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André Campanelli
Gilberto Carneiro Filho
Jales Coelho Nepomuceno Junior
Miquéias da Silva Cerqueira
Vitor Alves Araújo
Barreiras
2014
Barreiras, BA.
2014
André Campanelli
Gilberto Carneiro Filho
Jales Coelho Nepomuceno Junior
Miquéias da Silva Cerqueira
Vitor Alves Araújo
1
Barreiras, BA.
2014
2
Resumo
Este relatório busca realizar uma correlação entre uma seção localizada na porção leste da
Bacia Sanfranciscana e outra localizada a oeste desta mesma Bacia. A relação entre as duas
litologias foi obtida através de estudos descritivos das rochas, identificação dos processos
sedimentares e as estruturas geradas, bem como a caracterização de litofácies e posterior
reconstrução dos elementos arquiteturais para obtenção de uma interpretação paleoambiental.
O Grupo Bambuí
do Grupo Urucuia o estudo das rochas na cidade de Barreiras – BA e São Domingos – GO,
expondo a interpretação de eventos geológicos ocorridos nessas áreas, com enfoque nas
estruturas sedimentares presentes, onde através de informações obtidas das litofácies
Este trabalho apresenta uma descrição de rochas e estruturas sedimentares de duas regiões
situadas em porções distintas da bacia do São Francisco. A área de estudo compreende desde
o município de Barreiras, oeste da Bahia, até o município de São Domingos, nordeste de
Goiás. Na região destacam-se por apresentar ampla distribuição do Grupo Bambuí, que
constitui um importante substrato da deposição da sequência Fanerozóica da bacia,
representando associação de litofácies siliciclásticas e bioquímicas. A área pesquisada
apresenta a Formação Serra da Mamona, constituída de metapelitos apresentando dobras,
além de fraturas e veios por vezes perpendiculares entre si. Em São Domingos apresenta
Grupo Urucuia, onde representa um conjunto de rochas silicicláticas, caracterizado como uma
unidade neocretácea sendo composto pelas seguintes formações: Fm. Posse que é
representada por arenitos feldspáticos e quartzo-arenitos, estando relacionado a um sistema
fluvial e eólico; Fm. Serra das Araras, caracterizada por um quartzo-arenito, de paleoambiente
flúvial. realizou-se uma reconstrução paleoambiental e paleoclimática a qual os grupos
Bambuí e Urucuia estariam inseridos.
3
Palavras-Chave: Bacia São do Francisco, Grupo Urucuia, Grupo Bambuí, ambientes
deposicionais.
Lista de Fotografias
4
Fotografia 13: Arenito estratificado apresentando bimodalidade de grãos, Grupo Urucuia.
32
Fotografia 14: Sets de estratos cruzados de grande porte, Grupo Urucuia Formação Posse
Fácies 1. 32
Fotografia 15: Dobras de escorregamento na porção superior da Formação Posse Fácies 1,
Grupo Urucuia. 33
Fotografia 16: Truncamento na Formação Posse Fácies 1 por superfície erosiva. 34
Fotografia 17: Fluxo de detritos erosivo (80 cm) truncando a parte média do afloramento,
Grupo Urucuia. 35
Fotografia 18: Paraconglomerados de sedimentação cíclica fluvial na Formação Serra das
Araras, Grupo Urucuia. 35
Fotografia 19: Gretas de ressecamento na Formação Serra das Araras, Grupo Urucuia. 36
Fotografia 20: Gretas de ressecamento de até 8 cm, Formação Serra das Araras, Grupo
Urucuia. 36
Fotografia 21: Arenitos amarelados maciços com seixos disseminados. Formação Serra das
Araras, Grupo Urucuia. 37
Lista de Figuras
5
Sumário
1 INTRODUÇÃO 6
1.1 OBJETIVOS DO TRABALHO 6
1.1.1 Objetivos Gerais 6
1.1.2 Objetivos Específicos 7
2 MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................................
6
2.2.3 Etapa Pós-Campo ...........................................................................................................
