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UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DA BAHIA

CAMPUS REITOR EDGAR SANTOS


Centro das Ciências Exatas e das Tecnologias
Curso de Graduação em Geologia

André Campanelli
Gilberto Carneiro Filho
Jales Coelho Nepomuceno Junior
Miquéias da Silva Cerqueira
Vitor Alves Araújo

Estudo Sedimentológico e Comparativo entre as Cidades de


Barreiras (Ba) e São Domingos (Go)

Barreiras
2014
Barreiras, BA.
2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DA BAHIA


CAMPUS REITOR EDGAR SANTOS
Centro das Ciências Exatas e das Tecnologias

André Campanelli
Gilberto Carneiro Filho
Jales Coelho Nepomuceno Junior
Miquéias da Silva Cerqueira
Vitor Alves Araújo

Estudo Sedimentológico e Comparativo entre as Cidades


de Barreiras (Ba) e São Domingos (Go)

Trabalho apresentado ao curso de


Geologia da Universidade Federal
do Oeste da Bahia do Centro da
Ciências Exatas e das Tecnologias à
disciplina de Técnicas de Campo,
IAD 253, como requisito de nota
parcial, sob a orientação do
professor Natanael Barbosa da
Silva.

1
Barreiras, BA.

2014

2
Resumo

Este relatório busca realizar uma correlação entre uma seção localizada na porção leste da
Bacia Sanfranciscana e outra localizada a oeste desta mesma Bacia. A relação entre as duas
litologias foi obtida através de estudos descritivos das rochas, identificação dos processos
sedimentares e as estruturas geradas, bem como a caracterização de litofácies e posterior
reconstrução dos elementos arquiteturais para obtenção de uma interpretação paleoambiental.
O Grupo Bambuí

do Grupo Urucuia o estudo das rochas na cidade de Barreiras – BA e São Domingos – GO,
expondo a interpretação de eventos geológicos ocorridos nessas áreas, com enfoque nas
estruturas sedimentares presentes, onde através de informações obtidas das litofácies

Este trabalho apresenta uma descrição de rochas e estruturas sedimentares de duas regiões
situadas em porções distintas da bacia do São Francisco. A área de estudo compreende desde
o município de Barreiras, oeste da Bahia, até o município de São Domingos, nordeste de
Goiás. Na região destacam-se por apresentar ampla distribuição do Grupo Bambuí, que
constitui um importante substrato da deposição da sequência Fanerozóica da bacia,
representando associação de litofácies siliciclásticas e bioquímicas. A área pesquisada
apresenta a Formação Serra da Mamona, constituída de metapelitos apresentando dobras,
além de fraturas e veios por vezes perpendiculares entre si. Em São Domingos apresenta
Grupo Urucuia, onde representa um conjunto de rochas silicicláticas, caracterizado como uma
unidade neocretácea sendo composto pelas seguintes formações: Fm. Posse que é
representada por arenitos feldspáticos e quartzo-arenitos, estando relacionado a um sistema
fluvial e eólico; Fm. Serra das Araras, caracterizada por um quartzo-arenito, de paleoambiente
flúvial. realizou-se uma reconstrução paleoambiental e paleoclimática a qual os grupos
Bambuí e Urucuia estariam inseridos.

3
Palavras-Chave: Bacia São do Francisco, Grupo Urucuia, Grupo Bambuí, ambientes
deposicionais.

Lista de Fotografias

Fotografia 1: Escarpas recobertas por vegetação (A) e rampas de colúvios ou depósitos de


talús (B). 9
Fotografia 2: Vegetação característica da região de escarpas (A) e vegetação pertencente à
colúvios. 12
Fotografia 3: Solos do tipo cambissolo da região de colúvios da serra do Mimo. 10
Fotografia 4: Metassiltitos e metargilitos amarelo-avermelhados do Grupo Bambuí. 25
Fotografia 5: Metassiltito amarelado com óxidos de manganês preenchendo as fraturas,
Grupo Bambuí. 26
Fotografia 6: Variação de cor na parte superior do afloramento do Grupo Bambuí. 26
Fotografia 7: Truncamento erosivo com clastos de até 6 cm, Grupo Urucuia. 28
Fotografia 8: Arenitos avermelhados laminados do Grupo Urucuia. 29
Fotografia 9: Estratificações cruzadas truncada por fluxo de detritos, Grupo Urucuia. 29
Fotogafia 10: Camadas de pelitos em gretas de ressecamento, Grupo Urucuia. 30
Fotografia 11: Arenitos silicificados maciços, Grupo Urucuia. 30
Fotografia 12: Afloramento em corte de estrada São Domingos-GO. 31

4
Fotografia 13: Arenito estratificado apresentando bimodalidade de grãos, Grupo Urucuia.
32
Fotografia 14: Sets de estratos cruzados de grande porte, Grupo Urucuia Formação Posse
Fácies 1. 32
Fotografia 15: Dobras de escorregamento na porção superior da Formação Posse Fácies 1,
Grupo Urucuia. 33
Fotografia 16: Truncamento na Formação Posse Fácies 1 por superfície erosiva. 34
Fotografia 17: Fluxo de detritos erosivo (80 cm) truncando a parte média do afloramento,
Grupo Urucuia. 35
Fotografia 18: Paraconglomerados de sedimentação cíclica fluvial na Formação Serra das
Araras, Grupo Urucuia. 35
Fotografia 19: Gretas de ressecamento na Formação Serra das Araras, Grupo Urucuia. 36
Fotografia 20: Gretas de ressecamento de até 8 cm, Formação Serra das Araras, Grupo
Urucuia. 36
Fotografia 21: Arenitos amarelados maciços com seixos disseminados. Formação Serra das
Araras, Grupo Urucuia. 37

Lista de Figuras

Figura 1: Mapa de localização da cidade de Barreiras e São domingos, seus acessos, em


destaque a região de estudo entre a área delimitada. 7
Figura 2: Mapa geomorfológico da região de Barreiras e suas principais representações.
9
Figura 3: Escarpa da região de São Domingos 10

Figura 4: Precipitação média anual na região de Barreiras/BA. 11


Figura 5: Bacias hidrográficas que pertencem à região oeste. 13
Figura 6: Hidrogeologia da região de Barreiras e São Domingos. 14
Figura 7: Mapa de Solos da região oeste da Bahia. 15
Figura 8: Mapa Geológico simplificado da Bacia Sanfranciscana e seus limites. 19
Figura 9: Coluna Estratigráfica da Bacia Sanfranciscana. 20
Figura 10: Distribuição da sedimentação do Grupo Bambuí 21

5
Sumário

1 INTRODUÇÃO 6
1.1 OBJETIVOS DO TRABALHO 6
1.1.1 Objetivos Gerais 6
1.1.2 Objetivos Específicos 7
2 MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................................

2.1 Materiais .............................................................................................................................

2.2 Métodos ..............................................................................................................................

2.2.1 Etapa Pré-Campo ...........................................................................................................

2.2.2 Etapa Campo ..................................................................................................................

6
2.2.3 Etapa Pós-Campo ...........................................................................................................

