Você está na página 1de 186

Química

Química
33.. ano
oo
ano
ensino
ensinoMÉDio
MÉDio

Movimento
Movimento
do
do aprender
aprender
Estar em movimento é questionar, é ser autor
do próprio pensamento, é compreender com
Herbert Gerjuoy que o “iletrado de amanhã
não será aquele que não aprendeu a ler, mas
aquele que não aprendeu a aprender”.
O que se faz necessário é aprender.
SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA – SESI
Departamento Regional de São Paulo
Avenida Paulista 1313 • Bela Vista
CEP 01311-923 • São Paulo • SP • Brasil
www.sesisp.org.br

Presidente Superintendente do SESI-SP


Paulo Skaf Alexandre Ribeiro Meyer Pflug

Conselho Regional Diretor Superintendente


Alice Grant Marzano Corporativo
Álvaro Sedlacek Igor Barenboim
Antero José Pereira
Artur Bueno de Camargo Júnior Gerência Executiva de Educação
Elias Miguel Haddad Roberto Xavier Augusto Filho
Fernando Greiber
Irineu Govêa Gerência Executiva de Cultura
João Vicente Silva Cayres Débora Viana
José Osmar Medina Pestana
Luis Eulalio de Bueno Vidigal Filho Gerência Executiva de Esporte e
Marco Antonio Melchior Promoção da Saúde
Massimo Andrea Giavina-Bianchi Eduardo Augusto Carreiro
Nelson Antunes
Nilton Torres de Bastos Gerência Executiva de Operações
Sylvio Alves de Barros Filho Roberta Salles Mendes
Vandermir Francesconi Júnior

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação


(Bibliotecária responsável: Enisete Malaquias CRB-8 5821)

540.7 SESI-SP
S515q Química : Ensino Médio 3º ano / SESI-SP ; [Coordenação geral: Maria
José Zanardi Dias Castaldi]. – 1.ed. – São Paulo : SESI, 2012.
184 p. : il. color. ; 28 cm. -- (Movimento do aprender).

Bibliografia
ISBN 978-85-8170-023-6

1. Educação 2. Ensino Médio 3. Química I. Castaldi, Maria José


Zanardi Dias. II. Título. III. Série.

A SESI-SP Editora empenhou-se em identificar e contatar todos os


responsáveis pelos direitos autorais das imagens e dos textos reproduzidos
neste livro. Se porventura for constatada omissão na identificação de algum
material, dispomo-nos a efetuar, futuramente, os possíveis acertos.
Química
3.º ano
ENSINO MÉDIO

Movimento
do aprender

8.a Reimpressão
São Paulo, 2020
Gerência de produção editorial e gráfica
Caroline Mori Ferreira

Coordenação Geral
Maria José Zanardi Dias Castaldi

Técnicos Educacionais/Revisores
Carlos José da Silva
Fernando Marinho Gusmão
Marcos Paulo Hirayama
Maria Beatriz Gomes da Cunha
Reynaldo Antonio Forte Junior

Elaboração dos Originais


Paulo Christoff
Sidney Christoff

Ilustradores
Alessandra Tozi
Daniel de Souza Gomes
Daniel Freire
Hamilton Santos da Silva
Lílian Ávila
Nilson Müller
Reinaldo Rosa

Produção gráfica
Rafael Zemantauskas
Sirlene Nascimento
Vanessa Lopes dos Santos

© SESI-SP Editora, 2012


Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou
transmitida sem a permissão expressa do SESI-SP.

SESI-SP Editora
Avenida Paulista, 1.313, 4o andar
CEP: 01311-923
São Paulo-SP
F. 11 3146-7308
editora@sesisenaisp.org.br
www.sesispeditora.com.br
APRESENTAÇÃO
Caro aluno,

No primeiro ano do Ensino Médio, você pôde se familiarizar com a Química e des-
cobrir algumas aplicações em nossa vida, bem como suas contribuições nas diferentes
áreas. No segundo ano, teve contato com temas relacionados à energia, e, agora, no ter-
ceiro ano, estudará a Química Orgânica, parte que se refere aos compostos do elemento
carbono.
Muitos produtos importantes do nosso dia a dia são obtidos a partir da indústria
do petróleo, como querosene, gasolina, entre outros, e, a partir dos estudos, você com-
preenderá as energias que a sociedade utiliza. Nesse contexto, serão exploradas as prin-
cipais vias de extração, processos de obtenção e danos ambientais causados por esses
combustíveis.
Na Química Orgânica, as funções orgânicas serão estudadas vinculadas a suas apli-
cações no cotidiano, de forma que se verifique a relação do conhecimento aos aspectos
de sua vida. O estudo das funções permitirá a abordagem de algo que aparentemente
não tem aplicação no dia a dia, como a isomeria e as formas em que ela se apresenta,
mas se aplica aos fármacos, aos processos bioquímicos, entre outros.
Nos estudos das funções orgânicas, também serão abordados temas relacionados
a lipídios, carboidratos, proteínas, fármacos e vários outros materiais que usamos e con-
sumimos rotineiramente. Porém, o foco a ser dado será nas estruturas químicas para o
estudo das funções orgânicas e dos produtos que resultam do processo digestivo dos
nutrientes, para que possam ser aproveitados em nosso organismo. As interações das
diferentes funções com a molécula de água também serão abordadas, pois resultam em
modificações na estrutura de várias biomoléculas essenciais à vida.
O homem vem buscando meios alternativos para obtenção de água, uma vez que
grande parte dos rios e lagos, que representam a água potável, estão sendo poluídos de
diversas maneiras. Assim, trabalham-se também os compartimentos terrestres (atmos-
fera, biosfera, litosfera e hidrosfera) que se inter-relacionam nos ciclos biogeoquímicos,
enfatizando a importância da água e as características que fazem dela um líquido único.
Além desses, serão abordados conceitos de densidade, condutibilidade elétrica, equilí-
brio químico, tensão superficial e pressão de vapor.
Outro destaque neste ano, é o estudo do solo e suas características químicas, físi-
cas ou físico-químicas, como acidez e alcalinidade, permeabilidade ao ar e à água, sua
composição e a produção agrícola, evidenciando a atmosfera para que se compreenda
como variações da pressão, temperatura atmosférica e solubilidade de gases afetam a
vida humana, podendo analisar informações sobre os agentes perturbadores da atmos-
fera e suas fontes, bem como compreender suas transformações e seus efeitos a curto,
médio e longo prazo.
Os avanços da tecnologia e da sociedade só foram e continuarão sendo possíveis
graças à contribuição da Química. O nosso futuro depende de como o conhecimento
químico será utilizado, por isso será sempre importante estudar essa ciência.
Esperamos que todo conhecimento químico adquirido no decorrer do Ensino Mé-
dio seja utilizado para benefício do próprio ser humano e, certamente, ao final deste ano
letivo, você terá condições de perceber e interferir em situações relacionadas à qualida-
de de vida em nosso planeta.

Os autores
SUMÁRIO
9 Carbono: vida e energia

45 Prato do Dia: Química

89 Água

111 Gases

143 Solo

166 Questões complementares


Michael Faes/SXC

rg
ime dia.o
ns.wik
mmo
B rasil;co
n cia
s /Agê
trobra
aç ão Pe
Divulg

Plataforma P-51, a primeira


plataforma 100% brasileira.
Carbono:
UNIDADE 1
vida e energia

DIÁLOGO E REFLEXÕES
• Que combustíveis fósseis você conhece?
• Qual a importância deles para a sociedade moderna?
Onde eles são utilizados? Que danos podem causar para o
ambiente?
• O que mudará em nossa sociedade quando o petróleo
acabar?

9
QUÍMICA  Carbono: vida e energia

EM FOCO
Entenda o que é a camada pré-sal
A camada pré-sal é uma faixa que se estende ao longo de 800 quilômetros entre os
Estados do Espírito Santo e Santa Catarina, abaixo do leito do mar, e engloba três
bacias sedimentares (Espírito Santo, Campos e Santos). O petróleo encontrado
nesta área está a profundidades que superam os 7 mil metros, abaixo de uma
extensa camada de sal que, segundo geólogos, conserva a qualidade do petróleo
(veja figura abaixo).
Vários campos e poços de petróleo já foram descobertos no pré-sal, entre eles o
de Tupi, o principal. Há também os nomeados Guará, Bem-Te-Vi, Carioca, Júpiter
e Iara, entre outros.
Arte Folha

Um comunicado, em novembro do ano passado, de que Tupi tem reservas


gigantes, fez com que os olhos do mundo se voltassem para o Brasil e ampliassem
o debate acerca da camada pré-sal. À época do anúncio, a ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil) chegou a dizer que o Brasil tem condições de se tornar exportador de
petróleo com esse óleo.
Tupi tem uma reserva estimada pela Petrobras entre 5 bilhões e 8 bilhões de
barris de petróleo, sendo considerado uma das maiores descobertas do mundo
dos últimos sete anos.
Neste ano, as ações da estatal tiveram forte oscilação depois que a empresa
britânica BG Group (parceira do Brasil em Tupi, com 25%) divulgou nota estimando
uma capacidade entre 12 bilhões e 30 bilhões de barris de petróleo equivalente
em Tupi. A portuguesa Galp (10% do projeto) confirmou o número.
Para termos de comparação, as reservas provadas de petróleo e gás natural da
Petrobras no Brasil ficaram em 13,920 bilhões (barris de óleo equivalente) em
2007, segundo o critério adotado pela ANP (Agência Nacional do Petróleo). Ou
seja, se a nova estimativa estiver correta, Tupi tem potencial para até dobrar o
volume de óleo e gás que poderá ser extraído do subsolo brasileiro.

10
Estimativas apontam que a camada, no total, pode abrigar algo próximo de 100
bilhões de boe (barris de óleo equivalente) em reservas, o que colocaria o Brasil
entre os dez maiores produtores do mundo.
Mais dúvidas
A Petrobras, uma das empresas pioneiras nesse tipo de perfuração profunda,
porém, não sabe exatamente o quanto de óleo e gás pode ser extraído de cada
campo e quando isso começaria a trazer lucros ao país.
Ainda no rol de perguntas sem respostas, a Petrobras não descarta que toda a
camada pré-sal seja interligada, e suas reservas sejam unitizadas, formando uma
reserva gigantesca.
Justamente por conta do desconhecimento sobre o potencial da camada pré-sal o
governo decidiu que retomará os leilões de concessões de exploração de petróleo
no Brasil apenas nas áreas localizadas em terra e em águas rasas. Afinal, se a
camada for única, o Brasil ainda não tem regras de como leiloaria sua exploração.
Assim, toda a região em volta do pré-sal não será leiloada até que sejam definidas
as novas regras de exploração de petróleo no país (Lei do Petróleo), que voltaram a
ser discutidas pelo Planalto — foi criada uma comissão interministerial para debater
modelos em vigor em outros países e o destino dos recursos do óleo extraído.
Além disso, o governo considera criar uma nova estatal para administrar os
megacampos, que contrataria outras petrolíferas para a exploração — isso
porque os custos de exploração e extração são altíssimos. Os motivos alegados no
governo para não entregar a região à exploração da Petrobras são a participação
de capital privado na empresa e o risco de a empresa tornar-se poderosa demais.
ENTENDA O QUE é a camada pré-sal. Folha.com, 31 ago. 2009. Disponível em: < http://www1.folha.uol.
com.br/folha/dinheiro/ult91u440468.shtml>. Acesso em: 1 set. 2011.

UNIDADE 1
CONHECIMENTO EM XEQUE

Petróleo, do latim petroleum, petrus = pedra e oleum = óleo, óleo Reprodução


de pedra. É um material oleoso, inflamável, cuja cor varia segundo
a origem, oscilando do negro ao âmbar, geralmente menos denso
que a água (flutua em água), encontrado no subsolo, em profundi-
dades variáveis (pode haver acumulações tanto a poucos metros da
superfície terrestre quanto a milhares de metros de profundidade)
e é constituído em grande parte por hidrocarbonetos (compostos
formados por carbono e hidrogênio).
O petróleo existe na Terra nos três estados físicos, sólido, líquido
e gasoso. Os povos antigos já utilizavam o petróleo, principalmente
na forma de betume que era utilizado para acender fogueiras, lanças
incendiárias, pavimentação de estradas, impermeabilizante de casas, barcos e navios e
também na iluminação. A sua origem pode ser descrita por várias hipóteses, porém as
duas teorias mais conhecidas sobre a sua formação estão descritas a seguir:
Teoria inorgânica ou mineral
Esta teoria foi proposta e defendida por Mendeleiev, Berthelot e Moissan. Segundo ela,
os carbetos de alumínio, cálcio, etc., sofreram hidrólise dando hidrocarbonetos que, por
polimerização, produziram a mistura de hidrocarbonetos que constitui o petróleo. 11
QUÍMICA  Carbono: vida e energia

Teoria orgânica
É a teoria mais aceita. Segundo ela, o petróleo se originou da decomposição de organismos
marinhos (animais e vegetais) soterrados em desabamentos da crosta terrestre em épocas re-
motas. Quando morreram e foram soterrados, sofreram uma lenta decomposição na ausência
de oxigênio, e alguns milhares de anos se passaram para gerar o petróleo.
O petróleo produzido acaba ficando preso em minúsculos orifícios
de algumas rochas sedimentares, como acontece com a água numa
[S.I.]/commons.wikimedia.org

esponja de cozinha.
A exploração comercial do petróleo iniciou apenas em 1859. Em agosto
deste ano, o norte-americano Edwin Laurentine Drake perfurou o primeiro
poço, no oeste da Pensilvânia nos Estados Unidos e encontrou petróleo
em uma profundidade de 21 metros e produzia cerca de 19 barris (1 barril
contém 159 litros) de óleo ao dia. O poço revelou-se produtor e o feito
foi considerado por muitos como o nascimento da moderna indústria
petrolífera.
A invenção do motor de combustão interna e a produção em larga
escala de automóveis levou o petróleo à condição de fonte de energia
mais importante para a nossa sociedade.
Logicamente, a extração de petróleo não resulta apenas em produção
de gasolina, existe uma moderna indústria petroquímica que transforma
a matéria-prima em milhares de outros materiais, como óleo diesel, que-
rosene, graxas, parafina, lubrificantes, plásticos, medicamentos, tintas,
explosivos, fertilizantes, etc.
Sendo uma fonte de energia não renovável e distribuída de forma
desigual pelo planeta, o petróleo se tornou fonte de renda e moeda de
negociação entre muitos países e empresas, sendo causador de crises e até guerras pela
posse e domínio de poços de petróleo.

1. A partir da leitura do mapa e dos gráficos a seguir, que relatam a situação do mercado de petró-
leo no mundo, responda às questões. Se necessário, pesquise em outras fontes mais informações.

a) O Brasil investe em pes-


quisas sobre biodiesel e
outras formas alternati-
vas de energia. De acordo
com os dados de produ-
ção e consumo, isso é ne-
cessário? Explique.
b) A população americana é
muito menor que a chine-
sa, mas seu consumo de
petróleo é maior. Como
você justifica esse fato?
c) Os maiores produtores
de petróleo são países
que também investem no
desenvolvimento de sua
população e preservação
do meio ambiente? Faça
uma pesquisa sobre o
assunto e apresente suas
12 conclusões.
Maiores consumidores de petróleo Os maiores consumidores
PRODUTORES E CONSUMIDORES (em milhares de barris por dia)
DO OURO NEGRO Estados Unidos - 20.598
Os maiores produtores China - 7.443
(em milhares de barris por dia) Japão - 5.164
Arábia Saudita - 10.859 Rússia - 2.735
Rússia - 9.789 Alemanha - 2.622
Estados Unidos - 6.871 Índia - 2.575
Irã - 4.343 Coreia Do Sul - 2.312
China - 3.684 Canadá - 2.222
México - 3.683 Brasil - 2.097
Canadá - 3.147 Arábia Saudita - 2.005
Emirados Árabes - 2.969 México - 1.972
Venezuela - 2.824 França - 1.789
Noruega - 2.778 Reino Unido - 1.952
Kuwait - 2.704 Irã - 1.669
Nigéria - 2.005 Espanha - 1.602
Argélia - 2.480 POTÊNCIA EM ASCENSÃO
Iraque - 1.999 Com as novas reservas descobertas, o Brasil vai
Brasil - 1.809 subir nos rankings mundiais de petróleo e de gás.

UNIDADE 1
Evolução da produção 3,3
de petróleo no Brasil milhões
(em barris por dia)

2,3
milhões

1,71
milhão

1,27
milhão

2000 2005 2010 2015

Fontes: Petrobras, BP e PSR

13
QUÍMICA  Carbono: vida e energia

Reservas de Reservas de
petróleo gás natural
(em bilhões de barris) (em bilhões de barris)

1 300
60

12,2 350

Hoje 2015 Hoje 2015

Posição no ranking Posição no ranking


mundial mundial

Hoje 2015 Hoje 2015


De reservas 17º 8º De reservas 40º 24º
De produtores 15º 7º De produtores 41º 21º

STEFANO Fabiane; LIMA, Samantha; Teixeira Jr Sérgio. O mundo do petróleo. Revista Exame, 7 maio 2008. Planeta sustentável. Disponível em:
<http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/energia/conteudo_279436.shtml>. Acesso em: 1 set. 2011.

2. O petróleo é considerado um dos vilões da agressão ao meio ambiente. A partir dos dados apresentados
graficamente na atividade 1, explique por que hoje existe mais produção de biocombustíveis e maior investimen-
to em pesquisas.

3. Em grupos, façam uma pesquisa sobre as fontes alternativas de energia, indicando seus benefícios ambien-
tais em relação ao petróleo.

4. De que forma o conhecimento químico pode contribuir para a diminuição da dependência em relação ao
petróleo e para diminuir o impacto dos resíduos de seus derivados no meio ambiente?

Após o levantamento das possibilidades de ocorrên-


cia de petróleo em certa região (pros pecção), a extração
é feita por perfurações na crosta terrestre. Quando se
perfura um poço petrolífero, o petróleo jorra espontane-
amente para o exterior, devido à forte pressão exercida
pelos gases do petróleo, principalmente o gás metano.
Depois de algum tempo, a pressão torna-se insuficiente
para levar o petróleo até a superfície terrestre, e a sua
extração passa a ser feita por meio de bombas. Nas cavi-
dades petrolíferas, além do petróleo e de mistura gasosa,
encontramos água salgada.