1 INTRODUÇÃO
7
A Bacia Sanfranciscana possui forma alongada na direção norte-sul e ocupa uma área
de aproximadamente 150.000 km². Devido a sua grande extensão, possui ampla distribuição
estratigráfica que varia não apenas verticalmente como horizontalmente. A Bacia
Sanfranciscana é limitada a Sul com a Bacia Paraná pela flexura de Goiânia/Soerguimento e
do Alto do Parnaíba através do Arco do São Francisco. A norte, limita-se com a Bacia do
Parnaíba através do Arco do São Francisco. Os limites ocidental e oriental são
respectivamente marcados pelas bordas externas das faixas Brasília e Araçuaí/Espinhaço
Setentrional (Campos & Dardenne 1997a).
A cidade de Barreiras está localizada na região nordeste do Brasil, na região oeste
estado da Bahia; e ao sul, está situado São Domingos, na região centro-oeste do Brasil e na
região nordeste do estado do Goiás.
A finalidade da elaboração deste relatório reconhecer e relacionar os aspectos
fisiográficos da região, clima, geomorfologia, solos, geologia regional e geologia local
identificando as estruturas sedimentares para assim incluir os processos ocorridos no ambiente
deposicional identificando a, as unidades litológicas e o contexto tectônico da região, onde os
pontos descritos e analisados em campo serão interpretados, buscando remontar a evolução
geológica e compreender as litofácies associados a cada formação.
8
- Descrever os afloramentos, as feições características de cada formação e observa o contato
entre as mesmas;
- Elaboração de coluna estratigráfica de cada área analisada;
- Comparar a literatura com o que foi observado;
- Praticar o manuseio de instrumentos básicos para trabalho de campo (GPS, Bussola
geológica, lupa e organização dos dados coletados em cada caderneta de campo).
2 MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 MATERIAIS
2.2 MÉTODOS
2.1 LOCALIZAÇÃO
9
Figura 1: Mapa de localização da cidade de Barreiras e São domingos, seus acessos, em
destaque a região de estudo entre a área delimitada (FONTE: GASPAR & GOMES, 2006).
2.2 ACESSO
O acesso a Barreiras pode ser feito pela BR-242 a partir de Salvador, distante 830Km,
ou por Brasília através da BR- 020, percorrendo 648Km. A Serra do Mimo encontra-se
situada atrás das instalações da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). O município de São
Domingos-GO faz divisa com os municípios de Campos Belos-G0 ao norte; Posse-GO, ao
sul; Correntina-BA a leste e Divinópolis de Goiás-GO. Pela BR-020, a distância de Brasília é
de 398 km. De Barreiras para São Domingos, deve-se seguir pela BR-242 na direção de leste
para oeste, até o município de Luiz Eduardo Magalhães-BA. A partir dai o caminho segue
pela BR-020 até a entrada para a rodovia GO-110 a direita, continuando em frente na direção
de São Domingos, totalizando 261 km.
2.3 GEOMORFOLOGIA
10
é a feição mais importante da região quando se trata da hidrogeologia, por fornecer a recarga
deste sistema (GASPAR, 2006).
Há superfícies irregulares, às vezes bastante erodidas, no contorno dos planaltos ou
penetrando nos vales, onde o relevo encontra-se bastante variável, ocorrendo desde escarpas
muito íngremes até áreas suavizadas e onduladas. As altitudes podem variar entre 500m e
700m (Embrapa, 2010) (Figura 2).
Barreiras situa-se em um vale entre escarpas (Fotografia 1A).A área de estudo, Serra
do Mimo, é a escarpa mais erodida, onde foi encontradas feições ruiniformes típicas do relevo
da região, presentes nas bordas da Serra onde foi observado zonas da chapada arenítica, assim
como superfícies irregulares e zonas erodidas pela drenagem onde aflora o Grupo Bambuí.
Tal geomorfologia é fortemente caracterizada pelas rampas de colúvios ou depósito de talús
(Fotografia 1B).
São Domingos limita-se de leste a oeste e norte por escarpas. As feições que são
encontradas ao longo de todo o terreno são regidas por rochas sedimentares do Grupo
Urucuia, com presença de relevo em forma de gargantas e Colúvios gerados por fluxo de
detritos no sopé das escarpas advindos do intemperismo dos arenitos silicificados presentes no
topo. Os rios modelaram o terreno para que houvesse a formação do vales em U. As vertentes
das escarpas sofrem uma alta deformação pela ação da água pluvial, ocasionando a formação
de uma grande quantidade de ravinas (Figura 3).