3 CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO 7


3.1 LOCALIZAÇÃO 7
3.2 ACESSO 8
3.3 GEOMORFOLOGIA 8
3.4 CLIMA 10
3.5 VEGETAÇÃO 11
3.6 HIDROGEOLOGIA 12
3.7 SOLOS 14
4 GEOLOGIA 16
4.1 GEOLOGIA REGIONAL 16
4.1.1 Grupo Bambuí (Neoproterozóico) 21
4.1.2 Grupo Santa Fé (Neopaleozoico) 22
4.1.3 Grupo Areado (Eocretáceo) 22
4.1.4 Grupo Mata da corda (Neocretáceo) 22
4.1.5 Grupo Urucuia (Neocretáceo) 23
4.1.6 Formação Chapadão (Cenozoico) 24
5 GEOLOGIA LOCAL 24
5.1 BARREIRAS 25
5.1.2 Grupo Bambuí 25
5.1.3 Grupo Urucuia 27
5.2 SÃO DOMINGOS (GO) 31
5.3 BARREIRAS (BA) x SÃO DOMINGOS (GO) 38
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 40
7 REFERÊNIAS BIBLIOGRÁFICAS 41
8 ANEXO 43
8.1 ANEXO 144
8.2 ANEXO 26

1 INTRODUÇÃO

7
A Bacia Sanfranciscana possui forma alongada na direção norte-sul e ocupa uma área
de aproximadamente 150.000 km². Devido a sua grande extensão, possui ampla distribuição
estratigráfica que varia não apenas verticalmente como horizontalmente. A Bacia
Sanfranciscana é limitada a Sul com a Bacia Paraná pela flexura de Goiânia/Soerguimento e
do Alto do Parnaíba através do Arco do São Francisco. A norte, limita-se com a Bacia do
Parnaíba através do Arco do São Francisco. Os limites ocidental e oriental são
respectivamente marcados pelas bordas externas das faixas Brasília e Araçuaí/Espinhaço
Setentrional (Campos & Dardenne 1997a).
A cidade de Barreiras está localizada na região nordeste do Brasil, na região oeste
estado da Bahia; e ao sul, está situado São Domingos, na região centro-oeste do Brasil e na
região nordeste do estado do Goiás.
A finalidade da elaboração deste relatório reconhecer e relacionar os aspectos
fisiográficos da região, clima, geomorfologia, solos, geologia regional e geologia local
identificando as estruturas sedimentares para assim incluir os processos ocorridos no ambiente
deposicional identificando a, as unidades litológicas e o contexto tectônico da região, onde os
pontos descritos e analisados em campo serão interpretados, buscando remontar a evolução
geológica e compreender as litofácies associados a cada formação.

1.1 OBJETIVOS DO TRABALHO


1.1.1 Objetivos Gerais

O objetivo dessa pesquisa é aprofundar o conhecimento geológico por meio de um


estudo comparativo entre a região da Serra do Mimo-BA e a região de São Domingos-GO,
com enfoque estratigráfico e sedimentológico. A partir desse pressuposto, identificar os tipos
de rochas sedimentares e os ambientes ligados à sua formação, tanto como caracterizar e
correlacionar as estruturas sedimentares dos dois locais.
Colocar em prática as teorias de técnicas de campo, sendo elas o uso do GPS com
coletas de pontos observando a altimetria e coordenadas UTM, o uso da caderneta de campo
para descrição das feições observadas e o uso da bussola geológica para medição de atitudes
das rochas.

1.1.2 Objetivos Específicos

8
- Descrever os afloramentos, as feições características de cada formação e observa o contato
entre as mesmas;
- Elaboração de coluna estratigráfica de cada área analisada;
- Comparar a literatura com o que foi observado;
- Praticar o manuseio de instrumentos básicos para trabalho de campo (GPS, Bussola
geológica, lupa e organização dos dados coletados em cada caderneta de campo).

2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 MATERIAIS

Os matérias utilizados para execução desse trabalho

2.2 MÉTODOS

A metodologia empregada foi a de subdivisão de etapas para

2.2.1 Etapa Pré-Campo

Nesta etapa foram consultadas bibliográficas da literatura regional para

2.2.2 Etapa Campo

2.2.3 Etapa Pós-Campo

2 CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO

2.1 LOCALIZAÇÃO

A cidade de Barreiras-BA que se encontra localizada na região nordeste do Brasil e


oeste do estado da Bahia, tendo suas coordenadas UTM: 23L 0504918/8656216. O município
de São Domingos- GO encontra-se na região centro-leste do Brasil, na Serra Geral de Goiás,
o afloramento estudado representa um corte de estrada de 600 metros de extensão e 50 metros
de espessura entre a rodovia federal BR-020 e a GO 262, a aproximadamente 420 quilômetros
de Brasília- DF (Figura 1).

9
Figura 1: Mapa de localização da cidade de Barreiras e São domingos, seus acessos, em
destaque a região de estudo entre a área delimitada (FONTE: GASPAR & GOMES, 2006).

2.2 ACESSO

O acesso a Barreiras pode ser feito pela BR-242 a partir de Salvador, distante 830Km,
ou por Brasília através da BR- 020, percorrendo 648Km. A Serra do Mimo encontra-se
situada atrás das instalações da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). O município de São
Domingos-GO faz divisa com os municípios de Campos Belos-G0 ao norte; Posse-GO, ao
sul; Correntina-BA a leste e Divinópolis de Goiás-GO. Pela BR-020, a distância de Brasília é
de 398 km. De Barreiras para São Domingos, deve-se seguir pela BR-242 na direção de leste
para oeste, até o município de Luiz Eduardo Magalhães-BA. A partir dai o caminho segue
pela BR-020 até a entrada para a rodovia GO-110 a direita, continuando em frente na direção
de São Domingos, totalizando 261 km.

2.3 GEOMORFOLOGIA

A geomorfologia de Barreiras divide-se em dois domínios principais; o primeiro que


são as chapadas, vastamente utilizadas para produção agrícola e o outro que são as planícies
interplanálticas por onde correm os principais rios e onde localiza-se a sede do municipio
(Cotias, 2013). A unidade de relevo Chapada do São Francisco ou Chapadão do Oeste Baiano

10
é a feição mais importante da região quando se trata da hidrogeologia, por fornecer a recarga
deste sistema (GASPAR, 2006).
Há superfícies irregulares, às vezes bastante erodidas, no contorno dos planaltos ou
penetrando nos vales, onde o relevo encontra-se bastante variável, ocorrendo desde escarpas
muito íngremes até áreas suavizadas e onduladas. As altitudes podem variar entre 500m e
700m (Embrapa, 2010) (Figura 2).
Barreiras situa-se em um vale entre escarpas (Fotografia 1A).A área de estudo, Serra
do Mimo, é a escarpa mais erodida, onde foi encontradas feições ruiniformes típicas do relevo
da região, presentes nas bordas da Serra onde foi observado zonas da chapada arenítica, assim
como superfícies irregulares e zonas erodidas pela drenagem onde aflora o Grupo Bambuí.
Tal geomorfologia é fortemente caracterizada pelas rampas de colúvios ou depósito de talús
(Fotografia 1B).
São Domingos limita-se de leste a oeste e norte por escarpas. As feições que são
encontradas ao longo de todo o terreno são regidas por rochas sedimentares do Grupo
Urucuia, com presença de relevo em forma de gargantas e Colúvios gerados por fluxo de
detritos no sopé das escarpas advindos do intemperismo dos arenitos silicificados presentes no
topo. Os rios modelaram o terreno para que houvesse a formação do vales em U. As vertentes
das escarpas sofrem uma alta deformação pela ação da água pluvial, ocasionando a formação
de uma grande quantidade de ravinas (Figura 3).

Fotografia 1: Escarpas recobertas por vegetação (A) e rampas de colúvios ou depósitos de


talús (B) (Fonte: Arcevo pessoal).

