuna-Salvador-Cu-
geofísico no diagnóstico legal sobre situações crimi- raçá (CISC) e o Bloco Serrinha (BS). A análise do mapa
nais e judiciais; e Bouguer indica um aumento deste valor no sentido
leste. Isto sugere um espessamento crustal no sentido
(viii) Estudos Arqueológicos – visando localizar e oeste, com o manto mais profundo sob o Bloco Gavião.
identificar construções humanas históricas soterra-
das, tais como: criptas, sambaquis, etc. O perfil C-D (Goiás-Oceano Atlântico) (Fig.II.3) atra-
vessa os Blocos Gavião (BG), Jequié (BJ) e o Cintu-
rão Itabuna-Salvador-Curaçá (CISC). No sentido de
C para D, também é verificado um aumento no va-
3 Levantamentos Geofísicos lor Bouguer da região, além de pontos com valores
muito baixos nas regiões intermediárias do perfil. Ele
Os levantamentos geofísicos colocam a Bahia como também sugere um afinamento crustal, no sentido
um dos estados de melhor cobertura geofísica em es- da costa, do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá com
cala regional, quer aérea, com os métodos magnético uma região intermediária possuidora de grande es-
e de espectrometria gama, quer terrestre, com o mé- pessura da crosta, associada ao Bloco Paramirim.
todo gravimétrico.
O perfil E-F (Minas Gerais – Oceano Atlântico) (Fig.
II.4) também atravessa os Blocos Gavião (BG), Jequié

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Figura II.1 - Mapa Bouguer com os principais domínios ou províncias geológicas.
Fontes: Gomes et al. (1980), Gomes et al. (1996), Sampaio & Barbosa (em elaboração).

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Figura II.2 - Esboço tectônico do perfil A-B. Baseado na combinação dos dados Bouguer com a geologia
e segmentos geotectônicos da Bahia (Sampaio & Barbosa, em elaboração). CISC = Cinturão
Itabuna-Salvador-Curaçá.

Figura II.3 - Esboço tectônico do perfil C-D. Baseado na combinação dos dados Bouguer com a geologia
e segmentos tectônicos da Bahia (Sampaio & Barbosa, em elaboração). BG = Bloco Gavião,
BJ = Bloco Jequié.

Figura II.4 - Esboço tectônico do perfil E-F. Baseado na combinação dos dados Bouguer com a geologia
e segmentos tectônicos da Bahia (Sampaio & Barbosa, em elaboração).

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(BJ) e o Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (CISC). Há (ii) O Bloco Jequié constituído basicamente de rochas
um aumento do valor Bouguer da região no sentido arqueanas e deformado e metamorfisado no Paleo-
de E para F, indicando também um afinamento crus- proterozoico é muito espesso na região de Brejões (se-
tal para leste, com consequente ascensão de material ção C-D da figura II.1); (iii) Esse mesmo bloco, quando
mais denso do manto. se estende para o sul do Estado, diminui de espessura
para desaparecer no extremo sul (seção E-F da figura
A importância da gravimetria fica ainda mais eviden- II.1) e dar oportunidade da crosta oceânica neopro-
te, no tocante a uma interpretação macro. Isto pode ser terozoica aflorar sob as rochas da Faixa Araçuaí. (iv)
observado com o produto apresentado por Molina et al. Na costa atlântica, é onde o manto se aproxima mais
(2000), a partir de dados coletados por diferentes ins- da superfície. Essa situação foi criada durante a tec-
tituições e que perfazem mais de 45.000 estações. São tônica paleoproterozoica que fez extravasar as rochas
os mapas Bouguer e de anomalias residuais, em uma metamórficas de alto grau infracrustais do Cinturão
malha de 5’ x 5’, da área limitada entre os meridianos Itabuna-Salvador-Curaçá, superpondo-se às rochas
54°W e 32°W e os paralelos 8°S e 24°S. Esta área englo- do Bloco Jequié (Barbosa & Sabaté 2002, 2004).
ba a região do Cráton do São Francisco, seus cinturões
de dobramentos marginais, as margens continentais e Com relação a essa última interpretação, fica evidente
bacias oceânicas. A figura II.5 representa a resolução que, quando da separação Brasil-Africa, a crosta con-
das estações gravimétricas nesta região recoberta pe- tinental baiana ao longo da atual costa atlântica, já
los dados gravimétricos. Por sua vez, da figura II.6 até se encontrava afinada e extremamente deformada, o
a figura II.10, estão representados os mapas de valores que deu lugar ao aparecimento de estruturas dúcteis
Bouguer e Residual para diferentes níveis. e dúcteis-rúpteis identificadas nos seus granulitos. As
tensões que se implantaram na época dessa separação,
Nestes mapas, compilados de Molina et al. (2000) no Mesozoico, fizeram com que a crosta se separasse
estão lançados o contorno dos limites do Cráton de segundo as direções dessas deformações. As formas
São Francisco e anotadas as faixas de dobramentos das ombreiras das bacias costeiras na Bahia, paralelas
marginais: Brasília, Formosa do Rio Preto, Riacho do a essas deformações, permitem deduzir esses fatos.
Pontal, Sergipana e Araçuaí, de acordo com Almeida
(2008) e Barbosa & Sabaté (2003). Os dados gravimé-
tricos balizam, de forma marcante, os limites do crá- 3.2 GDS (Sondagem Geomagnética
ton. Neles, estão também representados os principais Profunda)
limites dos domínios geológicos do Estado da Bahia.
Mais recentemente, foram realizados levantamentos
As unidades e os segmentos tectônicos principais do GDS com o objetivo de estudar o arcabouço crustal
Estado, com destaque para aqueles produzidos no da região a leste do meridiano de 43ºW no Estado da
Arqueano e Proterozoico, estão sobrepostos ao mapa Bahia e áreas vizinhas. Os dados representados se re-
de anomalia Bouguer da figura II.1. Essa conjugação ferem a 24 estações, e a aquisição e o processamento
torna possível interpretar seções geológico-geofísi- preliminar deles foram feitos pelo DGE/INPE-Depar-
cas, que mostram a transição entre a base da crosta tamento de Geofísica Espacial do Instituto Nacional
e o manto. Assim, pode-se inferir quatro informações de Pesquisas Espaciais. Assim, as feições geológicas
importantes. (i) Uma das partes onde a crosta é mais passíveis de análise através dos dados geofísicos são
profunda está localizada aproximadamente no centro o Cráton do São Francisco, a Faixa de Dobramentos ou
do Estado, sob o Bloco Gavião, mais especificamen- Orógeno Araçuaí (CAPÍTULO X) e a Faixa de Dobra-
te sob o Bloco Paramirim, o primeiro estruturado no mentos Sergipana (CAPÍTULO XI).
Paleoproterozoico e o segundo no Neoproterozoico;

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Figura II.5 - Mapa de resolução das estações gravimétricas dado em distância média entre estações vizinhas. Fonte: Molina et al. (2000).
O arcabouço tectônico da Bahia, em linhas brancas e áreas numeradas, é o mesmo da figura II.1.
Linha vermelha assinala o limite do Cráton do São Francisco.

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Figura II.6 - Mapa de anomalia Bouguer (valores em mGal) sobreposto ao relevo. Fonte: Molina et al. (2000). O arcabouço tectônico da
Bahia, em linhas brancas e áreas numeradas, é o mesmo da figura II.1. Linha vermelha assinala o limite do Cráton do São Francisco.

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Figura II.7 - Mapa gravimétrico regional (valores em mGal). Fonte: Molina et al. (2000). O arcabouço tectônico da Bahia, em linhas brancas e
áreas numeradas, é o mesmo da figura II.1. Linha vermelha assinala o limite do Cráton do São Francisco.

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Figura II.8 – Mapa gravimétrico residual (valores em mGal). Fonte: Molina et al. (2000). O arcabouço geotectônico da Bahia, em linhas
brancas e áreas numeradas, é o mesmo da figura II.1. Linha vermelha assinala o limite do Cráton do São Francisco.

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Figura II.9 - Mapa gravimétrico regional (valores em mGal), com continuação para cima (50Km). Fonte: Molina et al. (2000).
O arcabouço geotectônico da Bahia, em linhas brancas e áreas numeradas, é o mesmo da figura II.1. Linha vermelha assinala o limite do
Cráton do São Francisco.

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48°W 44°W 40°W 36°W
DO PON
CHO TA
RIA L
A 04
IX
FA
15 11F
SJ AI
01 XA
10°S

10°S
SE 11
ETO 04 RG
PR IP
03 AN
RIO 10 A
12 18
XA 18 13 16
12
I
FA

01
17 06 07
16
01
12
14
LIA

01 05
16
16

14°S

14°S
01 08
BRA

02
90
01
80
70
60
I

50
UA

40

30
XA

20
AR

09 10
FAI

0
-10
-20
18°S

18°S
-30
FAIXA

-40
-50
-60
-70
-80
-90
-100
-110
-120
-130
-140
-150
-160
22°S

22°S

0 90 180 270 km -170


-180

48°W 44°W 40°W 36°W

Figura II.10 – Mapa gravimétrico residual (valores em mGal) obtido com a remoção dos dados da figura II.15. Fonte: Molina et al. (2000).
O arcabouço tectônico da Bahia, em linhas brancas e áreas numeradas, é o mesmo da figura II.1. Linha vermelha assinala o limite do
Cráton do São Francisco.

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O skin-depth, (δ), constitui um parâmetro importante Fourier de componentes do campo magnético em nT.s
do método (GDS). Ele indica a profundidade em que a (nanotesla segundo), respectivamente, para os perío-
energia eletromagnética cai para cerca de 14% de seu dos de 8 e 64 minutos. O magnetograma e os mapas
valor na superfície, atuando como uma estimativa da de contorno ilustram a potencialidade do método GDS.
profundidade de exploração a um dado período e para
um dado valor da resistividade elétrica do meio. A fi- 3.2.1 Magnetograma da Seção S1
gura II.11 ilustra as possíveis alternativas de profun-
didade de exploração para períodos entre 4 e 172 mi- Magnetogramas são construídos de maneira a ana-
nutos, faixa de período empregada na análise atual. lisar qualitativamente a variação temporal dos com-
ponentes X (Norte), Y (Leste) e Z (Vertical) do campo
Há diversas formas de representação dos dados de magnético. No exemplo apresentado, o intervalo de
(GDS) nos domínios do tempo e da frequência. Entre tempo analisado foi de 1.440 minutos. Em cada esta-
outros trabalhos importantes de (GDS), os de Arora ção, a média dos valores foi subtraída dos valores em
(1997) e de Mauro et al. (1998) descrevem seu empre- cada instante, para representar a variação temporal
go na definição de estruturas profundas da crosta e relativa dos componentes. A partir deles, os gráficos
indicam essas várias formas de representação e in- estão em uma mesma escala, o que foi possível obter
terpretação. após remoção dos máximos e mínimos globais dos
dados para cada componente.
A figura II.7 mostra a localização do perfil S1 com as 4
estações de observação. A figura II.12 contém o mag- O comportamento temporal dos componentes do
netograma empilhado referente ao perfil S1, no qual campo magnético tem explicação com base na inte-
está representada a variação temporal dos componen- ração de uma onda plana eletromagnética com um
tes Norte (X), Leste (Y) e vertical (Z) do campo mag- condutor da sub-superfície. Se o condutor é linear, o
nético ambiente em nanotesla. As figuras II.13 e II.14 campo magnético o circundará. Isto ocasiona a inver-
representam mapas de contorno da transformada de são do componente vertical (Z), enquanto os compo-
nentes horizontais (X e Y) apresentam um máximo ou
mínimo. É possível ocorrer inversão dos componentes
horizontais a depender da ocorrência de dois ou mais
condutores com orientações diferentes. Isso é exata-
mente o que ocorre no magnetograma da seção S1,
representado na figura, que compreende as estações
SAG, BON, IBC e CAM indicadas na figura II.1. É per-
ceptível a inversão dos componentes Z e Y do campo e
um máximo do componente X, entre as estações BON
e IBC, o que sugere a ocorrência de dois condutores
um na direção SW-NE e outro na direção WNW-ESE.

Como há uma grande distância entre as estações an-


teriormente referidas, é muito provável que os dois
condutores constituam uma região associada a li-
Figura II.11 – Variação do skin-depth em quilômetro em função da mites entre blocos ou domínios geológicos distintos
resistividade elétrica em Ω.m e do período do campo magnético
com fissuras profundas. Tal comportamento anômalo
em minuto.
é corroborado pelo mapa de anomalia Bouguer da

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Figura II.12 - Magnetograma da variação, em nanotesla, dos componentes magnéticos: norte (X), leste (Y) e vertical (Z) ao longo de um dia
em quatro estações de GDS da seção S1. Fonte: Santos e Sampaio (2010).

área que exibe valores anômalos elevados exatamen- A análise de Santos e Sampaio (2010) empregou os
te entre essas estações e em uma região localizada a mapas das Transformadas de Fourier para os perí-
noroeste do Bloco Jequié. Supondo que o Bloco Je- odos de 4, 8, 24, 64 e 172 minutos das amplitudes e
quié possua grande espessura crustal, a anomalia de fases dos três componentes: vertical (Z), norte (X) e
condutividade pode estar associada a uma ascensão leste (Y).
local do manto nessa região ou a uma diferenciação
litológica marcante da crosta inferior que compõe A posição das 24 estações empregadas para calcular
esse bloco. todos os mapas de (GDS) das Transformadas de Fou-
rier estão representadas nas figuras II.13 e II.14. Essas
figuras ilustram a variação espacial da amplitude e da
3.2.2 Mapas de Contorno da Transformada de fase dos componentes Z, X e Y, respectivamente para
Fourier os períodos de 8 e de 64 minutos.

O emprego de mapas de contorno da transformada de Considerando que as partes superior e média da cros-
Fourier constitui procedimento corriqueiro na análise ta apresentam um valor médio de resistividade entre
de dados do método GDS. Os mapas representam a 50 e 500 Ω.m, pode-se estimar uma profundidade en-
variação das amplitudes e fases ou das partes reais tre 85 e 250km para o período de 8 minutos. Se for
e imaginárias, para um dado valor de frequência ou considerado um valor médio de resistividade entre
de período. 20 e 200 Ω.m para a parte inferior da crosta e para

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o manto superior, podemos estimar uma profundida- Araçuaí (CAPÍTULO X). Além disso, observa-se um nú-
de entre 150 e 440km para o período de 64 minutos. cleo largo com o valor mínimo do campo no extremo
Portanto, as estruturas sugeridas pelos mapas de oeste do mapa. Este núcleo sugere a existência de uma
contorno de valores do campo magnético, dentro do estrutura profunda, talvez parte da Faixa Araçuaí, que
intervalo de período referido, devem estar em pro- desloca para NE o referido limite tectônico.
fundidades que vão desde a zona média da crosta até,
possivelmente, a base da litosfera. Embora o limite entre o Cráton de São Francisco e a
Faixa Araçuaí não esteja marcado para T=64 minutos,
A explicação para o aumento da condutividade elé- o mesmo núcleo de valor mínimo do campo ocorre
trica da litosfera com a profundidade é atribuída, no extremo NW deste mapa. Há uma anomalia 3D
em geral, à presença de olivina hidratada, por cau- na parte central desse mapa, de valor máximo bem
sa da incorporação de hidrogênio a ela, conjugada evidente com centro em torno de 15º30’S e 42ºW, que
à fusão parcial de silicatos do manto Yoshino et al. se estende para sul além da fronteira entre a Bahia
(2006). Entretanto, Gaillard et al. (2008) sugerem a e Minas Gerais. Ela pode corresponder ao substrato
fusão de carbonatos como o principal responsável do Cráton de São Francisco representado pela raiz do
pelo aumento da condutividade, pois a condutividade Bloco Jequié (CAPÍTULO III), que pode ser parte da
de carbonatitos fundidos é mais elevada do que a de base da litosfera. Há outra anomalia 3D no limite sul
silicatos hidratados fundidos. A vigorar essa segunda do mapa em 44ºW. Ela também pode corresponder
hipótese, um manto mais seco e mais condutor cons- à raiz de um núcleo cratônico profundo do Cráton de
tituiria uma fonte de carbono para a crosta. São Francisco.

Será dado maior destaque ao mapa da amplitude do Em correlação com os mapas da amplitude de Z, os
componente vertical conjugado ao mapa da fase de Z. mapas da fase de Z em radianos (rd), evidenciam as
Esse componente é mais sensível às variações late- seguintes características geotectônicas: realce das
rais no valor da condutividade elétrica, principalmen- anomalias 3D do Bloco Jequié para T=64 minutos e
te por causa da baixa inclinação (menor do que 30º) evidências de heterogeneidades laterais na região en-
do campo geomagnético. Entre os dois componentes tre 14º-16ºS e 42º-44º W, região limite Bahia-Minas
horizontais se considerou o componente leste como Gerais, para T=8 minutos. Entre as causas prováveis
mais diagnóstico. Ele é mais sensível que o compo- dessa estrutura, que deve estar a mais de 20km e a
nente norte por causa da declinação inferior a 30º menos de 50km de profundidade, está a passagem da
W do campo e do efeito da direção da interface entre Faixa Araçuaí para seu substrato, representado pelo
as crostas continental e oceânica: o campo anômalo Cráton de São Francisco.
tende a orientar-se perpendicularmente ao contraste
de condutividade. Os mapas do componente Y apresentam compor-
tamento semelhante ao do componente Z para T=8
Os mapas da amplitude de Z em nanotesla (nT) ilus- minutos, o que reforça a idéia da migração do conta-
tram características importantes, descritas a seguir. to entre o Cráton de São Francisco e a Faixa Araçuaí,
Há um lineamento para T igual a 8 minutos, que se es- para noroeste e para profundidades maiores. Vale res-
tende na direção SE-NW desde a costa na latitude de saltar a presença do núcleo positivo no extremo norte
16ºS até uma posição em torno de 14ºS, 42ºW. A partir do mapa em 43ºW, que está mais conspícuo no mapa
daí, ele continua na mesma direção até o extremo NW. da amplitude de Y do que no mapa da amplitude de
Este lineamento deve corresponder ao limite entre Z. Este núcleo pode estar associado à Faixa de Dobra-
o Cráton de São Francisco e a Faixa de Dobramentos mentos Rio Preto (CAPÍTULO IX).

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Figura II.13 - Mapas de contorno da transformada de Fourier para o período de 8 minutos dos componentes magnéticos do campo de
GDS: norte (X), leste (Y) e vertical (Z). Os círculos vermelhos representam a localização das estações de medidas.

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Figura II.14 - Mapas de contorno da transformada de Fourier para o período de 64 minutos dos componentes magnéticos do campo de
GDS: norte (X), leste (Y) e vertical (Z). Os círculos vermelhos representam a localização das estações de medidas.

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Para T=64 minutos, ocorre um lineamento NNE-SSW alongado na direção NE-SW com uma anomalia 3D
ao longo de todo o mapa, coincidente com o núcleo coincidente com o núcleo do Bloco Jequié na transi-
interpretado como pertencente à parte basal do Bloco ção entre os valores altos e baixos da fase do campo.
Jequié no mapa correspondente da amplitude de Z e
que apresenta gradiente forte na parte central. Cotejando este conjunto de informações dos mapas
de GDS com o mapa integrado de gravimetria e ge-
O mapa da fase de Y para T=8 minutos mostra uma ologia do Estado da Bahia, representado pela figura
zona central larga e com valores mais elevados. Essa II.1, observa-se uma compatibilidade, em termos das
zona parece limitar-se ao noroeste pela Faixa Rio Preto grandes estruturas da crosta.
e ao sul pela Faixa Araçuaí. Na parte nordeste, essa fai-
xa larga mostra, também, indícios da separação entre
o Cinturão Itabuna-Salvador-Curaça (CAPÍTULO III) e a 3.3 Aerogeofísica
Faixa Sergipana (CAPÍTULO XI). O mapa para T=64 mi-
nutos apresenta anomalias 3D concentradas no centro Os métodos magnéticos e de espectrometria gama
deles e um lineamento de direção NNE-SSW. constituíram, em sua quase totalidade, os levanta-
mentos aerogeofísicos regionais realizados no Estado
O mapa da amplitude do componente X (nT) para da Bahia. Para cada período de execução, equipamen-
T=8 minutos mostra a influência da interface entre as tos de última geração forneceram a base da coleta
crostas continental e oceânica. Basta observar a sepa- dos respectivos dados, com instrumentos transpor-
ração, bem marcante, entre os valores altos e baixos tados em aeronaves de asa fixa ou por helicópteros.
do componente X, com direção aproximadamente N-S Podemos distinguir duas fases de levantamentos ae-
entre 19ºS na costa e 42ºW no extremo norte do mapa. rogeofísicos regionais realizados na Bahia.

Enquanto os mapas da amplitude do componente Z A primeira fase está relacionada ao período de 1975
apresentam um padrão gradativo entre T=8 minutos a 1982, com os levantamentos magnético e gamaes-
e T=64 minutos, o padrão geral dessa gradação en- pectrométrico cobrindo grandes áreas e espaçamen-
contra-se quebrado nos mapas dos componentes X e tos superiores a 500 metros entre as linhas-de-voo
Y. É possível que tal quebra seja o reflexo da presen- - atingindo até 4.000 metros. Esses levantamentos
ça de heterogeneidades 3D em um nível intermediário usaram para o posicionamento das linhas-de-voo, fil-
de profundidade, que afetam mais a configuração dos mes fotográficos de 35 mm e foto mosaicos, rádio-po-
componentes horizontais. Sendo assim, ficam esta- sicionamento ou Doppler, além de instrumentos com
belecidas a presença de heterogeneidades laterais e forte nível de ruídos. Tais levantamentos são conside-
a definição da parte basal das faixas móveis na seção rados de baixa resolução do ponto de vista atual.
mediana da crosta. No mapa para T=64 minutos, a po-
laridade do componente X é o inverso da polaridade do A segunda fase começou em 1999, com a realização
componente Z e a posição assumida para o Bloco Je- de levantamentos com espaçamentos entre as li-
quié se localiza sobre os valores de menor amplitude. nhas-de-voo iguais ou inferiores a 500 metros. Nesta
fase, equipamentos mais modernos de aquisição de
O mapa da fase de X para T=8 minutos evidencia uma dados foram utilizados e o sistema de posicionamento
heterogeneidade intensa e, por essa razão, não propi- das linhas-de-voo tornou-se mais preciso com o uso
cia uma interpretação qualitativa adequada. O mapa do GPS. Estes levantamentos são aqui considerados
para T=64 minutos mostra um padrão estrutural de alta resolução.

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Por outro lado, os levantamentos de detalhe, com ca, aqueles que foram executados por órgãos federais
cunho prospectivo, foram intensamente realizados e, apenas em uma área, aquele realizado pelo gover-
com o uso dos métodos magnético, gamaespectro- no estadual.
métrico e eletromagnético (domínio da frequência e
do tempo), usando aeronaves de asa fixa e helicóp- A tabela II.1 apresenta um resumo dos levantamentos
tero, com espaçamentos entre as linhas-de-voo infe- de baixa resolução executados na Bahia. O gráfico da
riores a 400 metros. Esses levantamentos recobriram figura II.15 mostra sua distribuição por ano e a figura
as mais importantes áreas metalogenéticos da Bahia, II.16 suas localizações no Estado.
como os greenstones belts ou sequências metavulca-
nossedimentares (CAPÍTULO IV) e complexos máfico- Os dados dos levantamentos aerogeofísicos desta
-ultramáficos como Campo Formoso, Gulçari, Jacurici fase estão sob a guarda da CPRM e da ANP – Agência
e Campo Alegre de Lourdes (CAPÍTULO VII). Seus re- Nacional de Petróleo. Estes dados foram reprocessa-
sultados marcaram, de forma consistente, os corpos dos pelo PGW – DNPM/CPRM e integrados na escala
que podem conter minérios e balizaram os progra- 1:1.000.000, para compor o Mapa Magnético do Bra-
mas de pesquisa mineral das diversas empresas e sil com os dados disponíveis no restante do território
instituições que atuam no Estado. brasileiro. A figura II.17 mostra o mapa campo mag-
nético total (CMT) elaborado a partir destes levanta-
Os resultados dos levantamentos aerogeofísicos re- mento no Estado da Bahia.
alizados pelos órgãos estatais são apresentados em
formas analógica e digital, através de imagens e ma- 3.3.2 Levantamentos Aerogeofísicos de Alta
pas temáticos, pseudosseções, seções de inversões, Resolução
mapas de interpretações e mapas integrados, bases
de dados gráficos e convencionais em ambiente Oásis A partir da década de 1990, o Governo do Estado da
Montaj, bem como relatórios. Bahia começou a recobrir as regiões não contempla-
das com os levantamentos anteriores bem como a
A seguir são mostrados os três tipos de levantamen- refazer a cobertura de levantamentos anteriormente
tos aerogeofísicos: regionais de baixa resolução e de executados. Esta fase foi marcada pela evolução dos
alta resolução e prospectivos. São exemplificados os sensores de maior sensibilidade e precisão, na aqui-
regionais com aplicações do ponto de vista macro, sição de dados geofísicos e espaciais de navegação e
mostrando a relação entre as áreas de ocorrências posicionamento das medidas, bem como pelo desen-
das sequências greenstones belts e os dados magné- volvimento de softwares para o processamento com-
ticos e gamaespectrométricos. Também é ilustrada putacional dos dados.
a importância do uso dos dados aerogeofísicos no
melhoramento da cartografia geológica básica. Para Toda esta evolução conduziu a um ganho nos traba-
o caso dos levantamentos de detalhe, mostramos as lhos de geofísica no tocante à profundidade de pene-
informações dos dados geofísicos numa importante tração (profundidade máxima para identificação dos
área de esmeralda na Bahia. corpos geológicos), resolução, precisão e rapidez nas
pesquisas, elementos que são fundamentais para re-
3.3.1 Levantamentos Aerogeofísicos de Baixa duzir custos e riscos exploratórios. O desenvolvimento
Resolução tecnológico permitiu também um ganho no tratamen-
to quantitativo dos dados gamaespectrométricos, com
Considera-se de baixa resolução os levantamentos discriminação das bandas de tório, urânio e potássio,
realizados na primeira fase de cobertura aerogeofísi- não só em contagem por segundo (cps), mas também

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Tabela II.1 – Levantamentos aerogeofísicos de baixa resolução.

MAG - Magnético. GAMA - Espectometria Gama. EM - Eletromagnético.

Figura II.15 – Gráfico de distribuição dos levantamentos aerogeofísicos de baixa resolução por ano e espaçamento das linhas-de-voo.

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Figura II.16 – Localização dos levantamentos aerogeofísicos regionais de baixa resolução.

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Figura II.17 – Mapa do campo magnético total, resultante da união das grids dos levantamentos regionais de baixa resolução.
(Fonte: CPRM)

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de forma quantitativa em parte por milhão (ppm), o que das linhas-de-voo. A figura II.19 destaca, no mapa da
permitiu uma melhor análise das informações. O avan- Bahia, o posicionamento dos levantamentos de alta
ço da informática foi igualmente de suma importância, resolução que, em sua maior parte, foram contrata-
pois permitiu a construção de banco de dados consis- dos e financiados pela CBPM.
tentes, corporativo e de grande capacidade de armaze-
namento, além de velocidade de processamento. As figuras II.20 e II.21 representam os mapas magné-
tico de campo total e ternário (K+Th+U), elaborados a
A tabela II.2 mostra as características desses levan- partir dos dados obtidos com os levantamentos aero-
tamentos e a figura II.18 exibe o gráfico com a dis- geofísicos de alta resolução realizados pelo Governo
tribuição dos levantamentos, por ano e espaçamento Federal e do Estado da Bahia, incluindo a localiza-

Tabela II.2 – Levantamentos aerogeofísicos regionais de alta resolução

MAG - Magnético. GAMA - Espectometria Gama. EM - Eletromagnético.

Figura II.18 - Gráfico de distribuição dos levantamentos aerogeofísicos regionais de alta resolução por ano e espaçamento das linhas de voo.

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Figura II.19 – Localização dos levantamentos aerogeofísicos de alta resolução.

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Figura II.20 – Mapa magnético de campo total sobreposto ao mapa de relevo, destacando as principais minas,
jazidas minerais e os Greenstone Belts conhecidos na Bahia.

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Cobre
Fosfato
Campo Alegre Juazeiro
de Lourdes Cobre
Fe-Ti-V

Cromo

Cromo
Senhor
Esmeralda do Bonfim
Xique-Xique

Irecê Ouro
Chumbo/Zinco Ouro
Barita Ouro
Zinco
Diamante Feira de Santana
Barreiras Ruy Barbosa
Lençóis Itaberaba

Salvador

Vanádio
Ferro Jequié
Caetité Ipiaú
Guanambi Urânio
Magnesita Níquel

Mortugaba Bentonita
Vitória da Conquista

Sedes Municipais
Jazidas/Depósitos Porto Seguro

Greenstone Belts

Teixeira de Freitas

Figura II.21 – Mapa ternário (K+Th+U) sobreposto ao mapa de relevo, destacando as principais minas,
jazidas minerais e os Greenstone Belts conhecidos na Bahia.

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ção de greenstone belts e principais jazidas minerais, da importância dos mesmos no suporte e implemen-
compilados do Banco de Dados de Informações Geo- tação ao mapeamento geológico regional. A contribui-
lógicas do Estado da Bahia (IGBA) e do Mapa Geológi- ção para a interpretação da geologia, sob os pontos de
co do Estado da Bahia. vista litológico e tectonoestrutural, fica evidente atra-
vés de uma simples comparação visual entre o mapa
Para ilustrar a aplicação macro da geofísica estão re- geológico e os mapas geofísicos regionais.
gistrados, na figura II.22, os contornos dos greenstone
belts da Bahia e das sequências consideradas meta- 3.3.3 Levantamentos Aerogeofísicos de Detalhe
vulcanossedimentares, sobre o mapa magnético da
amplitude do sinal analítico, para todo o Estado da Os levantamentos aerogeofísicos de detalhe têm
Bahia. As figuras II.23 a, b, c, mostram os mapas do sido realizados no Estado da Bahia desde a déca-
sinal analítico, da concentração de potássio e do Mo- da de 1970 por empresas estatais (Docegeo/Vale do
delo Digital de Terreno, para o segmento de uma área, Rio Doce, Nuclebras, Petrobras), privadas (Sopemi
em escala maior, da região norte do estado. A análise e Votorantim) e pelo Governo do Estado, através da
desses mapas permite visualizar a distribuição de im- CBPM. Esses levantamentos empregam os métodos
portantes segmentos metalogenéticos e sugere, em eletromagnéticos no domínio do tempo e da frequên-
alguns casos, extensões e continuidades dessas áre- cia, magnético e gamaespectrométrico, ao longo de
as metalogenéticas sem registros de afloramento no linhas-de-voo espaçadas de 100 a 400 metros, com
terreno. Isso ocorre em virtude da existência de zonas equipamentos aerotransportados em aeronaves de
de cobertura. Os segmentos metalogenéticos des- asa fixa e em helicópteros.
tacados nos mapas das figuras II.20, II.21 e II.22 são:
Serrinha-Rio Itapicuru, Rio Capim, Mundo Novo, Rio A tabela II.3 mostra as características dos levanta-
Salitre-Sobradinho, Barreiro, Lagoa do Alegre, Ria- mentos e a figura II.29 mostra o gráfico com a distri-
cho de Santana, Boquira, Ibitira-Ubiraçaba, Brumado, buição dos levantamentos por ano e por espaçamento
Guajeru, Umburanas, Contendas-Mirante e Ibiajara. das linhas-de-voo. A figura II.30 mostra o posiciona-
Todas essas áreas/segmentos metalogenéticos en- mento dos levantamentos aerogeofísicos de detalhe,
contram-se detalhadamente descritos nos CAPÍTU- com alta resolução contratados pela Governo do Es-
LOS III e IV, valendo assinalar que o Greenstone Belt tado, através da CBPM.
de Tiquara (CAPÍTULO IV), descoberto pela geofísica,
encontra-se totalmente encoberto por rochas carbo- Estes levantamentos recobriram as mais importan-
náticas do Grupo Bambuí. tes áreas/segmentos metalogenéticos do Estado da
Bahia, como as sequências metavulcanossedimenta-
Do ponto de vista da aplicação dos dados aerogeofísi- res de Contendas-Mirante, Rio Itapicuru, Mundo Novo,
cos no melhoramento da cartografia geológica básica, Salitre, Sobradinho, Barreiro, Riacho de Santana, Rio
é apresentado o exemplo da figura II.24, que trata do Capim; Boquira, Ibitira-Ubiraçaba, Guajeru, Brumado,
mapa geológico da área Cândido Sales-Mascote, extra- Umburanas (CAPÍTULO IV), e os complexos máfico-
ído do mapa geológico da Bahia na escala 1:1.000.000. -ultramáficos como Campo Formoso, Gulçari, Jacuri-
Os mapas aerogeofísicos magnéticos de campo total, ci e Campo Alegre de Lourdes (CAPÍTULO VII). Seus
primeira derivada vertical e amplitude do sinal analí- resultados marcam, de forma consistente, os corpos
tico, bem como o mapa gamaespectrométrico terná- potencialmente promissores para conter minérios e
rio (K+Th+U), ilustrados, respectivamente, nas figuras balizaram os programas de pesquisa mineral das di-
II.25, II.26, II.27 e II.28 servem como excelente exemplo versas empresas e instituições que atuam no Estado.

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Cobre

Fosfato
Campo Alegre Juazeiro
de Lourdes Cobre
Fe-Ti-V

Cromo
Cromo
Senhor
Esmeralda do Bonfim
Xique-Xique

Irecê Ouro
Ouro
Chumbo/Zinco Barita
Ouro
Zinco
Barreiras Diamante Feira de Santana
Ruy Barbosa
Lençóis
Itaberaba
SALVADOR

Vanádio
Ferro Jequié
Caetité Ipiaú

Guanambi Urânio
Magnesita Níquel

Mortugaba Vitória da Conquista


Bentonita
Sedes Municipais
Jazidas/Depósitos

Greenstone Belts

Porto Seguro

SINAL ANALÍTICO (nT/m)


BAIXO ALTO

Teixeira de Freitas

Figura II.22 –Mapa da amplitude do sinal analítico do campo magnético total, sobreposto ao mapa de relevo destacando
as principais minas e jazidas minerais, além dos greenstone belts e sequências vulcanossedimentares.

90 • G eolog i a da B a hi a

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Figura II.23 – Áreas detalhadas da figura II.20 a 22. (a) Mapa do sinal analítico do campo magnético total. (b) Mapa de K. e (c) Mapa do
Modelo Digital do Terreno. Fonte: SGB-CPRM-LASA (2009). Nestes mapas estão lançados os limites dos segmentos metalogenéticos do
Salitre, Sobradinho, Barreiro e Riacho do Alegre (CAPÍTULOS III, IV).

Figura II.24 – Mapa Geológico da área de Cândido Sales – Mascote (Bahia). Fonte: Mapa Geológico do Estado da Bahia, 1:1.000.000.

E stu d o s g eo f í s i co s : evo lu ção e estág i o atu al d o co n h eci m ento • 91

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Figura II.25 – Mapa do campo magnético total. Área Cândido Sales – Mascote (Bahia).
Fonte: Projeto Aerogeofísico da área Cândido Sales – Mascote. CBPM (2009).

Figura II.26 – Mapa da 1a. derivada vertical do campo magnético total. Área Cândido Sales – Mascote (Bahia).
Fonte: Projeto Aerogeofísico da área Cândido Sales – Mascote. CBPM (2009).

92 • G e olog i a da B a hi a

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FIGURA II.33

FIGURA II.34
Figura II.27 – Mapa de amplitude do sinal analítico do campo magnético total. Área Cândido Sales – Mascote (Bahia).
Fonte: Projeto Aerogeofísico da área Cândido Sales – Mascote. CBPM (2009).

Figura II.28 – Mapa Ternário (K+Th+U). Área Cândido Sales – Mascote (Bahia).
Fonte Projeto Aerogeofísico da área Cândido Sales – Mascote. CBPM (2009).

E stu d o s g eo f í s i co s : evo lu ção e estág i o atu al d o co n h eci mento • 93

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Tabela II.3 – Levantamentos aerogeofísicos de detalhe com alta resolução.

TDEM – Eletromagnético no Domínio do Tempo. FDEM – Eletromagnético no Domínio da Frequência.

Figura II.29 - Gráfico de distribuição dos


levantamentos aerogeofísicos de detalhe com alta
resolução por ano e espaçamento das linhas de voo.

Para ilustrar a importância deste tipo de levantamento relação direta existente entre os corpos encaixantes
no apoio direto ao mapeamento de detalhe em progra- da mineralização de esmeralda. Isto aperfeiçoa a in-
mas de exploração mineral, são exibidos, como exem- terpretação geológica com indicação da continuida-
plo, os resultados do levantamento aerogeofísico, mag- de desses corpos sob as coberturas superficiais das
nético e gamaespectrométrico, que cobre o Distrito de rochas metassedimentares do Grupo Jacobina (CAPÍ-
Esmeralda de Carnaíba–Pindobaçu–Bahia, tradicional TULO VI).
produtor de esmerada, berilo e molibdenita.
A figura II.34 mostra uma seção geológica da área
A figura II.31 representa o mapa geológico da região com posicionamento do corpo encaixante das mi-
do garimpo de Carnaíba e as figuras II.32 e II.33, re- neralizações, com a posição de furos de exploração.
presentam, respectivamente, os mapas da amplitude A figura II.35 destaca a presença de berilo em teste-
do sinal analítico do campo total magnético e de es- munhos de sondagem. Todos esses elementos con-
pectrometria gama ternário (K+U+TH). Uma simples firmam a importância da geofísica nessa região da
comparação visual entre esses mapas indica a cor- Bahia rica em esmeraldas.

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ABARÉ

1 MACURURÉ

2 7
17 18
UAUÁ

3
MONTE SANTO
CÍCERO
MANSIDÃO 21
DANTAS
22

CAPIM GROSSO
NOVA FÁTIMA
23 16
MAIRI
MUNDO NOVO TANQUINHO
BAIXA GRANDE
IPIRÁ
RUY BARBOSA
10

19 NAZARÉ
9 PLANALTINO
SANTA MARIA
MARACÁS JIQUIRIÇA
DA VITÓRIA 4
SERRA DO
RIACHO DE 8 12
RAMALHO 11 5
SANTANA 13
6
14 15 20
ANAGÉ
STA. CRUZ
CORDEIROS DA VITÓRIA
ITAJU DO
BELO
COLÔNIA
CAMPO

15 0 15 30 45 60 75km

BELMONTE

1 - Riacho Seco 13 - Umburanas


2 - Rio Salitre 14 - Ibitira - Ubiraçaba
3 - São Gonçalo 15 - Guajeru
4 - Jurema Oeste 16 - Mundo Novo
5 - Jurema Leste 17 - Barreiro
CARAVELAS
6 - Angicus - Tucum 18 - Sobradinho
7 - Rio Capim 19 - Ibiajara
8 - Riacho de Santana 1 20 - Ipiaú
9 - Riacho de Santana 2 21 - Campo Formoso
10 - Boquira 22 - Carnaíba
11 - Botuporã 23 - Minas do Espirito Santo
12 - Paramirim

Figura II.30 – Localização dos levantamentos aerogeofísicos de detalhe com alta resolução.

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Figura II.31 – Mapa geológico da região de Carnaíba-Pindobaçu, Bahia. Fonte: Moreira & Silva (2006).
Os limites em branco são do Projeto Esmeralda (CBPN 1980).

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Figura II.32 – Mapa da amplitude do sinal analítico do campo magnético total da região de Carnaíba-Pindobaçu, Bahia.
Fonte: Moreira & Silva (2006).

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FIGURA II.39

Es

G r o t a d o In fe r n o

8817
B a rr a d o E s t iv a

0 50 0 1000 15 00 2000m
C a rn a í b a N o r t e

V a l e d o E s t iv a
F2 A F10A
F3

Es F4 A F 7A F8 A
B a r ra d o M u n d é F3A F6 A F1 A
F9 A F5 A
F2
Es F1
V a le d o E s p in h e i ro
Es F4

Es
Es
Es
V a le d o T r a í r a s Es

Es
8812

Es
C a t u a b a O e s te

Es

Es

8807
334 339 344

Figura II.33 – Mapa gamaespectrométrico ternário (K+Th+U) da região de Carnaíba-Pindobaçu, Bahia. Fonte: Moreira & Silva (2006).

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Figura II.34 – Seção Geológica da região de Carnaíba-Pindobaçu, Bahia. Fonte: Moreira e Silva (2006). Projeto Esmeralda (CBPM 1980).

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Figura II.35 - Fotos de testemunhos de sondagem com ocorrência de berilo.

4 Síntese
No capítulo aborda-se a evolução da geofísica como No caso dos levantamentos aéreos, discute-se o papel
ferramenta de contribuição ao conhecimento geoló- dos métodos magnético e gamaespectrométrico no
gico do Estado da Bahia do ponto de vista macro para mapeamento geológico em caráter regional e o papel
auxiliar na definição de grandes ambientes e de sua do método eletromagnético na identificação de alvos,
configuração tectônica. Preliminarmente é realizado em caráter exploratório.
um balanço histórico dos levantamentos geofísicos
terrestres e aéreos realizados na Bahia. As informações apresentadas evidenciam a impor-
tância do uso da metodologia geofísica, e a contri-
No caso dos levantamentos terrestres, analisa-se o buição desses levantamentos para tornar o território
papel do método gravimétrico e do método eletro- baiano um dos mais bem conhecidos geologicamen-
magnético GDS (Sondagem Geomagnética Profunda) te, e permitir a descoberta de importantes jazimentos
na definição das grandes estruturas da litosfera. minerais.

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Terrenos
Metamórficos do
Capítulo III Embasamento
Johildo S.F. Barbosa (UFBA)
Simone C. P. Cruz (UFBA)
Jailma Santos de Souza (UFBA)

1 Introdução
Nesse Capítulo é feita uma síntese dos dados geológicos mais importantes, voltada para explicar a geologia das
rochas metamórficas que fazem parte do embasamento arqueano-paleoproterozoico (Riaciano-Orosiriano) da
Bahia. Apesar de ter sido dada ênfase às rochas metamórficas de alto e médio graus, foram também resumida-
mente descritas as rochas de mais baixo grau, da fácies xisto-verde-anfibolito baixo a médio, denominadas de
greenstone belts e de sequências metavulcanossedimentares (CAPÍTULO IV).

Esse Capítulo servirá como uma introdução para os CAPÍTULOS IV e VI que tratam essencialmente, de rochas
arqueanas e paleoproterozoicas da Bahia. Da mesma forma, servirá de base para os corpos de granitoides e
máfico-ultramáficos e para o magmatismo fissural toleiítico paleoproterozoico, cujas litologias estão descritas
nos CAPÍTULOS V, VII e XII, respectivamente.

Para a elaboração desse capítulo, foram analisados os principais mapas geológicos de grande, pequena e média
escalas e as mais importantes pesquisas petrológicas, geocronológicas e isotópicas dos últimos cinquenta anos,
relativas às rochas do embasamento do Cráton do São Francisco na Bahia. As subdivisões tectonoestratigráficas
existentes em Barbosa & Dominguez (1996) foram reexaminadas nos seguintes segmentos: Bloco Gavião com os
antigos núcleos TTG, além de seus migmatitos, granitos, granodioritos e sienitos; Cinturão Itabuna; Núcleo Ser-
rinha, além das litologias e principais características geológicas dos denominados Complexo Jequié e Complexo
Mairi, conforme constam do texto explicativo dos dois mapas geológicos ao milionésimo do Estado da Bahia (Inda
& Barbosa 1978, Barbosa & Dominguez 1996). Essas cinco unidades e suas relações petrológicas e tectônicas fo-
ram confrontadas com os dados de trabalhos geológicos mais recentes, obtidos por Barbosa (1986, 1990), Abram

Ter ren o s M eta m ó r f i co s d o E m b a s a m ento • 101

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(1993), Mascarenhas & Silva (1994); Santos Pinto do São Francisco (Almeida 1967, 1977), aflorando em
(1996), Angelim et al. (1997), Paixão & Oliveira (1998), cerca de 50% da área total do estado, é formado qua-
Sato (1998), Teixeira (1998), Corrêa-Gomes (2000), se que exclusivamente de litologias metamórficas de
Santos et al. (2000), Teixeira et al. (2000), Mello et al. alto a médio graus e de granitoides. As rochas das
(2000), Teixeira et al. (2001), Conceição et al. (1997, fácies xisto-verde e anfibolito baixo, que compõem
2003), Carvalho & Oliveira (2003), Dalton de Souza os greenstone belts e as sequências metavulcanosse-
(2003), Menezes Leal et al. (2005), Plá Cid et al. (2000, dimentares similares a greenstone belts (CAPÍTULO
2006), Silva et al. (2002), Bastos Leal et al. (1998, 2000, IV) representam menores áreas quando comparadas
2003), Rios (2002), Leite (2002), Silva et al.(2002), com os domínios de médio e alto graus e seus grani-
Barbosa et al. (2004, 2006), Barbosa & Sabaté (2002, toides associados.
2004), Cruz Filho et al. (2005), Carvalho (2005), Leite
et al. (2007, 2008), Rosa et al. (2001, 2007), Oliveira et Nesse embasamento, pesquisas recentes petrológi-
al. (1998, 2002, 2004a,b, 2007), Pivetta Costa (2007), cas, geocronológicas e isotópicas permitiram identi-
Rios et al. (2000, 2005, 2007, 2008, 2009), Cruz (2004), ficar seis importantes segmentos crustais: os Blocos
Pinho (2005), Plá Cid et al. (2006a,b), Macedo (2006), Gavião, Serrinha, Jequié e Uauá, além dos cinturões
Lopes-Santos (2007), Muller (2007), Gomes (2007), Itabuna-Salvador-Curaçá e Salvador-Esplanada.
Souza (2007), Leal et al. (2008), Philadelpho (2008), O mais antigo, Bloco Gavião, aflora tanto na parte
Menezes (2008), Borges (2008), Brito (2008), Santos WSW quanto na porção NW do Estado. O Bloco Jequié
(2008), Raimundo (2008), Souza (2008, 2009), Barreto situa-se na parte SE-SSW e, o terceiro, Bloco Serri-
(2009), Santos (2009), Figueiredo (2009), Barbosa & nha, ocorre na parte NE. O quarto bloco, chamado de
Souza (2007, 2010), Souza et al. (2010), Luciano (2010), Uauá, está situado, também no nordeste da Bahia, no
Oliveira (2010) e Barbosa & Cruz (2011), entre outros, lado oriental do Bloco Serrinha (Fig.III.1).
visando dar ao leitor um conhecimento mais moder-
no da geologia do embasamento do Cráton do São Pelo menos quatro desses segmentos crustais estão
Francisco na Bahia. bem discriminados com relação às idades-modelo
Sm-Nd (Fig.III.2) e diferentemente posicionados no
As diferentes litologias précambrianas que compõem diagrama eNd x eSr (Fig.III.3), indicando gêneses e
esse capítulo estão descritas obedecendo a suas ida- evoluções distintas (Barbosa & Sabaté, 2002, 2004).
des, das mais velhas para as mais novas, com base na Os dados geológicos resumidos a seguir ao longo do
Coluna Cronológica Internacional da IUGS-Interna- texto também corroboram essa distinção.
tional Union Geological Sciences de 1996 e resumida
na tabela III.1 O Bloco Gavião é composto principalmente de or-
tognaisses tonalítico-granodioríticos e associações
gnáissico-anfibolíticas, às vezes migmatizadas (Cor-
dani et al. 1985, 1992, Marinho et al. 1994, Martin et
2 Unidades al. 1991, Nutman & Cordani 1993, Santos Pinto et al.

Litoestratigráficas 1998, Bastos Leal, 1998, Bastos Leal et al. 1998, 2000,
Cruz et al. 2009). Ao lado dessas litologias, maciços
TTG com zircões antigos foram datados entre 3,4-
2.1 Localização das Rochas Arqueanas e 3,1Ga e com idades-modelo Sm-Nd de 3,6Ga, permi-
Paleoproterozoicas do Embasamento tindo caracterizar essas rochas como as mais antigas
da América do Sul (Martin et al. 1997; Santos Pinto et
O embasamento arqueano-paleoproterozoico da al. 1998). Diversos greenstone belts estão localizados
Bahia, que constitui a parte setentrional do Cráton nesse bloco, a maioria de idade arqueana, sendo de-

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Tabela III.1- Coluna Cronológica Internacional da IUGS-International Union Geological Sciences de 1996.

nominados de Mundo Novo, Lagoa do Alegre, Salitre- Belt Serrinha-Rio Itapicuru, de idade paleoprote-
-Sobradinho, Barreiro-Colomi, Tiquara (parte norte rozoica, está localizado nesse bloco. Não possui ro-
do Bloco Gavião, Fig.III.4), Umburanas, Brumado, Ibi- chas komatiíticas como os anteriores, embora exiba
tira-Ubiraçaba, Guajeru, Riacho de Santana e Boquira igualmente lavas máficas na base, félsicas na parte
(parte central e sul do Bloco Gavião). Boa parte deles intermediária e rochas siliciclásticas no topo (Mas-
possui komatiitos com textura spinifex na base, lavas carenhas 1976, Silva 1985, 1992, Oliveira et al. 2004)
máficas e félsicas, juntamente com rochas piroclásti- (CAPÍTULO IV).
cas na parte intermediária e sedimentos siliciclásticos
no topo (Mascarenhas & Silva 1994, Cunha et al. 1996, O Bloco Jequié, deformado e metamorfizado regio-
Angelim et al. 1997, Bastos Leal 1998, Silva & Cunha nalmente no paleoproterozoico, consiste em granuli-
1999, Arcanjo et al. 2000, Guimarães et al. 2005) (CA- tos enderbíticos, charnoenderbíticos e charnockíticos
PÍTULO IV). As Sequências Metavulcanossedimenta- (protólitos de aproximadamente 2,7-2,8Ga), granu-
res Contendas-Mirante (CAPÍTULO VI), Caetité-Licínio litos heterogêneos com migmatitos, além de rochas
de Almeida e Urandi também se situam na parte sul supracrustais subordinadas (Cordani 1973, Cordani &
desse Bloco (Fig.III.4) (CAPÍTULO IV). Iyer 1978, Barbosa 1990, Barbosa et al. 2003), essas
últimas também granulitizadas.
O Bloco Serrinha é composto de gnaisses e migma-
titos com anfibolitos subordinados, todos arqueanos O Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá é formado ba-
e metamorfizados na fácies anfibolito. O Greenstone sicamente de granulitos tonalítico-trondhjemíticos e

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Figura III.1 - Mapa simplificado do Estado da Bahia mostrando os domínios tectônicos-geocronológicos arqueanos e paleoproterozoicos.
Os traços das estruturas deformacionais paleoproterozoicas, neoproterozoicas e mesozoicas estão também indicadas

104 • G eolog i a da B a hi a

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Figura III.2 - Idades arqueanas Sm/Nd (TDM) na Bahia (Barbosa & Sabaté 2002, 2004) mostrando uma diminuição dos valores de oeste para
leste. Isso indica que houve uma acresção crustal da costa para o interior do Estado.

Figura III.3 - Diagrama isotópico εNd x εSr (t=2,0 Ga) com campos distintos para as idades arqueanas dos diferentes domínios tectônicos.
As idades relacionadas ao CISC (Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá) estão mais próximas ao MD (Manto Deplecionado). BJ (Bloco Jequié),
BS (Bloco Serrinha) e BG (Bloco Gavião) (Barbosa & Sabaté 2002, 2004).

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Figura III.4 - Mapa geológico do Bloco Gavião (parte norte) incluindo os granitoides da região de Campo Formoso e
a Serra de Jacobina. Destaque para os greenstone belts e para os diversos complexos existentes nessas partes do Estado.
Simplificado e atualizado de Barbosa & Dominguez (1996).

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intrusões de monzonitos-monzodioritos, deformados feras (Unidade Minadorzinho); (iii) o Complexo Rio Sa-
e re-equilibrados no fácies granulito. Enclaves de ro- litre ou Greenstone Belt Salitre-Sobradinho, também
chas supracrustais granulitizadas, orientados parale- do Neoarqueano (CAPÍTULO IV), formado de filitos
lamente às deformações também estão presentes. e xistos com raras metamáficas, formações ferrífe-
ras, metacherts, rochas calcissilicáticas e quartzitos
(Unidade Sobradinho), além de metarcóseos, meta-
2.2. Principais Litologias do Bloco Gavião grauvacas, metavulcânicas félsicas intercaladas com
(Parte Norte) metamáficos-metaultramáficas e quartzitos (Unida-
de Baixo Vale do Rio Salitre) e, (iv) o Complexo Barrei-
Conforme se pode observar na figura III.4, no extremo ro, do Neoarqueano, constituído de metavulcânicas
setentrional do Bloco Gavião, as rochas arqueano-pa- ácidas, intercaladas com metassedimentos arenosos
leoproterozoicas estão na grande maioria encobertas e metaconglomeráticos. Descrito ainda no trabalho
pelos metassedimentos do meso e neoproterozoicos de Angelim et al. (1997), o Grupo Colomi também está
(CAPÍTULO VIII), além de sedimentos inconsolidados incluído no extremo setentrional do Bloco Gavião. Se-
tércio-quaternários. Entre os trabalhos mais antigos gundo esses autores ele é formado de quatro unida-
realizados nessa região, pode-se destacar o mape- des: Serra do Choro, Castela, Serra da Capivara e Ser-
amento geológico de Dalton de Souza et al. (1979) ra da Bicuda, descritas mais adiante. Vale ressaltar
(Convênio DNPM-CPRM) quando foram identificados que no CAPÍTULO IV o Complexo Barreiro e o Grupo
alguns greenstone belts e/ou sequências metavul- Colomi, foram agrupados como um greenstone belt e
canossedimentares com designações de complexos chamado de Barreiro-Colomi.
Colomi, Barreiro e Rio Salitre-Sobradinho. Embora
atualmente esteja sendo realizado mapeamento ge- No segundo trabalho (Leite et al., 1977), os autores
ológico na escala 1:100.000 no extremo setentrional identificaram: (i) ortognaisses de composição graníti-
do bloco, pela CPRM, denominado Projeto Médio São ca a duas micas, gnaisses migmatíticos com assinatu-
Francisco, trabalhos geológicos recentes nessa região ra geoquímica semelhante aos TTG e granitos miloni-
são poucos. Os mais novos são aqueles executados, tizados leucocráticos, todos re-equilibrados na fácies
também na parte setentrional, pela CPRM-Compa- anfibolito; (ii) o Complexo Serra da Boa Esperança
nhia de Pesquisa de Recursos Minerais – Serviço Ge- formado de rochas metassedimentares da fácies
ológico do Brasil (Angelim et al., 1993, 1997) e pelo xisto-verde; e (iii) rochas plutônicas diversas, onde se
Convênio CPRM/CBPM-Companhia Baiana de Pes- destacam a Suíte Alcalina Serra do Meio, o Complexo
quisa Mineral (Leite et al., 1977). Máfico-Ultramáfico de Campo Alegre de Lourdes, o
Complexo Máfico de Peixe e o Complexo Carbonatítico
No primeiro trabalho (Angelim et al., 1993, 1997) os de Angico dos Dias, esse último próximo da fronteira
autores identificaram: (i) um complexo migmatítico- com o Piauí. Todos eles estão incluídos no contexto
-ortognáissico bandado, supostamente de idade me- geológico do extremo setentrional do Bloco Gavião e
soarqueana e com a presença de granitoides; (ii) o próximos do limite do Cráton do São Francisco com a
Complexo Lagoa do Alegre, ou Greenstone Belt Lagoa Faixa de Dobramentos Rio Preto-Riacho do Pontal em
do Alegre, supostamente do Meso-Neoarqueano (CA- Pernambuco (Fig.III.4) (CAPÍTULO IX).
PÍTULO IV), constituído basicamente de metamáficos-
-metaultramáficas, talcoxistos, silexitos, metacarbo- Ainda na parte norte do Bloco Gavião, dessa vez
natos, paragnaisses, formações ferríferas bandadas e bordejando o leste da Chapada Diamantina, são en-
quartzitos (Unidade Macambira), além de micaxistos contrados gnaisses e migmatitos do Paleoarqueano-
aluminosos, mármores, quartzitos e formações ferrí- -Mesoarqueano, considerados como semelhantes aos

Ter ren o s M eta m ó r f i co s d o E m b a s a m ento • 107

Capitulo 3.indd 107 17/10/12 21:10


gnaisses e migmatitos do extremo setentrional antes
referido. Diferem um pouco desses últimos devido à
presença de pequenos enclaves de rochas máficas.
Nesse panorama geológico e de idade semelhante
aos gnaisses e migmatitos do extremo setentrional do
Bloco Gavião, ocorre o denominado Complexo Mairi
(Fig.III.4). Além dessa unidade, na extensão norte do
Bloco Gavião, encontra-se o Greenstone Belt Mundo
Novo (CAPÍTULO IV) do Paleoarqueano (Peucat et al.,
2002), além do Complexo Saúde e do Grupo Jacobi-
na, esses dois últimos considerados de idade paleo-
proterozoica (CAPÍTULO VI) (Fig.III.4). Alguns corpos
máficos e ultramáficos (CAPÍTULO VII) também estão Figura III.5 – Migmatito que aflora ao norte da Barragem do
Sobradinho, na estrada entre Juazeiro e Campo Alegre de
presentes no Bloco Gavião norte, um deles portador
Lourdes.
de importante mina de cromita, a de Campo Formoso,
no nordeste da Bahia (CAPÍTULO VII).
talhados por Caldasso et al. (1973), Barbosa (1965),
Lima et al. (1977), Souza & Sampaio (1979) e Leite et
MESOARQUEANO al. (1987, 1993, 1997). Esses autores as subdividiram
em ortognaisses de composição granítica a duas
2.2.1 Gnaisses e Migmatitos micas, gnaisses migmatíticos com assinatura geo-
química semelhante ao TTG e granitos leucocráticos
Os gnaisses e migmatitos da fácies anfibolito repre- milonitizados, esses últimos aparecendo próximos à
sentam a maior parte das rochas que aparecem no fronteira com o Piauí, onde ocorre o Complexo Car-
extremo setentrional do Bloco Gavião (Fig.III.5). Es- bonatítico Angico dos Dias (subitem 2.2.9) (Fig.III.4).
sas rochas, embora cobertas por grandes extensões
de sedimentos tércio-quaternários, meso e neopro- Os dados geocronológicos dessas rochas devem-se
terozoicos afloram significativamente na região da a Mascarenhas & Garcia (1989). Eles obtiveram isó-
Barragem de Sobradinho, no rio São Francisco e nas crona de afloramento entre as cidades de Remanso
regiões de Campo Alegre de Lourdes e Peixe (Fig.III.4). e Campo Alegre de Lourdes, pelo método Rb-Sr, for-
necendo uma idade de 3.189±24Ma, com razão inicial
Como referido antes, nas imediações da Barragem alta Sr(i)=0,7127 (Tab. III.2). Esses mesmos autores fa-
do Sobradinho predominam os gnaisses e migmati- zem referência a outra idade Rb-Sr de 2.704±126Ma,
tos (Azevedo Gomes et al. 1990), embora raramente e entretanto, com um erro muito alto. Por outro lado,
de maneira dispersa, núcleos de TTG também sejam mais recentemente foram coletadas em ortognais-
encontrados. Nas rochas migmatíticas, sobretudo nos ses e migmatitos nas regiões de Juazeiro e Petroli-
seus paleossomas, são comuns enclaves de rochas na, cinco amostras para datação de zircão e dez para
máficas (metagabros, metaultramáficas e metabási- estudos isotópicos Sm-Nd (Dantas et al. 2010). As
cas), além de níveis de rochas calcissilicáticas (Figuei- amostras analisadas mostraram duas populações de
roa & Silva Filho 1990). zircão: a primeira produziu uma idade concordante
de 3.537±8Ma e a segunda de 2.564±11Ma. Também,
Na região de Campo Alegre de Lourdes e Peixe, ocor- segundo esses autores, grãos de zircões metamíti-
rem também gnaisses e migmatitos que foram de- cos mostram altos conteúdos de urânio e de chumbo

108 • G eolog i a da B a hi a

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comum, sugerindo que fluidos tiveram papel impor- metavulcânicas félsicas, dacíticas, porfiríticas, com
tante nos zircões analisados chegando a definir, em assinatura calcialcalina e, (v) metapelitos, metarcó-
alguns casos, um intercepto mais baixo na concórdia, seos e metagrauvacas. Todas essas rochas estão de-
sobre o valor de 603±130Ma. Ainda segundo esses au- formadas e re-equilibradas nas fácies xisto-verde e
tores, essas rochas devem ter tido uma história evo- anfibolito baixo. Segundo Leite (2002), essas últimas
lutiva magmática e deformacional muito complexa, corresponderiam a uma parte das Formações Ba-
sendo necessários mais dados geocronológicos para naneiras e Cruz das Almas (Leo et al. 1964, Melo et
melhor defini-la. Idades modelo Sm-Nd, por sua vez, al. 1995), ambas consideradas atualmente como do
registraram valores variando de 3,7 a 3,0Ga indicando Grupo Jacobina ou corresponderiam a uma parte das
fonte dominantemente arqueana. Valores positivos e rochas metapelíticas do Complexo Saúde definido por
negativos de eNd, calculados para a idade de crista- Couto et al. (1978) e Melo et al. (1995), como discutido
lização dos zircões, demonstram que crosta juvenil e no CAPÍTULO VI.
retrabalhada está presente nesse segmento arquea-
no da parte norte do Bloco Gavião (Dantas et al. 2010). Peucat et al. (2002) trabalharam amostras de meta-
dacito porfirítico (sequência intermediária) do ponto
Vale destacar também que rochas gnáissicas migma- de vista isotópico-geocronológico, tendo obtido: (i)
títicas, semelhantes a essas, aparecem a leste e oeste idades modelo Sm-Nd de cerca de 3,4Ga (variando
da Serra de Jacobina e, embora sem datação geocro- entre 3,58 e 3,37Ga), com eNd oscilando entre +0,49 e
nológica, consideradas nesse trabalho como fazendo -1,94 (Tab.III.2); (ii) idades Pb-Pb evaporação em zir-
parte também do Bloco Gavião norte (Fig.III.4). cões euedrais de alta temperatura (Pupin 1980), com
valores de 3.230±6Ma e 3.254±2Ma e (iii) idade U-Pb
2.2.2 Greenstone Belt Mundo Novo SHRIMP em 17 cristais de zircão, que se posicionaram
subconcordantemente em diagrama concórdia e defi-
Diversos autores fizeram menção a essa unidade niram um valor 207Pb/206Pb de 3.305±9Ma. Esse último
tectônica como possível greenstone belt, a exemplo valor foi considerado como a idade do evento vulcâni-
de Jordan (1971), Mascarenhas et al. (1975), Masca- co metadacítico, visto que ele é similar às idades mo-
renhas (1976), Couto et al. (1978), Arcanjo & Couto delo Sm-Nd, obtidas para essas mesmas rochas. Isto
(1978), Sabaté (1991) e Topich (1993, 1994). Entretan- sugere que esse evento vulcânico está relacionado a
to, o Greenstone Belt de Mundo Novo foi certificado a um estágio de acresção de uma crosta continental ju-
partir dos trabalhos de Mascarenhas & Silva (1994) venil arqueana (CAPÍTULO IV).
e Mascarenhas et al. (1998) (CAPÍTULO IV) (Fig.III.4)
que o descreveram como uma faixa de rochas supra- 2.2.3 Complexo Mairi
crustais de direção aproximada N-S, localizada nas
proximidades da cidade homônima. Segundo Sampaio et al. (2001), os litotipos que com-
põem esse complexo têm sido referidos por vários
Segundo esses autores, esse greenstone belt é cons- autores sob denominações diversas, por exemplo:
tituído por: (i) anfibolitos toleiíticos; (ii) tremolititos e Gnaisses de Itaberaba (Kegel 1963), Complexo Cara-
metaultramafitos com prováveis protólitos komatií- íba (Neves 1972), Complexo Metamórfico Migmatítico
ticos (Fróes & Mascarenhas 1996, Topich 1993, Arndt (Seixas et al. 1975, 1980), entre outros. Eles reuniram
et al. 1979); (iii) metabasaltos com raras estruturas sob a denominação Complexo Metamórfico-Migmatí-
tipo pillow lavas (Roig et al. 1992), onde os elemen- tico, tanto os gnaisses e migmatitos como as sequên-
tos de terras raras mostram padrão toleiítico, com cias supracrustais associadas.
características de back-arc ou de arcos-de-ilhas; (iv)

Ter ren o s M eta m ó r f i co s d o E m b a s a mento • 109

Capitulo 3.indd 109 17/10/12 21:10


Tabela III.2 – Dados geocronológicos e isotópicos mais importantes das unidades geológicas dos terrenos metamórficos arqueanos e paleoproterozoicos. Outros dados geocronológicos e

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isotópicos do Arqueano e Paleoproterozoico da Bahia podem ser encontrados nos Capítulos IV, V e VII. As referências das idades podem ser encontradas ao longo do texto.

GEOCRONOLOGIA -GEOQUÍMICA ISOTÓPICA

Segmentos U-Pb TIMS, Rb-Sr Ar-Ar


Terrenos Metamórficos Nome das Rochas Pb-Pb Pb-Pb
Geotectônicos SHRIMP, (Rocha K-Ar TDM
Sr(i) (Zircão) Monazita
εNd LA-ICPMS Total) (Minerais) (Ga)
(Ma) (Ma)
(Zircão)(Ma) (Ma) (Ma)

110 • G eolog i a da B a hi a
3.537±8 3.189±24 3,7
2.2.1 Gnaisse e Migmatito Gnaisse e Migmatito 0,7127
2.567±11 2.704±126 3,0
0,49 a 3.230±6
2.2.2 Greenstone Belt Mundo Novo Metadacito porfirítico 3.305±9 3,41
BLOCO 1,94 3.254±2
GAVIÃO
3.025±12
(PARTE 2.2.3 Complexo Mairi Ortognaisse 0,703 -2 3,0 3,2
3.040±15
NORTE)
2.2.9 Complexo Angico dos Dias Carbonatito 2.010±6
3.352±11
2.2.13 Grupo Jacobina Conglomerados 1.960±16
2.086±43
2.680±58
2.530±35
2.3.3 Complexo Paramirim Ortognaisse 0,700 2.570±30
2.520±45
2.535±90
2.680±83
0,705
3.030±107
0,704
BLOCO 2.3.4 Complexo Santa Isabel Migmatito 3.352±290 1.987±36
0,7043
GAVIÃO 1.967±400
0,7046
(PARTE 2.008±129
OESTE,
Quartzitos
CENTRAL E 3.147±16
2.3.6 Greenstone Belt Umburanas conglomeráticos
SUL)
Metandesitos 2.744 ±15
Fm. Jurema-Travessão
2.3.12 Sequência 3.010±0,16
(Basaltos Toleiíticos)
Meta-vulcanossedimentar
Contendas-Mirante Formação Areião
2.168±0,002
(Quartzitos)
2.3.15 Sill Rio Jacaré- Faz. Gulçari Gabros 2,7 2.757±45

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GEOCRONOLOGIA -GEOQUÍMICA ISOTÓPICA

Segmentos U-Pb TIMS, Rb-Sr Ar-Ar


Terrenos Metamórficos Nome das Rochas Pb-Pb Pb-Pb
Geotectônicos SHRIMP, (Rocha K-Ar TDM
Sr(i) (Zircão) Monazita
εNd LA-ICPMS Total) (Minerais) (Ga)
(Ma) (Ma)
(Zircão)(Ma) (Ma) (Ma)
1,15 a
2.4.1 Complexo Santa Luz Migmatitos (Paleossoma) 3.085±6
-0,04
2.4.2 Cinturão-Caldeirão Quartzitos 3.204 3.051

2.4.3 Peridotito Cromitífero Santa Gnaisse encaixante 2.983±8


Luz Dique aplítico 2.085±12
BLOCO
SERRINHA Metabasalto +4 2.209±60 2,20
Metabasalto Maciço e 2.145±8
2.4.4 Greenstone Belt Serrinha/Rio 2,2
Porfirítico 2.142±6
Itapicuru
Andesito-Dacito +2 2.070±60 2,12
Dacito 2.081±9
2.5.1 Complexo Lagoa da Vaca Anortositos 3.161±65
Ortogranodiorito 3.051±13
Ortogranodiorito 3.204±9
Ortognaisse 2.991±22
2.5.2 Complexo Uauá
Gnaisse 2.956±39
Granulito/Granodiorito 2.933±3
Granulito/Granodiorito 2.991±22
BLOCO UAUÁ
Metadacito 0,7036 2.148±9 2,153
Leucogabro 2,138
2.5.3 Greenstone Belt Rio Capim
Diorito 2,126
Ortogranodiorito 0,7036 3.106±109
Diques Máficos (velhos) 2,14 - 1,93
2.5.5 Diques Máficos Diques Máficos (novos) 0,70082 2.384±114
Diques Máficos (novos) 0,70197 1.983±31

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GEOCRONOLOGIA -GEOQUÍMICA ISOTÓPICA

Segmentos U-Pb TIMS, Rb-Sr Ar-Ar


Terrenos Metamórficos Nome das Rochas Pb-Pb Pb-Pb
Geotectônicos SHRIMP, (Rocha K-Ar TDM
Sr(i) (Zircão) Monazita
εNd LA-ICPMS Total) (Minerais) (Ga)
(Ma) (Ma)
(Zircão)(Ma) (Ma) (Ma)
Granulito Básico -24,4 3,29
0,7110 3.127±27
Granulito Heterogêneo 0,7045 3.168±100

112 • G e olog i a da B a hi a
0,7194 2.699±24

2.6.1 Granulitos Heterogêneos Orto 2.461±1


e Paraderivados 0,7021 2.560±2 2.650 3,0
Granulito Charnockítico
0,7101 1.970±136 2.700 2,9 - 2,6
2.900
BLOCO 2.060±13
1.983±3
JEQUIÉ Leucocharnockito 2.055±6
2.127±28
2.044±22

2.6.2 Rochas Anfibolíticas e Anfibolito 3,2


Quartzo-feldspáticas Banda Quartzo-feldspática 0,7027 2.704±95
2.6.3 Granulitos Enderbíticos- 2.810
Granulito Charnockítico
Charnockíticos 2.689±1
Ortognaisse Itapetinga 2.124
2.6.7 Charnockitos 2,05-2,03
2.7.1 Suíte São José do Jacuípe Leucogabros 2.583±8
Granulito Enderbítico 2.695±12
Granulito Charnockítico 2.634±19
Granulito Enderbítico 2.632±9
2.7.3 Complexo Caraíba
CINTURÃO
Granulito Tonalítico 2.248±16
ITABUNA-
SALVADOR- 1,18 a 2,71 a
Granulito Tonalítico 2.574±6
CURAÇÁ 1,89 2,75
(PARTE
2.7.4 Rochas Máficas-Ultramáficas
NORTE) Metanorito 2.580±10
do Vale do Curaçá
2.7.5 Augen-Granulito Riacho da
Augen-Granulito 2.126±19
Onça
2.7.6 Rochas Máficas e Ultramáficas
Metamáfica-ultramáfica 2.085±5
do Vale do Jacurici

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GEOCRONOLOGIA -GEOQUÍMICA ISOTÓPICA

Segmentos U-Pb TIMS, Rb-Sr Ar-Ar


Terrenos Metamórficos Nome das Rochas Pb-Pb Pb-Pb
Geotectônicos SHRIMP, (Rocha K-Ar TDM
Sr(i) (Zircão) Monazita
εNd LA-ICPMS Total) (Minerais) (Ga)
(Ma) (Ma)
(Zircão)(Ma) (Ma) (Ma)
2.634±14
2.8.3 Granulitos Tonalíticos- Suíte TT2 -6,4 3,0
2.675±11
Thondhjemíticos
Suíte TT5 -6,6 2.719±10 2,8
CINTURÃO
ITABUNA- 2.8.4 Granulitos Tonalíticos- 2.131±5
Suíte TT1 -1,6 2,5
SALVADOR- Thondhjemíticos 2.191±10
CURAÇÁ
2.8.5 Granulitos Monzoníticos- Granulitos Monzoníticos e 2.075±16 2.090
(PARTE SUL) -1,7 a 2,2 2,5
Monzodioríticos Granodioriticos 2.089±2 2.080
Rochas Duníto-
2.8.6 Rochas Duníto-Peridotíticas
Peridotíticas
CINTURÃO 2.9.2 Suíte Teotônio Pela-Porco Gnaisse Granodiorítico 2.924±25 1.750±90
SALVADOR-
ESPLANADA 2.9.3 Zona Salvador-Conde Granulito Tonalítico 2.561±7

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Loureiro (1991) foi quem primeiro utilizou a denomi- trional do Bloco Gavião sendo formado de litologias
nação Complexo Mairi para a faixa de rochas, de dire- metavulcanossedimentares que afloram nas adja-
ção N-S, que ocorre na sua maioria a leste, e adjacen- cências do vilarejo de Lagoa do Alegre, no municí-
te à Serra de Jacobina (Fig.III.4). A maioria das rochas pio de Casa Nova (Fig.III.4). Ele foi classificado como
desse complexo foi re-equilibrada na fácies anfiboli- greenstone belt, recentemente, quando geólogos
to, durante a Orogênese Riaciana-Orosiriana. Seme- da CBPM faziam avaliações de ocorrências de ferro
lhantemente às rochas do subitem 2.2.1, ele faz parte e metais básicos, em área de direitos minerários da
do Bloco Gavião norte (Fig.III.4). Em mais detalhe é Empresa. Nas rochas ultramáficas metamorfizadas,
formado basicamente de ortognaisses migmatíticos, talcificadas, na fácies xisto-verde, foram encontradas
graníticos e tonalíticos, incluindo corpos básicos e estruturas do tipo spinifex (Arndt et al. 1979), tanto
ultrabásicos. Para Sampaio et al. (2001) e Nunes & aquelas com granulação grossa, orientadas, como
Melo (2007), as rochas possuem composição TTG, nas aquelas de granulação fina, com plaquetas de olivina,
partes félsicas, sendo as partes máficas de composi- aleatórias.
ção diorítica-gabroica. Gnaisses kinzigíticos também
ocorrem esporadicamente. Vale destacar que nas 2.2.5 Greentone Belt Salitre-Sobradinho
áreas onde predominam os migmatitos Mairi, eles
são muito semelhantes macroscopicamente aos mig- O Greenstone Belt Salitre-Sobradinho (CAPÍTULO IV)
matítos do Complexo Santa Luz, presentes no Bloco corresponde ao Complexo Rio Salitre (Kegel & Barroso
Serrinha e descritos mais adiante (subitem 2.4.1). 1965, Leal 1970, Dalton de Souza et al. 1979). Ele aflora
no baixo vale do Rio Salitre, nas proximidades da cida-
Nos granodioritos do Complexo Mairi foram obtidas de de Juazeiro, constituindo o embasamento dos me-
idades Pb-Pb, evaporação em zircão de 3.025±22Ma e tassedimentos da Chapada Diamantina Setentrional,
3.040±15Ma, além de idades modelo Sm-Nd de 3,2Ga mais especificamente da Formação Tombador (CAPÍ-
(Peucat et al. 2002) (Tab.III.2). Essas idades, mesoarque- TULO VII) (Fig.III.4). Angelim et al. (1997) consideraram
anas, representantes dos protólitos, são concordantes as rochas desse complexo como neoarqueanas, e as
com àquelas obtidas pelo método Rb-Sr, (rocha total) subdividiram na Unidade Baixo Vale do Rio Salitre e na
de aproximadamente 3,0Ga (Couto et al. 1978, Masca- Unidade Sobradinho, essa última correspondendo ao
renhas & Garcia, 1989). Mugeout (1996) datou também Complexo Tanque Novo de Delgado & Dalton de Souza
ortognaisses migmatíticos desse complexo, aflorantes (1975).
a oeste da Serra de Jacobina, tendo obtido idades dos
protólitos de 3,44 e 3,4Ga. Por sua vez, o eNd negativo 2.2.6 Complexo Barreiro
(-2) e a alta razão inicial 87Sr/86Sr de 0,703, para a idade
de 3,04Ga sugerem que houve retrabalhamento crus- Esse complexo se distribui em três segmentos isola-
tal para a formação do magma que, por cristalização dos, situados a sul do Lago de Sobradinho, no Rio São
fracionada, originou os granodioritos Mairi. Francisco, sendo separados por coberturas tércio-
-quaternárias (Fig.III.4). Angelim et al. (1997) o sub-
dividiram em três unidades, denominadas da base
NEOARQUEANO para o topo de Serra da Ingrata, Baixa do Rancho e
Boqueirão da Onça, todas metamorfizadas na fácies
2.2.4 Greenstone Belt Lagoa do Alegre xisto verde.

O Greenstone Belt Lagoa do Alegre (Vitória de Moraes A Unidade Serra da Ingrata é composta por rochas
2009) (CAPÍTULO IV), está situado no extremo seten- metavulcânicas ácidas a intermediárias, metavulca-

114 • G eolog i a da B a hi a

Capitulo 3.indd 114 17/10/12 21:10


noclásticas, metarcóseos, metarenitos, metaconglo- Complexo Barreiro e o Grupo Colomi como da mesma
merados, metagrauvacas e quartzitos, incluindo raros idade e os agruparam como um provável greenstone
horizontes de metassiltitos, metargilitos e filitos. belt. Entretanto vale ressaltar que a maioria das unida-
des aqui agrupadas no Paleoproterozoico, não possui
A Unidade Baixa do Rancho é formada de litologias idade absoluta tornando difícil a correlação entre elas.
meta-vulcanoclásticas, metarriolitos e metadacitos.
Metatufos também estão presentes com aspecto argi- 2.2.8 Complexo Serra da Boa Esperança
loso, constituídos de fragmentos, formados por sericita
ou sericita+clorita+quartzo, imersos em uma matriz As rochas desse complexo afloram na Serra da Boa
basicamente sericítica. Metargilitos, metassiltitos, me- Esperança, na Serra das Pitombas e na Serra Com-
tarenitos finos, além de metagrauvacas, também fo- prida, todas elas se destacando no relevo aplainado
ram encontrados nessa unidade. Incluem-se ainda na e frequentemente coberto por sedimentos terrígenos
parte metassedimentar, associações químico-exalati- tércio-quaternários do extremo setentrional do Bloco
vas de metadolomitos, xistos grafitosos e metacherts. Gavião (Fig.III.4).

A Unidade Boqueirão da Onça, além de conter me- Essas rochas metassedimentares, xistosas, foram pri-
tavulcânicas ácidas e intermediárias, possui também meiramente referidas por Barbosa (1965), Caldasso et
rochas metassedimentares pelíticas piritosas e psa- al. (1973), Lima (1977) e Kegel (1966). Entretanto, nos
míticas de granulação média (Angelim et al. 1997) anos 80 e 90, esse complexo foi re-estudado por Leite
(CAPÍTULO IV). et al. (1987), Leite & Fróes (1989), Leite et al. (1993) e
Leite et al. (1997, org). Com mais detalhe, esses auto-
res chegaram à conclusão que as rochas do Complexo
NEOARQUEANO-PALEOPROTEROZOICO Serra da Boa Esperança reúnem xistos carbonatados
com lentes de calcários e metapelitos carbonáticos.
2.2.7 Grupo Colomi Micaxistos quartzosos também são encontrados con-
tendo localmente níveis enriquecidos de magnetita-
O Grupo Colomi (Barbosa 1965, Dalton de Souza et al. -hematita, bem como concentrações de granadas.
1979) ocorre ao norte e ao sul do Lago/Represa do So- Moscovita, feldspatos, carbonatos e traços de zircão
bradinho no Rio São Francisco, verificando-se que no são igualmente observados nessas rochas, conside-
seu extremo sul ele é recoberto pela Formação Tom- radas por Leite & Fróes (1989), como da fácies xisto
bador do Grupo Chapada Diamantina (Fig.III.4). Se- verde.
gundo Angelim et al (1997), esse grupo pode ser sub-
dividido em quatro unidades: Serra do Choro, Castela, A falta de dados geocronológicos e a dificuldade de
Serra da Capivara e Serra da Bicuda, da mais velha correlacioná-lo com as outras entidades da parte
para a mais nova. A Unidade Serra do Choro é forma- setentrional do Bloco Gavião, fazem com que esse
da de metarenitos e quartzitos. A Unidade Castela é complexo tenha seu posicionamento estratigráfico
constituída predominantemente de metacarbonatos duvidoso, embora seja colocado pelos últimos auto-
(dolomitos). A Unidade Serra da Capivara é formada res citados, no Paleoproterozoico.
de quartzitos ferríferos (itabiritos) e a Unidade Serra
da Bicuda composta somente de metarenitos. 2.2.9 Complexo Carbonatítico Angico dos Dias

Deve ser assinalado que no CAPÍTULO IV, embora Esse complexo carbonatítico ocupa uma área de cer-
ainda sem idade absoluta, os autores consideraram o ca de 3km2 e foi o primeiro complexo desse tipo en-

Ter ren o s M eta m ó r f i co s d o E m b a s a m ento • 115

Capitulo 3.indd 115 17/10/12 21:10


contrado no Cráton do São Francisco. Ele se situa na jazida foram interpretadas como produto da tectônica
parte setentrional do Bloco Gavião, próximo da fron- compressiva do Ciclo Brasiliano (Faixa de Dobramen-
teira com o Piauí, no município de Campo Alegre de tos Formosa do Rio Preto-Riacho do Pontal) (CAPÍ-
Lourdes (Fig.III.4). Mineralizações de vermiculita fo- TULO IX) que gerou cisalhamento tangencial e trans-
ram os primeiros indícios da sua presença (Caldasso corrente com componente oblíquo (Liberal & Cassola
et al. 1973, Sá 1983) e em 1987 foi descoberto fosfato 1989) (Fig.III.4).
residual com a localização efetiva de afloramentos de
carbonatito (Silva et al. 1987). 2.2.10 Complexo Máfico-Ultramáfico do Peixe

Silva et al. (1987) foram os primeiros que descreveram Esse complexo situa-se no município de Peixe no no-
esse complexo. Eles identificaram piroxenitos, dioritos roeste do Estado da Bahia (Fig.III.4). Segundo Leite et
alcalinos, sienitos com feldspato potássico rico em Ba al. (1993, 1997), a área de afloramento desse comple-
(albititos, álcali-feldspatos sienitos e quartzossienitos), xo, mineralizado em Fe-Ti-V, é amplamente coberta
carbonatitos (olivina-apatita-sovito, biotita-apatita- de sedimentos eluviais/coluviais cenozoicos e sua de-
-sovito e magnetita-olivina-apatita-sovito), lamprófi- limitação só pode ser feita através da expressiva ano-
ros e crosta fosfática, essa última, produto da super- malia aeromagnética a ele associada, cuja intensida-
gênese. Mais detalhadamente, o carbonatito apresenta de é semelhante à do Complexo Máfico-Ultramáfico
granulação grossa, coloração cinza-claro, com cristais de Campo Alegre de Lourdes, descrito adiante (subi-
centimétricos de calcita (18-92%) e grânulos ovoides tem 2.2.11) (Fig.III.4).
de apatita verde-claro (2-35%), biotita (ausente-46%),
magnetita (ausente-25%) e olivina serpentinizada (au- Em furo de sondagem exploratório feito em 1988 pela
sente-45%), com estruturas sugerindo acumulação CBPM, com 362m de profundidade, foram intercepta-
magmática. Os minerais acessórios são tremolita, mo- dos litotipos que variam de metagabro grosso, meta-
nazita, badeleíta, zircão, antofilita e sulfetos. Silva et al. magnetita gabro, metapiroxenito, ilmenita magneti-
(1987) apresentaram nos seus trabalhos grande quan- tito, metaleucogabro grosso, tremolitito, metagabro
tidade de dados químicos dessas rochas, bem como fino e magnetita metagabronorito grosso. Apresentam
datações U-Pb em zircão e badeleíta, além de dados textura cumulática, por vezes acamadada. O principal
sobre traços de fissão em grãos de apatita. Com efeito, mineral de cumulus é o plagioclásio e o de intercumu-
o método U-Pb mostra uma concórdia de 2.010±6Ma lus, os piroxênios. Apatita representa uma outra fase
(Tab.III.2) que é considerada como a idade de cristaliza- de cumulus, estando inclusa na massa de magnetita
ção do carbonatito. Traços de fissão em apatita forne- ou dentro de cristais de plagioclásio. Magnetita e ilme-
ceram a idade de 336±16Ma, considerada como ligada nita preenchem os espaços entre os plagioclásios e os
ao último evento termal na área, com temperatura aci- piroxênios. Magnetita apresenta ex-soluções de lame-
ma de 100oC (Silva et al. 1987). las de ilmenita. Os minerais acessórios principais são:
hornblenda, biotita, tremolita-actinolita, clorita e tita-
Importante jazida de rocha fosfática foi identifica- nita. Esses minerais acessórios estão presentes princi-
da nesse carbonatito, composta de duas lentes, com palmente nas zonas milonitizadas, que atingiram os li-
espessuras de 50 e 100m. Apatita constitui o minério totipos antes assinalados. Pelas características desses
primário, com teor médio de 8% de P2O5. Além desse acessórios, essa milonitização ocorreu em ambiente
óxido, a Mineração Galvani S.A., que explota o depósi- da fácies xisto-verde. Análises químicas realizadas em
to, encontra ainda no minério teores elevados de CaO diversas amostras das rochas desse complexo indicam
(35-48%), BaO (0,04-0,49%) e SrO (0,87-1,18%) (Li- afinidade toleiítica para o magma que as formaram.
beral & Cassola 1989). As formas lenticulares dessa Essas rochas ainda não possuem idades absolutas

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2.2.11 Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo não existam dados geocronológicos para as rochas,
Alegre de Lourdes nem do Campo Alegre de Lourdes, nem do Peixe, os
dados geofísicos, como referidos antes, mostram cor-
Esse complexo, que abriga uma das maiores reservas respondência com àqueles do Angico dos Dias. Como
de Fe-Ti-V do mundo (112 milhões de toneladas), com essas últimas foram datadas em 2.010±6Ma, isso leva
dimensões de 13,6km (N-S) e 7km (E-W) (Leite et al. a interpretar que o período de magnetização rema-
1997), está localizado nas proximidades noroeste da nescente, de Campo Alegre de Lourdes e Peixe, foi
sede do município de Campo Alegre de Lourdes (Cal- também locado no Paleoproterozoico (Gomes 1993).
dasso et al. 1973, Cassedane et al. 1976), no extremo
setentrional do Bloco Gavião (Fig.III.4). Ele ocorre dis- 2.2.12 Complexo Saúde
posto ao longo de uma série de morrotes, formando
inselberge em meio ao pediplano local (CAPÍTULO VII). O Complexo Saúde (Couto et al. 1978; Melo et al. 1995),
situado na parte leste da Serra de Jacobina, ocorre na
Lima et al. (1977) e Souza & Sampaio (1979) o caracte- parte norte do Bloco Gavião, formando uma faixa de
rizam como um complexo básico, constituído por ga- direção N-S, com aproximadamente 130km de exten-
bros com anortositos, além de litotipos subordinados, são e largura variando entre 20 e 40 km (Fig.III.4). Se-
ricos em apatita, todos intensamente deformados. gundo Mascarenhas & Alves da Silva (1994), Abram &
Essas rochas plutônicas são intrusivas nos gnaisses Varela (1996), Leite (2002) e Leite et al. (2005, 2007)
e migmatitos da região (subitem 2.2.1). Diques de dia- ele é constituído principalmente de paragnaisses alu-
básio foram também identificados. minosos, kinzigíticos, cujo protólito pelítico foi meta-
morfizado na fácies anfibolito baixo. O metamorfis-
Couto (1989) caracterizou o Complexo Campo Alegre mo regional produziu nessas rochas, além de zonas
de Lourdes como do tipo máfico-ultramáfico, diferen- migmatizadas que evoluem para granitos do tipo
ciado e acamadado, formado a partir da cristalização “S”, fases minerais essenciais, quais sejam: cordieri-
fracionada de um magma toleiítico. Essa autora o ta, biotita, plagioclásio e quartzo, além de granada,
dividiu em: (i) rochas cumuláticas (piroxenitos, ga- sillimanita, estaurolita e feldspato potássico, embora
bros, leucogabro/anortosito, ilmenita magnetitito, e esses quatro últimos possam ou não estar presentes.
cumulato a apatita), que estão bem descritos em Cou- Destacam-se nessas rochas nódulos amendoados de
to & Nilson (1992); (ii) rochas diabásicas e, (iii) rochas um a cinco centímetros de quartzo-feldspato-biotita-
miloníticas a partir dos plutonitos anteriores, com a -sillimanita. Anfibolitos, rochas calcissilicáticas e
produção de talco, actinolita, clorita e epidoto, em quartzitos ocorrem de forma subordinada. O Com-
ambiente da fácies xisto verde. plexo Saúde encontra-se detalhadamente descrito no
CAPÍTULO VI.
Em relação ao minério de Fe-Ti-V, a magnetita cons-
titui uma solução sólida de magnetita-ulvoespinélio, 2.2.13 Grupo Jacobina
enquanto que a ilmenita é uma solução sólida de
ilmenita-hematita. Os teores de V2O5 na magnetita As rochas quartzíticas e metapelíticas que afloram na
variam de 0,83 a 1,36% e na ilmenita de 0,40 a 0,73%. Serra de Jacobina propriamente dita são denomina-
das de Grupo Jacobina e consideradas por Mougeot
Segundo Gomes (1993) a magnetometria do corpo de (1996) como de idade paleoproterozoica, devido a zir-
Campo Alegre de Lourdes mostra dipolos com a mes- cões detríticos encontrados em metaconglomerados
ma disposição daquela do Complexo Máfico do Peixe cujas idades variam de 3.352±11Ma e 2.086±43Ma (CA-
e do Complexo Carbonatítico Angico dos Dias. Embora PÍTULO VI) (Tab.III.2). As rochas do Grupo Jacobina se

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estendem por cerca de 200km, na direção meridiana, ência semelhante, que ocorre no Gabão, África, pas-
possuindo aproximadamente 10 a 15km de largura, sando então a considerar a “bacia” Jacobina como do
aflorando na borda leste do Bloco Gavião (Fig.III.4). tipo foreland. Por outro lado, os demais trabalhos são
O contato com as rochas gnáissico-migmatíticas que resultados de um extensivo mapeamento de campo
aparecem na parte oeste do Grupo Jacobina é bem na região da Serra de Jacobina desde os anos 60 aos
marcado por zona de cisalhamento compressional anos 90. Quanto a Mascarenhas et al. (1998), esse foi
que coloca os quartzitos e conglomerados da Forma- publicado somente após a descoberta do Greenstone
ção Serra do Córrego (topo de sequência) diretamente Belt Mundo Novo, que ocorre a leste da serra e que
ao lado das rochas gnáissico-migmatíticas. Por sua também faz parte do embasamento do Grupo Jacobi-
vez, o contato com as rochas da parte leste se dá na. Nesta publicação, os autores consideraram como
através de zonas de transempurrões que ocorreram greenstone belt, praticamente todo o Complexo Itapi-
durante a construção do Orógeno Itabuna-Salvador- curu, definido por Couto et al. (1978), além de separar
-Curaçá (CAPÍTULO XX). Em função dessas zonas de todo o Grupo Jacobina e dos Complexos Saúde e Mairi
transempurrões, rochas mais antigas, que provavel- (Fig.III.4) (CAPÍTULO VI).
mente constituíam seu embasamento, se superpu-
seram às rochas mais jovens desse grupo, forman- Levando em conta as interpretações estratigráficas
do faixas de rochas de composições diferentes. Com dos quatro grupos de autores citados, pode-se ad-
efeito, estão intercaladas tectonicamente: (i) unidades mitir que os sedimentos da base da “bacia” Jacobina
metavulcânicas e metassedimentares do Greenstone constituem as formações Cruz das Almas e Bananei-
Belt Mundo Novo (Mascarenhas & Alves da Silva 1994, ras, seguidas pela Rio do Ouro e a Serra do Córrego,
Mascarenhas et al. 1998) (subitem 2.2.2) (CAPÍTULO essa última representando o topo da sequência (CA-
IV); (ii) gnaisses e migmatitos do Complexo Mairi (su- PÍTULO VI). Intrusivas no Grupo Jacobina são encon-
bitem 2.2.3); e (iii) paragnaisses aluminosos, quartzi- tradas rochas metaultrabásicas serpentinizadas e
tos, rochas cálcissilicáticas e anfibolitos do Complexo tremolitizadas, com tendência toleiítica ou komatiíti-
Saúde (Couto et al. 1978) (CAPÍTULO VI). Com a super- ca (Topitsch 1993, Leo et al. 1964, Teixeira et al. 2000,
posição tectônica, todo o conjunto sofreu as mesmas Couto et al. 1978, Sabaté 1992), concordantes com os
deformações e metamorfismo paleoproterozoico, no metassedimentos. Também no Grupo Jacobina são
período Orosiriano . identificados diques de gabro-diabásio, que truncam
transversalmente as rochas metassedimentares na
Existem trabalhos geológicos relativamente recentes direção aproximada W-E (Teixeira et al. 2001).
sobre o Grupo Jacobina e adjacências, Leite 2002, Leite
et al. 2005, 2007), entretanto, ou eles estão localizados 2.2.14 Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo
em áreas restritas, ou então, estão voltados para temas Formoso
mais específicos como o metamorfismo da sequência,
por exemplo. Trabalhos onde constam interpretações O Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso
estratigráficas gerais, podem-se citar, entre os mais aflora nas proximidades da cidade de mesmo nome,
importantes, os de Leo et al. (1964), Couto et al. (1978), acompanhando a borda norte-noroeste da Serra de
Ledru et al. (1997), Mascarenhas (1969) e Mascarenhas Jacobina. Tem uma forma lenticular, alongada, com
et al. (1975, 1992, 1998). Ledru et al. (1997) publicaram cerca de 40km de extensão e com largura variando
seus trabalhos com base em visitas de campo e com- entre 100 e 1.000 metros (Fig.III.4). Este corpo tem di-
pilações bibliográficas, comparando os conglomera- reção predominante NE-SW, com deflexão para E-W,
dos auríferos do Grupo Jacobina e àqueles, de sequ- mergulhando em média 50º para SE.

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O Complexo de Campo Formoso é formado por uma 2.2.15 Granitoides
sequência de serpentinitos, talcoxistos e talco-tre-
molita xistos, com níveis de cromititos intercalados Entre as rochas plutônicas ácidas e intermediárias do
(Barbosa de Deus & Vianna 1982). Os litotipos que Bloco Gavião norte, são predominantes os granitoi-
hoje constituem o complexo são resultantes do meta- des, sin a pós-tectônicos, relacionados ao Paleopro-
morfismo de baixo grau sobre peridotitos e piroxeni- terozoico (Fig.III.4).
tos originais que, possivelmente, formavam a porção
basal de uma intrusão estratificada de grande porte, No extremo setentrional eles estão representados
que foi erodida na sua maior parte (Couto et al. 1978), pela Suíte Alcalina Serra do Meio, de idade neopro-
mas ainda preservando texturas cumuláticas. Silva terozoica e que, segundo Plá Cid (1994) e Leite et al.
& Misi (1998) descreveram localmente a presença (1997) foi inclusive atingida pelas deformações do
subordinada de rochas de composição piroxenítica e Ciclo Brasiliano, não tendo sido feitas referências ao
gabroica, observadas especialmente na extremidade metamorfismo dessa época.
sul do complexo, onde ele apresenta a maior extensão
aflorante. Ainda na parte norte do Bloco Gavião, no denominado
Lineamento Tectônico Jacobina/Contendas-Mirante
O intenso processo hidrotermal que alterou as fases (CAPÍTULO VI), são encontrados, predominantemen-
silicáticas primárias (serpentina, talco, cloritas, tre- te, granitoides calcialcalinos, peraluminosos, a saber:
molitas, carbonatos, dentre outras) dificulta grande- (i) Campo Formoso (Sabaté et al. 1990); (ii) Carnaiba
mente a caracterização do magmatismo original, o (Sabaté et al. 1990); (iii) Cachoeira Grande (Couto et
modelo evolutivo e a determinação de sua idade ra- al. 1978); (iv) Jaguarari (Mascarenhas & Garcia 1989);
diométrica. No entanto, apesar de todas estas trans- (v) Riacho das Pedras (Couto et al. 1978); (vi) Gamelei-
formações, algumas características originais são re- ra (Marinho 1991) e (vii) Flamengo (Couto et al. 1978),
conhecidas, como o bandamento rítmico das cama- todos eles paleoproterozoicos e descritos em detalhe
das que mostram continuidade e persistência lateral, no CAPÍTULO V.
as texturas cumuláticas e a presença de rochas piro-
xeníticas sotopostas aos serpentinitos.
2.3 Principais Litologias do Bloco Gavião
As relações com as encaixantes indicam que este (Partes Oeste, Central e Sul)
complexo foi intrudido no embasamento gnáissico-
-migmatítico de idade 2,76–2,89Ga, conforme isócro- No Bloco Gavião, as rochas que afloram nas partes
na Rb/Sr (Couto et al. 1978, Mascarenhas & Garcia oeste, central e sul, foram mais bem estudadas que
1989). A presença de cromita detrítica em quartzitos aquelas da parte norte. Nesse contexto são encontra-
do Grupo Jacobina (Gonçalves et al. 1972) indica que das, não somente litologias paleoarqueanas do tipo
a colocação do Complexo Campo Formoso precedeu a TTG (tonalíticas, trondhjemíticas, granodioríticas),
deposição do grupo, o que confere uma idade mínima consideradas uma das mais antigas da América do
de 2,07Ga para essa intrusão (Bizzi et al. 2003). Sua Sul e que aparecem sob a forma de núcleos isolados,
idade máxima, em torno de 2,4Ga, pode ser feita por como também rochas meso-neoarqueanas, grano-
analogia com a idade de complexos ultramáficos da dioríticas e graníticas, gnaissificadas e, às vezes, mig-
mesma característica petrogenética, conforme postu- matizadas no fácies anfibolito (CAPÍTULO V). Essas
lado por Topich (1993) (CAPÍTULO VII). últimas são as mais abundantes na parte sul do Bloco
Gavião, além de granitoides riaciano-orosirianos.

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Na porção sul do Bloco Gavião rochas ortoderivadas PALEOARQUEANO
da fácies granulito são mapeadas a norte da cidade
de Caculé e a oeste de Ibitira, constituindo estreita 2.3.1 Rochas Tonalíticas, Trondhjemíticas e
faixa com direção aproximada N-S, no lado oeste do Granodioríticas (TTG)
Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba (Fig.III.6) (CAPÍTU-
LO IV). Essas rochas da fácies granulito encontram- Do ponto de vista geológico, nas regiões melhor conhe-
-se no mesmo nível crustal da fácies anfibolito do cidas da parte sul do Bloco Gavião, ocorrem dois gru-
greenstone belt e possivelmente elas foram alçadas pos de gnaisses TTG (tonalíticos, trondhjemíticos, gra-
por zonas de cisalhamento compressionais, talvez nodioríticos), ambos paleoarqueanos. As idades dessas
relacionadas às deformações paleoproterozoicas ou rochas encontram-se colocadas no CAPÍTULO V.
neoproterozoicas.
O primeiro grupo, de tendência trondhjemítica, cons-
Assim como foi descrito para a parte norte do Blo- titui a crosta mais antiga da América Latina. Possui
co Gavião, também nas partes oeste, central e sul, idades U-Pb em zircão (SHRIMP) que variam entre
as sequências do tipo greenstone belts, portadoras 3.403±5Ma (Granitoide Sete Voltas), 3.353±5 (Grani-
de vulcânicas ultramáficas, às vezes exibindo textu- toide Boa Vista-Mata Verde), 3.378±6Ma (Granitoi-
ras spinifex, ocorrem dispersas e próximas (Fig.III.6) de Bernarda), 3.406±65Ma (Lagoa da Macambira),
(CAPÍTULO IV). Como essas sequências apresentam 3.158±5Ma (Serra do Eixo) e 3.259±5Ma (Mariana).
estratigrafias semelhantes, podem ter feito parte de Esse primeiro grupo pode ser subdividido em dois
um mesmo ambiente tectônico, nos estágios iniciais subgrupos: (i) um exibe evidências de ter sido o em-
de suas formações. Situações parecidas são encon- basamento da Sequência Contendas-Mirante (Sete
tradas no Greenstone Belt do Bloco-Cráton Pilbara, Voltas 3.403±5Ma, Boa Vista-Mata Verde 3.353±5Ma e
na Austrália (Kranendonk et al. 2006), nos Greens- Bernarda 3.378±2Ma) e o outro subgrupo (ii), mostra
tone Belt da Província Superior, Canadá (Puchtel et evidências de que intrudiu a Sequência Contendas-
al. 2009, Polat 2009) e no Greenstone Belt de Goiás, -Mirante ou greenstone belts da região. Nesse último
Brasil (Danni & Ribeiro 1978, Jost et al. 2001). Entre caso pode-se citar como exemplos o Granitoide Lagoa
os Greenstone Belts do Bloco Gavião podem-se citar da Macambira (3.406±65Ma), que penetrou supra-
os de Umburanas, Brumado, Ibitira-Ubiraçaba, Gua- crustais do Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba (Cruz
jeru, Riacho de Santana e Boquira. No Bloco Gavião et al. em preparação) ou o Granitoide Serra do Eixo
também ocorrem sequências similares a greenstone (3.158±5Ma) e Mariana (3.259±5Ma), onde esse últi-
belts, como aquelas de Contendas-Mirante (CAPÍTU- mo possui enclaves de rochas do Greenstone Belt de
LO VI), Caetité-Licínio de Almeida e Urandi (CAPÍTU- Guajeru (Silva et al. 1977, Sampaio et al. 1982, Silva
LO IV). 1982, Bastos Leal et al. 1996) (Fig.III.6). Modelizações
geoquímicas nos TTG do segundo subgrupo têm mos-
A seguir são apresentadas, de forma simplificada, as trado que eles foram originados da fusão de basaltos
principais rochas do Bloco Gavião, das partes oes- toleiíticos deixando, como resíduos, anfibolitos ricos
te, central e sul, agrupando-as prioritariamente por em granada ou eclogitos (Martin et al. 1991).
ordem cronológica e de importância, visando uma
melhor compreensão da geologia desse segmento O segundo grupo, ligeiramente mais novo, tem ten-
crustal. dência mais granodiorítica e penetrou também os
greenstone belts. Pode-se citar como exemplo o Gra-
nitoide Aracatu (3.225±10Ma), que está arrodeado
por sequências supracrustais, consideradas como

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Figura III.6 - Mapa geológico do Bloco Gavião (partes oeste, central, sul) mostrando as rochas arqueanas e paleoproterozoicas, gnáissicas
e ortognáissicas, migmatizadas ou não. Estão assinalados os núcleos TTG, as rochas granodioríticas e graníticas, as rochas sieníticas e
granitoides paleoproterozoicos. Destaque também para os greenstone belts e as Sequências Metavulcanossedimentares. As estruturas neo e
paleoproterozoicas também estão indicadas. Simplificado e atualizado de Barbosa & Dominguez (1996).

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prolongamentos do Greenstone Belt Guajeru. Esse se-
gundo grupo teve origem similar ao primeiro, mas foi
submetido à contaminação crustal (Martin et al. 1991,
Marinho 1991, Santos Pinto 1996, Cunha et al. 1996,
Bastos Leal et al. 1998) (Fig.III.6).

PALEOARQUEANO-MESOARQUEANO

2.3.2 Complexo Gnáissico Migmatítico

Essa unidade foi inicialmente denominada de Com-


plexo Metamórfico-Migmatítico (CPRM/PROSPEC/
DNPM, 1974) e também de Complexo Granítico-Gnáis-
sico-Migmatítico (Silveira & Garrido 1998). Aflora na
região de Caetité, Paramirim e Riacho de Santana e foi
recentemente cartografado por Arcanjo et al. (2000),
sendo constituído por ortognaisses e migmatitos,
leucocráticos, de coloração cinza, granulação fina a
média e composição tonalítica a granodiorítica, local-
mente granítica. Gnaisses calcissilicáticos e kinzigí- Figura III.7 – Migmatitos da parte sul do Bloco Gavião
na Barragem Cristalândia
ticos também ocorrem associados aos ortognaisses.
Nessas rochas paraderivadas podem ser encontra-
dos quartzo, diopsídio, plagioclásio, micas, granada, ciação mineralógica progressiva compatível com a fá-
anfibólios, cordierita e opacos. Formações ferríferas cies anfibolito alto, com retrometamorfismo para a fá-
bandadas integram o arcabouço litológico dessa uni- cies xisto verde. Granitoides, provavelmente anatéticos,
dade. Leahy et al. (1999) obtiveram uma idade U/Pb mesocráticos, e leucogranitos associam-se com essas
em monozircão de 3,3Ga em ortognaisses desse com- rochas. Embora não existam idades confiáveis para a
plexo. Segundo a interpretação desses autores, possi- região do Vale do Paramirim, Mascarenhas & Garcia
velmente, essas rochas representam o embasamento (1989) forneceram argumentos que levam a conside-
do Greenstone Belt Riacho de Santana. rá-la como arqueana, mas com base no método Rb-
-Sr sobre gnaisses e migmatitos da região, a saber: (i)
2.3.3 Complexo Paramirim Brito Neves et al. (1980) apresentam uma isócrona de
2.680±58Ma (Sr(i)=0,700) para a região de Jussiape e;
Essa unidade está localizada na parte central do Bloco (ii) Cassedane & Lassere (1969) determinaram para
Gavião, no vale do rio Paramirim que, de acordo com 4 amostras de galena da Mina de Boquira idades de
Arcanjo et al. (2000), é constituída predominantemente 2.530±35Ma, 2.570±30Ma, 2.520±45Ma e 2.535±90Ma.
por ortognaisses, por vezes, augen-miloníticos e mig-
matíticos. Apresentam graus variados de anatexia e 2.3.4 Complexo Santa Isabel
composição tonalítico-granodiorítico-monzogranítica,
com termos sienograníticos e sieníticos subordinados. Situado no oeste do Bloco Gavião, entre a Serra do
A biotita e a hornblenda são os máficos predominan- Espinhaço Setentrional e a Serra de Palmas de Mon-
tes. Em geral são polideformados e apresentam asso- te Alto encontra-se o denominado Complexo Santa

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Isabel (Portela et al. 1976) (Fig.III.6), valendo ressaltar Vale ressaltar que, embora não se tenha certeza se
que ele faz parte do denominado Cinturão Urandi-Pa- faz parte ou não do Complexo Santa Isabel, a região
ratinga de Mascarenhas (1979). O Complexo Santa Isa- de Correntina, situada a oeste do Rio São Francisco é
bel ocorre em morros alongados na direção N-S, com constituída de rochas graníticas e migmatíticas. Nes-
cotas variando entre 600 e 650 metros. Ele é forma- sas rochas Mascarenhas e Garcia (1989), através de
do por ortognaisses de composição tonalítico-grano- isócronas de referência Rb-Sr encontraram as seguin-
diorítico-granítica, com enclaves máficos (anfibolitos, tes idades: 1.997±36Ma (Sr(i)=0,7043); 1.967±40Ma
piroxenitos, peridotitos) e dioríticos, além de migma- (Sr(i)=0,7043) e 2.008±129Ma (Sr(i)=0,706), podendo-se
titos, ortognaisses granulíticos, granulitos charno- interpretar que essas rochas foram formadas durante
ckíticos, kinzigitos, rochas calcissilicáticas, formações a migmatização da área no Paleoproterozoico.
ferríferas bandadas, serpentina mármore, peridotitos
e talco-tremolita xistos. Na região de Urandi e Espi-
nosa predominam as rochas da fácies anfibolito. Em MESOARQUEANO-NEOARQUEANO
direção ao noroeste elas gradam para ortognaisses e
migmatitos da fácies granulito (Fig.III.8) (região a oeste 2.3.5 Granitoides
de Caetité e nas imediações da cidade Riacho de Santa-
na). Esses últimos apresentam ortopiroxênio nos seus Na parte sul do Bloco Gavião, durante o Mesoarque-
neossomas. A idade dos protólitos do Complexo Santa ano, houve a formação de corpos granitoides alcali-
Isabel não é muito clara, entretanto, os dados Rb-Sr nos que foram posteriormente ortognaissificados na
disponíveis indicam que elas variam entre 2.680±83Ma fácies anfibolito. Entre eles se podem citar os grani-
(Sr(i)=0,705) e 3.030±107Ma (Sr(i)=0,704) (Brito Neves toides Malhada de Pedras e Serra dos Pombos. Nessa
et al. 1980, Mascarenhas & Garcia, 1989). Rosa (1999), parte do Bloco Gavião ainda ocorrem também grani-
através do método Laser Ablation ICP-MS encontrou toides com idades neoarqueanas, podendo-se citar
uma idade de 3.352±290Ma (Tab.III.2). Os erros analí- como exemplos o Granitoide Caraguataí e o Grani-
ticos dessa última idade são muito elevados e a rocha toide Serra do Eixo (Fig.III.6). Esses granitoides estão
datada encontra-se sob a forma de um xenólito no descritos no (CAPÍTULO V).
Granitoide Cara Suja (CAPÍTULO V).

NEOARQUEANO-PALEOPROTEROZOICO

2.3.6 Greenstone Belt Umburanas

O Greenstone Belt Umburanas (Silveira et al. 1980)


(Fig.III.6) (CAPÍTULO IV), deformado e metamorfizado
nas fácies xisto-verde-anfibolito baixo (Cunha & Fróes
1994, Bastos Leal et al. 2003) é uma sequência alon-
gada, aproximadamente na direção N-S, composta
por três unidades: (i) uma inferior, formada de me-
takomatiítos e metabasaltos toleiíticos, superpostos
por quartzitos conglomeráticos (idade média de sedi-
mentação, através datação U-Pb SHRIMP em zircão
Figura III.8 – Migmatitos do fácies granulito pertencentes ao de 3.147±16Ma (Tab.III.2), além de metaconglome-
Complexo Santa Isabel na estrada Caetité-Guanambi. rados, metacherts, rochas calcissilicáticas, camadas

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de metavulcânicas máficas e félsicas, metacalcários 2.3.9 Greenstone Belt Guajeru
e formações ferríferas; (ii) uma intermediária, com-
posta de metadacitos, metarriolitos e metandesitos Esse greenstone belt foi motivo de estudos por parte
(idade de cristalização magmática, Pb-Pb evaporação de Pedreira et al. (1975), Silva et al. (1977), Lima et al.
em zircão de 2.744±15Ma, bem como metavulcânicas (1981), Sampaio et al. (1982), Silva (1982), Lopes (2000)
máficas, metatufos, metacalcários, formações ferrífe- e outros (Fig.III.6) (CAPÍTULO IV). O elevado grau
ras e, (iii) uma superior, constituída essencialmente de intemperismo, a ausência de bons afloramentos,
de metacarbonatos (Cunha & Fróes 1994). As idades além do intenso tectonismo que atingiu as litologias
Sm-Nd nos metakomatiítos não são conclusivas de- desse greenstone belt dificulta o estabelecimento
vido à presença de “ distúrbios isotópicos” (Bastos das sequências estratigráficas. Entretanto, segundo
Leal, et al. 2003). Esse greenstone belt é intrudido Lopes (2000), da base para o topo ocorrem rochas
pelo Granitoide Serra do Eixo, do Neoarqueano e pelo metaultramáficas (serpentinitos, talcoxistos, tremoli-
Granitoide Umburanas do Paleoproterozoico (CAPÍ- titos, actinolititos), metamáficas, rochas calcissilicá-
TULO V), levando a interpretar que a formação desse ticas, formações ferríferas, metacalcários, micaxistos,
greenstone se deu entre o Mesoarqueano e o Paleo- quartzitos ricos em fucsita e silexito ferruginosos.
proterozoico.
2.3.10 Greenstone Belt Riacho de Santana
2.3.7 Greenstone Belt Brumado
Esse greenstone belt situa-se na borda ocidental da
O Greenstone Belt Brumado (Cunha et al. 1996) se es- Serra do Espinhaço, dentro dos municípios de Riacho
palha no Bloco do Gavião sul, sob a forma de três fai- de Santana e Bom Jesus da Lapa (Fig.III.6) (CAPÍTULO
xas irregulares com extensões de cerca de 30 x 10km IV). Essa unidade tectônica foi estudada por Costa et
de largura média, estando separadas por núcleos de al. (1975, 1980), Silveira & Garrido (1998) e Prazeres
rochas “granito-greenstone” (Fig.III.6). A faixa mais Santos (2010), tendo esses autores definido três sequ-
importante é aquela da Serra das Éguas, situada nas ências (CAPÍTULO IV).
proximidades da cidade de Brumado e que contém
grandes depósitos de magnesita e talco (CAPÍTULO 2.3.11 Greenstone Belt Boquira
IV).
Esse greenstone belt situa-se no vale do Rio Parami-
2.3.8 Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba rim, nas proximidades da cidade de Boquira, no no-
roeste da Bahia (Fig.III.6). Essa região foi estudada
O Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba (Cunha et al. por diversos autores ao longo do tempo, entretanto,
1996) é formado por faixas estreitas, curvilíneas, de foram Costa et al. (1976) e Mascarenhas (1979) os
rochas de médio a baixo grau metamórfico. Essas primeiros a classificarem as rochas supracrustais do
faixas se estendem desde o extremo sudoeste da denominado Complexo Boquira como equivalentes a
Chapada Diamantina, passando por Iguatemi, Ubira- um greenstone belt (CAPÍTULO IV). Trabalhos de Ar-
çaba, Ibitira, Ibiassucê indo terminar a sul da cidade canjo et al. (2000) levaram a subdividir esse greens-
de Caculé (Fig.III.6). Suas rochas margeiam o Domo tone em três sequências: (i) uma inferior, constituída
Lagoa da Macambira e o Domo de Santa Rita (Cruz et basicamente por rochas metakomatiíticas (Unidade
al. 2010). Ao norte e oeste suas rochas estão tectoni- Botuporã do Complexo Boquira); (ii) uma interme-
camente limitadas pelo Granitoide Lagoa Real (CAPÍ- diária, representada por metabasaltos e sedimentos
TULO IV, V). químicos e clásticos associados (Unidade Cristais do

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Complexo Boquira); e (iii) uma superior formada por perfazendo cerca de 1.600Ma de diferença entre elas
formações ferríferas, xistos, quartzitos e carbonatos (Marinho 2009). Esse intervalo da idade é grande, tanto
(Unidade Boquira do Complexo Boquira). para explicar o tempo de empilhamento estratigráfico
de uma sequência como essa, quanto para explicar o
2.3.12 Sequência Metavulcanossedimentar tempo de deposição de litologias completas de um gre-
Contendas-Mirante enstone belt típico, com o qual Contendas-Mirante foi
comparado por alguns autores (Marinho 2009). Esses
A Sequência Metavulcanossedimentar Contendas- fatos são discutidos nos CAPÍTULOS IV e VI.
-Mirante (Marinho et al. 1979), como o nome indica,
situa-se entre as cidades de Contendas do Sincorá e A Sequência Metavulcanossedimentar Contendas-Mi-
Mirante (CAPÍTULO VI). Constitui uma faixa sinclino- rante foi intrudida não somente pelos granitoides referi-
rial submeridiana, estendendo-se por cerca de 190km dos antes, tais como o Serra dos Pombos (2.845±45Ma)
e com 65km de largura. Está posicionada entre o Blo- e o Pé de Serra (2.652±11Ma), mas também por grani-
co Gavião, a oeste e o Bloco Jequié, a leste (Fig.III.6). toides peraluminosos que fazem parte do Lineamento
Tectônico Jacobina/Contendas-Mirante, tais como o
Essa sequência está sobreposta a TTG paleoarquea- Lagoa Grande-Lagoinha (1.974±36Ma), o Riacho das
nos (Sete Voltas e Boa Vista-Mata Verde) (CAPÍTULO Pedras (1.929±16Ma) e o Gameleira (1.947±54Ma) (CA-
V). Apesar de se encontrar polideformada e re-equi- PÍTULO V). Ainda como intrusiva importante na Sequ-
librada na fácies xisto verde regional (baixa pressão/ ência Metavulcanossedimentar Contendas-Mirante,
alta temperatura), progressivo de leste para oeste, não se pode deixar de citar o Sill Máfico-Ultramáfico
a intensidade do metamorfismo é denunciada pela do Rio Jacaré-Fazenda Gulçari, com características to-
sucessão de seis zonas metamórficas (Marinho 1991) leiíticas e portador de importante jazida de Fe-Ti-V. A
(CAPÍTULO VI), cujos minerais característicos em me- propósito, este sill penetrou na sequência em torno de
tapelitos são a andaluzita e a cordierita. Diversos pes- 2.649±4Ma (Marinho & Macambira, em preparação).
quisadores tentaram interpretar a estratigrafia des- Entretanto outras idades foram publicadas para esse
sa sequência (Marinho et al. 1979, 1980, Cunha et al. sill por Brito (2000), citadas mais adiante no subitem
1981, Marinho, 1982, 1991, Marinho et al. 1994), sendo 2.3.15 e no CAPÍTULO VII.
considerada aqui, a estratigrafia dos últimos autores.
Eles compartimentaram a Sequência Contendas-Mi- 2.3.13 Sequência Metavulcanossedimentar
rante em três unidades: (i) a inferior, que foi sub-di- Caetité-Licínio de Almeida
vidida em duas formações (Jurema-Travessão e Bar-
reiro D’Anta), além do Corpo Sub-Vulcânico de Barra Essa sequência metavulcanossedimentar (Cruz et al.,
da Estiva; (ii) a intermediária, que foi sub-dividida em 2010), engloba os denominados Complexo Licínio de
duas formações (Rio Gavião e Mirante); e (iii) a supe- Almeida (Inda & Barbosa 1978, Barbosa & Dominguez
rior, que está representada pela Formação Areião. O 1996, Silva & Cunha 1999) e a Formação Mosquito (Ro-
detalhamento dessas rochas, incluindo suas idades cha et al. 1998). Ela se situa no flanco leste da Serra do
encontram-se no CAPÍTULO VI. Espinhaço Setentrional, sob a forma de uma faixa N-S,
com cerca de 2-5km de largura e estendendo-se por
As idades empilhadas dessa sequência vão da mais aproximadamente 70km. Vai desde a cidade de Caetité
antiga (Formação Jurema-Travessão, 3.010±0,16Ma, ao norte, até a cidade de Lacínio de Almeida, ao sul.
Pb-Pb em zircão) até a mais nova (Formação Areião, Daí, ela flete para leste, indo em direção à cidade de
2.168±0,002Ma, U-Pb em zircão detrítico) (Tab.III.2) Jacaraci, situada nas proximidades da fronteira Bahia-

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9
-Minas. A partir dessa fronteira, voltando em direção à
Bahia, ela passa a ocupar novamente a direção meri-
diana, prolongando-se para norte, até alcançar os ar-
redores da cidade de Caculé (Fig.III.6).

Os trabalhos mais recentes têm mostrado que essa


sequência é tectonicamente concordante com as ro-
chas metassedimentares proterozoicas que susten-
tam a Serra do Espinhaço Setentrional, as quais, na
região foram subdivididas nas formações Salto, Sítio
Novo e Santo Onofre (CAPÍTULO VII) (Fig.III.9).

10
Sendo assim, sem ordem estratigráfica, devido às
deformações que ocorreram nas rochas que com-
põem a Serra do Espinhaço Setentrional, Cruz et al.
(2010) identificaram nessa sequência: (i) anfibolitos
(rochas sub-vulcânicas) e xistos máficos (metavulcâ-
nica máfica) encontrados sob a forma de lentes pou-
co espessas, intercaladas tectonicamente nos xistos/
metapelitos a seguir descritos; (ii) rochas cálcissilicá-
ticas bandadas, destacando-se níveis com proporções
variadas de hornblenda, tremolita-actinolita, biotita,
epidoto, quartzo, calcita e clorita; (iii) mármores com
hornblenda e calcita; e (iv) xistos/metapelitos, esses
11
últimos os mais representativos da sequência, sen-
do formados por domínios ricos em biotita, quartzo,
moscovita, calcita, estaurolita, cianita, almandina,
opacos, clorita e epidoto. Quartzitos com moscovita
também ocorrem intercalados nesses xistos, sob a
forma de lentes (Fig.III.9) (Fig.III.10) (CAPÍTULO IV).

Torna-se importante colocar que nesses xistos-meta-


pelitos são também encontrados: (i) filitos ricos em
ferro e manganês; (ii) itabiritos por vezes anfibolíticos,
portadores de níveis ricos em especularita, quartzo
(cherts recristalizados) e em alguns casos grunerita;
(iii) formações manganesíferas com raros cristais de Figura III.9 – Metapelitos da Sequência
jacobsita no meio de agregados de magnetíta, inter- Metavulcanossedimentar Caetité-Licínio de Almeida na cidade
de Caetité mostrando falha de empurrão de pequeno ângulo e
caladas com camadas ricas em anfibólio manganesí- com as rochas exibindo vergência para oeste.
fero; (iv) rochas calcissilicáticas; e (v) mármores man-
Figura III.10 – Lente de quartzito com moscovita intercalada
ganesíferos. As litologias ricas em manganês, com a com xistos-metapelíticos.
supergênese, foram transformadas em jazidas desse Figura III.11 – Afloramento de itabirito da futura mina
elemento, as quais, nas décadas de 60 e 70, constituí- de ferro de Caetité

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ram minas economicamente explotáveis. Por sua vez, ência Metavulcanossedimentar Contendas-Mirante
fruto dos litotipos ricos em ferro, reservas de itabirito (Fig.III.6). Ele é composto de rochas metamáficas e
foram recentemente descobertas e localizadas nas metaultramáficas estratificadas, mineralizadas em
proximidades sul da cidade de Caetité (Fig.III.11). Fe-Ti-V. Está metamorfizado e deformado onde os
considerados acamadamentos ígneos ficaram para-
2.3.14 Sequência Metavulcanossedimentar lelizados aos planos da deformação regional. Possui
Urandi direção geral N10oE e mergulho da foliação variando
entre 50o e 70o para sudeste (Brito et al. 1984, Avena
A Sequência Metavulcanossedimentar Urandi está si- Neto 1987, Brito 2000) (Fig.III.6) (CAPÍTULO VII).
tuada no sudoeste do Estado da Bahia, próxima da ci-
dade homônima, Essa sequência está envolvida pelas Marinho (1991) ao estudar o metamorfismo da área
rochas do Complexo Santa Isabel e ambas pertencem onde ocorre o sill, mostrou que as rochas do Bloco Je-
à parte sul do Bloco Gavião (Fig.III.6). Essa sequên- quié foram metamorfizadas tanto na fácies granulito
cia foi estudada recentemente por Figueiredo (2009) quanto na anfibolito. As rochas do Sill do Rio Jacaré
que demonstrou um empilhamento estratigráfico foram re-equilibradas na fácies anfibolito, enquanto
constituído na base por metavulcânicas máficas que que as rochas da Sequência Metavulcanossedimentar
gradam para formações ferríferas bandadas da fácies Contendas-Mirante foram metamorfizadas no fácies
óxido e silicato, quartzitos ferrruginosos, quartzitos xisto verde (Marinho 1991). Isso é explicado porque as
micáceos, quartzo-biotita-xistos e calcissilicáticas. isógradas do metamorfismo regional de alto grau fo-
Apófises de granitoides são encontradas intrusivas na ram seccionadas por zonas de cisalhamento geradas
sequência (Fig.III.12). durante a deformação regional paleoproterozoica.
Nesse processo, mega fatias de rochas da fácies gra-
nulito foram empurradas para oeste, superpondo-se
a megafatias de rochas da fácies anfibolito e esses,
por sua vez, sobre megafatias de rochas da fácies xisto
verde (Barbosa & Sabaté 2002, 2004) (Fig.III.13).

Utilizando dados de campo e de inúmeros testemu-


nhos de sondagens da Largo Mineração, proprietá-
ria da jazida de Fe-Ti-V, notaram-se a oeste do sill
metagabros com 65-70% de plagioclásio, piroxênio,
anfibólio e quartzo e praticamente desprovidos de
Figura III.12 – Testemunho de sondagem na Sequência magnetita, não compatíveis com as outras litologias
Metavulcanossedimentar Urandi mostrando o contato de metape-
intrusivas descritas a seguir (Raimundo 2008). Essa
litos (preto) com apófise de granito (branco)
autora interpretou que esses metagabros parecem ser
mais jovens que as rochas efetivamente pertencentes
ao sill (Fig.III.14). Se esta interpretação for confirmada,
2.3.15 Sill do Rio Jacaré – Fazenda Gulçari eles seriam os representantes de pulsos de um líqui-
do toleiítico, dentro da câmara magmática, diferente
O Sill do Rio Jacaré, com 70km de extensão e 1,3km daquele que formou o sill, situado a leste. O conta-
de largura média, está situado a oeste da cidade de to entre esses metagabros de oeste e o sill de leste
Maracás no contato entre o Bloco Jequié e o Bloco é tectônico, através de zona de cisalhamento. Sendo
Gavião, mais especificamente na borda leste da Sequ- assim, da base para o topo, o sill é formado de: (i) me-

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Figura III.13 – Seção geológica atravessando o Sill do Rio Jacaré-Fazenda Gulçari e rochas das fácies anfibolito e granulito do Bloco Jequié
(Segundo Raimundo 2008).

tapiroxenito (piroxênio, anfibólio, plagioclásio, biotita, rior a 10% é suficiente para saturar um magma má-
titano-magnetita e ilmenita); (ii) metamagnetititos fico, formando líquidos muito ricos nesse elemento e
(magnetita e ilmenita); (iii) metagabros de leste (pla- em outros, como o vanádio e o titânio (Winter 2001).
gioclásio, magnetita, quartzo, anfibólio e biotita); e (iv) No caso do sill do Rio Jacaré, isso tornou seu liquido
meta-anortositos (plagioclásio, piroxênio reliquiar e ferroso, gerador da jazida em questão, imiscível em
anfibólio). Os anfibólios presentes na matriz e nas bor- relação ao liquido ferro-magnesiano que deu origem
das dos piroxênios são considerados metamórficos. Os aos piroxenitos, gabros e anortositos
anfibólios maiores, não pertencentes à matriz, embora
re-equilibrados pelo metamorfismo, guardam ainda Com relação à idade do sill, o método Sm-Nd rocha
características plutônicas (CAPÍTULO VII). total forneceu uma idade de 2.841±68Ma e o método
Rb-Sr, uma idade de 2.757±45Ma (Brito 2000). A idade
No que diz respeito à litogeoquímica, Brito (2000) obtida pelo método U-Pb SHRIMP em zircão situa-se
demonstrou que o magma que deu origem ao Sill do em torno de 2,7Ga (Brito, comunicação verbal).
Rio Jacaré foi toleiítico, muito enriquecido em ferro e
relativamente empobrecido em magnésio. Segundo
esse autor, uma quantidade de ferro até mesmo infe-

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PALEOPROTEROZOICO

2.3.16 Granitoides

No Bloco Gavião, no lado oeste da Serra do Espi-


nhaço Setentrional, na região de Guanambi-Urandi,
penetrando as rochas gnáissicas e migmatíticas do
Complexo Santa Isabel, existem extensos corpos ba-
tolíticos, monzo-sieníticos, (Rosa et al. 1996, Rosa
1999) que foram denominados no CAPÍTULO V de
Granitoide Guanambi-Urandi (Fig.III.6). São rochas
predominantemente leucocráticas, com termos gra-
níticos e máficos subordinados. Essas rochas encon-
tram-se individualizadas em dois conjuntos: as intru-
sões múltiplas iniciais de Paratinga, Laguna, Igaporã
e Guanambi e as intrusões tardias, denominadas de
Maciços de Cara Suja (Paim 1998), Estreito (Santos et
al. 1996, 2000) e Ceraíma (Leahy 1998). Contrastando
com as encaixantes do Complexo Santa Isabel, esses
corpos plutônicos monzo-sieníticos não têm defor-
mação e, como demonstram as idades acima, eles Figura III.14 – Gabro acamadado e deformado do Sill
do Rio Jacaré – Fazenda Gulçari
surgiram na crosta continental do extremo oeste do
Bloco Gavião em torno de 2,05Ga.

No Bloco Gavião, no lado leste da Serra do Espinhaço 2.4 Principais Litologias do Bloco
Setentrional, o paleoproterozoico está representado, Serrinha
principalmente por corpos de granitos ovalados, de
pequenas dimensões, indeformados, anarogênicos e O Núcleo Serrinha (Rios 2002) ou Bloco Serrinha
isolados. (Barbosa & Sabaté 2002, 2004), localizado na porção
nordeste do Estado da Bahia, representa um impor-
Encaixados nas rochas gnáissicas e migmatíticas des- tante segmento arqueano-paleoproterozoico do Crá-
critas anteriormente (subitem 2.3.2), eles estão exem- ton do São Francisco (Mascarenhas 1979).
plificados pelos granitoides Rio do Paulo, Caculé, Es-
pírito Santo e Iguatemi, que revelaram idade média A parte mais antiga e mais representativa do Bloco
de cristalização em torno de 2,0 Ga e tendência cal- Serrinha tem seus protólitos de idade mesoarquea-
cialcalina (CAPÍTULO V) (Fig.III.6). Os dois primeiros na, denominados de Complexo Santa Luz (Fig.III.15).
possuem mineralogia a anfibólio e biotita e caráter Esse conjunto de rochas mais antigas serviu de em-
metaluminoso enquanto os dois últimos, mineralogia basamento para as sequências vulcanossedimentares
a biotita e moscovita, além de caráter peraluminoso. paleoproterozoicas do Greenstone Belt Serrinha/Rio
O granito Jussiape, que se situa nas proximidades da Itapicuru (Mascarenhas 1976, Kishida 1979, Kishida
cidade homônima, é indeformado e tem idade U-Pb & Riccio 1980) (CAPÍTULO IV). Esse greenstone está
zircão (ICP-MS) de 2.068±85Ma, (Cruz et al. no prelo) equilibrado na fácies xisto verde e associado a uma vo-
(CAPÍTULO V). lumosa granitogênese, quase toda de idade Riaciana-

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Figura III.15 – Mapa geológico do Bloco Serrinha mostrando o Complexo Santa Luz e o Cinturão Caldeirão. Destaca-se também o
Greenstone Belt Serrinha/Rio Itapicuru e granitoides do Paleoproterozoico. (Simplificado e atualizado de Barbosa & Dominguez 1996,
segundo Oliveira 2010 e Kosin et al. 2003).

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-Orosiriana (Tab.III.1), que representam cerca de 30%
da área do Bloco Serrinha (Cruz Filho 2005) (Fig.III.15).
Com relação ao pico das deformações tectônicas, essa
granitogênese foi separada por Barbosa et al. (2005)
em três grupos, descritos mais adiante, no subitem
2.4.5. Por outro lado, corpos máficos (peridotito cro-
mitífero de Santa Luz) (CAPÍTULO VII) e diques máficos
(CAPÍTULO XII) são também encontrados nesse Bloco.

MESOARQUEANO

2.4.1 Complexo Santa Luz Figura III.16 – Migmatito típico do Complexo Santa Luz

O Complexo Santa Luz constitui, em geral, uma faixa


de rochas com direção aproximada NNW-SSE e, como
referido antes, é considerado como o embasamento
do Greenstone Belt Serrinha/Rio Itapicuru (CAPÍTU-
LO IV) (Fig.III.15). Trata-se de um conjunto gnáissico-
-granítico-migmatítico (Fig.III.16, III.17) onde quatro
associações foram individualizadas, a maioria meta-
morfizada na fácies anfibolito.

A primeira associação ocorre na parte centro-sul do


complexo sendo formada por ortognaisses bandados,
às vezes migmatizados, com mesossoma composto
por hornblenda-biotita gnaisses, de composição to-
nalítica a granodiorítica. Exibem coloração cinza, com Figura III.17 – Ortognaisse migmatizado do Complexo Santa luz
granulometria fina a média e com leucossoma graní-
tico, branco a róseo. Possuem enclaves de metagabro,
metadiorito, anfibolito e metadiabásio, concordantes A terceira associação situa-se na parte centro-norte
ou não com a foliação gnáissica e que poderiam advir do complexo, onde predominam ortognaisses banda-
de plútons primitivos e diques máficos deformados dos migmatíticos, semelhantes aos da primeira as-
(Melo et al. 1995). sociação. Eles são compostos por: (i) gnaisse, carac-
terizado pela alternância de biotita gnaisse cinzento,
A segunda associação aflora na porção sul do Com- com bandas de anfibolito e de gnaisse granítico; (ii)
plexo (Fig.III.15). É constituída predominantemente gnaisse aluminoso, em parte kinzigítico, com biotita,
por gnaisses, onde se alternam biotita gnaisse e lentes granada e sillimanita; (iii) quartzito puro, micáceo
ou boudins de anfibolito. Gnaisse aluminoso e me- (moscovita/fucsita), aluminoso (com sillimanita) ou
tamorfitos calcissilicáticos, em parte migmatizados, ferruginoso; e (iv) metamorfitos calcissilicáticos com
também estão presentes, intercalados com ortognais- diopsídio, plagioclásio, quartzo, tremolita e, às vezes,
se da primeira associação. O contato entre a primeira escapolita, associada com metabasito, metachert,
e a segunda associação é transicional. mármore e olivina/serpentina mármore.

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A quarta associação caracteriza-se pela presença de idades modelo Sm-Nd dos paragnaisses antes referi-
ortognaisses tonalíticos a granodioríticos, relativa- dos são tão antigas quanto 3,1Ga.
mente homogêneos, que ocorrem a oeste do Comple-
xo Uauá, esse último descrito mais adiante, no subi- Como pode ser verificado, os segmentos tectônicos
tem 2.5.2. Uauá, Serrinha e o cinturão em foco possuem pro-
tólitos com idades arqueanas. Com efeito, Rios et al.
Os gnaisses e migmatitos do Complexo Santa Luz for- (2008), demonstrando a presença dessas rochas anti-
maram-se no Arqueano, entre 3,0-2,7Ga, tendo sido gas, fazem referência a xenocristais de zircão herda-
retrabalhados no Paleoproterozoico, entre 2,1 e 1,9Ga, dos, de 3,6Ga, presentes no Granitoide Quijingue (CA-
período onde sofreram deformação, metamorfismo e PÍTULO V), de idade paleoproterozoica e, certamente,
fusão parcial (Melo et al. 1995). produto da fusão parcial de rochas paleoarqueanas.

Nos migmatitos desse complexo, nas vizinhanças da 2.4.3 Peridotito Cromitífero de Santa Luz
cidade de Retirolândia, Oliveira et al. (2002a) obtive-
ram idades U-Pb (SHRIMP) em zircões (paleossomas) Na parte sul do Complexo Santa Luz é encontrado um
de 3.085±6Ma (eNd=1,15 e -0,04) (Tab.III.2), Por sua corpo de peridotito, onde se explota cromo. Essas ro-
vez, Rios et al. (2009) encontrou idades de 3.102±5Ma chas ultramáficas mineralizadas levaram o nome de
(Granitoide Valente), 3162±26Ma (Granitoide Ambró- Peridotito Cromitífero de Santa Luz (Fig.III.18).
sio) e 2989±11Ma (Granitoide Requeijão) (CAPÍTULO
V), todos eles associados aos Migmatitos Santa Luz.

2.4.2 Cinturão Caldeirão

Esse cinturão situa-se entre o Bloco Uauá e o Bloco


Serrinha (Oliveira et al. 2010) (Fig.III.15). Ele é for-
mado de quartzitos, sillimanita-granada-cordierita
gnaisses e anfibolitos, todos estruturalmente ban-
dados e intercalados com migmatitos e gnaisses do
embasamento. Zircões desse embasamento produ-
ziram idades SHRIMP de 3.152±5Ma (Oliveira et al.
2002). Por sua vez, quartzitos situados nesse cinturão
exibem populações de zircões diferenciadas e com
idades distintas. Uma população forneceu idade de Figura III.18 – Afloramento do Cromitito na Mina de Santa Luz na
parte sul do Bloco Serrinha.
3.204Ma e outra de 3.051Ma (Tab.III.2). Um fato que
merece destaque é que esses zircões detríticos pos-
suem periferias metamórficas diferentes de seus cen-
tros. Essas periferias, quando datadas, forneceram Segundo Oliveira et al. (2007), esse corpo de rocha má-
idades de 2.076±10Ma (Oliveira et al. 2002, Mello et fica situa-se entre os gnaisses do Complexo Santa Luz
al. 2006) semelhantes àquelas encontradas para as e as rochas supracrustais do Greenstone Belt Serri-
deformações e metamorfismo regional, ambos de nha-Rio Itapicuru (Fig.III.15). Ele é formado de serpen-
idade paleoproterozoica, ligadas ao Orógeno Itabuna- tinitos, harzburgitos serpentinizados, cromititos maci-
-Salvador-Curaçá (Barbosa & Sabaté 2002, 2004). As ços, além de diques e veios gabroicos, ricos em epidoto

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(CAPÍTULO VII). Os autores supracitados consideram sos, turbidíticos, onde foram encontrados até clastos
que essa associação de rochas máficos-ultramáficas do embasamento do Complexo Santa Luz (Silva 1992).
foi proveniente de líquido basáltico derivado de manto
peridotítico. Os cromititos maciços mostram química
de elementos maiores e de elementos do grupo da
platina, semelhante àquela encontrada em ofiolitos
cromitíferos. Daí, eles podem estar relacionados com
um rift próximo a uma margem continental (Oliveira
et al. 2010). Infelizmente não se tem ainda uma idade
confiável para as rochas peridotíticas, entretanto Oli-
veira et al. (2007), através do método U-Pb (SHRIMP
em zircão), dataram gnaisses bandados encaixantes
desse corpo e de diques aplíticos que o cortam. Para
o primeiro encontrou idade de 2.983±8Ma e para o se-
gundo, idade de 2.085±12Ma (Tab.III.2).

Figura III.19 – Vulcânicas máficas com pillow lavas da parte basal


PALEOPROTEROZOICO do Greenstone Belt Serrinha/Rio Itapicuru

2.4.4 Greenstone Belt Serrinha/Rio Itapicuru

Esse Greenstone Belt foi primeiramente nomeado por


Mascarenhas (1976) com o nome Serrinha, em relação
à cidade próxima que tem esse mesmo nome. Poste-
riormente Kishida (1979) e Kishida & Riccio (1980) o
designaram de Rio Itapicuru, em homenagem ao rio
homônimo, onde ocorrem as melhores exposições
das suas lavas basálticas, com estruturas de resfria-
mento submarino (CAPÍTULO IV) (Fig.III.15).

Segundo Silva (1992), as rochas supracrustais desse


greenstone, com uma forma sinclinorial, possui uma
espessura de aproximadamente 9,5km. Essas rochas Figura III.20 – Vulcânicas ácidas da parte intermediária do
Greenstone Belt Serrinha/Rio Itapicuru
supracrustais compreendem: (i) na parte basal, rochas
vulcânicas máficas, constituídas de basaltos maciços,
toleiíticos (às vezes expondo estruturas pillows) (Fig.
III.19), basaltos porfiríticos, variolíticos, amigdaloidais e Para as rochas vulcânicas máficas da parte basal
brechas de fluxo; (ii) na parte intermediária, rochas vul- (metabasaltos de fundo oceânico, metabasaltos ma-
cânicas félsicas dacíticas e andesíticas (Fig.III.20) cal- ciços e metabasaltos porfiríticos) foram encontra-
cialcalinas, com tufos e aglomerados vulcânicos; e (iii) das idades de cristalização de 2.209±60Ma (isócro-
na parte superior, rochas metassedimentares (Fig.III.21, na U-Pb, Silva et al. 2001) e 2.145±8Ma/2142±6Ma
III.22) tipo cherts, jaspilitos e formações ferríferas ban- (zircões U-Pb SHRIMP, Oliveira et al. 2009). Para as
dadas, gradando no topo para sedimentos mais gros- rochas vulcânicas félsicas da parte intermediária (an-

Ter ren o s M eta m ó r f i co s d o E m b a s a mento • 133

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desitos e dacitos de arco e dacitos) foram encontra- Segundo Silva (1983, 1987) três eventos metamórfi-
das idades de 2.170±60Ma (isócrona U-Pb, Silva et al. cos afetaram a sequência: (i) um evento de natureza
2001) e 2.081±9Ma (zircões U-Pb SHRIMP, Oliveira et hidrotermal, de fundo oceânico, que espilitizou par-
al. 2009) devendo-se frisar que esses últimos autores cialmente as rochas vulcânicas máficas; (ii) um even-
encontraram também, nessas rochas, zircões mais to regional das fácies xisto verde e anfibolito baixo; e
antigos com idades de 3.364±10Ma, 3.064±6Ma e (iii) um evento de contato, mais quente, identificado
3.017±8Ma, sugerindo que houve interação do magma em algumas auréolas de granitoides, aqueles que pe-
andesítico-dacítico com rochas arqueanas. Segundo netraram tardiamente as rochas do greenstone belt,
Silva et al. (2001), foram encontradas idades TDM de que se encontravam metamorfizadas regionalmente
cerca de 2,20Ga para os metabasaltos e 2,12Ga para em baixo grau.
os meta-andesitos com valores de eNd de +4 para os
basaltos e +2 para os andesitos (Tab.III.2) 2.4.5 Granitoides e Diques Máficos

Considerando como referência as deformações e o


pico do evento tectônico paleoproterozoico que atin-
giu o Bloco Serrinha (Barbosa & Sabaté 2004), seus
granitoides podem ser subdivididos em três grupos:
granitoides pré-tectônicos, granitoides sintectônicos
e granitoides pós-tectônicos (Barbosa et al. 2005).

Os granitoides pré-tectônicos possuem idades me-


soarqueanas e fazem parte do Complexo Santa Luz,
tendo sido citados anteriormente no item 2.4.1. Esses
granitoides, embora tenham sido submetidos às de-
formações paleoproterozoicas, bem marcadas nesses
Figura III.21 – Rochas metassedimentares da parte superior corpos, resistiram parcialmente à migmatização, con-
do Greenstone Belt Serrinha/Rio Itapicuru, mostrando dobras
temporânea às deformações. Com efeito, em alguns
intrafoliais.
deles são encontrados, além de zircões metamórficos
paleoproterozoicos, zircões com idades mesoarquea-
nas, próximas do plutonismo (CAPÍTULO V).

Os granitoides sintectônicos, dominantes na parte


meridional do Bloco Serrinha, possuem idade Ria-
ciana (Tab.III.1). Apresentam, na sua grande maioria,
uma forma ovalada, alongada na direção N-S. Exibem
foliação de fluxo magmático, superposta por uma tê-
nue foliação tectônica ligada às deformações paleo-
proterozoicas (Barbosa & Sabaté 2002, 2004). Como
exemplos desses granitoides podem-se citar: o Gra-
nodiorito Trilhado (Mello et al. 2006); o Trondhjemito
Nordestina (Alves da Silva et al. 1993); o Tonalito-Gra-
Figura III.22 – Rochas metassedimentares levemente onduladas nodiorito Teofilândia (2.127±7Ma, Mello et al. 2006); o
da parte superior do Grenstone Belt Serrinha/Rio Itapicuru.
Granodiorito-Tonalito Barrocas (Alves da Silva et al.