5. Quais os efeitos ambientais dos acidentes com vazamentos de petróleo em poços submarinos?

A queima de combustíveis contribui para o aumento do efeito estufa – maneira que a Terra tem de
manter a temperatura propícia à vida. A questão sobre o petróleo é que ele retira uma grande quantidade
de carbono armazenado abaixo da crosta e o libera, pela queima, na forma de gás carbônico, contribuindo
para o incremento no efeito estufa.
Isso acontece porque o gás carbônico (CO2), principal gás lançado com a queima de combustíveis fósseis
como resíduo da combustão, fica suspenso na atmosfera, e quando há uma grande concentração desses
gases, ocorre a poluição atmosférica prejudicial à saúde das pessoas e ao meio ambiente, bem como o
14
aumento do efeito estufa que, quando excessivo, acaba elevando a temperatura do planeta.
Sabemos que o CO2 (gás carbônico ou dióxido de carbono) é o gás de maior porcentagem dentre
os gases que causam o efeito, como podemos observar no gráfico a seguir:
Óxidos nitrosos
Ozônio 5%
8%
CFCs
12%

Metano
15% CO2
60%

Como o petróleo é formado por várias moléculas de hidrocarbonetos que, quando queimados no
processo de combustão, liberam gás carbônico e água, cada fração libera quantidades diferentes, por
exemplo, na queima de metano (CH4):
CH4 + 2 O2 → CO2 + 2 H2O
há a liberação de uma molécula de CO2.
Já na combustão do octano (C8H18)
C8H18 + 25/2 O2 → 8 CO2 + 9 H2O
ocorre a liberação de 8 moléculas de CO2.
Agora, imagine todo o gás carbônico produzido pelos seres vivos, pela queima da gasolina dos auto-
móveis, os combustíveis de aviões, de máquinas industriais, além de queimadas, liberação natural, etc.
Parte desse de gás carbônico lançado na atmosfera é absorvido no processo de fotossíntese, que signi-
fica síntese pela energia luminosa (fóton). Na fotossíntese, a energia radiante é capturada e utilizada para
realizar uma reação química de síntese em que se produz glicose e gás oxigênio. Assim, essa energia é
transformada em energia química, armazenada nas ligações químicas da molécula de glicose. A fotos-
síntese, na situação de equilíbrio natural, permite a manutenção adequada do efeito estufa, entretanto,

UNIDADE 1
a emissão excessiva de gás carbônico não pode ser neutralizada apenas por esse processo.
A reação química que ocorre na fotossíntese pode ser esquematizada da seguinte forma:
gás carbônico + água + luz → glicose + oxigênio ou
6 CO2(g) + 6 H2O(l) + energia → C6H12O6(aq) + 6 O2(g)
A utilização de biomassa é considerada uma alternativa para a queima de combustíveis fósseis e
pode colaborar na minimização das emissões, por se tratar de recurso renovável, que utiliza o gás
carbônico que já está na atmosfera, contribuindo diretamente para diminuir as emissões, pelo aumento
no número de plantas, ou indiretamente, pela alimentação dos animais herbívoros.
Pode ser usada em sua forma primitiva como a lenha, resíduos agrícolas (palha de milho, casca de
arroz, bagaço de cana, folhas, etc.), lixo, fezes de animais.

6. A biomassa é uma alternativa, mas não pode ser considerada uma “energia totalmente limpa”. Explique
por que e compare com outras fontes de energia consideradas “limpas”.

Além da biomassa, várias alternativas estão sendo desenvolvidas para a substituição dos combus-
tíveis fósseis com a utilização de materiais renováveis e que agridam menos o meio ambiente. São os
chamados biocombustíveis.

15
QUÍMICA  Carbono: vida e energia

Todas as substâncias encontradas nestes combustíveis são constituídas de moléculas que apresentam
o carbono ligado a outros elementos, principalmente o hidrogênio, oxigênio e o nitrogênio. Quando os
átomos de carbono se ligam entre si, formam as cadeias carbônicas e, nelas, esses átomos se ligam a
outros elementos químicos.
Os alquimistas, quando estavam em busca do “elixir da longa vida” e da “pedra filosofal”, perceberam
que o comportamento químico dos compostos originados de seres vivos era diferente do comportamento
químico dos compostos minerais.
A divisão em Química orgânica e inorgânica foi feita pela primeira vez por Bergmann em 1777, embora
o conhecimento da existência de compostos orgânicos remonte à antiguidade. A divisão feita por Bergmann
dizia que a química orgânica era a química dos compostos existentes nos organismos vivos, enquanto que
a química inorgânica ou mineral era a que estudava todos os demais compostos.
Os compostos orgânicos eram aqueles encontrados ou produzidos nos organismos vivos e os inorgâ-
nicos eram todos os demais
Após muitas tentativas frustradas de obter, em laboratório, compostos orgânicos a partir de compostos
minerais, Jöns Jakob Berzelius propõe a Teoria da Força Vital:
É impossível se obter um composto orgânico a partir de um composto mineral em laboratório. Somente
os seres vivos podem usar as forças vitais existentes no Universo para sintetizar compostos orgânicos.
Em 1828, o alemão Wöhler produziu em laboratório a substância ureia a partir de cianato de amônio
(composto inorgânico).

H
N H

NH4OCN O C
N H
cianato de amônio H
ureia

7. Por que a ureia é considerada composto orgânico?

A partir do declínio da teoria da força vital, a Química orgânica passou a ser definida
como a parte da Química que estuda as substâncias que contêm o elemento carbono.
O desenvolvimento da Química Orgânica fez com que a quantidade de substâncias or-
gânicas conhecidas superasse em aproximadamente dez vezes o número de substâncias
inorgânicas conhecidas.
Podemos definir que os compostos orgânicos e minerais se diferem por suas caracte-
rísticas gerais, ou seja, suas propriedades.

8. A tabela a seguir, possibilita a comparação entre compostos orgânicos e inorgânicos. Pes-


quise as características de cada composto e registre-as na tabela, sendo: para os compostos or-
gânicos, use como exemplo uma fração de gasolina chamada octano (C8H18) e, como composto
inorgânico, o cloreto de sódio (NaCℓ).

16
ORGÂNICOS (C8H18) MINERAIS (NaCℓ)
Tipo de ligação química
Solubilidade em água
Elementos formadores
PF e PE

O Carbono
Estudando as ligações químicas e as valências dos elementos químicos, Friedrich Auguste
Kekulé explicou por que o carbono é o elemento mais importante da química orgânica.
O elemento químico carbono apresenta número atômico igual a 6 e é encontrado no
grupo 14 da classificação periódica.
Devido a sua posição na tabela periódica, o carbono não é altamente eletronegativo
nem eletropositivo, ou seja, não atrai e nem repele elétrons fortemente. Consequentemente,
forma, de modo geral, compostos moleculares, isto é, compostos com ligações covalen-
tes, realiza até quatro ligações químicas (o carbono é tetravalente). Essa característica
do carbono lhe confere o chamado caráter anfótero: o carbono combina-se a átomos
eletropositivos e eletronegativos, e por vezes aos dois.
Ex.: CH4; CCℓ4, em que H é eletropositivo e Cℓ é eletronegativo.
Um átomo de carbono possui, no estado normal, 2 elétrons no primeiro nível eletrô-
nico e 4 no segundo, podendo realizar as seguintes ligações químicas:

C C C C

9. Quantas representações existem para o composto orgânico CH4Cℓ2? Demonstre-as.

UNIDADE 1
É possível ligar vários carbonos entre si, formando longas cadeias de carbono. Cada carbono
a mais na cadeia gera um composto novo, assim como quando se muda a posição de um ou
mais carbonos na cadeia. Isso explica como é possível obter mais de 10 milhões de compostos
orgânicos diferentes, a partir de tão poucos elementos. Os elementos que constituem a grande
maioria dos compostos orgânicos são chamados organógenos e os principais elementos cons-
tituintes são o carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio e, menos frequentemente, enxofre,
fósforo e halogênios (flúor, cloro, bromo e iodo principalmente).
Representação das cadeias carbônicas
As moléculas orgânicas podem ser representadas de diferentes formas, de acordo a
necessidade de visualização requerida. Uma das formas que fornece uma visão da sua
estrutura no plano é a fórmula estrutural exemplificada a seguir:
CH3

H3C CH2 CH2 CH C CH3

CH2 CH3

CH3

17
QUÍMICA  Carbono: vida e energia

Observe que a estrutura plana permite a verificação da realização de quatro ligações


pelo átomo de carbono e a existência de ramificações nessa molécula.
Existem formas mais simples e mais complexas de representação. Alguns aspectos do es-
tudo de Química Orgânica requerem uma ou outra representação. Observe os exemplos:
Representação de bola e bastão:

Este modelo mostra, além da representação espacial, a relação de tamanho entre os


elementos, e vem ganhando força, com a utilização dos computadores.
Representação por desenho tridimensional
H H
H H
H C C
C C H
H H
H H

Este desenho tridimensional típico permite a visualização da disposição espacial das


ligações entre os átomos.
Representação tipo bond line:

Representa a molécula do pentano (C5H12). É a forma mais simples de representação e


requer o conhecimento de alguns detalhes, como: cada extremidade da linha representa
um átomo de carbono; átomos de hidrogênio estão ligados aos de carbono, mas não são
representados; átomos de outros elementos são representados pelo seu símbolo. Veja os
exemplos a seguir:
H H

C C
C Br Br
H
H
H
Representação tridimensional Representação bond line
H H

H C C H

H C C H

H H
Representação plana Representação bond line

10. Observe o conjunto de cadeias carbônicas a seguir e escreva as semelhanças e diferenças


que você encontra entre elas.
a) CH3 — CH2 — CH2 — CH3 e H3C CH CH3
18
CH3
b) CH3 — CH2 — CH2 — CH3 e H3C — CH CH — CH3
c) CH3 — CH2 — CH2 — CH3 e CH3 — CH2 — O — CH2 — CH3
CH2
d) CH3 — CH CH2 e
H2C CH2

OH
O
H3C CH3
e) H3C CH CH3 e

Classificação do carbono
Pela quantidade de compostos orgânicos e pela possibilidade da cadeia carbônica apre-
sentar vários carbonos, é necessário classificá-los para a explicação de certas propriedades.
Assim, há uma nomenclatura específica para os compostos orgânicos. Veja a seguir:
Carbono primário é um átomo de carbono isolado, ou ligado a outro carbono.

1 2 Carbonos 1 e 2
C C
são primários

Carbono secundário é o carbono ligado a dois outros carbonos.

1 2 3 O carbono 2 é secundário
C C C
e os carbonos 1 e 3 são primários

Carbono terciário é o carbono ligado a três outros carbonos.

UNIDADE 1
1 2 3 4
C C C C O carbono 2 é terciário
5
C

Carbono quaternário é o carbono ligado a quatro outros carbonos.

5
C
1 2 3 4
C C C C O carbono 3 é quartenário
6
C

Assim também é com o hidrogênio:


• Hidrogênio primário está ligado a C primário.
• Hidrogênio secundário está ligado a C secundário.
• Hidrogênio terciário está ligado a C terciário.
Os átomos de carbono podem formar diferentes tipos de cadeia, o que determina as
propriedades diferenciadas de certas substâncias. As cadeias carbônicas podem ser clas-
sificadas também. Veja: 19
QUÍMICA  Carbono: vida e energia

Classificação do carbono
I. Cadeias abertas, acíclicas ou alifáticas: quando apresentam pelo menos dois
carbonos primários:
H3C CH CH2 CH3

CH3

Quanto à disposição dos átomos na cadeia, as cadeias abertas podem ser:


Normais
Apresentam apenas carbonos primários e secundários.
Ramificadas
Apresentam carbonos terciários ou quaternários.

Quanto à saturação dos átomos de carbono, as cadeias são classificadas como:


• Saturadas
Apresentam apenas ligações simples entre os átomos de carbono:
• Insaturadas
Apresentam pelo menos uma dupla ou uma tripla ligação entre os átomos de carbo-
no.

Quanto à natureza dos átomos constituintes, as cadeias carbônicas podem ser:


• Homogêneas
Apresentam apenas átomos de carbono, como as vistas até aqui.
• Heterogêneas
Apresentam, além do carbono, pelo menos um átomo de outro elemento (heteroátomo)
entre os carbonos.

II. Cadeias fechadas ou cíclicas


Quando os átomos de carbono formam anéis ou ciclos. As cadeias fechadas são divi-
didas em dois grupos: Alicíclicas e Aromáticas.

Aromáticas:
Quando apresentam o núcleo ou anel benzênico na sua estrutura. Esse anel se encontra
presente na substância benzeno, que possui uma estrutura cíclica formada por um anel
hexagonal insaturado:

20
H

H C C H
ou ou
H C C H

Dependendo do número de núcleos benzênicos, as cadeias aromáticas podem ser:


• Mononucleares:
Apenas um núcleo benzênico.
O
C CH3
OH

• Polinucleares:
Quando apresentam dois ou mais anéis benzênicos.
condensadas
isoladas

• Alicíclicas ou não-aromáticas:

UNIDADE 1
Quando a cadeia não apresenta anel benzênico
H
C
H2C CH2 HC CH2
CH2
H2C CH2
CH2

Quanto à disposição dos átomos de carbono, as cadeias alicíclicas podem ser:


• Normais
Quando o anel não apresenta ramificações:
H2C CH2

HC CH

• Ramificadas ou mistas
Quando o anel apresenta ramificações
H2C CH CH2 CH3

H2C CH2
CH2
21
QUÍMICA  Carbono: vida e energia

Quanto à saturação dos átomos de carbono, as cadeias fechadas podem ser:


• Saturadas
Quando os átomos de carbono do anel apresentam apenas ligações simples:
CH2 CH2 H2C CH2
H2C CH2
H2C CH2
CH2 CH2
O

• Insaturadas
Quando existe pelo menos uma ligação dupla no anel:
H H
HC CH C C
H2C CH2
H2C CH2
C C
CH2 H H

Quanto à natureza dos átomos constituintes, as cadeias fechadas podem ser:


• Homogêneas ou homocíclicas
Quando apenas átomos de carbono constituem o anel:
CH2
H2C CH2 H2C CH2

H2C CH2 H2C CH2

• Heterogêneas ou heterocíclicas
Quando átomos de outros elementos encontram-se presentes no anel:
H2C CH2
O CH3
H2C CH2 N
O
H

11. Existem várias moléculas de solventes e combustíveis utilizados pelas indústrias, que
apresentam a fórmula C5H12. Um técnico precisa comprar um solvente que apresente a maior
quantidade de ramificações possíveis para um determinado processo no seu setor.
• Faça a montagem das possíveis moléculas orgânicas que apresentem a fórmula C5H12 e mar-
que qual será usada pelo técnico.

Nomenclatura de compostos orgânicos


O carbono pode se ligar a outros carbonos, formando cadeias de várias formas e ta-
manhos. Assim, é necessário conhecer a nomenclatura para cada um desses compostos.

22
Para tanto, existe uma sistematização, que indica claramente o nome que cada composto
deve ter.
De acordo com o órgão internacional que regulamenta o estudo e a pesquisa química (a
IUPAC — International Union of Pure and Applied Chemistry, a União Internacional de Quí-
mica Pura e Aplicada), os nomes dos compostos orgânicos são divididos em dois grupos:
Nomes sistemáticos (oficiais) e substitutivos (usuais).
Para a nomenclatura sistemática, os nomes são divididos em três partes:

NOME

RAIZ SATURAÇÃO TERMINAÇÃO


Número de Função a que pertence
carbonos Tipos de ligação
o composto
entre os carbonos

met- 1C ligação -o Só C e H (HC)


-an- hidrocarboneto
simples
et- 2C
ligação -ol álcool C OH
prop- 3C -en-
dupla

but- 4C ligação
O
-in- -al aldeído C
tripla
pent- 5C H
duas O
-dien- ligações ácido
hex- 6C -oico C
duplas carboxílico
OH
hept- 7C O
-ona cetona
oct- 8C C

UNIDADE 1
R1 R2
non- 9C

dec- 10C

Regras de nomenclatura
I. Compostos não ramificados
Nestes compostos, procede-se da seguinte forma:
• Observa-se qual é o grupo funcional. (Função – terminação).
• Observa-se o tipo de ligações entre carbonos.
• Conta-se o número de carbonos.
• Se o composto for cíclico, antes do nome aparecerá a palavra ciclo.
• Se for necessária a localização do grupo funcional ou insaturações, a numeração
deverá iniciar da extremidade mais próxima do grupo funcional, se não houver
ou estiver equidistante, a numeração deve iniciar da extremidade mais próxima
da insaturação.
• Sempre obter os menores números possíveis.

23
QUÍMICA  Carbono: vida e energia

12. Dê a nomenclatura para os compostos a seguir, baseando-se nas regras supracitadas:


a) CH4 (hidrocarboneto), encontrado em grande quantidade no gás natural.
b) CH3 — OH (álcool), usado na produção de biodiesel, no preparo de medicamentos, na in-
dústria de plásticos.
c) CH2 CH2 (hidrocarboneto), matéria prima para a fabricação de plásticos.
d) CH2 CH — CH3 (hidrocarboneto), usado na produção do polipropileno (plástico usado na
fabricação de peças de automóveis, brinquedos, tapetes, garrafas plásticas, entre outros).
O

e) CH3 C CH3 (cetona), solvente usado para a remoção de esmalte.

f) CH3 — CH2 — CH2 — CH3 (hidrocarboneto), usado no GLP (gás liquefeito do petróleo).
g) CH2 CH — CH CH2 (hidrocarboneto), usado na síntese de borracha artificial.
h) CH2 CH — CH2 — CH3 (hidrocarboneto), usado na síntese de borracha e plásticos.
i) CH2 CH — CH CH2 (hidrocarboneto), usado na fabricação de borracha sintética, acrí-
lico e aparece como impureza na gasolina.
CH2 CH2
j) (hidrocarboneto), usado como combustível.
CH2 CH2

k) CH3 — CH2 — CH2 — CH2 — OH (álcool), usado na fabricação de aromatizantes.


O

l) (cetona), ingrediente importante em perfumaria.

Compostos ramificados
Para nomenclatura de compostos ramificados, é necessário conhecer primeiramente a
denominação da ramificação, que será chamada de substituinte orgânico.
Será usada a regra descrita anteriormente, com a terminação “il”.
Os substituintes orgânicos estudados no Ensino Médio são os monovalentes e alguns
divalentes. Os mais importantes são mostrados a seguir.
Alquilas
São substituintes orgânicos que apresentam uma valência livre no carbono da cadeia
aberta. São eles:
Metil
CH3 —
Etil
CH3 — CH2 —
Propil, que tem duas possibilidades de ocorrência:
n-propil ou propil
CH3 — CH2 — CH2 —

24
iso-propil
H3C CH CH3

Butil, com quatro possibilidades:


n-butil ou butil
CH3 — CH2 — CH2 — CH2 —

sec-butil ou s-butil
H3C CH2 CH CH3

terc-butil ou t-butil

H3C C CH3

CH3

isobutil
H3C CH CH2

CH3

Benzil

CH2

Os prefixos que apareceram significam:


n → cadeia normal com a valência na extremidade.

