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Departamento de Geociências, Ambiente

e Ordenamento do Território

Relatório de Geologia de Campo

Aplicado ao perfil costeiro de Vila Chã à Foz do


Rio Onda- Porto

Grupo 4

Discentes:
André Filipe Calado Saldanha/ Num. Mecanográfico: 201407030
Alejandro Ortiz Loaiza/ Num. Mecanográfico: 201902274
Giselle Maia Lima/ Num. Mecanográfico: 201908460
Julia Tucker Vasques/ Num. Mecanográfico: 201900694

Docente: Maria dos Anjos Marques Ribeiro


Unidade Curricular: Cartografia geológica/ G4017.

Porto, 27 de julho de 2020

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Sumário

1. Introdução 3
2. Enquadramento Geológico 5
3. Metodologia 10
4. Apresentação e Discussão dos Dados de Campo 11
4.1. Praia de Terra Nova e Vila Chã 11
4.2 São Paio 15
4.3. Foz do Rio Onda 17
5. Resultados e Conclusões Pós-campo 18
6. Bibliografia 21
7. Anexo 21

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SUMÁRIO DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Pontos configurados em vermelho representando os locais visitados em


campo. À esquerda, a localização da área em relação a Portugal, á direita, imagem de
maior detalhe pelas localizações visitadas.................................................................... 4
Figura 2: Modelo tectonoestratigráfico proposto por Julivert et al. (1974) (adaptado de:
pt.slideshare.net/duraocorreia/macio-ibrico-zci). ........................................................... 5
Figura 3: Representação dos 3 maiores domínios na ZCI com localização da zona em
estudo (adaptado de Areias, 2004). .............................................................................. 6
Figura 4: Zona de Cisalhamento Douro-Beiras (adaptado de Valle Aguado et al., 2017).
..................................................................................................................................... 7
Figura 5: Folha 9-A-Póvoa de Varzim da Carta Geológica de Portugal 1:50000. .......... 8
Figura 6: Mapa simplificado com localização de algumas megaestruturas regionais, área
de estudo e respetivas litologias (Adaptado de Areias, 2014). ...................................... 9
Figura 7: Filão de pegmatito com turmalinas centimétricas. ........................................ 12
Figura 8: Schelieren. ................................................................................................... 13
Figura 9: metatexitos com textura estromatitica .......................................................... 13
Figura 10: Resisters. ................................................................................................... 14
Figura 11: Filão básico................................................................................................ 15
Figura 12: Metatexitos e diatexitos.............................................................................. 16
Figura 13: Injeções de rocha básica. (A) Foto original. (B) Imagem processada. 1
representa metatexito, 2 filão básico, 3 metatexito cataclasado. ................................. 17
Figura 14: Aplito-pegmatito, metatexito e falhas rúpteis. ............................................. 18

Anexo 1: Perfil geológico esquemático da Praia de Terra Nova á Foz do Rio Onda. .. 21
Anexo 2: Tabela de pontos visitados, demonstrados no mapa da Figura 1................. 22

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1. Introdução

O presente relatório foi realizado no âmbito da unidade curricular de Cartografia


Geológica e Geologia de Campo, unidade curricular integrante do Mestrado em
Geologia pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.
Composta por três dias de análises de campo, entre dia 4, 5 e 6 de junho de
2020 e consistiu na análise dos trinta pontos dispostos na tabela do Anexo 2. Diversos
objetivos foram abrangidos, entre os quais; a recolha de dados litológicos, recolha de
dados estruturais, recolha de dados geotectónicos, entre outros, através da observação
e análise de diversos afloramentos, permitindo contextualizar a nível cronológico e
geodinâmico a área em estudo.
A área de estudo é denominada por Complexo Migmatítico do Mindelo, tendo
sido limitada a área de observação a norte pela Praia da Terra Nova, e a sul pelo limite
norte do Rio Onda, situado na Praia de Labruge, ambas pertencentes a freguesias do
concelho de Vila do Conde, Distrito do Porto (Figura 1).
Estas atividades permitiram aos alunos exercitar e recordar técnicas
previamente lecionadas no decorrer da Licenciatura e do Mestrado em Geologia, como
por exemplo o uso da bússola na medição de direções e inclinações de diversas
estruturas, como falhas, filões, diaclases, entre outros.
Para além disso, a recolha desses mesmos dados proporcionou também, a
execução de um perfil interpretativo, perfil onde estão registadas as principais estruturas
observadas e sua orientação, perfil a ser apresentado no decorrer do presente trabalho.

