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UFRJ
Rio de Janeiro
2010
UFRJ
Rio de Janeiro
Maio 2010
PAPATERRA, Guilherme Eduardo Zerbinatti
Pré-Sal: conceituação geológica sobre uma nova fronteira
exploratória de petróleo no Brasil / Papaterra, Guilherme
Eduardo Zerbinatti –Rio de Janeiro: UFRJ / IGeo, 2010.
xiii, 81 f.: il., 29,7 cm
Dissertação (Mestrado em Geologia) – Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Instituto de Geociências, Programa de Pós-
graduação em Geologia, 2010.
Orientador: Borghi, Leonardo Fonseca.
1. Geologia. 2. Instituto de Geociências – Dissertação de
Mestrado. I. Borghi, Leonardo. II. Universidade Federal do Rio
de Janeiro, Instituto de Geociências, Programa de Pós-graduação
em Geologia. III. Título.
CDD – 553.280981
Guilherme Eduardo Zerbinatti Papaterra
Aprovada em:
Por:
_____________________________________
Dr. Claudio Bettini (UFRJ)
_____________________________________
Dr. Carlos Jorge de Abreu (UNB)
_____________________________________
Dr. Reneu Rodrigues da Silva (EPE / Petrobras)
UFRJ
Rio de Janeiro
Maio 2010
A minha esposa Cristiane, minha filha Maria Teresa
e aos meus pais
vi
Agradecimentos
Resumo
O anúncio de descobertas de óleo e gás natural, em 2007, na seção Rifte na região de águas
ultraprofundas da bacia de Santos, aponta para a existência de novas e excelentes perspectivas
para o setor petrolífero brasileiro. O objetivo principal deste trabalho foi circunscrever o
conceito geológico do intervalo conhecido como “Pré-sal” nas bacias da margem Leste
Meridional brasileira. Para o desenvolvimento deste estudo utilizou-se apenas de informações
e dados públicos. A circunscrição deste intervalo envolveu questões exploratórias, limites
estratigráficos e abordagens tectônicas. Do ponto vista exploratório, as acumulações de
hidrocarbonetos estariam controladas pela ocorrência de altos estruturais do embasamento,
tendo como reservatórios principais os carbonatos da seção Rifte (coquinas) e sag
(microbialitos). Em relação ao ponto de vista geotectônico, caracterizado neste trabalho como
indefinido, torna-se relevante a discussão da fase Sag durante o estágio evolutivo das bacias
tipo rifte. Estratigraficamente, o intervalo “Pré-sal” é representado por todos os estratos
depositados temporalmente antes do pacote evaporítico, do final do Aptiano. O presente
trabalho visa servir como referência para aqueles que possuem interesse em se aprofundar no
tema, bem como, para os tomadores de decisão sob o novo marco regulatório do setor
petrolífero nacional.
Abstract
The announcement of oil and natural gas resources discovery in 2007, under rift section in the
ultra-deep waters of the Santos basin, indicates the existence of excellent perspectives for the
Brazilian oil sector. The main objective of this study was to define the geological concepts of
the package known as "Pre-salt” along the Eastern Brazilian Margin. We used only public
data and information. The package delimitation involves exploratory issues, stratigraphic
boundaries and tectonic approaches. Regarding the exploratory standpoint, the hydrocarbon
accumulations would be controlled by the occurrence of basement structural highs, with the
main reservoirs being the carbonate Rift section (coquina-reservoir) and sag (microbialites
reservoir). Concerning geotectonics, considered undefined in this work; the Sag phase during
rift basin evolution deserves discussion. Stratigraphically the “Pre-salt” package is
represented by all strata deposited before the evaporites from the late Aptian. The present
work is going to serve as reference for those who are interested in developing the subject, as
well as for decision makers under the new oil regulatory framework.
Rio de Janeiro
Abril de 2010
ix
Lista de figuras
Figura 5.13. Seção tipo da Formação Macabu, Grupo Lagoa Feia, no poço 1-RJS-682, na
bacia de Campos.................................................................................................................... 68
Figura 5.14. Exemplo de amostra de testemunho de sondagem do poço 3-RJS-646 (bloco
BM-S-11), reservatório “Pré-sal”, e seu análogo, estromatólito recente na região da
Lagoa Salgada....................................................................................................................... 70
Figura 5.15. Seções esquemáticas ilustrando o processo de rifteamento e a exposição das
áreas proximais durante o Eoaptiano (A); e o recobrimento da discordância “pré-Aptiano
Superior” (B)........................................................................................................................ 71
xi
Lista de tabelas
Lista de quadros
Sumário
Agradecimentos vi
Resumo vii
Abstract viii
Lista de figuras ix
Lista de tabela xi
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
2 MÉTODO ........................................................................................................................... 5
5 O PRÉ-SAL ...................................................................................................................... 40
6 CONCLUSÕES ..................................................................................................................... 74
1 INTRODUÇÃO
no intervalo “Pré-sal” das bacias da margem continental Leste Meridional brasileira apontam
Campos.
geológico2.
1
Em 30 de agosto de 2005, a Petrobras, em fato relevante, notifica presença de indícios de petróleo no primeiro
poço exploratório do bloco BM-S-10, em águas ultraprofundas da Bacia de Santos, numa área posteriormente
conhecida informalmente como "cluster". Em 11 de julho de 2006, a Petrobras, em fato relevante denominado
“Petróleo em Áreas de Novas Fronteiras na Bacia de Santos”, relata a descoberta de óleo leve no poço pioneiro
1-BRSA-369A-RJS (1-RJS-628A), do bloco exploratório BM-S-11, situado em lâmina d’água de 2140 metros,
distante cerca de 250 quilômetros da costa Sul da cidade do Rio de Janeiro.
2
O sucesso na exploração de petróleo pode ser classificado segundo dois elementos: geológico (ou técnico) e o
econômico (ou comercial). O sucesso geológico é alcançado com a descoberta de uma acumulação num alvo
exploratório (prospecto ou “lead”), que pode não ser suficientemente atrativo para justificar novos investimentos
exploratórios.
3
O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), criado pela Lei no 9.478, de 06 de Agosto de 1997, é um
órgão de assessoramento do Presidente da República, responsável pela formulação de políticas e diretrizes de
energia destinadas a promover o aproveitamento racional dos recursos energéticos do País. O Decreto Nº 3.520,
de 21 de Junho de 2000, dispõe sobre a estrutura e funcionamento, além de outras providências.