11
Figura 2: Mapa geomorfológico da região de Barreiras e suas principais representações
(Fonte: Embrapa, 2010).

Figura 3: Escarpa da região de São Domingos (Fonte: GASPAR, 2006).

2.4 CLIMA

12
A região de estudo é disposta de um domínio climático classificado como sub-úmido a
seco, com concentrações de chuva entre primavera e verão. Segundo Gaspar (2006),
apresenta duas estações bem definidas, uma estação com verão chuvoso de outubro a abril, e
um inverno seco de maio a setembro.
De novembro a março o verão na cidade de Barreiras é chuvoso com uma precipitação
variando entre 139 mm e 184,5 mm. Nos meses entre abril e outubro, o clima é mais seco com
precipitações entre 1,0 mm e 58,1 mm (Figura 4).
A posição geográfica da região assegura temperaturas elevadas durante boa parte do
ano em razão da forte radiação solar. As temperaturas médias oscilam por volta de 26°C e as
mínimas da região atingem 20°C (Embrapa, 2010).
O clima predominante em São Domingos é o quente úmido, o qual possui duas
estações bem definidas: um período de estiagem e temperaturas elevadas de abril a setembro e
chuvas volumosas entre outubro e março.

Figura 4: Precipitação média anual na região de Barreiras/BA (FONTE: Latuf, 2012).

2.5 VEGETAÇÂO

A vegetação característica da área estudada é o cerrado, na sua grande maioria


associada às escarpas e colúvios. Apresenta solos espessos de composição silto-arenosa, com
grande influência de matéria orgânica e árvores frutíferas típicas do cerrado como:
Pequizeiros e Cajuzeiros.

13
De acordo com Campos & Oliveira (2005), as plantas do cerrado apresentam os
troncos retorcidos e sinuosos, de casca espessa e cortiçosa, muitas vezes fendilhada, com
folhas rígidas, com superfície lisa e cerosa (Fotografia 2A). Ainda segundo eles, a fisionomia
varia do porte arbóreo denso ao gramíneo-lenhoso, geralmente com a presença de árvores e
arbustos semicaducifólios, espaçados ou em pequenos agrupamentos sobre um tapete
graminóide (Fotografia 2B).

A vegetação de São Domingos é predominantemente do tipo cerrado, em locais de


relevos elevados (planaltos de patamares, parte superior das vertentes) constitui-se de matas
pouco densas com médio porte e de aparência mais retorcida pela pouca presença de chuvas,
enquanto no sopé das vertentes ocorre a formação de colúvios e vales em U, que possuem
uma maior presença de água que desce a vertente por escoamento superficial e se concentra o
que ocasiona uma vegetação mais arbórea e de porte médio a alto.

Fotografia 2: Vegetação característica da região de escarpas (A) e vegetação pertencente à colúvios


(B) (FONTE: Acervo pessoal).

2.6 HIDROGEOLOGIA

O contexto hidrogeológico da região do oeste baiano se enquadra na provincia


hidrogeologica São Francisco, composta pelos sistemas aqüiferos Urucuia e Bambuí. A
excelência do sistema Aqüifero Urucuia foi apontado por Souza (2003) e Schuster et al.

14
(2002), atestando a presença de poços que fornecem vazões superiores a 500 m³/h, com
vazões especificas da ordem de 23 m³/h/m.(GASPAR, 2006).
A região estudada compreende rios que vão de oeste para leste com drenagens
paralelas e semi-paralelas. Em vista do relevo do chapadão ser plano e com pequena
inclinação topográfica, a drenagem da área se faz com rios de pouco gradiente, com fluxo
lento de águas (LUZ et. al., 2009). A área é situada sobre a bacia do rio Grande, o qual é
afluente do rio São Francisco. Na região ocorre assoreamento dos rios devido ás ações
antrópicas causada pelas enormes plantações sobre o aquífero (Cotias, 2013) (Figura 5).
A hidrogeologia do municipio de São Domingos é formada pela bacia do rio Tocantins
que tem como representantes de afluentes o rio do Sono na parte noroeste, o rio Palmas na
parte central da borda oeste da Serra Geral de Goiás, o rio São Domingos que também faz
parte da hidrografia dessa bacia. Esses rios são alimentados pelo fluxo de base do aquífero
Urucuia.
Os níveis silicificados podem ser observados em afloramentos nos vales dos rios que
recortam a chapada ou ao longo da Serra Geral de Goiás, apresentam espessuras de 3 a 15
metros e foram interpretados como paleo-superfícies freáticas relacionadas ao sistema
deposicional desértico responsável pela deposição do Grupo Urucuia (Campos, 1996) (Figura
6).

Figura 5: Bacias hidrográficas que pertencem à região oeste (FONTE: Modificado de SEI, (2007),
segundo Cotias, (2013)).

15
Figura 6: Hidrogeologia da região de Barreiras e São Domingos (Fonte: Gaspar, 2006).

2.7 SOLOS

Os solos predominantes da chapada de Barreiras são Latossolo Vermelho-Amarelo de


textura média. Neossolo quartzarenico e solos hidromórficos associados a veredas. Os solos,
em geral, são constituidos por solos com baixa fertilidade natural, variando de profundos a
muito profundos, permeáveis, de textura média ou arenosa, saturados com alumínio trocável
e relacionados aos arenitos. Já nas depressões, há associações de Cambissolos e Latossolos de
textura média ( Moraes, 2003) (Figura 7).
Gaspar (2006), diz que os solos predominantes entre a Serra Geral do Goiás e de
Barreiras (BA) são os latossolos, os neossolos, os gleissolos, e os argissolos. Em relação a
natureza de cada solo, os latossolos são oriundos das rochas areníticas, os neossolos é o
latossolo transportado, ou seja, lixiviado; os gleissolos são solos alóctones também,
igualmente ao neossolos; os argilosos são produtos das rochas pelíticas e os cambissolos
provenientes das áreas de colúvio das serras. Já os gleissolos, argissolos e cambissolos

16
ocorrem em menores proporções (IBGE & Embrapa, 2001 apud GASPAR, 2006). (Fotografia
3).

Figura 7: Mapa de Solos da região oeste da Bahia (FONTE: Modificado de SEI, 2007; segundo
Cotias, 2013).