UNIDADE 1
iso → simetria do grupo:
H3C CH CH3

Completa-se a cadeia com a quantidade de grupos CH2 necessários para a quantidade


de carbonos que o substituinte necessita, com a valência na extremidade.
sec → valência em carbono secundário. Somente para quatro carbonos.
terc → valência em carbono terciário. Somente para quatro carbonos.
Arilas
São substituintes orgânicos que apresentam uma valência livre no carbono de uma
cadeia aromática, sendo o principal:
fenil

Sistemática para a nomenclatura dos compostos orgânicos:


Determinar a cadeia principal:
• É a mais longa sequência possível de átomos de carbono.
• Deve possuir o grupo ou grupos funcionais e as insaturações.
25
QUÍMICA  Carbono: vida e energia

• Deve ser a mais ramificada possível.


Numerar a cadeia principal:
• Esta numeração inicia da extremidade mais próxima ao grupo funcional, insaturação
ou insaturações, ou do substituinte orgânico mais simples.
Dar os nomes aos substituintes orgânicos:
• Os substituintes orgânicos serão todos os grupamentos de carbono que ficarem
fora da cadeia principal.
Regras adicionais:
• Para indicar mais de uma vez um mesmo substituinte orgânico usaremos di para 2
vezes, tri para 3 vezes, tetra para 4 vezes, penta, hexa, e assim por diante.
• Se existirem dois ou mais substituintes orgânicos diferentes, inicia-se a numeração
pela extremidade mais próxima de um deles, de tal maneira que sempre usemos
o menor número.
• Para indicar no nome dois ou mais substituintes orgânicos diferentes, escrevemos
em ordem alfabética. Assim temos butil antes de etil, antes de metil, antes de
propil.
Nome da cadeia principal
• Número de C + Saturação + Terminação.
A localização do grupo funcional se faz de maneira idêntica dos radicais.
Observe o composto a seguir:
H3C CH2 CH2 CH CH3

CH2

CH2

Separe a cadeia principal. Essa é a maior sequência de carbonos que podemos obter.
Pode-se seguir qualquer sentido, mas nunca voltar pelo caminho que já se percorreu.

H3C CH2 CH2 CH CH3

CH2

CH2

Os grupamentos que ficaram de fora da cadeia principal são chamados substituintes


orgânicos.

H3C CH2 CH2 CH CH3

CH2

CH2

Numere a cadeia principal para indicar a posição dos substituintes orgânicos ligados a ela.
Inicie a numeração pela extremidade mais próxima do radical.

26
6 5 4 3
H3C CH2 CH2 CH CH3

CH2 2

CH2 1

Para compor o nome, deve-se descrever o que se observou:


1 substituinte orgânico metil, ligado ao carbono de posição 3, de uma cadeia principal
que tem seis carbonos, apenas ligações simples entre carbonos, e é um hidrocarboneto
(ou seja, tem apenas C e H em sua composição). Assim:
3-metil-hexano

Outro exemplo:
OH

H3C CH CH2 CH CH3

CH3

Seleção da cadeia principal: maior sequência de átomos de carbono.


OH

H3C CH CH2 CH CH3

CH3

Numeração: a partir da extremidade mais próxima da função.

UNIDADE 1
OH
5 4
H3C CH CH2 CH CH3
3 2 1
CH3

Nomenclatura: indicar os substituintes orgânicos, cadeia principal e posição da fun-


ção. Nome:
4-metil-pentan-2-ol

Funções orgânicas
São moléculas que apresentam agrupamentos de átomos com características próprias
que dão propriedades físico-químicas diferentes de outras moléculas.
Por exemplo: os hidrocarbonetos são moléculas que apresentam apenas carbono e
hidrogênio.
Hidrocarbonetos
Os hidrocarbonetos se dividem em aromáticos – possuem anel benzênico – e os ali-
fáticos – não possuem anel benzênico.
Os hidrocarbonetos alifáticos são classificados em:

27
QUÍMICA  Carbono: vida e energia

• Alcanos: hidrocarbonetos abertos que possuem apenas ligações simples entre os


carbonos – infixo “an”.
• Alcenos ou alquenos: hidrocarbonetos abertos que possuem uma dupla ligação
entre os carbonos – infixo “en”.
• Alcinos ou alquinos: hidrocabornetos abertos que possuem uma tripla ligação entre
os carbonos – infixo “in”.
• Alcadienos: hidrocarbonetos que possuem duas duplas ligações entre carbonos –
infixo “dien”.
• Ciclanos: hidrocarbonetos cíclicos que possuem apenas ligação simples entre os
carbonos – prefixo ciclo e infixo “an”.
• Ciclenos: hidrocarbonetos cíclicos que possuem dupla ligação entre os carbonos
- prefixo ciclo e infixo “en”.
O petróleo é composto quase que totalmente por hidrocarbonetos e representa a
principal fonte desses compostos. Muitos dos compostos derivados têm como principal
função fornecer energia para movimentar máquinas, na realização de trabalho ou geração
de eletricidade.
O petróleo é a principal fonte energética da atualidade e que movimenta a econo-
mia global. Porém, em sua forma bruta, não apresenta muitas finalidades. É necessário
enviá-lo às refinarias, onde será separado em suas frações, pelo processo da destilação
fracionada.
As principais frações são mostradas a seguir:

• Gás do petróleo: usado para aquecer, cozinhar, fabricar plásticos. São compostos de
cadeias curtas (de 1 a 4 átomos de carbono), conhecidos pelos nomes de metano,
etano, propano e butano, e que são obtidos na faixa de ebulição abaixo de 40°C.
Dessa fração, preferencialmente o propano (C3) e butano (C4) são liquefeitos sob
pressão, para criar o GLP (gás liquefeito de petróleo).
28
• Nafta: fração intermediária, que irá passar

[S.I.]/commons.wikimedia.org
por mais processamento para produzir ga-
solina. A nafta é uma mistura de alcanos,
de 5 a 9 átomos de carbono. Sua faixa de
ebulição é de 60ºC a 100°C.
• Gasolina: combustível de motores. É líqui-
do e se compõe de uma mistura de alca-
nos e cicloalcanos (de 5 a 12 átomos de
carbono). Tem faixa de ebulição de 40ºC
a 205°C.
• Querosene: combustível para motores de
jatos e tratores, além de ser material ini- DESDOBRAMENTO
cial para a fabricação de outros produtos Acidentes ambientais –
líquidos. É composto de uma mistura de derramamento de petróleo
alcanos, com 10 a 18 carbonos, e aromá-
Os derramamentos de petróleo no mar são causados
ticos. Tem faixa de ebulição entre 175ºC principalmente por acidentes com petroleiros (navios
a 325°C. que transportam petróleo) e naufrágios, plataformas
• Gasóleo ou diesel destilado: usado como de petróleo que explodem e afundam, gerando
vazamentos, e pela limpeza dos tanques de estocagem
diesel e óleo combustível, além de ser um
(reservatórios) dos navios, que é jogada diretamente no
intermediário para fabricação de outros oceano.
produtos líquidos. Formado por alcanos
Mas não só no mar acontece esse tipo de acidentes.
contendo 12 ou mais átomos de carbo-
Pode ocorrer uma ruptura de um oleoduto ou
no. Sua faixa de ebulição é de 250 ºC a explosões nas refinarias, falhas nos equipamentos,
350°C. erros humanos ou até mesmo ser provocados de forma
• Óleo lubrificante: usado para óleo de mo- deliberada, como aconteceu durante a Guerra do Golfo.
Em terra, os riscos são bem menores do que na água,
tor, graxa e outros lubrificantes líquidos.
porque o óleo afeta áreas localizadas. O perigo é que
Composto de cicloalcanos e aromáticos muitas vezes atinge fluxos de água, o que aumenta em
de cadeias longas, de 20 a 50 átomos de muito o problema ambiental.
carbono. Tem faixa de ebulição de 300ºC No Brasil, ocorreram dois grandes acidentes envolvendo
a 370°C.

UNIDADE 1
vazamento de petróleo. Um deles ocorreu na baía de
• Petróleo pesado ou óleo combustível: usa- Guanabara, no Rio de Janeiro, quando o rompimento
de um oleoduto lançou milhares de litros de petróleo.
do como combustível industrial, também
O outro foi na Refinaria Presidente Getúlio Vargas, em
serve como intermediário na fabricação
Araucária, no Paraná, a 24 quilômetros de Curitiba: um
de outros produtos. Formado por alcanos vazamento de cerca de 4 milhões de litros de petróleo,
líquidos, cicloalcanos e aromáticos de ca- cuja mancha de óleo atingiu o rio Barigui, afluente do Rio
deia longa, de 20 a 70 átomos de carbono. Iguaçu, posteriormente chegando até o próprio Iguaçu.
Apresenta faixa de ebulição de 370ºC a Quando o petróleo é jogado ao mar, ele forma uma
600°C. extensa mancha na superfície, que é chamada maré
negra. As correntes marítimas espalham o óleo,
• Resíduos: coque, asfalto, alcatrão, breu,
contaminando grandes áreas, o que pode chegar a
ceras, além de ser material inicial para afetar as praias e zona costeira. Esse óleo bloqueia os
fabricação de outros produtos sólidos. É raios solares, impedindo-os de penetrar na água do
formado por compostos com vários anéis, mar além da superfície, o que bloqueia a fotossíntese
com 70 átomos de carbono ou mais. Sua das algas, que são a base da cadeia alimentar hídrica.
faixa de ebulição está acima de 600°C. Com isso, ocorre proliferação exagerada de organismos
anaeróbicos, por eutrofismo, que acaba devastando a
FREUDENRICH, Craig C., Ph.D. Como funciona o refino de petróleo
Comotudofunciona (HowStuffWorks). 4 jan. 2001. (Atualizado
fauna e a flora marinha e prejudica as trocas gasosas
em: 1 maio 2008). Disponível em: <http://ciencia.hsw.uol.com.br/ da atmosfera com a água. Além disso, afeta também
refino-de-petroleo2.htm>. Acesso em: 2 set. 2011. (Adaptado). as aves, que ficam com as penas recobertas de óleo,
não conseguindo voar nem regular sua temperatura
em relação ao ambiente, e morrem a seguir. O mesmo
ocorre com os mamíferos marinhos, posteriormente.
FREEDMAN, B. Enviromental Ecology: The ecological effects of
polution disturbance and other stresses.1995. (Traduzido e adaptado).

29
QUÍMICA  Carbono: vida e energia

13. Uma das frações da destilação fracionada do petróleo é a gasolina. Contudo, a porcenta-
gem de gasolina obtida é em torno de 15%. Como a demanda de gasolina é muito maior do que
as outras frações, o que é feito na indústria petroquímica para aumentar esta quantidade? Faça
uma pesquisa para responder a essa pergunta.

Assim como o petróleo, o gás natural é um combustível fóssil que se encontra na


natureza. Foi formado em bolsões no subsolo, como o petróleo, pela decomposição
da matéria orgânica, normalmente em reservatórios profundos. Sua composição varia
bastante, dependendo do local onde foi produzido, porém a maior parte são hidro-
carbonetos simples, com até quatro carbonos (de metano a butano). É retirado por
perfurações e pode estar:

• associado ao petróleo, isto é, dissolvido nele; ou


• não associado, encontra-se livre de óleo ou apresenta pequena quantidade deste
componente.
O gás natural é inodoro, incolor e de queima mais limpa que os demais combustíveis,
sendo resultado da combinação de hidrocarbonetos gasosos, em condições atmosféricas
normais de pressão e temperatura, contendo, principalmente, metano e etano, segundo
a tabela abaixo:

Composição típica do gás


Componente (%) Volume
Metano 88,82
Etano 8,41
Proprano 0,55
Nitrogênio 1,62
Dióxido de carbono 0,60
Para ser distribuído por gasodutos, o gás natural passa por processamentos para a retirada
de impurezas como água, outros gases e areia, além de componentes condensáveis e mais
pesados, como gasolina natural e o gás liquefeito do petróleo (GLP ou “gás de cozinha”).
O Brasil possui amplas reservas de gás natural, mas ainda importa muito da Bolívia.

14. Descreva quais são as vantagens e desvantagens do uso do gás natural, comparado ao
petróleo.

30
15. O descarte e derramamento de óleo no mar vem ocorrendo desde o século XIX. Interna-
cionalmente, o primeiro grave acidente registrado foi com o navio Torrey Canyon (1967), com
123 000 toneladas de óleo derramadas na costa do Reino Unido. No Brasil, o primeiro grave
episódio ocorreu com o navio Takimyia Maru (1974), no Canal de São Sebastião, Litoral Norte de
São Paulo, com 6 000 toneladas vazadas, embora o primeiro registro oficial seja o do Brazilian
Marina (1978), no mesmo local, com o mesmo volume.
Em 20 de abril de 2010, no Golfo do México, ocorreu a explosão da plataforma Deepwater Ho-
rizon, lançando milhões de litros de petróleo ao mar, matou 11 pessoas e causou um grande
acidente ecológico. O vazamento de grande quantidade de petróleo só não causa maiores pre-
juízos para o ambiente devido aos métodos de combate aos vazamentos. Faça pesquisa para
responder às questões propostas:
a) Diante da iminência da liberação do óleo no meio, surge a necessidade de adotar medidas pre-
ventivas, corretivas e punitivas visando à segurança humana e à proteção ambiental. Descreva,
pelo menos, uma medida de cada grupo.
b) Nem todos os vazamentos de óleo no ambiente marinho causam o mesmo dano ambiental.
Entende-se que há uma série de fatores que influenciam a gravidade do dano. Identifique-os e
descreva-os.

O petróleo é formado por várias substâncias,


DESDOBRAMENTO
entre elas predominam os hidrocarbonetos, com-
postos formados por carbono e hidrogênio. Octanagem: Mais compressão,
melhor desempenho.
Alguns hidrocarbonetos são de extrema impor-
tância para a sociedade, e são usados como matéria- A octanagem está relacionada ao índice de isoctanos
(C8H18) da gasolina. O índice faz relação de equivalência à
prima e como combustível. Os principais são:
resistência de detonação de uma mistura percentual de
• Metano: é um gás incolor, inodoro e al- isooctano (2,2,4 trimetilpentano) e n-heptano.
tamente inflamável. É o principal compo- Assim, uma gasolina de octanagem 87 apresenta
nente do gás natural. Também é produto da resistência de detonação equivalente a uma mistura de
fermentação dos resíduos (gás do lixo) em 87% de isoctano e 13% de n-heptano.
biodigestores. Formado nas minas de carvão

UNIDADE 1
mineral, é chamado de gás grisu. GNV (Gás
Natural Veicular) é a terminologia utilizada
para o gás natural usado como combustí-
vel em veículos automotores. Comparando
com outros combustíveis, o GNV apresenta
uma série de vantagens. Além da economia
proporcionada, de até 65% em relação ao
combustível original, sua combustão libera
menos poluentes para a atmosfera.
• Propano: é um gás incolor, inodoro e al-
tamente inflamável. Misturado ao butano,
compõe o GLP (gás liquefeito de petróleo)
ou gás de cozinha.
• Gasolina: é um combustível constituído
basicamente por hidrocarbonetos alcanos
(normalmente cadeias de 5 a 12 átomos de
carbono). Na gasolina vendida nos postos
de combustíveis são encontrados, além dos Quanto maior a porcentagem de octano, maior será sua
hidrocarbonetos, produtos oxigenados, em resistência à compressão sem que ocorra a detonação, ou
menor quantidade, e também compostos de autoignição, o que garante maior desempenho aos motores.
enxofre, nitrogênio e compostos metálicos, ALVES, Líria. Número de Octanagem de combustíveis. Brasil Escola. 2002-
2010. Disponível em: < http://www.brasilescola.com/quimica/numero-
todos eles em baixas concentrações. octanagem-combustiveis.htm>. Acesso em: 2 set. 2011. (Adaptado).
31
QUÍMICA  Carbono: vida e energia

• Eteno: é um gás usado no amadurecimento de frutas, produção de etanol, como


anestésico moderado e também como matéria prima no processo chamado de po-
limerização (reação que reúne várias moléculas em uma cadeia longa), no qual o
produto obtido é o polietileno, plástico de ampla utilização na indústria, comércio
e nas residências. O polietileno apresenta inúmeras aplicações, quer como material
de embalagem impermeável à água, ou em garrafas, materiais isolantes, protetores
da corrosão, brinquedos, cabos elétricos, canalizações, entre outras.
• Etino: também chamada de acetileno é um gás inflamável. Constitui a chama
obtida nos maçaricos, que pode alcançar a temperatura de 2 800°C.

[S.I.]/newtools.com.br
• 2-metil-buta-1,3-dieno: também chamado de isopreno (nome comercial) é o
principal constituinte da borracha natural, e o buta-1,3-dieno, das borrachas
sintéticas. Quando a palavra butadieno é usada, na maioria das vezes refere-se
ao isômero 1,3-butadieno.
• Ciclopropano: usado como anestésico potente.
• Ciclenos: são hidrocarbonetos cíclicos que apresentam uma dupla ligação na
cadeia cíclica.
Algumas plantas medicinais podem conter ciclenos. Por exemplo, o alecrim, que
é utilizado no combate de estresse, falta de apetite e distúrbios intestinais.

16. Monte as fórmulas dos hidrocarbonetos que aparecem no texto acima, e encontre diferenças quanto ao tipo
de ligação e o formato da cadeia em suas estruturas.

17. Qual é a diferença entre a borracha natural e a sintética?

Compostos Aromáticos
H H
O termo aromático refere-se ao aroma agra-
dável de que muitos dos derivados do benzeno
C C são dotados, apesar de existirem alguns inodoros
H H H H
C C C C
e até outros de cheiro desagradável.
Os aromáticos são hidrocarbonetos, sendo o
C C C C benzeno sua unidade básica. A molécula de ben-
H C H H C H zeno possui seis átomos de carbono dispostos em
anel, e a maneira convencional de representar
H H a fórmula atribui à molécula ligações alterna-
damente simples e duplas. Contudo, o benzeno
comporta-se como se todas as suas ligações carbono–carbono fossem equivalentes, tendo ligações especiais,
características de todos os compostos aromáticos. Esse fenômeno chamado de ressonância ocorre quando
um composto pode ser representado por duas ou mais fórmulas estruturais, apresentando a mesma posi-
ção para os núcleos dos átomos, diferindo apenas pela posição dos elétrons que fazem parte da ligação
e podendo resultar em um híbrido, que é a combinação de todas as possíveis estruturas que descrevem
o composto.
32
Atualmente, o petróleo é a principal fonte de compostos aromáticos.
Aplicações dos compostos aromáticos
• Benzeno: como fluido hidráulico resistente ao fogo para máquinas e aeronaves; e
também como fluidos dielétricos de refrigeração para equipamentos eletrônicos
(importante em mísseis, radares e aviões a jato).

benzeno

• Tolueno: presente nas colas, gasolinas, solventes, agentes de limpeza, entre outros.
É também utilizado como produto químico iniciador de reação, na síntese de outros
produtos químicos orgânicos, tais como o uretano, poliuretano e benzeno.