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1993); o Granodiorito Lagoa dos Bois (Gaal et al. 1987); nha. A comparação entre a figura III.15 e a figura III.23
o Granodiorito-Trondhjemito Eficéas (Rios et al. 2009), mostra que uma das características que torna possí-
o Granito Cipó (Rios et al. 2009) e o Tonalito-Grano- vel diferenciar o Bloco Serrinha do Bloco Uauá, é a
diorito Itareru (Rios 2009) (CAPÍTULO V). existência nesse último de uma malha muito pronun-
ciada de diques máficos, com a geração mais velha,
Nos granitoides pós-tectônicos, de idade Orosiriana de direção N10-20oW cortada por diques mais novos
(Tab.III.1), não são visualizadas estruturas deforma- de direção N40-50oE. Esse fato não ocorre com tal in-
cionais. Identificam-se sim, evidências de foliações tensidade nos outros segmentos crustais da Bahia e,
irregulares de fluxo magmático. São exemplos des- nem mesmo no Bloco Serrinha que lhe é adjacente
ses últimos: o Granitóide Sienítico Morro do Afonso (Fig.III.23) (CAPÍTULO XII).
(Rios et al. 2007); o Monzonito-Monzodiorito Cansan-
ção (Rios et al. 2000); o Granitóide Serra do Pintado Como será descrito adiante, no Bloco Uauá predomi-
(Conceição et al. 2002); o Sienito Agulhas-Bananas na o complexo do mesmo nome, também encontran-
(Rios et al. 2007); o Biotita Granito Pedra Vermelha do-se nele o denominado Complexo Lagoa da Vaca.
(Rios 2009); o Biotita-Granito Barroquinhas (Rios
2009) além de veios quartzo-feldspáticos (Batista et
al. 1998) que cortam os granitoides pós-tectônicos MESOARQUEANO
(CAPÍTULO V).
2.5.1 Complexo Lagoa da Vaca
Deve-se ressaltar que granitoides tarditectônicos
aparecem também na borda oeste do Bloco Serrinha, O Complexo Lagoa da Vaca (CAPÍTULO VII) é formado
entretanto, eles são mais comuns dentro do Cintu- basicamente de anortositos e aflora na margem oci-
rão Itabuna-Salvador-Curaçá, tendo como principal dental do Bloco Uauá, no limite com o Bloco Serrinha
exemplo o Granitoide Itiúba. Esses granitoides tar- (Fig.III.23). Trata-se de um corpo ígneo metamorfiza-
ditectônicos serão descritos mais adiante quando for do e composto por intercalações de bandas, algumas
abordada a geologia desse cinturão (Barbosa et al. com 100% de plagioclásio e outras ricas em plagio-
2005), no item 2.7. Diques máficos igualmente ocor- clásio e anfibólio. Segundo Paixão & Oliveira (1998),
rem no Bloco Serrinha, que, inclusive cortam esses uma isócrona Pb-Pb, em rocha total desse corpo
últimos granitoides. Eles serão abordados no CAPÍ- básico, forneceu uma idade de 3.161±65Ma (Tab.III.2),
TULO XII. sugerindo que esse complexo anortosítico mesoar-
queano é o mais antigo do Cráton do São Francisco.
Essa idade o faz diferenciar daqueles denominados de
2.5 Principais Litologias do Bloco Uauá Rio Piau e Samaritana/Carapussê, do Bloco Jequié,
que são bem mais recentes, provavelmente do Paleo-
Apesar dos trabalhos de litogeoquímica realizados proterozoico (subitem 2.6.6.).
por Rios et al. (2009) não terem identificado dife-
renças significativas entre os Complexos Santa Luz e 2.5.2 Complexo Uauá
Uauá, Oliveira et al. (2002, 2004a, b, 2010) consideram
esse último como alóctone. Seus indicadores cinemá- Semelhantemente ao Complexo Santa Luz, o Com-
ticos sugerem que, durante a tectônica que deu ori- plexo Uauá também é formado, predominantemente,
gem ao Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá, o Bloco de ortognaisses e migmatitos, com alguns corpos de
Uauá movimentou-se tectonicamente do sul para o granodiorito (Seixas et al. 1985). Considerando so-
norte, se aglutinando à parte oriental do Bloco Serri- mente dados dos métodos U-Pb e Pb-Pb em zircões

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Figura III.23 – Mapa geológico do Bloco Uauá mostrando as rochas gnáissicas e ortognáissicas migmatizadas do Complexo Uauá,
superpostas por metassedimentos da Faixa Sergipana. Destaque também para o Greenstone Belt do Rio Capim, Granitoide Euclides da
Cunha e diques máficos. (Simplificado e atualizado de Barbosa & Dominguez 1996, considerando Oliveira 2010 e Kosin et al. 2003).

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(SHRIMP e ID-TIMS), esse complexo foi datado em e, a leste, com as rochas metassedimentares da Faixa
3.051±13Ma (granodiorito Uauá, Oliveira et al. 2002a), de Dobramentos Sergipana (CAPÍTULO XI) (Fig.III.23).
3.204±9Ma (granodiorito Uauá, Mello et al. 2006),
2.991±22Ma (ortognaisse Uauá, Oliveira et al. 2002a), No Rio Capim as rochas vulcânicas máficas e félsicas
2.956±39-3070±3 (gnaisse Uauá, Oliveira 2002a, Pai- da parte inferior, interacamadadas com granada-bio-
xão & Oliveira 1998) e 3.025±13Ma (Rios et al. 2009) tita-sillimanita-cordierita xistos (Oliveira et al. 2010),
(CAPÍTULO V) (Tab.III.2) Nos gnaisses bandados da e as rochas sedimentares clásticas da parte superior
parte central do Complexo Uauá foi encontrada ida- estão deformadas e metamorfizadas, predominante-
de TDM de 3,4Ga e, em alguns núcleos de rochas gra- mente no fácies anfibolito. Elas foram intrudidas por
nulíticas, também foram obtidas idades em torno de poucos plútons que variam de composição entre gra-
3.085Ma (Cordani et al. 1999). Com efeito, Oliveira et nítica e gabroica/diorítica (Winge 1981, Jardim de Sá
al. (2002b) citam que em pedreiras de granulitos e et al. 1984).
de granodioritos próximas da cidade de Uauá foram
registradas idades de 2.933±3Ma e 2.991±22Ma, res- Com relação à geocronologia, dentre as rochas do Rio
pectivamente. Capim, Oliveira et al. (1998) obtiveram uma idade Pb-
-Pb de 2.153Ma para um metadacito, uma idade U-Pb
O Complexo Uauá, além das rochas plutônicas ácidas em zircão de 2.138Ma para um leucogabro e uma
e intermediárias antes citadas, é composto também idade de 2.126Ma para um diorito. Dados recentes
por: (i) biotita-hornblenda ortognaisse, tonalítico a SHRIMP mostraram um valor de 2.148±9Ma para o
granodiorítico, em parte com textura augen; e por (ii) metadacito antes referido, sugerindo a cronocorrela-
gnaisses bandados, por vezes migmatizados, carac- ção entre esse greenstone e o Greenstone Serrinha/
terizados pela alternância de bandas quartzo-felds- Rio Itapicuru, também do Paleoproterozoico. Vale co-
páticas e níveis de anfibolito, metapiroxenito e rocha locar que Cordani et al. (1999) apresentaram idades
calcissilicática. U-Pb (zircão SHRIMP) em tonalito do embasamento
do Rio Capim com valores variando de 3,12 a 3,13 Ga.
Vale ressaltar que, aparentemente, as rochas desse Anteriormente Mascarenhas & Garcia (1989) tinham
complexo serviram de embasamento para o Greens- apresentado uma isócrona de afloramento Rb-Sr es-
tone Belt do Rio Capim, embora esse esteja no limite tabelecida para um granodiorito situado na margem
entre os blocos Serrinha e Uauá (Fig.III.23). O Rio Ca- oeste desse greenstone, a leste de Uauá, com valor de
pim será resumidamente descrito logo a seguir e com 3.016±109 (Sr(i)=0,7036).
mais detalhe no CAPÍTULO IV.
2.5.4 Granitoides

PALEOPROTEROZOICO O melhor representante dos granitoides do Bloco


Uauá situa-se na proximidade da cidade de Euclides
2.5.3 Greenstone Belt Rio Capim da Cunha (CAPÍTULO V) (Fig.III.23). Levando o nome
dessa cidade, esse granitoide faz contato por falha
O Greenstone Belt Rio Capim, (Mascarenhas 1976, com as rochas gnáissico-migmatíticas do Complexo
Winge 1984) que ocorre no limite entre o Bloco Uauá Santa Luz e, a leste, tanto com as rochas carbonáti-
e o Bloco Serrinha, estende-se na direção aproximada cas da Faixa de Dobramentos Sergipana (CAPÍTULO
N-S, possuindo cerca de 4km de largura e 29km de XI), quanto com os sedimentos da Bacia de Tucano
comprimento. Limita-se a oeste, através de zona de Central (CAPÍTULO XIII). Segundo Rios (2002) as ro-
cisalhamento compressional com o Complexo Uauá chas desse corpo exibem estrutura gnáissica pos-

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suindo enclaves das rochas do Complexo Santa Luz Tanto a primeira como a segunda geração de diques
e veios de pegmatitos posteriores. Biotita é o máfico máficos estão detalhadamente descritas no CAPÍTU-
dominante ocorrendo também anfibólio na borda, LO XII.
formando coroa de reação com clinopiroxênio. Uma
amostra do centro desse corpo, datado pelo método
U-Pb (zircão TIMS), mostrou uma idade de 2.097±8Ma 2.6 Principais Litologias do Bloco Jequié
(CAPÍTULO V).
Apesar de pesquisas sobre as rochas granulíticas des-
2.5.5 Diques Máficos sa região da Bahia terem sido iniciadas pelo Projeto
Bahia (Pedreira et al. 1975) e trabalhadas do ponto de
Como referido antes, a presença de um enxame de di- vista da geocronologia Rb-Sr por Cordani (1973) as
ques máficos é uma característica marcante do Com- pesquisas mais importantes sobre as rochas do Bloco
plexo Uauá (Fig.III.23). Nesse enxame foram identifica- Jequié começaram em meados dos anos oitenta, enfo-
dos diques máficos (Andritsky 1968, 1969, 1971, Winge cando a petroquímica, a química mineral, a geologia
& Danni 1980, Winge 1981, 1984, Gava et al. 1983) que isotópica e a geocronologia, fatos que deram um novo
revelaram a existência de duas gerações de filões, com impulso no conhecimento dos terrenos de alto grau
pelo menos 323 diques. Posteriormente Bastos Leal desse bloco (Barbosa 1986). Com isso foram estabe-
(1992) e Menezes (1992) detalharam esses enxames lecidos novos parâmetros geológicos que permitiram:
tendo datado o mais velho de direção N10-20oW e o (i) uma melhor cartografia das unidades litológicas,
mais novo, de direção N40-50oE. através da petrografia e litogeoquímica; (ii) a deter-
minação das condições termodinâmicas de formação
O primeiro conjunto, mais velho, é composto por di- dessas rochas; e (iii) uma melhor estimativa das ida-
ques com idades isocrônicas Sm-Nd em rocha total, des dos protólitos, do metamorfismo, bem como dos
em torno de 2.586±66Ma (Oliveira et al. 1999) e idades fenômenos tectônicos que as afetaram. A partir daí,
K-Ar situadas entre 2,14 e 1,93Ga (Bastos Leal et al. novos trabalhos começaram a ser introduzidos, po-
1994). Segundo Oliveira et al. (1999), observações de dendo-se citar entre eles: Figueiredo (1989), Barbosa
campo mostram que, na área onde aflora o Cinturão (1990, 1991, 1992), Barbosa & Fonteilles (1989, 1991),
Caldeirão (subitem 2.4.2), esses diques encontram-se Wilson (1987), Wilson et al. (1988), Xavier et al. (1989),
deformados, com os seus corpos tabulares paraleli- Cruz (1989), Padilha et al. (1990), Silva (1991), Marinho
zados com a foliação regional e re-equilibrados na (1991), Aillon & Barbosa (1992), Arcanjo et al. (1992),
fácies anfibolito como as encaixantes (Fig.III.23). Alibert & Barbosa (1992), Fornari & Barbosa (1992),
Fornari (1992), Marinho et al. (1992), Oliveira et al.
O segundo conjunto, mais novo e mais expressivo, é (1993), Arcanjo et al. (1998), Barbosa (1998), Teixeira
constituído por diques não deformados. De acordo com et al. (2000) , Barbosa & Sabaté (2002, 2004), Barbosa
Bastos Leal et al. (1994) esse conjunto está relaciona- et al. (2004a, 2006), Pinho (2005) e Macedo (2006).
do a dois episódios magmáticos, ambos datados pelo
método Rb-Sr: um com idade de 2.384±114Ma, com Esses trabalhos, sobretudo os mais recentes, têm pos-
Sr(i)=0,70082 e o outro com idade de 1.983±31Ma com sibilitado identificar e detalhar as principais rochas do
Sr(i)=0,70197 (Tab.III.2). Esse segundo conjunto, trunca Bloco Jequié, através, não só da petrografia, mas tam-
tanto os metamorfitos do Bloco Uauá quanto os meta- bém da litogeoquímica. Com efeito, na porção oeste e
morfitos do Bloco Serrinha e, portanto, seus diques não central ocorrem granulitos heterogêneos orto e para-
foram atingidos pelas deformações paleoproterozoicas. derivados, além de rochas enderbíticas, charnoender-

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bíticas e charnockíticas, essas últimas com química últimos produtos da fusão parcial dos kinzigitos (Bar-
calcialcalina e com quantidades altas a intermediárias bosa, 1998). A litogeoquímica dessas rochas também
de potássio. Na porção nordeste são encontrados cor- mostra essa diversidade (Fig.III.25).
pos gabro-anortosíticos cujos solos provenientes da
alteração intempérica dos mesmos estão sendo pes-
quisados para bauxita (RTDM-Rio Tinto Desenvolvi- As bandas de granulitos básicos mostram textura
mento Mineral Ltda). Na porção leste, em contato com fina a média, às vezes com contato poligonal entre os
o denominado Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá, minerais. São essencialmente formadas de plagioclá-
identifica-se uma faixa de gnaisses com intercalações sio, ortopiroxênio-clinopiroxênio, hornblenda marron
de bandas de anfibolitos e bandas de rochas quartzo- esverdeada e biotita vermelha titanífera. Do ponto de
-feldspáticas. Essas últimas litologias estão equili- vista petroquímico, estas rochas exibem padrões de
bradas na fácies anfibolito e foram denominadas por elementos Terras Raras relativamente planos (Fig.
Barbosa (1986) de Banda de Ipiaú (Fig.III.24). Na porção III.26), razão Y/Nb próxima de 3, baixos teores de K2O,
norte, no pico da granulitização, houve a geração de Al2O3 e P2O5 e altas concentrações de Ti, Fe e Cr. As
leucocharnockitos com granada e cordierita, conside- feições petroquímicas, sobretudo as altas concentra-
rados anatéticos, paraderivados, além de charnockitos ções destes três últimos elementos, sugerem que es-
formados pela fusão parcial das encaixantes, cons- tes granulitos básicos podem ter sido basaltos/gabros
tituindo estruturas dômicas típicas, como é o caso do de fundo oceânico (Barbosa 1990, 1991). Datações ge-
Domo de Brejões (Barbosa et al. 2004, Macêdo 2006) ocronológicas nessas rochas básicas, realizadas pelo
(Fig.III.24). Quanto à geocronologia Peucat et al. (2011) método Sm/Nd mostraram idades TDM de 3,29Ga com
publicaram um bom levantamento sobre os dados eNd igual a - 24,4 (Marinho et al. 1992).
isotópicos e geocronológicos mais recentes, Sm-Nd
e U-Pb das principais rochas desse Bloco, estando as As bandas quartzo-feldspáticas são compostas de: (i)
mais importantes incluídas nesse capítulo. A seguir quartzo, plagioclásio antipertítico e rara mesopertita;
serão descritas as principais litologias do Bloco Jequié. ou de (ii) quartzo, mesopertita-microclínio pertítico e
escassos plagioclásios. Opacos, ortopiroxênios, biotita
e granada são os minerais acessórios. Macroscopica-
MESOARQUEANO mente, a rocha, em geral, exibe uma textura miloní-
tica recristalizada, com cristais de quartzo alongados,
2.6.1 Granulitos Heterogêneos Orto e paralelos à foliação, embora algumas vezes mostre
Paraderivados uma textura gráfica, algo pegmatoide. Essas bandas
quartzo-feldspáticas têm espessuras variáveis, centi-
O conjunto litológico mais expressivo do Bloco Jequié métricas a métricas e ocorrem não somente interca-
é constituído por rochas que foram deformadas, me- ladas com as bandas dos granulitos básicos anterio-
tamorfizadas e, em certos casos, migmatizadas na res, mas também com quartzitos, grafititos, kinzigitos
fácies granulito (Fig.III.24). Essas rochas têm compo- e formações ferríferas. A determinação da natureza
sições diversas destacando-se entre elas: bandas de original das bandas quartzo-feldspáticas é complexa.
granulitos básicos, bandas quartzo-feldspáticas, kin- Quando a quantidade de mesopertita é alta, sua com-
zigitos, quartzitos e quartzitos portadores de granada posição química assemelha-se a aplitos graníticos;
e ortopiroxênio. Fazem parte também desse conjunto, quando a quantidade de plagioclásio antipertítico é
granulitos heterogêneos ortoderivados com encla- elevada, elas podem ser consideradas como dacitos
ves de granulitos básicos e de supracrustais, além de ou tonalitos que foram tectonicamente imbricados
leucocharnockitos com granada e cordierita, esses com as outras rochas, em função da intensidade da

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Figura III.24. Mapa geológico do Bloco Jequié mostrando granulitos enderbíticos e charnockíticos além de rochas anfibolíticas e quartzo-
feldspáticas da Banda de Ipiaú do Neoarqueano-Mesoarqueano. São mostrados também charnockitos e rochas gabro-anortosíticas
(somente Rio Piau) e rochas duníticas-peridotíticas. (Simplificado e atualizado de Barbosa & Dominguez 1996).

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Figura III.25 – Diagrama de Garrels & Mackenzie (1971) mostrando a diversidade de granulitos do Bloco Jequié. Foram incluídas rochas
anfibolíticas e quartzo-feldspáticas da Banda de Ipiaú (Barbosa 1986).

primeira fase de deformação, contemporânea ao me- pode ter sido relíquia de carbono orgânico. Os kinzigi-
tamorfismo granulítico (subitem 3.1). Deve-se cha- tos são, provavelmente, o resultado da granulitização
mar a atenção, que em alguns casos, onde elas são e migmatização em alto grau de pelitos. Compatibili-
mais espessas, as formações ferríferas estão sendo zando a mineralogia com a litogeoquímica, verifica-
avaliadas economicamente para a extração do miné- -se que os kinzigitos contêm mais de 40% de granada,
rio de ferro. quando a quantidade total de ferro e alumínio situa-
-se em torno de 15-16%; quando a concentração de
Os kinzigitos, ou granulitos alumino-magnesianos, Al2O3 é maior que 16% a sillimanita também aparece
apresentam-se na forma de bandas de cor creme na paragênese metamórfica (Barbosa 1986).
avermelhado, com espessuras variáveis (30cm a 5m),
intercaladas com bandas claras quartzo-feldspáticas Os quartzitos e quartzitos portadores de granada aflo-
granadíferas e, algumas vezes, com granulitos bá- ram em associação, não só com os kinzigitos anterio-
sicos. Os kinzigitos são formados de granada (35%), res, mas também com outras rochas paraderivadas,
quartzo (30%), plagioclásio (15%), cordierita (10%), como formações ferríferas, grafititos e calcissilicáti-
biotita (5%) e sillimanita (3%). Opacos, apatita, zircão cas. Em todos esses casos formam bandas paralelas,
e grafita são os minerais acessórios. Alguns aflora- que podem estar posicionadas tanto na posição sub-
mentos de kinzigitos encontram-se migmatizados, -horizontal, produto da primeira fase de deformação
com as bandas quartzo-feldspáticas bem recristali- (região de Brejões), quanto na sub-vertical, registro
zadas e com textura pegmatoide. Iyer et al. (1995) es- da segunda fase de deformaçào (região de Ubaíra)
tudaram isótopos de carbono da grafita presente nos (Barbosa 1986) (subitem 3.1). Os quartzitos quando
kinzigitos, chegando à conclusão de que este mineral pouco alterados são verde-claros com textura fina a

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Figura III.26 – Padrões de elementos Terras Raras dos granulitos básicos do Bloco Jequié (valores do condrito segundo Masuda (1968).

média. Mostram foliação penetrativa tênue, somente biotitas, microclínio, mirmequita e epidoto. Em alguns
distinguível em função da presença de granada ver- casos essas rochas ortoderivadas apresentam-se
melha e piroxênio verde escuro, preferencialmente migmatizadas, onde neossomas com ortopiroxênio
orientados. A paragênese metamórfica e os minerais estão presentes. Em certos afloramentos notam-se,
acessórios desses quartzitos são descritos em detalhe além da presença de enclaves de granulitos básicos,
por Barbosa (1986), que encontrou, na maioria dos ca- também veios quartzo-feldspáticos, homogêneos e
sos: quartzo (70-90%), granada (5-10%) e plagioclásio sem deformação, que cortam todo o conjunto. Com
(1-5%). Ortopiroxênio, biotita e opacos são os minerais relação à geocronologia, nesses granulitos heterogê-
acessórios. Essas rochas podem ter sido produto do neos, Cordani (1973) aventou a possibilidade de ida-
metamorfismo de sedimentos silicosos como cherts, des em torno de 4.200Ma, posteriormente redefinidas
com impurezas argilosas. A presença do ortopiroxênio para idades mais jovens, em torno de 3.127±27Ma
pode ter sido o resultado do metamorfismo granulíti- (Sr(i)=0,7110) e 3.168±100Ma (Sr(i)=0,7045) (Cordani
co de material básico, talvez tufáceo (Barbosa 1986). & Iyer 1979, Brito Neves et al. 1980). Dados radio-
métricos desses granulitos charnockíticos (Wilson
Nos granulitos heterogêneos ortoderivados ocorrem 1987) na região de Ubaíra (Fig.III.24) produziram uma
enclaves não só de bandas e boudins de granulitos isócrona Rb-Sr (4 amostras, colhidas obedecendo o
básicos, mas também de bandas félsicas, além das trend geoquímico), com idade de 2.699±24Ma, com
rochas supracrustais antes descritas. Exibem cor Sr(i)=0,7194. Datações Pb-Pb (método evaporação em
verde acinzentada, são relativamente homogêneos zircão) desses granulitos charnockíticos registraram
e apresentam, em geral, textura média a grossa. São idades variando entre 2.461±1 a 2.560±2Ma (Tab.III.2).
compostos de mesopertita (20-60%), plagioclásio an- Dados Sm-Nd revelaram uma idade modelo (TDM) de
tipertítico (5-20%)(An25-30), ortopiroxênio (5-10%) e aproximadamente 3,0Ga. Por sua vez, na região de
quartzo (5-20%) (Barbosa 1986). Clinopiroxênio, hor- Jequié, Wilson (1987) determinou, não somente, uma
nblenda, biotita, opacos, zircão, apatita e granada são isócrona Pb-Pb (rocha total) em 10 amostras, com
os minerais acessórios. Estão presentes nesses gra- idade de 1.970±136Ma (u1=8,4), mas também idades
nulitos minerais retrometamórficos como anfibólios, modelo Sm-Nd (TDM) em 2 amostras, com valores

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variando entre 2,9 e 2,6Ga. Dados radiométricos ob-
tidos através do método Pb-Pb, evaporação em zir-
cão, mostram idades em torno de 2.900Ma, as quais
são interpretadas como época de cristalização dos
protolitos desses granulitos charnockíticos (Barbosa
et al. 2004). Vale registrar que Mascarenhas & Gar-
cia (1987) encontraram para esses granulitos hete-
rogêneos, com o método Rb-Sr e com seis isócronas
de afloramentos, idades médias variando de 2.650 a
2.700Ma com Sr(i) situando-se entre 0,7021 e 0,7101,
respectivamente. Essas idades foram corroboradas
com sete isócronas Rb-Sr de referência que se situa-
ram em torno de 2.700Ma.

Leucocharnockitos com granada e cordierita também


ocorrem no Bloco Jequié, nas áreas onde predomi-
nam os granulitos heterogêneos. Eles são, geralmen-
te, cinza-claro, de textura granular média e mostram-
-se pouco deformados em comparação com as rochas
encaixantes vizinhas. Algumas vezes exibem vestígios
de material máfico, quase completamente consumido
pelo magma que deu origem a estes leucocharnocki-
tos. Eles estão sempre associados com os kinzigitos, Figura III.27 – Leucocharnockito com granada e cordierita
(granitos do tipo “S”) produto da fusão parcial dos kinzigitos da
sendo considerados como “granitos do tipo S” (Fig.
região de Brejões.
III.27, III.28), com base na classificação de Hine et al.
(1978). São de origem anatética, formados no pico da
granulitização. As monazitas presentes nestes leuco-
charnockitos anatéticos possuem idades médias de
2.052±2Ma. Esse valor proveio da média aritmética de
idades encontradas nessas rochas ou sejam: (i) com
o zircão, 1.983±3 e 2.127±28Ma; e (ii) com a monazi-
ta, 2.060±13, 2.055±6, 2.047±5 e 2.044±22Ma. Essas
207 206
idades foram obtidas através do método Pb/ Pb
evaporação em zircão e monazita. Esse valor médio
de 2.052±2Ma marca a idade aproximada do meta-
morfismo granulítico da região (Barbosa et al. 2004)
(Tab.III.3, seção 4, Metamorfismo).

As relações de campo e os dados geocronológicos


sugerem que as rochas supracrustais encontradas
como enclaves, granulitizados e deformados para- Figura III.28 – Leucocharnockito com granada e cordierita
(granitos do tipo “S”) produto da fusão parcial dos kinzigitos da
lelamente com a foliação regional, nos granulitos
região de Mundo Novo.
charnockíticos estão entre as rochas mais antigas do

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Bloco Jequié (Barbosa et al. 2004). Esses granulitos razão Y/Nb próxima de 3, alta concentração de Ti, Fe,
ortoderivados produziram idade mínima Pb-Pb eva- Cr e baixa concentração de K2O, Al2O3 e P2O5. As-
poração em zircão de cerca de 2560±2Ma (Barbosa sim como os granulitos básicos descritos no subitem
et al. 2004) mostrando que as rochas supracrustais 2.6.1, as feições químicas desses anfibolitos da Banda
são mais velhas que essas idades. Esses plutonitos de Ipiaú sugerem que eles podem ter sido, basaltos/
ortoderivados são contemporâneos aos granulitos gabros toleiíticos de fundo oceânico ou de bacia pós-
enderbítico-charnockíticos, denominados de (CH1) e -arco (Barbosa 1990, 1991).
(CH2) (Barbosa et al. 2004), descritos mais adiante no
final do subitem 2.6.3. As bandas de material quartzo-feldspático exibem tex-
tura média sendo às vezes, grossa, do tipo gráfico. São
2.6.2 Rochas Anfibolíticas e Quartzo- formadas principalmente de quartzo e microclínio per-
Feldspáticas títico, sendo similares às bandas quartzo-feldspáticas
descritas no subitem 2.6.1, quer no modo de ocorrên-
Essas rochas, embora fazendo parte do Bloco Jequié, cia, quer no ponto de vista químico (Barbosa 1986).
são encontradas na denominada Banda de Ipiaú re- Mascarenhas & Garcia (1987) publicaram uma isócro-
ferida antes. Essa Banda, identificada por Barbosa na de afloramento desse material quartzo-feldspático
(1986), possui uma extensão em torno de 150km e na estrada Ipiaú-Barra do Rocha, através do método
largura média da ordem de 10km, se afinando nas Rb-Sr, tendo obtido valor de 2.704±95Ma (Sr(i) = 0,7027)
suas partes terminais (Fig.III.24). Como referido an- que provavelmente corresponde a idade do protólito.
teriormente posiciona-se entre blocos de granulitos:
do lado oeste com granulitos charnockíticos do Bloco Corpos de granitoides estão também presentes nessa
Jequié e do lado leste com granulitos tonalíticos do Banda de Ipiaú (Fig.III.24) sendo denominados de Ita-
Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá. Essas rochas fo- gibá, Santa Maria e Lua Nova, referidos no item 2.6.5
ram denominadas por Martins & Santos (1997) e rei- e detalhados no CAPÍTULO V.
teradas por Moraes Filho & Lima (2007) como Com-
plexo Ibicuí-Ipiaú. É formado de orto e paragnaisses 2.6.3 Granulitos Enderbíticos-Charnockíticos
onde predominam intercalações de anfibolitos e de
material quartzo-feldspático, embora quartzitos, kin- Estas rochas plutônicas, deformadas e granulitizadas,
zigitos e formações ferríferas também ocorram espo- representam uma parte importante do Bloco Jequié,
radicamente. Essas rochas são semelhantes àquelas aflorando, sobretudo, nas regiões das cidades de Laje
denominadas de granulitos heterogêneos orto e pa- e Mutuípe, ao norte. Estendem-se para sul, até as pro-
raderivados (subitem 2.6.1), com a diferença que na ximidades da cidade de Jequié, passando pela cidade
Banda de Ipiaú elas estão metamorfizadas na fácies de Jaguaquara (Fig.III.24) (Barbosa 1986, Fornari &
anfibolito (Barbosa 1990). Barbosa 1992, Fornari 1992, Macedo 2006, Barbosa
et al. 2011). Estas rochas plutônicas, embora muitas
Nesses gnaisses da Banda de Ipiaú, as rochas anfibo- vezes apresentem-se intensamente deformadas, ain-
líticas são caracterizadas por textura granular média, da conservam uma granulação média a grossa com a
ressaltando-se os cristais de hornblenda orientados presença de fenoclastos, dentro de uma matriz gra-
segundo a foliação. Idades modelo Sm/Nd dessas noblástica de granulação média (Barbosa 1986, Ma-
rochas máficas situam-se em torno de 3,2Ga (Bar- rinho et al. 1992).
bosa 1990), semelhantemente aos granulitos básicos
descritos anteriormente (Tab.III.2). Seus padrões de Os granulitos enderbíticos, charnoenderbíticos e
elementos Terras Raras são relativamente planos, charnockíticos das regiões de Laje, Mutuípe, Jagua-

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quara e Jequié são formados de fenocristais de me- escuras. Nas claras, predominam os feldspatos e nas
sopertita, no caso dos granulitos charnockíticos, e escuras os minerais ferromagnesianos. Nestes pluto-
de plagioclásio antipertítico, no caso dos granuli- nitos, re-equilibrados na fácies granulito, são ainda
tos enderbíticos, imersos em uma matriz composta identificados veios pegmatoides com ortopiroxênio e
de quartzo, microclínio, plagioclásio, ortopiroxênio, veios de quartzo leitoso, que são encontrados ou pa-
clinopiroxênio, hornblenda marrom e biotita, estes ralelamente, ou transversalmente ou ainda secantes
quatro últimos minerais ocorrendo de forma subor- ao bandamento. Esses pegmatitos foram formados,
dinada. As relações texturais entre os minerais dessas provavelmente, durante o pico do metamorfismo gra-
rochas mostram que, durante sua ascensão na cros- nulítico. Fornari & Barbosa (1992), utilizando o ele-
ta, elas foram submetidas a processos metamórficos mento titânio, classificaram essas rochas plutônicas
retrógrados, segundo demonstraram Barbosa (1986) em duas fácies: uma de baixo titânio, que as denomi-
e Barbosa & Fonteilles (1989). Essas rochas plutôni- naram de (CH1) (U-Pb zircão SHRIMP=2810Ma) e ou-
cas granulitizadas exibem, também, em boa parte dos tra, de alto titânio, que as chamaram de (CH2) (U-Pb
afloramentos, uma foliação/bandamento caracteriza- zircão SHRIMP=2.689±1Ma) (Alibert & Barbosa 1992)
do pela intercalação de bandas esverdeadas claras e (Fig.III.29).

Figura III.29 – Padrões de


elementos Terras Raras dos
granulitos charnockíticos (CH1)
e (CH2). Os valores do condrito
são de Sun (1982)

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O quartzo dos pegmatitos supracitados acima teve na fácies granulito (Barbosa 1986) (Fig.III.24, III.30).
suas inclusões fluidas estudadas (Xavier et al., 1989). Estas rochas ortoderivadas são constituídas predomi-
Com isso ficou demonstrado que fluidos sin-meta- nantemente por mesopertita, quartzo, plagioclásio, an-
mórficos ricos em CO2, de baixa densidade (0,85 g/ fibólio, biotita e opacos e, em menor proporção, por or-
cm ) percolaram essas rochas durante o metamorfis-
3
topiroxênio e clinopiroxênio. A apatita, o zircão e a mir-
mo, de forma compatível com as condições de pressão mequita ocorrem como acessórios. O aspecto augen
e temperatura da granulitização, estimadas através dessas rochas é dado por fenocristais de mesopertita.
de estudos termobarométricos, em aproximadamente
820oC e 7kbar (Barbosa 1990). Os cristais de quartzo
dos veios leitosos que atravessam essas rochas tam-
bém tiveram suas inclusões fluidas analisadas. Os
fluidos carbônicos nelas contidos exibem dados de C13
(°/°° PDB) de -1 a -7 °/°°. Esta faixa de valores é prati-
camente igual àquela encontrada em granulitos char-
nockíticos do sul da Índia (Iyer et al., 1995) que, tanto
do ponto de vista petrográfico quanto petroquímico,
são semelhantes às rochas charnockíticas da Bahia.

Considerados anteriormente por Silva Filho et al.


(1974) como Complexo Metamórfico Migmatítico, os
gnaisses e migmatitos da terminação sul do Bloco Figura III.30 – Granulito Augen Charnockítico da região de Nova
Itarana. Observar os grandes cristais de mesopertita em uma
Jequié foram denominados por Souza et al. (2003)
matriz mais fina deformada.
de Complexo Itapetinga. No mapeamento regional
realizado por Moraes, Filho & Lima (2007), verificou-
-se que os contatos desse Complexo Itapetinga com Sobre essas rochas, apesar de deformadas e meta-
a Banda de Ipiaú (Complexo Ibicuí-Ipiaú), arqueana e morfizadas na fácies granulito, ainda se pode tirar
situada a nordeste, se faz através de zonas de cisalha- algumas conclusões com relação ao seu protólito,
mento sinistrais. Com o Grupo Rio Pardo, neoprotero- através da litogeoquímica (Macedo 2006, Lopes San-
zoico, situado a sudeste, os contatos são por zonas de tos 2009). Com efeito, esses últimos autores sugerem
cisalhamento compressionais (Fig.III.24). O Complexo que os augen-charnockítos são provenientes de uma
Itapetinga (Souza et al. 2003) é composto por ortog- suíte de composição essencialmente granítica, cal-
naisses sienograníticos a tonalíticos, miloníticos, com cialcalina de médio K e sem nenhuma afinidade geo-
níveis de anfibolito e biotitito, além de ortognaisses química com os TTG, situados próximos, no extremo
migmatíticos, paragnaisses granadíferos e biotita- oriental do Bloco Gavião (CAPÍTULO V). Por sua vez
-moscovita gnaisses com níveis de quartzitos, além os diagramas de Harker indicam um comportamen-
de rochas metabásicas e metaultrabásicas. Na região to compatível, tanto para os elementos maiores TiO2,
de Itapetinga essas rochas foram datadas por Mora- CaO, Al2O3, Na2O, FeO, MgO, e P2O5, quanto para os
es-Filho & Lima (2007) em 2124Ma (U-Pb em zircão). elementos menores e elementos traços Ba, Sr, Zr e o
Ni. Por sua vez, os elementos K2O, Na2O e o Rb são
2.6.4 Granulitos Augen-Charnockíticos incompatíveis. Nos seus padrões de elementos de Ter-
ras Raras é possível observar um forte enriquecimen-
Esses granulitos estão situados na parte noroeste do to dos elementos Terras Raras leves e uma depleção
Bloco Jequié, estando deformados e metamorfizados nos Terras Raras pesados (Santos 2009).

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2.6.5 Granitoides

No Bloco Jequié os granitos são raros e conhecidos


somente na Banda de Ipiaú. Eles jamais foram sub-
metidos à fácies granulito, indicando que essa ban-
da, como explicado antes, fazia parte de uma porção
superior da crosta continental da região, da fácies
anfibolito, que ficou encravada pela tectônica entre
dois domínios da fácies granulito: o Bloco Jequié e o
Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (Fig.III.24). Pode-
-se destacar, entre esses granitos, os de Itagibá, Santa
Maria e Lua Nova, todos eles de idade mesoarqueana
(Barbosa et al. 2007) (CAPÍTULO V). Esses três plútons Figura III.31 – Gabro anortosítico da região de Jaguaquara (Bloco
Jequié). Notar níveis de acumulação magmática (lápis vermelho)
são facilmente separados dos orto e paragnaisses en-
e tênue deformação dúctil-ruptil (lapiseira azulada).
caixantes por sua cor rosa-claro e granulação mais
grossa. Nem sempre demonstram estar deformados
e, quando isso ocorre, são separados das encaixan- magnetita e apatita); (ii), anortositos-leucogabros
tes pela presença de porfiroclastos de microclínio e/ (plagioclásio, 87-96%, augita/diopsídio, hornblenda,
ou feldspatos potássicos pertíticos, imersos em uma epidoto, magnetita, pirita, apatita e quartzo); (iii) cli-
matriz mais fina milonítica. Mineralogicamente essas nopiroxenitos e ortopiroxenitos (>80% de piroxênios,
rochas graníticas são formadas de quartzo, plagioclá- além de plagioclásio); e (iv) gabronoritos ricos em Fe-
sio, microclínio, hornblenda, biotita e opacos. Encla- -Ti-V (plagioclásio, clinopiroxênio e ortopiroxênio).
ves dos ortognaisses encaixantes são às vezes encon-
trados, principalmente nas suas porções marginais. A litogeoquímica tem mostrado que todos esses cor-
pos foram provenientes da cristalização de magmas
toleiíticos, entretanto não há confirmação se vieram
PALEOPROTEROZOICO ou não da mesma fonte mantélica.

2.6.6 Rochas gabro-anortosíticas Faltam idades confiáveis para essas intrusões gabro-
-anortosíticas, entretanto, embora estejam re-equili-
No limite entre o Bloco Jequié (Banda de Ipiaú) e a bradas pelo metamorfismo granulítico paleoprotero-
parte sul do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá foram zoico, no estado subsolidus (Barbosa 1986), elas não
identificados corpos de rochas gabro-anortosíticas estão deformadas como as suas encaixantes. Assim,
(Barbosa 1986). Os mais importantes foram denomi- não somente com relação à deformação, mas tam-
nados de Rio Piau (Barbosa et al. 1986, Cruz 1989) e bém em função das suas relações de campo com as
Samaritana/Carapussê (Jesus 1987, Macedo 2000, encaixantes (granulitos enderbítico-charnockiticos
Burgos 2005, Barreto, 2009) (CAPÍTULO VII) (Fig.III.24, e os gnaisses da Banda de Ipiaú), interpreta-se que
III.31). esses corpos intrusivos são sin a tarditectônicos, con-
temporâneos ao metamorfismo e, portanto, de ida-
Os corpos do Rio Piau e Samaritana/Carapussê são de também paleoproterozoica ou próxima dela. Com
mineralizados em Fe-Ti-V, possuindo as seguintes ro- efeito, trabalhos recentes pelo método U-Ph SHRIMP
chas e mineralogia: (i) noritos (plagioclásio, 55-84%, em zircões dessas rochas estão confirmando essa in-
hiperstênio, augita/diopsídio, hornblenda, biotita, terpretação.

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Vale destacar que a RTDM-Rio Tinto Desenvolvimento dessas estruturas dômicas, inclusive com suas encai-
Mineral Ltda. está pesquisando em detalhe os gabro- xantes alumino-magnesianas contendo paragêneses
-anortositos da região na busca de bauxita e encon- formadas em temperaturas extremas, portadoras de
trando, não somente os corpos do Rio Piau e Samari- hercinita e quartzo, ambos em contato e em equilíbrio
tana/Carapussê, mas outros com características bem termodinâmico (Barbosa et al. 2006). Tal fato possibi-
semelhantes. litou a esses autores explicar melhor a gênese dessa
parte da crosta profunda do Cráton do São Francisco
2.6.7 Charnockitos na Bahia. A mais importante dessas estruturas circu-
lares, o Domo de Brejões, é constituído de charnockitos
As rochas pertencentes ao Bloco Jequié, na sua gran- (CH6) formados de quartzo, mesopertita, plagioclásio,
de maioria, são granulitos formando faixas orientadas hornblenda e ortopiroxênio. São rochas esverdeadas,
NNE, desde a região de Itapetinga no sul, até a região de textura grossa, onde se podem notar grandes cris-
de Milagres, ao norte. Foram rochas ortoderivadas da tais de hornblenda marrom, que dão a elas um aspec-
fácies anfibolito que, colocadas na parte inferior da to pintalgado característico. A litogeoquímica dessas
crosta através processos colisionais continente-conti- rochas, em termos de elementos Terras Raras é mos-
nente, se deformaram e se re-equilibraram na fácies trada na figura III.32. Esses charnockitos possuem zir-
granulito. Entretanto, na parte norte do Bloco Jequié cões complexos dispondo de núcleos herdados, com
são encontradas estruturas circulares ou ovaladas, idade mínima em torno de 2,55Ga. Entretanto, data-
cujas rochas plutônicas não estão deformadas como ções em monazitas, presentes nestes charnockitos
as outras, embora também equilibradas na fácies gra- dômicos, mostram valores de 2,05-2,03Ga (Barbosa et
nulito (Fig.III.24). Barbosa (1990), Barbosa et al. (1996) al. 2006), sugerindo que eles se formaram depois ou
e Alves da Silva et al. (1996) ressaltaram a importância próximos do pico deformacional-metamórfico.

Figura III.32 – Padrões de elementos Terras Raras dos charnockitos dômicos (CH6) (valores do condrito segundo Sun 1982).

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Figura III.33. Mapa geológico do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (Parte Norte) destacando as unidades granulíticas mesoarqueanas
(Complexo Caraíba, Tanque Novo e Suíte São José do Jacuípe), além do Augen Granulito Riacho da Onça e granitoides paleoproterozoicos.
Simplificado e atualizado de Barbosa & Dominguez (1996), Kosin et al. (2003) e Oliveira et al. (2010).

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2.7 Principais Litologias do Cinturão MESOARQUEANO
Itabuna-Salvador-Curaçá (Parte Norte)
2.7.1 Suíte São José do Jacuípe
A parte norte do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá
foi alvo, ao longo dos anos, de vários trabalhos de A Suíte São José do Jacuípe (Melo et al. 1995) é uma
pesquisa geológica (Fig.III.33). Dentre aqueles de associação máfico-ultramáfica que aflora na porção
mapeamento geológico regional, destacam-se os de noroeste do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá, nas
Delgado & Dalton de Souza (1975). Seixas et al. (1975), proximidades da cidade homônima (Loureiro 1991,
Loureiro (1991), Melo (1991), Sampaio (1992) e Melo et Melo 1991, Sampaio 1992), mais especificamente entre
al. (1995). O de Delgado & Dalton de Souza (1975) foi as vilas de Alto Alegre e Baixa Grande (Oliveira et al.
executado no Vale do Rio Curaçá, região em que, pela 2003). Ocorre na forma de lentes descontínuas com
importância dos jazimentos de cobre que ali ocorrem, direções variando de N-S à NNW-SSE, imbricadas
os estudos foram mais detalhados, sobretudo quando tectonicamente com rochas dos Complexos Tanque
voltados para metalogênese do cobre (Lindenmayer Novo-Ipirá e Caraíba, descritos adiante (Fig.III.33).
1980, Oliveira 1990). Na região, teses de doutoramen-
to foram também realizadas (Figueiredo 1980, Con- A porção leste da unidade é composta principalmente
ceição 1990, Teixeira 1997, Leite 2002) que igualmente por noritos-gabronoritos com níveis cumuláticos e,
contribuíram para o entendimento da evolução des- restritamente, leucogabros, enquanto que, na porção
ses terrenos da parte norte do cinturão, inclusive tra- oeste, são mais frequentes ferrogabros e ultramáfi-
balhos que envolveram também as minas de cromita cas peridotítico-piroxeníticas, todas deformadas e re-
do Vale do Rio Jacurici (Oliveira Júnior 2001). -equilibradas na fácies granulito. Estruturas primá-
rias são identificadas em leucograbros (Fig.III.34).
Com relação à geocronologia, constituem referências
importantes os trabalhos de Sabaté et al. (1994), Silva Quimicamente os norito-gabronoritos da porção leste
et al. (1997) e Oliveira (1998), dentre outros. são toleiíticos magnesianos, pobres em TiO2 e enri-
quecidos em elementos Terras Raras leves. São inter-
A parte norte do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá pretados como gerados por fusão parcial do manto
está representada essencialmente por granulitos or- profundo, com taxas muito baixas de contaminação
tognaíssicos do Complexo Caraíba do Mesoarqueano crustal (Teixeira 1997). Tais características são com-
e, subordinadamente, por granulitos máficos da Suíte paráveis àquelas das rochas toleiíticas, presentes
São José do Jacuípe, além de metassupracrustais do nos greenstone belts arqueanos, que podem ter sido
Complexo Tanque Novo-Ipirá, essas últimas provavel- ligadas a um magmatismo de fundo oceânico, tran-
mente do Meso ou Neoarqueano. Metamorfismo de sição continente/oceano (Teixeira 1998). As rochas ul-
alto grau relacionado à colisão continente-continente tramáficas peridotítico-piroxeníticas da porção oeste
que deu origem ao Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá possuem quimismo compatível com aquele de rochas
aconteceu no Paleoproterozoico, concomitantemente básicas de alto MgO, porém seu caráter fortemente
ao alojamento de granitoides sieníticos e graníticos cumulático impede uma melhor correlação geo-
(CAPÍTULO V). A seguir, por ordem cronológica, se- química com as rochas básicas associadas (Teixeira
rão descritas as principais litologias da parte norte do 1998).
Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá
Melo et al. (1991) sugeriram que as rochas dessa suíte
são remanescentes de crosta oceânica paleoprote-
rozoica formada durante a fragmentação dos blocos

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2.7.2 Complexo Tanque Novo-Ipirá

O Complexo Tanque Novo-Ipirá (Fig.III.33, III.35) foi


identificado primeiramente por Figueirôa & Silva Filho
(1990) em mapeamento geológico regional da Folha de
Petrolina. Mais tarde foi definido por Melo et al. (1995)
e Kosin et al. (1999), como uma sequência vulcanos-
sedimentar metamorfizada na fácies anfibolito a gra-
nulito e evoluída provavelmente do Arqueano ao Pale-
oproterozoico. Segundo esses autores, o complexo em
foco é subdividido em seis unidades informais, a saber:
Figura III.34 – Enclave da Formação São José do Jacuípe em (i) biotita gnaisses aluminosos, kinzigíticos ou ricos em
granulito charnockítico do Complexo Caraíba.
granada, quase sempre migmatizados, aos quais se as-
sociam rochas calcissilicáticas, quartzitos, formações
Serrinha e Mairi. Portanto, esses autores interpreta- ferríferas, grafititos e, principalmente, rochas metamá-
vam a Suíte São José do Jacuípe como de idade paleo- ficas e metaultramáficas; (ii) rochas calcissilicáticas e
proterozoica, entretanto, posteriormente, foram iden- quartzito, além de metacalcário, anfibolito e formação
tificados granulitos enderbíticos do Complexo Cara-
íba, que a cortava e que apresentavam idade U-Pb
SHRIMP em zircões de 2.695±12Ma e 2.634±19Ma.
Esses zircões apresentam periferia sobrecrescida
metamorficamente de 2.072Ma (Silva et al. 1997).
Isso indica que a Suíte São José do Jacuípe é arque-
ana, com sua antiguidade próxima de 2,7-2,6Ga. Com
efeito, Oliveira et al. (2003) encontrou zircões nos leu-
cogabros da suíte que apresentaram dois grupos de
idades: (i) nos centros, idades de cristalização ígnea
de 2.583±8Ma; e (ii) nas periferias, idades do meta-
morfismo de 2.082±17Ma (Tab.III.3, seção 4, Metamor-
fismo).

Na região em que aflora a Suíte São José do Jacuípe


é comum a ocorrência de diques máficos (Diques de
Aroeira), que truncam ligeiramente as estruturas do
Complexo Caraíba descrito adiante. Esses diques têm
características bem distintas da suíte máfico-ultra-
máfica antes descrita e, nesses casos, eles formam
corpos pequenos, da ordem de 0,6 a 2m de espessu-
ra, constituídos em geral por gabros ricos em Fe e Ti,
com assinatura geoquímica continental. Esses diques
foram deformados e recristalizados na fácies granu-
lito, ao mesmo tempo em que as rochas da Suíte São Figura III.35 – Afloramento do Complexo Tanque Novo-Ipirá
mostrando faixas N-S de supracrustais granulitizadas.
José do Jacuípe e do Complexo Caraíba.

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ferrífera; (iii) gnaisse grafitoso associado a rocha cál- O Complexo Caraíba é composto, principalmente,
cissilicáticas com abundantes intercalações de quart- por rochas granulíticas. Exibem coloração cinza-
zito ferrífero, anfibolito, biotita gnaisse parcialmente -esverdeado, sendo constituídas por ortognaisses to-
migmatizado, além de gnaisse kinzigítico, gnaisse nalíticos (granulitos enderbíticos), ortognaisses gra-
quartzo-feldspático, com ortopiroxênio, com ou sem nodioríticos (granulitos charnoenderbíticos) e, mais
granada; (iv) hornblenda-biotita gnaisse, mais ou me- raramente, ortognaisses graníticos (granulitos char-
nos migmatizado, com bandas quartzo-feldspáticas, nockíticos), além de ortognaisses trondhjemíticos
com ortopiroxênio, em parte granadíferas, intercaladas (granulitos trondhjemíticos). Segundo Teixeira (1997),
com níveis anfibolíticos de largura desde centimétrica os protólitos desses ortognaisses foram de dois tipos:
a decamétrica; (v) gnaisse bandado, marcado pela al- calcialcalino de baixo K e calcialcalino tanto normal,
ternância de bandas granito-granodioríticas e gabro- quanto de alto K. Essas séries magmáticas são consi-
-dioríticas, com intercalações de gnaisse tonalítico, deradas como produtos de reciclagem de uma crosta
anfibolito e rocha calcissilicática subordinada; e (vi) continental ígnea com participação de material sedi-
gnaisse quartzo-feldspático com ortopiroxênio, com ou mentar. Granulitos gabro-dioríticos ocorrem na for-
sem granada e com raras biotitas, frequentemente as- ma de corpos lenticulares (Fig.III.36).
sociado a níveis de quartzito (Kosin et al. 1999).

2.7.3 Complexo Caraíba

O Complexo Caraíba (Figueirêdo 1981, Figueirôa & Sil-


va Filho 1990), segundo Loureiro (1991), Melo (1991),
Pereira (1992), Sampaio (1992), Melo et al. (1995) Nu-
nes & Melo (2007) e Oliveira et al. (2010) é a unidade
litoestratigráfica de maior representatividade na par-
te norte do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá, o qual
forma uma faixa de direção meridiana, mais estreita
para norte, alargando-se para sul (Fig.III.33). Aí, os
litotipos ortoderivados do Complexo Caraíba formam
megalentes, imbricadas tectonicamente com rochas Figura III.36 - Complexo Caraíba com enclaves de granulitos
básicos no sangradouro da represa sobre o rio Itapicuru, na região
da Suíte São José do Jacuípe e do Complexo Tanque
de Riachão de Jacuípe.
Novo-Ipirá, todas polideformadas e granulitizadas.

A oeste, o Caraíba faz contato com o Complexo Tanque Em relação ao metamorfismo que atingiu o Complexo
Novo-Ipirá e, na maior parte, com o Complexo Mairi, Caraíba, a presença do hiperstênio em equilíbrio com
em ambos os casos, através de falha de transempurrão hornblenda e biotita nos granulitos ortognáissicos
com vergência para oeste (Fig.III.33). A leste, sua área sugere condições de metamorfismo características da
de distribuição é interrompida por gnaisses e migma- transição das fácies anfibolito-granulito (hidrogranu-
titos do Complexo Santa Luz e do Cinturão Caldeirão, lito), intervalo em que é comum a atuação de proces-
também através de falha de transempurrão sub-ver- sos de fusão parcial. Daí, ser frequente nas rochas a
ticalizada, mas ainda com vergência para leste. Essa ocorrência de feições migmatíticas (Teixeira 1997).
falha coloca as rochas da fácies granulito sobre rochas
da fácies anfibolito, essas últimas localmente penetra- Sabaté et al. (1994) dataram os granulitos enderbíticos
das por corpos granitoides (CAPÍTULO V) (Fig.III.33). e charnoenderbíticos do Complexo Caraíba pelo método

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de evaporação Pb-Pb em zircão e obtiveram idades em Na região sul do Complexo Caraíba verifica-se que es-
torno de 2,1Ga, as quais foram interpretadas como rela- ses metamorfitos de alto grau estão penetrados por
tivas à idade de formação dessas rochas. Posteriormen- corpos granitoides, ricos em anfibólio e biotita, sem
te, Silva et al. (1997) analisaram amostras coletadas ortopiroxênio (Fig.III.33).
próximo à cidade de São José do Jacuípe e obtiveram,
através datações U-Pb SHRIMP, idade de 2.695±12Ma 2.7.4 Rochas Máfico-Ultramáficas do Vale do
para os granulitos enderbíticos e de 2.634±19Ma, para Curaçá
os granulitos charnockíticos, e sugeriram uma evolu-
ção mesoarqueana com sucessivos episódios de acres- No Vale do Rio Curaçá, no nordeste da Bahia, ocor-
ção crustal. Vale destacar que foi Silva et al. (1997) os rem cerca de centenas de corpos máfico-ultramáficos
primeiros a reconhecer, nos centros dos zircões, idades de pequenas a médias dimensões, potencialmente
SHRIMP de 2.695±12Ma e 2.634±19Ma, corresponden- portadores de sulfetos, situados a oeste do Granitoi-
tes à cristalização dos protólitos e, nas periferias desses de Serra de Itiúba (Fig.III.33). São corpos deformados
mesmos zircões, idades SHRIMP de 2.072±15Ma, rela- e re-equilibrados na fácies granulito, alongados na
cionadas com o metamorfismo granulítico. Também, direção norte-sul, geralmente encaixados em gra-
na região de Capelinha, Silva et al. (2002) dataram gra- nulitos, interpretados como supracrustais, que se-
nulito enderbítico do Complexo Caraíba tendo obtido gundo Lindemayer (1982) são formados de leptinitos
idades de cristalização de 2.632±9Ma, compatível com grafitosos, gnaisses quartzo-feldspáticos, cordierita-
as idades anteriores (Tab.III.2). -silimanita-granada-biotita gnaisses, anfibolitos,
magnetita-quartzitos, diopsiditos e olivina mármores.
Ainda com relação à geocronologia do Complexo Ca-
raíba, mais recentemente, D’el Rey Silva et al. (2007), Dentro do Complexo Caraíba ocorrem corpos de hi-
através de datação em zircão pelo método de diluição perstenitos e noritos com ocasionais enclaves de pe-
isotópica, encontraram uma idade de 2.248±36Ma ridotitos e anfibolitos (Oliveira & Tarney 1995) todos
para o granulito tonalítico nas proximidades do aero- eles deformados semelhantemente às suas encaixan-
porto da Mina Caraíba. Três anos depois, essa mesma tes granulíticas. Sulfetos de cobre e magnetita são
rocha foi datada por Oliveira et al. (2010), quando ob- mais concentrados nos hiperstenitos que nos noritos,
tiveram, através do método SHRIMP, uma idade mé- constituindo a mina de cobre da Caraíba. Atualmente,
dia de 2.574±6Ma, no centro dos zircões (cristalização considera-se que o corpo Caraíba foi re-equilibrado
do protólito) (Tab.III.2) e 2.074±14Ma nas suas perife- na fácies granulito e depois retrogradado para a fá-
rias (metamorfismo granulítico) (Tab.III.3). Idade mo- cies anfibolito durante a ascensão dos granulitos para
delo Nd para essa rocha oscilou entre 2,71 e 2,75Ga, partes mais superficiais da crosta.
enquanto que o eNdvariou entre 1,18 a 1,89 (Ta.III.2).
Rochas gabroicas foram datadas na Mina Caraíba
O Sienito de Itiúba, que está descrito no sub-item 2.7.7 através U-Pb por Oliveira et al. (1990) e Oliveira et al.
e no Capítulo V, tem direção N-S, e segundo Conceição (2003), a saber: (i) em norito encontraram uma ida-
(1990) e Conceição et al. (2003) limita-se, tanto a leste de de 2.580±10Ma (Tab.III.2); e (ii) nesse mesmo no-
como a oeste por rochas granulíticas do Complexo Ca- rito uma idade de 2.103±23Ma (Tab.III.3). No primeiro
raíba (Fig.III.33). Entretanto, Oliveira et al. (2004) con- caso trata-se de uma população de zircão que indica
sideram a existência de rochas metamórficas de alto a época de cristalização e, no segundo, uma outra
grau, da parte leste da Serra de Itiúba com idades di- população de zircão que sugere a época do meta-
ferentes daquelas da parte oeste onde ocorrem rochas morfismo. Oliveira & Lafon (1995) também dataram
do Complexo Caraíba. as rochas máfico-ultramáficas (CAPÍTULO VII) por-

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tadoras de cobre na Mina Caraíba, no lado oeste do Idades U-Pb SHRIMP forneceram valores de
Sienito de Itiúba, (Fig.III.33) tendo encontrado idades 2.126±19Ma (idade do protólito) (Tab.III.2) e 2.082±7Ma
de 2.001±35Ma com o método Pb-Pb evaporação. Por (idade do metamorfismo granulítico) (Tab.III.3) (Silva
sua vez, Oliveira et al. (1998) datou igualmente rochas et al. 1997). Um fato importante que deve ser regis-
dessa mina obtendo idades de 2.049±15Ma por dilui- trado é que o corpo plutônico de Riacho da Onça pe-
ção isotópica. netrou de forma sintectônica no Complexo Caraíba
durante o Paleoproterozoico, praticamente no pico do
A ausência de olivina nessas rochas e suas caracterís- metamorfismo regional.
ticas indicam que essas intrusões máfico-ultramáficas
foram provenientes de um líquido basáltico toleiítico, 2.7.6 Rochas Máfico-Ultramáficas do Vale do
que se diferenciou em profundidade (Lindemayer 1982). Jacurici
São relativamente comuns as alterações metamórfico-
-hidrotermais nesses corpos plutônicos que produzi- A região do Vale do Jacurici, semelhantemente à re-
ram biotitização, anfibolitização e cloritização, geral- gião do Vale do Curaçá, compreende algumas dezenas
mente ao longo das zonas de cisalhamento tardias que de corpos máfico-ultramáficos, com dimensões va-
podem ter tido influência na concentração do cobre. riando entre dezenas e milhares de metros quadrados,
distribuídos em uma faixa de aproximadamente se-
tenta quilômetros de extensão, orientados na direção
PALEOPROTEROZOICO meridiana e do lado leste da Serra de Itiúba (Fig.III.33).

2.7.5 Augen-Granulito Riacho da Onça Estes corpos estão encaixados em terrenos granulí-
ticos, possuindo foliação paralela a suas encaixantes
O Augen-Granulito Riacho da Onça forma uma fai- e, apesar de deformados e re-equilibrados na fácies
xa que, a norte tem uma direção N-S e, a sul, verga granulito, ainda preservam muitas feições texturais
para a direção W-E, bordejando o Bloco Serrinha primárias. Estruturalmente, apresentam-se como
(Fig.III.33). O melhor afloramento dessa rocha situa- sinformes bastante apertados, com planos axiais sub-
-se 4,5km a oeste do vilarejo de São Domingos, na verticais.
estrada que liga esse vilarejo à BR-324. Nesse local,
na zona de cisalhamento que o limita dos granulitos Alguns desses corpos contêm reservas econômicas
do Complexo Caraíba, podem ser observados vários de minério de cromo, destacando-se as Minas de Me-
indicadores cinemáticos, a maioria transcorrentes drado-Ipueira, um importante depósito de cromita no
sinistrais, sugerindo que o Riacho da Onça foi intru- Brasil (Marinho et al. 1986, Marques 2001). Esse corpo
sivo no Complexo Caraiba. Segundo estudos realiza- é alongado com 7km de extensão e 300m de largura
dos por Souza et al. (2003), podem ser classificados composto por dunitos intercalados com harzburgitos
como granulitos quartzo-monzoníticos e monzoníti- e, em menor quantidade, rochas máficas. A feição mais
cos, apresentando, como minerais principais, bioti- importante deste corpo é a presença de uma camada
tas, ortopiroxênios transformados parcialmente em de cromitito maciço com 5-8m de espessura (Marques
hornblendas (pseudomorfos) e mesopertitas, sob a 2001). Está intercalado com granulitos quartzo-felds-
forma de porfiroclastos com tamanhos variados (mé- páticos na parte inferior e serpentina mámore e diop-
dia de 2cm). Essas litologias mostram uma foliação siditos, na parte superior (CAPÍTULO VII).
milonítica com altos mergulhos para sudoeste, sendo
cortada por diques dioríticos. Geoquimicamente esses Nessa área, denominada de Vale do Jacurici, Olivei-
augen-granulitos são metaluminosos e subalcalinos. ra et al. (2004), encontraram granulitos com idades

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U-Pb SHRIMP de 2.983±6Ma, com eNd variando en- afetaram essa parte da crosta continental profunda
tre 2,75 e 2,85 (Tab.III.2). Entretanto nas rochas máfi- da Bahia. Nessa direção, as pesquisas que começaram
co-ultramáficas mineralizadas em cromo, encontra- em meados dos anos 80 (Barbosa 1986), enfocando a
ram uma idade de cristalização de 2.085±5Ma (U-Pb petroquímica, química mineral e geocronologia, im-
SHRIMP em zircão) pulsionaram positivamente os conhecimentos desses
terrenos de alto grau. Assim, com esses trabalhos
2.7.7 Granitoides mais sofisticados foram estabelecidos novos parâme-
tros geológicos que permitiram: (i) uma melhor car-
Na parte norte do Cinturão Itabuna-Salvador-Cura- tografia das unidades litológicas; (ii) a determinação
çá são identificados granitoides paleoproterozoicos, das suas condições termodinâmicas de formação; e
sin, tardi e pós-tectônicos, alguns sieníticos e outros (iii) uma melhor estimativa das idades dos protólitos,
graníticos. Quanto aos sintectônicos destacam-se o do metamorfismo, bem como dos fenômenos tectôni-
Itiúba (Oliveira et al. 2004) e o Santanápolis (Con- cos que os afetaram. Entre estes trabalhos podem-se
ceição 1998). Quanto aos tardi e pós-tectônicos, os citar aqueles de Barbosa (1986), Wilson (1987), Wil-
mais estudados foram o Granito Bravo (Barbosa et al. son et al. (1988), Figueiredo (1989), Xavier et al. (1989),
2008), o Pedra Solta (Otero 1997), o Gavião-Morro do Cruz (1989), Barbosa & Fonteilles (1989, 1991), Padilha
Juá (Otero 1997) e o Pé de Serra-Camará (Otero 1997) et al. (1990), Barbosa (1990, 1991, 1992), Silva (1991),
(CAPÍTULO V). Marinho (1991), Aillon & Barbosa (1992), Arcanjo et al.
(1992), Alibert & Barbosa (1992), Fornari & Barbosa
(1992), Fornari (1992), Marinho et al. (1992), Oliveira et
2.8 Principais Litologias do Cinturão al. (1993), Arcanjo et al. (1998), Barbosa (1998), Teixei-
Itabuna-Salvador-Curaçá (Parte Sul) ra et al. (2000), Silva et al. (2002), Barbosa et al. (2002,
2004), Pinho (2005), Macedo (2006), Moraes Filho &
A parte sul do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá vem Lima (2007). Sendo assim, para a descrição da geolo-
sendo estudada há mais de 40 anos, destacando-se, gia da parte sul do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá
entre outros, os trabalhos de Sighinolfi (1971), Cordani foi feita uma revisão dos trabalhos dos autores que
(1973), Sighinolfi et al. (1981), Costa & Mascarenhas pesquisaram a região nos últimos 20 anos.
(1982), Oliveira & Lima (1982), Iyer et al. (1984), De-
lhal & Demaife (1985) e Iyer et al. (1987) (Fig.III.37). A Esse cinturão constitui uma faixa de direção N10oE
maioria dessas pesquisas iniciais se limitou a áreas onde, na sua parte sul, são encontrados megacorpos
localizadas, sendo, além disso, voltadas para temas de granulitos monzoníticos e monzodioríticos do Pa-
específicos, o que dificultou a correlação entre estes leoproterozoico, com pórfiros de plagioclásio centi-
trabalhos, prejudicando uma visão mais ampla da ge- métricos. Entretanto, a maioria dos autores concorda
ologia da região. Entretanto, os trabalhos de Pedreira que, nesse cinturão são preferencialmente encontra-
et al. (1975), Miranda et al. (1982) e Lima et al. (1982) dos granulitos tonalítico-trondhjemíticos do Neoar-
foram os primeiros de cunho regional que integraram queano e Paleoproterozoico que, embora de idades
os dados existentes e estabeleceram os primeiros mo- díspares, são muito parecidos, tanto do ponto de vista
delos de evolução geológica da região. Não obstan- macroscópico, quanto mineralógico e petroquímico.
te estas importantes contribuições para a geologia Eles puderam ser mais bem separados com a quími-
do su-sudeste da Bahia, esses estudos careceram de ca dos elementos Terras Raras, como será mostrado
dados, principalmente com relação à petroquímica, adiante. De forma restrita, foram também identifica-
à geocronologia e às condições físico-químicas que das nesse cinturão, faixas contendo granulitos básicos
governaram os fenômenos orogênicos e termais que e granulitos paraderivados, ambos provavelmente

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Figura III.37. Mapa geológico do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (Parte Sul) mostrando as unidades mesoarqueanas (granulitos básicos
e paraderivados), as unidades neoarqueanas-paleoproterozoicas (granulitos tonalítico-trondhjemíticos) e paleoproterozoicas (granulitos
tonalítico-trondhjemíticos e monzoníticos-monzodioríticos), além de granitoides e rochas dioríticas-peridotíticas. (Simplificado e atualizado
de Barbosa & Dominguez 1996 e Barbosa 2003).

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mais antigos que os granulitos tonalítico-trondhjemi- o metamorfismo de alto grau (Barbosa 1990, Pinho
ticos anteriores. Essas litologias serão resumidamen- 2005, Peucat et al. 2011). (Fig.III.38).
te descritas a seguir, por ordem cronológica.

MESOARQUEANO

2.8.1 Granulitos Básicos

Metagabros e metabasaltos granulitizados estão as-


sociados aos granulitos tonalíticos/trondhjemíticos
(Fig.III.37), ocorrendo em geral sob a forma de en-
claves, deformados e paralelizados ao bandamen-
to/foliação regional e apresentando espessuras que
variam desde centimétricas a métricas (máximo de
5 metros). Entretanto, mais raramente, eles podem Figura III.38 – Afloramento de granulito básico na estrada
Valença-Travessão.
também ocorrer sob a forma de grandes corpos com
cerca de 1-2km de espessura, como ao norte da Bacia
do Almada, tendo sido denominado por Oliveira et al. 2.8.2 Granulitos Paraderivados
(1993) e Arcanjo (1997) de Complexo São José.
Os granulitos paraderivados formam faixas dispersas
Nessa região, o Complexo São José foi descrito como de direção NNE, constituindo megaenclaves tectôni-
formado, além de granulitos básicos, também de gra- cos, paralelizados com o trend regional dos granuli-
nulitos básicos com granada e granulitos interme- tos metatonalíticos e metatrondhjemíticos (Fig.III.37).
diários. Sua mineralogia principal é constituída por Coube a Martins & Santos (1997) mapear primeira-
plagioclásio, hiperstênio e clinopiroxênio, tendo como mente essas rochas, na escala 1:100.000, quando da
acessórios, quartzo, opacos e apatita (Barbosa et al. execução do Projeto Ibicaraí da CPRM-Serviço Geoló-
1996, Pinho 2005, Peucat et al. 2011). Em alguns aflo- gico do Brasil, que as chamou de Complexo Almadina.
ramentos desses granulitos básicos nota-se a presen- Praticamente na mesma época, essas rochas foram
ça de cristais de granada. Hornblenda verde e biotita detalhadas por Seixas (1993) na região de Ibicaraí.
marrom claro aparecem nas bordas de piroxênios e Estas faixas são compostas principalmente de quart-
opacos, evidenciando a presença de retrometamorfis- zitos, os quais em geral formam cristas e estão asso-
mo para a fácies anfibolito. Suas amostras, analisadas ciados, não somente a formações ferríferas e manga-
quimicamente, sobretudo com relação aos elementos nesíferas bandadas (Toniatti & Barbosa 1973, Valarelli
Terras Raras, permitem verificar que existem granu- et al. 1982), mas também a rochas calcissilicáticas,
litos básicos a intermediários calcialcalinos. Entre- níveis de rochas grafitosas, bandas quartzo-felds-
tanto a maioria deles pertencem ao domínio toleiítico páticas, além de granulitos alumino-magnesianos
ou bem próximo dele, podendo ser correlacionados e granulitos básicos. Devido à importância das suas
como provenientes de material de fundo oceânico paragêneses minerais, somente essas duas últimas
ou de arcos-de-ilhas. Efetivamente, esses corpos de litologias serão descritas a seguir.
granulitos básicos exibem características toleiíticas
quando são testados alguns elementos-traço (zircô- Os granulitos alumino-magnesianos apresentam es-
nio, estrôncio, titânio), considerados imóveis durante pessuras variando entre 6 e 8 metros e são constituí-

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dos por quartzo, plagioclásio, ortopiroxênio, granada, Os granulitos básicos associados aos granulitos alu-
biotita, sillimanita, microclínio, opacos, rutilo, grafita, mino-magnesianos têm uma petrografia formada de
monazita e zircão, sendo muito bons marcadores das plagioclásio, ortopiroxênio, clinopiroxênio, quartzo
condições de pressão e temperatura do metamor- e, às vezes, granada. Biotita e hornblenda são se-
fismo de alto grau que atingiu a região (Barbosa et cundárias. Apatita e opacos são minerais acessórios.
al. em preparação). A safirina aparece nas amostras Análises químicas de amostras dessas metabásicas
mais magnesianas e a cordierita é comumente re- permitem verificar que elas são possuidoras de al-
trógrada. Os granulitos alumino-magnesianos mos- tos teores de ferro, magnésio, titânio e de baixos te-
tram, na sua maioria, uma composição química com- ores em álcalis, semelhantemente a metabasaltos
patível com o aparecimento dos minerais sillimanita, toleiíticos fundo oceânico, conforme demonstram os
granada e ortopiroxênio. Os teores de Al2O3 situam- gráficos geoquímicos e os padrões de elementos Ter-
-se entre 13 e 15%. Outra significante característica ras Raras, relativamente planos e com razão La/Yb
química dessas rochas refere-se aos altos valores de de aproximadamente 2 (Barbosa 1990). Do ponto de
MgO, variável de quase 2 até 7%. Com relação à sílica, vista geoquímico esses granulitos básicos são muito
ela situa-se entre 62 a 71%, que corresponde, mais ou semelhantes aos que aparecem associados com os
menos, à média encontrada em granulitos alumino- granulitos tonalíticos/trondhjemíticos. Eles são dis-
-magnesianos de outros terrenos granulíticos no tinguidos praticamente pelo modo de ocorrência: os
mundo (Bernard-Grifftiths et al. 1996). Ainda com primeiros formam enclaves e os últimos, camadas in-
relação a estas rochas, verifica-se esporadicamente, tercaladas com as supracrustais.
a ocorrência de migmatização/fusão parcial, com a
formação de neossomas que evoluem para pequenos Vale ressaltar que essas faixas de granulitos parade-
corpos de leucocharnockitos anatéticos do tipo “S” rivados poderiam ter sido greenstone belts, deforma-
(Fig.III.39). Supõe-se que esses granulitos alumino- dos e completamente re-equilibrados na fácies gra-
-magnesianos foram provenientes do metamorfismo nulito (Barbosa et al. em preparação).
em alto grau de pelitos com níveis ricos em magnésio.

NEOARQUEANO

2.8.3 Granulitos Tonalíticos-Trondhjemíticos

Os granulitos tonalíticos/trondhjemíticos são os lito-


tipos mais abundantes da parte sul do Cinturão Itabu-
na-Salvador-Curaçá (Fig.III.37). tendo sido deforma-
dos e metamorfizados durante o Paleoproterozoico
(Barbosa 1990, Ledru et al.1994). Parte constituinte
do Complexo Ibicaraí-Buerarema, segundo Oliveira et
al. (1993) e Arcanjo (1997), ele foi subdividido em dois
Complexos: o Ibicaraí e o Buerarema (Moraes-Filho &
Figura III.39 – Granulito alumino-magnesiano com níveis Lima 2007, Souza et al. 2003). O primeiro é constituído
mostrando fusão parcial incipiente contendo granada, cordierita e basicamente de granulitos tonalíticos e trondhjemíti-
ortopiroxênio na região de Coaraci.
cos e o segundo, de ortognaisses tonalíticos, dioríticos,
graníticos e enderbíticos, bem como corpos de meta-
gabro-noritos que estão equilibrados, tanto na fácies

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granulito quanto na fácies anfibolito. Nesse último do-se os elementos Terras Raras, permitiu Barbosa et
caso, as rochas anfibolíticas e quartzo-feldspáticas al. (2003) subdividir essas rochas em dois conjuntos
constituem uma faixa de direção N30oE, semelhante à distintos, denominados (TT2) e (TT5) (Fig.III.40) cujas
Banda de Ipiaú (subitem 2.6.2) e que foi denominada abreviaturas correspondem a “tonalitos e trondhjemi-
por Oliveira et al. (1993) e Arcanjo (1997) de Comple- tos”, sem os granodioritos dos TTG. Com relação aos
xo Japu. Recentemente, na região de Camacan, essas elementos Terras Raras, as duas suítes exibem um
rochas granulíticas tonalítico-granodioríticas foram espectro tipo trondhjemítico/calcialcalino, onde os
datadas pelo método U/Pb por Moraes-Filho & Lima elementos Terras Raras pesados são deplecionados
(2007) tendo obtido 2.092Ma (idade de cristalização) e em relação aos elementos Terras Raras leves: a (TT2)
detalhadas do ponto de vista mineralógico e litogeo- possui uma relação média La/Yb=45 e, a (TT5) uma
químico por Luciano (2010). relação média La/Yb=9. A diferença mais marcante
observada entre elas é que ambas mostram anoma-
Os granulitos tonalítico-trondhjemíticos em foco exi- lias de európio: a (TT2) uma anomalia positiva e a
bem foliação com atitudes em torno de N15°E e mer- (TT5) uma anomalia negativa (Barbosa et al. 2003).
gulhos variando de 60 a 80°, ora para SE, ora para Com relação à química dos elementos maiores, se-
NW. São de coloração verde-acinzentado, relativa- gundo esses autores, os diagramas de Harker (1909)
mente homogêneos, com granulação média a gros- mostram trends  geoquímicos bem definidos, embora
sa. Nos locais de maior intensidade de deformação é similares. Para essas duas suítes de tonalitos-trondje-
frequente a textura milonítica com porfiroclastos de mitos os elementos ferro e magnésio exibem compor-
plagioclásio imersos em uma matriz fina. Na grande tamento compatível, enquanto que o sódio e o potás-
maioria dos locais estudados, estas rochas exibem sio são ligeiramente incompatíveis. Efetivamente, são
um bandamento composicional. As bandas variam de rochas onde na moda predomina o plagioclásio só-
espessura, desde centimétricas a métricas (1 a 2 me- dico, frequentemente antipertítico. O enriquecimento
tros). Vale registrar que as estimativas são facilitadas de sódio nessas rochas se deu durante a diferenciação
quando estas rochas encontram-se alteradas, visto magmática (cristalização fracionada) o qual foi sendo
que nestas condições, fica ressaltada a cor esbranqui- concentrado no líquido que gerou seus protólitos pré-
çada das bandas ricas em plagioclásio, em contras- -metamórficos ricos em albita-ortoclásio.
te com as outras, mais escuras, onde este mineral é
menos abundante. Do ponto de vista mineralógico, os Estes dois tipos litológicos estão interdigitados e re-
granulitos tonalíticos e trondhjemíticos são formados presentam intrusões múltiplas de idades diferentes,
basicamente por quartzo e plagioclásio antipertíti- não muito distantes no tempo. Com efeito, para a suí-
co. O ortopiroxênio, presente em pequena quantida- te (TT2), Ledru et al. (1994) encontraram zircão mag-
de, é do tipo hiperstênio. Ainda são encontrados em mático com a idade de 2.634±14 (TIMS evaporação) e
pequenas quantidades o clinopiroxênio e raramente Peucat et al. (2011) zircão magmático de 2.675±11Ma
o feldspato potássico pertítico. Minerais opacos são (LA-ICPMS) com TDM=3,0Ga (eNd=-6,4 para 2,2Ga).
onipresentes, mas acessórios. A biotita e hornblenda Para a suíte (TT5), Silva et al. (2002) identificaram zir-
são também observadas, sendo formadas pelo re- cão magmático com a idade de 2.719±10Ma (SHRIMP)
trometamorfismo dos minerais ferromagnesianos e e Peucat et al. (2011) zircão magmático de 2,7-2,9Ga
opacos. Apatita e zircão aparecem como traços (Bar- (SHRIMP) com TDM=2,8Ga (eNd=-8,1 para 2,1Ga) (Tab.
bosa 1986). III.2).

O estudo petroquímico desses granulitos tonalíticos Essas rochas foram atingidas pela mesma granuliti-
e trondhjemíticos, neoarqueanos, sobretudo utilizan- zação. A idade metamórfica na periferia dos zircões

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Figura III.40 – Padrões de
elementos de Terras Raras dos
granulitos (TT2) e (TT5) (valores do
condrito de Sun 1982)

da (TT2) é de 2.080±36Ma (TIMS) (Ledru et al. 1994) anteriores, tanto no campo, como na composição
e 2.080±21Ma (ICPMS-LA) (Peucat et al. 2011). A mineralógica e química (Fig.III.37). Mais uma vez, so-
idade metamórfica na periferia dos zircões da (TT5) mente os elementos Terras Raras permitem separar
é de 2.078±20Ma (SHRIMP) (Silva et al. 2002) e de esses granulitos tonalítico-trondhjemíticos denomi-
2.098±11Ma (SHRIMP) (Peucat et al. 2011) (item 4.1) nados de (TT1) (Fig.III.41), daqueles anteriores, (TT2)
(Tab.III.3, seção 4, Metaformismo). e (TT5). Essas rochas, denominadas de (TT1), são de-
plecionados em elementos Terras Raras leves, com
uma relação média La/Yb=39, diferente das anterio-
PALEOPROTEROZOICO res. Uma diferença importante da (TT1), em relação
á (TT2) e (TT5), é que esta não possui anomalia de
2.8.4 Granulitos Tonalítico-Trondhjemíticos európio (Barbosa et al. 2003).

Essas rochas são também muito parecidas com os Com relação à geocronologia, a (TT1) destaca-se por
dois grupos de granulitos tonalítico-trondhjemíticos ser mais nova que as duas anteriores, visto que elas

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Figura III.41 – Padrões de elementos
de Terras Raras dos granulitos (TT1)
(valores do condrito de Sun 1982).

possuem zircões magmáticos de 2.131±5Ma (SHRIMP) Ubaitaba, não têm ainda denominação, entretanto, na
(Silva et al. 2002) e 2.191±10Ma (SHRIMP) (Peucat et al. região de Uruçuca elas foram chamadas por Olivei-
2011), com TDM=2,5Ga (eNd= -1,6 para 2,2Ga) (Tab.III.2). ra et al. (1993) e Arcanjo (1997) de corpos plutônicos
Água Sumida, Rio Paraíso e São Geraldo. Mais ao sul,
Como se pode observar, as idades magmáticas são nas regiões de Camacan e Potiraguá essas rochas fo-
muito próximas do pico do metamorfismo de alto ram denominadas por Moraes-Filho & Lima (2007) de
grau que atingiu essas rochas. Com efeito, nas peri- Suíte Pau Brasil sendo nelas identificados granulitos
ferias dos zircões desses granulitos (TT1) são regis- tonalíticos, granulitos quartzo-monzoníticos, granu-
tradas idades de 2.069±19Ma (SHRIMP) (Silva et al. litos monzoníticos e granulitos charnockíticos.
2002) e 2.109±17Ma (SHRIMP) (Tab.III.3) (Peucat et
al. 2011) Sendo assim, pode-se considerar que, se- Essas rochas exibem coloração cinza-esverdeado,
melhantemente ao corpo plutônico Augen-Granulito com textura porfiroblástica, por vezes granoblástica a
Riacho da Onça (subitem 2.7.5), da parte norte do Cin- lepidoblástica, variando de média a grossa. (Fig.III.42)
turão Itabuna-Salvador-Curaçá (Fig.III.33), essa suíte São constituídos basicamente de plagioclásio anti-
(TT1) também penetrou de forma sintectônica na con- pertítico, ortopiroxênio, clinopiroxênio, mesopertita,
tinuação sul desse cinturão (Fig.III.37), durante o Pa- quartzo e minerais opacos, sendo que na maioria dos
leoproterozoico, no pico do metamorfismo regional. afloramentos, fenoclastos de plagioclásio são abun-
dantes e orientados paralelamente à foliação (Bar-
2.8.5 Granulitos Monzoníticos e bosa 1986, 1990, Figueiredo & Barbosa 1993, Oliveira
Monzodioríticos et al. 1993, Arcanjo 1997, Barbosa et al. 2003, Pivetta
Costa 2007).
Estas rochas ocorrem aproximadamente no centro da
parte sul do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá, sob A petrografia permitiu classificar essas rochas em
a forma de megacorpos plutônicos, com extensões dois principais tipos: granulitos monzoníticos e gra-
quilométricas (100-150km) na direção N10oE e com nulitos monzodioríticos. A litogeoquímica corroborou
larguras variando de 5 a 10km, sempre deformadas e com essa separação, tendo mostrado também que
re-equilibradas pelo metamorfismo granulítico (Fig. ambas são de natureza alcalina, com filiação shosho-
III.37). Esses corpos, entre as regiões de Valença e nítica (Pivetta Costa 2007).

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seiramente na direção N-S (Fig.III.37). Esses corpos
são mineralizados em sulfetos de níquel e minerais
de platina (Cunha & Fróes 1992, Abram 1993, Barreto
2009), sendo que Mirabela passou a se constituir, re-
centemente, numa importante mina de níquel e sub-
sidiariamente de platinoides.

Os corpos de Palestina e principalmente Mirabela são


formados de: (i) dunitos (olivina, 39-85%, espinélio
cromitífero, ortopiroxênio, clinopiroxênio e plagioclá-
sio); (ii) peridotitos (olivina, 28-70%, espinélio cromi-
Figura III.42 – Afloramento de granulito monzonítico- tífero, ortopiroxênio, clinopiroxênio e traços de plagio-
monzodiorítico na localidade de Travessão (BR-101) clásio); (iii) piroxenitos (ortopiroxênio, clinopiroxênio e
plagioclásio); (iv) websterito (ortopiroxênio, clinopi-
Quanto à geocronologia, dados de evaporação Pb-Pb roxênio e plagioclásio); e (v) gabros (plagioclásio, 12-
em zircão foram obtidos por Corrêa-Gomes & Olivei- 73%, ortopiroxênio e clinopiroxênio). Esses corpos são
ra (2002) em granulitos monzoníticos da parte sul, do Paleoproterozoico (comunicação verbal, Maria da
exibindo idades de cristalização variando no interva- Glória da Silva) tendo idade U-Pb em zircão em tor-
lo de 2.090 a 2.080Ma. Ledru et al. (1994) obtiveram no de 1,98Ga (informação da Mirabela Mineração do
para corpos situados mais ao norte, uma idade plu- Brasil Ltda.), tendo penetrado no pico do metamor-
tônica em zircão de 2.075±16Ma (TIMS evaporação) fismo granulítico da região e se re-equilibrado nesse
e 2.089±2Ma (ID-TIMS) também em zircão, essa úl- ambiente metamórfico em condições subsolidus. Li-
tima idade obtida por C. Alibert (comunicação pesso- tologias ultramáficas e gabroicas do corpo de Mira-
al) (Tab.III.2). Essa última autora também calculou bela foram selecionadas por Silva et al. (1996) para
a idade modelo para esses granulitos monzoníticos estudos isotópicos de Sm, Nd, Rb e Sr. As amostras
e monzodioríticos, tendo obtido uma idade TDM=2,5 de cumulatos ultramáficos constituem um conjunto
(eNd=-1,7 para 2,2Ga). distinto daquele formado pelas amostras de gabro,
embora as retas de regressão dos dois grupos possu-
Finalmente comparando as idades de cristalização am inclinações similares em um gráfico 147Sm/144Nd
desses granulitos monzonitos-monzodioríticos com versus 143Nd/144Nd indicando que as rochas ultramá-
a idade do metamorfismo, pode-se deduzir que es- ficas e os gabros são produtos de pulsos magmáti-
ses corpos plutônicos foram introduzidos sintectoni- cos distintos de uma mesma câmara magmática e
camente à granulitizacão da região, próximo ao seu que possuem uma idade máxima possível de 2,2Ga.
ápice, visto que seus piroxênios estão re-equilibrados Também os eNd para t=2,2Ga revelaram valores
pelo metamorfismo em temperaturas em torno de negativos (-1,1 até -6,7) indicando que houve conta-
830oC (Barbosa, 1990). minação crustal durante a diferenciação magmática
de Mirabela. Outra evidência de contaminação crus-
2.8.6 Rochas Dunito-Peridotíticas tal diz respeito à razão inicial de Sr (calculada para
t=2,2Ga) que cresce continuamente com os teores de
No limite entre o Bloco Jequié (Banda de Ipiaú) e a Na2O e K2O. Essa idade obtida por Silva e colaborado-
parte sul do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá, são res em 1996 está compatível com o modelo geodinâ-
conhecidos dois corpos de rochas máfico-ultramá- mico colisional desde que esses corpos de Palestina
ficas (Palestina e Mirabela), ambos alinhados gros- e Mirabela tenham penetrado no final dessa colisão

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que se deu em torno de 2,1Ga. A tectônica compres- que exibem fenoclastos de feldspato alcalino imer-
siva teria propiciado a formação de rupturas crustais sos em uma matriz mais fina, composta por diopsí-
profundas (Silva & Misi 1992) permitindo a colocação dio, plagioclásio e quartzo; (ii) os sienitos máficos
desses corpos e de outros, como os de gabro-anorto- (3% do corpo), formados basicamente de diopsídio e
sitos estudados por Barbosa et al. (1986), Cruz (1989), subsidiariamente por feldspato alcalino e biotita; e
Jesus (1987), Macedo (2000), Burgos (2005) e Barreto (iii) os filões sieníticos constituídos principalmente de
(2009) (subitem 2.6.6.). Os corpos dunito-peridotíticos feldspato alcalino. Moraes-Filho & Lima (2007) obti-
gabro-anortosíticos citados estão detalhadamente veram nestas rochas uma idade Pb-Pb de 2100 Ma,
descritos no CAPÍTULO VII. enquanto que Conceição et al. (2007) encontraram
uma idade de 2094±4Ma. Vale destacar que Anuri tem
2.8.7 Granitoides semelhanças tectônica, petrográfica, litogeoquímica
e geocronológica com os maciços de Itiúba e San-
Dois importantes granitoides são identificados na tanápolis (CAPÍTULO V), da parte norte do Cinturão
parte sul do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá, am- Itabuna-Salvador-Curaçá e ao maciço de São Félix da
bos com características sieníticas (Conceição et al. parte sul desse mesmo cinturão (Fig.III.33, III.37).
1997). Eles encontram-se detalhadamente descritos
no CAPÍTULO V e resumidos a seguir.
2.9 Principais Litologias do Cinturão
O granitoide sienítico de São Félix (Aillon 1992, Rosa Salvador-Esplanada
1994, Rosa & Conceição 1995, Rosa et al. 2001) consti-
tui uma intrusão alongada, na direção N-S, por cerca
de 15km, com largura média de 3km (Fig.III.37). Três O Cinturão Salvador-Esplanada (Barbosa & Domin-
fácies petrográficas cogenéticas foram identificadas guez 1996) está situado no nordeste do Cráton do São
nesse granitoide: (i) sienitos gnáissicos; (ii) sienitos Francisco no Estado da Bahia. Ele inclui as cidades
gnáissicos porfiríticos e, (iii) sienitos gnáissicos má- de Salvador e Esplanada e adentra o Estado de Ser-
ficos. Determinação de idade Pb-Pb por evaporação gipe (Barbosa & Dominguez 1996). Foi primeiramen-
em monozircões da primeira fácies, demonstrou uma te estudado por Silva Filho et al. (1977) e Lopes et al.
idade de 2.098±1Ma (Rosa et al. 2001). (1983). Entretanto, estudos mais aprofundados foram
realizados por Oliveira Júnior (1990), o qual subdivi-
O granitoide sienítico de Anuri foi inicialmente des- diu o Cinturão em dois domínios tectônicos.
crito por Silva Filho et al. (1974) e estudado com mais
detalhe por Conceição (1990), Rosa (1994), Oliveira O primeiro domínio, que ocupa a porção extremo oes-
(1995), Conceição & Otero (1996) e por Conceição et te do cinturão, foi subdividido nos milonitos da Zona
al. (1997). Semelhantemente ao anterior, trata-se de Aporá-Itamira e na Suíte Granitoide Teotônio-Pela
um corpo de ortognaisse alongado na direção N-S, Porco. O segundo compreende a denominada Zona
por cerca de 60km, com largura média de 2,5km, e Salvador-Conde que se situa próximo à costa atlânti-
encaixado em rochas granulíticas retrometamorfiza- ca, composta tanto por rochas da fácies anfibolito (re-
das (Fig.III.37). As foliações e bandamentos do corpo gião de Conde) quanto da fácies granulito (região de
e das rochas granulíticas são paralelos. O maciço de Salvador) (Fig.III.43). A geologia e algumas datações
Anuri também é caracterizado petrograficamente por geocronológicas de litologias desses domínios estão
três fácies: (i) os sienitos gnáissicos (96% do corpo) descritas resumidamente a seguir.

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Figura III.43. Mapa geológico do Cinturão Salvador-Esplanada mostrando as unidades mesoarqueanas (Zona Salvador-Conde, Granitoide
Pela-Porco e Zona de Cisalhamento Aporá-Itamira) além de granitoides paleoproterozoicos de Salvador. (Simplificado e atualizado de
Barbosa & Dominguez 1996, Barbosa et al. 2005 e Souza 2009).

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MESOARQUEANO 2.9.2 Suíte Granitoide Teotônio-Pela Porco

2.9.1 Milonitos da Zona Aporá-Itamira Os monzogranitos e quartzo-monzogranitos da Suí-


te Granitoide Teotônio-Pela Porco estão descritos no
Nessa zona predominam milonitos retrógrados, en- item 9.1 do CAPÍTULO V. Encontram-se deformados
tretanto, em partes pouco afetadas pela miloniti- com suas rochas, possuindo uma datação Rb-Sr de
zação, identificam-se migmatitos com estruturas 1.750±90Ma (Silva Filho et al. 1977). O Granodiorito
dobradas, schlieren e estromáticas (Mehnert 1968). Aporá situa-se bem próximo dessa Suíte e Silva et al.
Segundo Silva et al. (2002) nessas partes não miloni- (2002), utilizando a técnica U-Pb SHRIMP em zircão,
tizadas, encontram-se granulitos os quais foram tam- datou um granodiorito leucocrático, foliado situado
bém referidos por Marinho et al. (1977) na região de nas imediações de Aporá, composto de quartzo, felds-
Alagoinhas. Interpretações recentes estão mostrando pato potássico, plagioclásio e biotita. Nele é possível
a presença de granulitos formando uma larga faixa identificar uma paragênese plutônica remanescente
que se estende das imediações de Salvador e adentra e outra protomilonítica. Esses autores identificaram
o Estado de Sergipe (Moacyr Marinho, comunicação núcleos magmáticos nos zircões com idade de crista-
oral). Oliveira Júnior (1990) e Delgado et al. (2002) in- lização 207Pb/206Pb de 2.924±25Ma (Tab.III.2). Por sua
formam que a parte mais oriental da zona consiste vez, as bordas desses zircões forneceram idades de
em ortognaisses bimodais, da fácies anfibolito com 1.926±25Ma. Entretanto, com relação a essa última
termos félsicos, tonalítico-granodioríticos e máficos, idade, os dados obtidos são extremamente discordan-
compostos de gabros anfibolitizados. A foliação pe- tes, deixando dúvidas se elas foram produzidas ou não
netrativa, com mergulhos variando de 75 a 85oNW, é pelo metamorfismo associado à milonitização (Silva et
resultante da transposição da foliação ou de banda- al. 2002). Entretanto, devido à semelhança entre essa
mento anterior. Essas rochas cisalhadas encontram- última idade e a idade Rb-Sr, isso leva a interpretar
-se recristalizadas dinamicamente com porfiroclastos que ambas podem estar ligadas ao metamorfismo pa-
de feldspatos sigmoidais que evidenciam movimentos leoproterozoico que provavelmente atingiu a região.
sinistrais. Considera-se que migmatitos e granitoides
mais antigos foram transformados em protomiloni- 2.9.3 Migmatitos e Granulitos da Zona
tos e augen-milonitos nas partes menos deformadas Salvador-Conde
e em milonitos e ultramilonitos nas partes mais de-
formadas. Nos ultramilonitos observam-se boudins e A região de Salvador, situada ao sul da Zona Salva-
bandas de anfibolitos (plagioclásio, hornblenda e tra- dor-Conde (Fig.III.43), contém granulitos que vêm
ços de clinopiroxênio) e bandas quartzo-feldspáticas sendo pesquisados faz muitos anos. Com relação aos
(quartzo, plagioclásio, feldspato alcalino e hornblen- trabalhos mais antigos, essas rochas metamórficas
da) intercaladas. Veios de quartzo e de pegmatitos foram estudadas em três pequenas e isoladas partes
aparecem, às vezes, atravessando essas bandas. Oli- da orla marítima, utilizando-se prancheta e alidade
veira Júnior (1990) caracterizou mais detalhadamente (Fujimori 1968, Fujimori & Allard 1966, Sighinolfi &
esses cisalhamentos, mostrando que os processos de Fujimori 1974, Fujimori & Fyfe 1984, Fujimori 1988) e
deformação foram acompanhados de retrometamor- trena e bússola (Tanner de Oliveira 1970, Tanner de
fismo, notando-se que nas partes menos cisalhadas Oliveira & Conceição 1982). Esses trabalhos contri-
as paragêneses são da fácies anfibolito, enquanto que buíram significativamente para a compreensão das
nas mais cisalhadas são do fácies xisto-verde. litologias metamorfizadas em alto grau. Entretanto,
eles não permitiram que se estabelecessem correla-
ções entre as áreas pesquisadas. Segundo os autores

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citados anteriormente, as rochas de Salvador foram granitos claros com granada e cordierita, considera-
classificadas como granulitos ácidos e básicos, in- dos como os líquidos dessa fusão (Spear et al. 1999,
cluindo metabasitos e charnockitos. Tanner de Olivei- Kriegsman 2001). Os granulitos básicos e quartzitos
ra & Conceição (1982), por exemplo, entre as praias de com granada e ortopiroxênio, associados aos granuli-
Amaralina e Rio Vermelho, aprofundaram os estudos tos alumino-magnesianos são produtos do metamor-
e identificaram hiperstênio granitos e granodioritos, fismo de basaltos e cherts impuros, respectivamente
além de diopsiditos, micropegmatitos e diabásios. (Barbosa & Fonteilles 1989).

Com relação aos trabalhos mais recentes, o mapea- Os granulitos ultramáficos e máficos que ocorrem
mento geológico na escala 1:30.000 está sendo realiza- sob a forma de enclaves nas rochas granulíticas, a
do em Salvador (Barbosa & Souza 2007, Barbosa et al. petroquímica está mostrando que eles tiveram como
2005, Cruz 2005, Souza 2009, Oliveira 2010) incluindo protólitos, tanto piroxenitos derivados de magma to-
sobre-voos com avião de pequeno porte com a obten- leiítico rico em magnésio, quanto gabros gerados por
ção de fotos aéreas tiradas de 300 metros de altura magma toleiítico ou magma transicional toleiítico/
(Fig.III.44). Com isso têm-se verificado que as rochas calcialcalino (Barbosa et al. 2005).
da cidade mostram uma história geológica evolutiva
complexa, com uma grande diversidade de litotipos Os granulitos ortoderivados, na maioria, tiveram,
metamórficos de alto grau, amplamente deformados como protólitos, plutonitos que se originaram a par-
de modo polifásico, tanto no estado dúctil quanto no tir de magmas calcialcalinos, com tipos pobres em
estado rúptil. Além disso, como assinalado por outros potássio e outros ricos nesse elemento. Para os pri-
pesquisadores (Barbosa et al. 2005, Cruz 2005, Souza meiros, têm-se os granulitos tonalíticos e, para os
2009, Oliveira 2010) tem-se verificado que estes me- últimos, os granulitos charnoenderbíticos, granulitos
tamorfitos são frequentemente cortados por corpos monzo-charnockíticos e granulitos quartzo-monzo-
monzo-sienograníticos e diques máficos, todos com dioríticos (Souza 2009, Souza et al. 2010).
dimensões métricas a decamétricas (Fig.III.45, III.46).
O re-equilíbrio metamórfico dessas rochas na fácies
Como resultados desses trabalhos recentes, no em- granulito ocorreu concomitantemente às deformações
basamento de Salvador identificam-se: (i) granulitos dúcteis. A granulitização atingiu a etapa de pico nas
paraderivados, onde estão incluídos os granulitos condições de 7,5-9kbar e 840-900oC (Fujimori 1988).
alumino-magnesianos, granitos granadíferos, granu- O clímax metamórfico está caracterizado, em alguns
litos básicos e quartzitos; (ii) enclaves de granulitos granulitos ortoderivados, pela presença de biotita ver-
ultramáficos e máficos (Oliveira 2010); (iii) granulitos melha, ortopiroxênio, plagioclásio e clinopiroxênio, to-
ortoderivados, compostos de granulitos tonalíticos, dos em equilíbrio. A etapa regressiva é marcada pela
granulitos charnoenderbíticos, granulitos monzo- presença de minerais secundários, tais como biotita
-charnockíticos e granulitos quartzo-monzodioríti- e hornblenda esverdeada, formados à expensas de
cos; (iv) corpos e veios monzo-sienograníticos; e (v) piroxênios e opacos. Nos granulitos alumino-magne-
diques máficos, metamórficos e não metamórficos. sianos a paragênese de alto grau é composta de or-
As rochas de (iv) e (v) serão descritas mais adiante topiroxênio aluminoso, sillimanita e safirina, e as de
(subitens 2.9.4 e 2.9.5). retrometamorfismo por re-equilíbrio desses minerais
para a fácies anfibolito-xisto verde (Fujimori 1988).
Os granulitos paraderivados, alumino-magnesianos, Pesquisas sobre o metamorfismo desses granulitos
inclusive aqueles contendo safirina e ortopiroxênio, alumino-magnesianos estão em andamento, utilizan-
são restitos de fusão de metapelitos e se associam a do-se programas termobarométricos modernos.

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Figura III.44 – Foto aérea dos granulitos do Farol da Barra, Salvador, tirada com avião de pequeno porte a cerca de 300 metros de altura.
Observe as deformações e algumas litologias ressaltadas na foto.

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Com relação aos protólitos, no caso do granulito to-
nalítico, a idade U/Pb SHRIMP de 2561±7Ma (Tab.
III.2), encontrada por Silva et al. (1997), no centro de
zircões, foi considerada como idade de cristalização
magmática. A idade U-Pb SHRIMP de 2089±11Ma
(Tab.III.3), na borda desses zircões, nesse mesmo gra-
nulito tonalítico, foi admitida por esses autores como
próxima à idade do metamorfismo da área.

Na região de Conde, situada ao norte da Zona Salva-


dor-Conde (Fig.III.43), são encontrados migmatitos,
gnaisses, granitoides e anfibolitos, contendo relíquias
Figura III.45 – Monzo-sienogranito com enclave de granulito de granulitos. São encontrados ortognaisses cinza for-
básico. Praia de Itapuã, Salvador.
mados de feldspato alcalino, quartzo, biotita e traços
de clinopiroxênio, e ortognaisses róseos, constituídos
de feldspato alcalino, plagioclásio, quartzo e biotita,
chegando os três primeiros minerais a somar cerca
de 90% da rocha. Anfibolitos contendo plagioclásio,
biotita e hornblenda com inclusões de ortopiroxênio
ocorrem sob a forma de enclaves, lentes e boudins,
deformados paralelamente à foliação regional. Resis-
tatos de hiperstênio-gnaisses charnoenderbíticos são
também encontrados na parte norte da zona. Quanto
à geocronologia, na cidade de Conde foi datado um
hornblenda-biotita ortognaisse granítico fortemen-
te foliado, cinza-esverdeado e de granulação média.
Ao microscópio, além dos minerais máficos antes
citados, possui clinopiroxênio, mesopertita e quartzo
(Silva et al. 2002). Esses autores, através U-Pb (zir-
cão SHRIMP), encontraram para essa rocha idade de
2.169±48Ma, considerada como ligada à cristalização
do protólito. Entretanto, nessa mesma rocha eles
acharam uma idade, discordante, de 495±48Ma.

PALEOPROTEROZOICO

2.9.4 Granitoides

Os corpos de metamonzo-sienogranitos e monzosie-


Figura III.46 – Dique máfico cortando granulitos da Praia de nogranitos da costa de Salvador foram denominados
Itapuã, Salvador aqui e no CAPÍTULO V de Granitoides Salvador. Eles
são em geral de cor rosada, de granulação média a

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grossa e cortam os granulitos sob a forma de veios 2.9.5 Diques Máficos
ou aparecem de forma difusa no seio dos granulitos
(Barbosa et al. 2005). As observações de campo, a petrografia e a petroquí-
mica confirmam a existência de dois tipos de diques
Os veios de metamonzo-sienogranitos, presentes no máficos em Salvador: (i) os diques metamórficos, de-
conjunto de fraturas de direção N60o-N90o (subitem formados e mais antigos calcialcalinos (SiO2= 57%,
2.9.5), estão deformados e metamorfizados. Pos- Al2O3=15%, Na2O=2-3% e K2O=8%) e, (ii) os não me-
suem uma mineralogia composta de grãos maiores tamórficos, indeformados e mais recentes são toleí-
de quartzo (35-45%) e microclínio (30-40%). A biotita ticos (SiO2=46-48%, Al2O3=12-13%, Na2O=2,4-2,6%
(10%) ocorre em associação com grãos menores de e K2O=0,60%), sendo esses últimos mais ricos em
quartzo e microclínio, que juntos chegam a perfazer MgO=5% e CaO=9% quando comparados com os pri-
15% da moda da rocha. Considera-se que os minerais meiros (CAPÍTULO XII).
maiores como produto da cristalização magmática e,
os menores como produto do cisalhamento e recris-
talização. A biotita e o quartzo, ambos estirados, mar-
cam a foliação da rocha. Às vezes esses granitoides, 3 Deformações
quando ocorrem associados aos diques máficos, tam-
bém presentes na orla de Salvador (subitem 2.9.5), Nessa seção será dada ênfase às deformações dúc-
verificam-se interpenetrações de material félsico no teis do embasamento do Cráton do São Francisco na
máfico e vice-versa, caracterizando uma mistura he- Bahia, visto que elas foram mais bem estudadas e
terogênea de magma basáltico e granítico, forman- caracterizam bem as condições geológicas e os epi-
do estruturas do tipo commingling (Blake et al. 1965, sódios de formação/recristalização das rochas do
Walker & Skelhorn 1966, Wiebe 1991, Ayrton 1991). embasamento. Entretanto, não são muitos os dados
geocronológicos que permitem identificar as idades
Os veios de monzo-sienogranitos (Fig.III.45), presen- dessas deformações, especialmente no Bloco Gavião.
tes no conjunto de fraturas N120o-N160o (subitem
2.9.5), exibem textura média a grossa, às vezes peg- Com relação às deformações rúpteis elas não são co-
matoide, ocorrendo sob a forma subverticalizada (0,5 nhecidas no mesmo nível que as dúcteis, não sendo
a 2m de espessura). Mostram contatos abruptos com portanto descritas aqui em detalhe. Entretanto, ape-
suas encaixantes, ou aparecem sob a forma de mas- sar disso, elas serão resumidamente colocadas no
sas irregulares, de espessuras variadas e com con- item 3.2.
tatos difusos. Em ambas as situações eles possuem
30-40% de quartzo, 40-50% de microclínio e 10% de
biotita, como minerais principais. O plagioclásio, a 3.1 Deformações Dúcteis
apatita, os opacos e o zircão constituem os minerais
acessórios. Os principais trabalhos sobre a tectônica dúctil que
atingiu as rochas metamórficas do embasamento do
Amostras desses granitoides foram recentemente Cráton do São Francisco permitiram distinguir, pelo
datadas pelo método Pb-Pb evaporação, obtendo- menos, três domínios estruturais, apesar de saber
-se uma idade em zircão prismático, em torno de que as deformações mais novas, acompanhadas por
2.064±6Ma (Souza et al. 2010). um metamorfismo mais forte possam ter apagado,
total ou parcialmente os vestígios das deformações
mais antigas. Esses domínios tectônicos coincidem

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Figura III. 47 – Principais domínios da tectônica dúctil no embasamento do Cráton do São Francisco na Bahia destacando as idades e as
deformações: (i) Deformações arqueanas (presentes no Bloco Gavião norte, central e sul); (ii) Deformações paleoproterozoicas (existentes no
Bloco Gavião norte, oeste ,central e sul no Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá, no Cinturão Salvador-Esplanada e no Bloco Serrinha; e (iii)
Deformações neoproterozoicas (referidas nesse capítulo aos embasamentos das Faixas Rio Preto-Riacho do Pontal, Araçuaí e Sergipana).

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grosseiramente com os segmentos crustais da figura ser encontrados nas estruturas dômicas ou semi-
III.1 e foram agrupados considerando as interpreta- dômicas situadas na parte sul do Bloco Gavião, embo-
ções das idades, a saber: (i) deformações arqueanas ra elas sejam superpostas por deformações paleopro-
(preferencialmente no Bloco Gavião central e sul); (ii) terozoicas, assim como por deformações neoprotero-
deformações paleoproterozoicas (predominantes no zoicas (Fig.III.47).
Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá (partes norte e
sul), no Bloco Serrinha, no Cinturão Salvador-Espla- A presença das estruturas dômicas na área sul do Bloco
nada e no Bloco Gavião (partes norte, oeste, central Gavião foi noticiada por Moraes et al. (1980) que suge-
e sul), e (iii) deformações neoproterozoicas (referidas rem a existência de núcleos do então denominado de
nesse capítulo aos domínios dos embasamentos das Complexo Migmatítico Plutônico circunscrito pelo que
Faixas de Dobramento Rio Preto-Riacho do Pontal, foi cartografado na época como Complexo Brumado-
Sergipana e Araçuaí (Fig.III.47). -Urandi. De acordo com esses autores, na região com-
preendida entre as cidades de Brumado e Caetité havia
3.1.1 Deformações Arqueanas “um padrão organizacional bem característico da es-
truturação arqueana”, fazendo comparação do cenário
Bloco Gavião (Parte Norte) encontrado com os domos e bacias arqueanos de gre-
enstone belts arqueanos mundiais. Atualmente, o mais
Não há datações U-Pb relacionadas com as deforma- conhecido de todos é denominado o Domo de Aracatu,
ções da parte norte do Bloco Gavião, mas, baseado em que hospeda TTG e granitoides de idades paleoarque-
dados Rb-Sr, Angelim et al. (1993, 1997) sugerem a pre- anas e paleoproterozoicas, respectivamente (CAPÍTULO
sença de registros de uma deformação arqueana (Fig. V). Esse domo encontra-se bordejado por rochas me-
III.47) que se hospedam em ortognaisses e em sequên- taultrabásicas do Greenstone Belt Guajeru (Lopes 2002).
cias metavulcanossedimentares. O bandamento gnáis-
sico encontra-se dobrado em um complexo arranjo es- O Domo de Tamboril é uma outra estrutura desse am-
trutural sendo atravessado por zonas de cisalhamento biente e foi cartografado, em parte, por Arcanjo et al.
transpressionais. Nesse contexto são observadas, do- (2000). Ele se encontra posicionado a sudeste da cida-
bras de escalas variadas, antiformais e sinformais, fe- de de São Timóteo e em seu interior afloram biotita or-
chadas a isoclinais, assimétricas a simétricas, normais tognaisses tonalítico-granodioríticos, migmatitos com
horizontais a reviradas, com caimento, desarmônicas, hornblenda, que são bordejados por unidades do Gre-
com orientação NNE-SSW e caimento para NNW (Dal- enstone Belt Ibitira-Ubiraçaba. De acordo com aqueles
ton de Souza et al. 1979, Sampaio et al. 1985, Figuerôa & autores, a estrutura dômica é caracterizada por um
Silva Filho 1990, Gomes 1990) e, em alguns casos com trend N-S e mergulho preferencial do bandamento
flancos invertidos, que se desenvolvem rotacionando gnáissico para oeste; na porção central ocorre esse
uma estrutura E-W, mais antiga, com mergulhos sua- bandamento com trend E-W e mergulho preferencial
ves. De acordo com aqueles autores, essa foliação hos- para norte e, na porção leste, essa estrutura mostra-se
peda feições do tipo flebítica e Schlieren. Assim, padrões com direção NNW-SSE e mergulho preferencial para
de interferência em laço, domos e bacias e em bume- és-nordeste. A paragênese mineral com a presença da
rangue podem ser encontrados em domínios onde a hornblenda além do caráter migmatítico desses ortog-
transposição foi menos desenvolvida. naisses indica fácies metamórfica anfibolito alto.

Bloco Gavião (Partes Sul e Central) Recentemente, na região de Ibitira, foi identificado o
Domo ou Semi-Domo Lagoa da Macambira (Cruz et
No nível atual dos conhecimentos, vestígios de defor- al. 2009), que é composto por tonalitos e granodio-
mações arqueanas ou semi-dômicas na Bahia podem ritos (CAPÍTULO V) que se intercalam com sienogra-

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nitos em um proeminente bandamento gnáissico. As Bloco Gavião (Parte Norte)
rochas tonalíticas e granodioríticas foram datadas
primeiramente por Bastos Leal (1998) e Bastos Leal As deformações paleoproterozoicas estão relaciona-
et al. (1998) pelo método Pb-Pb, tendo sido encon- das com a nucleação de zonas de cisalhamentos de
trada idade 207Pb-206Pb de 3.146±24Ma. Datações mais alto ângulo, sinistrais (Dalton de Souza 1979, Angelim
recentes U-Pb em zircão com valores paleoarquea- 1997). Nesse contexto podem ser citados os sistemas
nos de 3.406±65Ma foram encontrados por Cruz et transcorrentes Ponta da Serra e Sobradinho.
al. (2009). Nessas rochas ocorrem também zircões
com idades mais jovens, do Neoarqueano e do Pale- Bloco Gavião (Parte Oeste)
oproterozoico, sugerindo que esses domos podem ter
sofrido reativações-reciclagens plutônicas posterio- Na parte oeste do Bloco Gavião (Fig.III.1) Mascarenhas
res. Ao bandamento gnáissico associa-se uma folia- (1979) propôs a existência de um cinturão móvel, que
ção milonítica que hospeda lineação de estiramento foi denominado de Cinturão Urandi-Paratinga com-
mineral, dobras intrafoliais e boudins. Essa foliação posto por rochas que estão descritas na parte inicial
é plano-axial às dobras com estilos variados, desde desse capítulo, ou seja: (i) o Complexo Santa Isabel
abertas a ptigmáticas fechadas, envolvendo diques de (subitem 2.3.4); (ii) o Greenstone Belt Riacho de San-
granitos. A geometria dômica pode ser revelada pela tana (subitem 2.3.10); (iii) a Sequência Metavulcanos-
distribuição da foliação milonítica que é associada ao sedimentar Urandi (subitem 2.3.14); e (iv) as intrusões
bandamento gnáissico. Nas bordas oeste e norte a fo- múltiplas e tardias orosirianas de Guanambi (subitem
liação apresenta-se com orientação N-S, WSW-ENE 2.3.16).
e E-W com mergulhos moderados para E, NNW e N,
respectivamente. Na parte central as atitudes e orien- Na parte oeste do Bloco Gavião (Fig.III.1) (ou Cinturão
tações dessas foliações são bastante variadas. Encla- Urandi-Paratinga de Mascarenhas 1979) é notável a
ves de gnaisses migmatizados, talvez pertencentes ao presença de fortes lineamentos estruturais segundo
Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba (CAPÍTULO IV) ou uma orientação geral NNE-SSW a sul, na região en-
ao seu embasamento são encontrados nessas rochas. tre as cidades de Urandi e Guanambi, que progressi-
vamente inflete para WSW-ENE a E-W na região de
Essas estruturas dômicas são compatíveis com uma Riacho de Santana.
tectônica vertical, que foi predominante no Arqueano.
Nesse Eon (Tab.III.1) considera-se que massas arre- No Complexo Santa Isabel que aflora na região de
dondadas, semifundidas, de crosta continental infe- Urandi, Figueiredo (2009) descreve a presença de
rior ascenderam, fazendo com que rochas granítico- uma foliação associada com o bandamento gnáissico.
-granodioríticas e sobretudo rochas supracrustais si- Essa foliação hospeda uma lineação de estiramento
tuadas sobre a crosta continental superior sofressem mineral que se posiciona , em geral, segundo SE-NW.
sagducção (Chardon et al. 1998). Figueiredo (2009) e Medeiros et al. (2011) descrevem
a presença de dobras regionais com orientação geral
3.1.2 Deformações Paleoproterozoicas NNE-SSW que se estruturam rotacionando o ban-
damento gnáissico, anteriormente descrito. Essa de-
Como referido anteriormente, deformações dessa formação afetou tanto as rochas do Complexo Santa
idade ocorrem no Bloco Gavião (partes norte, oeste, Isabel quanto aquelas da Sequência Metavulcanos-
central e sul) no Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá sedimentar Urandi (subitem 2.3.14) tendo vergência
(partes norte e sul), no Bloco Serrinha e no Cinturão predominantemente para WNW (Fig.III.48). As dobras
Salvador-Esplanada (Fig.III.1). são truncadas por zonas de cisalhamento sinistrais a

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Figura III.48 – Seção geológica W-E mostrando as relações do Complexo Santa Isabel, com a Sequência Metavulcanossedimentar Urandi e o
Granitoide Urandi-Guanambi (Modificado de Figueirêdo 2009).

sinistrais reversas, com orientação geral NE-SW (Fi- matítico”, sendo o contato entre essas unidades mar-
gueiredo 2009, Medeiros et al. 2011). cado por zonas de cisalhamento. Ainda segundo esses
autores, o greenstone belt em epígrafe é alóctone e a
Como mencionado anteriormente, em direção a nor- sua posição atual é o resultado de empurrões dirigi-
te, a foliação gnáissica e o conjunto de dobras antifor- dos de NNW para SSE. Essa unidade apresenta uma
mais e sinformais infletem para WSW-ENE a E-W. De foliação milonítica com lineação de estiramento mi-
acordo com Arcanjo et al. (2000), o arranjo estrutural neral segundo NNW (Silveira & Garrido 2000), que se
é complexo sendo marcado por zonas de cisalhamen- encontra progressivamente dobrada em dois estágios
to que se hospedam no contato entre as unidades do progressivos. O primeiro foi responsável pela nuclea-
Complexo Santa Isabel e as rochas do Greenstone ção de dobras recumbentes a inclinada com vergência
Belt Riacho de Santana. Predominam zonas de cisa- para SSE (Silveira & Garrido 2000; Arcanjo et al. 2000).
lhamento que se associam a dobras recumbentes a Em alguns casos as charneiras das dobras estão pa-
fracamente inclinadas, fechadas, com espessamento ralelizadas com a lineação de estiramento mineral.
apical (Arcanjo et al. 2000). De acordo com aqueles Segundo esses autores, dobras suaves a abertas, ho-
autores, os mergulhos das zonas de cisalhamento e rizontais a normal inclinada de segunda geração, com
dos flancos de dobras são suaves para NNW, tendo orientação NNW-SSE, configuram um padrão consti-
raras lineações de estiramento down-dip. As assime- tuído por antiformes e sinformes de duplo caimento.
trias de dobras e relações S/C, indicativas de trans- As dobras ora são simétricas, ora são assimétricas
porte tectônico de NNW para SSE (Silveira & Garrido (Silveira & Garrido 2000). Cisalhamentos subverticais,
1998). Em direção a leste os gnaisses e migmatitos submeridianos e com assimetrias sinistral truncam
mostram-se também miloníticos, estruturados no todas as estruturas nucleadas anteriormente.
trend NNW/SSE com mergulhos para oeste e sudo-
este e cujas lineações de estiramento têm mergulhos Bloco Gavião (Partes Central e Sul)
suaves para NNW e estruturas S/C indicando uma
tectônica transcorrente sinistral (Silveira & Garrido Contornando os domos gnáissicos de idade arqueana
1998). podem ser encontradas zonas de cisalhamentos dúc-
teis que se hospedam preferencialmente nos greens-
No Greenstone Belt Riacho de Santana, situado na tone belts (Ibitira-Ubiraçaba, Brumado, Umburanas)
parte oeste do Bloco Gavião, a estruturação é bastante e na Sequência Metavulcanossedimentar Caetité-
complexa. De acordo com Arcanjo et al. (2000), este -Licínio de Almeida. Nos greenstone belts exempli-
aloja-se tectonicamente no “complexo gnáissico-mig- ficados anteriormente encontram-se as Zonas de

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Cisalhamento Iguatemi (Sabaté 1996), Malhada de sem clara assimetria. Espaçadas zonas de cisalha-
Pedras e Cristalândia (Cruz & Alkmim 2006). De sul mentos sinistrais submeridianas podem ser encon-
para norte, essas zonas possuem orientação geral se- tradas transpondo os flancos sub-verticalizados das
gundo NNE-SSW até o paralelo de 14º 00’ S e em dire- dobras regionais.
ção a norte sofrem inflexões para NW-SE. Essas zonas
possuem largura que atingem 12km e justapõem as Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá (Parte Norte) e
rochas supracrustais sobre os terrenos gnáissicos, Bloco Serrinha
arqueanos. A cinemática predominante é sinistral a
sinistral reversa. Internamente, nos domínios de me- Barbosa & Sabaté (2002, 2004) interpretam que des-
nor deformação podem ser cartografadas, as dobras de o Riaciano até o Orosiriano (Tab.III.1), formou-se
regionais, variando de abertas a fechadas, horizontais uma cadeia de montanhas, dentro de um intervalo de
a reclinadas com caimento, com envoltórias assimé- tempo de cerca de 50Ma (Barbosa et al. 2005), cujos
tricas e com vergência para SE. Dobras parasíticas de registros atuais se estendem, na Bahia, desde a cidade
menor hierarquia hospedam-se nessas estruturas. A de Itabuna, no sul do Estado, até a cidade de Curaçá,
foliação plano-axial é pouco desenvolvida, mas quan- ao norte, passando pelas imediações da capital Sal-
do verificada, em geral é subparalela à foliação milo- vador, situada na parte intermediária. Essas defor-
nítica das zonas de cisalhamento. mações estão ligadas principalmente à edificação do
Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá, que é produto da
Ainda na parte sul do Bloco Gavião (Fig.III.1), no Gre- colisão oblíqua, segundo a direção NW-SE, de quatro
enstone Belt Umburanas o arcabouço estrutural é blocos arqueanos: Gavião, Serrinha, Jequié e Itabuna-
marcado pela presença de uma culminação antiformal -Salvador-Curaçá (Barbosa & Sabaté 2002, 2004) (Fig.
nucleada por granitoides com dois sinformes laterais III.49). As deformações do Orógeno são mais identifi-
(Cunha & Fróes 1994). Esses autores reconhecem a cadas nos dois últimos Blocos, porque neles elas fo-
existência de um encurtamento dirigido para oeste, em ram mais fortes e obliteraram, quase por completo,
que primeiramente se desenvolveram dobras recum- evidências de deformações mais antigas.
bentes e zonas de cisalhamentos reversas. De acordo
com os autores, essas estruturas foram redobradas Nesse Orógeno a estrutura predominante é uma fo-
por uma fase subsequente, coaxial à primeira, levando liação gnáissica que se apresenta com orientação
à formação de amplas dobras regionais. A nucleação geral NE-SW na porção sul do Orógeno, a leste da
dessa fase seria coetânea à colocação do Granitoide cidade de Itabuna, com mergulhos de médio a alto
Umburanas. A fase final de deformação estaria rela- ângulo, que progressivamente inflete para NW–SE na
cionada com a formação de zonas de cisalhamento de região de Amargosa, quando contorna as rochas do
alto ângulo com movimentação sinistral. Bloco Jequié. Em direção a norte, nas imediações da
cidade de Santa Luz, essa estrutura inflete novamen-
Na parte central do Bloco Gavião (Fig.III.1), ainda não te para norte e, desta forma, prossegue até o limite
se têm informações sobre a idade das deformações, norte do Estado.
mas estima-se que elas sejam paleoproterozoicas. No
vale do rio Paramirim o padrão dominante está re- A história deformacional do Orógeno Itabuna-Salva-
lacionado com uma foliação gnáissica que se orienta dor-Curaçá pode ser contada de maneira semelhan-
preferencialmente segundo NNW-SSE. O mergulho te nos quatro compartimentos que o compõem, ou
das estruturas é em geral de alto ângulo, ora para sejam, os Blocos Gavião, Serrinha, Jequié e Itabuna-
ENE, ora para WSW, configurando dobras regionais -Salvador-Curaçá.

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Figura III.49. Posições postuladas dos blocos arqueanos (Blocos
Gavião, Jequié, Serrinha e Itabuna-Salvador-Curaçá), antes e
após a colagem/colisão no Paleoproterozoico. Considera-se
que os quatro blocos arqueanos se movimentaram no sentido
preferencial NW–SE, com as setas indicando o campo de tensão
regional. Os dados estruturais mostram uma cinemática global
inicialmente reversa que evoluiu para sinistrógira. Adaptado de
Barbosa & Sabaté (2002, 2004).

Em uma primeira etapa de deformação compressio-


nal tangencial houve a geração de falhas/zonas de
cisalhamento de empurrão e reversas com vergên-
cia para oeste (Loureiro 1991, Loureiro & Santos 1991,
Marinho 1991, Barbosa & Dominguez 1996, Ledru et
al. 1997, Barbosa & Sabaté 2002, 2004) às quais asso-
ciam-se dobras fracamente inclinadas a recumben-
tes, além de uma foliação penetrativa sub-horizontal,
com geometria semelhante aos cinturões de dobra-
mentos e cavalgamentos (Fig.III.50). O registro dessa
fase deformacional é bastante semelhante nos quatro
blocos que colidiram, mas variações de orientação e
vergência são notáveis (Fig.III.50, III.51).

Uma segunda etapa de deformação redobrou as es-


truturas de primeira geração e seus planos axiais. Ela
foi responsável por uma sucessão de anticlinórios e
sinclinórios, com eixos próximos da direção N-S e com
planos axiais sub-verticais (Fig.III.50). Embora com
dificuldades, nesses planos axiais podem ser identi-
ficadas, sobretudo, no microscópio, placas de micas
e anfibólios que marcam essa segunda foliação. Em
continuidade às deformações penetrativas, sobretudo
no Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá, onde o encurta-
mento crustal foi mais pronunciado e onde reside o
eixo do Orógeno, uma tectônica de natureza trans-
pressiva sinistral afetou todo o conjunto formando
foliações verticalizadas, também de direção próxima
a N-S e que transpõem as estruturas anteriormen-
te nucleadas (Chauvet et al. 1997, Barbosa & Sabaté
2002, 2004, Chauvet et al. 2007, Nunes & Melo 2007).

A convergência oblíqua entre os Blocos Jequié, Ga-


vião e Itabuna-Salvador-Curaçá durante o Paleopro-
terozoico deu origem a uma zona transcorrente, que

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Figura III. 50 – Deformações suborizontais (primeira etapa) com o aparecimento de foliações suborizontais (identificadas no Bloco Jequié)
e deformações subverticais (segunda etapa) com foliações subverticais e transpostas (predominantes no Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá).
Em uma terceira etapa, no Bloco Jequié ocorreram intrusões charnockíticas sin a pós-colisionais aproveitando as charneiras das dobras
abertas da segunda etapa.

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Figura III.51 – Bloco diagrama esquemático com a representação das deformações na parte sul do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá.
No Bloco Jequié as deformações foram menos intensas, diferentemente do Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá onde o encurtamento
crustal foi mais pronunciado, transformando-o em um cinturão tectônico. Notar que, durante a colisão crustal, esse último Bloco cavalgou
o Bloco Jequié. As numerações colocadas na superfície do bloco-diagrama correspondem aos sub-itens descritos nos itens 2.6 e 2.8.
As cores das unidades litológicas obedeceram aproximadamente as mesmas adotadas nas figuras III.24 e III.37
(Modificado de Barbosa, 1986 e Barbosa et al. 2010)

foi denominada por Sabaté (1991) de Cinturão Conten- adas na periferia do Orógeno (Sequência Metavulca-
das-Jacobina (CAPÍTULO VI). nossedimentar Contendas-Mirante e Greenstone Belt
Mundo Novo a oeste e, Greenstone Belt Serrinha-Rio
Na parte norte a geometria final do Orógeno Itabu- Itapicuru, a leste).
na-Salvador-Curaçá é do tipo “flor positiva” envol-
vendo os blocos Gavião a oeste, Serrinha a leste e o No Bloco Serrinha, que se situa na porção norte do
Itabuna-Salvador-Curaçá no meio, cujo eixo principal Orógeno e onde se localiza o Greenstone Belt Serrinha-
é formado de zonas de cisalhamento sinistrais. Essa -Rio Itapicuru, foram publicados alguns trabalhos que
estruturação em flor positiva foi responsável pela tratam das deformações de suas rochas, podendo ser
extrusão de “lascas” tectônicas granulíticas que se citados os de Jardim de Sá (1982), Teixeira (1984), Ro-
justapuseram a “lascas” equilibradas na fácies anfi- cha Neto & Davison (1986), Davison et al. (1988), Padi-
bolito, e essas, à “lascas” da fácies xisto-verde, situ- lha (1992), Chauvet et al. (1997), Muller (2007), Novaes

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Fechamento da bacia controlada por cavalgamentos vergentes para a SE, primeira etapa de colisão
entre os Blocos Serrinha e Itabuna-Salvador-Curaçá (ca. 2.120Ma)

Encurtamente crustal com foliação dobrada pela ascensão dos granitóides e iniciação da tectônica transcorrente (2.100Ma)

Desenvolvimento da segunda etapa tectônica tanto nos metassedimentos quanto nos granitos

Figura III.52 – Evolução estrutural esquemática da parte meridional do Greenstone Belt Serrinha-Rio Itapicuru mostrando a combinação
entre as deforomações tectônicas do primeiro evento e do segundo evento acompanhado de transcorrência sinistral e colocação vertical de
granitoides (Chauvet et al. 1997).

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(2007), Menezes (2008), Rosário (2010), dentre outros, modelo contraria o que foi sugerido por Silva (1985,
onde verifica-se divergências entre os modelos pro- 1992) e Barbosa & Dominguez (1996) em que, de acor-
postos. Na porção meridional do Bloco Serrinha, Chau- do com esses autores, a subducção da placa oceânica
vet et al. (1997) identificaram foliações sub-horizontais entre os blocos Serrinha e Itabuna-Salvador-Curaçá
com orientação próxima a W-E que, em uma escala teria sido para leste.
mais ampla, segundo esses autores, constituem o re-
gistro da primeira etapa da colisão do Bloco Serrinha Na parte norte do Orógeno, na zona de colisão entre
com o Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá durante a edifi- o Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá e o Bloco Gavião,
cação do Orógeno (Barbosa & Sabaté, 2002, 2004) (Fig. especificamente no embasamento a leste da Serra de
III.47, III.52). Jacobina, especialmente no Greenstone Belt de Mun-
do Novo e na Sequência Metavulcanossedimentar
Contendas-Mirante (Marinho 1991) as deformações
paleoproterozoicas mais antigas, de caráter tangen-
cial, levaram ao desenvolvimento de dobras recum-
bentes com vergências para oeste, cujos planos axiais
e foliações ficaram sub-horizontalizadas. Também
ocorrem dobras com flancos inferiores rompidos e
com planos axiais mergulhando com 20-30o para les-
te (Fig.III.47, III.53). A vergência geral é para ESE e as
lineações de estiramento de alta obliquidade (CAPÍ-
TULO VI).

Ainda na porção norte do Orógeno, na região da Serra


Figura III.53 - Dobra deitada com flancos inferiores rompidos e de Jacobina as deformações da segunda fase evolu-
com planos axiais mergulhando com 20-30o para leste. Região de tiva são reveladas por domínios dúcteis com defor-
Mairi, nordeste da Bahia.
mação transpressional que se desenvolveu sobre um
bandamento e zonas de cisalhamento de alto ângulo
Essas estruturas encontram-se paralelizadas com o de mergulho com movimentação dominantemente
bandamento composicional primário e seriam o re- sinistral-reversa a sinistral (CAPÍTULO VI). Empur-
sultado de um forte encurtamento crustal segundo rões para oeste são comuns e registrados em se-
NW-SE. Esse encurtamento teria produzido thrusts, ções estruturais no trabalho de Mascarenhas & Silva
com vergência para SE e, segundo os autores acima, (1994). Essa fase de deformação foi responsável por
foi contemporâneo à penetração do Granitoide Barro- re-estruturar os contatos entre as unidades do Gre-
cas, com idade de 2.127±4Ma, datado por Alves da Sil- enstone Belt de Mundo Novo, o Complexo Saúde e o
va (1994), utilizando o método Pb-Pb evaporação em Grupo Jacobina, através das zonas de cisalhamentos
monozircão. Segundo Chauvet et al. (1997), essa fase de Mairi, Itaitu, Maravilha e Pindobaçu, dentre outras.
deformacional está ligada à primeira etapa do mode-
lo de fechamento da bacia precursora do Greenstone Voltando ao Bloco Serrinha, ele hospeda importantes
Belt Serrinha-Rio Itapicuru (CAPÍTULO IV), envolven- registros da segunda fase de deformação paleoprote-
do contração na direção NW-SE e onde o mergulho rozoica, especialmente no Complexo Santa Luz e no
da placa oceânica entre os blocos Serrinha e Itabuna- Greenstone Belt Serrinha/Rio Itapicuru. Na porção sul
-Salvador-Curaçá teria sido para NW, tendo atingido desse greenstone, de acordo com Chauvet et al. (1997),
níveis crustais das fácies xisto-verde e anfibolito. Esse as foliações de direções próximas de W-E, relativas à

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Figura III.53 – Bloco-diagrama ilustrando as principais estruturas da parte sul do Greenstone Belt Serrinha-Rio Itapicuru
(Chauvet et al.,1997)

fase mais antiga de deformação, são dobradas e trun- plútons levou à rotação da foliação de baixo ângulo
cadas por zonas de cisalhamento submeridianas, que nucleada anteriormente na fase tangencial de defor-
se prolongam em direção aos setores centrais e norte mação, formando dobras em escala regional. Essas
do Bloco Serrinha. Essa segunda fase de deformação, dobras variam desde abertas a isoclinais com flancos
entre 2.100-2.070Ma, teria sido coetânea à colocação mergulhando em alto ângulo e desenvolvem foliação
de plútons de granitoides (Fig.III.52). A ascensão dos plano-axial. O estilo geral é o “domos e bacias”, com

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culminações antiformais nucleadas pelos granitoides. são truncadas pelas zonas de cisalhamento sinistrais
Lateralmente, as sequências metavulcanossedimen- regionais da fase final de evolução do Orógeno.
tares do greenstone belt acomodam a deformação
através da formação de sinclinais (Fig.III.52, III.54). Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá (Parte Sul)

Na porção norte do greenstone belt predominam do- Assim como na parte norte do Orógeno, na parte sul
bras com orientação geral N-S, ao passo que em di- também ocorrem extrusões de “lascas” de rochas
reção a sul as dobras são em èchelon e apresentam granulíticas que se superpuseram a rochas da fácies
orientação NE-SW (Novaes 2007, Menezes 2008, Ro- anfibolito. Neste contexto, na parte sul do Orógeno,
sário 2010) a E-W (Chauvet et al. 1997). A mudança destaca-se a Banda de Ipiaú (Barbosa 1986, Barbosa
progressiva de mergulho da foliação foi acompanhada et al. 2006) (Fig.III.51), limitada por rochas granulíti-
por transposições N-S originadas por zonas de cisa- cas e cujo registro metamórfico reflete condições da
lhamento sinistrais a sinistrais reversas, que se hospe- fácies anfibolito. Ela ficou preservada nessa fácies,
daram preferencialmente nos flancos de alto ângulo encaixada tectonicamente entre blocos granulíticos
dos sinclinais e anticlinais. Essas zonas geraram folia- (Barbosa 1986, Barbosa et al. 2003, Barbosa & Sabaté
ções penetrativas e uma proeminente lineação de es- 2002, 2004) (Fig.III.51).
tiramento mineral de baixa obliquidade. A Main Shear
Zone ou Zona de Cizalhamento Principal (Fig.III.54) Na parte sul do Orógeno os registros deformacionais
seria a principal estrutura representante dessa fase mais antigos da colisão entre os blocos Itabuna-
deformacional (Chauvet et al. 1997). De acordo com -Salvador-Curaçá e Jequié e desse sobre o Bloco
Oliveira et al. (2004b, 2010) a justaposição do Bloco Gavião são foliações de baixo ângulo com vergência
Uauá ao Bloco Serrinha teria sido feita através dessa para oeste. Nessa porção do Orógeno, relativos à fase
zona de cisalhamento, de cinemática sinistral. No mo- deformacional dúctil paleoproterozoica mais anti-
delo apresentado por esses últimos autores, o Bloco ga e em função dos registros estruturais, podem ser
Uauá teria vindo “transversalmente” de sul para norte, separados dois domínios estruturais (Fig.III.51): no
durante a colisão oblíqua paleoproterozoica que deu primeiro, localizado a oeste, são encontradas rochas
origem ao Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá. do Bloco Jequié e no segundo, situado a leste, predo-
minam rochas do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá.
No Complexo Santa Luz, dentro do Bloco Serrinha,
as deformações da fase transpressional são reve-
ladas pelo cavalgamento das unidades do Bloco
Itabuna-Salvador-Curaçá para leste e justaposição
dos granulitos sobre as rochas de fácies anfibolito
desse complexo. Nesse contexto, Chauvet et al. (1997)
referem-se às zonas de cavalgamento com vergência
para norte na porção sul do Bloco Serrinha, na borda
do Granitoide de Barrocas. Na porção NE do Grani-
toide de Barrocas essas zonas de cisalhamento foram
estudadas por Müller (2007), tendo sido verificado
que suas foliações se orientam preferencialmente se-
gundo ENE-WSW e estão relacionadas com uma im-
portante lineação de estiramento mineral que se po- Figura III.55 – Dobras deitadas da primeira etapa de deformação
presente em granulito charnockítico na região de Laje (Bloco Jequié).
siciona preferencialmente segundo E-W. Além disso,

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No primeiro domínio essas deformações foram de
menor intensidade, onde é ainda possível identificar
dobras recumbentes fechadas (Fig.III.55), horizontais
e simétricas com dobras parasíticas (S, Z e M/W). As
charneiras dessas dobras orientam-se, em geral, na
direção meridiana e com mergulhos baixos para NNE,
variando entre 10 e 16o (Fig.III.51). Essas dobras re-
cumbentes associam-se com zonas de cisalhamento
submeridianas, que possuem lineação de estiramento
de alta obliquidade, além de leques imbricados e du-
plexes. Frequentemente, encontram-se transpostas
por zonas de cisalhamento e, nesses casos, dobras
intrafoliais podem ser observadas. No segundo domí-
nio, com exceção de locais onde se identificam, ain-
da, charneiras de dobras parasíticas (S, Z e M/W), as
dobras recumbentes iniciais foram totalmente oblite-
radas pelas deformações da segunda fase, sobretudo
pelas transcorrências de natureza transpressiva si-
nistral, acima referidas.

Na parte sul do Orógeno, no Bloco Jequié, a segunda


fase de deformação redobrou as estruturas da primei-
ra fase deformacional, fazendo surgir dobras amplas, Figura III. 56 – Dobras subverticais da segunda fase de deformação
em granulito tonalítico portador de diques máficos, ambos
com planos axiais verticalizados e orientados, em
dobrados isoclinalmente. Foliação de plano axial é registrada nos
geral, na direção N-S (Fig.III.51). Na região noroeste cristais verticalizados de biotita que truncam as charneiras das
da cidade de Jaguaquara, por exemplo, os quartzitos dobras. Região de Gandu (Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá)

da sequência supracrustal granulitizada comprovam,


regionalmente, a existência de um flanco invertido de dutos das intrusões sin a pós-tectônicas de grandes
dobras recumbentes que foi redobrado coaxialmente, corpos charnockíticos, descritos a seguir (Fig.III.50,
formando uma grande estrutura em “laço”, segundo III.51). O domo mais imponente da região é o de Bre-
definições de Ramsey & Hubber (1987) (Fig.III.51) . jões e, conforme demonstram a concordância de ida-
No limite leste do Bloco Gavião, resumidamente, na des entre os charnockitos plutônicos ali existentes e
Sequência Metavulcanossedimentar Contendas-Mi- o metamorfismo de alto grau das suas encaixantes,
rante dobras verticais, inclinadas e reviradas podem interpreta-se que esses plutonitos foram sin a pós-
ser observadas (CAPÍTULO VI), que são truncadas por -tectônicos ao pico do metamorfismo regional (Bar-
zonas de cisalhamentos sinistrais. bosa et al. 2002c). Esses charnockitos, ao penetrarem
a crosta em ambiente da fácies granulito, formaram
Ainda na parte sul do Orógeno Itabuna-Salvador-Cu- as estruturas dômicas nessa região, fazendo com que
raçá, as foliações associadas com as zonas de cisalha- as foliações de acomodação magmática e as foliações
mento sinistrais, de direção NNE, quando próximo da penetrativas das encaixantes se paralelizassem e os
região de Brejões, infletem para WNW e rodeiam as rodeassem (Fig.III.51). Nas partes norte, oeste e leste
estruturas dômicas ali existentes (Barbosa 1990,Bar- do Domo, as foliações mergulham com ângulos bai-
bosa et al. 2002b) (Fig.III.51). Esses domos são pro- xos (20 a 45º) para fora do Domo. Entretanto, no sul,

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elas mergulham para dentro do domo, com ângulos
fortes (50 a 70º). No seu centro as foliações de aco-
modação magmática são sub-horizontais (Fig.III.51).

Na região de Brejões as estruturas da segunda fase


deformacional são francamente desenvolvidas e
obliteraram as estruturas anteriormente nucleadas,
constituindo um expressivo corredor tectônico de
deformação. Nele ocorrem predominantemente do-
bras horizontais, fechadas a isoclinais, com os flancos
apresentando mergulhos fortes, variando de 75º a
85o, ora para ESE, ora para WNW (Fig.III.51). As char-
neiras possuem caimento de 12-16º para NNE na por-
ção norte, enquanto que a sul elas possuem caimento
em torno de 10º para SSW.