17
Fotografia 3: Solos do tipo cambissolo da região de colúvios da serra do Mimo (Fonte: Acervo
Pessoal).

3 GEOLOGIA
3.1 GEOLOGIA REGIONAL

A feição tectônico/morfológica denominada Alto do Paracatu divide a Bacia


Sanfranciscana nas sub-bacias Abaeté, a sul, e Urucuia, no Centro-Norte, essas sub-bacias
apresentam diferenças em relação a sua evolução.
A Bacia Sanfranciscana, como um todo, é limitada a sul com a Bacia do Paraná, a
norte com a Bacia do Parnaíba através do Arco do São Francisco. Os limites ocidental e
oriental são respectivamente marcados pelas bordas externas das faixas Brasília e
Araçuaí/Espinhaço Setentrional. (Campos e Dardenne, 1997b).
Há certa confusão em relação à denominação do Cráton São Francisco com os termos
Bacia do São Francisco, Bacia Sanfranciscana e Bacia Alto Sanfranciscana. Segundo Campos
e Dardenne (1997a), o termo Bacia do São Francisco não é indicado como referência à
deposição sedimentar ocorrida no fanerozoico do cráton, pois para este período a designação é
Bacia Sanfranciscana, e a terminologia anterior estão associadas aos sedimentos depositados
no proterozóico relacionado com o Supergrupo São Francisco. Já a nomenclatura Bacia Alto
Sanfranciscana não seria adequado, pois a bacia não se limita a bacia hidrográfica que define
o alto Rio São Francisco.
A estratigrafia do cráton São Francisco inclui unidades neoproterozóicos, eocretáceas
e neocretáceas. Apesar das rochas mais antigas serem atribuídas ao Permo-Carbonífero,
podendo haver segundo alguns autores a possibilidade de existência de rochas mais antigas, e
caso existam são rochas subaflorantes, devendo ser encontradas nos depocentros da Sub-
Bacia Urucuia.
O embasamento varia a depender da porção da bacia. Na sua porção central
compreende ao Grupo Bambuí, bem como no extremo sul (região de Lagoa 17 Formosa –
MG), que ocorre metassedimentos associados com metadiamictitos, correlacionados ao Grupo
Bambuí, na sua porção setentrional o embasamento é constituído da seção paleozóica da
Bacia do Paraná, no meio norte da bacia (região de São Domingos – GO), xistos, granitos ou
gnaisses do Arqueano/Proterozóico são atribuídos ao embasamento (CAMPOS e
DARDENNE, 1997a). A figura 5 apresenta um mapa geológico simplificado que abrange

18
unidades da Bacia Sanfranciscana, seus embasamentos e outras unidades de bacias
sedimentares adjacentes, para melhor compreensão dos seus limites e contatos litológicos.
Alguns autores como Hasui & Haralyi (1991) e Sawasato (1995) discutem a tectônica
formadora da bacia, enfatizando a Sub-Bacia Abaeté, onde devido a sua forma alongada
conforme a direção Norte-Sul e o seu paralelismo com o aulacógeno do recôncavo-Tucano-
Jatobá sugerem se tratar de um rifte relacionado à evolução da margem continental brasileira.
Porém outros autores como Campos e Dardenne (1997b) defendem que a bacia siga um
modelo de preenchimento de calha tipo sag, que por definição seria uma ampla bacia
intracontinental com pequena subsidência, onde apenas localmente é afetada por incipientes
processos tafrogênicos, para a defesa desta ideia eles levam em conta os seguintes critérios:
razão comprimento/largura da bacia da ordem de 3, enquanto que o rifte apresenta esta razão
superior a 5; profundidade sedimentar reduzida, menor que 500m nos locais onde tem as
porções mais espessas, enquanto que os riftes apresentam espessura bem superior, como a
bacia do Takutu e Recôncavo que apresentam essa espessura maior que 7,000 m; falta de
compartimentação por falhas de bordas, características dos riftes continentais; entre outros.
A evolução da Bacia Sanfranciscana foi separada em seis estágios por Campos e
Dardenne (1997b), são eles:
Estágio Tectônico Paleozóico que está relacionado com a fase evolutiva da bacia
onde foram acumulados os sedimentos glaciogênicos no neoproterozóico, as atividades
tectônicas são pouco pronunciadas, sendo que a calha sedimentar originou-se por uma
depressão relativa entre duas cadeias de montanha em fase de denudação. A movimentação
vertical seria de pequena amplitude, ocasionada por rearranjos isostáticos e flexurais, com
uma sutil subsidência térmica originada pelo lento resfriamento do núcleo cratônico. A
estabilidade que ocorreu durante o paleozoico, pode está associado com o período de
estabilização do continente Gondwana.
Estágio Tectônico Neopaleozoico – Eomesozoico está relacionado a uma fase de
relativa estabilização tectônica, onde os principais acontecimentos são as movimentações
epirogênica com uma significativa erosão da sucessão depositada no Carbonífero e
Perminiano Inferior.
Estágio Tectônico Barremiano – Aptiano (Eocretáceo), esta fase é quando ocorre a
abertura do atlântico sul, onde o interior das placas Sul Americana e Sul Africana estavam
submetidos a um padrão de tensão extensiva.

19
Estágio Tectônico Cenomaniano (Mesoneocretáceo) está relacionado com o estágio
que define a mudança da fase rifte para a fase pós-rifte, resultando na geração de assoalho
oceânico durante a fase de mar aberto, época em que ocorreu a deposição de megassequência
marinha. Nesse estágio que houve a inversão do campo de tensão passando de extensivo para
compressivo no interior das placas sul americana e sul africana.
Segundo Karner (1986) e Karner et al (1983), as bacias sedimentares que são
desenvolvidas sobre placa continental, em regime extensivo, sofrem soerguimento na porção
central e subsidência na porção lateral. Quando sob compressão, responde com subsidência
central e soerguimento nas bordas da bacia. Assim como foi suposto por Chang et al (1992)
esta fase da evolução da bacia foi marcada pela subsidência acarretada pela compressão que o
Cráton foi submetido após a fase rifte.
Estágio Tectônico Campaniano – Maastrichtiano (Neocretáceo) está relacionado
com a fase que foi denominada de margem passiva da evolução das bacias costeiras. Onde a
expansão contínua do fundo oceânico, com o desenvolvimento de fraturas transformantes, se
implantou definitivamente.
Estágio Tectônico Terciário está relacionado com a fase de reativação neotectônica
registrada por toda a bacia, ocorrendo um padrão de drenagem retangular em qualquer escala
de observação menor que 1:100.000.
Quanto à divisão litoestratigráfica da Bacia Sanfranciscana, houve pequenas
divergências entre autores a respeito da posição estratigráfica de duas unidades, os grupos
Santa Fé e Areado. A organização mais aceita atualmente pela comunidade científica é a que
posiciona o Grupo Santa Fé (Permo-Carbonífero) como unidade basal, seguido do Grupo
Areado (Eocretáceo), Grupo Mata da Corda e Grupo Urucuia (ambos do Neocretáceo), e
Formação Chapadão (Cenozoico) proposta feita por Campos (1992), Campos e Dardenne
(1997a) e aceita posteriormente por Sgarbi et al (2001). No presente trabalho será adotada a
proposta mais aceita, ao relatar de maneira sucinta cada unidade a partir da coluna
estratigráfica de Campos e Dardenne (1997a) (Figura 8 e 9).

20
Fig
ura 8: Mapa Geológico simplificado da Bacia Sanfranciscana e seus limites (Fonte: CPRM, 2002).

21
Figura 9: Coluna Estratigráfica da Bacia Sanfranciscana. Litotipos principais: 1 - sequência pelito
carbonática, 2 - arcóseos e siltitos, 3 - diamictitos, tilitos e tilóides, 4 - folhelhos com dropstones, 5 -
arenitos heterogêneos, 6 - arenitos maciços calcíferos com intercalações argilosas, 7 - conglomerados
e arenitos, 8 -folhelhos, 9 - arenitos, 10 - lavas e piroclásticas alcalinas, 11 – arenitos vulcânicos, 12 -

22
arenitos eólicos, 13 - conglomerados de terraços e 14 - areias inconsolidadas (Fonte: Campos e
Dardenne, 1997a).
A seguir, estão delineados em tópicos cada grupo estratigráfico presente na bacia e o
seu principal embasamento. Deve-se resaltar que na área de abrangência do campo afloram,
essencialmente, os grupos Bambuí e Urucuia, motivo pelo qual se explorou com mais ênfase
estas unidades.