CH3

tolueno

• Naftaleno: vulgarmente chamado de naftalina. Constitui-se de dois anéis benzênicos,


que têm dois átomos de carbono em comum, ou seja, núcleos condensados.
Divulgação

naftaleno

UNIDADE 1
Há muitos outros hidrocarbonetos aromáticos condensados, como o antraceno (usado
para produzir antraquinona, produto básico para muitos corantes como a alizarina) e o
fenantreno (irritante da pele).

fenantreno antraceno

A fumaça do cigarro é rica em compostos aromáticos cancerígenos, tais como benzeno,


benzopireno, antraceno, fenantreno, tolueno entre outros.

Benzopireno
33
QUÍMICA  Carbono: vida e energia

Esse composto é formado na combustão da hulha e do tabaco, e pode ser o fator que
relaciona o ato de fumar com o câncer de pulmão, laringe e boca.
O benzopireno, e também outros aromáticos, podem ser encontrados em carnes gre-
lhadas sobre carvão (churrasco) e em peixes defumados.
O benzopireno é tão carcinogênico que pode provocar câncer em cobaias (ratos) pelo
simples contato de uma região do corpo do animal.

18. Todos os compostos aromáticos apresentam alta toxidade, provocam câncer ou algum
tipo de mudança teratogênica? Justifique sua resposta.

19. Considerando as ideias dos dois textos a seguir, construa uma tabela com as vantagens e
desvantagens da utilização do carvão vegetal ou do mineral como fonte de energia na produ-
ção do aço.

Condições para a sustentabilidade da produção de carvão


vegetal para fabricação de ferro-gusa no Brasil
A sustentabilidade da produção de carvão vegetal para fabricação de ferro-gusa
depende da reposição da madeira utilizada para a fabricação de carvão, oriunda tanto de
florestas plantadas quanto de florestas nativas (tornando-se, por sua vez, um problema
ambiental a ser superado). A possibilidade de se utilizar um insumo sem desembolso
imediato (florestas tropicais, madeiras do cerrado e outras madeiras oriundas de matas
nativas) acaba por gerar vantagens competitivas insustentáveis ou ilusórias na cadeia
produtiva do ferro-gusa, com base em carvão vegetal. Em países com baixa capacidade
de regulação e de monitoramento da conformidade das cadeias produtivas e abundância
de florestas, como o Brasil, a questão se agrava. O ferro-gusa é uma liga de ferro-carbono
utilizada como insumo na produção de aço. Em usinas integradas (via altos-fornos),
utiliza-se o coque como combustível e redutor para a sua produção. [...]
VITAL, Marcos Henrique Figueiredo; PINTO, Marco Aurélio Cabral. Condições para a sustentabilidade da produção de
carvão vegetal para fabricação de ferro-gusano Brasil. BNDES Setorial 30, set. 2009, p. 237-297. Disponível em: <http://www.
bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/bnset/set3006.pdf>. Acesso em 3
nov. 2011.

Carvão mineral
O carvão mineral é um combustível de origem fóssil resultante da transformação química
do soterramento de troncos, raízes, galhos e folhas de árvores, sendo que esse processo leva
milhões de anos para se desenvolver. O tempo e as condições (pouco oxigênio, pressão da
terra, altas temperaturas, etc.), que esses vegetais ficam depositados, favorecem a formação
de uma massa negra homogênea, denominada jazida de carvão mineral. [...] Os maiores
produtores mundiais dessa fonte de energia são a Federação Russa, Estados Unidos, China
e Canadá, respectivamente. No Brasil, existem pequenas reservas de carvão mineral, que se
localizam nos estados da Região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Porém,
por ser um combustível não renovável, o carvão irá exaurir-se na natureza e, de acordo com
a AIE, caso se mantenha o ritmo de consumo das últimas décadas, esse fenômeno ocorrerá
em menos de 200 anos.
Ainda hoje, o carvão mineral é bastante utilizado e a sua queima para obtenção de energia
gera vários problemas de ordem ambiental, pois durante esse processo ocorre a liberação de
dióxido de carbono, causando a poluição atmosférica, intensificando o efeito estufa e contri-
buindo para a ocorrência de chuvas ácidas. Outros agravantes são os descartes de resíduos
sólidos, poluição térmica e os riscos durante sua exploração nas jazidas.
FRANCISCO, Wagner de Cerqueira e. Carvão Mineral. Brasil Escola. On-line [20--].

34
Classificação do carvão mineral
Os grandes produtores mundiais de carvão mineral são os Estados Unidos, China, Cazaquistão, Rússia,
Polônia, Índia, Alemanha, Austrália e África do Sul.
O carvão mineral pode ser classificado pela quantidade de carbono, a qual depende do tempo decorrido
no processo de fossilização, podendo ser:
• turfa, que apresenta aproximadamente 60% de carbono.
• linhito, com aproximadamente 70% de carbono.
• hulha, que tem aproximadamente 80 a 85% de carbono.
• do tipo antracito, que apresenta aproximadamente 90% de carbono.
No Brasil, há jazidas de hulha.
A hulha, além de ajudar na produção de energia elétrica em termelétricas, é fonte de matérias-primas para
a indústria, pois, ao ser aquecida, em presença de ar, a 1 200°C, produz, por pirólise, quatro frações:
a) Gás de iluminação (gás de rua).
b) Águas amoniacais.
c) Alcatrão de hulha.
d) Coque.
Uma fração importante do alcatrão da hulha é pertencente à função orgânica dos fenóis que, por
definição, são compostos que apresentam um ou mais grupos hidroxilas (-OH) ligados diretamente a um
anel aromático.
OH

UNIDADE 1
[S.I.]/luarrepresentacoes.com.br

Fenol
Os compostos fenólicos são limitadamente solúveis em água, sólidos, inco-
lores, apresentam caráter ácido e são tóxicos. Essa característica ácida é devido
à presença do hidrogênio na hidroxila. O grupo se desprende por ionização
quando entra em contato com a água e torna a solução mais ácida.
Um exemplo de aplicação de fenóis está no bactericida e fungicida cha-
mado de creolina, descoberta por volta de 1870, é uma mistura de fenóis,
muito usada no campo, para a limpeza do local de ordenha das vacas e como
desinfetante, sendo também usado na indústria, na fabricação de perfumes,
resinas, vernizes, tintas, adesivos, cosméticos, corantes e explosivos.

20. Os principais componentes da madeira encontram-se, em média, nas seguintes percentagens: carbono
(50%); hidrogênio (6%); oxigênio (45%); nitrogênio (1%). Além desses elementos, encontram-se também, em pe-
quena quantidade, cálcio (Ca), potássio (K), e magnésio (Mg). Na análise dos componentes da madeira, estão
presentes as macromoléculas orgânicas, constituintes da parede celular, denominadas celulose, polioses (hemice-
luloses) e ligninas. Explique de que maneira o carvão é obtido, a partir da madeira e seus componentes orgânicos,
para ser utilizado como matriz de fonte energética em todo o mundo.

35
QUÍMICA  Carbono: vida e energia

Celulose Polioses Ligninas

21. Quais são as desvantagens do uso do carvão para a produção de energia elétrica?
• Por que há países que têm sua matriz energética dependente do carvão?

O Brasil, principalmente nos anos 70, para minimizar os efeitos da crise do petróleo,
elaborou e aplicou o Pró-Álcool ou Programa Nacional do Álcool, que buscava substituir
os derivados do petróleo por álcool, principalmente motivado pelas crises do petróleo de
73 e 79, diminuindo com isso a dependência externa do óleo.
Em 1986, praticamente todos os carros fabricados no país usavam o álcool como
combustível.
Na década de 1990, começou uma retração no mercado do uso de álcool, motivado
pela baixa do mercado internacional do petróleo e a retirada dos subsídios fornecidos pelo
governo brasileiro. Em 2003, o uso do álcool novamente entrou em destaque na economia
brasileira, com a tecnologia dos motores flex. Com esse tipo de motor, o carro pode ser
abastecido tanto com gasolina, álcool ou qualquer mistura dos dois combustíveis. Nos
dias atuais, a opção flex já está disponível em quase todos os modelos de automóveis,
motos e camionetes produzidos no país.

22. Experimento. Fabricação de álcool etílico (etanol). Realize a prática a seguir e descreva as
suas observações na sequência em que o procedimento foi realizado, de forma objetiva e clara.

Materiais
• 100 gramas de açúcar, 2 colheres de chá (ou medida de 2,5 mL), 2 colheres de sopa ou me-
dida de 10 mL, 6 béqueres de 250 mL (ou copos de vidro), farinha de trigo (100 g), fermento
biológico, banho de gelo ou geladeira.

Procedimento
• Em um béquer, coloque 30 g de fermento biológico e 120 mL de água. Mexa bem.
• Numere 5 béqueres e em cada um adicione 20 mL da suspensão de fermento, preparada
no item anterior.

36
Adicione:
• No béquer 1: 2 colheres de chá de farinha de trigo e homogeneíze. Após 15, 30 e 40 minutos,
agite suavemente a mistura. Anote suas observações.
• No béquer 2: 2 colheres de chá de açúcar e homogeneíze. Após 15, 30 e 40 minutos, agite
suavemente a mistura. Anote suas observações.
• No béquer 3: 2 colheres de chá de açúcar e 2 colheres de chá de farinha de trigo e homoge-
neíze. Após 15, 30 e 40 minutos, agite suavemente a mistura. Anote suas observações.
• No béquer 4: 2 colheres de chá de açúcar e 2 colheres de chá de farinha de trigo , homoge-
neíze e imediatamente coloque no congelador ou banho de gelo. Após 15, 30 e 40 minutos,
agite suavemente a mistura. Anote suas observações.
• No béquer 5: adicione apenas 20 mL da mistura de fermento (elaborada no início da experi-
ência). Após 15, 30 e 40 minutos, agite suavemente a mistura. Anote suas observações.
Observação: as misturas dos cinco béqueres deverão ser preparadas simultaneamente.

23. Cite algumas aplicações da fermentação na vida cotidiana e explique qual é a diferença
entre fermento químico e biológico.

Álcoois
O álcool, do árabe al-kohul, significa líquido. É uma classe de compostos orgânicos
que possui na sua estrutura um ou mais grupos de hidroxilas (-OH), ligados a carbonos
saturados.
No Brasil, é um velho companheiro e representa para os economistas a independência
do mercado externo de combustíveis, à base de petróleo. Para os cientistas e ambientalistas
é o chamado combustível verde.
O álcool foi uma solução brasileira como alternativa ao petróleo. O Pró-Álcool, projeto
criado pelo governo na década de 70, como incentivo à produção desse combustível, promoveu

UNIDADE 1
incentivos fiscais que reduziram impostos para a compra de veículos movidos a álcool.
Etanol (álcool etílico) é o mais comum dos álcoois e caracteriza-se por ser um composto
orgânico, obtido principalmente por meio da fermentação de amido e outros açúcares,
como a sacarose existente na cana-de-açúcar e no milho, podendo também ser obtido
mediante processos sintéticos, por exemplo, a hidratação do etileno.
H2SO4
C2H4 + H2O → CH3CH2OH
É um líquido incolor, volátil, inflamável, solúvel em água, com cheiro e sabor carac-
terísticos.
MATOS, Eduardo Henrique da S. F. Dossiê técnico: Etanol. Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT/Centro de Apoio ao
Desenvolvimetno Tecnológico UnB. Brasília, dez. 2007.

24. Classifique os álcoois em primários, secundários ou terciários, considerando o carbono


ligado à hidroxila. CH3

a) CH3 — CH2 — CH2 — OH c)


CH3 CH2 C CH3

OH

CH3 CH2 CH CH3 d) CH3 CH2 CH CH2 OH


b)
OH CH3
37
QUÍMICA  Carbono: vida e energia

OH CH2 — OH
e) f)

Nomenclatura IUPAC
A nomenclatura de álcool segue as mesmas regras estabelecidas para os hidrocarbonetos, com a
diferença de que, para os álcoois, o sufixo é “-ol”, para indicar o grupo funcional –OH, e a posição
das hidroxilas deve ser indicada:
CH3 — OH CH3 — CH2 — OH
met + an + ol et + an + ol
IUPAC metanol etanol
Nome comum álcool metílico álcool etílico

Álcoois com uma hidroxila são chamados de monoálcoois e os que possuem mais de uma hidroxila,
de poliálcoois. A quantidade de hidroxilas é indicada pelos sufixos diol, triol, etc.
O álcool com três hidroxilas mais conhecido é a glicerina, que tem ampla aplicação: como emul-
sificante, amaciante, plastificante, estabilizante e umectante em pães, sorvetes e tabaco; em loções
para a pele, cosméticas e farmacêuticas; como meio de proteção para o congelamento de células
sanguíneas, esperma, córneas e outros tecidos; em tintas de impressão, gomas e resinas em tintas e
revestimento; como matéria-prima para nitroglicerina entre outros.
CH2 CH CH2

OH OH OH

Propano-1,2,3-triol, glicerina ou glicerol

25. Qual é a diferença, estrutural e de fórmulas, entre um fenol e um álcool?

CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Novos combustíveis começam a fazer parte do dia a dia dos brasileiros
Diesel de cana-de-açúcar está entre as novidades em
projeto no país.
Divulgação

Óleo da batata frita de lanchonetes de fast food vira


combustível para caminhões.
Já familiarizados com o biodiesel e o etanol, agora
os brasileiros começam a entrar em contato com novas
matrizes energéticas verdes no dia a dia. Entre as mais
recentes inovações nesse campo, que são colocadas em
prática em projetos-piloto no país, estão o diesel de
cana-de-açúcar e o óleo de cozinha usado.
Uma grande rede de lanchonetes no Brasil decidiu
trocar a produção de sabão pela do biodiesel, a partir dos 3 milhões de litros de óleo de cozinha
utilizados na fritura de frango empanado e batatas todo ano, sendo que o potencial, quando
expandir para todas as lojas, será de 2 milhões de litros de biodiesel por ano. Isso significa quase
a metade da demanda por combustível da frota, de 5 milhões de litros de diesel por ano.

38
A maioria dos caminhões em circulação com o combustível é abastecida com B5 (mistura de 5%
de biodiesel com o diesel), mas a empresa já faz testes com B20 (mistura de 20% do biodiesel ao
diesel comum) em quatro caminhões e um com o B100 (100% de biodiesel). O projeto implementado,
da forma que imaginamos, reduz 26% das emissões de gases de efeito estufa.”
Bactéria faz segunda geração de biodiesel
Nas ruas de São Paulo, a população pode conferir de perto os ônibus abastecidos com o
biodiesel derivado da cana-de-açúcar. Desde julho, com o apoio da Prefeitura de São Paulo e
a parceria da Mercedes-Benz e Petrobras, a produtora americana do biocombustível Amyris
Biotechnologies iniciou um projeto piloto no qual três ônibus do transporte urbano público serão
abastecidos com 5% do biodiesel de cana-de-açúcar enquanto outros três serão abastecidos
unicamente com o novo biocombustível.
A novidade dessa tecnologia é que, além de ser um combustível puro e livre de enxofre – o
grande problema do diesel -, ele não entra no debate do uso de grãos comestíveis como matéria-
-prima de combustíveis. “Há uma pressão enorme sobre a indústria por causa do biodiesel. Cerca
de 80% do vendido no país é feito da soja”, explica o membro do comitê técnico de tecnologia
a diesel da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil), Christian Wahnfired.
Por esse motivo, o diesel de cana-de-açúcar foi aprovado pelos organismos reguladores dos Estados
Unidos, que o consideraram o biocombustível menos poluente e que não atenta contra a produção
de alimentos. O engenheiro explica que o novo biodiesel é produzido com a ajuda de uma bactéria
especial, que transforma o caldo de cana em óleo. O maior desafio da nova tecnologia é a escala
de produção, já que ainda é mais cara do que a do biodiesel feito a partir de sementes.

UNIDADE 1

Substitutos de grãos usados na alimentação


Mas a evolução continua. Nos próximos anos, os cultivos de pinhão-manso, palma e mamona,
entre outras plantas que produzem óleos vegetais, já estarão em fase madura para o início da
produção de novos biocombustíveis. O rendimento desses vegetais é muito maior que o de grãos
utilizados na alimentação, como o milho e a soja. A soja rende 500kg de óleo por hectare. Já a
palma rende cinco toneladas por hectare.
POGGETTO, Priscila Dal. Novos combustíveis começam a fazer parte do dia a dia dos brasileiros. Autoesporte.com, 26 ago. 2010.
- Atualizado em 10/09/2010 19h01 Disponível em: <http://g1.globo.com/carros/noticia/2010/08/novos-combustiveis-comecam-
fazer-parte-do-dia-dia-dos-brasileiros.html>. Acesso em: 22 ago. 2011. (Adaptado).

39
QUÍMICA  Carbono: vida e energia

O FUTURO EM JOGO

1. (ENEM, 2006) Para se discutir políticas energéticas, é importante que se analise a


evolução da Oferta Interna de Energia (OIE) do país. Essa oferta expressa as contribuições
relativas das fontes de energia utilizadas em todos os setores de atividade. O gráfico a seguir
apresenta a evolução da OIE no Brasil, de 1970 a 2002:

Oferta interna de energia (%)


100 % Outras
Derivados de cana-de-açúcar
80 % Lenha e carvão vegetal

60 % a
Hidrelétric Carvão natural
40 %
Gás natural
20 %
Petróleo e derivados
0%
1970 1974 1978 1982 1986 1990 1994 1998 2002
ANO

Ministério de Minas e Energia — MME/Brasil

Com base nos dados do gráfico, verifica-se que, comparado ao do ano de 1970, o percentual
de oferta de energia oriunda de recursos renováveis em relação à oferta total de energia, em
2002, apresenta contribuição:
A) menor, pois houve expressiva diminuição do uso de carvão mineral, lenha e carvão ve-
getal.
B) menor, pois o aumento do uso de derivados da cana-de-açúcar e de hidroeletricidade
não compensou a diminuição do uso de lenha e carvão vegetal.
C) maior, pois houve aumento da oferta de hidroeletricidade, dado que esta utiliza o recur-
so de maior disponibilidade no país.
D) maior, visto que houve expressivo aumento da utilização de todos os recursos renová-
veis do país.
E) maior, pois houve pequeno aumento da utilização de gás natural e dos produtos deriva-
dos da cana-de-açúcar.