Zonas de cisalhamento sinistrais com orientação para-


lela aos planos axiais das dobras de segunda geração, Figura III.57 – Dobras isoclinais sub-verticais com charneiras
rompidas pelas tranposições paralelas aos planos axiais das
descritas anteriormente, ocorrem sistematicamente,
dobras da segunda fase.
levando à transposição das estruturas pretéritas. Os ci-
salhamentos longitudinais do corredor de deformação
associado ao Bloco/Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá marcada por quartzo, plagioclásio, clino e ortopiroxê-
são muito bem observados em lineamentos estruturais nio. Essa lineação ora mergulha de baixo ângulo para
obtidos a partir de imagens de radar, satélite e fotogra- norte, ora para sul, predominando o segundo caso.
fias aéreas e refletem o elevado grau de estruturação Em muitos locais observa-se um paralelismo entre a
tectônica de seus litotipos (Barbosa 1986). Embora as lineação de estiramento e eixos de dobras intrafoliais.
transposições tenham sido muito intensas nesse corre- Indicadores cinemáticos do tipo S/C sugerem o mo-
dor tectônico, nele ainda encontram-se, parcialmente vimento sinistral a sinistral reverso para essas zonas
preservadas, rochas máfico-ultramáficas mineraliza- (Barbosa et al. 2007). Feições de boudinagem podem
das em cromo e cobre (minas do Vale do Jacurici e Ca- ser encontradas e elas envolvem, preferencialmente,
raíba, subitem 2.7.6), além de corpos de rochas dunito- corpos de granulitos máficos. O forte encurtamento
-peridotíticas, portadoras de mineralizações de níquel crustal foi responsável pela paralelização das folia-
e platina (Palestina e Mirabela, subitem 2.8.6), corpos ções da fase tangencial, do plano axial das dobras e
gabro-anortosíticos portadores de óxidos de ferro, titâ- das foliações miloníticas associado com as transcor-
nio e vanádio (Sill do Rio Jacaré-Fazenda Gulçari, subi- rências regionais.
tem 2.3.15, Samaritana/Carapussê e Rio Piau, subitem
2.6.6). Em fotos aéreas verificam-se também, em áreas Cinturão Salvador-Esplanada
restritas, charneiras de dobras fechadas a isoclinais,
apertadas, rompidas, em zonas de mais intensa trans- A ligação tectônica entre o Orógeno Itabuna-Salva-
posição (Arcanjo et al. 1998) (Fig.III.51, III.56, III.57). dor-Curaçá e o Cinturão Salvador-Esplanada, ambos
deformados no Paleoproterozoico, ainda não está su-
Ao longo de todo o Cinturão Itabuna-Salvador-Cura- ficientemente esclarecida, sobretudo devido à escas-
çá a lineação de estiramento é de baixa obliquidade e sez de mapeamentos geológicos básicos de qualidade

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nesse último. Esse cinturão consiste em rochas meta- tiramento mineral com caimentos suaves para N30o-
mórficas de alto e médio graus orientadas na direção -N40o (Souza 2010). Essa foliação se associa a mega-
NNE, aproximadamente paralelas à Costa Atlântica boudins e com estruturas assimétricas que sugerem
no norte da Bahia. Nesse cinturão foram identificadas vergência de NE para SW, que transpõem dobras
a Zona Aporá-Itamira, a Suíte Granitoide Teotônio- isoclinais, intrafoliais (Souza 2010). Nos domínios de
-Pela Porco e a Zona Salvador-Conde. menor deformação, dobras recumbentes podem ser
encontradas (Barbosa et al. 2005), a exemplo de um
A Zona de Cisalhamento Aporá-Itamira situa-se no afloramento na praia de Amaralina, em Salvador. Em
extremo oeste do Cinturão Salvador-Esplanada, tendo uma segunda fase deformacional houve o redobra-
aproximadamente 75km de extensão e cerca de 10km mento das superfícies anteriores, formando dobras
de largura. Tem direção NE-SW sendo que na sua ex- horizontais a inclinadas, fechadas a isoclinais, com
tensão NE, ela está encoberta pelos depósitos fanero- caimento de orientação geral SW-NE. Em uma tercei-
zoicos do Grupo Barreiras (CAPÍTULO XVI) e das bacias ra fase formaram-se zonas de cisalhamento sinistrais
do Recôncavo e Tucano Sul (CAPÍTULO XIII) (Fig.III.43). com orientação, em geral N-S, além de zonas de cisa-
O cisalhamento teve movimento sinistral e afetou lhamento dextrais, com orientação geral E-W.
migmatitos e granitoides mais antigos, milonitizando-
-os de forma retrógrada e orientando-os, indistinta- 3.1.3 Deformações Neoproterozoicas
mente, na direção NE-SW (Oliveira Júnior 1990).
As deformações neoproterozoicas relacionadas tanto
Na cidade de Salvador, trabalhos recentes de geo- com a Faixa de Dobramentos Rio Preto-Riacho do Pon-
logia estrutural em afloramentos da orla marítima tal como com às Faixas de Dobramentos Sergipana e
têm sido realizados, inclusive utilizando fotos aére- Araçuaí afetaram igualmente as unidades de cobertu-
as de detalhe, na escala próxima de 1:300 (Fig.III.44) ra e os seus substratos, cujas vergências são dirigidas
(Barbosa 2004, Barbosa & Souza 2007, Barbosa et al. grosseiramente para SE-S, SW e N, respectivamente
2005, Cruz 2005, Souza 2009, Oliveira 2010, Souza et (Fig.III.47). Em todas essas faixas pode ser observada
al. 2010 e Souza 2010), fatos que têm feito melhorar uma distribuição das estruturas em arco, cuja convexi-
consideravelmente o conhecimento dessa parte do dade está voltada para o antepaís (Cráton do São Fran-
Cinturão Salvador-Esplanada. cisco). As deformações neoproterozoicas se superpõem
às deformações mais antigas, do Cráton, muitas vezes
Em Salvador, os litotipos estudados foram deforma- obliterando os registros estruturais por completo.
dos ductilmente, sendo que as estruturas apresentam
orientação predominante segundo N40oE, aparente- Faixa de Dobramento Rio Preto-Riacho do Pontal
mente tendo sido atingidas pelas mesmas deforma- (embasamento)
ções que atingiram a Zona Aporá-Itamira e a Suíte
Teotônio-Pela Porco. Três fases deformacionais fo- As deformações neoproterozoicas no embasamento
ram identificadas, cujas estruturas foram geradas em da Faixa de Dobramentos Rio Preto-Riacho do Pontal
condições de temperatura correspondente àquela da foram muito pouco estudadas e são reveladas pela
fácies granulito. A evolução deformacional é seme- presença de zonas de cisalhamento dúctil-rúpteis a
lhante à que foi descrita anteriormente para o Oróge- rúpteis transcorrentes e com orientação, em geral,
no Itabuna-Salvador-Curaçá. SE-S e localmente para NE-SW. Os movimentos va-
riam desde reversos dextrais a sinistrais (Dalton de
A primeira representa um bandamento gnáissico Souza 1979, Angelim et al. 1993, 1997) e refletem cam-
com orientação geral SW-NE e com lineação de es- pos de encurtamento dirigidos, em geral, para sul.

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Faixa de Dobramentos Sergipana (embasamento) (CAPÍTULO X) a partir das colisões entre as placas
São Francisco e Amazônia. A principal estrutura gera-
No que diz respeito à Faixa de Dobramentos Sergipa- da pelas deformações neoproterozoicas está relacio-
na, no domínio baiano as deformações são epidérmi- nada com a formação da Saliência do Rio Pardo (Cruz
cas e restritas às coberturas metassedimentares mais & Alkmim 2006), produto da interação entre o Oró-
internas à faixa , não registrando ou registrando mui- geno Araçuaí e a bacia sedimentar que se estendeu
to pouco as deformações no seu substrato (Fig.III.47). por toda a parte sul e central do Bloco Gavião, entre
o Paleo, Meso e Neoproterozoico. Essas deformações
Faixa de Dobramentos Araçuaí (embasamento) atingiram os supergrupos Espinhaço e São Francis-
co, cujas rochas hoje afloram, juntamente com o seu
Com relação à Faixa de Dobramentos Araçuaí, que é substrato, na Chapada Diamantina e na Serra do Es-
uma parte restrita do orógeno homônimo (CAPÍTU- pinhaço Setentrional (CAPÍTULOS VIII e X).
LO X) na porção baiana do embasamento, a evolução
deformacional do Orógeno Araçuaí está relacionada No embasamento da Saliência do Rio Pardo predomi-
com a interação entre este e a bacia que abrigou os na um bandamento composicional gnáissico, de bai-
sedimentos dos Supergrupos Espinhaço e São Fran- xo ângulo, que está dobrado. As dobras são fechadas,
cisco (Fig.III.47). Provavelmente, no fim do Neoprote- recumbentes a horizontais inclinadas, com vergência
rozoico, em aproximadamente 560Ma, a estruturação em geral para norte.
das faixas marginais ao Cráton do São Francisco levou
ao fechamento desse aulacógeno através do modelo Truncando as estruturas da Saliência do Rio Pardo
intitulado “Quebra-Nozes” por Alkmim et al. (2006) verificam-se zonas de cisalhamento, que reativam as

Figura III.58 – Seção geológica


W-E mostrando a influência das
deformações neoproterozoicas na
Serra do Espinhaço Setentrional
nas imediações da cidade de Caetité
(modificado de Borges 2010).

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antigas zonas de cisalhamento instaladas nos greens- a formação de microfraturas e microkink-bands em
tone belts Ibitira-Ubiraçaba, Brumado e Umburanas e plagioclásios. Nos porfiroclastos, a geminação albita
na Sequência Metavulcanossedimentar Caetité-Licínio ocorre frequentemente com terminações pontiagu-
de Almeida (subitem 2.3.13). Nelas, os domínios reati- das típicas de deformação no estado sólido (Paschier
vados apresentam cinemática predominantemente & Trow 1996). Nessas falhas a assimetria observada
dextral a dextral reversa. Essas zonas de reativação varia entre reversa dextral, dextral, sinistral e sinis-
apresentam larguras variáveis, podendo atingir cerca tral reversa, sendo compatíveis com o campo de en-
de 3 km na região de Ibitira (CAPÍTULO X). Nesses do- curtamento, segundo ESE-WNW.
mínios, tais estruturas foram responsáveis pelo caval-
gamento do embasamento e de sua injeção tectônica Finalmente, estruturas extensionais podem ser veri-
nas unidades de cobertura proterozoicas presentes ficadas em quase todo o Orógeno e certamente estão
na Chapada Diamantina e na Serra do Espinhaço Se- relacionadas com distensões tardias ao evento oro-
tentrional (Fig.III.58). Quando não estão hospedadas genético.
nas sequências supracrustais do embasamento, nas
rochas cristalinas, as zonas de cisalhamento neopro- Recentemente, nas rochas de alto grau da cidade
terozoicas são anastomosadas, espaçadas, atingindo de Salvador, através de estudo estatístico, Barbosa
larguras métricas (CAPÍTULO X). (2004), Barbosa et al. (2005), Barbosa & Souza (2007)
separaram cinco conjuntos de falhas e fraturas. O pri-
As deformações tardias relacionadas com a evolução meiro conjunto de direção N60-N90o foi ativado du-
da Faixa de Dobramento Araçuaí ou Orógeno Araçuaí rante a penetração dos diques máficos metamórficos
no seu substrato, estão associadas com zonas de cisa- e metamonzo-sienogranitos. No segundo (N40o-70o) e
lhamento distensionais que reativam as zonas anti- terceiro (N120o-N160o) conjuntos de fraturas, intrudi-
gas de cisalhamento reversa-dextrais (CAPÍTULO X). ram somente diques máficos e monzo-sienogranitos
não metamórficos, respectivamente. A Falha de Sal-
vador, de idade mesozoica, está relacionada ao quarto
3.2 Deformações Ductil-Rúpteis e Rúpteis conjunto de fraturas (N30o e N40o) e, como a Falha do
Iguatemi, é subparalela à mesma, ambas devem ser
No Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá identificou-se aproximadamente contemporâneas. O quinto conjun-
um conjunto de falhas que são bem visíveis nas ima- to de fraturas N130o–N140o é paralelo às falhas trans-
gens de sensoriamento remoto (Barbosa et al. 2004). ferentes da Bacia do Recôncavo.
As falhas de grande extensão, de caráter dúctil-rúptil,
situadas sobretudo no eixo granulítico do Orógeno No embasamento do Orógeno Araçuaí observam-se
Itabuna-Salvador-Curaçá, aproveitaram as superfí- zonas de cisalhamento dúctil-rúpteis com orienta-
cies mais antigas, desenvolvendo-se paralelamente ções e cinemáticas que respondem a um encurta-
às foliações regionais e promovendo retrometamor- mento segundo WSW-ENE. Essas zonas, em geral, são
fismo nas paragenêses granulíticas. São exemplos as anastomosadas, descontínuas, pouco penetrativas e
falhas reversas com vergência para oeste assinaladas hospedam-se em granitoides e em rochas gnáissicas,
na figura III.47 e que geralmente limitam as unidades sendo marcadas pela presença de uma lineação de
litológicas. estiramento mineral de alta obliquidade. Elas podem
se hospedar ou truncar estruturas anteriormente nu-
Os processos deformacionais observados na escala cleadas. Em geral, os indicadores de movimento, tais
de grão variam desde o deslizamento de discordância como estruturas S/C/C’, mica-fish, porfiroclastos as-
em quartzo, com produção de extinção ondulante, até simétricos e dobras de arrasto revelam movimentos

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reversos. Processos hidrotermais levam à formação Os primeiros trabalhos de vulto sobre metamorfismo
de domínios ricos em filonitos, que podem atingir na Bahia foram realizados nas rochas granulíticas
até tres metros de largura. Zonas de cisalhamentos de Salvador, que fazem parte do Cinturão Salvador-
rúpteis, ou falhas, podem ser encontradas e nelas -Esplanada (item 2.9). Sighinolfi & Fujimori (1974)
cataclasitos e pseudotaquilitos estão presentes. Em estudaram cristais de granada dos granulitos do
geral, essas zonas apresentam orientação NNW-SSE Farol da Barra, tendo mostrado que esses minerais
a NNE-SSW e cinemática reversa dextral a reversa. possuem composição química muito variável devido
Entretanto, zonas de cisalhamento com orientação às modificações locais da pressão de oxigênio e de
geral WNW-ESE a E-W com movimento sinistral re- água. Concomitantemente a Fujimori (1968), Stormer
verso podem ser também encontradas. Zonas disten- (1973) e Stormer & Whitney (1977), também pesquisa-
sionais que reativam a trama reversa podem também ram rochas com hiperstênio e safirina, e rochas com
ser observadas, mas são pouco frequentes. plagioclásio e feldspato potássico em equilíbrio nas
rochas de Salvador. Admitiram que as primeiras se
formaram em temperaturas de 1000ºC e as últimas
em 750-800ºC sob regime de pressões de 4-8kbar.
4 Metamorfismo Posteriormente, Fujimori (1988), ao estudar as para-
gêneses minerais e o metamorfismo dos granulitos
Na Bahia, os trabalhos sobre metamorfismo não são do Farol da Barra e do Rio Vermelho, interpretou que
muitos, nem no Cráton do São Francisco nem nas essas rochas foram submetidas a três condições de
suas faixas marginais e, aqueles mais consistentes, temperatura e pressão: a primeira em torno de 7,5-
realizados com base em análises químicas de mine- 9kbar e 840-900ºC; a segunda entre 3kbar e 750ºC; e
rais, utilizando-se a microssonda eletrônica, concen- a terceira entre 6-7kbar e 525-550ºC. Fujimori (1988)
traram-se principalmente nas rochas de alto grau do admitiu também que as duas primeiras correspon-
Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá, de idade paleo- deriam a metamorfismos de pressão intermediária
proterozoica. (Green & Ringwood 1967) seguido de um retrometa-
morfismo. A terceira foi relacionada a um metamor-
Entretanto, embora os resultados sejam ainda pre- fismo superposto.
liminares, estão sendo realizados atualmente, com
base em análises químicas de paragêneses mine- Fora das rochas de Salvador, Oliveira & Cardoso Lima
rais, estudos metamórficos em rochas de mais baixo (1982) estudaram o metamorfismo do denominado
grau, como aquelas que fazem parte do Greenstone na época de Complexo Jequié (Cordani 1973). Eles
Belt Ibitira-Ubiraçaba (Cruz et al. 2010) e do Greens- observaram em algumas rochas que o hiperstênio
tone Belt Riacho de Santana (Leal et al. 2008, San- foi formado às expensas da hornblenda e que este
tos 2009), além de pesquisas sobre as rochas meta- mineral pode ter sido também o produto do meta-
luminosas que compõem o Espinhaço Setentrional morfismo retrógrado. Notaram que em granulitos
na Bahia e que foram atingidas pelas deformações básicos a origem da granada devia estar relacionada
e metamorfismo neoproterozoicos (Cruz et al. 2010). ao alto conteúdo das relações Fe/Mg e An/Ab em vez
Rochas migmatíticas da parte oeste do Bloco Gavião, do aumento da pressão de carga. Eles relacionaram
adjacentes ao Espinhaço Setentrional, ou seja, o Com- também ao metamorfismo retrogrado a presença
plexo Santa Isabel, também estão sendo estudadas do de anfibólio verde, mirmequita, titanita, simplectitos
ponto de vista metamórfico (Cruz et al. 2010, Medei- de biotita+quartzo, além da presença de microclínio.
ros et al. 2010, 2011). Ainda mais, com base nas assembleias naturais e em

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trabalhos experimentais, eles estimaram as condi- 4.1 Metamorfismo Paleoproterozoico
ções para a formação das rochas granulíticas em 740-
850oC e 6-9kbar. 4.1.1 Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá
(Partes Norte e Sul)
Embora não tenha sido em rochas de alto grau, outra
pesquisa importante sobre metamorfismo no Estado Pesquisas modernas sobre a granulitização que atin-
da Bahia foi realizada por Silva (1987) em rochas do giu, não somente o Complexo Jequié (Oliveira & Car-
Greenstone Belt Serrinha/Rio Itapicuru (CAPÍTULO doso Lima 1982), mas também todo o Orógeno Itabu-
IV). Nesse greenstone foi reconhecido nas suas su- na-Salvador-Curaçá (Fig.III.49, III.51), foram iniciadas
pracrustais três eventos metamórficos. O primeiro em 1982 (Barbosa, 1986). Nessas pesquisas esse autor
estaria relacionado às atividades hidrotermais de utilizou análises químicas de minerais com a micros-
fundo oceânico consistindo na espilitizaçào da pilha sonda eletrônica, a termodinâmica e a aplicação de
vulcânica (pressões de 0,2kbar com temperaturas em geotermobarômetros. Seus resultados serão resumi-
torno de 400oC). O segundo evento se desenvolveu em damente descritos a seguir.
condições da fácies xisto verde (2kbar e temperaturas
de aproximadamente 350oC) variando para anfibolito Barbosa (1986), pesquisando o metamorfismo pro-
(4kbar e 650oC). O terceiro, também da fácies anfibo- gressivo, nos granulitos básicos com granada identi-
lito se desenvolveu principalmente nas auréolas de ficou, em lâminas petrográficas, a reação
contato de intrusivas sin e pós-tectônicas.
Gt+Qz = Opx+Pl (plagioclásio)
Na Sequência Metavulcanossedimentar Contendas-
-Mirante e no Grupo Jacobina e seu embasamento, ocorrida durante a progressão do metamorfismo, ou
importantes trabalhos sobre metamorfismo foram seja, quando a rocha foi sendo colocada tectonica-
também realizados por Marinho (1991), Leite (2002) e mente para partes mais profundas da crosta. A pa-
Leite et al. (2007, 2009) cujos detalhes encontram-se ragênese dessas rochas permitiu que se estimassem,
descritos no CAPÍTULO VI. com os termobarômetros de Wood & Banno (1973) e
Well (1977) a temperatura e a pressão do metamorfis-
Apesar desses trabalhos anteriores terem trazido mo em 820-830oC e 4-5kbar respectivamente. Nessas
muitos esclarecimentos sobre o metamorfismo das mesmas rochas, Barbosa (1986, 1989) e Barbosa &
rochas estudadas eles se localizaram em áreas iso- Fonteilles (1989) encontraram hornblendas arrode-
ladas e restritas, não permitindo nem uma visão do adas por ortopiroxênios, evidenciando a presença da
gradiente metamórfico regional nem as idades dos reação progressiva
metamorfismos. Entretanto pesquisas mais recentes
sobre o metamorfismo paleoproterozoico e neoprote- Hb+Qz = Opx +Pl ± Cpx + H2O.
rozoico, dos terrenos do Cráton do São Francisco na
Bahia, descritas a seguir estão permitindo suprir es- Nessa época foi identificada também a presença de
sas deficiências. minerais do tipo hornblenda, com altos teores de titâ-
nio, em contato poligonal e em equlíbrio com os orto
e clinopiroxênios, evidenciando que foi possível, na
região estudada, a preservação de minerais hidrata-
dos em altas temperaturas, aquelas acima de 800oC,
relativas ao clímax da granulitização.

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Com relação ao retrometamorfismo, Barbosa (1986) Posteriormente, Barbosa (1994) publicaram outra
verificou nos granulitos básicos com granada a reação: trajetória do metamorfismo para a parte sul do Oró-
geno Itabuna-Salvador-Curaçá, utilizando as reações
Opx+Pl = Gt + Qz
metamórficas, além de estimativas de temperatura
e nos granulitos charnockíticos, charnoender- e pressão com base em onze geotermômetros e seis
bíticos e enderbíticos, texturas simplectíticas de geobarômetros, utilizando pares de ortopiroxênio-
Hornblenda+Quartzo e Biotita+Quartzo, ao redor de -clinopiroxênio e granada-clinopiroxênio. Com isso
piroxênios e opacos, evidenciando a queda da pressão definiu-se o background do metamorfismo da re-
e da temperatura do metamorfismo à medida que as gião, situando-o em torno de temperaturas médias
rochas foram sendo trazidas para partes mais super- de 830º-850ºC e pressões de 5-7kbar. Temperaturas
ficiais da crosta. de 900º-1000ºC foram parcialmente preservadas no
centro de fases reliquiares de orto e clinopiroxênios
Com a identificação das reações metamórficas ante- de certas rochas plutônicas que penetraram no pico
riores somando-se aos valores de pressão e tempera- da granulitização.
tura obtidos nos granulitos, Barbosa (1986) publicou
o primeiro gráfico pressão x temperatura x tempo Em granulitos alumino-magnesianos da parte sul
(PTt) da região (Fig.III.59). do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá paragêneses

Figura III.59 – Trajetória do metamorfismo da parte sul do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá. 1 – ponto tríplice dos silicatos de alumínio
segundo Richardson et al. (1969); 2 – limites da subfácies granulíticas segundo Irving (1974); 3 – curva de destruição da hornblenda
válida para PH2O de 0,3P total (Wells 1979); 4 – curva de fusão do granito sob condições de PH2O~0,3P total (Manna & Sen 1974). Os
retângulos representam condições P-T estimadas com diversos geotermobarômetros. A linha tracejada indica a trajetória proposta para o
metamorfismo regional (modificado de Barbosa 1986).

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Figura III.60 – Grade petrogenética da parte sul do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá com as setas indicando as condições físicas
do metamorfismo e as reações metamórficas (1 até 4 nos granulitos alumino-magnesianos e 5 e 6 no granulito tonalítico);
curva de fusão do granito sob condições de PH2O~0,3P total (Manna & Sen 1974); limites das subfácies granulíticos segundo Irving (1974).
As abreviaturas dos minerais são de Fettes & Desmons (2008).

com safirina+quartzo têm sido encontradas indican- seja pressões de 10kbar e temperaturas em torno de
do pressões acima de 9kbar (Silva 1991). Com efeito, 1000oC (Barbosa et al. em preparação).
para esses mesmos granulitos alumino-magnesianos
e em granulitos tonalíticos portadores de granada Esses valores que são diferentes da média regional
que ocorrem associados, foi construída a figura III.60 podem estar relacionados com o transporte tectônico
que é um gráfico pressão x temperatura x tempo in- de blocos de níveis mais profundos para partes mais
dicando reações metamórficas e condições físicas do superficiais da crosta, justamente como propõem os
metamorfismo acima do background regional, ou modelos de Barbosa (1990) e Barbosa & Sabaté (2002,

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2004) envolvendo colisão-duplicação da crosta e for- dicando ultra-altas temperaturas em torno de 1000oC
mação adicional de magma underplating. e 8-10kbar (Leite et al. 2009) (Fig.III.61). Nessa figura
são mostradas pseudosseções no sistema KFMASH
Com o avanço do mapeamento geológico, com o para os granulitos portadores de safirina com traje-
aperfeiçoamento dos geotermobarômetros e com o tórias retrógradas a partir das assembléias de ultra-
surgimento de programas de computador, tipo THER- -altas temperaturas (Leite et al. 2009). Função do alto
MOCALC (White et al. 2007, Powell & Holland 2008) grau do metamorfismo foram inclusive registradas
e PERPLEX (Connoly & Petrini 2002, Connolly 2005) fusões parciais em granulitos alumino-magnesianos
para cálculos mais precisos das pressões e tempera- com a produção de granitos do tipo “S” (Fig.III.28).
turas do metamorfismo, estão sendo utilizados gra-
nulitos alumino-magnesianos, cujas paragêneses e Outros exemplos de valores de temperatura e pres-
reações metamórficas intrínsecas aos mesmos são são que diferem do background regional são en-
mais adequadas para esse tipo de estudo. Isso vem contrados nos granulitos alumino-magnesianos e
possibilitando um melhor entendimento do meta- em granulitos charnockíticos com granada, ambos
morfismo e por consequência da tectônica da região. encaixantes do Domo de Brejões (Fig.III.62) (subitem
2.6.7), onde os primeiros são portadores da para-
Assim, em enclaves de granulitos alumino-mag- gênese hercinita mais quartzo. Nela estimaram-se
nesianos dentro de granulito charnockítico da par- pressões que se mantiveram próximas do back-
te norte do Orógeno, são encontradas paragêneses ground regional, entretanto as temperaturas en-
portadoras de safirina e subsaturadas em sílica, in- contradas foram bem mais altas, acima de 900oC

Figura III.61 – Parte norte do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá. Pseudosseções (A e B) no sistema KFMASH em granulitos
portadores de safirina (Leite et al. 2009)

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Figura III.62 – Grade petrogenética na região do Domo de Brejões mostrando as reações metamórficas identificadas nas rochas estudadas,
a trajetória do metamorfismo médio da região e a trajetória anômala, função da intrusão que formou o Domo.Os círculos vazios e os
triângulos cheios são valores de T e P obtidos com o THERMOCALC (Barbosa et al. 2004).

(Barbosa et al. 2004) (Fig.III.62). Essas temperaturas Por outro lado, granitoides e, sobretudo, rochas sie-
anômalas foram explicadas pelo calor cedido pelo níticas penetraram nas rochas granulíticas, mas
corpo de charnockito, que foi intrusivo no pico da quando essas estavam em partes mais superficiais da
granulitização. Inclusive, devido às altas temperatu- crosta, em ambiente da fácies anfibolito (Barbosa et
ras, os granulitos alumino-magnesianos, chegaram al. 2004).
a se fundir parcialmente, produzindo charnockitos
do tipo “S” no pico do metamorfismo e após a pa- Como referido anteriormente no subitem 2.6.2, a Ban-
ralisação das deformações dúcteis (Fig.III.27). Um da de Ipiaú (Barbosa 1986) é uma parte mais superfi-
gráfico pressão x temperatura x tempo foi também cial da crosta continental da região, da fácies anfibo-
estabelecido para essa região do Domo de Brejões lito, que ficou preservada entre dois terrenos da fácies
(Barbosa et al. 2004) (Fig.III.62). granulito. Suas rochas são semelhantes àquelas do
Bloco Jequié, tendo ambas sofrido as mesmas de-
Outras trajetórias pressão x temperatura x tempo formações. A diferença é que as rochas da Banda de
estão também sendo produzidas em granulitos alu- Ipiaú estão re-equilibradas na fácies anfibolito e as do
mino-magnesianos de Salvador utilizando os progra- Bloco Jequié na fácies granulito.
mas THERMOCALC e PERPLEX (Souza et al. 2010).
A figura III.63 mostra as áreas das fácies granulito,
No pico da granulitização penetraram corpos anor- anfibolito e xisto verde do Orógeno Itabuna-Salva-
tosíticos e máfico-ultramáficos, sin a pós-tectônicos dor-Curaçá, separadas por zonas de transempurrão
com temperaturas acima de 1000oC, mas que foram sinistrais. Essas zonas se formaram em continuidade
re-equilibrados no ambiente granulítico. Com efeito, ao encurtamento crustal devido à colisão dos blocos
temperaturas metamórficas de cerca de 820oC foram antes referidos (sub-item 2.1) e que provocaram a
encontradas nas periferias dos piroxênios enquanto “expulsão” de rochas granulíticas de partes mais pro-
que nos seus centros ficaram ainda registradas tem- fundas para partes mais superficiais da crosta. Com
peraturas plutônicas, em torno de 1100oC (Barbosa isso rochas da fácies granulito se superpuseram às
1986, Cruz 1989, Burgos 2005, Barreto 2009). rochas da fácies anfibolito e essas sobre rochas do

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Figura III.63– Mapa do zoneamento metamórfico do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá

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fácies xisto-verde. Nesse processo, as isógradas cor- do Complexo Caraíba, Silva et al. 2002) e 2.074±7Ma
respondentes foram cortadas por essas zonas, colo- (granulitos tonalíticos do Complexo Caraíba, Oliveira
cando lado a lado, em contato tectônico, rochas das et al. no prelo) (Tab.III.3). Na parte sul, no Cinturão
diferentes fácies. Em uma seção oeste-leste na parte Itabuna-Salvador-Curaçá, existem também zircões
norte do Orógeno, por exemplo, nota-se que essas fo- com suas periferias re-equilibradas pelo metamor-
liações formam uma estrutura tectônica na forma de fismo, as quais exibem idades SHRIMP e LA-ICPMS
uma “flor positiva” (CAPÍTULO XX). No eixo do oróge- de: 2.080±36Ma (granulitos tonalítico-trondhjemíti-
no, onde a foliação é mais verticalizada, a erosão fez cos TT2, Peucat et al. 2011); 2.080±21Ma (granulitos
aflorar rochas da fácies granulito, entretanto, afas- tonalítico-trondhjemíticos TT2, Ledru et al. 1994);
tando-se do eixo, aparecem, mais ou menos simetri- 2.078±20Ma (granulitos tonalítico-trondhjemíticos
camente, rochas das fácies anfibolito e xisto verde, TT5, Silva et al. 2002) e 2.098±11Ma (granulitos tona-
tanto para leste como para oeste (Fig.III.63). lítico-trondhjemíticos TT5, Peucat et al. 2011). Ainda
na parte sul do Orógeno, em amostras de granulitos
A tabela III.3 mostra os principais dados geocronoló- tonalítico-trondhjemíticos (TT1) também são encon-
gicos e isotópicos do metamorfismo paleoproterozoi- trados zircões com as periferias metamorfizadas e
co identificando-os por segmentos-unidades tectôni- com idade de 2.069±19Ma (Peucat et al. 2011).
cas e por método radiométrico.
A segunda abordagem diz respeito aos zircões me-
Além dos dados colocados na tabela III.3, com o ob- tamórficos formados pela granulitização de rochas
jetivo de detalhar mais a idade desse metamorfismo tonalíticas arqueanas, (TT2) e (TT5), e que ainda
regional paleoproterozoico, quatro tipos de aborda- mantêm zircões ígneos reliquiares. Esses zircões
gem geocronológica foram realizadas nesse capítulo, metamórficos não são zonados e exibem idades ob-
utilizando basicamente o zircão e a monazita. Todas tidas através dos métodos LA-ICPMS e SHRIMP de
elas confirmam a idade paleoproterozoica, tendo re- 2.081±16Ma, 2.078±13Ma e 2.109±17Ma (Peucat et al.
-equilibrado, na sua grande maioria, rochas arque- 2011).
anas dos Blocos Gavião, Serrinha, Jequié e Itabuna-
-Salvador-Curaçá, embora tenha havido também in- A terceira abordagem refere-se a zircões magmáti-
trusivas sintectônicas ao pico do metamorfismo que cos cristalizados em intrusivas sintectônicas ao pico
exibem zircões ígneos dessa idade. Também, no pico do metamorfismo paleoproterozoico. Na parte norte
do metamorfismo, a partir da fusão de metapelitos, do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá, o Augen-Gra-
surgiram granitos do tipo “S” que, datados, exibem a nulito Riacho da Onça possui zircões de 2.082±7Ma
idade desse metamorfismo. que foram considerados ígneos por Silva et al. (1997).
Na parte sul do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá,
Na primeira abordagem, nota-se que tanto na par- monzodioritos, sienitos, charnoenderbitos e ender-
te norte quanto na parte sul do Orógeno, a periferia bitos além de tonalitos, todos eles sintectônicos com
dos zircões dos protólitos ígneos de idade arqueana cristais ígneos que mostram idades TIMS-evaporação
foi modificada pelo metamorfismo de alto grau. Na e SHRIMP, coerentes com as anteriores cujos valores
parte norte, no Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá, são: 2.075±16Ma, 2.098±1Ma, 2.092±6Ma, 2.109±19Ma
sobrecrescimento nos cristais de zircão registram e 2.096±3Ma (Ledru et al. 1994, Rosa et al. 2001, Silva
idades U-Pb SHRIMP de 2.076±10Ma (quartzitos do et al. 2002, Barbosa et al. 2008, Peucat et al. 2011).
Cinturão Caldeirão, Oliveira et al. 2002), 2.082±17Ma
(leucogabros da Suíte São José do Jacuípe, Oliveira A quarta abordagem diz respeito às idades de mona-
et al. no prelo), 2.072±15Ma (granulitos enderbíticos zitas presentes em charnockitos e granitos do tipo “S”

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Tabela III.3 – Dados geocronológicos mais importantes do metamorfismo paleoproterozoico no Cráton do São Francisco na Bahia. As referências das idades encontram-se ao longo do texto.

GEOCRONOLOGIA -GEOQUÍMICA ISOTÓPICA


U-Pb TIMS,
Segmentos Ar-Ar
Terrenos Metamórficos Nome das Rochas SHRIMP, Pb-Pb Pb-Pb Rb-Sr
Geotectônicos K-Ar Fissão
Sr(i) LA-ICPMS Zircão Monazita (Rocha
(Minerais) Apatita (Ma)
(Zircão) (Ma) (Ma) Total) (Ma)
(Ma)
(Ma)
BLOCO GAVIÃO
2.2.9 Complexo Angico dos Dias Carbonatito 336±16
(PARTE NORTE)
1.997±36
BLOCO GAVIÃO
2.3.4 Complexo Santa Isabel Gnaisses e Migmatitos 0,7043 0,706 1.967±40
(PARTE OESTE)
2.008±129
BLOCO
2.4.2 Cinturão Caldeirão Quartzito (Periferia Zircão) 2.076±10
SERRINHA
2.052±2
2.6.1 Granulitos Heterogêneos Orto 2.057±17
BLOCO JEQUIÉ Leuco charnockitos 2,0
e Paraderivados 2.080±26
2.052±14
Leucogabros (Periferia
2.7.1 Suítes São José do Jacuípe 2.082±17
Zircão)
CINTURÃO Granulitos Enderbíticos 2.072±15
ITABUNA- 2.7.3 Complexo Caraíba
Granulitos Tonalícos 2.074±14
SALVADOR-
CURAÇÁ 2.7.4 Rochas Máfico-Ultramáficas
Metanorito 2.103±23
(PARTE NORTE) do Vale do Curaçá
2.7.5 Augen Granulitos Riacho da
Augen-Granulito 2.082±7
Onça
2.080±36
Suíte TT2
2080±21
CINTURÃO 2.8.3 Granulitos Tonalíticos- 2.078±20
ITABUNA- Trondhjemíticos 2098±11
SALVADOR- Suíte TT5 2.081±16
CURAÇÁ 2.078±13
(PARTE SUL) 2.109±17
2.8.4 Granulitos Tonalíticos- 2.069±19
Suíte TT1
Trondhjemíticos 2.109±17

CINTURÃO 2.9.2 Suíte Granitoide Teotônio


Gnaisse 1.926±25
SALVADOR- Pela-Porco
ESPLANADA 2.9.3 Zona Salvador-Conde Granulito Tonalítico 2.089±11

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GEOCRONOLOGIA -GEOQUÍMICA ISOTÓPICA
U-Pb TIMS,
Segmentos Ar-Ar
Terrenos Metamórficos Nome das Rochas SHRIMP, Pb-Pb Pb-Pb Rb-Sr
Geotectônicos K-Ar Fissão
Sr(i) LA-ICPMS Zircão Monazita (Rocha
(Minerais) Apatita (Ma)
(Zircão) (Ma) (Ma) Total) (Ma)
(Ma)
(Ma)
4.1.2 Bloco Gavião (parte oeste) Migmatitos 2.095±86
656

196 • G e olog i a da B a hi a
Anfibolitos 685±34
545±20
491
Zona São Timóteo
514
BLOCO GAVIÃO 4.2.1 Bloco Gavião (parte central Zona Paramirim 507±6
e sul)
Ortognaisse Caculé 551±6
Ortognaisse Espirito Santo 490±12
Ortognaisse Paramirim 483±5
Seq. Caetité-Licínio de
560±5 517±3
Almeida
DOBRAMENTOS 532±17
4.2.2 Faixa de Dobramentos
RIO PRETO- 796±16
Rio Preto-Rch do Pontal Migmatitos e Gnaisses 0,712 563±38
RCH DO 453±12
(embasamento)
PONTAL 552±25
DOBRAMENTOS 4.2.3 Faixa de Dobramentos 517±40
Anfibolitos
SERGIPANA Sergipana (embasamento) 555±16
DOBRAMENTOS 4.2.4 Faixa de Dobramentos Araçuaí Seq. Caetité-Licínio de
560±5 517±3
ARAÇUAÍ (embasamento) Almeida (Metapelitos)

17/10/12 21:12
formados por fusão parcial dos granulitos alumino- 2010), enquanto que na estrada Guanambi-Caetité
-magnesianos, no pico do metamorfismo. Nesse caso (fácies granulito) os neossomas charnockíticos estão
identificaram-se monazitas metamórficas com idades mostrando também paleoproterozoicas (Barbosa &
de 2.057±17Ma e 2.080±26Ma (parte norte do Oróge- Cruz 2011).
no Itabuna-Salvador-Curaçá) e 2.052±14Ma (parte sul
do mesmo Orógeno) (Leite et al. 2009, Barbosa et al.
2004). 4.2 Metamorfismo Neoproterozoico

Por outro lado, vale relembrar que nos Blocos Gavião 4.2.1 Bloco Gavião (Partes Central e Sul)
e Serrinha, são inúmeros os exemplos onde grani-
tos sin e pós-tectônicos possuem zircões com idade Nas partes central e sul do Bloco Gavião, nas rochas
paleoproterozoica e que tiveram claramente ligação de mais alto grau metamórfico, ortognáissicas-mig-
com o metamorfismo do Orógeno Itabuna-Salvador- matíticas que compõem, por exemplo, o Complexo
-Curaçá (CAPÍTULO V). Enfim, Peucat et al. (2011) Paramirim (Arcanjo et al. 2000) (subitem 2.3.3) são
calcularam a média das idades do metamorfismo do identificadas zonas de cisalhamento interpretadas
Orógeno em foco, utilizando os resultados obtidos como de idade neoproterozoica (CAPÍTULO X) . Tan-
por todos os pesquisadores que estudaram o assun- to nessas zonas como nas suas encaixantes, segundo
to, tendo admitido um valor médio para a idade desse Mascarenhas & Garcia (1989), são disponíveis inú-
metamorfismo paleoproterozoico de 2.083±4Ma com meras datações K-Ar das quais eles obtiveram uma
um MSWD de 1,9. idade média de 656Ma. Os anfibólios de anfibolitos
enclavados nessas rochas plutônicas migmatizadas,
4.1.2 Bloco Gavião (Parte Oeste) que podem ser paleoproterozoicas ou mesmo ar-
queanas, fornecem idades que variam entre 685±34
Na parte oeste do Bloco Gavião, mais especificamen- e 545±20Ma, significando perda parcial ou total de
te, no Complexo Santa Isabel, o metamorfismo ainda argônio nesses minerais ferro-magnesianos na época
não foi satisfatoriamente estudado, mas os levanta- de seus resfriamentos. Jardim de Sá (1984), Souza et
mentos realizados pela equipe de pesquisadores do al. (1986) e Cruz et al. (no prelo) admitem processos
NGB-Núcleo de Geologia Básica e Exploração Mine- de deformação e metamorfismo de médio grau prove-
ral/UFBA nas folhas Espinosa e Guanambi sugerem nientes dos empurrões de segmentos do Bloco Gavião
um aumento progressivo do metamorfismo em dire- sobre o Espinhaço Setentrional. Esses empurrões de-
ção a NW, desde a fácies anfibolito, na Folha Espinosa vem ter ocorrido no Neoproterozoico em função das
à fácies granulito na porção norte da Folha Guanambi. idades dessa época, que ficaram impressas em bioti-
Nessa região, na área da fácies anfibolito são encon- tas e anfibólios presentes nessas zonas de empurrão.
trados gnaisses e migmatitos com paleossomas-res-
titos máficos e neossomas graníticos-granodioríticos Com relação aos dados K-Ar das partes central e sul
portadores de hornblenda e biotita, além de granitoi- do Bloco Gavião, vale ressaltar que as idades provêm
des também com minerais ferro-magnesianos seme- desse método em datações de biotitas e anfibólios for-
lhantes. Na área correspondente à fácies granulito, mados tanto no Neoproterozoico quanto antes dele.
podem ser vistos granulitos migmatíticos com pale- Essas idades não são devidas à homogeneização iso-
ossomas-restitos de granulitos básicos e neossomas tópica através de fenômenos térmicos associados a
charnockíticos. Idades U-Pb (SHRIMP) em migmati- dobramentos, mas exclusivamente à diferença de ní-
tos da região de Urandi (fácies anfibolito) revelaram vel crustal onde as rochas se encontravam. A elevação
idades de fusões em 2095±8,6 Ma (Medeiros et al. de blocos tem provocado neles a diminuição regular

Ter ren o s M eta m ó r f i co s d o E m b a s a mento • 197

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da temperatura, a qual vai criando assim, blocos com cas da fácies anfibolito alto para esse domínio. Além
idades diferentes, em função da subida na crosta. Eles, disso, nas sequências supracrustais, ou seja nos gre-
ao se resfriar, ultrapassaram o limite de início de re- enstone belts ali existentes, a presença de granada,
tentibilidade de argônio e marcaram as idades K/Ar cianita, estaurolita em metapelitos e de hornblenda
nas rochas (Mascarenhas & Garcia, 1989). Em zonas de metamórfica em rochas metabásicas sugerem tam-
cisalhamento nesses terrenos encontraram-se idades bém que essas unidades atingiram a fácies metamór-
neoproterozoicas, por exemplo: (i) na Zona de Cisalha- fico anfibolito. A presença de tremolita, actinolita,
mento São Timóteo que atravessa o Complexo Lagoa clorita e talco nas rochas ultramáficas desses greens-
Real foram obtidas idades K-Ar de 491 a 514Ma (Anf) tone belts denotam um possível retrometamorfismo
e 538 e 573Ma (Bi) (Cordani et al. 1992); (ii) na Zona para a fácies xisto-verde, que possivelmente pode ter
de Cisalhamento de Paramirim, cortando o Granitoide se estendido para todo o domínio.
Rio do Paulo, idades K-Ar de 507±6Ma (Bi) (Bastos Leal
1998); na Zona de Cisalhamento Iguatemi que corta o Vale registrar que os tipos de rochas e suas minera-
Granitoide Caculé, idade K-Ar de 551±6Ma (Bi) (Bastos logias sugerem que o metamorfismo progressivo que
Leal 1998): na Zona de Cisalhamento Iguatemi que cor- as atingiu pode ter sido paleoproterozoico. Com efeito,
ta o Granitoide Espírito Santo, idade K-Ar de 490±12Ma Brito Neves et al. (1980) cita a presença de isócrona
(Bi) (Bastos Leal 1998) e, na Zona de Cisalhamento de referência Rb-Sr, em cinco amostras coletadas
Iguatemi que corta o Granitoide Iguatemi idade K-Ar em gnaisses, tendo obtido um valor de 563±38Ma
de 483±5Ma (Bi) (Bastos Leal 1998). com Sr(i)=0,712 e com excelente ajuste de pontos
(MSWD=0,3). Isso sugere que essas rochas foram re-
O método U-Pb também marca o metamorfismo neo- juvenescidas por um aquecimento mais recente, du-
proterozoico nessa região visto que ele foi aplicado em rante o Neoproterozoico. Cristais de biotita de gnais-
metassedimentos da Sequência Metavulcanossedi- ses diversos, granodioritos e migmatitos dessa região,
mentar Caetité-Licínio de Almeida que sofreu as defor- datados pelo método K-Ar mostraram valores extre-
mações neoproterozoicas. Semelhantemente ao que mos de: 532±17Ma; 796±16Ma; 453±12Ma e 552±25Ma
foi descrito anteriormente, essas deformações podem (Mascarenhas & Garcia 1989), que devem representar
ser comprovadas pela existência de “lascas” do emba- o resfriamento neoproterozoico devido à erosão de
samento que foram empurradas para oeste e se super- rochas da Faixa de Dobramentos Rio Preto-Riacho do
puseram a essa sequência (Cruz et al. no prelo). Esse Pontal que as superpuseram.
processo tectônico promoveu a formação metamórfica
de monazitas em metapelitos com cianita e estauroli- 4.2.3 Faixa de Dobramentos Sergipana
ta. Essas monazitas forneceram idades U-Pb neopro- (Embasamento)
terozoicas de 560±5 e 517±3Ma (Barbosa & Cruz 2011).
Os metarenitos basais da Faixa Sergipana, encontra-
4.2.2 Faixa de Dobramentos Rio Preto-Riacho dos na estrada asfaltada entre as cidades de Lagarto e
do Pontal (Embasamento) Simão Dias, em Sergipe, estão claramente assentados
sobre gnaisses do Cráton do São Francisco, mantendo
Com relação ao metamorfismo do embasamento da ainda estruturas sedimentares perfeitas (estratifica-
Faixa Rio Preto-Riacho do Pontal, nenhum trabalho ções cruzadas, marcas de ondas e outras), formadas
com esse enfoque foi realizado até o momento. Os da- na época em que eles foram depositados. Essas es-
dos apresentados por Angelim (1977) demonstram a truturas não foram destruídas pelos processos tec-
presença de rochas migmatizadas portadoras de an- tônicos neoproterozoicos da faixa, indicando que as
fibólio e biotita, o que sugere condições metamórfi- rochas do seu embasamento, bem mais resistentes,

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também não foram ditadas. Sendo assim, o meta- 5 Síntese
morfismo neoproterozoico associado ás deformações
da faixa deve ter sido incipiente ou inexistente sobre Nos terrenos metamórficos do Cráton do São Fran-
o embasamento. Apesar disso, idades K-Ar no estre- cisco na Bahia as pesquisas geológicas até então re-
mo oeste da Bahia, nas regiões de Ibó e Riacho Seco, alizadas permitiram identificar segmentos crustais
anfibólios de dois anfibolitos do embasamento acu- arqueanos, entre os quais os mais importantes são: o
saram idades de 517±40 e 555±16Ma (Mascarenhas & Bloco Gavião, o Bloco Serrinha, o Bloco Uauá, o Blo-
Garcia 1987). Esses valores podem representar idades co Jequié além dos Blocos Itabuna-Salvador-Curaçá
de resfriamento do sistema K-Ar devido à subida de e Salvador-Esplanada, esses dois últimos transfor-
blocos quando a periferia da faixa foi sendo erodida. mados em cinturões pela tectônica paleoproterozoica,
principal responsável pela estruturação do Orógeno
4.2.4 Faixa de Dobramentos Araçuaí Itabuna-Salvador-Curaçá.
(Embasamento)
No Bloco Gavião, na sua porção setentrional, em-
A parte sul do Bloco Gavião está adjacente à Faixa de bora seja uma área ainda não muito bem estudada,
Dobramentos ou Orógeno Araçuaí e constitui o em- foram identificadas pontualmente rochas com idade
basamento desse último. O metamorfismo que atin- de cristalização muito antiga (~3,5Ga), possivelmente
giu essa faixa afetou também as rochas arqueanas e uma das mais antigas da América do Sul. Essas ro-
paleoproterozoicas do seu embasamento, tendo-se chas antigas são constituídas de gnaisses e migma-
concentrado basicamente em zonas de cisalhamen- titos da fácies anfibolito, que encerram estruturas do
to. As idades K-Ar em anfibólios e biotitas presentes tipo greenstone belts (Lagoa do Alegre, Rio Salitre-
nessas zonas representam os efeitos térmicos do Ne- -Sobradinho e possivelmente o Complexo Serra da
oproterozoico e estão citadas no sub-item 4.2.1. Esse Boa Esperança), algumas delas com komatiitos exi-
metamorfismo se manifestou durante a inversão das bindo vez por outra estruturas spinifex. Essa região
bacias sedimentares que se superpuseram ao emba- situada no norte da Bahia, onde foram identificados
samento dessa faixa, na Bahia (Cruz & Alkmim 2006). também os denominados Complexo Barreiro e Grupo
E, como foi colocado também no subitem 4.2.1, esse Colomi, foi intrudida por corpos máfico-ultramáficos
metamorfismo está sendo detalhado nos metasse- (Peixe e Campo Alegre de Lourdes) que parece serem
dimentos xistosos que constituem a Sequência Me- contemporâneos ao Complexo Carbonatítico Angi-
tavulcanossedimentar Caetité-Licínio de Almeida, co dos Dias, de idade paleoproterozoica e que possui
que foram deformados e metamorfizados junto com importante mina de fosfato primário. Ainda no Bloco
as outras rochas do Espinhaço Setentrional (Cruz & Gavião norte, na sua porção oriental, distinguem-se
Barbosa 2011). Com efeito, nesses tectonitos metas- também rochas gnáissico-migmatíticas, o Complexo
sedimentares aluminosos com granada, estaurolita, Mairi, considerado arqueano, além do Complexo Saú-
cianita e outros, a presença de monazita com idades de e do Grupo Jacobina esses dois últimos interpreta-
variando entre 560±5 e 517±3Ma sugere condições dos como de idade paleoproterozoica e onde se situa
metamórficas progressivas da fácies anfibolito mé- também o Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo
dio durante o Neoproterozoico. Nessas litologias o Formoso e o Greenstone Belt Mundo Novo, esse ulti-
metamorfismo retrogressivo está demonstrado pela mo com seus dacitos datados do Arqueano. No Bloco
formação de minerais como epidoto, calcita, clorita e Gavião oeste, central e sul, por outro lado, suas litolo-
quartzo, sobretudo nas zonas de cisalhamento a par- gias foram mais bem pesquisadas tendo sido encon-
tir da semidestruição das mineralogias progressivas. trados dois grupos isolados de rochas TTG, na parte

Ter ren o s M eta m ó r f i co s d o E m b a s a m ento • 199

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central, também muito antigos (paleoarqueanos), no Bloco Serrinha foram ainda identificados corpos
arrodeados por gnaisses e migmatitos (arqueanos e isolados de rochas máfico-ultramáficas portadoras
paleoproterozoicos) das fácies anfibolito e granulito, de cromita (subitem 2.4.3) e no Bloco Uauá um corpo
incluindo o Complexo Paramirim situado na parte de metanortosito estéril (subitem 2.5.1), ambos me-
central do Bloco Gavião e o Complexo Santa Isabel, soarqueanos. Foram poucos os trabalhos de geolo-
esse ultimo situado no Bloco Gavião oeste. No Bloco gia estrutural nesses dois blocos e, quanto ao meta-
Gavião, nas partes oeste, central e sul, ocorrem seis morfismo, somente no Greenstone Belt Serrinha-Rio
estruturas do tipo greenstone belt (Umburanas, Bru- Itapicuru, em função de suas rochas estarem relati-
mado, Ibitira-Ubiraçaba, Guajeru, Riacho de Santana, vamente bem preservadas, em algumas áreas espe-
Boquira) a maioria com komatiitos, além de três se- cíficas, foi possível identificar um metamorfismo de
quências Metavulcanossedimentares denominadas fundo oceânico entranhado em suas lavas básicas.
de Contendas-Mirante, Caetité-Licínio de Almeida e E, apesar de alguns granitoides pós-tectônicos te-
Urandi, todas incluídas no Neoarqueano, embora es- rem produzido auréolas de contato nas suas bordas,
tejam sendo atualmente determinadas suas idades ainda foi possível interpretar a presença de um me-
absolutas, onde talvez algumas delas possam ser pa- tamorfismo regional da fácies xisto-verde associado
leoproterozoicas. No Bloco Gavião estudos recentes aos processos periféricos tectonotermais do Orógeno
estão indicando a presença de uma etapa tectome- Itabuna-Salvador-Curaçá.
tamórfica-migmatítica, associada a uma importante
granitogênese paleoproterozoica, que se superpôs No Bloco Jequié a grande maioria das rochas são de
a processos mais antigos, também metamórfico- idade mesoarqueana formadas de granulitos hete-
-migmatíticos, esses últimos associados igualmente rogêneos, plutônicos e paraderivados, esses últimos
a uma granitogênese arqueana. ocorrendo de forma subordinada e que podem cor-
responder a raízes de greenstone belts que foram
O Bloco Serrinha e o Bloco Uauá são adjacentes e deformadas e metamorfizadas em alto grau. Ao lado
nos seus embasamentos são identificados gnaisses dessas rochas são encontrados granulitos enderbíti-
e migmatitos (Complexos Santa Luz e Uauá, respec- cos, charnoenderbíticos e charnockíticos. Esse seg-
tivamente), ambos considerados de idade mesoar- mento crustal Jequié foi intrudido por rochas gabro-
queana. Tanto o Bloco Serrinha como o Bloco Uauá -anortosíticas (Rio Piau e Samaritana) e charnockí-
contêm estruturas do tipo greenstone belts denomi- ticas (Domo de Brejões) de idade paleoproterozoica,
nadas de Serrinha/Rio Itapicuru e Capim, ambos pa- ambas re-equilibradas na fácies granulito embora em
leoproterozoicos. Esses diferem dos greenstone belts situação subsolidus.
do Bloco Gavião, basicamente pelas suas idades mais
jovens e pela inexistência de komatiitos nas suas par- Na porção norte do Cinturão Itabuna-Salvador-Cura-
tes basais. O Greenstone Belt Serrinha/Rio Itapicuru çá, no Mesoarqueano ocorrem a Suíte São José do Ja-
foi o primeiro encontrado na Bahia e o mais bem tra- cuípe e o Complexo Tanque Novo-Ipirá, enquanto que
balhado e, em função disso, suas rochas estão bem no Paleoproterozoico destaca-se o corpo granulítico
definidas em termos da petrologia, geologia isotópi- plutônico denominado Riacho da Onça. Essas rochas
ca e a geocronologia. Esse conhecimento geológico estão separadas dentro do Complexo Caraíba bem
possibilitou aos seus pesquisadores de criarem mo- como o corpo sienítico da Serra de Itiúba, orientado
delos visando explicar sua gênese, apesar da grande na direção N-S. A oeste da Serra de Itiúba, ocorrem
quantidade de corpos granitoides sin e pós tectônicos rochas máfico-ultramáficas do Vale do Curaçá (meso-
que as cortam e que prejudicaram a interpretação arqueanas) mineralizadas em cobre e, a leste, rochas
desses modelos genéticos. Além dos greenstone belt, máfico-ultramáficas do Vale do Jacurici (paleoprote-

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rozoicas) mineralizadas em cromo. Na porção sul do e localizadas. À luz dos conhecimentos atuais elas es-
Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá, dentro dos exten- tão presentes de forma isolada na área sul do Bloco
sos terrenos de granulitos tonalítico-trondhjemíticos Gavião, quer formando estruturas dômicas arrodea-
do Neoarqueano, ocorrem rochas mais antigas for- das por sistemas de greenstone belts, quer exibindo
madas de granulitos básicos e de rochas supracrus- vestígios no meio de migmatitos do Paleoproterozoico
tais (quartzitos, kinzigitos com safirina, formações que se superpuseram a processos de migmatizações
ferríferas-manganesíferas, grafititos) todas conside- anteriores.
radas do Mesoarqueano. Elas constituem faixas rela-
tivamente estreitas e isoladas, orientadas na direção Predominam nos terrenos de médio e alto graus me-
geral NNE. Corpos de granulitos monzoníticos e mon- tamórficos da Bahia as deformações paleoprotero-
zodioríticos além de granulitos tonalítico-trondhje- zoicas (Riacianas), menos evidentes na parte oeste
míticos, todos datados do Paleoproterozoico, também (Bloco Gavião) e mais evidentes na parte leste (Blocos
estão presentes na porção sul do Cinturão Itabuna- Serrinha, Uauá, Jequié e nos Cinturões Itabuna-Sal-
-Salvador-Curaçá. vador-Curaçá e Salvador-Esplanada). Nessa parte,
em função de colisões desses segmentos continen-
No Cinturão Salvador-Esplanada, com exceção das tais arqueanos, durante o Riaciano, foi construído o
rochas granulíticas de Salvador, que vêm sendo re- Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá, com suas rochas
centemente re-estudadas, os trabalhos geológicos metamórficas e seus granitoides sin e pós-tectônicos
são escassos. Entretanto, nesse Cinturão são descri- (CAPÍTULO V). Os terrenos desse Orógeno, depois de
tos na bibliografia: (i) a Zona de Cisalhamento Aporá- erodidos, deixaram aflorar granulitos na sua parte
-Itamira, com milonitos e ultramilonitos retrógrados central que gradam, em embos os lados, para me-
e onde se observam, em algumas áreas preservadas tamorfitos das fácies anfibolito e xisto-verde. Nesses
da milonitização, afloramentos de gnaisses e migma- terrenos, fortemente deformados e recristalizados, a
titos; e (ii) os Granitoides Teotônio-Pela Porco, tam- não ser em raríssimos afloramentos, são inexistentes
bém atingidos pela milonitização que é considerada relíquias deformadas e metamorfizadas anteriores
paleoproterozoica, embora os protólitos tenham ida- ao Paleoproterozoico. Na parte oeste (Bloco Gavião),
des mesoarqueanas. como referido anteriormente, ocorrem também de-
formações paleoproterozoicas acompanhadas por
Enfim, as pesquisas mostram que as maiores exten- processos de migmatização e granitogênese (fácies
sões de rochas no Cráton do São Francisco na Bahia anfibolito). Esses fenômenos paleoproterozoicos se
datam do Meso e Neoarqueano sendo mais restritas superpuseram às deformações, migmatizações e gra-
as rochas paleoproterozoicas juvenis, as quais se con- nitogêneses arqueanas (fácies anfibolito), tornando
centram basicamente nos corpos graníticos e siení- difícil o estudo estrutural e metamórfico dessas áreas.
ticos (subitens 2.7.7, 2.8.7 e 2.9.4) (CAPÍTULO V) e em
alguns corpos máfico-ultramáficos (sub-item 2.8.6) e Quanto às deformações neoproterozoicas sobre o Crá-
gabro-anortosíticos (sub-item 2.6.6) (CAPÍTULO VII). ton do São Francisco na Bahia, a não ser na periferia
da Faixa Araçuaí, que se materializam principalmen-
No Cráton do São Francisco na Bahia as evidências de te em zonas de cizalhamento, elas são fracamente
deformações dúcteis e processos metamórficos asso- percebidas nas periferias das Faixas de Dobramentos
ciados, anteriores ao Paleoproterozoico, são escassas Sergipana, e Rio Preto-Riacho do Pontal.

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Greenstone Belts
e Sequências
Capítulo IV Similares
José Carlos Cunha (CBPM)
Johildo S. F. Barbosa (UFBA)
Juracy de F. Mascarenhas (CBPM)

1 Introdução
Greenstone belts continuam sendo objeto da atenção e forte interesse de geocientistas e de pesquisadores da
indústria mineral em todo o mundo, porque, além de serem repositórios de enormes concentrações de recursos
minerais, principalmente de ouro, metais-base (Cu, Pb, Zn, Ni) e ferro, abrigam nas suas assembleias litológicas,
registros e informações que estão auxiliando a compreender e explicar a origem e evolução da Terra primitiva,
desde antes e durante os tempos arqueanos (>ca.4,0-1,6Ga) (Tab.III.1, CAPÍTULO III). Por tudo isso, os greenstone
belts são considerados como uma via alternativa para se acessar o passado remoto da Terra.

Desde a difusão nos anos 60 de informações sobre ocorrências de estruturas tipo greenstone belt nos terrenos
arqueanos do mundo, cujo marco foi a publicação, em 1969, do célebre trabalho de Anhaeusser e colaboradores,
sobre o Greenstone Belt Barberton, a origem e desenvolvimento destes cinturões permanecem até hoje sendo
fortemente debatidos por pesquisadores e cientistas mundo afora.

Até o final dos anos 70, o debate girava em torno dos argumentos daqueles que propunham e defendiam modelos
de evolução dos greenstone belts com conotação fixista (autóctone), versus os argumentos daqueles que defen-
diam modelos com conotação mobilista (alóctone). Neste intervalo, os argumentos e demonstrações das ideias
mobilistas da teoria da tectônica de placas se consolidaram e a sua aplicação para explicar a evolução da Terra
moderna tornou-se unanimemente aceita e, progressivamente, ganhou força e adeptos da sua aplicação, para
explicar também a evolução da crosta primitiva e dos próprios greenstone belts, desde os tempos arqueanos.

A ideia fixista, em vigor até o final dos anos 70, assumia que a tectônica vertical como a tectônica dominante no
Arqueano. Os greenstone belts eram considerados como seções estratigráficas extremamente espessas de lavas

G reen sto n e Belt s e S eq u ên ci a s S i m ila res • 203

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máficas a ultramáficas, com menor quantidade de se- & Kröner 1994, Condie 1994, Myers 1995, Barley 1997,
dimentos e vulcânicas félsicas, todas metamorfizadas Krapez & Eisenlohr 1998, Windley 1998). Analisando
na fácies xisto verde, engolfadas como sinclinais num o reconhecimento e aceitação desse amplo espectro
mar granito-gnáissico. A tectônica vertical explicava de tipos e associações de greenstone belts no mundo,
esta estruturação como um resultado de inversão da com ocorrências não apenas no Arqueano, ou mesmo
densidade e diapirismo de uma crosta siálica instável, nos tempos precambrianos, mas também em outros
sobreposta por uma densa camada simática (De Wit períodos geológicos, Goodwin (1981) observou que os
& Ashwal 1986 e outros). Naqueles anos também se greenstone belts e terrenos granito-greenstones ar-
pensava que os greenstone belts tinham desenvolvi- queanos se apresentam como tipos de terrenos à par-
mento restrito ao Arqueano (Condie 1981), no entanto te, característicos da crosta primitiva da Terra, desen-
mais recentemente, com o acúmulo de novos dados volvidos através de processos de tectônica de placas,
e informações, passou-se a considerar o desenvolvi- próprios do Arqueano, diferente em vários aspectos,
mento de greenstone belts ou estruturas semelhantes, dos processos de tectônica de placas modernos. Para
em outros períodos geológicos além do Arqueano e Goodwin (1981) essa diferença residia fundamental-
do Paleoproterozoico (Windley 1976, 1977, Windley & mente no mecanismo admitido para o processo de
Naqvi 1978, Kröner 1981, Condie 1981, 1994, De Wit & tectônica de placa no Arqueano, o qual envolvia o mo-
Ashwal 1986, 1997). Os exemplos após o Arqueano e vimento limitado de inúmeras pequenas placas, sob
Paleoproterozoico são raros, incluindo-se entre eles um alto gradiente geotérmico e desprovido de zonas
o Orógeno Ungava, em Quebec (St-Onge et al. 1997), de subducção conveccionais. Com base nessa linha de
o Cinturão Orogênico Yavapai-Mazatzal, em Arizo- pensamento, Goodwin (1981), elegeu o modelo Rift-
na (Dann & Bowring 1997) e o Greenstone Belt Rocas -and-Sag como o preferido para explicar o desenvol-
Verdes, nos Andes Meridionais (Stern & De Wit 1997, vimento de greenstone belts no Arqueano. O mecanis-
Tarney et al. 1976). Estes exemplos serviram para des- mo deste modelo comprendia o desenvolvimento de
mistificar a ideia inicial de que os greenstone belts repetidas atenuações e fissuramentos da crosta siálica
eram sequências simples com uma estratigrafia tipo pré-existente, durante um intervalo de tempo de pelo
“camada de bolo” e uma estrutura sinclinal (De Wit menos 1.200Ma, ao longo dos quais, as diversas as-
& Ashwal 1995). Na verdade contribuíram para cor- sembleias greenstones arqueanas se acumularam,
roborar uma nova percepção, ou seja, os greenstone tanto em ambiente ensiálico, quanto ensimático.
belts arqueano-paleoproterozoicos são tão complexos
quanto os modernos cinturões orogênicos e que as O Greenstone Belt Barberton, uma das maiores, mais
suas assembleias litológicas tiveram desenvolvimento antiga (3,5-3,0Ga), mais bem exposta, com baixo grau
em ambientes tectônicos semelhantes aos que atual- metamórfico e bem preservada sequência vulcanos-
mente existem no contexto do modelo de tectônica de sedimentar arqueana do mundo, foi, durante longo
placas, ou seja: (i) rifts continentais; (ii) bacias margi- tempo, tomada como modelo e exemplo de evolução
nais a continentes e a arcos-de-ilhas; (iii) bacias tipo da estratigrafia dos cinturões greenstones. Na atu-
back-arc; (iv) ambientes de progradação arco-fossa; alidade, o aprofundamento e incremento de novos
(v) zona de fore-arc, etc. todos em limites de placas conhecimentos a respeito dos greenstone belts e a
convergentes. Agregam-se a esses ambientes tectô- diversidade de assembleias litológicas e de modelos
nicos: (i) platôs oceânicos e (ii) ambientes oceânicos de evolução, identificados e propostos para estes cin-
do tipo hot spots e cadeias meso-oceânicas (Tarney turões, têm deslocado a aceitação do Greenstone Belt
et al. 1976, Mackenzie et al. 1980, Goodwin 1981, Hen- Barberton como um exemplo-tipo (paradigma) des-
derson 1981, Ayres & Thurston 1985, Nisbet 1987, Ho- tes cinturões, para a posição de um exemplo atípico
ffman 1989, Kröner 1991, Kröner & Layer 1992, Myers (Hunter & Stowe 1997, Goves & Batt 1984).

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De Wit & Ashwal (1986, 1997), sintetizaram o pensa- queanos da Província Superior, no Canadá, das mais
mento atual da comunidade geocientífica a respeito velhas para as mais novas: (i) sequências de vulcanis-
dos greenstone belts, ressaltando algumas conclu- mo máfico (toleiítico a calcialcalino) a félsico de ar-
sões desse pensamento, refletidas nas afirmações cos vulcânicos; (ii) sequências de vulcânicas máfico-
a seguir: (i) que muitas das características dos gre- -ultramáficas de assoalho oceânico; (iii) sequências
enstone belts podem ser explicadas no contexto de do tipo “Timiskaming”, constituídas por sedimentos
tectônica de placas; (ii) que diferentes crátons podem fluviais a marinhos rasos e por vulcânicas alcalinas
ter tido greenstone belts com regimes tectônicos am- a calcialcalinas, depositadas em bacias limitadas por
plamente diferentes; (iii) que o volume de komatiítos falhas e associadas com zonas de cisalhamento de es-
nos greenstone belts, provavelmente tem sido supe- cala regional, bacias essas que são comparadas com
restimado, posto que constituem menos de 5% do àquelas do tipo pull-apart de ambientes modernos e,
total das rochas vulcânicas, na maioria dos greens- (iv) sequências plataformais com quartzito basal so-
tone belts mundiais; (iv) que o conteúdo de MgO dos breposto por sucessão de BIF, vulcânicas máficas e ul-
líquidos parentais de komatiítos foi, provavelmente, tramáficas e carbonatos com estruturas típicas de se-
menor do que os 27-30% inicialmente pensados, que quências sedimentares de águas rasas, comparáveis
implicavam admitir suas erupções com temperaturas com sequências plataformais em margens passivas.
iguais ou superiores a 1.600oC e com a necessidade
de um manto arqueano mais quente do que nos tem- Estudos e investigações sobre rochas e greenstone
pos recentes, o que foi comprovadamente contrariado belts arqueanos continuam sendo desenvolvidos e
com a constatação de registros de komatiítos em se- publicados por pesquisadores e instituições de pes-
quências do paleozoico e cenozoico; (v) que as compo- quisa em todo o mundo, principalmente em paí-
sições das rochas em muitos greenstone belts foram ses como Canadá, Austrália e África do Sul. Um dos
enormemente afetadas pelo metamorfismo; (vi) que exemplos de destaque deste tipo de trabalho foi o
as estruturas globais dos greenstone belts não podem Workshop sobre Evolução Tectônica de Greenstone
ser relacionadas com diapirismo de granitoides; (vii) Belts, realizado entre 16-18 de janeiro de 1986, patro-
que pode haver uma relação mais discreta entre tec- cinado pelo Lunar and Planetary Institute, em coope-
tônica horizontal e plutonismo granitoide; (viii) que ração com a NASA e organizado por Maarten J. De Wit
há controvérsias e ambiguidades nas interpretações, e Lewis D. Ashwal (1997). Os trabalhos e resultados
principalmente a partir de observações de campo, deste workshop foram reproduzidos e publicados, em
para se definir se alguns greenstone belts são ou não 1986, no LPI-Technical Report Number 86-10 e em se-
são alóctones e se suas sequências máfico-ultramáfi- guida motivaram e subsidiaram a publicação do livro
cas são predominantemente extrusivas ou intrusivas Greenstone Belts, novamente editado por Maarten J.
(ou seja: são elas equivalentes de derrames volumo- De Wit e Lewis D. Ashwal e publicado em 1997. Estes
sos de basaltos em platôs, oceânicos ou continentais? trabalhos trouxeram à luz observações e conclusões
ou são equivalentes de ofiolitos?); e (ix) que não existe úteis e consensuais a respeito da origem e desenvol-
um ambiente tectônico exclusivo aplicável para todos vimento de greenstone belts e da crosta arqueana da
os greenstone belts, visto que estes cinturões contêm Terra.
misturas de componentes de diferentes ambientes
tectônicos. Em síntese, greenstone belts, na atualidade, estão
sendo considerados como estruturas muito comple-
Thurston (1988), Thurston & Stot (1988) e Thurston xas, severamente tectonizadas, que abrigam colagens
& Chivers (1990) reconheceram quatro tipos de se- de terrenos com idades diferentes e histórias distin-
quências litoestratigráficas nos greenstone belts ar- tas, submetidos a múltiplos eventos tectônicos, com

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grau metamórfico geralmente na fácies xisto verde, tipo calcialcalino foi caracterizado como portador de
mas chegando a atingir as fácies anfibolito e granu- uma variedade de litologias vulcânicas e assembleias
lito e constituídos por sucessões vulcanossedimen- de sedimentos derivados, começando por vulcânicas
tares de diferentes ambientes tectônicos compará- ultramáficas e/ou máficas (komatiítos e basaltos),
veis aos ambientes modernos (Windley 1976, 1977, passando pelos termos intermediários andesíticos até
Windley & Naqvi 1978, Kröner 1981, Condie 1981, De os félsicos dacíticos a riolíticos, finalizando com as
Wit & Ashwal 1986, 1997). Estes cinturões greensto- assembleias de sedimentos derivados, predominante-
nes, de acordo com o ambiente de formação de seus mente grauvacas. O primeiro tipo tem maior incidên-
terrenos podem ter sido depositados sobre embasa- cia de ocorrência nos crátons arqueanos da Austrália
mento continental e/ou oceânico. Os ambientes tec- Ocidental e da África meridional, enquanto o segundo
tônicos considerados na maioria dos modelos como tem maior incidência no cráton arqueano da Província
os mais apropriados para origem e desenvolvimento Superior, no Canadá. No Cráton do São Francisco há
de greenstone belts são os rifts continentais e os pla- registros destes dois tipos de greenstone belts.
tôs oceânicos com magmatismo gerado por pluma
do manto, além de bacias marginais de arcos-de- Uma feição característica do modelo estratigráfico nos
-ilhas, retro arcos (back-arc basins) e em zonas da greenstone belts é a ciclicidade do magmatismo, que
associação frente de arco-fossa. Esses cinturões são na maioria dos cinturões começa com rochas máfi-
tipicamente metamorfizados na fácies xisto verde ou cas e ultramáficas, progride para vulcanismo félsico
anfibolito e o grau metamórfico tende a crescer em e termina com o episódio de colocação de intrusões
direção aos contatos com os corpos plutônicos TTG. A graníticas. É também uma característica dos cinturões
forte semelhança observada entre as características greenstones a tendência dominante das vulcânicas
estruturais, litológicas e geoquímicas dos greenstone máficas e/ou ultramáficas se posicionarem nas suas
belts arqueanos e as dos cinturões colisionais fanero- porções basais, as vulcânicas félsicas nas porções in-
zoicos, proporcionam evidências favoráveis à atuação termediárias e as assembleias francamente sedimen-
dos processos de tectônica de placas no Arqueano à tares na porção superior. Ou seja: as sucessões vul-
semelhança dos processos tectônica de placas atual- cânicas dos greenstone belts arqueanos, geralmente
mente observados em escala global (Feng & Kerrich começam com derrames komatiíticos e/ou de basaltos
1992, Sutcliffe et al. 1993). toleiíticos, típicos de assoalhos oceânicos, sucedidos
ou não por derrames máficos a félsicos de natureza
Algumas feições diagnósticas de greenstone belts, de- calcialcalina, semelhantes àqueles que ocorrem em
finidas nos primórdios dos estudos destes cinturões, ambientes de arco-de-ilhas (Ayres & Thurston 1985).
continuam sendo aplicadas na atualidade. As mais A sucessão sedimentar abriga sedimentos diversifica-
frequentes possuem vínculo com a natureza compo- dos cuja natureza tem relação com os ambientes onde
sicional e com o arranjo estratigráfico das sucessões foram depositados, os mesmos das sucessões vulcâni-
litológicas que constituem estes cinturões. cas com as quais se associam. Variam de (i) sedimen-
tos detríticos imaturos, turbidíticos a pelágicos, deri-
Condie (1981) tomando por base os tipos de rochas vados do retrabalhamento de sucessões vulcânicas
presentes nas sucessões estratigráficas reconheceu (associação máfico-ultramáfica); (ii) passando para
dois tipos de greenstone belts: o tipo bimodal e o tipo cunhas espessas de detritos epiclásticos e vulcano-
calcialcalino. O tipo bimodal foi caracterizado como clásticos depositados em torno de centros vulcânicos
portador de grande quantidade de rochas máficas e félsicos (sucessões calcialcalinas); ou passando para
ultramáficas, com vulcânicas félsicas e cherts subor- (iii) cunhas espessas de depósitos siliciclásticos e vul-
dinados, sendo os andesitos raros ou inexistentes. O canoclásticos, intercalados com derrames subaéreos-

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-subaquáticos de komatiítos, basaltos e riolitos (su- cialidades minerais destes greenstone belts, além dos
cessão bimodal); por fim (iv) sedimentos químicos do vários trabalhos de pesquisa e exploração mineral de-
tipo BIF, cherts e carbonatos que podem ocorrer tanto senvolvidos pela CBPM. Os greenstone belts na Bahia
intercalados nas rochas vulcânicas, notadamente nos ainda carecem de bastantes estudos complementares,
basaltos toleiíticos, quanto no topo da pilha vulcanos- principalmente geológicos, geoquímicos e geocrono-
sedimentar (Henderson 1975, Tarney et al. 1976, Wind- lógicos de precisão, para que se alcance o necessário
ley 1981, Ojakangas 1986, Silva 1996). aprofundamento do conhecimento sobre suas origens,
evolução geológica e potencial mineral.

A estrutura deste capítulo em tópicos contempla as


2 Greenstone Belts na Bahia principais ocorrências de greenstone belts e de sequ-
ências similares a greenstone belts identificadas na
Bahia, obedecendo à sua distribuição nos principais
2.1 Principais Greenstone Belts e domínios do Cráton do São Francisco: nos setores
Sequências Similares norte, central, sul e oeste do Bloco Gavião, no Bloco
Serrinha e no Bloco Uauá (CAPÍTULO III).
A história dos greenstone belts na Bahia, remonta ao
início dos anos 70 com o célebre trabalho publicado Os terrenos considerados como típicos greenstone
por Mascarenhas em 1973, anunciando, pela primeira belts são portadores de associações vulcanossedimen-
vez, a ocorrência de “Cinturões de Rochas Verdes” (Gre- tares com expressão superficial significativa, represen-
enstone Belts) nos terrenos precambrianos da Bahia, tável em escala cartográfica e com arranjo tectônico e
representados pelas sequências metassedimentares estratigráfico reconhecido e reconstituível através das
presentes na região de Santa Luz e entre Contendas do seções expostas de seus segmentos no terreno, nos
Sincorá e Brumado. Mascarenhas (1973) embasou as quais foram identificadas ocorrências comprovadas
suas conclusões nos dados preliminares dos projetos de: (i) derrames ultramáficos komatiíticos maciços e/
Bahia e Bahia II e nas ideias expostas por Sutton (1971) ou com suas diagnósticas texturas spnifex; (ii) basal-
e Anhaeusser et al. (1969). Subsequentemente, Mas- tos maciços e/ou com suas típicas texturas e estruturas
carenhas, individualmente (1976, 1979) e em parceria primárias, como lavas almofadas, etc.; (iii) ocorrências
com colaboradores (1976, 1984) publicou novos traba- de sucessões completas de derrames máficos a félsicos
lhos sobre a geologia da Bahia, que difundiram a apli- e seus equivalentes piroclásticos, como observado nos
cação dos conceitos de mobile belt e greenstone belt greenstone belts Serrinha-Rio Itapicuru, Rio Capim e
(Anhaeusser et al. 1969) aos terrenos precambrianos Salitre-Sobradinho e (iv), ocorrências de camadas de
da Bahia e do Brasil. Após estes trabalhos de Mascare- formações ferríferas bandadas e/ou de cherts, ou jas-
nhas, várias contribuições foram acrescidas ao conhe- pelitos, estreitamente associadas com derrames de
cimento dos greenstone belts da Bahia, destacando-se komatiítos e/ou basaltos, resultantes da sedimentação
os trabalhos de Kishida (1979), Kishida & Riccio (1980) química marinha em seguida aos derrames máficos e
e Silva (1992) sobre o Greenstone Belt Serrinha-Rio ultramáficos, como constatadas nos típicos greenstone
Itapicuru; de Winge (1984) sobre o Greenstone Belt Rio belts do Bloco Gavião, principalmente nos greenstones
Capim; de Souza (1984) sobre o Greenstone Rio Salitre- belts Umburanas, Brumado, Ibitira-Ubiraçaba, Riacho
-Sobradinho; de Cunha & Fróes (1994) sobre o Gre- de Santana, Boquira e Lagoa do Alegre.
enstone Belt Umburanas; de Silveira & Garrido (1998)
sobre o Greenstone Belt Riacho de Santana; de Silva & Como sequências similares a greenstones belts foram
Cunha (1999) sobre as características gerais e poten- consideradas aquelas com associações supracrustais

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nas quais a presença ou participação de componen- cas. Os terrenos granito-greenstone desse bloco são
tes vulcânicos não foi identificada, ou são ausentes, formados por dois grupamentos litológicos: (i) grani-
ou, quando presentes, se mostram como faixas iso- toides, gnaisse-graníticos e migmatitos da suíte TTG,
ladas bastante afetadas por efeitos de transformação com anfibolitos e diversos retalhos supracrustais
metamórfica e deformacionais que dificultam o reco- subordinados e (ii) segmentos de greenstone belts e
nhecimento e confirmação de sua natureza vulcânica. sequências metavulcanossedimentares, compreen-
Estas sequências geralmente se apresentam com o dendo principalmente rochas vulcânicas ultramáficas,
predomínio de sedimentos químicos e clásticos. São máficas e félsicas além de rochas vulcanoclásticas-
elas as Sequências Metavulcanossedimentares Uran- -epiclásticas, BIFs e intrusões graníticas mais jovens.
di e Caetité-Licínio de Almeida Estes terrenos preservam remanescentes expressivos
da crosta continental mais antiga do cráton com idade
O Cráton do São Francisco na Bahia contém uma máxima de ca. 3,5 Ga (Martin et al. 1991, 1993, 1997)
grande diversidade de assembleias vulcânicas e sedi- (CAPÍTULO V). Estão distribuídos principalmente nas
mentares, com idades arqueanas a paleoproterozoi- partes central e sul do bloco, separados por cobertu-
cas, abrigadas em estruturas do tipo greenstone belts ras dos sedimentos siliciclásticos mesoproterozoicos
e sequências similares. No Estado, as mais expressi- dos grupos Santo Onofre e Chapada Diamantina além
vas assembleias vulcânicas e sedimentares deste tipo de sedimentos carbonáticos neoproterozoicos do Gru-
estão preservadas em 16 diferentes greenstone belts po Bambuí (CAPÍTULO VIII). No âmbito dos terrenos
e sequências similares, com idades variando de 3,3- granito-greenstone do Bloco Gavião foram individu-
2,0Ga, distribuídos nos terrenos granito-greenstone alizados treze greenstone belts: cinco no setor norte,
dos principais núcleos crustais desse cráton, quais representados pelos cinturões Mundo Novo, Lagoa do
sejam: (i) o Bloco Gavião (13), incluindo as duas se- Alegre, Salitre-Sobradinho, Barreiro-Colomi e Tiqua-
quências metavulcanossedimentares; (ii) Serrinha (1) ra e, oito nos setores sul e oeste, representados pelos
e (iii) Uauá (1) (CAPÍTULO III) (Fig.IV.1). Eles formam cinturões Umburanas, Brumado, Ibitira-Ubiraçaba,
estruturas específicas como cinturões de dimensões Guajeru, Riacho de Santana e Boquira, além das Se-
variáveis, mas geralmente longos e estreitos ou em quências Metavulcanossedimentares Urandi e Caeti-
forma oval ou ameboide, envoltos por terrenos gnáis- té-Licínio de Almeida (Fig.IV.1). A totalidade dos gre-
sicos de alto grau do embasamento do cráton. As as- enstone belts presentes no Bloco Gavião são de idade
sembleias vulcânicas e sedimentares destes cinturões arqueana constituídos por sucessões vulcânicas e se-
mostram-se intensamente deformadas, com meta- dimentares diversificadas. Ao se observar a figura IV.1,
morfismo variando da fácies xisto verde a anfibolito na parte norte do Bloco Gavião situam-se: (i) as se-
e intrudidos por stocks e batólitos granitoides além quências vulcanossedimentares de Lagoa do Alegre,
de alguns diques e sills máficos. As rochas plutôni- Salitre-Sobradinho e Barreiro-Colomi, enfileiradas na
cas mais jovens intrusivas nestes greenstones, geral- direção geral leste-oeste e, (ii) nas partes central, sul
mente são granitoides calcialcalinos, peraluminosos, e oeste localizam-se, de leste para oeste, as sucessões
de idades paleoproterozoicas, relacionados a evento litológicas de Umburanas, Brumado, Ibitira-Ubiraça-
geotectônico de idade semelhante (CAPÍTULO V). ba, Guajeru (mais a sul de Brumado), Boquira (a noro-
este de Brumado) e Riacho de Santana.
O Bloco Gavião representa uma vasta área de expo-
sição do embasamento do Cráton do São Francisco, o Tão antigo quanto o Bloco Gavião, o Bloco Serrinha
qual é basicamente constituído por terrenos granito- faz parte do compartimento geotectônico leste do
-greenstone arqueanos a paleoproterozoicos e por Cráton do São Francisco, no Estado da Bahia, forman-
coberturas sedimentares proterozoicas e fanerozoi- do uma estrutura elíptica com aproximadamente 21

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Figura IV.1 – Mapa da Bahia com os limites dos domínios geotectônicos indicando a localização dos greenstone belts e sequências similares
em três deles: Bloco Gavião, Serrinha e Uauá. A numeração dos greenstone belts corresponde aos itens do texto

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mil km2 (Fig.IV.1). Ele é separado do Bloco Gavião pelo Os melhores registros de derrames komatiíticos do
Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá. Trata-se de uma Greenstone Belt Umburanas são observados na por-
unidade não granulítica composta de ortognaisses ção sul desse greenstone, nos flancos norte e sul da
TTG, migmatitos e intrusivas graníticas, que possuem Serra do Eixo e na sua porção nordeste, na Fazenda
características típicas de terrenos granito-greenstone Tocadas.
e que contorna e embasa o greenstone belt paleopro-
terozoico Serrinha-Rio Itapicuru, que teve evolução A Serra do Eixo é uma zona periclinal na porção sul
controlada pela colocação de corpos plutônicos cal- do Greenstone Belt Umburanas, em arranjo sinformal
cialcalinos a alcalinos de idade também paleoprote- e com orientação E-W. Lá os derrames de komatiíto
rozoica (CAPÍTULOS III, V). Algumas relíquias do em- afloram, em ambos os flancos da serra, formando fai-
basamento gnáissico dentro da sequência greenstone xas com largura entre 300 e 600m, limitados e atra-
preservam a idade arqueana. As rochas mais antigas vessados nos níveis mais inferiores por lâminas bas-
desse bloco possuem idades de ca. 3,1-2,8Ga (Gaál tante cisalhadas dos maciços graníticos Umburanas e
et al. 1987, Oliveira et al. 1999). Rios (2002) reporta o Serra do Eixo. No topo, ao longo da cumeada da Serra
registro de xenocristais de zircão em ortognaisse do do Eixo, são limitados pela sequência de quartzitos,
embasamento com idade de ca. 3,6Ga, que indica a metaconglomerados e metacherts recristalizados da
existência de crosta mais antiga na evolução do bloco Sequência Inferior. As observações realizadas sobre os
(CAPÍTULOS III, V). afloramentos da faixa de komatiitos da Serra do Eixo
possibilitaram verificar que, numa progressão, tenta-
O Bloco Uauá ocupa uma extensão nor-nordeste do tivamente reconstituída, da base para o topo, compre-
Bloco Serrinha (Fig.IV.1). É constituído por assem- ende a seguinte sucessão: (i) fácies de cumulus na for-
bleias de ortognaisses permeadas por intrusões bá- ma de dunito-peridotito serpentinizado e metagabro
sicas, por corpos anortosíticos e por remanescentes com vestígios de textura cumulática, caracterizando
de sequências supracrustais, destacando-se o grupa- um fácies de diferenciação e acumulação basal de um
mento litoestratigráfico do greenstone belt paleopro- derrame, ou de uma fase intrusiva diferenciada, tipo
terozoico do Rio Capim. de um sill, vinculado com o magmatismo komatiítico;
(ii) komatiíto maciço serpentinizado ou talco-serpen-
As rochas do embasamento deste bloco apresentam tina-tremolitizado com pseudomorfos de cúmulos de
idades muito antigas de ca. 3,21-2,71Ga (Paixão & olivina contendo, às vezes, intercalações de níveis de
Oliveira 1998, Cordani et al. 1999, Oliveira et al. 2002, granulação mais fina, com espessuras centimétricas,
2003). presumidas de serem margens resfriadas de topo e
base de derrames; (iii) pacote de vários derrames de
komatiíto intercalados, serpentinizados ou serpenti-
2.2 Ocorrências de Komatiítos na Bahia na-tremolitizados, geralmente com vários tipos de
textura spinifex (laminar, plano-paralela e triangular
No Greenstone Belt Umburanas, descrito mais adian- com lâminas de tamanhos variados, desde alguns
te no item 4.1, estão preservadas as melhores exposi- milímetros até mais do que vinte centímetros); (iv) ní-
ções de derrames komatiíticos com textura spinifex, vel de komatiíto com textura/estrutura grossa, frag-
até então identificadas no território baiano. Neste mentar, do tipo de brechas de fluxo e autoclastitos
cinturão, a quase totalidade das ocorrências de ko- de zonas de topo de derrames; (v) nível de komatiíto
matiítos está posicionada na sua Sequência Inferior, com estrutura tipo almofadas e, (vi) komatiítos finos,
embora alguns poucos registros sejam encontrados intensamente deformados, xistificados, representa-
na Sequência Média. dos por serpentina-clorita-tremolititos ou clorititos,

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possívelmente equivalentes às margens resfriadas de esqueletais e prismáticos de piroxênio, visíveis so-
derrames. mente sob o microscópio .

Na Fazenda Tocadas os derrames komatiíticos da A mineralogia e texturas primárias das rochas koma-
Sequência Inferior do Greenstone Belt Umburanas tiíticas dos terrenos greenstone da região de Bruma-
situam-se na terminação nordeste do greenstone, do foram amplamente modificadas e obliteradas pela
orlados e interpostos pelas manifestações intrusivas ação metamórfica e tectônica. A atual mineralogia é
do maciço granítico de Umburanas (CAPÍTULO V). geralmente secundária, representada por fases meta-
Apresentam-se geralmente como rolados, raramen- mórficas como serpentina, clorita e anfibólios, subs-
te constituindo boas exposições, mostrando-se bem tituindo, pseudomorficamente, olivina e piroxênios
preservados, pouco afetados pelas deformações tec- originais. As texturas primárias, onde identificadas,
tônicas e exibindo espetaculares texturas spinifex. O raramente estão bem preservadas. São spinifex pla-
mapeamento detalhado de uma trincheira com 200 no-paralelas, triangulares e aleatórias, em escalas
metros de comprimento, escavada transversalmente mesoscópicas e microscópicas. As estruturas obser-
às estruturas regionais, revelou a ocorrência de pelo vadas foram prováveis margens resfriadas, e estrutu-
menos 21 pulsos de derrames komatiíticos na região ras fragmentárias tipo brechas de fluxo e autoclastos,
dessa fazenda, com espessuras variando desde 33 almofadas e os vários tipos de textura spinifex.
metros até pouco mais de 1 metro.
As texturas tipo spinifex mais preservadas apresen-
Nos demais locais do Greenstone Belt Umburanas tam-se em serpentinitos, serpentina-tremolititos e
onde ocorrem exposições dos derrames komatiíticos tremolititos. Nas rochas serpentiníticas, observam-se
da sua Sequência Inferior, como na margem oeste das lâminas de comprimentos variados, entre alguns mi-
Serras do Sucuriú e do Algodão, foram observadas, límetros até acima de vinte centímetros, de espessu-
em afloramentos, laminações muito finas, marcadas ras entre décimos de milímetros até meio milímetro.
por alternâncias de leitos submilimétricos escuros São de coloração negra à vista desarmada, constituí-
(serpentina ± magnetita) e claros (tremolita), que das de serpentina, clorita e talco intercrescidos, além
aparentam uma textura spinifex, tipo plano-paralela, de pseudomorfos de olivina magnesiana. Os interstí-
afetada por forte deformação, conforme observado cios das rochas são preenchidos por tremolita verde-
nos afloramentos da Serra do Eixo. Sob o microscópio, -clara, em finos cristais dispostos sub-radialmente
seções delgadas dessas rochas ultramáficas, ainda substituindo, pseudomorficamente, cristais original-
que intensamente transformadas pela ação tectono- mente aciculares de piroxênio. Gotículas de mag-
metamórfica, revelaram típicas texturas spinifex pre- netita secundária, com lamelas de exsolução, estão
servadas, predominantemente delineadas por pseu- dispostas em cordões, encontrando-se associadas ao
domorfos de olivina. material serpentinítico/clorítico, seguindo o contorno
de antigos cristais de olivina. As placas/lâminas de
Na Sequência Média, o magmatismo komatiítico é olivina dispõem-se, tanto sob a forma plano-paralela
representado por registros muito discretos de derra- como divergentemente, em padrões sub-radiais, que,
mes e/ou sills subvulcânicos, com espessuras entre em plano, apresentam feições triangulares. É comum
alguns centímetros e dois metros, intercalados entre se observar essas variações texturais em uma mesma
as metavulcânicas félsicas (lavas e/ou piroclásticas) amostra. Microcristais primários de magnetita ocor-
e delgados leitos de sedimentos químicos. As feições rem associados ao material intersticial tremolítico.
características da natureza komatiítica desses derra- Por vezes, observam-se ainda grãos arredondados de
mes e/ou sills são reveladas por relíquias de cristais olivina serpentinizada em meio à matriz tremolítica,

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que devem representar cúmulos de olivina aprisiona- foi identificado a norte da Serra do Eixo, na base da
dos nas zonas de textura spinifex. sua sucessão de derrames komatiíticos. É represen-
tado por uma zona inferior de dunito serpentinizado
As porções komatiíticas maciças desprovidas de tex- (olivina cumulato) e outra superior de melanogabro,
turas spinifex são representadas por serpentinitos a ambos cumuláticos. O serpentinito exibe vestígios de
clorita-serpentina-tremolititos, equivalentes meta- textura cumulática marcada por películas de óxidos
mórficos de piroxenitos e peridotitos maciços com evi- de ferro que circundam antigos grãos arredondados,
dente textura cumulática. Sua mineralogia compre- de cerca de um a três milímetros de diâmetro, de oli-
ende, basicamente, tremolita verde-claro, em cristais vina serpentinizada. Manchas de talco e agregados de
de até um centímetro de comprimento, orientados ou palhetas de clorita ocorrem em meio à massa serpen-
não, tendo interstícios preenchidos por agregados de tinítica, assim como nos remanescentes de tremolita
palhetas finas de clorita e vestígios de antigos cristais (antigos piroxênios). Os opacos são tanto primários
grossos, alongados, de olivina, marcados por fraturas (cumulus e intercumulus) como secundários (de ex-
preenchidas por óxidos de ferro na massa de serpen- solução da olivina). Trata-se, certamente, de perido-
tina. tito (dunito) cumulático intensamente recristalizado.
O melanogabro cumulático é constituído de cristais
As porções komatiíticas de granulação fina, xistificadas, grossos de tremolita, alguns ainda preservando res-
tipo margens resfriadas de topo e base de derrames, tos de piroxênio, orientados a subdivergentes, com
são clorititos, clorita-tremolititos e tremolita xistos. interstícios preenchidos por massas irregulares (in-
Consistem em agregados de palhetas finas de clorita, tercumulus) de plagioclásio quase inteiramente epi-
de concentrações de clorita mais grossa com filetes de dotizado. Manchas de tremolita, associadas a opacos,
magnetita preenchendo antigas fraturas ou clivagens, ocorrem nos interstícios.
de cristais aciculares de tremolita, de massas irregu-
lares de talco e de microcristais de magnetita disse- Na Sequência Média do Greenstone Belt Umburanas
minados. A clorita e tremolita finas parecem resultar foram identificados tremolititos maciços, composi-
da recristalização de vidro vulcânico. Os cristais mais cionalmente equivalentes a basaltos komatiíticos
grossos de clorita e tremolita, preservando antigas e geralmente associados com formações ferríferas
clivagens ou fraturas preenchidas de magnetita, cer- bandadas e carbonatos. Exibem um tipo diferente
tamente substituem antigos fenocristais de piroxênio. de textura spinifex delineada por “poeira” de opacos,
pseudomorfos de fenocristais esqueléticos de piro-
As porções komatiíticas com estruturas fragmentá- xênio, em meio ao agregado radial de tremolita que
rias, que provavelmente devem representar zonas de constitui, essencialmente, a rocha. Outros tremoliti-
topo dos derrames, são brechas e ou autoclastitos ul- tos, mesmo sem apresentarem fenocristais de piroxê-
tramáficos constituídos de fragmentos de serpentina nio, têm um padrão textural muito similar ao material
arredondados a fusiformes, coalescentes, com cinco a intersticial às placas de olivina de rochas com textura
dez milímetros de comprimento, que seguem um flu- tipicamente spinifex.
xo primário. Encontram-se envolvidos por material
tremolítico-clorítico, impregnado de óxidos de ferro Deve ser ressaltado que embora sem pesquisas de
secundários. Microcristais de óxidos de ferro, aparen- detalhe, excluindo os Greenstone Belt Umburanas e
temente primários, ocorrem disseminados em meio à Brumado, foram encontrados também rochas ko-
massa serpentinítica. matiíticas em outros greenstone belts da Bahia. No
extremo norte do Bloco Gavião por exemplo, foram
Um único corpo, diferenciado, tipo sill, ou que ocorre encontrados recentemente komatiitos no Greenstone
nas seções basais de espessos derrames komatiíticos, Belt Lagoa do Alegre e, no Bloco Gavião central e sul,

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nos Greenstone Belts Guajeru e Ibitira-Ubiraçaba. Nos mos vulcânicos toleiíticos, vulcanoclásticos e quími-
demais greenstone belts os registros de derrames ul- co-sedimentares de sua unidade inferior; o segundo,
tramáficos são discretos. com idades em torno de 2,5Ga, correspondente aos
termos vulcânicos calcialcalinos e aos sedimentos
clásticos e químicos de sua unidade média; e o último,
2.3 O Caso Contendas-Mirante datado entre 2,1 e 1,9Ga, equivalente aos sedimentos
terrígenos de sua unidade superior. A unidade infe-
A Sequência Metavulcanossedimentar Contendas- rior, dominantemente vulcanogênica, é representada
-Mirante é um caso particular dentre as sequências da base para o topo por metavulcânicas máficas a fél-
vulcanossedimentares do Bloco Gavião, por causa da sicas, toleiíticas a calcialcalinas, com idades variando
controvérsia a respeito da sua identidade de “ser ou de ca. 3,3-2,7Ga (Marinho 1991), incluindo: (i) basaltos
não ser um greenstone belt”, despertada: (i) pelo seu komatiíticos identificados por Cunha (1993) na Fazen-
vínculo com o processo de colisão paleoproterozoi- da Boa Sombra; (ii) corpos máfico-ultramáficos intru-
ca (2,05-2,08Ga) (CAPÍTULO III) do tipo continente- sivos (sill estratificado do Rio Jacaré-Fazenda Gulçari)
-continente que produziu a junção (sutura) dos blocos (CAPÍTULOS III, VII); (iii) intercalações de sedimentos
crustais arqueanos Gavião e Jequié (Barbosa & Saba- químicos (formações ferríferas e metacarbonatos) e
té 2002, 2003, 2004); (ii) pelo seu arcabouço estrutu- detríticos da Formação Jurema-Travessão e (iv) me-
ral moldado fortemente por imbricações tectônicas tatufos filitosos e metassedimentos vulcanoclásticos
de seus componentes supracrustais e de fragmentos e químicos (cherts) da Formação Barreiro d’Anta.
crustais do Bloco Gavião, e (iii), principalmente, pelas Em seguida sobrepõe-se a unidade média, predomi-
idades diferentes de seus grupamentos litológicos, nantemente constituída por sedimentos epiclásticos
com intervalos de tempo que chegam a atingir 1,3Ga, pelito-psamíticos, com contribuição subordinada
indicando que poderiam possuir origem e evolução de derrames vulcânicos, compartimentada em duas
distintas. formações, distinguida principalmente pelo grau me-
tamórfico de suas litologias: a Formação Rio Gavião
Marinho et al. (1978, 1980) foram os primeiros a reco- essencialmente filítica, metamorfizada na fácies xisto
nhecer e comprovar a natureza vulcanossedimentar verde e a Formação Mirante, xistosa, metamorfizada
do Contendas-Mirante e classificá-lo como uma es- na fácies xisto verde superior a anfibolito, contendo
trutura do tipo greenstone belt, constituída por uma intercalações subordinadas de leitos conglomeráti-
sequência contínua de rochas vulcânicas e sedimen- cos, de rochas calcissilicáticas e de rochas vulcânicas,
tares, de um modo geral compartimentada em uma predominantemente máficas e calcialcalinas, com
unidade basal com o predomínio de rochas vulcâni- idades Pb/Pb de ca 2,5Ga (Marinho 1991). Amostras
cas e uma unidade superior com o predomínio de ro- dos metapelitos das duas formações produziram ida-
chas sedimentares. des Rb/Sr de ca 2,0Ga para o metamorfismo e idade
modelo TDM de ca 2,5Ga (Marinho 1991). Por último,
Em 1991, Marinho apresentou novos dados sobre a no topo da sequência litoestratigráfica, posiciona-se a
geologia, petrologia, geocronologia e metamorfismo unidade superior caracterizada como uma sequência
desse cinturão e propôs novo arranjo para sua es- sedimentar plataformal, representada por metare-
tratigrafia, incorporando modificações sugeridas por nitos feldspáticos, quartzitos e intercalações conglo-
Cunha et al. (1981) e Marinho et al. (1981), ratificando meráticas da Formação Areião. Datações de zircões
a sua natureza vulcanossedimentar compartimen- detríticos de um leito conglomerático desta formação
tada em três unidades (inferior, média e superior) e produziram idades de 2,15 e 1,90Ga (Nutman et al.
respectivas formações, evoluída em três estágios: o 1994, Nutman & Cordani 1994), correlacionáveis com
primeiro, entre 3,3 e 3,0Ga, correspondente aos ter- as idades das intrusões graníticas peraluminosas pa-

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leoproterozoicas que cortam o cinturão (CAPÍTULO V, tituem parte da crosta do Cráton São Francisco, na
VI). Bahia. O seu evento culminante foi a construção do
Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá (Barbosa & Saba-
Os dados geocronológicos do Contendas-Mirante té 2002, 2004) uma cadeia colisional continente-con-
(Marinho 1991, Marinho et al. 1980, Nutman et al. tinente, que produziu a junção (sutura) dos terrenos
1994, Martin et al. 1991, 1993, 1997) mostraram di- do Bloco Gavião, a oeste com àqueles do Bloco Jequié
ferenças acentuadas entre as idades das litologias e do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá a leste, que
das Unidades Superior (2,1-2,0Ga) e Unidade Inferior formou o denominado Lineamento Tectônico Jacobi-
(3,3-2,5Ga), atingindo o máximo de 1.300Ma. Estas di- na/Contendas-Mirante (CAPÍTULO III, VI).
ferenças representam intervalos de tempo bastante
significativos, suficientes para comportar a evolução O domínio oeste desta cadeia colisional é represen-
completa de mais de um ciclo geotectônico ou siste- tado por um conjunto de terrenos sedimentares,
ma orogênico e de seus respectivos terrenos, como vulcânicos e plutônicos, imbricados tectonicamen-
um greenstone belt. Ressalta-se que o segundo maior te por sistemas de falhas e empurrões e com graus
bloco cratônico arqueano do mundo, a Província Su- metamórficos variando de baixo a médio. Os terrenos
perior (1,6x106 km2), no Canadá, construído por vários do Cinturão Contendas-Mirante, a sul e do Cinturão
eventos de acreção crustal, foi formado durante um Jacobina, a norte, são os principais componentes da
intervalo de tempo menor do que 500Ma, incluindo parte oeste dessa cadeia colisional e demarcam o li-
o seu mais famoso greenstone belt, o cinturão Abiti- neamento acima referido, com mais de 500km de ex-
bi, que foi formado num intervalo aproximado de 100 tensão, que representa a zona de sutura do Bloco Je-
Ma (De Wit & Ashwal 1997). Por outro lado, o crá- quié com o Bloco Gavião (Sabaté et al. 1990). Masca-
ton Kaapvaal da África meridional, com superfície renhas (1973) denominou esta faixa de “calha de sedi-
bem menor (0,6x106 km2), foi formado num período mentação transamazônica”, englobando o que seria a
muito mais longo, de quase 1000Ma, ao passo que o Bacia Contendas-Mirante, parte do Complexo Mairi e
seu clássico greenstone belt, o cinturão Barberton, a Bacia Jacobina-Itapicuru. Pedreira (1991), Sabaté et
foi formado num intervalo de tempo aproximado de al. (1990) e Sabaté (1991) rebatizaram esta faixa como
500Ma (De Wit & Ashwal 1997). A documentação bi- Faixa Contendas-Jacobina e Cinturão/Lineamento
bliográfica existente mostra que a duração da história Tectônico Jacobina/Contendas-Mirante, respectiva-
evolutiva dos greenstone belts conhecidos no mundo mente (CAPÍTULO VI). De acordo com Sabaté et al.
varia entre 50 e 500Ma. Estes fatos reforçam a indica- (1990) e Pedreira (1991), esta faixa representou, nos
ção de que as diferenças entre as idades das unidades primórdios de sua evolução, um rift continental se-
litotectônicas do Contendas-Mirante, identificadas parando os Blocos de Jequié, a leste, e o Bloco do Ga-
por Marinho (1991), podem estar revelando que os vião, a oeste. Este rift teria, posteriormente, evoluído
terrenos destas unidades tiveram origem e evolução para um ambiente do tipo arco-de-ilhas, concluindo
distintas e que foram colocados lado a lado por pro- seu fechamento com uma colisão do tipo continente-
cessos de crescimento (acreção) crustal. -continente.

O conhecimento atual mostra evidências de que o Nesta região a parte exposta do Contendas-Mirante
Contendas-Mirante fez parte de um sistema de cres- atinge aproximadamente 190km de comprimento e
cimento crustal policíclico, que, provavelmente, teve 65km de largura. O seu arcabouço estrutural mode-
início em tempos arqueanos e foi finalizado no Pale- lado no tempo da construção do lineamento colisio-
oproterozoico (CAPÍTULO VI). Este sistema de cres- nal Jacobina/Contendas-Jacobina, é representado por
cimento crustal agregou os terrenos que hoje cons- imbricações tectônicas de fatias de núcleos de TTG do

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Bloco Gavião, com idades de 3,4-2,6Ga (Martin et al. sição de uma bacia em ambiente de foreland duran-
1991, 1993, 1997, Peucat et al. 2002) com as faixas su- te a transição do Arqueano para o Paleoproterozoico
pracrustais arqueanas (ca. 3.3-2.5Ga) a paleoprotero- (CAPÍTULO VI).
zoicas (2.1Ga) de suas unidades litotectônicas e pelas
intrusões de granitos peraluminosos (2,1-1,8Ga) que Como uma forma alternativa de interpretação, um
seguiram os processos tectônicos que construíram o dos autores deste capítulo, com base nos dados e in-
lineamento colisional (Sabaté 1996, Barbosa & Saba- formações disponíveis e no conhecimento adquirido
té 2000, Sabaté et al. 1998, Cunha et al. 2000). durante os trabalhos de mapeamento e exploração
mineral que realizou na região em foco, propôs para
Sabaté et al. (1998) e Barbosa & Sabaté (2002) consi- discussão a consideração de que este cinturão pode
deram que, a despeito da presença de fatias tectôni- abrigar não apenas uma, mas sim, duas sequências
cas de terrenos mais velhos imbricadas nos cinturões greenstones: uma mais antiga, arqueana e outra mais
Contendas-Mirante e Jacobina, a deposição de suas nova paleoproterozoica. Esta alternativa foi tenta-
bacias aconteceu no Paleoproterozoico num ambiente tivamente demonstrada através da reorganização
tectônico do tipo foreland. Ambos os cinturões con- das unidades litotectônicas do Contendas-Mirante,
têm registros dos sucessivos incrementos tectônicos segundo a descrição a seguir: (i) a sequência mais
da orogenia Paleoproterozoica. Os processos de coli- antiga ou inferior, de idade arqueana, abrigaria as
são foram registrados nestes cinturões por tectônica litologias dominantemente vulcânicas e sedimenta-
horizontal orientada para oeste e por intrusões gra- res das subunidades Jurema-Travessão e Santana,
níticas peraluminosas sin- a tarditectônicas. As uni- respectivamente, conforme o primeiro arranjo estra-
dades litotectônicas tiveram evolução diacrônica, com tigráfico proposto por Marinho et al. (1978, 1980); (ii) a
a maioria delas tendo história polifásica e todas, inde- sequência mais nova ou superior, de idade paleopro-
pendentemente da idade de formação, afetadas pela terozoica, abrigaria os conjuntos de rochas vulcânicas
colisão orogênica paleoproterozoica que superimpôs e da Formação Barreiro d’Anta e parte da Formação
modelou suas estruturas atuais. Estas considerações Jurema-Travessão que aflora no núcleo da antiforme
convergem para a conclusão de que o Contendas-Mi- que flanqueia a Serra do Barreiro d’Anta, ambas per-
rante é uma colagem de diferentes terrenos litotectô- tencentes à unidade inferior do Contendas-Mirante,
nicos, constituídos de rochas vulcânicas, sedimenta- de acordo com Marinho (1991) e (iii) as sequências de
res e plutônicas, com idades arqueanas a paleoprote- metassedimentos das formações Areião e Rio Gavião
rozoicas, que foram colocadas em uma variedade de e da subunidade Mirante, pertencentes às Unidades
ambientes tectônicos e posteriormente justaposto por Superior e Média do Contendas-Mirante, conforme
processos tectônicos de acreção crustal. descritas por Marinho (1991) e por Marinho et al.
(1978, 1980), respectivamente.
As conclusões e interpretações até então produzidas
a respeito da origem e evolução do Contendas-Miran- As duas sequências greenstone resultantes da reor-
te deixam, no conjunto, transparecer a percepção de ganização litotectônica do Contendas-Mirante pode-
que apenas uma parcela das unidades litotectônicas riam receber as designações de sequência greensto-
que constituem este cinturão poderia ser considerada ne inferior e de sequência greenstone superior, res-
como uma sequência greenstone. Esta parcela seria pectivamente. A primeira, arqueana, seria formada
representada basicamente pelas litologias vulcâni- basicamente por assembleias de rochas vulcânicas
cas, intrusivas e sedimentares de idades arqueanas máficas a félsicas, predominantemente toleiíticas e
da unidade inferior, conforme descritas por Marinho subordinadamente calcialcalinas e komatiíticas, con-
(1991). As demais litologias seriam produtos da depo- tendo também intrusivas gabroicas, como o Sill do

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Rio Jacaré-Fazenda Gulçari (CAPÍTULOS VI, VII), for- Lineamento Tectônico Jacobina/Contendas-Mirante,
mações ferríferas, e sedimentos químicos (mármores, deve ser buscada através de mais cartografia, estudos
cherts e rochas calcissilicáticas) e clásticos (xistos a tectônicos, geoquímicos e geocronológicos comple-
biotita), todas metamorfizadas na fácies xisto verde mentares.
a anfibolito. A segunda, paleoproterozoica, seria re-
presentada por assembleias de rochas vulcânicas A descrição mais aprofundada sobre o Cinturão Con-
máficas a félsicas, dominantemente calcialcalinas e tendas Mirante será abordada no CAPÍTULO VI deste
por sequências de metassedimentos pelíticos e psa- livro.
míticos, metamorfizadas na fácies xisto verde a anfi-
bolito. As assembleias litológicas dessas sequências
greenstones, por influência dos processos tectônicos
que construíram o Lineamento Tectônico Jacobina/ 3 Greenstone Belts do Bloco
Contendas-Mirante, se apresentam justapostas, ou
formando misturas tectônicas, com fatias de núcleos
Gavião (Parte Norte)
crustais (TTG) do Bloco Gavião e com os granulitos do
Bloco Jequié, principalmente na margem oriental do O terreno granito-greenstone arqueano do setor nor-
Contendas-Mirante. te do Bloco Gavião ocupa uma área irregular alon-
gada distribuída na parte centro-norte e noroeste da
Outras extrapolações, que os dados e informações Bahia, na região do curso médio do Rio São Francisco
geológicos atualmente disponíveis possibilitam, são (Fig.IV.2). Os seus limites, ao norte, coincidem com os
correlações cronolitológicas do Contendas Mirante limites do Cráton do São Francisco; ao sul, sudeste e
com o cinturão Mundo Novo. Por exemplo: (i) a uni- oeste, são delineados pelos contornos dos sedimentos
dade metavulcânica félsica porfirítica do Contendas- dos grupos Chapada Diamantina e Santo Onofre (CA-
-Mirante, com ca 3,3Ga (Marinho 1991), que ocorre a PÍTULO VIII) e a leste pela projeção do Lineamento
leste da Serra do São Pedro, no entroncamento para Tectônico Jacobina/Contendas-Mirante (CAPÍTULO
Olhos d’Água do Cruzeiro e Barra da Estiva, possui VI). Neste terreno foram identificados cinco greensto-
semelhança composicional e geocronológica com a ne belts com direcionamentos leste-oeste e NE-SW,
unidade de metavulcânica félsica da Fazenda Coquei- distribuídos irregularmente em meio ao complexo
ro, no Cinturão Mundo Novo, também com idade de de ortognaisses TTG migmatizados e de corpos gra-
3,3 Ga (Peucat et al. 2002) (CAPÍTULO III); e (ii) a faixa nitoides. Os greenstone belts do setor norte do Bloco
de silimanita-biotita xisto/ou gnaisse de médio grau Gavião foram inicialmente identificados por Dalton
metamórfico (kinzigito), que ocorre por toda a exten- de Souza et al. (1979), com as designações de com-
são do Cinturão Mundo Novo, possui muita seme- plexos vulcanossedimentares Colomi, Barreiro e Rio
lhança com a faixa de biotita-xisto a magnetita-sili- Salitre-Sobradinho, durante o mapeamento geoló-
manita-biotita gnaisse que ocorre por vasta extensão gico executado pelo convênio DNPM-CPRM, no nor-
na margem oriental do Contendas-Mirante. Um dos te do Estado da Bahia, denominado Projeto Colomi
autores desse capítulo conjectura a possibilidade de (Dalton de Souza et al. 1979). Posteriormente, Ange-
essa unidade litológica representar um marcador da lim et al. (1993) e Angelim (1997), durante programa
zona de sutura do Bloco Gavião com o Bloco Jequié. de levantamento geológico básico desenvolvido pela
CPRM, no âmbito da folha Petrolina (1:250.000), iden-
A melhor compreensão da geologia, dos elementos tificaram o Complexo Vulcanossedimentar Lagoa do
tectônicos e da própria evolução do Cinturão Conten- Alegre. Os greenstone belts no setor norte do Bloco
das Mirante e dos demais terrenos que constituem o Gavião apresentam configurações variadas, desde

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Figura IV.2 – Mapa geológico simplificado da parte norte do Bloco Gavião com destaque para os Greenstone Belts.
As numerações colocadas nas “caixinhas” da legenda correspondem aos itens do texto.

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aglomerações de pequenas unidades, com 6-30km PALEOARQUEANO-MESOARQUEANO
de comprimento, como as que constituem o cinturão
Barreiro-Colomi, a agrupamentos de faixas alonga- 3.1 Greenstone Belt Mundo Novo
das, retilíneas ou com contornos irregulares, com até
95km de comprimento, como são os casos dos cintu- O Greenstone Belt de Mundo Novo (Fig.IV.2) segundo
rões Riacho do Alegre-Colomi e Rio Salitre-Sobradi- Mascarenhas & Silva (1994) é uma entidade geotec-
nho. Estes greenstone belts, no geral, são constituídos tônica relacionada ao Complexo Mairi (Loureiro 1991)
por uma sequência inferior dominada por rochas vul- (CAPÍTULO III) ou ao Bloco Gavião (Marinho & Saba-
cânicas, que em alguns segmentos greenstones têm té 1982), parte integrante do Cráton do São Francisco
o predomínio de termos ultramáficos e máficos (ko- (Almeida 1977). Está localizado no centro-leste da
matiítos e basaltos), embora em outros o predomínio Bahia entre os metassedimentos do Grupo Jacobina e
seja de vulcânicas máficas a félsicas, representadas os tectonitos da zona de sutura do Bloco Gavião com o
por proporções variadas de basaltos, andesitos, daci- Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (Barbosa & Saba-
tos, riolitos e equivalentes piroclásticos. Associados té 2002, 2004) (Fig.IV.3).
às rochas vulcânicas intercalam-se sedimentos epi-
clásticos e químicos (filitos, grauvacas, cherts e BIF). A individualização daquela entidade geotectônica
Dados geoquímicos preliminares indicam filiações como uma estrutura do tipo greenstone belt, materia-
calcialcalinas, toleiíticas e komatiíticas nestas su- lizou-se a partir da compilação de dados de trabalhos
cessões vulcânicas. A parte superior dos cinturões é regionais ou de semidetalhe, elaborados por Leo et
constituída dominantemente por unidades sedimen- al. (1964), Griffon (1967), Jordan (1971), Mascarenhas
tares clásticas, incluindo grauvacas tufáceas, pelitos, et al. (1975, 1992), Mascarenhas (1976), Couto et al
arenitos, quartzitos, carbonatos e até espessos paco- (1978), Arcanjo & Couto (1978), Roig et al. (1992), Sa-
tes de formações ferríferas. baté (1991) e Topitsch (1993). Todos os autores citados
fizeram alusões à possível existência de uma estru-
A configuração estrutural dos terrenos granito-gre- tura do tipo greenstone belt no ambiente em apreço.
enstone na parte norte do Bloco Gavião reflete am-
plamente os efeitos das deformações arqueanas e pa- Com a constatação que esse greenstone representava
leoproterozoicas que atuaram sobre ele, mas também uma área interessante do ponto de vista da prospec-
exibem os efeitos das zonas de cisalhamento geradas ção mineral, inclusive com a identificação de minera-
durante a orogenia Brasiliana acontecida nos cintu- lizações de sulfetos maciços (Alvo Fazenda Coqueiro,
rões móveis mesoproterozoicos, ou seja, Faixas Rio Fig.IV.3), a partir de 1985 começou a execução pela
Preto e Riacho do Pontal (CAPÍTULO IX), ambos na CBPM do Projeto Greenstone Belt de Mundo Novo
borda norte do Cráton do São Francisco. (Souza et al. 2002). Foram reunidos dados geológicos,
petroquímicos e estruturais obtidos anteriormen-
te e integrados parcialmente as folhas 1:250.000 de
Senhor do Bonfim, Mirangaba, Jacobina, Seabra e a
Folha 1:250.000 de Serrinha (Mello et al. 1995). Isso
permitiu acrescentar ao conhecimento mais recente
informações significativas sobre as características do
greenstone belt. Levando-se em conta as observações
recentes e anteriores do projeto acima referido, pode-
-se considerar, para efeito de ordenação, a seguinte
subdivisão das litologias regionais interessando ao

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Figura IV.3 – Mapa geológico regional visualizando o Greenstone Belt Mundo Novo e parte do Grupo Jacobina com destaque para o Alvo
Fazenda Coqueiro, mineralizado em sulfetos. Estão também localizadas as minas de ouro de Jacobina (Bloco Gavião parte norte) e da
Fazenda Brasileiro (Bloco Serrinha) (Simplificado de Souza et al. 2002).

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Greenstone Belt de Mundo Novo, semelhantemente configuram uma faixa em forma aproximada de anzol
ao que fez Souza et al. (2002). com concavidade para sul (Mello et al. 1993). Nessa
faixa predominam amplamente os termos anfibolíti-
3.1.1 Embasamento cos cuja paragênese mineral (plagioclásio, hornblen-
da, quartzo, titanita, epidoto) indica atuação de meta-
Embora com incertezas, os domos gnáissico-mig- morfismo regional na fácies anfibolito sobre protólitos
matíticos com características TTG do Complexo Mairi ortoderivados. Nela a geoquímica de elementos-traço
(Bloco Gavião Parte Norte) (CAPÍTULO III) podem ser e elementos Terras Raras (ETR) confirmam a ortoderi-
considerados como embasamento desse greenstone vação, caracterizando esses anfibolitos como basaltos
belt. São estruturas dômicas bimodais tonalítico-tron- de assoalho oceânico (MORB). De maneira idêntica,
dhjemítico-granodioríticas e dioritico-gabroicas, que foram caracterizados alguns metaultramafitos que
ocorrem em toda a extensão da área, condicionando constituem outros corpos menores não diferenciados.
a sequência vulcanossedimentar do greenstone. Elas Na Folha Jacobina os autores citados descrevem me-
são mais expressivas na faixa oriental do greensto- tabasitos e metaultrabasitos sob a forma de corpos
ne belt, na região de Saúde, entre Várzea Grande e a lenticulares no âmbito dos TTG da região de Miguel
estrada Capim Grosso-Jacobina, onde se encontram Calmon-Jacobina. Na região de Bagres, a nordeste
injetadas pelo Granito de Cachoeira Grande. Essas es- de Miguel Calmon, hornblenda dioritos estão inten-
truturas, todas na fácies anfibolito, ocorrem também a samente silicificados e com forte bandamento milo-
leste de Mundo Novo e na região de Ruy Barbosa onde nítico, constituindo morrotes de pseudo-itabiritos.
contêm porções não completamente assimiladas de Essas rochas associam-se a gnaisses calcissilicáticos,
charnoenderbitos do Complexo Caraíba, situado na a biotita gnaisses félsicos, a verdadeiros BIF e a me-
parte norte do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá taultrabasitos, estes contendo essencialmente talco
(CAPÍTULO III). Nos mapas da figura IV.4 é apresen- e clorita (Fig.IV.4, IV.5). Na folha Serrinha, região de
tado o Greestone Belt Mundo Novo com detalhes da Várzea do Poço, em contato tectônico com monzo-
geologia do Alvo Fazenda Coqueiro embora não tenha granitos, quartzossienito e granodioritos, aflora uma
sido possível separar as sequências litológicas inferior, associação, da base para o topo, de rochas ultramá-
média e superior como descritas a seguir. ficas hornblendíticas, anfibolitos, calcissilicáticas, for-
mações ferríferas e metacherts. Na folha Senhor do
3.1.2 Sequência Inferior Bonfim, região de Saúde, ocorrem rochas ultramáficas
dobradas e recristaslizadas, em duas situações distin-
A Sequência Inferior está representada por litologias tas: a primeira, na base dos quartzitos que sustentam
máfico-ultramáficas da região de afloramento do a Serra do Cantagalo; a segunda na base da sequência
Complexo Saúde, de rochas ultramáficas do Grupo vulcanossedimentar de Brejo dos Paulos, aflorante na
Jacobina, além do sill máfico-ultramáfico de Campo estrada que leva a Caldeirão Grande, às margens do
Formoso e Socotó, encaixados no setor norte do Blo- Rio das Pedras e a sul do povoado de Jenipapo. Nessa
co Gavião. As rochas aflorantes na região do Comple- última situação o corpo ultramáfico apresenta níveis
xo Saúde e do setor norte do Bloco Gavião, de modo de cromitito que foram pesquisados por sondagem
geral, são descritas na Folha 1:250.000 de Senhor do pela Ferbasa-Ferro Ligas da Bahia S.A. (José Viana,
Bonfim como serpentinitos e talco-clorita xistos; na comunicação verbal, 1996). As rochas ultramáficas
Folha Serrinha (Mello et al. 1993) como metabasitos e são muito deformadas e recristalizadas em grau me-
metaultrabasitos, compreendendo uma variedade de tamórfico baixo a moderado para tremolititos e meta-
tipos litológicos desde serpentinitos a rochas gabroi- peridotitos, mas em parte preservam as texturas íg-
cas. A leste/nordeste de Mundo Novo os metabasitos neas originais (Fróes & Mascarenhas 1996). Do ponto

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Figura IV.4 - Mapa geológico simplificado do Greenstone Belt Mundo Novo e mapa geológico de detalhe do Alvo Fazenda Coqueiro
(Segundo Souza et al. 2002)

de vista geoquímico as rochas ultramáficas analisa- e Cr (1.868–5.003ppm), encontrando-se os valores


das de Saúde exibem teores de SiO2 (41,9-47%), Al2O3 máximos destes dois elementos no peridotito, com a
(4,8–7,8%) e TiO2 (0,15–0,35%), altos teores de MgO acumulação, respectivamente, de olivina e cromita. Os
(21,4–30,2%) e álcalis muito baixos, por vezes no limi- tremolititos, independentemente da textura, possuem
te de detecção do método analítico. Exibem também valores litogeoquímicos muito próximos entre si. Os
teores altos, porém variados, de Ni (558–1776 ppm) padrões de elementos Terras Raras (ETR) normaliza-

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dos para condrito, para todas as rochas ultramáficas providos dessas estruturas em Palmeirinhas e a sul
são muito similares, apesar das variações texturais e do corte da estrada Baixa Grande-Mundo Novo, a cer-
composicionais. Todos exibem enriquecimento de ele- ca de 1km a leste desta última cidade (Souza et al.
mentos Terras Raras leves, de 10 a 30 vezes o condri- 2002). Neste último caso, os derrames basálticos (2
to, leve depleção de európio e elementos Terras Raras a 3 ciclos com 3 a 4m de espessura cada) são sobre-
pesados, distribuídos em curvas horizontalizadas com postos por 30 a 40cm de metachert gossânico. Local-
valores muito próximos, de 2 a 3 vezes superiores aos mente apresentam texturas amigdaloidal e variolíti-
do condrito. Este enriquecimento em elementos Terras ca. A presença de hiperstênio e quartzo normativos, e
Raras leves pode ser consequência de metassomatis- a química compatível com a dos toleiítos apresentada
mo induzido por alteração hidrotermal, ou ainda, re- em diversos diagramas discriminantes, indica caráter
sultado da contaminação do magma durante sua co- toleiítico do magma original. Em relação aos elemen-
locação (Fróes & Mascarenhas 1996). Embora a área tos Terras Raras, a química desses basaltos se enqua-
não tenha sido estudada com detalhes, as amostras dra no padrão próximo do campo de toleiítos de back
analisadas caracterizam a existência de lavas e produ- arc ou MORB enriquecido, muito embora se note um
tos cumuláticos ultramáficos. Os seus valores geoquí- leve enriquecimento em elementos Terras Raras leves
micos enquadram-se naqueles propostos por Arndt & e uma depleção em elementos Terras Raras pesados
Nesbitt (1982) para komatiítos associados a greensto- em relação a esse padrão. Este fato, aliado ao enri-
ne belts arqueanos. A similaridade dos valores geo- quecimento em Rb, pode ser explicado pelos proces-
químicos aqui discutidos com aqueles apresentados sos metassomáticos e/ou hidrotermais (cloritização
por Topitsch (1993) reafirma a presença, a leste de de hornblenda e saussuritização de plagioclásio) ob-
Saúde, de litologias ultramáficas komatiíticas efusivas servados nessas rochas (Souza et al. 2002).
e cumuláticas (Fróes & Mascarenhas 1996). As rochas
ultramáficas associadas ao Grupo Jacobina foram in- Na sequência média estão incluídas também rochas
terpretadas por Mascarenhas & Silva (1994), como fa- vulcânicas félsicas e sedimentares que correspondem
tias ou escamas tectônicas embutidas em thrust faults basicamente, à unidade Mundo Novo (Loureiro 1991),
nas formações Serra do Córrego, Rio do Ouro, Serra da cujas seções–tipo ocorrem nos cortes das estradas
Paciência e no contato Rio do Ouro-Cruz das Almas Mundo Novo-Morro do Chapéu e Mundo Novo-Piriti-
(stricto sensu) sendo parte constituinte da porção ba- ba em antiformes e sinformes, abertas a leste e aper-
sal do greenstone belt. Segundo Topitsch (1993) elas tadas a oeste, representados por dacitos, riodacitos e
seriam pertencentes ao que esses autor denominou de riolitos porfiríticos, tufos, piroclásticas e aglomerados
Greenstone Belt de Jacobina, sendo intercaladas tec- vulcânicos, além de xistos aluminosos com andaluzi-
tonicamente, formando muitas vezes estreitos vales. ta e estaurolita, ritmitos, grauvacas, metacherts e se-
Relictos de textura spinifex não foram encontrados em dimentos exalativos (formações ferríferas bandadas
lâminas delgadas. e manganesíferas). As metavulcânicas félsicas mos-
tram textura porfirítica, e localmente amigdaloidais,
3.1.3 Sequência Média sendo de natureza calcialcalina (Fig.IV.6).

A Sequência Média, vulcânico-máfica, compreende 3.1.4 Sequência Superior


metabasaltos com pillow lavas que ocorrem a norte
de Pindobaçu (Roig et al. 1992), na Fazenda Sonhém A Sequência Superior é caracterizada pelas litologias
a norte de Ruy Barbosa (Mascarenhas et al. 1992), e componentes da Unidade Itapura, parte da Unidade
no corte da estrada Mundo Novo-Morro do Chapéu Mundo Novo e o Complexo Saúde (Loureiro 1991). A
(Souza et al. 2002). Também aparecem basaltos des- Unidade Itapura foi definida como estritamente sedi-

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Figura IV.5 – Seção geológica com o sinclinorium da Fazenda Coqueiro mostrando nessa parte a estratigrafia do greenstone belt, tanto das
rochas metamórficas existentes como seus possíveis protólitos encontrados nas sondagens (Segundo Cunha et al. 2000).

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mentar, o que levou os últimos autores a distingui-
-la da Unidade Mundo Novo, sendo composta de
quartzo-mica xistos, quartzitos, metaconglomerados
subordinados, além de filitos manganesíferos e meta-
basitos intrusivos (Fig.IV.7). Nas imediações de Itapu-
ra a unidade é hospedeira de mineralizações de barita
e manganês.

A Unidade Mundo Novo designa uma sequência vul-


canossedimentar constituída por rochas vulcânicas
intermediárias predominantes, com intercalações de
metassedimentos psamíticos, pelíticos e químico-
-exalativos, tendo suas melhores exposições na re-
gião da cidade homônima, ao longo das rodovias que
ligam a sede municipal às localidades de Morro do
Chapéu e Piritiba (Loureiro 1991). Esta unidade borde-
ja o Grupo Jacobina em parte da extensão oriental da
serra homônima, estendendo-se para sul até próximo
à cidade de Ruy Barbosa, local em que uma fração
da unidade é preservada tectonicamente em meio a
gnaisses kinzigíticos e TTG. As rochas pertencentes,
Fig.IV.6 – Foto de um metadacito do Greenstone Belt Mundo Novo, originalmente, ao Complexo Saúde foram descritas
datado por Peucat et al. (2002).
por Couto et al. (1978) e são caracterizadas por uma
associação litológica, composta de biotita gnaisses,
granada leptitos, quartzitos, metaconglomerados,
quartzo-sericita xistos, cianita xistos e tremolita-clo-
rita xistos. Morfologicamente apresenta um relevo
suave, salientando-se cristas de quartzitos.

3.1.5 Estruturas e Metamorfismo

Mascarenhas & Silva (1994) e Souza et al. (1996) reco-


nhecem a existência de três fases principais de defor-
mação no greenstone belt, sendo que apenas as duas
últimas afetaram o Grupo Jacobina. O Complexo Mairi
e o greenstone belt foram submetidos, inicialmente, a
um processo de deformação “deitada” com tendência
ao paralelismo das foliações So e S1 (plano axial).

Movimentos iniciais norte-sul, seguidos da predomi-


nância dos movimentos de leste para oeste, foram
Fig.IV.7 – Foto de metassedimentos da Sequência Superior do responsáveis pela formação de domos, bacias, laços
Greenstone Belt Mundo Novo. e bumerangues, além de dobras intrafoliais e estira-

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mento mineral tipo Lx, direcionados principalmente Ainda, os autores supracitados, alegam também que
este-oeste. A deformação atingindo o seu pico oca- as temperaturas crescentes para sul são evidenciadas
sionou o aparecimento de zonas de cisalhamento pela mudança nas cores entre as áreas de Cruz das
de direção geral meridional e dobramentos normais Almas e Itaitu, de marrom-oliva na primeira área,
abertos a localmente isoclinais. A esta segunda fase para vermelho-amarronzado e vermelho-laranja, na
foi superimposta por uma terceira que deformou segunda área, assim como na Formação Bananeira
compressivamente o Grupo Jacobina, desenvolven- no sul da cadeia de Jacobina.
do escamas tectônicas em escala regional, quando
foram encaixadas na base das escamas, as rochas Na região de Sítio do Meio a oeste de Juacema, Mas-
ultramáficas komatiíticas do greenstone belt, que carenhas (1969) definiu paragêneses a andaluzita,
progressivamente foram dobradas juntamente com cianita e silimanita fibrolítica nas formações Serra do
os metassedimentos, produzindo as macrodobras da Meio e Cruz das Almas. A fragmentação de cristais de
região da Serra da Paciência, da antiforme de Carnaí- andaluzita e cianita nesta área, e de andaluzita em
ba, de Sapucaia e da antiforme de Campestre, a oeste Pindobaçu demonstram também cristalização ante-
do povoado de Bananeira. rior à última fase de deformação.

Os movimentos diferenciais ocorridos nessa fase cer- Entretanto, segundo Mascarenhas (1969), existem ro-
tamente foram responsáveis pelo cavalgamento dos sáceas de cianita em foliação de quartzitos xistosos na
xistos ferruginosos e manganesíferos da Formação Formação Sítio do Meio, com cristais que alcançam até
Mundo Novo do greenstone sobre o Grupo Jacobina 3cm, perfeitamente preservados. A norte do vilarejo de
na região da Sinforme de Sapucaia e em toda a borda Sítio do Meio, região de Boqueirão, uma apófise gra-
oriental da serra. Nesses movimentos predominaram nítica porfitítica apresenta metamorfismo de contato
processos de transpressões sinistrais que movimen- nos xistos Cruz das Almas, com crescimento de grana-
taram falhamentos pré-existentes e desenvolveram da sintectônica e biotita em moscovita-clorita-quartzo
zonas de cisalhamento, e falhamentos oblíquos, que xistos fato que pode vir a corroborar a hipótese de Leo
foram preenchidos por rochas gabroicas e fragmen- et al. (1964) sobre a influência do metamorfismo de
taram o Grupo Jacobina em blocos, localmente com contato na mineralogia da Serra de Jacobina.
movimento en échellon.
Para satisfazer a necessidade de explicar o tipo de
Leo et al. (1964), baseados nos agrupamentos minerais metamorfismo ocorrido na Serra de Jacobina, Mas-
observados principalmente nos xistos pelíticos da For- carenhas (1969) admitiu a presença de um metamor-
mação Cruz das Almas (lato sensu), chamaram atenção fismo regional Barrowiano, ao qual foi superimposto
para as diferenças texturais e mineralógicas naquelas um metamorfismo termal, em função da colocação
rochas, entre as partes sul e norte da área mapeada dos granitos mais jovens. Por outro lado, como soe
pelos autores, importando em significativas mudanças ocorrer ao longo da sua extensão, sob os metassedi-
metamórficas. Das várias reações minerais descritas, mentos do Grupo Jacobina, existe também aumento
as mais gerais e consistentes são aquelas que envol- do grau metamórfico interessando o greenstone belt
vem: (i) a decomposição de estaurolita e biotita para desde Ruy Barbosa para sul. Neste trecho, o greens-
formar cordierita, possívelmente, granada, e (ii) a con- tone belt é excaixado entre os ortognaisses, gnaisses
versão de andaluzita e biotita para silimanita. Ambas e migmatitos do Complexo Mairi, apresentando fácies
reações podem ser consideradas como indicativas de metamórfica granulítica (Moraes & Cruz 1994), que
um aumento de temperatura e são descritas nas partes decresce para norte à fácies anfibolito alto (Melo et al
interiores das auréolas de contato (CAPÍTULO VI). 1991, Souza et al. 1996).

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Esses processos certamente foram responsáveis pela ppm) e Ni (500 a 2.000ppm), com baixo TiO2 (0,1 a
geração de enormes quantidades de fluidos hidroter- 0,35%), os quais podem representar principalmente
mais, responsáveis pela reconcentração de ouro ao rochas hipoabissais formadas em espessos derrames
longo do Grupo Jacobina (Mascarenhas & Silva 1994), de lava, tendo como magma parental komatiíto pe-
mas principalmente em sua metade sul, onde as tem- ridotítico ou komatiíto basáltico e, (ii) o outro grupo,
peraturas, de modo geral, parece terem sido maiores. formado por equivalentes metamórficos de basalto
de alto magnésio e toleiítos, que, ao menos em parte,
Segundo Cunha (2000), o metamorfismo na área da são mais jovens que os do primeiro grupo. Eles são
Fazenda Coqueiro, imediatamente a sul de Mundo caracterizados por Cr elevado (300 a 700ppm) e baixo
Novo, pode ser deduzido das associações minerais a médio TiO2 (>1%) e P2O5.
nas rochas máficas, félsicas e pelíticas, nos limites da
associação xisto verde-anfibolito, com as seguintes Com relação à Sequência Média, as poucas amostras
interpretações dos protólitos: (i) quartzo-biotita-pla- analisadas (dacitos) exibem valores de sílica em tor-
gioclásio xisto = riodacito não alterado; (ii) quartzo- no de 79% de Al2O3, TiO2 baixo, entre 0,15 e 0,17% e
-sericita (pirita) xisto = litologia argilítica-vulcânica ainda baixos valores de MgO e de CaO. Já os álcalis
félsica alterada; (iii) xistos a cordieita e granada = mostram teores mais elevados sendo evidenciados
sedimentos aluminosos possívelmente com caracte- pela presença de K-feldspato nestas rochas. Isto vem
rísticas exalativas; (iv) hornblenda-plagioclásio anfi- a ser corroborado por altos valores de Ba e de Rb,
bolito = vulcânica máfica; (v) supracrustal cordieríti- principalmente nas amostras de dacito, indicando a
ca (±flogopítica) = vulcânicas máficas alteradas; (vi) presença maior de uma fase fluida nesta rocha. As
veios sulfetados de flogopita com quartzo no topo = vulcânicas dacíticas exibem valores elevados de ele-
zonas alimentadoras da encaixante basal. mentos Terras Raras, num todo, com enriquecimento
tanto nos ETR leves como nos ETR pesados. Estes da-
3.1.6 Intrusivas Pós-Tectônicas dos possívelmente são reflexo de contaminação crus-
tal, ou ainda, da atuação de processos hidrotermais
Corpos granitoides de feições diversas foram definidos e/ou metassomáticos na formação dessas rochas. A
por Sabaté et al. (1990) e ocorrem na região, mais es- ausência de anomalia positiva de európio reforça a
pecificamente nas proximidades de Campo Formoso, hipótese de contaminação crustal ou metassomatis-
Flamengo, Jaguarari e Carnaíba (CAPÍTULO V), entre mo potássico que diluiria a presença de plagioclásio e
outros, considerados por esses autores como do tipo consequentemente do európio (Souza et al. 2002)
“I”. Estes corpos formam, junto a outros corpos mais
a sul, um alinhamento que foi definido pelos mesmos 3.1.8 Dados geocronológicos
autores como fazendo parte do Lineamento Tectônico
Jacobina/Contendas-Mirante, marcando uma linha Dados geocronológicos mais recentes foram obtidos
de limite entre os Blocos do Gavião e Jequié (CAPÍ- por Peucat et al. (2002) em rochas porfiríticas meta-
TULO VI). dacíticas do Greenstone Belt Mundo Novo (Fazenda
Coqueiro) e em um gnaisse granodiorítico do Comple-
3.1.7 Dados Litogeoquímicos xo Mairi (Bloco Gavião Parte Norte) localizado entre
o greenstone e os terrenos granulíticos do Cinturão
Segundo Topitsch (1993) do ponto de vista geoquími- Itabuna-Salvador-Curaçá.
co, na sequência basal desse greenstone belt podem
ser distinguidos: (i) um grupo ultramáfico mostrando Nas discussões e conclusões do trabalho de Peucat et
altos valores de MgO (25 a 38%), Cr (3.000 a 11.000 al. (2002), assim se expressam os autores referencia-

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dos: “a idade U-Pb SHRIMP em zircão de 3.305±9Ma Os trabalhos de pesquisa realizados por Roig et al.
para a rocha metavulcânica félsica (metadacito) do (1992) levaram sondagens no local mas os resultados
Greenstone Belt Mundo Novo é intrepretada como não foram animadores. Em Mundo Novo, valores de
representando um estágio magmático juvenil”. Esta ouro (0,30 a 0,60 g/t) foram obtidos em pesquisa rea-
idade provavelmente define a formação desse gre- lizada pela Unigeo Ltda. em associação com sulfetos
enstone é assumida situar-se na mesma categoria de metais-base (Castro 1986).
que os metabasaltos, BIF, cherts, e outras rochas
associadas. Para leste do greenstone belt, um gnais- Com relação aos sulfetos de metais-base, as pesquisa
se granodiorítico pertencente ao Complexo de Mai- executadas pela UNIGEO (Castro 1986), que culmina-
ri (Bloco Gavião Parte Norte), forneceu uma idade ram com sondagem rotativa em metacherts gossâni-
arqueana que é ligeiramente mais jovem do que o cos sobrepostos a lavas intermediárias a ácidas, com
vulcanisno félsico de Mundo Novo. Estes gnaisses de intercalações de xistos e metabasaltos anfibolitiza-
Mairi são similares em idade com alguns gnaisses do dos, tiveram êxito na detecção de mineralizações de
Bloco Gavião mais a oeste (Santos Pinto et al. 1998) zinco (até 8.950ppm) e de chumbo (até 1.650ppm).
(CAPÍTULOS III, V). A partir do ponto de vista geocro-
nológico, estabelece-se a existência de três grandes No que diz respeito à barita (considerada no CAPÍTU-
unidades na região: o greenstone belt com aproxima- LO VI como pertencente ao Grupo Jacobina) apenas
damente 3,3Ga, os gnaisses a leste de Mairi com 3,0 um jazimento está cadastrado, sendo conhecido como
a 3,2Ga, e a idade da bacia sedimentar do Grupo Ja- Mina de Itapura, a leste do domínio fisiográfico da
cobina (CAPÍTULO VI) de 2,1Ga. O granito de Miguel Serra de Jacobina, Município de Miguel Calmon. Tra-
Calmon, o ortognaisse de Areia Branca e o sienito a ta-se de uma concessão desde 1968 da ENGEMINAS-
norte de Macajuba forneceram idade de 2,1Ga pelo -Empresa Geral de Mineração Ltda (Grupo Ipiranga).
método Rb/Sr. Idades de outros granitoides da região Esse jazimento de barita da região de Itapura foi des-
constam no CAPÍTULO V. crito por Couto et al. (1978) como sendo de caráter
epigenético-hidrotermal. Esses autores referem-se
3.1.9 Recursos Minerais à existência de uma zona de salbanda com espes-
sura de 10 a 20cm, marcando o contato entre o veio
Ao Greenstone Belt Mundo Novo são relacionados mi- de barita e os quartzitos encaixantes. Loureiro (1991)
neralizações e indícios de mineralizações de ouro, de admitiu uma fonte vulcanogênica para o bário e, por
sulfetos de metais-base, de barita, manganês e zinco. conseguinte, a formação de mineralizações original-
mente do tipo estratiforme (singenético-diagenético,
No caso do ouro, apenas uma mineralização é co- de natureza químico-exalativa). O minério apresenta
nhecida em zona de cisalhamento, na denominada as seguintes especificações: teores entre 86% e 95%
Mina Nova de Pindobaçu, imediatamente a oeste da de BaSO4 e densidade média de 4,18. A produção que
cidade homônima e que chegou a ser pesquisada por era inicialmente de 6.000t/ano situava-se em torno
sondagem rotativa (Relatório Interno, CBPM 1993). O de 30.000t/ano em 1991 (Loureiro 1991). As reservas
ouro associado a sulfetos com pequena percentagem inicialmente aprovadas pelo DNPM (1963) eram de
de cobre é do tipo remobilizado em zona de cisalha- 1.437.500t de barita, porém quando de sua reavalia-
mento, em quartzito da Sequência Superior, ladeado ção, em 1983, somavam apenas 624.425t.
a oeste por formações ferríferas bandadas e filitos
(Mascarenhas et al. 1996). A norte desta área, na re- Quanto ao manganês (considerado no CAPÍTULO VI
gião a sul do povoado de Bananeira, foram detectados como pertencente ao Grupo Jacobina), por ter sido
por Roig et al. (1992) metabasaltos com pillow lavas. um minério amplamente explotado no contexto da

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sequência vulcanossedimentar do Greenstone Belt tromagnético no Domínio do Tempo) indicam que a
Mundo Novo (Complexo Itapicuru de Couto et al. mineralização continua ao longo da inclinação no
1978), merece referência, conquanto nenhuma jazida mínimo por mais 200m. Pesquisas preliminares em
se ache em explotação. Apesar da mina ser conside- outros três alvos prioritários foram realizadas em
rada exaurida, podem ainda ser observados bolsões anomalias similares com uma interceptação de sul-
irregulares, de pequenas dimensões, caracteriza- feto em idêntica situação estratigráfica que a da Fa-
dos por minério de baixo teor. Loureiro (1991) des- zenda Coqueiro. Os quatro alvos investigados definem
creve esse manganês de Itapura como formado por um fértil intervalo estratigráfico com no mínimo 6km
concentração supergênica, a partir do protominério ao longo da direção. Os dados das descobertas dos
representado por filitos manganesíferos intemperi- levantamentos aerogeofísicos sugerem que existe a
zados. A esses filitos que no local tinham largura de necessidade de exploração ao longo de 30km ao lon-
25m, associavam-se níveis de quartzito fino. O corpo go da direção do greenstone belt. A maioria dos alvos
de minério mais importante tinha espessura média de geofísicos situam-se dentro desse intervalo fértil.
1m. O início da atividade de lavra data de 1960. Até
1963 essa lavra consistia na cata de minério rolado
de excelente qualidade, existente na meia encosta e NEOARQUEANO
sopé da elevação, esta com cerca de 30m de altura,
onde se localizava o jazimento. As reservas de miné- 3.2 Greenstone Belt Lagoa do Alegre
rio, calculadas quando da reavaliação do depósito,
após o início da lavra, somavam 20.000t de reserva O greenstone belt Lagoa do Alegre (Fig.IV.1, IV.2) é
medida e 35.000t de reserva indicada, com teor su- uma unidade vulcanossedimentar que aflora no nor-
perior a 35% de manganês. Já as reservas originais, te da Bahia, nas adjacências do povoado de Lagoa
aprovadas pelo DNPM-Departamento Nacional da do Alegre, município de Casa Nova, formando faixas
Produção Mineral quando da concessão da lavra, em retilíneas a irregulares, paralelizadas, orientadas no
1967, somavam 186.000t de minério (Loureiro 1991). sentido NE-SW, com extensões ao longo do strike va-
riando de 4 a 62km.
Com relação ao zinco, durante a exploração geológica
do Greenstone Belt de Mundo Novo, com a execução Ao elaborar a integração dos dados geológicos e me-
de mapeamento geológico, levantamento aerogeofí- talogenéticos previsionais da Folha Petrolina, na es-
sico e geoquímico, a CBPM identificou 65 alvos anô- cala 1:250.000, que engloba parte da região norte do
malos para investigação de semidetalhe e detalhe, Estado da Bahia e pequenas frações do oeste de Per-
dos quais, na região de Fazenda Coqueiro, imediata- nambuco e sudeste do Piauí, Angelim (1997) definiu
mente a sul da cidade homônima, foi descoberto um uma sequência vulcanossedimentar que denominou
novo depósito de sulfeto maciço de zinco, hospeda- de Complexo Lagoa do Alegre, subdividindo-o em
do em rochas vulcânicas (Cunha et al. 2000a). Este duas unidades, sem conotação cronoestratigráfica: a
depósito tem indicações de dimensões baseadas em Unidade Macambira, constituída por uma sequência
29 poços de sondagem de 400m ao longo da direção, vulcanossedimentar químico-exalativa, e a Unidade
acima de 300m de profundidade e espessura de 8m. Minadorzinho eminentemente metassedimentar.
Isso parece ocorrer em uma dobra apertada, de ma-
neira que a mineralização é repetida e tem um teor Com respeito à evolução geológica dos terrenos em
médio aritmético de 6,2% zinco e 35gpt (grama por consideração, admite-se, como elementos funda-
tonelada) de prata (Cunha et al. 2000a). Dados do mentais, as hipóteses elaboradas por Angelim (1997),
levantamento Sirotem (Equipamento Geofísico Ele- como seguem: os gnaisses bandados com faixas me-

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a
sossomáticas de composição tonalítica/granodioríti-
ca podem representar a crosta primordial, e as sequ-
ências metassedimentares e metavulcanossedimen-
tares que ocorrem intimamente associadas seriam
remanescentes de greenstones belts primitivos. Esta
associação de gnaisses tonalíticos granodioríticos le-
vou Tarney et al. (1976) e Windley (1984) a comparar
a evolução desses tipos de terrenos a margens con-
tinentais do tipo andino com subducção e formação
de bacias de back-arc, dando origem aos tonalitos e
às rochas verdes, explicando, inclusive os clásticos
grossos que formariam as margens das bacias de
retro-arco que, por sua vez, preservariam vulcânicas
b
com afinidades toleiíticas, como explicitado na figura
3.2 de Angelim. A evolução contínua do processo na
margem ativa ensejaria a formação desde tonalitos
até os granitos potássicos.