2
prazo mais curto possível, as mudanças necessárias no marco legal que contemplem um novo
Nessa mesma data, a Petrobras relata, em Fato Relevante4, a conclusão da análise dos
comunicado, o volume recuperável de óleo mediano (28º API), é estimado entre 5 e 8 bilhões
“...As rochas do Pré-sal são reservatórios que se encontram abaixo de uma extensa
camada de sal, que abrange o litoral do Estado do Espírito Santo até Santa
Catarina, ao longo de mais de 800 km de extensão por até 200 km de largura, em
lâmina d’água que varia de 1.500 m a 3.000 m e soterramento entre 3.000 e 4.000
metros...”.
legislação, no que se refere à exploração e à produção de petróleo e gás natural nas novas
marco legal para exploração de áreas estratégicas como o “Pré-sal”, resultado de trabalho
Congresso Nacional é composta de 4 projetos de lei que dispõem sobre: (a) introdução do
regime de partilha de produção nestas áreas; (b) criação de uma nova empresa pública para
gestão destes contratos; (c) criação de um fundo social, a partir das receitas oriundas das
4
De acordo com a Comissão de Valores Mobiliários, na sua Instrução CVM Nº 31, de 08 de Fevereiro de 1984,
considera-se relevante qualquer decisão do acionista controlador, deliberação da assembléia geral ou dos órgãos
de administração da companhia, ou qualquer outro ato ou fato de caráter político-administrativo, técnico,
negocial ou econômico-financeiro ocorrido ou relacionado aos seus negócios, que possa influir de modo
ponderável: I - na cotação dos valores mobiliários de emissão da companhia aberta; ou II - na decisão dos
investidores em negociar com aqueles valores mobiliários; ou III - na determinação de os investidores exercerem
quaisquer direitos inerentes à condição de titular de valores mobiliários emitidos pela companhia.
3
conhecimento geológico.
(a) “Play7 Pré-sal” (CARMINATTI et al., 2008; GOMES et al., 2008), definido como
(b) Modelo de Acumulação da Seção Rifte (CHANG et al., 2008), caracterizado por
5
O projeto Lei 5938/2009 dispõe sobre a exploração e a produção de petróleo, de gás natural e de outros
hidrocarbonetos fluidos sob o regime de partilha de produção, em áreas do pré-sal e em áreas estratégicas, altera
dispositivos da Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, e dá outras providências. Sob este novo regime, proposto
pelo executivo, parcela da produção de hidrocarbonetos será repartida entre a União e o contratado.
6
No capítulo II - DAS DEFINIÇÕES TÉCNICAS, item IV do projeto Lei 5938/2009, define-se a área do pré-sal
como: região do subsolo formada por um prisma vertical de profundidade indeterminada, com superfície
poligonal definida pelas coordenadas geográficas de seus vértices estabelecidas no Anexo desta Lei, bem como
outras regiões que venham a ser delimitadas, em ato do Poder Executivo, de acordo com a evolução do
conhecimento geológico.
7
Play consiste num modelo conceitual para um estilo de acumulação de hidrocarbonetos, utilizado por
exploracionistas, para a investigação ou desenvolvimento de prospectos numa bacia, região ou num determinado
trend.
8
A denominação sag (flexura, curva ou dobra, em Inglês) faz alusão a fase (ou estágio) de quiescência tectônica,
ainda dentro da evolução da tectônica rifte, na sua parte superior, cujos sedimentos teriam sido depositados em
uma “bacia tipo sag”. Esta fase ou estágio é composta por uma sequência de camadas sub-horizontais, resultado
de subsidência termal, flexural, apresentando atividade tectônica rúptil escassa.
4
Diante destas recentes discussões sobre o novo marco regulatório para o setor de
dos reservatórios e continuidade das acumulações, que necessitam ser discutidas e analisadas
de maneira que o tratamento regulatório seja o mais adequado e preciso para esta nova
fronteira exploratória.
outras áreas.
9
Segundo Burne &Moore (1987), ‘microbialitos’ consistem em depósitos orgânico-sedimentares formados pela
interação entre comunidades microbiais bentônicas e sedimentos detríticos ou químicos, envolvendo processos
de trapeamento e ligamentos de sedimentos detríticos, calcificação inorgânica e biogênica.
5
2 MÉTODO
técnicos e teses relacionadas à geologia das bacias sedimentares na margem Leste brasileira,
utilizaram dados proprietários nem confidenciais, seja de empresas, seja de órgãos públicos.
bacias da margem Leste Meridional, incluindo análises de seções geológicas, linhas sísmicas
e perfis geofísicos que apresentam o intervalo “Pré-sal” nas bacias de Santos, Campos e
Espírito Santo. Para tanto, discutem-se modelos geológicos sobre a evolução do Atlântico Sul
inclui, na margem Leste, o pacote de evaporitos (“Sal”), além dos depósitos carbonáticos e
conceito de “Pré-sal”.
6
ASMUS, 1978) apresenta quatro estágios (ou fases tectônicas) diferentes: Pré-rifte, Rifte,
Continente”, “do Lago”, “do Golfo” e “do Mar” documentam em termos paleoambientais,
respectivamente, cada um destes estágios tectônicos que ocorrem no registro estratigráfico das
Atlântico Sul. De uma maneira geral há três abordagens clássicas quanto à sua evolução da
crustal (ASMUS e BAISCH, 1983); (ii) processos de estiramento litosférico como precursores
da abertura, tendo as anomalias termais papel secundário (CHANG et al., 1992); e (iii)
Atualmente, o modelo mais aceito para a formação das bacias da margem continental e
litosfera, durante a Fase Rifte, e, posteriormente, uma fase de subsidência termal associada ao
continentais ocorra de forma episódica ao longo de zonas de fraqueza, com múltiplas fases de
crosta.
Os pontos iniciais de abertura teriam sido dois hot spots: Santa Helena e Tristão da
Cunha. Após a instalação destes riftes teria ocorrido a propagação de megafraturas nos
no estilo tectônico ao longo da margem brasileira, permitindo a sua divisão em duas principais
províncias: (a) Região Norte, da bacia Potiguar até a bacia da Foz do Amazonas (hoje
Segundo Chang et al. (1992), a estratigrafia das bacias da margem Leste pode ser
estilos estruturais, denominadas, da base para o topo: Sin-rifte I, Sin-rifte II e Sin-rifte III.
8
al., 1971; ESTRELLA, 1972, apud CHANG et al., 1992). Essa depressão foi preenchida
Arenitos de origem eólica também são comuns nessa sequência. Remanescentes erosivos
Jatobá e Sergipe-Alagoas. Vale registrar que esta sequência, por ser pouco afetada por
crustal acelerada gerou uma série de meio-grábens ao longo de toda margem Leste. Ao norte
sequências contêm espessos pacotes ricos em matéria orgânica, que representam períodos de
nível de lago alto em sentido ao topo. A salinidade dos lagos da sequência Sin-rifte III
uma discordância angular (discordância "pré-Aptiano Superior" (sic) segundo Dias, 2004)
Localmente esta discordância foi coberta por uma cunha relativamente delgada de clásticos
derivados das terras altas adjacentes, sendo gradualmente inundada por água salgada
evaporitos.
gradual da estreita passagem marinha fez com que os evaporitos aptianos fossem sucedidos
por uma plataforma carbonática de alta energia em situações de águas rasas, e calcilutitos em
águas profundas. Ao longo da antiga linha de costa albiana, sistemas clásticos do tipo "fan-
desenvolvido por Spadini et al. (1988, apud CHANG et al., 1992) para esta sequência é de
uma rampa carbonática típica, deformada pela halocinese que controlou a distribuição de
turbidítica arenosa está presente nessa sequência ao longo de toda a margem, sendo mais bem
10
estudada na bacia de Campos. Foram identificados dois modelos de ocorrência deste tipo de
sedimentação episódica: canalizada, controlada pela tectônica do sal; e, em lençol, que pode
gerar corpos contínuos de 250 km² (BARROS et al., 1982, apud CHANG et al., 1992).
carbonáticas). Em algumas áreas, o padrão progradacional pode ser substituído por um padrão
margem brasileira foi dominada por sistemas siliciclásticos, enquanto ao norte as plataformas
A Figura 3.2, modificada de Chang et al. (1992), apresenta seções geológicas de bacias
Figura 3.2. Seções geológicas das bacias meso-cenozóica, ao longo da margem Leste brasileira (CHANG et al. 1992).