11
Figura 2: Mapa geomorfológico da região de Barreiras e suas principais representações
(Fonte: Embrapa, 2010).
2.4 CLIMA
12
A região de estudo é disposta de um domínio climático classificado como sub-úmido a
seco, com concentrações de chuva entre primavera e verão. Segundo Gaspar (2006),
apresenta duas estações bem definidas, uma estação com verão chuvoso de outubro a abril, e
um inverno seco de maio a setembro.
De novembro a março o verão na cidade de Barreiras é chuvoso com uma precipitação
variando entre 139 mm e 184,5 mm. Nos meses entre abril e outubro, o clima é mais seco com
precipitações entre 1,0 mm e 58,1 mm (Figura 4).
A posição geográfica da região assegura temperaturas elevadas durante boa parte do
ano em razão da forte radiação solar. As temperaturas médias oscilam por volta de 26°C e as
mínimas da região atingem 20°C (Embrapa, 2010).
O clima predominante em São Domingos é o quente úmido, o qual possui duas
estações bem definidas: um período de estiagem e temperaturas elevadas de abril a setembro e
chuvas volumosas entre outubro e março.
2.5 VEGETAÇÂO
13
De acordo com Campos & Oliveira (2005), as plantas do cerrado apresentam os
troncos retorcidos e sinuosos, de casca espessa e cortiçosa, muitas vezes fendilhada, com
folhas rígidas, com superfície lisa e cerosa (Fotografia 2A). Ainda segundo eles, a fisionomia
varia do porte arbóreo denso ao gramíneo-lenhoso, geralmente com a presença de árvores e
arbustos semicaducifólios, espaçados ou em pequenos agrupamentos sobre um tapete
graminóide (Fotografia 2B).
2.6 HIDROGEOLOGIA
14
(2002), atestando a presença de poços que fornecem vazões superiores a 500 m³/h, com
vazões especificas da ordem de 23 m³/h/m.(GASPAR, 2006).
A região estudada compreende rios que vão de oeste para leste com drenagens
paralelas e semi-paralelas. Em vista do relevo do chapadão ser plano e com pequena
inclinação topográfica, a drenagem da área se faz com rios de pouco gradiente, com fluxo
lento de águas (LUZ et. al., 2009). A área é situada sobre a bacia do rio Grande, o qual é
afluente do rio São Francisco. Na região ocorre assoreamento dos rios devido ás ações
antrópicas causada pelas enormes plantações sobre o aquífero (Cotias, 2013) (Figura 5).
A hidrogeologia do municipio de São Domingos é formada pela bacia do rio Tocantins
que tem como representantes de afluentes o rio do Sono na parte noroeste, o rio Palmas na
parte central da borda oeste da Serra Geral de Goiás, o rio São Domingos que também faz
parte da hidrografia dessa bacia. Esses rios são alimentados pelo fluxo de base do aquífero
Urucuia.
Os níveis silicificados podem ser observados em afloramentos nos vales dos rios que
recortam a chapada ou ao longo da Serra Geral de Goiás, apresentam espessuras de 3 a 15
metros e foram interpretados como paleo-superfícies freáticas relacionadas ao sistema
deposicional desértico responsável pela deposição do Grupo Urucuia (Campos, 1996) (Figura
6).
Figura 5: Bacias hidrográficas que pertencem à região oeste (FONTE: Modificado de SEI, (2007),
segundo Cotias, (2013)).
15
Figura 6: Hidrogeologia da região de Barreiras e São Domingos (Fonte: Gaspar, 2006).
2.7 SOLOS
16
ocorrem em menores proporções (IBGE & Embrapa, 2001 apud GASPAR, 2006). (Fotografia
3).
Figura 7: Mapa de Solos da região oeste da Bahia (FONTE: Modificado de SEI, 2007; segundo
Cotias, 2013).
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Fotografia 3: Solos do tipo cambissolo da região de colúvios da serra do Mimo (Fonte: Acervo
Pessoal).
3 GEOLOGIA
3.1 GEOLOGIA REGIONAL
18
unidades da Bacia Sanfranciscana, seus embasamentos e outras unidades de bacias
sedimentares adjacentes, para melhor compreensão dos seus limites e contatos litológicos.