Assumindo essas litologias presentes em Lagoa do


Alegre como pertencentes a um greenstone belt ad-
mite-se a presença de duas sequências principais:
uma inferior (Unidade Macambira) e outra superior
(Unidade Minadorzinho). Na inferior existem komati-
ítos, recentemente descobertos pela CBPM. As fotos
da figura IV-8 mostram duas importantes elevações
que se destacam nos terrenos desse greenstone. Figura IV.8 – a. Visão do Morro Testa Branca e
b. Morro Carlota-Tuiuiu.

3.2.1 Sequência Inferior


e quartzitos, produzindo solo argilo-arenoso de co-
Conforme trabalhos anteriores, a Unidade Macambira loração avermelhada a castanho-escuro. Predomina
ocorre em pequenas áreas no quadrante noroeste da nesta seção uma associação litológica indivisa de me-
Folha Petrolina, confinada por duas marcantes zonas tamáficas e metaultramáficas, talco xistos, silexitos,
de cisalhamento transcorrente de direção NNE-SSW metacherts, formações ferríferas bandadas, mica xis-
e em um pequeno corpo na região centro-norte des- tos, paragnaisses e lâminas de leucogranitoides, com
sa folha. Seus litótipos, em grande parte, estão dis- registros localizados de metacarbonatos e calcissili-
persos em fragmentos de dimensões centimétricas a cáticas.
quilométricas como enclaves transpostos e disruptos,
encaixados em ortognaisses bandados. A seção-tipo Para Angelim (1997) as rochas metamáficas e me-
ocorre a cerca de 1km a leste da Fazenda Macambira, taultramáficas possuem cor variando do verde-escu-
em cortes da rodovia BR-235. Forma um relevo su- ro ao verde-claro, de granulação média a grossa, ma-
avemente ondulado onde sobressaem cristas alon- ciças a foliadas. As primeiras são constituídas prin-
gadas de direção NNE-SSW, preferencialmente de cipalmente por hornblenda e plagioclásio, podendo
formações ferríferas bandadas (Fig.IV.9), metacherts conter diopsídio-hedenbergita e tremolita-actinolita,

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a b

Figura IV.9 – Formações ferríferas (fácies óxido) do Greenstone Belt Lagoa do Alegre.
a. Foto geral de afloramento e b. Detalhe da foto anterior.

a b

Figura IV.10 – a. Moldes de textura spinifex em meta-komatiíto (talco xisto) e


b. Detalhe da textura spinifex com placas de olivina preservadas.

a b

Figura IV.11 – Fotomicrofotografia (aumento de 2,5 vezes) mostrando as placas de olivina bem preservadas.
a. Em luz plana e b. Com nicóis cruzados.

230 • G eolog i a da B a hi a

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a
enquanto as últimas são compostas essencialmente
de tremolita-actinolita e menos comumente diopsí-
dio. Os talcoxistos possuem coloração verde-claro,
estrutura lamelar e mais raramente maciça, aspecto
sedoso, compostos essencialmente por talco, conten-
do ainda clorita e micas brancas e, por vezes, cristais
de turmalina verde. São essas rochas que apresentam
texturas spinifex sugerindo a presença de komatiítos
(Fig,IV.10, IV.11). As formações ferríferas bandadas
constituem leitos de espessuras milimétricas a cen-
timétricas, cinza-escuro, ricos em minerais de ferro
(grunerita+magnetita+hematita) que se alternam
com leitos esbranquiçados de quartzo e/ou meta-
b
chert. Os mica xistos se revestem de importância
científica pela presença de horizontes ricos em ciani-
ta. Podem associar-se ainda granada e estaurolita. Os
leucogranitoides se intrudem na sequência vulcanos-
sedimentar como lâminas concordantes, de espessu-
ras métricas.

3.2.2 Sequência Superior

Ainda segundo Angelim (1997), a Unidade Minador- Figura IV.12 – a. Afloramento deformado de metaconglomerado.
b. Metacarbonato deformado.
zinho ocorre no setor noroeste ladeando a zona prin-
cipal de afloramento da Unidade Macambira, consti-
tuindo relevo algo acidentado onde ressaltam as cris-
tas alongadas de paragnaisses e de quartzitos. Esta 3.2.3 Dados geocronológicos
unidade constitui uma associação litológica indivisa
xistosa-gnáissico-quartzítica, tendo sido individuali- De acordo com Angelim (1997), existe registro de ida-
zadas duas subunidades, segundo a predominância des geocronológicas ao redor de 3.300Ma (Santos &
do componente xistoso ou do termo gnáissico. Foram Silva Filho 1990) em granitoides, sugerindo a idade
cartografadas, ainda, lentes de paragnaisses, meta- mínima para esta parte do Cráton do São Francisco
basitos, formações ferríferas, quartzitos, metaconglo- e que pode ser correlacionada a idades semelhan-
merados e metacarbonatos (Fig.IV.12). Os mica xistos tes, identificadas na região do Cinturão Contendas-
são constituídos predominantemente por quartzo, -Mirante por Marinho (1993). As sequências metavul-
biotita e moscovita, podendo conter granada, cianita, canossedimentares dos Complexos Salitre/Barreiro
estaurolita, sericita e clorita. Os paragnaisses pos- são correlatas àquela do Complexo Lagoa do Alegre,
suem granulação fina a média, a duas micas ou so- embora tenham grau de metamorfismo mais baixo.
mente com um dos termos presentes na composição As sequências Lagoa do Alegre e Salitre/Barreiro po-
da rocha. O metamorfismo regional atingiu a fácies dem, respectivamente, constituir remanescentes dos
anfibolito médio a alto, com acentuado retrometa- greenstones primários e secundários na acepção de
morfismo para a fácies xisto verde. Glikson (1978) em razão das características dos con-

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teúdos litológicos. A presença de granitoides com ra a sudoeste da cidade de Juazeiro em duas faixas. A
idade de 2.500Ma (CAPÍTULO V) pode indicar a época mais oriental, com 33km de comprimento, denomi-
de amalgamação de diferentes blocos crustais no fim nada Faixa Salitre e a ocidental, com comprimento
do Arqueano que, desse modo, poderiam constituir máximo de 95km, denominada de Faixa Sobradinho.
uma grande plataforma. Através do tempo geológico, As rochas do Cinturão Salitre-Sobradinho foram es-
tal plataforma foi retrabalhada em diferentes even- tudadas desde a década de 60 por Kegel & Barroso
tos diastróficos e, na área, está compartimentada em (1965). Posteriormente, Leal (1970) as denominou de
fragmentos crustais quase preservados em zonas re- “Xistos Salitre.” No ano seguinte Söfner (1971) intro-
trabalhadas. Sobre esta plataforma depositaram-se duziu a denominação “Série Baixo Salitre” para as
as rochas do Grupo Colomi que poderiam constituir- mesmas rochas.
-se nos equivalentes plataformais da parte norte do
Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá, existente a leste A disposição isolada das duas faixas do Cinturão Sa-
da área aqui tratada e considerada de idade paleo- litre-Sobradinho separadas por intervalo médio de
proterozoica (CAPÍTULO III). Com efeito, a associação 25km é apenas aparente, porque há indicações de que
de formações ferríferas do tipo Lago Superior com possam estar conectadas através de suas extremida-
carbonatos, entre os quais magnesita, é, segundo Sa- des sul, cujas projeções estão encobertas discordan-
lop (1977), típica do intervalo de tempo entre 2.500 e temente pelas rochas sedimentares proterozoicos da
2.300Ma, fato já admitido por Dalton de Souza et al. Chapada Diamantina (CAPÍTULO VIII) e pelos depósi-
(1979). tos de tálus de sua escarpa sentetrional.

3.2.4 Recursos Minerais A faixa oriental, com 33km de comprimento, denomi-


nada Faixa Salitre, aflora no vale do rio homônimo e
Segundo Cunha et al. (2008), as ocorrências de miné- do seu afluente, o Riacho Batateira, com direção me-
rio de ferro ligadas às formações ferríferas do Com- ridiana, disposta entre granitos e ortognaisses tona-
plexo Lagoa do Alegre diferem daquelas do Grupo lítico-granodioríticos do embasamento e a escarpa
Colomi (CAPÍTULO III) por conterem essencialmente, setentrional da Chapada Diamantina (CAPÍTULO VIII).
grunerita e magnetita na sua composição mineral. As A sua projeção norte acha-se encoberta pelos sedi-
análises químicas de sete amostras das formações mentos dos terraços aluvionares do Rio São Francisco
ferríferas, realizadas pela CPRM, revelaram teores e, parcela considerável de sua superfície, está oculta
de ferro variando entre 21,36 e 33,32% e de P205 en- sob a cobertura de terraços aluvionares da bacia do
tre 0,1 e 0,4%. Para os principais corpos de formações Rio Salitre e da cobertura quaternária do calcário Ca-
ferríferas da sequência vulcanossedimentar Lagoa atinga (Barbosa & Dominguez 1960).
do Alegre, a CPRM inferiu um potencial na área para
minério de ferro (do tipo Algoma) da ordem de 128 A faixa ocidental, denominada faixa Sobradinho, está
milhões de metros cúbicos ou 422,4 milhões de to- exposta por uma extensão de 95km ao longo do stri-
neladas. ke, com orientação NE-SE, entre gnaisses e granitos e
também no sopé da escarpa setentrional da Chapada
Diamantina. Sua projeção sul toma a direção leste,
3.3 Greenstone Belt Salitre-Sobradinho seguindo por uma extensão aproximada de 21km, pa-
ralela ao contorno da borda norte da Chapada Dia-
O Cinturão Salitre-Sobradinho está situado no norte mantina, sendo a partir daí encoberta pelos depósitos
da Bahia, na região do lago da represa hidrelétrica do de tálus da escarpa da referida Chapada (CAPÍTULO
Sobradinho, no Rio São Francisco (Fig.IV.1, IV.2). Aflo- VIII).

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Figura IV.13 – Aspectos do Greenstone Belt Salitre-Sobradinho.

A natureza vulcanossedimentar do Cinturão Salitre- uma ordenação litoestratigráfica dividida em duas


-Sobradinho com estrutura comparável a greens- unidades: uma inferior, dominantemente vulcânica e
tone belts arqueanos foi inicialmente reconhecida outra superior, essencialmente sedimentar (Fig.IV.13,
por Mascarenhas (1976) e ratificada em seguida por IV.14).
Dalton de Souza et al. (1979). Estas afirmações foram
posteriormente corroboradas por Dalton de Souza & 3.3.1 Sequência Inferior
Teixeira (1981), Ribeiro (1984), Brito et al. (1985), Bri-
to (1987), Ribeiro & Silva (1998), Ribeiro et al. (1993), A Unidade Inferior foi descrita por Dalton de Souza
e Silva & Cunha (1999), através de trabalhos desen- & Teixeira (1981) como sendo constituída por uma
volvidos no âmbito da faixa oriental do Cinturão Rio sucessão de subunidades que, de oeste para leste,
Salitre-Sobradinho. começa com a subunidade de quartzitos basais su-
cedida pela subunidade de metabasitos e tremolititos
A faixa oriental do Greenstone Belt Salitre-Sobradi- inferiores, subunidade de metabasitos e gnaisses in-
nho, referida acima como faixa Salitre, foi mapeada termediários, passando pela subunidade de metaba-
e investigada em detalhe por Dalton de Souza & Tei- sitos mais acima na estratigrafia, representados por
xeira (1981), durante o Projeto Rio Salitre desenvol- metavulcânicas máficas e ultramáficas, com diversos
vido pela CPRM. Após a conclusão deste projeto, os níveis de sílex de cor cinza e filitos grafitosos. Esses
referidos autores consideraram esta faixa equivalente autores observaram que o topo desta última subuni-
a uma sequência vulcanossedimentar de baixo grau dade é marcado por um nível de sílex piritoso e lentes
metamórfico, comparável a um greenstone belt com de quartzito branco (originalmente chert) (Fig.IV.15).

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Figura IV.14 – Mapa geológico simplificado do Greenstone Belt Salitre-Sobradinho mostrando o embasamento e as Sequências Inferior
e Superior. São destacadas também suas subunidades, além de intrusivas pós-tectônicas (Fonte: Projetos Salitre-Sobradinho e Faixa
Sobradinho, da CBPM-Companhia Baiana de Pesquisa Mineral)

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A divisão litoestratigráfica proposta por Dalton de
Souza & Teixeira (1981) para a faixa Rio Salitre foi
confirmada por Ribeiro (1984), Ribeiro et al. (1993)
e Ribeiro & Silva (1998) que estudaram detalhada-
mente os metabasitos, gnaisses intermediários e me-
tabasitos do topo da Unidade Inferior. Esses autores
consideraram que essas rochas constituíam um tí-
pico magmatismo vulcânico, representado por uma
sucessão de derrames que se finalizaram com um
evento de sedimentação vulcânico-exalativo, assim
compreendido: (i) na base, derrames de metabasal-
tos toleiíticos e komatiíticos (níveis de metabasitos
inferiores) intercalados com derrames de vulcânicas
máficas e intermediárias a félsicas (níveis intermedi-
ários de gnaisses), e (ii) no topo, uma associação de
níveis de rochas calcissilicáticas, de pelitos grafitosos
e de sílex e cherts recristalizados (quartzitos brancos),
ocasionalmente sulfetados, marcando o final do ciclo
vulcânico e início da sucessão sedimentar (Fig.IV.16).

A faixa ocidental (Faixa Sobradinho) do Cinturão Rio


Salitre-Sobradinho foi investigada pela CBPM no in-
Figura IV.15 – Rocha vulcânica félsica porfirítica do Greenstone tervalo entre 1987 e 2000, através das atividades de
Belt Salitre-Sobradinho. mapeamento geológico, estudos petroquímicos e pes-
quisa mineral dos projetos Salitre-Sobradinho (Brito
1987) e Faixa Sobradinho (Leite et al. 2000), visando
3.3.2 Sequência Superior identificar alvos e depósitos de metais-base e ouro. Os
trabalhos realizados possibilitaram que se alcanças-
A Unidade Superior, conforme descrita por Dalton de se a definição da faciologia vulcanossedimentar da
Souza & Teixeira (1981), posiciona-se a oeste da Uni- Faixa Sobradinho que Leite et al. (2000) denominou
dade Inferior, com contatos concordantes e com área de Unidade Sobradinho dividindo-a em quatro subu-
de exposição mais expressiva. Essa unidade é parcial- nidades (Fig.IV.14): (i) subunidade basal-detrítica; (ii)
mente recoberta pela Formação Tombador do Grupo subunidade tufácea basáltico-andesítica; (iii) subu-
Chapada Diamantina (Mesoproterozoico) (CAPÍTULO nidade sílico-ferruginosa e, (iv) subunidade hidroter-
VIII) e pelos depósitos de tálus de suas escarpas além mal, descritas resumidamente a seguir.
da Formação Caatinga (Quaternário). Ela é consti-
tuída por metapelitos com alternâncias de níveis de A subunidade basal detrítica ocorre nas extremidades
metagrauvaca e metarcóseo, além de lentes subor- leste e oeste da Faixa Sobradinho, sendo constituída
dinadas de quartzito e dolomito. Os metapelitos são por metarcóseos não ferruginosos de granulação fina
principalmente filitos, enquanto xistos e ardósias são a média, por filitos e metassiltitos com clorita, sericita
subordinados. e cianita.

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A subunidade sílico-ferruginosa é a de maior expres-
são superficial, ocorrendo na porção central da faixa
Sobradinho. É constituída por metacherts, metatu-
fito-cherts, formações ferríferas bandadas e filitos
ferruginosos, que se interdigitam com metarenitos
finos. Esta sucessão litológica mostra-se dobrada e
atravessada por corredores de cisalhamento, que, em
alguns locais, produzem recristalização e reconcen-
trações minerais, como nas formações ferríferas que
são transformadas em lentes de magnetititos de gra-
nulação grossa.

A subunidade hidrotermal é constituída por metatu-


fito-cherts hidrotermalizados e por clorita-quartzo
xistos, com concentrações disseminadas de sulfetos
(pirita-pirrotita) e de óxidos de ferro. Estas rochas
ocorrem na porção sul da área, em terrenos da Fa-
zenda Rolinha, como faixas contínuas a lenticulares,
com até 1800 metros de extensão e largura máxima
de 300 metros, intercaladas em metabasaltos. Nesta
subunidade foi identificado condutor eletromagnético
associado com anomalia geoquímica que investiga-
Figura IV.16 – Afloramento de rocha metabasáltica almofadada do do com sondagem revelou uma seção de 130 metros
Greenstone Belt Salitre-Sobradinho
contendo teores de ouro variando de 0,1 a 0,35 gra-
mas por tonelada.
A subunidade tufácea basáltico-andesítica está ex-
posta nos setores norte e sul da Faixa Sobradinho, A configuração estrutural do Cinturão Rio Salitre-
exibindo, em cada um deles, dois níveis descontínuos -Sobradinho, principalmente da sua Faixa Rio Salitre,
e transpostos. É constituída por derrames basáltico- é predominantemente resultante das deformações
-andesíticos a dacíticos e por termos tufáceos. Os der- e intrusões graníticas acontecidas durante eventos
rames basálticos a andesíticos mostram-se fortemen- tectônicos arqueanos e/ou paleoproterozoicos, mas
te hidrotermalizados, às vezes almofadados e/ou com também, em menor grau pela atuação da orogenia
raras amídalas preenchidas por quartzo e clorita. Ao Brasiliana (Neoproterozoica), na borda norte do Crá-
microscópio exibem micrólitos de plagioclásio pris- ton do São Francisco.
mático e de hornblenda em matriz de clorita, biotita,
moscovita, titanita, epidoto, quartzo e opacos que de- Sob o ponto de vista estrutural, a Faixa Sobradinho
notam deformação em condições dúcteis. Os meta- integra o domínio do Lineamento Sobradinho, que é
dacitos associados são compostos por plagioclásio, uma zona de intenso cisalhamento desenvolvida sobre
quartzo, sericita e opacos em permeio. Os termos tu- rochas arqueanas a mesoproterozoicas, que ocorrem
fáceos mostram raras feições de lápili-tufos contendo na zona de transição do Cráton do São Francisco com
fragmentos finos quartzosos, bem como fragmentos a Faixa de Dobramento Riacho do Pontal (Brito Neves
centimétricos de rocha félsica em matriz fina tufácea/ 1975) (CAPÍTULO IX). Esta zona de cisalhamento, com
metargilosa, formando litotipos semelhantes a lahars. cerca de 230km x 5-10km ao longo do strike, baliza-

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da por extensos e contínuos veios de quartzo (Leite et -ferruginosa, que ocorre na porção central da Faixa
al. 2000), provocou intensa silicificação, milonitização, Sobradinho. Estas subunidades são correlacionáveis
segmentação e imbricação tectônica das litologias que com o evento de sedimentação terrígena e químico-
atravessou, incluindo as da própria Faixa Sobradinho e -exalativa do topo da Unidade Inferior da Faixa Sa-
do seu embasamento granito-gnáissico adjacente, tra- litre.
duzidas em justaposição e misturas tectônicas e des-
locamentos de suas posições estratigráficas originais. (iii) Na porção superior da Faixa Sobradinho, po-
Sob esta ótica e considerando que a Faixa Sobradinho siciona-se a subunidade detrítica, constituída por
ocupa o flanco leste do núcleo do embasamento, ou- metassedimentos feldspáticos, não ferruginosos de
trora uma grande estrutura dômica antiformal, que no granulação fina a média, por filitos e metassiltitos
presente a separa da outra faixa (oriental) do Cinturão com clorita, sericita e cianita, que Leite et al. (2000)
Rio Salitre-Sobradinho (a Faixa Salitre), é presumível anteriormente havia considerado como a subunidade
que a Faixa Sobradinho tenha também sido estrutu- basal detrítica. Esta subunidade é correlacionável, em
rada como uma antiforme, subsidiária da estrutura parte, com a Unidade Superior da Faixa Salitre.
maior e tenha consequentemente sofrido todas as
deformações relacionadas com a referida estrutura, 3.3.3 Estruturas e Metamorfismo
inclusive as deformações provocadas pela zona de
cisalhamento Sobradinho, com estiramento e rom- Dalton de Souza & Teixeira (1981) interpretaram a es-
pimento de charneiras, segmentação e justaposição truturação da faixa oriental desse cinturão como um
tectônica e até desordem do seu arranjo estratigráfico. sinclinório, quase isoclinal, com um nível quartzítico
basal, afetado por zonas de falhas e cisalhamentos
A estruturação antiformal supracitada para a Faixa So- associados, dos quais, os mais importantes são aque-
bradinho, somada com a distribuição cartográfica de les que marcam a zona de contato do cinturão com os
suas unidades litológicas (Leite et al. 2000) e compa- granitos e gnaisses do embasamento.
rada com o arranjo estratigráfico estabelecido para a
Faixa Salitre, induziu a percepção de que o arranjo es- A estruturação sinclinorial proposta por Dalton de
tratigráfico mais apropriado para as unidades litológi- Souza & Teixeira (1981), com a ordenação normal das
cas da Faixa Sobradinho é um pouco diferente daquele litologias, foi questionada por Brito et al. (1985), que
proposto por Leite et al. (2000), devendo ter a seguinte com base nos dados analíticos dos testemunhos de
organização da base para o topo da sequência: sondagem do corpo de sulfeto maciço do alvo Sabiá,
e nos critérios de Russel (1981) para a distribuição e
(i) Na porção basal situa-se a subunidade tufácea- sequência de deposição dos metais Cu-Pb-Zn e dos
-basáltico-andesítica, exposta na linha axial da Faixa próprios sulfetos nos corpos de sulfetos maciços,
Sobradinho, nos setores norte e sul. Esta subunidade concluiram que a sequência estratigráfica do cor-
é correlacionável com a subunidade de metabasaltos po de sulfeto maciço do alvo Sabiá estava invertida,
e metavulcânicas intermediárias a félsicas (níveis de em desacordo com a sequência estratigráfica normal
metabasitos e de gnaisses intermediários) da Unidade do cinturão proposta por Dalton de Souza & Teixeira
Inferior da Faixa Salitre. (1981). Os critérios de Russel (1981), que embasaram
as observações de Brito et al. (1985) admitem que a
(ii) Na porção média posiciona-se a subunidade hi- distribuição normal, da base para o topo, dos metais
drotermal constituída por metatufito-cherts hidroter- em depósitos de sulfetos maciços se processa na se-
malizados e por clorita-quartzo xistos, transicionan- guinte sequência: Zn d Cu d Zn+Pb d Zn d Cu+Zn.
do lateral e verticalmente para a subunidade sílico- Segundo Russel (1981) a transição Zn+Pb para Cu+Pb

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na zona sulfetada é uma indicação da sequência nor- do horizonte de sulfetos maciços, ou seja, com topo
mal de deposição dos metais e dos próprios sulfetos, apontado para oeste;
da base para o topo, no ambiente de deposição do cor-
po sulfetado, seguindo a mesma ordem de deposição (iv) Foi considerado inquestionável o arranjo sinclino-
da sequência estratigráfica da bacia onde os sulfetos rial ou sinformal da Faixa Salitre, proposto por Dalton
foram precipitados e depositados. de Souza & Teixeira (1981), principalmente no âmbito
do pacote de rochas sedimentares da Unidade Supe-
Ainda com relação à estruturação desse greenstone rior da faixa Salitre;
belt verificações de campo realizadas em 1989, no
âmbito da Faixa Salitre, tinham também identificado (v) Foi concluído que a zona exposta da Unidade In-
evidências que corroboravam o questionamento de ferior, na margem ocidental da Faixa Salitre, entre a
Brito (1985) e justificavam a proposição de uma mo- Unidade Superior e o embasamento granito-gnáissi-
dificação parcial para o modelo do arranjo estrutural co, está estruturada como uma anticlinal apertada,
e estratigráfico da Faixa Salitre sugerido por Dalton isso com base nas indicações divergentes de topo e
de Souza & Teixeira (1981). Estas evidências estão de- base observadas nas exposições das estruturas al-
monstradas nos comentários a seguir: mofadadas e na seção do corpo de sulfetos maciços
(Brito et al. 1985) e; por fim,
(i) Foi identificada a presença de ocorrências de es-
truturas em almofadas, em afloramentos restritos de (vi) Foi admitido que a estrutura anticlinal/antiformal
metabasaltos próximos do topo da Unidade Inferior evidente no domínio da Unidade Inferior, equivale a
do cinturão, que indicavam o topo da sucessão estra- uma megadobra de arrasto, resultante de falha de
tigráfica direcionado para leste. As estruturas almo- empurrão e/ou cavalgamento que atuou sobre a faixa
fadadas em derrames vulcânicos são consideradas Salitre com direção geral de transporte e vergência
indicadores geopetais seguros da direção de topo e para oeste.
base da sucessão estratigráfica. As almofadas identi-
ficadas mostram comportamentos distintos em rela- Com base nas evidências acima comentadas propõe-
ção às deformações, ora intensamente deformadas e -se a modificação parcial no modelo estrutural-estra-
estiradas, com a aparência de “bisnagas de pão”, ora tigráfico da Faixa Salitre, originalmente proposto por
relativamente preservadas, com terminações cúspi- Dalton de Souza & Teixeira (1981), conforme observa-
des, indicativas de base e topo da sequência de depo- ções a seguir: (i) manutenção da interpretação do ar-
sição dos estratos; ranjo sinclinorial/sinformal para a estrutura principal
da referida faixa; (ii) deslocamento da subunidade de
(ii) Foi verificado que a denominada unidade de quart- quartzitos basais, originalmente proposta por Dalton
zitos basais e as rochas calcissilicáticas hospedeiras de Souza & Teixeira (1981), da base para o topo da Uni-
do corpo de sulfetos maciços do alvo Sabiá, faziam dade Inferior e, (iii) inclusão da estrutura anticlinal/
parte de um mesmo horizonte estratigráfico. Brito et antiformal no domínio da Unidade Inferior.
al. (1985) concluíram que este horizonte correspondia
ao mesmo horizonte dos sedimentos químico-exala- O metamorfismo regional no Cinturão Rio Salitre-
tivos do topo da Unidade Inferior, só que mostrando -Sobradinho varia da fácies xisto verde à anfibolito,
efeitos de deformação e metamorfismo mais intensos; com grande parte das rochas, principalmente as sub-
metidas à intensa deformação, exibindo texturas e es-
(iii) Foi aceita a conclusão de Brito et al. (1985) a res- truturas primárias pobremente preservadas.
peito da posição invertida da sucessão estratigráfica

238 • G eolog i a da B a hi a

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3.3.4 Dados Litogeoquímicos presivo corpo de sulfeto maciço, com 20m de largura
e 1.600m de extensão ao longo do strike.
Os dados litogeoquímicos das duas faixas do Cinturão
Rio Salitre-Sobradinho mostram que a sua sequência Os trabalhos de pesquisa realizados nas faixas do
vulcanossedimentar e as intrusivas associadas, cons- Greenstone Belt Salitre-Sobradinho, (Faixas Salitre e
tituem um conjunto granito-greenstone, com a pre- Sobradinho) demonstraram que elas possuem poten-
sença de basaltos toleiíticos e komatiíticos de fundo cial, não somente para mineralizações sulfetadas de
oceânico, associados com vulcanitos félsicos de am- metais-base (Cu-Zn±Pb), relacionadas com corpos de
biente de arco vulcânico, com sedimentos químico- sulfetos maciços vulcanogênicos, mas também para
-pelíticos, na maior parte, vulcano-derivados (Ribeiro mineralizações filonianas de ouro, além de outros ti-
& Silva 1998). As intrusões graníticas possuem filia- pos de mineralizações comuns em terrenos vulcanos-
ção variando de shoshonítica a calcialcalina de alto sedimentares desse tipo.
potássio, características de ambientes de arco mag-
mático de margem continental (Leite 1997). Ribeiro et al. (1993), observaram que além de inúme-
ras anomalias geoquímicas de ouro e de metais-base
3.3.5 Dados Geocronológicos identificadas na Faixa Rio Salitre, principalmente na
zona de contato das rochas metabásicas com a sequ-
Não existem dados geocronológicos precisos sobre as ência sílico-carbonática, foi descoberto no alvo Sabiá,
rochas do Cinturão Rio Salitre-Sobradinho, todavia o antes referido, um corpo de sulfetos maciços e dis-
mapa geológico de Dalton de Souza et al. (2003) in- seminados, com 1.600 metros de extensão ao longo
forma uma idade Rb-Sr de 2.696Ma para as rochas do strike e 20 metros de largura média, com reserva
do denominado Greenstone Belt Salitre-Sobradinho. aproximada de 10 milhões de toneladas, rico em pirita
e pirrotita e com traços de calcopirita e esfalerita. O
3.3.6 Recursos Minerais corpo sulfetado possui teores subeconômicos de co-
bre e zinco e está alojado em rochas calcissilicáticas
Em 1980 a Secretaria de Minas e Energia do Estado da tremolitizadas, correlacionáveis com a sequência de
Bahia promoveu um programa de pesquisa e explo- sedimentos químicos do topo da sucessão vulcâni-
ração mineral nos domínios da faixa oriental do cin- ca da sequência inferior da Faixa Rio Salitre. Foram
turão (Faixa Salitre) visando avaliar o seu potencial observadas feições de alteração hidrotermal (silici-
mineral. O programa denominado de Projeto Rio Sa- ficação, cloritização, carbonatação, feldspatização,
litre foi inicialmente executado pela CPRM (Dalton de biotitização e turmalinização) nas zonas adjacentes
Souza & Teixeira 1981) tendo sido continuado também ao corpo de sulfetos maciços. Ribeiro & Silva (1998),
pela CBPM, através de uma sucessão de etapas de com base em dados de análises isotópicas de enxo-
prospecção, iniciada pelo Projeto Rio Salitre, segui- fre, realizadas por Sundaram Iyer, na Universidade
da pelo Projeto AEM-INPUT e pelos projetos Salitre- de Calgary, Canadá, propuseram o modelo volcanic-
-Sobradinho, follow-up do Rio Salitre e Faixa Sobra- -exhalative massive sulfide–VMS para a origem do
dinho, desenvolvidos de 1982 a 1999. A CBPM incluiu corpo sulfetado desse alvo.
também a Faixa Sobradinho na programação dessas
etapas de prospecção. Os trabalhos de pesquisa reali- Segundo Leite et al. (2000), foram identificadas, tam-
zados contribuíram para ampliar o conhecimento da bém na Faixa Sobradinho, várias anomalias geoquí-
geologia da região, além de ter revelado vários alvos micas para ouro e metais-base, espacialmente cor-
potenciais para mineralizações de ouro e descoberto, relacionadas com fortes anomalias eletromagnéticas
no alvo Sabiá, na parte norte da Faixa Salitre, um ex- e magnéticas, que chegam a formar um trend. Uma

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destas feições, localizada na Fazenda Rolinha, foi in- mente metassedimentar, com contribuição vulcânica
vestigada com um furo exploratório de 130 metros de muito subordinada. Os referidos autores considera-
profundidade, que atravessou um pacote de metasse- ram os complexos Barreiro e Colomi como unidades
dimentos tufáceos e químico-exalativos, contendo em litoestratigráficas distintas formadas em ambientes
toda extensão atravessada, teores anômalos de ouro tectônicos e épocas (idades) diferentes, sendo o Com-
de até 0,35ppm. plexo Barreiro mais velho que o Colomi. Por outro
lado, consideraram, também, a possibilidade dos dois
O potencial dos alvos identificados no âmbito das fai- complexos representarem conjuntamente um único
xas Rio Salitre e Sobradinho permanece em aberto, ciclo vulcanossedimentar desenvolvido no Paleopro-
necessitando o desenvolvimento de trabalhos adicio- terozoico. Embora favoráveis à primeira alternativa
nais de investigação, para que elas possam ser me- os autores reconheceram que os dados disponíveis
lhor avaliadas. não são suficientes para asseverar qualquer uma das
opções e que são necessários mais dados geológicos,
petrográficos, geoquímicos e geocronológicos de pre-
3.4 Greenstone Belt Barreiro-Colomi cisão e mapeamento geológico adicional.

Este cinturão também faz parte dos terreno granito- Como argumento à interpretação de que o Complexo
-greenstones do setor norte do Bloco Gavião e está Colomi e o Complexo Barreiro representavam terre-
localizado na borda norte do Cráton do São Francisco nos distintos, formados em épocas e ambientes tec-
(Fig.IV.1, IV.2), na zona de transição do cráton com a tônicos diferentes e que por essa razão deviam ser
Faixa de Dobramentos Riacho do Pontal (CAPÍTULO caracterizados separadamente, Dalton de Souza et al.
IX). É constituído pelos termos litológicos das unida- (1979) argumentam o seguinte:
des tectono-estratigráficas denominadas de Comple-
xo Barreiro e Complexo Colomi por Dalton de Souza (i) As formações ferríferas (iron formations) do Com-
et al. (1977). Está exposto sob a forma de faixas alon- plexo Colomi são essencialmente da fácies óxido (Ja-
gadas aproximadamente no sentido leste-oeste, com mes 1954) e apresentam feições gerais que permitem
extensões variando de 4km a 33km, formando um enquadrá-las entre as formações ferríferas do tipo
“cordão de faixas”, aproximadamente paralelizado à Lago Superior (Gross 1965), como: (a) existência de
borda norte da Chapada Diamantina (CAPÍTULO VII). camadas espessas que ultrapassam a ordem dos 100
Suas exposições situam-se próximas das margens do metros; (b) existência nessas camadas de continuida-
lago da represa hidrelétrica do Sobradinho no Rio São de e extensão lateral marcantes; (c) ausência ou pre-
Francisco, a maioria na margem sul do lago. Uma par- sença insignificante de detritos terrígenos no corpo
cela menor está representada pela Serra dos Colomis, das formações ferríferas; (d) ausência de vulcanismo
na margem norte do lago, estando a parte restante diretamente associado; (e) inexistência de fácies sul-
submersa ou formando ilhotas no interior do lago. feto e (f), presença de associação sedimentar (quart-
zitos, arcóseos, arenitos e dolomitos) de água rasa,
Ao realizar o Projeto Colomi, Dalton de Souza et al. tipo plataforma continental estável ou bacia intracra-
(1977) definiram, entre outras unidades, o Complexo tônica restrita;
Barreiro e o Complexo Colomi, este último, anterior-
mente designado por Barbosa (1965) como Grupo Co- (ii) As formações ferríferas do tipo Lago Superior fo-
lomi. O Complexo Barreiro se caracteriza como uma ram formadas durante um intervalo de tempo rela-
sequência vulcanossedimentar, enquanto o Complexo tivamente curto, nos escudos precambrianos das di-
Colomi se caracteriza como uma sequência essencial- versas partes do mundo. Elas começaram a aparecer

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em aproximadamente 2.600Ma e desapareceram há (vi) O Complexo Barreiro de Dalton de Souza et al.
cerca de 1.900Ma (Watson 1973), sendo admitida uma (1979) constitui uma típica sequência vulcanossedi-
idade mínima de 2.000Ma para a maior parte destes mentar com características similares às de um gre-
depósitos de ferro. Foram precedidas apenas por for- enstone belt arqueano com provável evolução em um
mações ferríferas jasperoides delgadas do tipo Algo- ambiente tectônico de bacia do tipo back-arc, compa-
ma (Gross 1965) em assembleias vulcanossedimen- rável com as sequências vulcanossedimentares dos
tares arqueanas, notadamente nos greenstone belts; atualmente definidos Greenstone Belts Rio Salitre-
-Sobradinho e Serrinha-Rio Itapicuru.
(iii) As feições metalogenéticas conferidas pelas for-
mações ferríferas, o padrão estrutural do Complexo Em oposição à opção preferencial de Dalton de Souza
Colomi, contrastante em relação àquele das rochas et al. (1979), os autores deste capítulo consideram que
gnáissico-migmatíticas vizinhas (CAPÍTULO III), e o os terrenos constituintes dos complexos Colomi e Bar-
comportamento geomorfológico do Complexo Colo- reiro representam remanescentes de um único gre-
mi, caracterizado por serras estruturadas em cama- enstone belt, outrora muito mais amplo e que muito
das tendendo a sub-horizontalidade em escala maior provavelmente também incorporava os terrenos que
e destacadas dos terrenos gnáissico-migmatíticos, hoje constituem o Greenstone Belt Lagoa do Alegre
regionalmente baixos e arrasados, constituem for- (item 3.2, esse capítulo). Estes terrenos conjuntamen-
tes argumentos em favor da posição adotada para o te mostram fortes semelhanças com os greenstone
Complexo Colomi, no Paleoproterozoico, com deposi- belts descritos no setor sul do Bloco Gavião (seção 4,
ção anterior ao clímax do evento principal de defor- esse capítulo) na região de Brumado, particularmen-
mação e granitogênese também do Paleoproterozoico te com o greenstone belt do mesmo nome que incor-
(±2.000Ma). pora na sua seção basal vulcanismo máfico e ultra-
máfico (basaltos toleiíticos e derrames komatiíticos) e
(iv) O padrão estrutural e o patrimônio litológico do na sua seção superior, espessa sequência plataformal
Complexo Colomi, representado por uma associação com quartzitos, metacarbonatos (calcário, dolomito,
de litofácies típica de água rasa e indicadora de se- magnesita) e formações ferríferas, muito semelhante
dimentação em condições de grande estabilidade, ao Complexo Colomi, semelhança esta que é inclusive
levam a se postular o desenvolvimento deste Com- ressaltada por Dalton de Souza et al. (1979).
plexo em uma bacia intracratônica instalada no em-
basamento gnáissico-migmatítico, em um estágio de As descrições a seguir caracterizam o Greenstone
relativa quietude. Este estágio de bacia intracratônica Belt Barreiro-Colomi, incorporando as caracteriza-
foi seguido pelo evento de deformação e granitogê- ções estabelecidas por Dalton de Souza et al. (1977,
nese supracitado que retrabalhou o embasamento e 1979), para os Complexos Barreiro e Colomi, que
originou localmente estruturas complicadas no seio passam a integrar este greenstone belt, constituindo
desse Complexo. suas sequências Inferior e Superior, respectivamen-
te, conforme descrito a seguir e representado na fi-
(v) O Complexo Colomi, e em particular suas forma- gura IV.17.
ções ferríferas, encontram correspondentes similares
em outras partes do mundo, como no Supergrupo 3.4.1 Sequência Inferior
Transvaal da África do Sul, no Grupo Minas do Qua-
drilátero Ferrífero (Minas Gerais) e notadamente na A Sequência Inferior do Greenstone Belt Barreiro-
Serra das Éguas (Bahia). -Colomi (Fig.IV.17), corresponde integralmente à

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Figura IV.17 – Afloramento de rocha metacarbonática do Greenstone Belt Barreiro-Colomi

sequência vulcanossedimentar do Complexo Barrei- pada Diamantina, estando separadas dos metassedi-
ro, descrito por Dalton de Souza et al. (1977, 1979). mentos desta formação mesoproterozoica por nítida
Ocorre exclusivamente a sul do Rio São Francisco e discordância angular e erosiva (CAPÍTULO VIII).
foi indivisualizado pela primeira vez em torno da fa-
zenda homônima, daí seu nome. Entretanto, dados As melhores exposições da Sequência Barreiro estão
atuais obtidos do levantamento aeromagnético do localizadas: (i) na Serra da Baixa do Rancho, no sopé
Projeto Médio São Francisco realizado pela CPRM, e meia encosta da escarpa do Tombador (Serras do
em 2009, demonstraram a continuidade para norte Boqueirão da Onça e do Brejinho); (ii) no trecho que
da sequência Barreiro, em grande parte recoberta se estende da Fazenda Brejo II para leste; (iii) a sul da
por sedimentos tércio-quaternários. Os afloramen- cidade de Sento Sé, nas serras da Ingrata e do Rela,
tos da Sequência Barreiro, segundo os autores cita- bem como; (iv) nos serrotes que constituem o prolon-
dos, estão praticamente limitados aos altos das ele- gamento da primeira serra para nordeste e formam,
vações (serras, serrotes e morros), que geralmente inclusive, ilhas no lago do Sobradinho (modificado de
encontram-se circundados por extensas coberturas Dalton de Souza et al. 1977, 1979).
tércio-quaternárias que impedem a verificação das
relações de contato e continuação estrutural desta A Sequência Vulcanossedimentar Barreiro, segundo
sequência com a Sequência Colomí e com as rochas Dalton de Souza et al. (1977 e 1979), acha-se meta-
gnáissico-migmatíticas adjacentes (CAPÍTULO III). morfizada na fácies xisto verde e com um arranjo li-
As rochas desta sequência acham-se parcialmente tológico e estrutural muito complexo, compartimen-
encobertas pela Formação Tombador do Grupo Cha- tada em duas unidades denominadas: Unidade Baixa

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do Rancho e Unidade Serra da Ingrata. Os referidos associam algumas intercalações (níveis e lentes) in-
autores observaram que a Unidade Baixa do Rancho, dividualizadas de metassedimentos grossos a médios,
a mais inferior, possui uma aparente gradação lateral representados por metarcóseos e metarenitos gros-
e vertical para a Unidade Serra da Ingrata, particu- seiros a conglomeráticos, quartzitos e metaconglo-
larmente no domínio da Serra do Rela. Todavia por merados ortoquartzíticos brechoides. Metassedimen-
insuficiência de dados preferiram admitir as duas uni- tos químicos estão presentes sob a forma de delgadas
dades como supostamente cronocorrelatas. As litolo- e raras intercalações de chert muito fino e de meta-
gias presentes nestas unidades compreendem uma calcário dolomítico, conforme verificado em uma len-
sucessão dominante de metavulcânicas intermedi- te na Serra da Baixa do Rancho. O conjunto lítico indi-
árias a félsicas (metandesitos, metadacitos, meta- viso (sequência filítica) da unidade é constituído por
-riodacitos quartzo porfiríticos a riolitos), metatufos, rochas metavulcânicas, metatufos e metassedimen-
metassedimentos clásticos com ou sem contribuição tos, estes representados por filitos, ardósias, metargi-
vulcânica (filitos, ardósias, metargilitos, metassilti- litos, metassiltitos, metarenitos e wackes quartzosos,
tos, metarenitos, metarcóseos, metaconglomerados, que podem apresentar uma contribuição de material
quartzitos) e, muito subordinadamente metassedi- clástico de origem vulcânica e assim representar ro-
mentos químicos (cherts e metadolomitos). chas vulcanogênicas epiclásticas (Dalton de Souza et
al. 1979). As melhores exposições desta unidade são
Segundo Dalton de Souza et al. (1979), a caracteri- observadas na Serra da Baixa do Rancho e serrotes
zação segura e a separação, no campo, dos níveis adjacentes, e no sopé e na meia encosta inferior da
de rochas metavulcânicas, metavulcanoclásticas e “escarpa do Tombador”, nas serras do Boqueirão da
metassedimentares finas é extremamente difícil e, Onça e do Brejinho.
na maioria das vezes, praticamente impossível. As
rochas filitizadas apresentam granulação afanítica a As rochas metavulcânicas presentes nesta Sequência
fanerítica fina, aspecto sedoso, colorações verde, cin- Inferior, conforme Dalton de Souza et al. (1979), foram
za e cinza-esverdeado quando frescas, e avermelhada classificadas como metarriolitos e metadacitos. Os
a amarronzada quando alteradas. Estão geralmente metarriolitos são, no geral, constituídos por quartzo,
bastante alteradas, deformadas, cisalhadas e xistifi- sericita, clorita e opacos, ocorrendo ainda diminuta
cadas, possuindo semelhanças e afinidades minera- quantidade de sanidina ou ortoclásio. Os metadacitos
lógico-petrográficas, e exibem um complexo arranjo possuem composição mineralógica representada por
litoestrutural causado ou acentuado por um eleva- quartzo-albita-clinozoisita, com participação acessó-
do grau de xistificação ou filitização, relacionado ao ria de opacos e biotita. Estas rochas metavulcânicas
desenvolvimento algo generalizado de uma foliação possuem textura blastoporfirítica orientada e, em
sub-vertical superimposta. Os processos de defor- parte, cataclástica, com fenocristais relictos de quart-
mação tectônica uniformizaram o aspecto textural e zo e/ou de feldspato imersos em uma matriz afaní-
estrutural destas rochas, pela obliteração parcial ou tica microcristalina orientada, constituída de sericita
total de suas estruturas primárias, gerando dificulda- +clorita+quartzo+opacos. Os fenocristais de quartzo
des para caracterizar a ascendência destas litologias ocorrem como grâos euédricos bipiramidais ou como
mesmo através de estudos petrográficos. grãos angulares subédricos, formando embayments
típicos de corrosão magmática.
A Unidade Baixa do Rancho, a mais inferior na se-
ção estratigráfica, é constituída por uma associação Os metatufos e metassedimentos finos são rochas fi-
litotectônica complexa e indivisa de rochas predo- litosas, às vezes argilizadas pelo intemperismo, com
minantemente finas e de aspecto filítico, às quais se colorações cinza a esverdeada. Os metatufos são finos,

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levemente orientados, com textura tufácea relíquia temente de médio a baixo ângulo. As direções NE-SW
e constituída de fragmentos formados por sericita, e E-W também correspondem à orientação dos prin-
sericita+clorita+quartzo e sericita+quartzo+hematita, cipais sets de foliação constatados na unidade (Dalton
imersos em uma matriz essencialmente sericítica. Os de Souza et al. 1979).
metassedimentos finos são constituídos mineralo-
gicamente por sericita, quartzo, opacos, turmalina, A Unidade Serra da Ingrata corresponde a uma se-
zircão, clorita e epidoto. Nos metapsamitos o quartzo quência lítica indivisa, na qual predominam rochas
domina sobre a sericita, ao contrário do que ocorre grosseiras, constituídas por metavulcânicas ácidas
nos metapelitos. Em determinados locais, estas ro- (riolitos) a intermediárias (andesitos), associadas com
chas, aparentemente, gradam de metargilitos para metavulcanoclásticas (metarenitos tufáceos, meta-
metassiltitos e, em seguida, para metarenitos finos e conglomerados vulcânicos epiclásticos e quartzitos)
wackes quartzosos. e rochas metassedimentares, representadas por me-
tarenitos, quartzitos, metarcóseos, metagrauvacas e
Os metarcóseos grossos a conglomeráticos se apre- metaconglomerados, além de delgadas e raras inter-
sentam com colorações cinza a marrom, precaria- calações de rochas metapelíticas, dos tipos metassilti-
mente orientados e, nas variedades conglomeráticas, tos, metargilitos e filitos (Dalton de Souza et al. 1979).
exibem matriz quartzo-feldspática muito fina, englo-
bando pequenos seixos arredondados a subangulosos As rochas vulcânicas identificadas foram classifica-
de quartzo, quartzito, metarcóseo, filito e metassiltito. das como metaquartzo-pórfiros, metarriolitos-rio-
dacitos, metadacitos e metandesitos. Estas metavul-
Os quartzitos e metarenitos silicificados possuem cânicas são rochas de granulação fina a grossa, com
ocorrências restritas ao Serrote do Calumbi, a nor- tonalidades acinzentadas a esverdeadas, orientadas e
deste da Serra da Baixa do Rancho. Apresentam-se constituídas por quartzo, sericita, moscovita e secun-
afetados por efeitos hidrotermais de intrusão graní- dariamente, opacos (magnetita e/ou hematita). Apre-
tica manifestados através de permeações de veios de sentam textura porfirítica, muitas vezes cataclásticas
quartzo-epidoto, de pegmatitos e de turmalinizações. e às vezes xistosas. Exibem fenocristais e ripas de
Os efeitos hidrotermais-pneumatolíticos da intrusão feldspatos alterados para sericita e caulim, grãos de
granítica foram também observados em outras ro- quartzo de tamanho variável, sendo frequentes pórfi-
chas da Unidade Baixa do Rancho, através de perme- ros límpidos, formas bipiramidais e cristais com em-
ações de veios de quartzo e pegmatitos. bayments típicos de corrosão magmática (Dalton de
Souza et al. 1979).
A Unidade Serra da Ingrata ocorre a sul de Sento Sé,
nas Serras da Ingrata e do Rela, bem como, nos serro- Os metarcóseos e metarenitos grosseiros, as meta-
tes que constituem o prolongamento da primeira ser- grauvacas e os metarenitos tufáceos são macrosco-
ra para nordeste e formam ilhas no lago do Sobradi- picamente bastante semelhantes entre si e aos meta-
nho. Na Serra da Ingrata e nos serrotes a nordeste, as quartzo pórfiros e apresentam basicamente a mesma
rochas da unidade se apresentam intensamente afe- paragênese mineral: quartzo-sericita-moscovita-opa-
tadas por falhamentos de direção NE-SW e E-W, que cos. Por sua vez os metaconglomerados são geralmen-
limitam suas bordas e modelam o formato da serra, te polimíticos e foram constatados exclusivamente na
além de controlar a disposição nordeste dos serrotes metade inferior das escarpas sul e sudeste da Serra
consignados no seu alinhamento. Na borda da Serra da Ingrata. Apresentam tonalidades cinza, amarelada,
da Ingrata, os falhamentos E-W, provavelmente cor- esbranquiçada e esverdeada, textura cataclástica, às
respondem a falhas inversas, a maioria delas aparen- vezes com fraca orientação. São constituídos por sei-

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xos e fragmentos de até 20cm de diâmetro, de quartzo, Dalton de Souza et al. (1977, 1979), em quatro unida-
quartzitos ferruginosos, metarenitos, filitos verdes e des, arranjadas com a seguinte sucessão litoestra-
de metabasitos também verdes com textura basál- tigráfica da base para o topo: (i) Unidade Serra do
tica, imersos numa matriz arcosiana de granulação Choro, constituída de quartzitos, metarcóseos e me-
média a grossa, com evidente contribuição vulcânica, tarenitos que gradam lateral e verticalmente para; (ii)
formada por quartzo, sericita-moscovita, feldspatos Unidade Castela, representada essencialmente por
alterados e óxidos de ferro (hematita). Os quartzitos e rochas metacarbonatadas (dolomito, calcário dolo-
metarenitos possuem tonalidade branca e granulação mítico e magnesita) e sotoposta à; (iii) Unidade Serra
fina a média. Ocorrem como níveis estreitos no sopé da Capivara, constituída por formações ferríferas, e
norte da Serra da Ingrata e em alguns serrotes no pro- encimada pela; (iv) Unidade Serra da Bicuda, cons-
longamento nordeste desta serra (Dalton de Souza et tituída essencialmente por rochas metapsamíticas.
al.1979) (Fig.IV.18). Metavulcanitos básicos de distribuição restrita ocor-
rem associados aos metassedimentos, englobados
pelas duas primeiras unidades, que são consideradas
cronocorrelatas (transicionais). São classificadas pe-
trograficamente como epidoto-hornblenda gnaisse,
epidoto-hornblenda xisto, biotita-hornblenda anfi-
bolito, epidiorito, serpentina-talco metaultrabasito,
calcita-quartzo-andesina-biotita xisto, tremolita-
-actinolita xisto, tremolita xisto, tremolitito, quartzo-
-moscovita-biotita xisto, moscovita xisto e clorita xis-
to. Segundo Dalton de Souza et al. (1979), as relações
de campo e os dados petrográficos e geoquímicos
(elementos-traço) disponíveis indicam duas origens
distintas para estas litologias: algumas representam
Figura IV.18 – Afloramento de formação ferrífera bandada sobre o produto metamórfico de sedimentos dolomíticos
metavulcânica máfica da Unidade Inferior
impuros, margas e pelitos, enquanto outras são de
derivação vulcânica básico-ultrabásica.

3.4.2 Sequência Superior A Unidade Serra do Choro apresenta espessura bas-


tante variada, sendo que na Serra dos Colomis, esta
A Sequência Superior do Greenstone Belt Barreiro- unidade, essencialmente psamítica, pode ultrapassar
-Colomi (Fig.IV.17), corresponde totalmente à sequ- os 300 metros de espessura. A Unidade Castela, na
ência do Complexo Colomi, descrito por Dalton de Serra dos Colomis e na serra homônima atinge espes-
Souza et al. (1977, 1979). Engloba rochas de baixo grau suras da ordem de 350 a 450 metros. Para a Unidade
de metamorfismo da fácies xisto verde e localmente Serra da Capivara foram estimadas espessuras va-
rochas de médio grau da fácies anfibolito, represen- riando entre 100 e 300 metros, este valor na Serra dos
tando uma sequência de metassedimentos terrígenos Colomis, enquanto a Unidade Serra da Bicuda pode
e químicos com contribuição muito subordinada de alcançar cerca de 300 metros.
vulcanismo.
Em complemento às observações de Dalton de Sou-
Nas serras e serrotes aflorantes a norte e sul do Rio za et al. (1977, 1979) Cunha et al. (2008), observaram
São Francisco, a Sequência Colomi foi subdividida por que a principal área de exposição dos constituintes da

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Choro, Serra do Morro e Serra da Bicuda) foram cons-
tatadas, espalhadas, na região de Remanso, Sento Sé
e Pilão Arcado, inúmeras serras menores, morrotes
e serrotes (Serra da Morena, Serra do Garrote, Serra
da Queimada do Meio, Serrote do Escavadão, Serra
da Montanha, Serra do Olho D’Água, Boa Esperança,
etc.) constituídas por formações ferríferas, metacar-
bonatadas e quartzitos, que foram agrupadas como
Complexo Indiferenciado por Dalton de Souza (1979).
Nessas áreas, as equipes de exploração mineral de
projetos desenvolvidos pela CBPM identificaram tam-
bém ocorrências de rochas máficas e ultramáficas,
prováveis equivalentes de metabasaltos e metakoma-
tiítos (Fig.IV.19).

3.4.3 Estruturas e Metamorfismo

As paragêneses minerais identificadas na Unidade


Serra da Ingrata indicam metamorfismo de baixo
grau, da fácies xisto verde, subfácies quartzo-albita-
-moscovita-clorita (Dalton de Souza et al. 1979).
Figura IV.19 – Afloramento de formação ferrífera do Greenstone
Belt Barreiro-Colomi. Entretanto, de uma maneira geral, os conjuntos lito-
lógicos do Greenstone Belt Barreiro-Colomi exibem
Sequência Colomi é representada pela fisiografia da evidências de que sofreram uma complexa suces-
Serra dos Colomis. Neste contexto, a compartimen- são de eventos de metamorfismo e deformação. As
tação proposta por Dalton de Souza et al. (1979) não rochas do embasamento estão metamorfizadas em
se apresenta tão simples. Na verdade os constituin- médio grau, da fácies anfibolito (CAPÍTULO III) com
tes do Complexo Colomi não exibem uma ordenação registros de dobramentos complexos e superpostos,
tão evidente e sim uma distribuição mais complexa, indicando que sofreram multi-eventos deformacio-
possívelmente acentuada pelas deformações com re- nais. As rochas supracrustais sofreram metamorfis-
petições causadas por redobramentos. No geral, os mo no intervalo xisto verde a anfibolito e foram com-
constituintes do Colomi se apresentam como pacotes plexamente dobradas e submetidas a cisalhamento
de formações ferríferas intercalados com quartzitos, nos regimes dúctil e rúptil, geralmente mostrando-se
cherts, calcissilicáticas e metacarbonatos dolomíticos segmentadas e recristalizadas. As formações ferrífe-
com lentes de magnesita ladeados, em alguns locais, ras são boas marcadoras destes eventos de deforma-
por faixas de xistos aluminosos (vulcânicas félsicas?) ção e metamorfismo. As porções mais deformadas e
e metabasitos anfibolitizados (vulcânicas básicas/in- recristalizadas são as que apresentam as melhores
trusivas básicas), que possívelmente devem ocupar as concentrações de minério de ferro e com melhor qua-
posições basais do complexo. lidade para processamento durante uma futura lavra
(Cunha et al. 2008).
Continuando, Cunha et al. (2008) observaram que fora
das Serras dos Colomis e suas vizinhanças (Serra do

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3.4.4 Dados Geocronológicos base nestes dados geológicos, Dalton de Souza et al.
(1979), estimaram por inferência, um potencial de mi-
Datações radiométricas Rb/Sr (convencionais) efetu- nério de ferro para as formações ferríferas do Com-
adas em amostras de litotipos da Unidade Baixa do plexo Colomi da ordem de 4,32 bilhões de m³ ou 14,25
Rancho e do granito acima referido produziram ida- bilhões de toneladas de minério de ferro.
des de 2.032±63Ma e 1.921±100Ma, respectivamente
(Dalton de Souza et al. 1979). Além do ferro, o acervo mineral da região inclui ainda
o registro de ocorrências de mineralizações de cobre,
3.4.5 Recursos Minerais ouro, chumbo, magnesita, talco, cianita, de pedras
gemológicas (ametista, quartzo hialino, quartzo es-
Ainda segundo Cunha et al. (2008) e Dalton de Souza fumaçado, citrino) e de dolomitos e calcários para
et al. (1979), durante a realização do Projeto Colomi, corretivo de solos. Na atualidade apenas as jazidas
esses autores enquadraram as formações ferríferas do de magnesita no município de Sento Sé, de proprie-
Complexo Colomi entre as formações ferríferas do tipo dade do Grupo Magnesita S.A., estão sendo lavradas.
Lago Superior, potenciais portadoras de concentrações Os demais bens minerais são minerados esporadica-
de minério de ferro a magnetita/hematita. Naquela mente em pequenos depósitos.
ocasião mapearam e avaliaram preliminarmente al-
gumas ocorrências de minério de ferro associadas com
formações ferríferas das sequências metassedimenta- 3.5 Greenstone Belt Tiquara
res e vulcanossedimentares dos Complexos Colomi e
Lagoa do Alegre no norte da Bahia e sul do Piauí. Face a importância que a produção de cromita do Dis-
trito Cromitífero de Campo Formoso tem desempe-
As ocorrências de minério de ferro na Serra dos Colo- nhado para o Estado da Bahia e, diante das informa-
mis são pacotes de formações ferríferas (BIF) forma- ções resultantes do levantamento aerogeofísico re-
das por leitos cinza-escuro de espessuras milimétri- gional, com os métodos magnético e gamaespectro-
cas a centimétricas constituídos por óxidos de ferro métrico (Projeto Aerogeofísico Serra de Itiúba-CPRM
(magnetita/hematita) e sílicatos ferromagnesianos 1979) (CAPÍTULO II), que revelaram importantes
(grunerita cumimgtonita), alternados com leitos cla- anomalias magnéticas, encobertas pelos quartzitos
ros de metacherts (essencialmente quartzo). Os óxi- da Serra de Jacobina e pelos calcários do Grupo Bam-
dos de ferro são predominantemente magnetita com buí, com características similares àquelas dos corpos
menor participação de hematita. Porém há situações cromitíferos de Campo Formoso, a CBPM-Companhia
em que a hematita é dominante. A granulometria dos Baiana de Pesquisa Mineral resolveu implementar,
óxidos de ferro situa-se entre 0,05 e 0,5 milímetro e em associação com a Ferbasa-Ferro Ligas da Bahia
a do quartzo entre 0,1 e 0,6 milímetros. Os pacotes S.A. um programa de reavaliação deste distrito minei-
de formações ferríferas atingem espessuras da ordem ro. Com isso, buscou-se localizar alternativas para o
de 300 metros e mostram em superfície exposições bloqueio de novas reservas de cromita.
contínuas, com extensões superiores a 5 quilômetros
ao longo do strike (Cunha et al. 2008). Para efetivação desse objetivo, foi concebido o Projeto
Distrito Cromitífero de Campo Formoso, em cuja pro-
As análises químicas de cinco amostras de minérios gramação foi incluída, além da integração de dados
de ferro da Serra dos Colomis realizadas pela CPRM geológicos disponíveis, a realização de levantamento
revelaram teores de FeO e P205, com variações de magnético de alta resolução e a execução de 5.000
33,12 a 42,43% e de 0,05 a 0,28, respectivamente. Com metros de furos profundos (600 a 1.000 metros) no

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denominado Bloco 1 (Campo Formoso) e mais 1.500 lias aeromagnéticas em torno do granito homônimo,
metros no chamado Bloco 2 (sudeste da Folha Brejão foram interpretadas pela CBPM, como representa-
da Caatinga, região de Tiquara), neste caso, visando a tivas da continuidade do corpo máfico-ultramáfico,
caracterização das feições geológicas às quais se as- abrindo perspectivas, caso seja verdade, de amplia-
sociavam as feições magnéticas antes referenciadas. ção das reservas de cromita da região. Como antes
Vale ressaltar que, em função desse greenstone belt assinalado, dois furos de sonda foram executados no
não aflorar, com suas litologias encontradas somente Bloco 2, próximo ao contato com o Granito de Campo
em furos de sonda, não foi possível ordenar suas ro- Formoso, (contato oeste), sendo um com profundida-
chas em sequências inferior, média e superior, como de de 949,05 metros e o outro com 495,90 metros.
foi feito para os outros greenstone belts que compõem
esse capítulo (Fig.IV.20) Nos dois furos (P1, 501-01=919,05m) e (P2, 501-
02=495,90m) acima especificados, a litoestratigrafia,
As fortes anomalias aeromagnéticas existentes, pró- em cada qual, está assim representada: 10m (P1) e 14m
ximas ao contato oeste do Granito de Campo Formoso P2), respectivamente, de coluvião e argila de alteração
(CAPÍTULO V) e a configuração espacial das anoma- de carbonato; 4m (P1) e 0m (P2) de calcário calcítico;

Figura IV.20 – Mapa geológico simplificado da região de Campo Formoso. O asterisco indica a presença do Greenstone Belt Tiquara em
profundidade, identificado em furos de sondagem executados pela CBPM-Companhia Baiana de Pesquisa Mineral. (Furos 501-01 e 501-02)

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7m (P1) e 0m (P2) de argila de alteração de carbonatos; te grossa, neste caso com aspecto de gabro. A gra-
41m (P1) e 28m (P2) de dolomitos; 156m (P1) e 190m nulometria é gradacional, devendo os horizontes de
(P2) de calcários calcíticos cinza, creme, avermelhado granulação mais grossa representar partes internas
e róseo (Formação Salitre; CAPÍTULO VIII) e 80m (P1) e de derrames espessos e os mais finos, as bordas des-
158m (P2) de diamictitos da Formação Bebedouro, (CA- ses derrames. As rochas ultramáficas compreendem
PÍTULO VIII). Abaixo dessas profundidades revelou-se tremolititos e xistos a tremolita e serpentina, em ge-
a existência de uma sequência vulcanossedimentar, ral de textura nematoblástica, por vezes com feições
estruturada em uma dobra sinclinorial isoclinal com que sugerem texturas paleospinifex, com tamanhos
vergência do plano axial para SE, composta de rochas variados de anfibólio numa mesma rocha, anfibólios
máficas, ultramáficas, formações ferríferas bandadas, em matriz de clorita fina e cordões de grânulos de
calcissilicáticas, metassedimentos e xistos, em conta- magnetita associados a bandas de material serpenti-
to com gnaisses tonalíticos e intrudidos por granitos, nítico. As formações ferríferas bandadas são em geral
pegmatitos e aplitos (Fig.IV.21). de fácies sílicato, constituídas de anfibólio finamente
geminado, da série grunerita-cummingtonita, com
As rochas máficas são anfibolitos (basaltos) de granu- abundante magnetita e quartzo disseminados e se-
lometria variada, desde muito fina até medianamen- gregados em finas bandas. Os xistos são à moscovita

Figura IV.21 – Seção geológica idealizada a partir de furos de sondagem (Folha Brejão da Caatinga, região de Tiquara). São mostrados
também perfis geofísicos de densidade e perfis de susceptibilidade magnética correspondentes aos furos de sondagem.

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e quartzo com magnetita como mineral acessório e de basaltos. As formações ferríferas exibem em ge-
zircão detrítico. As rochas calcissilicáticas são diopsi- ral teores em Fe maiores que 10% e baixos teores em
ditos com abundante carbonato, associados a tremo- Cr e Ni, indicando que se trata de metassedimentos
lititos. Essas rochas entretanto podem tratar-se, pelo químicos e não de produtos derivados de rochas ul-
menos em parte, de produtos de reação hidrotermal/ tramáficas. Embora tenham sido observados teores
metassomática de tremolititos metaígneos com flui- relativamente altos de sulfetos, especialmente nos
dos hidrotermais carbonáticos. A favor dessa hipótese basaltos (até 2%), não se verificou entretanto, uma
são os valores relativamente altos de Cr e Ni, 895 e boa correlação desses com As, Cu e Pb, que em geral
230ppm, respectivamente, encontrados numa amos- apresentam valores baixos para todas as litologias, à
tra analisada de diopsidito. Alguns dos tremolititos, exceção de um dos basaltos analisados que mostrou
entretanto, devem representar verdadeiros sedimen- até 1.099ppm de Cu. Também o ouro aparece com re-
tos cálcio-magnesianos impuros. Os metapelitos e sultados fracos, em geral abaixo do limite de detecção
metacherts compreendem quartzitos e filitos, estes do método (<1ppb).
frequentemente grafitosos. Muitos dos cherts/quart-
zitos são ricos em sulfetos disseminados (pirita/pir- Elementos selecionados foram recalculados para óxi-
rotita). Os filitos grafitosos são sempre associados a dos para confecção de diagramas discriminantes de
cherts como finas bandas. Os granitos, pegmatitos e rochas. A locação desses pontos, de todas as litologias
aplitos são claramente rochas intrusivas na sequên- analisadas, nos diagramas de discriminação geoquími-
cia, tardi a pós-tectônicas com texturas ígneas intru- ca das figura IV.22 mostra que as rochas máficas e ul-
sivas hipidiomórficas perfeitamente preservadas. tramáficas constituem duas populações distintas: uma
distribuída no campo dos komatiítos peridotíticos e pi-
Todas as rochas dessa sequência, ao longo dos dois roxeníticos, correspondendo aos tremolititos e aos xis-
furos de sondagem ali realizados, foram analisadas tos ultramáficos e, outra, no campo dos basaltos toleií-
para 30 elementos. Observou-se que as rochas clas- ticos com Fe e Mg altos, relacionada aos metabasaltos.
sificadas como tremolititos apresentavam, em geral, Rochas ricas em anfibólio e magnetita, à primeira vista
valores altos e perfeitamente correlacionados com confundíveis com tremolititos metaígneos, situam-se
Cr e Ni, entre 635 e 1.799ppm para o primeiro e, entre no gráfico das figura IV.22 em um campo distinto des-
263 e 1.035ppm para o segundo. Os valores mais altos sas rochas, próximo ao vértice do FeO, juntamente com
para os dois elementos foram encontrados no tremo- as formações ferríferas bandadas típicas.
lita-xisto com serpentina. Esses valores corroboram
a origem ultramáfica, possívelmente komatiítica des- Do ponto de vista mineralógico, textural e químico, a
sas rochas. Valores menores para o par Cr-Ni foram sequência de rochas máficas do Bloco 2 (sudeste da
encontrados em alguns dos tremolititos, significando Folha Brejão da Caatinga, região de Tiquara) têm ca-
que esses devem representar, ou bandas silicáticas de racterísticas de associações vulcanossedimentares do
BIF ou rochas calcissilicáticas. Vale ressaltar que os Arqueano e do Paleoproterozoico, comumente deno-
resultados de análises por microssonda realizados em minadas greenstone belt. Estão ali presentes rochas
alguns anfibólios dessa litologia mostraram-se subs- ultramáficas com evidências de produtos de derra-
tancialmente diferentes daqueles obtidos em anfibó- mes komatiíticos (texturas paleospinifex e quimismo
lios derivados de piroxenitos cumuláticos do Bloco 1, compatível), basaltos toleiíticos, metassedimentos
com teores de CaO muito mais elevados que aqueles. químicos e formações ferríferas, conjunto esse as-
sociado a terrenos gnáissico-tonalíticos do tipo TTG.
Os anfibolitos apresentaram teores de Cu e Ni meno- Entretanto, ali não foi detectada a suíte vulcânica,
res que 100ppm, compatíveis com aqueles derivados que compõe, com os basaltos, o vulcanismo bimodal,

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Figura IV.22 – Diagramas AFM (Irvine & Baragar 1971) e diagramas de Jensen (1976) com a localização de pontos representativos de
análises químicas de rochas do Greenstone Belt Tiquara encontradas nos furos de sondagem

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típica dessas associações, mas os xistos podem re- e que, possívelmente, podem ter atingido dimensões
presentar equivalentes tufáceos dessas rochas. Vale com magnitudes iguais ou superiores a 100-300km de
ressaltar que os dados obtidos na área, até agora, re- comprimento e de 50-150km de largura. Em situações
sultam de apenas dois furos, sendo portanto, dados diferentes esse conjunto de assembleias vulcanosse-
pontuais, num contexto geológico não aflorante, e até dimentares foi coletivamente agrupado por alguns
então desconhecido. autores, com as seguintes designações: Complexo
Brumado, por Pedreira et al. (1975) e Mascarenhas
Vale ressaltar também que a anomalia aeromag- (1976); Complexo Ibitira-Brumado, por Inda & Barbosa
nética escolhida para ser modelada por geofísica e (1978) e, posteriormente, Complexo Brumado-Urandi,
gravimetria terrestre, foi a menor dentre aquelas pre- por Moraes et al. (1980). Na atualidade foram geogra-
sentes no contexto regional, e ainda a menos profun- ficamente agrupados em seis cinturões denominados,
da e mais próxima do contato do Granito de Campo de leste para oeste, como greenstone belts nomeados
Formoso. Vale ainda insistir que na área do aerole- de: (i) Umburanas; (ii) Brumado; (iii) Guajeru; (iv) Ibi-
vantamento regional as anomalias aeromagnéticas tira-Ubiraçaba; (v) Boquira; e (vi) Riacho de Santana
estendem-se para norte, em direção ao Greenstone (Fig.IV.23). Os 4 primeiros greenstone belts possuem
Belt Salitre-Sobradinho (item 3.3 desse CAPÍTULO) e sucessões estratigráficas muito semelhantes, desta-
para sul sob os sedimentos do Grupo Chapada Dia- cadas pela expressiva presença de derrames ultramá-
mantina (CAPÍTULO VIII). ficos komatiíticos na base, dentre os quais o Greens-
tone Belt Umburanas, o mais a leste, é o que possui
as melhores exposições dessa sucessão estratigráfica.
Nos demais cinturões, os registros de derrames ultra-
4 Greenstone Belts do máficos são discretos ou ausentes. Deve-se ressaltar

Bloco Gavião (Partes Oeste, que, faz parte também do Bloco Gavião, as Sequências
Metavulcanossedimentares de Urandi (parte oeste) e
Central e Sul) Caetité-Licínio de Almeida (parte sul).

Os terrenos granito-greenstones arqueanos no se- O modelo de arranjo estratigráfico dos quatro primei-
tor sul do Bloco Gavião abrigam assembleias vulca- ros greenstone belts é muito bem representado pela
nossedimentares, com idades variando de 3,2-2,7Ga sucessão estratigráfica do Greenstone Belt Umbura-
(Cunha et al. 1996, Bastos Leal et al. 1996), expostas nas. Em linhas gerais, esta sucessão compreende: (i)
em pequenas manchas e retalhos isolados, ou como uma sequência inferior de rochas vulcânicas ultramá-
extensos segmentos, isolados ou agrupados, em meio ficas komatiíticas, acompanhadas por vulcânicas má-
a um vasto domínio de granitos e gnaisses (CAPÍTULO ficas a félsicas toleiíticas e intercalações de sedimen-
III), às vezes compondo aglomerados com expressiva tos químicos e siliciclásticos, expostas geralmente
extensão territorial, com vários quilômetros de com- nas margens dos cinturões; (ii) uma sequência central
primento e largura, e geralmente com orientações de rochas vulcânicas félsicas calcialcalinas e equiva-
variando entre NE-SW a NW-SE (Fig.IV.23). Estas as- lentes piroclásticos e epiclásticos e, (iii) uma sequência
sembleias vulcanossedimentares representam tes- superior dominada por sedimentos carbonáticos aflo-
temunhos de seções de níveis estruturais mais pro- rante predominantemente na parte central dos cin-
fundos de cinturões greenstones maiores, que foram turões. Expressivos pacotes de metacarbonatos dolo-
variavelmente reduzidas por processos de erosão, de- míticos e magnesíticos, sobrepondo metavulcânicas
formação e intrusões ígneas e que originalmente po- ultramáficas, máficas e félsicas, apresentam notáveis
dem ter ocupado vasta extensão territorial do Gavião, exposições na Serra das Éguas, no Morro do Jardim

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Figura IV.23 – Mapa geológico simplificado do Bloco Gavião (partes oeste, central e sul) com os greenstone belts assinalados. As
numerações das “caixinhas” na legenda correspondem aos itens do texto.

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e na Serra do Algodão, nos greenstone belts Bruma- orogênica paleoproterozoica, que produziu a domi-
do, Ibitira-Ubiraçaba e Umburanas, respectivamente. nante orientação submeridiana dos cinturões greens-
Níveis quartzíticos e conglomeráticos, que se apre- tones e as estruturas lineares, incluindo dobramen-
sentam na base ou intercalados entre os derrames tos, falhas e zonas de cisalhamentos, essas últimas
máficos e ultramáficos da sequência estratigráfica, retrógradas. Algumas estruturas NE-SW a NW-SE,
exibem boas exposições nos greenstone belts Umbu- provavelmente foram produzidas ou reorientadas
ranas, Brumado e Guajeru. A presença de pacotes de para suas posições atuais durante este último evento
formações ferríferas bandadas é mais expressiva nos que organizou a atual arquitetura estrutural. As de-
greenstone belts Ibitira-Ubiraçaba e Brumado. Faixas formações subsequentes são representadas por fa-
satélites com exposições de metavulcânicas ultramá- lhas normais, fraturas e crenulações sub-horizontais.
ficas, máficas e félsicas ocorrem lateralmente e nas A principal fase de metamorfismo regional transcor-
projeções ao longo do strike destes greenstone belts. reu durante a segunda fase de deformação e o seu
Os conjuntos litológicos destes cinturões mostram- pico foi por volta de 2,0Ga com intensidades variando
-se intensamente deformados e metamorfizados na desde a fácies xisto verde até a fácies anfibolito.
fácies xisto verde médio até a fácies anfibolito.
Os terrenos graníticos, gnáissicos e migmatíticos, em
O Greenstone Belt Riacho de Santana comporta três volta dos greenstone belts no setor central do Bloco
pacotes litoestratigráficos: (i) um basal constituído por Gavião, exibem um padrão comum de evolução es-
registros discretos de derrames máficos e ultramáfi- trutural. Englobam rochas amplamente metamorfi-
cos, associados com quartzitos, cherts, calcissilicáticas zadas em alto grau, afetadas por anatexia (migmati-
e xistos aluminosos; (ii) outro na porção intermediária, zação), intensamente tectonizadas e recristalizadas,
formado por metabasaltos, metagabros, xistos grafi- com idades arqueanas variando entre 3,4 e 2,6Ga
tosos e xistos aluminosos, provavelmente derivados (Marinho 1991, Martin 1994, Martin et al. 1991, 1993,
de derrames e tufos félsicos e; (iii) um pacote superior 1997, Santos Pinto 1996, Cunha et al. 1996, Bastos Leal
constituído por metacarbonatos, quartzitos, às vezes et al. 1997), assim como, com evidências de vigorosa
conglomeráticos, metapelitos xistosos e formações reomogeneização isotópica durante o Paleoprotero-
ferríferas. O Greenstone belt Boquira é representa- zoico e de algum rejuvenescimento isotópico durante
do por retalhos e faixas de rochas anfibolíticas finas o Ciclo Brasiliano, do Neoproterozoico (Cordani et al.
(basaltos?) e ultramáficas (intrusivas ou extrusivas 1985). Reúnem, também, manifestações de plutonis-
komatiíticas) e de metassedimentos (principalmente mo granítico paleoproterozoico (CAPÍTULO V), alguns
químicos e terrígenos) lineares, submeridianos, para- ainda em parte bem preservados e outros pobremen-
lelizadas e conectadas nas suas terminações. te tectonizados e metassomatizados. As rochas mais
comuns nesses terrenos são gnaisses/ortognaisses
Nos terrenos granito-greenstones do setor oeste, cinza, com ou sem migmatização, geralmente plutô-
central e sul do Bloco Gavião são reconhecidos três nicos e representados por associações de tonalitos,
principais eventos de deformação dúctil. O principal trondhjemitos e granodioritos da suíte TTG, com os
evento, embora pobremente compreendido, produziu termos granodioríticos predominando sobre os de-
o bandamento gnáissico e foliação plano-paralela mais (Cunha & Fróes 1994). Também estão associados
ao acamadamento e/ou bandamento gnáissico das a essa unidade lâminas restritas e corpos expressivos
litologias, incluindo o estiramento de estruturas pri- de leucogranitos, diques de pegmatitos e inclusões
márias e a geração de dobras apertadas a isoclinais, e/ou remanescentes de corpos intrusivos máficos e
muitas vezes rompidas (sem raiz). O segundo evento de rochas máficas, ultramáficas, calcissilicáticas e
de deformação é relacionado à principal compressão quartzíticas, na fácies anfibolito, pouco conhecidas

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em detalhe, correlacionadas com os componentes li- três unidades designadas, da base para o topo, como
tológicos dos domínios vulcanossedimentares. Sequências Inferior, Média e Superior (Fig.IV.25).

O plutonismo granítico-paleoproterozoico é repre- 4.1.1 Embasamento


sentado por intrusões graníticas peraluminosas, sin
a tarditectônicas, de feições e naturezas diversas, Conforme pode ser verificado no mapa da figura IV.24,
produtos de refusões da crosta acontecidas durante fazem parte do embasamento do Greenstone Belt
o Paleoproterozoico (Cunha & Fróes 1994, Fróes et al. Umburanas terrenos gnáissico-migmatíticos mos-
1994, Cunha et al. 1996), com idades variando entre trando elevado grau de deformação e migmatização
1,9 e 2,1 Ga (Bastos Leal et al.1997, Santos Pinto 1996, (Fig.IV.26). Nesse embasamento são encontrados
Cunha et al. 1996) (CAPÍTULO V). também granitoides arqueanos variados em mine-
ralogia e idade como, por exemplo, os denominados
Bernarda, Serra do Eixo e Malhada de Pedras (CAPÍ-
NEOARQUEANO-PALEOPROTEROZOICO TULO V) os mais próximos do Umburanas.

4.1 Greenstone Belt Umburanas 4.1.2 Sequência Inferior

O Greenstone Belt Umburanas localiza-se no centro- A Sequência Inferior engloba dois ciclos vulcânicos,
-sudoeste do Estado da Bahia, 22km a leste da cida- separados e entremeados por sedimentos químicos
de de Brumado no setor sul do Bloco Gavião (Fig.IV.1, (metacherts, calcissilicáticas e carbonatos) e sili-
IV.2). Silveira et al. (1980) desenvolveram os primeiros ciclásticos (quartzitos e metaconglomerados) (Fig.
trabalhos de mapeamento geológico e de exploração IV.25). O primeiro ciclo, na base, é representado pre-
mineral no âmbito desse greenstone belt, tendo ela- dominantemente por derrames ultramáficos koma-
borado a sua cartografia na escala 1:25.000 e reali- tiíticos, com participação subordinada de derrames
zado a caracterização e organização estratigráfica de basálticos toleiíticos e de equivalentes cumuláticos
suas litologias. duníticos e gabroicos. O segundo ciclo é representado
por discretos pulsos vulcânicos félsicos e máficos, de
O Greenstone Belt Umburanas possui distribuição filiação não determinada, intercalados predominan-
geográfica restrita com a configuração geral de uma temente em rochas calcissilicáticas. A descoberta dos
“bengala”, delineada entre os maciços graníticos de derrames ultramáficos komatiíticos dessa unidade,
Umburanas e da Serra do Eixo e faixas dos terrenos com textura spinifex bem preservada, representaram
gnáissico-migmatíticos do Bloco do Gavião (Fig.IV.24). a comprovação dos primeiros registros desses derra-
Seu ramo principal, a oeste, possui certa sinuosida- mes, nas estruturas vulcanossedimentares arquea-
de, com orientação variando de N30oW a N20°E, com nas do Cráton do São Francisco, no Estado da Bahia
extensão aproximada de 60km e largura variando (Cunha & Fróes 1994).
de 0,5-4,5km. Seu ramo secundário, a leste, possui
orientação geral N20°W, comprimento máximo de Embora a mineralogia, texturas e estruturas primá-
13,7 quilômetros e largura variando de 3,2 a 5,25km. rias das litologias desta unidade tenham sido ampla-
mente obliteradas durante os eventos de deformação
Acima do considerado embasamento, as sucessões e metamorfismo que sofreram, elas permaneceram
litológicas do Greenstone Belt Umburanas, segundo preservadas em várias ocorrências no âmbito do Cin-
Cunha & Fróes (1994), representam produtos de ciclos turão Umburanas.
vulcânicos e sedimentares compartimentados em

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Figura IV.24 – Mapa geológico simplificado da região do Greenstone Belt Umburanas, destacando suas principais unidades geológicas, bem
como as ocorrências de rochas metakomatiíticas associadas (Simplificado de Cunha & Fróes 1994).

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Figura IV.25 – Mapa geológico mais detalhado do Greenstone Belt Umburanas (Simplificado de Cunha & Fróes 1994).

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Figura IV.26 – Afloramento de rocha migmatítica do embasamento do Greenstone Belt Umburanas,
no contato leste com suas unidades supracrustais.

Os derrames ultramáficos komatiíticos são represen- tendo texturas primárias preservadas como amígda-
tados por serpentinitos e variedades talcificadas e xis- las, minúsculos cristais de plagioclásio e de tremolita
tificadas, com proporções variáveis de actinolita, tre- orientados, indicando fluxo magmático, além de mi-
molita e clorita. As suas melhores exposições estão crólitos e fenocristais de plagioclásio. Nas amostras
localizadas nas margens do cinturão, principalmente menos alteradas a assembleia mineral compreende
no flanco sul, ao longo da Serra do Eixo e no extre- finos cristais de hornblenda, de plagioclásio e raras
mo norte do flanco leste, na Fazenda Tocadas. Nestas disseminações de titanita, epidoto, apatita e de opacos.
exposições foram observadas texturas e estruturas
primárias bem preservadas, como almofadas, bre- As metavulcânicas félsicas são rochas de granulação
chas de topo de derrames, cúmulos de olivina e uma fina e coloração cinza a castanho. Apresentam-se xis-
variedade de texturas spinifex (Fig.IV.27). tificadas ou cristalinas e bem laminadas, com alguns
pórfiros de feldspato, sendo classificadas como me-
Os metabasaltos são representados por metabasitos tandesitos a metadacitos pórfiros. Sua mineralogia in-
e anfibolitos finos, geralmente maciços e recristali- clui fenocristais de feldspato e quartzo em meio a uma
zados, às vezes xistificados, porém muitas vezes con- matriz poligonal muito fina de plagioclásio+quartzo,

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a

b
Figura IV.28 – Intercalações de rochas metavulcânicas máficas
e félsicas, deformadas e metamorfizadas do Greenstone Belt
Umburanas

que as situadas nas posições mais basais se correla-


cionem com a sucessão de metakomatiítos e metaba-
saltos basais. Os níveis de metacarbonato e formação
ferrífera observados aparecem geralmente intercala-
dos nas calcissilicáticas. As metavulcânicas máficas e
félsicas, entremeadas nas calcissilicáticas, represen-
tam o segundo ciclo vulcânico do Umburanas.

Figura IV.27 – a, b. Afloramentos de metakomatiítos do Greenstone As rochas calcissilicáticas se apresentam em três va-
Belt Umburanas, deformados e metamorfizados.
riedades distintas. Uma menos silicosa, com minera-
logia dominada por tremolita/actinolita e diopsídio.
com palhetas orientadas de biotita, moscovita, vênu- Outra mais silicosa, evoluindo até termos quartzíticos
las de quartzo e opacos (Fig.IV.28). com mineralogia definida pelo predomínio de quartzo
e subordinadamente tremolita/actinolita. Por último,
As rochas calcissilicáticas ao lado da sucessão de me- uma variedade que resulta da ação do metamorfismo
taultramáficas (komatiítos) e metamáficas (basaltos) de contato do maciço granítico de Umburanas, sendo
ocupam as porções mais basais atualmente expostas caracterizada pelo crescimento mineral mais acentu-
nesse greenstone belt, delineando os seus contornos ado, com cristais atingindo até 8cm de comprimento
em contato com os gnaisses e maciços graníticos cir- e uma mineralogia ainda dominada por tremolita,
cunjacentes. Mostram-se intercaladas e sobrepostas diopsídio e quartzo, porém acrescida de outros mi-
por pulsos de metavulcânicas máficas e félsicas e por nerais como hornblenda e granada. Outros minerais
sedimentos vulcanogênicos xistosos, os quais com comuns na composição modal das variedades de cal-
maior incidência ocorrem em posições superiores às cissilicática são: epidoto, microclínio, calcita, plagio-
metavulcânicas félsicas, seguidos em menor propor- clásio, titanita, apatita e biotita.
ção por níveis de metacarbonato e de formação ferrí-
fera. As metavulcânicas máficas, mais raras, ocorrem Os sedimentos siliciclásticos são representados por
em várias posições dentro dessa sucessão. É possível uma sucessão de quartzitos, metaconglomerados e

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metacherts, que se apresentam sobrepostos ou inter- Umburanas (CAPÍTULO V). Com as demais unidades
calados à sucessão basal de metakomatiítos e meta- os seus contatos são, em parte, tectônicos e transi-
basaltos. Formam faixas lenticulares com espessu- cionais. Essa unidade é constituída dominantemente
ras medindo desde alguns até quatrocentos metros, por metavulcânicas félsicas, maciças ou xistosas, com
e com continuidade persistente ao longo do strike. intercalações subordinadas de metavulcânicas máfi-
Foram mapeadas três faixas, associadas com inten- cas, metatufos xistosos, metagrauvacas, metacarbo-
so cisalhamento. Uma exposta ao longo do Morro do natos e formações ferríferas. Diques e sills máficos a
Mirante e da Serra do Sucuriú delineando o núcleo ultramáficos também estão presentes. As sucessões
de um antiforme alçado por falha; e as outras duas vulcânicas desta unidade representam o terceiro ciclo
faixas ao longo da Serra do Eixo no contorno sul do vulcânico do Greenstone Belt Umburanas.
Greenstone Belt Umburanas. Os quartzitos são maci-
ços a bandados, geralmente intercalados com leitos As metavulcânicas félsicas são predominantemente
de conglomerados e de chert. Os conglomerados se representadas por metadacitos e metarriolitos, com
apresentam como leitos ou camadas, intercalados nos participação subordinada de metandesitos e corpos
quartzitos, com espessuras variando de alguns centí- subvulcânicos de quartzo-feldspato porfiríticos (Fig.
metros até em torno de dois metros. Os seus clástos IV.29). São rochas maciças ou tenuemente xisto-
diminuem de tamanho em direção ao topo das cama- sas, porfiríticas e blastoporfiríticas, com fenocristais
das e geralmente variam entre cinco e cinquenta mi- de plagioclásio e quartzo, paralelizados à foliação
límetros de comprimento maior, podendo atingir até metamórfica, em meio a uma matriz muito fina de
mais do que vinte centímetros, e variam entre angu- quartzo+plagioclásio, coadjuvados por palhetas de
losos e arredondados. Os clastos são de composição biotita e moscovita e raros grãos de opacos, zircão,
dominantemente silicosa, provavelmente de quart- apatita e epidoto.
zo. A matriz possui composição semelhante à dos
quartzitos. Os metacherts são caracteristicamente de As metavulcânicas máficas são corpos estreitos de
granulação fina, cor esbranquiçada a cinza-escuro, metabasaltos com o formato de lentes em espessuras
maciços ou com alternância de bandas milimétricas centímetricas a decamétricas, distribuídos no topo,
a centimétricas, claras (silicosas) e escuras (carbono-
sas e/ou ferruginosas). Geralmente mostram efeitos
de recristalização, adquirindo o aspecto de quartzitos.
Suas camadas possuem espessuras variando entre
alguns centímetros até em torno de três metros. Sua
mineralogia compreende, essencialmente, quartzo,
hematita e carbono amorfo.

4.1.3 Sequência Média

A Unidade Média ocupa quase a metade da superfí-


cie exposta do Greenstone Belt Umburanas (Fig.IV.25).
Suas exposições mais expressivas situam-se ao longo
das Serras do Algodão, do Sucuriú e do Eixo e nos va-
les dos riachos do Sumidouro, do Branco e do Pica-
-Pau. Na quase totalidade, o limite inferior da unidade Figura IV.29 – Aspectos macroscópicos dos metandesitos do
Greenstone Belt Umburanas
está em contato tectônico com o maciço granítico de

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nas porções medianas e na base da unidade média. 4.1.4 Sequência Superior
São rochas escuras, de granulação fina a média, maci-
ças, laminadas, ou tenuemente xistosas, constituídas A Sequência Superior aflora exclusivamente ao longo
basicamente por tremolita, actinolita, hornblenda, da Serra do Algodão, formando uma faixa contínua
plagioclásio, clorita, com participações subordinadas com extensão superior a 18 quilômetros e largura va-
de epidoto, quartzo secundário e quantidades meno- riando de trezentos a novecentos metros, ocupando o
res ou traços de granada, biotita, titanita, hematita, il- núcleo de uma aparente estrutura sinformal limitada
menita e turmalina. Nas exposições dos metabasaltos por descontinuidades tectônicas (Fig.IV.25). É consti-
não foram observadas estruturas primárias preserva- tuída essencialmente por metacarbonatos calcíticos a
das, como contatos de derrames, brechas de fluxo e dolomíticos, às vezes impuros, maciços a laminados,
almofadas. Todavia, estão localmente preservadas al- exibindo xistosidade quando enriquecidos em mine-
gumas texturas primárias, como texturas ofíticas com rais micáceos e tremolita/actinolita. Contém interpo-
microfenocristais de anfibólio e plagioclásio, amígda- sições tectônicas de quartzitos da Sequência Inferior
las e abundantes fantasmas de microfenocristais de e são permeados por veios e vênulas de calcita bem
piroxênio, marcados pela concentração de “poeira” de cristalizada com até 2 metros de largura. Sua minera-
opacos, exibindo formas esqueléticas e prismáticas, logia consiste basicamente em calcita, com quantida-
caracterizando relíquias de textura spinifex típicas de des subordinadas de tremolita/actinolita, flogopita,
basaltos komatiíticos. Ocorrências deste tipo de ba- biotita-clorita e quartzo. É predominantemente um
salto foram identificadas nos Riachos do Sumidouro metacarbonato calcítico com 48,4% de CaO; 1,8% de
e do Branco, formando leitos com até um metro de MgO; 7,2% de SiO2 e 0,05% de P2O5 (Lopes 1991).
espessura, intercalados em metatufos e metacarbo-
natos. 4.1.5 Estruturas e Metamorfismo

Os metatufos xistosos a metagrauvacas possuem As rochas do Greenstone Belt Umburanas, do seu em-
ampla distribuição no âmbito da Sequência Média. basamento granito-gnáissico-migmatítico e dos cor-
No terreno são difíceis de ser distinguidos das rochas pos graníticos adjacentes (com exceção do Granitoide
vulcânicas félsicas, quando estas se mostram xistosas Umburanas) foram submetidas a múltiplos eventos de
e desprovidas de pórfiros de feldspato e quartzo. Jun- deformação e cisalhamento que ainda não são perfei-
to com os níveis de metacarbonato e formação ferrífe- tamente compreendidos. Em que pese as dificuldades
ra formam expressivas intercalações, geralmente en- encontradas para se reconhecer e estabelecer a su-
tremeando os pulsos dos derrames félsicos e máficos. cessão destes eventos deformacionais, evidenciadas
principalmente pela ausência de bons afloramentos
Os diques e sills máficos a ultramáficos equivalem a e de continuidade de níveis-guias, são claramente re-
diabásios, melanogabros ou plagioclásio-piroxenito conhecidos no Greenstone Belt Umburanas duas fases
cumuláticos. Dois corpos, identificados no Riacho de dobramentos e três eventos de cisalhamento, que
do Sumidouro e no Riacho do Branco, são restritos, também afetaram o seu embasamento (as deforma-
com espessuras entre um e dois metros. São rochas ções paleoproterozoicas também recristalizaram os
tremolitizadas, de granulação média a grossa, maci- gnaisses e migmatitos do embasamento). Esses do-
ças a xistosas, constituídas basicamente por tremo- bramentos e cisalhamentos estão relacionados com
lita e plagioclásio. Os cristais de tremolita parecem o último grande evento de deformação, que afetou
representar antigos cristais de cúmulos de piroxênio grande parte do Cráton do São Francisco, acontecido
transformados, enquanto que os de plagioclásio são durante o fechamento de ciclo geotectônico paleopro-
de intercúmulos. terozoico na Bahia. No embasamento granito-gnáis-

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sico, por sua vez, existem os registros de pelo menos (2º evento de cisalhamento) (Fig.IV.25). A colocação
dois eventos deformacionais mais antigos, que ainda do Granitoide Umburanas (CAPÍTULO V) relaciona-se
resistiram às deformações paleoproterozoicas. com essa fase de dobramento F2. Esse maciço se estru-
turou como domo intrusivo, causando o arqueamento
A primeira fase de dobramento no Greenstone Belt e compressão no Greenstone Belt Umburanas. Os seus
Umburanas (F1) parece ter sido produzida por um in- contatos foram afetados por zonas de cisalhamento do
tenso encurtamento orientado de leste para oeste, que segundo evento, em regimes plástico e frágil e com o
também gerou superfícies de cavalgamento e cisalha- predomínio de indicações de movimento sinistral ao
mento (1º evento de cisalhamento), com transporte longo do strike. Essas indicações são, essencialmente,
tectônico predominante de leste para oeste, associado as formas sigmoidais dos pórfiros de feldspato e as re-
com uma componente horizontal sinistral. As dobras lações das superfícies S/C. Os registros das deforma-
dessa fase são apertadas e isoclinais, tendo atingido ções por cisalhamento nesses maciços graníticos, com
estágios de recumbência e cavalgamento, exibindo maior frequência, estão concentrados e são mais in-
em escala de afloramento assimetrias que confirmam tensos nas suas margens, tornando-se imperceptíveis
o predomínio do transporte tectônico de leste para ou ausentes nas suas porções centrais, como é bem
oeste. Geralmente, estas dobras estão orientadas se- observado no Granitoide Umburanas. Essas observa-
gundo a direção geral dos dois ramos do Greenstone ções indicam que o maciço granítico teve colocação sin
Belt Umburanas que se estruturam como calhas (sin- a tarditectônica em relação a F2.
formes) com orientação variando de N30oW a N20oE
(Fig.IV.25). Possuem eixos com caimentos moderados a O padrão de interferência de superfícies expostas do
fracos, predominantemente para norte, com algumas Greenstone Belt Umburanas evidencia que as dobras
inversões provocadas quer pelo arqueamento de suas F1 e F2 são aproximadamente coaxiais a oblíquas (Fig.
charneiras devido a movimentos de cavalgamento e ci- IV.25).
salhamento, quer pelo redobramento ocasionado pela
fase subsequente. Uma foliação pervasiva S1 relaciona- O terceiro evento de cisalhamento, que afeta igual-
-se com essas dobras iniciais. As superfícies de descon- mente as rochas do Greenstone Belt Umburanas, do
tinuidade do primeiro evento de cisalhamento geral- seu embasamento e dos granitos adjacentes, é repre-
mente estão paralelas, superpostas ou ligeiramente sentado por zonas regionais de cisalhamento com
oblíquas às superfícies axiais dessas dobras. Admite-se trend geral NW-SE, formadas por feixes semiparalelos
que elas causaram o estiramento de suas charneiras de falhas, corredores de milonitização e bandas com
ou o rompimento de sua continuidade litológica, atra- misturas tectônicas de diferentes unidades litológicas.
vés de escamamentos que provocaram a justaposição Suas espessuras são decamétricas a quilométricas e
tectônica entre as litologias. Isto interrompeu a sua su- existe continuidade ao longo do strike por extensão
cessão temporal, dificultando a reconstituição comple- superior a noventa quilômetros. A zona de cisalha-
ta da sequência estratigráfica original. mento mais importante é a de Cristalândia, que pos-
sui deslocamento sinistral, interceptando a margem
A segunda fase de dobramento, no Greenstone Um- oriental do Greenstone Belt Umburanas, e, no seu ex-
buranas (F2) é representada por um amplo antiforme tremo norte, afeta também o Granitoide Jussiape (CA-
modelado pelo maciço granítico de Umburanas e dois PÍTULO V) e as litologias dos grupos Rio dos Remédios
sinformes laterais que estruturaram os ramos desse e Chapada Diamantina (CAPÍTULO VIII). Isto atesta,
greenstone belt, modificando e redobrando as dobras portanto, que ela é uma transcorrência regional acon-
F1, retrabalhando as superfícies anteriores e gerando tecida durante o Paleoproterozoico, mas que esteve
novas superfícies de cavalgamento e cisalhamento ativa, durante o Mesoproterozoico e talvez no Neopro-

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terozoico. Segundo Sampaio Filho (1985), as litologias actinolita+talco; tremolita+clorita+óxido de ferro; e
atravessadas por essa zona de cisalhamento sofreram, cummingtonita+antofilita+óxido de ferro+talco.
por ação hidrotermal, rebaixamento metamórfico da
fácies anfibolito para a fácies xisto verde. (ii) Rochas metabasálticas e metavulcânicas félsicas/
metatufos - biotita+quartzo+plagioclásio (albita)+
As deformações registradas apenas nas litologias do moscovita+epidoto+óxido de ferro; actinolita+clorita+
embasamento do Greenstone Belt Umburanas, e con- quartzo+plagioclásio (An <10) epidoto+óxido de ferro;
sideradas como as mais antigas, compreendem uma e actinolita+epidoto+quartzo+plagioclásio (An=17)+
fase F1 representada pelo bandamento gnáissico e epidoto+óxido de ferro.
outra subsequente F2 representada pelo dobramen-
to, geralmente em estilo isoclinal e recumbente do (iii) Rochas calcissilicáticas - diopsídio+microclínio+
bandamento gnáissico, visto em afloramento como plagioclásio+quartzo; actinolita+epidoto+quartzo+ ca
dobras centimétricas a métricas, fortemente trans- lcita+tremolita+diopsídio+titanita e quartzo; tremolit
postas e às vezes com as charneiras rompidas. a+plagioclásio+epidoto+granada; etc.

De um modo geral, as rochas do embasamento gra- Nos contatos das litologias do greenstone belt com o
nito-gnáissico-migmatítico do Greenstone Belt Um- maciço granítico de Umburanas são observados efeitos
buranas sofreram metamorfismo da fácies anfibolito de metamorfismo de contato. Nas rochas ultramáficas
médio a alto, caracterizado por paragêneses minerais esses efeitos são caracterizados pela recristalização de
como: oligoclásio (An 20-30) +quartzo+biotita±micro hornblenda+oligoclásio/andesina; nas intermediárias
clínio±hornblenda; microclínio+quartzo+plagioclási pela recristalização de andaluzita±biotita±moscovita e,
o+biotita e, plagioclásio (An 25-32) +quartzo+biotita nas calcissilicáticas pela recristalização de hornblenda
(Sampaio Filho 1985). As frações litológicas migmati- +quartzo+epidoto+granada.
zadas chegam a atingir estágio avançado de anatexia
com alta densidade de mobilizados e com o desen- 4.1.6 Intrusivas Pós-Tectônicas
volvimento de estruturas nebulíticas e schlieren. Nas
regiões atravessadas por zonas de cisalhamento elas A intrusiva claramente pós-tectônica é o Granitoide
exibem efeitos de retrometamorfismo para a fácies Umburanas embora o Granitoide Serra do Eixo mos-
xisto verde, com paragêneses minerais que variam de tre também evidências de que penetrou após as de-
epidoto+quartzo+calcita+sericita±clorita até albita+ formações que atingiram o Greenstone Belt em foco.
epidoto+quartzo±calcita+sericita/moscovita+clorita. As características geológicas desses granitoides en-
contram-se no CAPÍTULO V.
O metamorfismo progressivo das rochas do Greens-
tone Belt Umburanas é predominantemente de baixo 4.1.7 Dados Litogeoquímicos
grau, da fácies xisto verde, porém evolui para a fácies
anfibolito nas proximidades dos contatos com os plú- Dados petroquímicos das metavulcânicas ultramáficas
tons graníticos e ao longo de suas margens. Essas da Sequência Inferior do Greenstone Belt Umburanas
variações metamórficas, conforme Sampaio Filho confirmam a sua natureza komatiítica, de acordo com a
(1985) são verificadas nos seus diversos tipos litológi- classificação proposta por Arndt & Nisbet (1982). Estas
cos com as paragêneses minerais a seguir: unidades possuem baixas quantidades de SiO2 (39,20-
47,40%), TiO2 (0,07-0,23%), Al2O3 (2,3-7,6%) e de ele-
(i) Rochas ultramáficas - serpentina+carbonato+ mentos-traço incompatíveis. Os komatiítos possuem
talco+tremolita+óxido de ferro; clorita+tremolita/ MgO>18% (21,7-35,6%), baixos valores de Na2O+K2O

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(<0,25%), Zr (<30 ppm) e Y (<3 ppm), e altos valores de 4.1.8 Dados Geocronológicos
Ni (>2.600 ppm) e Cr (>6.000 ppm). Os basaltos koma-
tiíticos possuem MgO inferior a 18% (17,7%), e baixos São bastante escassos os dados geocronológicos dis-
valores de Na2O+K2O (<1%). Os reduzidos teores de Ni poníveis a respeito do Greenstone Belt Umburanas. A
e Cr apresentados em algumas destas rochas devem sua idade mínima pode ser estabelecida através dos
refletir contaminação por assimilação de material do dois corpos graníticos que lhe são intrusivos, aos quais
assoalho da lava durante o derrame. Outras metavul- Sabaté et al. (1988) denominaram de maciços graníti-
cânicas máficas e félsicas que ocorrem na Sequência cos Umburanas e Serra do Eixo e lhes atribuíram uma
Inferior situam-se no campo de metabasaltos toleiíti- idade de colocação paleoproterozoica (CAPÍTULO V).
cos e no campo transicional entre os trends toleiíticos Por outro lado, Brito Neves et al. (1980) e Cordani et
e calcialcalinos respectivamente. Por outro lado, duas al. (1985) obtiveram datações radiométricas Rb/Sr que
amostras de metavulcânicas máficas mostraram pa- indicaram idades, respectivamente, de 2,7Ga e 3,1Ga
res de valores das razões de Zr/Y - Ti/Zr, equivalentes para os ortognaisses do Complexo Granito-Gnáissico-
a 3,3–98 e 4–47,25 que segundo critérios de Gelinas -Migmatítico, considerado como o embasamento do
et al. (1984) são possuidoras de afinidades toleiítica Greenstone Belt Umburanas. Esses fatos induziram
e calcialcalina, respectivamente. Ressalta-se que, em os diversos pesquisadores a interpretar a idade desse
termos do conteúdo de SiO2, a primeira amostra com cinturão como situada entre o Paleoproterozoico e o
49,80% é de composição basáltica, enquanto a últi- Arqueano. Presentemente, Santos-Pinto et al. (1994),
ma, com 56,70%, é de composição andesítica. utilizando o método da evaporação em monozircão
(Kober 1986), datou dois zircões de amostras da primei-
Os dados petroquímicos das metavulcânicas da Sequ- ra geração do Granitoide Serra do Eixo em 3.158±5Ma
ência Média do Greenstone Belt Umburanas, indicam, (CAPÍTULO V). Com esse resultado, ficou definida a ida-
através das abundâncias de SiO2 e das razões de Zr/ de de colocação desse maciço granítico, que é intrusivo
TiO2, que as composições originais das metavulcânicas no Greenstone Belt Umburanas, e, consequentemente,
félsicas são predominantemente dacíticas e riolíticas podendo ser admitida como a idade mínima desse cin-
(SiO2 de 67,60-75,20% e Zr/TiO2 de 0,08-0,19) enquanto turão vulcanossedimentar.
que aquelas das metavulcânicas máficas são basálti-
cas (SiO2 de 47,40-52,40% e Zr/TiO2 de 0,009-0,01). No 4.1.9 Recursos Minerais
diagrama AFM de Irvine & Baragar (1971), grande parte
das amostras das vulcânicas félsicas analisadas ocupa Os trabalhos de pesquisa e exploração mineral até
o campo calcialcalino, enquanto uma minoria situa-se então realizados no âmbito do Greenstone Belt Um-
no campo calcialcalino. Contrariamente, no diagrama buranas apontaram várias áreas com potencial para
Al2O3-FeO(t)+TiO2-MgO de Jensen (1976), as mesmas mineralizações de ouro.
amostras situam-se no campo toleiítico. Nesses mes-
mos diagramas e no diagrama CaO-MgO- Al2O3 de
Viljoen & Viljoen (1969) uma amostra das vulcânicas 4.2 Greenstone Belt Brumado
máficas da Sequência Média, dentre três analisadas,
posiciona-se no campo toleiítico. A contradição veri- O Greenstone Belt Brumado situa-se na região sudo-
ficada quanto aos campos composicionais das rochas este do Estado da Bahia, no setor sul do Bloco Ga-
vulcânicas félsicas nos diagramas pode estar relacio- vião, nas proximidades da cidade de Brumado (Fig.
nada com processos de alteração pós-formacionais e IV.1, IV.23). O domínio do cinturão é representado por
pode ser investigada e discutida com mais detalhe na três faixas irregulares com extensões de até 28km e
continuidade dos trabalhos litogeoquímicos no âmbito largura máxima de 10km, com orientação NNE. As
do Greenstone Belt Umburanas. faixas acham-se separadas por núcleos graníticos

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e gnáissico-migmatíticos do embasamento, sendo espessuras de 50 a 300 metros, às vezes com interca-
bruscamente interrompidas, nas suas extremidades lações de estreitos níveis de BIF, sucedidos por derra-
norte, pela escarpa meridional da Chapada Diaman- mes máficos, toleiíticos, anfibolitizados e horizontes
tina (Serra do Rio de Contas) e/ou encobertas por de calcissilicáticas e xistos félsicos a biotita e grana-
depósitos detríticos tércio-quaternários. Fazem parte da; (ii) na parte média, xistos félsicos (metavulcâni-
também do Greenstone Belt Brumado, pequenos “re- cas/metatufos/metapelitos), cherts e quartzitos e (iii)
talhos” isolados no seio do terreno granítico-gnáissi- na parte superior, uma sucessão de metassedimentos
co-migmatítico. representada por metacarbonatos (calcário, dolomito
e magnesita), quartzitos e formações ferríferas ban-
A faixa mais expressiva tem o formato semielíptico dadas. Em alguns locais esta sucessão mostra inter-
(22x10km), ocupando toda a extensão superficial da rupções provocadas por rompimento e justaposição
Serra das Éguas, que representa uma estrutura bra- tectônicas que colocam lado a lado os derrames ul-
quissinformal suspensa, preservada do corte erosivo tramáficos da base, com os metacarbonatos do topo.
pela sua própria estruturação e pelo capeamento de
litologias mais resistentes ao intemperismo, como Nos afloramentos na região da Serra das Éguas, os
quartzitos e formações ferríferas (Fig.IV.30). As me- derrames komatiíticos mostram-se maciços, finos
lhores exposições do cinturão são observadas no a laminados, algo deformados, transformados em
âmbito da Serra das Éguas, e na escarpa ocidental da serpentinitos, tremolita-xistos e talco-xistos, não exi-
Serra de Rio de Contas, antes referidas. bindo nítidas texturas spinifex. Amostras desses der-
rames revelaram, sob o microscópio, típicas texturas
A exemplo do que ocorre nos demais cinturões do se- de fluxo vulcânico, marcadas por minúsculas agulhas
tor sul do Bloco Gavião, principalmente nos cinturões de tremolita com arranjo muito semelhante àquele
Umburanas (item 4.1), Ibitira-Ubiraçaba (item 4.3) e apresentado pela matriz desvitrificada intersticial às
Guajeru (item 4.4), o cinturão Brumado reúne, nos lâminas de olivina, de típicas texturas spinifex. Estes
seus domínios, assembleias de rochas metavulcâ- fatos, aliados com dados petroquímicos atestam a na-
nicas ultramáficas, máficas e félsicas, entremeadas tureza vulcânica komatiítica para as rochas ultramá-
com equivalentes piroclásticos e assembleias de se- ficas da Serra das Éguas.
dimentos químicos e terrígenos. Ressalta-se que nas
assembleias metavulcânicas foram identificadas uni- Os metabasaltos toleiíticos são representados por
dades de derrames ultramáficos komatiíticos, às ve- metabasitos finos anfibolitizados, às vezes recris-
zes com relíquias de textura spinifex, que juntas com talizados e ricos em hornblenda. A sua mineralogia
outras ocorrências identificadas nos Greenstone Belt básica é representada por plagioclásio, honblenda e
Umburanas e Ibitira-Ubiraçaba, constituem a com- tremolita, com participações subordinadas de biotita,
provação dos primeiros registros desses derrames, clorita, alguma granada e opacos.
nos cinturões vulcanossedimentares arqueanos do
Cráton da São Francisco, no Estado da Bahia (Cunha Os xistos félsicos, geralmente decompostos, mos-
& Fróes 1994, Cunha et al. 1996). tram-se ricos em biotita e granada e são interpretados
como equivalentes metamorfizados e tectonizados de
As melhores exposições da sucessão estratigráfica vulcânicas félsicas e/ou de produtos piroclásticos e
do Cinturão Brumado foram observadas no âmbi- epiclásticos e de sedimentos detríticos derivados.
to da Serra das Éguas. Nessa região foi verificada a
ocorrência da seguinte sucessão: (i) na parte inferior, Os metacarbonatos ocorrem em duas faixas, no alto
derrames ultramáficos komatiíticos, serpentinizados, e próximo das margens da serra. Mostram-se mar-
tremolitizados e talcificados, finos a laminados, com morizados, com predomínio de metadolomitos, se-

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Fig.IV.30 – Mapa geológico simplificado do Greenstone Belt Brumado com destaque para os granitoides intrusivos. Não foi possível separar
as sequências inferior, intermediária e superior.

guidos por metamagnesitos (magnesita) e mármores mente continuam sendo explotadas pela Magnesita
calcíticos. A magnesita se apresenta de diversas cores S.A., além da Xilolite S.A. e da Ibar do Nordeste S.A.
(branca, creme, vermelha, cinza, incolor), predomi-
nando o tipo de coloração branca e com granulo- As formações ferríferas são tipicamente bandadas e
metria de recristalização fina a média, formando es- sílicatadas (fácies sílicato) a quartzosas (fácies óxido)
pessos pacotes que constituem as enormes reservas compreendendo alternâncias de leitos milimétricas a
lavradas desde 1940 pela Magnesita S.A. e que atual- centimétricos ricos em magnetita com leitos ricos em

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grunerita-cummingtonita (fácies sílicato) e com leitos mado foi tentativamente dividida em três unidades,
ricos em quartzo (fácies óxido). As melhores exposi- resumidas a seguir.
ções foram observadas no alto da Serra das Éguas.
4.2.1 Sequência Inferior
Nas demais faixas do cinturão, as exposições das uni-
dades litológicas são escassas, descontínuas e restri- A Sequência Inferior do Greenstone Belt Brumado é
tas, não possibilitando que se faça a reconstituição e constituída por metavulcânicas ultramáficas komatiíti-
acompanhamento de sua sucessão estratigráfica. To- cas e por metavulcânicas máficas toleiíticas, contendo
davia, as mesmas litologias que constituem a seção- intercalações subordinadas de rochas xistificadas (vul-
-tipo do cinturão observada na Serra das Éguas, são cânicas félsicas?) e de sedimentos químicos (calcissili-
também observadas em pequenos afloramentos iso- cáticas, cherts e BIF) e terrígenos (quartzitos).
lados e nos blocos, matacões e pequenos fragmentos
dispersos em meio ao solo e nos flancos das eleva- 4.2.2 Sequência Média
ções nos domínios destas faixas. Compreendem ser-
pentinitos, tremolititos, talco-xistos (equivalentes de A Sequência Média do Greenstone Belt Brumado é
metakomatiítos), metabasitos finos (equivalentes de constituída por rochas xistosas félsicas ricas em bioti-
metabasaltos), xistos félsicos (equivalentes de meta- ta e granada (vulcânicas félsicas? e/ou metapelitos?) e
vulcâncias félsicas e/ou dos seus derivados piroclás- calcissilicáticas.
ticos e epiclásticos), formações ferríferas, quartzitos
e metacarbonatos. A exposição mais expressiva foi 4.2.3 Sequência Superior
observada na faixa central do cinturão, na encosta e
topo da Serra de Rio de Contas, por uma extensão de A Sequência Superior do Greenstone Belt Brumado
2,5km, onde estão presentes afloramentos e mega- é constituída por metassedimentos dominantemen-
matacões de formação ferrífera, de metacarbonatos te carbonáticos (calcários, dolomitos e magnesitos),
(magnesita) e de magnetitito maciço, que configuram quartzitos e formações ferríferas.
uma faixa com alto potencial para conter reservas
econômicas de minério de ferro de alto teor. 4.2.4 Estruturas e Metamorfismo

Diques e sills gabroicos cortam a sequência, provo- As paragêneses minerais metamórficas e as defor-
cando interações hidrotermais principalmente nos mações tectônicas observadas no âmbito do Cintu-
metacarbonatos, com o desenvolvimento de concen- rão Brumado são semelhantes àquelas assinaladas
trações marginais de turmalina, granada e raramente no Greensotne Belt Umburanas, com intensidade do
esmeralda. metamorfismo variando da fácies xisto verde à fácies
anfibolito. As relações de contato do cinturão com o
Guardadas as suas particularidades, a assembleia embasamento gnáissico-migmatítico, quando obser-
vulcanossedimentar do Cinturão Brumado é muito vadas, são claramente retrabalhadas por zonas de
parecida com a do Greenstone Belt Umburanas, só cisalhamento.
que sua sucessão estratigráfica, comparativamente
à do Umburanas, mostra-se incompleta. Faltam os 4.2.5 Dados Litogeoquímicos
termos metavulcânicos félsicos típicos da unidade
média do Greenstone Belt Umburanas. Mesmo assim Dados litogeoquímicos preliminares sobre as unida-
a assembleia vulcanossedimentar do cinturão Bru- des vulcânicas do Greenstone Belt Brumado confir-

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mam a afinidade komatiítica para as metavulcânicas bira (Bastos Leal 1998, Bastos Leal et al. 1998, Cruz et
ultramáficas, representadas por serpentinitos e tre- al, 2010, Barbosa & Cruz 2011) o qual é formado por
molititos e afinidade toleiítica para as metavulcânicas bandas de tonalitos cinza e granodioritos rosados, in-
máficas (metabasaltos), representadas por metabasi- tercaladas, na maioria das vezes controladas por flu-
tos finos e anfibolitizados (Lima 1986, Cunha & Fróes xo magmático (Cruz et al. 2010, Barbosa & Cruz 2011).
1994, Cunha et al. 1996). Daí, as litologias vulcanossedimentares seguem para
o norte contornando também domínios arredonda-
4.2.6 Dados Geocronológicos dos do embasamento granito-gnáissico, inclusive o
Domo de Santa Rita, também constituído de tonalitos
Não existem dados geocronológicos sobre as lito- e granodioritos (Cruz et al. 2010, Barbosa & Cruz 2011)
logias do Greenstone Belt Brumado, que por analo- (Fig.IV.23, IV.31, IV.32). Ao norte e oeste o cinturão é
gia, são consideradas com idades semelhantes às do limitado pelos termos sieníticos intrusivos e metasso-
Greenstone Belt Umburanas que situa-se entre 2,7 e máticos do Complexo Lagoa Real (Turpin et al. 1988,
3,15Ga (Cunha & Fróes 1994, Bastos Leal et al. 1996) Cordani et al. 1992, Pimentel et al. 1994, Arcanjo et al.
2000, Cruz 2004, Cruz et al. 2007, Machado 2008, Cruz
4.2.7 Recursos Minerais et al. 2010, Barbosa & Cruz 2011).

Além dos derrames komatiíticos, foram também O embasamento desse greenstone ainda não está
identificados no Cinturão Brumado alguns depósitos bem definido ,entretanto, as associações vulcanos-
minerais importantes, como os depósitos de talco e os sedimentares presentes no Greenstone Belt Ibitira-
depósitos gigantes de magnesita da Serra das Éguas -Ubiraçaba são muito parecidas com aquelas obser-
que estão atualmente sendo explotados por empre- vadas nos Greenstone Belt Umburanas e Brumado,
sas de mineração antes referidas (CAPÍTULO XX). Nos principalmente com aquelas presentes nas sequên-
seus domínios são também conhecidas várias ocor- cias Inferior e Superior do Greenstone Belt Umbura-
rências e áreas com potencial para mineralizações nas (item 4.1). Elas são representadas por faixas de
econômicas de ferro, vermiculita, ouro e de metais- metavulcânicas ultramáficas e máficas, com níveis de
-base (Cu, Pb, Zn e Ni). cherts (quartzitos) e formações ferríferas associadas

4.3 Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba

O Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba situa-se na re-


gião sudoeste do Estado da Bahia, no setor sul do Blo-
co Gavião (Fig.IV.1, IV.23), que se desenvolve ocupando
considerável expressão territorial. Configura-se como
faixas estreitas curvilineares, alongadas, que seguem
um corredor de cisalhamento sinistral, que se esten-
de por mais de 100km, desde o extremo sudoeste da
Chapada Diamantina, passando por Jussiape, Iguate-
mi, Ubiraçaba, Ibitira, Ibiassucê e até desaparecer por
baixo da cobertura tércio-quaternária a sul de Caculé. Figura IV.31 – Imagem aérea da parte sul do Greenstone Belt
Ibitira-Ubiraçaba e o Domo Lagoa da Macambira. A oeste situam-
Esse greenstone, na sua parte setentrional arrodeia a
se as encaixantes gnáissico-migmatíticas.
parte oeste do denominado Domo Lagoa da Macam-

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que geralmente formam e sustentam uma sucessão 4.3.2 Sequência Inferior
de cristas alinhadas e/ou paralelizadas (Fig.IV.31,
IV.32). Ocorrem também níveis expressivos de xistos A parte inferior do cinturão consiste em metavulcânicas
diversos, de metapelitos turbidíticos, de rochas calcis- ultramáficas e máficas, equivalentes de derrames de
silicáticas, de quartzitos e de metacarbonatos. Estas komatiítos e de basaltos toleiíticos, com intercalações
associações litológicas, ao contrário do que se obser- subordinadas de níveis de formação ferrífera, cherts
va no Greenstone Belt Umburanas, mostram efeitos e calcissilicáticas. Esta parte é correlacionada com a
de deformação e metamorfismo mais elevados, domi- Sequência Inferior do Greenstone Belt Umburanas. As
nantemente na fácies anfibolito. metavulcânicas ultramáficas, de natureza komatiítica,
são representadas por serpentinitos, tremolititos, tre-
4.3.1 Embasamento molita-talco-xistos e talco-xistos, na maioria das vezes
estão profundamente intemperizadas e pobremente ex-
Como referido antes, o embasamento desse greens- postas. Quando menos intemperizadas preservam relí-
tone ainda não está bem definido. No seu extremo quias de texturas spinifex como pequenas agulhas ale-
setentrional, no lado oeste, as litologias supracrus- atórias de tremolita substituindo cristais primários de
tais fazem contato com uma banda de granulito piroxênio e olivina e também como fantasmas de placas
charnockítico, alçada pela tectônica, possívelmente de olivina em arranjo paralelo e triangular, pseudo-
paleoproterozoica, e colocada lado a lado com rochas morfizadas para tremolita e serpentina, ou totalmente
gnáissico-migmatíticas da fácies anfibolito (Cruz et talcificadas, como observado em um afloramento na
al. 2010, Barbosa & Cruz 2011) (Fig.IV.32). No lado margem de um riacho no lado leste do Morro do Jar-
leste, faz contato com o Domo Lagoa da Macambira dim. Os níveis de komatiíto serpentinizados, quando
(CAPÍTULO III, V), que é formado por intrusivas tonalí- bem preservados, mostram-se maciços, fracamente fo-
ticas cinza e granodioríticas rosa. Essas rochas foram liados, com cristalinidade muito fina, coloração esver-
datadas por Bastos Leal (1998) que obteve uma idade deada, às vezes com relíquias de cúmulos de olivina e
de 3.146±24Ma, com o método 207Pb/206Pb em zircão e, em estrutura aparentemente fragmentar, típica de topo
recentemente, novamente datada por Barbosa & Cruz de derrames. O material intersticial nas relíquias de
(2011) tendo alcançado idade de 3.406±65Ma pelo textura spinifex e de cúmulos de olivina consiste de tre-
método U-Pb em zircão. molita e clorita de granulação fina intercrescidos, com
disseminações subordinadas de óxidos de ferro. As me-
A definição precisa do arranjo estratigráfico do cintu- tavulcânicas máficas equivalem a metabasaltos anfibo-
rão não foi possível de ser estabelecido por causa da litizados, escuros, finos, foliados, muitas vezes exibindo
escassez de boas exposições e de níveis-guias contí- textura amigdaloidal. São constituídos basicamente por
nuos, e também por causa da complexidade estrutu- hornblenda e plagioclásio.
ral e obliteração metamórfica e intempérica das fei-
ções primárias. Todavia, apesar dessas dificuldades, As melhores exposições de derrames komatíiticos no
foi tentado estabelecer uma ordenação estratigráfica, Cinturão Ibitira-Ubiraçaba, se situam 5km a leste de
dividida em três partes, utilizando como referência a Ubiraçaba, numa faixa com até 1km de largura as-
estratigrafia do Cinturão Umburanas e as melhores sociados com basaltos amigdaloidais intensamente
exposições que se tem do Greenstone Belt Ibitira- deformados com as amígdalas estiradas e com for-
-Ubiraçaba, preservadas em algumas regiões, como matos arredondados e elipsoidais. Exposições dos
nos morros do Jardim e do Casado, na região de Ubi- derrames komatiíticos, como as do km 5,2 da estrada
raçaba, no morro da Torre, em Ibitira e nas linhas de Ubiraçaba-Fazenda Estoque, exibem texturas/estru-
cristas na região de Iguatemi. turas fragmentares, semelhantes às de topo de der-

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Figura IV.32 – Mapa geológico da parte sul do Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba e suas rochas encaixantes (Fonte: Cruz et al 2010).

rames e texturas laminares transpostas, marcadas gentes e triangulares e em exposições de tremoliti-


por alternâncias de leitos submilimétricos escuros tos foram observadas texturas definidas por leitos de
(serpentina±magnetita) e claros (tremolita), muito lâminas longas de tremolita dispostas radialmente.
semelhantes àquelas do tipo spinifex plano-paralela, Esta faixa bordeja, a leste de Ubiraçaba, uma sequ-
observadas nos komatiitos da Serra do Eixo, no Gre- ência de quartzitos, metacarbonatos (dominantes),
enstone Belt Umburanas. Em exposições talcificadas formações ferríferas bandadas e biotita xistos, que
foram observadas relíquias de textura spinifex diver- se estende para norte, formando uma estrutura an-

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mentos que afetaram a sequência, mostrando-se
constituídos por bandas milimétricas a centimétricas,
ora compostas só por óxidos de ferro (magnetita pre-
dominante e subsidiariamente hematita), alternadas
com bandas equivalentes compostas ora exclusiva-
mente por grunerita-cummingtonita (fácies sílicato),
ora exclusivamente por quartzo (fácies óxido). Estes
níveis de formação ferrífera por ação de recristali-
zação metamórfica e hidrotermalismo adquirem re-
concentração dos óxidos de ferro, tornando-os verda-
deiro minério de ferro. Os cherts geralmente exibem
Figura IV.33 – Afloramento de formação ferrífera na parte sul do composição homogênea, são silicosos de granulção
Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba. fina, às vezes recristalizados, adquirindo a aparência
de quartzitos. Os níveis de calcissilicáticas são de cor
verde-claro a verde-escuro, granulação fina a média,
ocasionalmente grossas, orientadas, por vezes ma-
ciças, via de regra bandadas, com níveis claros enri-
quecidos em quartzo e calcita alternados com níveis
esverdeados, com predomínio de actinolita e epidoto.
Os mármores exibem cor branca.

4.3.3 Sequência Média

A Sequência Média, parcialmente correlacionada com


a Sequência Média do Greenstone Belt Umburanas, é
Figura IV.34 - Afloramento de quartzito na parte sul do Greenstone representada por xistos diversos, ricos em biotita e pro-
Belt Ibitira-Ubiraçaba. Observar que a foliação do quartzito é porções menores de granada±estaurolita±cianita, con-
próxima da vertical contendo uma lineação de estiramento de
baixo ângulo. siderados como derivados de metavulcânicas félsicas,
metatufos e de metassedimentos pelíticos semelhantes
a metaturbiditos. Os xistos são de coloração acinzenta-
tiformal. Também a oeste de Ubiraçaba ocorre larga da, granulação fina, a muito fina, raramente média a
faixa dessas rochas, que se prolonga para norte e sul, grossa, predominantemente micáceos, com estrutura
bordejada por unidades estreitas e descontínuas de orientada, xistosa em decorrência do forte alinhamen-
rochas ultramáficas komatiíticas. to dos minerais micáceos, exibindo, por vezes, cristais
milimétricos bem formados de granada. Na parte sul,
Os níveis de BIF (Fig.IV.33), chert/quartzitos (Fig.IV.34) esses xistos que fazem contato com o Domo Lagoa da
e calcissilicáticas presentes como intercalações nas Macambira, exibem essas granadas que alcançam, às
metavulcânicas da seção inferior do Greenstone Belt vezes, tamanho superior a 2cm, sendo inclusive ga-
Ibitira-Ubiraçaba, sustentam cristas alinhadas que rimpadas (Cruz et al. 2010, Barbosa & Cruz 2011). Os
demarcam muito bem a estruturação do cinturão. As estudos petrográficos revelaram para essas litologias
formações ferríferas (BIF) formam níveis bem defini- composições mineralógicas variadas, porém indivi-
dos, com espessuras métricas, às vezes superiores a dualizadas em dois grupos: um, com típica estrutura
100 metros, exibindo muito bem o estilo dos dobra- xistosa, por vezes cataclástica, constituído por quartzo,

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moscovita, biotita, granada, cianita, clorita e sericita por vezes isotrópicas, exibindo xistosidade quando
em proporções variadas; outro, com textura granole- enriquecidas em minerais micáceos e tremolita/acti-
pidoblástica, por vezes porfiroblástica e cataclástica, nolita. São constituídas basicamente por calcita (66
contendo, principalmente, biotita e quartzo e, subor- a 95%), tremolita/actinolita até 20% e flogopita (0 a
dinadamente, epidoto plagioclásio e granada. Apesar 5%) e formadas exclusivamente por magnesita quan-
dos poucos dados disponíveis e das dificuldades ine- do integram leitos de magnesititos. Os quartzitos
rentes ao estudo desses tipos litológicos, especulou-se ocorrem como inúmeros níveis, em geral estreitos e
uma origem vulcânica para os xistos com plagioclásio alongados que constituem, na maioria das vezes, re-
e/ou granada e epidoto, em face da semelhança com levos positivos. As maiores incidências desses corpos
as rochas xistificadas de ascendência vulcânica encon- são assinaladas nas cercanias de Ubiraçaba e Ibitira.
tradas no Greenstone Belt Umburanas. Aqueles ricos Encontram-se invariavelmente associados com áreas
em biotita, moscovita, sericita e quartzo foram admiti- de predominância de rochas carbonáticas. São lito-
dos como de provável origem piroclástica e/ou de se- logias dominantemente constituídas por quartzo (62
dimentação clástica, turbidítica. Boas exposições deste a 98%) e material micáceo (sericita-moscovita e fuc-
tipo litológico foram observadas no leito e margem da sita) que podem atingir até 35%, podendo ainda con-
rodovia perto de Ibitira e no trajeto entre Ibiassucê e ter, esporadicamente, hematita (até 18%), tremolita,
Caculé. Neste último local os metapelitos mostram ca- cummingtonita e hornblenda. As formações ferríferas
racterísticas de paragnaisse kinzigítico, metamorfizado bandadas (BIF) se dispõem segundo pequenos aflo-
em alto grau. Esse metamorfismo atinge a fácies an- ramentos ou concentrações de rolados de dimensões
fibolito alto chegando a produzir bolsões de fundidos variadas. São constituídas por camadas milimétricas
(granito do tipo “S”) com granada e cordierita (Cruz et a centimétricas, de granulação muito fina, alternada-
al. 2010, Barbosa & Cruz 2011). Esse granito de origem mente, clara e escura. As camadas claras são ricas
anatética, denominado de Granito Broco, datado pelo em quartzo (fácies óxido) ou grunerita-cummingtoni-
método U-Pb em zircão por esses últimos autores, ta (fácies sílicato) e as escuras são ricas em óxidos de
produziu idades variando entre 2.038±8 e 2.040±9Ma ferro, representados predominantemente por mag-
o que indica que o metamorfismo paleoproterozoico se netita e mais raramente hematita.
superimpôs às unidade supracrustais do Greenstone
Belt Ibitira-Ubiraçaba. No âmbito da sequência vulcanossedimentar do
Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba foram também
4.3.4 Sequência Superior assinalados corpos gabroicos discretos, alongados,
geralmente concordantes com a estrutura regional e
A Sequência Superior, correlacionável com a Se- alojados no domínio da seção inferior do cinturão. São
quência Superior do Greenstone Belt Umburanas, rochas de coloração cinza a esverdeada, de granula-
compreende um expressivo pacote de metassedi- ção média a grossa, aspecto isotrópico a fracamente
mentos, representados por metacarbonatos (Fig. foliado, muitas vezes, apresentando textura diabásica
IV.35), quartzitos e formações ferríferas. Os metacar- preservada. São constituídas, basicamente, por pla-
bonatos, marmorizados, se apresentam como faixas gioclásio do tipo labradorita (55%) e piroxênio do tipo
de espessuras métricas a decamétricas indivisas, augita (35 a 43%). Relações de campo mostram que
representadas decrescentemente por leitos de calcá- essas rochas posicionam-se concordantemente com
rios calcíticos, dolomitos e de magnesita. São de cor as litologias que as circundam, e evidenciam, em cer-
cinza-claro, de granulação fina a média, orientadas, tos locais, transições para anfibolitos (Fig.IV.36).

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anteriores e grande pulso de intrusões graníticas.
Este último evento de deformação produziu a domi-
nante orientação submeridiana dos cinturões greens-
tone e seus principais dobramentos, falhamentos e
cisalhamentos. Algumas estruturas NE-SW a NW-SE,
provavelmente foram produzidas ou reorientadas
para suas posições atuais durante este último even-
to que organizou a atual arquitetura estrutural do
Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba. A feição estrutural
mais importante no âmbito deste cinturão é o corre-
dor de cisalhamento sinuoso, com movimento sinis-
Figura IV.35 - Afloramento de mármore na parte sul do tral, observado no terreno, de sul para norte, desde
Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba. Caculé, passando por Ibiassucê, Ibitira, Ubiraçaba e
Iguatemi, até atingir a extremidade sudoeste da Cha-
pada Diamantina. Há evidências de cavalgamento da
sequência vulcanossedimentar do cinturão Ibitira-
-Ubiraçaba sobre o embasamento granito-gnáissico,
com deslocamento NNW-SSE. Uma destas evidências
é o klippe de metakomatiíto, sobre o embasamento,
a sul do corredor de cisalhamento, representado no
Morro de Santa Clara. Na extremidade sul o corredor
de cisalhamento é obscurecido pelos sedimentos de-
tríticos da cobertura tércio-quaternária.

As relações de contato do cinturão Ibitira-Ubiraçaba


Figura IV.36 – Afloramento de anfibolito com granada na parte sul com as rochas do embasamento estão geralmen-
do Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçabá próximo do contato com o
te obscurecidas por coberturas detríticas recentes.
granitoide Lagoa da Macambira.
Quando observados, os contatos do cinturão com o
embasamento se apresentam tectonicamente retra-
4.3.5 Estruturas e Metamorfismo balhados por zonas de falhas e de cisalhamentos,
conforme se constata no corredor de cisalhamento
O Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba, a exemplo dos perto de Ibitira e no morro de Santa Clara.
demais cinturões greenstones da região, sofreu os
efeitos dos principais eventos de deformação identi- O metamorfismo atuante sobre as litologias do Gre-
ficados nos terrenos granito-greenstone do setor sul enstone Belt Ibitira-Ubiraçaba variou da fácies xisto
do Bloco Gavião: dois acontecidos no Arqueano e o verde a anfibolito, havendo registros de metamor-
último no Paleoproterozoico. Os primeiros geraram fismo de alto grau em metapelitos na porção sul do
dobras isoclinais transpostas com um bandamento greenstone, na região do corredor de cisalhamento
gnáissico, o segundo gerou e se processou ao longo de entre Ibiassucê e Caculé. Os metapelitos, nesta região,
importantes zonas de cisalhamento. O último, rela- exibem paragênese equivalente a um paragnaisse
cionado com a orogenia paleoproterozoica, produziu kinzigítico e, como referido antes, chegou a produzir a
retrabalhamento e redobramento das deformações migmatização com formulação de granitos do tipo “S”.

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Pesquisas recentes (Cruz et al. 2010, Barbosa & Cruz histórico de produção e algumas ocorrências de tal-
2011, Cruz et al. 2011) estão admitindo a presença de co, de minério de ferro e de níquel laterítico no Morro
deformações e migmatizações possivelmente arque- de Santa Clara. A CBPM desenvolveu programa de
anas no embasamento sul do Ibitira-Ubiraçaba visto prospecção na parte sul do cinturão e delimitou al-
que grandes enclaves deformados e migmatizados na gumas áreas-alvo com potencial para mineralizações
fácies anfibolito ocorrem dentro do Domo Lagoa da de ouro. No Morro da Santa Clara, a CBPM delimitou
Macambira que, como mostrado anteriormente, pos- um pequeno depósito de níquel laterítico, com teores
sui idade paleoarqueana. Por sua vez, o Granito Bro- de até 1,6% de Ni.
co, anatético e com idades de 2.038±8 e 2.040±9Ma,
confirma a presença de deformações e metamorfismo
(remigmatização) paleoproterozoica na parte sul do 4.4 Greenstone Belt Guajeru
Bloco Gavião (Cruz et al. 2010, Barbosa & Cruz 2011),
processos que foram acompanhados de importan- O Greenstone Belt Guajeru está situado na região su-
tes intrusões graníticas sin e pós-tectônicas. Estudos doeste do Estado da Bahia, no setor sul do Bloco Ga-
continuam sendo empreendidos na região para es- vião, nas proximidades de Guajeru e a cerca de 50km
clarecer melhor as características desses processos. a sudoeste de Brumado (Fig.IV.1, IV.23).

4.3.6 Dados Litogeoquímicos A área do cinturão foi objeto de alguns trabalhos


de caráter regional e exploratório, executados pela
Dados litogeoquímicos obtidos por Cunha & Fróes CPRM (Pedreira et al. 1975, Lima et al. 1981) e pela
(1994) e Cunha et al. (1996) confirmam a nature- CBPM (Cunha & Fróes 1994, Lopes 2002), trabalhos
za komatiítica das metavulcânicas ultramáficas e a de pesquisa de cromo efetuados pela Magnesita S.A.
natureza toleiítica das metavulcânicas máficas (me- (Sampaio 1981), além de trabalhos de integração de
tabasaltos) identificadas no Greenstone Belt Ibitira- dados geológicos, aerogeofísicos e geoquímicos dis-
-Ubiraçaba. poníveis, realizados pela CBPM (Silva et al. 1977, Silva
1982, Sampaio et al. 1982).
4.3.7 Dados Geocronológicos
Lima et al. (1981) descreveram pela primeira vez o
Não existem dados geocronológicos específicos sobre Greenstone Belt Guajeru como uma sequência vul-
as litologias do Cinturão Ibitira-Ubiraçaba. Por ana- canossedimentar de baixo grau metamórfico, lo-
logia com o Greenstone Belt Umburanas, considera- calmente atingindo médio grau, onde predominam
-se que possui o mesmo intervalo de idade variando rochas ultrabásicas com intercalações de quartzi-
entre 3,15-2,7Ga (Cunha & Fróes 1994, Bastos Leal et tos, metacarbonatos, formações ferríferas e rochas
al.1996). Datações realizadas em zircões dos granitos quartzo-feldspáticas, intercaladas e/ou sobrepostas
do tipo “S” (Granito Broco) antes referido, mostra- a rochas que ele denominou na época de Complexo
ram valores de 2.038±8 e 2.040±9Ma, caracterizando Metamórfico-Migmatítico. Lima et al. (1981) conside-
a idade do metamorfismo regional (Cruz et al. 2010, raram que a Unidade Guajeru poderia representar a
Barbosa & Cruz 2011). parte inferior de uma estrutura tipo greenstone belt.
Lopes (2002) desenvolveu os trabalhos mais recentes
4.3.8 Recursos Minerais de mapeamento geológico e exploração mineral no
âmbito desse greenstone, cujos dados e informações
No âmbito do Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba há constituem a base da caracterização deste cinturão
registros de pequenos depósitos de magnesita com como mostrado a seguir.

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As rochas supracrustais do Greenstone Belt Guajeru média de 3km. O contorno sul da estrutura principal
estão distribuídas numa estrutura principal com a é uma faixa com 9km de comprimento e largura mé-
forma aproximada de um “U” e numa faixa secundá- dia de 2km. As assembleias supracrustais do cinturão
ria irregular, curvilínea, alongada no sentido NW-SE, se apresentam também constituindo pequenos cor-
com 27x3km (Fig.IV.37). O ramo mais expressivo do pos isolados, dispersamente distribuídos no emba-
Greenstone Belt Guajeru, no lado ocidental da estru- samento TTG gnáissico-migmatítico. Estruturam-se
tura principal, com 22km de comprimento e 6km de em calhas sinformais, segmentadas por falhamentos
largura média, engloba pequenas áreas de exposição e corredores de cisalhamento, por vezes mostrando,
das litologias do cinturão. Elas estão alinhadas no claramente, redobramentos evidenciados pelos hori-
sentido SSW-NNE, entremeadas com núcleos de in- zontes quartzíticos, como aqueles observados no topo
trusões graníticas e do embasamento gnáissico-mig- das serras da Ventania, Incó, Santa Maria e Umbaúba,
matítico. Similarmente, o ramo oriental da estrutu- essa última circundando o domo gnáissico homôni-
ra principal atinge comprimento de 23km e largura mo.