13
Cabe destacar aqui que, na análise do desenvolvimento dos riftes brasileiros, há uma
corrente de autores (e. g. , DIAS, 1991, MAGNAVITA, 1992) que seguem a classificação
tectono-sedimentar proposta por Asmus e Porto (1980, apud BUENO, 2004), onde o início da
Fase Rifte coincide com a sequência deposicional lacustre, e outra corrente (e. g., CHANG et
al., 1998), que considera seu início já durante a época de acumulação da Megassequência
margem divergente, definem cinco principais fases evolutivas (Figura 3.3), com diferentes
A primeira fase (Figura 3.3a) estaria relacionada aos processos iniciais da separação
extensão litosférica, que é marcada por grandes falhas que rotacionam os blocos de rifte
anteriormente formados, sendo então cobertos por sedimentos menos rotacionados. A origem
dipping reflectors (HINZ, 1981; MUTTER, 1982; MUTTER et al., 1985; MOHRIAK et al.,
oceânico, reativação de grandes falhas e erosão de blocos de rifte, formando uma discordância
14
Sobre essa discordância angular algumas bacias registram uma espessura significativa
de sedimentos aptianos, pouco afetados por falhas, que constituem uma sequência sedimentar
do estágio final de rifte e que localmente podem dar origem a rochas geradoras e reservatórios
de hidrocarbonetos.
Em síntese, esta fase, interpretada por Henry et al. (1995) como preenchimento tipo sag
soerguimento regional após a fase Rifte, cuja continuidade pode ser observada ao longo de
80% dos sais presentes. A aniditra e sais complexos, especialmente taquiditra e carnalita,
intercalam-se com a halita, formando ciclos bem definidos (GAMBOA et al., 2008).
locais com baixa deformação na bacia de Santos. A previsão de tempo para a deposição de
toda a seqüência é entre 400 e 600 ka. As taxas de deposição de cada ciclo são bastante
periódicas transgressões marinhas que invadiram esta região, estendendo-se desde a Bacia de
A fase seguinte, quinta fase de Cainelli e Mohriak (1999), se iniciaria com a deposição
Ainda de acordo com Cainelli e Mohriak (1999), esta quinta fase foi subdividida com
base nas diferenças existentes entre os registros do Cretáceo e do Terciário. Do ponto de vista
soerguimento de isotermas causado pela pluma de Tristão da Cunha. Nesse caso, infere-se que
Figura 3.3. Modelo geodinâmico esquemático da margem continental divergente. A descrição sobre
evolução geotectônica, representada pelas letras a, b, c, d, e, estão descritas no texto (CAINELLI e
MOHRIAK, 1999).
17
As bacias marítimas de Pelotas, Santos, Campos e Espírito Santo (Figura 3.4) estão
como Pereira e Macedo (1990) e Mello et al. (2002) tratam-nas como uma única província
petrolífera.
Figura 3.4 Mapa de localização das bacias sedimentares da margem Leste Meridional brasileira. O
polígono irregular em azul, bordejado por linhas pontilhadas em azul, representa as rochas reservatórios
do “Pré-sal”, segundo Estrella, 2008. A linha em vermelho define o limite Leste dos evaporitos; a linha
azul escuro, o limite oeste do “SAG Carbonático”. Os limites das bacias são representados pelas linhas
pretas pontilhadas e os polígonos regulares coloridos representam os blocos exploratórios sob concessão
(fontes: BDEP, Nov. 2009 e ESTRELLA, 2008).
18
Estas bacias, assim como outras bacias da margem brasileira e do oeste africano, foram
Como todas as bacias de margem passiva atlântica, a história geológica pode ser
dividida em três principais fases: Rifte, Transição (ou Evaporítica) e Margem Passiva. No que
diz respeito à Fase Rifte, merece atenção a parte superior do rifte, denominada de Sag,
caracterizada como por uma relativa quiescência tectônica, onde predomina a flexura termal
De uma maneira geral, a correlação entre as colunas estratigráficas destas bacias aponta
ocorrências.
Cretáceo Superior) por meio de falhas lístricas; a movimentação do sal subjacente resultou
numa série de trapas combinadas, estratigráficas e estruturais, onde estão localizados vários
Figura 3.5. Seção esquemática (dip) ao longo da bacia de Santos, ilustrando as fases Rifte e “Sag” (I), Evaporítica (II) e Margem Passiva (III) (NEPOMUCENO, 2005).
20
21
continental brasileira, em frente aos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa
Catarina (figuras 3.4 e 3.6). A área total da bacia é de aproximadamente 272.000 km², até a
cota batimétrica de 3.000 m. Ela figura entre as maiores bacias sedimentares do Brasil.
Limita-se a sul pelo “Alto de Florianópolis, que a separa da bacia de Pelotas, e seu limite
norte ocorre através do “Alto de Cabo Frio”, que a separa da Bacia de Campos.
Figura 3.6. Mapa de localização dos limites da bacia de Santos. Os polígonos coloridos representam blocos e
campos em concessão, a linha em marrom pontilhada define os limites geológicos da bacia. (fonte: ANP/BDEP,
fev. 2010).
Com uma espessura sedimentar superior a 10.000 metros, a bacia representa uma das
Santos foi inicialmente definida na década de 1970. Pereira e Feijó (1994), com poucos poços
deposicionais.
22
sendo composto por cinco formações, das quais três estão inseridas na Fase Rifte (formações
silicificados. Nas porções mais distais ocorrem folhelhos escuros, ricos em matéria orgânica,
que se constituem no potencial gerador (cf. MELLO et al., 1995), como acontece em outras
segundo Moreira et al. (2007), depositada em paleoambiente entre continental e marinho raso
Guaratiba.
23
Figura 3.7. Colunas estratigráficas da bacia de Santos (fonte: MOREIRA et al., 2007).
24
A Formação Barra Velha, subdividida em duas sequências , inferior e superior, tem seu
limite inferior dado pela discordância conhecida como “Pré-Alagoas” (cf. MOREIRA et al.,
microbiais, estromatólitos e laminitos nas porções proximais e folhelhos nas porções distais.
O limite entre essas sequências é dado por uma discordância de caráter regional
(discordância "IntraAlagoas", (sic) cf. MOREIRA et al., 2007), caracterizada por um refletor
térmica da bacia com tectônica adiastrófica associada, sendo constituída por sedimentos
configuração subsal (intervalo“Pré-sal”), objeto deste trabalho, teriam como rochas geradoras
10
Sistema petrolífero é definido como um sistema natural de hidrocarbonetos fluidos que engloba a cozinha de
geração (volume de rocha geradora ativa), todo óleo e gás gerado por esta, as rochas reservatório, os selos, a
sobrecarga sedimentar, além dos processos formadores de armadilha e de geração-migração-acumulação.
25
hidrocarbonetos gerados na seção rifte deu-se através de contato direto entre as rochas
(Formação Ariri) sobreposta, provavelmente foi responsável por um selante quase perfeito
Figura 3.8. Carta de eventos do sistema petrolífero, configuração subsal, da bacia de Santos (modificada de
CHANG et al., 2008). Observar que a partir do tempo geológico Cenozóico, a escala encontra-se reduzida.