3.1.1 Grupo Bambuí (Neoproterozóico)

De acordo com Iglesias e Uhlein (2009), o Grupo Bambuí representa associação de


litofácies siliciclásticas e bioquímicas depositadas em vasto mar epicontinental (Figura 10).
Suas formações, compreendidas no Neoproterozóico são Jequitaí, Sete Lagoas, Serra de Santa
Helena, Lagoa do Jacaré, Serra da Saudade e Três Marias (Dardenne, 1978). Existem
divergências entre alguns autores como Iglesias e Uhlein (2009), que não incluem a Formação
Jequitaí, no entanto, neste trabalho será utilizada a classificação de Dardenne (1978).
Além das classificações anteriores, há outra denominação para as formações do Grupo
Bambuí no oeste da Bahia, cuja aplicação é mais aceita no local devido a peculiaridades sutis
existentes em diferentes porções do grupo, de acordo com Alkmin (2004), são elas as
formações Canabravinha, São Desidério, Serra da Mamona e Riachão das Neves.

Figura 10: Distribuição da sedimentação do Grupo Bambuí (Fonte: Revista Pesquisa).

Formação Canabravinha
23
Composta por quartzitos, xistos, metamargas e metadiamictitos.
Formação São Desiderio
O Grupo Bambuí no oeste baiano foi subdivido por Egydio-Silva et al. (1989) em três
formações, incluindo, da base para o topo:
Formação São Desidério - calcários cinza-escuros com intercalações de margas e siltitos, com
450 metros de espessura estimada. Para o topo mostra contato gradativo com a Formação
Serra da Mamona.
Formação Serra da Mamona
Formação Serra da Mamona – correlacionável à Formação Serra da Saudade, é
marcada pela alternância entre camadas de metacarbonatos e metapelitos de grau metamórfico
incipiente a fraco, com espessura máxima estimada em 3.000 m.
Formação Riaçhão das Neves
Formação Riachão das Neves – constituída por metarcóseos, metagrauvacas e
metassiltitos correlacionável à Formação Três Marias, com espessura estimada de 4.000 m.
No limite cráton/faixa dobrada, a Formação Canabravinha é empurrada para sul sobre a
Formação Serra da Mamona, na zona de cisalhamento de Cariparé (Egydio-Silva 1987). O
Grupo Bambuí nesta região mostra deformação intensa que, para o sul, vai progressivamente
diminuindo, até a predominância de camadas sub-horizontais.

3.1.2 Grupo Santa Fé (Fanerozóico)

De acordo Campos & Dardenne (1997a), este grupo está situado acima do
embasamento na base da coluna estratigráfica, é da idade do fanerozóico e de origem
glaciogênica. É constituída de arenitos, diamictitos, folhelhos, com diamictitos de matriz
siltico-argilosa-calcífero e seixos estriados. Decompõe-se em duas formações, Floresta e
Tabuleiro.
3.1.3 Grupo Areado (Eocretáceo)

Esta unidade está sobreposta a Formação tabuleiro do Grupo Santa Fé, é a única com
maior variação de sistemas deposicionais de leques aluviais, fluvial entrelaçado, flúvio-
deltáico, lacustres até campos de dunas e interdunas. É da idade do eocretáceo e é composta
por três formações: Abaeté, na base; Quiricó e Três Barras, no topo (CAMPOS &
DARDENNE, 1997a).

3.1.4 Grupo Mata da corda (Neocretáceo)

24
Apresentando idade neocretácea, o Grupo Mata da Corda é formado por rochas
vulcânicas alcalinas efusivas e piroclásticas, plutônicas alcalinas e sedimentares epiclásticas,
composicionalmente classificados com o Kamafugitos. Sendo dividido em duas unidades
denominadas por (Campos & Dardenne, 1997a) de formações Patos e Capacete.

3.1.5 Grupo Urucuia (Neocretáceo)

Apresentando ampla distribuição em área da Bacia Sanfranciscana, o Grupo Urucuia


representa um conjunto de rochas silicicláticas, caracterizado como uma unidade neocretácea,
com espessura de no máximo 440m, constituído por arenitos quartzosos, conglomerados e
siltitos depositados em ambiente continental, inicialmente lacustre, passando a fluvial
dominante, com expressivas contribuições eólicas, sendo compreendida assim em função de
estruturas sedimentares internas e do seu conteúdo fossilífero.(Lima & Leite, 1978; Ghignone,
1979). As rochas desse grupo representam uma unidade homogênia, com pouca variedade de
litotipos, onde segundo Campos & Dardenne (1997a) a bacia é subdividida em dois
compartimentos sendo separado por um alto estrutural do embasamento (Alto do Paracatu)
um a sul, designado de sub- bacia Abaeté (descontínua na forma de mesetas e morros
testemunhos) na parte sul e outro centro-norte denominado de sub-bacia Urucuia (ocorre de
forma contínua) na qual as rochas do Grupo Urucuia estão inseridas. São distinguidos
conforme (Campos & Dardenne 1997a) em dois grupos, sendo elas Formação posse e
Formação Serra das araras.

Formação Posse

Representa unidade inferior desse grupo. A facie 1 é constituída por arenitos muito
finos, finos, médios, com boa maturidade textural e mineralógica, geralmente apresentando
bom selecionamento. Ocorrem lentes e níveis de conglomerados médios a finos com seixos
do próprio arenito, quartzo de veio e quartzitos em qualquer posição estratigráfica. Uma
cimentação silicosa frequentemente está associada a estes conglomerados. As litologias,
texturas, estruturas sedimentares e arranjo das fácies permitem relacionar a sedimentação da
Fácies l desta sucessão a um sistema eólico de campos de dunas contendo estratificações de
grande porte.
A fácies 2 é constituída por arenitos brancos, ocres, finos, argilosos ou não, bem
selecionados e, comparativamente aos arenitos da fácies l, menos maturos. São classificados

25
como arenitos feldspáticos e quartzo arenitos, onde o quartzo monocristalino é o fragmento
mais comum.
A presença de estratificações cruzadas tabulares e tangenciais de pequeno porte são
comuns e os estratos plano-paralelos mais raros.

Formação Serra das Araras

Representando a unidade superior desse grupo a formação é constituída por arenitos,


argilitos, e conglomerados com coloração avermelhada, intercalados em bancos plano-
paralelos com espessuras variando de 50 cm a 2 metros.
Os arenitos são polimodais, silicificados, vermelhos e com níveis amarelados. O
estudo microscópico mostra maturidade composicional e imaturidade textural. A cimentação
por sílica e óxidos de ferro é localmente tão intensa que a rocha perde sua estruturação
interna, assemelhando-se a um silexito. O quartzo é dominante, sendo a turmalina e o zircão
subordinados. Estratificações cruzadas acanaladas de pequeno porte são observadas, sendo os
estratos plano-paralelos mais comuns.

3.1.6 Formação Chapadão (Cenozoico)

A designação de Formação Chapadão pretende resgatar a denominação de arenito


chapadão de Ladeira & Brito (1968) como referência às coberturas cenozóicas
dominantemente arenosas da Bacia Sanfranciscana.
Essas coberturas inconsolidadas podem ser classificadas como coberturas aluvionares,
coluvionares e eluvionares.
Os aluvionares sendo caracterizada por depósitos resultantes do retrabalhamento
fluvial recente, de materiais detríticos diversos. Os coluvionares que são resultantes de
pequenos retrabalhamentos das unidades fanerozóicas e da regressão de formas de relevo
tabular elevado (mesetas e tabuleiros) e eluvionares correspondem às areias inconsolidadas
pouco retrabalhados, que se desenvolvem a partir dos arenitos pertencentes às diversas
unidades fanerozóicas (Campos & Dardenne 1997a).