Alguns autores como Hasui & Haralyi (1991) e Sawasato (1995) discutem a tectônica
formadora da bacia, enfatizando a Sub-Bacia Abaeté, onde devido a sua forma alongada
conforme a direção Norte-Sul e o seu paralelismo com o aulacógeno do recôncavo-Tucano-
Jatobá sugerem se tratar de um rifte relacionado à evolução da margem continental brasileira.
Porém outros autores como Campos e Dardenne (1997b) defendem que a bacia siga um
modelo de preenchimento de calha tipo sag, que por definição seria uma ampla bacia
intracontinental com pequena subsidência, onde apenas localmente é afetada por incipientes
processos tafrogênicos, para a defesa desta ideia eles levam em conta os seguintes critérios:
razão comprimento/largura da bacia da ordem de 3, enquanto que o rifte apresenta esta razão
superior a 5; profundidade sedimentar reduzida, menor que 500m nos locais onde tem as
porções mais espessas, enquanto que os riftes apresentam espessura bem superior, como a
bacia do Takutu e Recôncavo que apresentam essa espessura maior que 7,000 m; falta de
compartimentação por falhas de bordas, características dos riftes continentais; entre outros.
A evolução da Bacia Sanfranciscana foi separada em seis estágios por Campos e
Dardenne (1997b), são eles:
Estágio Tectônico Paleozóico que está relacionado com a fase evolutiva da bacia
onde foram acumulados os sedimentos glaciogênicos no neoproterozóico, as atividades
tectônicas são pouco pronunciadas, sendo que a calha sedimentar originou-se por uma
depressão relativa entre duas cadeias de montanha em fase de denudação. A movimentação
vertical seria de pequena amplitude, ocasionada por rearranjos isostáticos e flexurais, com
uma sutil subsidência térmica originada pelo lento resfriamento do núcleo cratônico. A
estabilidade que ocorreu durante o paleozoico, pode está associado com o período de
estabilização do continente Gondwana.
Estágio Tectônico Neopaleozoico – Eomesozoico está relacionado a uma fase de
relativa estabilização tectônica, onde os principais acontecimentos são as movimentações
epirogênica com uma significativa erosão da sucessão depositada no Carbonífero e
Perminiano Inferior.
Estágio Tectônico Barremiano – Aptiano (Eocretáceo), esta fase é quando ocorre a
abertura do atlântico sul, onde o interior das placas Sul Americana e Sul Africana estavam
submetidos a um padrão de tensão extensiva.
19
Estágio Tectônico Cenomaniano (Mesoneocretáceo) está relacionado com o estágio
que define a mudança da fase rifte para a fase pós-rifte, resultando na geração de assoalho
oceânico durante a fase de mar aberto, época em que ocorreu a deposição de megassequência
marinha. Nesse estágio que houve a inversão do campo de tensão passando de extensivo para
compressivo no interior das placas sul americana e sul africana.
Segundo Karner (1986) e Karner et al (1983), as bacias sedimentares que são
desenvolvidas sobre placa continental, em regime extensivo, sofrem soerguimento na porção
central e subsidência na porção lateral. Quando sob compressão, responde com subsidência
central e soerguimento nas bordas da bacia. Assim como foi suposto por Chang et al (1992)
esta fase da evolução da bacia foi marcada pela subsidência acarretada pela compressão que o
Cráton foi submetido após a fase rifte.
Estágio Tectônico Campaniano – Maastrichtiano (Neocretáceo) está relacionado
com a fase que foi denominada de margem passiva da evolução das bacias costeiras. Onde a
expansão contínua do fundo oceânico, com o desenvolvimento de fraturas transformantes, se
implantou definitivamente.
Estágio Tectônico Terciário está relacionado com a fase de reativação neotectônica
registrada por toda a bacia, ocorrendo um padrão de drenagem retangular em qualquer escala
de observação menor que 1:100.000.