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Figura 1: Pontos configurados em vermelho representando os locais visitados em campo. À esquerda, a
localização da área em relação a Portugal, á direita, imagem de maior detalhe pelas localizações
visitadas.

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2. Enquadramento Geológico

O Contexto geológico da área de estudo é o Maciço Ibérico, o qual representa


uma das mais complexas exposições do Orógeno Varisco, localizado na zona mais
ocidental da Cadeia Varisca Europeia (Areias, 2014).
O Maciço Ibérico encontra-se subdividido em seis zonas, sendo elas
respectivamente de norte a sul; Zona Cantábrica, Zona Astúrico Leonesa, Zona de
Galiza e Trás os Montes, Zona Centro Ibérica (ZCI), Zona de Ossa Morena (ZOM) e
Zona Sul Portuguesa (ZSP) como ilustrado pela Figura 2.

Figura 2: Modelo tectonoestratigráfico proposto por Julivert et al. (1974) (adaptado de:
pt.slideshare.net/duraocorreia/macio-ibrico-zci).

A inserida na ZCI, a zona estudada é localizada na charneira correspondente ao


Orógeno Varisco (Ribeiro et al.,2007). Esta é limitada a sul, segundo Ribeiro (1984),
pela Zona de Cisalhamento Porto-Tomar que constitui o contacto entre a ZCI e a ZSP,
bem como pela Zona de Cisalhamento Tomar-Badajoz-Córdoba que constitui o contacto

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entre a ZCI e a ZOM. Esta zona de cisalhamento é interpretada geotectónicamente
como uma zona de sutura Varisca. Esta interpretação não é consensual entre todos os
autores, havendo quem defenda que esta zona de cisalhamento será uma sutura do
Orógeno Cadomiano (Precâmbrico), que passou por reativações tectônicas no decurso
da Orogenia Varisca.
Este “cinto orogénico” é conhecido como o Cinto Varisco Ibérico. Aqui a principal
fase de deformação (D1) afetou todas as formações ante-Mesozóicas. No entanto nem
todas as estruturas da ZCI adquiriram a mesma geometria, sendo possível diferenciar 2
setores. Um deles é o setor do Super Grupo Dúrico Beirão ou Complexo Xisto-
Grauváquico (CXG) (onde se insere a área de estudo, figura 3), caracterizado por falhas
verticais a sub-verticais, clivagem e xistosidade com uma orientação preferencial NW-
SE, geralmente concordante/subconcordante com a estratigrafia, sendo esta a
orientação preferencial, originada por D1, durante a Orogenia Varisca (Couto, 1993,
citado por Areias, 2014).

Figura 3: Representação dos 3 maiores domínios na ZCI com localização da zona em estudo (adaptado
de Areias, 2004).