4 GEOLOGIA LOCAL

Na seção Serra do Mimo foram observadas rochas pertencentes ao Grupo Bambuí


(Neoproterozoico), formando o embasamento, e sobrepondo este, a litologia do Grupo
Urucuia (Cretáceo Superior). Já na seção do corte de estrada foram estudadas somente rochas

26
do Grupo Urucuia. Ambos os Grupos fazem parte da Bacia do São Francisco situada sobre o
Cráton do São Francisco.

4.1 Serra do Mimo

4.1.1 Formação Serra da Mamona

Na base da Serra do Mimo (altitude: 540 metros) apresenta uma litofácie de


metassiltitos de cores amareladas e avermelhadas com algumas fraturas plumbosas de cores
arroxeadas. A granulometria das rochas varia de argila à silte muito fino, possuindo textura
sedimentar clástica. Rocha muito porosa e pouco permeável, com presença de foliações
espaçadas quase planas(atitudes). A ausência de fraturas indicativas de tensões superiores e a
presença das foliações sugeriram um baixo grau de deformação, que somado a ocorrência do
mineral sericita e por não apresentar ardósia (último estágio de metamorfismo do folhelho),
evidenciou também um metamorfismo incipiente. O qual preserva muitas características do
seu protólito sedimentar. *fraturas plumbosas que indicam alteração por percolação de água
(Fotografia 4).

Indicativos do ambiente: ausência de carbonatos, ausência de folhelhos negros, a


lama (argila+silte+areia fina) indicam decantação de material em suspenção, alternância
de “cores” e granulometria, marinho calmo por não apresentar estruturas hummocky
nem swaley nem fortes bases erosivas indicativas de ondas de tempestades e sem muita
influencia de maré ausência de estrutura espinha de peixe ou ondas pela ausência de
dunas arenosas ou marcas onduladas, ajustes isostáticos?, ausência de exposição
subaérea (gretas de ressecamento), localmente não foi observado ardósia que seria o
ultimo grau de metamorfismo do folhelho ( mais um indicativo de baixo grau)

Características que podem ser adicionadas: Fissilidade,

27
Fotografia 4: Metassiltitos e metargilitos amarelo-avermelhados do Grupo Bambuí (Fonte: Acervo
pessoal).

Na altimetria de 571 metros, há presença de óxidos de manganês nas fraturas dos


metassiltitos (Fotografia 5). Adiante, há ocorrência de veios de quartzo acompanhado de uma
leve diminuição na granulometria predominando grãos de fração argila. Já próximo ao topo da
seção (altimetria: 581 metros), inicia-se uma intercalação de camadas amarelo- alaranjadas
(40 cm) e camadas roxas (15 cm), até o predomínio da coloração roxa, com uma
granulometria predominante de argila, com algumas intercalações de areia muito fina,
evidenciando um ambiente mais redutor, seguido de nova intercalação de cores (Fotografia 6).

Fotografia 5: Metassiltito amarelado com óxidos de manganês preenchendo as fraturas, Grupo


Bambuí (Fonte: Acervo pessoal).

28
Fotografia 6: Variação de cor na parte superior do afloramento do Grupo Bambuí (Fonte: Acervo
pessoal).
Na parte basal da litologia descrita, devido ás cores apresentadas pelas rochas
indicando um ambiente mais oxidante, a textura e a granulometria clástica fina, demonstram
que a deposição dos sedimentos se deu em ambiente marinho raso plataformal, com conexão
de rios o que acarretou numa água lamosa que dificultava a passagem da luz e
consequentemente o desenvolvimento de carbonatos.
Posteriormente oscilações no nível da lâmina d’água possibilitou a alternância entre
ambientes oxidantes e redutores, o que ocasionou as intercalações de camadas roxas e
amareladas. Até a curta estabilidade em ambiente redutor, corroborado pela continuidade da
camada roxa descrita anteriormente, e novamente retorno das oscilações. Depois de
depositadas, as formações sofreram esforços advindos provavelmente da Orogênese
Brasiliana (Neoproterozóico), a qual deformou e fraturou as rochas desta litologia, permitindo
o preenchimento destas fraturas por óxidos metálicos e veios de quartzo (Anexo 1)

Considerado o topo do Supergrupo São Francisco e a cobertura Neoproterozóica de maior


distribuição no Cráton do São Francisco, o Grupo Bambuí forma o embasamento da área
estudada.

4.1.3 Grupo Urucuia

Depositado sobre a litologia Neoproterozóica do Grupo Bambuí, têm-se as coberturas


Fanerozóicas do Grupo Urucuia, destacado na região pela sua vasta distribuição em área e
volume e pelos extensos relevos tabuliformes (Anexo 1).

29
Em sua parte inferior o afloramento exibia rochas de cor avermelhado claro a tons de
rosa com granulometria variante de areia fina (>0,125mm) à areia média (<0,5 mm), tendo
basicamente quartzo (80%), feldspato (15%) e fragmentos líticos (5%), além de muito pouca
cimentação e matriz areno-siltosa. Rocha muito porosa e bastante permeável, apresentando
estratificações planas insipientes de baixo ângulo com certa bimodalidade de grãos, que vão
de sub-arredondados a arredondados apresentando uma moderada seleção. Tais evidências
apresentaram características de um ambiente eólico, porém, em sua parte proximal, onde
formam-se geralmente os lençóis de areia.
De acordo com as descrições realizadas em campo, essa parte do afloramento com
características de ambiente eólico desértico, pode ser correlacionada com a Formação Posse
Fácies 1, descrita na literatura. Porém, essa seria uma parte mais proximal do deserto, onde se
teria o nível freático mais alto, área topograficamente elevada, granulometria mais grossa e
uma maior cimentação superficial, o qual inibiu a formação de dunas.
Acima, é notável a presença de uma superfície erosiva com conglomerados e seixos de
até 6 cm de espessura, representando uma nova litofácie ( Fotografia 7). A litologia torna-se
mais amarelada com algumas lâminas de óxidos de ferro seguida de um aumento na
granulometria (granocrescência ascendente), com arenitos conglomeráticos pouco cimentados
de matriz silto-arenosa e predominância de grãos areia média (<0,5 mm) a areia grossa (<1
mm). Sobre o conglomerado da superfície erosiva há sequências de estratificações planas,
seguidas de estratificações cruzadas tangenciais e acanaladas, até o retorno de estratificações
planas e níveis conglomeráticos, exibindo um caráter periódico, embora haja diversas
interrupções e reinício do ciclo.

Fotografia 7: Truncamento erosivo com clastos de até 6 cm, Grupo Urucuia (Fonte: Acervo pessoal).
30
Esta sucessão faz menção a sistemas de ciclos deposicionais de canais subaquosos,
característicos de canais entrelaçados, que findaria com uma camada de pelítos no topo. Estas
interrupções indicam grande variação de energia de fluxo, por influencia de uma possível
grande variação climática ocorrida no ambiente desértico.
O topo da área de estudo é caracterizado por uma nova fácie de arenitos
conglomeráticos avermelhados em grandes relevos ruiniformes em forma de taças. A
granulometria dessas rochas varia de areia fina (>0,125mm) à areia grossa (< 1mm),
compreendendo grãos que vão desde sub-angulosos a arredondados com moderada
esfericidade. As rochas apresentam um moderado grau de cimentação e matriz composta de
areia fina e silte. A cor avermelhada está relacionada à grande quantidade de óxi-hidróxidos
de ferro presente na litologia, além de delgadas laminações de argilominerais de cor branca,
provavelmente caolinita (Fotografia 8).

Fotografia 8: Arenitos avermelhados laminados do Grupo Urucuia (Fonte: Acervo pessoal).