A bacia de Campos, situada no litoral dos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo
(figuras 3.4 e 3.9), abrange uma área total aproximada de 102.000 km2, da qual 6.500 Km2
são em terra e 95.500 Km² são em mar até a cota batimétrica de 3.000 m. Limita-se ao sul
pelo “Alto de Cabo Frio”, que a separa da bacia de Santos; e ao norte pelo “Alto de Vitória”
Winter et al. (2007), pode ser dividido em três Supersequências: Rifte, Pós-rifte e Drifte,
Assim como as demais bacias da margem Leste que contêm sequências de evaporitos,
caracteriza-se por apresentar dois estilos tectônicos bem distintos: uma tectônica diastrófica,
que afeta os sedimentos da Fase Rifte (Supersequência Rifte sensu WINTER et al, 2007), e
uma tectônica adiastrófica, relacionada à halocinese, que atua sobre os sedimentos da Fase
Transicional (Supersequência Pós-rifte sensu WINTER et al, 2007) e Drifte. Uma importante
Figura 3.9. Mapa de localização dos limites da bacia de Campos. Os polígonos coloridos representam
blocos e campos em concessão, a linha em marrom pontilhada define os limites geológicos da bacia.
(fonte: ANP/BDEP, fev. 2010).
relacionadas a fluxo de sal, de geometria lístrica, com anticlinais e calhas associadas, domos e
Figura 3.10. Colunas estratigráficas da bacia de Campos (fonte: WINTER et al., 2007).
28
WINTER et al., 2007) e Formação Coqueiros (cf. RANGEL et al., 1994), todas pertencentes
por moluscos bivalves. Estes depósitos de conchas chegam a formar espessas camadas
de petróleo.
superior), Gargaú, Macabu e Retiro, todas do Grupo Lagoa Feia, das quais apenas esta última
geral é representada por uma espessa seção de clásticos, que passam lateralmente para uma
sedimentação carbonática, nas porções mais distais da bacia, sendo coberta por um pacote de
como folhelhos, siltitos e margas, intercalados por arenitos e calcilutitos, que gradam
deste trabalho, temos como rochas geradoras potenciais, folhelhos negros ricos em matéria
Coqueiros (coquinas) e Macabu (microbialitos), ambos do Grupo Lagoa Feia, podendo ainda
Retiro) sobreposta, representa um selante quase perfeito para o sistema petrolífero presente.
30
Figura 3.11. Carta de eventos do sistema petrolífero, configuração subsal, da bacia de Campos (modificada
de GUARDADO et al., 2000). Observar que a partir do tempo geológico Cenozóico, a escala encontra-se
reduzida.
A bacia do Espírito Santo localiza-se desde o sul do Estado da Bahia até o centro-sul do
Estado do Espírito Santo (figuras 3.4 e 3.12). Apresenta uma área de 41.500 km2, dos quais
3.000 km2 em terra. Ao sul, o limite com a bacia de Campos é definido pelo “Alto de Vitória”
demais bacias da margem Leste brasileira, é representada por três Supersequências principais,
A primeira coluna estratigráfica formal da bacia do Espírito Santo foi apresentada por
Asmus et al. (1971, apud FRANÇA et al., 2007). Trabalho recente de França et al. (2007)
apresenta uma revisão do arcabouço cronoestratigráfico desta bacia (Figura 3.13). Todavia,
Durante a Fase Rifte (Supersequência Rifte, sensu FRANÇA et al., 2007) o estiramento
produziram horstes e meio-grábens, limitados no topo por uma discordância regional pré-
aptiana. Nesta época, o paleoambiente predominante era lacustre com contribuição fluvial e
31
aluvial nas bordas dos falhamentos. Nesta fase, também são reconhecidas intercalações de
Figura 3.12. Mapa de localização dos limites (linhas pontilhadas) da bacia do Espírito Santo. Os
polígonos coloridos representam blocos e campos em concessão, a linha em marrom pontilhada
define os limites geológicos da bacia. (fonte: ANP/BDEP, fev. 2010).
(Membro Sernambi). Estas rochas representam a Formação Cricaré, que, em parte, pode ser
correlacionada com os grupos Lagoa Feia (bacia de Campos) e Guaratiba (bacia de Santos).
Figura 3.13. Colunas estratigráficas da bacia do Espírito Santo (FRANÇA et al., 2007).
33
falhamentos lístricos, de direção aproximada N-S, produziram blocos escalonados para leste.
Durante a Fase Drifte (Supersequência Drifte sensu FRANÇA et al., 2007), uma grande
bacia.
representada pelo Grupo Barra Nova, final do Albiano – início do Cenomaniano, e uma seção
Recente.
A bacia do Espírito Santo difere da bacia de Campos por apresentar na sua Fase Rifte
clásticos grossos, com poucos folhelhos lacustres (folhelhos geradores). Entretanto, supõe-se
que depósitos mais espessos desta litologia possam ocorrer nas partes distais da bacia.
restrito à configuração subsal (intervalo “Pré-sal”), objeto deste trabalho, teria como rocha
gerados na seção rifte pode se dar através do contato direto entre as rochas geradoras e
Formação Mariricu) sobreposta, provavelmente pode ser um selante para este sistema
petrolífero.
34
Figura 3.14. Carta de eventos do sistema petrolífero, configuração subsal, da bacia do Espírito Santo
(adaptado de MELLO et al., 1995). Observar que a partir do tempo geológico Cenozóico, a escala encontra-
se reduzida.
35
4 O ANDAR ALAGOAS
cujos terrenos ocorrem no entorno da bacia de Paris e estendem-se pela Europa, originalmente
definidos por Omalius d´Halloy, em 1822, como uma sucessão de calcários com tufas,
arenitos e argilitos.
subdivididos em duas séries (Cretáceo Inferior e Cretáceo Superior), muito embora haja
presente estudo por envolver a grande parte do andar local Alagoas, que ainda contém parte
inferior do andar Albiano, e parte superior do andar local Jiquiá, que se superpõe à base do
caracterizado por fácies argilosas ricas em matéria orgânica e que contêm elevados valores
11
Os eventos anóxicos oceânicos (OAE - Oceanic Anoxic Events) consistem em episódios globais de deposição
e preservação do carbono orgânico, em função de variações nas condições oceânicas (por exemplo: redução do
nível de oxigenação e aumento do nível do mar) associadas às mudanças ambientais em curtos períodos de
tempo e que estão relacionadas às variações do ciclo global de carbono. (ARTHUR et al., 1979). Schlanger e
Jenkyns (1976) propuseram que o primeiro evento anóxico subdividiu-se em 3 subeventos: no Aptiano (OAE1a),
no limite Aptiano/Albiano (OAE1b) e, no Albiano/Cenomaniano (OAE1c). O OAE 1b é constituído pelo
conjunto de eventos: Urbino (início do Albiano 110,9–110,6 Ma), Paquier (início do Albiano 112,0–111,6 Ma) e,
Jacob (final do Aptiano 113,6–113,2 Ma).
36
embora ainda haja discussão sobre horizonte bioestratigráfico mais adequado para correlação
global.