2. (ENEM, 2010) No ano de 2000, um vazamento em dutos de óleo na baía de Guanabara


(RJ) causou um dos maiores acidentes ambientais do Brasil. Além de afetar a fauna e a flora,
o acidente abalou o equilíbrio da cadeia alimentar de toda a baía. O petróleo forma uma
película na superfície da água, o que prejudica as trocas gasosas da atmosfera com a água e
desfavorece a realização de fotossíntese pelas algas, que estão na base da cadeia alimentar
hídrica.
Além disso, o derramamento de óleo contribuiu para o envenenamento das árvores e,
consequentemente, para a intoxicação da fauna e flora aquáticas, bem como conduziu

40
a morte diversas espécies de animais, entre outras formas de vida, afetando também a
atividade pesqueira.

LAUBIER, L. Diversidade da Maré Negra. In: Scientific American Brasil. 4(39), ago. 2005. (Adaptado).

A situação exposta no texto e suas implicações:


A) indicam a independência da espécie humana com relação ao ambiente marinho.
B) alertam para a necessidade do controle da poluição ambiental para a redução do efeito
estufa.
C) ilustram a interdependência das diversas formas de vida (animal, vegetal e outras) e o
seu habitat.
D) indicam a alta resistência do meio ambiente à ação do homem, além de evidenciar a sua
sustentabilidade mesmo em condições extremas de poluição.
E) evidenciam a grande capacidade animal de se adaptar às mudanças ambientais, em con-
traste com a baixa capacidade das espécies vegetais, que estão na base da cadeia ali-
mentar hídrica.

CONECTE-SE

ARTIGOS
• <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc13/v13a05.pdf>
Este artigo, disponível na internet, foi originalmente publicado na revista Química Nova
na Escola e traz as mais recentes recomendações atuais da IUPAC para a nomenclatura
de moléculas orgânicas, as quais são apresentadas em formato condensado.

UNIDADE 1
• <http://exame.abril.com.br/economia/meio-ambiente-e-energia/noticias/10-
maiores-acidentes-petroliferos-historia-556774 />
Artigo que lista, em ordem de custos em dinheiro, os dez maiores acidentes envolvendo
derramamento de petróleo. É interessante imaginar os custos ambientais decorrentes
desses acidentes.

• <http://veja.abril.com.br/noticia/saude/alcool-e-mais-prejudicial-para-a-sociedade-
que-crack-e-heroina-diz-cientista-ingles>
Álcool é mais prejudicial para a sociedade que crack e heroína, diz cientista inglês. Ele faz
considerações sobre os perigos da ingestão do álcool, porém, como certo tipo de pesquisa
médica, se mostra um tanto sensacionalista.

• <http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/atlas/pdf/05-Biomassa(2).pdf>
Neste artigo da Agência Brasileira de Energia Elétrica você encontrará informações gerais
sobre a biomassa, utilização e potencial energético de vários materiais usados no Brasil .

41
QUÍMICA  Carbono: vida e energia

• <http://www.aneel.gov.br/arquivos/PDF/atlas_par3_cap9.pdf>
Artigo que traz informações gerais sobre o processo de produção de energia elétrica a
partir do carvão mineral.

• <http://www.fcmc.es.gov.br/download/Petroleo.pdf>
Artigo que traz a definição do petróleo, extração, impactos no meio ambiente e classifi-
cação.

• <http://www.bibliotecavirtual.sp.gov.br/pdf/temasdiversos-petroleo.pdf>
Artigo da Biblioteca Virtual do Governo do Estado de São Paulo que traz um estudo da
formação do petróleo, bem como suas aplicações com o passar dos anos.

• <http://super.abril.com.br/cotidiano/todo-petroleo-planeta-acabasse-ano-vem-
441924.shtml>
Artigo catastrófico, com previsões sobre o que iria acontecer com o planeta se o petróleo
acabasse.

SITES
• <http://www.minerva.uevora.pt/odimeteosol/energias.htm>
Site português que relata as principais fontes de energia e suas interações com a matriz
energética, em texto corrido, como se fosse um trabalho escolar.

• <http://www.prof2000.pt/users/afolhas/organica.htm>
Jogo interativo em forma de palavras cruzadas, envolvendo conhecimentos da Química
Orgânica.

• <http://ciencia.hsw.uol.com.br/limpar-manchas-de-oleo1.htm>
Artigo bastante completo do site Comotudofunciona que mostra as principais técnicas de
contenção e limpeza de áreas contaminadas com petróleo.

VÍDEO
• <http://www.youtube.com/watch?v=Gi0REBp01rc&feature=related>
Vídeo da Petrobras sobre as reservas de petróleo do Pré-sal.

LIVRO
[S.I.]/PubliFolha

• Energia Alternativa
Autor: Marek Walisiewicz
Editora: Publifolha
O livro apresenta pesquisas recentes dos combustíveis reno-
váveis e as questões políticas, econômicas e ambientais deri-
vadas dessas pesquisas.

42
XEQUE-MATE

1. (UFG,GO) A destilação fracionada é o processo pelo qual os componentes do petróleo são fracionados
para serem comercializados e empregados em uma série de atividades. Algumas das frações do petróleo
resultantes desse fracionamento e suas aplicações constam da tabela abaixo:

Números de átomos de carbonetos


Faixa de ebulição (ºC) Aplicações
dos hidrocarbonetos
1a4 até 0 combustível doméstico e industrial
5 a 12 40 a 200 combustível, solvente
12 a 16 175 a 320 iluminação
15 a 18 230 a 350 fornos, caldeiras e motores pesados
17 a 20 > 350 lubrificação
> 20 — piche, coques
Considerando essa tabela:
a) indique, na coluna de destilação, o local de onde serão obtidas as frações gasolina, gás de cozinha,
óleo combustível pesado, óleo lubrificante e asfalto;
b) explique as diferenças nos estados físicos das duas primeiras frações com menores temperaturas de
ebulição.
2. (Unicamp) Uma equipe do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) propõe um sistema de
captação de gás metano nos reservatórios de usinas hidrelétricas localizadas na bacia do rio Amazonas
(essa proposta está esquematicamente representada na figura abaixo):
O primeiro passo é a colocação de uma membrana (1) para impedir que as turbinas (2) das hidrelétricas
suguem águas ricas em metano. Essa membrana seria fixada a boias (3) na superfície e ancorada no fundo
por pesos e, assim, a água que entraria nas turbinas viraia de camadas superficiais de represa, com menor
concentração de metano.
Um sistema de dutos de captação (4) coletaria a água rica em metano no fundo da represa e a levaria

UNIDADE 1
para a extração do gás em um sistema (5) de vaporização. O metano poderia ser queimado em uma
termelétrica (6), gerando energia limpa e redução de uma fonte do aquecimento global.
Adaptado da revista Pesquisa FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), nº- 138.

a) Considerando o texto e a figura abaixo, escreva o respectivo número em cada um dos círculos da figu-
ra e explique por que a concentração de metano é maior na região sugerida pelos pesquisadores.

b) O texto afirma que a queima do metano na termelétrica gera energia e leva a uma redução do aque-
cimento global. Nesse contexto, escreva a equação química da combustão do gás metano. Explique
como essa combustão leva a uma redução do aquecimento global, tendo como base a equação quí-
mica e o conhecimento químico.

43
[S.I.]/commons.wikimedia.org

ARCIMBOLDO, Giuseppe. Vertemnus, óleo sobre madeira.


1591. 70,5 cm x 57,5 cm. Skoklosters Slott, Estocolmo, Suíça.
David Lebrero/SXC

Prato
do dia:
UNIDADE 2
Química

DIÁLOGO E REFLEXÕES
Explore a imagem da página anterior e responda às questões:
• Identifique os alimentos da figura. Escolha três. Que
nutrientes compõem os alimentos selecionados?
• Proteínas, carboidratos e gorduras são alguns dos nutrientes
que fazem parte da composição de alimentos. Quais as
diferenças químicas entre eles?
• As três substâncias servem para armazenar energia em
nosso organismo. De que forma isso ocorre?
• Os aminoácidos participam da composição de qual
nutriente? 45
QUÍMICA  Prato do Dia: Química

EM FOCO
Manto da invisibilidade biológico
A busca por melhores formas de encapsular os medicamentos para que eles
possam atingir as partes doentes do corpo tem levado os cientistas a desenvolver
várias estratégias para que o organismo não rejeite o carregador e impeça que o
medicamento chegue ao seu destino.
O Dr. Dayang Wang e seus colegas do Instituto Max Planck, na Alemanha, afirmam
ter criado agora um verdadeiro “manto da invisibilidade biológico”. Em vez de
nanopartículas e revestimentos biocompatíveis, eles decidiram usar células
humanas vivas para revestir e proteger suas nanocápsulas.
As biocápsulas aparecem então para o corpo como virtualmente “naturais”, ou seja,
pertencentes ao próprio organismo, o que inibe qualquer processo de rejeição ou
de efeitos colaterais causados pelas substâncias presentes no próprio carreador.
Revestimentos biocompatíveis
As nanocápsulas, totalmente envoltas por células vivas, possuem microcanais
para a liberação das drogas ou de agentes de diagnóstico. Até agora, a técnica
mais eficiente para a criação de superfícies biocompatíveis consiste na aplicação
de um polímero protetor, o polietileno glicol, ou PEG.
Embora fazendo avançar as pesquisas com nanocarreadores mesmo em organis-
mos vivos, esses revestimentos sintéticos não conseguem escapar da ação dos
macrófagos ou do sistema renal, podendo também aumentar o risco de efeitos
colaterais químicos.
“As membranas celulares oferecem uma abordagem genérica e muito mais natu-
ral para os desafios de encapsulamento e entrega in vivo,” escrevem os pesquisa-
dores.
É por isso que Wang e seus colegas chamaram sua técnica de “manto da
invisibilidade biológico”. É como se o revestimento mantivesse a nanocápsula
invisível ao sistema de defesa do organismo. Com isso, o sistema consegue manter
as substâncias no organismo por muito mais tempo, um tempo suficiente para
que elas atinjam seu alvo e cumpram seu papel terapêutico ou de análise.
Biocompatibilidade
A biocompatibilidade é de suma importância para a entrega de medicamentos,
para a marcação de tumores, para que eles apareçam nas imagens médicas, e na
aplicação in vivo de biossondas nanométricas. “Aqui, aproveitamos pela primeira
vez células vivas como fábricas para produzir membranas celulares em cápsulas
para o armazenamento e entrega de medicamentos, nanopartículas, e outros
biomarcadores,” escrevem os pesquisadores.
“Além disso, demonstramos que os canais proteicos incorporados nas novas cáp-
sulas podem ser utilizados para a liberação controlada dos reagentes encapsula-
dos,” concluem eles.
REDAÇÃO DO Site Inovação Tecnológica. Células vivas criam “manto da invisibilidade” para
medicamentos. Inovação Tecnológica, 21 jun. 2011. Materiais Avançados. Disponível em:
<http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=manto-invisibilidade-
biologico&id=010160110621>. Acesso em: 5 set. 2011.

46
CONHECIMENTO EM XEQUE

Alimentos: fontes de substâncias essenciais


Para melhor compreender a função dos alimentos no organismo, é necessário co-
nhecer e entender as propriedades das substâncias que fazem parte da sua composição
química.
Algumas substâncias apresentam características similares, permitindo que atuem no
organismo em mecanismos semelhantes. A Química separa as substâncias de acordo com
os conjuntos de átomos que constituem as moléculas. O conjunto de átomos, específicos
de cada substância, é chamado de grupo funcional.
Observe a estrutura dos aminoácidos:

H O
O O
H3C C C H3C CH2 C
OH CH CH OH H2N CH C OH
H2N
CH3 NH2 CH CH3

CH3

Alanina leucina valina


Observe as semelhanças, indicadas nas estruturas químicas das substâncias exempli-
ficadas, que mostram dois grupos funcionais: amina e ácido carboxílico.
Os grupos funcionais são classificados de acordo com o tipo ou grupo de átomos que

UNIDADE 2
os formam. Muitos compostos orgânicos possuem mais que um grupo funcional, podendo
ter nomes especiais, e consideram-se como uma família de compostos. Os aminoácidos,
os glicídios e as gorduras são exemplos de famílias de tipos biológicos.
Conhecer a estrutura de um composto orgânico ajuda a identificar as substâncias or-
gânicas e as famílias (grupos funcionais) a que elas pertencem.
Para efeito de simplificação didática, são usadas tabelas. Não se preocupe em memori-
zá-las de imediato, com a sua utilização durante a unidade você se familiarizará com seu
conteúdo. Consulte-as sempre que necessário. Elas mostram o grupo funcional, nomen-
clatura e exemplos de substâncias pertencentes às funções orgânicas. O R que aparece
em algumas situações representa substituintes alquila (radicais derivados de alcanos) ou
arila (um radical orgânico derivado de um anel benzênico).

47
QUÍMICA  Prato do Dia: Química

Exemplos
Fór-
Função Nomencla-
mula Forma
química tura oficial Fórmula estrutural
geral Molecu- Aplicação Nomes
reduzida
lar

H
Alcanos ou pref. + -an Gás natural,
parafinas
CnH2n + 2 + -o
CH4 H C H
combustível.
metano

Alcenos ou pref. + ean Hormônio vegetal. Fi-


olefinas
CnH2n + -o
C2H4 H2C CH2
bras têxteis sintéticas.
eteno

Alcinos ou pref. + -in Combustível, tintas, etino,


alquinos
CnH2n – 2 + -o
C2H2 HC CH
fibras sintéticas. acetileno

Alcadienos pref. + -dien but-1,3-


ou dienos
CnH2n + -o
C4H6 H2C CH CH CH2 Vernizes, adesivos.
dieno
Hidrocarbonetos

H2C CH2
ciclo + pref. Combustível, matéria--
Ciclanos CnH2n + -an + -o
C4H8
-prima industrial.
ciclobutano
H2C CH2

H2C CH2
ciclo + pref. Combustível, matéria--
Ciclenos CnH2n + 2 + -en + -o
C4H6
-prima industrial.
ciclobuteno
H2C CH2

Plástico descartável.
benzeno
Seguem regras pró- C4H6
Defensivos agrícolas,
prias em função do
Aromáti- espumas. naftaleno
número de anéis ou C10H8
cos
posição do agrupa-
CH3 Solvente metilbenzeno
mento ligante. C7H8
matéria-prima (tolueno)
farmacêutica, corante.

Para compostos orgânicos que apresentam apenas um grupo funcional, a nomenclatura é a mesma usada
para os hidrocarbonetos. Nas estruturas mais complexas, que apresentam mais de um grupo funcional,
eles são apenas identificados, o que nos informa acerca das propriedades físicas e químicas presentes nas
suas moléculas, como solubilidade, reatividade, caráter ácido-básico, etc.

48
Elementos Exemplos
Grupos Classe
representativos funcional Grupo funcional Nomes Aplicação

metanol
Solvente, combustível,
etanol
agente desnaturante,
Álcool R — OH propanol-2-ol
cosméticos, hidrantes,
propano-1, 2, 3-
tintas, explosivos, etc.
triol
— OH
Hidroxila
OH Antissépticos bucais e
Fenol orto-cresol
hospitalares.

H2C C OH
Síntese de cetona e
Enol propenol
álcool.
H

—O — Solvente de óleos e
Éter R — O — R’ etoxietano
Heteroátomo gorduras.

O
Aldeído 3-fenilpropanal Aroma de canela.
C H
Oxigênio

R C R
Solvente, solução
Cetona propanona
O
acetona.

UNIDADE 2
Ácido
Ácido Óleos e gorduras,
R — COOH octadecanoico
carboxílico solução de vinagre.
Ácido acético
O

C R C O + metal
Sal de ácido Hexadecanoato de
Sabões.
Carbonila carboxílico O
sódio

Etanoato de
R C O—R Flavorizantes,
isobutila
Éster aromatizantes e
O
Butanoato de
corantes.
butila
R C O
Indústria química e
Anidrido O Anidrido acético
farmacêutica.
R C O

49
QUÍMICA  Prato do Dia: Química

Exemplos
Elementos

Grupos Classe
Grupo funcional Nome Aplicação
representativos funcional
Oxigênio e
nitrogênio

O Matéria-prima para
C
Amida N Etanamida fibras sintéticas,
R C NH2 resinas e cosméticos.

Primária
— NH2
Secundária
Nitrogênio

É usada, outras
NH Fenilamina funções, como
R — NH2 Amina
(anilina) matéria-prima para
Terciária inúmeros corantes.
N
Oxigênio e
nitrogênio

Estabilizante para
R — NO2 Nitrocomposto — NO2 Nitrometano solventes clorados
combustível.
Oxigênio e
enxofre

Ácido ácido Fabricação de


R — SO3H — SO3H
sulfônico propanossulfônico detergentes.

R S
H
—SH — (tioálcool) etinotiol Adicionado ao gás
Enxofre

Tiol
Tiocomposto natural para atribuir
S
— S — (tioéter) metiometano odor carcterístico.
R R'
Tioéter
Halogênios

R—X — F, — Cℓ, — Br, Teflon, resinas e


Halogenado Fluoretano
R — Mg — X —I polímeros.

As tabelas apresentadas trazem as estruturas de funções que estão em muitas substâncias orgânicas
presentes em nossa alimentação, vestuário, medicamentos, fertilizantes, etc.
50
1. Observe as imagens a seguir e realize as atividades propostas:

[S.I.]/nestleprofessional.com

[S.I.]/seara.com.br

SXC
Fiorini/
Gabriel
X

Andres Virviescas/SXC
[S.I.]/Liquidlibrary

[S.I.]/Liquidlibrary

Pietro Ferrari/Acervo da Editora


a) O que você considera uma alimentação saudável?
b) Que nutrientes preponderam em cada grupo de alimentos?
c) No que diz respeito à cura e prevenção das doenças, qual a relação
entre os alimentos e o corpo?
d) Elabore um quadro contendo os grupos alimentares que podem
contribuir para a saúde.

UNIDADE 2
2. Os aminoácidos possuem um caráter anfótero em rela- .]/S
XC
[S.I
ção ao pH e apresentam caráter ácido e básico. A partir das fór-
mulas dos aminoácidos exemplificados anteriormente, indique
o motivo desse caráter duplo.

3. Os aminoácidos podem atuar como tampões? Por quê?

DESDOBRAMENTO

O que são alimentos funcionais?


Os alimentos funcionais ou nutracêuticos são aqueles que colaboram para melhorar o metabolismo e prevenir
problemas de saúde. Ou pelo menos deveriam ser assim: os cientistas já reconhecem as propriedades funcionais de
muitos desses alimentos, porém os estudos ainda não são conclusivos. “A ciência ainda não consegue determinar
uma dieta diária de alimentos funcionais que atenda a todas as necessidades do organismo”, explica Valdemiro
Sgarbieri, da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp.
Essas substâncias não são novidade, como às vezes prega a indústria de alimentos. As isoflavonas, por exemplo,
compostos que ajudam na redução do colesterol ruim, fazem parte da alimentação humana desde que a soja foi
descoberta pelos chineses, há mais de 5 000 anos.
O que vem acontecendo é um aprofundamento nos conhecimentos da natureza química das substâncias funcionais
e das suas funções no organismo. Com isso, os laboratórios e a indústria alimentícia passaram a produzir, em larga
escala, alimentos funcionais formulados ou “artificiais”, como leites fermentados, biscoitos vitaminados e cereais
matinais ricos em fibras.