Fig.IV.37 – Mapa geológico simplificado do Greenstone Belt Guajeru. (Modificado de Lopes 2002)

G reen sto n e Belt s e S eq u ên ci a s S i m ila res • 275

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4.4.1 Sequências Inferior, Média e Superior No caso desse greenstone, devido às dificuldades as-
sinaladas acima, não foi possível, como nos outros,
Segundo Lopes (2002), em decorrência do elevado separá-lo em sequências, inferior, média e superior.
grau de intemperismo das rochas, escassez de aflo- Entretanto Lopes (2002) descreve os termos litológi-
ramentos, via de regra, pequenos e sem continuidade, cos presentes no Greenstone Belt Guajeru segundo as
além do intenso tectonismo que segmentou e desor- seguintes características:
ganizou a sucessão estratigráfica, a maior parte das
faixas mapeadas desse greenstone belt corresponde (i) As metaultramáficas ocorrem amplamente no
a uma sequência indivisa composta de metaultramá- âmbito do Greenstone Belt Guajeru, em grande par-
ficas (predominantes), metamáficas (muito restritas), te intemperizadas, expostas como pequenos aflo-
calcissilicáticas, formações ferríferas e metacalcários. ramentos, blocos e matacões, ocupando pequenas
Na maioria das vezes, a área de ocorrência desta se- extensões superficiais nas serras da Ventania e Um-
quência indivisa é interpretada pela presença de solo baúba e na região da Fazenda Batalha/Serra Escura.
argiloso avermelhado relacionado aos flancos das Constituem ainda pequenos corpos individualizados
serras e morros. As melhores exposições das asso- no âmbito dos domínios tonalíticos de Serra Escu-
ciações litológicas do cinturão são observadas em ra e Presidente Jânio Quadros, ou alojados nos TTG
elevações (serras e morros) com cristas sustentadas a leste da Fazenda Estância, no norte das Fazendas
por quartzitos, formações ferríferas e metacarbona- Jacu e Penedo, bem como nas proximidades de Terra
tos, como nas serras da Ventania e Incó, ou com ex- Vermelha. Frequentemente, também são registrados
posições de corpos lenticulares de metaultramáficas, corpos não individualizados no domínio dos terrenos
como na Serra da Umbaúba e na região da Fazenda gnáissico-migmatíticos nas porções sudoeste, cen-
Batalha. A partir da observação destas exposições, tral e nordeste do cinturão. São rochas de coloração
Lopes (2002) concluiu que a sucessão estratigráfica verde-claro a escuros, geralmente de granulação
do Cinturão Guajeru é, em linhas gerais, constituída fina, às vezes mostrando cristais mais desenvolvidos,
da base para o topo, por rochas predominantemente foliadas, tendo sido classificadas como serpentinitos,
ultramáficas, transformadas em serpentinitos, tal- clorita-talco xistos, tremolititos e actinolititos, via de
co xistos, tremolititos e actinolititos, associadas com regra mostrando vestígios de textura cumulática e
menor proporção de metamáficas, seguidas por ro- spinifex. Resultam do metamorfismo de baixo grau
chas calcissilicáticas, formações ferríferas bandadas de peridotitos e piroxenitos, por vezes posteriormente
(BIF), metacalcários, mica xistos e quartzitos a fuch- hidrotermalizados;
sita. Sequências incompletas de metaultramáficas,
metamáficas ou de calcissilicáticas, distribuem-se (ii) As metamáficas ocorrem restritamente, na maioria
amplamente na região, constituindo algumas vezes das vezes, como blocos e fragmentos dispersos, asso-
pequenos corpos mapeáveis no contexto dos terrenos ciadas com faixas de metaultramáficas e com gnais-
gnáissico-migmatíticos. Como por exemplo, os corpos ses do embasamento. Um pequeno corpo com 350m
de metaultramáficas da Fazenda Batalha e de Terra de comprimento e 50 de largura máxima, encaixado
Vermelha. Complementando, Lopes (2002) observa em gnaisses TTG do embasamento, foi individualizado
que nas várias faixas mapeadas do Cinturão Guajeru, próximo da Serra da Umbaúba. Outro corpo com 600m
não foram assinalados termos litológicos equivalen- de comprimento e 50 de largura máxima, associado
tes a metavulcânicas intermediárias ou félsicas (me- com uma faixa da sequência indivisa do Greenstone
tandesitos e metadacitos), como aqueles encontrados Belt Guajeru, foi individualizado a NNW da Fazenda
na sucessão estratigráfica do Greenstone Belt Umbu- Paraíba, na estrada Presidente Jânio Quadros-Fazen-
ranas (Cunha & Fróes 1994). da Montes Claros. São rochas de granulometria fina a

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grossa, escuras, metamorfizadas na fácies anfibolito, vênulas de quartzo. Foi individualizado um corpo de
às vezes exibindo texturas amigdalodais típicas de me- 700m de comprimento, no sopé da Serra do Incó;
tabasaltos. As variedades com cristalinidade mais de-
senvolvida aparentam representar fácies cumuláticas (vi) Os metacarbonatos ocorrem restritamente na
de derrames espessos e/ou frações de corpos intrusi- parte norte-ocidental do Greenstone Belt Guajeru,
vos diferenciados. São constituídas basicamente por constituindo estreitas faixas, deslocadas por falha-
hornblenda e plagioclásio com participação subordi- mentos dextrais, individualizadas com mais de 5,5km
nada de biotita e outros minerais acessórios; de extensão, nas vertentes ocidental e oriental da
Serra do Incó e com mais 1,5km de comprimento,
(iii) As calcissilicáticas ocorrem restritamente sob a igualmente, nas partes norte e sul da Serra da Ven-
forma de rolados e algumas vezes em pequenos aflo- tania, onde estão associados com formações ferrí-
ramentos. São rochas esverdeadas, foliadas, compos- feras bandadas e quartzitos, delineando a estrutura
tas por cristais prismáticos de actinolita/tremolita, sinformal redobrada já referida. Apresentam níveis
em meio a agregados finos de epidoto, às vezes as- dolomíticos e calcíticos, um dos quais, na encosta
sociados a diopsídio. Bolsões e manchas irregulares ocidental da parte sul da Serra da Ventania, a 2km a
de quartzo ocorrem associados com epidoto e finos NE do povoado de Serra Linda, tendo sido objeto de
cristais de titanita; lavra garimpeira de calcita. São rochas de coloração
branca, maciças, frequentemente com níveis esverde-
(iv) As formações ferríferas ocorrem amplamente nas ados ou escuros, refletindo as faixas mais magnesia-
faixas ocidental e central e menos frequentemente na nas e margosas. Mostram diferentes granulometrias
faixa oriental do Greenstone Belt Guajeru. Na maio- nas bandas, refletindo variados graus de recristaliza-
ria das vezes se apresentam como pequenos aflora- ção. De acordo com as análises químicas de quatro
mentos ou blocos e matacões, no topo e encosta das amostras, encerram bandas calcíticas (mais escuras)
elevações, como na Serra da Ventania, na Serra do e bandas magnesianas (mais claras), as primeiras
Incó e na região das fazendas Baixa da Baraúna e Pé com CaO variando de 51,9 a 53,1% e MgO com 1,3%
do Morro, onde ocorrem associadas com metacarbo- e as magnesianas com CaO oscilando de 32 a 32,3%
natos, metaultramáficas e quartzitos, sendo que na e MgO entre 17,6 a 19,9%. O teor de sílica é inferior
Serra do Incó, sobrepostas a níveis de quartzitos de- a 4,2%, exceto nos níveis mais silicosos que chega a
lineiam claramente a estrutura sinformal redobrada atingir 13,1%. Os valores de Al2O3, P2O5, Fe2O3 e S
desta serra, com quase 7km de comprimento e par- são baixos em todas as amostras analisadas. Os níveis
cialmente deslocada por falha dextral. Estas forma- calcíticos exibem textura granoblástica, e composição
ções ferríferas são bandadas e predominantemente dominada por calcita. Possuem níveis impuros onde
do fácies sílicato, tendo sido registradas apenas duas estão presentes cristais de quartzo, K-feldspato, flo-
ocorrências do fácies óxido em blocos rolados nas en- gopita, tremolita e titanita. Os níveis dolomíticos são
costas das Serras de Umbaúba e Incó; constituídos por cristais poligonais, equidimensio-
nais, de calcita, diopsídio e epidoto.
(v) Os silexitos ferruginosos estão relacionados a re-
mobilização hidrotermal de formações ferríferas ban- (vii) Os quartzitos ocorrem em quase toda a área do
dadas. Geralmente são maciços muito alterados, com Greenstone Belt Guajeru, ocupando o topo da sequ-
cavidades de dissolução, às vezes exibindo vestígios ência e das Serras da Ventania, Incó, Santa Maria,
do bandamento, sendo constituídos de massas crista- Umbaúba e da maioria das elevações que se desta-
linas de magnetita limonitizada, envolvidas por agre- cam no relevo arrasado da área, contribuindo, dessa
gado fibroso de calcedônia e de cristais poligonais ou forma, para visualizar os domínios da sequência vul-

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canossedimentar. Apresentam em geral boas exposi- dos níveis de quartzitos, formações ferríferas banda-
ções destacando-se aquelas assinaladas nas porções das e rochas carbonáticas. Admite-se que esta fase
nordeste e sul da Serra da Ventania, na parte oeste está relacionada com uma idade em torno de 3,1Ga,
da Serra da Umbaúba e em um serrote a norte da coerente com as datações realizadas pela CBPM em
Fazenda Penedo. São rochas de coloração clara, com várias amostras dos TTG presentes no embasamento.
foliação bem marcada por palhetas de moscovita, fre-
quentemente de coloração verde-claro (fucsita), que A segunda fase de deformação, coaxial à anterior, tra-
junto com quartzo e cianita constituem sua compo- duz-se por dobras normais, em geral apertadas, com
sição básica. A presença de cristais arredondados de eixos mergulhando para norte ou sul, às vezes de atitu-
zircão e de moscovita em finos leitos são indicativos de horizontal, e traço axial aproximadamente N-S. Esta
do caráter detrítico do sedimento. Estas rochas são fase deu origem a padrões de interferência “em laço”
consideradas derivadas de metarenitos impuros, alu- (Ramsay 1967), que podem ser vistos na parte centro-
minosos, metamorfizados em médio grau. Localmen- -norte desse cinturão. Atribui-se à mesma, a colocação
te, a nordeste do povoado de Sanguessuga, ocorrem dos granitos alcalinos com idade em torno de 2,6Ga.
blocos de metarenito róseo com concentrações pon-
tuais esbranquiçadas de feldspatos alterados; A terceira fase é caracterizada por dobramentos não
coaxiais, tendendo a ortogonais, em relação às fases
(viii) Os xistos ocorrem muito restritamente na área do anteriores, dando origem a padrões de interferência
Greenstone Belt Guajeru. Foram assinalados em ape- do tipo “domos e bacias” (Ramsay 1967) destacadas na
nas dois locais na porção sudoeste do cinturão, asso- porção noroeste do cinturão. Figuras de domos e bacias
ciados com quartzitos. São rochas esverdeadas, forte- foram observadas em afloramentos de TTG gnáissico-
mente foliadas, com conspícua crenulação transversal -migmatíticos nas proximidades da Fazenda Manta,
à foliação principal, com fenoblastos de até 5mm de na porção central da área e nos quartzitos da Serra de
diâmetro de magnetita disseminados. Ao microscópio, Umbaúba, na estrada da Fazenda Lagoa da Pedra para
apresentam textura lepidoblástica, com palhetas bem o povoado de Sanguessuga. Sistemas regionais de fa-
desenvolvidas de fuchsita, fortemente orientadas, de- lhamentos transcorrentes de direção E-W e WNW/ESE
finindo forte xistosidade, somadas com palhetas mais e a colocação de corpos leucogranitoides tardios, com
finas de biotita castanha e gotículas de rutilo disse- idade em torno de 2,0Ga, bem como de mobilizados ar-
minadas na massa micácea. São rochas derivadas de teríticos, pegmatoides e aplíticos, ao longo das zonas
sedimentos essencialmente pelíticos metamorfizados de cisalhamento e falhamentos, foram desenvolvidos
e retrometamorfizados na fácies xisto verde. no estágio final desta fase de deformação.

4.4.2 Estruturas e Metamorfismo Embora sem trabalhos detalhados de pesquisa sobre


a recristalização metamórfica progressiva que atingiu
Com respeito ao desenvolvimento estrutural do Gre- as litologias acima referidas, as paragêneses minerais
enstone Belt Guajeru, Lopes (2002), com base nos identificadas indicam que o metamorfismo atuante
dados geológicos de campo, petrológicos e geocro- sobre as rochas do Cinturão Guajeru variou de xisto
nológicos menciona ter identificado três fases de verde a anfibolito.
deformação no âmbito do Greenstone Belt Guajeru.
A primeira é caracterizada por dobras isoclinais dei- 4.4.3 Dados Litogeoquímicos
tadas, inclinadas a recumbentes, modeladas pelo
bandamento migmatítico do embasamento e pelas Estudos litogeoquímicos realizados por Lopes (2000)
rochas do Guajeru, realçadas pelo arranjo repetitivo mostraram que as rochas metaultramáficas do Gre-

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enstone Belt Guajeru são produtos recristalizados de uma idade de 3.281±13Ma. O biotita-granito peralumi-
rochas vulcânicas de natureza komatiítica, enquanto noso, produto de refusão dos TTG, apresentou, em uma
as rochas metamáficas configuram-se como metaba- amostra (CL-R-86), idades oscilando entre 3.334±1Ma
saltos e equivalentes intrusivos de natureza toleiítica. a 3.161±26 Ma e, em outra amostra (CL-R-87), uma
Com base nestes dados Lopes (2002) considerou que idade de 3.291±26Ma. Por sua vez, quatro amostras
a sucessão vulcânica do Cinturão Guajeru se asseme- (CL-R-005, 012, GA-R-260, 325) das rochas graníti-
lha com aquelas dos Greenstone Belts de Norseman- cas alcalinas indicaram idades variando de 2.649±15
-Wiluna e de Forrestania, na Austrália, onde também a 2.670±15Ma. Em um local do Greenstone Belt Gua-
as rochas ultramáficas komatiíticas têm extensão re- jeru, Lopes (2002) identificou efeito de metamorfismo
gional e só restritamente apresentam textura spini- de contato de um corpo granítico alcalino em rochas
fex, predominando lá, como no Guajeru, as texturas ultramáficas e rocha calcissilicática, evidenciando que
cumuláticas (Hill 1977). a granitogênese alcalina teve, de fato, caráter intrusi-
vo neste cinturão. Uma amostra (GA-R-408) dos leu-
4.4.4 Dados Geocronológicos cogranitoides indicou uma idade de 2.012±4Ma para a
cristalização destas rochas, representando, portanto,
Lopes (2002), utilizando o método de evaporação de a litologia mais jovem desse cinturão.
Pb em monocristais de zircão (Kober 1986), realizou
datações geocronológicas Pb-Pb, sobre amostras (18) Das rochas que constituem a sucessão litoestratigrá-
de alguns tipos litológicos que ocorrem na região fica do Greenstone Belt Guajeru, Lopes (2002) efetuou
do Greenstone Belt Guajeru. As unidades litológicas datação geocronológica apenas em duas amostras,
selecionadas foram: ortognaisses da suíte TTG do ambas de quartzitos da porção superior deste cintu-
embasamento, granitos alcalinos mais jovens, leuco- rão, nos quais constatou a presença de grãos detríti-
granitoides tardios e quartzitos do topo da sucessão cos de zircão. Em uma amostra (GA-R-29) foram iden-
estratigráfica do cinturão. Nos ortognaisses do emba- tificados grãos de zircão com idades de 2.861±3Ma e
samento, os tipos selecionados foram: ortognaisses 2.664±12Ma. Na outra amostra (GA-R-353), foram de-
tonalíticos pouco migmatizados; associação indivisa terminadas idades de 3.029±15Ma e 2.667±11Ma. As
de TTG com graus variáveis de migmatização; mobi- idades mais baixas determinadas nas duas amostras
lizados ou pulsos graníticos finos intrusivos nos TTG são bem próximas (2.664±12Ma e 2.667±11Ma) e mui-
migmatizados e biotita-granitos peraluminosos deri- to semelhantes àquelas obtidas para os granitoides
vados de refusão dos TTG (Lopes 2002). alcalinos. Isto indica uma idade “máxima” em torno
de 2.667Ga para a sedimentação dos quartzitos, reve-
Conforme reportou Lopes (2002), os ortognaisses lando, ao contrário do que se imaginava inicialmente,
tonalíticos pouco migmatizados, preservados em que estes granitos eram anteriores, pelo menos, à de-
vários núcleos dômicos e em pequenos corpos iso- posição dos sedimentos terrígenos da porção superior
lados, revelaram em uma amostra (GA-R-405) a ida- do Greenstone Belt Guajeru (Lopes 2002).
de de 3.361±7Ma. A associação indivisa de TTG com
graus variáveis de migmatização, datada através de 4.4.5 Recursos Minerais
sete amostras (CL-R-075, 139, 170, 172A, 187 GA-R-
104, 262A), revelou idades variando de 3.191±35Ma a Os trabalhos de pesquisa e exploração mineral de-
3.394±21Ma. Essa última foi obtida em uma amostra senvolvidos nos domínios do Greenstone Belt Guajeru
(CL-R-170) de biotita-tonalito pouco migmatizado. Um revelaram vários alvos com anomalias geoquímicas
pulso de granito fino, orientado e intrusivo no biotita- de Cr, Ni, Cu e Au, bem como ocorrências de cianita,
-tonalito gnaisse migmatizado (GA-R-262 A), produziu ametista, mármore, calcita, ferro, turmalina, man-

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ganês e cromita. As ocorrências de maior expressão 4.5 Greenstone Belt Riacho de Santana
foram duas de cromitito localizadas na Fazenda Bata-
lha, associadas com serpentinitos e talco xistos. Estas O Greenstone Belt de Riacho de Santana localiza-
ocorrências foram pesquisadas pela Magnesita S.A. -se na região sudoeste do Estado da Bahia, na borda
(Sampaio 1981) que detectou teores de 7,5% a 11% de oriental da Cordilheira do Espinhaço, nos municípios
Cr2O3, porém as considerou sem interesse econômico de Riacho de Santana e Bom Jesus da Lapa e, por-
porque continham pequenas reservas e o minério era tanto na parte oeste do Bloco Gavião (Fig.IV.1, IV.23).
quebradiço, possuía teores de ferro elevados (magne- As exposições do cinturão estão distribuídas ao longo
tita intercrescida com cromita) e fraturas preenchi- de uma faixa aproximadamente norte-sul, com cerca
das por sílica, se apresentando inadequada para uso de 84km de comprimento e 12km de largura média,
como refratário. inserida em terrenos granito-gnáissico-migmatíticos
e granulíticos do Complexo Santa Isabel (CAPÍTULO
Entre 1992 e 1994, Veiga et al. (1994) no Projeto Pla- III). O conjunto é atravessado por granitos paleoprote-
tina Bahia-Sergipe, desenvolvido pela CPRM dentro rozoicos, limitando-se a oeste pelas litologias da Ba-
do Programa Nacional de Prospecção de Metais do cia do São Francisco (Grupo Bambuí), e a leste, pelos
Grupo da Platina, objetivando a identificação de am- metassedimentos do Espinhaço Setentrional. Com-
bientes metalogenéticos potencialmente favoráveis pletam o quadro estratigráfico regional, extensas co-
a encerrarem esses metais e elementos associados, berturas sedimentares detríticas tércio-quaternárias.
investigaram a área do Guajeru a partir de indicações
de valores aerogeofísicos e geoquímicos obtidos em O Greenstone Belt Riacho de Santana segundo Sil-
projetos anteriormente executados. Foram realizados veira et al. (1994 e 1996) e Silveira & Garrido (1998),
trabalhos de reconhecimento geológico com amos- corresponde a um domínio vulcanossedimentar de
tragem de solo, rocha, sedimento ativo de corrente idade arqueana (±3,2Ga) constituindo um importan-
e concentrado de bateia na parte oeste da área. Em te ambiente metalogenético da região oeste do Bloco
1993, com a obtenção de resultados de análises das Gavião. Está exposto em várias áreas de ocorrência,
amostras de sedimento ativo e concentrado de bateia, pequenas e isoladas, geralmente representadas por
foi selecionada uma área de 20km2 na região da Serra morros-testemunhos, distribuídos no seio de uma
Escura/Fazenda Batalha, onde foi realizado adensa- extensa cobertura detrítica, que além de restringir a
mento de amostragem daqueles tipos de sedimento (1 sua área de exposição, dificulta o estabelecimento dos
amostra/250m). Os resultados analíticos dos concen- seus arranjos litoestratigráfico e estrutural (Fig.IV.38).
trados de minerais pesados desta amostragem forne-
ceram quatro valores de platina entre 90 e 720ppb e Costa et al. (1976, 1980) durante o Projeto LETOS e o
cinco valores entre 310 e 6.100ppb, além de 21 valores Projeto Santo Onofre, respectivamente, realizaram o
de paládio entre 10 e 7.530ppb e dezessete valores de mapeamento geológico (1:250.000 e 1:100.000) além
ouro entre 20 e 1.280ppb, nas regiões das serras da de estudos petrológicos e de exploração geoquímica
Ventania e Escura. Estes trabalhos não foram conclu- regional de uma grande extensão territorial do oeste
sivos e os próprios autores suspeitaram dos elevados da Bahia, na qual o Greenstone Belt Riacho de Santa-
valores de platina registrados, admitindo a possibili- na se situa.
dade de contaminação durante o processo analítico.
A partir de 1992, esse ambiente vulcanossedimentar
Permanece em aberto o potencial mineral do Greens- passou a ser objeto de exploração mineral pela CBPM,
tone Belt Guajeru, que necessita de trabalhos de pes- envolvendo levantamentos aerogeofísicos e progra-
quisa adicionais para ser melhor avaliado. mas de prospecção geológica, geoquímica e geofísica

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terrestre em vários níveis escalares. Esses trabalhos vulcanismo komatiítico máfico-ultramáfico; a Sequ-
de pesquisa, além de terem auxiliado à sua caracte- ência Intermediária composta por metassedimentos
rização como um típico greenstone belt, identificaram pelíticos e químicos, associados a vulcanismo félsi-
nos seus domínios, expressivas e quase contínuas co e máfico e, a Sequência Superior essencialmente
faixas magnéticas e eletromagnéticas anômalas; plataformal, sílico-carbonática, com intercalações de
vários alvos geofísicos (condutores de bedrock) com metabasaltos.
características comparáveis às de corpos de sulfetos
maciços de metais-base; ocorrências de gossans com 4.5.1 Sequência Inferior
valores elevados de cobre, ouro e arsênio, e vários lo-
cais com registros de ouro livre em concentrados de A maior área de exposição da Sequência Inferior loca-
amostras de sedimentos de corrente. liza-se na porção sudeste do Greenstone Belt Riacho
de Santana, onde ela é caracterizada por uma com-
Nas cercanias desse greenstone, extensos depósitos plexa associação litológica, indivisa, intensamente
terrígenos estão presentes. Eles são relacionados a deformada, metamorfizada na fácies xisto verde e
uma superfície de peneplanização denominada Su- anfibolito, incluindo xistos aluminosos, quartzitos,
perfície Velhas, representada por sedimentos argilo- metacherts recristalizados, metagrauvacas, rochas
-arenosos, argilo-siltosos e areno-argilosos, inconso- calcissilicáticas, metabasaltos, metassedimentos fi-
lidados, em cores variando de creme a vermelha, e nos e formações ferríferas bandadas (fácies óxido
espessura de até 5 metros. Abaixo deste pacote detrí- e silicato). Na sua porção centro-norte as áreas de
tico ocorre um nível basal de crosta laterítica ferrugi- exposição dessa Sequência Inferior são bastante res-
nosa, concrecionária, pisolítica, geralmente litificada, tritas, representadas por uma associação de lavas
que pode atingir até 6 metros de espessura. ultramáficas komatiíticas, metabasaltos, metagabros
finos, formações ferríferas bandadas e metacherts.
Estas coberturas detríticas se estendem por toda a área, Recentemente, Prazeres Santos (2010) desenvolvendo
independentemente do seu substrato litológico, cons- investigações no âmbito desse greenstone observou
tituindo um patamar, em parte entalhado pela erosão. bons afloramentos das rochas komatiíticas na porção
Sua presença extensiva restringe o acesso ao substrato norte da cidade de Riacho de Santana e no Morro do
rochoso, impedindo um melhor entendimento sobre Canela, próximo ao povoado de Silvestre (Fig.IV.39).
as anomalias geofísicas selecionadas, dificultando a
implementação de programas de prospecção através Tremolititos e serpentinitos representam os produtos
de solo, sedimento de corrente e rocha e prejudican- metamórficos das lavas ultramáficas. Nos primeiros,
do, sobremaneira, o desenvolvimento das pesquisas e, a presença de cristais grossos de tremolita imersos
consequentemente, a obtenção de resultados. numa matriz de tremolita muito fina constitui uma
feição indicativa da sua origem vulcânica. Nos ser-
Os últimos trabalhos desenvolvidos pela CBPM (Sil- pentinitos, a natureza komatiítica é revelada pela
veira & Garrido 1998) no âmbito dessa unidade vul- presença de texturas spinifex e por suas assinaturas
canossedimentar ensejaram a sua caracterização geoquímicas com baixos valores de TiO2 e álcalis,
como um típico greenstone belt, face à constatação de além de baixa razão Fe/Mg. Segundo Prazeres Santos
lavas ultramáficas komatiíticas com textura spinifex (2010), trata-se de metakomatiítos, metaperidotitos e
no seu segmento mais basal. Possibilitaram, ainda, a metapiroxenitos, aflorando na forma de grandes blo-
sua compartimentação em três unidades litoestrati- cos rolados. Ocorrem associadas a essas rochas, finas
gráficas informais: a Sequência Inferior composta por intercalações de metabasaltos e metagabros (plagio
metassedimentos químicos e detríticos, associados a clásio+hornblenda+quartzo+epidoto+actinolita+opac

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Fig.IV.38 – Mapa geológico simplificado do Greenstone Belt Riacho de Santana, segundo Silveira & Garrido (1998).

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a
4.5.2 Sequência Média

A Sequência Média ocorre em dois domínios situados


na porção sul desse greenstone, onde ela é constituí-
da por derrames máficos, termos piroclásticos e epi-
clásticos de natureza félsica, metassedimentos finos
aluminosos, metacherts, metatufito-cherts, grafita-
-xistos e grafititos (Fig.IV.38). Compõem estruturas
sinformais e antiformais fortemente transpostas por
uma foliação de direção NNW e mergulho subverti-
cal para SW ou para NE. Conforme Prazeres Santos
(2010) as litologias metavulcânicas máficas possuem
b
granulação fina a média, coloração variando de verde
a verde-azulado (Fig.IV.40). São isotrópicas, maciças,
por vezes foliadas, e não raramente mostram veios
preenchidos por quartzo, epidoto e plagioclásio. Estu-
dos petrográficos e de química mineral das metavul-
cânicas máficas mostram que elas possuem texturas
granoblásticas e nematoblásticas onde predominam
anfibólios (hornblenda, ferro-hornblenda, actinolita-
-tremolita) e plagioclásio (andesinas com An33-40)
e pequena proporção de quartzo e titanita. Zircão,
opacos e apatita são os minerais acessórios. Epidoto
Figura IV.39 – a, b. Fotos de afloramentos de rocha ultramáfica e carbonato aparecem em algumas amostras como
komatiítica no Morro do Canela (Greenstone Belt Riacho de Santana)
minerais de alteração.

os) com foliação incipiente e veios finos preenchidos 4.5.3 Sequência Superior
por quartzo.
A Sequência Superior ocorre de maneira descontínua
Ainda segundo essa última autora, metacherts tam- por todo o domínio do greenstone, em geral sustentan-
bém aparecem nessa sequência. São rochas de tex- do os relevos positivos da região. Está representada por
tura fina, de coloraçào cinza-claro tendo pontos de uma sequência essencialmente sílico-carbonática de
minerais ferríferos (magnetita) alterados. São com- características plataformais, constituída por quartzitos,
postos essencialmente de quartzo, ocorrendo como metacherts recristalizados (quartzo+hematita+grafita)
acessórios tremolita, clorita portando disseminações (Fig.IV.41), espessas camadas de metacarbonatos com
de sulfetos, principalmente pirita. Sob a forma de níveis de calcissilicáticas (calcita+diopsídio+hematita e
bandas concordantes com a foliação regional, apa- calcita+dolomita+moscovita+clorita+quartzo+grafita+
recem xistos pelíticos contendo granada, cordierita sulfetos), formações ferríferas bandadas (fácies óxido,
e sillimanita, além de venulações descontínuas de cherts com níveis de hematita), clorita-xistos e sericita-
quartzo boudinados. Rochas calcissilicáticas e meta- -xistos. Inclui ainda intercalações de metabasaltos, de
carbonatos (quartzo+plagioclásio+diopsídio+calcita) metatufos, de magnetita-quartzitos por vezes conglo-
também são encontradas nessa Sequência Inferior. meráticos, de filitos e de metassiltitos.

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a a

b b

Figura IV.40 – a, b. Aspectos das rochas vulcânicas metamáficas Figura IV.41 – a, b. Afloramentos de quartzito intercalado com
sendo visíveis as venulações ricas em plagioclásio (a) metachert em corte de estrada (a) e detalhe dessas rochas (b)
e veios de quartzo (b)

4.5.4 Estruturas e Metamorfismo No plano da foliação de cisalhamento está bem de-


lineada uma lineação de estiramento, paralela aos
As litologias do Greenstone Belt Riacho de Santana, eixos dos dobramentos com mergulho de 10º a 20º,
juntamente com os gnaisses circundantes, foram es- em geral para NNW.
truturadas por uma fase de deformação progressiva
que resultou no desenvolvimento de dobramentos co- Esses indicadores cinemáticos, bem como a configu-
axiais bem evidentes. As primeiras dobras são aper- ração em “S” do Greenstone Belt Riacho de Santana,
tadas a isoclinais, deitadas, associadas a uma forte sugerem que a estruturação dos conjuntos litológicos
foliação de cisalhamento que transpõe e se paraleliza da área é decorrente de movimento de empurrão de
ao acamadamento. Posteriormente, essas primeiras baixo ângulo, com transporte de massa de NW para
dobras foram redobradas. Surgiram dobras suaves, SE, seguido de cisalhamento predominantemente si-
simétricas e assimétricas, com eixo mergulhando em nistral. Todos esses elementos estruturais foram pos-
torno de 20o para NW. Estas dobras foram transpostas teriormente ondulados segundo N30ºE.
por uma forte foliação de direção NNW a NNE com
mergulho subverticalizado, coincidente ou subpara- Com relação ao metamorfismo, trabalhos anteriores
lelo ao plano axial das mesmas. levam a admitir que todas as litologias enfocadas exi-

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bem paragêneses minerais predominantemente da fá- Os demais corpos granitoides estão localizados na
cies xisto verde, gradando para a fácies anfibolito, essa porção norte da área, encerrando tipos litológicos
última quando nas proximidades dos maciços gnáissi- de cores cinza a cinza-rosado, de granulação média,
cos, na porção leste do cinturão vulcanossedimentar. localmente porfiríticos, cisalhados, por vezes milo-
níticos, com aspecto de ortognaisses de composição
Prazeres Santos (2010) realizou trabalhos de termoba- granítica, granodiorítica e, localmente, tonalítica.
rometria nos núcleos dos plagioclásios não afetados
pelo metamorfismo, utilizando as fórmulas termodi- 4.5.6 Dados Litogeoquímicos
nâmicas de Kuno & Aoki (1970) e Mathez (1973). Os re-
sultados obtidos levaram a admitir que a cristalização Prazeres Santos (2010) realizou trabalhos de litogeo-
magmática dessa fase mineral atingiu no mínimo tem- química nas metavulcânicas máficas da Sequência
peraturas variando entre 1.128ºC e 1.187ºC. Média desse greenstone belt. Os diagramas de classi-
ficação de Cox et al. (1979) e Le Bas et al. (1986) deter-
4.5.5 Intrusivas Pós-Tectônicas minam que elas foram basaltos subalcalinos, da linha-
gem toleiítica (MacDonough & Katsura 1964, Irvine &
Essas intrusivas compreendem álcali-feldspato sieni- Baragar 1971) e toleiítica rica em ferro (Jensen 1976).
tos e granitos que compõem o corpo Cara-Suja (CA- Nos diagramas de variação do MgO para todos os ele-
PÍTULO V), além de seus equivalentes subvulcânicos, mentos maiores e elementos-traços verifica-se uma
que ocorrem sob a forma de diques e sills alcalinos, e grande dispersão dos pontos representativos das análi-
de outros corpos granitoides (Fig.IV.38). ses químicas, visto que essas rochas foram afetadas por
processos de alteração secundária como demonstram
O corpo Cara-Suja é intrusivo, de colocação tardi a os estudos petrográficos. Isso dificultou a interpretação
pós-tectônica, contendo xenólitos de rochas básicas quanto aos processos de fracionamento magmático e
e metassedimentares com mineralização sulfetada suas fontes. Entretanto, nos spidergrams observa-se
disseminada proveniente desse greenstone belt. Sua um suave enriquecimento de Rb, Ba, e K em relação aos
colocação provocou um arqueamento na disposição outros elementos e, importantes variações nos teores
das rochas do Greenstone Belt Riacho de Santana e dos elementos-traço em relação ao MgO, em particular
o desenvolvimento, nos seus xistos aluminosos, de o Ni e Sc, sugerindo que a cristalização da olivina e cli-
hornfels com porfiroblastos de granada, cordierita e nopiroxênio foram fases importantes no fracionamento
andaluzita. magmático. Também o comportamento do Al2O3 e CaO,
novamente contra o MgO, é sugestivo da importância
Os álcali-feldspato sienitos e granitos são isotrópicos do fracionamento do plagioclásio e clinopiroxênio na
ou com orientação incipiente, de granulação média evolução magmática. Por sua vez, padrões de elemen-
a grossa, porfiríticos, com megacristais euédricos de tos Terras Raras e razões de elementos-traço sugerem
feldspato potássico de até 3cm de diâmetro imersos que o magma primitivo das rochas metavulcânicas
em uma matriz composta por feldspatos, hornblenda máficas em questão foi derivado de um reservatório
e biotita (CAPÍTULO V). mantélico primitivo único ou de um reservatório onde
havia mistura de magmas enriquecidos e empobreci-
Os diques ou sills, equivalentes subvulcânicos do cor- dos. Prazeres Santos (2010) assinala também que os
po Cara-Suja, são representados por rochas porfiríti- padrões relativamente planos dos Terras Raras e a
cas, com fraca deformação e metamorfismo incipien- ausência de granada sugerem que a fusão mantélica
te, classificadas petrograficamente como latitos. ocorreu em profundidade relativamente rasa.

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4.5.7 Dados Geocronológicos mineralizações auríferas. Em algumas das anomalias
do tipo bedrock, já pesquisadas em nível de superfície,
Bastos Leal (1998) determinou, para os equivalentes foi configurada a presença de litologias desse greens-
subvulcânicos do corpo Cara-Suja, idade Pb-Pb em tone fortemente cisalhadas, contendo grafita e dis-
monozircão de cerca de 2,0Ga e idade modelo Sm-Nd seminações de sulfetos, alterados, compondo faixas
de 2,7Ga. Esses dados, aliados à idade modelo Sm- geoquimicamente anômalas, com até 50 metros de
-Nd de 2,33Ga estabelecida para os metabasaltos do largura, apresentando valores de 200 a 600ppm de
Greenstone Belt Riacho de Santana, indicam idade de Cu e Zn e valores máximos de 286ppm de Pb.
cristalização de 2,0 Ga e derivação crustal para as li-
tologias subvulcânicas do corpo Cara-Suja; sugerem, A presença de ouro no Greenstone Belt Riacho de
ainda, idade máxima de 2,33 Ga para o greenstone em Santana foi constatada através do registro deste me-
foco. tal em 40% das amostras de concentrado de bateia
de sedimento de corrente. Essas amostras exibiram
Datação Sm-Nd nos metabasaltos da Sequência Mé- valores de 0,05 a 3ppm e, em amostras de rocha (alvo
dia destas rochas indica uma idade modelo igual a CBPM 136B) teores de 2,10ppm. Entretanto, os resul-
2,33Ga (Bastos Leal 1998). Dados de U-Pb em zircões tados mais significativos deste metal como também
precisam ser obtidos para esclarecer melhor a idade de Cu, As e Ag foram detectados nos corpos de “gos-
desse greenstone. san” que se encontram alojados em metacarbonatos.
Esses estão apresentando valores de até 5,07ppm de
4.5.8 Recursos Minerais Au, 31% de As, 1,3% de Cu e 85ppm de Ag, como por
exemplo aqueles alojados nas camadas de metacar-
O Greenstone Belt Riacho de Santana exibe feições bonatos, a NE do povoado de Chapada Grande.
metalogenéticas que apontam para um grande po-
tencial mineral. Ele possui as características clássicas
dos terrenos granito-greenstone encontradas em ou- 4.6 Greenstone Belt Boquira
tras partes do mundo. Em idade, ele é equivalente às
formações greenstone proterozoicas, portadoras de Desde os anos 70 os estudos e pesquisas geológicos
depósitos de ouro e de metais-base, encontradas em realizados no Vale do Paramirim (Costa et al. 1976,
outras regiões cratônicas no Brasil, nas Guianas e na Inda & Barbosa 1978, Costa & Silva 1980, Mascare-
África Ocidental. nhas 1979, Cunha & Fróes 1994, Silva & Cunha 1999)
têm agrupado as associações supracrustais arquea-
Sua potencialidade é realçada pela identificação no nas a paleoproterozoicas dessa região sob a designa-
seu domínio, através do levantamento aerogeofísi- ção de Complexo Boquira, que se distribui na direção
co AEM-INPUT, consorciado com magnetometria, NNW-SSE por cerca de 130km de extensão e 25 de
de 34 alvos representados por zonas condutivas tipo largura, no lado oeste do Vale do Paramirim. Costa
bedrock (CAPÍTULO II). Essas por vezes estão asso- e colaboradores (1976) e Mascarenhas (1979) foram
ciadas com anomalias magnéticas que apresentam os primeiros a classificar os componentes litológicos
feições potencialmente favoráveis para localização do Complexo Boquira, particularmente aqueles da
de depósitos de sulfeto maciço, bem como trends de denominada “Unidade Boquira”, como equivalentes a
anomalias condutivas superficiais e faixas fortemen- um greenstone belt (Fig.IV.1, IV.23). Este é claramente
te magnetizadas que podem refletir corredores de mais antigo que as litologias do Supergrupo Espinha-
cisalhamento de expressão regional e corpos de for- ço com o qual é discordante colocando-o, em termos
mações ferríferas bandados, propícios à existência de de idade, mais próximo do Arqueano-Paleoprotero-

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zoico. Esse greenstone abriga os depósitos de chumbo 4.6.1 Sequência Inferior
e zinco da região.
Diferentemente de Kaul (1970), Arcanjo et al. 2000,
Segundo Misi et al. (2006), Kaul (1970) subdividiu esse designaram essa sequência de Unidade Botuporã,
complexo em: (i) Membro Indiviso, formado de clori- sendo constituída predominantemente por rochas ul-
ta-xisto, clorita-sericita xisto, clorita-biotita xisto, se- trabásicas komatiíticas.
ricita xisto e epidosito; (ii) Membro Contendas, forma-
do essencialmente de carbonatos magnesianos; (iii) 4.6.2 Sequência Média
Membro Boquira, composto de BIF e que hospedam
também os depósitos de chumbo-zinco e (iv) Membro Essa foi nomeada pelo projeto acima referido de Uni-
Tiros, constituído de rochas vulcânicas ácidas, dacíti- dade Cristais, formada por metabasaltos e sedimen-
cas e riolíticas. Essas últimas foram posteriormente tos químicos e clásticos associados.
consideradas como pertencentes às vulcânicas basais
do Supergrupo Espinhaço (CAPÍTULO VIII) (Fleischer 4.6.3 Sequência Superior
1976, Espourtelle & Fleischer 1980, Sá 1981, McReath
et al. 1981, Costa & Inda 1982). Por sua vez, Carvalho A sequência superior denominada de Unidade Boqui-
et al. (1997) e Rocha (1999), depois de agrupá-los, ra foi caracterizada como sendo constituída por for-
descrevem os membros Boquira e Contendas como mações ferríferas além de xistos, quartzitos e carbo-
sedimentos constituídos das fácies: (i) óxido (quartzo- natos (Arcanjo et al. 2000).
-hematita); (ii) carbonato (carbonato-quartzo-clorita,
carbonato-anfibólio-magnetita e quartzo-carbonato- 4.6.4 Dados Geocronológicos
-anfibólio-magnetita-martita); (iii) sílicato (anfibólio-
-magnetita) e, (iv) sulfeto onde estão hospedados os Embora não se tenha ainda datações radiométricas
minérios de chumbo-zinco. pelo método U-Pb em zircão, que podem ser viabi-
lizadas no futuro nas vulcânicas dacíticos-riolíticas,
Entre 1998 e 2000, o levantamento geológico básico datações Pb-Pb de galena da fácies sulfeto indicam
na escala 1:100.000 do Vale do Paramirim, incluindo idades variando entre 2,5 e 2,7Ga (Carvalho et al.
mapeamento geológico regional e levantamentos 1997), valores esses que têm sido motivo de contro-
geoquímico, geofísico e geocronológico, além de ca- vérsias.
dastramento mineral, foi realizado como parte inte-
grante de um Convênio de Cooperação Técnica entre 4.6.5 Recursos Minerais
a CBPM-Companhia Baiana de Pesquisa Mineral e a
CPRM-Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais. Os depósitos de Boquira foram descobertos em 1952
Os resultados desses trabalhos, exucutados por téc- (Espourtelle & Fleischer 1980). Entre 1959 e 1988, eles
nicos e geólogos dessa última, com o apoio da CBPM, se transformaram em mina, que chegou a produzir
passaram a mostrar o Complexo Boquira como uma cerca de 6 milhões de toneladas de minério com te-
“associação vulcano-(plutono)-sedimentar”, com or- ores médios de 9% de Pb e 2% de Zn (Carvalho et al.
ganização típica de uma estrutura greenstone belt 1997). A mina foi paralisada em 1991. Atualmente se
compartimentada em três unidades. Essas estão re- reconhece que é necessário reestudá-la através de
sumidas a seguir, embora encontrem-se detalhada- métodos modernos de mapeamento geológico-geo-
mente descritas no relatório final desse projeto de fisico, em escala adequada, visando identificar even-
cooperação (Arcanjo et al. 2000) (Fig.IV.42). tualmente novas reservas de minério (CAPÍTULO XX).

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2

Figura IV.42 – Mapa geológico simplificado do Greenstone Belt Boquira. (Modificado de Arcanjo et al. 2000).

Os depósitos de sulfetos são maciços, com conta- do presente também em muito pequena proporção, a
tos relativamente bem visíveis com as encaixantes, e prata. Minerais supergênicos aparecem na superfície,
formados essencialmente de galena e esfalerita. Su- do tipo cerussita, limonita, anglesita, piromorfita, hi-
bordinadamente ocorrem pirita e pirrotita. Segundo drozincita, crisocola e outros de menor importância.
Carvalho et al. (1997) e Espourtelle & Fleischer (1988), Segundo Carvalho et al. (1997), in Misi et al. (2006), o
no minério, a relação Pb/Zn é da ordem de 4,5, estan- controle estratigráfico e os caracteres estratiforme e

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maciço do minério sugerem uma origem sedimentar- tavulcanossedimentar Caetité-Licínio de Almeida,
-exalativa (SEDEX) com forte componentre hidroter- que abriga os depósitos acima referidos, localiza-se
mal. Esse fato pode ser corroborado pelos dados geo- na borda leste da Serra do Espinhaço Setentrional, na
termométricos encontrados por Misi et al. (1996, 1999) sua parte baiana. Forma uma faixa aproximadamente
a partir de isótopos de enxofre em pares cogenéticos N-S, “nascendo” nas proximidades da cidade de Caeti-
galena-esfalerita que indicam temperaturas da ordem té, ao norte, estendendo-se até a cidade de Licínio de
de 350oC, compatíveis com o hidrotermalismo partici- Almeida, ao sul, perfazendo uma extensão em torno
pante na gênese do minério (CAPÍTULO XX). de 60-70km e largura de 2-5km. Nos arredores dessa
cidade ela flete para o leste, em direção à cidade de
Jacaraci. Daí ela volta a ocupar uma direção próxima
4.7 Sequência Metavulcanossedimentar ao meridiano, prolonga-se para norte, até alcançar as
Caetité-Licínio de Almeida proximidades da cidade de Caculé (Fig.IV.43).

Algumas sequências supracrustais que ocorrem no A idade e o posicionamento estratigráfico dessa sequ-
extremo sudoeste da Bahia, a exemplo da Sequência ência foi motivo de controvérsias. Para Moraes et. al.
Metavulcanossedimentar Caetité-Licínio foram for- (1980), Silva & Cunha (1999), Delgado et. al. (2004),
malizadas no trabalho de Mascarenhas (1976), como as unidades que hospedam os depósitos de ferro e
prováveis greenstone belts, embora elas necessitas- manganês deveriam ser agrupadas em uma única se-
sem na época de dados geológicos mais consistentes quência metassedimentar, pertencente ao “embasa-
para que fossem devidamente caracterizadas (Fig.IV.1, mento” e denominada de Complexo Lacínio de Almei-
IV.23). da. Por sua vez, Rocha (1990, 1991), Barbosa & Domin-
guez (1996) e Rocha et al. (1998) consideraram que a
A sequência em foco bem como aquela de Urandi (su- sequência em foco seria formada por duas unidades:
bitem 4.8), se destacam na geologia da Bahia, não só uma denominada de Formação Tauape, intrínseca ao
devido à presença, nas suas litologias metapelíticas, embasamento, e a outra, a Formação Mosquito, que
de pequenos depósitos de minério de manganês, mas representaria a unidade basal do Grupo Borda Leste
também pelas recentes descobertas de importantes do Supergrupo Espinhaço (Rocha et al. 1998). Por sua
depósitos de ferro, na região de Caetité. Os depósitos vez, Silva & Cunha (1999) consideraram o Complexo
de manganês estão sendo explotados desde 1948 e, Lacínio de Almeida como uma entidade sedimentar
estudos voltados para melhorar o seu conhecimento com ausência de litotipos vulcânicos, característi-
vêm ocorrendo ao longo do tempo, como por exemplo: ca essa que não permitiu a esses autores, na época,
(i) o Projeto Brumado-Caetité (Moraes et al. 1980); (ii) classificá-la como greenstone belt.
o Projeto Caetité I e II (Souza et al. 1984); (iii) o Projeto
Tauape (Garrido 1986) e, (iv) o Projeto Distrito Manga- Pesquisas geológicas de campo, estruturais, petrográ-
nesífero do Sudoeste da Bahia (Rocha 1991), além de ficas, litogeoquímicas e geocronológicas estão em an-
trabalhos publicados por outros pesquisadores sobre damento, tanto nessa sequência como na Sequência
essa região mineira como aqueles de Ribeiro Filho Metavulcanossedimentar Urandi (sub-item 4.8). Elas
(1968), Machado (1977), Moraes et al. (1980), Barbosa vêm sendo executadas por professores/pesquisadores
(1990), Rocha et al. (1998), Silva & Cunha (1999), Del- e estudantes de Graduação e Pós-Graduação do Curso
gado et al. (2004) e Borges (2010). de Geologia da UFBA-Universidade Federal da Bahia.
Esses trabalhos, incluindo mapeamento geológico re-
Fruto desses trabalhos, e de trabalhos recentes refe- gional na escala 1:100.000, se desenvolve dentro da
ridos adiante, pode-se afirmar que a Sequência Me- Disciplina Geologia de Campo III (IGEO/UFBA) e do

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Pronageo-Programa Nacional de Geologia, através cínio de Almeida são consideradas seu embasamen-
Contrato entre a UFBA, a CPRM-Companhia de Pes- to. São preferencialmente ortognaisses e, em áreas
quisa e Recursos Minerais e a Fapex-Fundação de mais localizadas, migmatitos. No embasamento, em
Apoio Pesquisa e Extensão. O mapeamento geológico alguns domínios, foi possível separar corpos plutô-
da Folha de Caetité foi concluído (mapa e relatório) nicos, a exemplo dos ortognaisses Riacho da Faca
(Cruz et al. 2010), estando, em progresso, as Folhas (2.726±60Ma) e Jurema (2.627±9Ma) além de corpos
de Espinosa e Guanambi. Concomitantemente, com pouco deformados como o Granitoide Humaitá, tam-
o apoio da CBPM-Companhia Baiana de Pesquisa bém arqueano (Barbosa & Cruz 2011) (CAPÍTULO V).
Mineral. pesquisas de detalhe e semidetalhe, com o Vale ressaltar que, nas proximidades leste de Caetité,
nome de Projeto Fe-Mn de Caetité-Licínio de Almeida em bons afloramentos, localiza-se a Suíte Intrusiva
(Cruz et al. em preparação) e abordando especifica- Lagoa Real (Granitoide Lagoa Real, CAPÍTULO V) com
mente a Sequência Metavulcanossedimentar Caetité- 1.764±19Ma (Cruz et al. 2010) que, diferentemente do
-Licínio de Almeida e seus depósitos minerais, estão Granitoide Humaitá, encontra-se fortemente deforma-
sendo concluídas e alguns dados obtidos com esses da por processos tectônicos neoproterozoicos (Arcanjo
estudos serão descritos a seguir. et al. 2000, Cruz et al. 2007) (CAPÍTULO V) (Fig.IV.45).

Esses trabalhos mais recentes estão mostrando que Afloramentos dos ortognaisses Riacho da Faca são
a presença de fortes deformações com zonas de cisa- acessíveis em colinas ou em leitos de riachos, identifi-
lhamento sub-horizontais vergentes para oeste, difi- cando-se contatos tectônicos, através de falhas rever-
culta o estabelecimento de uma estratigrafia para a sas, com as unidades da sequência. Exibe bandamen-
sequência em questão. Entretanto, mesmo com essas to composicional sendo marcado pela alternância de
dificuldades está sendo possível englobar dentro da níveis tonalíticos, com foliação penetrativa finamente
Sequência Metavulcanossedimentar Caetité-Licínio espaçada e níveis granodioríticos. Rochas metamáfi-
de Almeida, o Complexo Licínio de Almeida (Moraes cas ocorrem sob a forma de boudins com o eixo maior
et. al. 1980, Silva & Cunha 1999), a Formação Mos- paralelizado com a foliação. No microscópio foram
quito e a Formação Tauape, as duas últimas de Rocha identificados nesses ortognaisses: plagioclásio (60%),
et al. (1998). Também está se colocando esta sequ- quartzo (13%), actinolita (11%), K-feldspato (6%), bio-
ência, como mais antiga que o Supergrupo Espinha- tita (3%), titanita (1%) e opacos (1%). Uma amostra de
ço Setentrional. A tectônica, através de thrust sub- boudin máfico apresentou uma composição modal
-horizontais com vergência para oeste, fez as rochas com hornblenda (94%), actinolita (2%), quartzo (2%),
gnáissico-migmatíticas do embasamento se sotopo- titanita (1%) e zircão (1%).
rem à sequência, a qual se superpôs à Formação Salto
de Rocha et al. (1998), tendo ambas sido cavalgadas Os ortognaisses Jurema ocupa áreas rebaixadas e
sobre as Formações Sítio Novo e Santo Onofre, mais seus afloramentos aparecem em lajedos próximos
jovens, situadas mais a oeste e que também fazem a riachos. Está também em contato tectônico com a
parte do Supergrupo Espinhaço Setentrional (Cruz et sequência, através de falhas reversas. Apresenta do-
al. 2010, Barbosa & Cruz 2011) (Fig.IV.44). mínios tonalíticos (plagioclásio 63%, quartzo 22%,
biotita 3%, K-feldspato 10%, moscovita 1%, minerais
4.7.1 Embasamento opacos 1%) e granodioríticos com granada (plagio-
clásio 53%, quartzo 20%, biotita 10%, K-feldspato 8%,
Com exceção das rochas plutônicas do Complexo La- granada 7%, moscovita 1% e minerais opacos 1%). O
goa Real, as rochas situadas a leste, as mais próximas bandamento composicional é fortemente desenvolvi-
da Sequência Metavulcanossedimentar Caetité-Li- do e ocorre sempre paralelizado com a foliação.

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a b

Figura IV.43 – Mapa geológico simplificado (a) e mapa estrutural (b) da Sequência Metavulcanossedimentar Caetité-Licínio de Almeida
destacando os principais depósitos de ferro e manganês (Segundo Cruz et al. 2010)

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Fig.IV.44 - Seção geológica W-E mostrando as rochas gnáissico-migmatíticas da parte leste empurradas, durante as deformações
neoproterozoicas, sobre a Sequência Metavulcanossedimentar Caetité-Licínio de Almeida e, ambas sobre as rochas metassedimentares da
Serra do Espinhaço Setentrional (Borges 2010, Cruz et al. 2010, Barbosa & Cruz 2011).

Quanto ao Granitoide Humaitá, nos seus poucos deformados e denominados por Fernandes et al. (1982)
afloramentos encontrados verifica-se que ele possui de Granitoide São Timóteo. Este, por ação de processos
uma coloração cinza, sendo formado de plagioclásio, deformacionais, metamórficos e metassomáticos, foi
quartzo e K-feldspato como minerais principais. Os transformado em ortognaisses, passando a se chamar
minerais acessórios são a biotita, o zircão, a alanita Ortognaisse Lagoa Real. Portanto, o que se denominou
e a titanita. Em geral mostra-se pouco deformado, a de Granitoide Sâo Timoteo são partes que não foram
não ser em zonas de cisalhamento anastomosadas, transformadas em Ortognaisses Lagoa Real durante as
as quais apresentam espessuras menores que 5cm. deformações neoproterozoicas (Cruz et al. 2010). Deve-
Nesses domínios deformados, epidoto e clorita po- -se destacar que o Ortognaisse Lagoa Real, em alguns
dem ser encontrados. locais, hospeda corpos lenticulares de albititos, às ve-
zes mineralizados em urânio (Lobato et al. 1982, 1983,
A Suíte Intrusiva Lagoa Real foi introduzida no embasa- 1990, Lobato 1985, Lobato & Fyfe 1990, Raposo et al.
mento após a formação da sequência, embora ambas 1984, Caby & Arthaud 1987, Maruejol 1989, Arcanjo et
tenham sido deformadas e metamorfiladas durante o al. 2000, Cruz 2004, Cruz et al. 2007) os quais, no con-
neoproterozoico (Fig.IV.44, IV.45). Ela é constituída pelo junto, constituem a Mina de Urânio de Caetité, a mais
Granitoide São Timóteo e pelos Ortognaisses Lagoa importante do Brasil nesse elemento radioativo, sendo
Real (CAPÍTULO V). Os primeiros compreendem sieni- explotada atualmente pela estatal INB-Indústrias Nu-
tos, sienogranitos e álcali-feldspato-granitos, são in- cleares Brasileiras (CAPÍTULO XX).

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Figura IV.45 - Afloramento de rocha da Suíte Intrusiva Lagoa Real (Granitoide Lagoa Real, CAPÍTULO V) na estrada Ibitira-Caetité.

4.7.2 Litologias da Sequência blenda) e calcita e (iv) quartzitos e xistos/metapelitos.


Esses últimos como são os mais predominantes da
A Sequência Metavulcanossedimentar Caetité-Licínio sequência e portadores das mineralizações de ferro e
de Almeida, participante da porção leste da Serra do manganês, serão descritos com mais detalhe a seguir.
Espinhaço Setentrional, sustenta um relevo de serro-
tes e elevações, alinhadas na direção NNE/SSW (Fig. Os xistos/metapelitos apresentam-se em geral muito
IV.43). Como referido antes, apesar das dificuldades alterados sendo difícil encontrar afloramentos. Quan-
herdadas pelas deformações dúcteis e rúpteis, quan- do presentes, verifica-se variação de cor de amarelo
do se desloca de leste para oeste, pode-se estruturar a amarelo-avermelhado dependendo do grau de al-
essa sequência, na seguinte ordem, sem conotação teração. Nas escalas macro e microscópica, essas ro-
estratigráfica: (i) anfibolitos, formados predominan- chas apresentam bandamento composicional plano-
temente por anfibólio e quartzo (metavulcânica má- -paralelo associado a uma foliação milonítica. Esse
fica) e encontrados sob a forma de escassas e finas bandamento é marcado pela alternância de domínios
lentes intercaladas tectonicamente nos xistos/meta- ricos em clino-anfibólio (30-50%), outros ricos em
pelitos; (ii) rochas calcissilicáticas, bandadas desta- biotita (25-40%), além da presença de quartzo (10-
cando-se níveis com proporções variadas de anfibólio 40%), moscovita (10-40%), calcita (0-15%), estaurolita
(35-40%), biotita (10-17%), granada (15-25%), epidoto (0-10%), cianita (0-10%), granada (0-8%), opacos (0-
(12-20%), quartzo (11-20%), calcita (2-3%) e clorita 5%), clorita (0-10%) e epidoto (0-5%), os dois últimos
(0-8%); (iii) mármores formados de anfibólio (horn- retrógrados (Barbosa & Cruz 2011). Associado aos xis-

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tos/metapelitos foram também encontrados, quartzi- ganesíferas constituem protominérios de manganês
tos micáceos, formações ferríferas e manganesíferas. (espessartita-xistos da fácies sílicato, jacobsita-xistos
da fácies óxido e mangano-dolomita-mármore da
Os quartzitos ocorrem sob a forma de lentes subordi- fácies carbonato) também ricas em manganês, com
nadas dentro dos xistos/metafilitos, possuem largu- intercalações de metapelitos manganesíferos e cal-
ras em torno de 50 metros e extensões variando de cissilicáticas. Processos supergênicos provavelmente
500m a 3km. Com coloração amarela-esbranquiçada, tércio-quaternários alteraram essas litologias e con-
exibem domínios com uma foliação bem marcada que centraram óxidos de manganês secundários do tipo
se alternam com domínios maciços. As deformações pirolusita, psilomelana como descrito mais adiante
destruíram as estruturas sedimentares, certamente no subitem 4.7.6 e no (CAPÍTULO XX).
existentes. São formados de quartzo (80-95%) e mos-
covita (5-20%), embora mica verde fucsítica possa 4.7.3 Estruturas
ocorrer esporadicamente.
Os elementos estruturais verificados no embasa-
As formações ferríferas apresentam-se sob a forma mento levam a considerar que antes das deforma-
de cristas retilíneas e alongadas, dispondo-se para- ções neoproterozoicas que atingiram a Sequência
lelizadas com a direção geral NNE-SSW. O estudo pe- Metavulcanossedimentar Caetité-Licínio de Almeida
trográfico demonstrou que nessas litologias ferríferas houve deformações anteriores, ligadas ao Arqueano
identificam-se níveis milimétricos a centimétricos de ou ao Paleoproterozoico. Com efeito, no embasamen-
rochas calcissilicáticas, com características semelhan- to, identificam-se deformações com nucleações de
tes àquelas referidas anteriormente. Essas litologias superfícies associadas ao bandamento gnáissico. Os
possuem um bandamento composicional muito bem indicadores cinemáticos em todas as escalas de ob-
desenvolvido, assinalado pela alternância de níveis servação sugerem movimentos compressionais com
quartzosos e níveis com proporções variadas de opa- componentes sinistrais posicionados próximo à dire-
cos e anfibólio, esse último no contato com as calcissi- ção N-S. Por sua vez, as superfícies gnáissicas foram
licáticas. Com efeito, a presença de bandas quartzosas, redobradas formando novas superfícies. A migmati-
alternando-se com bandas hematíticas/itabiríticas, zação e a granitogênese que ali se instalaram foram
aliada à presença de anfibólio metamórfico, configura síncronas ou um pouco posteriores a essas deforma-
a presença de itabiritos e hematititos. Os itabiritos são ções dúcteis (Cruz et al. 2010, Barbosa & Cruz 2011).
formados de hematita (25-66%), quartzo (20-40%), an-
fibólio (hornblenda e actinolita, 0-25%), magnetita (0- No caso da sequência propriamente dita, ela foi atingi-
15%), clorita (0-10%) e calcita (0-5%). Os hematititos, da por uma deformação progressiva de idade neopro-
por sua vez, são constituídos de porcentagens maiores terozoica (Cruz et al. 2010, Barbosa & Cruz 2011). Ela
que 66% de hematita. A importante jazida de itabirito reflete um campo de encurtamento segundo a direção
com especularita, recentemente descoberta nas pro- WSW-ENE, tendo sido responsável pela justaposição
ximidades sul da cidade de Caetité, está dentro desse das rochas do embasamento sobre a sequência e essa,
contexto ferrífero (Cruz et al. 2010, e em preparação). por sua vez, sobre as litologias do Supergrupo Espi-
nhaço, sobretudo os quartzitos eólicos da Formação
As formações manganesíferas são também encontra- Salto (Fig.IV.44). No extremo oeste da Serra do Espi-
das nos xistos/metapelitos (Ribeiro Filho 1968, Ma- nhaço Setentrional, em litologias desse supergrupo,
chado 1977, Moraes et al. 1980, Barbosa 1990, Rocha sobretudo na Formação Santo Onofre, identificam-se
et al. 1998, Borges 2010), diretamente ligadas às for- superfícies (So), dobradas isoclinalmente, com o apare-
mações ferríferas antes descritas. As formações man- cimento, nas charneiras das dobras, de outra superfície

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a
(S1’), sub-vertical. No extremo leste, e basicamente na
Sequência Metavulcanossedimentar Caetité-Licínio de
Almeida, onde os esforços foram de maior intensidade,
as dobras são recumbentes, identificando-se super-
fícies de cisalhamento sub-horizontais (10-25º) (S1’’),
paralelas ou subparalelas aos flancos dessas dobras.
Nessa situação ocorre a paralelização das superfícies
(S0, S1’ e S1’’) e, nas litologias envolvidas houve reorien-
tação de seus minerais e de seus elementos estratigrá-
ficos. Por exemplo: (i) nos xistos, o eixo maior das cia-
nitas posicionam-se paralelamente à direção dos es-
forços WSW-ENE e aproximadamente perpendiculares
b
à estruturação geral da Serra do Espinhaço e, (ii) nos
conglomerados da Formação Salto, o eixo maior dos
seixos, antes de direções variadas, com a deformação
se ajustou para a posição WSW-ENE. As zonas de cisa-
lhamento sub-horizontais, dúcteis a dúctil-rúpteis, re-
versas a reversas destrais, invadiram também o emba-
samento, constituindo ali, planos de foliação mais jo-
vens, também de direção aproximada WSW-ENE, onde,
às vezes são visíveis lineações de estiramento mineral.
Além disso, essas deformações cisalhantes trouxeram
“de baixo”, estreitas “lascas” do embasamento que se
alojaram no meio da sequência (Fig.IV.44). Enfim, uma
crenulação regressiva é identificada em alguns aflo- Figura IV.46 – a, b. Fotos mostrando crenulações em litologias
metapelíticas da Sequência Metavulcanossedimentar Caetité-
ramentos de xistos/metapelitos, sendo considerada
Licínio de Almeida consideradas como associadas ao colapso
como relacionada a uma fase final de colapso gravita- gravitacional do conjunto de rochas da Serra do Espinhaço
cional do Supergrupo Espinhaço (Fig.IV.46). Setentrional.

4.7.4 Metamorfismo e Geocronologia Por outro lado, granitoides semelhantes ao Humaitá,


como o Granitoide Caculé e Espírito Santo, com ida-
Paragêneses progressivas, constituídas de plagioclá- des Pb-Pb em zircão de 2.019±32Ma e 2.012±25Ma,
sio, quartzo, K-feldspato, biotita avermelhada, apatita (CAPÍTULO V), são pouco deformados indicando que
e minerais opacos, além de paragêneses regressivas foram penetrados nas rochas do embasamento poste-
formadas de biotita verde, epidoto, actinolita, calcita riormente às suas deformações principais e, portanto,
e moscovita, foram geradas nos ortognaisses do em- sendo anteriores às localizadas superficies deforma-
basamento, durante as deformações que atingiram a cionais que atingiram o Espinhaço Setentrional (Cruz
Sequência Metavulcanossedimentar Caetité-Licínio et al. 2010, Barbosa & Cruz 2011). Esses dois últimos
de Almeida, concomitantes ao metamorfismo. Os or- granitoides, embora fracamente deformados, denotam
tognaisses Riacho da Faca e Jurema, que exibem as em lâminas petrográficas que, ao sofrerem compres-
mesmas deformações que os ortognaisses encaixan- são, foram fracamente recristalizados, ficando como
tes, possuem idades de 2.726±30Ma e 2.627±9Ma, res- minerais reliquiares plutônicos, quartzo, plagioclásio,
pectivamente (Cruz et al. 2010, Barbosa & Cruz 2011). K-feldspato, biotita, titanita, alanita, zircão e minerais

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opacos. Os minerais metamórficos neoformados são, nos anfibolitos (metavulcânicas básicas), anfibólio,
moscovita, biotita verde clorita e epidoto e, podem ser plagioclásio e quartzo; (ii) nas rochas calcissilicáticas,
os representantes mais importantes do metamorfis- anfibólio, biotita verde, tremolita, quartzo, opacos e
mo neoproterozoico que atingiu a Sequência. calcita; (iii) nos xistos/metapelitos, granada, cianita,
estaurolita e tremolita; (iv) nas formações ferríferas,
Dados geocronológicos estão sendo obtidos para se grunerita, magnetita, hematita e quartzo; (v) nas for-
datar com mais precisão esse metamorfismo, visto mações manganesíferas, espessartita, mangano-do-
que, somente com as informações acima descritas, lomita, mangano-cummingtonita, quartzo e mais ra-
fica difícil identificar se o metamorfismo predomi- ramente jacobsita e magnetita (Borges 2010). Por sua
nante no embasamento foi de idade arqueana ou vez, a Formação Salto (Supergrupo Espinhaço), dire-
paleoproterozoica. Entretanto, embora o método ge- tamente superposta pela sequência metavulcanosse-
ocronológico até então utilizado não tenha permitido dimentar em foco e em geral constituída de quartzitos
datar o metamorfismo nas bordas dos zircões, dian- eólicos, exibe uma paragênese metamórfica formada
te da existência de granitoides pós-tectônicos, com essencialmente de quartzo, pouco recristalizado e
idades em torno de 2,0Ga, pode-se interpretar que o moscovita muito subordinada (Cruz et al. 2010).
metamorfismo que atingiu o embasamento da sequ-
ência foi próximo dessa idade. Com efeito, granitos do Com relação à idade do metamorfismo (M2) pode-se
tipo “S”, produto da fusão metamórfica de kinzigitos afirmar que ele ocorreu após 1.764±19Ma, que é a ida-
existentes no embasamento, têm apresentado zircões de de cristalização do Ortognaisse Lagoa Real. Soma-
ígneos com idades em torno de 2,0Ga (Cruz et al. 2010, -se a isso o fato de datações de monazitas, presentes
Barbosa & Cruz 2011) Isso sugere, mais uma vez, que nos metapelitos da localidade denominada Riacho
o principal metamorfismo que recristalizou as rochas dos Porcos, está também indicando que ele tem
do embasamento foi de idade paleoproterozoica. E (i) idade neoproterozoica (Barbosa & Cruz 2011). Ainda
diante das paragêneses minerais; (ii) da migmatiza- com relação aos metamorfismos que ocorreram na
ção e, (iii) da presença de granitoides pós-tectônicos, região e suas idades, as biotitas e anfibólios dos Gra-
pode-se interpretar que ele foi da fácies anfibolito de nitoides Caculé e Espírito Santo, datados pelo método
alta temperatura. Trabalhos de termobarometria nos K-Ar deram, como resultado, idades de 1.064±12Ma e
kinzigitos acima referidos estão em andamento para 551±6Ma, respectivamente (CAPÍTULO V). Tais idades
caracterizar as condições físicas desse metamorfis- demonstram uma reomogeneização/aquecimento
mo que atingiu as rochas do Supergrupo Espinhaço e isotópico, no final do Mesoproterozoico e principal-
subsidiariamente do seu embasamento. mente no Neoproterozoico.

Conforme referido antes, as primeiras deformações Ainda no que diz respeito aos metamorfismos identifi-
produziram empurrões de baixo ângulo e envolveram cados na área, verifica-se que o (M1), do embasamen-
não só a Sequência Metavulcanossedimentar Caetité- to, tem características diferentes do (M2) da sequên-
-Licínio de Almeida mas, igualmente, o Supergrupo cia e do Supergrupo Espinhaço. De fato, no primeiro
Espinhaço (Fig.IV.44). A superposição tectônica gerou (M1) foram encontradas indicações de fusão (fácies
o metamorfismo (M2) que atingiu todas essas rochas. anfibolito alto a granulito), contrariamente ao (M2)
Ele foi mais fraco a oeste, onde a superposição tectô- onde essas manifestações de fusão são inexistentes.
nica foi quase inexistente e mais forte para leste, onde Por outro lado, nos xistos/metapelitos produzidos
a superposição tectônica foi mais importante. Com pelo (M2) foram encontradas a cianita e a estaurolita
efeito, na sequência em questão foram identificadas em equilíbrio, sugerindo que o (M2) foi da fácies an-
as seguintes paragêneses minerais progressivas: (i) fibolito baixo e com pressão mais elevada que o (M1).

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Estudos termobarométricos estão sendo realizados as fácies identificadas possuem em média os seguin-
em xistos/metapelitos para caracterizar definitiva- tes teores: (i) fácies sílicato, SiO2~53%, Fe2O3~37%
mente o tipo de metamorfismo que atingiu a sequên- e MnO~3,5% (no minério supergênico resultante, os
cia e o Supergrupo Espinhaço (Barbosa & Cruz 2011). teores de MnO podem ser elevados em até 34% com
baixo ferro); (ii) fácies óxido, SiO2~46%, Fe2O3~40% e
4.7.5 Dados litogeoquímicos MnO~7% (no minério supergênico resultante, os teo-
res de MnO podem ser elevados em até 42% com ferro
Dados litogeoquímicos dos protominérios de ferro e relativamente alto) e, (iii) fácies carbonato, SiO2~17%,
manganês, presentes sob a forma de lentes nos xis- Fe2O3~18% e MnO~15% (no minério supêrgenico re-
tos/metapelitos da sequência, não são fáceis de ser sultante, os teores de MnO podem ser elevados em
obtidos devido aos intensos processos supergênicos até 45%, com baixo ferro)
que afetaram as rochas da área. Entretanto, furos de
sondagem recentemente executados nos depósitos, 4.7.6 Aspectos Genéticos dos Protominérios e
mais profundos que o “cone invertido de intemperis- Minérios de Ferro e Manganês
mo supêrgenico” (Toniatti & Barbosa 1973), está per-
mitindo melhor elucidá-los. As características das rochas ferro-manganesíferas
em foco levam a admitir que elas provavelmente tive-
As camadas de protominérios de ferro (formações ram origem sedimentar, provenientes de precipitação
ferríferas, itabiritos e hematititos) estão associadas química em ambiente marinho raso ou, como uma
com as camadas de protominérios de manganês possibilidade mais remota, em ambientes lagunares,
compostas de espessartitas-xistos do fácies sílicato, nesse caso, devido à configuração lentiforme dos pe-
jacobsita-magnetita, xistos do fácies óxido e manga- quenos depósitos existentes na área. Os campos de
no-dolomita-mármore do fácies carbonato, além de estabilidade dos compostos de Fe e Mn possuem su-
metapelitos manganesíferos. perposição em ambientes naturais e depósitos desses
metais são reconhecidos em várias partes do mundo
Quanto ao protominério de ferro, em uma das minas da (Roy 1981). Sem ter encontrado rochas vulcânicas na
região, a Lagoa D’Anta (Borges 2010), análises recentes área, Rocha (1991) considerou provável que o ferro e
estão mostrando que as formações ferríferas são ca- o manganês tenham se originado da lixiviação de ro-
racterizadas por altos conteúdos de SiO2 e Fe2O3+FeO, chas continentais situadas ao redor da Bacia Espinha-
perfazendo, na soma desses óxidos, cerca de 80 a 95%, ço Setentrional, tendo ambos, tanto o Fe, como o Mn,
um pouco inferior aos valores de outras formações se depositado em condições oxidantes devido a ação
ferríferas no mundo que chegam a alcançar 95 a 98% de organismos marinhos primitivos. Por outro lado,
(Bhattacharya et al. 2007, Klein & Beukes 1998). Os como referido antes, os anfibolitos encontrados por
valores de Al2O3 oscilam entre 0,20 e 0,51% e a soma Cruz et al. (2010) podem representar metabasaltos
dos álcalis, entre 0,02 e 0,14, números que são também metamorfizados, indicando também a possibilidade
parecidos com as formações ferríferas estudadas pelos da existência de fontes vulcânicas pretéritas na bacia,
autores acima referidos. Vale ressaltar que o protomi- as quais podem ter trazido, através hidrotermalismo,
nério era originalmente rico em ferro, embora nas par- esses elementos para suas partes superficiais subma-
tes superficiais dos depósitos, a supergênese tenha aju- rinas. Segundo Rocha (1998) a intrínseca coexistência
dado a elevar os teores desse elemento (CAPÍTULO XX). dos fácies óxido e carbonato pode ser explicada pela
variação nas condições de Eh e pH, em espaço verti-
Quanto ao protominério manganesífero, dados de cal relativamente pequeno. Esse autor ainda sugere a
Barbosa (1990) e Rocha (1991) permitem concluir que existência de um mar epicontinental, com certa res-

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trição à circulação de fluidos, pode ajudar na tal va- negativas contrastantes, podem ter também existido
riação faciológica colocada no final do subitem 4.7.5. nos mares estratificados do início do Paleoproterozoi-
co, possibilitando a deposição de óxido de ferro e, com
Recentemente, Borges (2010) fez análises químicas de ele, o óxido de manganês. Formações ferríferas mun-
elementos Terras Raras nas formações ferríferas da diais estão demonstrando esse fato.
região (Fig.IV.47) tendo verificado um leve enrique-
cimento dos ETR pesados em relação aos ETR leves, Segundo Ribeiro Filho (1968), Machado (1977), Bar-
padrão típico de formações ferríferas (Klein 2005). bosa (1990) e Rocha (1991) o evento metamórfico que
Destacam-se nas amostras estudadas, anomalias afetou as litologias da sequência não teve influência
negativas de Ce. Esse fato, segundo Bhattacharya et direta na concentração dos jazimentos de manganês
al. (2007) e Klein & Beukes (1998) é consequência da e ferro. Entretanto, processos hidrotermais porventu-
remoção e oxidação do Ce em oceanos antigos. Seme- ra ligados a esse metamorfismo estão sendo pesqui-
lhantemente aos mares atuais (Elderfield & Graves sados para verificar se eles tiveram importância na
1982, De Baar et al. 1985), esse elemento se junta sig- concentração desses metais na área (Borges 2010). O
nificativamente aos minerais argilosos, devido às afi- que se tem certeza é que a supergênese movida pela
nidades entre ambos. Nesse caso, isso pode ter tam- evolução geomorfológica da área foi a principal con-
bém ocorrido na época da deposição dos óxidos de centradora do manganês nos depósitos, tornando-
ferro e manganês da sequência. Segundo Kato et al. -os econômicos como pode ser verificado nos teores
(1996) esse fenômeno pode ser igualmente observado de MnO supergênico, colocados no final do subitem
na Plataforma do Caribe, Venezuela, onde a coluna de 4.7.5. Os protominérios de ferro, por sua vez, já eram
água oxidante, com anomalias negativas de Ce, con- relativamente ricos nesse metal, parecendo que a su-
trasta com a coluna superposta de água anóxica, com pergênese influênciou pouco na formação das suas
anomalia positiva de Ce. Essas anomalias positivas e jazidas.

Figura IV.47- Espectros de


Elementos Terras Raras das
formações manganesíferas
(amostras J5-3L3 e J4L3)
exibindo anomalia negativa de
Ce (Borges 2010)

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Ainda com relação à supergênese, a lixiviação do fer- pela MUSA-Mineração Urandi S.A. destinou-se à si-
ro e da sílica nos protominérios manganesíferos pro- derúrgia, ficando o minério de alto teor para a fabri-
vocou o aumento do conteúdo de óxidos de manganês cação de pilhas. Posteriormente, com o surgimento
dos depósitos, principalmente sob a forma de pirolu- da Sibra-Eletrosiderúrgica Brasileira S.A., fábrica de
sita e psilomelana. Os blocos e seixos rolados no meio ferro-ligas, localizada no município de Simões Filho,
de um solo marrom-escuro característico, produtos perto de Salvador, o distrito manganesífero de Caeti-
da erosão dos depósitos, além da presença de crostas té-Licínio de Almeida tomou novo impulso. Por sua
lateríticas, evidenciam a importância da supergêne- vez, a Sibra, para executar suas atividades minerá-
se na área. Segundo Rocha (1991) tal enriquecimento rias no Estado, criou uma subsidiária de mineração, a
supergenético se deu em condições de clima tropical MMN-Minérios Metalúrgicos do Nordeste Ltda., que
em topografia relativamente plana e com circulação se ocupou da extração e transporte do minério para a
intermitente de água superficial. fábrica, passando a competir na região, com a Musa.
Com o aumento da demanda desse bem mineral no
4.7.7 Recursos Minerais Estado, tanto a MMN como a Musa tiveram toda sua
produção destinada à Sibra. Essa siderúrgica, fabri-
Os protominérios de manganês da sequência em foco cante de ligas de Fe-Mn e Fe-Si-Mn, passou a absor-
constituem mega-lentes desse metal dentro dos xis- ver todo o minério desse distrito manganesífero. En-
tos/metapelitos. Eles formam um trend que se esten- tretanto, com o passar do tempo, suas minas começa-
de na direção NNW-SSE (Fig.IV.43). Os xistos/metape- ram a se esgotar, entretanto, como os depósitos mais
litos, como estão dobrados e cisalhados (Fig.IV.44), se importantes continuavam a pertencer à Musa, essa
repetem formando três faixas, mais ou menos parale- foi adquirida em dezembro de 1989 pela Sibra/MMN.
las, onde as minas estão separadamente distribuídas
sob a forma de lentes (Rocha et al. 1998) (Fig.IV.43b). Por outro lado, em meados da década de 90, a Sibra
Na faixa mais a oeste, perto da localidade de Brejinho teve o seu controle acionário adquirido por outras
das Ametistas, são predominantemente minérios do empresas, inclusive estrangeiras, tendo terminado
fácies óxido, (jacobsita-xistos e metapelitos manga- “nas mãos” do Grupo VALE DO RIO DOCE, atualmente
nesíferos), totalizando 6 minas cadastradas; na faixa simplesmente VALE. Essa tem também uma subsidi-
intermediária ocorre também o mesmo tipo de pro- ária, a RDM-Rio Doce Mineração que ficou responsá-
tominério da primeira faixa, somando 19 minas e, na vel, não somente pela extração do minério superficial
terceira faixa o protominério é principalmente do tipo restante, mas também pela recuperação do ativo am-
silicático (espessartita xistos) (Cruz et al. 2010). Esses biental das áreas e pela reavaliação de suas reservas.
protominérios, como referido antes, ao ser subme- Com resultados desanimadores nessas reavaliações e
tidos à alteração supergenética, geraram óxidos de com o alto custo ambiental das jazidas, o manganês
manganês de teores em MnO variados. do distrito passou a ser considerado anti-econômico
para as pretensões da VALE. E, assim, recentemente,
Como um registro histórico, vale ressaltar que o bem grande parte das minas de manganês e sobretudo de
mineral manganês foi descoberto na região, em 1948, ferro da Sequência Metavulcanossedimentar Caetité-
durante as escavações manuais para a construção da -Licínio de Almeida foi vendida à Bamin-Bahia Mi-
estrada de ferro, que atravessa a Serra do Espinhaço neração, a mesma responsável pela extração e co-
na Bahia e que, até hoje, liga Belo Horizonte a Sal- mercialização do minério itabirítico/especularítico
vador (Ribeiro Filho 1968). A partir daí, por algumas de Caetité, referido antes. O minério de manganês
décadas, o minério foi extraído em pequena escala continuará sendo extraído dessas minas mas, como
para exportação (Rocha 1991). Mais tarde, produzido produto secundário, conforme os planos da Bamin.

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As mineralizações de ferro da Sequência Metavul- Urandi, Espinosa e Guanambi. Esses dados vêm sendo
canossedimentar Caetité-Licínio de Almeida estão obtidos por professores/pesquisadores e estudantes
hospedadas em formações ferríferas bandadas das de Graduação e Pós-Graduação do Curso de Geologia
fácies óxido e sílicato. Nos fácies óxido predominam da UFBA, cujos trabalhos incluem, além de mapea-
hematititos que se intercalam com itabiritos, varian- mento geológico na escala 1:100.000, também estu-
do desde itabiritos compactos a friáveis com teores de dos petrológicos, petroquímicos e geocronológicos.
ferro acima de 25%. Nos fácies sílicato predominam Eles fazem parte também do Pronageo-Programa
itabiritos com grunerita-cummingtonita. A geometria Nacional de Geologia, através Contrato entre a UFBA-
dos corpos é tabular e a deformação é intensa. -Universidade Federal da Bahia, a CPRM-Companhia
de Pesquisa de Recursos Minerais e a Fapex-Fundação
Vale ressaltar que está em fase de desenvolvimento de Apoio Pesquisa e Extensão (Cruz et al. 2010). Sen-
pela Bamin-Bahia Mineração, uma grande jazida de soriamento remoto com extração de lineamentos es-
itabirito ao sul da cidade de Caetité, com reserva esti- truturais, além de mapas geofísico-magnetométricos,
mada em torno de 600 milhões de toneladas. têm sido usados visando complementar a cartografia
geológica básica, com a identificação das principais
unidades mapeáveis e de suas descontinuidades es-
4.8 Sequência Metavulcanossedimentar truturais (Fig.IV.48).
Urandi
4.8.1 Embasamento
A Sequência Metavulcanossedimentar Urandi se
posiciona nas cercanias da cidade do mesmo nome, As rochas que circundam a Sequência Metavulcanos-
localizada no extremo sudoeste do Estado da Bahia, sedimentar Urandi denominam-se Complexo Santa
próximo à divisa com o Estado de Minas Gerais (Fig. Isabel (Portela et al. 1976, Moutinho da Costa & Silva
IV.1, IV.23). 1980, Fernandes et al. 1982, Delgado et al. 2004, Me-
deiros et al. 2010, 2011) o qual constitui também as
Tanto a Sequência Metavulcanossedimentar Caetité- encaixantes do Batólito de Guanambi-Urandi (Rosa et
-Licínio de Almeida (item 4.7) como a Sequência Me- al. 1996, 1999) esse último possuindo uma área aflo-
tavulcanossedimentar Urandi, vêm se destacando no rante de aproximadamente 6.000km2 (CAPÍTULO V).
cenário baiano pelas recentes descobertas de impor- Como referido antes, os levantamentos geológicos de
tantes depósitos de minério de ferro economicamente campo recentes que estão sendo realizados na região
explotáveis. e portanto envolvendo o Complexo Santa Isabel, têm
possibilitado identificar três litofácies principais: (i)
A descrição a seguir se baseia, em primeiro lugar, nos ortognaisses augen-miloníticos com níveis quartzo-
trabalhos finais de Graduação do Curso de Geologia -feldspáticos (graníticos e granodioríticos) e níveis de
da UFBA (Figueiredo 2009, Pereira de Jesus 2011), anfibolitos subordinados; (ii) gnaisses migmatíticos e
os quais, em caráter de detalhe e semi detalhe, re- (iii) granodioritos foliados. Com exceção dos anfiboli-
alizaram pesquisas na região com a colaboração da tos, todas essas rochas são portadoras de biotita e al-
Bamin-Bahia Mineração, detentora dos direitos mi- gumas de hornblenda, estando equilibradas na fácies
nerários das jazidas de ferro e manganês da região anfibolito alto. Granitos pós-tectônicos estão tam-
(subitem 4.7.6) e onde executou numerosas trinchei- bém presentes, cortando as estruturas do Complexo
ras e furos de sonda. Em segundo lugar, ela se apoia (Medeiros et al. 2010, 2011, Gordilho 2010, Cruz et al.
nos dados recentes e de caráter regional, que estão 2011, em elaboração).
sendo adquiridos sobre a geologia das regiões de

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Figura IV.48 – Mapa geológico simplificado da Sequência Metavulcanossedimentar Urandi encaixada tectonicamente
.
no Complexo Santa Isabel Simplificado de Figueiredo (2009)

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4.8.2 Litologias da Sequência se faz através de uma zona de cisalhamento compres-
sional que coloca as rochas daquele complexo sobre
Na Sequência Metavulcanossedimentar Urandi fo- as metabásicas. Por sua vez, o seu contato a oeste
ram encontradas rochas metabásicas e metapelitos com os metapelitos e metarritmitos indiferenciados
indiferenciados, formações ferro-manganesíferas e se faz através de rampas e patamares de empurrão,
quartzitos que formam uma faixa contínua na por- vergindo para leste, ambos nucleados na sequência
ção central da área cartografada (Fig.IV.48). A intensa supracrustal. Nos afloramentos, as rochas metabá-
milonitização associada com o metamorfismo das ro- sicas se apresentam, em geral, milonitizadas, porém
chas dificultou a identificação de estruturas primárias sem o desenvolvimento de proeminente bandamen-
que pudessem garantir a polaridade estratigráfica da to composicional. As metabásicas, quando frescas,
sequência. Entretanto, os elementos estruturais re- apresentam cor verde, variando entre tons claros e
cuperados em afloramentos permitiram colocar as escuros (Fig.IV.49). Nos cortes de estrada apresen-
metabásicas na base da sequência. Por sua vez, as tam-se bastante fraturadas, segundo um sistema or-
relações estratigráficas encontradas entre os meta- togonal de fraturas. Em amostras de furos de sonda
pelitos indiferenciados e as formações ferríferas são destacam-se nesses litotipos uma foliação milonítica
normais, com os primeiros na base sobrepostos pelas e um bandamento composicional bem desenvolvido,
últimas. Entretanto, não foi possível definir a relação este último marcado pela alternância de níveis com
estratigráfica entre essas unidades e os quartzitos su- proporções variáveis de anfibólio, granada e biotita.
perpostos. Dificultando ainda mais a organização es- A granulação das metabásicas é predominantemen-
tratigráfica, um conjunto de granitoides ocorre intru- te média, raramente se destacando pórfiros de pla-
sivo na sequência, além de veios de quartzo, em geral gioclásio. Os porfiroblastos de granada apresentam
concordantes a subconcordantes com a foliação. formas euédricas, cujos cristais estão contornados
pela foliação e possuem tamanhos que variam entre
Apesar das dificuldades pode-se estruturar a Sequên- 1 e 2cm. Zonas com forte silicificação são observadas
cia Urandi, na seguinte ordem, sem conotação estra- nessas rochas e, nesses casos, apófises de granitoides
tigráfica: (i) metabásicas; (ii) metapelitos indiferen- podem ser verificadas (Fig.IV.50). Ainda em amos-
ciados; (iii) formações ferríferas; (iv) quartzitos e, (v) tras de furos de sonda, sulfetos disseminados foram
granitoides (Figueiredo 2009) (Fig.IV.48) observados, associados a veios ou na matriz dessas
rochas. Ao microscópio verificam-se texturas: (i) ne-
As metabásicas ocorrem ao longo da zona centro- matoblástica, marcada pela orientação dos grãos de
-oriental da sequência, recobrindo cerca de 20% da anfibólios; (ii) granoblástica, assinalada pela presen-
área total. Os afloramentos encontrados estão ao ça de agregados de plagioclásio e, (iii) poiquiloblástii-
longo de cortes de estrada da BA-122 e em sulcos ca, representada pelas inclusões de epidoto, calcita e
abertos por drenagens. Raramente ocorrem como mica branca em plagioclásio e de quartzo no anfibó-
resistatos no relevo, o qual apresenta leves ondula- lio. A moda da rocha é formada de anfibólio (60-70%),
ções (topos côncavos e vertentes côncavo-convexas) plagioclásio (27-32%), clinopiroxênio (2-5%), titanita
entremeadas por áreas aplainadas. Os solos “in situ” (1-3%) e opacos (1-2%).
possuem cor vermelha intensa e espessuras variando
de 1 a 4m, sendo eles predominantemente argilosos Os metapelitos indiferenciados, que ocupam cerca
com menor fração de areia fina. A elevada espessura de 23% da área total, são observados ao longo de
dos solos, aliada à presença de horizontes argilosos toda a sequência (Fig.IV.48), estando associados com
sugerem tratar-se de latossolos. O contato leste des- as metabásicas, com os itabiritos e quartzitos, estes
sa unidade com os gnaisses do Complexo Santa Isabel últimos descritos mais adiante. Os afloramentos dos

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metapelitos ocorrem predominantemente em riachos orientação de minerais micáceos e do anfibólio. Ao
e em cortes de estrada, ocupando os baixos geomor- microscópio estas rochas se apresentam anisotrópi-
fológicos e os flancos das serras itabiríticas da área cas, com texturas: (i) lepidoblástica marcada por bio-
(Figueiredo 2009). Seus solos são de cores bege a tita e moscovita; (ii) granoblástica evidenciada pelos
bruno-avermelhado, e predominantemente argilo- grãos de quartzo; (iii) milonítica com a presença de
sos. Foi possível identificar e individualizar em mapa, ribbons de grãos de quartzo e, (iv) poiquiloblástica
um conjunto indiferenciado composto por quartzo- exibida por opacos, em biotita e mica branca. Compo-
-moscovita xistos, quartzo-biotita xistos, quartzo- sicionalmente apresentam quartzo (37-44%), mosco-
-moscovita-biotita xistos, granada-biotita xistos e vita (33-39%), biotita (7-12%) e opacos (5-10%).
anfibólio-granada-biotita xistos. Em geral, essas ro-
chas apresentam colorações avermelhada, esverdea- As formações ferríferas ocorrem especialmente no
da a cinza-esverdeado, com granulação média a fina. domínio centro-ocidental da sequência, e é onde pre-
A mineralogia principal é marcada pela presença de dominam as maiores altitudes locais, como a Serra
quartzo, moscovita e biotita. Minerais como goethita de Urandi, que apresenta escarpas com média a alta
e limonita ocorrem em menor proporção. Em geral, declividade (Fig.IV.48, IV.55). No setor sul os itabiritos
os metapelitos com feições de metarritmitos, apre- afloram em domínios com menores elevações, porém
sentam-se em pacotes de espessuras variadas, desde formando altos. Os afloramentos dessas rochas são
milimétricas a decamétricas com bandamento com- relativamente escassos e foram encontrados predo-
posicional marcado pela alternância de níveis com minantemente nos topos e nas escarpas das serras.
proporções variáveis de quartzo, moscovita, biotita, As formações ferríferas apresentam geometria lenti-
granada e anfibólio. Esse bandamento encontra-se cular espessando-se em direção ao norte, o que pode
paralelizado a uma foliação milonítica, marcada pela estar relacionado a fatores tanto tectônicos quanto

Figura IV-49 – Rocha metabásica da Sequência Metavulcanossedimentar Urandi.

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Elas apresentam o bandamento clássico, intercalan-
do níveis hematíticos com níveis quartzosos. Além
disso, apresentam-se compactas a semicompactas,
com níveis de minério friável raramente encontrado,
mas que podem ocorrer associados a zonas bastan-
te fraturadas e/ou bastante milonitizadas. O minério
compacto pode apresentar-se mais raramente na
forma maciça, mas são comumente bandados e su-
bordinadamente foliados. Nas rochas compactas a
liberação de sílica é baixa. Mineralogicamente, as for-
mações ferríferas são monótonas, apresentando nos
Figura IV.50 – Testemunho de sondagem mostrando uma apófise minérios do fácies óxido a hematita e a magnetita e,
de granitoide do Complexo Santa Isabel cortando metabásica. nos minérios do fácies sílicato, hematita, magnetita
e anfibólio. Em furos de sondagem, nessas rochas foi
verificada a presença de níveis carbonáticos que ocor-
rem como veios. Nas zonas de alteração intempérica é
comum a presença de goethita e limonita. Ao micros-
cópio estas rochas apresentam-se anisotrópicas, com
orientação marcada por ambos constituintes, quartzo
e hematita. Exibem as seguintes texturas: (i) grano-
blástica, marcada pelos cristais de quartzo e hema-
tita e, (ii) porfiroclástica, identificada pela presença
de porfiroclastos de quartzo. Elas são constituídas
predominantemente de quartzo (60-68%), hematita/
magnetita/opacos (25-36%) e grunerita-cummingto-
nita (1-5%).
Figura IV.51 –Formação ferrífera em corte de estrada secundária
nos arredores da cidade de Urandi.
Os quartzitos ocupam cerca de 10% da área total da
sequência (Fig.IV.48). Afloramentos dessas rochas são
a sedimentares/estratigráficos, ou a ambos. No alvo bastante escassos, sendo a maioria deles mapeados
perfurado pela Bamin-Bahia Mineração (alvo Um- em elúvios onde blocos com arestas angulosas a le-
buzeiro) o tipo de minério principal encontrado é o vemente arredondadas aparecem em considerável
itabirítico. São formações ferríferas metamorfisadas abundância. Caracterizam-se como quartzitos pu-
e fortemente oxidadas, descontínuas, com dimen- ros e quartzitos ferruginosos com hematita dispersa
sões variando entre decímetros e centenas de metros. na matriz. Em certas porções da área eles ocorrem
A ocorrência de corpos de alto teor é restrita sendo intercalados com os metapelitos indiferenciados e,
identificados em charneiras de dobras e associados a em outros, se associam com os itabiritos. Os quart-
veios de quartzo. Eles apresentam em geral, coloração zitos exibem colorações bege a bege-esbranquiçado,
acinzentada, intercalando bandas esbranquiçadas e quando puros, e bege-avermelhado, quando ferru-
bandas cinza-escuro. A granulação é homogênea, va- ginosos. A granulação varia entre fina a média. A
riando de média a fina. Essas formações apresentam- composição mineralógica é marcada pela presença
-se nas litofácies dominadas por itabiritos quartzíticos de quartzo, sendo que biotita, moscovita e hematita
(fácies óxido) e itabiritos anfibolíticos (fácies silicato). podem ser encontradas em proporções menores que

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5%. Nos quartzitos ferruginosos, a proporção de he- Metassedimentos manganesíferos são encontrados
matita pode atingir 12% do total da rocha. Os quartzi- nas proximidades leste da Sequência Metavulcanos-
tos apresentam uma xistosidade que se destaca pela sedimentar Urandi, entretanto, os trabalhos realiza-
presença de grãos estirados de quartzo e, em menor dos até o momento, não estão permitindo colocá-los
proporção, pela presença de biotita e moscovita. dentro da referida sequência. Inclusive, não há con-
tinuidade física entre ambos, estando separadas por
Como descrito anteriormente, no considerado em- rochas do Complexo Santa Isabel (Fig.IV.48). Essas li-
basamento da sequência, no Complexo Santa Isabel tologias manganesíferas recobrem uma área de cerca
ocorrem granitoides pré, sin e pós deformação/mig- 1,12 km2, constituindo um alto topógráfico.
matização. Por sua vez, na Sequência Metavulcanos-
sedimentar Urandi aparecem também, mas somente Na extinta mina ali situada, denominada Barreiro
os dois últimos tipos. As relações de campo indicam dos Campos foi explotado minério de manganês pela
que esses granitoides ocorrem intercalados nas ro- MUSA-Mineração Urandi S.A. Nela atualmente po-
chas da sequência, ora concordantes, ora ligeiramen- dem ser observadas três grandes cavas de explota-
te discordantes da foliação. Algumas vezes aparece ção, abandonadas, (Fig.IV.52) com extensões variando
em contato brusco cortando a foliação. Os aflora- entre 50 e 200m e alturas em torno de 20m. O limite
mentos de granitoides ocorrem nas encostas das ser- a oeste desse depósito é marcado por uma faixa de-
ras com cotas variando entre 620 e 710m. Em geral, as camétrica de gnaisses milonitizados do Complexo
exposições aparecem na forma de lajedo, em formas Santa Isabel, ao passo que no seu limite leste foram
arredondadas. O solo desenvolvido a partir da altera- observados granitoides augen-miloníticos e foliados
ção dessas rochas são rasos, de cores avermelhada (Figueiredo 2009).
a amarronzada. Os granitoides de uma maneira ge-
ral apresentam coloração cinza-claro, granulometria Em estudos petrológicos realizados na Mina Barreiro
média, sendo, em geral, equigranulares. Os corpos dos Campos e com foco no protominério de manganês,
são leucocráticos e constituídos de quartzo (28-30%), Borges (2008) identificou predominantemente quelu-
plagioclásio (30-32%), microclínio (27-30%), e em zitos, mármores com óxido de manganês, rodocrosita-
menor proporção biotita (7-13%), tendo apatita e zir- -mármore e tremolita-rodocrosita mármore. De forma
cão como acessórios. Epidoto (1-4%) e clorita são os subordinada foi identificada a presença de tremolita-
minerais metamórficos. Em geral, os corpos afloran- -espessartita xistos, calcita-tremolita-espessartita
tes são isotrópicos mas forte anisotropia pode ser ve- xistos e rochas calcissilicáticas. O óxido de manganês
rificada ao longo das zonas de cisalhamento, desen- apresenta-se associado com a alteração da rodocrosi-
volvidas paralelamente aos estratos. Ao microscópio ta e da espessartita, ocorrendo preferencialmente no
essas rochas apresentam textura holocristalina, fa- núcleo do mineral ou ao longo de fraturas. De acordo
nerítica média, com cristais equi a inequigranulares. com aquele autor, a mineralização de manganês nessa
As microestruturas ígneas encontradas foram: (i) hi- mina é o resultado da atuação de processos relaciona-
pidiomórfica, marcada pelo quartzo e plagioclásio, (ii) dos com o enriquecimento supergênico, mas o mesmo
granofírica, representada pelo intercrescimento entre não descartou a possibilidade de alterações hidroter-
K-feldspato e quartzo, (iii) poiquilítica, exibida pela mais mais profundas terem tido um papel secundário
inclusão de epidoto e apatita no feldspato e (iv) mir- ao longo da evolução do depósito.
mequíticas, envolvendo o microclínio e o plagioclásio.
Como microestrutura metamórfico-deformacional
tem-se a poiquiloblástica assinalada pela inclusão de
epidoto e mica branca em feldspato.

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um bandamento composicional pode ser observado,
que é marcado: (i) pela alternância de níveis ricos em
hematita e níveis ricos em quartzo; (ii) pelas propor-
ções variáveis entre quartzo e mica nos metapelitos
e, (iii) pela alternância de níveis máficos e félsicos
nos gnaisses do Complexo Santa Isabel. Lineações
de estiramento mineral na Sequência Metavulca-
nossedimentar Urandi se destacam pela orientação
do quartzo e anfibólio nas formações ferríferas; pela
orientação dos minerais micáceos nos metapelitos e,
pela orientação dos anfibólios nas metavulcânicas.
No Complexo Santa Isabel essas lineações são assi-
Figura IV.52 – Frente de lavra abandonada da mina de manganês naladas pelo quartzo e pelos feldspatos. Segundo Fi-
Barreiro dos Campos da Sequência Metavulcanossedimentar Urandi. gueiredo (2009), um conjunto de dobras em bainha,
dobras de arrasto com dimensões variando entre
centimétricas a métricas, boudins (Fig.IV.54), estrutu-
4.8.3 Estruturas ras do tipo S/C e lineação de estiramento mineral fo-
ram nucleadas nessa etapa. No desenvolvimento das
O levantamento estrutural realizado na área permitiu estruturas sin primeira etapa surgiram veios carbo-
verificar que as deformações que atingiram a sequên- náticos, observados nas rochas metabásicas, diques
cia foram as mesmas presentes no Complexo Santa pegmatíticos e veios de quartzo leitoso, esses últimos,
Isabel, onde estaria o embasamento não identificado tanto na sequência quanto no Complexo Santa Isabel.
das rochas supracrustais da sequência (Figueirêdo Essas manifestações tardias sugerem a presença de
2009). Esse autor verificou na área pelo menos uma fluidos hidrotermais durante a evolução tectônica da
fase de deformação dúctil, progressiva, que a sub- área, como sugeriu Jesus (2011). Segundo essa auto-
-dividiu em etapas. ra, os granitóides sin-tectônicos podem ter impresso
nessas rochas uma alteração hidrotermal em graus
Na primeira etapa dessa deformação foram geradas diferenciados.
dobras deitadas cujas superfícies axiais (Sn) foram pa-
ralelizadas por cisalhamentos. Elas são registradas Na segunda etapa dessa deformação, os planos (Sn)
em dobras intrafoliais, isoclinais, nos gnaisses Santa foram redobrados, formando novas dobras com eixos
Isabel e principalmente nos itabiritos da sequência aproximadamente paralelos aos da primeira e com o
(Fig.IV.53). As orientações dessas dobras sugerem aparecimento de superfícies (Sn’), que por sinal são
transporte de massa de sudeste para noroeste com mal desenvolvidas. As deformações dessa etapa es-
encurtamento geral segundo a direção geral WSW- truturaram os contatos entre as rochas da sequência
-ENE (Figueirêdo 2009). As foliações principais (Sn) e do Complexo Santa Isabel com o aparecimento de
impressas nas rochas da área foram formadas duran- antiformes e sinformes, ambos assimétricos, recli-
te essa primeira etapa. Nos itabiritos, essa foliação é nados e vergentes para NW. Nessa segunda etapa,
definida pela orientação preferencial da especulari- observou-se o desenvolvimento de leques imbrica-
ta, enquanto que nos metabasaltos, ela é, sobretudo, dos, falhas reversas, rampas de empurrão e duplexes,
marcada pela orientação do anfibólio. Nos metapeli- cujas vergências predominantes são de SE para NW.
tos, por sua vez, essa foliação é assinalada pela orien- Em algumas dessas estruturas associam-se dobra-
tação dos filossílicatos. Produto dessa primeira etapa, mentos assimétricas, sinformais e antiformais, às

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Uma seção geológica de direção NW-SE mostra o
comportamento estrutural das rochas de sequência
(Fig.IV.55)

Em afloramentos do Complexo Santa Isabel, sobre-


tudo em alguns próximos à sequência, identificam-se
intensas zonas de cisalhamento dextral compres-
sionais oblíquas, sinistrais e dúcteis, com orientação
também NE-SW, que parecem ter ocorrido no mesmo
nível crustal onde se desenvolveram as duas primei-
ras etapas. Elas nucleiam superfícies que são subpa-
ralelas às anteriores. Essas foliações de cisalhamento
possuem ângulos predominantemente moderados
Figura IV.53 – Dobras intrafoliais em itabirito da Sequência mas que, às vezes, vergam para ângulos elevados,
Metavulcanossedimentar Urandi (testemunho de sondagem da com forte componente de cisalhamento horizontal,
BaMin – Bahia Mineração).
ou seja, com lineações de estiramento com média a
baixa obliquidade. A cinemática sinistral e reversa re-
cuperada em afloramentos é marcada pela presença
de dobras de arrasto e de superfícies S/C (Figueiredo
2009).

A granitogênese e a migmatização, essa última identi-


ficada somente no Complexo Santa Isabel, ocorreram
na área de forma síncrona ou ligeiramente posterior
a essas deformações dúcteis da área.

Zonas de fraturas dúctil-rúpteis reversas a reverso-


-dextrais, de alto ângulo, com orientação geral se-
gundo NW-SE são também identificadas na área. Es-
sas estruturas truncam as anteriormente desenvolvi-
das e possivelmente, em alguns casos são reativações
tectônicas das estruturas de cisalhamento anterior-
Figura.IV.54 – Boudins quartzo-feldspáticos dentro dos itabiritos mente nucleadas.
da Sequência Metavulcanossedimentar Urandi (testemunho de
sondagem da BaMin – Bahia Mineração).
4.8.4 Metamorfismo e Geocronologia

vezes com dobras parasíticas associadas. Nos aflora- Segundo Figueiredo (2009), a partir das caracteriza-
mentos, os leques imbricados, as rampas de empur- ções mineralógicas e microtexturais realizadas em
rão e os duplexes apresentam-se com ângulos extre- lâminas petrográficas das unidades, tanto da sequên-
mamente variados, desde baixos a moderados (>45º). cia quanto do Complexo Santa Isabel, obteve-se um
Falhas desse tipo, com mergulhos altos sugerem rea- conjunto de paragêneses e assembleias mineralógi-
tivação de estruturas antigas ou rotações associadas cas que permitiu indicar alguns aspectos metamórfi-
com processos de dobramentos e/ou falhamentos. cos importantes na área.

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Figura IV.55 – Seção geológica mostrando as rochas supracrustais da Sequência Metavulcanossedimentar Urandi
e suas relações com o Complexo Santa Isabel.

A presença nos anfibolitos de hornblenda e plagio- ratura de cristalização de cerca de 600°C. Entretanto,
clásio como paragênese característica, é típica de me- nos metapelitos, a ausência de sílicatos de alumínio
tamorfismo de grau médio a alto. Nos anfibolitos do sugere condições metamórficas mais baixas.
Complexo Santa Isabel e nas metabásicas da Sequ-
ência Metavulcanossedimentar Urandi, a presença de Cruz et al. (em preparação), utilizando as informações
microestruturas porfiríticas reliquiares de anfibólio e desse último autor, interpretaram que houve somente
de porfiroclastos relictos de plagioclásio, com hábito uma fase de metamorfismo na área, associada às fa-
tabular, sugere que os anfibolitos são provenientes do ses de deformação antes caracterizadas, sendo uma
metamorfismo de rochas magmáticas básicas. progressiva, outra de caráter regressivo. A correlação
entre deformação e metamorfismo foi possibilitada
Por sua vez, a ocorrência de minerais do grupo dos pela clara associação das assembleias minerais em
anfibólios nas formações ferríferas é característica concordância com as estruturas observadas em cam-
de paragêneses de médio grau metamórfico, prin- po e em furos de sondagem (Figueiredo 2009).
cipalmente para os anfibólios pertencentes à série
cummingtonita-grunerita, visto que para esse último No caso do metamorfismo progressivo, no Complexo
mineral, Miyano & Klein (1986) definiram uma tempe- Santa Isabel foram identificadas as seguintes para-

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gêneses: (i) nas bandas quartzo-feldspáticas, neos- dade de Urandi foram coletadas amostras para da-
somas e granitos sin e pós-tectônicos - plagioclásio, tação geocronológica pelo método U-Pb em zircão
microclínio, quartzo, biotita, (±hornblenda) e opacos; (Medeiros et al. 2010, 2011, Barbosa et al. 2011). Da-
(ii) nas bandas básicas e paleossomas – anfibólios, dos preliminares estão indicando idades em torno de
quartzo, biotita, plagioclásio e opacos. Na Sequência 2,0Ga, sugerindo que o metamorfismo ocorreu em
Vulcanossedimentar Urandi, ocorrem as seguintes torno dessa idade, no Paleoproterozoico. Entretanto,
paragêneses: (i) nas metabásicas – hornblenda, pla- os estudos estão sendo aprofundados para verificar
gioclásio, quartzo (±granada) e opacos; (ii) nas forma- com segurança esses dados geocronológicos iniciais
ções ferríferas – hematita, cummingtonita-grunerita (Barbosa & Cruz 2011, Cruz et al. 2011)
e quartzo; (iii) nos metapelitos – biotita, moscovita,
quartzo, (±plagioclásio) e opacos e, (iv) nos granitoi- 4.8.5 Recursos Minerais
des intrusivos sindeformação - plagioclásio, microclí-
nio, quartzo, biotita e opacos. Na sequência manga- Na Sequência Metavulcanossedimentar Urandi, na
nesífera (queluzitos) verificou-se que eles são forma- Mina Barreiro Dantas, atualmente abandonada, fo-
dos de calcita, rodocrosita, espessartita e tremolita. ram explotados durante vários anos, óxidos de man-
ganês supergênicos. Eram pirolusita e psilomelana
No caso do metamorfismo regressivo, no Complexo de alto teor, utilizadas para a fabricação de pilhas.
Santa Isabel foram identificadas as seguintes para- Ficaram o protominério queluzítico cuja rodocrosita,
gêneses: (i) nas bandas quartzo-feldspáticas, neos- se tiver boa concentração e volume, pode ser aprovei-
somas e granitos sin e pós-tectônicos-epidoto, clori- tada, calcinando-a e transformando-a parcialmente
ta, titanita, quartzo, biotita; (ii) nas bandas básicas e em MnO.
paleossomas-clorita, quartzo, epidoto. Na Sequência
Vulcanossedimentar Urandi, foram identificadas as As formações ferríferas da sequência estão sendo atu-
seguintes paragêneses: (i) nas metabásicas-epidoto, almente pesquisadas pela Bamin-Bahia Mineração,
clorita, titanita, quartzo, biotita e, (ii) nos granitoides tanto com relação aos seus teores de ferro quanto às
intrusivos sindeformação-mica branca e epidoto. suas reservas, que, juntamente com o minério de fer-
ro de Caetité (subitem 4.7.6) deverão ser explotados
Sendo assim, pode-se admitir que o Complexo Santa brevemente (CAPÍTULO XX).
Isabel e a Sequência Metavulcanossedimentar Uran-
di sofreram as mesmas deformações e os mesmos
processos metamórficos da fácies anfibolito médio 4.9 Sequência Metavulcanossedimentar
progressiva, com a correspondente regressão. Entre- Ibiajara
tanto, a presença de migmatização no complexo e a
sua ausência na sequência, indicam maior grau de Segundo Arcanjo et al. (2000) essa sequência abrange
metamorfismo no primeiro em relação ao segundo. xistos e filitos sericíticos e grafitosos laminados, xisto
Por outro lado, os processos deformacionais e a con- máfico com clorita e actinolita, cianita e sericita xistos,
temporânea recristalização metamórfica da área não formação ferrífera e metarritmito (pelito e siltito) gra-
estão permitindo definir, no Complexo Santa Isabel, fitoso, às vezes manganesífero (Fig.IV.1, IV.23). Níveis
rochas que possam ser consideradas o embasamento de quartzito sericítico associados a brecha intrafor-
da “Bacia Urandi”. macional, mais expressivo no topo da Serra de Santa
Maria, localizada nas imediações de Ibiajara, comple-
Em neossomas e paleossomas de migmatitos do mentam essa sedimentação. Diques de metabasito e
Complexo Santa Isabel, situado nos arredores da ci- de rocha granitoide de granulação grossa, certamen-

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te relacionada ao magmatismo Rio dos Remédios, e 5 Greenstone Belt do Bloco
veios de quartzo-carbonático, atravessam toda a se-
quência. Segundo Santos (Arcanjo et al. 2000) o me-
Serrinha
tarritmito grafitoso exibe bandamento composicional
paralelo à xistosidade mineral, dobramento em estilo Como colocado no CAPÍTULO III o Bloco Serrinha (Bar-
isoclinal com eixo de mergulho suave para sul e su- bosa & Sabaté 2002, 2004), está localizado na porção
perfície axial subvertical. Além dos dobramentos, as nordeste do Estado da Bahia, representando um im-
rochas do Complexo Ibiajara são afetadas por zonas portante segmento arqueano-paleoproterozoico do
de cisalhamento orientadas na direção N25ºW, com Cráton do São Francisco (Mascarenhas 1979). O Gre-
mergulhos verticais, e por um intenso fraturamento enstone Belt Serrinha/Rio Itapicuru (Mascarenhas
com desenvolvimento de zonas brechadas e venula- 1976, Kishida 1979, Kishida & Riccio 1980), possui uma
ções quartzosas. A essa deformação associa-se uma espessura de cerca de 9,5km (Silva 1992). Com exceção
marcante alteração hidrotermal, definida por diferen- das bordas do greenstone belt, toda a pilha encontra-
tes processos como cloritização, sericitização, carbo- -se equilibrada na fácies xisto verde e associada a uma
natização, turmalinização e piritização. volumosa granitogênese riaciana-orosiriana (CAPÍTU-
LO V). Ele se formou sobre um embasamento mesoar-
Segundo Mello (1991) e Arcanjo et al. (2000), com queano denominado de Complexo Santa Luz.
base em estudos de trincheiras e de testemunhos de
sondagem, o Complexo Ibiajara foi compartimentado
em duas unidades: uma inferior, vulcânica máfica, e PALEOPROTEROZOICO
outra metassedimentar. Esses mesmos autores con-
sideram que as metavulcânicas poderiam ser a fonte 5.1 Greenstone Belt Serrinha-Rio
primária do ouro ali evidenciado, depois reconcentra- Itapicuru
do por processos hidrotermais epigenéticos
Utilizando os dados geológicos preliminares dos pro-
Arcanjo et al. (2000) indicaram que não foi possível jetos Bahia II e Bahia, executados na década de se-
recuperar a organização estratigráfica da pilha su- tenta, somados aos novos conhecimentos adquiridos
pracrustal devido à intensidade da deformação dúc- a partir da Publicação Especial Nº 3 do Simpósio so-
til e da alteração hidrotermal, apesar disso, com os bre Rochas Arqueanas, Canberra (1971), Mascarenhas
dados disponíveis, é possível considerar que ela foi (1973) caracterizou, pela primeira vez, uma estrutura
acumulada em ambiente marinho profundo (talude/ do tipo greenstone belt na Bahia, na região nor-nor-
bacia), representado pela presença de vulcanismo deste do Estado, e a denominou de Greenstone Belt
básico (xisto máfico), associado a depósitos sedimen- Serrinha (Fig.IV.1, Fig.IV.56).
tares químicos, acumulados sob condições de bacia
faminta (formação ferrífera) e a depósitos gravita- Posteriormente, Kishida (1979), desenvolveu uma dis-
cionais relacionados a correntes de turbidez de baixa sertação de Mestrado na região, que foi sequênciada
densidade (metarritmito e quartzito). por Kishida & Riccio (1980), com um estudo sobre a
quimioestratigrafia das sequências de lavas do Rio Ita-
picuru. Eles a incluíram como pertencentes a um gre-
enstone belt, passando a denominar o greenstone belt
de Mascarenhas (1973) como Greenstone Belt Rio Itapi-
curu. Assim, nesse compêndio adotou-se o nome Gre-
enstone Belt Serrinha-Rio Itapicuru (Silva 1987, 1996).

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5.1.1 Embasamento o grau metamórfico corresponde à fácies anfibolito,
eles apresentam hornblenda mais plagioclásio cálci-
O Greenstone Belt Serrinha-Rio Itapicuru assenta-se co. Na transição borda-centro esses basaltos exibem a
estruturalmente sobre um embasamento gnáissico- paragênese actinolita, oligoclásio, epidoto, carbonato
-granítico-migmatítico mesoarqueano do Complexo e titanita e, no centro, onde as rochas não foram afe-
Santa Luz que constitui na região uma faixa de rochas tadas significativamente pelo metamorfismo regio-
com direção aproximada NNW-SSE. Como referido nal, são ainda reconhecíveis feições de espilitização
no CAPÍTULO III, nesse complexo, quatro associa- ligadas ao metamorfismo de fundo oceânico. Nesses
ções foram individualizadas, todas equilibradas na casos identifica-se a paragênese actinolita, clorita,
fácies anfibolito: (i) ortognaisses bandados, às vezes albita, carbonato, quartzo, epidoto e leucoxênio.
migmatizados, com mesossoma composto por hor-
nblenda-biotita gnaisses, de composição tonalítica a Nos basaltos variolíticos as varíolas possuem no má-
granodiorítica; (ii) biotita gnaisse e lentes ou boudins ximo 1,5cm de diâmetro preenchidas por um aglo-
de anfibolito associados com gnaisses aluminosos e merado de cristais de plagioclásio mais quartzo mais
metamorfitos calcissilicáticos, em parte migmatiza- carbonato. As pillows variam de 15cm até 2m de di-
dos; (iii) gnaisses com bandas anfibolíticas e bandas âmetro com as margens afaníticas e fraturas radiais
graníticas, alternadas com gnaisses aluminosos kin- indicando cristalização brusca e onde o material ba-
zigíticos , rochas calcialcalinas, metacherts e mármo- sáltico afanítico inter-pillows exibe espilitização, isso
res e (iv) ortognaisses tonalíticos a granodioríticos, nos afloramentos situados mais no centro da estru-
relativamente homogêneos (Fig.IV.57). tura. Os basaltos porfiríticos apresentam antigos fe-
nocristais transformados em anfibólio. As brechas de
5.1.2 Sequência Inferior fluxo consistem em fragmentos de tamanho variado
de lava basáltica maciça englobados por lava basálti-
O Greenstone Belt Serrinha-Rio Itapicuru foi mapea- ca afanítica espilitizada (Silva 1992).
do dentro do Projeto Reavaliação Geológica e Pros-
peccional do Greenstone Belt do Rio Itapicuru que foi Lentes de cherts, jaspilitos e formações ferríferas são
concluído em 1992 e cujo mapa geológico foi apre- frequentemente encontradas, intercaladas nessas
sentado por Rocha Neto (1994) na escala 1:400.000. lavas evidenciando períodos de calma na atividade
Por sua vez, Silva (1992) detalhou muito bem as ca- vulcânica.
racterísticas da porção basal da sequência supracrus-
tal. Ela possui cerca de 5km de espessura de rochas 5.1.3 Sequência Média
vulcânicas máficas que se situam, basicamente, nas
bordas da estrutura sinclinal que caracteriza esse Compreende as rochas vulcânicas intermediárias e
greenstone belt. Essas rochas vulcânicas máficas são félsicas (lavas e piroclásticas andesíticas, dacíticas e
formadas predominantemente de basaltos maciços e mais raramente riodacíticas), situadas na parte central
subsidiariamente de basaltos porfiríticos, variolíticos, da estrutura do greenstone belt e ocupando cerca de
amigdaloidais e brechas de fluxo. Em alguns locais 25% das supracrustais (Fig.IV.58). Seus derrames são
preservados das deformações, são encontradas es- em geral porfiríticos com fenocristais de hornblenda
truturas do tipo pillow-lava. e/ou plagioclásio (lavas andesíticas) e fenocristais de
plagioclásio e quartzo (lavas dacíticas). Fora das zonas
Com relação aos basaltos maciços, que representam de cisalhamento as estruturas primárias dessas ro-
cerca de 60% das supracrustais do Greenstone belt chas são bem preservadas (Fig.IV.59). Ainda segundo
Serrinha-Rio Itapicuru, nas porções marginais, onde Silva (1992) em alguns afloramentos é possível obser-

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Figura IV.56 – Mapa simplificado do Bloco Serrinha destacando o Greenstone Belt Serrinha-Rio Itapicuru.

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Figura IV.57 – Mapa geológico simplificado do Greenstone Belt Serrinha-Rio Itapicuru, dos granitoides associados (CAPÍTULO V) e o
Complexo Santa Luz (Segundo Rocha Neto 1994).

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var estruturas de fluxo primárias e fraturas radiais de
resfriamento brusco nas lavas andesíticas. Essas lavas
foram em parte afetadas por processos hidrotermais
com o desenvolvimento de paragênese do tipo: albita
+clorita+epidoto+sericita+carbonato+quartzo. Rochas
piroclásticas e tufos de cinzas também ocorrem nes-
sas rochas da Sequência Média. Ruggiero & Oliveira
(2010) também incluem nessa Sequência Média ande-
sítico-dacítica lentes de rochas sedimentares. Nessa
unidade estão também associados corpos subvulcâ-
nicos intermediários a félsicos, com predomínio de
quartzo dioritos porfiríticos.

5.1.4 Sequência Superior Figura IV.58. – Afloramento de rocha piroclástica félsica do


Greenstone Belt Serrinha-Rio Itapucuru.

Fazem parte dessa sequência, predominantemente,


rochas clásticas do tipo conglomerados, arenitos,
siltitos e folhelhos vulcânicos epiclásticos provavel-
mente provenientes do retrabalhamento das rochas
andesíticas e dacíticas (Silva 1992). Nas partes pouco
deformadas sobretudo naquelas situadas no centro
da estrutura sinclinorial do greenstone, nos arenitos,
nota-se ainda estratificação cruzada e acamadamen-
to gradacional evidenciando uma natureza turbidíti-
ca. Registram-se também nessa sequência, rochas de
natureza vulcanoquímica (cherts e formações ferrífe-
ras).

5.1.5 Estruturas e Metamorfismo


Figura IV.59 – Afloramento de rocha piroclástica félsica
Do ponto de vista da geologia estrutural, as rochas do com bombas vulcânicas deformadas/estiradas
paralelamente à foliação.
Greenstone Belt Serrinha/Rio Itapicuru foram estu-
dadas por Jardim de Sá (1982) próximo ao Granitoide
Ambrósio (CAPÍTULO V) e no setor meridional, cujos que é de crenulação, gerada por dobras abertas. En-
resultados foram confirmados por Teixeira (1984) no tretanto são mais consistentes os trabalhos de Rocha
setor central do greenstone belt. Fora a fase rúptil, Neto & Davison (1986), Davison et al. (1988), Padi-
esses autores identificaram quatro eventos de defor- lha (1992), Alves da Silva (1991, 1993, 1994), Rosário
mação: um primeiro onde se verifica a transposição (2010), e sobretudo aquele de Chauvet et al. (1997). No
de planos So gerando planos S1 (So~ S1); um segundo CAPÍTULO III, subitem 3.1.2, onde são abordadas as
caracterizado por dobramentos isoclinais apertados conclusões desses últimos autores, pode-se ter uma
com eixo N-S e que crenulou as foliações So-S1; um visão mais ampla das deformações paleoproterozoi-
terceiro com dobras, verticalizadas e com eixo E-W e cas que atingiram o Greenstone Belt Serrinha-Rio Ita-
um quarto com o aparecimento de uma foliação S4 picuru e seu embasamento.

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O metamorfismo do Greenstone Belt Serrinha-Rio apertadas, ora amplas, que foram acompanhadas por
Itapicuru foi mais estudado ao longo do vale do Rio zonas de cizalhamento nas quais penetraram grani-
Itapicuru, tendo sido identificados três eventos meta- toides pós-tectônicos com idade em torno de 2,0Ga.
mórficos (Silva 1983, 1987). A estrutura sinclinorial do Greenstone Belt Serrinha-
-Rio Itapicuru foi moldada por esse segundo evento.
O primeiro foi de natureza hidrotermal que hidratou
de forma generalizada as paragêneses originais das 5.1.7 Dados Litogeoquímicos
rochas vulcânicas, alterando-as. Nas rochas máficas
encontram-se paragêneses espilíticas oxidadas e car- Detalhados trabalhos de litogeoquímica utilizando
bonatizadas e, nas rochas félsicas, paragêneses kera- elementos maiores, menores, traço, elementos Ter-
tofíricas, as quais são identificadas em alguns locais ras-Raras foram realizados no Greenstone Belt Ser-
onde as deformações e o metamorfismo regional não rinha-Rio Itapicuru (Silva 1992, Costa & Oliveira 2010,
foram muito fortes. Veios de clorita e carbonato além Oliveira et al. 2010).
de processos de albitização, preenchendo fraturas de
resfriamento nas pillow-lavas e brechas de fluxo são Para as rochas vulcânicas da sequência máfica infe-
também consideradas como evidências desse meta- rior, esses autores chegaram à conclusão que os ba-
morfismo de fundo oceânico. saltos são de tendência toleiítica de fundo oceânico,
ricos em ferro, tipo MORB enriquecido. Com relação
O segundo evento metamórfico, de caráter regional, às rochas da Sequência Média elas possuem caráter
destruiu quase que totalmente as evidências do pri- calcialcalino com características de vulcânicas de
meiro metamorfismo e as características primárias margem continental, inclusive com granitoides sin-
das vulcânicas. A recristalização das rochas, de maior tectônicos com tendência química semelhante aos
intensidade nas bordas do greenstone belt (fácies anfi- andesitos. Ainda com relação à Sequência Média,
bolito baixo, 500-600oC, 4kbar) e de menor intensidade Ruggiero & Oliveira (2010), além de identificar rochas
no centro (fácies xisto-verde, 400oC, 2kbar) (Silva 1987). félsicas vulcânicas calcialcalinas, encontraram tam-
bém rochas vulcânicas adakíticas que se mostraram
O terceiro evento, que se superpõe aos dois outros é, importantes na elaboração dos modelos geotectôni-
de contato, identificado em auréolas ao redor de cor- cos para explicar a evolução do cinturão Serrinha/
pos granitoides pós-tectônicos e chega a alcançar o Rio Itapicuru (CAPÍTULO XX). Para os sills e diques
fácies hornblenda-hornfels (500-600ºC, ±2kbar). máficos que penetraram tardiamente nas rochas do
greenstone belt, eles são também toleiíticos.
5.1.6 Intrusivas Sin e Pós-Tectônicas
5.1.8 Dados Geocronológicos
Em resumo, a evolução estrutural paleoproterozoica
do Greenstone Belt Serrinha-Rio Itapicuru envolve Os gnaisses e migmatitos do Complexo Santa Luz,
dois eventos tectônicos de naturezas diferentes, am- embasamento desse greenstone, formaram-se no Ar-
bos associados com magmatismo. O primeiro evento queano, entre 3,0-2,7Ga, Nos migmatitos desse Com-
se desenvolveu segundo um encurtamento de direção plexo, Oliveira et al. (2002a) obtiveram idades U-Pb
NW-SE com uma lineação dessa mesma direção, con- (SHRIMP) em zircões (paleossomas) de 3.085±6Ma
tida sobre uma foliação sub-horizontal, quando con- (εNd=1,15 e -0,04). Por sua vez, Rios et al. (2009) en-
temporaneamente foram intrudidos granitoides com contraram idades de 3.102±5Ma (Granitoide Valen-
idades em torno de 2,1Ga. O segundo evento redobrou te), 3.162±26Ma (Granitoide Ambrósio) e 2.989±11Ma
os planos do primeiro evento, formando dobras, ora (Granitoide Requeijão) (CAPÍTULO V), todos eles as-

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sociados aos migmatitos Santa Luz. Tanto o Complexo riando entre 2.126Ma e 2.233Ma. Como essas rochas
Santa Luz como o Greenstone Belt Serrinha-Rio Ita- foram intrudidas por granitoides com idades entre
picuru, foram retrabalhados no Paleoproterozoico, 2.109Ma e 2.126Ma (CAPÍTULO V) pode-se definir uma
entre 2,1 e 2,0Ga, período onde sofreram deformação, idade mínima para a deposição dos protólitos visto
metamorfismo e, no caso do Complexo Santa Luz, que a idade máxima seria aquela da população mais
como ele se encontrava na mesozona, sofreu também nova de zircões (2.126Ma).
fusão parcial (Melo et al. 1995). Peucat et al. (2011)
calcularam a média das idades do metamorfismo Os dados geocronológicos e isotópicos dos granitoi-
paleoproterozoico na Bahia utilizando os resultados des sin e pós-tectônicos que estão associados a esse
obtidos por todos os pesquisadores que estudaram greenstone podem ser visualizados no CAPÍTULO V.
o assunto. Esses autores admitiram um valor médio
para a idade desse metamorfismo paleoproterozoico 5.1.9 Recursos Minerais
de 2.083±4Ma com um MSWD de 1,9.
A região do Greenstone Belt Serrinha-Rio Itapicuru
As rochas basálticas da sequência inferior, datadas tem sido alvo de prospecção desde o início do século
por Silva et al. (2001) através do método U-Pb, exi- XX em função da presença de ouro e diamante. O ouro
biram uma idade de 2.209±60Ma com TDM Sm-Nd de ocorre tanto associado a sulfetos como na forma livre
2,20Ga e com εNd=4. Mais recentemente, Oliveira et e, o diamante, em kimberlitos.
al. (2010) redataram essas rochas máficas através do
método U-Pb (SHRIMP) tendo obtido para os meta- No caso do ouro, quando associado a sulfetos, apare-
basaltos maciços e metabasaltos porfiríticos as ida- ce nas bordas de veios de quartzo-albita-carbonato,
des de 2.145±8Ma e 2.142±6Ma, respectivamente. encaixados em zonas de cisalhamento que afetam um
sill gabroico diferenciado que ocorre no greenstone
As rochas andesíticas e dacíticas tiveram também belt. Esse é o modo de ocorrência de ouro predomi-
suas idades testadas por Silva et al. (2001) tendo esses nante na Mina Fazenda Brasileiro onde os veios são
autores encontrado a idade de 2,12Ga para os andesi- acompanhados de intensa carbonatização, sericitiza-
tos com εNd=+2. Da mesma maneira que fez para as ção, silicificação e sulfetação (arsenopirita, pirrotita
vulcânicas máficas, Oliveira et al. (2010) dataram um e pirita) das rochas encaixantes. O sulfeto predomi-
dacito da Sequência Média tendo alcançado a idade nante é a arsenopirita, a qual mostra-se zonada, com
(U-Pb, zircão, SHRIMP) de 2.081±8Ma, embora te- razões As/S aumentando do centro para as bordas,
nham encontrado também zircões mais antigos com evidenciando um crescimento desse mineral em di-
idades de 3.364±10Ma, 3.064±6Ma e 3.017±8Ma suge- ferentes etapas. Quando ocorre na forma livre e/ou
rindo a interação do magma formador dessas rochas secundariamente associado a sulfetos, aparece em
félsicas com a crosta mais antiga. Ruggiero & oliveira veios de quartzo encaixados em zonas de cisalhamen-
(2010) dataram as rochas vulcânicas adakíticas (U- to, dentro de sedimentos vulcanoclásticos félsicos.
Pb, zircão, SHRIMP) tendo encontrado idade próxima Esse é o modo de ocorrência de ouro predominante
as das vulcânicas calcialcalinas, ou seja 2.081±9Ma, na Mina Fazenda Maria Preta (porção centro-norte
embora, segundo esses autores, as calcialcalinas do greenstone belt) e nos depósitos da Mina Fazenda
aparentemente sejam mais antigas. Canto (porção sul do greenstone belt). Em todos os
casos, o ouro ocorre em partículas finas, de tamanho
Oliveira et al. (2010) trabalhou também zircões detrí- inferior a 20micra , incluso, preenchendo fraturas
ticos das rochas metassedimentares desse greensto- e também colado na superfície dos cristais de arse-
ne belt tendo apresentado populações com idades va- nopirita, mais raramente livre na massa de quartzo

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dos veios. O metal encontra-se predominantemente 6 Greenstone Belt do Bloco
nas bordas da arsenopirita, em teores extremamen-
te variáveis (Silva et al. 2001). A geologia das zonas
Uauá
mineralizadas permite concluir que o ouro foi trans-
portado em forma de tiocomplexos e sua deposição Semelhantemente ao Complexo Santa Luz do Blo-
parece ter sido causada pela desestabilização desses co Serrinha, o Complexo Uauá caracteriza as rochas
complexos devido às reações do fluido com as rochas mais antigas do Bloco Uauá (Fig.IV.1, Fig.IV.60). Ele
encaixantes ricas em ferro (CAPÍTULO XX). é formado, predominantemente, de ortognaisses e
migmatitos, com alguns corpos de granodioritos (Sei-
No caso do diamante este ocorre na parte centro-oeste xas et al. 1985). Considerando somente dados dos mé-
do greenstone belt no denominado Distrito Diamantí- todos U-Pb e Pb-Pb em zircões (SHRIMP e ID-TIMS),
fero de Braúna. Esse é formado de dezoito ocorrências esse complexo foi datado em 3.051±13Ma (Granodio-
de kimberlitos, alinhadas na direção NW-SE. Essas rito Uauá, Oliveira et al. 2002), 3.204±9Ma (Granodio-
ocorrências consistem em chaminés (pipes) associa- rito Uauá, Mello et al. 2006), 2.991±22Ma (Ortognais-
das com um extensivo sistema de diques (Vaaldiam se Uauá, Oliveira et al. 2002), 2.956±39-3.070±3Ma
Resources Ltd. 2005). A maioria destes kimberlitos foi (gnaisse Uauá, Oliveira 2002, Paixão & Oliveira 1998)
descoberta pela empresa multinacional De Beers no e 3.025±13Ma (Gnaisses Uauá, Rios et al. 2009) (CA-
início da década de 1990, por meio de amostragem PÍTULO V). Nos gnaisses bandados da parte central
regional de sedimento de corrente, acompanhada de do Complexo Uauá foi encontrada idade TDM de 3,4Ga
mapeamento e geofísica terrestre (Pisani et al. 2004). e, em alguns núcleos de rochas granulíticas, também
Naquela época, a De Beers completou um programa foram obtidas idades em torno de 3085Ma (Cordani et
de amostragem superficial demonstando que treze al. 1999). Com efeito, Oliveira et al. (2002) citam que
das ocorrências kimberlíticas eram portadoras de em pedreiras de granulitos e de granodioritos próxi-
diamante A exploração detalhada do distrito foi ini- mas da cidade de Uauá foram registradas idades de
ciada pela Vaaldiam Resources Ltd em outubro de 2.933±3Ma e 2.991±22Ma, respectivamente.
2005. Com isso, até o final de 2006 foram mapeadas
quatro chaminés kimberlíticas distribuídas ao longo
de um sistema de diques de mesma composição, em PALEOPROTEROZOICO
uma extensão de 20km. Em superfície, as áreas das
chaminés variam de 0,5 até 2,0 hectares. De acordo 6.1 Greenstone Belt Rio Capim
com Pisani et al. (2004) os kimberlitos de Braúna são
classificados petrograficamente como macrocrísticos Andritzky (1971) discutiu a evolução do Paleopro-
do fácies hipabissal. A mineralogia da massa funda- terozoico da região de Caratacá-Bendegó, norte da
mental é dominada por flogopita, diopsídio e espiné- Bahia, e denominou de Série Rio Capim a sequência
lio. Idades radiométricas Rb/Sr de resfriamento em metavulcanossedimentar ali presente. Posteriormen-
torno de 682±20Ma foram obtidas em flogopitas do te Winge & Danni (1980), Fonseca et al. (1981), Winge
kimberlito Braúna (Pisani et al. 2004. Essas idades (1981, 1984) e Jardim de Sá et al. (1984), realizaram
permitem considerar que a colocação das chaminés trabalhos mais detalhados, definindo as característi-
kimberlíticas e diques associados processou-se na cas estratigráficas e estruturais do que passou a ser
transição neoproteroico/paleozoico. considerado de Grupo Capim. Posteriormente, Mas-
carenhas (1976) elevou-o à categoria de greenstone
belt.

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Os diversos elementos geológicos que dizem respei- por cristais de anfibólios (hornblenda) (60%), pla-
to ao Rio Capim foram definidos pelos autores acima, gioclásio (33%), quartzo (3%), minerais opacos (2%),
relacionados e sistematizados por Silva (1996) e atua- apatita (~1%) e titanita (tr) (Pires 2010).
lizados recentemente por e Oliveira et al. (2010).
Inclusas nesse embasamento, Schrank & Silva (1993),
Segundo os autores citados, a Sequência Rio Capim à luz dos dados disponíveis na época, compararam a
possui dimensões reduzidas, em comparação com Sequência Rio Capim com a Sequência Greenstone Belt
o Greenstone Belt Serrinha-Rio Itapicuru que lhe é Serrinha-Rio Itapicuru. Winge & Danni (1980) e sobre-
adjacente e descrito anteriormente. Possui cerca de tudo Winge (1981) separaram as litologias do Rio Ca-
vinte quilômetros de comprimento N-S e quatro qui- pim em: (i) Sequência Inferior, relacionada com uma
lômetros de largura (Fig.IV.60). fase de vulcanismo basáltico (anfibolitos finos a mé-
dios, quartzitos puros e ferruginosos, biotita e/ou anfi-
6.1.1 Embasamento bólio xisto, rochas calcissilicáticas derivadas de derra-
mes, tufos e subvulcânicas máficas, cherts, sedimentos
As rochas do Complexo Uauá, referidas anteriormen- vulcânicos, tufos andesíticos) e, (ii) Sequência Superior,
te, serviram de embasamento para o Greenstone Belt com uma fase de vulcanismo predominantemente áci-
Rio Capim. Ele tem idade mesoarqueana sendo for- do e explosivo (leptitos, quartzitos feldspáticos, gnais-
mado, predominantemente, de ortognaisses e mig- ses finos, biotita-xisto, anfibolitos e rochas cálcio-síli-
matitos, com alguns corpos de granodioritos (Fig. catadas derivadas de rochas vulcanoclásticas).
IV.61). São rochas de coloração acinzentada com gra-
nulação que varia de média a grossa com estrutura Posteriormente, Souza (1984) e Souza et al. (2003),
gnáissica, localmente migmatizada. Petrografica- com base em características macro e microscópicas,
mente são compostas de plagioclásio (43%), anfibó- individualizaram, da base para o topo, sete unidades
lios representados pela hornblenda (32%), quartzo litoestratigráficas para o Greenstone Belt Rio Capim:
(12%), biotita (7%), minerais opacos (3%), piroxênios (i) Unidade Riacho das Pedras; (ii) Unidade Rio Ca-
(2%) e apatita. O denominado Tonalito Capim tam- ratacá; (iii) Unidade Coiqui; (iv) Unidade Riacho do
bém faz parte do Complexo Uauá. Gado Bravo; (v) Unidade Riacho Madaipó ; (VI) Uni-
dade Caiada e (vii) Unidade Subvulcânica Félsica. Tra-
Como referido nos CAPÍTULOS III e XII, diques máfi- balhos mais recentes do ponto de vista petrográfico
cos também são observados cortando as rochas do serão mostrados adiante (Fig.IV.63).
Complexo Uauá. Apresentam granulometria média
a grossa, são maciços e isotrópicos, com coloração 6.1.2 Sequência Inferior
verde-escuro a preto. Macroscopicamente, a minera-
logia é constituída principalmente por anfibólio e pla- O andar inferior da sequência tem natureza predo-
gioclásio. Não apresentam em afloramento alteração minantemente basáltica. Esses metabasaltos cor-
intempérica significativa (Fig.IV.62). Ao microscópio respondem a anfibolitos de granulação fina a grossa,
exibem textura granoblástica decussada e textura ne- com intercalações de formações ferríferas bandadas
matoblástica. São observadas também texturas pre- (BIF), cherts ferruginosos e cherts carbonáticos (Fon-
servadas das rochas originais, como a ofítica (quando seca et al. 1981, Winge 1981). Os anfibolitos finos fo-
cristais de plagioclásio são englobados por cristais de ram interpretados por Winge (1984) como tendo sido
anfibólios, antigos piroxênios) e a subofítica (quando derivados de tufos basálticos, enquanto que os anfi-
cristais de anfibólios são englobados por cristais de bolitos grossos seriam derivados de rochas gabroicas,
plagioclásio). São constituídos predominantemente inclusive exibindo, vez ou outra, feições sugestivas de

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Figura IV.60 – Mapa geológico simplificado do Bloco Uaua destacando o Greenstone Belt Rio Capim (Segundo Silva 1996).

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Figura IV.61 – Mapa geológico simplificado do Greenstone Belt Rio Capim e suas relações com o Tonalito Capim
e Complexo Uauá (Modificado de Silva 1996).

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Figura IV.62 - Afloramento de dique máfico intrusivo no Complexo Uauá destacando também detalhes da rocha.

Figura IV.63 – Mapa de detalhe de uma área central (verificar figura IV.61) do Greenstone Belt Rio Capim.

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(Fig.IV.66) composta de plagioclásio, quartzo e mos-
covita que correspondem a 75% da rocha, comple-
tando-se a paragênese principal com 15% de biotita;
(ii) a Unidade Coiqui, formada por metadacitos (Fig.
IV.67) e metaquartzo-andesitos com intercalações
subordinadas de biotita-gnaisses e anfibolitos subor-
dinados, estes últimos constituídos em geral de horn-
blenda (50%), plagioclásio (35%) e quartzo (10%); (iii)
a Unidade Riacho do Gado Bravo, formada por parag-
naisses calcissilicáticos, clinopiroxênio-paragnaisses
e anfibólio-paragnaisses, com intercalações subor-
dinadas de paragnaisses quartzíticos, anfibolitos e
Figura IV.64 – Afloramento de anfibolito (metabasalto) da Unidade gnaisses dacíticos/andesíticos; (iv) a Unidade Riacho
Riacho das Pedras. Madaipó que inclui os anfibolitos finos do greenstone;
(v) a Unidade Caiada que é composta de gnaisses, vul-
cânicas máficas a intermediárias, com intercalações
de ortognaisses dacíticos a riodacíticos além de pa-
ragnaisses com biotita, cordierita, granada e silima-
nita e, (vi) a Unidade subvulcânica félsica constituída
basicamente por metarriodacitos.

6.1.4 Estruturas e Metamorfismo

Os autores que estudaram esta Sequência Rio Ca-


pim consideram-na como uma estrutura de forma-
to sinformal. Entretanto, estudando as deformações
mais detalhadamente, muitas são as controvérsias
Figura IV.65 – Detalhe do metagabro exibindo foliação incipiente. na área: Andritkzy (1971) e Winge (1984) reconhecem
dois eventos deformacionais, enquanto Jardim de Sá
uma natureza intrusiva primária. Souza et al. (2003) et al. (1984) distinguiram cinco fases de deformação
chamaram esse andar inferior de Unidade Riacho nas rochas supracrustais. Segundo Oliveira et al.
das Pedras, a qual aflora sob a forma de lajedos, em (2010) o Greenstone Belt Rio Capim é bordejado a oes-
blocos e matacões, nas margens do Rio Caratacá (Fig. te pelo Cinturão Caldeirão (CAPÍTULO III) e a leste por
IV.64, IV.65). São constituídos de hornblenda (75%), rochas metassedimentares da Faixa de Dobramento
plagioclásio andesínico (20%), titanita (4%) e mine- Sergipana do Neoproterozoico (CAPÍTULO XI).
rais opacos (1%)
Não existem estudos metamórficos de detalhe na
6.1.3 Sequência Superior área, embora ocorram paragêneses aluminosas que
podem permitir identificar as condições de tempera-
Esses autores incluíram nessa Sequência Superior ro- tura e pressão que presidiram a recristalização das
chas vulcânicas essencialmente intermediárias a fél- supracrustais. Entretanto, Winge (1984) ressaltou que
sicas, com textura em geral fina, a saber: (i) a Unidade predominam na área paragêneses da fácies anfibolito
Rio Caratacá formada de metadacitos/metatonalitos com reequilíbrio retrógrado para a fácies xisto verde.

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al. (2010) consideram uma superposição contínua das
litologias vulcânicas, desde os termos básicos (anfi-
bolitos, metagabros e metadioritos) mais inferiores,
em direção aos termos intermediários até os ácidos
(metadacitos e metarriolitos).

6.1.6 Dados Geocronológicos

No embasamento, o denominado Tonalito Capim tem


idades U-Pb SHRIMP variando entre 3,12 e 3,13Ga
(Cordani et al.1999). Outros corpos plutônicos foram
também datados em pedreiras situadas nas proxmi-
dades da cidade de Uauá com valores de 2.933±3Ma e
Figura IV.66 – Metadacito da Unidade Rio Caratacá. 2.991±22Ma (Oliveira et al. 2002). Diques félsicos que
cortam as rochas do Complexo Uauá foram datados
por Pb-Pb rocha total tendo alcançado valores iso-
crônicos de 2.218±170Ma (Oliveira et al. 2010).

Oliveira et al. (2010) também trabalharam geocrono-


logicamente as rochas da sequência. Nos metadacitos
encontraram através do método Pb-Pb rocha total a
idade de 2.153±79Ma e através do método U-Pb (zircão
SHRIMP) o valor de 2.148±9Ma. No denominado quart-
zo-diorito-tonalito encontrado dentro da sequência,
esses autores obtiveram a idade de 2.128±7Ma. Por sua
vez, nos denominados metagabros e dioritos, também
considerados como pertencentes à sequência supra-
Figura IV.67 – Afloramento de anfibolito da Unidade Coiqui. crustal Rio Capim, alcançou-se a idade de 2.143±22Ma
e 2.144±17Ma respectivamente, nesses dois últimos ca-
6.1.5 Dados Litogeoquímicos sos usando-se o método U-Pb TIMS em zircões.