Figura 4.1. Relação entre a cronoestratigrafia internacional com a cronoestratigrafia local e a distribuição
dos elementos de datação (fonte: REGALI e VIANA, 1989).
por Schaller (1969). Do final da década de 1950 a meados da década de 1960, foram
37
mais velho para o mais novo, são: Rio da Serra, Aratu, Buracica, Jiquiá, (os quais constituem
Alagoas.
O Andar Alagoas foi definido por Schaller (1969) na bacia de Sergipe- Alagoas, onde
englobaria as rochas da porção superior da Formação Coqueiro Seco, das formações Ponta
este pacote de rochas apresentava, entre outros, palinomorfos pertencentes ao que hoje se
utilizada na Petrobras), a biozona de ostracodes não marinhos Cytheridea? sp. 201/208 (RT-
metros, sendo formada por carbonatos, folhelhos, siltitos e arenitos, sobrepostos aos estratos
metros.
betuminosos a sub-betuminosos e siltitos. A seção mais espessa desta unidade atinge 2000
metros de espessura.
Schaller (1969) definiu o Andar Alagoas como mais velho do que o Albiano e mais
novo do que o andar local Jiquiá. O limite superior do andar foi determinado na porção basal
da Formação Riachuelo (base do marco elétrico conhecido como “12 picos” – critério
Andar Alagoas (e.g REGALI et al., 1974, DIAS-BRITO et al., 1987, ARAI et al., 1989,
REGALI, 1995, REGALI e SANTOS, 1996) concluindo que, apesar do grande esforço
exclusivamente em palinologia e válida para todas as bacias brasileiras, não foi alcançada, e
talvez nem venha a ser, em função das limitações do método anteriormente citadas.
Em síntese, o autor constata que, pelo menos enquanto vigorar o atual estágio de
definidos nas bacias brasileiras (Dom João, Rio da Serra, Aratu, Buracica, Jiquiá e Alagoas)
No Brasil, costuma-se relacionar o andar Aptiano com o andar (local) Alagoas. Segundo
Gradstein et al. (1994), o Aptiano inicia-se em 121,0 Ma (±1,4 m.a.) e finda-se em 112,2 Ma
(±1,1 m.a.), totalizando cerca de 8,8 m.a. Deste total, 4,0 m.a. pertenceriam ao início do
39
estratigráfico da porção superior do Andar Jiquiá. Assim, ter-se-ia uma porção basal
assunto controverso, assume-se que o topo do andar deve situar-se próximo ao topo
5 O PRÉ-SAL
rochas que foi depositado antes de camadas de sal. Neste conceito, os reservatórios que lá
ocorram devem ser considerados simplesmente mais velhos que uma camada de sal autóctone,
de uma camada de sal. Se a camada for autóctone, significa que a rocha reservatório é mais
antiga que ela, mas, se alóctone, não necessariamente. O termo sub-sal tem, portanto caráter
reservatórios terciários, numa configuração subsal (sal alóctone) na bacia do Espírito Santo, e
Neste contexto, o termo “Pré-sal” sensu lato, equivale ao intervalo de tempo das fases
Pré-rifte e Rifte (ou Sin-rifte I, II e III). Assim, a pesquisa do “Pré-sal” pode incluir o início
década de 1940.
12
Uma oportunidade exploratória é uma situação geológica que pode envolver vários prospectos em diversos
graus de confiabilidade. Já o prospecto é uma acumulação potencial, mapeada por geólogos e geofísicos, onde se
estima que exista uma acumulação de óleo e/ou gás natural e que esteja pronta para ser perfurada. Os cinco
elementos necessários (geração, migração, reservatório, selo e trapeamento) para que exista a acumulação devem
estar presentes.
41
Figura 5.1. Seções sísmicas ilustrando as configurações pré-sal na bacia de Santos (B), e subsal na bacia do
Espírito Santo (A). As camadas de evaporito apresentam-se ilustradas em verde, enquanto os possíveis
reservatórios de hidrocarbonetos na cor laranja (fonte: GOMES et al., 2008).
evaporitos da Fase Transicional nas bacias da margem Leste brasileira, iniciou na década de
falhados e selados por evaporitos e folhelhos aptianos do Membro Ibura (cf. MILANI e
ARAUJO, 2003).
Nas décadas de 1970 e 1980, com a perfuração de mais de 150 poços em águas rasas
nas bacias de Campos e Espírito Santo (SIMÕES FILHO, 2008), foram descobertas
(q.v. CASTRO, 2006). Em função do pequeno volume das descobertas, algumas destas
Campos, pode-se citar os campos de Badejo, Pampo, Linguado e Trilha, todos de pequeno e
42
médio porte13. Nestes campos, reservatórios em coquinas formam sucessões que podem
para as coquinas, que são calcarenitos e calcirruditos (BRUHN et al., 2003). Segundo
Castro (2006) não se observam limites claros entre os quatro campos, reforçando a idéia de
1970, em sua margem continental na região “offshore” de Cabinda (q.v. LOMANDO, 1998).
alvo exploratório no intervalo não marinho das bacias tipo rifte nesta região. Os principais
13
Recentemente, no poço exploratório 1-OGX-3-RJS, localizado no bloco BM-C-41 em águas rasas da parte sul
da Bacia de Campos foi identificada coluna com hidrocarbonetos superior a 180 metros, com “net pay” ao redor
de 50 metros, em reservatórios carbonáticos das seções aptiana e barremiana.
(fonte: fato relevante da empresa OGX a CVM em 28/12/2009 -
http://ogx.infoinvest.com.br/ptb/788/28%2012%2009%20Waimea%20Aptiano%20Barremiano%20vPort.pdf).
14
Campos gigantes, segundo Nehring (1978) são definidos como aqueles que possuem pelos menos 500 milhões
de barris de óleo recuperáveis.
43
subsal foram descobertas grandes acumulações de óleo leve e gás natural nas bacias da
2.000 m, Figura 5.2), em águas ultraprofundas (lâmina d’ água de 2.038m), da bacia de Santos
15
Um “lead” é bem menos definido e requer dados adicionais e/ou avaliação para ser classificado como
prospecto; trata-se de uma indicação de prospecto. Um prospecto é uma potencial acumulação que é
suficientemente bem definida para ser um alvo viável para perfuração. A existência de dados e analises
suficientes para identificar e quantificar as incertezas técnicas é fundamental para defini-lo como prospecto.
44
carbonatos na seção rifte neste poço exploratório. Cabe destacar que a perfuração deste poço,
que atingiu a profundidade final de 7.628 metros, teve início em 01/01/2005, sendo concluído
região.
Evaporitos
SAG
Sin-Rifte
Figura 5.2 Seção sísmica ilustrando o aspecto estratigráfico do intervalo “Pré-sal (região de águas
ultraprofundas na bacia de Santos) e a magnitude dos evaporitos aptianos. O horizonte (linha) vermelho é
interpretado como o embasamento, em marrom observa-se a discordância entre o Sin rifte inicial e superior,
em verde a base do “Sag”, e em roxo a base dos evaporitos (fonte: CARMINATTI et al., 2008).
d’água de 2.140 metros, distante cerca de 250 quilômetros da costa Sul da cidade do Rio de
Janeiro. Esta área de acumulação posteriormente foi denominada, pelo consórcio de empresas
Daí por diante, novos poços exploratórios foram perfurados na região denominada
descobertas à ANP.