51
QUÍMICA  Prato do Dia: Química

Para chegarem ao mercado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária exige que o


fabricante apresente provas científicas das propriedades funcionais alegadas na embalagem.
Mas não se entusiasme demais com os rótulos: 1 litro de leite com ômega 3, por exemplo, oferece
menos desse ácido graxo que uma posta de salmão.
(Fonte: Inar de Castro, pesquisadora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP.)
Betacaroteno
O que faz: Ajuda a diminuir o risco de câncer.
Como age: Quando ingerimos gorduras e proteínas, o betacaroteno se converte em vitamina A,
protegendo as células do envelhecimento.
Onde encontrar: Abóbora, cenoura, mamão, manga, damasco, espinafre, couve.
Isoflavonas
O que fazem: Atenuam os sintomas da menopausa.
Como agem: Por ter uma estrutura química semelhante ao estrógeno (hormônio feminino), alivia
os efeitos de calor e cansaço da menopausa e da tensão pré-menstrual.
Onde encontrar: Soja e seus derivados.
Licopeno
O que faz: Está relacionado à diminuição do risco de câncer de próstata.
Como age: Evita e repara os danos dos radicais livres que alteram o DNA das células e
desencadeiam o câncer.
Onde encontrar: Tomate e seus derivados, além de beterraba e pimentão.
Ômega 3
O que faz: Diminui o risco de doenças cardiovasculares.
Como age: Reduz os níveis de triglicerídeos e do colesterol total do sangue, sem acumulá-lo nos
vasos sanguíneos do coração.
Onde encontrar: Peixes de água fria, como salmão e truta, e óleo de peixes.
Flavonoides
O que fazem: Diminuem o risco de câncer e atuam como anti-inflamatórios.
Como agem: Anulam a dioxina, substância altamente tóxica usada em agrotóxicos.
Onde encontrar: Suco natural de uva e vinho tinto, além de alimentos, como café, chá verde,
chocolate e própolis.
Probióticos
O que fazem: São micro-organismos vivos que ajudam no equilíbrio da flora intestinal. Como
agem: impedem que bactérias e outros microrganismos patogênicos se proliferem no intestino.
Onde encontrar: Iogurtes e leite fermentado.
TONON, Rafael. O que são alimentos funcionais? Superinteressante, ed. 265, maio 2009. Disponível em: < http://super.abril.com.
br/revista/sumario-edicao-265.shtml>. Acesso em: 5 set. 2011.

4. Responda às questões propostas.


a) O que significa dizer que uma substância é um macronutriente ou micronutriente?
b) Carboidratos, proteínas e zinco estariam na mesma classificação? Por quê?

Carboidratos
Os carboidratos, também chamados de açúcares, são as biomoléculas mais abundantes
na natureza. Os carboidratos são formados por átomos de carbono, oxigênio e hidrogê-
nio, sendo que a sua fórmula geral é [C(H2O)]n, daí o nome carboidrato, ou hidratos de
carbono.
Normalmente, os carboidratos constituem 65% da nossa dieta, sendo que a sua principal
função é fornecer energia (cada grama de açúcar equivale a 4 kcal) e servir de substrato para
a síntese de outras substâncias importantes para o nosso metabolismo bioquímico. Existem
52
determinados tecidos que funcionam apenas na presença de glicose, como o cérebro, por
exemplo. Além disso, a energia obtida dos carboidratos também é utilizada para manter a
temperatura do corpo. Dentre os carboidratos mais utilizados, podem-se citar a glicose, a
frutose, o amido e a celulose.
MEIRELLES, Fatima Ventura Pereira. DIONYSIO, Renata Barbosa. Alimentos: fontes de substâncias essenciais. Coordenação
Central de Educação a Distância (CCEAD- PUCRio). Disponível em: <http://web.ccead.puc-rio.br/condigital/mvsl/Sala%20de%20
Leitura/conteudos/SL_alimentos.pdf>. Acesso em: 5 set. 2011.

Aldeídos e cetonas
Os aldeídos são moléculas orgânicas que apresentam pelo menos um hidrogênio pre-
O

so à carbonila ( H C ).
O metanal (formaldeído) quando apresenta uma concentração em água de no máximo
40% em massa, essa solução é conhecida popularmente como formol. O formol é usado
normalmente como preservativo, desinfetante e antisséptico. Em sua ação, o formaldeído
desnatura proteínas, deixando-as mais resistentes à decomposição por bactérias, sendo
usado como fluido de embalsamamento na conservação de espécies biológicas e em aulas
de anatomia, nas quais os cadáveres são conservados em soluções de formol.
A metabolização do etanol no organismo humano produz etanal, um aldeído. O meta-
nol caso seja ingerido é convertido a metanal, levando a cegueira e à morte, dependendo
da quantidade e rapidez no tratamento.
Na atribuição de nome aos aldeídos utiliza-se o sufixo —al. O agrupamento aldoxila
está sempre ligado à extremidade da cadeia carbônica e segue os mesmos critérios de
nomenclatura do álcool e hidrocarbonetos.
Uma grande parte dos aldeídos tem propriedades similares aos álcoois e tem sido uti-
lizado como solvente, combustível, matéria-prima de inúmeros compostos farmacêuticos,
alimentares, fibras sintéticas, entre outros.
O etanal é utilizado na síntese tricloroetanal (CCℓ3CHO), um medicamento, como
clarificador de tecidos animais, produção de defensivo agrícola, espelhos, soluções fo-
tográficas e também na produção de outras substâncias como: ácido etanoico, anidrido

UNIDADE 2
acético, álcool n-butílico, resinas, etc.
Os aldeídos são obtidos a partir de reações com alcenos, dienos, alcinos e isopropil-
benzeno. Na temperatura ambiente, os aldeídos com um ou dois carbonos são gasosos,
de 3 a 11 carbonos são líquidos e os demais sólidos. O mais simples são bastante solúveis
em água, alguns têm odores penetrantes e geralmente desagradáveis.
Com o aumento da massa molecular esses odores tornam-se fracos até se tornarem
agradáveis em moléculas que contenham de 8 a 14 carbonos. Alguns deles encontram
inclusive emprego na perfumaria e cosméticos, especialmente os aromáticos.
Outra substância, o fenil-metanal, conhecido por benzaldeído, apresenta um anel
aromático ligado à aldoxila, usado pela perfumaria, fabricação de corantes, medicamentos
e indústria alimentícia, comumente extraído do óleo de amêndoas amargas.
Há inúmeros outros aldeídos que usamos no dia, e nem reconhecemos, por exemplo:
cinamaldeído (3-fenil-propenal), essência de canela e o citral (3,7-dimetil-2,6-octadienal),
essência de limão usado em corantes e fragrâncias.
Exemplos de aldeídos:

O O H
H C
H H C O

Metanal Butanal Fenil-metanal

53
QUÍMICA  Prato do Dia: Química

As cetonas são compostos orgânicos que apresentam a carbonila ( C ) presa entre carbonos, por isso
a menor e mais simples cetona existente é a propanona, conhecida no comércio com o nome de acetona.
Utiliza-se para nomear cetonas o sufixo —ona.
Assim como aldeídos e álcoois, a maior parte das cetonas possui inúmeras aplicações na indústria e
na sociedade em geral.
As cetonas são muito usadas como solvente de esmaltes, tintas e vernizes; na extração de óleos e na fa-
bricação de fármacos. Possui emprego na indústria de explosivos, como gelatinizante da pólvora sem fumaça
(nitrocelulose) e como produto inicial de sínteses químicas, em especial na indústria farmacêutica.
Exemplos de cetonas:

O O
O
H3C C CH3 H

Propanona Butanona Ciclo hexanona


As moléculas de glicose e frutose apresentam, além da função álcool, as funções aldeído e cetona. Outra
informação importante pode ser retirada daqueles dois compostos químicos. Ao observar atentamente as estru-
turas dos dois carboidratos, verifica-se que ambas apresentam a mesma fórmula molecular: C6H12O6.
Quando dois ou mais compostos químicos diferentes apresentam a mesma fórmula molecular (mesma
quantidade de átomos) e fórmulas estruturais diferentes, denominam-se isômeros (do grego iso- igual e
meros- partes).
Essa característica confere às diferentes substâncias propriedades físicas diferentes, podendo apresentar
propriedades químicas diferentes.

5. Realize uma pesquisa sobre a digestão, abrangendo os processos de aproveitamento dos carboidratos e
armazenamento do seu excedente. Elabore um mapa conceitual para sistematizar as informações e responda:
a) Qual o produto da quebra das moléculas de sacarose e amido?
b) Quais as formas de armazenamento dos carboidratos nos animais e vegetais?
c) Como se dá o aproveitamento da energia contida nos carboidratos?

6. A sacarose é composta pela união de duas moléculas: uma de glicose e outra de frutose. Escreva a reação de
formação da sacarose, sabendo-se que sua fórmula molecular é C12H22O11 e que há liberação de uma molécula de
água, pela reação entre os grupos cetona e aldeído.

7. Entre os carboidratos presentes em nossa alimentação, se destacam as moléculas de glicose e frutose. Estão
circuladas, nas fórmulas a seguir, três funções orgânicas importantes. Com auxílio da tabela, identifique-as e veri-
fique as diferenças entre elas.
H
H O
H C OH
C

H C OH C O

OH C H OH C H

H C OH H C OH

H C OH H C OH

CH2OH CH2OH
54
Glicose Frutose
8. Experimento. Produção de um bafômetro. Realize a prática a seguir DESDOBRAMENTO
e, com base nos resultados obtidos, classifique a cerveja, a aguardente e o
vinho, por ordem decrescente de teor alcoólico. Bafômetro
Materiais Uma reação importante
envolvendo a transformação
• 4 balões de aniversário de cores diferentes, 4 pedaços de tubo plás- de funções orgânicas é aquela
tico transparente (diâmetro externo de aproximadamente 1cm ou que ocorre nos aparelhos
3/8 de polegada) de 10 cm de comprimento, 2 tabletes de giz es- denominados bafômetros.
colar, 4 rolhas que tampem os tubos, algodão e solução ácida de Bafômetro é o aparelho que
dicromato de potássio preparada da seguinte maneira: Em 40 mL permite medir a concentração de
de água adicione lentamente 10 mL de ácido sulfúrico comercial álcool exalado pela respiração
concentrado e 1 g de dicromato de potássio. Agite o sistema até de uma pessoa. Os aparelhos
que a solução fique homogênea. (Atenção: como o ácido sulfúrico mais simples são descartáveis e
consistem em pequenos tubos
concentrado é, ao mesmo tempo, um ácido forte e um poderoso
que apresentam uma mistura de
agente desidratante, ele deve ser manuseado com muito cuidado.) solução aquosa de dicromato de
A diluição do ácido sulfúrico concentrado é um processo altamente potássio e sílica, umedecida em
exotérmico e libera calor suficiente para causar queimaduras. Ao ácido sulfúrico. O procedimento
preparar soluções diluídas a partir do ácido concentrado, sempre de identificação de uma possível
adicione o ácido à água lentamente e agitando continuamente a embriaguez é visual, sendo que a
solução. coloração alaranjada se converte
em esverdeada pela oxidação do
Procedimento álcool em aldeído.
• Quebre o giz em pedaços pequenos (evite que o pó de giz se misture aos A reação que ocorre é mostrada a
fragmentos). Coloque os fragmentos de giz em um recipiente. A seguir, seguir:
molhe-os com a solução de dicromato, de maneira que eles fiquem úmi- Cr2O72- + 8H+ + CH3CH2OH →
dos, mas não encharcados. Com o auxílio de um palito, misture os frag- Cr3+ + 3CH3CHO + 7H2O
mentos de giz colorido pela solução, de forma que o material fique com Hoje, a polícia está equipada com
uma cor homogênea. Esse material (giz + solução de dicromato) não pode aparelhos bem mais sofisticados,
ser armazenado; deve ser usado imediatamente após o preparo. que envolvem maior tecnologia
e quantificam por si mesmos a
• Coloque um chumaço pequeno de algodão em cada um dos quatro gradação de álcool no hálito da
tubos como mostra a figura abaixo e depois coloque as rolhas do lado pessoa.

UNIDADE 2
em que se coloca o chumaço de algodão. A seguir, coloque mais ou
menos a mesma quantidade de fragmentos de giz nos quatro tubos.
Balão de aniversário

Tubo de plástico
Rolha

Chumaço de algodão

Cacos de giz com solução

0,5 mL de bebida alcoólica

• Então, coloque 0,5 mL (cerca de 10 gotas) de aguardente no balão n.º 2,


0,5 mL de vinho no balão n.º 3, 0,5 mL de cerveja no balão n.º 4; no balão
n.º 1 não coloque nada, pois ele é o controle do experimento. Encha os quatro balões com mais ou menos as
mesmas quantidades de ar (quem encher os balões não pode ter consumido bebidas alcoólicas recentemente)
e, depois, coloque os balões nos tubos previamente preparados, como mostra a imagem. Começando pelo balão
n.º 1, solte o ar vagarosamente, desapertando a rolha. Proceda da mesma forma com os balões restantes. Espere o
ar escoar dos balões e compare a alteração da cor nos quatro tubos. A seguir, ordene os tubos 2 a 4, em função da
intensidade de mudança de cor (alaranjado para azulado).
FERREIRA, Geraldo A. Luzes; MÓL. Gerson de Sousa; SILVA, Roberto Ribeiro da. Bafômetro: um modelo demonstrativo. Disponível em: <http://
qnesc.sbq.org.br/online/qnesc05/exper2.pdf>. Acesso em: 23 ago 2011.

55
QUÍMICA  Prato do Dia: Química

9. Identifique a função, a nomenclatura e encontre diferenças e semelhanças entre as estruturas das moléculas
orgânicas que seguem utilizando a tabela de grupos funcionais:
H H OH
a)
H3C C CH2 CH2 OH H3C C C CH3

CH3 CH3 H

b) H3C — O — CH3 H3C — CH2 — OH


c) H3C — CH2 — O — CH2 — CH3 H3C — O — CH2 — CH2 — CH3
H
O O
d) H3C CH2 CH2 C H3C C C
H H
CH3

Éter
Há várias utilidades da função álcool, por exemplo, combustível, parte de bebidas, etc.
Em determinadas situações, o álcool pode sofrer um tipo de reação que provoca a retirada
de água das hidroxilas de duas moléculas e por isso chamada reação de desidratação. O
produto resultante é o éter.
Os éteres apresentam um átomo de oxigênio ligado a dois grupos carbônicos. A no-
menclatura IUPAC sempre considera a cadeia menor ligada ao oxigênio a que levará o
sufixo óxi, por exemplo: metóxi-etano, etóxi-benzeno, etóxi-etano.
São geralmente incolores, de odor agradável e pouco solúveis em água. Os éteres
podem ser encontrados nos três estados físicos, quanto maior a massa molecular maior
a possibilidade de estar no estado sólido, apresentar maior densidade e ser insolúvel em
água. Os éteres gasosos apresentam dois ou três carbonos nas cadeias carbônicas.
São muito utilizados como solventes de compostos gordurosos ou oleosos, como re-
sinados, em formulação de tintas e na produção da seda artificial. É também usado na
síntese de medicamentos e como anestésico.
O éter mais conhecido, o etóxi-etano, ou éter sulfúrico, é um líquido incolor, volátil e
inflamável. Antigamente, empregava-se na medicina como anestésico que relaxa os mús-
culos. Foi substituído, pois afetava a pressão arterial, a pulsação e a respiração, causando
paradas cardiorrespiratórias e lesões no fígado. Na indústria, é usado principalmente como
solvente para a produção de seda artificial, colódio e pólvora sem fumaça.
Exemplos de éteres:

H3C O CH2 CH2 CH3


O H3C O CH2 CH3

Metoxi-propano Etoxi-benzeno Metoxi-etano


Lipídios
Lipídios são compostos de origem animal ou vegetal. São biomoléculas orgânicas,
compostas principalmente por átomos de hidrogênio, oxigênio e carbono. Quimicamente,
são éteres de ácidos graxos.

56
Ácido graxo é um ácido carboxílico que apresenta uma cadeia com mais de 10 átomos
de carbono. Os exemplos mais comuns são os óleos e as gorduras.
Os lipídios são compostos apolares, insolúveis na água e solúveis em solventes orgâ-
nicos (éter, hexano, benzeno, etc.).

10. Na temperatura ambiente, óleos se apresentam no estado líquido e gorduras no estado


sólido. Essas diferenças se devem à forma como as moléculas se unem umas às outras. Molécu-
las que conseguem se aproximar mais, formam substâncias mais compactas. Observe as duas
representações simplificadas a seguir, indique qual se relaciona aos óleos e qual às gorduras.
Explique como chegou a essa conclusão.
O
1. H2 H2 H2 H2 H2 H2 H2 H2
C C C C C C C C C OH
H3C C C C C C C C C
H2 H2 H2 H2 H2 H2 H2 H2

O
H2 H2 H2 H2 H2 H2 H2 H2
C C C C C C C C C OH
H3C C C C C C C C C
H2 H2 H2 H2 H2 H2 H2 H2

O
H2 H2 H2 H2 H2 H2 H2 H2
C C C C C C C C C OH
H3C C C C C C C C C
H2 H2 H2 H2 H2 H2 H2 H2

2. O
H2 H2 H H H H H H H H H2
C C C C C C C C C C C C OH
H3C C C C C C C C
H2 H2 H2 H2 H2 H2 H2
O
H H H H H H H2 H2 H2
C C C C C C C C C C OH
H3C C C C C C C
H2 H2 H2 H2 H2 H2
O

UNIDADE 2
H2 H2 H H H H H H H H H2
C C C C C C C C C C C C OH
H3C C C C C C C C
H2 H2 H2 H2 H2 H2 H2

11. A margarina é resultado do processo de adição de mais hidrogênios a óleos vegetais. O


que muda nas cadeias com essa adição?

12. Um sabão ou detergente deve sua ação de limpeza, principalmente ao fato de se ligar
às moléculas de gorduras e de água. A partir da estrutura de um sabão, representada a seguir,
explique por que a molécula tem essa capacidade de ligação.
O
CH2 CH2 CH2 CH2 C
H3C CH2 CH2 CH2
O–Na+

Reações de óleos e gorduras


Importantes transformações envolvem óleos e gorduras nas indústrias. Uma delas é a
produção de margarinas, pelo método da hidrogenação catalítica.

57
QUÍMICA  Prato do Dia: Química

Hidrogenação
Óleo vegetal Margarina
Calor

Cadeia insaturada Gordura saturada


... ... H H H H
C C C C
... C C C C ...