Oliveira et al. (2010) analisaram elementos maiores Com relação à idade do metamorfismo que atingiu a
e traços de rochas máficas e félsicas da Sequência Sequência Rio Capim Oliveira et al. (2010), utilizando
Supracrustal Rio Capim. Utilizando elementos-traço a monazita, comum nos metapelitos aluminosos por-
relativamente imóveis com relação ao metamorfis- tadores de cordierita e granada e determinando os
mo, verificaram que os anfibolitos, gabros e dioritos teores de U-Th-Pb nesse mineral metamórfico com
plotam nos campos dos andesitos basálticos e ande- a microssonda eletrônica, chegaram aos valores de
sitos, enquanto que os metadacitos recaem no campo 2.031±62Ma e 2.096±69Ma que são idades muito mais
dos dacitos e riolitos e, vale ressaltar, todos em um jovens que as anteriores. Entretanto, são idades situa-
trend calcialcalino de médio potássio do tipo arco- das próximas do intervalo 2.080-2.070Ma que carac-
-de-ilhas. Essa interpretação inviabiliza a separação teriza a idade do metamorfismo regional do Orógeno
anterior das rochas vulcânicas em sequência inferior Itabuna-Salvador-Curaçá (Barbosa & Sabaté 2002,
e superior dos autores anteriores, visto que Oliveira et 2004).

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6.1.7 Recursos Minerais minantes e félsicos (dacíticos/andesíticos) além da
presença de intercalações de sedimentos clásticos e
Entre 1979 e 1980, a CBPM-Companhia Baiana de Pes- químicos (cherts, BIF e carbonatos). Na parte supe-
quisa Mineral realizou o Projeto Uauá-Capim em uma rior apresentam uma sequência de rochas vulcânicas
área de 76,5km² nas escalas 1:10.000, 1:5.000 e 1:2.000 intermediárias a ácidas sobrepostas por sedimentos
(Rangel et al. 1980) incluindo trabalhos de mapea- clásticos e químicos, geralmente com predomínio de
mento geológico, de detalhe e semidetalhe, além de carbonatos no topo. Os melhores exemplos deste gru-
prospecção geoquímica e geofísica. A prospecção geo- po estão representados pelos greenstone belts Um-
química definiu dois alvos da área do Rio Capim como buranas, Brumado, Ibitira-Ubiraçaba e Guajeru (setor
de prioridade especial: o primeiro por conter litologias central e sul do Bloco Gavião). Dentro deste grupo
da sequência vulcanossedimentar, com alto teor de existem outras variações e distinções estratigráficas
sulfetos metálicos (pirrotita, pirita e calcopirita), às particulares como as observadas nos greenstone
quais se associam anomalias de cobre, chumbo e zinco belts Riacho de Santana (setor oeste do Bloco Gavião)
em sedimento de corrente e o segundo por conter ano- e Boquira (setor central do Bloco Gavião) que apre-
malias de cobre em solo e com a presença de corpos sentam menor participação de derrames ultramáfi-
pegmatíticos portadores de sulfetos e malaquita. cos na base e uma maior expressão de sedimentos
químicos e clásticos no topo.

O segundo grupo de greenstone belts apresenta seção


7 Síntese inferior formada predominantemente por rochas vul-
cânicas máficas a félsicas, como basaltos, andesitos,
Estruturalmente, os greenstone belts tanto no Cráton dacitos, riolitos e rochas piroclásticas equivalentes,
do São Francisco, como em todos os crátons arquea- intercaladas por sedimentos epiclásticos e químicos
nos, são caracterizados pelos seus contornos arque- (cherts e BIF). A parte superior é composta por unida-
ados e sigmoidais, por apresentarem estruturação des sedimentares clásticas, inclusive grauvacas tufá-
geralmente em sinformes apertados a isoclinais e ceas, pelitos e arenitos. Os melhores exemplos desse
padrões internos de foliação acompanhando as de- segundo grupo são os greenstone belts Rio Itapicuru/
formações regionais. Serrinha e Rio Capim (Bloco Serrinha)além do Sali-
tre-Sobradinho (setor norte do Bloco Gavião).
Muitas características são comuns aos diferentes gre-
enstone belts, porém pequenas diferenças dão a cada Em ambos os grupos de cinturões greenstones, os
um a sua própria identidade. Por exemplo, uma ca- seus componentes litológicos sofreram fortes defor-
racterística estratigráfica bem marcante identifica e mações e metamorfismo variando da fácies xisto ver-
distingue dois grupos de greenstone belts no Cráton de à fácies anfibolito. Dados geocronológicos destas
do São Francisco na Bahia. rochas definem idades variando do Paleoarqueano ao
Paleoproterozoico, como as idades de ca. 3,0-2,7Ga
O primeiro grupo apresenta na parte inferior uma definidas nos greenstone belts Umburanas, Guajeru e
sequência marcada pelo predomínio de derrames ul- Ibitira-Ubiraçaba (setor sul do Bloco Gavião), no gre-
tramáficos komatiíticos com intercalações de basal- enstone belt Riacho de Santana (setor oeste do Bloco
tos foleiíticos de quartzitos e leitos conglomeráticos. Gavião) e ca. 2,1-2,0Ga nos greenstone belts Rio Itapi-
Esses são sobrepostos nas suas partes intermediárias curu e Rio Capim nos Blocos Serrinha e Uauá, respec-
por derrames toleiíticos máficos (basálticos) predo- tivamente.

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Os dados geocronológicos, até então disponíveis, de- na Província Superior do Canadá, com a designação
monstram que houve dois importantes eventos de de sequência greenstone plataformal. Por outro lado,
formação de greenstone belts no âmbito do Cráton do conforme demonstram o mapeamento geológico e os
São Francisco na Bahia: um no Arqueano (3,3-2,5Ga) e estudos geoquímicos, o predomínio absoluto de me-
outro no Paleoproterozoico (2,1-1,9Ga). Estes mesmos tavulcânicas komatiíticas somado com a participação
dados geocronológicos possibilitam aventar que o menor ou equânime de metabasaltos toleiíticos, mui-
evento Arqueano de geração de greenstone belts deve to superior à participação de vulcânicas calcialcalinas
ter-se processado em pelo menos três estágios: (i) um no âmbito desse greenstone, é um indicativo de que
de 3,3 a 3,0Ga representado por unidades greenstones os terrenos vulcânicos e sedimentares deste cinturão
da Sequência Metavulcanossedimentar Contendas- se formaram em, pelo menos, dois ambientes geotec-
-Mirante (Marinho 1991) (CAPÍTULO VI) e do Greens- tônicos distintos: (i) um precursor, dominantemente
tone Belt Mundo Novo (Peucat et al., 2002); (ii) outro extensional, com participação de magmatismo de
de 3,0 a 2,7Ga representado pelas sucessões estrati- pluma, em domínio de rift oceânico ou continental,
gráficas dos Greenstone Belts Umburanas e Guajeru que gerou as vulcânicas komatiíticas e toleiíticas e
(setor sul do Bloco Gavião) (Cunha et al. 1996, Bastos seus sedimentos plataformais contemporâneos; e (ii)
Leal et al. 1996, Bastos Leal 1998) e por parcelas das outro, em domínio de convergência de placas ou de
sucessões litológicas das unidades inferior e média zona de subducção, responsável pela geração do vul-
da Sequência Metavulcanossedimentar Contendas- canismo calcialcalino e sedimentos contemporâneos.
-Mirante (Marinho 1991, Brito 2000) (CAPÍTULO VI) e Por fim os terrenos destes domínios sofreram os pro-
o último (iii) de 2,5 a 2,1Ga representado pelas suces- cessos geotectônicos subsequentes que resultaram
sões litológicas das unidades média e superior da Se- no fechamento da bacia onde estavam instaladas, co-
quência Metavulcanossedimentar Contendas-Miran- lagens tectônicas, orogênese, magmatismo granítico,
te datadas por Marinho (1991) e Nutman et al. (1994). metamorfismo, deformação, até a estruturação final
conforme se observa atualmente no terreno.
As deformações, metamorfismos e intrusões graní-
ticas do ciclo geotectônico paleoproterozoico, que Os derrames ultramáficos komatiíticos do Greenstone
atingiu o ápice em torno de 2,0Ga (Barbosa 1986) Belt Umburanas representam os primeiros registros
(CAPÍTULO V), deram a forma final dos cinturões gre- deste tipo de litologia reconhecidos em terrenos vul-
enstones. canossedimentares, arqueanos a paleoproterozoicos,
no Estado da Bahia. No geral, se apresentam como
Com relação à gênese dos greenstone belt, os dados e faixas descontínuas, tectonicamente interrompidas,
informações reunidos sobre a geologia do Greenstone ocupando os níveis inferiores da sucessão estrati-
Belt Umburanas, o mais bem conhecido, não deixam gráfica do cinturão, mostrando efeitos de intensa
dúvida sobre a sua natureza vulcanossedimentar e deformação e acentuada recristalização que muitas
de que teve origem e evolução semelhantes às dos vezes obliteram suas feições primárias, dificultando
inúmeros greenstone belts distribuídos nos crátons a identificação de sua forma original de colocação:
arqueanos do globo terrestre. A presença de carbo- se intrusiva ou extrusiva. A descoberta destas litolo-
natos e de sedimentos terrígenos maduros, ricos em gias com suas texturas spinifex no Umburanas e nos
quartzo, evidenciam um ambiente de deposição para demais cinturões greenstone da Bahia se tornou um
o Umburanas, compatível, ao menos em parte, com fato relevante, porque confirmou a sua natureza vul-
os das sequências plataformais. Essa característica o cânica e komatiítica e consolidou a interpretação que
torna comparável com o tipo de greenstone belt des- se tinha, de que as sequências vulcanossedimentares
crito por Thurston (1988) e Thurston & Stott (1988) onde ocorrem, correspondem à verdadeiros greensto-

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ne belts, como é o caso dos greenstone belts dos seto- e Riacho de Santana, representam testemunhos de
res central e sul do Bloco Gavião, representados pelos uma ou mais estruturas greenstone belts maiores,
greenstone belts Umburanas (Cunha & Fróes. 1994), que outrora devem ter ocupado grande parte da su-
Brumado, Guajeru, Ibitira-Ubiraçaba e Boquira, além perfície dos setores central, sul e oeste do Bloco Ga-
do Riacho de Santana do setor oeste do Bloco Gavião. vião (Cunha & Fróes 1994). Possuem idades arque-
anas variando entre 2,7 e 3,15 Ga (Bastos Leal et al.
Enfim, sem considerar os greenstone belts Lagoa do 1996, Cunha & Fróes 1994), tendo sido afetados por
Alegre, Salitre-Sobradinho, Barreiro-Colomi e Tiqua- deformações de grande intensidade, por intrusões
ra (setor norte do Bloco Gavião), ainda pouco estu- graníticas arqueanas-paleoproterozoicas e por me-
dados, o Greenstone Belt Brumado, em conjunto com tamorfismo com intensidade variando da fácies xisto
o Umburanas, Guajeru, Ibitira-Ubiraçaba, Boquira verde à fácies anfibolito.

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Capítulo V Granitoides
Johildo S.F. Barbosa (UFBA)
Marilda Santos-Pinto (UEFS)
Simone C. P. Cruz (UFBA)
Jailma Santos de Souza (UFBA)

1 Introdução
Granitoide é um termo genérico para corpos plutônicos ácidos (66-72% SiO2) e intermediários (52–66% SiO2)
localizados na crosta continental. Segundo Wernick (2004) granitoide é uma rocha plutônica com tendência gra-
nítica (equigranular, hipidiomórfica), com baixo índice ou coloração, contendo teores variáveis de feldspato al-
calino, plagioclásio, quartzo ou nefelina. Nesse termo estão incluídos granitos, granodioritos, dioritos, tonalitos,
sienitos, monzonitos, monzodioritos, etc.

Este capítulo descreve, de forma sucinta, a geologia de 81 corpos, considerados os principais granitoides do Esta-
do da Bahia, formados no Arqueano e Paleoproterozoico. Os granitoides de idade neoproterozoica estão descritos
nas faixas de dobramentos que limitam o Cráton do São Francisco (CAPÍTULOS IX, X) ou nas suas proximidades,
como é o caso da Província Alcalina do Sul da Bahia (PASEBA) (CAPÍTULO X).

Os granitoides são apresentados pelos nomes tradicionalmente conhecidos, por idades (dos mais velhos para os
mais novos) e pelos seguintes domínios tectônicos que constituem o embasamento do Cráton do São Francisco
na Bahia (CAPÍTULO III): Gavião, Serrinha, Uauá, Jequié e os cinturões Itabuna-Salvador-Curaçá e Salvador-Es-
planada. Deve-se ressaltar, também, que os Granitoides aqui descritos foram localizados em mapas geológicos
simplificados, inseridos em cada item principal desse capítulo, e referem-se àqueles colocados ou re-equilibra-
dos nas fácies anfibolito e xisto-verde. Os charnockitos, charnoenderbitos e enderbitos, além dos metatonalitos
portadores de ortopiroxênio e, portanto, equilibrados na fácies granulito, estão descritos no CAPÍTULO III.

Nas pesquisas bibliográficas realizadas verificou-se uma grande diversidade na qualidade e quantidade de dados
disponíveis. Mesmo os granitoides com poucas informações, para a sua caracterização geológica, foram incluí-
dos. Por outro lado, algumas vezes, quando essas informações eram claramente insuficientes, esses granitoides
foram descartados.

G ra n i to ides • 327

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Deve ser também colocado que alguns maciços gra- Leite et al. 1977, Leite et al. 1987, 1993), entretanto, a
níticos são compostos por mais de uma intrusão íg- maioria posiciona-se seguindo o Lineamento Serra
nea, mas com idades diferentes, apesar de um único de Jacobina/Contendas-Mirante (Torquato et al. 1978,
nome para o maciço. Este é o caso dos Granitoides Sabaté et al. 1990b, Cuney et al. 1990, Marinho 1991,
Sete Voltas, que possuem um corpo de idade paleo- Leite 2002) (CAPÍTULO VI) (Fig. V.1). Essa maioria é
arqueana (primeira geração), outro de idade meso- formada por leucogranitoides não deformados, de cor
arqueana (segunda geração) e ainda outro de idade clara rosada e são constituídos de quartzo, feldspato,
neoarqueana (terceira geração), todos fazendo parte biotita e moscovita, ocorrendo, às vezes, granada e
de um mesmo maciço. silimanita, esta última quando o granitoide está asso-
ciado às rochas metassedimentares aluminosas.
Com relação à litogeoquímica, para a classificação dos
granitoides foram consideradas as séries magmáticas
(trondhjemítica, alcalina, calcialcalina alto e médio PALEOPROTEROZOICO
potássio), os tipos metaluminosos, peraluminosos e
peralcalinos, além dos Elementos Terras Raras (ETR), 2.1 Granitoide Campo Formoso
que são pouco móveis nos processos geológicos. Para
a caracterização dos ambientes tectônicos foram uti- O granito Campo Formoso está intrudido em rochas
lizados os diagramas de Pearce (1984). do Grupo Jacobina (Fig.V.1) (CAPÍTULO VI). Ele tem
uma forma circular sendo constituído por intru-
No final de cada seção principal, no qual são descritos sões concêntricas de caráter peraluminoso, além de
os granitoides dos segmentos tectônicos do Estado da aplitos e diques pegmatíticos. No seu domínio mais
Bahia, foi feita uma síntese dos dados geocronológi- externo, Rudowski (1989) identificou um moscovita-
cos e litogeoquímicos dos Elementos Terras Raras e -granito de granulação grossa a porfirítica, composto
de alguns elementos-traço dos corpos descritos. Essa por quartzo, oligoclásio, albita, microclínio, biotita,
síntese foi importante para a elaboração do CAPÍTU- alanita, zircão, apatita e opacos. Na parte central do
LO XX, que trata da evolução tectônica e metalogené- plúton tem-se um biotita-moscovita granito, de gra-
tica da Bahia. nulação média a fina e um moscovita-granito, com a
mesma mineralogia da unidade anterior, exceto pelo
Por fim, para a classificação das idades dos granitoi- predomínio da biotita sobre a moscovita (Fig.V.2a).
des foi adotada a coluna cronológica internacional Nessa parte central é ainda expressiva a presença
da IUGS-International Union Geological Sciences de de aplopegmatitos (líquidos graníticos muito evolu-
1996, inserida na contra-capa desse livro. ídos e associado a berilo, segundo Rudowski 1989)
que formam enxames de diques. A sua mineralogia é
formada por K-feldspato, quartzo, moscovita, grana-
da e, algumas vezes, tendo presentes a turmalina e o
2 Granitoides do Bloco plagioclásio. Localmente, ocorrem mineralizações de

Gavião (Parte Norte) berilo, molibdenita e sulfetos. Processos hidrotermais


de moscovitização, greisenização, epissienitização e
turmalinização são importantes no Granitoide Campo
Na parte norte do Bloco Gavião ocorrem granitoides Formoso e nas suas encaixantes próximas. Esse gra-
de diversas dimensões, todos de idade paleoprotero- nitoide tem características químicas calcialcalinas de
zoica. Alguns se situam no extremo norte do Estado, alto potássio e peraluminosa (Tab.V.I). As amostras
próximo da fronteira com o Piauí (Angelim et al. 1997, menos diferenciadas possuem teores de Elementos

328 • G eolog i a da B a hi a

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Figura V.1 – Mapa geológico do Bloco Gavião (BG) (parte norte) destacando somente os granitoides. Mapa simplificado e atualizado de
Barbosa & Dominguez (1996).

Terras Raras (ETR) leves e pesados parecidos com os cinianos e Himalaianos, com fraco fracionamento e
padrões dos TTG de Sete Voltas (item 3.1), (Fig.V.3, V.9), importante anomalia em Eu (Cuney et al. 1990). Pelo
sugerindo uma origem a partir de materiais de com- método Rb-Sr, as idades disponíveis para esse grani-
posição similar, enquanto que as mais diferenciadas toide são 1.911±13Ma (Torquato et al. 1978, Mougeot
possuem espectros semelhantes aos granitos Her- 1996) e uma isócrona a 1.961±37Ma com Sr(i)=0,7065

G ra n i to ides • 329

Capitulo 5.indd 329 17/10/12 20:57


a
(Rudowski 1989). Sabaté et al. (1990) obtiveram va-
lores Rb-Sr semelhantes aos daqueles autores, quais
sejam, 1.969±29Ma e Sr(i)=0,7062 (Tab.V.1). Os dados
Sm-Nd, também desses mesmos autores, indicaram
εNd entre -7 e -13,1 e idades modelo entre 2,54 e
2,82Ga. Giuliani et al. (1994), pelo método K-Ar e 40Ar-
-39Ar, encontraram, para as biotitas deutéricas, idades
entre 1.875±45 e 1.908±47Ma e, para as moscovitas,
idades entre 1.897±34 e 2.040±24Ma. Segundo esses
autores, os espectros 40Ar/39Ar permitem definir uma
idade de 2.032±10Ma (Tab.V.1) para o primeiro pulso
granítico do Granitoide Campo Formoso, que se de-
senvolveu entre os blocos Gavião e Serrinha (Barbosa
b
& Sabaté 2002, 2004). Ele é tardi a pós-cinemático
em relação aos cisalhamentos transcorrentes/trans-
pressivos sinistrais de direção norte-sul (Cunha et al.
2000) associados à evolução da Grupo Jacobina, que
ocorreu no Orosiriano, tardi a pós-colagem Riaciana
(Delgado et al. 2003). Com efeito, amostras desse gra-
nitoide colocadas no diagrama de Pearce et al. (1984),
que separa ambientes tectônicos, indicam uma colo-
cação sincolisional (Cuney et al. 1990) (Fig.V.4).

2.2 Granitoide Carnaíba


c
O Maciço Carnaíba é um plúton circular que intrude
uma estrutura antiforme presente no Grupo Jacobi-
na (Cuney et al. 1990) (Fig.V.1, Fig.V.2b) (CAPÍTULO
VI). Ele é um granito a duas micas, porfirítico, seme-
lhante ao anterior Granitoide Campo Formoso. Por
vezes, ele é enriquecido em biotita, outras vezes, em
moscovita. Os veios pegmatíticos são abundantes e
estão mineralizados em berilo e sulfetos. Como no
caso do Granitoide Campo Formoso, ele é calcialca-
lino de alto potássio e peraluminoso (Tab.V.1). Suas
amostras mais diferenciadas apresentam espectros
de ETR semelhantes aos dos leucogranitos Hercinia-
nos e Himalaianos, com fraco fracionamento e im-
Figura V.2 – Aspectos macroscópicos de granitoides do Bloco portante anomalia negativa em Eu (Cuney et al. 1990)
Gavião (BG) (Parte Norte). (a) Granitoide de Campo Formoso. (Fig.V.3). Sabaté et al. (1990) obtiveram uma isócro-
(b) Granitoide de Carnaíba. (c) Granitoide de Cachoeira Grande.
(Fotos cedidas por Pedro M. de P. Garcia e Valter Rebouças) na Rb-Sr em rocha total com idade de 1.883±87Ma e
Sr(i) = 0,7331 (Tab.V.1). Giuliani et al. (1994) realizaram

330 • G e olog i a da B a hi a

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Capitulo 5.indd 331
Tabela V.1 – Dados litogeoquímicos e geocronológicos mais importantes e confiáveis dos granitoides da Bahia. A relação (La/Yb) foi normalizada segundo o condrito de Boyton (1984). ALC-
alcalinas, SUB-ALC-sub-alcalinas-SITO-Meosleoníticas; CA (AK) - colcialcalinas alto potássio, CA(IK) - colcialcalina intermediário potássio, THS – Troudnjemitricas; MAC – metaluminosas; PAL
– peraluminosas; PEAL – peralcalinas. Encontram-se ao longo do texto.

GEOQUÍMICA GEOCRONOLOGIA -GEOQUÍMICA ISOTÓPICA

Séries Magmaticas Alcalinidade U-Pb


Segmentos Nome das Pb-Pb Pb-Pb Ar-Ar
Eras Geológicas Granitoides TIMS Rb-Sr TDM
Geotectônicos Rochas ALC (La/Yb)N Sr(i) Zircão Monazita K-Ar
CA CA εNd SHRIMP (Ma) (Ga)
SUB- SHO THJ MAL PAL PEAL (Ma) (Ma) (Ma)
(AK) (IK) (Ma)
ALC

2.1 Campo Formoso Granito X X 66 - 80 0,706 -7 a -13,1 1969±29 2032±10 2,54 a 2,82

2.2 Carnaíba Granito X X 70 0,733 1883±87 1979±28

BLOCO GAVIÃO
2.3 Cachoeira Grande Granito X X 2080±18
PALEOPROTEROZÓICO
(PARTE NORTE)
2.4 Flamengo Granito X X

2.5 Jaguarari Granito X X 0,721 1960±16

2.6 Serra do Meio Granito X X

3.1 Sete Voltas TTG X 37,2 0,700 -0,7 a -2,9 3403 ± 5 3394 ± 5 3420 ± 9 3,66

3.2 Boa Vista/Mata Verde TTG X 26 - 34 0,701 -0,8 a -2,1 3353 ± 5 3550 ± 67 3,45 a 3,53
PALEOARQUEANO 3.3 Bernarda TTG X +3,0 3378 ± 6 3332 ± 4 2684 ± 98 3,3

3.4 Aracatu TTG X 16 - 30 0,702 -14,0 3225 ± 10 3240 ± 1 1735 ± 5 508 ± 10 3,3 a 3,5

3.5 Mariana Monzogranito X X X 5-8 0,710 a 0,719 -1,8 a + 0,4 3259 ± 5

3.6 Sete Voltas TTG X 51 0,702 -5,2 a -5,6 3158±2 3170±16 3,55 a 3,75

3.7 Lagoa do Morro Granodiorito X X X 18 - 19 0,706 -1,9 a -3,8 3184±6 3243±81 3,36 a 3,56
BLOCO GAVIÃO
(PARTE SUL)
3.8 Serra do Eixo Monzogranito X X X X 14 - 67 0,700 a 0,701 0,2 a 0,3 3158±5 533±11 3,30
MESOARQUEANO
3.9 Lagoa da Macambira Granodiorito X 48 -1,8 3146±2 3,34

3.10 Serra dos Pombos Granodiorito X 2845±45

3.11 Malhada de Pedras Granodiorito X 84 0,706 -6,2 2839±134 3,27

3.12 Sete Voltas Granito 44 a 56 0,710 2640±1

3.13 Serra do Eixo Granito X X 50 - 62 -5,0 2695±10 3,1


NEOARQUEANO
3.14 Caraguataí Sienito X X 5-7 -4,0 a + 5,9 2711±13 3,22 a 3,50

3.15 Pé de Serra - Maracás Granito/Sienito X X 5-7 0,744 -3,9 a -4,4 2652±11 3,1

G ra n i toides
• 331

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GEOQUÍMICA GEOCRONOLOGIA -GEOQUÍMICA ISOTÓPICA

Séries Magmaticas Alcalinidade U-Pb


Segmentos Nome das Pb-Pb Pb-Pb Ar-Ar
Eras Geológicas Granitoides TIMS Rb-Sr TDM
Geotectônicos Rochas ALC (La/Yb)N Sr(i) Zircão Monazita K-Ar
CA CA εNd SHRIMP (Ma) (Ga)
SUB- SHO THJ MAL PAL PEAL (Ma) (Ma) (Ma)
(AK) (IK) (Ma)
ALC

3.16 Aracatu Monzogranito X X 5 - 22 0,727 -14 2061±9 2135±4 3,6

3.17 Mariana Monzogranito X X 4 - 10 -10,9 1944 ±7 3,5

3.18 Serra da Franga Monzogranito X X 24 - 31 2039 ±1

3.19 Umburanas Granodiorito X X 22 - 26 0,730 a 0,752 -14 2049 ±6 2285 ±360

332 • G eolog i a da B a hi a
3.20 Rio do Paulo Granito X X 10 a 28 0,711 -5,8 1959 ±50 507 ±6 2,73

3.21 Caculé Granito X X X 6 a 11 0,704 - 0,710 -7,9 2019 ±32 2,74

3.22 Iguatemi Granito X X X 13 0,704 -8,9 a -13,4 2030 ±75 483 ±5 2,93 - 3,46

-11,1 a
3.23 Espírito Santo Monzogranito X X X 3-5 0,772 2012 ±25 1684 ±179 490 ±12 3,05 - 3,09
-12,0

3.24 Gameleira Granito X X 23 - 46 0,707 -8,2 a -10,6 1947 ±54 2,6

3.25 Anagé - Pau de Colher Granito X X

3.26 Riacho das Pedras Granito X X 1 0,748 -6,2 1929 ±16 3,16
BLOCO GAVIÃO 3.27 Caetano e Aliança Granito X X 3
PALEOPROTEROZOICO
(PARTE SUL)
3.28 Lagoa Grande e
Granito X X 24 - 91 0,707 1974 ±36
Lagoinha

Monzonito/
3.29 Guanambi - Urandi X X 32 - 54 0,706 -7,4 a -10,0 2054±8 2049±1 2071±246
Sienito

3.30 Cara Suja Sienito X X 46 - 76 0,703 -7,5 a -9,4 2053 ±3 2024 ±2 2177 ±103

3.31 Ceraíma Sienito X X 86 - 145 0,704 - 0,707 -10 a -10,6 2054 ±3

3.32 Estreito Sienito X X 45 - 56 0,704 - 0,707 -10 2041 ±2

3.33 Jussiape Granito X X 3-5 +10,2 2068 ±85 3,25

3.34 Ibitiara Granito X X 2091 ±7

3.35 Boquira Granito X X 40 -8,5 2041 ±23

Monzogranito/
3.36 Veredinha X X 40 - 177 2013 ±11
Granodiorito

3.37 Lagoa Real Sienito X X 12 - 31

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GEOQUÍMICA GEOCRONOLOGIA -GEOQUÍMICA ISOTÓPICA

Séries Magmaticas Alcalinidade U-Pb


Segmentos Nome das Pb-Pb Pb-Pb Ar-Ar
Eras Geológicas Granitoides TIMS Rb-Sr TDM
Geotectônicos Rochas ALC (La/Yb)N Sr(i) Zircão Monazita K-Ar
CA CA εNd SHRIMP (Ma) (Ga)
SUB- SHO THJ MAL PAL PEAL (Ma) (Ma) (Ma)
(AK) (IK) (Ma)
ALC

4.1 Valente Trondhjemito X X 3102±5

4.2 Ambrósio Granodiorito X X 17 - 48 0,700 0,2 3162±26 2030±18 3,17


MESOARQUEANO
4.3 Requeijão Granito 2989±11

4.4 Maracanã Ortognaisse 3025±13

4.5 Curral Granodiorito X X 2076±19

Monzogranito/
4.6 Araci X X 36 - 78 0,630 +0,9 2059±8 2054±60 3,12
Sienogranito

Granodiorito-
4.7 Eficéas X X 7 - 12 , +1,6 2163±5 2,33
Trondhjemito

4.8 Cipó Granito X X 31 2164±2

Granito/
4.9 Lagoa dos Bois X X 9 - 17 2107±23 2,4
Granodiorito

4.10 Nordestina Trondhjemito X X X 12 - 28 0,705 -3,0 2152±6 2155±9 2114±103

Tonalito-
4.11 Quijingue X X 62 0,705 -11,6 2155±3 3,27
Trondhjemito

BLOCO 4.12 Trilhado Granodiorito X X , 2155±9


SERRINHA
Granodiorito-
4.13 Teofilândia X X 23 - 32 1,8 a 2,4 2127±7 2,19 a 2,28
Trondhjemito
PALEOPROTEROZOICO
Granodiorito-
4.14 Barrocas X X 65 2,1 a 2,6 2127±4 2029±13 2,19 a 2,28
Tonalito

Monzonito- 0,6996 a
4.15 Cansanção X X 42 - 84 -2,1 2105±3
Monzodiorito 0,7032

0,7032 a
4.16 Morro do Afonso Sienito X X 39 - 44 -2,3 a -2,8 2111±13 2081±27 2,56 a 2,58
0,7040

4.17 Serra do Pintado Sienito X X 55 - 119 2098±9 2067±22 2,56 - 2,58

4.18 Agulhas-Bananas Sienito X X 35 - 76 2072±1

Tonalito-
4.19 Itareru X X 21 - 28 0 a 0,8 2109±5 2,33 - 2,40
Granodiorito

4.20 Morro do Lopes Granito X X X -6,4 2072±1 2003±2 1791±53 3,21

4.21 Pedra Vermelha Granito X X 28 - 59 2080±8

4.22 Barroquinhas Granito X X 63 0,688 -10,5 2073±1 3,1

4.23 Maravilha Granito X X 25 - 84 0,703 -4,1 2075±1 2,67

5.1 Euclides Monzogranito X X X 26 0,694 -6,6 2097±8 2,87


BLOCO UAUÁ PALEOPROTERO ZOICO
Granito/Quartzo
5.2 Araras X X X 59 - 93 0,708 -8,1 2076±15 2,96
Monzonito

G ra n i toides
• 333

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GEOQUÍMICA GEOCRONOLOGIA -GEOQUÍMICA ISOTÓPICA

Séries Magmaticas Alcalinidade U-Pb


Segmentos Nome das Pb-Pb Pb-Pb Ar-Ar
Eras Geológicas Granitoides TIMS Rb-Sr TDM
Geotectônicos Rochas ALC (La/Yb)N Sr(i) Zircão Monazita K-Ar
CA CA εNd SHRIMP (Ma) (Ga)
SUB- SHO THJ MAL PAL PEAL (Ma) (Ma) (Ma)
(AK) (IK) (Ma)
ALC

6.1 Itajibá Granito X X 2,70


BLOCO JEQUIÉ NEO ARQUEANO 6.2 Santa Maria Granito X X

6.3 Lua Nova Granito X X 52 2,70

7.1 Itiúba Sienito X X 40 -58 -5,8 a 8,5 2084±9 2095±5 2137±69 2,70 - 2,85

334 • G e olog i a da B a hi a
7.2 Santanápolis Sienito X X X 33 - 46 0,704 2084±13

7.3 Bravo Granito X X X X 23 - 33 -6,3 a -7,7 2060±6 2,75 - 2,90


CISC (PARTE Granito -
PALEOPROTEROZOICO
NORTE) 7.4 Pedra Solta X X X 50 0,704 2088±9 1913±94
Monzogranito

Granito/Quartzo
7.5 Gavião - Morro do Juá X X X X 55 - 62 0,706 2082±2 1889±0,06
Monzonito

7.6 Pé de Serra - Camará Granito X X X 190 0,705 2078±4 1915±74

CISC
8.1 São Félix Sienito X X 41 - 66 0,701 -2,9 2098±1 2,20
PALEOPROTERO ZOICO
(PARTE SUL)
8.2 Anuri Sienito X X X 27 - 70

9.1 Teotônio-Pela Porco- Monzo-


MESO ARQUE ANO X X 0,706 2924±25 1750±90
CINTURÃO Aporá sienogranito
SALVADOR-
ESPLANADA Monzo-
PALEOPROTEROZOICO 9.2 Salvador X X 84 - 127 2064±6
sienogranito

17/10/12 20:58
Figura V.3 – Padrões de Elementos Terras Raras dos granitoides do Bloco Gavião (BG) (parte norte) destacando aqueles do Lineamento
Jacobina/Contendas-Mirante que são paleoproterozoicos, calcialcalinos e peraluminosos. Os valores do condrito são de Boyton (1984).

Figura V.4. Granitoides do Bloco Gavião (BG) (parte norte) destacando aqueles do Lineamento Jacobina/Contendas-Mirante. Gráficos de
discriminação tectônica de Pearce et al. (1984). Legendas como na figura V.3.

G ra n i toides • 335

Capitulo 5.indd 335 17/10/12 20:58


datações radiométricas K-Ar e 40Ar-39Ar em biotitas e as monazitas na microssonda eletrônica e encontrou
moscovitas deutéricas do granito e de flogopitas não idades variando entre 2.038 e 2.124Ma, estando a mé-
cloritizadas dos metassomatitos potássicos. As bioti- dia situada em 2.080±18Ma (Tab.V.1).
tas definem isócronas de 1.888±32Ma e as moscovitas
de 1.979±28Ma (Tab.V.1). As flogopitas possuem idades
K-Ar similares para os metassomatitos de Carnaíba: 2.4 Granitoide Flamengo
1.973±20Ma. Este fato permitiu aos autores concluir
que a mineralização de esmeralda é contemporânea Esse granitoide situa-se na porção norte da Serra de
à moscovitização pervasiva que afetou o granito, e Jacobina, próximo ao vilarejo de Flamengo (Fig.V.1).
que a idade obtida a partir das moscovitas representa Trata-se de um corpo granítico que pode ser subdi-
a idade de resfriamento do Granitoide Carnaíba. Se- vidido em três litotipos: (i) fácies granítica porfiroide,
melhantemente ao Granitoide Campo Formoso, suas que ocorre mais nas bordas do corpo, com coloração
amostras no gráfico de Pearce et al. (1984) indicam rosada, textura grossa a média, composta de feldspa-
que ele é sincolisional ao evento paleoproterozoico to potássico (37%), plagioclásio (33%), quartzo (18%),
que formou o Lineamento Jacobina-Contendas-Mi- biotita (7%), moscovita (4%) e minerais opacos (1%);
rante (Cuney et al. 1990) (Fig.V.4). (ii) fácies granítica fanerítica média, que ocorre pre-
dominantemente na parte central, possuindo colo-
ração cinza e sendo constituída de feldspato potás-
2.3 Granitoide Cachoeira Grande sico (30%), plagioclásio (35%), quartzo (18%), biotita
(15%), moscovita (5%) e minerais opacos (2%) e, (iii)
O Granitoide Cachoeira Grande possui uma geometria fácies granítica fanerítica fina, que ocorre em partes
alongada sugerindo um controle tectônico durante a muito restritas no centro do corpo contendo a mes-
sua colocação. Está situado a noroeste da cidade de ma mineralogia que as fácies anteriores, embora seja
Serrolândia, intrudindo o Complexo Saúde (CAPÍTU- mais rica em biotita. Do ponto de vista geoquímico,
LO III) (Fig.V.1, V.2c). Suas bordas são deformadas em- segundo Passos (2008), esse granitoide tem carac-
bora, ao norte, sejam identificadas estruturas somen- terísticas peraluminosas e segue a série calcialcali-
te de fluxo envolvendo tanto o leucogranito quanto na de alto potássio (Tab.V.1), embora algumas fácies
o paragnaisse granadífero encaixante. Às vezes, são mostrem enriquecimento em sódio. Ele é considerado
observados filões dobrados e boudinados, ricos em ter uma idade paleoproterozoica (Torquato et al. 1978,
turmalina e biotita, além de feições migmatíticas Sabaté et al. 1990) e parece ter sido formado por pro-
onde o mesossoma mostra textura fina e o leucos- cessos magmáticos ligados à colisão de blocos crus-
soma, essencialmente quartzo-feldspático, exibindo tais.
textura média a grossa. Ele apresenta fácies hete-
rogêneas granadíferas e não-granadíferas, sendo a
primeira subordinada e tardia em relação à última. A 2.5 Granitoide Jaguarari
fábrica é essencialmente de fluxo formando planos de
foliação de direção submeridiana e mergulho subver- O Granitoide Jaguarari é intrusivo no extremo norte
tical. Uma fácies pegmatoide filoniana também está da Serra de Jacobina, onde se observa aureólas de
presente com fenocristais de feldspato e agregados metamorfismo de contato e verticalização da foliação
de moscovita. Esse granitoide é peraluminoso e, com nas proximidades das suas encaixantes. Apresenta-
relação à norma CIPW, o excesso de alumínio que so- -se como uma faixa aproximadamente N-S, de forma
brou, após a acomodação dos feldspatos, foi utilizado senoidal (Fig.V.1). Celino (1991) reconheceu três fácies
para formar o coríndon normativo. Leite (2002) datou principais: (i) granito pórfiro, de cores cinza a róseo,

336 • G e olog i a da B a hi a

Capitulo 5.indd 336 17/10/12 20:58


formado por quartzo, K-feldspato, plagioclásio, bio- das: granitos metaluminosos, granitos ligeiramente
tita com moscovita, tendo com minerais acessórios peralcalinos e granitos fortemente peralcalinos. Seus
turmalina, opacos, silimanita, clorita, apatita e tita- padrões de Elementos Terras Raras mostrados na fi-
nita; (ii) granito leucocrático, de cor cinza, granulação gura V.5 apresentam fracionamentos entre os ETR le-
média, um moscovita-biotita granito; (iii) granito de ves e os ETR pesados e anomalia negativa de Eu. Nos
cor cinza, granulação fina a média, um biotita granito, gráficos de ambiência tectônica estes granitoides são
tendo opacos, silimanita, zircão e rara apatita como classificados como de origem intraplaca (Fig.V.6). De-
acessórios. Os litotipos do Jaguarari são isotrópicos terminações Rb-Sr rocha total demonstram que esse
ou apresentam leve orientação, marcada por mine- granitoide foi submetido a forte abertura do sistema
rais placoides, xenólitos das rochas encaixantes (me- isotópico com idades duvidosas variando entre 500 e
tassedimentos do Complexo Itapicuru) (CAPÍTULO III), 850Ma, relacionadas ao Ciclo Brasiliano (Leite 1997).
enclaves supermicáceos e schlieren. Essas rochas são
cortadas por enxames de aplopegmatitos que podem
conter granada, turmalina e berilo. Celino (1991) afir- 2.7 Síntese dos Dados Litogeoquímicos e
ma que fusões a 30km de profundidade teriam gerado Geocronológicos
o magma que deu origem a esse corpo. Quimicamen-
te, são calcialcalinos, peraluminosos (Tab.V.I). Ele foi
datado a 1.960±16Ma pelo método Rb-Sr, com uma Como pode ser verificado na figura V.1, os principais
razão inicial Sr(i) de 0,721 (Mascarenhas & Garcia granitoides do Bloco Gavião (Parte Norte), que estão
1987). Celino (1991) e Passos (2008), utilizando os teo- situados no denominado Lineamento Jacobina/Con-
res dos elementos Rb, Y e Nb, os colocou no gráfico de tendas-Mirante (Sabaté et al. 1990a) são paleopro-
Pearce et al. (1984), como tendo sido formado durante terozoicos, orosirianos (Tab.III.1). Na grande maioria
processos basicamente sincolisionais (Fig.V.3). são indeformados, pós-tectônicos, calcialcalinos de
alto potássio e peraluminosos (Tab.V.I). Os padrões
de Elementos Terras Raras, normalizados segundo o
2.6 Granitoide Serra do Meio condrito de Boyton (1984), são muito parecidos, exi-
bindo um enriquecimento nos ETR pesados e valores
A Suíte Serra do Meio é intrusiva nas rochas que em torno de 100 nos leves e sempre com anomalia
constituem o embasamento da Faixa de Dobramentos negativa de európio. Na figura V.4, onde estão expos-
Rio Preto e Riacho do Pontal (Fig.V.1) (CAPÍTULO IX). tos os gráficos de discriminação tectônica, usando os
Trata-se de um álcali-feldspato granito com sienitos elementos-traço Rb x Y+Nb e Nb x Y, a maioria dos
subordinados, ambos mostrando destacado alinha- pontos situa-se no campo sincolisional, embora al-
mento mineral com feições de recristalização. Apesar guns, incluindo o Serra do Meio, se localizem no cam-
de forte deformação no estado sólido, provavelmente po intraplaca. Com efeito, os dados isotópicos indicam
de idade neoproterozoica (Couto 1989, Plá Cid 1994), que eles foram formados em períodos próximos, entre
minerais magmáticos originais ficaram preserva- 1.880 e 1.970Ma (Tab.V.1), durante um mesmo proces-
dos, tais como os fenocristais álcali-feldspáticos e so colisional entre blocos crustais.
algumas fases minerais máficas. Ele é composto de
feldspato alcalino, quartzo, albita, microclínio, ae-
girina, hedenbergita, riebeckita, magnetita e biotita.
Os minerais acessórios são titanita, alanita, fluorita,
apatita e zircão. Embora seja considerado um grani-
toide alcalino, três diferentes fácies foram identifica-

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Figura V.5 - Granitoide Serra do Meio do Bloco Gavião (BG) (parte norte) situado nas proximidades da Faixa de Dobramentos Formosa do Rio
Preto-Riacho do Pontal. Gráficos de discriminação tectônica de Pearce et al. (1984).

Figura V.6 - Padrões de Elementos Terras Raras do Granitoide Serra do Meio situado no extremo setentrional do Bloco Gavião (BG). Tem
idade paleoproterozoica, é alcalino a subalcalino e metaluminoso. Os valores do condrito são de Boyton (1984).

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3. Granitoides do Bloco campos trodhjemítico e tonalítico, característicos de

Gavião (Partes Central, Sul crosta continental juvenil arqueana (Martin 1994). Nos
espectros de ETR, os Terras Raras leves são moderada-
e Oeste) mente ricos (LaN= 83,3), ao passo que os pesados são
empobrecidos (YbN=2,24), o que proporciona uma alta
As partes central, sul e oeste do Bloco Gavião, onde razão (La/Yb)N, índice que é igual a 37,2 (Tab.V.1), típica
aflora uma parte importante do embasamento do dos TTG arqueanos (Martin 1997). Não há anomalias de
Cráton do São Francisco na Bahia, é a área onde foi Eu (Eu/Eu*=1,06) (Fig.V.8). Uma idade Pb-Pb em mono-
encontrada a maior quantidade de granitoides (37 zircão foi encontrada por Martin et al (1997), com valo-
corpos) e a maior dispersão de dados geocronológi- res que variaram entre 3.372±3 e 3.394±5Ma (Tab.V.1).
cos. Com isso foram descritos cinco corpos com idade Análises em zircões (SHRIMP) realizadas por Martin et
paleoarqueana, seis com idade mesoarqueana, qua- al. (1991) revelaram uma idade de cristalização U-Pb
tro com idade neoarqueana e vinte e dois com idade de 3.392±21Ma, que é muito próxima à encontrada por
paleoproterozoica (Fig.V.7). Eles possuem as mais di- Nutman & Cordani (1993) pelo método SHRIMP em zir-
versas formas e modos de colocação, tendo sido veri- cão, ou seja, 3.403±5Ma. Os dados Rb-Sr sugerem uma
ficado que os granitoides paleoproterozoicos, na sua idade de cristalização de 3.420±9Ma, com uma razão
grande maioria, não estão deformados tectonicamen- inicial de Sr igual a 0,6997 (Martin et al. 1991) (Tab.V.1).
te, diferentemente dos outros, mais antigos, onde se Os valores εNd calculados a 3,4Ga variaram de -0,7 a
verifica foliação e/ou bandamento tectônico (Fig.V.8). -2,9, conferindo uma idade modelo (TDM) de 3,66Ga e
indicando a ocorrência de uma fonte crustal mais anti-
ga na geração destas rochas. Entretanto, o valor mui-
PALEOARQUEANO to baixo da razão inicial Sr aponta para uma origem
mantélica. Desta forma, pode-se interpretar que houve
3.1 Granitoide Sete Voltas (Primeira a participação de uma crosta continental anterior na
Geração) geração do magmatismo paleoarqueano Sete Voltas.
O modelamento geoquímico indica que estas rochas
O Maciço Sete Voltas está localizado na borda oriental são o produto da fusão parcial de um toleiíto arqueano
da Sequência Metavulcano-Sedimentar Contendas- com um resíduo de granada-anfibolito (Martin 1997).
-Mirante, no contato dessa unidade com o Bloco Jequié
(Fig.V.7). Ele não é uma intrusão única, mas, sim, com-
posto por mais dois grupos litológicos (subitens 3.6 e 3.2 Granitoide Boa Vista-Mata Verde
3.12), que representam uma história de acreção crus-
tal em episódios separados no tempo (Martin 1991). O O Maciço Boa Vista-Mata Verde foi estudado por Mari-
Granitoide Sete Voltas do Paleoarqueano corresponde nho (1991), que o situou no contato entre a Sequência
a gnaisses quartzo-feldspáticos, cinza, que aparecem Metavulcano-Sedimentar Contendas-Mirante e o Blo-
como grandes enclaves dentro das outras rochas plu- co Jequié (Fig.V.7). Ele apresenta um núcleo mais ou
tônicas do maciço. São tonalitos, trondhjemitos e gra- menos isotrópico e foliação deformacional nas suas
nodioritos (TTG), fortemente foliados e migmatizados, bordas. Esse granitoide exibe rochas de coloração
compostos por oligoclásio, quartzo e biotita, tendo cinza, com granulação fina a média, de composição
como minerais acessórios, epidoto, apatita, magneti- tonalítica, contendo muitos enclaves lenticulares de
ta, alanita e zircão. Quimicamente, são calcialcalinos anfibolito. A textura é protomilonítica, marcada por
pobres em K e, no diagrama normativo, os pontos re- fenoclastos de plagioclásio (An 18-21) arrodeados de
presentativos de suas análises químicas situam-se nos agregados de biotita, epidoto e moscovita. Além desses

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Figura V.7 – Mapa geológico do Bloco Gavião (BG) (parte central, sul e oeste) destacando unicamente os granitoides. Simplificado de Barbosa &
Dominguez (1996). Para melhor vizualização em alguns casos das áreas dos granitoides elas foram exageradas ou levemente deslocadas.

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a b

c d

e f

Figura V.8 – Aspectos macroscópicos dos granitoides do Bloco Gavião (BG) (partes central e sul). (a) Granitoide Lagoa da Macambira.
(b) Granitoide Caraguataí. (c) Granitoide Caculé. (d) Granitoide Guanambi-Urandi. (e) Granitoide Jussiape. (f) Granitoide Lagoa Real.

minerais, também estão presentes microclínio, quart- evidenciaram idades muito antigas para este maciço:
zo, biotita, tendo como acessórios zircão, apatita e tita- idades Rb-Sr em rocha total de 3.550±67Ma (Cordani
nita. De acordo com Marinho (1991), a maioria dessas et al. 1985) (Tab.V.1), além de uma errócrona Rb-Sr de
rochas possui uma filiação trondhjemítica (Tab.V.1), 3.344±209Ma e de Pb-Pb a 3.351±83Ma (Wilson 1987).
mas algumas, aquelas com uma maior quantidade de Posteriormente, com métodos mais modernos e con-
microclínio, são calcialcalinas. Os espectros de Ele- fiáveis, Nutman & Cordani (1993) definiram uma ida-
mentos Terras Raras são bem fracionados e apresen- de U-Pb (zircão, SHRIMP) concordante a 3.353±5Ma
tam fracas anomalias negativas em Eu (Eu/Eu*=0,47 e (Tab.V.1). O εNd para a idade 3.353Ma, situou-se entre
0,70) (Fig.V.9). Os primeiros estudos geocronológicos -0,8 e -2,1, além de uma idade modelo (TDM) varian-

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Figura V.9 - Padrões de Elementos Terras Raras de granitoides paleoarqueanos, trondhjemíticos (TTG) do Bloco Gavião (BG) (partes central
e sul). Os valores do condrito são de Boyton (1984).

do de 3,45 a 3,53Ga (Wilson 1987) (Tab.V.1). Esses ele- zo. Quimicamente, existem rochas de filiação tron-
mentos indicam para esse maciço a influência de uma dhjemítica e outras, calcialcalinas, metaluminosas
crosta continental na gênese dos seus protólitos. a peraluminosas (Tab.V.1). Do ponto de vista geocro-
nológico, apesar da identificação de isócronas Rb-Sr
com idades de 2.684±98Ma (Marinho et al. 1979) e de
3.3 Granitoide Bernarda 2.743±112Ma (Cordani et al. 1985), o método Pb-Pb de
evaporação em monozircão, indicou uma idade míni-
O Granitoide Bernarda, localizado a leste da cidade de ma de cristalização em torno de 3.332±4Ma (Santos
Aracatu é formado por três maciços de composição Pinto 1996, Santos-Pinto et al. 1998 b) (Tab.V.1). No
granodiorítica e mais um de composição granodio- diagrama concórdia U-Pb, a idade concordante obti-
rítica/tonalítica, todos considerados intrusivos nos da foi de 3.377±7Ma (Peucat et al. 2003). Entretanto,
migmatitos do Bloco Gavião (Marinho et al. 1979) deve-se destacar que idades mais antigas foram re-
(Fig.V.7). Santos-Pinto (1996) e Santos-Pinto et al. gistradas: (i) cinco zircões subconcordantes definiram
(1998 a, b) caracterizaram as rochas localizadas mais uma idade de 3.378±6Ma, similar àquela obtida por
ao norte do corpo como tendo cor cinza, granulação evaporação em monozircão no primeiro patamar de
média a grossa, sendo compostas por plagioclá- aquecimento (3.378±5Ma) e a de um zircão discordan-
sio (An 24-32), quartzo, feldspato potássico, biotita, te (3.378±12Ma), presente nos gnaisses cinza antigos
apatita, opacos, titanita e zircão. Os minerais pós- do Sete Voltas e, (ii) dois zircões que alcançaram o va-
-magmáticos são epidoto, sericita e carbonato. Essas lor de 3.404±10Ma, ou seja, similar à idade 207Pb/206Pb
rochas contêm enclaves máficos ricos em biotita, de de 3.403±5Ma, encontrada nos tonalitos Sete Voltas
composição monzogabroica, além de veios de quart- (Nutman & Cordani 1993). O dado isotópico disponível

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de εNd=+3,0 sugere a proveniência do protólito des- interpretadas como pertencentes aos trondhjemitos
sas rochas a partir de uma crosta continental juvenil e, as mais novas, correspondem aos produtos pos-
(Martin et al. 1997). A idade modelo de 3,30Ga, idên- teriores de fusão parcial. A presença de ciclos mais
tica à idade 207Pb-206Pb em monozircão, representa a jovens foram também registrados a 1.735±5Ma,
época da extração mantélica (Martin et al. 1997) através de datação 207Pb/206Pb em monazita e, de
508±10Ma, através de isócrona Rb-Sr rocha total/bio-
tita (Santos-Pinto 1996, Santos-Pinto et al. 1998a,b).
3.4 Granitoide Aracatu (Primeira Geração) O Sr(i)=0,7024 sugere uma fonte mantélica ou uma
fonte gerada a partir da fusão de materiais que tive-
Os gnaisses cinza de Aracatu, que ocorrem nas pro- ram um tempo de residência crustal muito curto. As
ximidades da cidade homônima, segundo estudos de rochas que representam fusões parciais dos gnaisses
Santos-Pinto (1996) e Santos-Pinto (1998a,b) (Fig.V.7), cinza, apresentam Sr(i), calculados a 2,1Ga, de 0,7227
são de granulação fina, foliados e afetados por dife- e 0,7132. As idades modelo TDM variam de 3,3 a 3,5Ga
rentes graus de fusão parcial. Predominam tonali- (Tab.V.1). Santos-Pinto (1996), através de modelização
tos e granodioritos compostos por plagioclásio (An geoquímica, indicou que estas rochas seriam geradas
24-32), quartzo, feldspato potássico, biotita, apatita, por 65 a 80% de fusão dos gnaisses antigos do Sete
minerais opacos, titanita, zircão. Como minerais se- Voltas ou pela fusão de um anfibolito EAT (Enriched
cundários tem-se o epidoto, a sericita e o carbona- Archean Tholeiite) (Condie 1981) com contaminação
to. Quimicamente, estas rochas seguem a tendên- de mais de 50% pelos gnaisses antigos de Sete Voltas.
cia trondhjemítica (calcialcalina de baixo potássio)
(Tab.V.1). Os espectros de Elementos Terras Raras são
enriquecidos nos ETRleves (LaN=80-170) e pobres nos 3.5 Granitoide Mariana (Primeira
pesados (YbN=1-4), com a maioria desses espectros Geração)
exibindo uma fraca anomalia negativa em Eu (Eu/
Eu*= 0,57-0,70) (Fig.V.9). Este espectro é muito simi- O Granitoide Mariana é composto de gnaisses graníti-
lar àquele dos gnaisses cinzas de Sete Voltas (Mar- cos róseos, foliados, de granulação média, que afloram
tin et al. 1991, 1997) embora exiba um teor maior em na estrada Aracatu-Anagé (Fig.V.7). Ocorre sob a forma
ETRpesados. A datação 207Pb-206Pb em monozircão de pequenos maciços que se colocam de forma sub-
apresentou uma idade de 3.240±1Ma, possivelmente concordante à foliação dos gnaisses do Bloco Gavião
com migmatização entre 2.28 e 3.24Ga (Santos-Pinto sendo recortado por granitos mais jovens, isotrópicos.
1996, Santos-Pinto et al. 1998a,b). Idades U-Pb (zir- Santos-Pinto (1996) e Santos-Pinto et al. (1998a,b) o
cão SHRIMP), subconcordantes, de 3.325±10Ma foram descreveram como possuindo composição monzo-
obtidas por Peucat et al. (2003) (Tab.V.1). Entretanto, granítica, formado por quartzo, feldspato potássico,
alguns núcleos de zircões apresentaram idade de plagioclásio (An24-36), biotita, minerais opacos, tita-
3.371±14Ma (Peucat et al. 2003), semelhante àquela nita, apatita, zircão, tendo epidoto e carbonato como
encontrada para os Granitoides Bernada (3.377±7Ma) minerais de alteração pós-magmática. Quimicamente,
e Sete Voltas (3.358±11 e 3.353±12Ma) que, por sua são granitos calcialcalinos ricos em potássio, metalu-
vez, são similares às do Maciço Boa Vista/Mata Ver- minosos a peraluminosos (Tab.V.1). Os espectros de
de (3.353 ±5Ma) (Nutman & Cordani 1993). Um nú- Terras Raras são fracamente fracionados (La/Yb= 5,5
cleo de zircão ligeiramente discordante revelou uma a 7,6), exibindo anomalias em Eu fortemente negati-
idade de 3.500±9Ma. Os intercrescimentos nas bordas vas (Eu*/Eu= 0.20-0.47) e, são muito enriquecidos em
dos grãos definem uma idade mais jovem de 2.506±10 Elementos Terras Raras leves e pesados (Fig.V.9). As
Ma (Peucat et al. 2003). As idades mais antigas são idades disponíveis foram obtidas pela evaporação em

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monozircão, tendo-se alcançado uma idade de crista- forma que os gnaisses Sete Voltas da primeira gera-
lização de 3.259±5Ma (Santos-Pinto 1996, Santos-Pin- ção (subitem 3.1), os dados isotópicos dos gnaisses
to et al. 1998a,b). Os valores de εNd entre -1,8 e +0,4 cinza da segunda geração também indicam a parti-
indicam contaminações crustais significativas para o cipação significativa de um componente crustal para
protólito desse maciço, que podem ser confirmadas a formação dessas rochas. Por sua vez, os granodio-
pelos valores de Sr(i) entre 0,710 e 0,719 (Santos Pinto ritos porfiríticos mais antigos apresentam grandes
1996, Santos-Pinto et al. 1998a,b). Idades modelo TDM fenocristais de K-feldspato e uma matriz composta
de 3,5-3,6Ga (Tab.V.1) foram obtidas por Santos-Pinto por oligoclásio, quartzo, microclínio e biotita, tendo
(1996) e Santos-Pinto et al. (1998a,b), tendo sido in- como acessórios, epidoto, titanita, zircão, apatita e
terpretadas como relacionadas com o protólito des- magnetita. Eles possuem a mesma afinidade quími-
sas rochas. Este magmatismo, segundo Santos-Pinto ca e o mesmo comportamento dos Elementos Terras
(1996), seria o produto de 10% de fusão parcial de uma Raras dos gnaisses tonalíticos-trondhjemíticos cinza,
crosta com a composição de “crosta continental” su- entretanto, menos enriquecidos em ETRleves (LaN=
perior, arqueana juvenil (Condie 1993). 159). Pelo método Rb-Sr, os granodioritos porfiríticos
teriam idade similar àquela dos gnaisses desse corpo,
ou seja, 3170±16Ma. Entretanto, em monozircão foi
MESOARQUEANO obtida uma idade Pb-Pb de 3158±2Ma (Tab.V.1). Estes
dois grupos litológicos apresentam evidências petro-
3.6 Granitoide Sete Voltas (Segunda gráficas e geoquímicas que demonstram que eles são
Geração) produto da fusão de rochas crustais mais antigas com
composição similar à do granitoide paleoarqueano
No caso do Mesoarqueano, dois grupos litológicos Sete Voltas (subitem 3.1). Esta fusão teria ocorrido a
do Maciço Sete Voltas (segunda geração) estão aqui uma profundidade entre 30 e 40km, em condições hi-
representados: (i) os ortognaisses tonalíticos e tron- dratadas (Martin 1997).
dhjemíticos cinza, mais jovens; e (ii) os granodioritos
porfiríticos mais antigos (Martin et al. 1991). Os gnais-
ses tonalíticos-trondhjemíticos mais jovens possuem 3.7 Granitoide Lagoa do Morro
granulação fina, são equigranulares e intrusivos nos
granodioritos porfiríticos mais antigos. Ambos são O Maciço Lagoa do Morro é um augen-granitoide,
calcialcalinos (Tab.V.1) e mostram uma evolução de situado na borda oriental do Bloco Gavião, na por-
trodhjemitos para granitos (Santos-Pinto 1996, San- ção sudoeste da Sequência Metavulcano-Sedimentar
tos-Pinto et al. 1998a,b). Suas rochas são enriqueci- Contendas-Mirante na região de Vitória da Conquista
das em Terras Raras leves (LaN=299), possuem uma (Marinho 1980, Marinho & Sabaté 1982, Cordani et al.
anomalia negativa em Eu (Eu/Eu*=0,7), apresentam 1985) (Fig.V.7). Marinho (1991) constatou a existência
um padrão ligeiramente côncavo para os ETRpe- de três corpos independentes: Lagoa do Morro, Serra
sadas (YbN=4,1) e são fortemente fracionados (LaN/ dos Pombos e Anagé-Pau de Colher. O Maciço Serra
YbN=51) (Fig.V.10). Pelo método Rb-Sr, a idade encon- dos Pombos será descrito no subitem 3.10, enquanto o
trada foi de 3170±16Ma com Sr(i) de 0,7017 (Tab.V.1). Anagé-Pau de Colher, no subitem 3.25. O Maciço Lagoa
Um patamar muito bem marcado pela evaporação do Morro é um augen-granodiorito, porfirítico, cinza-
de monozircão definiu uma idade de 3158±2Ma. Os -claro a cinza róseo, com foliação incipiente que é pa-
εNd calculados para 3,16Ga situam-se entre -5,2 e ralela a uma zona de cisalhamento que o envolve. Exibe
-5,6 (Martin et al. 1977). A idade modelo TDM oscilou megacristais de microclínio e de plagioclásio com 4cm
entre 3,55 e 3,75Ga. (Martin et al. 1977). Da mesma de comprimento, que são imersos em uma matriz com-

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Figura V.10 - Padrões de Elementos Terras Raras de granitoides mesoarqueanos, calcialcalinos , meta a peraluminosos, do Bloco Gavião
(BG) (partes central e sul). Os valores do condrito são de Boyton (1984).

posta de microclínio, plagioclásio e quartzo, incluindo a 3.560Ma e os εNd, para a idade de 3.700Ma, situaram-
ainda biotita marrom-pálido, alanita, titanita e epido- -se entre -1,9 e -3,8, indicando uma origem crustal e,
to. Truncando essas rochas ocorrem veios de quartzo e segundo esse autor, compatível com uma composição
diques de pegmatitos e de material granodiorítico fino, similar ao Granitoide Boa Vista-Mata Verde (subitem
que foram colocados no final da cristalização do corpo. 3.2). Entretanto, a razão inicial de Sr, obtida por esse
Quimicamente, ele apresenta um caráter metalumino- mesmo autor, calculada para 2.844Ma, a 0,706, passa
so a peraluminoso (Tab.V.1), com espectros fracionados para 0,700 a 3.200Ma, sugerindo uma fonte mantélica.
de Elementos Terras Raras (LaN/YbN=18-19) e anoma-
lias fracas a médias de Eu (Eu/Eu=0,57-0,55) (Fig.V.10).
Utilizando o método Rb-Sr, Cordani et al. (1985) encon- 3.8 Granitoide Serra do Eixo (Primeira
traram uma idade de 3.243±81Ma. Por sua vez, Marinho Geração)
(1991) obteve uma errócrona Rb-Sr de 2.844±114Ma
(Sr(i)=0,706 para 2.844Ma e 0,700 para 3.200Ma), en- O Maciço Serra do Eixo é formado por um augen-
quanto Nutman & Cordani (1993), através do método -gnaisse que ocorre nas proximidades do vilarejo Vár-
U-Pb (zircão SHRIMP), publicaram uma idade concor- zea da Pedra (Fig.V.7). Foi descrito por Santos-Pinto
dante de 3.184±6Ma para essas rochas (Tab.V.1). Dois (1996) como um metamonzogranito cinza-róseo a
anos depois, Marinho et al. (1993) consideraram que os verde, cortado por zonas de cisalhamento dextrais. Os
dados de Marinho (1991) deviam refletir uma homoge- fenocristais são de feldspato potássico (microclínio)
neização isotópica em consequência da intrusão do Gra- que, em geral, medem 1,5cm, mas podem atingir até
nitoide Serra dos Pombos (subitem 3.10). De acordo com 3cm de tamanho. Nos domínios menos deformados,
Marinho (1991), as idades modelo TDM variaram de 3.360 os feldspatos são retangulares. A matriz é fanerítica e

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constituída de feldspato potássico, plagioclásio e bio- fina, de cor cinza, contendo estruturas do tipo es-
tita. Os minerais acessórios são esfeno, apatita, zircão tromática, schlieren e nebulítica. A sua mineralogia
e opacos. A tonalidade esverdeada é devido à presen- é composta de plagioclásio, quartzo, microclínio,
ça de veios milimétricos de epidoto. Embora pareça tendo como acessórios, biotita, hornblenda, titanita,
ser constituído por um único tipo de rocha, a litogeo- alanita, hematita, ilmenita e zircão (Cruz et al. 2010).
química, no entanto, revelou a presença de dois gru- Quimicamente, ele é calcialcalino com porcentagem
pos: (i) granitos calcialcalinos e (ii) granitos alcalinos, de potássio baixa a média (Tab.V.1), possuindo teores
com características metaluminosas a peraluminosas de alumínio variando entre 14.8 e 15%. Os espectros
(Tab.V.1). Os calcialcalinos apresentam espectros de de Elementos Terras Raras são fortemente fraciona-
ETR empobrecidos nos elementos pesados e fracas dos (La/Yb)N=48) e não apresentam anomalia de Eu
anomalias negativas em Eu (Eu/Eu*=0,74-0,13) (Fig. (Fig.V.10). A idade 207Pb/206Pb obtida por Bastos Leal
V.10). A idade disponível é de 3.158±5Ma, que foi ob- (1998) foi de 3.146±2Ma. Os dados disponíveis de isó-
tida por evaporação de monozircão. As razões iniciais topos indicam εNd igual a -1,8, sugerindo contami-
Sr de 0,700 e 0,701 indicam uma origem juvenil a nação crustal durante a sua formação, além da idade
3,16Ga (Tab.V.1). Os εNd são próximos de zero (0,2 e modelo TDM de 3,34Ga (Tab.V.1).
0,3). Como o manto a 3,6Ga teria um εNd de +3, estes
valores mais baixos indicam uma história crustal en-
tre 3,3Ga (idade modelo TDM) e 3,16Ga (idade zircão). 3.10 Granitoide Serra dos Pombos
O registro do ciclo tectônico mais novo, do neoprote-
rozoico, se faz presente, através de uma datação Rb- O Maciço Serra dos Pombos, definido por Marinho
-Sr em rocha total e biotita, com valor de 533±11Ma. (1991), está localizado entre o Granitoide Lagoa do
Santos-Pinto (1996) propôs que este granitoide foi ge- Morro e a Sequência Metavulcano-Sedimentar Con-
rado a partir de 65% de fusão do Granitoide Aracatu tendas-Mirante, na estrada BA-262, entre as cidades
(arqueano) (subitem 3.4) ou da fusão de um anfibolito de Vitória da Conquista e Anagé (Fig.V.7). Essas rochas
de composição toleítica EAT (Condie, 1981), misturado têm uma coloração branca rosada, granulação mé-
com 50% do Granitoide Aracatu (arqueano). dia, são foliadas e portadoras de grandes cristais de
microclínio (englobando plagioclásios saussuritiza-
dos), envolvidos por uma matriz mais fina e composta
3.9 Granitoide Lagoa da Macambira de plagioclásio (também saussuritizados), quartzo e
microclínio. Biotitas, com cores variando entre o ver-
O Maciço Lagoa da Macambira descrito por Bastos melho e o marrom claro, são encontradas em asso-
Leal (1998) e Bastos Leal et al. (1998), ocorre na re- ciação com a moscovita, ambas orientadas segundo a
gião de Ibitira e Ibiassucê, acomodando uma estrutu- foliação da rocha (Marinho 1991, Marinho et al. 1994).
ra aparentemente dômica (Cruz et al. 2009) (Fig.V.7). Do ponto de vista litogeoquímico, o Serra dos Pombos
Em alguns domínios a foliaçào magmática pode ser possui características dos granitos peraluminosos.
observada que é marcada pela orientação da biotita Sua idade foi obtida por evaporação Pb-Pb monozir-
e pela orientação de fluxo dos feldspatos. Em outros cão, situando-se em 2845±45Ma (Marinho 1991, Mari-
domínios a foliação magmática evoluiu para uma fo- nho et al. 1994) (Tab.V.1).
liação no estado sólido e, neste caso, pode-se verifi-
car a presença de dobras ptigmáticas e/ou fechadas,
envolvendo diques de granitos cuja foliação é plano 3.11 Granitoide Malhada de Pedra
axial a essas dobras (Fig.V.8a). Ele contém alguns
enclaves dos gnaisses migmatíticos encaixantes. Esse granitoide, situado nas proximidades da cidade
Trata-se de um tonalito-granodiorito de granulação de mesmo nome, segundo Bastos Leal (1998) e Bastos

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Leal et al. (1998), é um biotita granodiorito, de cor cin- similar aos granitos arqueanos alcalinos tipo ALK-
za claro a rosa claro, granulação média a grossa, por- 3 de Sylvester (1994). Trata-se de um augengnaisse
firítico e foliado, principalmente quando cortado por granítico, enriquecido em Elementos Terras Raras
zonas de cisalhamento (Fig.V.7). A sua mineralogia é leves (LaN=114–263) e empobrecido em Elementos
composta por plagioclásio, quartzo, biotita, microclí- Terras Raras pesados (YbN=1,8-6), exibindo anomalias
nio, minerais opacos, zircão e titanita. Apresenta en- negativas pronunciadas em Eu (Eu/Eu*=0,40-0,55)
claves de gnaisses cinza e de litologias máficas. Suas (Fig.V.11). Os resultados geocronológicos por evapo-
rochas possuem caráter calcialcalino com média a ração Pb-Pb em monozircão revelaram idades mais
alta porcentagem de K2O (Tab.V.1). Os espectros de jovens do que o Granitoide Serra do Eixo, da primei-
ETR são fortemente fracionados (La/Yb=84) e prati- ra geração (subitem 3.8), que variaram entre 2.524
camente sem anomalia de Eu (Fig.V.10). O único dado e 2.656Ma (Santos-Pinto 1996, Santos-Pinto et al.
disponível para esse corpo é uma isócrona Rb-Sr de 1998a,b). A idade U-Pb (zircão SHRIMP) obtida foi
2.839±134Ma, com uma razão 87Sr/86Sr=0,706 (Bastos de 2.695±10Ma (Peucat et al. 2003) (Tab.V.1). Deve-
Leal 1998). A idade modelo TDM calculada é de 3,27Ga -se ressaltar que essa é a primeira idade SHRIMP
e o εNd a 2,8Ga é igual a -6,2 indicando uma origem a em concordância com os primeiros dados geocrono-
partir da reciclagem de protólitos continentais, esses lógicos Rb-Sr para a região, os quais mostram uma
últimos com idades em torno de 3.3Ga (Martin et al. ampla distribuição de idades 2,7Ga para os gnaisses e
1977) (Tab.V.1). granitos do Bloco Gavião (Marinho et al. 1979, Cordani
et al. 1985). Nessas rochas o εNd a 2,6Ga é igual a
-5. A idade modelo TDM, igual à do granito calcialcali-
NEOARQUEANO no de 3,3Ga (primeira geração, subitem 3.8), permite
inferir que estas rochas da segunda geração foram o
3.12 Granitoide Sete Voltas (Terceira produto da fusão das rochas mais antigas, da primei-
Geração) ra geração (Santos-Pinto 1996).

De acordo com Martin et al. (1991), esse granitoide é


formado por granitos que ocorrem na forma de di- 3.14 Granitoide Caraguataí
ques intrusivos nos gnaisses quartzo-feldspáticos
cinza antigos (subitem 3.1, Sete Voltas, primeira gera- Esse granitoide foi reconhecido em uma janela es-
ção) e nos ortognaisses cinza de composição tonalíti- trutural do embasamento do Bloco Gavião na região,
co-trondhjemítica (subitem 3.6, Sete Voltas, segunda compreendida entre as cidades de Abaíra e Jussiape
geração). O Sete Voltas (terceira geração) representa (Lopes 1991) (Fig.V.7). Posteriormente, seus limites
um evento magmático tardio, com uma isócrona de foram estendidos até região norte do distrito de Cris-
referência Rb-Sr a 2.640±1Ma e Sr(i) de 0,710 (Martin talândia por Cruz (2004) e Guimarães et al. (2005).
et al. 1977). Possui composição sienítica, álcali-feldspato granítica
a sieno granítica e foram deformados e gnaissificados
em zonas de cisalhamento dúcteis. Nesse contexto
3.13 Granitoide Serra do Eixo (Segunda essas rochas apresentam graus variados de deforma-
Geração) ção, tendo sido reconhecidas três fácies ortoderivadas,
leucocráticas a mesocráticas: granitoides foliados,
As rochas do Maciço Serra do Eixo foram separadas augengnaisses mesomiloníticos e ortognaisses ultra-
das rochas dos outros granitoides calcialcalinos da miloníticos. Nos termos menos deformados predomi-
parte sul do Bloco Gavião (Fig.V.7), através da sua quí- nam a fácies porfirítica, com coloração cinza e feno-
mica (Santos-Pinto 1996). Possuem uma composição cristais que podem alcançar até sete centímetros de

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Figura V.11 - Padrões de Elementos Terras Raras de granitoides neoarqueanos, calcialcalinos, peraluminosos do Bloco Gavião (BG) (partes
central e sul). Os Granitoides Serra do Eixo (segunda geração) e Caraguataí não possuem análises químicas de Pr, Pm, Tb e Tm. Os valores
do condrito são de Boyton (1984).

Figura V.12 - Granitoides neoarqueanos, calcialcalinos, peraluminosos do Bloco Gavião (BG) (partes central e sul). Gráficos de discriminação
tectônica de Pearce et al. (1984). Legendas como na figura V.11. Não foi colocado pontos do Granitoide Serra do Eixo (segunda geração)visto
que este não foi analisado para Y e Nb.

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comprimento. Nas fácies mais deformadas, o processo duas fases tectônicas progressivas, ambas de idade
de recristalização sintectônica levou à formação de paleoproterozoica, e que atingiram grande parte do
uma trama granoblástica que se encontra, por vezes, embasamento leste do Cráton do São Francisco na
poligonizada. A mineralogia principal compreende, Bahia. As rochas subalcalinas são graníticas e repre-
predominantemente, feldspato potássico que ocorre sentam quase a totalidade do corpo Pé de Serra. Elas
albitizado e microclinizado e, subordinadamente, pla- são rosadas, de granulação fina, foliadas/bandadas,
gioclásio e quartzo (Fig.V.8b). Os minerais acessórios com textura granoblástica orientada e constituídas de
presentes são ferro-hastingsita, biotita, magnetita, ti- oligoclásio (An 17-20%), microclínio, quartzo e mag-
tanita, alanita, apatita e zircão. A mineralogia de alte- nésio-hastingsita, esta última associada com titanita.
ração pós-magmática é constituída por epidoto, mica Biotita e epidoto podem ser encontrados. As rochas al-
branca e calcita, além da albita. Essas rochas apre- calinas, tectonicamente associadas com as primeiras,
sentam enclaves de granitos, de metagabros e de me- são sieníticas com microclínio, albita (An 1-2%), aegi-
takomatiítos (Guimarães et al. 2005, 2008). De acordo rina, andradita, titanita e quartzo subordinado, exibin-
com Teixeira (2005) e Cruz et al. (no prelo), as três li- do foliação e textura inequigranular, hipidiomórfica e
tofácies identificadas e supracitadas apresentam simi- algumas vezes protomilonítica. Quanto à geocronolo-
laridades químicas, sendo classificadas como rochas gia, Marinho (1991) definiu para a fácies subalcalina:
variando de peraluminosas a metaluminosas, com (i) errócrona Pb-Pb rocha total de 2.259±110Ma; (ii)
distribuição dos Elementos Terras Raras e mineralo- errócrona Rb-Sr com os pontos se mostrando dis-
gia (presença de Fe-hastingsita) compatíveis com uma persos e formando linhas entre 2.559 e 2.200Ma; (iii)
afinidade alcalina. Os diagramas de Elementos Terras idades modelo TDM com valor de 3,1Ga e (iv) εNd, para
Raras mostram alto enriquecimento dos leves, baixo a idade de 2.550Ma, com valores variando entre -3,9/
fracionamento dos pesados e fortes anomalias nega- -3,8 e - 4,4. Para a fácies alcalina, esse autor, obteve
tivas de Eu (Fig.V.11). Análises geocronológicas U/Pb os seguintes dados geocronológicos/isotópicos: (i) isó-
(Laser Ablation-ICPMS) realizadas por Cruz et al. (no crona Pb-Pb de três amostras no valor de 2.282±81Ma;
prelo) obtiveram idades U-Pb variando entre 2.697±12 (ii) errócrona Rb-Sr de quatro amostras com o valor
e 2.711±13Ma. As idades modelo TDM situaram-se en- de 1.250±36Ma e Sr(i)=0,744 e, (iii) TDM para a idade
tre 3,22Ga e 3,50Ga, ao passo que os dados isotópicos 3.110Ma, no valor de 3,1Ga. Mais recentemente, Mari-
εNd variaram entre -4,03 e +5,85 (Tab. V.1), sugerindo nho et al. (2008), utilizando o método U-Pb (SHRIMP),
a participação da crosta continental na formação do obteve uma idade concordante de 2.652±11Ma, em
magma associado ao protólito dessas rochas. cristais de zircão da fácies sienítica. Essa idade, neo-
arqueana, é rara nos sienitos mundiais os quais são
predominantes do paleoproterozoico.
3.15 Granitoide Pé de Serra-Maracás

Esse granitoide ocorre com a forma alongada (100km PALEOPROTEROZOICO


de comprimento por 5km de largura média), nas
proximidades do vilarejo Pé de Serra, no município 3.16 Granitoide Aracatu (Segunda
de Maracás (Fig.V.7). A leste, está em contato com a Geração)
borda oeste do Bloco Jequié. A oeste faz contato com
o sill máfico-ultramáfico do Rio Jacaré, mineralizado O Granitoide Aracatu, situado nas proximidades
em Fe-Ti-V (CAPÍTULO VII). Segundo Marinho (1991) e da cidade do mesmo nome (Fig.V.7) do paleoprote-
Marinho et. al. (1994) é formado por rochas subalca- rozoico é isotrópico, róseo, de granulação fina e de
linas e alcalinas, ambas fortemente deformadas por composição sienogranítica a monzogranítica. Essa

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rocha é intrusiva no Granitoide Aracatu paleoarque- crustal. A idade modelo TDM de 3,6Ga é a mesma do
ano, descrito anteriormente (subitem 3.4) e contém Granitoide Aracatu paleoarqueano (Santos-Pinto
enclaves de ortognaisses e migmatitos encaixantes. 1996) (subitem 3.4). Este dado indica claramente
Sua mineralogia é formada por microclínio, plagio- que essas rochas foram formadas a partir da fusão
clásio, quartzo, biotita, minerais opacos, titanita, crustal do Granitoide Aracatu paleoarqueano. San-
apatita e zircão. A moscovita, epidoto e carbonato tos-Pinto (1996) propôs que a taxa de fusão crustal
constituem a mineralogia secundária. Do ponto de parcial atingiu 50%.
vista químico, possui uma composição calcialcalina
(Tab.V.1), com padrões de Elementos Terras Raras
mostrando LaN=47-61, YbN=2,3-10, (La/Yb) N=4,7-21,7, 3.17 Granitoide Mariana (Segunda
além de anomalias negativas de Eu (Eu/Eu*=0,64- Geração)
0,73) (Santos-Pinto 1996) (Fig.V.13). Do ponto de vista
geocronológico, as idades monozircão 207Pb/206Pb ob- O Granitoide Mariana, do paleoproterozoico, ocor-
tidas, estão compreendidas entre 1,95 e 2,26Ga (San- re associado ao Maciço Mariana do paleoarqueano,
tos-Pinto 1996, Santos-Pinto et al. 1998a,b). Dados descrito no subitem 3.5 (Fig.V.7). É caracterizado por
U-Pb (SHRIMP) revelaram a presença de um núcleo corpos concordantes com a foliação dos migmatitos
herdado no zircão com 3.245±25Ma, enquanto outro do Bloco Gavião. Essas rochas são róseas, de gra-
grão apresentou o valor de 2.061±9Ma, considerado nulação fina e composição monzogranítica. Basica-
como a idade de cristalização do granito (Peucat et mente se diferenciam dos ortognaisses do Maciço
al. 2003). A razão Sr(i)=0,727 a 2,0Ga e o εNd de -14 Mariana, paleoarqueano, pela menor quantidade de
indicam claramente uma origem a partir da refusão biotita. Seu espectro de ETR é fracamente fracionado,

Figura V.13 - Padrões de Elementos Terras Raras de granitoides paleoproterozoicos, calcialcalinos de alto potássio e per a metaluminosos do
Bloco Gavião (BG) (partes central e sul). Os valores do condrito são de Boyton (1984).

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exibindo anomalia de Eu fortemente negativa. Além coríndon normativo (1-2,9%) e razões moleculares
disso é enriquecido em Elementos Terras Raras leves Al2O3/CaO+Na2O+K2O situadas entre 1,1 e 1,2%. Seus
e pesadas. A datação por evaporação de monozircão padrões de ETR estão mostrados na figura V.14. No
para esse granitoide paleoproterozoico alcançou uma diagrama de discriminação geotectônica de Pearce et
idade mínima de cristalização de 1.944±7Ma. O valor al (1984) os pontos representativos das análises quí-
muito negativo do εNd de -10,9 sugere uma evolu- micas do Umburanas situam-se no campo dos grani-
ção a partir de materiais crustais e, segundo Santos- toides formados por processos ligados a fenômenos
-Pinto (1996), a idade modelo TDM de 3,5Ga indica que colisionais (Fig.V.15). Os dados geocronológicos ob-
este granito é o produto da reciclagem do Granitoide tidos por evaporação de monozircão revelam idades
Mariana paleoarqueano (primeira geração) (subitem oscilando entre 3,13 e 2,5Ga, isso nos núcleos herda-
3.5). dos (Santos-Pinto 1996, Santos-Pinto et al. 1998a,b).
Por outro lado, a idade Pb-Pb obtida em monazita é
de 2.049±6Ma (Tab.V.1). Ainda no que diz respeito à
3.18 Granitoide Serra da Franga geocronologia, uma isócrona Rb-Sr rocha total-bio-
tita, apresentou o valor de 2.285±360Ma. Os dados
O Granitoide Serra da Franga, situado a sudeste da isotópicos mostram valores negativos relativamente
cidade de Brumado (Fig.V.7), é um monzogranito ró- altos de εNd (-14) e razões iniciais 86Sr/87Sr, a 2.05Ga,
seo, isotrópico e de granulação fina. Sua mineralogia variando de 0.730 a 0.752, que não deixam dúvidas
é formada por quartzo, plagioclásio, feldspato potás- sobre sua gênese a partir de materiais crustais.
sico, biotita, titanita, minerais opacos, zircão e apatita,
tendo como minerais de alteração hidrotermal, o epi-
doto, a moscovita e o carbonato. Esse corpo pertence 3.20 Granitoide Rio do Paulo
à série calcialcalina rica em potássio e possui caráter
metaluminoso a peraluminoso (Tab.V.1). Os espectros O Maciço Rio do Paulo situa-se a noroeste da cidade
de Elementos Terras Raras são fracamente fraciona- de Brumado (Fig.V.7), tendo intrudido os ortognaisses
dos, exibindo anomalias negativas pronunciadas em TTG e as rochas do Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba.
Eu (Eu/Eu*=0,29) (Fig.V.13). Sua idade foi determinada De acordo com Bastos Leal (1998), Bastos Leal et al.
por evaporação em monozircão chegando a um valor (2000) e Menezes Leal et al. (2000), esse granitoide
mínimo de 2.039±11Ma (Santos-Pinto 1996, Santos- compreende biotita-granitos e hornblenda-biotita
-Pinto et al. 1998a,b). granitos fortemente foliados, de cor cinza claro a es-
curo, granulação grossa, às vezes com feições augen.
Essas rochas apresentam enclaves de rochas máficas
3.19 Granitoide Umburanas e de gnaisses orto e paraderivados, arqueanos (Fróes
et al. 1994, Bastos Leal 1998). A sua mineralogia é
O Granitoide Umburanas aflora na estrada de ferro composta por porfiroclástos de microclínio e quartzo
que liga as cidades de Brumado a Tanhaçu (Fig.V.7). com uma matriz formada por plagioclásio, quartzo e
Pode ser classificado como um biotita-granito porfi- microclínio, e tendo como minerais acessórios, opa-
rítico, de coloração cinza-claro e composição grano- cos, titanita, zircão, monazita e apatita (Bastos Leal
diorítica à granítica. Exibe fenocristais de microclínio 1998, Menezes Leal et al. 2005). De acordo com esses
e plagioclásio dispersos em uma matriz com quart- autores, quimicamente, eles são calcialcalinos ricos
zo, plagioclásio, microclínio, biotita, apatita, zircão e em potássio, metaluminosos a levemente peralu-
monazita, tendo como minerais secundários o epido- minosos (Tab.V.1). Os espectros de ETR são modera-
to, a moscovita e a sericita. Ele é peraluminoso, com damente fracionados (LaN/YbN=10-28) com discreta

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Figura V.14 - Padrões de Elementos Terras Raras de granitoides paleoproterozoicos, shoshoníticos e peraluminosos do Bloco Gavião (BG)
(partes central e sul). Os valores do condrito são de Boyton (1984).

Figura V.15 - Granitoides paleoproterozoicos com química shoshonítica e peraluminosa do Bloco Gavião (BG) (partes central e sul). Gráficos
de discriminação tectônica de Pearce et al. (1984). Não foram colocados os ”pontos” dos granotoides Umburanas e Iguatemi por falta da
química dos elementos Y e Nb.

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anomalia negativa em Eu (Eu/Eu*=0,58) (Fig.V.13). 3.22 Granitoide Iguatemi
Está disponível uma isócrona Rb/Sr a 1.959±50Ma
com razão inicial 87Sr/86Sr igual a 0,7108 para este Localizado entre as cidades de Dom Basílio e Lagoa
maciço. O valor de εNd publicado é de -5,8 e a ida- Real, trata-se de um biotitagranito porfirítico descri-
de modelo TDM de 2,73Ga. Também existe uma data- to por Bastos Leal (1998), Bastos Leal et al. (2000) e
ção K-Ar feita por Bastos Leal (1998), em biotita, de Menezes Leal et al. 2005) (Fig.V.7). Possui cor cinza
507±6Ma, mostrando a influência de processos tectô- a cinza róseo, levemente foliado, exceto no centro
nicos neoproterozoicos sobre essas rochas. da intrusão. A mineralogia apresenta microclínio
como fenocristal e a matriz é composta por plagio-
clásio, quartzo, biotita e moscovita. Titanita, alanita,
3.21 Granitoide Caculé apatita, monazita e zircão são os minerais acessó-
rios. Enclaves de gnaisse migmatítico são frequen-
O Granitoide Caculé encontra-se próximo à cidade ho- tes. Quimicamente, possui uma filiação variando de
mônima (Fig.V.7), tendo intrudido gnaisses migmatíti- calcialcalina rica em potássio a shoshonítica, além
cos do Bloco Gavião. Foi descrito por Bastos Leal (1998), de caráter peraluminoso. Os espectros de Elementos
Bastos Leal et al. (1998) e Menezes Leal et al. (2005), Terras Raras são moderadamente fracionados (LaN/
como granito de cor cinza a rósea, textura granoblás- YbN=13) e com acentuada anomalia negativa em Eu
tica e composto por microclínio, plagioclásio, quartzo, (Eu/Eu*=0,19) (Fig.V.14). Uma isócrona Rb-Sr com ra-
biotita e hornblenda (Bastos Leal et al. 1998, 2000, zão inicial de Sr de 0,7036 aponta para uma idade de
Menezes Leal et al. 2005) (Fig.V.8c). Minerais opacos, cristalização de 2.030±75Ma (Bastos Leal 1998, Bastos
titanita, alanita, apatita e zircão são as fases acessó- Leal et al. 2000). A idade modelo TDM varia de 2,93 a
rias. Localmente, possui foliação milonítica (Bastos 3,46Ga (Tab.V.1) e os εNd são negativos, com valores
Leal 1998) nas proximidades da Zona de Cisalhamento oscilando entre -8,9 e -13,4 evidenciando uma fonte
Iguatemi (Sabaté 1996) (Fig.V.7). Embora raros, essas heterogênea para o magmatismo que formou essas
rochas possuem enclaves máficos e de gnaisses e mig- rochas. Por outro lado, idades K-Ar de 483±5Ma pro-
matitos encaixantes. Quimicamente, apresentam cará- vavelmente registram uma superposição de proces-
ter variando de shoshonítico a alcalino (Tab.V.1) seme- sos tectônicos posteriores, neoproterozoicos.
lhante ao magmatismo paleoproterozoico do extremo
oeste do Bloco Gavião, na região de Guanambi-Espino-
sa (subitens 3.29, 3.30 e 3.31) e caráter metaluminoso. 3.23 Granitoide Espírito Santo
O padrão de ETR é pouco fracionado (LaN/YbN= 6-11)
apresentando uma discreta anomalia negativa em Eu O Granitoide Espírito Santo (Bastos Leal 1998, Bastos
(Eu/Eu*=0,32) (Fig.V.13). Para este maciço tem-se uma Leal et al. 1998, Menezes Leal 2005) situa-se a sudes-
datação 207Pb/206Pb de 2.019±32Ma e uma errócrona te da cidade de Lagoa Real (Fig.V.7). Trata-se de um
Rb-Sr de 1.734±127Ma (Bastos Leal 1998) que, de acor- monzogranito, cinza, levemente foliado, composto de
do com esse autor, provavelmente indica uma pertur- microclínio, plagioclásio, quartzo, biotita e moscovita,
bação do sistema isotópico por zonas de cisalhamento. tendo, como minerais acessórios, apatita, monazita
Os dados isotópicos Sm-Nd, disponíveis por aquele e zircão. Esse maciço possui xenólitos de gnaisses e
autor, fornecem idades modelo TDM de 2,63 e 2.74Ga e dos migmatitos encaixantes. Apresenta uma química
um εNd variando de -6,8 a -7,9. As razões iniciais de Sr que permite classificá-lo como transicional entre os
são de 0,704 e 0,710, as quais indicam a participação de tipos calcialcalinos ricos em potássio e shoshonítico,
materiais crustais na gênese deste maciço. além de ser peraluminoso (Tab.V.1). Os espectros de
ETR são moderadamente fracionados (LaN/YbN=3-4,7)

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(Fig.V.14). Uma idade 207Pb/206Pb de 2.012±25Ma foi tendas-Mirante (CAPÍTULO VI). Assim como os outros
obtida por Bastos Leal (1998). A errócrona Rb-Sr de que compõem esse Lineamento, seu espectro de ETR
1.684 ±179Ma, também publicada por esse autor, com é muito fracionado, com uma anomalia negativa de
Sr(i) de 0,7721, é interpretada como resultante da per- európio (Fig.V.16). Seus padrões de Elementos Ter-
turbação do sistema isotópico comandada pelas zo- ras Raras são muito parecidos com aqueles dos TTG
nas de cisalhamento posteriores. Os dados de Sm-Nd Sete Voltas, o que sugere uma origem para esses gra-
fornecem uma idade modelo TDM de 3,05 a 3,09Ga e os nitoides a partir de materiais de composição similar
valores de εNd variam entre -11,1 e -12. Nesse maci- (Cuney et al. 1990). A partir dos elementos Rb, Y e Nb,
ço, os processos tectônicos neoproterozoicos também utilizando-se a classificação de Pearce et al. (1984),
se fazem presentes, como registrado pela datação pode-se inferir que o Gameleira se formou em am-
K-Ar de 490±12Ma (Bastos Leal 1998). biente tectônico sincolisional a intraplaca (Fig.V.17).
Sabaté et al. (1990) obtiveram uma isócrona Rb-Sr de
rocha total com idade de 1.947±54 Ma, razão inicial de
3.2 Granitoide Gameleira Sr igual a 0,7072 e valores de εNd de -8,8 com idade
modelo TDM igual a 2,6Ga. Por sua vez, Marinho (1991)
Esse granitoide, situado a oeste do granitoide Pé de obteve idade Rb-Sr próxima da anterior, mas com os
Serra (subitem 3.15), é um batólito de forma grossei- εNd variando entre -8,2 e -10,6. Por isso o autor suge-
ramente elíptica, com aproximadamente 22km na di- re como fonte desse magmatismo a unidade inferior
reção N-S e de 15km na direção W-E. É intrusivo na da Sequência Vulcano-Sedimentar Contendas-Miran-
Sequência Metavulcano-Sedimentar Contendas-Mi- te ou, talvez, a suíte enderbítica-charnockítica do Blo-
rante, cujas estruturas planares e lineares se amol- co Jequié (Barbosa 1986). O εNd, calculado em três
daram ao plúton (Fig.V.7). A sua intrusão, segundo amostras, considerando a idade de 1.950Ma, chegou
muitos autores (Sabaté et al. 1990, por exemplo), te- a um resultado médio de -9,4 (Marinho 1991) (Tab.V.1).
ria produzido um metamorfismo termal responsável
pela presença de cordierita e andaluzita nas rochas
encaixantes. Entretanto, Marinho (1991) ressalta que 3.25 Granitoide Anagé-Pau de Colher
o granito intrudiu os xistos em condições de tempera-
tura compatíveis com a zona da cordierita (metamor- O Anagé-Pau de Colher corresponde a um corpo
fismo regional), não tendo produzido metamorfismo encurvado, côncavo para oeste, situando-se na bor-
de contato. Segundo Marinho (1991), trata-se de um da sudoeste da Sequência Metavulcano-Sedimentar
granito a duas micas (biotita e moscovita), porfiroide, Contendas-Mirante (CAPÍTULO VI), perto da cidade
com fenocristais de feldspato potássico, podendo atin- de Anagé (Fig.V.7). Seus contatos são bruscos com
gir até 4cm de comprimento, e plagioclásio (An 14-19). as rochas dessa sequência, embora sejam transicio-
Os cristais de quartzo e biotita se moldam aos feno- nais com as rochas gnáissicos-migmatíticas do Blo-
cristais de feldspato potássico, formando uma foliação co Gavião. No vilarejo denominado Pau de Colher ele
de fluxo. A magnetita é onipresente e a forma desse ocorre finamente granulado com enclaves gnáissi-
mineral, sempre idiomórfica, além da relação com cos, os quais parecem ser metagrauvacas da unida-
os outros cristais, sugere que esse opaco se formou de superior da sequência supracitada. O Anagé-Pau
precocemente. A ilmenita é observada como produto de Colher é composto de rochas graníticas, rosadas,
da transformação das biotitas. Entre os acessórios, a com megacristais semi-arredondados de feldspato
apatita, o zircão, a monazita e a alanita são os mais potássico (5cm de comprimento). Domínios com fo-
comuns. É um granito calcialcalino, peraluminoso liaçào milonítica são observados. Porfiroclastos de
(Tab.V.1), que faz parte do Lineamento Jacobina/Con- plagioclásio são reconhecidos, arrodeados por biotita

354 • G eolog i a da B a hi a

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Figura V.16 - Padrões de Elementos Terras Raras de granitoides paleoproterozoicos, peraluminosos, calcialcalinos de alto a intermediário
potássio do Bloco Gavião (BG) (partes central e sul). Os valores do condrito são de Boyton (1984).

Figura V.17 - Granitoides paleoproterozoicos peraluminosos, calcialcalinos de alto a intermediário potássio do Bloco Gavião (BG) (partes
central e sul). Gráficos de discriminação tectônica de Pearce et al. (1984). Legendas como na figura V.16. Não se colocou os “pontos” do
granitoide Caetano e Aliança por falta dos valores de Y e Nb.

G ra n i toides • 355

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vermelha amarronzada, e moscovita, em uma matriz baté et al. (1990) descartam esta última hipótese pois,
fina granobástica, poligonal, constituída por plagio- durante a construção do Orógeno Itabuna-Salvador-
clásio e quartzo. As rochas do Granitoide Anagé-Pau -Curaçá, o acavalgamento de segmentos do Bloco
de Colher são metaluminosas com as amostras exi- Jequié, sobre a Sequência Metavulcano-Sedimentar
bindo o mesmo padrão de Elementos Terras Raras Contendas-Mirante, foi anterior e/ou sincrônica à
(Marinho 1991, Marinho et al. 1994). intrusão dos granitos peraluminosos do Lineamento
Jacobina/Contendas-Mirante (CAPÍTULO VI).

3.26 Granitoide Riacho das Pedras


3.27 Granitoides Caetano e Aliança
Esse granitoide faz parte de um conjunto de plú-
tons pós-tectônicos cuja área de ocorrência inicia- Estes dois maciços graníticos localizam-se a leste do
-se na região da Serra de Jacobina e segue para sul Maciço Sete Voltas (itens 3.1, 3.6 e 3.12). Estão sepa-
em direção à Sequência Metavulcano-Sedimentar rados um do outro por uma estreita faixa de rochas
Contendas-Mirante, na qual ele é intrusivo (Fig.V.7) supracrustais da Sequência Metavulcano-Sedimen-
(Sabaté et al. 1990, Cuney et al. 1990, Marinho 1991). tar Contendas-Mirante (Fig.V.7). São leucogranitos a
Uma das evidências dessa intrusão é a presença de duas micas, com um pouco de granada. Muito pro-
xenólitos de xistos daquela sequência. É um granito vavelmente, segundo Cuney et al. (1990), Caetano e
de cor cinza claro, granulação média, composto por Aliança, juntamente com outros corpos pequenos si-
quartzo, plagioclásio (An 0-7), microclínio, moscovi- tuados próximos e a norte, formam uma única intru-
ta e biotita. Esse ùltimo mineral, algumas vezes pode são. Schlierens com biotita e granada e veios pegma-
estar ausente. A mineralogia acessória é formada de títicos com moscovita, biotita, granada e um pouco de
apatita, magnetita, hematita, zircão, titanita e, mais turmalina são frequentes. Ocorrências de urânio são
raramente, turmalina e granada, que nesse caso são encontradas ao longo de juntas horizontais desses
comuns nos pegmatitos e aplitos associados com a corpos (Cuney et al. 1990). São calcialcalinos peralu-
intrusão. Ele é calcialcalino e peraluminoso (Tab.V.1). minosos. Os teores de ETR são baixos e os espectros
Os teores de Elementos Terras Raras são baixos com apresentam a forma de “asa de gaivota”, com fortes
fortes anomalias em Eu (Fig.V.16). O conteúdo dos anomalias em Eu (Fig.V.16). Esse granitoide deve ser
elementos-traço Rb, Y e Nb permite interpretar que tardicolisional localizando-se principalmente no
ele foi formado em ambiente intraplaca a sincolisio- campo intraplaca de Pearce et al. (1984) (Fig.V.17).
nal (Fig.V.17). Sabaté et al. (1990) dataram este ma-
ciço pelo método Rb-Sr em 1.929±16Ma, com Sr(i)
de 0,748. O εNd tem valor de -6,2 e idade modelo 3.28. Granitoides Lagoa Grande e
TDM=3,16Ga, que difere significativamente da idade Lagoinha
modelo dos outros granitos peraluminosos do Bloco
Gavião. Marinho (1991) obteve uma isócrona Rb-Sr Os Granitoides Lagoa Grande e Lagoinha estão loca-
com idade de 1.908 ±13Ma e Sr(i)= 0,746. Os εNd cal- lizados próximo do limite sul do Maciço Sete Voltas
culados por aquele autor, a 1.900Ma, variaram de -4,7 (itens 3.1, 3.6 e 3.12), a sul do vilarejo de Caetano. São
a -12,2 (Tab.V.1). Como material fonte, os candidatos intrusivos nas rochas supracrustais da Sequência
para a geração de granito desse tipo podem ter sido: Vulcano-Sedimentar Contendas-Mirante e nos mig-
as unidades inferior e superior da Sequência Metavul- matitos do Bloco Gavião (Fig.V.7). São granitos peralu-
cano-Sedimentar Contendas-Mirante e a suíte ender- minosos pobres em moscovita, cuja foliação, paralela
bítico-charnockítica do Bloco Jequié. Entretanto Sa- ao alongamento do corpo é marcada por schlierens

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com biotita e, no Lagoa Grande, um pouco de grana- dos leves em relação aos pesados (14<(Ce/Yb)N<208)
da. Em Lagoinha, bolsões pegmatíticos com moscovi- com anomalia de Eu/Eu*=0,27. Idades em zircões
ta, biotita e turmalina são comuns e estão alinhados U-Pb (TIMS) de 2.054±8Ma e Pb-Pb (monozircão)
segundo uma foliação dúctil vertical. Texturas milo- de 2.049±1Ma foram definidos por Rosa et al. (1999).
níticas são encontradas nessas rochas, sobretudo no Pelo método Rb-Sr, aquela autora obteve um valor de
limite leste do plúton Lagoa Grande (Marinho 1991). 2.071±236Ma com Sr(i)=0,7064 (Tab.V.1). Com relação
Segundo Cuney et al. (1990), o padrão de Elementos ao domínio das intrusões tardias, estas constituem os
Terras Raras é muito parecido com os TTG Sete Vol- pulsos magmáticos finais da estruturação do Batólito
tas (Fig.V.9, Fig.V.16), sendo que aquele autor sugere, Guanambi-Urandi. Esses pulsos estão representados
para essas rochas, uma origem a partir de materiais pelas intrusões menores denominadas de granitoides
arqueanos de composição similar. A figura V. 17 mos- Cara Suja, Ceraíma e Estreito, todas elas descritas a
tra que os granitoides em foco situam-se no campo seguir.
sincolisional a intraplaca. Uma isócrona Rb-Sr obti-
da com duas amostras do Granitoide Lagoa Grande e
uma do Lagoinha indicam uma idade de 1.974±36Ma, 3.30 Granitoide Cara Suja
com uma razão inicial de Sr de 0,7072 (Sabaté et al.
1990) (Tab.V.1). Este granitoide sienítico tem uma forma grosseira-
mente circular cobrindo uma área de aproximada-
mente 220 km2 (Paim 1998). Está situado a norte da
3.29 Granitoide Guanambi-Urandi cidade de Guanambi, na estrada federal BR-430, que
liga Bom Jesus da Lapa a Riacho de Santana (Fig.V.7).
O Batólito de Guanambi-Urandi (Rosa et al. 1996, Ele intrudiu as rochas do Batólito Guanambi-Urandi e
1999) ocorre nas cercanias das cidades homôni- as rochas do Greenstone Belt Riacho de Santana (CA-
mas, no extremo oeste do Bloco Gavião, possuindo PÍTULO IV). A quantidade de xenólitos das rochas do
uma área aflorante de aproximadamente 6.000km2 batólito e sobretudo do greenstone, além da presença
(Fig.V.7). Sua natureza intrusiva, indeformada, é evi- de metamorfismo de contato (Fernandes et al. 1982)
denciada pela presença de xenólitos de gnaisses e sugerem que essa penetração foi tardia e pode ter sido
migmatitos, de suas rochas encaixantes, denomina- pouco profunda (<5km), inclusive sendo motivo da sua
das de Complexo Santa Isabel (Barbosa et al. em pre- forma, aproximadamente circular (Paim 1998). Rosa
paração). Esses autores subdividiram o Guanambi- (1999) identificou, no Cara Suja, três fácies principais:
-Urandi em dois domínios principais: o das intrusões (i) quartzossienítica, predominante, com cor cinza-
múltiplas e o das intrusões tardias. O domínio das in- -claro, inequigranular, com incipiente foliação mag-
trusões múltiplas representa o Batólito de Guanambi- mática; (ii) monzogranítica, com cor clara, inequigra-
-Urandi sensu stricto, tratando-se de uma associação nular, de granulação grossa, tendo fluorita, titanita,
de rochas com textura fanerítica grossa e frequente- molibdenita e pirita como minerais acessórios e, (iii)
mente porfirítica (Rosa et al. 1996, 1999). Composi- álcali-feldspática sienítica, com cor cinza-escuro, iso-
cionalmente dominam sienitos com os termos mon- trópica, homogênea, de granulação grossa e com fe-
zoníticos, monzodioríticos e graníticos subordinados nocristais de feldspato alcalino, fortemente zonados.
(Fig.V.8d). Os contatos entre eles são variados, ora Uma complexa rede filoniana, preferencialmente de
bruscos, ora gradacionais, sugerindo a existência de composição granítica também é observada cortando
diversos pulsos magmáticos. Os sienitos, predomi- esse granitoide. Zonas de cisalhamento, posteriores à
nantes, são metaluminosos. Os padrões de ETR ob- cristalização do Cara Suja estão presentes, sobretudo
tidos por Rosa (1999) mostram forte enriquecimento na parte sul. A litogeoquímica confere ao Cara Suja

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uma natureza alcalino-potássica, metaluminosa, de + mica ± plagioclásio ± quartzo) que ocupa as partes
fonte mantélica, em função dos baixos valores da ra- topograficamente mais baixas da intrusão; (ii) uma fá-
zão inicial do Sr, igual a 0,703 (Tab.V.1). A figura V.18 cies traquitoide (fenocristais de ortoclásio pertítico em
mostra o padrão de ETR médio para as rochas do Cara uma matriz de ortoclásio + diopsídio + hornblenda +
Suja. Esse é comparável a outros padrões de rochas oligoclásio) que ocorre logo acima da fácies anterior e,
sieníticas que ocorrem nos outros segmentos crustais (iii) uma fácies sienítico-granítica (fenocristais de fel-
que formam o embasamento do Cráton do São Fran- dspato alcalino e plagioclásio em uma matriz de fel-
cisco na Bahia, por exemplo: Granitoides Cansanção dspato alcalino + diopsídio + biotita + minerais opacos)
(subitem 4.15), Morro do Afonso (subitem 4.16), San- que ocupa as partes apicais da intrusão. Os padrões
tanápolis (subitem 7.2), São Félix (subitem 8.1) e Anuri de Elementos Terras Raras exibem um enriquecimen-
(subitem 8.2). As idades Rb-Sr encontradas nesse gra- to dos elementos leves em relação aos pesados (La/
nitoide variam de 1.850±6Ma (Sri=0,709) (Brito Neves Yb=86-145) (Tab.V.1), entretanto, vale chamar a aten-
et al. 1980) até 1.939±0Ma (Sri=0,7076) (Sato, 1989). ção que esse granitoide, embora seja alcalino como o
Aproximando-se desses dados e utilizando a mesma Guanambi-Urandi e o Cara Suja, difere deles em fun-
metodologia, Rosa et al. (1996) encontraram uma ção de anomalias positivas de európio identificadas
isócrona de 2.177±103Ma (Sri=0,7029). Rosa (1999) nas suas análises (Fig.V.18). Os dados geoquímicos
identificou idades Pb-Pb (evaporação) de 2.024±2Ma apresentados por Leahy (1998) indicam que as fácies
e U-Pb (TIMS) de 2.053±3Ma, essas duas últimas uti- petrográficas identificadas nesse plúton são cogenéti-
lizando o zircão (Tab.V.1) com valores de εNd variando cas, sendo alcalino-potássicas, com alcalinidade mé-
entre -7,52 e -9,41. Os pontos representativos de suas dia, metaluminosas (Tab.V.1) e enriquecidas em ele-
análises químicas, principalmente com relação ao Nb mentos incompatíveis. Segundo esse autor, a ausência
e ao Y, se situam nos campos sincolisional e intrapla- de plagioclásio e os elevados teores em elementos-
ca de Pearce et al. (1984) (Fig.V.19). -traço sugerem uma afinidade ultrapotássica para o
Granitoide Ceraíma. Rosa (1999) apresentou para esse
granitoide uma idade Pb-Pb em zircão de 2054±3Ma.
3.31 Granitoide Ceraíma O εNd situa-se entre -10 e -10,61 com Sr(i) variando
de 0,704 a 0,707 (Tab.V.1). Os pontos representativos de
O Granitoide Ceraíma, situado próximo ao vilarejo de suas análises químicas levam a interpretá-lo, nos grá-
mesmo nome, é um sienito com uma forma arredon- ficos de Pearce et al (1984), como originado de proces-
dada, com 120km2 de extensão e que aflora no extre- sos sincolisionais ou de arcos magmáticos (Fig.V.19).
mo oeste do Bloco Gavião (Fig.V.7). Trata-se de uma
intrusão tardia, sem evidências de deformação pe-
netrativa, embora encontrem-se falhas, cujos planos 3.32 Granitoide Estreito
estão orientados na direçào N20º-N30oW. O Ceraíma
é um sienito, cujas relações de campo indicam que O Granitoide Estreito, situado a leste da cidade de
ele é posterior ao Batólito Guanambi-Urandi (Rosa Urandi, é um corpo sienítico alongado na direção
1999). Suas encaixantes são, a leste, os migmatitos do norte-sul, localizado próximo da fronteira Minas-
Complexo Santa Isabel (Portela et al. 1976) (CAPÍTU- -Bahia (Fig.V.7). Está encaixado em gnaisses e mig-
LO III) e, a oeste o Batólito Guanambi-Urandi (subitem matitos do Complexo Santa Isabel (Barbosa et al. em
3.29). Segundo Leahy (1998), essa intrusão é zonada preparação). Este corpo é constituído principalmente
e constituída, da mais velha para a mais nova de: (i) por rochas leucocráticas de granulação grossa com
uma fácies máfica porfirítica (fenocristais de ortoclá- composição sienítica, monzonítica e granítica, reuni-
sio pertítico em uma matriz de diopsídio + hornblenda das em duas fácies: uma fanerítica e outra porfirítica

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Figura V.18 - Padrões de Elementos Terras Raras de granitoides paleoproterozoicos, sieníticos, per a metaluminosos do Bloco Gavião (BG)
(parte oeste). Os valores do condrito são de Boyton (1984).

Figura V.19 - Granitoides paleoproterozoicos, sieníticos, per a metaluminosos do Bloco Gavião (BG) (parte oeste). Gráficos de discriminação
tectônica de Pearce et al. (1984). Legendas como na figura V.18.

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(Santos et al. 1996, 2000). Rosa (1999) descreveu as cisalhamento dúctil-rúpteis, ricas em clorita, possam
duas fácies principais da seguinte forma: (i) fanerítica, ser encontradas em toda a sua área de ocorrência. No
de granulação média, hololeucocrática a leucocrática, centro desse granitoide uma foliação magmática assi-
contendo “corredores” de enclaves, com diversidade nalada pela orientação preferencial de fenocristais de
de formas e tamanhos e, (ii) porfirítica, com pórfiros feldspato alcalino e de biotita pode ser verificada. Em
de feldspato alcalino, que podem alcançar até 6cm alguns afloramentos, um bandamento ígneo é obser-
de comprimento. Estes autores sugerem que essas vado, o qual é marcado pela variação na porcentagem
rochas possuem uma natureza alcalino-potássica, em biotita, que pode chegar até a 100%. Entretanto, em
metaluminosa (Tab.V.1), são enriquecidas em elemen- geral, as rochas são desprovidas desse mineral. Em
tos Terras Raras leves e, com uma assinatura geoquí- sua área de ocorrência, predomina a fácies equigra-
mica similar àquela do Batólito Guanambi-Urandi, nular, isotrópica, mas a fácies porfirítica também pode
descrito anteriormente, embora, nesse caso, sejam ser encontrada. A composição mineralógica, em geral,
identificadas anomalias de európio, ora positivas, ora compreende ortoclásio microclinizado, em fenocristais
negativas (Fig.V.18). Do ponto de vista da geoquímica com até 3cm de tamanho, plagioclásio levemente saus-
dos elementos Y e Nb, esse granitoide pode ser con- suritizado e quartzo (Cruz 2004, Guimarães et al. 2005,
siderado como gerado em domínios colisionais ou de 2008). Os acessórios mais comuns são titanita, apatita,
arcos magmáticos (Fig.V.19). Rosa (1999) em gráfico zircão, alanita e magnetita, além de, muito raramente,
bidimensional, usando os elementos traços, V (com- a biotita. A mineralogia de alteração pós-magmática é
patível) contra Rb (incompatível), verifica-se um trend representada por albita, epidoto, mica branca e calci-
aproximadamente vertical, sugerindo, em vez de fusão ta. O granitoide apresenta autólitos máficos e enclaves
parcial, a atuação de processos de cristalização fracio- de gnaisse fitado, de rochas metamáficas e de biotita-
nada na formação do Granitoide Estreito. Rosa (1999), -gnaisses. Segundo Teixeira (2005), o Granitoide Jus-
obteve uma idade de 2.041±2Ma (Pb-Pb por evapora- siape é peraluminoso, potássico, subalcalino (Tab.V.1),
ção em monocristais de zircão) (Tab.V.1). Esse granitoi- muito fracionado, pobre em ETR pesadas e com ano-
de possui valores de εNd próximo de -10 e Sr(i) varian- malias negativas de Eu bastante acentuadas (Fig.V.13).
do entre 0,704 e 0,707, refletindo uma fonte mantélica Com base nos gráficos de Pearce et al (1984), utilizan-
enriquecida, possivelmente metassomatizada. do os elementos-traço Rb, Y e Nb, verifica-se que esse
granitoide é anorogênico e posiciona-se no campo tec-
tônico intraplaca entretanto, baseado em anomalias
3.33 Granitoide Jussiape de elementos-traço, Teixeira (2005) interpretou essas
rochas como representantes de um magmatismo as-
Essas rochas foram reconhecidas na janela estrutural sociado a arcos continentais. Idades U-Pb, em zircão,
do embasamento do Bloco Gavião na região compre- de 2.121±2Ma e 2.068±85 (Laser Ablation-ICPMS) fo-
endida entre as cidades de Abaíra e Jussiape (Lopes ram obtidas por Guimarães et al. (2005, 2008) e Cruz et
1991) e, posteriormente, estendidas até a região a norte al. (no prelo), respectivamente. A idade modelo TDM en-
do distrito de Cristalândia por Cruz (2004) e Guima- contrada por estes últimos autores foi de 3,25Ga, com
rães et al. (2009) (Fig.V.7). Apresenta uma geometria valores de εNd de +10,2.
aproximadamente elíptica, com orientação NNW-SSE
e ocorre intrusivo no Granitoide Caraguataí, de idade
neoarqueana (Cruz et al. no prelo) (sub-item 3.14). Esse 3.34 Granitoide Ibitiara
granitoide possui coloração rósea, com composição
predominante granítica (Fig.V.8e). Em geral, essas ro- O Granitoide Ibitiara possui uma forma alongada com
chas não estão deformadas, embora estreitas zonas de direção NNW-SSE, com 34 km de comprimento e 7km

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de largura e aflora entre as cidades de Ibitiara e Novo (Arcanjo et al. 2000), enquanto que análises isotópi-
Horizonte (Fig.V.7). Sob esta denominação, predomi- cas Sm-Nd (rocha total) realizadas também por es-
nam rochas tonalíticas e graníticas, de coloração cin- ses autores, na mesma amostra, definiram uma idade
za-escuro, granulação fina, com evidências de intensa modelo TDM de 2,8Ga, com εNd de –8,51 (Tab.V.1).
alteração hidrotermal (epidotização, potassificação e
sericitização) (Guimarães et al. 2005, 2008). De acordo
com esses autores, estes granitoides são isotrópicos, 3.36 Granitoide Veredinha
entretanto, nas proximidades de alguns dos seus li-
mites com unidades vizinhas, mostram-se deforma- Esse granitoide foi estudado por Arcanjo et al. (2000)
dos em zonas de cisalhamento de direção NW-SE. nas proximidades dos povoados de Veredinha e Con-
As rochas apresentam granulação fina, com cristais tendas, a norte da cidade de Macaúbas (Fig.V.7). Está
de plagioclásio saussuritizado, feldspato potássico, representado por pequenos corpos orientados na di-
quartzo e biotita. Em alguns afloramentos podem-se reção N-S. De acordo com estes autores, essas rochas
observar xenólitos de biotita gnaisse cinza-escuro. De são intrusivas no Greenstone Belt Boquira (CAPÍTULO
acordo com Teixeira (2005), são rochas peralumino- IV) e compreendem monzogranitos a granodioritos
sas, calcialcalinas (Tab.V.1), sódicas, cujas caracterís- portadores de biotita. As rochas possuem coloração
ticas sugerem que possam ter sido geradas a partir cinza-claro a cinza-rosado, granulação grossa, são
da fusão parcial de um manto metassomatizado em porfiríticas com fenocristais de feldspatos de dimen-
ambiente de arco magmático. Os dados geocronoló- sões, em geral, iguais, ou inferiores, a um centímetro,
gicos U-Pb (Laser Ablation-ICPMS) apresentados por podendo atingir 2,5cm de comprimento. Uma foliação
Guimarães et al. (2005, 2008) sugerem uma idade de milonítica com orientação geral N340/70oNE pode
cristalização em 2.091±7Ma. ser observada em domínios de maior deformação. De
acordo com Teixeira (2000), o Granitoide Veredinha é
calcialcalino de alto K (Tab.V.1), tendo sido resultan-
3.35 Granitoide Boquira te da diferenciação de magma híbrido, composto por
um componente mantélico alcalino e outro crustal de
De acordo com Arcanjo et al. (2000), o Granitoide Bo- composição possivelmente TTG. Idade U-Pb apresen-
quira constitui um maciço de forma dômica, elíptica, tada por Arcanjo et al. (2000) sugere a cristalização
orientado na direção NNW-SSE, situado em torno da deste corpo em 2013±11Ma.
cidade homônima (Fig.V.7). É formado, predominan-
temente, por biotita monzogranitos cinza, de gra-
nulação média a grossa, podendo ser encontrados 3.37 Granitoide Lagoa Real
enclaves máficos microgranulares com dimensões
inferiores a 20cm, além de corredores de autólitos de Os granitoides Lagoa Real representam, in totum, a
microgranitoides com até 30cm de comprimento. Tais Suíte Intrusiva Lagoa Real (Arcanjo et al. (2000), que
enclaves são alongados e orientados segundo o fluxo compreende, predominantemente, sienitos, álcali-
magmático, que por sua vez é subparalelo à foliação -feldspato sienitos e, subordinadamente, sienogra-
tectônica superposta, com orientação N20oW e mer- nitos (Arcanjo et al. 2000, Cruz et al. 2007). Estas
gulho vertical. Os estudos litogeoquímicos realizados rochas encontram-se deformadas em zonas de cisa-
por Teixeira (2000) permitem classificá-lo como me- lhamento, sendo transformadas em augengnaisses e
taluminoso, calcialcalino de alto K. Os dados geocro- gnaisses fitados que afloram em uma faixa contínua
nológicos U-Pb revelaram uma idade de cristalização de aproximadamente 250km, entre as cidades de Pa-
(discórdia com intercepto superior) de 2.041±23Ma ramirim e Caculé (Fig.V.7). Os termos menos, ou não

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deformados, onde predominam as fácies cumuláticas com idades de 1.710±45Ma e 1.706±107Ma, respectiva-
e porfiríticas, com fenocristais de feldspato alcalino mente. Pimentel et al. 1944 obteve 1.746±5Ma (Pb-Pb
medindo até 7cm, foram denominados por Fernandes zircão) tendo encontrado titanitas que foram datadas
et al. (1982) de Granito São Timóteo (Fig.V.8f). A pre- em 961±22Ma cuja idade é interpretada como ligada
sença de quartzo azul na matriz dessas rochas con- à mineralização de urânio da Lagoa Real. Cruz et al.
fere uma coloração cinza-azulado e um padrão es- (2007) obteve idade Pb-Pb em titanita de 1.743±28Ma.
tético que vem sendo explorado pelo setor de rochas Recentemente Chaves et al. 2007 curiosamente ob-
ornamentais. A mineralogia essencial é predominan- teve uma idade riaciana, mas suas isócronas são de
temente constituída por álcali-feldspato albitizado e difícil interpretação, tendo considerado: 1.904±44Ma
microclinizado, com conteúdos subordinados de pla- (U-Pb Laser Ablation zircão); 605±170Ma (U-Pb laser
gioclásio e quartzo. Como minerais acessórios, tem- Ablation uraninita) e, 483±100Ma (U-Pb Laser Abla-
-se biotita, Fe-hastingsita, almandina, titanita, além tion zircão intercepto inferior). O primeiro valor con-
de magnetita, apatita, zircão e alanita. A mineralogia siderava como idade da cristalização e os dois últimos
de alteração pós-magmática, por sua vez, é consti- como ligados ao metamorfismo neoproterozoico.
tuída por albita, epidoto, mica branca e calcita. Nos
domínios de maior deformação, representados pelos
ortognaisses Lagoa Real, a mineralogia encontrada é 3.38 Síntese dos Dados Litogeoquímicos e
semelhante àquela verificada nos domínios de me- Geocronológicos
nor deformação, sendo, entretanto, individualizados
corpos de albititos que são mineralizados em urânio. Os granitoides mais antigos do Bloco Gavião (BG)
Nos albititos podem ser encontradas Fe-hastingsita, (partes central e sul), denominados de Sete Voltas
pargasita, magnetita, hematita, andradita-grossula- (primeira geração), Boa Vista-Mata Verde, Aracatu
rita, hedembergita, aegirina-augita, albita e biotita. O (primeira geração) e Bernarda são de idades paleoar-
contato entre os ortognaisses e os albititos é abrupto, queanas, do tipo TTG. Esses corpos aqui apresentados
sendo marcado por zonas de cisalhamento dextrais a têm filiação trondhjemítica (Tab.V.1), com os padrões
reversas-dextrais de idade neoproterozoica (Pimen- de Elementos Terras Raras muito parecidos entre
tel et al. 1994, Cruz 2004, Cruz et al. 2007). As rochas eles, todos com anomalias negativas de európio, uns
são metaluminosas (Tab. V.1), apresentando forte fra- mais, outros menos. Fica como exceção o Granitoide
cionamento de ETR pesadas e anomalia fortemente Sete Voltas (primeira geração), cujo espectro não pos-
negativa de európio, com distribuição de elementos sui anomalia importante de európio (Fig.V.9).
menores e Terras Raras compatíveis com rochas al-
calinas de domínio intraplaca continental (Machado Os granitoides Sete Voltas (segunda geração), Serra
2008). Os dados disponíveis na literatura (Turpin et al. do Eixo (primeira geração), Lagoa da Macambira e
1988, Cordan et al. 1992, Cruz et al. 2007, Cruz et al. em Lagoa do Morro foram tomados como exemplos de
preparação) sugerem uma idade de cristalização em granitoides mesoarqueanos da parte sul do Bloco Ga-
torno de 1,7Ga. (U-Pb em zircão Pb-Pb em titanitas). vião. Na grande maioria trata-se de granodioritos de-
Turpin et al. 1988 reportou uma idade de 1.724±5Ma formados, calcialcalinos, variando de metaluminosos
no denominado Granito São Timóteo, cuja discórdia a peraluminosos (Tab.V.1). Os espectros de ETR dos
possui intercepto inferior em 487±7Ma considerada quatro primeiro são muito parecidos, com a relação
como aquecimento neoproterozoico. Cordani et al. (La/Yb)N variando entre 67 e 84, embora, o Lagoa do
1992, também analisou amostras do São Timóteo e Morro seja um pouco diferente dos demais, com (La/
encontrou idades Rb-Sr rocha total e isócrona Pb-Pb Yb)N situando-se entre 18-19.

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O Granitoide Serra do Eixo (segunda geração) e o Gra- Nb, fato que impediu a utilização de suas amostras
nitoide Caraguataí situam-se também no Bloco Ga- nos gráficos de discriminação tectônica de Pearce et
vião (partes central e sul) e são exemplos de corpos al. (1984) aqui utilizados.
graníticos neoarqueanos. Exibem química alcalina e
são peraluminosos (Tab.V.1). Os espectros de Elemen- Para o terceiro grupo utilizou-se como exemplos os
tos Terras Raras não os classificam como metalumi- granitoides Riacho da Pedra, Gameleira, Caetano e
nosos. A relação (La/Yb)N é baixa, variando entre 5 e Aliança, Lagoa Grande e Lagoinha além do Jussiape.
7, com anomalias fortemente negativas de európio Todos eles são granitos, com uma química peralumi-
(Fig.V.11) e padrão dos espectro em “asa de gaivota” nosa, que varia de calcialcalina de alto a intermedi-
típicos de rochas alcalinas. Na figura V.12, os pontos ário potássio, podendo chegar até a alcalina, como
representativos das análises químicas dos elemen- no caso do Granitoide Jussiape (Tab.V.1). No que diz
tos-traço Rb, Nb e Y, sugerem que se formaram em respeito aos espectros de ETR, com exceção dos gra-
ambiente intraplaca continental (Pearce et al. 1984). nitoides Lagoa Grande e Lagoinha, e Gameleira, os
outros dois são similares, inclusive com relação aos
Ainda no Bloco Gavião central e sul foram identifi- teores dos ETR pesados e leves, onde, por conseguin-
cados quatro grupos de granitoides de idade paleo- te, é muito baixa a relação (La/Yb)N , variando entre
proterozoica. Para o primeiro grupo, tomou-se como 91 e 46, se forem considerados os valores mais altos.
exemplo os granitoides, Umburanas, Espírito Santo e Por sua vez, todos exibem anomalias negativas de eu-
Iguatemi. Nesse grupo predominam granitos-grano- rópio (Fig.V.16). A figura V.17 mostra que o Granitoide
dioritos e monzogranitos, levemente foliados, tendo Jussiape situa-se no campo das rochas formadas em
uma química calcialcalina rica em K, e peraluminosa ambiente tectônico intraplaca, sendo os outros situa-
(Tab.V.1). O Espírito Santo e o Iguatemi têm padrões dos preferencialmente no campo sincolisional. Como
de ETR muito semelhantes, com a razão (La/Yb)N apresentado anteriormente, apesar do gráfico de Pe-
variando de 3 a 13. Por outro lado, o padrão de Ele- arce et al. (1984) sugerir um magnetismo anarogêni-
mentos Terras Raras leves do Umburanas difere dos co para o granitoide Jussiape, o padrão dos elementos
outros dois, visto que ele é mais depletado nesses traço levou Teixeira (2005) a interpretar essas rochas
elementos e possui a relação (La/Yb)N=22-26 (Tab.V.1) como associadas à presença de um arco magmático
(Fig.V.14). E, no que diz respeito aos ambientes tec- (Cruz et al. em preparação).
tônicos, os pontos representativos de suas análises
químicas situam-se, predominantemente, no campo O quarto grupo de granitoides do Bloco Gavião oes-
dos granitoides sincolisionais (Fig.V.15) (Cruz et al. em te compreende sienitos, peraluminosos a metalu-
preparação). minosos e indeformados (Guanambi-Urandi, Cara
Suja, Ceraíma e Estreito) (Tab.V.1). Seus espectros de
Para o segundo grupo elegeu-se como exemplos os Elementos Terras Raras são muito parecidos (La/Yb)
granitoides, Aracatu, Mariana, Serra da Franga, Rio N
»90), todos exibindo anomalias negativas de euró-
do Paulo e Caculé. Têm uma composição mineraló- pio, com exceção do Granitoide Estreito que possui
gica que permite classificá-los como granitos a mon- anomalia positiva desse elemento (Fig.V.18). O gráfico
zogranitos e uma composição química que os define de Pearce et al. (1984) permite sugerir que os plútons
como transicionais entre calcialcalinos de alto potás- Guanambi-Urandi e Cara Suja são de ambiente in-
sio e shoshoníticos, de caráter peraluminoso a meta- traplaca embora, os dois outros, Ceraíma e Estreito,
luminoso. Os espectros de Terras raras não são muito situem-se prioritariamente no campo sincolisional
parecidos como mostra a figura V.13. Não foram rea- (Fig.V.19). Em suma, para os granitoides paleoprotero-
lizadas em todos os granitoides análises químicas de zoicos, o conjunto de dados litogeoquímicos sugerem

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a presença de um magmatismo sin a tardicolisional em torno de 3.102±5Ma (Tab.V.1), interpretada como a
associado a arco magmático com forte componente idade mínima de cristalização dessas rochas e, com
mantélico (Cruz et al. em preparação). a segunda, que em geral são idades de sobrecresci-
mento nas bordas dos zircões da primeira população,
esses autores através do mesmo método encontra-
ram uma idade em torno de 2.093±4Ma. Esta última,
4 Granitoides do Bloco possivelmente, está associada ao evento de aqueci-

Serrinha mento que ocorreu concomitantemente ao metamor-


fismo paleoproterozoico que atingiu o Bloco Serrinha
(Rios et al. 2009).
No Bloco Serrinha, se por um lado ocorre uma quan-
tidade menor de granitoides que no Bloco Gavião, por
outro lado é onde existe a maior densidade de corpos, 4.2 Granitoide Ambrósio
totalizando vinte e quatro. Em geral eles são peque-
nos, de forma arredondada ou elíptica, onde somente O Granitoide Ambrósio aflora nas proximidades da
quatro deles são de idade mesoarqueana. Os outros localidade homônima, a norte de Santa Luz que, jun-
vinte, são de idade paleoproterozoica, estes últimos tamente com os maciços Pedra Alta e Poço Grande,
encontrados no interior ou na periferia do Greenstone formam grandes corpos alongados segundo a direção
Belt Serrinha/Rio Itapicuru (Mascarenhas 1976, Kishi- N-S (Fig.V.20). Esses três plútons, muito similares, fo-
da 1979, Kishida & Riccio 1980). Semelhantemente ao ram denominados, aqui, simplesmente de Ambrósio
que se verificou no Bloco Gavião, os corpos de idade (Fig.V.21a). Rios et al. (2009) interpreta esse conjunto
mesoarqueana estão deformados, enquanto que os de como pertencente ao embasamento do Greenstone
idade paleoproterozoica são pouco deformados (sin- Belt Serrinha/Rio Itapicuru (Mascarenhas 1976, Kishi-
tectônicos) ou indeformados (tardi a pós-tectônicos). da 1979, Kishida & Riccio 1980). Entretanto, segundo
Verifica-se nos primeiros uma foliação deformacional Matos (1988) e Matos & Davison (1987), ele intrudiu a
que se hospeda na foliação de fluxo magmático, ao sequência metavulcânica básica inferior daquele gre-
passo que nos paleoproterozoicos, somente a foliação enstone, visto que possui uma auréola metamórfica
de fluxo magmático está presente. com rochas variando da fácies anfibolito à fácies xisto-
-verde. Alves da Silva (1994) estudou em detalhe as es-
truturas deformacionais desse plúton e verificou que,
MESOARQUEANO embora o seu centro apresente-se fracamente defor-
mado, ao contrário, suas bordas exibem bandamento
4.1 Granitoide Valente gnáissico milonítico, com orientação coincidente com
as encaixantes vulcânicas metamorfizadas. Xenólitos
Situado próximo da cidade de mesmo nome, trata-se anfibolíticos estirados são encontrados nas bordas
de um ortognaisse trondhjemítico do Complexo San- desse plúton, concordantes com a estrutura gnáissi-
ta Luz (CAPÍTULO III) (Fig.V.20). É um granito típico, ca, produto da deformação e do metamorfismo das
rico em biotita e de caráter peraluminoso. Nenhum vulcânicas máficas do Greenstone Belt Serrinha/Rio
dado químico foi encontrado na bibliografia com rela- Itapicuru. Esse corpo é um granodiorito calcialcalino,
ção a esse granitoide, entretanto, no que diz respeito peraluminoso (Tab.V.1), considerado por Silva (1987),
à geocronologia, duas populações de zircões foram Matos (1988), Oliveira et al. (2007) e Argolo (1993)
identificadas por Rios et al. (2009): com a primeira como quimicamente similar às vulcânicas félsicas da
obtiveram uma idade média, pelo método U-Pb TIMS, parte intermediária desse greenstone (CAPÍTULO IV).

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Figura V.20 – Mapa geológico do Bloco Serrinha (BS) destacando somente os granitoides. Simplificado de Barbosa e Dominguez (1996).

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a b

c d

e f

Figura 21 – Aspectos macroscópicos dos granitoides do Bloco Serrinha (BS). (a) Granitoide Ambrósio. (b) Granitoide Trilhado. (c) Granitoide
Morro de Afonso. (d) Granitoide Itareru. (e) Granitoide Morro do Lopes. (f) Granitoide Salgadália.

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Padrões de Elementos Terras Raras desse granitoide todos os dados obtidos com os grãos de zircão são al-
são mostrados na figura V.22. Por sua vez, a figura V.23 tamente discordantes, dando uma idade de 2.870Ma
indica que o Ambrósio pode ter sido formado em am- no intercepto superior da concórdia. Entretanto, al-
biente colisional. Xenólito de gnaisse bandado encon- gumas análises de dados U-Pb (SHRIMP) se super-
trado na parte periférica desse plúton foi datado por põem ou recaem próximas da concórdia, indicando
Gaal et al. (1987) tendo sido encontrada uma idade de sua idade de cristalização em 2.989±11Ma, situando-o
2.930±32Ma. Mello et al. (2006) dataram duas fácies no mesoarqueano (Tab. V.1). Na bibliografia não foram
importantes desse corpo: granodiorítica maciça e gra- encontrados dados litogeoquímicos deste Granitoide.
nodiorítica porfirítica. Para a primeira, aqueles auto-
res acharam idade de cristalização de 2.077±22Ma e
zircões herdados de 2.937±16 e 3.162±13Ma. Para a se- 4.4 Granitoide Maracanã
gunda obtiveram idade de cristalização de 2.063±55Ma
e idades de zircões herdados de 2.975±7 e 3.126±5Ma. O Granitoide Maracanã está localizado próximo da
Segundo Rios et al. (2009) idades SHRIMP têm mos- cidade de Monte Santo. Segundo Rios et al. (2009)
trado valores em torno de 3.162±26Ma que concorda trata-se de uma rocha ortognaissica que faz parte
com datações TIMS anteriores (3.169Ma) desses mes- do Complexo Uauá (Inda et al. 1976) (CAPÍTULO III)
mos autores, sendo interpretada como uma idade (Fig.V.20). Não foi encontrada na bibliografia a mine-
de colocação do plúton Ambrósio (Tab.V.1). Deve-se ralogia dessas rochas, embora elas tenham sido data-
chamar a atenção que Rios et al. (2009) encontraram das por Rios et al. (2009) pelo método U-Pb (SHRIMP
nos zircões arqueanos, bordas zonadas apresentando e TIMS), tendo sido encontrados dois grupos de zir-
dados discordantes nas concórdias, sugerindo que so- cões: o mais antigo (3.025±13Ma), foi considerado
freram evento metamórfico de idade mais jovem. Al- como o registro da idade de cristalização do protólito,
ves da Silva (1994) datou por Rb-Sr, pegmatitos que enquanto que, o mais novo, (2.079±34 e 2.077±16Ma),
cortam o Ambrósio tendo obtido idades de 2.030±18, provavelmente é metamórfico e ligado à construção
(Tab.V.1) 2.015±59 e 2.000±60Ma, todas ligadas ao me- do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá que ocorreu no
tamorfismo paleoproterozoico que perturbou essas paleoproterozoico (Barbosa & Sabaté 2002, 2004) e
rochas. Calculando-se as razões isotópicas iniciais envolveu o Bloco Serrinha (Tab.V.1).
para a idade de 3,07Ga, obteve-se: εNd=+0,23, idade
modelo TDM igual a 3,17Ga e razões iniciais Sr(i)=0,700.
PALEOPROTEROZOICO

4.3 Granitoide Requeijão 4.5 Granitoide Curral

O corpo Requeijão, com forma ovalar alongada na di- Esse granitoide se localiza entre as cidade de Santa
reção N-S, situa-se no limite do Bloco Serrinha com o Luz e o distrito de Conceição de Coité, denominado de
Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (Melo et al. 1995), Salgadália (Fig.V.20). Segundo interpretação de Rios
a sudeste da cidade de Queimadas (Fig.V.20). Trata-se et al. (1998, 2000), ele foi colocado antes da formação
de um biotita granito com microclínio, quartzo, pla- da bacia que deu origem ao Greenstone Belt Serri-
gioclásio, biotita e raro anfibólio. Segundo Rios et al. nha/Rio Itapicuru (Silva 1987, 1992, Matos 1988). Esse
(2009), seus zircões são euedrais a subedrais, mostram granitoide é leucocrático, com granulometria média
sobrecrescimento e são fortemente metamícticos. Os a grossa, variando de tonalito a granodiorito e mon-
resultados com U-Pb (TIMS) produzidos por aqueles zogranito, com afinidade calcialcalina, peraluminosa.
autores não são claros, visto que, com esse método, As idades Pb-Pb por evaporação em zircão variam de

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Figura V.22 - Padrões de Elementos Terras Raras do Granitoide Ambrósio, mesoarqueano, peraluminoso do Bloco Serrinha (BS). Os valores
do condrito são de Boyton (1984).

Figura V.23 - Granitoide Ambrósio, mesoarqueano, peraluminoso do Bloco Serrinha (BS). Gráficos de discriminação tectônica de Pearce et
al. (1984). Legendas como na figura V.22.

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2.076±19Ma a 2.468±3Ma (Rios et al. 2000). Uma idade εNd=+0,93, idade modelo TDM igual a 3,12Ga e razões
de 2.862±5Ma foi encontrada por aqueles autores que isotópicas Sr(i)=0,6302, que são consideradas muito
pode ser proveniente de um zircão herdado (Tab.V.1). baixas, indicando alguma perturbação nesse sistema
isotópico (Rios, 2002). Brito Neves et al. (1980) obteve
uma idade Rb-Sr (rocha total) de 2.054±60Ma para
4.6 Granitoide Araci essas rochas (Tab.V.1), a qual deve ser relacionada ao
metamorfismo orosiriano.
O Granitoide Araci estende-se na direção N-S, estan-
do situado na borda sudeste do Bloco Serrinha, nas
proximidades da cidade do mesmo nome (Fig.V.20). 4.7 Granitoide Eficéas
Trata-se de um corpo plutônico com rochas de cor
cinza, leucocráticas e porfiríticas, contendo fenocris- O Granitoide Eficéas situa-se na porção central do
tais centimétricos de feldspato alcalino, plagioclá- Bloco Serrinha, entre a cidade de Queimadas e o vi-
sio e quartzo. As rochas das bordas encontram-se larejo de Ambrósio (Fig.V.20). Apresenta uma forma
gnaissificadas e contrastam com o centro do corpo, ovalada (12km x 6km) sendo classificado por Rios
mais isotrópico, sem indícios de foliação deformacio- (2002) como um biotita-granodiorito-trondhjemítico
nal. A matriz é relativamente homogênea, fanerítica constituído por plagioclásio, microclínio, quartzo,
média a grossa, sendo constituída de plagioclásio, biotita e hornblenda. Ele é intrusivo na unidade de
microclínio, quartzo e biotita. Esta última é o prin- metabasaltos toleiíticos do Greenstone Belt Serrinha/
cipal máfico, embora localmente possam aparecer Rio Itapicuru, inclusive possui xenólitos dessas ro-
pequenos cristais de anfibólio. Apatita e zircão, so- chas no seu interior, além de enclaves de gnaisses e
mados, ocasionalmente, a carbonatos, minerais opa- migmatitos encaixantes. Enxames de diques aplíticos
cos, mica branca, titanita, epidoto e sulfetos, são os cortam de forma aleatória estas rochas (Rios 2002).
minerais acessórios (Rios 2002). As rochas do Araci Trata-se de um corpo cálcialcalino, peraluminoso
são monzogranitos com variações para sienogranitos, tendo seus padrões de ETR mostrados na figura 24. Os
calcialcalinas, peraluminosas (Tab.V.1). Encontram-se gráficos de discriminação tectônica exibem os pontos
relativamente enriquecidas em ETR e, são similares representativos de suas análises químicas (Rb, Y, Nb)
aos TTG clássicos. Seus padrões de Elementos Terras situados no campo dos granitos sincolisionais ou de
Raras mostram-se fortemente fracionados (28<(La/ arcos magmáticos (Fig.V.25). Resultados utilizando o
Yb)N<78), com baixos conteúdos de Yb (0,8ppm) e com método U-Pb (TIMS) indicam uma idade de cristali-
terminação côncava para as ETR pesadas (Fig.V.24). zação em torno de 2.163±5Ma. Por sua vez, em zircões
Os seus zircões, em geral, são complexos, apresen- não zonados, analises U-Pb (SHRIMP) apontam uma
tando núcleos com múltiplos estágios de crescimen- idade de 2.157±23Ma. Considerando a idade 2.163Ma
to nas suas com razões Th/U variáveis, podendo ser foram obtidos εNd=1,64 com idade modelo TDM igual
considerados, tanto plutônicos quanto metamórficos a 2,33Ga (Rios et al. 2009) (Tab.V.1).
(Rios et al. 2009). Alguns zircões mais antigos indi-
cam que o Araci é arqueano (2.911±103 e 3.072±2Ma).
Entretanto, um zircão não zonado foi testado pelo mé- 4.8 Granitoide Cipó
todo U-Pb (SHRIMP) tendo alcançado uma idade de
2.059±8Ma. Esse dado sugere que esse plúton pode Esse granitoide é um sienogranito localizado perto
ter sido associado a um evento de aquecimento crus- do limite oeste entre o Bloco Serrinha e o Cinturão
tal que atingiu a região no Orosiriano. Calculando-se Itabuna-Salvador-Curaçá, a oeste da cidade de Santa
as razões isotópicas iniciais para 3,07Ga, obtêm-se Luz (Fig.V.20). Química e petrograficamente, exibem

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Figura V.24 - Padrões de Elementos Terras Raras de granitoides paleoproterozoicos, calcialcalinos, peraluminosos do Bloco Serrinha (BS).
Os valores do condrito são de Boyton (1984).

Figura V.25 - Granitoides paleoproterozoicos, calcialcalinos, peraluminosos do Bloco Serrinha (BS). Gráficos de discriminação tectônica de
Pearce et al. (1984). Legendas como na figura V.24.