Tabela 5.1 Principais notificações de descobertas da bacia de Santos. (fonte ANP, outubro, 2009).
fonte: ANP
16
Os contratos de concessão estabelecidos entre as empresas e a União estabelecem os prazos e programas de
trabalho para as atividades de exploração e produção. Segundo estes contratos, o concessionário tem por
obrigação comunicar à ANP qualquer descoberta de hidrocarboneto ou outros recursos minerais dentro da
área de concessão em até 72 horas após a ocorrência . Ressalta-se que a notificação indica apenas a presença de
indícios de hidrocarbonetos, que pode não se constituir em uma acumulação comercial.
Figura 5.3. Mapa de localização dos principais blocos exploratórios no” pólo Pre´-sal” da bacia de Santos. O polígono irregular em
azul, corresponde aos reservatórios pré-sal, segundo Estrela, 2008. Em detalhe, observa-se os blocos exploratórios atualmente em
46
concessão nesta região. Os polígonos em verde são blocos da Rrodada 2 e os em amarelo da Rodada 3 (fonte: ANP/BDEP, nov. 2009).
47
Trabalhos recentes de Carminatti et al. (2008, 2009) e Gomes et al. (2008) descrevendo
atrativo play exploratório carbonático. Este novo play seria resultado da combinação de
(b) estruturas Sin-rifte que incluem múltiplos e grandes altos intrabaciais (vide
exemplos do prospecto Tupi e Pão de Açúcar, Figura 5.4), que ao mesmo tempo podem ter
(d) extenso e efetivo selo, constituído por espessas camadas de evaporitos que se
Segundo Mello e Maxwell (1990), os sedimentos lacustres depositados nas bacias rifte
eocretácicas da margem Continental brasileira deram origem a mais de 90% das reservas de
petróleo encontradas em nossas bacias offshore. Estes autores propõem dois modelos de
formação de rochas geradoras lacustres: (1) lagos de água doce/salobra anóxicos e (2) lagos
No caso da bacia de Santos, os óleos de origem salina foram gerados a partir de rochas
depositadas em ambiente lacustre salino (MELLO et al., 1995) da antiga Formação Guaratiba,
definida por Pereira e Feijó (1994), atualmente elevada à categoria de Grupo Guaratiba
(formações Piçarras e Itapema) por Moreira et al. (2007). Essa salinização ocorreu durante o
Aptiano, no estágio final da Fase Rifte, quando o sistema de lagos passou a receber influência
Estas rochas geradoras correlacionam-se com as da antiga Formação Lagoa Feia (Bacia
de Campos), atualmente elevada à categoria de Grupo Lagoa Feia por Winter et al. (2007),
48
formada por folhelhos negros laminados, intercalados com carbonatos, com espessura
variando de 100 a 300 metros. A concentração de Carbono Orgânico Total (TOC) varia de
teores médios de enxofre (~0,3%), alta razão V/Ni, presença de β-caroteno e relativa
intervalo “Pré-sal” nas bacias da margem Leste Meridional brasileira (Santos, Campos e
Nesse modelo de acumulação proposto por Chang et al. (2008), de maior abrangência
como as recentes descobertas nas bacias de Santos (área de Tupi) e Campos (campo de
vulcânicas fraturadas. A geração destes hidrocarbonetos ocorreria nos baixos estruturais desta
mesma Fase Rifte e a migração se daria por camadas carreadoras (carrier-bed) até o ápice das
(a) A primeira de idade aptiana (“Aptiano Superior”, segundo DIAS, 2005), depositada
exploratório.
idade barremiana e aptiana. Nesta situação, reservatórios são coquinas de biválvios e rochas
17
Objetivos Exploratórios constituem de reservatórios ou formações geológicas mapeadas como objetivos a
serem testados quando da perfuração do prospecto exploratório.
51
ou litologias, são relativamente mais “frios” que as seções sem sal. Além disso, os evaporitos
por apresentarem alta condutividade térmica, permitem a transferência de calor do topo dos
reservatórios para porções mais rasas (MELLO et al., 1995), podendo retardar o
volume de hidrocarbonetos que ainda não migrou para uma seção sedimentar mais nova, seja
por falta de condutos e falhas, seja por “janelas” de sal. Como exemplo de sucesso
exploratório neste modelo podemos citar o prospecto denominado de Tupi, no bloco BM-S-11
remanescente na Fase Rifte nas bacias da margem Leste Meridional, ainda isolado e selado
18
Em bacias evaporíticas, diápiros de sal isolados podem gerar toldos ou plugues, em funçãodo suprimento de
sal ao longo do tempo. Feições com geometrias mais alongadas são interpretadas como muralhas de sal
(autóctones) ou línguas (alóctones) de sal.
52
A origem “sin” ou “pós” rifte para deposição dos evaporitos consiste em tema
Alguns pesquisadores como Henry et al. (1995) e Davison (2007) defendem que as
extensas bacias de sal no Atlântico Sul são de idade pós-ruptura continental (continental
breakup) e que a deposição do sal (evaporitos) deu-se desde áreas de crosta continental até
Por outro lado, Karner e Gamboa (2007) defendem que os evaporitos foram depositados
num estágio (ou fase) tardio do Sin-rifte, capeando a fase final de uma Megassequência
margem Oeste Africana (em direção ao oceano após a zona de charneira do Atlântico Sul),
ponto de vista Geotectônico, a abordagem do estágio (ou fase) Sag defendida por Karner e
Gamboa (2007), porém já apontado por Nepomuceno (2005), como se observa na Figura 3.5.
Gomes et al. (2008) e Carminatti et al. (2008 e 2009), ao citar a existência desta nova
Externo de Santos” (representado nas figuras 5.4 e 3.5, a última denominada de “2º Alto
microbial (microbialitos), depositados num estágio (ou fase) Sag, anterior a deposição dos
Vale a pena destacar que Dias (1998, 2005) apresenta seção estratigráfica esquemática
da bacia de Campos, caracterizando esta fase tectônica com poucos falhamentos (Figura 5.5).
Nota-se nestes trabalhos que o autor em momento algum interpreta este estágio (ou fase)
Figura 5.5. Seção estratigráfica na bacia de Campos. Observar o grande número de falhas na Fase Rifte
(“Pré-Aptino" [sic]), em comparação com reduzido número de falha no “Aptiano Superior”. (fonte: DIAS,
2005).
1970 nestas bacias (q.v. ASMUS E PORTO, 1972 e ESTRELLA, 1972, apud BUENO, 2004)
constata-se que apenas muito recentemente incluiu-se o estágio (ou fase) Sag no processo
nas margens tipo rifte vêm sendo observadas, criando um paradoxo da variação de padrões
Karner et al. (2003, apud KARNER et al., 2007), baseado em estudos nas margens
oeste africana e brasileira, descrevem a presença de uma extensa seção sedimentar na parte
superior do Rifte (ou Sin-rifte), regionalmente distribuída e controlada por pequenas falhas
partir do embasamento.
sedimentares durante o estágio (ou fase) Sag deu-se num momento de quiescência tectônica
da bacia, anterior à deposição evaporítica. Este ciclo ou fase de evolução tectônica da bacia é
mergulhos suaves. De acordo com estes autores, a origem das bacias tipo sag estaria
As figuras 5.6 e 5.7 ilustram, através de seção sísmica regional ao longo da bacia de
depositadas num ambiente tectônico do “tipo rifte”, propriamente dito, quanto daquelas
depositadas na sua fase final, caracterizada por uma deposição do “tipo sag”.