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Esta primeira fase de deformação foi seguida por uma segunda fase (D2), menos
generalizada, que se manifestou essencialmente através de impulsos sub-horizontais
gerando estruturas laminares, dobras e até novas zonas de cisalhamento. Estes
movimentos acabaram por originar processos anatéticos (Azevedo e Vale Aguado,
2013, citado por Areias, 2014). Ambas estas fases, D1 e D2, tiveram um carácter
compressivo, caracterizado por um metamorfismo do tipo Barroviano (média pressão e
baixa temperatura) (Valle Aguado, 1992, citado por Areias, 2014).
Existiu ainda uma terceira fase de deformação (D3), que localmente desenvolveu
uma clivagem crenulada. Durante esta fase de deformação há formação de falhas com
planos axiais com orientações entre N100º - N130º (Couto, 1993). É ainda considerada
a formação de estruturas paralelas a D1, por dobramento ou reativação durante D3
(Ribeiro et al. 2008, citado por Areias, 2014).
Durante esta última fase de deformação as condições de pressão e temperatura
iniciais sofreram alterações, evoluindo para um sistema de baixa pressão juntamente
com uma variação entre baias e altas temperaturas.
As zonas de cisalhamento controlaram a canalização de fluidos resultantes dos
processos anatéticos já mencionados, resultando na génese e implantação de
granitóides bem como desempenhando um papel fundamental em processos
metamórficos e metassomáticos, estando este metassomatismo diretamente
relacionado com grandes concentrações potássicas (Noronha et. al., 2000).
Uma dessas grandes zonas de cisalhamento é a denominada zona de
cisalhamento Douro-Beiras., observável na Figura 4.

Figura 4: Zona de Cisalhamento Douro-Beiras (adaptado de Valle Aguado et al., 2017).

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Junto à referida zona de cisalhamento, existe uma outra megaestrutura de
orientação principal NW-SE, o Cinto Metamórfico Porto-Viseu (Valle Aguado et al., 1993
citado por Areias, 2014).
Esta megaestrutura é constituída por rochas pelíticas intercaladas com
grauvaques e camadas pertencentes ao CXG. Este é um bom exemplo de um domínio
metamórfico, onde é possível observar granitos anatéticos sintectónicos associados a
migmatitos formados em condições de baixa pressão e alta temperatura
essencialmenteJunto à referida zona de cisalhamento, existe uma outra megaestrutura
de orientação principal NW-SE, o Cinto Metamórfico Porto-Viseu (Valle Aguado et al.,
1993 citado por Areias, 2014).
Esta megaestrutura é constituída por rochas pelíticas intercaladas com
grauvaques e camadas pertencentes ao CXG. Este é um bom exemplo de um domínio
metamórfico, onde é possível observar granitos anatéticos sintectónicos associados a
migmatitos formados em condições de baixa pressão e alta temperatura essencialmente
numa fase de deformação D3 em contexto dúctil, estando o protólito destes migmatitos
diretamente relacionados com níveis pertencentes CXG (Areias et al, 2014). Isso é
observável na figura 5, onde podemos perceber pela Carta Geológica que a área do
Complexo Migmatítico do Mindelo se insere em domínio do CXG.

Figura 5: Folha 9-A-Póvoa de Varzim da Carta Geológica de Portugal 1:50000.

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Na Figura 6 podemos observar uma simplificação da geologia regional, com
marcação da área em estudo, algumas das megaestruturas previamente referidas bem
como as litologias presentes.

Figura 6: Mapa simplificado com localização de algumas megaestruturas regionais, área de estudo e
respetivas litologias (Adaptado de Areias, 2014).

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3. Metodologia

Foi realizado a pesquisa bibliográfica da área de estudo bem como a recolha de


material cartográfico como preparação para a elaboração do relatório e perfil geológico
esquemático, nomeadamente; a Carta Geológica, escala 1:50 000, 9-C Porto, 1957 e
a Carta Geológica, escala 1:50 000, 9-A, Póvoa de Varzim, 1965; ademais foram
adquiridas as imagens aéreas no Google Earth com delimitação da área de estudo.

No campo, realizado nos dias quatro, cinco e seis de junho de 2020 foi feita visita
em grupo. O percurso foi feito na zona costeira entre a Foz do Rio Onda e aPraia da
Terra Nova (Vila Chã). A marcação dos pontos e retiradas de coordenadas foi feita com
o GPS, utilizou-se também bússola para medições de atitudes, martelo para retirada de
amostras e câmera do telemóvel para registo fotográfico. Para cada ponto, foram feitas;
descriçôes litológicas e recolha de dados estruturais de diferente índole: estruturas
primárias (S0 nas rochas metassedimentares e fluxo nas rochas ígneas), e secundárias
(foliações, fraturação; rochas filonianas); condicionamentos estruturais das variações
litológicas principalmente alterações hidrotermais e/ou meteóricas.