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características muito semelhantes ao maciço Efi- nares (Fig.V.24). Com relação ao ambiente geotectôni-
céas (subitem 4.7) e Lagoa dos Bois (subitem 4.9). Os co de formação, o Lagoa dos Bois situa-se no campo
Elementos Terras Raras exibem enriquecimento nos sincolisional ou de arcos magmáticos (Fig.V.25). Um
elementos leves e fracionamento nos pesados (La/ biotita-granito da borda do corpo foi datado pelo mé-
YbN=33) (Rios et al. 1998). Estes mesmos autores, nes- todo U-Pb (TIMS) tendo sido encontrada uma idade
se mesmo ano, publicaram uma idade em zircão de de 2.067±142Ma. Por outro lado, Rios et al. (2009) ob-
2.050±51Ma. Por sua vez, em 2009, usando o método tiveram uma idade U-Pb (SHRIMP) para esse plúton,
U-Pb (TIMS) eles também obtiveram idades em zir- no valor de 2.107±23Ma.
cão, variando entre 2.164±2Ma e 2.088±3Ma. Dados
U-Pb (SHRIMP) indicaram idades próximas: 2.170±16
e 2.100±11Ma (Rios et al. 1998). Esses autores consi- 4.10 Granitoide Nordestina
deraram a idade mais provável de cristalização desse
corpo em torno de 2.164±2Ma (Tab.V.1). O corpo do Nordestina, o maior do Bloco Serrinha,
está situado na cidade de mesmo nome (Fig.V.20). Se-
gundo Cruz Filho (2000) e Cruz Filho et al. (2005), no
4.9 Granitoide Lagoa dos Bois corpo do Nordestina foram identificadas duas fácies:
uma fanerítica na borda e outra porfirítica no centro.
Esse maciço foi estudado por Gaal et al. (1987), Matos No centro ele é isotrópico com foliação sub-horizon-
& Conceição (1993), Rios et al. (1998) e Rios (2002). tal, diferentemente de suas bordas que são gnáissicas,
Ele está localizado na borda oeste do Greenstone Belt com foliação verticalizada e cheias de enclaves. Este
Serrinha/Rio Itapicuru, a nordeste da cidade de Santa corpo tem uma forma elipsoidal que penetrou gnais-
Luz (Fig.V.20). A sua intrusão provocou metamorfismo ses migmatíticos da parte leste do Complexo Santa
de contato nas rochas metamáficas toleiíticas basais Luz (CAPÍTULO III), bem como rochas vulcano-sedi-
desse Greenstone. Este corpo caracteriza-se por apre- mentares do Greenstone Belt Serrinha/Rio Itapicuru
sentar: (i) foliação deformacional, tanto no centro (CAPÍTULO IV). Rios (2000) mostrou que na parte oes-
quanto nas suas bordas; (ii) veios pegmatíticos, com te, o Nordestina foi penetrado pelo Maciço Cansanção
uma primeira geração dobrada e, (iii) enclaves máfi- (subitem 4.15). Do ponto de vista litogeoquímico, o
cos das rochas metamáficas basais, com formas e ta- Nordestina é trondhjemítico, metaluminoso (corín-
manhos variados (Rios 2002). Apesar de deformado, don normativo ausente) (Tab.V.1). É formado por oli-
o centro do corpo apresenta-se mais homogêneo que goclásio, quartzo, anfibólio, biotita férrica, microclí-
suas bordas. As rochas são granítico-granodioríticas nio, epidoto magmático, titanita, zircão e apatita. Uti-
de cor cinza, granulação fanerítica média a fina, sen- lizando a termobarometria hornblenda-plagioclásio
do localmente porfiríticas. Basicamente é constituído e considerando a presença de epidoto magmático, es-
de plagioclásio, microclínio e quartzo, tendo a biotita timou-se que esse plúton se colocou em condições de
como a fase máfica predominante, apesar de alguns pressão em torno de 5kbar (14-16km) e temperaturas
cristais de hornblenda verde também ocorrerem nes- de 660oC. Como ele tem forma alongada, aproxima-
sas rochas. Do ponto de vista geoquímico, as rochas damente N-S, e apresenta foliação mais proeminente
Lagoa dos Bois são calcialcalinas, sendo o centro na periferia, a qual diminui de intensidade para o seu
peraluminoso e as bordas tendendo a metalumino- centro, interpreta-se que o Granitoide Nordestina foi
sas (Tab.V.1). Segundo Rios (2002), tanto as rochas da colocado sintectonicamente durante o fechamento da
região central quanto das bordas exibem enriqueci- bacia relacionada ao Greenstone Belt Serrinha/Rio
mento variável dos ETR leves (3< (La/Yb)N<12), com Itapicuru, durante o paleoproterozoico. Pelo método
o final dos espectros apresentando terminações pla- Rb-Sr rocha total, Brito Neves et al. (1980) encontrou

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uma idade de 2.114±103Ma com Sr(i) igual a 0,705. 4.12 Granitoide Trilhado
Alves da Silva (1994) também datou esse maciço por
Pb-Pb (evaporação), tendo encontrado uma idade de Esse maciço localizado a sul do batólito do Nordes-
2.100±10Ma. Cruz Filho et al. (2005) dataram outra vez tina e 1km a nordeste do maciço de Eficéas, intrude
esse granitoide, utilizando o método U-Pb em zircão, as rochas da unidade basal do Greenstone Belt Ser-
tendo obtido a idade de 2.152±6Ma. Segundo Rios et rinha/Rio Itapicuru (Rios 2002) (CAPÍTULO IV), sendo
al. (2009), utilizando o método U-Pb zircão (SHRIMP) constituído de um pequeno corpo de cerca de 2km2
foi obtida uma idade de cristalização de 2.155±9Ma. (Silva 1983) (Fig.V.20, V.21b), que não apresenta mui-
Por esses mesmos autores, uma idade modelo TDM de tos dados geológicos disponíveis. Suas rochas são fa-
2,4Ga foi encontrada, com εNd=-3 (Tab. V.1). neríticas médias, constituídas por oligoclásio, quart-
zo, feldspato alcalino, e biotita. Zircão, monazita,
apatita e minerais opacos são as fases acessórias. O
4.11 Granitoide Quijingue plagioclásio apresenta alteração para sericita e car-
bonato. Do ponto de vista litogeoquímico, o Trilhado
O Maciço Quijingue, alongado na direção N-S e com é calcialcalino e peraluminoso (Tab.V.1). Mello et al.
dimensões de 14km x 1,5km, está situado na porção (2000) datando essas rochas através do método U-Pb
leste do Bloco Serrinha, nas imediações da cidade de (SHRIMP), em zircão, obteve uma idade de 2.155±9Ma
Quijingue (Fig.V.20). Esse corpo está limitado por zo- e, em monazita, uma idade de 2.152±6Ma.
nas de cisalhamento sinistrais com relação às suas
encaixantes do Complexo Santa Luz (CAPÍTULO III).
Segundo Rios (2002), sua rocha mais característica é 4.13 Granitoide Teofilândia
um tonalito composto de plagioclásio, quartzo e mi-
croclínio, tendo a biotita como o máfico predominan- O Granitoide Teofilândia, situado nas proximidades
te. Rios et al. (2008) reconheceram essas rochas como da cidade homônima, é um grande corpo (600km2),
trondhjemíticas. Do ponto de vista químico, Quijingue foliado, inclusive nos enclaves, e localizado no limite
é um corpo calcialcalino, peraluminoso (Tab.V.1), exi- sudeste do Bloco Serrinha (Fig.V.20). Diques de grani-
bindo enriquecimento em Elementos Terras Raras le- tos mais finos cortam essas rochas. Além disso, esse
ves, com a razão La/Yb normalizada em torno de 62. granitoide apresenta abundantes enclaves máficos
O padrão de ETR mostra uma terminação ligeiramen- biotíticos que não mostram bordas de resfriamento,
te côncava, parecida com os padrões dos TTG arque- embora exibam pequenos cristais de feldspatos no
anos (Martin 1994) (Fig.V.24). Dados geocronológicos centro. Segundo Rios (2002) esse corpo, diferente-
U-Pb (TIMS) obtidos por Rios (2002) e por Rios et al. mente da maioria dos outros do Bloco Serrinha, exibe
(2008, 2009) demonstram que existem zircões herda- mica branca e pórfiros de quartzo azul. Basicamente
dos (3.260Ma) e zircões considerados como represen- ele é constituído de plagioclásio, quartzo, anfibólio e
tantes da cristalização do corpo (2.155±3Ma). Com re- biotita (Barrueto 2002). No núcleo do corpo ocorrem
lação aos isótopos de Rb-Sr e Sm-Nd, calculando-se granodioritos-trondhjemíticos, calcialcalinos e pera-
as razões isotópicas iniciais para 2.155Ma, Rios (2002) luminosos (Tab.V.1). Os espectros de Elementos Terras
obteve Sr(i)=0,7051, εNd negativo igual a – 11,6 e ida- Raras exibem enriquecimento nos elementos leves e
de modelo TDM igual a 3,27 (Tab.V.1). empobrecimento nos pesados além de razões 13<(La/
Yb)N<32 (Fig.V.24). Ele pode ser considerado como um
granitoide do tipo sincolisional ou de arco-vulcânico
(Fig.V.25). Uma idade U-Pb zircão (SHRIMP) obtida
por Mello et al. (2000) sugere que a sua cristalização

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ocorreu em torno de 2.127±7Ma. Estes mesmos auto- (Fig.V.24). Quanto ao ambiente geotectônico ele é do
res dataram um quartzo-feldspato pórfiro, que corta tipo sincolisional ou de arcos magmáticos (Fig.V.25).
não somente o corpo de Teofilândia, mas também os Um granodiorito da parte norte do corpo foi datado
metabasaltos da sequência inferior do Greenstone por Alves da Silva (1994) utilizando o método Pb-Pb
Belt Serrinha/Rio Itapicuru, tendo obtido uma idade evaporação em monozircão, fornecendo uma idade de
de 2.128±8Ma. Barrueto et al. (1998) e Barrueto (2002) 2.127±4Ma e, por Ar-Ar, em biotita, aquele autor obte-
encontraram valores de εNd variando entre +1,84 e ve uma idade de resfriamento de 2.029±13Ma. Barrue-
+2,38 e idade modelo TDM entre 2,19 e 2,28Ga (Tab.V.1). to et al. (1998) e Barrueto (2002) encontraram valores
de εNd variando entre 2,13 e 2,58 e idade modelo TDM
variando entre 2,19 e 2,28Ga (Tab.V.1).
4.14 Granitoide Barrocas

O Granitoide Barrocas situa-se no extremo sudeste 4.15 Granitoide Cansanção


do Bloco Serrinha, entre o distrito de Salgadália e a
cidade de Teofilândia (Fig.V.20). Esse corpo foi consi- Esse granitoide intrudiu o corpo de Nordestina na sua
derado por Melo et al. (1995) como um domo grani- parte oeste (Fig.V.20), sendo constituído de monzonitos
to-gnaissico, embora Teixeira (1984) e Monte Lopes e monzodioritos e cortado por diques, além de conter
(1982) o tenham classificado como um domo de gra- abundantes enclaves de suas encaixantes. Nascimen-
nodiorito e tonalito, respectivamente. Enclaves máfi- to (1996) descreve uma fácies máfica cumulática no
cos anfibolíticos também estão presentes dispostos centro do corpo e, na margem nordeste, uma fácies
concordantemente com a foliação presente no corpo. sienítica, onde a hornblenda se destaca como mineral
Diques pegmatíticos tardios à foliação cortam essas máfico. Por outro lado, segundo Rios (2002), petro-
rochas (Rios, 2000). A mineralogia é composta por graficamente, suas rochas variam de monzonitos a
plagioclásio, quartzo, álcali-feldspato e biotita, além monzodioritos, ambas leucocráticas e formadas basi-
de algumas hornblendas. O Barrocas foi estudado do camente de plagioclásio, feldspato alcalino e quartzo,
ponto de vista estrutural por Alves da Silva (1994) que além de hornblenda e biotita. Quanto à geoquímica,
atribuiu sua forma alongada na direção W-E aos ci- suas rochas foram classificadas como quartzosienitos
salhamentos dextrais que o atingiram em virtude das e foide-sienitos, alcalinas e metaluminosas (Tab.V.1).
deformações paleoproterozoicas presentes no Bloco O Granitóide Cansanção possui espectros exibindo
Serrinha (CAPÍTULO III). Por sua vez, Rios (2002) cita alto enriquecimento de ETR leves e fracionamento
a presença de um sistema de falhas perpendiculares e dos pesados, com anomalias levemente negativas
um padrão de foliação concêntrico que se intensifica à de európio (Fig.V.26). A idade Pb-Pb por evaporação
medida que se aproxima das bordas do corpo. Nesses em zircão, de 2.105Ma obtida por Rios et al. (2000) é
locais augengnaisses são gerados. Deve ser enfatizado mais antiga que a idade 2.025±47Ma encontrada por
que o Barrocas é importante no estudo das deforma- Nascimento (1996) pelo método Rb-Sr. Em função da
ções paleoporoterozoicas, visto que ele é um dos ra- precisão da metodologia empregada, considera-se a
ros granitoides do Bloco Serrinha que se distribui na primeira mais confiável, sendo assim a idade de sua
direção E-W, diferentemente da maioria que, também cristalização. Dados Rb-Sr e Sm-Nd para esse maciço,
paleoproterozoicos, alinham-se na direção meridiana mostram: Sr(i) variando de 0,6996 a 0,7032; εNd = -2,1
(Chauvet et al. 1997). Ele possui um caráter peralu- para a idade de 2.105Ma e idade modelo TDM igual a
minoso (Tab.V.1) e, com relação aos Elementos Ter- 2,54 (Rios 2002) (Tab.V.1).
ras Raras, seu padrão exibe forte enriquecimento nos
leves e fracionamento nos pesados com (La/Yb)N=65

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Figura V.26 - Padrões de Elementos Terras Raras de granitoides paleoproterozoicos, alcalinos, meta e peraluminosos do Bloco Serrinha (BS).
Os valores do condrito são de Boyton (1984).

Figura V.27 - Granitoides paleoproterozoicos, alcalinos, meta e peraluminosos do Bloco Serrinha (BS). Gráficos de discriminação tectônica
de Pearce et al. (1984). Legendas como na figura V.26

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4.16 Granitoide Morro do Afonso foram os mais importantes na geração dos lamprófi-
ros e que a evolução magmática dessas rochas pode
O plúton sienítico Morro do Afonso, localizado a su- gerar magmas mais evoluídos, sieníticos. As rochas
deste da cidade de Queimadas, é uma pequena suíte sieníticas e lamprofíricas apresentam padrões de Ter-
bimodal de rochas sieníticas e lamprofíricas, estas ras Raras paralelos, sugerindo cogeneticidade entre
últimas ocorrendo predominantemente sob a for- elas. Rios (2002) datou Morro do Afonso com o méto-
ma de diques (Rios et al. 2000, 2007) (Fig.V.20, V.21c). do Pb-Pb, obtendo três idades em zircões: duas delas,
As rochas sieníticas, cumuláticas, são constituídas 2.081±27Ma e 2.098±9Ma, representam o intervalo de
de diopsídio, hornblenda, biotita, feldspato alcali- tempo de cristalização dessas rochas e a terceira, com
no pertítico zonado e plagioclásio (albita), além de o valor de 2.641±4Ma, foi considerada proveniente de
apatita, zircão, alanita, carbonato e titanita. As lam- um zircão assimilado das rochas encaixantes. Para a
profíricas são porfiríticas com fenocristais de biotita idade 2.100Ma aquela autora calculou Sr(i)=0,7032
e anfibólio, imersos em uma matriz feldspática com e 0,7040, valores de εNd=-2,3 e 2,8 e idade modelo
quartzo. A parte sienítica, que apresenta fácies má- TDM igual a 2,56 e 2,58 (Tab. V.1). Com o método U-Pb
ficas, félsicas e ortocumuláticas, mostra feições iso- (SHRIMP), Rios et al. (2000, 2007) datou as rochas sie-
tópicas e geoquímicas típicas de magma potássico, níticas félsicas, mais evoluídas, encontrando idades
com baixa razão K2O/Al2O3 e baixo TiO2. Segundo os de cristalização de 2.111±13Ma.
autores acima citados, mistura de magmas é reque-
rida para explicar essas composições, sobretudo as
mais evoluídas. Com exceção de algumas amostras 4.17 Granitoide Serra do Pintado
de lamprófiros (Plá Cid et al. 2006), todos os pontos
representativos das análises químicas das amostras O Granitoide Serra do Pintado foi estudado por Melo et
das fácies sieníticas desse plúton, situam-se segun- al. (1995), Rios et al. (1998) e Burgos (1999) e localiza-
do trends geoquímicos, indicando que eles tiveram a -se a cerca de 14km da cidade de Santa Luz (Fig.V.20).
mesma fonte nas três fácies estudadas. Os Elementos O seu padrão intrusivo é identificado através da sua
Terras Raras apresentam padrões semelhantes en- foliação de fluxo magmático concêntrica, indicando
tre si, com forte enriquecimento de LILE e alta razão uma colocação tardicolisional. Trata-se de um álcali-
LILE/HFSE (Fig.V.26). As composições isotópicas das -feldspato sienito apresentando, no seu interior, um
fácies máfica e félsica são similares, com εNd varian- enxame de diques graníticos, sieníticos e pegmatíti-
do de -2,36 a -2,47. Estas rochas possuem idades mo- cos. Essa rocha tem como fases minerais principais,
delo arqueanas (TDM=2,56–2,58Ga). Segundo Plá Cid o quartzo e o feldspato potássico, ocorrendo a biotita,
et al. (2006), esse plúton mostra algumas evidências hornblenda e diopsídio como minerais acessórios. São
de que interagiu com rochas félsicas, mais antigas, rochas alcalinas, metaluminosas (Tab.V.1). Com rela-
sendo interpretado como derivado da fusão parcial ção aos ETR, eles mostram forte enriquecimento dos
do manto litosférico, enriquecido por processos de leves e, grande fracionamento dos pesados (Fig.V.26).
subducção. Com relação à parte lamprofírica, Plá A análise da figura V.27 indica que esse granitoide
Cid et al. (2006) ao estudar com mais detalhe os di- pode ter se formado em ambiente intraplaca. Uma
ques de lamprófiros que cortam os sienitos Morro do datação Pb-Pb em monozircão foi realizada nessas
Afonso, interpretam que as rochas lamprofíricas sur- rochas fornecendo uma idade de 2.067±22Ma (Rios
giram a partir de um líquido parental ultrapotássico, 2002). Por sua vez, Conceição et al. (2002) obtiveram
metaluminoso (Tab.V.1). Esses últimos autores, atra- para estas rochas uma idade de 2.098±9Ma pelo mé-
vés de modelamento, utilizando elementos maiores, todo de evaporação Pb-Pb (Tab.V.1).
mostram que processos de cristalização fracionada

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4.18 Granitoide Agulhas-Bananas idade modelo TDM que variou entre 2,33 e 2,40Ga com
εNd positivos, situando-se entre 0 e 0,79. Carvalho &
Esse granitoide, situado a noroeste da cidade de Santa Oliveira (2003) sugeriram uma afinidade geoquími-
Luz (Fig.V.20), é um sienito com mineralogia muito se- ca de arco insular para esse granitoide, entretanto a
melhante ao Serra do Pintado (subitem 4.17), porém figura V.27 indica que ele pode ter sido, também, de
de menor tamanho. Burgos (1999), analisando seus ambiente sincolisional. Dados geocronológicos in-
dados geoquímicos, demonstrou essa similaridade dicam uma idade de 2.109±5Ma U-Pb (SHRIMP) em
passando a considerar esses dois maciços (Serra do zircão. Entretanto, depois do estudo de duas popula-
Pintado e Agulhas-Bananas) como cogenéticos, pro- ções distintas de zircões dessas rochas e após datação
duto de um mesmo magmatismo (Tab.V.1). A autora utilizando o método U-Pb (TIMS), Rios et al. (2009)
datou esse sienito pelo método Pb-Pb tendo obtido consideraram o dado de 2.106±2Ma como a idade de
idade de 2.067±22 e 2.086±17Ma (Tab.V.1). Segundo cristalização deste corpo. Esses últimos autores fazem
Rios et al. (2009), ele apresenta duas populações de também referência à presença de diques de lamprófi-
zircões que, embora diferentes, não mostram idades ros, cuja idade foi definida como de 2.113±5Ma que, de
muito discrepantes, ou sejam, 2.074±2 e 2.072±1Ma. forma compatível pela relação de truncamento, tem
idade mais jovem do que o Itareru.

4.19 Granitoide Itareru


4.20 Granitoide Morro do Lopes
O Granitoide Itareru tem um comprimento de aproxi-
madamente 80km e uma largura de 7,5km (Carvalho No Bloco Serrinha, sobretudo na parte sudoeste,
& Oliveira 2003), aflorando a leste da cidade de Santa ocorre uma série de pequenos corpos graníticos, arre-
Luz (Fig.V.20, V.21). Assim como os sienitos do San- dondados, de cor cinza, homogêneos, indeformados,
tanápolis (subitem 7.2), os tonalitos de Itareru tam- cujo afloramento típico situa-se nas proximidades de
bém penetraram zonas de cisalhamento regressivas Santa Luz (Fig.V.20, V.21e), onde um desses corpos é
do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá (Barbosa 2002, explorado para a construção civil (Matos & Conceição
2004). Carvalho & Oliveira (2003) sugerem que a line- 1993, Peixoto 2000). Segundo esses autores, os corpos
ação mineral vertical encontrada no centro do corpo tipo Morro do Lopes intrudiram as litologias arque-
seria de fluxo magmático e que as lineações sub-ho- anas e paleoproterozoicas do Bloco Serrinha. Suas
rizontais nas bordas seriam devido à influência dos rochas apresentam estruturas de foliação de fluxo
cisalhamentos sinistrais, estes produzidos durante as magmátco, sendo cortadas por diques graníticos de
deformações regionais orosirianas. O Itareru, rico em coloração esbranquiçada. No geral são granitos com
enclaves, possui rochas desde tonalíticas a granodio- textura porfirítica exibindo às vezes fenocristais de
ríticas porfiríticas. Apresenta, como mineralogia prin- feldspato alcalino e plagioclásio. Quartzo e biotita
cipal, plagioclásio (andesina-oligoclásio), feldspato completam a mineralogia principal dessas rochas.
alcalino e quartzo, com características diferentes nas Do ponto de vista químico, são alcalinas e predomi-
bordas e no centro do corpo. Como minerais acessó- nantemente peraluminosas (Tab.V.1). Com relação
rios ocorrem apatita, titanita, zircão, alanita e mine- à geocronologia, Brito Neves et al. (1980) obtiveram
rais opacos. Para Rios et al. (2002, 2009) o Maciço Ita- uma idade K-Ar de 1.791±53Ma. Peixoto et al. (1999)
reru mostra características alcalinas a subalcalinas também dataram esse granitoide pelo método Pb-Pb
e é metaluminoso (Tab.V.1). Espectros de Elementos em monozircão, tendo obtido a idade de 2.003±2Ma.
Terras Raras para essas rochas são mostrados na fi- Por sua vez, Rios (2002), utilizando o mesmo méto-
gura V.26. Com base em isótopos de Nd foi calculada a do no corpo denominado Marmota, que faz parte

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do conjunto Morro do Lopes, obteve uma idade de (Fig.V.20). Possui como mineralogia essencial felds-
2.003±2Ma, embora tenha encontrado, em um zircão pato alcalino, plagioclásio e quartzo. A biotita é a fase
herdado, uma idade arqueana de 3.002±3Ma, suge- máfica principal, tendo como minerais acessórios,
rindo contribuição crustal para sua origem. Entretan- apatita, zircão, opacos e alanita. Segundo os autores
to, mais tarde, Rios et al. (2009), utilizando o método acima, o Granitoide Barroquinhas faz parte de um
U-Pb (TIMS) em alguns zircões, obtiveram às idades magmatismo tardio que penetrou o Bloco Serrinha.
de 2.072±1 e 2.076±6,5Ma. Segundo Oliveira et al. É alcalino a subalcalino com caráter peraluminoso e
(2010) esse granitoide tem idade modelo TDM muito com coríndon normativo (Tab.V.1). O conteúdo de ETR
mais antiga (3,21Ga) com εNd=-6,37 (Tab.V.1). é elevado possuindo (La/Yb)N em torno de 63. Ele foi
datado por U-Pb (TIMS zircão) por Rios et al. (2009),
que obtiveram uma idade de 2.073±1Ma. Razões iso-
4.21 Granitoide Pedra Vermelha tópicas de Rb-Sr e Sm-Nd foram calculadas por Rios
et al (2009) considerando a idade 2.073Ma. Com isso,
O biotita granito Pedra Vermelha, mapeado inicial- esses autores obtiveram: Sr(i)=0,6882; εNd= -10,54 e
mente por Inda et al. (1976), tem forma circular, é idade modelo TDM igual a 3,1Ga (Tab.V.1).
pós-orogênico e está situado na parte norte do Blo-
co Serrinha, a noroeste da cidade de Monte Santo
(Fig.V.20). É intrusivo em rochas gnáissico-migmatíti- 4.23 Granitoide Maravilha
cas arqueanas do Complexo Santa Luz e em metabá-
sicas do Greenstone Belt Serrinha/Rio Itapicuru (Silva O Granitoide Maravilha é um corpo granítico-gra-
1992, Oliveira et al. 2004a, 2008, Oliveira 2009) (CA- nodioritico alongado na direção N-S. Foi conside-
PÍTULO IV). Esse corpo tem coloração cinza-rosado a rado por Rios (2002) como um conjunto de granito-
avermelhada, textura fanerítica média a fina e é rico -granodioritos que faz contato, a oeste, com o grani-
em biotita. Os minerais principais são: feldspato alca- toide trondhjemítico do Nordestina e, a leste, com a
lino, plagioclásio e quartzo. Biotita é o máfico princi- sequência máfica basal do Greenstone Belt Serrinha/
pal, embora ocorra subordinadamente a hornblenda. Rio Itapicuru (Fig.V.20). Destaca-se nesse granitoide
Apatita, zircão, opacos, titanita e alanita são os mi- uma granulação média, com minerais máficos, biotita
nerais acessórios. Trata-se de rochas subalcalinas, e hornblenda, localmente orientados. Feldspato al-
peraluminosas com coríndon normativo (Tab.V.1). calino, plagioclásio e quartzo são os minerais essen-
O padrão de Terras Raras dessas rochas é mostrado ciais. Possui características alcalinas a subalcalinas,
na figura V.26 e sua situação tectônica na figura V.27. peraluminosas (coríndon normativo). Seu padrão de
A idade de cristalização obtida por Rios et al. (2009) Elementos Terras Raras típico é mostrado na figura
pelo método U-Pb (TIMS) foi de aproximadamente V.26. Datação U-Pb (TIMS zircão) realizada por Rios
2.080±8Ma (Tab.V.1). (2002) no Granitoide Maravilha revelou uma idade
de cristalização de 2.075±1Ma. Essa mesma autora
calculou as razões isotópicas iniciais para a idade de
4.22 Granitoide Barroquinhas 2.071Ma, tendo obtido: Sr(i) = 0,7029; εNd =.- 4,07 e
idade modelo TDM igual a 2,67Ga (Tab.V.1).
Esse plúton granítico, segundo Alves da Silva et al.
(1993) e Chauvet et al. (1997), intrude gnaisses do
Complexo Santa Luz e basaltos do Greenstone Belt
Serrinha/Rio Itapicuru, estando localizado a sul do
Granitoide Barrocas e a oeste da cidade de Teofilândia

G ra n i toides • 377

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4.24 Granitoide Salgadália até graníticos, enquanto que no paleoproterozoico,
embora sejam encontrados trondhjemitos e tonalitos,
Esse corpo aflora nas cercanias da localidade de Sal- a predominância é de granitos e sienitos (Tab.V.1).
gadália, no município de Conceição de Coité, com-
pondo o domo homônimo, com orientaçào NNE-SSW A partir dos dados levantados dos diversos autores,
(Fig.V.20, V.21). Petrograficamente é constituído por pode-se concluir que no bloco em foco, os granitoides
rochas de coloração cinza a cinza-rosado, com com- podem ser classificados em três grupos, dos mais an-
posição tonalítico-granodiorítico-trondhjemítica, que tigos para os mais novos: (i) granitoides mesoarque-
foi deformada durante sua colocação (Vauchez et al. anos, trondhjemíticos, peraluminosos; (ii) granitoides
1999, Menezes 2008, Rosário 2010). No domo homô- paleoproterozoicos, calcialcalinos , peraluminosos, e
nimo, essa rocha pode ser encontrada compondo um (iii) granitoides paleoproterozoicos alcalinos, varian-
bandamento gnáissico que está associado a uma fo- do de metaluminosos a peraluminosos (Tab.V.1).
liação milonítica e a enclaves de rochas máficas. Nos
domínios de menor deformação, augenmilonitos com No caso daqueles do primeiro grupo, pode-se citar
estrutura mirmequítica são encontrados, ao passo como exemplo o Granitoide Ambrósio. Verificou-se
que, nos domínios de maior deformação, a trama íg- que, assim como os outros de idade mesoarqueana,
nea foi totalmente obliterada. Plagioclásio e quartzo ele foi igualmente deformado (Chauvet et al. 1997) e
são os minerais principais , enquanto que apatita, parcialmente re-equilibrado pelo metamorfismo pa-
titanita, biotita e zircão representam a mineralogia leoproterozoico (Riaciano). Nas suas margens, a de-
acessória. Na literatura não existe dados químicos, formação e o re-equilíbrio metamórfico foram mais
geocronológicos ou isotópicos para o Salgadália. intensos, contrariamente aos seus centros (Chauvet et
al. 1997). Esses processos deformacionais e metamór-
ficos foram os mesmos responsáveis pela migmatiza-
4.25 Síntese dos Dados Litogeoquímicos e ção de suas encaixantes, basicamente representadas
Geocronológicos pelo Complexo Santa Luz (CAPÍTULO III).

No Bloco Serrinha foram estudados 24 granitoides Quanto ao segundo grupo, eles possuem representan-
por diversos autores e, considerando a área do blo- tes sin e pós-tectônicos, considerando-se o pico mé-
co, pode-se afirmar que dentre todos os segmentos dio das deformações e metamorfismo que ocorreram
geotectônicos considerados neste trabalho, é o que no Bloco Serrinha e arredores, em torno de 2.082±17
possui maior quantidade de granitoides por metro e 2.074±14Ma (Oliveira et al. 2010). Nos sintectônicos,
quadrado. Por outro lado, em termos de idade, cerca predominantes no segundo grupo, observa-se a in-
de 90% dos granitoides desse bloco, são paleoprote- fluência das deformações paleoproterozoicas, que em
rozoicos (Riacianos e Orosirianos), e os 10% restantes muitos casos aproveita as estruturas de fluxo mag-
são mesoarqueanos. É interessante notar que poucos mático. Para interpretar a geoquímica dos ETR toma-
granitoides foram produzidos no intervalo de tempo ram-se como exemplos os granitoides Araci, Eficéas,
entre, aproximadamente, 3.100 a 2.900Ma e que, a Lagoa dos Bois, Nordestina, Quijingue, Teofilândia e
maior quantidade se cristalizou entre 2.160 e 2.050Ma Barrocas. A figura V.24 mostra a notável similaridade
(Tab.V.1). Sendo assim, nota-se que houve um grande dos seus espectros, com discreta anomalia positiva de
hiato na produção de granitoides no Bloco Serrinha. európio, presente na maioria deles. Com relação à in-
Combinando os dados petrográficos, litogeoquímicos clinação dos espectros e a quantidade de elementos
e os geocronológicos, identifica-se que no mesoar- pesados e leves, ela pode ser verificada com a razão
queano os granitoides variaram de trondhjemíticos (La/Yb)N que se situa em torno de 40, quando usa-

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do o valor máximo e mínimo desse grupo de rochas. dos Granitoides, Maravilha e Pedra Vermelha, que se
Outra observação interessante, ainda com relação à localizam preferencialmente no domínio sincolisio-
figura V.24, é que como os granitoides se cristaliza- nal e de arcos magmáticos.
ram em um curto intervalo de tempo, o magmatismo
foi evoluindo à medida que, lentamente, granitos se
colocavam nos domínios mais superiores da crosta.
Com efeito, o Granitoide Nordestina (2.152±6Ma) e o 5 Granitoides do
Eficéas (2.155±9Ma) são menos evoluídos que o Lagoa
dos Bois (2.107±23Ma).
Bloco Uauá
O Bloco Uauá é o menor dos segmentos tectônicos en-
No que diz respeito ao terceiro grupo, ele também volvidos nas deformações e metamorfismo paleopro-
possui representantes sin e pós-tectônicos, embora a terozoico do Cráton do São Francisco e, assim, somen-
maioria seja do último tipo. Neles, observa-se que a te dois granitoides foram estudados até o momento: o
deformação no estado sólido é incipiente e que as es- Euclides e o Araras.
truturas estão, em sua maioria, associadas com o flu-
xo magmático. Desse grupo, consideraram-se como
exemplos os monzodioritos Araras e Cansanção (al- PALEOPROTEROZOICO
calinos, metaluminosos), os sienitos Morro do Afon-
so, Serra do Pintado e Agulhas-Bananas (alcalinos, 5.1 Granitoide Euclides
metaluminosos), além dos granitos Pedra Vermelha e
Maravilha (alcalinos, peraluminosos) (Tab.V.1). A figu- Esse maciço está situado nas proximidades da cidade
ra V.26 mostra que há forte semelhança entre os pa- de Euclides da Cunha, com 84km2 de extensão, se dis-
drões de Elementos Terras Raras dos monzodioritos e tribuindo aproximadamente na direção N-S (Fig.V.28).
sienitos, mais ricos nesses elementos (La/YbN»88) e, A oeste, faz contato com as rochas gnáissico-mig-
também, uma superposição dos padrões dos granitos, matíticas do Complexo Santa Luz (CAPÍTULO III) e, a
embora eles sejam mais pobres em ETR (La/YbN=81) leste, não só com as rochas carbonáticas da Faixa de
que os monzodioritos e sienitos (Fig.V.26). Dobramentos Sergipana (CAPÍTULO XI), mas também
com os sedimentos da Bacia de Tucano Central (CA-
Quanto ao ambiente tectônico, a análise das figuras PÍTULO XIII). Segundo Rios (2002), as rochas desse
V.23, V.25 e V.27 de Pearce et al. (1984) leva a conside- corpo exibem estrutura gnáissica e textura porfirítica,
rar que o Granitoide Ambrósio, que representa o pri- possuem enclaves das rochas do Complexo Santa Luz
meiro grupo, está relacionado com ambiente de arco e veios de pegmatitos. Feldspato alcalino, plagioclá-
magmático. Os granitoides do segundo grupo, exem- sio e quartzo são os minerais principais. Biotita é o
plificados por Araci, Eficéas, Lagoa dos Bois, Nordesti- máfico dominante, ocorrendo também anfibólio ao
na, Quijingue, Teofilândia e Barrocas, são basicamen- redor de clinopiroxênio. Esse granitoide foi classifica-
te sincolisionais ou associados a arcos magmáticos. do quimicamente como um monzogranito, alcalino e
Os granitoides do terceiro grupo, representados por peraluminoso (Tab.V.1). Os Elementos Terras Raras de
Araras, Cansanção, Morro do Afonso, Serra do Pinta- duas amostras desse maciço podem ser encontrados
do, Agulhas-Bananas, Itareru, Pedra Vermelha e Ma- no trabalho de Rios (2002) (Fig.V.29). Uma amostra
ravilha, se distribuem de uma forma mais ou menos do centro desse corpo, datada em zircão pelo método
dispersa nos gráficos da figura V.27, embora a maioria U-Pb (TIMS), alcançou uma idade de 2.097±8Ma. Nes-
(Araras, Cansanção e o Serra do Pintado) situe-se, ta mesma amostra foi encontrado um zircão herdado
principalmente, no campo intraplaca, diferentemente de 3.654±125Ma. Para a idade 2.097Ma, calculou-se:

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Figura V.28 - Mapa geológico simplificado do Bloco Uauá (BU), destacando somente os granitoides.
Simplificado e atualizado de Barbosa e Dominguez (1996).

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Figura V.29 - Padrões de Elementos Terras Raras de granitoides paleoproterozoicos do Bloco Uauá (BU).
Os valores do condrito são de Boyton (1984).

Figura V.30 – Granitoides paleoproterozoicos do Bloco Uauá (BU). Gráficos de discriminação tectônica de Pearce et al. (1984).
Legendas como na figura V.29.

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Sr(i)=0,6942; εNd=-6,6 e idade modelo TDM igual a e de arcos magmático (Fig.V.30). Rios (2002) datou as
2,87Ga (Rios 2002, Rios et al. 2008) (Tab.V.1). rochas centrais do corpo, tendo obtido idade de crista-
lização U-Pb (TIMS) em zircão de 2.076±15Ma. Quanto
ao método Rb-Sr, as razões iniciais de Sr encontradas
5.2 Granitoide Araras são altas, em torno de 0,7082. Dados Sm-Nd mostram
εNd =-8,1 (para a idade 2.076Ma) e valor da idade mo-
O Granitoide Araras situa-se a 40km da cidade de delo TDM igual a 2,96Ga (Tab.V.1).
Euclides da Cunha (Fig.V.28). No seu lado oeste, faz
contato com as rochas gnáissico-migmatíticas do
Complexo Santa Luz, inclusive enclaves dessas rochas
estão presentes no corpo. A leste, ele foi parcialmente 6 Granitoides do Bloco
superposto, através da falha de empurrão, pelas ro-
chas carbonáticas neoproterozoicas pertencentes à
Jequié
Faixa de Dobramentos Sergipana (Oliveira 2001) (CA- Corpos granitoides com a mineralogia típica de gra-
PÍTULO XI). Segundo Rios (2002), zonas de cisalha- nitos são raros nesse bloco, tendo sido encontrados
mento estão presentes nesse maciço desenvolvendo, e estudados, inclusive sem muitos detalhes, somente
às vezes, estruturas augens no seu interior. Oliveira três deles, denominados de Itagibá, Santa Maria e Lua
(2001) descreve as rochas da borda como granitos fo- Nova. Entretanto, granitoides formados em profundi-
liados (fácies granítica), enquanto que no centro são dade, correspondente ao fácies granulito, ocorrem em
quartzo-monzonitos a monzonitos (fácies monzoníti- grande quantidade nesse bloco, entre eles, enderbi-
ca) possuidores de pórfiros indeformados, apresen- tos, charnoenderbitos e, sobretudo charnockitos. Eles
tando unicamente estruturas de fluxo magmático. As estão descritos no CAPÍTULO III.
fases minerais principais são plagioclásio, feldspato
alcalino, quartzo e biotita, esta última sendo a máfi-
ca principal do corpo. Feldspato alcalino e raramente NEOARQUEANO
hornblenda ocorrem como fenocristais nas rochas de
borda, enquanto que, no centro, os fenocristais são 6.1 Granitoide Itagibá
plagioclásios e também feldspatos alcalinos. Os mi-
nerais acessórios são: titanita, apatita, zircão, alanita e Nas proximidades da cidade de Itagibá foi mapeado
fluorita roxa. Clorita, epidoto e carbonato são minerais um corpo granitoide intrudido no limite entre o Bloco
de alteração pós-magmática (Rios 2002). Essa mes- Jequié, na parte onde ele possui rochas do fácies anfi-
ma autora descreve que, do ponto de vista químico, bolito (Banda de Ipiaú, CAPÍTULO III) e o Cinturão Ita-
as rochas de borda são classificadas como granitos a buna-Salvador-Curaçá (Barbosa et al. 2006) (Fig.V.31).
granodioritos, alcalinos a sub-alcalinos, com caráter Ele pode ser observado em fotos aéreas ocupando uma
peraluminoso (coríndon normativo alcançando 1%). superfície expressiva próximo à falha de transempur-
Por sua vez, as rochas do centro são também alcalinas rão que limita os dois segmentos crustais supracita-
a levemente sub-alcalinas, variando de metalumino- dos. Segundo Barbosa et al. (2006) este granito possui
sas a fracamente peraluminosas (coríndon normativo coloração rosa, granulação grossa e textura inequi-
alcançando 0,6%) (Tab.V.1). Com relação a Elementos granular. Suas bordas estão bem gnaissificadas, o que
Terras Raras ambas as fácies identificadas apresentam dificulta a sua separação das encaixantes ortognáis-
padrões relativamente semelhantes sugerindo caráter sicas situadas a oeste. Diferentemente do seu centro,
cogenético (Fig.V.29). Com relação ao ambiente tectô- nesses locais mais deformados, este granitoide possui
nico, o Araras situa-se entre os ambientes intraplaca fenoclastos de plagioclásio e quartzo, dentro de uma

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Figura V.31 . Mapa geológico do Bloco Jequié (BJ) destacando somente os granitoides.
Simplificado e atualizado de Barbosa e Dominguez (1996).

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matriz composta de quartzo, plagioclásio, microclí- minerais ferro-magnesianos. No diagrama Q-A-P de
nio e hornblenda. Nas partes menos deformadas são Streckeisen (1976) ele se situa no mesmo campo do
encontrados pórfiros subédricos, centimétricos, de Granitoide Itagibá. O Granitoide Lua Nova é calcialca-
plagioclásio, microclínio pertítico, imersos na mesma lino, peraluminoso. Os Elementos Terras Raras permi-
matriz supracitada. Biotita e minerais opacos ocorrem tem calcular a relação (La/Yb)N que alcança um valor
como traços. A percentagem modal dos minerais des- de 52 (Barbosa et al. 2006). Pelo método Pb-Pb evapo-
sa rocha, projetada no digrama Q-A-P de Streckeisen ração em monozircão esse granito foi datado em cerca
(1976), permite classificá-la como “granito rico em de 2,7Ga (Barbosa, comunicação verbal) (Tab.V.1).
quartzo”. Ele é calcialcalino, peraluminoso (Barbosa
et al. 2006). Pelo método Pb-Pb evaporação em mo-
nozircão, esse granito foi datado em cerca de 2,7Ga
(Barbosa, comunicação verbal) (Tab.V.1). 7 Granitoides do Cinturão
Itabuna-Salvador-Curaçá
6.2 Granitoide Santa Maria (Parte Norte)
Entre as cidades de Dário Meira e Itagibá aflora um Como descrito no CAPÍTULO III, no Cinturão Itabuna-
corpo granítico com formato elíptico que, semelhan- -Salvador-Curaçá norte, a maioria dos protólitos são
temente ao Granito de Itagibá, está encaixado nos or- plutônicos, estão deformados e reequilibrados na fá-
tognaisses da fácies anfibolito do Bloco Jequié (Ban- cies granulito, transformando-se em granulitos char-
da de Ipiaú, CAPÍTULO III) (Fig.V.31). Ele faz contato nockitos ou granulitos tonalíticos-trondhjemíticos.
ao sul com o Granitoide Lua Nova, descrito a seguir, Assim, somente seis corpos foram classificados como
e também com o Granitoide Itagibá, antes referido granitoides, aqueles que possuem uma mineralogia
(Barbosa et al. 2006). Esta rocha apresenta coloração do fácies anfibolito, como mostrado a seguir.
cinza quando fresca e cor amarelo-esbranquiçada
quando alterada. A granulação varia de média a gros-
sa, com textura inequigranular. Mineralogicamente é PALEOPROTEROZOICO
constituído de quartzo, plagioclásio, microclínio, hor-
nblenda, biotita, minerais opacos, apatita e zircão. 7.1 Granitoide Itiúba
Dados litogeoqímicos e geocronológicos estão sendo
atualmente obtidos (Barbosa, comunicação verbal). O Granitoide Itiúba, situado próximo à cidade do mes-
mo nome, segundo Conceição (1990) e Conceição et
al. (2003) é um corpo alongado na direção meridiana,
6.3 Granitoide Lua Nova com um comprimento de cerca de 150km e uma lar-
gura média em torno de 10km (Fig.V.32). Tem como
Nas proximidades da cidade de Dário Meira encontra- encaixantes as rochas granulíticas do Cinturão Itabu-
-se um pequeno corpo de rochas graníticas. Ao sul, ele na-Salvador-Curaçá (Barbosa & Sabaté 2002, 2004)
é arrodeado pelos ortognaisses e, ao norte, faz contato e que foram formadas pelo metamorfismo paleopro-
com o Granitoide Santa Maria (Barbosa et al. 2006) terozoico que ocorreu entre 2,05-2,06Ga (Silva et al.
(Fig.V.31). Macroscopicamente, assemelha-se bastan- 2002) e 2,07-2,08Ga (Oliveira et al. 2010) (CAPÍTULO
te com esse último, embora apresente uma coloração III). No Granitoide Itiúba, Conceição (1990) reconhe-
mais cinza, uma granulação média a grossa, exibindo ceu três conjuntos litológicos distintos: (i) alcali-
uma mineralogia formada de quartzo, plagioclásio e -feldspato sienitos, de cor rosada, que ocupa cerca de

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Figura V.32- Mapa geológico do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (CISC) (parte norte), destacando somente os granitoides. Simplificado e
atualizado de Barbosa e Dominguez (1996).

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97% da área aflorante sendo formado por feldspato condições para que magmas tarditectônicos, como
alcalino, quartzo, diopsídio, hornblenda e biotita; (ii) no caso do Itiúba, ao se cristalizarem, fossem defor-
apatita-diopsídio cumulatos, constituindo aproxima- mados. Analisando com mais detalhe o Granitoide
damente 1% do corpo e ocorrendo sob a forma de ban- Itiúba, verifica-se que, nas bordas, suas rochas estão
das gradacionais com os alkali-feldspato sienitos e, (iii) mais gnaissificadas/metamorfizadas, diferentemente
diques tardios de sienitos e granitos alcalinos. Segundo de suas partes centrais, onde há uma interação sutil
Conceição et al. (1991) os alcali-feldspato sienitos re- entre foliação magmática e metamórfica. Deve-se res-
sultam da mistura dos cumulatos e dos líquidos resi- saltar que os diques tardios de granitos alcalinos, antes
duais, exibindo uma química levemente alcalina, me- referidos, ora estão paralelizados com as deformações
taluminosa, com saturação em sílica, com altos teores regionais N-S, ora são secantes às mesmas. Esses lí-
de K2O (maiores que 5%) e razões K2O/Na2O entre 1,5 e quidos tardios, quando em maior volume, podem ter
3,0. Os ETR mostram razões (La/Yb)N variando entre dado origem a corpos graníticos importantes, como o
40,5 (sienitos) e 58,5 (cumulatos) (Tab.V.1) refletindo Granitoide Bravo, descrito mais adiante, no subitem 7.3
um forte fracionamento magmático. Com relação à e assinalado na figura V.32.
geocronologia, as idades obtidas pelo método Rb-Sr
rocha total (Conceição 1990, Mascarenhas & Garcia
1989) e rocha total/mineral (Figueiredo 1976) indica- 7.2 Granitoide Santanápolis
ram valores situados entre 2.137±69Ma e 1.840±50Ma,
respectivamente. Conceição et al. (2003), utilizando a O maciço de Santanápolis, de direção N-S e com uma
técnica de evaporação de Pb em monozircão, obteve extensão de 38km, situa-se entre as cidades de Fei-
uma idade de 2.095±5Ma. Por sua vez, Oliveira et al. ra de Santana e Lamarão (Conceição 1998), na área
(2004a) usando o método SHRIMP no centro de zir- limite de transição entre as partes norte e sul do Cin-
cões, encontrou uma idade de 2.084±9Ma. Pelo méto- turão Itabuna-Salvador-Curaçá (Fig.V.32). Segundo
do Sm-Nd, esses últimos autores obtiveram uma idade esse autor, o corpo de Santanápolis é formado por
modelo TDM variando entre 2,70 e 2,85Ga, e εNd entre duas fácies petrográficas principais: (i) a fanerítica,
-5,77 e -8,51, respectivamente (Tab.V.1). O Granitoide leucocrática de coloração rósea e constituída por fel-
Itiúba, sem ortopiroxênio, assim como os maciços sie- dspato alcalino, plagioclásio, diopsídio, biotita, horn-
níticos Santanápolis (subitem 7.2), São Félix (subitem blenda, quartzo e minerais opacos e, (ii) a porfirítica,
8.1) e Anuri (subitem 8.2) (Fig.V.32), igualmente sem também de coloração rósea e formada por pórfiros de
ortopiroxênio e alongados aproximadamente na dire- feldspato alcalino, hornblenda, plagioclásio e quart-
ção N-S, penetrou as rochas granulíticas, um pouco zo, ocorrendo, como acessórios, diopsídio, biotita e
mais tarde ou mesmo contemporaneamente, em cerca minerais opacos. Em ambas as fácies, encontram-se
de 2.084±9Ma (SHRIMP zircão, Oliveira et al. 2004a) sienitos melanocráticos sob a forma de lentes com
em relação ao pico da granulitização em 2.082±17Ma espessuras centimétricas e extensões métricas além
(SHRIMP zircão, Oliveira et al. 2004a). Essa penetração da mesma mineralogia que as fácies antes descritas,
ocorreu quando os granulitos estavam em nível crus- com a diferença que as quantidades de hornblenda
tal mais superficial, em ambiente de transição fácies e diopsídio são três vezes maiores (Conceição 1998).
anfibolito/granulito e onde o ortopiroxênio não é mais Esses corpos melanocráticos são considerados cumu-
estável (Barbosa et al. 2007). A expulsão tectônica que latos máficos, que também aparecem nos outros cor-
trouxe terrenos de níveis crustais mais profundos para pos sieníticos antes referidos. Do ponto de vista quí-
níveis mais superficiais, aconteceu durante as etapas mico, trata-se de rochas metaluminosas, de filiação
finais de formação do Orógeno Itabuna-Salvador- shoshonítica (Tab.V.1) e com altos teores de elementos
-Curaçá (Barbosa et al. 2002, 2004) possibilitando incompatíveis, sugerindo a origem do magma a partir

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da fusão parcial do manto enriquecido em elementos brecimento nos pesados e, com uma relação (La/Yb)N
incompatíveis (Conceição 1998). A figura V.33 mos- variando entre 23 e 33 (Fig.V.33). No diagrama Nb x Y
tra o comportamento dos Elementos Terras Raras e (Pearce et al. 1984), as suas amostras mais represen-
a figura V.34 indica o provável ambiente tectônico de tativas situam-se no campo dos granitos intraplacas
formação. Através de isócrona Rb-Sr realizada para (Fig.V.34). Segundo datações U-Pb (SHRIMP zircão), o
essas rochas, Conceição (1998) obteve uma idade de Granito Bravo cristalizou-se em torno de 2.060±5Ma.
2.084±13Ma com uma Sr(i) igual a 0,70385 (Tab.V.1). Por sua vez, isótopos de Nd do granitoide em foco
Ainda segundo Conceição (1998), a petrografia des- mostram εNd variando entre -6,3 até -7,7 além de
sas rochas possibilita interpretar que a cristalização idades modelo (TDM) entre 2,75 e 2,90Ga (Tab. V.1).
magmática foi controlada pela apatita, ilmenita e
diopsídio (estágio magmático) e, posteriormente, pela
hornblenda (estágio tardimagmático). 7.4 Granitoide Pedra Solta

Segundo Otero (1997), o Maciço de Pedra Solta, com


7.3 Granitoide Bravo cerca de 100km2 de área, está situado na parte norte
do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá, a sul da cidade
O Granitoide Bravo situa-se próximo à localidade de de Itiúba (Fig.V.32). Está em contato através de falhas
mesmo nome, no município de Ipirá (Fig.V.32). Foi for- com o Granitoide Itiúba (subitem 7.1) e em contato ir-
mado em zona de cisalhamento sub-vertical, sinistral, regular com as rochas granulíticas do Complexo Ca-
de direção N45oE, que atravessou rochas granulíticas raíba (CAPÍTULO III). Na Pedra Solta é comum a pre-
do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (Barbosa et al. sença de xenólitos destas duas unidades geológicas.
2008). O Bravo contém minerais da fácies anfibolito As rochas do Pedra Solta apresentam estruturas de
(microclínio, ortoclásio, quartzo, plagioclásio, horn- fluxo magmático, com incipiente foliação de direção
blenda, biotita, magnetita e zircão) que contrastam N-S em alguns locais, que coincide com a deforma-
com minerais da fácies granulito, presentes nas suas ção regional. Essa observação sugere uma colocação
encaixantes. O Granitoide Bravo é peraluminoso a dessa rocha nas etapas finais de estabilização do Cin-
metaluminoso, alcalino (Tab.V.1), mas o alto conte- turão Itabuna-Salvador-Curaçá. Nesse maciço foram
údo de K2O (4,03-5,95%) lhe confere uma afinidade distinguidas três fácies: a granítica, a de contato e a
shoshonítica. Ele é ligeiramente mais jovem que os gnáissica. A primeira, monzogranítica, constituída por
granitoides sieníticos Itiúba (2.084±9Ma) (subitem 7.1) plagioclásio, feldspato alcalino, biotita, hornblenda
e São Félix (2.098±1Ma) (subitem 8.1). Não somente verde, clinopiroxênio, zircão, apatita, alanita, titani-
em idade, mas também do ponto de vista geoquímico, ta e epidoto, é homogênea, de cor cinza, sendo fre-
o Granitoide Bravo é muito similar aos diques tardios quente a presença de grandes cristais de magnetita e
que cortam as intrusões sieníticas supracitadas. Sen- onde são visualizadas estruturas de fluxo. A segunda,
do assim, Barbosa et al. (2008) propõem que estes monzogranítica a quartzo-monzodiorítica, formada
diques, formado pelos líquidos residuais dos cumu- por feldspato alcalino, plagioclásio, quartzo, biotita,
latos Itiúba e São Félix (Plá Cid et al. 2006, Rios et hornblenda, titanita, apatita, epidoto, zircão, alanita
al. 2007), podem ter escapado através das zonas de e opacos, está situada na parte norte do plúton, fa-
cisalhamento para formar intrusões. O Granitoide zendo contato por falha com o Granitoide Itiúba. Esse
Bravo pode ser uma parte desse líquido residual. Com maciço porta numerosos enclaves das rochas de Itiú-
relação aos Elementos Terras Raras, o Granito Bravo ba, contornados por estruturas de fluxo magmático.
exibe padrões diferentes dos granulitos encaixantes, A terceira localiza-se na parte leste do maciço, sendo
com enriquecimento nos Terras Raras leves e empo- constituída por rochas gnáissicas de granulação mé-

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Figura V.33 - Padrões de Elementos Terras Raras de granitoides paleoproterozoicos, alcalinos, meta a peraluminosos, do Cinturão Itabuna-
Salvador-Curaçá (CISC) (parte norte). Os valores do condrito são de Boyton (1984).

Figura V.34 - Granitoides paleoproterozoicos, alcalinos, meta e peraluminosos do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (CISC) (parte norte).
Gráficos de discriminação tectônica de Pearce et al. (1984). Legenda como na figura V.33.

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dia a grossa e cor esbranquiçada, contendo xenólitos de shoshonítica (Tab.V.1). Os espectros de Elementos
de anfibolito com dimensões centimétrica a métri- Terras Raras caracterizam-se por apresentar suave
ca. Ela é constituída de monzogranitos com plagio- anomalia negativa em Eu e leve fracionamento dos
clásio, feldspato alcalino, quartzo, mica, anfibólio e ETR leves (Fig.V.33). Sobre o Morro do Juá, os dados
titanita, alanita, apatita, zircão e minerais opacos. O geocronológicos Rb-Sr, em rocha total, exibem idade
Pedra Solta é alcalino, com tendência shoshonítica de 1.889±0,064Ma, com Sr(i) = 0,7055 (Otero, 2006).
e peraluminoso (Tab.V.1). Seus espectros de ETR são Por outro lado, com base na técnica de evaporação de
mostrados na figura V.33 e seu provável ambiente de monocristais de zircão, para o Gavião, Otero (2006) en-
formação na figura V.34. Uma idade obtida por Pb-Pb controu uma idade Pb-Pb de 2.082±2 Ma, considerada
evaporação, de 2.088±9Ma foi considerada como sua a idade de cristalização do maciço.
idade mínima de cristalização (Otero 1997). Os dados
geocronológicos Rb-Sr em rocha total apresentados
por Otero (1997) forneceram idades de 1.913±94Ma 7.6 Granitoide Pé de Serra-Camará
com Sr(i)=0,7038 (Tab.V.1).
O Granitoide Pé de Serra-Camará (Santos-Pinto 1992)
foi denominado por Otero (1997) de Complexo Pé de
7.5 Granitoide Gavião-Morro do Juá Serra-Camará. Situa-se na parte centro-sul do Cin-
turão Itabuna-Salvador-Curaçá (Fig.V.32), próximo da
Segundo Otero (2006), o stock Gavião localiza-se per- localidade de Pé de Serra, sendo intrusivo em zonas
to da cidade de mesmo nome, sendo constituído por de cisalhamento geradas no período final da estabi-
granitos e quartzomonzonitos. Essa rocha está em lização desse cinturão, quando as rochas granulíticas
contato discordante, brusco com as rochas do Com- foram alçadas para ambiente crustal da fácies anfibo-
plexo Caraíba e do Complexo Ipirá (Fig.V.32) (CAPÍTU- lito (Barbosa et al. 2007). Estes corpos possuem formas
LO III). As rochas são isotrópicas, com belas estrutu- irregulares, com o primeiro possuindo direção aproxi-
ras de fluxo e acamadamento magmático. Segundo mada E-W (área de 100km2 ) e o segundo com direção
Conceição (1992), abundantes filões de composição N-S (área de 40km2). Os contatos destes maciços com
sienogranítica foram responsáveis pelas minerali- as rochas encaixantes são abruptos, sendo notada a
zações de apatita causadas provavelmente pela in- presença de numerosos diques que adentram as encai-
teração do magma desse granitoide com rochas cal- xantes granulíticas, partindo do corpo ígneo principal.
cissilicáticas. O stock Morro do Juá, localizado junto Segundo Santos-Pinto (1992), são intrusões pós-tec-
ao Gavião, tem composição quartzomonzonítica com tônicas onde dominam rochas graníticas com termos
enclaves das rochas encaixantes granulíticas, exibin- monzoníticos, monzograníticos e sienograníticos com
do contatos intrusivos com essas rochas. Esse corpo sienitos subordinados, que se desenvolveram a partir
possui estrutura isotrópica, com feições locais de fluxo de vários pulsos magmáticos. Os sienitos são circun-
magmático paralelas ao contato com as encaixantes. dados pelas rochas monzograníticas e monzoníticas,
Segundo Otero (2006), as rochas do Granitoide Gavião que exibem abundantes estruturas de fluxo magmáti-
exibem coloração rósea a acinzentada e com texturas co e são normalmente porfiríticas. O caráter intrusivo,
variando de equigranular a porfirítica. Segundo essa além das feições já descritas, é materializado também
mesma autora, as rochas do Granitoide Morro do Juá pela presença de xenólitos das rochas granulíticas
são quartzomonzonitos com hornblenda, de cor cinza, adjacentes. Na grande maioria dos afloramentos, as
contendo enclaves de rochas máficas. Do ponto de vis- rochas em foco não apresentam estruturas deforma-
ta geoquímico, no diagrama TAS (Cox et al. 1979) essas cionais superpostas ao acamadamento ígneo, embora
rochas posicionam-se no campo alcalino com afinida- em alguns locais se verifique uma foliação de cisalha-

G ra n i toides • 389

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mento paralelizada àquela das rochas granulíticas. No que, embora alguns sejam granitos e outros sienitos
Maciço Pé de Serra foram individualizadas três fácies (Tab.V.1), eles possuem padrões muito semelhantes,
petrográficas (Otero 1997): (i) sienítica, formada de fe- mais enriquecidos nos pesados que nos leves e, to-
nocristais de feldspato potássico, com dimensões de dos exibindo anomalia negativa de európio. No que
até 2cm, imersos em uma matriz fina a média, com- diz respeito aos ambientes tectônicos, pelo diagrama
posta por feldspato alcalino, plagioclásio, hornblenda de Pearce et al. (1964), com exceção do Santanápolis,
e biotita; (ii) monzonítica porfirítica, contendo horn- cujos pontos representativos das análises químicas
blenda e biotita como máficos predominantes e diop- de Rb, Y e Nb, situam-se na interface entre granitoi-
sídio subordinado e (iii) monzogranítica, constituída des intraplacas e sincolisionais, todos os outros se
de fenocristais de feldspato, também em uma matriz formaram em ambiente intraplaca (Fig.V.34).
fina de feldspato alcalino, plagioclásio, hornblenda e
biotita. No Maciço Camará foram consideradas duas
fácies petrográficas (Otero 1997): (i) sienogranítica,
formada de feldspato potássico, plagioclásio, quartzo 8 Granitoides do Cinturão
e biotita e, (ii) monzonítica, constituída por fenocristais
de feldspato alcalino, que podem chegar a até 6cm, em
Itabuna-Salvador-Curaçá
uma matriz fina a média, verificando-se também leitos (Parte Sul)
máficos ricos em anfibólio. As rochas do Pé de Serra-
-Camará são alcalinas a subalcalinas, variando entre Semelhantemente ao Cinturão Itabuna-Salvador-
meta a peraluminosas (Tab.V.1). Segundo Otero (1997), -Curaçá, parte norte, nos granulitos da parte sul
não só os elementos maiores, mas também o parale- também são poucos os corpos considerados grani-
lismo entre os padrões de ETR apontam para a coge- toides, conforme os conceitos aqui adotados. Nessa
neticidade entre as suas fácies (Fig.V.33). Os Elementos parte do (CISC) sul, como mostrado no CAPÍTULO III,
Terras Raras apresentam valores máximos de fracio- são muitos os protólitos plutônicos, sobretudo tona-
namento (La/Yb)N igual a aproximadamente 190, com líticos e trondhjemíticos, entretanto todos eles foram
todas as amostras exibindo anomalias negativas de deformados e recristalizados e, em consequência, a
Eu. Na figura V.34 é possível interpretar seu ambiente maioria perdeu suas paragêneses hidratadas (biotitas
tectônico de formação como intraplaca. Os dados ge- e anfibólios), do facies anfibolito, dando lugar a pa-
ocronológicos sobre as rochas sieníticas do Granitoide ragêneses desidratadas (orto, clinopiroxênios e, mais
Pé de Serra indicam idades Rb-Sr de 1.915±74 Ma com raramente, granadas) do fácies granulito. Como des-
Sr(i)=0,70539 (Padilha & Melo 1991). Por sua vez, com crito no Capítulo III eles foram denominados gra-
base na técnica de evaporação em monozircão, na fá- nulitos tonalítico trondhjemíticos não sendo incluídos
cies quartzo-monzonítica, foi obtida uma idade média aqui nessa seção.
Pb/Pb de 2.078±4Ma, considerada como a idade de
cristalização do Granitoide (Otero 1997) (Tab. V.1).
PALEOPROTEROZOICO

7.7 Síntese dos Dados Litogeoquímicos e 8.1 Granitoide São Félix


Geocronológicos
O gnaisse sienítico São Félix localiza-se ao sul da ci-
Cinco granitoides da parte norte do (CISC) tiveram dade homônima, ao longo da estrada que liga essa
seus padrões de Elementos Terras Raras extraídos cidade à cidade de Maragojipe (Fig.V.35). Ele constitui
da bibliografia e comparados na figura V.33. Nota-se uma intrusão alongada, na direção N-S, por cerca de

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Figura V.35- Mapa geológico do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (CISC) (parte sul) destacando somente os granitoides.

G ra n i to ides • 391

Capitulo 5.indd 391 17/10/12 20:59


15km, tendo sido estudado primeiramente por Aillon to de ETR leves e anomalias de európio levemente
(1992) que o descreveu do ponto de vista macroscópi- negativas (Fig.V.36). A determinação de idade Pb-Pb
co, tectônico e petrográfico, inclusive relacionando-o por evaporação em monozircões da fácies (i) alcan-
com as suas encaixantes granulíticas. Posteriormen- çou o valor de 2.098±1Ma. Com relação aos dados
te, essas rochas foram pesquisadas com mais detalhe isotópicos, as razões iniciais de Sr encontradas, foram
por Rosa (1994), Rosa & Conceição (1995) e Rosa et baixas (0,701-0,704) e os valores de εNd foram ne-
al. (2001), quando, então, estes últimos autores des- gativos, variando de -1,45 até -2,89. Idades modelo
tacaram suas feições geoquímicas, geocronológicas TDM situam-se entre 2,20 e 2,35Ga (Rosa et al. 2001)
e isotópicas. Três fácies petrográficas cogenéticas fo- (Tab.V.1). Esses autores concluíram, através dos dados
ram identificadas nesse granitoide: (i) sienitos gnáis- isotópicos, que o magma São Félix foi gerado a partir
sicos, com feldspato alcalino, diopsídio, edenita, mica, de um manto enriquecido/metassomatizado.
plagioclásio e quartzo; (ii) sienitos gnaíssicos porfirí-
ticos, que possuem a mesma mineralogia que a fácies
anterior, embora com fenoclastos de feldspato alca- 8.2 Granitoide Anuri
lino e, (iii) sienitos gnáissicos máficos, que ocorrem
em forma de níveis métricos com a predominância de O Sienito Anuri, juntamente com seu similar próximo,
diopsídio e feldspato alcalino. Essas rochas possuem denominado Itamarati, ocorrem a cerca de 10km ao
caráter metaluminoso e uma natureza alcalina com norte da cidade de Camacã, com uma parte importante
afinidade potássica (Tab.V.1). Os padrões de Elemen- aflorando nas margens da BR-101 (Fig.V.35). Foi estu-
tos Terras Raras mostram um relativo enriquecimen- dado por Oliveira (1995) e por Conceição et al. (1997).

Figura V.36 - Padrões de Elementos Terras Raras dos granitoides paleoproterozoicos, alcalinos, meta a peraluminosos, do Cinturão Itabuna-
Salvador-Curaçá (CISC) (parte sul). Incluiu-se o padrão de ETR do granitoide Santanápolis (CISC) (parte norte) para comparação. Os valores
do condrito são de Boyton (1984).

392 • G eolog i a da B a hi a

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O Sienito Anuri é um ortognaisse que constitui um cor- 8.3 Síntese dos Dados Litogeoquímicos e
po alongado na direção N-S, por cerca de 60km, en- Geocronológicos
caixado em rochas granulíticas retrometamorfizadas.
As foliações e bandamentos do corpo e das rochas Como pode ser verificado, somente dois granitoides
granulíticas são verticais e paralelos. Segundo Oliveira se destacam na porção sul do Cinturão Itabuna-
(1995), o maciço de Anuri é caracterizado petrografica- -Salvador-Curaçá: os corpos do São Félix e do Anu-
mente por três fácies: (i) os sienitos gnáissicos (96%) ri (subitens 8.1 e 8.2). Como referido anteriormente,
com fenoclastos de feldspato alcalino imersos em uma juntamente com os granitoides Itiúba e Santanápolis
matriz composta por diopsídio, plagioclásio, quartzo, (CISC norte) (Fig.V.35), formam um alinhamento de
hornblenda, biotita, os dois últimos provavelmente me- corpos de sienitos que, devido as suas características
tamórficos; (ii) os sienitos máficos (3%), formados basi- geológicas, devem ter penetrado o Cinturão Itabuna-
camente de diopsídio e, subsidiariamente, por feldspato -Salvador-Curaçá, na fase final da formação do Oró-
alcalino e biotita e, (iii) os filões sieníticos, constituídos geno do mesmo nome.
principalmente de feldspato alcalino e plagioclásio su-
bordinado. Observações de campo, juntamente com a Na figura V.36, a semelhança entre os padrões de Ele-
petrografia e, sobretudo a litogeoquímica, sugerem que mentos Terras Raras desses corpos de sienitos sugere
os sienitos máficos são cumulatos do magma que for- que eles foram oriundos de fontes magmáticas profun-
mou os sienitos gnáissicos. Esses cumulatos, ora estão das e semelhantes. Infelizmente, não foram encontra-
formando faixas paralelas à gnaissificação, ora consti- dos teores de elementos-traço na bibliografia consul-
tuem enclaves deformados nos sienitos gnáissicos, que tada, que permitisse utilizar o gráfico de Pearce et al.
são predominantes. Os filões sieníticos, representantes (1984) visando interpretar seus ambientes tectônicos.
do líquido final, aquele que por cristalização fraciona-
da formou o Anuri, podem ter penetrado essas rochas
sieníticas de duas formas: sin-tectonicamente, estando
então envolvidos pela deformação penetrativa regional 9 Granitoides do Cinturão
ou, pós-tectonicamente, nesse caso formando veios
secantes à foliação regional. De acordo com Oliveira
Salvador-Esplanada
(1995) e Conceição et al. (1997) as rochas do Anuri são O Cinturão Salvador-Esplanada (Barbosa & Dominguez
alcalinas, metaluminosas, ultrapotássicas/shosho- 1996) é o segmento menos conhecido em relação aos
níticas (Tab.V.1), com enriquecimento em elementos outros anteriormente descritos, sobretudo a sua par-
incompatíveis Ba, Sr, P e ETR leves (LaN/Yb)N=27-70 te setentrional. Nele, destacam-se como granitoides o
(Fig.V.36), sugerindo que o líquido original que gerou denominado Teotônio-Pela Porco-Aporá e os Granitoi-
essas rochas foi proveniente do manto previamente des de Salvador, conforme explicitados a seguir.
metassomatizado pelos elementos supracitados. Este
metassomatismo seria fruto de placas oceânicas pre-
téritas subductadas. Essas placas ao se fundirem pro- MESOARQUEANO
duziram magma, que foi contaminado em zonas mais
superficiais da crosta terrestre. Não existem dados 9.1 Granitoide Teotônio-Pela Porco-Aporá
geocronológicos nem isotópicos sobre o Anuri, entre-
tanto, devido à associação e semelhança, petrográfica e Esse granitoide situa-se no extremo norte do Cinturão
química, deste maciço com o de Itiúba, São Félix e San- Salvador-Esplanada (Barbosa & Dominguez, 1996),
tanápolis, esses três últimos paleoproterozoicos, prova- próximo à cidade de Aporá (Fig.V.37). Foi primeiramen-
velmente o Anuri também possui essa idade. te estudado por Silva Filho et al. (1977) e Lopes et al.

G ra n i to ides • 393

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(1983), entretanto, estudos mais aprofundados foram pteis que falharam e fraturaram as rochas granulíticas
realizados por Oliveira Júnior (1990) que o denominou e criaram cinco sistemas de fraturas e falhas (Barbo-
de Teotônio-Pela Porco. Segundo este autor, trata-se sa et al. 2005). Os três primeiros sistemas foram pe-
de um granitoide de coloração cinza, maciço, homo- netrados, concomitantemente por diques máficos e
gêneo e isotrópico, sendo constituído de quartzo, pla- por monzo-sienogranitos, esses últimos denominados
gioclásio, feldspato alcalino (microclínio) e biotita. A aqui de Granitoide Salvador. De uma maneira geral,
hornblenda, opacos, titanita, apatita e zircão, além de esses corpos monzo-sienogranitos estão ligeiramente
clinopiroxênio são os minerais acessórios. Exibe uma deformados, sendo formados por cristais maiores de
composição modal sienogranítica a monzogranítica. quartzo e de microclínio, enquanto que cristais meno-
Esse corpo é portador de relíquias dioríticas a gabroi- res desses minerais, juntamente com o plagioclásio e
cas, exibindo uma foliação tênue que, quando bem vi- a biotita constituem a matriz da rocha. Apatita, opacos
sualizada, mostra uma orientação preferencial varian- e zircão aparecem como minerais acessórios. Os mi-
do de NE-SW, sem mergulho definido (Oliveira Júnior, nerais maiores são considerados produtos da cristali-
1990). As análises químicas realizadas por este autor zação magmática e, os menores, como produtos do ci-
indicam que o Teotônio-Pela Porco é calcialcalino e salhamento e recristalização metamórfica. Em fraturas
metaluminoso (Tab.V.1). Uma datação Rb-Sr foi encon- onde penetraram simultaneamente, diques máficos e
trada para essas rochas com um valor de 1.750±90Ma e os monzo-sienogranitos, nas partes onde o conjunto
Sr(i)= 0,7056 (Silva Filho et al. 1977). Silva et al. (2002), está indeformado, verifica-se a interpenetração de ma-
que denominaram o Granitoide Teotônio-Pela Porco de terial máfico no material félsico e vice-versa (Fig.V.38),
Aporá, utilizando U-Pb (SHRIMP zircão), encontraram caracterizando uma mistura heterogênea de magma
para essas rochas uma idade de 2.924±25Ma que esses basáltico e sieno-monzonítico, formando estruturas do
autores interpretaram como a idade mínima de crista- tipo commingling (Blake et al. 1965, Walker & Skelhorn
lização do magma granodiorítico que lhe deu origem 1966, Wiebe 1991, Ayrton 1991) (Fig.V.38) . Em particular,
(Tab.V.1). Sendo assim, é possível que a idade Rb-Sr de no caso dos monzo-sienogranitos, eles exibem textura
Silva Filho et al. (1977) seja ligada à distúrbios isotópi- média a grossa, às vezes pegmatoide, ocorrendo: sob a
cos relacionados ao metamorfismo paleoproterozoico forma sub-verticalizada (0,5 a 2m de espessura), mos-
que atingiu o Cinturão Salvador-Esplanada. trando contatos abruptos com suas encaixantes ou, sob
a forma de massas irregulares, de espessuras variadas
e com contatos difusos com as encaixantes granulíticas.
PALEOPROTEROZOICO A química desses monzo-sienogranitos permite classi-
ficá-los como sub-alcalinos e peraluminosos (Tab.V.1).
9.2 Granitoide Salvador Os Elementos Terras Raras apresentam um grande
fracionamento entre ETRL e ETRP, com razões (La/Yb)
A cidade de Salvador situa-se sobre rochas do Cintu- N
variando entre 84 e 127, além de anomalia negativa
rão Salvador-Esplanada onde predominam metamor- de európio (Fig.V.39). Quanto a geocronologia dos Gra-
fitos de alto grau (Fig.V.37). Essas rochas, nos últimos nitoides Salvador, um monzo-sienogranito da Praia da
anos, vêm sendo analisadas e estudadas por Barbosa Paciência, no bairro do Rio Vermelho foi recentemen-
(2004), Barbosa & Souza (2007), Barbosa et al. (2005), te datado pelo método Pb-Pb evaporação, tendo-se
Cruz (2005), Souza (2009, 2010) e Oliveira (2010). As obtido uma idade em zircão prismático, em torno de
rochas ígneas relacionam-se com as deformações rú- 2.064±6Ma (Souza et al. em elaboração).

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Figura V.37 - Mapa geológico do Cinturão Salvador-Esplanada (SE), destacando somente os granitoides.

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Figura V.38 - Aspectos macroscópicos dos Granitoides de Salvador exibindo estruturas do tipo commingling, situados no extremo sul do
Cinturão Salvador-Esplanada

Figura V.39 – Padrões de Elementos Terras Raras de Granitoides do Cinturão Salvador-Esplanada (CSE).
Os valores do condrito são de Boyton (1984).

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Serra de Jacobina e
Capitulo VI Contendas-Mirante
Carlson de Matos Maia Leite (UFBA/ Petrobras)
Moacyr de Moura Marinho (UFBA)

1 Introdução
As regiões da Serra de Jacobina e de Contendas-Mirante estão situadas ao longo de um expressivo lineamento
tectônico de direção NNE com mais de 500km de extensão, no embasamento arqueano-paleoproterozoico do
Estado da Bahia (Fig. VI.1). Este lineamento, denominado de Contendas-Jacobina (Sabaté et al. 1990a) representa
uma zona de sutura colisional de idade paleoproterozoica, entre os blocos arqueanos Gavião, Serrinha e Jequié e
o bloco arqueano-paleoproterozoico Itabuna-Salvador-Curaçá (Barbosa & Sabaté 2002, 2004). Nessas regiões, os
terrenos arqueanos incluem sequências metavulcanossedimentares, tipo greenstone belt, denominadas de Mun-
do Novo (Mascarenhas & Silva 1994, Mascarenhas et al. 1998) e Contendas-Mirante (Marinho et al. 1978, Marinho
1991), (CAPÍTULO IV) e ortognaisses do tipo TTG (Marinho & Sabaté 1982). A Sequência Metavulcanossedimentar
Contendas-Mirante está também em contato tectônico com os granulitos do Bloco Jequié (Barbosa & Dominguez
1996) (CAPÍTULO III). Sobrepostas através de discordâncias/zonas de cisalhamento sobre as sequências metavul-
canossedimentares e os ortognaisses, ocorrem rochas metassedimentares agrupadas no Complexo Saúde (Couto
et al. 1978, Melo et al. 1995), no Grupo Jacobina (Leo et al. 1964) e na Formação Areião (Marinho et al. 1978). A
característica comum a estas duas últimas unidades se refere aos seus estágios de evolução que foram contro-
lados pela orogenia paleoproterozoica (Mougeot 1996, Nutman & Cordani 1992), seja como bacia de antepaís do
tipo periférica (Ledru et al. 1997), seja como bacia de colapso orogênico (Delgado et al. 2003).

Em especial, o Grupo Jacobina que sustenta topograficamente a serra homônima é portador de jazidas minerais
de ouro, manganês, barita e ametista que são, segundo os autores citados abaixo, de origem hidrotermal/epiter-
mal e relacionadas à percolação de fluidos ao longo de zonas de cisalhamento paleoproterozoicas (Ledru et al.
1997, Teixeira et al. 2001, Milési et al. 2002) com “gatilho” termodinâmico atribuído ao magmatismo peraluminoso
com idade aproximada de 2,0Ga (Rudowski 1989, Cuney et al. 1990, Leite 2002, Milési et al. 2002).

S er ra d e Jaco b i n a e Co n ten d a s - M i ra nte • 397

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Neste capítulo, será documentado o conhecimento (1998) definiram a compartimentação litoestratigráfi-
sobre a geologia dessas regiões com ênfase no Gru- ca dessa unidade dividindo-a em três domínios ígneos
po Jacobina e na Sequência Metavulcanossedimentar e um domínio sedimentar pelito-psamítico, todos me-
Contendas-Mirante, sendo descritos de forma sucinta tamorfizados na fácies xisto verde. Todavia, o empilha-
o Greenstone Belt de Mundo Novo e o Complexo Saú- mento litoestratigráfico sugerido por esses autores é
de, sempre reportando às diversas subdivisões litoes- motivo de grande controvérsia, uma vez que incluíram
tratigráficas, propostas por diversos autores, para as unidades litológicas antes definidas como integrantes
sequências metassedimentares destas unidades geo- ou do Grupo Jacobina (Leo et al. 1964) ou do Comple-
tectônicas. No Grupo Jacobina serão abordadas as co- xo Itapicuru (Couto et al. 1978) ou ainda do Complexo
lunas estratigráficas propostas por diversos autores, Saúde (Couto et al. 1978). Na falta de estudos comple-
os ambientes deposicionais das formações constituin- mentares de estratigrafia e análise de bacias, geologia
tes e suas relações com o magmatismo, a deformação estrutural, petrologia e geocronologia, o empilha-
e o metamorfismo experimentados durante a oroge- mento litoestratigráfico do greenstone belt em foco é
nia paleoproterozoica. Em virtude de seu significado o da sua definição original. Porém, por se considerar
metalogenético e geotectônico, o Grupo Jacobina e a que contêm contradições conceituais do ponto de vista
Sequência Metavulcanossedimentar de Contendas- de análise de bacias, as unidades metassedimentares
-Mirante serão discutidos no contexto de análise de são também abordadas e discutidas, em mais detalhe,
bacias em ambiente orogênico para a sugestão de um na descrição do Complexo Saúde e do Grupo Jacobina.
empilhamento estratigráfico e de modelos evolutivos. Vale destacar que a descrição mais detalhada do Gre-
enstone Belt Mundo Novo encontra-se no capítulo
IV. Entretanto, para efeito de melhor compreensão da
geologia da Serra de Jacobina, as principais unidades
2 Região da Serra de litológicas desse greenstone belt estão resumidas a

Jacobina seguir. Segundo Mascarenhas et al. (1998), as rochas


do Greenstone Belt Mundo Novo (Fig. VI.1) são a seguir
A Serra de Jacobina representa feição fisiográfica de agrupadas.
direção N-S com mais de 200km de extensão e largu-
ra que varia entre 10 e 20km (Fig. VI.1). O limite meri- 2.1.1 Domínio Máfico-Ultramáfico
dional desta serra está situado nos municípios de Ruy
Barbosa e Mundo Novo e o setentrional no município As rochas desse domínio incluem escamas tectônicas
de Jaguarari. Nessa região ocorrem: o Greenstone compostas por metaperidotitos com texturas cumu-
Belt de Mundo Novo, o Complexo Saúde e o Grupo láticas de olivina, piroxênio e cromita; metabasitos
Jacobina (Fig. VI.2), além de leucogranitos diversos, e metaultrabasitos; tremolititos e tremolita xistos;
descritos no capítulo V. hornblenditos e complexos máfico-ultramáficos mi-
neralizados em cromita. Essas escamas tectônicas es-
tão imbricadas ou nos ortognaisses do Bloco Gavião
PALEOARQUEANO-MESOARQUEANO ou nas rochas metassedimentares do Grupo Jacobina
e do Complexo Saúde.
2.1 Greenstone Belt Mundo Novo
Segundo Mascarenhas et al. (1998), os anfibolitos lo-
O reconhecimento e a caracterização do Greenstone calizados próximo da cidade de Mundo Novo possuem
Belt Mundo Novo (GBMN) se devem a Mascarenhas assinatura geoquímica que caracterizam basaltos de
& Silva (1994). Posteriormente, Mascarenhas et al. assoalho oceânico (MORB) e os hornblenditos mos-

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Figura VI.1 – Mapa esquemático com as unidades geotectônicas da região onde está situado o Lineamento Contendas-Jacobina.
Adaptado de Sabaté et al. (1990a) e Teixeira et al.(2000).

S er ra d e Jaco b i n a e Co n ten d a s - M i ra nte • 399

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Figura VI.2 – Mapa geológico das rochas metavulcanossedimentares da Serra de Jacobina.

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tram assinaturas geoquímicas de basaltos komatiíti- metavulcânicas félsicas (Fig.VI.3c) evidenciam conta-
cos. Os tremolititos e tremolita xistos são subsatura- minação crustal e processos de alteração hidrotermal
dos (42 a 47% de SiO2 , 21 a 30% de MgO) e enriqueci- (Mascarenhas et al. 1998) (CAPÍTULO IV).
dos em Ni (558-1776ppm) e Cr (1868 a 5993ppm). Seus
padrões de elementos Terras Raras (ETR) mostram
ligeiro enriquecimento em elementos leves (Fig. VI. a
3a) e suas assinaturas geoquímicas são semelhantes
aos komatiítos dos greenstone belts arqueanos, po-
rém com enriquecimento em Terras Raras leves o que
pode ser resultante de processos de contaminação
crustal (Fróes & Mascarenhas 1996) (CAPÍTULO IV).

2.1.2 Domínio Vulcânico Máfico

Nesse domínio são encontrados metabasaltos com


estruturas tipo pillow lava e amigdaloidal que ocor-
rem nas regiões de Pindobaçu (Roig et al. 1992) e b
de Mundo Novo (Mascarenhas et al. 1992, Souza et
al. 2002) e rochas máficas com texturas subofíticas
(Mascarenhas et al. 1998). Os metabasaltos mostram
assinatura geoquímica com quartzo e hiperstênio
normativos e padrões de distribuição de ETR (Fig.
VI.3b) que se enquadram nos campos dos toleiítos
de back–arc ou de arcos de ilhas (Mascarenhas et al.
1998) (CAPÍTULO IV).

2.1.3 Domínio Vulcânico Félsico-Sedimentar

Esse domínio inclui metadacitos, metarriodacitos c


com estruturas variolíticas, metatufos de cristais de
composição andesítica e rochas piroclásticas. Essas
rochas ocorrem no município de Mundo Novo e es-
tão associadas a metacherts sulfetados, formações
ferríferas e metagrauvacas. No município de Piritiba,
ocorrem metandesitos que se apresentam com forte
epidotização e disseminação de sulfetos. No seu con-
junto, esse domínio representa rochas vulcânicas fél-
sicas antes incluídas na “Unidade” Mundo Novo (Lou-
reiro 1991) do Complexo Itapicuru (Couto et al. 1978).
A filiação é calcialcalina, segundo teores médios de
79% de SiO2 , 10,5% de Al2O3 , 0,15% de TiO2 , além de Figura VI.3 – Padrões de distribuição dos ETR (a, b, c)
das rochas ígneas do Greenstone Belt de Mundo Novo
altos valores de Ba (564-795ppm) e Sr (60-69ppm)
(Mascarenhas et al. 1998).
(Mascarenhas et al. 1998). Os padrões de ETR das

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2.1.4 Domínio Metassedimentar metassedimentares do Grupo Chapada Diamantina.
No lado leste são abundantes e, macroscopicamente,
O domínio metassedimentar engloba as rochas que apresentam estrutura migmatítica bandada com me-
são referidas na literatura como Unidade Itapura lanossomas/mesossomas enriquecidos em cordierita
(Loureiro 1991) do Complexo Itapicuru (Couto et al. e biotita, além de leucossomas formados de quartzo e
1978), no Complexo Saúde (Melo et al. 1995) e as for- feldspato. A granada ocorre associada aos leucosso-
mações Bananeiras, Cruz das Almas (Leo et al. 1964) mas ou nas interfaces leucossoma/melanossoma. O
e Água Branca (Griffon 1967) do Grupo Jacobina. As- bandamento mostra feições de dobramento e cisalha-
sim, para Mascarenhas et al. (1998) as rochas desse mento, com lineações de estiramento mineral mar-
domínio incluiriam metapelitos, metarcóseos, me- cadas por micas e agregados quartzo-feldspáticos.
tagrauvacas, paragnaisses aluminosos não-grana- A granada e a cordierita podem ser vistas a olho nu,
díferos, quartzitos, calcissilicáticas e kinzigitos. Essa constituindo porfiroblastos de até 2cm de diâmetro.
proposta implica que esse domínio abrangeria rochas Ao microscópio, os kinzigitos mostram foliação espa-
sedimentares metamorfizadas nos fácies anfibolito çada a foliação milonítica. A foliação espaçada é pre-
alto a granulito baixo do Complexo Saúde (Leite 2002) dominante e subdividida em domínios de xistosidade,
e nos fácies xisto-verde a anfibolito do Complexo Ita- constituídos essencialmente por granada, cordierita e
picuru e do Grupo Jacobina (Couto et al. 1978, Melo et biotita, e domínios descontínuos a lenticulares, com-
al. 1995, Leite 2002). postos predominantemente por quartzo, plagioclásio
e rara granada.

NEOARQUEANO-PALEPROTEROZOICO Os paragnaisses não-granadíferos são as rochas que


estão em contato com aquelas do Greenstone Belt
2.2 Complexo Saúde Mundo Novo e do Grupo Jacobina, ao longo das suas
bordas orientais, embora apareçam raramente tam-
O Complexo Saúde (Couto et al. 1978, Melo et al. 1995) bém à oeste, próximos ao sopé dos contrafortes da
é constituído dominantemente por paragnaisses não- Chapada Diamantina. São rochas de coloração cinza,
-granadíferos e kinzigitos, além de rochas cálcissilicá- granulações variando desde fina a grossa e são enri-
ticas e quartzitos. Formam uma faixa quase contínua quecidas em sillimanita fibrolítica. Nos paragnaisses
situada a leste do Grupo Jacobina e do Greenstone situados a leste da cidade de Mundo Novo, notam-se
Belt Mundo Novo (Fig.VI.2), bem como afloramentos bandamentos composicionais que refletem o acama-
isolados sobre os ortognaisses do Bloco Gavião loca- damento primário com o desenvolvimento de assem-
lizados basicamente a leste da Serra de Jacobina, em- bleias mineralógicas a cordierita + fibrolita + biotita
bora ocorram alguns afloramentos situados a oeste nas camadas originalmente mais pelíticas. Observa-se
da Serra. Melo et al. (1995) sugeriram um protólito uma foliação paralela ao acamadamento que é dobra-
grauváquico para os paragnaisses com assembleias da por arrastos sinistrais ou dextrais, com a formação
mineralógicas formadas em condições de metamor- de nódulos elipsoidais, centimétricos, compostos por
fismo da fácies anfibolito superior (Leite 2002). quartzo + fibrolita ± moscovita. Observa–se também
a presença de porfiroblastos compostos por cordierita
Os kinzigitos delimitam a borda oriental do Complexo com inclusões de quartzo e opacos e que são orlados
Saúde (Fig.VI.2), constituindo grandes afloramentos por coroas esbranquiçadas de quartzo + feldspato,
isolados e circundados por ortognaisses. Seus aflora- sugerindo condições de anatexia in situ, nas quais a
mentos são menos comuns a oeste da Serra de Jaco- cordierita é a fase sólida residual. Ao microscópio, as
bina quando estão parcialmente sotopostos às rochas bandas escuras são compostas por cordierita, biotita,

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opacos e plagioclásio, e formam uma foliação contí- cal. Os quartzitos mostram–se fortemente cominuí-
nua ou uma fábrica de forma planar devido ao forte dos e friáveis, sendo observados nódulos achatados
achatamento dos grãos. Esses minerais incluem finos (oblatos) constituídos por moscovita e fibrolita.
prismas de sillimanita, estaurolita, monazita e zircão.
As bandas claras são mais espessas e compostas por
grãos de quartzo e plagioclásio, segundo contatos in- PALEOPROTEROZOICO
terlobados entre si. O estiramento destes grãos é bem
menos pronunciado do que o das fases ferro-magne- 2.3 Grupo Jacobina
sianas. A sillimanita fibrolítica substitui o plagioclásio,
além dos minerais ferro-magnesianos. Leo et al. (1964) foram os primeiros a descrever a geo-
logia do Grupo Jacobina, definindo as unidades estra-
As rochas cálcissilicáticas ocorrem a leste da cidade tigráficas, feições estruturais e sedimentares. Desde
de Jacobina. Na literatura não são registrados dados então, têm sido propostos vários empilhamentos lito-
petrográficos dessas rochas. Elas exibem coloração estratigráficos para esta bacia, o que tem gerado con-
cinza com bandamento metamórfico e agulhas cen- trovérsias e debates sobre sua origem e natureza (Tab.
timétricas de tremolita quando em contato com os VI.1). Tais controvérsias só poderão ser sanadas com
leucogranitos (CAPÍTULO V). Localmente se observa estudos detalhados de sedimentologia, estratigrafia,
diopsídio e dolomita. geologia estrutural, metamorfismo, geocronologia e
análise da evolução da bacia. Por isso, adotou-se aqui
Os quartzitos estão em contato com os ortognaisses a proposição de Leo et al. (1964) para o empilhamento
do embasamento do Bloco Gavião, através de uma litoestratigráfico do Grupo Jacobina, sempre referen-
zona de cisalhamento de alto ângulo com direção ciando suas formações às proposições admitidas por
meridional e mergulho para leste e que é marcada outros autores. A seguir, são resumidamente descri-
por veios de quartzo que sustentam a topografia lo- tas as unidades litoestratigráficas do Grupo Jacobina.

INTERPRETAÇÕES SOBRE A ESTRATIGRAFIA


CONJUNTOS
LITOLÓGICOS Mascarenhas et al. Ledru et al. (1997)
Leo et al. (1964) Couto et al. (1978)
(1996) (Modelo rift) (Bacia de antepaís)

Greenston Belt
Águia Branca Cruz das Almas Complexo Itapicuru Cruz das Almas
Mundo Novo

Serra do Meio Cruz das Almas Complexo Itapicuru Serra do Meio Cruz das Almas

Cruz das Almas Cruz das Almas


Cruz das Almas Complexo Itapicuru Cruz das Almas
(Strictu sensu) (Strictu sensu)

Rio do Ouro Rio do Ouro Rio do Ouro Rio do Ouro Rio do Ouro

Serra do Córrego Serra do Córrego Serra do Córrego Serra do Córrego Serra do Córrego

Greenston Belt
Bananeira Bananeira Complexo Itapicuru Cruz das Almas
Mundo Novo

Tabela VI.1 – Principais interpretações litoestratigráficas


das unidades metassedimentares da Serra de Jacobina (segundo Mascarenhas et al. 1998).

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2.3.1 Formação Bananeira da fuchsita. Todavia, não são observados seixos de
extraclastos de ortognaisses e granitos e tampouco
Na parte sul do Grupo Jacobina, na região do povoado de intraclastos de metapelitos. A matriz mostra as-
da Bananeira, situada a leste da cidade de Miguel Cal- sembleia mineralógica fruto de metamorfismo com
mon (Fig. VI.2), ocorrem xistos associados a filitos e intensa atividade hidrotermal, composta por quartzo,
formações ferro-manganesíferas. Os xistos mostram moscovita/fuchsita, andaluzita, sulfetos, magnetita,
grãos poiquiloblásticos de andaluzita com inclusões ilmenita, cromita, rutilo cromitífero, turmalina e ouro,
de estaurolita (Fig. VI.4a), em matriz rica em biotita, além de outros constituintes menores. Em domínios
moscovita, plagioclásio, quartzo e sillimanita. Esta de baixa deformação, ainda é possível observar nos
última ocorre na forma prismática como inclusão em quartzitos, estratificações cruzadas acanaladas que
andaluzita ou na forma fibrolítica, externa ou ao lon- indicam direções de paleocorrentes para oeste (Mo-
go de microfraturas na andaluzita (Fig. VI.4b). Nestes linari & Scarpelli 1988).
xistos, Leo et al. (1964) descrevem, também, assem-
bleias com cordierita, granada do tipo espessartita, 2.3.3 Formação Rio do Ouro
biotita e clorita. Os filitos apresentam foliação mi-
lonítica e estão mineralizados em manganês e ferro. A Formação Rio do Ouro (Leo et al. 1964) tem espes-
As formações ferro-manganesíferas são atualmente sura próxima de 2000m e é composta por quartzitos
lavradas na Mina da Bananeira e alternam níveis ri- brancos ou esverdeados, associados a níveis delgados
cos em manganês ou em óxido de ferro, com itabiritos e descontínuos de metaconglomerados. Estratigra-
e metacherts. O contato entre níveis de composição ficamente está situada entre a Formação Cruz das
diferenciada varia entre transicional e abrupto. Essa Almas (mais velha) e a Formação Serra do Córrego
associação de fácies dominantemente metapelítica (mais nova) segundo contatos milonitizados (Leo
apresenta variadas denominações, a saber: Formação et al. 1964). Em domínios de menor deformação, os
Bananeiras (Leo et al. 1964), Grupo Jacobina Inferior quartzitos da Formação Rio do Ouro exibem estrati-
(Griffon 1967), Complexo Itapicuru (Couto et al. 1978) ficação cruzada tabular (Fig.VI.4d) com indicação de
ou sequência metassedimentar do Greenstone Belt de paleocorrentes com sentido de leste para oeste (Moli-
Mundo Novo (Mascarenhas & Silva 1994, Mascare- nari & Scarpelli 1988), ripples de onda (Fig. VI.4f) e es-
nhas et al. 1998). tratificações cruzadas do tipo espinha-de-peixe, bem
como estruturas geopetais como granodecrescência
2.3.2 Formação Serra do Córrego ascendente.

A Formação Serra do Córrego (Leo et al. 1964) ocorre Tanto os metaconglomerados quanto os quartzitos
nas porções centrais e ao longo da borda ocidental são portadores de jazimentos auríferos que formam
do Grupo Jacobina e é constituída por metaconglo- lodes ao longo de zonas de cisalhamento. Os mine-
merados e quartzitos (Fig. VI.2) formando camadas rais do minério aurífero são constituídos de minerais
amalgamadas e milonitizadas. Os metaconglomera- de argila, pirita, turmalina, moscovita e fucsita, esta
dos formam camadas métricas que exibem ciclos de última substituindo andaluzita e flogopita (Milési et
granodecrescência ascendente e seixos que variam de al. 2002).
angulosos a subarredondados, sendo em grande par-
te milonitizados (Fig. VI.4e). Esses seixos representam Na parte norte da Serra de Jacobina, na região de Pin-
intraclastos compostos essencialmente por quartzo dobaçu, ocorrem quartzitos associados a andaluzita
e fragmentos de quartzito das mais variadas compo- xistos. Mascarenhas et al. (1992) agruparam essas ro-
sições, alguns deles esverdeados, devido à presença chas na Formação Serra da Paciência. Não há registro

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de estruturas primárias nesses quartzitos. Essas ro- de Mundo Novo (Mascarenhas & Silva 1994, Masca-
chas podem tanto representar uma mudança lateral renhas et al. 1998).
de fácies da Formação Rio do Ouro ou daquela deno-
minada Serra do Meio (quartzitos com níveis de meta- No extremo centro-oeste da Serra de Jacobina, furos
conglomerados e de grafita-cianita/andaluzita xistos de sondagem da Jacobina Mineração (proprietária
de Grifon 1967 ou Mascarenhas et al. 1998, Tab.VI.1) de minas de ouro na Serra de Jacobina) atravessa-
que por sua vez representa proposta de subdivisão da ram nível de rocha verde escura, bastante densa com
Formação Cruz das Almas (Leo et al. 1964). estrutura xistosa e apresentando porfiroblastos mi-
limétricos de granada. A assembleia mineralógica,
2.3.4 Formação Cruz das Almas além da granada, é composta por estaurolita, biotita,
clorita, dolomita, magnetita e coríndon ou quartzo.
Ao longo da borda oriental da Serra de Jacobina ocor- Ao microscópio, observam-se inclusões de cloritoide
re uma sequência metassedimentar em contato atra- e quartzo nos grãos de granada (Fig.VI.4c), enquanto
vés de zonas de cisalhamento de alto ângulo com os nas suas bordas ocorre dolomita. O posicionamento
ortognaisses do Bloco Gavião e as rochas metassedi- estratigráfico dessa rocha é duvidoso e pode tratar-se
mentares do Complexo Saúde (Fig.VI.2). Essa sequên- de rocha de posicionamento alóctone.
cia é composta por xistos a clorita e sericita, filonitos,
filitos, metacherts, quartzitos com níveis descontínuos 2.3.5 Rochas Magmáticas
de grafita-andaluzita xistos e de metaconglomerados,
formações ferríferas bandadas, ora em acamadamento No âmbito do Grupo Jacobina, de forma restrita, ocor-
rítmico, ora em contato por cisalhamento. Essa asso- rem intercaladas nas formações Serra do Córrego e
ciação de fácies apresenta mineralizações de manga- Rio do Ouro: (i) metaultramáficas (serpentinitos com
nês e de barita. Esta última constitui veios associados a relictos de orto, clinopiroxênio e de olivina, talco-clo-
quartzitos e é lavrada na Mina de Itapura, localizada no rita-xistos e tremolita-xistos com sulfetos e biotita),
município de Miguel Calmon. Os quartzitos com níveis de afinidade toleiítica ou komatiítica (Topitsch 1993),
de metaconglomerados e de cianita-andaluzita-xistos dispostas paralelamente à estruturação das rochas
exibem estratificação que varia de plano-paralela à metassedimentares e que são interpretadas como
espinha-de-peixe, bem como estratificação cruzada do sills (Leo et al. 1964, Teixeira et al. 2000) ou escamas
tipo hummocky (Mascarenhas et al. 1998). tectônicas do manto (Couto et al. 1978, Sabaté 1992),
além de (II) diques de gabro–diabásio, dispostos de
Essa unidade metassedimentar tem recebido as mais modo oblíquo a estruturação regional N–S das rochas
diversas nomenclaturas estratigráficas, fruto basica- metassedimentares.
mente das variadas interpretações sobre a origem da
bacia: (i) Formação Cruz das Almas (Leo et al. 1964, Balizando o Grupo Jacobina, tanto a leste em seu con-
Ledru et al. 1997); (ii) desmembrada por Griffon (1967), tato com as rochas metassedimentares do Complexo
do topo para a base, em Formação Cruz das Almas Saúde, quanto a oeste com os TTG do Bloco Gavião,
(xistos com níveis de quartzitos), Formação Serra do ocorrem uma série de maciços leucograníticos pe-
Meio (quartzitos com níveis de metaconglomerados e raluminosos (Cuney et al. 1990, Rudowski 1989, Leite
de grafita-cianita/andaluzita xistos) e Formação Água 2002, Leite et al. 1999, 2005, 2007). Esses leucograni-
Branca (quartzitos, filitos, xistos, formações ferríferas tos são descritos no CAPÍTULO V e foram importantes
e metacherts com mineralizações de Mn); (iii) Com- para a evolução do metamorfismo regional e das gê-
plexo Itapicuru, Unidade Itapura (Couto et al. 1978) e neses das mineralizações auríferas e de esmeraldas
(iv) Sequência Metassedimentar do Greenstone Belt do Grupo Jacobina, conforme será referido adiante.

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a b

c d

e f

Figura VI.4 – Fotos e micrografias das rochas do Grupo Jacobina: (a) Inclusões de estaurolita (St) e plagioclásio (Pl) em poiquiloblasto de
andaluzita (And) de amostra da Formação Bananeira, no povoado homônimo; (b) Sillimanita (Sill) prismática {010} associada à biotita (Bt),
ambas inclusas em andaluzita (And). Externamente, verifica–se a presença de fibrolita (Sill) que se projeta internamente no poiquiloblasto,
ao longo das microfraturas. Amostra da Formação Bananeira, no povoado homônimo; (c) Paragêneses da fase progressiva do
metamorfismo, constituída por cloritoide (Cld)+quartzo (Qtz)+moscovita (Ms), inclusa no grão de granada (Grt), em amostra de testemunho
de sondagem da mina de ouro de João Belo da Formação Cruz das Almas do bordo ocidental do Grupo Jacobina. Amostra cedida por João
B. Teixeira; (d) Estratificação cruzada tangencial de médio porte sugerindo origem fluvial para o protólito desta amostra de quartzito da
Formação Rio do Ouro, Grupo Jacobina; (e) Metaconglomerado constituído essencialmente por seixos de quartzito da Formação Serra do
Córrego, Grupo Jacobina; (f) Marcas onduladas de corrente bidirecional sugerindo origem por ação de ondas para o protólito desta amostra
de quartzito, Formação Rio do Ouro, Grupo Jacobina.

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2.4 Tectônica Pequenas dobras parasíticas mostram-se assimétri-
cas e recumbentes, com movimentação relativa de
2.4.1 Estruturas Dúcteis topo para WNW (Leite 2002, Leite et al. 2007). Esses
elementos estruturais também sugerem uma tectôni-
Dois grandes eventos de deformação dúctil, atribuídos ca tangencial de baixo ângulo para o primeiro evento
à orogenia paleoproterozoica, riaciana/orosiriana (Tab. de deformação D1.
III.1), caracterizam a evolução estrutural das unidades
da Serra de Jacobina (Sabaté et al. 1990a,b, Mascare- Nos paragnaisses não-granadíferos, próximo ao limi-
nhas & Garcia 1989, Mascarenhas & Silva, 1994, Melo te com o Greenstone Belt Mundo Novo, o bandamento
et al. 1995, Ledru et al. 1997, Mascarenhas et al. 1998, gnáissico (S0//S1’) é marcado por variações quantita-
Silva et al. 1997, 2002, Leite 2002, Milési et al. 2002, Oli- tivas de biotita e por feições de anatexia in situ carac-
veira et al. 2004). O primeiro evento deformacional (D1’) terizadas por porfiroblastos de cordierita + biotita (re-
é registrado por dobras com ampla variedade de esti- síduos mineralógicos) que estão envolvidos por halos
los (abertas, fechadas, chevron, bainha, simétricas, as- de quartzo + feldspato (líquido) (Leite 2002, Leite et
simétricas) com posições amplamente variáveis, desde al. 2005, 2007). Este bandamento está orientado se-
N-S até E-W e que foram nucleadas sob um campo gundo direções que variam de NNE a ENE e mergulho
compressional, segundo ESE-WNW. Os eixos cônicos com baixo a médio ângulo para ESE-SSE.
dessas estruturas sugerem vergência para oeste.
No Grupo Jacobina, a foliação S1’ só é observada nas
No Complexo Saúde, os kinzigitos que balizam a borda microestruturas dos metapelitos e nas sombras de
oriental do Complexo Saúde, em contato com os or- deformação dos porfiroblastos de andaluzita. Essa fo-
tognaisses arqueanos do Bloco Gavião (Fig.VI.2), mos- liação é caracterizada por domínios ricos em quartzo
tram complexo arranjo estrutural. Na porção centro- alternados com domínios ricos em biotita e moscovita
-setentrional da Serra de Jacobina, os ortognaisses e está redobrada e transposta por uma foliação milo-
configuram porções rochosas envolvidas pelos kin- nítica S1’’ dominantemente micácea (Fig. VI.5a).
zigitos que aparentemente podem representar imbri-
cações de escamas tectônicas do embasamento. Já O segundo evento de deformação (D1’’) é caracteriza-
nos afloramentos próximos do Cinturão ItabunaSal- do por partição da deformação em domínios regionais
vador-Curaçá (CAPÍTULO III), situados entre as cida- de cisalhamento dúctil ora predominantemente com-
des de Mairi e Mundo Novo, os kinzigitos conformam pressivo, ora transcorrente. Estes domínios mostram
porções rochosas contornadas pelos ortognaisses. direção NNE-SSW e possuem alto ângulo de mer-
Loureiro (1991) sugeriu que essas tramas tectônicas gulho com movimentação relativa dominantemente
representam feições do tipo nappe, tais como teste- sinistral-reversa. Dobras regionais mostram planos
munhos (klippes) e janelas (fensters), representados axiais NNE-SSW, enquanto dobras tardias ocorrem
pelos kinzigitos e ortognaisses, respectivamente. Tal apenas localmente, redobrando a foliação S1’’ (Ledru
hipótese implica que os kinzigitos seriam transporta- et al. 1997). Nos cortes das estradas Mundo Novo-
dos da parte norte do Cinturão Granulítico Itabuna- -Morro do Chapéu e Mundo Novo-Piritiba, as rochas
-Salvador-Curaçá sobre os ortognaisses do Bloco do Greenstone Belt de Mundo Novo apresentam do-
Gavião durante o primeiro evento de deformação D1’. bras (D1’’) normais, assimétricas, de baixa amplitude
com vergência para oeste (Mascarenhas et al. 1998).
Nos kinzigitos, o bandamento composicional do pri-
meiro evento (S1’) mostra ampla variação de direção No Complexo Saúde, seus limites ocidental e oriental
no quadrante ENE com mergulhos suaves para SSE. são representados por zonas regionais de cisalha-

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mento dúctil com direção meridional e alto ângulo meridiana e mergulho de alto ângulo. Esse padrão
de mergulho (Fig.VI.2). Nelas, são observados tanto anastomosado inclui também os maciços de leuco-
domínios compressivos com vergência predominante granito que mostram arranjo geométrico na forma de
para oeste, quanto domínios de transcorrência com boudins com o milonito-xisto encaixante do Complexo
cinemática dominantemente sinistral (Leo et al. 1964, Saúde (Fig.VI.5b). A lineação de estiramento associa-
Griffon 1967, Couto et al. 1978, Sabaté et al. 1990a, b, da (LX1’’) é predominantemente, de baixo rake, sendo
Melo et al. 1995, Ledru et al. 1997, Mascarenhas et al. marcada por biotita, barras de quartzo e nódulos de
1998). fibrolita+quartzo±moscovita. Os nódulos mostram
geometrias variadas, desde tipo “charuto” (prolato)
Nos kinzigitos, os domínios compressivos D1’’ compre- até na forma de “omelete” (oblato). Ao microscópio, os
endem redobramentos do bandamento composicio- nódulos prolatos são compostos por fibrolita+quartzo,
nal segundo padrão em laço (tipo III de Ramsay 1967) enquanto os oblatos por quartzo+moscovita, a última
com foliação de plano axial (S1’’) verticalizada e de di- substituindo a fibrolita. Esses nódulos também ocor-
reção meridiana. Nesta foliação, os porfiroblastos de rem nos leucogranitos em contato que, entretanto,
cordierita estão orientados e constituem lineação de são mais ricos em quartzo e representam cristaliza-
estiramento (LX1’’) de baixo rake. Em lâmina delgada, ção subsolidus ao longo de superfícies S e C de cisa-
os porfiroblastos mostram inclusões de granada e de lhamento com cinemática ora dextral (predominan-
sillimanita, esta última constituindo níveis microdo- te), ora sinistral (Leite 2002, Leite et al. 2005, 2007). A
brados. Nos paragnaisses não-granadíferos, os domí- variação de formas geométricas nos nódulos dos leu-
nios dominados por regimes compressivos mostram cogranitos, incluindo também a forma planar, indica
bandamento composicional (S0//S1’) dobrado em esti- mudanças no regime de fluxo do cisalhamento D1’’,
lo desarmônico que inclui dobras oblíquas e em bai- pois envolve deformação ou por achatamento (obla-
nha com eixos (LB1’’) em ampla variação de caimento to) ou por cisalhamento simples (planar) ou ainda por
para NW e SE. estiramento (prolato) (Leite 2002, Leite et al. 2004).

Ainda na porção ocidental do Complexo Saúde, as ro- No Grupo Jacobina, as estruturas dominantes da de-
chas calcissilicáticas estão dobradas (D1’’) em estilos formação D1’’ são de cisalhamento dúctil, transcor-
diversos (Fig.VI.5c, VI.5d) com planos axiais sub-verti- rente de direção meridiana e de alto ângulo. Domínios
cais orientados na direção NNE e eixos (LB1’’) com cai- de dobramento são raros a exemplo da parte sul do
mentos variáveis (15º a 800) para NNE ou SSW. Obser- Grupo Jacobina, região de Sapucaia, onde os meta-
vam–se, também, estreitas zonas de cisalhamento ao pelitos da Formação Bananeira ocupam o núcleo de
longo dos flancos das dobras com filões portadores uma dobra (D1’’) aberta, sinformal, assimétrica, com
de turmalina nos planos de S1’’. Boudins de quartzo, amplitude próxima de 1km e flancos marcados por
dobrados ao longo do envoltório de D1’’ (Fig. VI.5d) metaconglomerados e quartzitos (Formações Serra
indicam uma fase de deformação pretérita (D1’?) con- do Córrego e Rio do Ouro). Para Ledru et al. (1997), os
trolada, localmente, por condições de estiramento se- metapelitos correspondem a nappes transportadas
guido por condições de encurtamento (D1’’). sobre os metapsamitos segundo contatos reversos,
durante a deformação (D1’) e que foram redobrados
Nos domínios transcorrentes D1’’, a trama tectônica com componentes de transcorrência sinistral na de-
predominante é o padrão anastomosado e lenticu- formação (D1’’).
lar entre os quartzitos, as calcissilicáticas e os pa-
ragnaisses não-granadíferos, segundo contatos ca- Os limites do Grupo Jacobina e os contatos entre suas
racterizados por foliação milonítica de direção geral formações expressam os domínios dominantemente

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b

Figura VI.5 – Fotos e micrografias das rochas da Serra de Jacobina: (a) Foliação S1’ dobrada e transposta pela foliação S1” em sombra de
tensão de porfiroblasto de andaluzita (And). Amostra da Formação Cruz das Almas; (b) Borda setentrional do leucogranito Cachoeira
Grande, em que tanto as porções magmáticas quanto a rocha metassedimentar encaixante (paragnaisse não–granadífero) mostram feições
de estiramento em regime de constrição. O material granítico por ter maior competência foi deformado por boudinage. Afloramento no
povoado Sapucaia (norte paralelo ao eixo da bússola e no sentido do lado esquerdo da figura); (c) Rocha calcissilicática dobrada (D1”) com
plano axial subvertical (Complexo Saúde) e zona de transposição (ao lado da lapiseira) nos flancos das dobras (norte paralelo à lapiseira
e no sentido do lado direito da figura); (d) Rocha calcissilicática dobrada (D1”) com plano axial subvertical (Complexo Saúde). Filões
pegmatoides (Peg) se colocaram ao longo de S1” e, ao reagirem com a calcissilicática proporcionaram a cristalização de turmalina (Tur) ao
longo das superfícies S1’ e S1”. Boudins de quartzo dobrados (D1”) indicam que a fase de deformação D1’ foi controlada por estiramento e D1”
por encurtamento (norte paralelo à lapiseira e no sentido do topo da figura). Afloramento ao longo da estrada Capim Grosso–Jacobina.

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transcorrentes, dúcteis, (D1’’). As zonas de falhas de relativa sinistral, arrastam nódulos de sillimanita +
Pindobaçu e de Jacobina que limitam o grupo a leste quartzo e a fábrica magmática sintectônica dos leu-
e a oeste, respectivamente (Fig.VI.2), são caracteriza- cogranitos situados a leste da Serra de Jacobina e
das por foliação milonítica S1’’ com atitudes distintas. em contato com as unidades metassedimentares do
Enquanto na zona de falha de Pindobaçu a foliação Complexo Saúde e do Grupo Jacobina. Nessas super-
milonítica (S1’’) é dominantemente meridiana e sub- fícies são observadas estruturas de distensão (tension
verticalizada, na de Jacobina esta varia em direção gashes) preenchidas por filões pegmatoides ricos em
desde meridiana a quase leste-oeste, bem como, am- granada, e pobres em biotita (Leite 2002, Leite et al.
plamente em mergulho. Ainda na zona de falha de 2005) o que indica que o cisalhamento rúptil-dúctil
Jacobina ocorrem imbricações tectônicas de rochas foi contemporâneo à etapa tardia da cristalização do
ultramáficas e intrusões de complexos acamadados magmatismo peraluminoso sintectônico.
máfico-ultramáficos concordantes à (S1’’) (CAPÍTULO
VII). Na Mina da Bananeira, nas rochas da Formação Ba-
naneira são reportadas estruturas rúpteis constituí-
Os indicadores cinemáticos (planos S-C-C’, porfi- das por um conjunto de fraturas de tração e de zonas
roblastos com caudas assimétricas, foliação oblí- de cisalhamento marcadas por cataclasitos e estrutu-
qua e mica-fish) impressos na foliação (S”) indicam ras do tipo boxwork que são responsáveis pela inten-
transporte tectônico de ESE para WNW (Sabaté et sa fragmentação dos filitos, das formações ferríferas e
al. 1990a,b, Melo et al. 1995, Ledru et al. 1997, Mas- manganesíferas. As fraturas se apresentam com am-
carenhas et al. 1998, Leite 2002, Milési et al. 2002). pla variação de orientação e truncam todas as demais
As lineações de estiramento mineral (LX1”) ora apre- estruturas, indiscriminadamente. Essas estruturas
sentam forte rake, ora baixo a médio rake nos planos são relacionadas à tectônica distensional, tardia, da
da foliação milonítica, subverticalizada, o que sugere evolução orogênica paleoproterozoica, provavelmen-
um caráter transpressivo para esse transporte tectô- te relacionada à fase de colapso orogênico.
nico (Leite 2002). Outra trama tectônica importante
refere-se aos nódulos achatados (oblatos) constituí- Nos quartzitos da Formação Rio do Ouro, fraturas
dos por moscovita e quartzo (LX1”) com forte rake para de tração, preenchidas por brecha cataclástica, são
SE que ocorrem nos quartzitos da Formação Cruz das interpretadas como brechas de colapso formadas
Almas, sugerindo também que essa tectônica trans- durante os estágios finais da evolução orogênica da
pressiva foi acompanhada por circulação hidrotermal bacia (Ledru et al. 1997). Nesses quartzitos, cristais de
de fluidos redutores (Leite 2002, Leite et al. 2007). quartzo, incluindo ametista que é intermitentemente
garimpada, ocorrem ao longo de fraturas de tração
2.4.2 Estruturas Rúpteis-Dúcteis e Rúpteis e na matriz de brechas hidráulicas, cimentando frag-
mentos angulares de quartzito.
Estruturas rúpteis-dúcteis e rúpteis são pouco docu-
mentadas na Serra de Jacobina. Nos metapelitos da
Formação Cruz das Almas, veios de quartzo com ge- 2.5 Metamorfismo
ometria en echelon, formam tension gashes com ci-
nemática sinistral, ao longo da direção ENE-SSW, em Estudos de metamorfismo (Leite 2002, Leite et al.
arranjo oblíquo com a foliação milonítica (S1”). 2007) nas rochas metassedimentares aqui descritas
mostram dois domínios metamórficos distintos, ca-
Superfícies de cisalhamento rúptil-dúctil com dire- racterizados por assembleias mineralógicas que ex-
ção NNW, alto ângulo de mergulho e movimentação pressam evoluções em diferentes condições de pres-

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são e temperatura. Um dos domínios é representado Dados de geotermobarometria, obtidos a partir de
pelos kinzigitos e o outro inclui as demais rochas do métodos de calibração direta com as assembleias mi-
Complexo Saúde, do Grupo Jacobina e os leucograni- neralógicas dos kinzigitos, indicam temperaturas en-
tos em contato. tre 680º e 820º C e pressões entre 3,5 e 5,0kbar (Leite
2002). Segundo Leite (2002), estes dados refletem os
Nos kinzigitos, não foram observadas microestrutu- seguintes aspectos: (i) as temperaturas da fácies gra-
ras indicativas de reações do pico térmico do meta- nulito, entre 750º e 820º C foram obtidas com cálculos
morfismo. A cordierita constitui o mineral caracteri- a partir de análises químicas dos centros dos grãos de
zador das condições de metamorfismo e está sempre granada e de cordierita, nos kinzigitos situados pró-
ao redor ou incluindo restos de grãos de granada. As ximos da parte norte do Cinturão Itabuna-Salvador-
bordas dos grãos de cordierita mostram feições de -Curaçá (CAPÍTULO III); (ii) as temperaturas da fácies
migração sobre os de granada sugerindo que a pri- anfibolito (< 750º C) estão nos kinzigitos enriquecidos
meira se formou a partir do consumo da segunda. em cordierita e plagioclásio, situados próximos ao
Os prismas de sillimanita não estão em contato com Grupo Jacobina e ao Greenstone Belt Mundo Novo;
os de granada, sendo vistos sempre como inclusões, (iii) as temperaturas da fácies anfibolito representam
tanto nos grãos de plagioclásio quanto nos de cordie- aquelas de fechamento/bloqueio (Dodson 1973) da
rita. Estas microestruturas indicam reação ocorrida intertroca Fe-Mg entre granada e cordierita; (iv) es-
durante rápida descompressão orogênica (p.e. Harris ses dados reforçam o caráter alóctone dos kinzigitos
& Holland 1984) com a formação da cordierita por que seriam cristalizados nos níveis crustais profundos
desestabilização da granada, quando as condições de (condições da fácies granulito) e transportados como
metamorfismo passam de média para baixa pressão. nappes em direção ao antepaís do Orógeno Itabuna-
Os grãos de granada mostram composição de Alm66- -Salvador-Curaçá (CAPÍTULO III).
-79
Pir10-15Esp09-19And02-03 e XMg = 0,10-0,14, este último
valor sempre diminuindo centro para as bordas dos No Grupo Jacobina, dois litotipos possuem assem-
grãos (Leite 2002). Nos de cordierita, o XMg = 0,62- bleias mineralógicas e microestruturas de importante
0,66 há aumento do centro para as bordas dos grãos. significado geodinâmico: (i) sillimanita–andaluzita–
A biotita apresenta XMg = 0,44-0,50 e teores de TiO2 xisto com inclusões de estaurolita nos porfiroblastos
= 2,4 a 3,0% (Leite 2002). As projeções das composi- de andaluzita e (ii) estaurolita–granada–clorita–xisto.
ções químicas da granada, cordierita e sillimanita em O primeiro integra a Formação Bananeira e o segundo
diagramas no sistema FMAS e os cálculos estequio- a Formação Cruz das Almas (Leo et al. 1964, Tab. VI.1).
métricos indicam a seguinte reação divariante para
cristalização da cordierita (Leite 2002): No sillimanita–andaluzita–xisto, a sillimanita ocorre
tanto como inclusão prismática quanto na forma fi-
1,72Grt + 4,40Sill + 5,6Qtz ⇒ 3,82Crd (01) brolítica (Fig.VI.4b). Estaurolita inclusa em andaluzita
(Fig.VI.4a) indica relicto de assembleia mineralógica
Chama a atenção a presença de poiquiloblastos de pretérita formada em condições de média tempera-
plagioclásio que contêm as mesmas inclusões pre- tura e média pressão. Esta assembleia mineralógica
sentes nos grãos de cordierita, ou seja, sillimanita e teria sido desestabilizada por queda da pressão para
granada, o que indica crescimento conjunto do pla- cristalização da andaluzita, segundo a seguinte rea-
gioclásio e da cordierita em condições de queda da ção univariante no sistema KFMASH (Spear & Cheney
pressão. Neste caso, a granada seria originalmente 1989):
enriquecida em CaO e fonte para crescimento dos
grãos de plagioclásio (Leite 2002, Leite et al. 2007). Ms + St + Chl + Qtz ⇒ And + Bt + H2O (02)

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No estaurolita–granada–clorita–xisto são observadas o consumo do cloritoide, mas sim a presença de ex-
duas assembleias mineralógicas distintas. A primeira cesso de moscovita:
é constituída por coríndon + estaurolita + granada +
clorita + magnetita e nela são observados relictos de Ms1 + Grt + Chl ⇒ Bt + St + H2O (05)
cloritoide, moscovita e quartzo inclusos nos porfiro-
blastos de granada (Fig.VI.4c), além de cristais de do- Esta reação implica na desestabilização da granada
lomita nos bordos dos grãos de granada. A segunda e da clorita, por aumento da temperatura, ainda no
assembleia é constituída por estaurolita+biotita+ mo estágio progressivo do metamorfismo.
scovita+clorita+quartzo+pirita±fibrolita±coríndon.
Os grãos de granada mostram composição de Alm76- A paragênese 2 indica enriquecimento de Al2O3 e SiO2
-85
Pir14-24Esp00And00Gros00 e XMg=0,14-0,24 que decres- no sistema químico da reação e isto tem sido inter-
ce do centro para as bordas dos grãos (Leite 2002). pretado como produto da circulação de fluidos hidro-
Nos grãos de estaurolita, o XMg=0,19-0,23; nos de termais tardios no âmbito do Grupo Jacobina (Ledru
cloritoide, XMg=0,46 e nos de clorita, o XMg=0,56-0,58 et al. 1997, Leite 2002, Milési et al. 2002, Leite et al.
(Leite 2002). 2007). Texturas e reações hidrotermais/metassomá-
ticas, impressas sobre as paragêneses metamórficas
As inclusões de cloritoide e quartzo na granada su- progressivas, são identificadas nos metaconglomera-
gerem a seguinte reação progressiva e univariante no dos e quartzitos do Grupo Jacobina (Ledru et al. 1997,
sistema FMASH (Spear & Cheney 1989): Milési et al. 2002), nos leucogranitos e nos paragnais-
ses não–granadíferos do Complexo Saúde (Leite 2002,
Ctd + Qtz ⇒ Grt + St + Chl + H2O (03) Leite et al. 2005, Leite et al. 2007). Essas rochas mos-
tram a presença da sillimanita fibrolítica substituindo
Sabe-se que CaO e/ou MnO estabilizam granada a biotita, sendo que, nos leucogranitos a fibrolita está
temperaturas próximas de 500º C (Spear 1993). Entre- associada a quartzo e moscovita, formando nódulos,
tanto a granada desse xisto é pobre nesses compo- enquanto nas rochas metassedimentares alumino-
nentes (Leite 2002, Leite et al. 2007), mas a presença sas, substitui também plagioclásio e cordierita (Leite
de dolomita nas bordas dos grãos de granada sugere 2002, Leite et al. 2005, Leite et al. 2007).
que o CaO foi utilizado para cristalização dessa dolo-
mita. Adiciona-se o fato que a cristalização desse mi- Cristalização da fibrolita em condições petrológicas
neral, a partir da granada, ocorre quando há aumen- semelhantes é descrita a partir da circulação de flui-
to da fugacidade de CO2 e concomitante formação de dos ácidos, quentes e redutores que lixiviam cátions–
clorita, através da seguinte reação (Spear 1993): base de silicatos pré–existentes ou por aumento da
atividade de hidrogênio aH+ (Losert 1968, Yardley 1977,
Grt + CO2 ⇒ Chl + Dol (04) Fisher 1977, Foster 1977, Vernon 1979, Wintsch & An-
drews 1988) ou por decréscimo da fH2O (Eugster 1970).
As microestruturas da segunda assembleia mine- Assim, a formação da fibrolita envolveria a seguinte
ralógica indicam a presença de uma paragênese 1 reação (a, b, x, y = coeficientes estequiométricos) (Lei-
constituída por moscovita1+estaurolita+biotita±cor te 2002, Leite et al. 2005, Leite et al. 2007):
índon+magnetita e uma paragênese 2, de substitui-
ção, composta por moscovita2+clorita+quartzo+pirita K2(Mgx,Fey)4(Fe+3a,Alb,Tic)2[Si6Al2O20](OH,F)4 + 10H+(fl) ⇒
±fibrolita. É possível que a formação da paragênese ⇒ Al2SiO5 + 2SiO2 + 5H2O + 2[KAlb(OH,F)4. 3SiO2](fl) + 4(Mgx, Fe+2y)(fl)
1 represente a reação proposta por Spear & Cheney + 2 (Fe+3a, Ti+4c)(fl) (06)
(1989), na qual a formação da estaurolita não requer

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Moscovita que substitui fibrolita nos leucogranitos e Estimativas das condições de pressão e temperatura
nas rochas metassedimentares contém até 4,2% de para esse segundo domínio de metamorfismo foram
FeO e 1,07% de MgO (Leite 2002), sugerindo a seguin- obtidas por Leite (2002). No estaurolita–granada–
te reação: clorita-xisto, pressões mínimas de 3 kbar podem ser
estimadas devido à presença do par granada + estau-
2Al2SiO5 + 4[KAla(OH)4](fl) + 10(SiO2)(fl) + 8(Mg+ 2b, 8Fe+ 2c, 8Fe+3d)(fl)+ rolita sem biotita (Spear 1993). A reação (02) é demar-
2H2O ⇒ 2K2(Ala/2,Mg+ 2b,Fe+ 2c,Fe+3d)4(Si6Al2O20)(OH)4 + 12H+ (07) cada por uma reta univariante de forte declividade no
diagrama P-T e constitui um geotermômetro com T
Inclusões de sillimanita prismática em porfiroblastos ≈ 525º C (Spear & Cheney 1989). Os geotermômetros
de andaluzita coexistindo com fibrolita (Fig.VI.4b) in- granada + clorita e granada + estaurolita (Perchuk
dicam dois eventos distintos de cristalização do po- 1991) fornecem dados entre 560º e 600ºC. Para os xis-
limorfo sillimanita. Enquanto a forma prismática é tos com andaluzita, estimativas para o par biotita +
produto do metamorfismo progressivo, a fibrolita é moscovita (Hoisch 1989) estão entre 450º e 540ºC.
produto de reações que ocorreram durante ou após
a descompressão orogênica, pela circulação de flui- Ledru et al. (1997) reportam a presença dos três poli-
dos, associado à evolução subsolidus do magmatis- morfos Al2SiO5 nos metaconglomerados e nos quart-
mo peraluminoso (Leite 2002, Leite et al. 2005, Leite zitos auríferos, o que os levou a estimar condições de
et al. 2007). Essa circulação foi controlada pelas zo- pico metamórfico com P-T da ordem de 4,0-5,5kbar e
nas de cisalhamento, transcorrentes, da deformação 500-600ºC.
D1”, situadas entre os limites do Grupo Jacobina e os
leucogranitos (Leite 2002, Leite et al. 2005, Leite et al. As reações metamórficas de cristalização da estauro-
2007). lita (03) e a reação de sua desestabilização (02) são
representadas na grade petrogenética de Spear &
Nos metaconglomerados e quartzitos das formações Chenney (1989), no sistema KFMASH, por curvas uni-
Serra do Córrego e Rio do Ouro, Milési et al. (2002) variantes com forte declividade, segundo intervalos
mostram que ao longo das zonas de cisalhamento de temperaturas entre 500º e 650ºC (Fig. VI.6). Para
dúctil ocorreu também essa percolação de fluidos a reação (02), o polimorfo cristalizado é o da andalu-
hidrotermais. A cristalização de polimorfos de anda- zita, formada por queda de pressão durante o estágio
luzita e fibrolita na matriz dessas rochas foi seguida de denudação/soerguimento orogênico. Cristalização
por processos de sulfidação que envolveram substi- da fibrolita após o da andaluzita sugere aumento do
tuição de magnetita e ilmenita, detríticas, bem como grau geotérmico, tardiamente ou pós-soerguimento
de andaluzita por sulfetos, aos quais a mineralização orogênico, o que implica inflexão da trajetória P–T
aurífera está associada. Os dados isotópicos de enxo- para mais altas temperaturas (Fig.VI.6). Consideran-
fre S dos sulfetos (entre -0,5 e 1,3 ‰) e de d18O-dD do do que a cristalização da fibrolita está associada ao
fluido hidrotermal (+8 ± 1‰ e -36 ± 3‰, respectiva- evento hidrotermal, tanto nos leucogranitos quanto
mente) sugerem fonte magmática. Ainda para Milési nas rochas metassedimentares, essa inflexão na tra-
et al. (2002), o fato de a paragênese da mineralização jetória P–T do metamorfismo do Grupo Jacobina é
aurífera conter minerais portadores de Cr-Ni (fucsita interpretada a partir do magmatismo peraluminoso
sendo a de maior expressão) sugere a possibilidade intrusivo (Leite 2002).
de que além dos leucogranitos, as rochas máficas e
ultramáficas, em contato com os metaconglomera-
dos e quartzitos, teriam também suas assembleias
mineralógicas lixiviadas em Cr e em Ni.

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Figura VI.6 Trajetória P-T da evolução metamórfica dos xistos aluminosos do Grupo Jacobina no sistema KFMASH. A grade petrogenética com
os campos de estabilidade dos polimorfos de Al2SiO5 é a partir de Spear & Cheney (1989). Abreviações dos minerais segundo Kretz (1983).

2.6 Síntese e Evolução Tectônica do Grupo dor-Curaçá. Isso implica que a evolução sedimentar-
Jacobina -estratigráfica dessas formações foi controlada pelos
processos tectônicos associados ao soerguimento e
A evolução tectônica do Grupo Jacobina se insere na colapso do orógeno, o que a caracteriza como bacia de
colisão entre os Blocos Gavião, Itabuna-Salvador-Cu- antepaís periférica, isto é, situada na frente da cadeia
raçá e Serrinha durante o Paleoproterozoico (transi- de montanhas, durante os períodos sin e pós-colisão.
ção entre os Períodos Riaciano-Orosiriano, Tab.III.1)
(Barbosa & Sabaté 2002, 2004). O Grupo Jacobina As idades dos zircões detríticos dessas formações
representa uma bacia sedimentar situada ao longo com populações de 2,08Ga (idade do magmatismo
da zona de sutura colisional que é denominada de sin-colisional e do pico do metamorfismo orogênico,
Lineamento Contendas-Jacobina (Sabaté 1996) e tem Silva et al. 2002, Leite 2002) e de 3,4–3,3Ga (idades
como embasamento rochas do Bloco Gavião e do Gre- dos TTG do Bloco Gavião, Mougeot, 1996) indicam que
enstone Belt Mundo Novo, ambos com idades paleo- os ortognaisses do Bloco Gavião foram também so-
-mesoarqueanas. Estas duas unidades geotectônicas erguidos durante a colisão. Modelos de evolução de
sofreram subducção durante a colisão paleoprotero- bacias de antepaís periféricas mostram que durante
zoica (Melo et al. 1995), atuando assim como região os primeiros estágios da colisão, a margem passiva
de antepaís para o Orógeno Itabuna-Salvador-Cura- e seu embasamento continental, em subducção, são
çá (CAPÍTULO III). Dados de paleocorrentes indicam soerguidos, formando o intumescimento periférico
que a principal área fonte para as formações Rio do (forebulge) (Allen & Homewood 1986, Miall 1984,
Ouro e Serra do Córrego situava-se a leste (Molinari 1995, Van der Pluimj & Marshak 2004). Este intumes-
& Scarpelli 1988), ou seja, do Orógeno Itabuna-Salva- cimento passa a ser erodido e os sedimentos resul-

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tantes são transportados primeiro para a bacia oceâ- A ausência de registros de depósitos conglomeráticos
nica em estágio de fechamento e depois para a bacia do tipo fan-delta leva o autor deste texto a descartar
de antepaís, continental (Miall 1984, 1995). também um modelo simples de bacia evoluída em
ambientes geotectônicos de transcorrência intrapla-
No Ciclo de Wilson, uma bacia de antepaís periférica ca. Bacias de pull apart, típicas desses ambientes,
se implanta sobre a margem passiva do continente também apresentam falhas de borda com esse tipo
em subducção e esta por sua vez apresenta sequências de depósito (Miall 1995, Leeder 1999).
estratigráficas basais depositadas em paleoambiente
de rift continental (Dewey 1980, Miall 1984, 1995, Le- Possíveis registros da margem passiva do Bloco Gavião
eder 1999, Van der Pluimj & Marshak 2004), forma- são as unidades litológicas constituídas por paragnais-
do durante evento prévio de ruptura continental que ses não granadíferos, calcissilicáticas e quartzitos que
originou a margem passiva. Os metaconglomerados ocorrem a leste (Complexos Itapicuru e Saúde de Couto
do Grupo Jacobina poderiam representar depósitos et al. 1978, Melo et al. 1995) do Grupo Jacobina. Os pa-
gerados nessa fase rift (Horscroft et al. 1989, Masca- ragnaisses não granadíferos apresentam assinaturas
renhas et al. 1992, Mascarenhas & Silva 1994). Todavia, geoquímicas semelhantes às de sedimentos de fundo
a Formação Serra do Córrego não apresenta seixos do oceânico (Leite 2002), enquanto as rochas calcissilicáti-
embasamento ortognáissico. Em ambientes rift, depó- cas poderiam ter como protólitos rochas de sequências
sitos de fan-delta, associados a sistemas de falhas de estratigráficas mistas, carbonáticas e siliciclásticas.
bordas de rifts, nas margens dos grandes lagos, são Evidências de sedimentação em bacia marinha, asso-
caracterizados por seixos, blocos e matacões do em- ciada à margem passiva, são sugeridas pelos filitos fer-
basamento soerguido (Scholz et al. 1990, Miall 1995, ro-manganesíferos, formações ferríferas e metacherts
Leeder 1999). Os seixos da Formação Serra do Córre- das formações Bananeira e Cruz das Almas (Milési et
go são constituídos principalmente de quartzo e de al. 2002). Nos quartzitos da Formação Rio do Ouro, as
quartzito e mostram feições estruturais e paragêneses estruturas sedimentares tipo espinha-de-peixe, cru-
minerais evoluídas durante estágios de hidrotermalis- zada hummocky e ripples de onda (Fig.VI.4f) sugerem
mo do evento orogênico (Ledru et al. 1997, Milési et ambiente deposicional litorâneo com ação de corren-
al. 2002, Leite 2002). Com efeito, um modelo simples tes de maré e de ondas de tempestade. Apesar de não
de evolução rift, posteriormente invertido, para a Ba- conter extraclastos, a fração cascalho, essencialmente
cia de Jacobina (Horscroft et al., 1989, Mascarenhas et quartzosa, mal-selecionada e cisalhada da Formação
al., 1992; Mascarenhas & Silva 1994) não tem suporte Serra do Córrego (Leo et al. 1964) tem sido interpretada
nas características sedimentares de seus metaconglo- como de origem fluvial (Leo et al. 1964, Griffon 1967,
merados. Isso não quer dizer que o evento rift basal Molinari & Scarpelli 1988) com leques aluviais associa-
que precedeu o estabelecimento da margem passiva dos (Mascarenhas et al. 1992). O fato de os metacon-
do Bloco Gavião não tenha ocorrido. Evidências de re- glomerados estarem orientados ao longo de planos de
gistros de tectônica distensional que pode caracterizar cisalhamento dúctil, evoluídos durante a deformação
a evolução rift, pré-colisional, do Bloco Gavião (emba- regional, indica continentalização da bacia durante o
samento da bacia) são as intrusões estratificadas má- estágio sincolisional orogênico.
fico-ultramáficas cromitíferas que ocorrem ao norte
do Grupo Jacobina. (CAPÍTULO VII). Segundo Oliveira Durante a colisão continental, sequências estratigrá-
Jr. (2001), essas intrusões podem apresentar idades de ficas depositadas em ambientes de margem passiva,
2,08Ga ou maiores, e seus magmas-fonte têm assina- pré-colisional, bem como na bacia marinha em fecha-
tura rica em MgO e K2O o que sugere atividade mag- mento (Dewey 1980, Miall 1984, 1995, Leeder 1999, Van
mática em ambiente continental distensivo. der Pluimj & Marshak 2004) são soterradas, metamor-

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fizadas, soerguidas e transportadas pela propagação Jacobina são: (i) falhas normais e fraturas de tração,
da frente de empurrões e dobramentos que se instala tardias, no protólito manganesífero da Mina da Bana-
em direção ao antepaís do bloco em subducção (Allen neira; (ii) diques de diorito que cortam obliquamente
& Homewwod 1986, Miall 1984, 1995, Van der Pluimj & os quartzitos e metaconglomerados em tramas tectô-
Marshak 2004). As datações dos eventos hidrotermais nicas que sugerem tension gashes regionais (Teixeira
por 40Ar/ 39Ar em micas de cada uma das formações do et al. 2001); (iii) maciços graníticos peraluminosos de
Grupo Jacobina mostram que suas evoluções térmicas Campo Formoso e de Carnaíba com idades entre 1,88 e
são diacrônicas, segundo idades de 1988, 1943, 1938 e 1,90Ga (Torquato et al. 1978, Rudowski 1989, Sabaté et
1918Ma (Ledru et al. 1997) e progressivamente mais al. 1990b) que ocorrem à oeste da Serra de Jacobina e
jovens de leste para oeste. Esses dados são coerentes que contrastam com as idades de 2,08Ga dos maciços
com a propagação da bacia para o antepaís do siste- peraluminosos situados a leste da serra (Leite 2002)
ma orogênico, representado pelo Bloco Gavião (Ledru e; (iv) as mineralizações auríferas e de esmeralda as-
et al. 1997, Milési et al. 2002). Registram-se, ainda, os sociadas a processos hidrotermais relacionados aos
corpos peridotíticos, que ocorrem alojados paralela- leucogranitos são também de idades entre 1,88 e 1,90
mente à orientação meridiana dos metaconglomerados Ga (Cheilletz et al. 1993, Ledru et al. 1997, Milési et al.
e quartzitos auríferos. Esses corpos podem representar 2002). Esses dados geocronológicos em conjunto com
lascas tectônicas em obducção da crosta/manto litos- os dos zircões detríticos de idades de 2,08Ga (Mouge-
férico oceânico para os ambientes continentais da bacia ot 1996) indicam que os estágios de evolução sinco-
(Couto et al. 1978, Sabaté 1992). lisional, de antepaís, e de evolução pós-colisional, de

Em orógenos colisionais tanto a crosta quanto o Figura VI.7 – Modelo interpretativo para evolução da Bacia de
Jacobina durante o Peloproterozoico. (a) Estágio pré-colisão
manto litosférico continental são substancialmen-
(Riaciano) no qual o Bloco Gavião (BG) e o Greenstone Belt de
te espessados após a colisão, o que é acompanhado Mundo Novo (GBMN), ambos de idade arqueana, constituem
por desequilíbrio isostático e térmico dessa litosfera, paleocontinente de margem passiva, enquanto o Bloco Serrinha
(BS), também de idade arqueana, representa paleocontinente
propiciando condições mecânicas para que o sistema
com margem convergente tipo Andina. Os sedimentos “Saúde
orogênico entre em colapso (England 1983, Dewey e Itapicuru” ocorrem na margem passiva e no paleoceano
1988, England & Houseman 1989). Modelos de colap- que separa o BG do BS; (b) Estágio inicial da colisão, quando a
margem passiva é soerguida com evolução de falhas normais e
so orogênico mostram que falhas normais se desen- bulge (intumescimento) periférico do embasamento, enquanto
volvem na crosta superior, enquanto a crosta média a crosta oceânica está no processo final de subducção e o
e inferior e o manto litosférico são delaminados pelas oceano é reduzido a um mar com deposição dos sedimentos
“Bananeira e Cruz das Almas”; (c) Estágio colisional e instalação
correntes de convecção da astenosfera (England 1983, do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá (segmento setentrional
Dewey 1988, England & Houseman 1989). Essa dela- do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá) com quebra da placa
oceânica, constituição da zona de sutura continental e da
minação aumenta o gradiente geotérmico da crosta
tectônica de transpressão que soergue as rochas metamórficas,
inferior e do manto litosférico o que gera fusão par- dentre as quais os metamorfitos Bananeira e Cruz das Almas.
cial de ambos com formação de magmatismo bimo- Granitos peraluminosos são formados, dentre os quais o de
Cachoeira Grande (CG) devido à fusão parcial que acompanha o
dal: granítico, incluindo composições peraluminosas,
metamorfismo de temperatura ultra-alta (Leite 2002, Leite et al.
e básico-ultrabásica (Winter 2001). Delgado et al. 2009); (d) Estágio de colapso orogênico (Orosiriano) com distensão
(2003) sugerem que as Formações Serra do Córrego da crosta, afinamento da litosfera e subida da astenosfera que se
funde por descompressão adiabática. O magmatismo é bimodal
e Rio do Ouro sejam registros de uma bacia de co- (granitos peraluminosos (fusão crustal) dentre os quais os de
lapso orogênico, todavia não indicaram as evidências Carnaíba e Campo Formoso (CF) e diques básicos (fusão da
geológicas desse colapso. Essa discussão é recente astenosfera) que cortam os metapsamitos Serra do Córrego e Rio
do Ouro). Modelo baseado em Van der Pluimj & Marshak (2004)
para o Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá e alguns para a colisão continental e instalação da bacia de antepaís do
dados que evidenciam o colapso orogênico no Grupo tipo periférica.

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colapso, para a Bacia Jacobina tenham se dado entre geológico em escala regional, o Complexo Conten-
2,08 e 1,9Ga. das-Mirante passou a ser denominado de Sequência
Metavulcanossedimentar Contendas-Mirante (Mari-
Diante do exposto e das discussões anteriores, o Gru- nho et al. 1978), sendo o modelo geotectônico reto-
po Jacobina representaria assim uma bacia de evo- mado por Pedreira & Marinho (1981), que ilustraram
lução policíclica que experimentou estágios distintos a situação da zona colisional e aprimorado por Cuney
como rift, margem passiva, antepaís periférica e fi- et al. (1990), Marinho (1991), Marinho et al. (1994b) e
nalmente de colapso do Orógeno Itabuna-Salvador- por Barbosa & Sabaté (2002, 2004) (Fig. VI.8).
-Curaçá (Fig.VI.7).