Quanto à divisão litoestratigráfica da Bacia Sanfranciscana, houve pequenas
divergências entre autores a respeito da posição estratigráfica de duas unidades, os grupos
Santa Fé e Areado. A organização mais aceita atualmente pela comunidade científica é a que
posiciona o Grupo Santa Fé (Permo-Carbonífero) como unidade basal, seguido do Grupo
Areado (Eocretáceo), Grupo Mata da Corda e Grupo Urucuia (ambos do Neocretáceo), e
Formação Chapadão (Cenozoico) proposta feita por Campos (1992), Campos e Dardenne
(1997a) e aceita posteriormente por Sgarbi et al (2001). No presente trabalho será adotada a
proposta mais aceita, ao relatar de maneira sucinta cada unidade a partir da coluna
estratigráfica de Campos e Dardenne (1997a) (Figura 8 e 9).
20
Fig
ura 8: Mapa Geológico simplificado da Bacia Sanfranciscana e seus limites (Fonte: CPRM, 2002).
21
Figura 9: Coluna Estratigráfica da Bacia Sanfranciscana. Litotipos principais: 1 - sequência pelito
carbonática, 2 - arcóseos e siltitos, 3 - diamictitos, tilitos e tilóides, 4 - folhelhos com dropstones, 5 -
arenitos heterogêneos, 6 - arenitos maciços calcíferos com intercalações argilosas, 7 - conglomerados
e arenitos, 8 -folhelhos, 9 - arenitos, 10 - lavas e piroclásticas alcalinas, 11 – arenitos vulcânicos, 12 -
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arenitos eólicos, 13 - conglomerados de terraços e 14 - areias inconsolidadas (Fonte: Campos e
Dardenne, 1997a).
A seguir, estão delineados em tópicos cada grupo estratigráfico presente na bacia e o
seu principal embasamento. Deve-se resaltar que na área de abrangência do campo afloram,
essencialmente, os grupos Bambuí e Urucuia, motivo pelo qual se explorou com mais ênfase
estas unidades.
Formação Canabravinha
23
Composta por quartzitos, xistos, metamargas e metadiamictitos.
Formação São Desiderio
O Grupo Bambuí no oeste baiano foi subdivido por Egydio-Silva et al. (1989) em três
formações, incluindo, da base para o topo:
Formação São Desidério - calcários cinza-escuros com intercalações de margas e siltitos, com
450 metros de espessura estimada. Para o topo mostra contato gradativo com a Formação
Serra da Mamona.
Formação Serra da Mamona
Formação Serra da Mamona – correlacionável à Formação Serra da Saudade, é
marcada pela alternância entre camadas de metacarbonatos e metapelitos de grau metamórfico
incipiente a fraco, com espessura máxima estimada em 3.000 m.
Formação Riaçhão das Neves
Formação Riachão das Neves – constituída por metarcóseos, metagrauvacas e
metassiltitos correlacionável à Formação Três Marias, com espessura estimada de 4.000 m.
No limite cráton/faixa dobrada, a Formação Canabravinha é empurrada para sul sobre a
Formação Serra da Mamona, na zona de cisalhamento de Cariparé (Egydio-Silva 1987). O
Grupo Bambuí nesta região mostra deformação intensa que, para o sul, vai progressivamente
diminuindo, até a predominância de camadas sub-horizontais.
De acordo Campos & Dardenne (1997a), este grupo está situado acima do
embasamento na base da coluna estratigráfica, é da idade do fanerozóico e de origem
glaciogênica. É constituída de arenitos, diamictitos, folhelhos, com diamictitos de matriz
siltico-argilosa-calcífero e seixos estriados. Decompõe-se em duas formações, Floresta e
Tabuleiro.
3.1.3 Grupo Areado (Eocretáceo)
Esta unidade está sobreposta a Formação tabuleiro do Grupo Santa Fé, é a única com
maior variação de sistemas deposicionais de leques aluviais, fluvial entrelaçado, flúvio-
deltáico, lacustres até campos de dunas e interdunas. É da idade do eocretáceo e é composta
por três formações: Abaeté, na base; Quiricó e Três Barras, no topo (CAMPOS &
DARDENNE, 1997a).
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Apresentando idade neocretácea, o Grupo Mata da Corda é formado por rochas
vulcânicas alcalinas efusivas e piroclásticas, plutônicas alcalinas e sedimentares epiclásticas,
composicionalmente classificados com o Kamafugitos. Sendo dividido em duas unidades
denominadas por (Campos & Dardenne, 1997a) de formações Patos e Capacete.