Na base dessas litologias foram constantemente observadas, camadas espessas de


estruturas maciças a qual truncava a parte inferior de estratificações planas, seguidas de
estratificações cruzadas tangenciais e acanaladas de grande porte, as quais eram novamente
truncadas, geralmente por superfícies erosivas de conglomerados (Fotografia 9). Estas
alternâncias de estratificações gradacionais entre camadas semelhantes com contato nítido,
caracterizou uma sedimentação cíclica. Foram comumente avistadas camadas delgadas de
pelitos com gretas de ressecamento (Fotografia 10).

31
Fotografia 9: Estratificações cruzadas truncada por fluxo de detritos, Grupo Urucuia (Fonte: Acervo
pessoal).

Fotogafia 10: Camadas de pelítos em gretas de ressecamento, Grupo Urucuia (Fonte: Acervo
pessoal).

A parte superior do pacote de rochas supracitado é caracterizada por arenitos


silicificados maciços de cor acinzentada, que devido sua alta resistência, são responsáveis
pela sustentação do relevo (Fotografia 11). Essa resistência esta ligada a sua composição
silicosa, e seu alto grau de cimentação, causado principalmente por recristalização de sílica
entre os poros da rocha.

32
Fotografia 11: Arenitos silicificados maciços, Grupo Urucuia (Fonte: Acervo pessoal).

As características sedimentares observadas nesta ultima litologia descrita, demonstra


intensa atividade fluvial com grande variação de aporte sedimentar e de energia de fluxo. As
estruturas e elementos arquiteturais sugerem um sistema deposicional fluvial entrelaçado
sustentado pela umidade que adentrava o continente. Tais propriedades se faz permitir uma
correlação com a Formação Serra das Araras descrita na literatura.
Todas as sucessões e associações de litofácies demonstraram uma grande alteração
climática dentro do deserto Urucuia. A fácies dos lençóis arenosos é truncada por uma
superfície erosiva cascalhosa, advinda de chuvas fortes porem torrenciais, em um clima que se
tornava cada vez mais úmido. A umidade enfim se estabelece no continente, ocasionando
fortes chuvas que propiciaram a ascensão do nível freático, e assim alimentavam rios que
desenvolveram alta capacidade erosiva e de transporte. Há hipóteses de que essa alteração
climática esteja ligada a fenômenos globais como por exemplo a deriva continental entre
América do Sul e África.

4.2 SÃO DOMINGOS (GO)

A área pesquisada pertence ao município de São Domingos-GO e situa-se em um vale


em forma de garganta rodeado por escarpas da Serra geral de Goiás (Fotografia 12). No
afloramento descrito em um corte de estrada, foram identificadas rochas referentes à cobertura
Fanerozóica Neocretácia da Bacia do São Francisco (Grupo Urucuia) (Anexo 2).

33
Fotografia 12: Afloramento em corte de estrada São Domingos-GO (Fonte: Acervo pessoal).
A primeira litologia descrita da base para o topo, apresenta uma sequência de arenitos
avermelhados intercalados por grãos maturos, esféricos e arredondados que variam de areia
fina (>0,125mm) à grossa (< 1mm), onde os grãos de maior granulometria encontravam-se
nas laminações esbranquiçadas entre as sequências avermelhadas de menor granulometria, as
quais possuem esta cor devido à presença de óxi-hidróxidos de ferro que recobrem os grãos.
Compreende uma rocha friável muito porosa e permeável, com baixo grau de cimentação e
muito pouca matriz areno-siltosa (Fotografia 13).

Fotografia 13: Arenito estratificado apresentando bimodalidade de grãos, Grupo Urucuia (Fonte:
Acervo pessoal).
Os sets de estratificações cruzadas chegavam a atingir aproximadamente 14 metros de
espessura, já as estratificações individuais tinham a média de 6 a 8 metros (Fotografia 14).

34
Essas estratificações cruzadas de grande porte compreendiam estratos tangenciais com alto
ângulo no topo que suavizavam em direção à base, além de apresentar uma granocrescência
ascendente descontínua, ocasionada pela bimodalidade de grãos.

Fotografia 14: Sets de estratos cruzados de grande porte, Grupo Urucuia Formação Posse
Fácies 1 (Fonte: Acervo pessoal).

Ao se considerar o conjunto de estruturas sedimentares observadas com os aspectos


granulométricos, pode-se fazer associação com um ambiente deposicional de campo de dunas
e suas regiões de interdunas. A bimodalidade de grãos indica intercalação de processos que
ocorrem na parte frontal da duna como fluxo de detritos (granulometria mais grossa) e queda
de grãos com menor granulometria, além do alto grau de maturidade textural e composicional
proporcionado pelo transporte eólico. A sequência e a sobreposição de estratos cruzados
sugere superposição de dunas com média de paleocorrentes indicando para N260º.

Mais acima o afloramento exibia basicamente as mesmas características


sedimentológicas, porém, há presença de dobras de escorregamento nos cosets de estratos
cruzados, as quais sugerem certa contribuição aquosa devido à entrada de umidade no
ambiente (Fotografia 15).

35
Fotografia 15: Dobras de escorregamento na porção superior da Formação Posse Fácies 1,
Grupo Urucuia (Fonte: Acervo pessoal).

A parte superior da sucessão descrita anteriormente é truncada por uma superfície


erosiva, seguida de estratificações cruzadas de pequeno a médio porte (2 a 3 metros) com
baixo ângulo (Fotografia 16). A cor desta litofácie varia entre vermelho, amarelo e tons
esbranquiçados de maior granulometria, esta varia na litologia entre grãos areia grossa (<
1mm) á areia fina (>0,125mm), contendo pequenos seixos, sendo os de maior granulometria
mais maturos e bem selecionados apresentando matriz areno-argilosa. Esta sequência de
fácies indicam um aumento gradual na umidade dentro do deserto, fator que inibiu a formação
de dunas por ocasionar possíveis flutuações do nível freático, maior cimentação superficial
dos sedimentos da área fonte e predominância de grãos de granulometria grossa devido
transporte por cursos fluviais efêmeros.

36
Fotografia 16: Truncamento na Formação Posse Fácies 1 por superfície erosiva (Fonte: Acervo
pessoal).

Na parte média do afloramento tem-se a presença de um espesso fluxo de detritos (80


cm) maciço de caráter erosivo o qual trunca toda à sucessão de rochas supracitada (Fotografia
17). Seguido deste tem-se uma sequencia de fácies de conglomerados sotoposto a
estratificações planas que seguem para estratificações cruzadas acanaladas e tangenciais e
novamente para estruturas planas até uma interrupção da sequencia partindo novamente para
o contato erosivo com conglomerados. Estas sucessões de fácies fazem referencia a ciclos
deposicionais promovidos por um curso fluvial com canais de alta energia de fluxo.

37
Fotografia 17: Fluxo de detritos erosivo (80 cm) truncando a parte média do afloramento, Grupo
Urucuia (Fonte: Acervo pessoal).

Os conglomerados das sequencias acima continham seixos de até 3 centímetros que


eram inicialmente suportado por uma matriz arenosa moderadamente selecionada, e foi
observado ainda casos de conglomerados clastos-suportados (Fotografia 18). As rochas
possuíam uma moderada cimentação que continha às vezes um caráter silicoso. As litofácies
arenosas estratificadas apresentavam grãos de areia fina (0,125mm) até grãos de areia grossa
(< 1mm) de modo que localmente cada ciclo exibia gradação normal.

Fotografia 18: Paraconglomerados de sedimentação cíclica fluvial na Formação Serra das Araras,
Grupo Urucuia (Fonte: Acervo pessoal).