No pós-campo os dados recolhidos foram analisados para a elaboração do mapa


geológico utilizando o programa ArcGIS, as fotografias foram processadas com o
software CorelDraw, os dados foram compilados para a confeção do relatório final e o
perfil geológico esquemático onde o software CorelDraw também foi utilizado.

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4. Apresentação e Discussão dos Dados de Campo

A trajetória do trabalho em campo objetivou um perfil geológico esquemático


(Anexo 1), portanto seguiu-se de Norte à Sul a costa da região norte do concelho do
Porto, Portugal. Em ordem, com ponto inicial norte seguindo em direção sul, observou-
se as regiões costeiras de: (i) Praia de Terra Nova, subsequente a Vila Chã, a (ii)Região
de São Paio, praia de Lambruje e enfim a (iii) região da Foz do Rio Onda.
O perfil geológico abrange as litologias de Diatexitos, Metatexitos, aplito-
pegmatitos e rochas básicas aflorantes no percurso. As especificidades destes litotipos
serão discorridas a seguir.

4.1. Praia de Terra Nova e Vila Chã

Localizado a Norte em relação ao perfil geológico esquemático, na zona de


contacto direto com o mar em Vila Chã observam-se primeiramente as estruturas
formadas pelos filões aplito-pegmatíticos subverticais, observáveis remotamente por
imagens de satélite, com trend de encaixe NE-SW.
Este litotipo pegmatítico possui maior granulação no centro do veio, no bordo
observa-se a porção aplítica, com granulação fina. Petrograficamente, em amostras de
mão, é possível constatar a presença de plagioclásio, quartzo e micas. Na Praia de
Terra Nova, cerca de 100 metros a norte, é possível identificar outro veio deste litótipo
aplito-pegmatítico com turmalinas bem formadas de grão centimétricos inseridas nestes
filões. (Figura 7).
O formato geométrico destes filões são veios encaixados em metatexitos e
diatexitos, ou seja, posterior a estes. Nesta região mapeia-se a variância por vezes
métrica entre diatexito e metatexitos.
Ambos, são originários da mesma matriz granitoide, no caso o diatexito é
originado na anatexia (processo de alta taxa de fusão de rochas por processos
metamórficos) do granitóide, possui aparência homogênea. Composto basicamente por
neossoma, caracterizado nesta região por presença de texturas schlieren sinanatéticas
(Figura 8). Apresenta-se na praia de Terra Nova, em porções, com seus minerais
componentes orientados de maneira coincidente ao veio aplito-pegmatíto, mas de forma
geral os diatexitos não apresentam orientação definida. A sua granulação varia entre
grosseira e fina, petrograficamente contém; quartzo, feldspatos e micas, ressaltando a

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presença de sillimanita; indicando a zona metamórfica da sillimanita como ápice do
metamorfismo desta rocha.

Figura 8:
7: Filão de pegmatito com turmalinas centimétricas.

O litotipo de metatexito possui separação entre o leucossoma e melanossoma,


apresentam-se bandados, ou seja, têm a mesma composição mineralógica mas a
quantidade de neossoma forma bandas alternantes de leucossoma e de melanossoma.

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Próximo ao veio aplito-pegmatítico da Praia de Terra Nova há presença de metatexitos
com textura estromatitica, estrutura anterior à fusão parcial que preserva-se semi-
preservadas no paleossoma (Figura 9).

Figura 8: Schelieren.