H H H H

Outra utilização dos lipídios é na produção de sabão, no processo conhecido como


saponificação, já conhecido anteriormente ao século XXV a.C. Naquela época, era obti-
do quando se misturava cinza vegetal, rica em carbonato de potássio, e gordura animal,
deixando-se descansar por um longo tempo, até que eles reagissem entre si.
Glicerídeo + Base Sal de ácido + Glicerol
Graxo

Sabão
Óleo ou
gordura

O O
R1 C R1 C
O CH2 NaOH O–Na+ HO CH2
O O
H2O
R2 C R2 C
O CH + NaOH ∆ O–Na+ + HO CH
O O
R3 C R3 C
O CH2 NaOH O–Na+ HO CH2

Óleo ou gordura Base Sabão Glicerol

Os sabões facilitam os processos de limpeza, devido a sua ação detergente, que pos-
sibilita a limpeza de objetos com gordura.

13. Um detergente possui como componente principal o ácido dodecilbenzenossulfônico.


Escreva a fórmula estrutural dessa substância e indique a parte polar e a apolar.

14. Experimento. Produção de sabão caseiro. Realize a prática abaixo, descreva detalhada-
mente cada etapa e registre suas conclusões. Em seguida, responda:
a) Quais foram as reações que ocorreram na produção do sabão?
b) Que equação química representa as reações supracitadas?

Materiais
• 4 litros de óleo de fritura usados, 2 litros de água quente, 1 copo de detergente líquido de
coco (300mL), 1/2 kg de soda cáustica.

Procedimentos
• Em um balde de plástico, dissolva o detergente e a soda cáustica (Muito cuidado com a
soda cáustica, nome genérico do hidróxido de sódio, pois é um produto químico corrosivo
e deve ser manuseado com segurança para não causar queimaduras, utilize luvas e óculos
de proteção para evitar qualquer acidente) na água quente.
58
• Traga óleo usado de fritura de casa e, com auxílio de uma peneira, remova as impurezas.
Coloque o óleo dentro do balde e mexa até engrossar (cerca de 20 a 30 minutos). Despeje
em formas de plástico e, após 2 dias, corte os pedaços de sabão. Espere 1 semana para usar.
A receita rende aproximadamente 30 pedaços de sabão.

Colesterol
O colesterol é uma substância muito importante para diversas funções do organismo,
sendo o esteroide mais abundante do organismo
humano. Como fonte de colesterol, contribuem os CH3
alimentos e a síntese endógena. Isso significa que al-
gumas células do corpo, como as células hepáticas, CH — CH2 — CH2 — CH2 — CH — CH3
são capazes de sintetizar o colesterol. Isso ocorre
porque o colesterol serve de substrato químico para H3C CH3
a formação de várias substâncias importantes do or- H3C
ganismo, tais como os hormônios sexuais — como
a testosterona (hormônio masculino) e o estrógeno
(hormônio feminino), os mineralocorticoides, como HO
a aldosterona, e glicocorticoides, como o cortisol.
Além disso, o colesterol é um dos componentes da
membrana plasmática, auxiliando na fluidez da membrana, pois é graças à presença do
colesterol que a membrana plasmática consegue ter a característica de ser semifluídica.
Ainda, a vitamina D e a bile são derivadas do colesterol.
A gordura trans recebe esse nome devido a uma diferença entre compostos que apresentam
a mesma fórmula molecular, porém diversas estruturas espaciais. Quando em uma estrutura
disposta no espaço (fórmula espacial), é impossível haver rotação das ligações, no caso das
duplas ligações e dos ciclos, esse tipo de impedimento faz com que a molécula assuma uma
posição fixa no espaço, vindo a apresentar isômeros geométricos. Os isômeros são as molé-
culas que apresentam essas ligações em posições diferentes daquelas do composto inicial.
Em uma molécula, os dois maiores grupos podem ficar de um mesmo lado ou em lados

UNIDADE 2
opostos, em relação ao plano determinado pela dupla ligação. Por isso, existem ao menos
duas moléculas diferentes, que correspondem a dois compostos diferentes, denominados
cis e trans, com propriedades também diferentes. Assim, tem se evidenciado que as gor-
duras trans são mais danosas para a saúde, porque inibem a ação de enzimas hepáticas
e modificam a fluidez das membranas biológicas, entre outros efeitos, aumentando os
riscos cardiovasculares.
Ácido graxo insaturado CIS
H H H H

C H C H C H C O

H C H C C H C OH

H Dupla ligação (insaturação) H


Hidrogênios do mesmo lado

Hidrogenação:
H
Ácido graxo insaturado TRANS Adição de hidrogênios
H
H H H

C H C H C H C O

H C H C H C H C OH

H Dupla ligação (insaturação) H


Hidrogênios de lados opostos

59
QUÍMICA  Prato do Dia: Química

15. Uma alimentação rica em gordura de origem animal pode elevar os níveis de colesterol em nosso organis-

?
mo. Explique por que não encontramos colesterol em óleos vegetais, margarinas e maioneses.

16. Muitos rótulos de alimentos industrializados trazem como informa-


ção: 0% de gorduras trans. Entretanto, não informam que estão substituindo
gordura trans por gordura saturada, e o desconhecimento desse fato leva as re de
pessoas a acreditar que podem consumir o alimento em qualquer quanti- Liv rdura
Go s
dade.
n
Elabore um panfleto para esclarecer a população sobre prejuízos à saúde
causados pelo consumo dos dois tipos de gordura: saturada e trans. Indique,
Tra
pelo menos, cinco sugestões para diminuir o consumo de alimentos que
contenham essas gorduras, alertando, principalmente, em relação à dieta
das crianças.

Ácidos carboxílicos
Como vimos, os lipídios são formados a partir do glicerol (função álcool) e por ácidos
graxos, que fazem parte do grupo funcional chamado de ácidos carboxílicos.
A característica dos ácidos carboxílicos é a presença da carbonila (C O) ligada a
uma hidroxila, resultando no grupo chamado carboxila (—COOH), que é representado
por:
O
C
OH
Carboxila
De acordo com a nomenclatura oficial (IUPAC), para se nomear os ácidos carboxílicos,
coloca-se a palavra ácido no início e troca-se a terminação do hidrocarboneto corres-
pondente por -oico.
São usados na produção de alimentos e outros compostos orgânicos: polímeros, ésteres,
acetatos de celulose inorgânicos, etc.
São encontrados em moléculas como: ácido esteárico (óleos e gorduras), ácido ace-
tilsalicílico (antitérmico) e no ácido tereftálico usado na produção de politereftalato de
etileno (PET), entre outros.
Entre os ácidos carboxílicos mais importantes, encontra-se o fórmico, encontrado nas
formigas; o acético, constituinte do vinagre; o benzóico, usado para a produção de ácido
acetilsalicílico (AAS), entre outros.
O

C
OH
O

O
Ácido acetil-salicílico (Aspirina)

O ácido metanoico ou fórmico é um líquido incolor de cheiro irritante que, ao ser


injetado nos tecidos, provoca dor, que é a sensação da picada de formiga.
O ácido etanoico ou acético é um líquido incolor à temperatura ambiente, que possui
sabor azedo e cheiro irritante, característicos de seu derivado, o vinagre. O vinagre é
usado como tempero em saladas, foi descoberto quando se deixou o vinho azedar pelo
60 processo de oxidação do álcool com o oxigênio do ar. Essa oxidação é o método industrial
mais comum para se obter o ácido etanóico, usado como matéria-prima na produção de
polímeros e essências artificiais.
Existem bactérias que transformam o etanol em ácido etanóico, usado por inúmeras
vezes nos processos de fabricação de vinhos ou bebidas licorosas azedadas e seus res-
pectivos vinagres.
O
Bactérias
CH3 CH2 OH + O2 H3C C + H2O
OH

Algumas frutas, como a uva, têm ácidos que lhe dão interesse comercial, é o caso
do ácido 2,3-hidroxi-butanoico (ácido tartárico) descoberto pelo químico Louis Pasteur,
em 1848, que é usado em medicamentos efervescentes e nos sais de frutas.
O ácido ascórbico, conhecido como vitamina C e presente em grandes quantidades nas
frutas cítricas, tem importância no desenvolvimento da resistência física e participação em
processos metabólicos enzimáticos nos organismo dos animais e no combate aos radicais
livres. Ele é sintetizado artificialmente e é usado como antioxidante, evitando a perda de
cor e sabor dos alimentos. Na função de conservante evita a formação de nitrosaminas,
que se formam a partir de reações do nitrito de sódio, adicionado para inibir o crescimento
de micro-organismos, com aminas presentes nos alimentos.
Os ácidos orgânicos são amplamente usados na indústria de alimentos como aditi-
vos, ou agentes de processamento, para controlar a alcalinidade, podendo agir como
tampões ou simplesmente como agentes neutralizantes.
Os ácidos carboxílicos têm sido usados pela indústria de cosméticos na composição
de cremes de rejuvenescimento facial. Há centenas de anos são usados como agentes
hidratantes e refrescantes da pele, mas só recentemente é que os alfa-hidroxiácidos
passaram a ser empregados no tratamento contra acne, pele envelhecida pelo excesso
de radiação, pigmentação e rugas finas.
Outra aplicação é no tratamento estético como no ácido 2-hidroxietanoico (glicóli-
co) que atua na esfoliação da pele, promovendo sua escamação superficial e ativando

UNIDADE 2
mecanismos biológicos estimulantes da renovação e do crescimento celular.
Uma das características dos ácidos carboxílicos com até 12 átomos de carbono é o
odor desagradável. Em seu metabolismo, o indivíduo excreta ácidos carboxílicos, que são
diferentes para cada um; portanto, cada pessoa tem o seu cheiro característico. Esse cheiro
é percebido, por exemplo, pelo cão, que apresenta olfato bastante aguçado e reconhece
seu dono pelo cheiro. Eles podem reagir com álcoois, na presença de catalisadores, para
a produção de ésteres.
Exemplos de ácidos carboxílico:

O O O O
H C H3C CH2 CH2 CH2 C OH
OH OH HO

Ácido metanoico Ácido butanoico Ácido tereftálico

Ésteres
Os ésteres apresentam-se como líquidos ou sólidos, depen-
dendo da quantidade de carbonos e das condições ambien-
tes, e são compostos insolúveis em água. Os de baixa massa
molecular são líquidos incolores e, à medida que aumenta a
Pzado/SXC
61
QUÍMICA  Prato do Dia: Química

massa molecular, eles vão se tornando mais viscosos e gordurosos, até tomarem a forma
sólida (lipídios).
A grande utilização dos ésteres é feita pela indústria alimentícia, que os usa como
agentes flavorizantes, os aromas artificiais que imitam o cheiro e gosto de frutas.
Os ésteres são compostos orgânicos que apresentam o grupo funcional
O

C O (—COO—) e podem ser obtidos a partir da reação de um ácido carboxílico


com um álcool, de forma que o hidrogênio do grupo carboxila seja substituído pelo radical
proveniente do álcool. Observe a substituição no exemplo seguir:
O O

H3C CH C OH H3C CH C O CH3 CH2

Ácido propanoico Propanoato de etila

Os ésteres são nomeados na nomenclatura oficial (IUPAC) fazendo-se a troca da ter-


minação -oico do ácido por —oato, acrescentando-se a palavra de e o nome do radical
ligado por substituição do hidrogênio da carboxila, em português acrescenta-se a termi-
nação —a, por exemplo:

CH3 O
O O
H3C CH C O CH3
H C O CH3 H C O ( CH2) CH3
4
CH3

2,2-dimetil-propanoato de
Metanoato de metila Etanoato de pentila
metila
Os ésteres estão entre os inúmeros compostos usados em alimentos que dão aromas
e sabores que estimulam sensações olfativas do paladar. São os chamados flavorizantes,
naturais ou artificiais, que combinam dois ou mais ésteres, como: etanoato de isobutila
(morango), butanoato de butila (damasco), etanoato de octila (laranja), butanoato de etila
(abacaxi), entre outros.
Ésteres de cadeias carbônicas fechadas ou ésteres cíclicos são conhecidos como lac-
tonas. O nome lactona deriva do composto em anel chamado lactídeo e é formado pela
desidratação do ácido 2-hidroxipropanoico (ácido lático) H3C — CH(OH) — COOH. Ácido
lático, por sua vez, deriva seu nome de sua original obtenção do soro do leite.

17. Experimento. Produção de um éster. Realize a prática a seguir e organize os dados, infor-
mações e resultados obtidos, e produza um relatório detalhando cada etapa. Em seguida, indi-
que a equação química da reação e as aplicações dos ésteres na indústria e no cotidiano.

Materiais
• Bico de Bunsen, tripé, tela de amianto, béquer, tubo de ensaio, pinça de madeira, butanol,
ácido acético e ácido sulfúrico.

Procedimentos
• Em um tubo de ensaio, coloque 2 mL de ácido acético e mais 2 mL de butanol. Adicione 2
gotas de ácido sulfúrico concentrado (cuidado: o ácido é extremamente corrosivo e tóxico).
Agite bem a mistura por 2 minutos.
• Em um béquer, coloque aproximadamente 100 mL de água e aqueça no bico de Bunsen.
62
Coloque o tubo de ensaio dentro do béquer e aqueça por aproximadamente 10 minutos.
• Desligue o bico de Bunsen.
• Deixe o sistema esfriar e perceba o odor formado. Tente identificar qual é o odor do éster
formado.

Proteínas
Todos os animais necessitam ingerir proteínas, que são estruturas formadas por uma
união em cadeia de aminoácidos. Elas são moléculas essenciais para manter a estrutura
e funcionamento de todos os organismos vivos e podem ter diferentes propriedades e
funções.
Proteínas são polipeptídios, isto é, macromoléculas formadas pela condensação de
muitos α-aminoácidos, unidos por meio de ligações peptídicas, e como resultado dão
origem a uma nova função orgânica: as amidas. A ligação ocorre entre o grupo amino,
que caracteriza a função orgânica amina, de uma molécula de aminoácido, com o grupo
carboxila de outra molécula de aminoácido, representada a seguir:

H H
Aminoácido 1 Aminoácido 2

H O H
H O
H
N C C N C C
H
O H
O
R R

Ligação peptídica
H
H O
H N C C H
H
O O

UNIDADE 2
N C C R
H
H
O
R
Água

Conforme o número de aminoácidos por molécula, os peptídios são denominados di-


peptídios, tripeptídios e polipeptídios. São exemplos de peptídios a insulina, a bradicinina
e as proteínas. Quimicamente, são classificados como poliamidas.
n α-aminoácidos → proteína + (n – 1) H2O
São exemplos de proteínas a albumina (ovo), a mioglobina (tecido muscular), a hemo-
globina (sangue), a caseína (leite) e as enzimas.
As diferenças entre as proteínas estão nos aminoácidos participantes e na sequência com que eles se
ligam entre si. As proteínas animais, por hidrólise, dão origem a cerca de 20 aminoácidos. Desses, oito
não são sintetizados pelos mamíferos e, por isso, devem estar presentes na dieta alimentar. Veja alguns
aminoácidos:
O O O O
O CH3
H
OH H2N OH OH OH
N H2N H OH
H H2N H H2N H NH2 H
H2N H

triptofano lisina fenilalanina glicina alanina


63
QUÍMICA  Prato do Dia: Química

Aminoácidos são compostos de função mista, amina e ácido carboxílico.

18. A reação de produção do biodiesel envolve uma reação de transesterificação. Explique por que
a reação é denominada assim e elabore a equação da produção de biodiesel, a partir da reação entre
um ácido graxo e o etanol.

19. Considerando as fórmulas estruturais, construa a equação de reação entre a alanina, leuci-
na e valina, na sequência em que estão escritas.
20. A proteína é considerada um nutriente cuja principal função é estrutural. Ela é a base dos
fios de cabelo, pelos, unhas, enzimas, etc. Nenhuma pessoa precisa consumir esses nutrientes
para formá-los em nosso corpo.
• Tendo em vista a afirmação acima, explique como ocorre a obtenção da matéria-prima e o
rearranjo dos nutrientes para a construção dessas estruturas corporais.

Aminas
Aminas são compostos orgânicos derivados da amônia (NH3) pela substituição de um
ou mais hidrogênios por átomos de carbono. A amina pode ser classificada em primária,
se houver apenas uma substituição; secundária, se forem duas substituições; e terciária,
se forem três.
A sua nomenclatura IUPAC é bastante simples, bastando apenas citar os nomes dos
radicais ligados ao nitrogênio seguidos da palavra amina, por exemplo: metilamina, metil-
propilamina, dimetilamina, dietil-metil-amina, etc. Sempre obedecendo à ordem alfabética
entre os radicais.
A nomenclatura oficial (IUPAC) tem outra regra para as aminas primárias, ligadas a
cadeia carbônica longa, pode-se mencionar a posição do agrupamento amina (NH2), por
exemplo: propan-2-amina, 3-metil-butan-1amina.
As aminas são compostos que apresentam caráter básico, em algumas de forma acen-
tuada. Muitas aminas aromáticas são usadas na indústria de corantes e medicamentos.
A amina mais comumente usada na produção de corantes é a fenilamina, a anilina. A
hexametilenodiamina é matéria-prima na indústria do náilon. As aminas aromáticas (ani-
lina, toluidina, etc.) são encontradas no alcatrão de hulha. Dimetilamina e trimetilamina
são produtos da putrefação de peixes. A putrescina e a cadaverina, que se formam na
decomposição de cadáveres, também são aminas. Compostos que possuem um nitrogênio
ligado a um carbono por dupla ligação são chamados de iminas, por exemplo, a etenimina
(HN CHCH2).
As aminas são comuns em compostos de origens vegetais e animais, mas podem ser
sintetizadas a partir de outras moléculas que apresentem nitrogênio. Moléculas que apre-
sentam mais de uma função são chamadas moléculas mistas e o grupo funcional amina
está presente na composição de muitas delas, por exemplo, a etanolamina (HO — CH2 —
CH2 — NH2) usada nos detergentes para mudar a tensão superficial de soluções aquosas.
Veja exemplos de aminas:

CH3 CH3 CH CH2 CH3


H3C N NH2
CH3 NH2

Trimetilamina Butan-2-amina Fenilamina

64
21. As moléculas de aminas podem realizar ligações de hidrogênio, cuja presença eleva as
temperaturas de mudança de estado físico. Escreva as fórmulas das aminas a seguir, faça a cor-
relação com os pontos de ebulição apresentados e justifique as temperaturas de acordo com a
existência de ligações hidrogênio entre as moléculas.
Aminas: etilamina, dimetilamina e trimetilamina
Pontos de ebulição: 7,4°C, 2,9°C e 16,6°C

Amidas
Presente nas proteínas (ligação peptídica) e em muitos outros compostos, a amida é
caracterizada pela substituição da hidroxila de uma carbonila. Basta uma carbonila liga-
da diretamente ao átomo nitrogênio, para considerá-la amida (— CON —). Os demais
hidrogênios podem ser substituídos por radicais alquila ou arilas.
A estrutura genérica das amidas é:
O

C R"
R N

R'

Nesta fórmula, R, R’ e R’’ podem ser hidrogênios ou qualquer radical alquila ou arila.
As amidas são classificadas em três tipos quanto à substituição no nitrogênio:
• Simples (R — CONH2), sem substituições no nitrogênio, além do grupo acil.
• Monossubstituída (R — CONHR), com um hidrogênio do NH2 substituído por um
radical.
• Dissubstituída (R-CONRR’), com os dois hidrogênios do NH2 substituídos por ra-
dicais.