A sedimentação cíclica se repetia no afloramento, até que no terceiro ciclo há o


surgimento de uma nova fácie com pelitos em formas de gretas de ressecamento (3 cm)
(Fotografia 19). Essa nova estrutura observada sugeria uma evidência de que o clima estava
gradualmente se tornando mais estável e adquirindo sazonalidade. Os ciclos sedimentares
continuaram se repetindo, porém agora findando com as camadas pelíticas no topo, até que há
uma diminuição na espessura dos ciclos e um aumento das camadas pelíticas (8 cm)
(Fotografia 20), e na sequência começa uma alternância de camadas pelíticas de gretas e
níveis de conglomerádos de até 3 cm.

38
Fotografia 19: Gretas de ressecamento na Formação Serra das Araras, Grupo Urucuia (Fonte: Acervo
pessoal).

Fotografia 20: Gretas de ressecamento de até 8 cm, Formação Serra das Araras Grupo Urucuia
(Fonte: Acervo pessoal).

Essas novas características litofaciológicas além de sugerirem certa tendência de


estabilidade climática, demonstram grandes períodos de cheia com vastas planícies de
inundação que propiciaram a deposição dos pelitos. A partir do momento que se tem as
intercalações de seixos entre as camadas de finos, se tem o indicativo de que embora haja
certa tranquilidade nos cursos fluviais na época da cheia, há momentos de maiores inputs de
energia dos fluxos proporcionando competência para transportar material de maior
granulometria, que depois de depositados mergulhavam na camada lamosa decantada no
fundo dos cursos.
39
Agora já na parte superior de toda a litologia, há um espesso pacote de arenitos
maciços amarelados com níveis conglomeráticos e alguns pequenos seixos disseminados
(Fotografia 21). Há variação de grãos maturos a imaturos, e a granulometria predominava
areia média (>0,5 mm) e areia grossa (1 mm), e matriz composta de areia muito fina
(<0,125mm). Nessa porção superior, além da ausência de estruturas, há uma maior
cimentação nas rochas por precipitação de sílica com presença inclusive de arenitos
silicificados que devido esse maior grau de cimentação, há uma considerável perda no que se
diz respeito à porosidade e permeabilidade.

Fotografia 21: Arenitos amarelados maciços com seixos disseminados. Formação Serra das Araras,
Grupo Urucuia (Fonte: Acervo pessoal).

Os atributos observados nessa ultima seção proporcionaram a interpretação de um


ambiente fluvial de alta energia e grande volume de agua, onde esta agua tinha condições de
Eh e PH capazes de solubilizar e lixiviar parte da sílica de litologias à montante, e fazer com
que esta solução penetrasse nos poros das rochas, precipitando-a e consequentemente
causando essa forte cimentação encontrada nos arenitos.
Tomando por base a literatura, é possível afirmar e exibir características que testaram
e correlacionaram as descrições e interpretações antes constatadas. A base do afloramento
onde foi interpretado o ambiente eólico de campo de dunas e suas regiões interdunas é
também aferida na literatura e é intitulada como Formação Posse Fácies 1. A partir do
momento onde foi constatada uma maior contribuição aquosa no ambiente, e aferido fatores
que inibiram o desenvolvimento de dunas, pode-se relacionar com a fase fluvio-éolica descrita
na literatura como Formação Posse Fácies 2.
40
O espesso fluxo de detritos maciço que trunca toda a parte média do afloramento
seguido de todas as estruturas a partir deste que indicaram o estabelecimento de processos
deposicionais particulares de um ambiente essencialmente subaquoso que se segue até o topo
da litologia, é também constatado na literatura e denominado como Formação Serra das
Araras.

4.3 BARREIRAS (BA) x SÃO DOMINGOS (GO)

As áreas de estudo nos dois municípios apresentam os mesmos domínios geológicos.


Afloram tanto rochas Neoproterozóicas do Grupo Bambuí, quanto rochas Fanerozóica do
Grupo Urucuia. Dessa forma foi possível realizar um estudo comparativo entre as duas áreas
pesquisadas com enfoque no Grupo Urucuia.
A evolução cronoestratigrafica do Grupo Urucuia foi à mesma para ambas as regiões,
no entanto, os mesmos ambientes deposicionais acarretaram diferentes sistemas
deposicionais, observados por estudos de geologia local. Essas diferenças estão intimamente
relacionadas às posições geográficas em relação à área fonte dos sedimentos, no que se diz
respeito à posições proximais e distais.
Os estudos de paleocorrentes nas duas áreas pesquisadas indicaram um sistema de
dispersão de sedimentos nas direções NE sentido SW, e correlacionando dados direcionais,
geocronológicos e composicionais, pode-se sugerir que a possível área fonte estaria ligada ao
Orógeno Serra do Espinhaço. Barreiras, tanto pela sua distancia linear atual, quanto pelas
características descritas na geologia local compreende uma parte mais proximal da fonte dos
sedimentos. Já a região de São Domingos, caracterizaria a área mais distal do ambiente
deposicional.
As características observadas em campo que permitiram essa distinção e correlação de
áreas proximais e distais serão destacadas a seguir (Tabela 1):

Barreiras – BA São Domingos - GO


Distância da Área Proximal – Mais próximo da Distal – Mais distante da área
Fonte área fonte fonte
Maturidade Menor maturidade textural e Alto grau de maturidade textural
composicional e composicional
Granulometria Maior granulometria Menor granulometria
Estruturas Estruturas eólicas de menor Estruturas eólicas de grande
porte com a formação de Dunas
41
porte e ausentes de dunas e região interdunas.
Característica da Maior frequência de superfícies Superfícies de truncamento com
Superfície erosivas com clastos de maior clastos menores e mais maturos.
granulometria
Topografia Área topograficamente mais alta Área topograficamente mais
rebaixada
Tabela 1: Comparativo entre as duas regiões de estudo.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Todas as etapas da pesquisa permitiram aprofundar os conheimentos geológicos


teóricos e práticos de campo. As técnicas relacionadas ao caráter descritivo, investigativo e
interpretativo puderam ser testadas e aprimoradas, tanto no estudo em campo, quanto na
elaboração do relatório final.
Com a realização desse trabalho, ficaram evidentes algumas diferenças entre essas
regiões consideradas similares. O estudo realizado na cidade de Barreiras (BA), corroborou a
presença do Grupo Bambuí na Serra do Mimo, que com análise mineralogica foi identificado
42
o mineral sericita, que indica metamorfismo de baixo grau. Já na segunda área de pesquisa,
São Domingos (GO), não foi identificado nenhum afloramento de rochas que pertencem ao
Grupo Bambuí.
As rochas do Grupo Urucuia possuem algumas similaridades nas estruturas
sedimentares nas duas regiões de estudo. Foi possível observar a partir de análises texturais e
dos elementos arquiteturais, que apesar dos ambientes deposicionais serem os mesmos, eles
resultaram em produtos diferentes. Essa diferença está intimamente relacionada a distância
das duas regiões da área fonte dos sedimentos, sendo Barreiras (BA) considerada área
proximal e São Domingos (GO) a distal.
Há ainda uma incógnita se tratando da Formação Posse Fácies 2, já que a grande
maioria dos trabalhos publicados generalizam que em toda a extensão do Grupo Urucuia a
mesma está presente, o que não foi confirmado na saída de campo á Serra do Mimo. Partido
dessa discrepância de hipóteses considera-se válido um estudo mais aprofundado da geologia
desse local.

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