Figura 9: metatexitos com textura estromatitica

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Há presença de resisters nos metatexitos (Figura 10), estas rochas
remanescentes possuem constituição mineralógica resistente a fusão ocorrida na rocha
encaixante. Estão inseridos nos metatexitos e são constituídos por metagrauvaques
cálcicos e zoneados. Desta forma é possível discernir composições diferentes no
resister, em seu centro concentra piroxênio, granada do tipo almandina e plagioclásio
cálcico, em zona intermediaria apresenta plagioclásio, quartzo e anfíbolas e no seu
bordo observa-se biotite e quartzo. No geral, não encontram-se alinhados a estruturas
de foliação.

Figura 10: Resisters ao centro. É possível observar o


zoneamento no interior do resister, no metatexito
encaixante existem indicadores cinemáticos que sujerem o
movimento sinestral.

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4.2 . São Paio

A região de São Paio, especificamente o marco geodésico, podem ser inferidas


com a utilização do Google Earth. a mais alta topograficamente, chegando a 15 metros
acima do nível do mar, mesmo localizado em região costeira.
Esta região seguindo a sul em direção a Praia de Lambruge, é cartografada
geologicamente como pertencente ao Granito São Paio. De maneira local, em campo,
mostra-se a presença de metamorfismo nas rochas previamente graníticas, ou seja,
foram encontradas novamente sucessões de diatexitos e metatexitos.
Nesta região é possível distinguir a existência de duas texturas diatexíticas em
relação a granulação destas. Separam-se entre diatexitos grossoseiros e finos, onde é
possível observar a anisotropia da rocha, correlacionada a uma série de fraturas
presente na área. Texturas schlieren também são recorrentes nos diatexitos finos e
havendo alteração química com a percolação de fluidos, com presença de turmalina,
em pontos próximos a fraturas ou veios aplito-pegmatíticos.
Próximo ao ponto geodésico há rochas básicas em filões, as rochas encaixantes
são predominantemente os diatexitos finos, há também próximo as rochas básicas veios
aplito-pegmatítico (Figura 11), observa-se inclusive que o filão de rocha básica é mais
recente, uma vez que interrompe ao meio um veio aplito-pegmatítico.

Figura 11: Filão básico.


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Os metatexitos nesta região apresentam-se tabulares e dispostos metricamente,
possuem resister brechados pelo contato com o diatexito fino. (Figura 12). Estes
metatexitos apresentam em certo ponto migmatização em rosca com presença de
granadas, este mineral é peritético, não metamórfico, é associado a fusãoincongruente
a média temperatura em condições anídricas com a presença
de quartzo.

Figura 2: Metatexitos e diatexitos.

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4.3. Foz do Rio Onda

A extremo sul do perfil observa-se a Foz do Rio Onda, encaixado em uma zona
fraturada de trend preferencial NE, encontram-se falhas com estrias horizontais,
indicando movimento transcorrente. Há injeções de rocha básica métricas, ao bordo
destas metatexitos cataclasados. (Figura 13).

Figura 13: Injeções de rocha básica. (A) Foto original. (B) Imagem processada. 1 representa
metatexito, 2 filão básico, 3 metatexito cataclasado.

Os metatexitos apresentam textura estromatítica e interseccionados por veios


aplito-pegmatíticos. Em alguns afloramentos é possível observar a coexistência de
aplito-pegmatito, metatexito e falhas rúpteis posteriores modificando ambos (Figura 14)

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O diatexito presente na região possui granulação grosseira e contacto brusco
entre metatexitos e filões aplito-pegmatíticos. O contato relevante que existe entre
metatexitos e diatexitos na região apresenta diatexitos grossos com texturas shilieren
com enclaves de metatexitos métricos.

Figura 14: Aplito-pegmatito, metatexito e falhas rúpteis.

5. Resultados e Conclusões Pós-campo

Conclui-se que o mapeamento de detalhe é fundamental à região.


Cartograficamente, em folhas geológicas oficiais, é possível observar que a região é
delimitada pela Unidade Xisto-Grauváquica (Vila Chã) à granítica, Granitos São Paio.
Litologias não correspondentes ao observado em campo.