Fig. 5.7
Figura 5.6. Seção sísmica regional (E-W) interpretada na região central da bacia de Santos, com mais de 600 Km de comprimento.Pode-se observar as principais
feições geotectônicas: crosta continental (Continental Crust), falhas do embasamento (linha preta), base do sal interpretada como o horizonte (linha) em
amarelo, crosta oceânica (Oceanic Crust), intervalo “Sag”. (fonte: HENRY, 2009).
55
56
Prof.
(Km)
2,5
5,0
7,5
Figura 5.7. Detalhe da seção sísmica regional da Figura 5.6, escala vertical exagerada. O horizonte (linha)
em amarelo representa a base do sal, tendo como topo do sal o horizonte (linha) em verde. O intervalo
interpretado como Sag encontra-se entre o horizonte base do sal(linha amarela) e o topo do horizonte Sin-
Rifte (linha azul claro).Chama atenção que as falhas interpretadas na seção sísmica (linhas em preto)
possuem padrão de terminação na base do horizonte Sag. As linhas verticais com rótulos Tupi e Júpiter,
representam a projeção dos poços exploratórios pioneiros neste prospectos, respectivamente localizados
nos blocos BM-S-11 e BM-S-24 (fonte: HENRY, 2009).
(a) as fases Pré-rifte e Rifte (ou Sin-rifte), caracterizadas por sedimentos dispostos em
(b) subdivisão da parte superior do Rifte (ou Sin-rifte), denominada de Sag, marcada
por camadas sub-horizontais que repousam em discordância sobre o topo da sequência Sin-
Rifte e abaixo dos evaporitos, com espessura variando entre 200 e 300 m;
(d) Fase de Margem Passiva, incluindo toda a coluna de sedimentos “pós-sal”, podendo
Segundo Karner e Gamboa (2008), os limites geotectônicos desta grande bacia Sag, pré-
evaporítica, se estendem desde a bacia de Santos até a bacia de Camamu-Almada (Figura 5.8).
57
Figura 5.8. Mapa de anomalia gravimétrica residual Bouguer com a localização das principais feições
tectônicas das bacias da margem continental brasileira. (fonte: KARNER e GAMBOA, 2007).
Conforme pode-se observar, esta extensa bacia Sag limita-se a Oeste, pela zona de
charneira offshore (Western Hinge Zone, linha em vermelho), e a Leste, pelo limite
aproximado da crosta continental (Edge of pre-salt sag basin, linha azul), caracterizada no
No caso das recentes descobertas brasileiras de grandes acumulações de óleo leve e gás
segundo Estrella (2008) e Formigli (2008), estaria restrita do litoral do Estado do Espírito
Santo até Santa Catarina, ao longo de mais de 800 km de extensão por até 200 km de largura,
em lâmina d’água que varia de 1.500 a 3.000 m e soterramento entre 3.000 e 4.000 m.
58
Figura 5.9. Mapa ilustrativo da província “Pré-Sal” segundo Estrela (2008) e Formigli (2008). A linha
em preto representa a charneira Cretácea, a linha em azul o “Limite Oeste do SAG Carbonático”, e a
linha em vermelho, o “Limite Leste do Sal”. Os polígonos em azul, verde e amarelo, representam
respectivamente os reservatórios do “pré-sal”, os blocos exploratórios sob concessão, e os campos de
desenvolvimento ou produção sob concessão.
Na Figura 5.9 chama atenção a linha “limite Oeste do Sag”, denominado de “SAG
sal”, que não se ajustam perfeitamente na bacia de Santos. A leste observa-se o denominado
Comparando-se a ilustração da Figura 5.9 com a Figura 5.8, que apresenta as principais
feições tectônicas da margem leste brasileira, observamos que o limite leste do sal,
Já o limite a Oeste desta extensão bacia Sag, na figura 5.8, apresenta relativa
Depreende-se então que na avaliação regional realizada pela Petrobras sobre o potencial
associados a uma situação evolutiva das bacias da margem Leste Meridional. Observa-se
ainda que os limites propostos para estes reservatórios estariam restritos ao estágio (ou fase)
geológico entre as bacias de Santos e Campos, há uma aproximação do limite Oeste, definido
pela Petrobras como “Sag Carbonático”, com a ocorrência destes “Reservatórios pré-Sal”
propriamente ditos.
com os “Reservatórios pré-Sal”. Tal situação pode ser explicada, levando em consideração
que estes “reservatórios”, conforme discutido na seção sobre o ponto de vista exploratório,
estariam associados a uma configuração subsal, sotopostos nesta região a extensas e contínuas
muralhas de sal. Nesta situação, os evaporitos agiriam como selo para estes reservatórios.
Vale a pena destacar que o limite do sal (“Limite Este do Sal” sensu ESTRELLA, 2008) está
deslocado para sudeste em relação ao limite NW da bacia sag de acordo com Karner e
Gamboa (2007).
Numa configuração diferente das anteriores, o Projeto de Lei N.º 5.938/200919, que trata
19
O projeto Lei 5938/2009 dispõe sobre a exploração e a produção de petróleo, de gás natural e de outros
hidrocarbonetos fluidos sob o regime de partilha de produção, em áreas do pré-sal e em áreas estratégicas, altera
dispositivos da Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, e dá outras providências. Sob este novo regime proposto
pelo executivo, parcela da produção de hidrocarbonetos será repartida entre a União e o contratado.
Figura 5.10. Mapa integrado do limite da “área do Pré-sal”, representado pelo polígono marrom, segundo coordenadas do Anexo do PL
5938/2009, versus o limite dos ”reservatórios pré-sal” (linha pontilhada em azul), segundo Estrela (2008) e Formigli (2008) Os polígonos em verde
e amarelo, representam, respectivamente, blocos exploratórios e campos em concessão, as linhas finas pretas pontilhadas representam a batimetria,
a linha em vermelho o “Limite Leste do Sal”, a linha contínua preta “Charneira”, a linha azul claro o “Limite Oeste do SAG Carbonático”, e as
linhas pretas escuras pontilhadas os limites geotectônicos das bacias sedimentares. (fonte de dados: ANP/BDEP; fev 2010).
60
61
Nesta nova configuração adotada no Projeto Lei 5938/2009 observa-se que a “área do
Desta forma, em termos geotectônicos, o limite do “Pré-sal” fica indefinido por não
estar se tratando de um critério geológico único. Ora se reconhece, de fato, limites estruturais
(a) seção sedimentar da Fase Pré-Rifte (cf. PONTE e ASMUS,1968) ou Sin-rifte I (cf.
(b) seção sedimentar da Fase Rifte (cf. PONTE e ASMUS, 1968) ou Sin-rifte II e III (cf.
(c) pacote sedimentar correspondente ao estágio (ou fase) Sag”, depositado em ambiente
de quiescência tectônica.
62
De uma maneira geral, o pacote Pré-rifte (ou Sin-rifte I) é representado por rochas em
geral avermelhadas, de contextos deposicionais fluvial, eólico e lacustre muito raso (MILANI
et al., 2007).