Formação Posse
Representa unidade inferior desse grupo. A facie 1 é constituída por arenitos muito
finos, finos, médios, com boa maturidade textural e mineralógica, geralmente apresentando
bom selecionamento. Ocorrem lentes e níveis de conglomerados médios a finos com seixos
do próprio arenito, quartzo de veio e quartzitos em qualquer posição estratigráfica. Uma
cimentação silicosa frequentemente está associada a estes conglomerados. As litologias,
texturas, estruturas sedimentares e arranjo das fácies permitem relacionar a sedimentação da
Fácies l desta sucessão a um sistema eólico de campos de dunas contendo estratificações de
grande porte.
A fácies 2 é constituída por arenitos brancos, ocres, finos, argilosos ou não, bem
selecionados e, comparativamente aos arenitos da fácies l, menos maturos. São classificados
25
como arenitos feldspáticos e quartzo arenitos, onde o quartzo monocristalino é o fragmento
mais comum.
A presença de estratificações cruzadas tabulares e tangenciais de pequeno porte são
comuns e os estratos plano-paralelos mais raros.
4 GEOLOGIA LOCAL
26
do Grupo Urucuia. Ambos os Grupos fazem parte da Bacia do São Francisco situada sobre o
Cráton do São Francisco.
27
Fotografia 4: Metassiltitos e metargilitos amarelo-avermelhados do Grupo Bambuí (Fonte: Acervo
pessoal).
28
Fotografia 6: Variação de cor na parte superior do afloramento do Grupo Bambuí (Fonte: Acervo
pessoal).
Na parte basal da litologia descrita, devido ás cores apresentadas pelas rochas
indicando um ambiente mais oxidante, a textura e a granulometria clástica fina, demonstram
que a deposição dos sedimentos se deu em ambiente marinho raso plataformal, com conexão
de rios o que acarretou numa água lamosa que dificultava a passagem da luz e
consequentemente o desenvolvimento de carbonatos.
Posteriormente oscilações no nível da lâmina d’água possibilitou a alternância entre
ambientes oxidantes e redutores, o que ocasionou as intercalações de camadas roxas e
amareladas. Até a curta estabilidade em ambiente redutor, corroborado pela continuidade da
camada roxa descrita anteriormente, e novamente retorno das oscilações. Depois de
depositadas, as formações sofreram esforços advindos provavelmente da Orogênese
Brasiliana (Neoproterozóico), a qual deformou e fraturou as rochas desta litologia, permitindo
o preenchimento destas fraturas por óxidos metálicos e veios de quartzo (Anexo 1)
29
Em sua parte inferior o afloramento exibia rochas de cor avermelhado claro a tons de
rosa com granulometria variante de areia fina (>0,125mm) à areia média (<0,5 mm), tendo
basicamente quartzo (80%), feldspato (15%) e fragmentos líticos (5%), além de muito pouca
cimentação e matriz areno-siltosa. Rocha muito porosa e bastante permeável, apresentando
estratificações planas insipientes de baixo ângulo com certa bimodalidade de grãos, que vão
de sub-arredondados a arredondados apresentando uma moderada seleção. Tais evidências
apresentaram características de um ambiente eólico, porém, em sua parte proximal, onde
formam-se geralmente os lençóis de areia.
De acordo com as descrições realizadas em campo, essa parte do afloramento com
características de ambiente eólico desértico, pode ser correlacionada com a Formação Posse
Fácies 1, descrita na literatura. Porém, essa seria uma parte mais proximal do deserto, onde se
teria o nível freático mais alto, área topograficamente elevada, granulometria mais grossa e
uma maior cimentação superficial, o qual inibiu a formação de dunas.
Acima, é notável a presença de uma superfície erosiva com conglomerados e seixos de
até 6 cm de espessura, representando uma nova litofácie ( Fotografia 7). A litologia torna-se
mais amarelada com algumas lâminas de óxidos de ferro seguida de um aumento na
granulometria (granocrescência ascendente), com arenitos conglomeráticos pouco cimentados
de matriz silto-arenosa e predominância de grãos areia média (<0,5 mm) a areia grossa (<1
mm). Sobre o conglomerado da superfície erosiva há sequências de estratificações planas,
seguidas de estratificações cruzadas tangenciais e acanaladas, até o retorno de estratificações
planas e níveis conglomeráticos, exibindo um caráter periódico, embora haja diversas
interrupções e reinício do ciclo.