Os litotipos identificados foram;

(i) Filões aplito-pegmatíticos; grãos de maiores dimensões de quartzo e


plagioclásio ao centro, nos bordos presença de granulação fina ocorrida
pela temperatura de cristalização do contacto com a rocha encaixante.
Há a presença de percolação de fluido nestes com a cristalização de
turmalina.

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(ii) Rochas básicas; apresentam-se em forma de filões, interseccionando as
rochas pré-existentes. Em seus bordos foram pequenas zonas
cataclasíticas.
(iii) Diatexitos grossos; possuindo maior granulação e menos ocorrências de
texturas schllieren remanescentes. As ocorrências observadas não
apresentam sinais de orientação, isotrópicos. Petrograficamente
possuem quartzo, plagiocláse (maior presença de cálcio) e micas (micas
brancas e biotite).
(iv) Diatexitos finos; grãos mais finos, com mais ocorrências de texturas
schlieren. Neste litótipo observa-se a presença de anisotropia em
determinados pontos não-cartografáveis (poucos metros e pouca
continuidade lateral).
(v) Metatexitos; os metatexitos apresentados na região possuem grande
variação localmente. Observaram-se principalmente duas texturas
distintas, a estromática e mosqueada. Em localizações onde a variação
lateral é elevada, determinou-se a utilização do litotipo metatexitico sem
agregar a esta textura. Apresentam-se também resisters, em sua maioria
não orientados.

Desta forma o Granito São Paio apresentou-se metamorfizado/migmatizado,


fator não coerente a sua nomenclatura. A variância entre diatexitos e metatexitos é
complexa e intercalada de modo não ritimico, ou seja, sem necessariamente haver
continuação lateral.

Estes litótipos são Variscos, intersetados posteriormente pelos veios e/ou aplito-
pegmatíticos. Em eventos pós-Variscos houve a injeção de rochas básicas, que
apresentam-se interseccionando e descontinuando os litotipos anteriormente citados.

O perfil-esquemático (Anexo 1) resultante do trabalho de campo encontra-se à


cota topográfica zero, visando facilitar sua compreensão e análise, isto ocorre
basicamente para a facilitação de entendimento. Evitando a necessidade de utilizar uma
escala horizontal aumentada, que acarretaria a alteração de valores de mergulhos
aparentes das diferentes orientações medidas em campo. Para além disso, o ponto mais
alto visitado encontra-se a apenas 15 metros de altitude, pelo que, para o presente
estudo, não terá qualquer influência significativa no perfil apresentado.

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6. Bibliografia

Ribeiro, M.A., Almeida, A., Dória., Noronha, F., Martins, H.M.B., Sant’Ovaia, H., Joana
Ferreira, Maria Areias, Mónica Sousa, 2014 – Granitos e migmatitos no maciço Póvoa
de Varzim – Porto: Implicações geodinâmicas. Memórias, 13, 3-19.

Areias, M.A., 2014. Petrogenesis of a variscan migmatite complex (NW Portugal):


petrography, geochemistry and fluids. Tese de Doutoramento, Faculdade de Ciências
da Universidade do Porto;

Ribeiro, A; Munhá, J; Dias, R; Mateus, A; Pereira, E; Ribeira, L; Fonseca, P; Araújo, A;


Oliveira, T; Romão, J; Chaminé, H; Coke, C & Pedro, J. (2008) Geodynamic evolution
of SW Europe Variscides. Tectonics, 26: TC6009;

Journal of Structural Geology, Volume 98, May 2017, Pages 15-37;

Webgrafia

pt.slideshare.net/duraocorreia/macio-ibrico-zci – consultado em 28/06/2020

http://estudiosgeol.revistas.csic.es/index.php/estudiosgeol/article/view/911/979#S0002
– consultado em 25/06/2020

https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0191814117300809 - consultado em
29/06/2020

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7. Anexo

Anexo 1: Perfil geológico esquemático da Praia de Terra Nova á Foz do Rio Onda.

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Anexo 2: Tabela de pontos visitados, demonstrados no mapa da Figura 1.

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