Por fim, a sequência sedimentar do estágio (ou fase) Sag, depositada em um momento
carbonáticos, cujo contexto deposicional, ainda incerto, aponta para ambientes marinhos
bacia de Pelotas (cf. BUENO et al., 2007) até a bacia de Sergipe-Alagoas. Milani et al. (2007)
foi possível em função da existência de uma barreira física, na parte sul, no final do Aptiano,
a qual, ao impedir a livre circulação das águas marinhas, ocorrendo clima árido/semi-árido,
criou condições para o aumento da salmoura até o nível de precipitação dos minerais
denominada Dorsal de São Paulo, que, em conjunto com o Alto de Florianópolis, formou a
(MOREIRA et al., 2007). Entretanto, nas três bacias estudadas registra-se a presença de sais
Dias (1998) estima que o tempo de deposição dessa sequência evaporítica foi de 0,7 a
1 m.a. Já Freitas (2006) prevê que o tempo para a deposição foi entre 400 e 600 ka.
63
Ariri; na bacia de Campos, à Formação Retiro, do Grupo Lagoa Feia; na bacia do Espírito
2008; FORMIGLI, 2008 ; FORMIGLI et al., 2009) são constituídos predominantemente por
5.11). Estas rochas foram depositadas num estágio (ou fase) Sag, cuja discussão detalhada foi
Figura 5.11. Perfil-tipo de uma sequência de terceira ordem definida para o Aptiano Superior na bacia de
Campos, ressaltando a associação de fácies intermaré superior amostrada pelo testemunho: (A)
estromatólito dendrítico/foliforme; (B) estromatólito dendrítico e (C) estromatólito foliforme.(fonte: DIAS,
2005).
65
No caso da bacia de Santos, a seção tipo da Formação Barra Velha é definida pelo poço
1-RJS-625 (Figura 5.12), perfurado em 2005, no bloco BS-500, descobridor do campo de gás
natural de Tambaú. Apresenta intervalo total de 313 m, sendo discordante na base, com a
Formação Itapema, com elevados valores de raio gama (RG) em perfil; e concordante no
topo, com a Formação Ariri (evaporitos). Apresenta ainda predomínio de calcarenitos no seu
5.13). Observa-se que na sua porção inferior este intervalo apresenta predomínio de
calcilutitos , cujo elevado valor de raio gama marca o limite com a Formação Gargau. Já na
pequenas intercalações de folhelhos, cujo contato com a seção inferior lutítica é caracterizado
Prof. (m)
Anidrita
Calcilutito
Calcarenito
Figura 5.12. Seção tipo da Formação Barra Velha, Grupo Guaratiba, no poço 3-RJS-625, na bacia de
Santos.(fonte: MOREIRA et al., 2007). Observar a distribuição dos carbonatos ao longo do
perfil.GR=”Gamma Ray”; HMRS= High Resolution Measurement Sonde (resistividade); DT = Delta-T
ou Interval Transit Time (sônico).
68
Prof. (m)
Figura 5.13. Seção tipo da Formação Macabu, Grupo Lagoa Feia ,no poço 1-RJS-602, na bacia de Campos.
(fonte: WINTER et al., 2007). Observar a distribuição dos carbonatos ao longo do perfil. Perfil RG= gamma
Ray; Rt= True Resistivity (resistividade); PhiN= Thermal Neutron Porosity (porosidade neutrônico); Dt=
Delta-T ou Interval Transit Time (sônico).
69
Tanto Moreira et al. (2007) quanto Winter et al. (2007) interpretam o paleoambiente
transicional (parálico). Tal interpretação é corroborada por Dias (2004), que apresenta o
um mar epicontinental com extensas regiões proximais muito rasas, com grande influência
continental, e com um litoral recortado, eventualmente seccionado por vales (qv. DIAS,
microbialitos.
americano, bem como o conseqüente preenchimento do espaço por incursões marinhas, criou
Salgada, Norte do Estado do Rio de Janeiro (Figura 5.14). Por vezes, esses carbonatos
Figura 5.14. Exemplo de amostra de testemunho de sondagem do poço 3-RJS-646 (bloco BM-S-11),
reservatório “Pré-sal“ na região de águas ultraprofundas na bacia de Santos e seu análogo, estromatólito
recente na região da Lagoa Salgada, litoral Norte do estado do Rio de Janeiro. (fonte: ESTRELLA, 2008).
Outro aspecto que merece atenção neste intervalo estratigráfico diz respeito ao
angularidade, que distingue do estágio (ou fase) Sag a seção propriamente Rifte.
Sismicamente, ela separa refletores com mergulhos variados do Rifte dos refletores sub-
(cf. WINTER et al., 2007), ora discordância “pré-Aptiano Superior” (cf. DIAS, 2004), como
da deformação axial do sistema de rifte durante a fase final do processo de separação entre os
continentes Sul Americano e Africano. Tal deslocamento resultou numa exposição sub-aérea
71
das porções proximais das bacias, caracterizadas por grábens inativos, sujeitos a processos
Figura 5.15. Seções esquemáticas ilustrando o processo de rifteamento e a exposição das áreas proximais
durante o Eoaptiano (A); e o recobrimento da discordância “pré-Aptiano Superior” pela sedimentação
marinha durante o início do Aptiano, em condições de quiescência tectônica (B).(fonte: DIAS, 2004).
Por fim, ainda numa configuração subsal, Formigli (2008) e Fomigli et al. (2009), ao
De uma maneira geral, estes sedimentos (coquinas) foram depositados no estágio final
da formação dos meio-grábens, diminuiu a atividade tectônica na bacia até cessá-la quase
completamente.
lacustre, em cujas bordas geradas por falhamentos desenvolveram-se sistemas de leque aluvial
associadas.
Esses tipos de depósitos estão presentes nas três bacias sedimentares discutidas neste
Santos; na Formação Coqueiros do Grupo Lagoa Feia, na bacia de Campos; e pelo Membro
Sernambi, Formação Cricaré, do Grupo Nativo, na bacia do Espírito Santo (Quadro 5.2).
Quadro 5.2. Descrição dos principais reservatórios carbonáticos da seção Rifte nas bacias da margem Leste Meridional
(fonte: MOREIRA et al., 2007, WINTER et al., 2007 e FRANÇA et al,. 2007).
73
74
6 CONCLUSÕES
Face ao apresentado neste trabalho pode-se entender que o intervalo “Pré-sal”, sob os
pontos de vistas:
intervalo “Pré-sal”. Daí, a qualidade (leve, maior grau API) do óleo acumulado em
pesados e viscosos;
ao final da Fase Rifte (“Fase Sag”) e, a seção sedimentar representada por coquinas
projeto de Lei de 31 de agosto de 2009 ao Legislativo, sobre novo marco regulatório para
estas áreas, advêm justamente da falta de um único ponto de vista geológico para sua
definição.
Esta dificuldade é intrínseca ao novo modelo geológico, por isso, demandará maior
tempo e dados de poços para uma melhor definição. Todavia, a delimitação proposta pelo
significativo para águas mais rasas, pode levar a situações inusitadas de áreas onde os
76
objetivos exploratórios principais são “pós-sal”. Além desta questão exploratória, também
poderão ocorrer reflexos nas atividades regulatórias, como por exemplo, coexistência de dois
O presente trabalho visa, portanto, contribuir e tentar servir de referência para aqueles
que possuem interesse em se aprofundar no tema tanto do ponto de vista geológico, como
regulatório.
77
Referências bibliográficas
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