Fotografia 7: Truncamento erosivo com clastos de até 6 cm, Grupo Urucuia (Fonte: Acervo pessoal).
30
Esta sucessão faz menção a sistemas de ciclos deposicionais de canais subaquosos,
característicos de canais entrelaçados, que findaria com uma camada de pelítos no topo. Estas
interrupções indicam grande variação de energia de fluxo, por influencia de uma possível
grande variação climática ocorrida no ambiente desértico.
O topo da área de estudo é caracterizado por uma nova fácie de arenitos
conglomeráticos avermelhados em grandes relevos ruiniformes em forma de taças. A
granulometria dessas rochas varia de areia fina (>0,125mm) à areia grossa (< 1mm),
compreendendo grãos que vão desde sub-angulosos a arredondados com moderada
esfericidade. As rochas apresentam um moderado grau de cimentação e matriz composta de
areia fina e silte. A cor avermelhada está relacionada à grande quantidade de óxi-hidróxidos
de ferro presente na litologia, além de delgadas laminações de argilominerais de cor branca,
provavelmente caolinita (Fotografia 8).
31
Fotografia 9: Estratificações cruzadas truncada por fluxo de detritos, Grupo Urucuia (Fonte: Acervo
pessoal).
Fotogafia 10: Camadas de pelítos em gretas de ressecamento, Grupo Urucuia (Fonte: Acervo
pessoal).
32
Fotografia 11: Arenitos silicificados maciços, Grupo Urucuia (Fonte: Acervo pessoal).
33
Fotografia 12: Afloramento em corte de estrada São Domingos-GO (Fonte: Acervo pessoal).
A primeira litologia descrita da base para o topo, apresenta uma sequência de arenitos
avermelhados intercalados por grãos maturos, esféricos e arredondados que variam de areia
fina (>0,125mm) à grossa (< 1mm), onde os grãos de maior granulometria encontravam-se
nas laminações esbranquiçadas entre as sequências avermelhadas de menor granulometria, as
quais possuem esta cor devido à presença de óxi-hidróxidos de ferro que recobrem os grãos.
Compreende uma rocha friável muito porosa e permeável, com baixo grau de cimentação e
muito pouca matriz areno-siltosa (Fotografia 13).
Fotografia 13: Arenito estratificado apresentando bimodalidade de grãos, Grupo Urucuia (Fonte:
Acervo pessoal).
Os sets de estratificações cruzadas chegavam a atingir aproximadamente 14 metros de
espessura, já as estratificações individuais tinham a média de 6 a 8 metros (Fotografia 14).
34
Essas estratificações cruzadas de grande porte compreendiam estratos tangenciais com alto
ângulo no topo que suavizavam em direção à base, além de apresentar uma granocrescência
ascendente descontínua, ocasionada pela bimodalidade de grãos.
Fotografia 14: Sets de estratos cruzados de grande porte, Grupo Urucuia Formação Posse
Fácies 1 (Fonte: Acervo pessoal).
35
Fotografia 15: Dobras de escorregamento na porção superior da Formação Posse Fácies 1,
Grupo Urucuia (Fonte: Acervo pessoal).
36
Fotografia 16: Truncamento na Formação Posse Fácies 1 por superfície erosiva (Fonte: Acervo
pessoal).
37
Fotografia 17: Fluxo de detritos erosivo (80 cm) truncando a parte média do afloramento, Grupo
Urucuia (Fonte: Acervo pessoal).
Fotografia 18: Paraconglomerados de sedimentação cíclica fluvial na Formação Serra das Araras,
Grupo Urucuia (Fonte: Acervo pessoal).
38
Fotografia 19: Gretas de ressecamento na Formação Serra das Araras, Grupo Urucuia (Fonte: Acervo
pessoal).
Fotografia 20: Gretas de ressecamento de até 8 cm, Formação Serra das Araras Grupo Urucuia
(Fonte: Acervo pessoal).
Fotografia 21: Arenitos amarelados maciços com seixos disseminados. Formação Serra das Araras,
Grupo Urucuia (Fonte: Acervo pessoal).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
6 REFERÊNIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALKMIM, F.F. 2004. O que faz de um cráton um cráton? O Cráton do São Francisco e as
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