3 Região de Contendas-
Mirante
A região de Contendas-Mirante localiza-se na porção
centro-sul-oriental do Estado da Bahia, entre as cida-
des de Contendas do Sincorá e Mirante. Está alinha-
da com a Serra de Jacobina, ao longo do Lineamento
Contendas-Jacobina, na sua parte meridional (Fig.
VI.8) e faz parte do embasamento arqueano-paleo-
proterozoico do Cráton do São Francisco. Figura VI.8 – Disposição da Sequência Metavulcanossedimentar
Contendas-Mirante em zona de sutura incompleta entre os blocos
Jequié e Gavião (segundo Pedreira & Marinho 1981).
As primeiras referências às rochas metassedimen-
tares da região de Contendas-Mirante são devidas a
Maack (1963) que identificou quartzitos, metassiltitos A Sequência Metavulcanossedimentar Contendas-
brancos e ardósias cinza-azuladas e roxas, atribuin- -Mirante constitui uma faixa sinclinorial submeridia-
do-as à “Série Minas” e correlacionando-as à “Sé- na, com cerca de 190 quilômetros de comprimento e
rie Jacobina”. Posteriormente, Pedreira et al. (1975) 65 quilômetros de largura, comprimida entre o Bloco
denominaram essas rochas metassedimentares de Jequié, granulítico, a leste, e o Bloco Gavião, de médio
Complexo Contendas-Mirante, por aflorarem na re- grau metamórfico com terrenos gnaíssico-migmatíti-
gião situada entre essas cidades. Mascarenhas (1976) co-graníticos, a oeste (Fig. VI.9). Ao norte e a sul ela
sugeriu sua correlação a estruturas do tipo greensto- se ramifica em pequenos cinturões, interdigitando-se
ne belt, despertando o interesse de empresas de mi- com terrenos gnaíssico-migmatítico-graníticos da
neração e pesquisadores pela região. fácies anfibolito. Para noroeste ela é recoberta pelas
rochas metassedimentares do Supergrupo Espinhaço
As primeiras idéias sobre o posicionamento geotec- (CAPÍTULO VIII). Os contatos dessa sequência com as
tônico do Complexo Contendas-Mirante foram aven- litologias dos Blocos Gavião e Jequié são bruscos, su-
tadas por Pedreira (1976) que sugeriu evolução geo- blinhados por zonas de cisalhamento.
tectônica em uma zona de sutura incompleta de dois
blocos continentais (Fig. VI.8), de acordo com o mo- Domos TTG (tonalíticos-trondhjemíticos-granodio-
delo de Dewey & Kidd (1974) para o orógeno Apala- ríticos) do paleoarqueano (CAPÍTULO V) colocaram-
chiano-Caledoniano. Após trabalhos de mapeamento -se tectonicamente entre as litologias da extremidade

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sudeste da sequência durante a Orogenia Paleopro- Plútons neoarqueanos sob a forma de faixas estreitas
terozoica. Esses domos, representados pelos corpos e alongadas limitam toda a borda nordeste da Sequ-
Serra dos Meiras, Sete Voltas e Boa Vista/Mata Verde, ência Contendas-Mirante. Eles estão representados
com idades U-Pb SHRIMP e Pb-Pb evaporação em pelo Granito Pé de Serra (CAPÍTULO V), alcalino a
zircões entre 3,4 e 3,2Ga (Martin et al. 1991, Nutman & subalcalino, com idade U-Pb SHRIMP de 2.630±11Ma
Cordani 1993), constituem a crosta continental mais (Marinho et al. 2008), e pelo Sill do Rio Jacaré (CA-
precoce da Bahia. PÍTULO VII), máfico-ultramáfico, toleiítico, com ida-
de U-Pb LA-ICP-MS, em zircão, de cerca de 2.630Ma
Augengranitoides paleo e mesoarqueanos (CAPÍTU- (Brito, comunicação verbal) e idade Pb-Pb em zircão
LO V) balizam a extremidade sudoeste da sequência. de 2.649±4Ma (Marinho & Macambira inédito).
Os mais antigos são representados pelo corpo Lagoa
do Morro, com idade U-Pb SHRIMP de 3.184±6Ma Corpos leucograníticos peraluminosos, paleoprotero-
(Nutman & Cordani 1993). Os mesoarqueanos en- zoicos (CAPÍTULO V), tardi a pós-tectônicos se distri-
globam o corpo Anagé/Pau de Colher e o Serra dos buem ao longo da porção central da sequência, se-
Pombos, este com idade U-Pb SHRIMP de cerca de gundo uma guirlanda submeridiana de convexidade
2.850Ma (Nutman & Cordani 1993). voltada para oeste. De sul para norte, destacam-se os

Tabela VI.2 – Sinopses estratigráficas apresentadas para a Sequência Metavulcanossedimentar Contendas-Mirante.

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Figura VI.9 – Esboço geológico da Sequência Metavulcanossedimentar Contendas-Mirante (modificado de Marinho 1991 e Marinho et al. 1994b).

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seguintes corpos: Lagoinha, Lagoa Grande, Caetano/ Blocos Gavião e Jequié. Elas afloram ainda no núcleo
Aliança, Riacho das Pedras e Gameleira (CAPÍTULO de um amplo antiforme na porção noroeste da se-
V). Esses corpos estão alinhados com aqueles asso- quência. Neste local, que constitui a sua área-tipo, a
ciados ao Grupo Jacobina, ao longo do Lineamento formação está representada por metavulcânicas (má-
Contendas-Jacobina e possuem idades isocrônicas ficas e félsicas) com intercalações de rochas metas-
Rb-Sr de 1.950 Ma (Cuney et al. 1990, Sabaté et al. sedimentares químicas (formações ferríferas banda-
1990b, Marinho 1991, Marinho et al. 1993, 1994b). das, metacherts e mármores) e detríticas. Em outras
regiões, sobretudo na porção sudeste da sequência,
As primeiras tentativas de compartimentação litoes- verifica-se uma mudança na representação litológica
tratigráfica da Sequência Metavulcanossedimentar da formação, com o desaparecimento das metavulcâ-
Contendas-Mirante foram empreendidas por Marinho nicas félsicas e a presença de anfibolitos.
et al. (1979, 1980), que identificaram uma unidade in-
ferior essencialmente vulcanogênica e uma unidade As rochas metavulcânicas abrangem essencialmente
superior pelito-psamítica, epiclástica, que foram divi- os tipos vulcanoclásticos, com participação subordi-
didas em subunidades (Tab. VI.2). Cunha et al. (1981) nada de lavas máficas e félsicas.
apresentaram uma caracterização bastante detalha-
da da unidade inferior (CAPÍTULO IV). Marinho (1982, As rochas vulcanoclásticas mostram composições
1991) manteve os critérios anteriores de empilha- que variam de termos ácidos a básicos, aos quais
mento litoestratigráfico, introduzindo a conotação muitas vezes se associam brechas basálticas. Os me-
de formação, em substituição à de subunidade, res- tatufos são predominantes e são intensamente folia-
pectivamente. Posteriormente, Marinho et al. (1994b) dos por vezes microdobrados ou localmente crenula-
desmembraram as Formações Rio Gavião e Mirante dos. Eles podem incorporar fragmentos de material
da unidade superior, posicionando-as na unidade lítico afanítico, frequentemente de composição bási-
intermediária (Fig.VI.9), mantendo na unidade supe- ca, agregados alongados de quartzo, e raros cristais
rior apenas a Formação Areião, com zircões detríticos isolados de feldspato. As texturas são variáveis, em
mais jovens de idade U-Pb SHRIMP de 2.160Ma. geral granolepidoblástica e, algumas vezes, porfirí-
tica e amigdaloidal. Localmente ocorrem níveis de
vulcanoclásticas de granulação grossa, de composi-
ARQUEANO ção ácida a intermediária, com grande quantidade de
fragmentos piroclásticos fusiformes, de até 50 centí-
3.1 Unidade Inferior metros de comprimento, que algumas vezes são in-
terpretados como ignimbritos. As brechas basálticas
Abriga a quase totalidade dos componentes vulcano- (Fig.VI.10a) ocorrem esporadicamente associadas aos
gênicos, compreendendo, da base para o topo, as for- metatufos ou aos basaltos amigdaloidais, descritos
mações Jurema-Travessão e Barreiro d’Anta. Abran- adiante. Elas são caracterizadas por fragmentos an-
ge ainda o corpo subvulcânico do entroncamento de gulosos de tamanho variável (grãos a blocos), imer-
Barra da Estiva. sos numa matriz de granulação fina. Os fragmentos
são representados por metabasalto de textura blasto-
3.1.1 Formação Jurema-Travessão porfirítica ou blastointersetal, com microfenocristais
corroídos de plagioclásio, imersos numa matriz cons-
As rochas da Formação Jurema-Travessão bordejam tituída por micrólitos de plagioclásio dispersos num
a Sequência Metavulcanossedimentar Contendas- agregado de grãos muito finos de epidoto e actinolita.
-Mirante seguindo os contatos com as litologias dos A matriz apresenta textura blastointersetal a grano-

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a
lepidonematoblástica e é constituída de epidoto, acti-
nolita, plagioclásio e clorita.

Entre as lavas, os tipos basálticos predominam sobre


os félsicos (ácidos a intermediários). Os metabasaltos
são de dois tipos, maciços e amigdaloidais. Eles são
de granulação fina ou mesmo afanítica, com fábrica
orientada, comumente xistosa, quase sempre atra-
vessada por veios de quartzo e carbonato.

Os basaltos maciços têm texturas porfirítica e interse-


b
tal e granonematoblástica. Quando pouco deforma-
dos é ainda possível reconhecer microfenocristais e
micrólitos de plagioclásio. A matriz é constituída por
prismas muito finos de actinolita, hornblenda, plagio-
clásio e clorita.

Os basaltos amigdaloidais (Fig.VI.10b) apresentam


também textura intersetal. A matriz é muito fina, for-
mada por micrólitos de plagioclásio, agulhas de acti-
nolita e hornblenda e pequenos grãos de epidoto. As
amígdalas são representadas por agregados poligo-
nais de quartzo, calcita, clorita, epidoto e feldspato Figura VI.10 – (a) Aspecto de brecha basáltica toleiítica da
Formação Jurema-Travessão. Leito do Riacho dos Cinquenta,
alcalino, por vezes em arranjo concêntrico-radial.
nordeste de Contendas do Sincorá; (b) Basalto amigdaloidal
toleiítico da Formação Jurema-Travessão. Leito do Riacho dos
As lavas félsicas compreendem predominantemente Cinquenta, nordeste de Contendas do Sincorá.

os termos intermediários com participação restrita


dos tipos ácidos. Suas texturas são normalmente xis- enriquecido. Essa contaminação crustal é reforçada
tosas, por vezes porfiríticas a intersetais com fenocris- pela significativa participação de termos andesíticos.
tais, corroídos, de plagioclásio e quartzo de até qua- O padrão em diagrama multielementar normalizado
tro milímetros de comprimento. A matriz é composta pelo manto primitivo é caracterizado por declividade
por micrólitos de plagioclásio associados a grãos de descendente e anomalias negativas em Nb, P e Ti (Fig.
quartzo, actinolita e clorita comumente impregnada VI.12). Este padrão é compatível com aquele dos tolei-
de óxido de ferro. ítos continentais e difere daquele do E-MORB (MORB
enriquecido) pela ausência de anomalia positiva em
As lavas máficas e félsicas da Formação Jurema-Tra- Nb, observada numa única amostra. Ressalte-se que
vessão possuem assinatura toleiítica (Marinho 1991), a presença dessas anomalias negativas em Nb, P e Ti,
caracterizada pelo enriquecimento em Fe no início da associada à participação significativa de termos ande-
diferenciação, seguido por depleção a partir dos ter- síticos, poderia induzir à comparação desses vulcani-
mos intermediários (Fig.VI.11). Variações das razões Zr/ tos toleiíticos com os toleiítos de margens continentais
Nb dessas litologias e o seu forte enriquecimento em tipo Andes. Essa aparente ambiguidade foi abordada
ETR leves são compatíveis com processo de contami- por Marinho (1991) que os comparou com os basal-
nação crustal ou com fontes em manto subcontinental tos e basaltos andesíticos desses ambientes (Fig.VI.12).

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a
da figura VI.13. Como discutido no parágrafo a seguir
e naquele relativo aos dados de geocronologia/geo-
química isotópica do corpo subvulcânico do entron-
camento de Barra da Estiva, existem fortes evidências
de reequilíbrio dos sistemas isotópicos. A presença de
numerosas vênulas quartzo-feldspáticas, por vezes
com cristais de zircões, revela o aporte desse mate-
rial e a sua influência no reequilíbrio isotópico e nos
padrões de distribuição dos elementos químicos. Este
fenômeno pode também ser o responsável pela am-
biguidade, anteriormente referida, observada na de-
finição da ambiência geotectônica dessas litologias
toleiíticas da Formação Jurema-Travessão.

Os dados radiométricos disponíveis não são conclusi-


vos para estabelecer a idade das rochas toleiíticas da
b Formação Jurema-Travessão, tampouco de sua época
de extração do manto. As tentativas para determina-
ção de idades isocrônicas Sm-Nd e Pb-Pb em rocha-
-total foram frustradas pela dispersão. As idades-mo-
delo TDM configuraram dois grupos: 2.900-3.000Ma e
3.300Ma, respectivamente e de forma coerente, para
amostras com menor e maior taxa de contaminação
crustal, respectivamente. Dados geocronológicos Pb-
-Pb em zircões, por evaporação, revelaram idade de
cerca de 2.150Ma, exceto para um grão, com idade de
3100 Ma (Marinho & Macambira inédito). A petrogra-
fia da amostra datada ressalta a presença das vênu-
las quartzo-fedspáticas, com zircões, já descrita. Como
mostrado mais adiante, a idade de 2.150Ma é da mes-
Figura VI.11 – Diagramas de diferenciação para as rochas ma ordem de grandeza que a idade isocrônica Rb-Sr
vulcânicas toleiíticas da Formação Jurema-Travessão. obtida por Wilson (1987) para as rochas subvulcânicas
do entroncamento de Barra da Estiva, que representa,
Observa-se que a declividade deste campo é aproxi- sem dúvida, um reequilíbrio do sistema Rb-Sr. Uma hi-
madamente nula e que a média das concentrações de pótese, a partir desses dados, seria admitir a idade de
cada elemento é, pelo menos, quatro vezes menor que 3100Ma como a época de cristalização dos toleIItos da
a dos toleIItos da Formação Jurema-Travessão. Não Formação Jurema-Travessão. Ressalte-se que a idade
se pode omitir que a presença de formações ferríferas de cerca de 2.150Ma, também foi detectada no sill do
bandadas (descrição a seguir) e de metacarbonatos Rio Jacaré, cuja idade de cristalização de 2.630Ma foi
intercalados a essas vulcânicas toleiíticas conflita-se determinada pelo método U-Pb LA-ICP-MS, em zircão.
com a ambiência continental indicada pela assinatura Os fluidos responsáveis pelas vênulas quartzo-felds-
geoquímica destas litologias. Ressalte-se que a ambi- páticas com zircão seriam originados durante o me-
ência continental é também sugerida pelo diagrama tamorfismo da Sequência Vulcanossedimentar Con-

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Figura VI.12 – Diagrama multielementar para as rochas vulcânicas
toleiíticas da Formação Jurema-Travessão. Valores normalizados
ao manto primitivo (Holm 1985). A superfície hachurada limita o
campo dos toleiítos continentais. O campo dos toleIItos de arco e
de margem continental está limitado por duas linhas tracejadas.
As amostras utilizadas estão com a sigla MM.

tendas-Mirante e teriam migrado para zonas de baixo


grau metamórfico. Provavelmente de origem similar,
seriam os fluidos responsáveis pelos inúmeros veios de
barita, por vezes com galena, existentes na região.

As rochas metassedimentares de origem bioquímica


e/ou químico-exalativa são representadas por me-
tacherts, formações ferríferas bandadas, mármores Figura VI.13 – Diagrama de Pearce & Cann para as rochas
e calcixistos, intimamente associados. Elas formam vulcânicas toleiíticas da Formação Jurema-Travessão e para
as vulcânicas calcialcalinas da borda nordeste da Sequência
camadas de espessura variável, de centímetros a me- Metavulcanossedimentar Contendas-Mirante.
tros, intercaladas no material vulcanogênico.

Os metacherts são maciços ou bandados têm aspecto onde a ambiência metamórfica atingiu as condições
de quartzito muito fino ou silexito. São compostos es- apropriadas. A fácies silicato apresenta um banda-
sencialmente por grãos de quartzo, em geral estirados, mento somente visível ao microscópio. Esse banda-
e pequenas proporções de minerais opacos e clorita. mento é marcado por finas camadas de minerais opa-
Através do enriquecimento em minerais opacos, os cos (magnetita com ilmenita subordinada) dentro de
metacherts passam a formações ferríferas bandadas. uma massa formada por grandes cristais de anfibólio
do tipo cummingtonita-grunerita e, em menor pro-
As formações ferríferas bandadas pertencem às fácies porção, do tipo tremolita-actinolita. A transição da
óxido e silicato. A fácies óxido, mais comum, mostra fácies óxido para a fácies silicato ocorre pelo gradual
um bandamento definido pela alternância de bandas enriquecimento do anfibólio em relação ao quartzo e
milimétricas quartzosas com outras ricas em mine- aos minerais opacos. As tentativas de determinação
rais opacos ferríferos. A esses dois minerais asso- de idades isocrônicas Pb-Pb em rocha-total foram
ciam-se clorita, epidoto e sericita. Anfibólios do tipo frustradas devido à dispersão dos pontos. Entretan-
cummingtonita-grunerita estão também presentes to, onze de quatorze pontos definem um alinhamento

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com uma idade de 3.265±51Ma. As idades-modelo TDM dimentares (estratificação gradacional e laminação
de ≈3.000Ma (Marinho 1991) conflitam-se com este ondulada). Essas características permitem identificar
dado e sugerem a idade máxima para a deposição metatufos, metagrauvacas e metapelitos. Já os xistos
dessas formações ferríferas bandadas. são desprovidos destas características, o que impossi-
bilita a identificação dos seus protólitos.
Os mármores formam corpos lenticulares em geral
associados aos metacherts. Eles são de granulação Os metatufos, litologias predominantes da Formação
fina, maciços, compostos por carbonatos, albita, talco Barreiro d’Anta, são de caráter essencialmente ácido,
e tremolita. de granulação fina, com clivagem ardosiana a filitosa,
comumente crenulada. A textura é granolepidoblás-
Os calcixistos constituem intercalações centimétricas, tica a amigdaloidal. Além das amígdalas ocorrem
descontínuas, associadas aos mármores. Estão algu- fragmentos e microfenocristais de quartzo exibindo
mas vezes silicificados e cortados por veios de quartzo. bordas de corrosão, imersos numa matriz micácea
constituída por sericita, clorita e biotita, associadas a
As rochas metassedimentares siliciclásticas são pou- opacos, num mosaico quartzo-feldspático muito fino.
co abundantes e foram observadas, na maioria das
vezes, como blocos soltos. São representadas por As metagrauvacas apresentam estratificação grada-
metapelitos e metagrauvacas. Localmente apresen- cional e laminações rítmicas e onduladas. A textura é
tam estratificação gradacional e laminações cruza- psamítica a granolepidoblástica com fragmentos an-
das. Entre os sedimentos siliciclásticos também estão gulosos de quartzo de bordas corroídas e fragmentos
incluídos quartzitos puros, associados a metacherts, angulosos de tufos ácidos. A matriz é constituída por
que sustentam o relevo da Serra do Lajedo, situada no sericita e biotita em um mosaico muito fino de quart-
centro do antiforme da porção noroeste da Sequência. zo com grãos dispersos de opacos.

3.1.2 Formação Barreiro d’Anta Os metapelitos são representados por uma sequência
predominantemente argilosa, com laminações silto-
Esta formação é restrita ao flanco ocidental e à zona sas. Eles exibem foliação conspícua ou clivagem ar-
periclinal do anticlinal do Barreiro d’Anta situado no dosiana bem desenvolvida. São formados essencial-
limite noroeste da sequência (Fig.VI.9). Essa formação mente de sericita e clorita, com menores proporções
constitui uma associação heterogênea, indivisa, com- de quartzo e opacos.
posta essencialmente por rochas piroclásticas (me-
tatufos) com intercalações pouco espessas de rochas Os xistos estão restritos à terminação periclinal do
metassedimentares siliciclásticas (metagrauvacas e antiforme de Barreiro d’Anta. Eles estão microdo-
metapelitos) e químicas. brados e crenulados e são compostos por cloritoide
e clorita, ou sericita e clorita, associados a quartzo,
O conjunto composto pelas rochas piroclásticas e magnetita e ilmenita. O cloritoide ocorre em porfiro-
metassedimentares siliciclásticas foi submetido a blastos dispostos transversalmente à xistosidade, in-
deformações sucessivas e transformado por um me- dicando cristalização tardi a pós-tectônica.
tamorfismo epizonal. Durante esses eventos, tanto
os termos piroclásticos como os sedimentares de- As rochas metassedimentares químicas são represen-
ram origem a filitos, ardósias e xistos. Apesar des- tadas por metacherts e formações ferríferas bandadas.
sas transformações, os filitos e ardósias guardam
ainda suas características originais, como texturas Os metacherts constituem leitos centimétricos den-
porfiríticas e amigdaloidais, assim como feições se- tro dos metatufos. Eles são de granulação muito fina,

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foliados, com aspecto de quartzito devido à recristali- -modelo TDM de 3.330 e 3.440Ma e εNd(3300) de -0,4 e
zação. Sua textura é granolepidoblástica, definida por -0,9 foram determinados por Wilson (1987) em duas
um mosaico poligonal de quartzo associado à sericita, amostras. Este autor também obteve uma idade Rb-
clorita e grãos de hematita. Eles evoluem para forma- -Sr de 2.140±159Ma. (errócrona de dezesseis amos-
ções ferríferas típicas pelo enriquecimento em opacos. tras), o que evidencia a retomada do sistema Rb-Sr
no Paleoproterozoico. É digno de registro que a idade
As formações ferríferas bandadas formam níveis cen- U-Pb obtida por Marinho (1991) é mais antiga que as
timétricos a métricos intercalados nos xistos a clorita idades-modelo TDM das demais litologias da Forma-
e sericita (prováveis metatufos). Seu bandamento é ção Jurema-Travessão (toleiítos: 2.900 a 3.300Ma e
definido pela alternância de bandas milimétricas en- formações ferríferas bandadas: ≈3.000Ma). Este fato
riquecidas em opacos e bandas essencialmente anfi- sugere uma origem pretérita para o corpo subvulcâ-
bolíticas. Seus principais constituintes são grunerita, nico, posicionando-o no embasamento da Sequência
hornblenda, quartzo e magnetita, em arranjo grano- Metavulcanossedimentar Contendas-Mirante. Entre-
nematoblástico. tanto, não se podem abstrair efeitos dos processos
metamórficos, paleoproterozoicos, que afetaram o
3.1.3 Subvulcânicas de Barra da Estiva patrimônio isotópico das litologias da região, como já
comprovado pelo sistema Rb-Sr.
Sob a forma de um corpo subvulcânico de composi-
ção riolítica, essas rochas são encontradas no entron-
camento da estrada de Barra da Estiva com a BA-026, 3.2 Unidade Média
no trecho entre Contendas do Sincorá e o povoado Pé
de Serra. Suas melhores exposições estão em pedrei- A unidade média da Sequência Metavulcanossedi-
ras na margem norte da estrada. Não se conhecem os mentar Contendas-Mirante é aquela com maior ex-
seus contatos com as demais litologias da Formação tensão (Fig. VI.9). Ela é representada por um espesso
Jurema-Travessão, devido às coberturas tércio-qua- pacote de metapelitos e metagrauvacas, em propor-
ternárias existentes. ções variadas, com predominância global dos termos
pelíticos, sendo comum a presença de estratificação
Os riolitos são de coloração cinza, bem foliados, por gradacional (Fig. VI.14a).
vezes cataclásticos, sempre muito homogêneos, por-
firíticos, com fenocristais milimétricos de plagioclásio Essa unidade compreende duas formações: a Forma-
e quartzo. Os fenocristais de plagioclásio são idio- ção Rio Gavião, essencialmente filitosa, e a Formação
mórficos e parcialmente transformados em moscovi- Mirante, xistosa. Ela também inclui rochas vulcânicas
ta e carbonato, enquanto os de quartzo são na maio- calcialcalinas, que aparecem como intercalações nas
ria fragmentados e recristalizados, por vezes com em- litologias pelito-psamíticas.
baiamento de corrosão. A matriz é constituída por um
mosaico poligonal de plagioclásio e quartzo, ao qual 3.2.1 Formações Rio Gavião e Mirante
se associa biotita de coloração marrom a castanho-
-pálido. Os núcleos dos fenocristais de plagioclásio Essas duas formações representam diferentes graus
são, por vezes, microclinizados. metamórficos de uma mesma sequência sedimentar.
A Formação Rio Gavião comporta rochas metamor-
Marinho (1991) obteve idade U-Pb quase concordante fizadas a temperaturas inferiores àquela da isógrada
de 3.304 ± 31Ma, pelo método convencional, em cinco da biotita, dentro do domínio de equilíbrio da zona da
frações de zircões de uma amostra do riolito. Idades- clorita, enquanto a Formação Mirante compreende

426 • G eolog i a da B a hi a

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a
rochas de mais alto grau, nos domínios das zonas da
biotita, da cordierita, da andaluzita, da sillimanita-
-moscovita e da sillimanita-feldspato potássico.

O aspecto das rochas varia conforme o grau meta-


mórfico, desde as variedades de granulação fina,
quando na zona da clorita e início da zona da biotita,
passando para rochas de granulação média a gros-
sa, em geral nodulosas (Fig. VI.14b), a partir da zona
da cordierita, até rochas fracamente nodulosas de
granulação grossa, quando nas zonas da sillimanita-
-moscovita e sillimanita-feldspato potássico. Os nó-
b
dulos, na sua maioria, são poiquiloblásticos, em ge-
ral desenvolvidos após os dois principais eventos de
deformação (D1’ e D1’’). Contudo, localmente, como na
borda centro-leste do granitoide Boa Vista/ Mata Ver-
de, eles são afetados pelo evento de deformação D1’’.
Nesta região a isógrada da anatexia foi atravessada e
a geração de leucossomas, sob a forma de níveis con-
tínuos e rosários, paralelos à foliação, conduziram à
formação de migmatitos (Fig.VI.14c).

A idade isocrônica Rb-Sr de 2.012±17Ma obtida para


esses leucossomas (Marinho, 1991) é a melhor es-
c
timativa disponível para a idade do metamorfismo
da Sequência Metavulcanossedimentar Contendas-
-Mirante. As idades-modelo TDM de seis amostras
dos metapelitos e três dos leucossomas variam en-
tre 2.420 e 2.850Ma (quatro amostras de ≈2.500 Ma),
o que pode ser tomado como o limite inferior para a
época de sedimentação dos metapelitos.

3.2.2 Metavulcânicas Calcialcalinas

Situadas na borda nordeste da Sequência Metavul-


canossedimentar Contendas-Mirante, essas rochas
Figura VI.14 – (a) Estratificação gradacional na Formação Rio ocorrem como intercalações nos xistos da Formação
Gavião. Corte da estrada de ferro a nordeste de Contendas Mirante, onde predominam os basaltos. Elas também
do Sincorá; (b) Xisto com nódulos de cordierita na Formação
Mirante. Sudeste do povoado de Santana; (c) Migmatito na constituem uma faixa contínua, com orientação NE-
Formação Mirante, na zona da sillimanita-feldspato potássico. -SW, que bordeja o sill máfico-ultramáfico do Rio Ja-
Os veios leucocráticos (leucossoma) representam produtos de
caré, a oeste, onde, contrariamente, predominam os
fusão parcial dos metapelitos. Borda ocidental do granitoide
Boa Vista/Mata Verde, extremidade sudeste da Sequência termos de composição andesítica.
Metavulcanossedimentar Contendas-Mirante.

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a
Os metabasaltos são litologias melanocráticas a me-
socráticas, maciças ou amigdaloidais, de granulação
fina, foliadas. As amígdalas, entre 0,1 e 6mm são,
por vezes, alongadas devido à deformação. A matriz
fina a muito fina, poligonizada, é constituída essen-
cialmente por um mosaico granonematoblástico de
plagioclásio e quartzo (subordinadamente), com mi-
crofenoblastos de hornblenda, em alguns casos com
halos de cummingtonita. A textura pode também ser
blastoamigdaloidal, com paleoamígdalas compostas
de quartzo, plagioclásio, hornblenda, epidoto e apati-
ta. Nos termos andesíticos, a proporção do anfibólio
decresce e a do plagioclásio aumenta.
b

Os metandesitos são rochas mesocráticas em geral


bem foliadas. São maciços ou amidgaloidais (amíg-
dalas entre 0,1 e 7mm), por vezes com fenoblastos de
hornblenda no interior dessas amígdalas. A presença
de agregados máficos subcirculares a elipsoidais, sob
a forma de spots nos planos de foliação, é uma feição
característica dessas rochas. Sua textura é granone-
matoblástica, onde se destaca uma matriz muito fina
constituída por um mosaico de plagioclásio e quartzo e
finos cristais intersticiais de anfibólio. Os spots (glôme-
ros), esféricos ou elipsoidais, são constituídos por mi- Figura VI.15 - Diagramas de diferenciação para as rochas
vulcânicas calcialcalinas da borda leste da Sequência
crofenoblastos de hornblenda, em certos casos asso-
Metavulcanossedimentar Contendas-Mirante. (a) Fe2O3* x SiO2.
ciados à clinopiroxênio. Nas variedades com amígda- (b) Fe2O3* x MgO
las a textura é blastoamigdaloidal e as paleoamígda-
las são constituídas por quartzo, plagioclásio e, menos
freqüentemente, hornblenda. Essas paleoamígdalas
podem conter microveios de igual composição, que ra-
ramente se associam a grandes cristais de microclina.

Os metabasaltos e metandesitos da porção nordeste


da Sequência possuem assinatura calcialcalina (Ma-
rinho 1991), caracterizada pelo empobrecimento con-
tínuo em Fe durante a diferenciação (Fig.VI.15a,b). Os
espectros de elementos Terras Raras para os basaltos
e andesitos basálticos são fracionados (La/Yb 5,2 a 7),
com fracionamento mais forte para os Terras Raras
leves (La/Sm 2,3 a 3) em relação aos Terras Raras Figura VI.16 – Diagrama multielementar para as rochas vulcânicas
calcialcalinas da borda nordeste da Sequência Metavulcanossedi-
pesados (Gd/Yb 1,3 a 1,8) e fracas anomalias negati-
mentar Contendas-Mirante. Valores normalizados ao manto pri-
vas em Eu. Para os andesitos os espectros de ETR são mitivo (Holm 1985). As amostras utilizadas estão com a sigla MM.

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ainda mais fracionados (La/Yb 7,0 a 7,9), com médias
anomalias negativas em Eu. Seu padrão em diagrama
multielementar normalizado pelo manto primitivo é
também caracterizado por declividade descendente e
fortes anomalias negativas em Nb, P e Ti (Fig.VI.16).
Este padrão é compatível com aquele dos vulcani-
tos de arco continental. Essa ambiência geotectôni-
ca é também sugerida pelas razões Zr/Y entre 4 e 7,5
dessas rochas calcialcalinas (Pearce & Norry, 1979)
e pelo diagrama da figura VI.13 de Pearce & Cann
(1973), utilizando Ti, Zr e Y, elementos considerados
de muito baixa mobilidade. Figura VI.17 - Aspecto da estratificação cruzada em metarcósios da
Formação Areião. Os níveis escuros são enriquecidos em hematita
e magnetita. Noroeste da cidade de Mirante.
Marinho (1991) determinou idade isocrônica Pb-
-Pb em rocha-total de cerca de 2.500Ma para essas
rochas calcialcalinas, bem como, idades-modelo Seu ambiente deposicional é do tipo flúviodeltaico,
TDM entre 3.250 e 3.450Ma para cinco amostras e de continental (Marinho 1991). Ledru et al. (1997) a in-
3.000Ma para uma única amostra dessas litologias. O terpretaram como registro de evolução de uma bacia
dado isocrônico Pb-Pb representa a melhor estimati- do tipo antepaís formada durante a colisão dos blocos
va disponível da idade de cristalização das calcialcali- continentais Gavião e Jequié durante o paleoprote-
nas e, consequentemente, parece estabelecer a idade rozoico. Zircões detríticos com idades concordantes
mínima para a deposição da Formação Mirante, que U-Pb SHRIMP de 2.160Ma (Nutman & Cordani 1994)
aloja essas litologias efusivas. atestam evolução durante esta orogenia. Mais duas
populações de zircões detríticos com idades concor-
dantes entre 2.300 e 2.400Ma e entre 2.600 e 2.710Ma
PALEOPROTEROZOICO foram detectadas por esses autores nos conglomera-
dos da Formação Areião.
3.3 Unidade Superior

Esta unidade está representada pela Formação 3.4 Tectônica


Areião, que é o topo da Sequência Metavulcanosse-
dimentar Contendas-Mirante. Ela é constituída por Uma primeira observação do mapa simplificado da
metarcóseos e metassubarcóseos, que exibem estra- Sequência Metavulcanossedimentar Contendas-Mi-
tificação plano-paralela e cruzada (escala decimétri- rante dá a impressão de uma estruturação simples,
ca a métrica) marcada por laminações enriquecidas segundo um amplo sinclinório submeridiano (Fig.
em magnetita e hematita (Fig.VI.17). Apresenta níveis VI.9). Entretanto, essa aparente simplicidade repre-
esparsos de paraconglomerados com seixos arre- senta, em realidade, um edifício escamado, constitu-
dondados de quartzo e quartzito e, algumas vezes, ído por bandas longitudinais estreitas, limitadas por
fragmentos angulosos de metapelitos semelhantes cisalhamentos e descontinuidades tangenciais que
àqueles da Formação Rio Gavião. Os metarcóseos e comumente representam os contatos entre as dife-
metassubarcóseos são de granulação fina a média, e rentes formações. Essa estruturação é resultante de
compostos de quartzo, plagioclásio e sericita, por ve- duas principais fases de deformação, D1’ e D1’’, coaxiais
zes associados à microclínio. (Sabaté 1980, Marinho 1991), (Fig.VI.18a).

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a c

b d

Figura VI.18 – Síntese das principais deformações dúcteis do Contendas-Mirante: (a) Padrão de interferência D1’’/ D1’, em laço (tipo 3), e
desenvolvimento localizado de dobras D1’ em bainha (parte direita do diagrama), com lineação de estiramento Lx1’ (Jardim de Sá 1984,
Marinho 1991); (b) Padrão de interferência D1’’/ D1’, em bumerangue, desenvolvido nos locais onde os eixos Lb1’ foram rotacionados para
WNW, num efeito de dobras em bainha (Jardim de Sá 1984, Marinho 1991); (c) Cisalhamento no flanco de uma dobra D1’. O plano de
cisalhamento Fc é sub-horizontal, vizinho ao plano axial de D1’. Este plano é deformado pelas dobras de D1’’ cujo plano axial é subvertical
(segundo Marinho & Sabaté 1982). (d) Cisalhamento ao longo dos planos de foliação S1’ (segundo Sabaté et al. 1980, Marinho & Sabaté
1982). Esses planos favorecem o desenvolvimento de cisalhamento e dão origem a numerosas descontinuidades paralelas. Essas
descontinuidades delimitam pseudobancos e cortam localmente o acamadamento. O movimento é delineado por estrias, cuja atitude está
indicada na figura. Ele pode ser decomposto num componente oblíquo e outro transcorrente sinistral.

A fase D1’ é caracterizada por dobras isoclinais (Fig. rods”, orientada NNW. Localmente, a nordeste da ci-
VI.19a, VI.19b) e recumbentes (Fig. VI.20b), de ampli- dade de Contendas do Sincorá, a direção desta linea-
tudes variáveis, com eixos NNW. Esse evento desen- ção é desviada para WNW. De acordo com Jardim de
volve foliação e/ou bandamento metamórfico S1’ que Sá (1984) essa mudança de orientação resulta da ro-
transpõe a estratificação SO e a foliação anastomo- tação dos eixos das dobras no plano S1’, com tendên-
sada S1 (descrita adiante). Desenvolve também uma cia de paralelização ao eixo x da deformação finita,
lineação de estiramento Lx1’ delineada por “quartz conduzindo ao desenvolvimento de dobras em bainha

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(Fig. VI.18b, 19c). O evento D1’ é acompanhado por ci- D1 (Fig.VI.18a, VI.20a, VI.20b) e dois eventos tardios, D2
salhamento tangencial subparalelo aos planos axiais e D3 (Fig.VI.20d).
das dobras (Fig. VI.18c). Esse cisalhamento é respon-
sável por dobras com flancos rompidos, que, combi- A fase precoce D1 foi observada apenas no trecho da
nadas com outros indicadores cinemáticos, sugerem estrada de ferro a nordeste de Contendas do Sincorá
transporte tectônico para oeste. Essas superfícies de e, também, a dez quilômetros a sudeste desta cidade,
cisalhamento são responsáveis pelas imbricações que na Fazenda São Pedro, na barranca do rio Sincorá. Ele
dão origem ao sistema de escamas (Fig. VI.18d) e ex- é expresso apenas por uma foliação anastomosada S1,
pressam os lineamentos submeridianos de expressão (Fig.VI.19i e VI.20b) que trunca o acamadamento e é
regional que muitas vezes coincidem com os contatos crenulado pela foliação S1’ (Fig.VI.20a).
entre as diferentes unidades.
O evento tardio D2 é marcado por dobras em chevron
A fase D1’’ é a principal responsável pela estruturação com planos axiais sub-horizontais. Ele está bem re-
regional submeridiana da Sequência Metavulcanos- presentado na Formação Barreiro d’Anta, a nordeste
sedimentar Contendas-Mirante e é caracterizada por de Contendas do Sincorá (Fig.VI.19j, VI.20d), e também
dobras verticais (Fig.VI.19d), inclinadas (Fig.VI.19e) e a oeste do povoado de Areião. Reajustamentos tardios
reviradas. Ela desenvolve uma clivagem penetrativa expressos pela torção das estruturas na escala regio-
S1’’ (Fig.VI.19f) e lineações: eixos de dobras menores e nal são provavelmente associados a essa fase.
interseções com a estratificação e com a foliação S1’.
A predominância de padrões de interferência do tipo O evento tardio D3 se desenvolveu em condições tran-
3 de Ramsay (1967) entre esta fase, com eixo NNW, e sicionais entre o regime dúctil e o frágil, na forma
a fase D1’ (Fig.VI.18a, VI.19g) revela o caráter coaxial de kink bands (Fig.VI.20d), por vezes conjugadas, co-
entre as duas deformações. Localmente, observa-se mumente associadas a zonas de falhas que indicam
um padrão de interferência D1’’/ D1’ em bumerangue compressão N-S moderada.
(Fig.VI.18b, 19h, 20c), restrito aos locais onde os ei-
xos Lb1’’ foram rotacionados para WNW, num efeito
de dobras em bainha. Esta fase D1’’ retomou as des- 3.5 Metamorfismo
continuidades da fase anterior em uma tectônica
de encurtamento E-W que tendeu a verticalizar as A Sequência Metavulcanossedimentar Contendas-
estruturas e permitiu o soerguimento de fatias do -Mirante foi afetada por metamorfismo regional de
embasamento arqueano, propiciando o desenvolvi- baixa pressão/alta temperatura, progressivo de leste
mento de novas zonas de cisalhamento N-S. A ele para oeste, cuja intensidade se traduz pela sucessão
é também creditado o imbricamento das bandas de de seis zonas metamórficas (Marinho 1991). Os mi-
cisalhamento subvertical responsável pelo cavalga- nerais característicos desse metamorfismo são an-
mento do Bloco Jequié na borda leste da sequência. daluzita e cordierita, que ocorrem em porfiroblastos
De igual maneira, as descontinuidades tectônicas da poiquiloblásticos, em geral não orientados e englo-
borda oeste da sequência parecem corresponder a bando as foliações S1’ e S1’’ (Fig.VI.21a). A participação
superfícies de cavalgamento D1’, retomadas por D1’’, de granada (5-32% MnO) é muito pouco frequente e
que provocaram o cavalgamento da sequência sobre a de estaurolita restrita a uma única amostra. As seis
o Bloco Gavião. zonas metamórficas são as seguintes:

Além das fases principais D1’ e D1’’ mais três fases são (i) Zona da clorita
descritas por Jardim de Sá (1984): um evento precoce, (ii) Zona da biotita

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a b

c d

e f

g h

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Capitulo 6.indd 432 02/10/12 21:34


i j

Figuras VI.19 – (a, b) Dobras isoclinais apertadas D1’ na Formação Rio Gavião. Corte da estrada de ferro a nordeste de Contendas do Sincorá;
(c) Aspecto de dobra em bainha do evento D1’ na Formação Rio Gavião. Corte da estrada de ferro a nordeste de Contendas do Sincorá;
(d, e) Expressão de dobras D1’’ em metapelitos da Formação Rio Gavião; (f) Expressão microscópica da foliação S1’’ crenulando S1’ em
metapelitos da Formação Rio Gavião (LPP – 2,5x); (g) Expressão do padrão de interferência D1’’/ D1’ coaxial (tipo 3), na Formação Rio Gavião.
Corte da estrada de ferro a nordeste de Contendas do Sincorá; (h) Padrão de interferência D1’’/ D1’, bumerangue (tipo 2), na Formação Rio
Gavião. Leito do Rio Sincorá, nordeste de Contendas do Sincorá;(i) Expressão da foliação anastomosada S1 em relação a S1’=S0 na Formação
Rio Gavião. S1’/S0 paralelos à lapiseira; S1 ligeiramente transversal; (j) Expressão do evento D2 na Formação Barreiro d’Anta. Corte da
estrada Contendas do Sincorá-Maracás.

a b

c d

Figura VI.20 – Diagrama esquemático para as relações de campo dos eventos de deformação superpostos da Sequência
Metavulcanossedimentar Contendas-Mirante (segundo Jardim de Sá 1984, Marinho 1991, Marinho et al. 1994b). (a) Dobras da fase D1‘
afetando o acamadamento S0 da Formação Areião (nordeste de Contendas do Sincorá). A foliação S1‘ crenula a foliação anastomosada
prévia, D1 (detalhe à direita). Esta trunca o acamadamento S0. A foliação D1’’, por sua vez, crenula a foliação S1’ (detalhe à esquerda). (b)
Dobra recumbente da fase D1‘ na Formação Rio Gavião (Fazenda São Pedro, a sudeste de Contendas do Sincorá). Observa-se a foliação S1’,
quase paralela a S0, crenulando a foliação anastomosada S1. (c) Padrão de interferência D1’’/ D1’ em bumerangue (tipo 2), desenvolvido na
superfície S1=S0 na Formação Rio Gavião. (d) Eventos tardios D2 e D3 observados na Formação Barreiro d’Anta.

S er ra d e Jaco b i n a e Co n ten d a s - M i ra nte • 433

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(iii) Zona da cordierita Os dados de geotermobarometria (Marinho 1991) ob-
(iv) Zona da andaluzita tidos por calibrações baseadas nas intertrocas catiô-
(v) Zona da sillimanita – moscovita nicas entre pares de minerais em equilíbrio estão de
(vi) Zona da sillimanita – feldspato potássico acordo com o metamorfismo de baixa pressão/alta
temperatura. Para a zona da andaluzita a T e P cal-
O domínio de estabilidade dos minerais de cada uma culadas foram de 500-580º C e 3kbar; para a zona da
dessas zonas é mostrado na tabela VI.3. sillimanita-moscovita e da sillimanita-feldspato potás-
sico as temperaturas calculadas foram de 590-630ºC e
A ocorrência da cordierita e da andaluzita em porfiro- 630ºC, respectivamente. Essa temperatura da zona da
blastos não orientados, englobando as foliações S1’ e sillimanita-feldspato potássico é da mesma ordem de
S1’’ , demonstra o seu desenvolvimento tardio em rela- grandeza para as temperaturas obtidas com os pares de
ção a essas principais fases de deformação. Entretan- biotita-granada em amostras de ortognaisse da fácies
to, deve ser ressaltado que na zona da sillimanita – anfibolito da borda ocidental do Bloco Jequié na região
feldspato potássico, a cordierita também aparece em a oeste do povoado de Porto Alegre (Marinho 1991). É
cristais contornados pela foliação S1’’, (Fig. VI.21b). A digno de registro que essas calibrações estão sujeitas
íntima associação entre a presença deste tipo de cor- a re-equilíbrios catiônicos durante o resfriamento do
dierita precoce e o domo arqueano Boa Vista/Mata sistema termodinâmico constituído pelas assembleias
Verde parece indicar o papel de condutor desse corpo, mineralógicas utilizadas. Portanto, podem refletir tem-
o que facilitou a subida do front térmico ao longo do peraturas de fechamento (Dodson 1973) para a intertro-
tempo, segundo um mecanismo similar ao “efeito de ca catiônica entre os pares de minerais analisados e não
embasamento” de Fonteilles & Guitard (1968). o pico de temperatura do metamorfismo regional.

Tabela VI.3 – Estabilidade dos minerais nas zonas metamórficas da Sequência Metavulcanossedimentar Contendas-Mirante.

ZONAS METAMÓRFICAS
Minerais
Chl Bt Crd And Sil-Ms Sil+Kfs

Ms

Pl

Chl

Bt

Crd

And

Sil

Kfs

St

Grt

434 • G e olog i a da B a hi a

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a
3.6 Síntese e Evolução Tectônica do
Contendas-Mirante

As tentativas de reconstituição da evolução geotec-


tônica da Sequência Metavulcanossedimentar Con-
tendas-Mirante se deparam com a escassez de dados
geocronológicos de maior resolução que possibilitem
uma determinação mais acurada das idades das suas
diferentes rochas e dos eventos que as afetaram.
Como mostrado anteriormente, apenas para o corpo
subvulcânico do entroncamento de Barra da Estiva
(unidade inferior) e para os metaconglomerados da
b
Formação Areião (unidade superior) se dispõe de da-
tações U-Pb em zircões (Tab. VI.4). O primeiro, com
zircões de idade quase concordante U-Pb, convencio-
nal, de 3.300 Ma (Marinho 1991), e os metaconglome-
rados com zircões detríticos de idades concordantes
U-Pb SHRIMP de 2.160Ma, além de zircões detríticos
com idades concordantes entre 2.300 e 2.400Ma e en-
tre 2.600 e 2.710Ma (Nutman & Cordani 1994).

Com relação à unidade média, ela foi desmembrada


da unidade superior, de idade inferior a 2.168Ma, por
conter intercalações de metavulcânicas calcialcalinas,
cuja melhor estimativa disponível para sua época de
cristalização é a idade Pb-Pb em rocha-total de cerca
de 2.500Ma. Entretanto, não se pode esquecer que o
padrão imbricado da estrutura regional paleoprotero-
zoica poderia também ser responsabilizado pela pre-
sença dessas intercalações. Aliás, idades-modelo TDM
Nd inferiores a 2.500Ma, detectadas nos metapelitos
e, mesmo nos neossomas dessa unidade média, pode-
riam corroborar essa hipótese.

O posicionamento estratigráfico da Formação Jure-


ma-Travessão (unidade inferior) foi estabelecido com
Figura VI.21 - (a) Nódulo de cordierita englobando a foliação S1’’, base na sua associação espacial com o corpo subvul-
em xisto da Formação Mirante. Borda nordeste da Sequência Meta- cânico do entroncamento de Barra da Estiva, de idade
vulcanossedimentar Contendas-Mirante; (b) Cordierita contornada
pela foliação S1’’. Migmatito da Formação Mirante na zona da U-Pb em zircão de 3.300Ma. A presença de algumas
sillimanita-feldspato potássico. Os veios leucocráticos (leucosso- idades-modelo TDMNd entre 2.900-3.000Ma nas me-
ma) representam produtos de fusão parcial dos metapelitos. Borda
tavulcânicas toleiíticas dessa formação e nas rochas
ocidental do granitoide Boa Vista/Mata Verde, extremidade sudeste
da Sequência Metavulcanossedimentar Contendas-Mirante. ferríferas bandadas a ela intercaladas parece contra-
riar esse procedimento. Os novos dados Pb-Pb por

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Tabela VI.4 – Idades disponíveis para as diferentes unidades da Sequência Metavulcanossedimentar Contendas-Mirante. (1) Nutman &
Cordani (1994), (2) Marinho (1991) e Marinho et al. (1994a), (3) Marinho & Macambira (inédito), (4) Wilson (1987). RT = Rocha Total. (*) Idade
de um único grão, (**) Idade para quatro amostras, (***) Idade para seis amostras, (****) Idade pelo método convencional.

Rb-Sr Pb-Pb Pb-Pb U-Pb


Unidade Formação Rocha TdmNd
RT RT Zircão(3) Zircão

2.168
Meta
Superior(1) Areião 2.300-2.400
Conglomerado
2.600-2710

Rio Gavião Filito/Xisto 2.420-2.850

Média(2) Mirante Neossoma 2.012±17 2.435-2.750

Vulcânicas
Metabasaltos e
Calcialcalinas ~2.500 3.240-3.470
Metandesitos
da Borda E

Metavulcânicas ~3.100* 2.900-3.000**


Toleiíticas 2.147±2 3.300***

Formações
Jurema-
Inferior (2,3,4) Ferríreras 3.000
Travessão
Bandadas

Corpo
Metarriolito 2.140±159 3.304±30**** 3.300-3.440
Subvulcânico

evaporação, em zircões (Marinho & Macambira iné- – (Estágios A e B – 3,3 a 3Ga) – O vulcanismo toleiítico
dito) também não são conclusivos, como já discutido continental (?) sugere um caráter ensiálico extensi-
anteriormente, embora a idade obtida seja 2.147Ma, vo, predominante, para a unidade inferior da sequ-
existindo vestígio de idade pretérita de 3.100Ma num ência. Entretanto, a presença na sua metade oriental
único grão de zircão. O método utilizado não possui de basaltos de afinidade MORB parece testemunhar
resolução apropriada para identificação de sobre- processos locais de oceanização, que marca, prova-
crescimentos e núcleos magmáticos. Como já refe- velmente, um início precoce de individualização dos
rido, os metatoleiítos são atravessados por vênulas blocos Jequié e Gavião.
quartzo-feldspáticas que também contêm zircões.
Além disso, perdura a ambiguidade na caracterização – (Estágio C – 2,7 a 2,6Ga) – A presença, na borda oes-
geotectônica desses metatoleiítos da Formação Jure- te do Bloco Jequié, do sill estratificado do Rio Jacaré e
ma-Travessão, onde a indicação de ambiência conti- do granito alcalino Pé de Serra, com idades de cerca
nental sugerida pela sua assinatura geoquímica, ex- de 2.650Ma, evidencia a atuação de processo disten-
ceto para uma única amostra com assinatura MORB, sivo nesta região.
conflita-se com a presença de intercalações de for-
mações ferríferas bandadas e de metacarbonatos. – (Estágio D – 2,6 a 2,3Ga) – O vulcanismo calcialca-
lino, com afinidade de arco continental, intercalado
Do exposto, o modelo interpretativo para a evolução nos metapelitos da Formação Mirante, na borda leste
da sequência em seis estágios (Fig. VI. 22) padece de da Sequência, indica um mecanismo de subducção
todas essas limitações: da crosta oceânica na borda oriental do Bloco Ga-

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Figura VI.22 – Modelo
interpretativo para a
evolução da Sequência
Metavulcanossedimentar
Contendas-Mirante desde
o paleoarqueano até
paleoproterozoico. (a e
b) Estágios distensivos
(Paleoarqueno a Mesoarqueano)
b com oceanização local e
individualização dos Blocos
Gavião (BG) e Jequié (BJ).
Neste ambiente foi originada
a unidade inferior (JT) da
sequência. (c) Estágio distensivo
(Neoarqueano), originando o Sill
estratificado do Rio Jacaré (RJ)
e o granito alcalino Pé de Serra
c (PS). (d) Estágio pré-colisional
(Neoarqueano a Sideriano) (Tab.
III.1), dando origem à Unidade
Média da Sequência, com
vulcanismo calcialcalino de arco
continental (VC) e sedimentação
marinha (SM) das formações
Rio Gavião e Mirante. (e) Estágio
colisional (Riaciano a Orosiriano)
com sedimentação continental
da Formação Areião (FA) no
início do estágio de colisão,
seguida de metamorfismo
d
associado à fusão parcial, colisão
e acavalamento do Bloco Jequié
sobre o Bloco Gavião (sutura
completa) ou sobre a Contendas-
Mirante (sutura incompleta).
(f) Não representado na
figura. Estágio pós-colisional
(Orosiriano), durante o alívio,
com fusão crustal e geração de
leucogranitos peraluminosos.

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vião. Este vulcanismo estaria associado a um estágio entre os terrenos arqueanos destacam-se os ortog-
de sedimentação marinha pré-colisional. As idades- naisses do tipo TTG, o Greenstone Belt Mundo Novo
-modelo entre 2.420 e 2.850Ma desses sedimentos e a Seqüência Metavulcanossedimentar Contendas-
encontram equivalentes somente em rochas do Cin- -Mirante (SVCM). Sobrepostas através de discordân-
turão Itabuna-Salvador-Curaçá, situado mais a leste. cias e zonas de cisalhamento transpressivas, sobre os
terrenos arqueanos, ocorrem sequências metassedi-
– (Estágio E – 2,3 a 2,0Ga) – Os metarcóseos e me- mentares de idade paleoproterozoica, agrupadas no
tassubarcóseos com níveis conglomeráticos, da For- Complexo Saúde, no Grupo Jacobina/Complexo Itapi-
mação Areião, marcam a sedimentação continental curu e na Formação Areião.
de uma bacia de antepaís, no estágio de colisão entre
os blocos Gavião e Jequié. Seus zircões detríticos com O empilhamento litoestratigráfico do Greenstone Belt
populações de idades concordantes de 2.160Ma, entre Mundo Novo é motivo de controvérsia, uma vez que in-
2.300 e 2.400Ma e entre 2.600 e 2.710Ma encontram clui unidades litológicas que também estão definidas
fontes nos Bloco Jequié e no Cinturão Itabuna-Sal- como integrantes do Grupo Jacobina e dos Complexos
vador-Curaçá. Na progressão do estágio colisional Saúde e Itapicuru. Esse greenstone belt compreende
ocorre o metamorfismo associado à fusão parcial três domínios ígneos (máfico-ultramáfico, vulcânico
e, acavalamento do Bloco Jequié sobre a Sequência máfico de composição toleiítica, e vulcânico-félsico
(sutura incompleta) ou sobre o Bloco Gavião (sutura de composição cálcio-alcalina) alem de um domínio
completa), conforme preconizado por Pedreira (1976), sedimentar, todos eles metamorfisados desde a fácies
Pedreira & Marinho (1981), Sabaté et al.(1990a), Cuney xisto verde até o anfibolito. Idades do paleoarqueano
et al. (1990), Marinho (1991), Marinho et al. (1994b) e de 3,3Ga são registradas para os metadacitos do do-
Barbosa & Sabaté (2002; 2004). mínio ígneo calcialcalino.

– (Estágio F – 2,0 a 1,9Ga, não representado na Fig. VI. A Sequência Metavulcanossedimentar Contendas-
22) – Durante o colapso orogênico, após a colisão, te- -Mirante é compartimentada em três unidades: in-
ria ocorrido geração de leucogranitos peraluminosos, ferior, essencialmente vulcanogênica, representada
com idades entre 1.880 e 1.950Ma (Rudowski 1989, pelas formações Jurema-Travessão e Barreiro d’Anta;
Sabaté et al. 1990b, Marinho 1991), que se dispõem média, siliciclástica, representada pelas Formações
segundo um alinhamento de cerca de 500km, ao lon- Rio Gavião e Mirante, com níveis vulcanogênicos
go da zona de sutura. subordinados e, superior, representada pela Forma-
ção Areião, psefítica. As litologias vulcanogênicas
da Formação Jurema-Travessão são toleiíticas, con-
trariamente àquelas da unidade média, que são cal-
4 Síntese cialcalinas. Nessa Sequência Contendas-Mirante, o
metamorfismo impresso é progressivo de leste para
As regiões da Serra de Jacobina e de Contendas- oeste e se traduz pela sucessão de seis zonas meta-
-Mirante estão alinhadas ao longo de importante mórficas de baixa pressão/alta temperatura, a saber:
lineamento tectônico, Contendas-Jacobina, de dire- (i) clorita; (ii) biotita; (iii) cordierita; (iv) andaluzita;
ção NNE e extensão aproximada de 500km. Este li- (v) sillimanita–muscovita e, (vi) sillimanita–feldspa-
neamento representa uma zona de sutura colisional to potássico. Idade mesoarqueana de 3,1Ga, (rocha
de idade paleoproterozoica entre os Blocos Gavião e vulcânica da Formação Jurema-Travessão com veios
Jequié (Arqueanos) e o Bloco Itabuna-Salvador-Cu- quartzo-felspáticos ricos em zircões) e neoarqueana
raçá (Arqueano-Paleoproterozoica). Nessas regiões, de 2,6Ga (Sill do Rio Jacaré, U-Pb por LA-ICP-MS)

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caracterizam o embasamento arqueano dessa sequ- cherts e quartzitos e que são possuidoras de minera-
ência. Idades-modelo TDM das litologias vulcânicas da lizações de manganês e barita, sugerem um contexto
Formação Jurema-Travessão registram duas idades: deposicional marinho profundo à plataformal. Em
2,9-3,0Ga e 3,3Ga, para amostras com menor e maior adição, a associação de fácies constituídas por inter-
taxa de contaminação crustal, respectivamente. Nos calação de camadas de quartzito e de andaluzita xisto
metapelitos e leucossomas da unidade média da mostra semelhança à sequências turbidíticas de fun-
sequência são registradas idades-modelo TDM entre do marinho. As sequências metapsamíticas, quart-
2,42 e 2,85Ga, sendo de 2,5Ga (Neoarqueano) para zitos e metaconglomerados com seixos constituídos
quatro amostras de metapelitos. Ainda nessa unida- essencialmente de quartzo, mineralizados em ouro
de, rochas vulcânicas calcialcalinas intercaladas nos e ametista, exibem estruturas sedimentares que in-
metapelitos (derrames ou fatias tectônicas?) apresen- dicam paleocorrentes para oeste e ambiente deposi-
tam idade isocrônica Pb-Pb em rocha-total de 2,5Ga, cional variando de litorâneo a fluvial, com leques alu-
com idades-modelo TDM entre 3,0 e 3,45Ga. Evento viais associados. Zircões detríticos dos metapsamitos
de acresção e/ou retrabalhamento crustal durante indicam fontes arqueanas e paleoproterozoica de
a orogenia colisional da área é sugerido em função 2,08Ga para as formações Rio do Ouro e Serra do Cór-
da idade paleoproterozóica (Riaciana) de 2,15Ga nas rego do Grupo Jacobina. Rochas de composição pe-
meta-vulcânicas da Formação Jurema-Travessão e ridotítica-dunítica, dispostas paralelamente ao trend
no Sill do Rio Jacaré (em zircões, método Pb-Pb, por regional das sequências metassedimentares e, ro-
evaporação). O metamorfismo regional tem registro chas de composição diorítica, dispostas obliquamente
também nos leucossomas, resultantes da fusão par- ao trend geral, sugerem lascas tectônicas e intrusões
cial dos metapelitos com idade isocrônica Rb-Sr de em fraturas de tração, respectivamente. O metamor-
2,01Ga. fismo regional varia de média à baixa pressão (zonas
da estaurolita, do cloritoide, da andaluzita e da cor-
O Complexo Saúde é constituído por sequências vul- dierita, com temperaturas variando entre 600 e 450°C
cânicas e metassedimentares (paragnaisses não- e pressões entre 5,0 e 3,0kbar). Esse metamorfismo
-granadíferos, kinzigitos, rochas cálcio-silicáticas, foi seguido por evento(s) de natureza hidrotermal.
quartzitos). O metamorfismo varia de leste para Esse hidrotermalismo está associado às intrusões
oeste, desde as facies granulito baixo/anfibolito alto de leucogranitos com idades entre 2,08Ga (Riaciano)
(kinzigitos com temperaturas de 680 a 8200C e pres- e 1,88Ga (Orosiriano), sendo progressivamente mais
sõesde 3,5 a 5,0kbar) para anfibolito/xisto verde alto jovens de leste para oeste. A circulação de fluidos hi-
(paragnaisses não-granadíferos com temperaturas drotermais aumentou o gradiente geotermal do con-
de 500 a 6800C e pressões de 3,5 a 5,0kbar). Idades em junto da bacia e foi responsável pela acumulação de
monazitas in situ de 2,08-2,05Ga (Riaciano/Orisiria- jazimentos auríferos, epitermais, em lodes, ao longo
no) expressam o metamorfismo regional associado à de zonas de cisalhamento que cortam os quartzitos
tectônica colisional. e metaconglomerados. Dados isotópicos desses jazi-
mentos (S dos sulfetos e de d18O-dD de inclusões flui-
O empilhamento litoestratigráfico do Grupo Jacobina das) sugerem que além dos leucogranitos, os diques
é matéria também de controvérsias sobre a origem máficos atuaram como fonte/termodinâmica para
da bacia homônima. As sequências metassedimenta- os fluidos hidrotermais. Evidências adicionais do(s)
res de médio a baixo grau metamórfico indicam am- evento(s) de hidrotermalismo na Serra de Jacobina
bientes deposicionais distintos que foram imbricados são as mineralizações de esmeralda nos contatos dos
tectonicamente durante a orogenia colisional. As se- leucogranitos com os maciços de peridotito-dunito e,
quências metapelíticas associadas a itabiritos, meta- de manganês e barita nas zonas de cisalhamento que

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cortam os metapelitos. Datações 40Ar/39Ar em micas desde verticais, inclinadas até reviradas que redobram
do Grupo Jacobina e das mineralizações de esmeral- o bandamento composicional, segundo padrão em
da mostram que o evento hidrotermal foi diacrônico laço com foliação de plano axial (S1’’) subverticaliza-
e se propagou de leste para oeste com idades entre da. Nos domínios transcorrentes, as dobras evoluem
1,98-1,91Ga (Orosiriano). para dobras oblíquas e em bainha com eixos (Lb’’) em
ampla variação de caimento para NNW e SSE, bem
A Formação Areião constitui a unidade superior da como, dobras de arrasto com flancos rompidos com
Sequência Contendas-Mirante sendo formada por eixos (Lb’’) de caimentos variáveis (15 a 800) para NNE
metaconglomerados e quartzitos depositados em ou SSW. Feições como mega-boudins constituídos por
ambiente fluvial. É correlata aos quartzitos e meta- leucogranitos e de lascas tectônicas, imbricadas, do
conglomerados das Formações Rio do Ouro e Serra embasamento com vergência para oeste, segundo
do Córrego do Grupo Jacobina. Zircões detríticos da- contatos cisalhados com as rochas metassedimenta-
tados por U-Pb/ SHRIMP, revelam fontes arqueanas res estariam associadas à fase D1’’. A foliação miloní-
e paleoproterozoica (2,16Ga) para a Formação Areião tica (S1’’) mostra lineação de estiramento (Lx’’) de rake
que é mais antiga do que aquela encontrada no Grupo variando de strike-slip até dip-slip, conforme os por-
Jacobina. firoblastos de cordierita, andaluzita, biotita, barras de
quartzo e nódulos de fibrolita+quartzo±moscovita.
As feições estruturais impressas nas unidades geo- Esses porfiroblastos marcam o posicionamento da
tectônicas da Serra de Jacobina e de Contendas-Mi- evolução metamórfica-hidrotermal que ocorreu du-
rante denotam duas fases principais de deformação rante a descompressão orogênica em relação à se-
dúctil, coaxiais, atribuídas à orogenia paleoprotero- gunda fase de deformação, vez que a foliação S1’ está
zóica (Riaciana/Orosiriana). A primeira fase (D1’) é ca- incluída nos porfiroblastos ou preservada nas suas
racterizada por dobras isoclinais a recumbentes com sombras de deformação. Por sua vez, a foliação S1’’
posições de eixos amplamente variáveis e foliação de está defletida ao redor dos porfiroblastos.
plano axial que define o bandamento metamórfico
(S1’). Estas dobras foram nucleadas sob um campo Dobras tardias ocorrem apenas localmente, redo-
compressional segundo ESE-WNW que desenvolveu brando a foliação S’’. Estas características da defor-
também cisalhamento tangencial subparalelo aos mação D’’ sugerem condições de transpressão, se-
planos axiais das dobras. Os eixos cônicos dessas es- gundo tectônica de encurtamento ESE-WNW, com
truturas sugerem vergência para oeste. A esta fase sentido de transporte das unidades litológicas para
D1’ estariam associadas também feições tectônicas de oeste e de estiramento com transcorrência associada
cavalgamento do tipo nappe dos kinzigitos do Com- de direção meridiana.
plexo Saúde sobre os ortognaisses arqueanos do Blo-
co Gavião, com sentido de transporte para oeste. A fase de deformação tardia (D2) se desenvolveu em
condições transicionais entre o regime dúctil e o rú-
A segunda fase de deformação (D1’’) é caracterizada ptil, na forma de kink bands encontrados no Conten-
por partição da deformação em domínios regionais, das-Mirante. No Grupo Jacobina, estas estruturas
anastomosados e lenticulares, ora predominante- são representadas por: (i) veios de quartzo formando
mente compressivos, ora transcorrentes de cisalha- tension gashes em geometria en echelon com cine-
mento dúctil. A foliação milonítica de direção geral mática sinistral, ao longo da direção ENE-SSW, em
meridiana, exibe mergulho de alto ângulo e movi- arranjo oblíquo com a foliação milonítica (S1’’); (ii)
mentação relativa dominantemente sinistral-reversa. brecha cataclástica e cristais de quartzo, incluindo
Nos domínios compressivos, as dobras (F’’) variam ametista, ao longo de fraturas de tração e na matriz

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de brechas hidráulicas, nos quartzitos e, (iii) zonas sillimanita+quartzo e modificam a fábrica magmá-
de catáclase e estruturas do tipo boxwork nos filitos, tica. Tension gashes preenchidas por filões pegma-
nas formações ferríferas e nos corpos de manganês. toides ricos em granada e pobres em biotita indicam
No Complexo Saúde e nos leucogranitos associados, que o cisalhamento rúptil-dúctil foi contemporâneo
superfícies de cisalhamento rúptil-dúctil com dire- à etapa tardia da cristalização do magmatismo pe-
ção NNW, com alto ângulo de mergulho e com movi- raluminoso. A fase D3 estaria relacionada à tectônica
mentação preferencial sinistral, arrastam nódulos de distensional de colapso orogênico.

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Corpos Máfico-
Capítulo Vii Ultramáficos
Angela Beatriz de Menezes Leal (UFBA)
Johildo Salomão Figueiredo Barbosa (UFBA)
Luiz César Corrêa-Gomes (UFBA)

1 Introdução
Neste capítulo serão descritos os principais corpos máfico-ultramáficos que ocorrem no Estado da Bahia. Procu-
rou-se sintetizar as informações dos principais trabalhos desenvolvidos nestes conjuntos de rochas, sobretudo do
ponto de vista de suas características geológicas, litogeoquímicas, metamórficas, metalogenéticas e geocronoló-
gicas, visando à atualização de dados referentes a esse tema. Outras características metalogenéticas importantes
desses corpos estão colocadas no CAPÍTULO XX.

Os corpos máfico-ultramáficos se destacam por apresentar importante potencial metalogenético, especialmente


para mineralizações de Cr, sulfetos de Cu e Ni, Elementos do Grupo da Platina (EGP), óxidos de Fe, Ti e V. Além
da importância metalogenética, esses corpos são também excelentes indicadores da ambiência geotectônica à
época de sua formação. A literatura geológica descreve vários exemplos dessas mineralizações associadas aos
corpos máfico-ultramáficos com destaques para o Complexo de Bushveld na África do Sul, Sudbury no Canadá,
Stillwater nos Estados Unidos, Great Dyke no Zimbabwe, dentre outros. No Brasil destacam-se os corpos máfico-
-ultramáficos de Cana Brava, Barro Alto e Niquelândia no Estado de Goiás e, no Estado da Bahia, o Complexo
Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso com mineralização de Cr, o de Maracás com mineralizações de Fe-Ti-V, o
da Fazenda Mirabela com sulfetos de Ni e Cu, entre outros.

Os corpos máfico-ultramáficos do Estado da Bahia estão descritos obedecendo a suas idades posicionando-os
nos Blocos Gavião (Partes Norte e Sul), Serrinha, Uauá, Jequié e no Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá.

Co r p o s M á f i co - U lt ra m á ficos • 443

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2 Corpos Máfico- Branca, Morrinho do Lazan II, Morrinho do Lazan I e

Ultramáficos do Bloco Morro Branco (Moraes & Veiga 2008) (Figs.VII.2, VII.3).

Gavião (Parte Norte) Couto (1989), através de estudos petrológicos, descre-


veu o Complexo de Campo Alegre de Lourdes como
PALEOPROTEROZOICO um corpo ígneo acamadado, cristalizado a partir de
um magma de composição basáltico-toleiítica, (tran-
O Bloco Gavião (Parte Norte) contém o Complexo Má- sicionando para alcalino), como indicam a composi-
fico-Ultramáfico de Campo Alegre de Lourdes, Com- ção do clinopiroxênio (augita) e a presença de rochas
plexo Máfico do Peixe e Complexo máfico-ultramáfico com olivina e hiperstênio normativos, em condições
de Campo Formoso (Fig.VII.1), de idade paleoprotero- intracratônicas. É formado por uma sequência de ro-
zoica, e descritos a seguir. chas cumuláticas, cujos principais grupos petrográ-
ficos estão representados por: (i) rochas cumuláticas
(piroxenitos, gabros, leucogabros-anortositos, ilme-
2.1 Complexo Máfico-Ultramáfico de nita-magnetititos e cumulato a apatita), que estão
Campo Alegre de Lourdes bem descritos em Couto & Nilson (1992) (Figs.VII.4,
VII.5); (ii) rochas diabásicas; e (iii) rochas miloníticas
O Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Alegre a partir dos plutonitos anteriores, com a produção de
de Lourdes está localizado na extremidade noroeste talco, actinolita, clorita e epidoto, em ambiente da fá-
do Estado da Bahia, próximo à divisa com o Estado cies xisto verde. A ordem provável de cristalização dos
do Piauí, cerca de 10km a oeste da cidade de Campo minerais foi: clinopiroxênio (±ortopiroxênio) - plagio-
Alegre de Lourdes (Caldasso et al.1973, Cassedane et clásio - hornblenda pargasítica - apatita ± ilmenita ±
al.1976), na parte setentrional do Bloco Gavião (Fig. magnetita. As estimativas de temperatura (600 a 650
VII.1). É constituído por um corpo em forma lenticu- C) e da fugacidade de oxigênio (log fO2 entre -l8.9 e
lar, alongado na direção N-S, com uma área aflorante -21.8), para a formação dos pares coexistentes de il-
com dimensões de 13,6 km (N-S) e 7 km (E-W) (Leite menita e magnetita, provavelmente refletem o inter-
1997), encaixado em gnaisses e migmatitos do Meso- valo de oxidação subsólida da fase espinélio (Couto
arqueano (CAPÍTULO III). Lima et al. (1977), Souza & 1989). Foram reconhecidos, ainda, dois tipos de aca-
Sampaio (1979) e Sampaio et al. (1986) o caracteriza- madamento rítmico no ilmenita-magnetitito: um de
ram como um complexo básico, constituído por ga- escala centimétrica, com alternância de bandas ricas
bros com anortositos, além de litotipos subordinados, em óxidos e bandas ricas em plagioclásio, e o outro de
ricos em apatita, todos intensamente deformados. Di- escala decamétrica, ambos implicando em ambiente
ques de diabásio foram também identificados. tectônico calmo durante a cristalização magmática
(Couto 1989).
Os corpos máfico-ultramáficos ocorrem dispostos
ao longo de uma série de morrotes, formando insel- A presença de cumulato de apatita (fosfato) (Fig.VII.5)
bergs, em meio ao pediplano local, constituindo, no levantou a possibilidade de ter havido, durante a cris-
conjunto, elevações com 11,5km de comprimento por talização magmática, a separação de líquido imiscível
1,2km de largura, sendo localmente denominados de enriquecido em óxidos de Fe-Ti-V com apatita (Couto
sul para norte de Morro do Anfilófio, Morro do Sítio, 1989). Expressivas concentrações de fosfatos secun-
Morro do Tuiuiú, Morro da Carlota, Morro do Chico Ve- dários foram identificadas em zonas de alteração in-
lho, Pedra Comprida, Morro Redondo, Morro da Testa tempérica sobre o minério Fe-Ti-V (Sá et al. 1991).

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Figura VII.1 – (a) Mapa simplificado do Bloco Gavião (Parte Norte) com a localização dos corpos máfico-ultramáficos de Campo Alegre de Lourdes, do Peixe e de Campo Formoso (quadrados
vermelhos). (b) e (c) Contexto geológico regional das áreas em destaque. Modificado e adaptado de Barbosa & Dominguez (1996). BG - Bloco Gavião, BJ - Bloco Jequié, BS - Bloco Serrinha, BU -
Bloco Uauá, CISC - Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá.

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Figura VII.2 - Mapa geológico simplificado do Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Alegre de Lourdes. Modificado de Moraes & Veiga (2008).

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a b

c d

e f

Figura VII.3- (a) Vista panorâmica dos Morros da Carlota, do Redondo e da Testa Branca, respectivamente da esquerda para a direita.
(b) Morro do Tuiuiú (face sul). (c) Morro de magnetitito do Anfilófio II com blocos alinhados no terreno. (d) Morro do Sítio. Visão para sul,
com mergulho para SW. (e) Minério de ferro no Morro Branco. (f) Rocha fosfática preenchendo zona de fratura no minério de magnetitito
no Morro do Lazan I. (Fotografias a, b e e extraídas de Moraes & Veiga 2008 e fotografias c, d e f cedidas por Juracy Mascarenhas)

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Figura VII.4 - Corte da estrada Campo Alegre de Lourdes no Morro Figura VII.5 - Zona de fratura, preenchida com fosfato amarelado.
Pedra Comprida. Afloramento alterado de gabro-anortosito, Morro Branco. Moraes & Veiga (2008)
encaixantes do magnetitito. Fotografia cedida por Juracy
Mascarenhas.

As assinaturas geoquímicas de elementos maiores Segundo Gomes (1993) a magnetometria do corpo de


foram definidas por dois grupos de rochas diferen- Campo Alegre de Lourdes mostra dipolos com a mes-
ciadas, caracterizadas por razões distintas de MgO/ ma disposição daquela do Complexo Máfico do Peixe
FeO e padrões de distribuição de (ETR), com ou sem e do Complexo Carbonatítico Angico dos Dias (CAPÍ-
a presença de anomalias positivas de Eu. Os padrões TULO III). Embora não existam dados geocronológi-
de distribuição dos (ETR) são sugestivos de uma mag- cos para essas rochas, os dados geofísicos mostram
matogênese a partir da fusão de uma fonte manté- correspondência com os dados geofísicos de Angico
lica, onde a granada foi um importante componente dos Dias, que é datado claramente como formado no
residual. Foi também observada uma diminuição da Paleoproterozoico. Isso leva a interpretar um mesmo
razão FeO/(FeO+Fe2O3) e da percentagem de magne- período de magnetização remanescente, locado no
tita em direção ao topo, enquanto que a percentagem paleoproterozoico. Devido às concentrações de mi-
de silicatos aumenta, definindo um acamadamento nérios de Fe-Ti-V, o complexo se apresenta de modo
rítmico (Couto 1989). Estudos petroquímicos de ele- notável nos mapas aeromagnéticos, os quais revelam
mentos maiores no Complexo de Campo Alegre de outras fortes anomalias, na parte oeste da região,
Lourdes podem ser encontrados em Barbosa (2007). provavelmente relacionadas a outros corpos simila-
res em pequenas profundidades.
Todo o Complexo em foco sofreu intensas deforma-
ções, evidenciadas na subverticalização do acamada- A partir das associações litológicas, minerais de mi-
mento ígneo (rítmico), provocada por dobramentos nério, geoquímica e feições de campo é sugerido que
e cizalhamentos (Fig.VII.6), que parece ter ocorrido o Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Alegre de
na fácies xisto verde. Isso promoveu profundas al- Lourdes seja comparável aos Complexos de Portivaa-
terações nos silicatos primários, como por exemplo, ra (Finlândia) e de Oursi (África).
transformação de augita em actinolita e saussuriti-
zação do plagioclásio, apesar das texturas originais As reservas dimensionadas dos depósitos de Fe-Ti-V
das rochas cumuláticas ficarem relativamente bem de Campo Alegre de Lourdes são de 133,5 milhões de
preservadas. toneladas (Mt) de minério, sendo: 60,1 Mt de reser-

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a b

Figura VII. 6 - Morro da Testa Branca.(a) Zona de cavalgamento com movimento de sul para norte.
b) Zona de fechamento de dobra. Moraes & Veiga (2008)

va medida (com teores médios de 49,98% de Fe2O3; bro grosso, tremolitito, metagabro fino e magnetita
20,74% de TiO2 e 0,71% de V2O5), 40,1 Mt de reserva in- metagabronorito grosso. Apresentam textura cumu-
dicada (com teores médios de 18,56% de TiO2 e 0,61% lática, por vezes acamadada. O principal mineral de
de V2O5) e cerca de 13,3 Mt de minério coluvial (Mora- cumulus é o plagioclásio e o de intercumulus, os pi-
es & Veiga 2008) (CAPÍTULO XX). roxênios. A apatita constitui outra fase de cumulus,
estando inclusa na massa de magnetita ou dentro
de cristais de plagioclásio. A magnetita e a ilmenita
2.2 Complexo Máfico-Ultramáfico do preenchem os espaços entre os plagioclásios e os
Peixe piroxênios. A magnetita apresenta ex-soluções de la-
melas de ilmenita. Os minerais acessórios principais
O Complexo Máfico-Ultramáfico do Peixe localiza-se a são: hornblenda, biotita, tremolita-actinolita, clorita
cerca de 20km a oeste do Complexo Máfico-Ultramá- e titanita. Esses minerais acessórios estão presentes
fico de Campo Alegre de Lourdes e aflora em apenas principalmente nas zonas milonitizadas, derivadas
dois locais devido às extensivas cobreturas cenozoicas dos litotipos supracitados e, pelas características
da região (Bizzi et al. 2003) (Fig.VII.1). A delimitação que eles apresentam, essa milonitização parece que
do corpo foi realizada através de expressiva anoma- ocorreu em ambiente da fácies xisto-verde. Segundo
lia aeromagnética, caracterizando dimensões de 4,5 Leite et al. (1993) e Leite (1997), o Complexo Máfico-
x 12km, cuja intensidade é semelhante à do Comple- -Ultramáfico do Peixe corresponde a uma intrusão
xo Máfico-Ultramáfico de Campo Alegre de Lourdes diferenciada, com afinidade toleiítica, incluindo as
(Leite et al. 1993, Leite 1997). mineralizações de Fe-Ti (V).

Furo de sondagem exploratório com 362 metros de


profundidade feito pela Companhia Baiana de Pesqui-
sa Mineral (CBPM), em 1988, interceptou litotipos que
variam de metagabro grosso, metamagnetita gabro,
metapiroxenito, ilmenita magnetitito, metaleucoga-

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2.3 Complexo Máfico-Ultramáfico de As deformações associadas ao Complexo de Campo
Campo Formoso Formoso, bem como o intenso processo hidrotermal
que alterou as fases silicáticas primárias (serpentina,
O Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Formo- talco, cloritas, tremolitas, carbonatos, dentre outros)
so localiza-se próximo à cidade homônima. Aflora dificulta grandemente a caracterização do magmatis-
acompanhando a borda nor-noroeste da Serra de mo original, o modelo evolutivo e a determinação de
Jacobina, em forma lenticular, bastante alongada, sua idade radiométrica. No entanto, apesar de todas
perfazendo cerca de 60 km de extensão e com largura estas transformações, algumas características origi-
variando entre 100 e 1.000 metros (Figs.VII.1, VII.7). Na nais são reconhecidas, como o bandamento rítmico
sua extremidade sul, onde aflora sua maior extensão, das camadas que mostram continuidade e persis-
esse complexo posiciona-se entre os metassedimen- tência lateral, as texturas cumuláticas e a presença
tos do Grupo Jacobina (CAPÍTULO VI), o granitoide de de rochas piroxeníticas sotopostas aos serpentinitos.
Campo Formoso (CAPÍTULO V) e as rochas gnáissico- Topitsch (1993) comparou o Complexo Máfico-Ul-
-migmatíticas (CAPÍTULO III), pertencentes ao Bloco tramáfico de Campo Formoso com os Complexos de
Gavião (Parte Norte) (Fig. VII.1). Este corpo tem dire- Great Dyke, Jimberlana (Austrália) e ao cinturão de
ção predominante NE-SW, com deflexão para E-W, intrusões máfico-ultramáficas do norte da Finlândia,
mergulhando em média 500 para SE. O Complexo de todos derivados de um magmatismo com alto mag-
Campo Formoso compreende 12 depósitos e várias nésio e alto silício, associado a eventos extensionais
ocorrências de cromita, sendo que as reservas mais que ocorreram em várias partes do planeta, por volta
importantes encontram-se nas localidades de Casca- de 2,4Ga.
bulho, Pedrinhas, Coitezeiro e Limoeiro (Fig. VII.8).
As relações com as encaixantes indicam que este
O Complexo de Campo Formoso é formado por uma complexo foi intrudido no embasamento gnáissico-
sequência de serpentinitos, talco xistos e talco-tre- -migmatítico de idade 2,76-2,89Ga, conforme isócro-
molita xistos, com níveis de cromititos intercalados na Rb/Sr (Couto et al. 1978, Mascarenhas & Garcia
(DEUS, Pedro Barbosa de Vianna 1982) (Fig. VII.9). Os 1989). A presença de cromita detrítica em quartzitos
litotipos que hoje constituem o complexo são resultan- do Grupo Jacobina (Gonçalves et al. 1972) indica que
tes do metamorfismo de baixo grau sobre peridotitos e a colocação do Complexo Campo Formoso precedeu
piroxenitos originais que, possivelmente, formavam a a deposição daquele grupo, o que confere uma ida-
porção basal de uma intrusão estratificada de grande de mínima de 2,07 Ga para essa intrusão (Bizzi et al.
porte, que foi erodida na sua maior parte (Couto et al. 2003). Sua idade máxima, em torno de 2,4Ga, pode
1978), mas ainda preservando texturas cumuláticas. ser adotada por analogia com a idade de complexos
Segundo Tayer (apud Couto et al. 1978) o Complexo de ultramáficos da mesma característica petrogenética,
Campo Formoso deveria ter uma espessura de 3-4 km, conforme postulado por Topitsch (1993).
mas foi na maior parte destruído devido a processos
tectônicos e erosivos subsequentes, restando apenas Camadas de cromitito (lump, fitado e disseminado)
parte da porção basal, constituída pelos termos ultra- ocorrem, com espessuras de 1 a 9 metros, em diver-
máficos (rochas serpentiníticas e algumas piroxení- sos níveis da seção ultramáfica e apresentam grande
ticas). Silva & Misi (1998) descreveram localmente a continuidade lateral, só interrompidas por falhas de
presença subordinada de rochas de composição piro- empurrão/reversa longitudinais ou falhas normais
xenítica e gabroica, observadas especialmente na ex- oblíquas ao trend regional N-S (Hedlund et al. 1991,
tremidade sul do complexo (Mina Cascabulho), onde o Gonçalves et al. 1972, in Bizzi et al. 2003) (Fig.VII.10).
corpo apresenta a maior extensão aflorante. As reservas dimensionadas de cromita (lump, fitado

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Figura VII.7 – Mapa geológico simplificado do Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso. Modificado de Misi et al. (2006).

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a b

c d

Figura VII.8 – (a) Vista W-E da cava da Mina Coitezeiro. (b) Vista E-W da cava da Mina Coitezeiro. (c) Vista aérea da Mina Limoeiro.
(d) Vista aérea da Mina Pedrinhas. Fotografias cedidas pela Ferbasa.

a b

Figura VII.9- (a) Contato quartzito basal/corpo ultramáfico (Mina Limoeiro). (b) Dique de diabásio N-S, deslocado por falhamento E-W
(Mina Coitezeiro). Fotografias cedidas pela Ferbasa.

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a b

c d

e f

Figura VII.10 - (a) Camada mineralizada principal. (b) Fechamento da camada de minério estratificado/fitado, intercalado no cromitito
lump (camada principal). (c) Níveis de cromitito lump com falha de gravidade, mostrando leve caimento das camadas para W (camada
secundária). (d) Níveis de cromitito disseminado e estratificado truncados por falha N-S (vertical), mostrando caimento para W – camada
secundária. (e) Níveis de cromita disseminada mergulhando suavemente para sul. (f) Interdigitação de Cromita Disseminada. Fotografias da
Mina Coitezeiro. Cedidas pela Ferbasa.

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e disseminado) do Complexo de Campo Formoso são duas zonas: (i) a zona inferior, com espessura mé-
estimadas em 6,5x103 toneladas de minério total (re- dia de 300 m, sendo constituída essencialmente de
servas medida + indicada + inferida) com teor médio gabros, dioritos e gabros anortosíticos e, (ii) a zona
de 23,67% de Cr2O3 contido na Mina de Coitezeiros, en- superior, com espessura de 600 a 1.000 m, exibindo
quanto na Mina de Limoeiro as reservas dos depósitos microacamadamento rítmico de gabro, piroxenito e
de cromita (lump e disseminado) são estimadas em magnetita-piroxenito, além de ferrogabro e anortosi-
950 mil toneladas de minério total (reservas medida + tos com magnetita. Entre as duas zonas ocorre uma
indicada + inferida) com 25,42% de Cr2O3 contido (Fer- zona de transição formada por rochas acamadadas e
basa Mineração, maio de 2009) (CAPÍTULO XX). texturas variadas, constituídas por cumulatos ultra-
máficos de olivina, clinopiroxênio e magnetita, modal
e gradacionalmente acamadados, com cumulatos
máficos formados de plagioclásio e clinopiroxênio
3 Corpos Máfico- (Brito 2000). A origem dessas zonas seria associada a

Ultramáficos do Bloco injeções múltiplas, penecontemporâneas, a partir de


uma ou duas câmaras magmáticas em rota de fracio-
Gavião (Parte Sul) namento e abastecendo o sill em foco.

NEOARQUEANO Segundo Raimundo (2008), utilizando dados de cam-


po e de inúmeros testemunhos de sondagens da Lar-
3.1. Sill do Rio Jacaré go Mineração, proprietária da jazida, identificou-se a
presença de metagabros (65-70% de plagioclásio, pi-
O Sill do Rio Jacaré-Fazenda Gulçari está localizado roxênio anfibólio e quartzo e praticamente desprovido
na parte sudoeste do Estado da Bahia, entre os mu- de magnetita) a oeste do sill, que não são compatíveis
nicípios de Jequié e Maracás, ocupando a borda nor- com as outras litologias intrusivas descritas por Brito
deste da Sequência Metavulcanossedimentar Con- (2000). Essa autora interpretou que esses metagabros
tendas-Mirante (CAPÍTULO III) (Fig.VII.11). O Sill do poderiam ter sido mais antigos ou mais novos, que
Rio Jacaré é uma intrusão acamadada situada entre as rochas efetivamente pertencentes ao sill. Seriam
as rochas vulcânicas basáltico-andesíticas e vulcano- os representantes de pulsos de um líquido toleiítico,
-sedimentares da Formação Jurema-Travessão, a dentro da câmara magmática, diferente daquele que
oeste e o Granitoide Pé de Serra, a leste (CAPÍTULO V). formou o sill, situado a leste. O contato entre esses
Possui formato tabular, extensão de 70km e largura metagabros de oeste e o sill de leste é tectônico. Sen-
média aflorante de 1,2km (sua parte mais larga mede do assim, segundo Raimundo (2008), da base para o
aproximadamente 2,3km e na sua parte mais estreita topo, o sill é formado de: (i) metapiroxenito (anfibó-
300m), com direção N10oE e mergulho entre 50o a 70o lio, plagioclásio, biotita, titano-magnetita e ilmeni-
para SE (Fig.VII.12). ta); (ii) metamagnetititos (magnetita e ilmenita); (iii)
metagabros de leste (60% de plagioclásio, magnetita,
As litologias predominantes do Sill do Rio Jacaré – quartzo, anfibólio e biotita e, (iv) meta-anortositos
Fazenda Gulçari são gabros com algumas variações (anfibólio e plagioclásio). Vale acrescentar que os
texturais e composicionais para termos anortosíticos, anfibólios presentes na matriz e nas bordas dos piro-
dioríticos e piroxeníticos subordinados (Brito 1984, xênios são considerados metamórficos. Os anfibólios
Avena Neto 1987, Gomes 1991, Brito 2000) (Fig. VII.13). maiores, não pertencentes à matriz, embora re-equi-
Segundo Brito (1984, 2000) a estruturação e diferen- librados pelo metamorfismo, guardam ainda caracte-
ciação interna do sill permitiram a sua subdivisão em rísticas plutônicas.

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Figura VII.11 – (a) Mapa simplificado do Bloco Gavião (Parte Sul) com a localização do Sill do Rio Jacaré (quadrado vermelho). (b) Contexto geológico regional do Sill do Rio Jacaré. Modificado e

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adaptado de Barbosa & Dominguez (1996). BG- Bloco Gavião, BJ- Bloco Jequié, BS- Bloco Serrinha, BU- Bloco Uauá, CISC- Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá.

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cido em ferro, e relativamente empobrecido em mag-
nésio. O comportamento geral dos corpos máfico-
-ultramáficos diferenciados apresentam, em direção
ao topo, um aumento em Al2O3, Na2O, K2O e SiO2 e uma
diminuição de MgO e CaO. Entretanto, esses teores são
algumas vezes modificados, em virtude do magma ini-
cialmente ter sido um fundido bastante enriquecido
em Fe, Ti e V (Gomes 1991). As rochas da borda apre-
sentam padrões de (ETRL) fracionados em relação aos
(ETRP). Os cumulatos ultramáficos mostram anoma-
lias negativas de Eu e discretos enriquecimentos de
(ETRP) em relação a (ETRL) Os cumulatos máficos
são enriquecidos em (ETRL) e têm anomalias positivas
de Eu. A zona superior mostra forte enriquecimento de
(ETRL) e anomalia positiva de Eu (Brito 2000).

Com relação à idade do sill, o método Sm-Nd (ro-


cha total), forneceu uma idade de 2841±68Ma, com
εNd=-1.3 e, o método Rb-Sr, uma idade de 2757±18Ma
(Sri=0.70491±0.0007) (Brito 2000). A idade obtida pelo
método U-Pb SHRIMP em zircão situa-se em torno
de 2,7Ga (Brito, comunicação verbal). Kawashita et al.
(1991) dataram leucogabros da Fazenda Novo Ampa-
ro, obtendo uma isócrona Sm/Nd de 2102±29Ma com
εNd=-8.5, interpretada como reomogeneização isotópi-
Figura VII.12 – Mapa geológico simplificado do Sill do Rio Jacaré. ca durante metamorfismo regional no fácies anfibolito.
Modificado e adaptado de Gomes (1991).

Os depósitos Fe-Ti-V são constituídos de titanomag-


netita, ilmenita e ulvoespinélio que são os minerais
Estudos geotermométricos (Gomes 1991) realizados predominantes nos magnetititos. Os teores de vaná-
nos pares hornblenda-granada e biotita-granada em dio na magnetita controlam o conteúdo de V2O5 nos
metagabros revelaram temperaturas variando de 553 magnetititos, caracterizando dois tipos de minério:
a 633oC, relacionadas ao evento metamórfico regio- (i) minério de alto vanádio (alvo A da Fazenda Gulça-
nal. Feições texturais, aliadas a informações obtidas ri) em magnetititos mostrando teores de V2O5 entre
da química mineral dos óxidos de Fe-Ti indicam que 2,2 e 4,5% e, (ii) minério de baixo vanádio (alvo B e
a mineralização esteve sujeita a fortes modificações Novo Amparo) em magnetititos mostrando teores de
composicionais durante o metamorfismo regional, V2O5 entre 0,3 e 2,5%. Alguns corpos de magnetititos
com o logaritmo da fugacidade de oxigênio variando mostram teores anômalos de minerais do Grupo da
de -20 a -22 bars para as temperaturas encontradas. Platina enquanto outros apresentam fracas dissemi-
nações de minerais de cobre (Brito 2000).
No que diz respeito à litogeoquímica, Gomes (1991) e
Brito (2000) demostraram que o magma que deu ori- As similaridades entre os depósitos de magnetita va-
gem ao Sill do Rio Jacaré foi toleiítico, muito enrique- nadífera dos Complexos Sill do Rio Jacaré e Bushveld,

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a d

Figura VII.13- Fotografias dos tipos litológicos pertencentes ao


Sill do Rio Jacaré. (a) Metapiroxenito. (b) Meta-anortosito, (c)
b Metagabro do oeste e (d) Metagabro do leste (Raimundo 2008).

expressos através das associações litológicas, mi-


nerais de minério, geoquímica e feições de campo
sugerem que todo o Sill Rio Jacaré equivale à Zona
Superior do Complexo de Bushveld, tornando-se, em
função disso um corpo promissor para a ocorrência
de depósitos de elementos do Grupo da Platina (Ave-
na Neto 1988, Gomes 1991).

4 Corpos Máfico-
Ultramáficos do Bloco
c
Serrinha
MESOARQUEANO

4.1 Complexo Máfico-Ultramáfico de


Pedras Pretas (Peridotito Cromitífero de
Santa Luz)
A cerca de 3km a leste da cidade de Santa Luz ocorre
um corpo máfico-ultramáfico, caracterizado através
de mapeamento geológico, levantamentos magne-
tométricos e sondagens (Carvalho Filho et al.1986),

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Figura VII.14 – (a) Mapa simplificado do Bloco Serrinha com a localização do Corpo Máfico-Ultramáfico de Pedras Pretas (quadrado vermelho). (b) Contexto geológico da região. Modificado de
Barbosa & Dominguez (1996). BG- Bloco Gavião, BJ- Bloco Jequié, BS- Bloco Serrinha, BU- Bloco Uauá, CISC- Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá.

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intrusivo nos gnaisses migmatíticos do Complexo 5 Corpos Máfico-
Santa Luz, denominado de Corpo Peridotítico de Pe-
dras Pretas (Fig.VII.14).
Ultramáficos do Bloco Uauá

Carvalho Filho et al. (1986) subdividiu o corpo perido- MESOARQUEANO


títico em duas faixas litoestratigráficas: (i) faixa ultra-
básica, constituída por dunitos-peridotitos (Zona D), 5.1 Complexo Anortosítico-
seguida por zona de mineralização, diques máficos e Leucogabroico Lagoa da Vaca
ácidos, serpentinitos ferruginosos, tremolititos e as-
sociação de harzburgitos-peridotificos e dunitos-peri- O Complexo Anortosítico-Leucogabroico Lagoa da
dotificos predominantes (Zona C), serpentinitos, car- Vaca está localizado na porção nordeste do Estado,
bonatos, tremolititos, flogopita xistos carbonáticos e próximo da cidade de Uauá. Aflora na margem oci-
predominantemente rochas harzburgíticas (Zona B), dental do Bloco Uauá, no limite com a Faixa Caldeirão
além de lentes e níveis de cromita ferruginosa e as- (CAPÍTULO III) (Fig.VII.15). Trata-se de um corpo ígneo
sociação piroxenítica-peridotítica (Zona A) e (ii) faixa metamorfizado e bandado, com uma espessura apa-
básica constituída por anortositos, gabros e gabros- rente de 3km. O limite norte do complexo é desconhe-
-anortositos. cido, mas seu limite oriental e meridional é feito com
rochas granulíticas. O limite ocidental é composto
Oliveira et al. (2002a) consideram que essa associa- por gnaisses quartzo-feldspáticos com intercalações
ção de rochas máfica-ultramáficas foi proveniente de anfibolitos. Diques de metadiabásio, granitos, di-
de líquido basáltico vindo de manto peridotítico. Os ques noríticos e pegmatitos são comuns na região
cromititos maciços mostram química de elementos (Paixão 1996).
maiores e de elementos do grupo da platina, seme-
lhante àquela encontrada em ofiolitos cromitífe- O Complexo Lagoa da Vaca é bandado e constituído
ros. Daí, ele sugeriu que essas rochas se formaram pela alternância de camadas de rochas de composi-
em um rift próximo a uma margem continental que, ção anortosítica-metaleucogabroica-metagabroica e
mais tarde, evoluiu para um oceano, provavelmente ultramáfica (hornblenditos), variando de espessura
o mesmo do Greenstone Belt Serrinha-Rio Itapicuru. decimétrica a centimétrica (Fig.VII.16a). A composição
Infelizmente não se tem ainda uma idade confiável mineralógica predominante das rochas anortosítica-
para as rochas peridotíticas, entretanto Oliveira et -metaleucogabroica-metagabroica é dada pelo pla-
al. (2002a), através do método U-Pb SHRIMP, datou gioclásio labradorita (An 61,03-70,61%) e hornblenda.
gnaisses bandados encaixantes do Complexo Santa Estruturas primárias são observadas e representadas
Luz e diques aplíticos que cortam o corpo. Para o pri- por acamadamento gradacional e estruturas de slum-
meiro encontrou idade de 2983±8Ma e para o segun- ping (Fig.VII.16b), que denota a origem provavelmente
do, idade de 2085±12Ma. cumulática de tais rochas (Paixão 1996). Essas estru-
turas ficaram preservadas apesar das deformações.

Paixão (1996) identificou ainda na região litotipos ul-


tramáficos de posicionamento estratigráfico duvidoso
representados por peridotitos e anfibólio-metaperido-
titos, sendo esses últimos transformações metamór-
ficas dos primeiros. Os primeiros são constituídos por
uma assembleia mineralógica de olivina (Fo84 a Fo87),

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Figura VII.15 –(a) Mapa simplificado do Bloco Uauá com a localização do Complexo Lagoa da Vaca (quadrado vermelho) e (b) Contexto geológico da região. Modificado de Paixão (1996).
BG- Bloco Gavião, BJ- Bloco Jequié, BS- Bloco Serrinha, BU- Bloco Uauá, CISC- Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá.

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a b

Figura VII.16 – (a) Aspecto de campo das camadas de composição gabroica a melanogabroica. (b) Estrutura de slumping mostrando o
deslocamento oblíquo de alguns níveis bandados, com acamadamento gradacional. Na parte superior indicada pela caneta nota-se a
presença de camada leucogabroica. Fotografias cedidas por Elson Oliveira.

ortopiroxênio ((En82-85%, Fs12-13%, Wo2-4%), clinopiroxênios plicando que esse complexo é o mais antigo do Cráton
(En35-39%, Fs17-20%, Wo40-48%) e espinélios cromitíferos. do São Francisco, diferentemente daqueles denomi-
nados de Rio Piau e Samaritana/Carapussê situados,
Estudos de química mineral nas rochas do Complexo no Bloco Jequié, ambos de idades mais recentes, pro-
Lagoa da Vaca e dos litotipos ultramáficos de posi- vavelmente do paleoproterozoico (CAPÍTULO III).
cionamento duvidoso apontam uma lacuna composi-
cional significativa para os cristais de piroxênios, fato O Complexo Lagoa da Vaca assemelha-se a outros
que, aliado às observações de campo, indicam não complexos que ocorrem em terrenos de alto grau,
existir relação genética entre eles (Paixão 1996). de idade arqueana, como os complexos Fiskenaes-
set (Groenlândia) e Messina (África do Sul). As rela-
A história tectonometamórfica da região do complexo ções estruturais e as características isotópicas de Pb
envolve três fases deformacionais: (i) a primeira mar- (µ=8,8±0,62) das rochas anortosíticas indicam forte-
cada por condições de pico metamórfico em fácies mente um ambiente continental para o alojamento
granulito, com posteriores efeitos de descompressão do Complexo Lagoa da Vaca, provavelmente associa-
e rehidratação; (ii) re-equilíbrio em fácies anfibolito; e do à situação do Bloco Uauá (Paixão 1996).
(iii) fase de caráter rúptil-dúctil expressa localmente
e caracterizada por assembleias minerais típicas da A ausência de níveis ou concentrações de sulfetos nas
fácies xisto verde (Paixão 1996). rochas do Complexo Lagoa da Vaca, bem como nos
litotipos de posicionamento duvidoso, aliada à com-
Segundo Paixão (1996) e Paixão & Oliveira (1998), posição dos espinélios indicam pouca potencialidade
uma isócrona Pb-Pb em rocha total para esses me- para mineralizações de metais como Cr, Cu e Ni (Pai-
taultrabasitos forneceu uma idade de 3161±65Ma, im- xão 1996).

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6 Corpos Máfico- estudadas na parte norte do maciço, nas cercanias

Ultramáficos do Bloco da Fazenda Riacho do Louro (Carvalho 2005). O es-


tudo das microestruturas do plagioclásio no Maciço
Jequié do Rio Piau evidenciou que ele foi afetado por uma
deformação na transição dúctil-rúptil. A presença de
PALEOPROTEROZOICO microfraturas, extinção ondulante, afinamento das
geminações mecânicas, geminação em cunha, ban-
No Bloco Jequié ocorre uma série de corpos básicos das de deformação, kink bands, pequenos encurva-
portadores de litologias de natureza gabro-anorto- mentos dos planos de geminação do plagioclásio, e a
sítica, de dimensões inferiores a 100km2, alinhados ausência de estruturas tais como augen e matriz, ou
grosseiramente na direção N-S. De norte para sul, são manto-núcleo são feições sugestivas de deformação
conhecidos até agora os maciços do Rio Piau (Cruz no limite rúptil-dúctil (Carvalho 2005).
1983, 1989, Carvalho 2005, Sá et al.2010) e Samari-
tana/Carapussê (Jesus 1997, Bordini 2003, Macêdo Do ponto de vista petrográfico, o Maciço do Rio Piau
2000, Carvalho 2005, Sá et al. 2010) (Fig.VII.17). é constituído por anortositos, gabronoritos, leucoga-
bronoritos, gabros a olivina, gabronoritos a olivina
e magnetita, e rochas ricas em Fe-Ti. À exceção dos
6.1 Maciço do Rio Piau gabronoritos de granulação fina e das rochas ricas
em Fe-Ti, todas as demais rochas são inequigranula-
O Maciço do Rio Piau encontra-se a 268km a sul de res e de granulação média a grossa. As texturas mais
Salvador, aproximadamente a 18km a sudoeste do frequentes nas rochas anortosíticas são as grano-
município de Presidente Tancredo Neves, região cen- blásticas e cataclásticas, com grãos de plagioclásio
tro-sul do Estado da Bahia. Trata-se de um corpo es- quebrados, recristalizados e em mosaicos. Às vezes,
tratificado com cerca de 70km2 de área aflorante, com encontram-se texturas primárias do tipo adcumulato
forma elíptica irregular, de aproximadamente 13 km e, mais raramente, texturas ofíticas. Ocasionalmente,
de comprimento e 6,5km de largura sendo estrutu- os grãos de plagioclásio apresentam geminação en-
rado na direção NE-SW (Cruz 1983, 1989, Cruz et al. curvada. Quanto às rochas ricas em Fe-Ti, elas pos-
1999, Sá et al. 2010). É intrusivo nos terrenos char- suem granulação média a grossa e são homogêneas.
nockíticos arqueanos do Bloco Jequié sendo formado Microscopicamente, apresentam texturas granoblás-
por dois conjuntos de rochas: (i) o principal é consti- tica e em mosaico (Cruz 1989, apud Carvalho 2005). O
tuído por rochas anortosíticas e gabronoríticas e; (ii) estudo mineralógico mostrou que eles foram re-equi-
o secundário é formado essencialmente por rochas librados em condições subsolidus, durante o meta-
gabronoríticas. Dentre esses conjuntos destacam-se morfismo regional. A geotermometria pelos métodos
anortositos, gabronoritos de granulação grossa, leu- de Wood & Banno (1973) e de Wells (1977) permitiram
cogabronoritos, gabronoritos de granulação fina, ga- estimar temperaturas entre 830 e 870ºC e a geoba-
bros a olivina, gabronoritos com olivina e magnetita, rometria pelo método de Bohlen & Boettcher (1981),
e rochas ricas em Fe-Ti (Cruz 1983, 1989) (Figs.VII.18, pressões entre 9 e 10 kbar (Cruz 1989), incompativel-
VII.19). mente superiores àquelas regionais encontradas por
Barbosa (1986) que se situaram em torno de 5-6Kbar.
As rochas do Rio Piau, aparentemente, não se en-
contram deformadas como suas encaixantes charno- Os dados químicos mostraram valores suficiente-
ckítico-enderbíticas. Entretanto, aparentemente, as mente altos e constantes de SiO2, mas conteúdos
deformações sin a pós-colocação desse plúton foram variáveis de Al2O3 (25% nos anortositos e 11% nos

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Figura VII.17 – (a) Mapa simplificado do Bloco Jequié com a localização dos corpos gabro-anortosíticos do Rio Piau e Samaritana/Carapussê (quadrado vermelho). (b) Contexto geológico da
região. Modificado e adaptado de Barbosa & Dominguez (1996). BG- Bloco Gavião, BJ- Bloco Jequié, BS- Bloco Serrinha, BU- Bloco Uauá, CISC- Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá.

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Figura VII.18- Mapa geológico esquemático do Maciço do Rio Piau. (1) Anortosito; (2) Gabronorito; (3) Troctolito; (4) Rochas ricas em óxidos
de Fe-Ti-V; (5) Gabronorito (margem resfriada) (Cruz 1989, apud Carvalho 2005).

a b

Figura VII.19 – (a-b) Vista panorâmica do Maciço do Rio Piau. Fotografias cedidas por Cristina Carvalho.

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gabronoritos). O índice mg# (MgO/MgO+FeO) perma- localizados a nordeste da cidade de Itamari (Jesus
neceu próximo para todas as associações cpx + opx 1997, Cruz & Jesus 1998, Sá et al. 2010), encaixados em
+ ol, traduzindo o equilíbrio das mesmas. Ele variou rochas granulíticas do Bloco Jequié, no limite com a
de 0,05 no anortosito à olivina (faialita) até 0,44 no Banda de Ipiaú (CAPÍTULO III) (Fig.VII.17). Com relação
gabronorito. Os espectros dos Elementos Terras Ra- à sua topografia interna, os maciços são encontrados
ras (ETR) apresentaram-se pouco fracionados, e tanto nas partes mais baixas da intrusão, proporcionando
nos anortositos como nos termos gabroicos foi mar- um contraste marcante com as rochas encaixantes.
cante a anomalia positiva do Eu, fatos que podem ser
atribuídos à forte acumulação do plagioclásio (Cruz O maciço de Samaritana possui forma ovalada, com
1989). Apesar da abundância de cumulatos de plagio- cerca de 11km2 de área aflorante, com aproximada-
clásio (anortositos), de cumulatos mistos (gabrono- mente 3,5km no seu eixo maior e orientação aproxima-
ritos) e à magnetita (gabro e gabronorito à olivina), da N-S, com ligeira tendência a NE/SW (Jesus 1997). Os
duas linhas magmáticas podem ser distinguidas com limites com as rochas encaixantes ocorrem tanto por
base nos Elementos Terras Raras e nos elementos Ti, falhas (regiões nordeste e noroeste do maciço), como
P, Nb, Y e Ga. Cada uma destas linhas evoluiu por di- por contatos bruscos e/ou lobados, esses últimos de-
ferenciação e acumulação, desde os termos máficos finindo o caráter intrusivo desse corpo. No contato do
(MgO ~ 9 a 10%) até os termos intermediários (MgO maciço com as encaixantes, ocasionalmente, ocorrem
~1 a 2%). Estes trends de diferenciação são toleiíticos, rochas de granulação fina, típicas de bordas resfriadas,
com um enriquecimento em Fe e Ti (Cruz 1989). com constituição anortosítica. Em alguns locais, como
na Fazenda Carapussê, aparecem corpos menores que
No maciço do Rio Piau, embora não se tenha ainda podem ser satélites desta intrusão principal (Jesus
uma idade absoluta, segundo Sabaté & Cruz (1998) 1997). Com base em fotointerpretação, Jesus (1997) de-
a intrusão seria controlada por uma geossutura pa- finiu três grandes domínios para o corpo de Samarita-
leopoterozoica profunda e estaria relacionada a pro- na: (i) rochas que formam o Maciço da Samaritana pro-
cessos tectônicos ligados ao Cinturão Itabuna-Salva- priamente dito; (ii) granito fino de borda e, (iii) rochas
dor-Curaçá cujas deformações e metamorfismo têm granulíticas encaixantes. As rochas do primeiro domí-
idade variando entre 2,0 e 1,9Ga (Barbosa & Sabaté nio foram classificadas como anortosito, mesogabro,
2002, 2004). Através de análises isotópicas Sm/Nd em gabronorito, clinopiroxenito, ortopiroxenito e rochas
rocha total as idades TDM variaram de 3.427 e 4.016Ma ricas em Fe-Ti-V (Figs.VII.20, VII.21).
para o maciço de Rio Piau (Carvalho 2005). Os valo-
res positivos (+0,48 a +1,15) de εNd sugerem que os Quanto aos aspectos estruturais, as rochas encaixan-
magmas que geraram estas rochas tiveram uma de- tes e as que constituem o Maciço da Samaritana so-
rivação mantélica e que não foram contaminados por freram tectônica dúctil-rúptil. O estudo petrográfico
material crustal na sua ascensão. Análises isotópicas das rochas desse maciço revelou que elas são grada-
40
Ar/39Ar em anfibólios de composição pargasítica do cionais entre si e passam de um litotipo ao outro por
Maciço do Rio Piau forneceram uma idade de resfria- modificações quantitativas nas proporções minerais,
mento de 2023±4Ma (Carvalho 2005). traduzindo os processos magmáticos de diferencia-
ção e acumulação. Segundo Carvalho (2005) dados
mineraloquímicos permitiram calcular temperaturas
6.2 Maciço de Samaritana/Carapussê de 800ºC, através do método de Wells (1977), e pres-
sões em torno de 7kbar, através do método de Wood &
Os maciços Samaritana e Carapucê formam duas in- Banno (1973). As temperaturas correspondem àque-
trusões próximas com diâmetros inferiores a 14km2, las do re-equilíbrio metamórfico nas fácies granulito

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em fotografias aéreas, não são nítidos no campo devido
à falta de afloramentos. O limite leste é feito por uma
falha de caráter regional que controla a geologia e o
relevo local. Os limites oeste e norte são assinalados
por contatos bruscos e curvos entre as rochas anor-
tosíticas e os granulitos encaixantes. Os contatos me-
ridionais são intrusivos, também com formas curvas e
localmente lobadas (Macêdo 2000).

A distribuição faciológica dos anortositos se faz de


norte para sul, sendo que as rochas do sul estão ni-
tidamente menos afetadas por fenômenos tectônicos
quebradiços. Nas proximidades do contato leste, é
importante assinalar a presença de uma rocha anor-
tosítica, fortemente afetada por cataclase. As rochas
posicionadas no centro do maciço apresentam granu-
lometria mais grossa e tendem a ser menos orienta-
das do que as da fácies de borda. As dobras de fluxo
Figura VII.20- Mapa esquemático do Maciço de Samaritana/ e os corpos boudinados representam um comporta-
Carapussê (Cruz et al. 2000). (1) Gabronorito; (2) Anortosito; (3) mento dúctil, magmático (Fig. VII.21b). A matriz fina
Mesogabro; (4) Clinopiroxenito; (5) Gabronorito rico em óxidos de
Fe; (6) Rochas ricas em Fe-Ti-V; (7) Gabro fino parcialmente quebradiça e a recristalização dos me-
(Fonte: Carvalho 2005). gacristais de plagioclásio são feições de um compor-
tamento frágil (Macêdo 2000).

e as pressões correspondem à profundidade de colo- As composições químicas mostraram que os minerais


cação do corpo que se situou em torno de 20km. (plagioclásio, piroxênios e anfibólio) foram completa-
mente re-equilibrados durante o metamorfismo, em-
O estudo geoquímico deste maciço permitiu classifi- bora guardem aspectos reliquiares plutônicos. A ge-
cá-lo como pertencente à série toleiítica. Os Elemen- otermobarometria sugeriu que o metamorfismo das
tos Terras Raras (ETR) mostraram que as diversas rochas do Maciço de Carapussê se processou a tem-
fácies plutônicas evoluíram pelo fracionamento de peraturas de 800oC, pelos geotermômetros de Wood
uma única série comagmática e cogenética, a qual & Banno (1973) e Wells (1977) e a pressões de 6-7kb,
se enquadra no modelo de cristalização fracionada pelos geobarômetros de Hammarstron & Zen (1986),
(Jesus 1997). Johnson & Rutherford (1989), Hollister et al. (1987) e
Schmidt (1992).
O maciço de Carapussê (Fig.VII.17) é um corpo intrusi-
vo, com forma elíptica com cerca de 3km2 de área aflo- As análises das microestruturas do plagioclásio e dos
rante, tendo uma extensão de 2,2km no seu eixo maior, piroxênios do Maciço da Samaritana/Carapussê co-
o qual é orientado aproximadamente na direção N-S. É locaram em evidência a atuação de uma deformação
constituído, quase que na sua totalidade, por anortosi- magmática seguida de uma importante deformação
tos com pequenas variações de granulometria, textu- dúctil, também magmática. Essas deformações são
ra e estrutura (Macêdo 2000) (Fig.VII.22). Os contatos observadas pelo alinhamento da maioria dos porfi-
com as rochas encaixantes, apesar de bem marcados roclastos de plagioclásio, e pelas microestruturas de

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a b

Figura VII.21 - (a, b) Detalhe das rochas anortosíticas pertencentes ao Maciço de Samaritana (Fotos cedidas por Cristina Carvalho).

a b

Figura VII.22 - (a) Vista panorâmica das rochas charnockíticas encaixantes (relevo positivo) e do maciço anortosítico de Carapussê (relevo
negativo). (b) Detalhe da rocha anortosítica. Fonte: Macedo (2000)

deformação plástica intracristalina, tais como extinção provenientes de magmas parentais subalcalinos,
ondulante, geminação mecânica em cunha, bandas de toleiíticos, visto que estes seriam os únicos tipos de
deformação, encurvamento do plano da geminação, magmas cuja composição permitiria a geração dessas
formação de subgrãos e de pequenos grãos recristali- rochas cumuláticas. Geoquimicamente, ele apresenta
zados, que são abundantes tanto nos porfiroclastos de similaridade com o Maciço de Samaritana, de locali-
plagioclásio quanto nos grãos da matriz. A deforma- zação adjacente (Macêdo 2000).
ção magmática dúctil dos piroxênios é atestada pela
presença de porfiroclastos com geminação encurvada Análises isotópicas Sm/Nd em rocha total forneceram
e pela matriz recristalizada (Carvalho 2005). idades modelo que variaram de 3.366 a 3.683Ma para
ambos os maciços, Samaritana e Carapussê. Os valo-
Com base nas sugestões aventadas por Cruz (1989), as res positivos (+0,83 a +1,22) de εNd sugerem que os
rochas que constituem o Maciço de Carapussê seriam magmas que geraram estas rochas tiveram uma deri-

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vação mantélica e não foram contaminados por mate- gradam de cumulatos ultramáficos (abundantes pi-
rial crustal na sua ascensão (Carvalho 2005). Análises roxenitos, hiperstenitos e raro peridotito) a cumulatos
isotópicas 40Ar/39Ar em biotitas titaníferas do Maciço máficos (melanorito, noritos, gabro-noritos), na base,
da Samaritana/Carapussê forneceram uma idade de para leuconoritos e raros anortositos, no topo. A au-
resfriamento de 1957±4Ma (Corsini et al. 2004). sência de rochas ultramáficas portadoras de olivina e
as características do quimismo das rochas hospedei-
ras dos depósitos indicam que essas intrusões foram
provenientes de um líquido basáltico toleiítico, já dife-
7 Corpos Máfico- renciado em profundidade (Lindenmayer 1982).

Ultramáficos do Cinturão Estes corpos encontram-se geralmente metamorfi-


Itabuna-Salvador-Curaçá zados e deformados por três fases tectônicas (F1, F2,

(Parte Norte) F3) (Fig.VII.26), as quais originaram dobras abertas e


fechadas, com planos axiais verticalizados, com eixos
orientados norte-sul e mergulhos suaves para sul
MESOARQUEANO (Mandetta 1986, D’el Rey Silva et al. 2007). Através de
mapeamentos regionais e de detalhe D’el Rey Silva
7.1 Rochas Máfico-Ultramáficas do Vale (1984) e D’el Rey Silva et al. (1988, 1994, 1996) propu-
do Rio Curaçá seram um modelo deformacional para o corpo de Ca-
raíba, o qual se aproxima da forma de um cogumelo
Na região do Vale do Rio Curaçá, nordeste da Bahia, orientado N-S (Fig.VII.26). São relativamente comuns
ocorre cerca de duas centenas de corpos máfico-ul- as alterações hidrotermais, especialmente nos piroxe-
tramáficos de pequenas a médias dimensões, conten- nitos, melanoritos e noritos que produziram biotitiza-
do mineralizações econômicas sulfetadas de cobre. O ção, anfibolitização e cloritização, geralmente ao lon-
conjunto desses corpos mineralizados constitui a Pro- go das zonas de cisalhamento. Quando essas rochas
víncia Cuprífera do Vale do Rio Curaçá, a qual abran- são muito ricas em micas têm sido denominadas de
ge uma área de cerca de 1700km2, englobando os mu- glimmeritos (Teixeira et al. 2010).
nicípios de Juazeiro, Jaguarari e Curaçá (Figs.VII.23,
VII.24). Constituem corpos metaígneos, alongados Estudos litogeoquímicos mostram um forte enrique-
segundo a direção norte-sul, geralmente encaixados cimento em Elementos Terras Raras leves, Zr, Y e P
em uma sequência de rochas supracrustais, repre- nas rochas glimmeríticas, em relação as rochas piro-
sentadas por leptinitos grafitosos, gnaisses quartzo- xeníticas (Maier & Barnes 1999, Teixeira et al. 2010).
-feldspáticos, cordierita-silimanita-granada-biotita O enriquecimento nesses elementos parece decor-
gnaisses, anfibolitos, magnetita-quartzitos, diopsidi- rente da percolação de fluidos hidrotermais nas ro-
tos e olivina mármores, semelhantes aos sedimentos chas máfico-ultramáficas. Tal hipótese tem suporte
plataformais arqueanos (Lindenmayer 1981, 1982) no quimismo das micas e magnetitas presentes nos
(Fig.VII.25). No contexto geológico regional também glimmeritos e nas rochas máfico-ultramáficas micá-
estão presentes ortognaisses de composição graníti- ceas em geral (Teixeira et al. 2010)
ca, granodiorítica e tonalítica, além de migmatitos e
granitoides. As concentrações econômicas de cobre estão associa-
das às partes estratificadas dos corpos intrusivos que
Os corpos máfico-ultramáficos são considerados sills mostram hiperstenitos em sua base, enquanto que
ou intrusões sub-concordantes diferenciadas, que disseminações de sulfetos de baixo teor ocorrem nas

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Figura VII.23-(a) Mapa simplificado do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (Parte Norte) com a localização das rochas máficas-ultramáficas do Vale do Rio Curaçá, do Vale do Rio Jacurici e de
São José do Jacuípe (quadrado vermelho). (b) Contexto geológico regional. Modificado e adaptado de Barbosa & Dominguez (1996). BG- Bloco Gavião, BJ- Bloco Jequié, BS- Bloco Serrinha, BU-

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Bloco Uauá, CISC- Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá.

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Figura VII.24 - Mapa geológico simplificado do segmento norte do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá, destacando a faixa (em linhas
tracejadas) que corresponde ao Vale do Rio Curaçá. Modificado de Teixeira et al. (2010).

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Figura VII.25- Mapa geológico simplificado do Vale do Rio Curaçá, mostrando as áreas de ocorrência de corpos máfico-ultramáficos.
Modificado de Teixeira et al. (2010).

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Figura VII.26 - Representação esquemática do “cogumelo” da Mina Caraíba (bloco diagrama e seção transversal),
de acordo com D´el Rey Silva et al. (1988).

Figura VII.27 – Vista paronâmica da Mina Caraíba e suas instalações industriais. Foto cedida pela Mineração Caraíba S.A..

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Figura VII.28- Mapa geológico simplificado do Vale do Rio Curaçá com a localização dos alvos Caraíba, Surubim e Vermelhos.
Modificado de Teixeira et al. (2010).

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O principal corpo mineralizado em sulfeto de cobre do
Vale do Curaçá está associado aos piroxenitos, noritos
e glimmeritos da mina Caraíba (Fig.VII.29). Além dele,
existe a ocorrência de outros corpos de elevado po-
tencial, como os dos Alvos R22, Surubim e Vermelhos
(Figs.VII.24, VII.28). Os modelos de evolução geológica
e petrogenética propostos para esses corpos máfico-
-ultramáficos decorrem, principalmente, de estudos
feitos sobre o corpo de Caraíba (Fig.VII.25, VII.29). Tem
predominado os modelos magmáticos, destacando-se
a origem a partir de uma intrusão (sill) estratificada,
de caráter toleiítico (Lindenmayer 1981, 1982). En-
tretanto, existe também a interpretação de intrusões
múltiplas filonares (diques, veios e pipes) de hipers-
tenitos, noritos com assinatura cálcio-alcalina o que
levou Oliveira (1990 a, b) e D´el Rey Silva et al. (2007)
a considerar que o protólito de Caraíba possa ter sido:
(i) um segmento de crosta oceânica; (ii) derrames de
basaltos oceânicos intercalados com os sedimentos
do Complexo Tanque Novo-Ipirá (CAPÍTULO III) ou, (iii)
sills gabroicos intrudidos nos sedimentos desse mes-
mo Complexo Tanque Novo-Ipirá.

Figura VII.29 - Mapa geológico simplificado do open-pit da Mina Oliveira (1990) apresentou uma idade de 1,89Ga (isó-
Caraíba, de acordo com Del`Rey Silva (1984). crona mineral Sm/Nd) para os hiperstenitos do corpo
Modificado de Teixeira et al. (2010).
de Caraíba, interpretando-a como idade de cristali-
zação ígnea. Datações U-Pb SHRIMP em zircões do
partes dos corpos de composição gabro-anortosítica, norito de Caraíba (Oliveira et al. 2004) forneceram
sugerindo que a existência dos depósitos de cobre valores de 2580±10Ma, interpretada também como
esteja condicionada aos estágios de diferenciação do idade de cristalização. Uma população de zircões com
líquido basáltico ao intrudir a sequência supracrustal razões Th/U<0,1, forneceu idade de 2103±23Ma, inter-
(Lindenmayer 1982). A presença de intrusões mine- pretada como idade do metamorfismo regional.
ralizadas sempre em contato direto com sedimentos
carbonáticos, aliada à existência de sulfetos associa- Os trabalhos realizados pelo staff da Mineração Ca-
dos à grafita, bem como à presença na jazida de Cara- raíba S.A., em 2009, estimaram as seguintes reservas
íba, de sedimentos carbonáticos portadores de níveis (Teixeira et al. 2010): (i) para a mina subterrânea de Ca-
de anidrita evaporítica, em íntima associação com o raíba: 24.6 milhões de toneladas (Mt) de minério de Cu
minério, são fortes indícios de que a assimilação de (4.8 Mt de reserva medida, 10.8 Mt de reserva indicada e
enxofre das encaixantes para o líquido tenha tido um 9.1 Mt de reserva inferida) com 1,8% de Cu total e 443.7
papel importante na formação desses depósitos (Lin- toneladas de Cu contido; (ii) no alvo Surubim: 8.7 Mt de
denmayer 1982). minério de Cu com 0,88% de Cu total e 77.1 toneladas
de Cu contido e, (iii) alvo Vermelhos: 51.4 Mt de minério
com 0,91% de Cu total e 468.5 toneladas de Cu contido.

474 • G eolog i a da B a hi a

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7.2 Suíte São José do Jacuípe com aquele de rochas básicas de alto MgO, porém,
seu caráter fortemente cumulativo impede uma me-
Na região centro-leste do Estado da Bahia, dentro da lhor correlação geoquímica com as rochas básicas
porção setentrional do Cinturão Salvador-Itabuna-Cu- (Teixeira 1997). Esta característica, associada ao zo-
raçá, entre as cidades de Capela do Alto Alegre e Baixa neamento litológico, e a colocação concordante com
Grande, ocorrem vários corpos de rochas máfico-ultra- encaixantes supracrustais levaram à interpretação de
máficas, com formas irregulares, geralmente bastante que a Suíte São José do Jacuípe representa fragmen-
alongados, frequentemente interligados, distribuídos tos de uma crosta oceânica, colocada dentro de uma
dentro de uma faixa descontínua com direções N-S a crosta siálica durante um evento de colisão ocorrido
NNW-SSE, que alcança até mais de 30km de largura, no arqueano/paleoproterozoico, posionada entre o
imbricadas tectonicamente com rochas dos complexos Complexo Mairi e o Bloco Serrinha.
Caraíba e Tanque Novo-Ipirá (Melo et al. 1991, Loureiro
et al. 1991, Sampaio 1992) (Fig.VII.23). Datações U-Pb SHRIMP em zircões do leucogabro da
Suíte São José do Jacuípe (Oliveira et al.2004) fornece-
Este conjunto de rochas, denominado de Suíte São José ram valores de 2583±8Ma, interpretada como idade de
do Jacuípe, foi definido a partir dos trabalhos desen- cristalização. Uma população de zircões forneceu idade
volvidos pelo projeto Gavião-Serrinha (Melo et al. 1991, de 2082±17Ma, interpretada como idade do metamor-
Loureiro et al. 1991), sendo constituído principalmente, fismo regional. No entanto, um xenólito de gabronorito
em sua porção oriental, por rochas do tipo biotita ou encontrado em enderbito TTG do Complexo Caraíba,
hornblenda norito, gabronorito com níveis cumuláti- com idade U-Pb SHRIMP em zircões de 2,69Ga (Silva
cos, leucogabro subordinado e, na sua porção ociden- et al. 1997), indica que a Suíte São José do Jacuípe tem
tal por ferrogabro e ultramáficas peridotíticas e piro- idade mais antiga do que 2,7Ga (Kosin et al. 2003).
xeníticas, o que sugere um zoneamento ultramáfico-
-máfico de oeste para leste (Kosin et al. 2003).
PALEOPROTEROZOICO
A Suíte São José do Jacuípe, que também sofreu me-
tamorfismo de alto grau, exibe um zoneamento lito- 7.3 Rochas Máfico-Ultramáficas
lógico evidenciado pela distribuição de ultramafitos do Vale do Jacurici
(peridotitos e piroxenitos) que ocupam as áreas oci-
dentais, enquanto que os gabros e noritos compõem A região do Vale do Rio Jacurici compreende algumas
o resto da faixa (Teixeira & Melo 1992). Quimicamente, dezenas de corpos máfico-ultramáficos, com dimen-
o gabronorito é toleiítico magnesiano, pobre em TiO2 sões geralmente situadas entre dezenas e milhares de
e enriquecido em Elementos Terras Raras leves. É in- metros, distribuídos dentro de uma faixa de aproxima-
terpretado como gerado por fusão parcial de manto damente 100km de extensão, na direção N-S, no lado
profundo, com taxas muito baixas de contaminação leste da Serra de Itiúba (Fig.VII.23). Esta faixa é co-
crustal durante a ascensão do magma (Teixeira 1997). nhecida como Distrito Cromitífero do Vale do Jacurici,
Tais características são comparáveis às das rochas pois alguns desses corpos contêm reservas econômi-
toleiíticas presentes nos greenstone belts arqueanos cas importantes de minério de cromo, distribuídas ao
em geral e sugerem um magmatismo que pode re- longo do vale do Rio Jacurici. Esses corpos possuem
presentar o fundo oceânico primitivo e/ou diques e as seguintes denominações, de norte para sul: Várzea
sills associados, gerados durante a evolução de um do Macaco I, Várzea do Macaco II, Várzea/Teiú (no mu-
rift na zona de transição continente/oceano. As ro- nicípio de Uauá), Monte Alegre, Cemitério, Riachão I,
chas ultramáficas possuem quimismo compatível Riachão II, Barra, Algodôes, Lajedo (no município de

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Monte Santo), Medrado, Pindoba, Ipueira, Socó (no
município de Andorinha), Laje Nova (no município
de Cansanção), Barreiro e Pau Ferro (no município de
Queimadas). Todos estes corpos pertencem à Minera-
ção Vale do Rio Jacurici Ltda., uma empresa do Grupo
Ferbasa (Figs.VII.30 , VII.31).

Figura VII.30- Mapa geológico simplificado do segmento norte


do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá, destacando dentro da
linha tracejada os corpos mineralizados em cromo do Vale do Rio
Jacurici. Modificado de Teixeira et al. (2010). Figura VII.31 – Localização e distribuição dos corpos máfico-
ultramáficos mineralizados em cromo do Vale do Rio Jacurici.
Modificado de Oliveira Júnior 2001).

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Os corpos máfico-ultramáficos estão encaixados em aspectos texturais preservados permitiram o reco-
terrenos granulíticos do Complexo Caraíba (CAPÍTU- nhecimento de três zonas litoestratigráficas distintas:
LO III) e, em geral, são considerados sills pouco espes- (i) zona inferior, constituída por cumulatos ricos em
sos e estruturalmentre concordantes com as foliações olivina, ortopiroxênio e Cr-espinélio, gerando rochas
das encaixantes. Dentre os corpos máfico-ultramáfi- de composição dunítica a harzburgítica; (ii) zona in-
cos do Vale do Rio Jacurici, o sill de Medrado-Ipueira é termediária, com cumulatos ricos em ortopiroxênio,
o de maior importância econômica (Fig.VII.31), tendo olivina subordinada e espinélio cromitífero, ora como
sido objeto de estudo em alguns projetos de pesqui- acessório, ora como fase predominante, resultando
sa, que serviram como referência para comparação em rochas de composição websterítica, além de ca-
com os demais corpos do vale (Marinho et al. 1986a,b, madas de cromita cumulato (zona mineralizada); e
Marques 2001, Oliveira Júnior 2001) (Fig. VII.32). (iii) zona superior, formada por rochas gabronoríticas
a leucogabronoríticas, caracterizadas pela presença
O sill é um corpo alongado com 7 km de extensão e de plagioclásio de cúmulo, associado a ortopiroxênio
300 m de largura e está intercalado com granulitos (Oliveira Júnior 2001). Uma das feições características
charnockíticos ortoderivados na base e granulitos dos cromititos desta região é o contato brusco com as
paraderivados (serpentina mármore e diopsidito) no rochas hospedeiras (Deus & Vianna 1902).
topo. Sua mineralogia reliquiar juntamente com os
Todo o conjunto das rochas máfico-ultramáficas e
suas encaixantes encontra-se dobrado em um sinfor-
me apertado, com plano axial quase vertical e com
vergência e eixo ondulado posicionando-se cerca de
20º a 30º para sul, constituindo uma sucessão de do-
mos e bacias bastante alongados, estirados (Oliveira
Júnior 2001).

Este sill de Medrado-Ipueira pode ser comparável


aos complexos estratiformes em geral pela presença
marcante de ortopiroxênio como fase mineralógica
(Oliveira Júnior 2001). Na mina Medrado, os teores de
En (79 a 89%) e Fo (90%) encontram-se dentro dos
limites normalmente apresentados para este tipo de
complexo que são de (En 45 a 93% e Fo 75 a 94%).
Estudo mineraloquímico mostrando a variação com-
posicional dos silicatos foi apresentado por Barbosa
de Deus & Viana (1982), os quais notaram um gradual
enriquecimento em ferro em direção ao topo do corpo.

A assinatura dos elementos-traço e Elementos Terras


Raras são consistentes ao longo da estratigrafia do sill,
sendo apenas levemente afetado pelo fracionamento,
o que sugere que o magma parental das rochas má-
Figura VII.32 – Mapa geológico da mina de Medrado. fico-ultramáficas era enriquecido em LILE (Large Ion
Modificado de Oliveira Júnior (2001).
Lithophile Elements), Elementos Terras Raras leves e

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fortemente deplecionado em Nb. As características -Ipueira é comparável com outros depósitos estrati-
gerais do magma parental do sill Medrado-Ipueira formes do mundo (Marques 2001).
indicam tanto uma fonte a partir do manto litosféri-
co subcontinental, enriquecido em Elementos Terras Esse sill máfico-ultramáfico em foco hospeda um
Raras leves e LILE e deplecionado em HFSE (High expressivo depósito de cromita. O corpo de cromiti-
Field Strenght Elements), com uma fonte a partir de to encontra-se totalmente envolvido por serpentini-
um manto convectivo que foi posteriormente conta- tos, apresentando 330 metros de comprimento por
minado pela crosta. Apesar dessa sequência estar 7 metros de largura na parte leste e 150 metros de
variadamente serpentinizada (peridotitos) ou anfibo- comprimento por 11 metros de largura na parte oeste
litizada (noritos), dificultando a determinação exata (Arcanjo & Souza 1984). Avena Neto & Sá (1984) re-
das proporções de minerais primários, a paragênese portam a presença de metais do grupo da platina as-
principal observada sugere que esse sill pode ter-se sociados aos cromititos. Em Medrado, por exemplo, os
originado de um magma parental tipo “U” (Irvine & resultados obtidos variaram de <10 a 37 ppb de pla-
Sharpe 1982), cristalizando harzburgitos, olivina or- tina, <1 a 20,7 ppb de paládio, 44 a 3.450 ppm de Ni,
topiroxenitos, noritos e gabros (Oliveira Júnior 2001). sendo os melhores resultados obtidos em cromititos.

Dados geocronológicos obtidos pelo método U-Pb


SHRIMP (Oliveira et al. 2004), apontaram uma ida-
de paleoproterozoica para essas rochas (2.085±5Ma). 8 Corpos Máfico-
Dados Sm-Nd corroboram essa idade, sendo o εNd
negativo em todas as amostras analisadas. Isso suge-
Ultramáficos do Cinturão
re tanto um magma parental derivado de um manto Itabuna-Salvador-Curaçá
litosférico subcontinental metassomatizado, como
(Parte Sul)
um magma originalmente contaminado pela crosta.
Os valores de εNd mais fortemente negativos nos in-
tervalos ricos em anfibólio e nas margens do sill, fa- PALEOPROTEROZOICO
vorecem a hipótese da contaminação crustal, embora
os valores negativos de εNd das amostras sem anfi- 8.1 Maciço de Mirabela
bólio (média = -4.37) não permitam excluir a hipótese
de uma origem a partir de um manto litosférico sub- O corpo da Fazenda Mirabela é uma intrusão máfico-
continental (Marques 2001, Oliveira Júnior 2001). Uma -ultramáfica estratificada, com formato de lopólito
avaliação usando balanço de massa sugere que um assimétrico, levemente alongado segundo a direção
enorme volume de magma esteve envolvido na for- N-S, com cerca de 9km2 de área aflorante (Cunha &
mação da camada de cromitito de Ipueira-Medrado. Fróes 1992), situado na porção sul-sudeste do Estado
Este volume não está todo representado na estrati- da Bahia, próximo à cidade de Ipiaú (Fig.VII.33). En-
grafia do sill, levando à interpretação de que ele atuou contra-se encaixado em rochas granulíticas da parte
como um conduto, pelo qual fluiu um grande volume sul do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (CAPÍTULO
de magma. Quanto ao mecanismo capaz de mover o III). Abram (1993) foi quem estudou esse corpo em
sentido da cristalização para o campo de estabilidade detalhe, definindo-o como uma intrusão de caráter
da cromita, os dados descartam os modelos de mis- toleiítico, com as texturas primárias de acumulação
tura de magmas e sugerem que uma contaminação preservadas, incluindo as mineralizações de sulfetos
crustal provocou a cristalização única de cromita. A de níquel (Abram & Silva 1992) (Fig.VII.34). Trabalhos
composição dos cromititos maciços do sill Medrado- desenvolvidos pela Mirabela Nickel Ltd caracteriza-

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Figura VII.33- (a) Mapa simplificado do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (Parte Sul) com a localização dos Maciços de Mirabela e Palestina (quadrado vermelho). (b) Contexto geológico

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regional. Modificado e adaptado de Barbosa & Dominguez (1996). BG- Bloco Gavião, BJ- Bloco Jequié, BS- Bloco Serrinha, BU- Bloco Uauá, CISC- Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá.

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Figura VII.34 – Mapa geológico do corpo máfico-ultramáfico de Mirabela.
Adaptado e modificado de Abram (1993) e da Mineração Mirabela Nickel Ltd.

ram o Maciço de Mirabela em duas zonas sulfetadas o fracionamento mineral se deu segundo a ordem:
denominadas de Santa Rita (porção central) e Peri- olivina - (Cr-espinélio) - ortopiroxênio - clinopiroxê-
-Peri (porção norte) além de uma zona laterítica Ser- nio - plagioclásio e (magnetita/ilmenita). O fraciona-
ra Azul (Fig.VII.34). mento foi controlado, nas porçães basais, pela olivina,
e nas porçães litoestratigraficamente superiores, pelo
O maciço máfico-ultramáfico de Mirabela apresenta- piroxênio. Aspectos petrográficos e mineraloquími-
-se muito pouco deformado, com bandamento críptico cos indicam que este maciço se resfriou lentamente,
e cíclico, sendo possível dividi-lo em quatro zonas li- o que permitiu o desenvolvimento de algumas feiçães
toestratigráficas: (i) zona inferior, composta por olivina de re-equilíbrio subsólido (crescimento adcumulático,
cumulatos e olivina-ortopiroxênio cumulatos (serpen- lamelas de exsolução de clinopiroxênio no ortopiroxê-
tinitos, dunitos e peridotitos); (ii) zona intermediária, nio, intercrescimento entre clinopiroxênios, desmistu-
composta por ortopiroxênio cumulatos (ortopiroxe- rações e coroas de reação entre olivina e plagioclásio).
nitos e clinopiroxenito noritos) e clinopiroxênio-or- Alguns desses re-equilíbrios podem representar a
topiroxênio cumulatos (websteritos e gabronoritos); atuação de processos metamórficos da fácies granu-
(iii) zona superior, composta por gabronoritos e, (iv) lito, embora não tenham chegado a modificar as tex-
zona de borda, com relações de campo pouco claras, turas e o quimismo primário do maciço (Abram 1993).
representada por gabronoritos finos que parecem
em alguns casos, representar uma margem resfria- A litogeoquímica reflete o processo de acumulação
da (Abram 1993) (Fig.VII.34). No Maciço de Mirabela, e revela um decréscimo nos percentuais em MgO

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da base para o topo, confirmando a litoestratigrafia nulitos encaixantes (Fróes & Soares 1998) e distribuí-
sugerida para o corpo. A presença marcante do orto- do ao longo de uma faixa orientada segundo a direção
piroxênio e o seu quimismo (teores decrescentes em NE-SW com mais de 200km de extensão (Fig.VII.33).
MgO, En 88 para En 45), dos membros mais ultramá- Esse maciço, embora seja pouco estudado, foi carac-
ficos para os mais máficos, assim como a projeção das terizado como sendo constituído de gabros e piroxeni-
análises químicas no diagrama AFM e AlFM indicam tos, pouco deformado e parcialmente re-equilibrado
para o corpo uma natureza toleiítica (Abram 1993). na fácies granulito, visto que podem ser observadas
textura e mineralogia ígnea preservadas (Barbosa &
As feições petrográficas, os teores em enstatita dos Sapucaia 1996).
ortopiroxênios, em forsterita das olivinas, em alumí-
nio dos clinopiroxênios e espinélios, os padrões de No Maciço de Palestina, as rochas gabroicas e piro-
distribuição dos Elementos Terras Raras, as razões xeníticas são compostas, predominantemente, de or-
(La/Lu) e outras características geoquímicas obser- topiroxênio e clinopiroxênio, ocorrendo o plagioclásio
vadas nesse maciço são similares àquelas descritas em pequenas proporções, como intercumulus (Barbo-
para complexos estratificados intrusivos toleiíticos de sa & Sapucaia 1996). Segundo estes autores, os mine-
ambientes continentais de outras partes do mundo. O rais opacos estão constantemente presentes, enquan-
Maciço de Mirabela reúne características favoráveis a to que a hornblenda e a biotita, quando aparecem,
concentraçães de Ni, Cu e possivelmente de Elemen- são em geral, paragêneses secundárias. Os piroxênios
tos do Grupo da Platina (EGP). Na transição entre a situam-se em bandas cumuláticas intercaladas no
zona inferior e intermediária ocorre um nível rico em leucogabronorito. Mineralogicamente o plagioclásio
sulfetos de Fe, Ni e Cu, com teores anâmalos de EGP. é mais sódico que o plagioclásio do Maciço de Mira-
Esse nível parece refletir um momento da evolução bela, variando de An32 a An44, e os piroxênios, mais
do corpo onde era alta a fS2 (fugacidade do enxofre). magnesianos, com intervalos de composição variando
Por outro lado, as condições de baixa fO2 (fugacidade de En45-57 para o clinopiroxênio, e En81-88, para o
do oxigênio) parecem ter inibido a formação de de- ortopiroxênio (Cruz et al. 1999). A retrasão da Palesti-
pósitos de cromita e outros óxidos, como magnetita/ na apresentou idades U-Pb em zircão, também paleo-
ilmenita, por exemplo (Abram 1993). proterozoicas no valor de 2.079±14Ma (Lazarim 2011).

Os trabalhos realizados pela Mirabela Nickel Ltd, em


2008, estimaram 130.3 milhões de toneladas (Mt) de
minério (15,1 Mt de reserva medida e 115,2 Mt de re- 9 Síntese
serva indicada) com 0,60% de Ni, 0.16% de Cu, 0,016%
de Co e 0,094 g/t de Pt . Datações geocronológicas Os corpos máfico-ultramáficos mais importantes fo-
U-Pb obtidas pelas análises em zircões definiram ram destacados neste capítulo, localizando-os nos
idades paleoproterozoicas para o corpo de Mirabela diferentes segmentos crustais identificados no Estado
(1.990±8Ma) (Lazarin 2011). da Bahia. Na parte norte do Bloco Gavião situa-se os
complexos Máfico-Ulramáficos de Campo Alegre de
Lourdes e do Peixe, onde são encontrados mineraliza-
8.2 Maciço de Palestina ções Fe-Ti-V e de Campo Formoso portador de impor-
tante mina de cromita. Na parte sul do Bloco Gavião
O Maciço de Palestina, semelhante ao de Mirabela, é foi identificado o sill do Rio Jacaré (2.841±68Ma; Sm-
uma intrusão máfico-ultramáfica estratificada, com -Nd e 2.757±18Ma, Rb-Sr) com expressiva mineraliza-
cerca de 15km2 de área aflorante, intrusivo nos gra- ção de Fe-Ti-V. No Bloco Serrinha ocorre o Complexo

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Máfico-Ultramáfico de Pedras Pretas, também conhe- de corpos máfico-ultramáficos no Vale do Rio Curaçá
cido como Peridotito Cromitífero de Santa Luz, que (1,89Ga; isócrona mineral Sm/Nd e 2.580±10Ma; U-Pb
constitui importante mineralização de cromita. No SHRIMP), contendo mineralizações econômicas sul-
Bloco Uauá foi identificado o Complexo Anortosítico- fetadas de cobre, (ii) rochas máfico-ultramáficas da
-Leucogabroico de Lagoa da Vaca (3.161±65Ma; Pb- Suíte São José do Jacuípe (2583±8Ma; U-Pb SHRIMP)
-Pb) caracterizando-o como o mais antigo do Cráton e (iii) rochas máfico-ultramáficas do Vale do Jacurici
do São Franciso. Apresenta pouca potencialidade para (2.085±5Ma; U-Pb SHRIMP) que hospedam um ex-
mineralizações de metais como Cr, Cu e Ni. No Blo- pressivo depósito de cromita. No Cinturão Itabuna-
co Jequié ocorre uma série de corpos básicos porta- -Salvador-Curaçá (Parte Sul) foi identificado rochas
dores de litologias de natureza gabroanortosítica. Os máfico-ultramáficas estratificadas de Mirabela, que
mais conhecidos e estudados são os maciços do Rio reúnem características favoráveis à concentrações
Piau (2.023±4Ma; 40Ar/39Ar) e Samaritana/Carapussê de Ni, Cu e possivelmente de elementos do grupo de
(1.957±4Ma; 40Ar/39Ar). No Cinturão Itabuna-Salvador- platina (EGP) e de Palestina, muito semelhante ao de
-Curaçá (Parte Norte) ocorre: (i) cerca de duas centenas Mirabela, porém pouco estudado.

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