UNIDADE 2
As amidas também podem ser classificadas quanto ao número de grupos acila ligados
ao nitrogênio:
• Primária (R — CO)NH2, somente um agrupamento acil ligado ao nitrogênio.
• Secundária (R — CO)2NH, dois agrupamentos acil ligados ao nitrogênio.
• Terciária (R — CO)3N, três agrupamentos acil ligados ao nitrogênio.
As amidas secundárias e cíclicas são chamadas imidas.
Como foi estudado na primeira unidade, a ureia, a diamida de fórmula CO(NH2)2, que
é o produto terminal do metabolismo proteico do ser humano e nos demais mamíferos,
foi o primeiro composto orgânico sintetizado, derrubando a teoria da força vital. É usada
na fabricação de fertilizantes agrícolas, na alimentação de gado e pode ser encontrada
em alguns condicionadores de cabelo.
Para as amidas há uma grande utilização, desde intermediários industriais, solventes
em sínteses orgânicas, preparação de medicamentos, estabilizadores, agentes de fabri-
cação para plásticos, repelentes para insetos, ração para o gado, fabricação do náilon,
entre outras aplicações.
O náilon é um polímero, uma poliamida, com inúmeras amidas ligadas em sequência.
O O O

... CH C N CH2 C N CH2 C N ... náilon


2
4 4 4

H H H
65
QUÍMICA  Prato do Dia: Química

DESDOBRAMENTO

Como conservar os alimentos?


Quando se prepara uma refeição, centenas de substâncias químicas são adicionadas ao prato. Elas
são substâncias capazes de conservar, intensificar ou modificar suas propriedades sem prejudicar o
valor nutritivo. Conservam e melhoram algumas qualidades dos alimentos e são chamadas aditivos.
Há muito tempo, já existia no ser humano a preocupação em acentuar o sabor, odor, cor ou
consistência dos alimentos. Então, utilizava-se o sal para a conservação da carne, o vinagre para
conservar o pepino, entre muitos outros. Observando rótulos de alimentos comprados nos
supermercados, podemos verificar que um único produto contém 6 ou mais aditivos. A maior
parte dos produtos alimentares consumidos no mundo chegaria deteriorada à população, se não
contivesse tais substâncias. As 10 categorias de aditivos são: acidulantes, corantes, edulcorantes,
antioxidantes, antiumectantes, flavorizantes, aromatizantes, conservantes, espessantes,
estabilizantes e umectantes.
Códigos de classes de aditivos
H - Acidulantes
A - Antioxidantes
AT - Antiespumífero
AU - Antiumectante
C - Corante
EP - Espessante
ET - Estabilizante
P - Conservador
U - Umectante
A Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos (CNNPA) proíbe o uso de aditivos em
alimentos, quando:
 Houver evidência ou suspeita de que ele possui toxicidade, atual ou potencial.
 Interferir sensível e desfavoravelmente no valor nutritivo do alimento.
 Servir para encobrir falhas no processamento e nas técnicas de manipulação.
 Encobrir alteração ou adulteração na matéria-prima ou no produto já elaborado.
 Induzir o consumidor a erro, engano ou confusão.
 Não satisfizer as exigências do presente decreto nº 55.871, de 26 de março de 1965.
Os alimentos que contiverem aditivos deverão trazer na rotulagem a indicação dos aditivos
utilizados, explicitamente ou em código, a juízo da autoridade competente, devendo, porém, em
ambos os casos, ser mencionado por extenso à respectiva classe.
Códigos de rotulagem de certos aditivos em alimentos de acordo com a legislação brasileira.
BRASIL. Decreto n.º 55.871, de 26 de março de 1965. Modifica o Decreto nº 50.040, de 24 de janeiro de 1961, referente a normas
reguladoras do emprego de aditivos para alimentos, alterado pelo Decreto nº 691, de 13 de março de 1962. Diário Oficial
da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 26 de março de 1965. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto/1950-1969/D55871.htm>. Acesso em: 5 set. 2011.

As amidas normalmente não ocorrem na natureza, e são preparadas em laboratório. Uma


importante amida é a acetanilida. As amidas são utilizadas em muitas sínteses em laboratório
e como intermediários industriais na preparação de medicamentos e outros derivados.
A amida do ácido sulfanílico (sulfanilamida) e outras amidas substituídas relacionadas
tem considerável importância terapêutica e são conhecidas como sulfamidas. Veja as
fórmulas de algumas amidas:

O
O O C CH3
CH3 C H3C CH C HN
NH2 NH2 C CH3
O
66
Dietanamida ou
Etanamida Propanamida
Diacetanamida

Polímeros
Quando ocorre a união de pequenas moléculas, denominadas monômeros, há formação
de um polímero. Essa união de moléculas, para a obtenção do polímero, denomina-se
reação de polimerização. O resultado são os polímeros naturais (celulose, amido, proteí-
nas, ácidos nucleicos, látex, seda) e os artificiais ou sintéticos (polietileno, teflon, náilon,
poliéster, borrachas sintéticas).
Dan Candea/SXC

Celulose

CH2OH CH2OH CH2OH


H H H H H OH
C O C O C O
H H H
C OH H C O C OH H C O C OH H C
OH C C H C C H C C
H H H

H OH H OH H OH

Glicose Glicose Glicose

Os polímeros podem ser formados por meio da reação de adição de monômeros iguais

UNIDADE 2
ou diferentes.
Homopolímero Copolímero Alternado

O O O O O O
CH2 CH CH2 CH CH2 CH CH2 CH
CH2 CH CH2 CH
Cℓ Cℓ Cℓ Cℓ

CH2 CH CH2 CH O O O
Cℓ

Unidade de Cloreto de Vinilia Unidade de


Unidade de Estireno Anidrido Maleico

Um dos polímeros mais simples é obtido por centenas de moléculas de eteno (CH 2
CH2), que também é conhecido como etileno, formando o polietileno, um dos plásticos
maios usados.
Exemplo:

67
QUÍMICA  Prato do Dia: Química

H H H H
H H H H
C C C C C C C C
H H H H
H H H H

Ligam-se a outros monômeros

H H H H H H H H

C C C C
C C C C

H H H H H H H H

Os polímeros podem ser classificados quanto ao comportamento mecânico em plásticos, elastômeros


e fibras.
Plásticos
Materiais adequados à moldagem, geralmente pela utilização de calor, pressão ou catalisador. Uma
das características dos polímeros é a variação da rigidez da estrutura de acordo com a temperatura, assim
eles podem ser:
• Polímeros termoplásticos, que podem ser fundidos por aquecimento e que se solidificam por resfriamen-
to, mudando seu formato. Essa propriedade altera o grau de degradação química, limitando o número
de reciclagens possíveis para o material.

[S.
I.]/
TE
FL
ON
.br

®
na.com

[S.I.]/tudosobreplasticos.com
amajua
[S.I.]/m

Policloreto de vinila Poliestireno Politetrafluoretileno


• Polímeros termofixos ou termorresistentes são polímeros infusíveis e insolúveis, que adquirem, por
aquecimento ou outro tratamento qualquer, estrutura tridimensional e rígida com ligações cruzadas,
não permitindo a reciclagem.
Haeßner/commons.wikimedia.org

Exemplos:
Johan/commons.wikimedia.org

Gabriella Fabbri/SXC

[S.I.]/commons.wikimedia.org
Rainer

Poliuretano Baquelite
Silicone

• Elastômeros são polímeros de alta flexibilidade, com capacidade de sofrer altas deformações elás-
ticas e, uma vez cessado o esforço mecânico, retornar às dimensões originais. As propriedades de
68
elasticidade são conseguidas a partir de uma reação de

[S.I.]/commons.wikimedia.org
formação de algumas ligações cruzadas durante a molda-
gem (vulcanização).
Da seringueira é extraído o látex, que é precipitado originando
a borracha natural, cuja utilização é limitada, pois ela se torna
quebradiça em dias frios e extremamente gosmenta em dias quen-
tes.
Essa massa viscosa, quando aquecida com enxofre (entre 5% a
8%), produz a borracha vulcanizada, um material bastante elástico,
que não sofre alteração significativa com pequenas variações de
temperatura e é bastante resistente ao atrito. O processo de vul-
canização forma uma estrutura tridimensional (termofixa), com o enxofre

[S.I.]/commons.wikimedia.org
servindo de ponte entre as cadeias carbônicas.

CH3 S CH3 S

H2C CH CH CH2 CH2 CH CH CH2

S S

H2C CH CH CH2 CH2 CH CH CH2

CH3 S CH3 S

Borracha vulcanizada
Fibras
As fibras são caracterizadas pela elevada orientação molecular em filamentos, o que
aumenta a resistência mecânica, sendo por isso muito usadas na indústria têxtil.
CH2OH OH CH2OH
H
H H H H H OH
C O C C C O

UNIDADE 2
H OH H H
C OH H C O C H C O C OH H C
OH C C H C O H C C
H H H

H OH CH2OH H OH

Algodão (celulose)

22. Experimento. Produção de um polímero. A prática abaixo, permite a produção de um polí-


mero, que é um dos principais produtos da indústria de plásticos e derivados. Realize-a e elabo-
re um relatório descrevendo detalhadamente cada etapa.

Materiais
• Copos de plástico de cafezinho, colheres de plástico, copos de vidro (desses utilizados como
embalagens para geleias), bacia de plástico ou panela para o banho-maria, seringas des-
cartáveis, ureia comercial (adquirida em casas de produtos agrícolas), formol comercial (ad-
quirido em farmácias), soda cáustica (adquirida em supermercados), fenolftaleína, corantes
alimentícios (adquiridos em supermercados) solução para bateria (adquirida em postos de
gasolina). Todas as medidas utilizadas no desenvolvimento da prática foram determinadas,
tendo-se como referência copinhos plásticos para cafezinho.

69
QUÍMICA  Prato do Dia: Química

Procedimento
• Adicione em um copo de vidro o equivalente a um copinho de ureia comercial (≅ 30 g), 1 frasco de formol
comercial (≅ 50,0 mL) e 1 um copinho de uma solução de aproximadamente 7% em massa de soda cáustica.
• Prepare a solução de soda cáustica dissolvendo um copinho de soda cáustica em 9 copinhos d’água.
• Leve o sistema ao banho-maria, próximo à temperatura de ebulição da água. Mantenha sob essas condições
por aproximadamente 5 min. Imediatamente após esse tempo, resfrie o sistema em água corrente ou em
banho de gelo, movimentando, de forma a simular uma centrifugação. Durante esta etapa, você observará
a formação das unidades menores do polímero e, consequentemente, a solução apresentará uma coloração
esbranquiçada.
• Deixe, então, em repouso por alguns minutos.
• Adicione fenolftaleína à solução. Nesta etapa, a solução adquirirá uma coloração rósea, uma vez que o sistema
constitui um meio básico.
• Proceda, então, a adição de gotas de uma solução de bateria (isto pode ser feito com o auxílio de uma seringa
descartável sem a agulha) até que observe o desaparecimento da coloração rósea.
• Agora, adicione corantes alimentícios, de forma a obter a resina da cor que quiser. Após a adição do corante,
proceda novamente o aquecimento do sistema sob as mesmas condições descritas anteriormente.
• Sob agitação constante, inicie a adição lenta de gotas de solução de bateria. No decorrer deste procedimento,
observa-se que a tonalidade da cor inicial da mistura fica mais clara e a mistura adquire uma consistência
parecida com a de um mingau, ou seja, mais encorpada.
• Atenção: Este é um momento crítico da realização da prática, uma vez que a adição de gotas do ácido em
excesso torna o material plástico quebradiço e impossível de ser moldado. Nesta etapa, o material deve ser
imediatamente removido para um molde. O resfriamento gradativo irá endurecê-lo. Após alguns minutos,
pode-se retirar o plástico do molde.

A equação a seguir, representa a reação de formação de uma unidade monomérica do polímero produzido no
experimento. A reação é em cadeia e a macromolécula poderá ter milhares de unidades monoméricas. Observe a
diferença na ramificação da estrutura entre o produto e os reagentes.

H H

CH2 N N N N
H H C C
O H H H CH2
N N O H2O O
C Formaldeído N N
H H H H H C CH2
O CH2

Ureia N N O N N
O C C
H H H
O O
polímero ureia-formaldeído

23. Abaixo estão listados os principais polímeros, utilizados em indústrias e no cotidiano. Pesquise suas princi-
pais aplicações e complete a tabela a seguir:

Monômero Polímero Aplicações

H2C — CH2 [— H2C — CH2 —]n


Eteno ou etileno Polietileno

70
H2C CH H2C CH

Cℓ Cℓ n
Cloreto de vinila
Cloreto de vinila (PVC)

[— F2C — CF2 —]n


F2C — CF2
Politetrafluoretileno
Tetrafuoretileno
(Teflon ou PTFE)

H2C CH H2C CH

n
Vinilbenzeno ou estireno Poliestireno
CH
H2C
[ CH CH2 ]
n

CH3 CH3

Propileno ou propeno Polipropileno


CH3
CH3
H2C C
H2C C
COOCH3
COOCH3 n

Metacrilato de metila Polimetacrilato de metila


(acrílico ou plexiglas)

H2C CH H2C CH

UNIDADE 2
OOC — CH3 OOC — CH3
n
Acetato de vinila
Poliacetato de vinila (PVA)
H2C CH H2C CH

CN CN
Propenonitrilo ou cianeto e n
vinila (acrílonitrilo) Poliacrínonitrilo (Orion)

H2C C CH CH2 H2C C CH CH2

CH3 CH3
n
Meti-1,3-butadieno
Poli-isopropeno
Isopropeno
(Borracha natural)

H2C C CH CH2 H2C C CH CH2

Cℓ Cℓ
n
2-cloro-1,3-butadieno
Polineopropeno ou
neopropeno ou cloropreno
policloropreno

71
QUÍMICA  Prato do Dia: Química

Monômero Polímero Aplicações

1,3-butadieno
... H2C CH CH2 CH2 CH ...
+
propenonitrilo CN
Buna-N ou perbunam

Monômero Polímero Aplicações


OH OH
Fenol
+ ... CH2 CH2 ... + n H2O
metanal (formol)
Baquelite (poliformol)
Ácido hexanodioico
O O
(ácido adípico)
+ ... C (CH2)4 C NH (CH2)6 NH ... + n H2O
1,6-diaminohexano
(hexametileno-diamina) Nylon (poliamida)

Ácido tereftálico O O
(p-benzenodioico)
+
... C C NH NH ... + n H2O

p-diamino-benzeno Kevlar (poliarilamida ou poliaramida)


Ácido tereftálico O O
(p-benzenodioico)
+ ... C C O (CH2)2 O ... + n H2O
1,2-etanodiol
(etilenoglicol) Dracon ou terilene (poliéster)

25. Experimento. Interação da água com polímeros. Execute a prática e responda à questão
em seguida:
• Por que o guardanapo absorve água e o plástico não?

Materiais
• Guardanapo (celulose), sacola plástica (polietileno),conta-gotas.

Procedimentos
• Corte os três materiais em pedaços iguais. Com auxílio do conta-gotas, coloque cinco gotas
de água em cada pedaço e aguarde alguns minutos. Observe o que acontece.
a) As fórmulas espaciais a seguir são dos polímeros utilizados:

OH H H H H H
H H H H H
HO OH H2C HO OH *
O
O * * H H H H H n
O O O
O O n H H H H
* H2C HO OH H2C
OH OH Polietileno
Celulose

72
Propriedades dos compostos orgânicos
Vimos, no experimento da atividade 24, uma aplicação para as propriedades dos
compostos orgânicos que envolve as forças intermoleculares.
Como o tipo de ligação que predomina nos compostos orgânicos envolve os elementos
carbono e hidrogênio, que praticamente apresentam a mesma eletronegatividade, e pela
geometria pela qual esses átomos estão ligados não há formação de vetor dipolar na es-
trutura, formando-se assim moléculas apolares. Quando a molécula apresenta um átomo
diferente do carbono e hidrogênio, especialmente o oxigênio ou nitrogênio, que provocam
uma polarização na ligação, há a formação de moléculas polares. A criação desses polos
origina atração com outras moléculas vizinhas. São formadas as forças intermoleculares,
que são fundamentalmente de três tipos: ligações de hidrogênio, dipolo-dipolo e dipolo-
dipolo induzido.
Isso explica as diferenças entre as propriedades físicas dos compostos orgânicos. Uma
substância apresenta pontos de fusão e de ebulição característicos. O fato de eles serem
altos ou baixos depende da força que mantém as moléculas unidas, e também da massa
dessas moléculas.
A água é um solvente polar com pontes de hidrogênio. Por isso, as substâncias polares
são solúveis em água. Já os compostos apolares, como os hidrocarbonetos, são insolúveis
em água. Para dissolver um hidrocarboneto, usa-se um solvente apolar, geralmente um
hidrocarboneto líquido.

25. A partir das massas moleculares e da fórmula estrutural simplificada, justifique as tempe-
raturas de fusão e ebulição das moléculas abaixo:
a) Butano: H3C — CH2 — CH2 — CH3
Massa molecular = 58

UNIDADE 2
Temperatura de fusão = – 138°C
Temperatura de ebulição = – 0,5°C
b) Etanol: H3C — CH2 — OH
Massa molecular = 46
Temperatura de fusão = –115°C
Temperatura de ebulição = + 78,3 °C
c) Metano: CH4
Massa molecular: 58
Ponto de fusão = -183ºC

26. Analise as fórmulas abaixo e explique por que a vitamina E é lipossolúvel e a B5 é hidros-
solúvel.
CH3 OH
CH3 H
HO N OH
CH2 CH2 CH2 CH CH2 3
H HO
H3C O CH3 O O
CH3
Vitamina E Vitamina B5

73
QUÍMICA  Prato do Dia: Química

Vitaminas
As vitaminas são micronutrientes essenciais à vida, pois regulam o metabolismo e ajudam
os processos bioquímicos. Atuam como coenzimas, permitindo que as atividades que ocor-
rem no organismo aconteçam de forma rápida e precisa. Existem dois tipos de vitaminas, as
hidrossolúveis (solúveis em água) e as lipossolúveis (solúveis em gorduras).
São lipossolúveis as vitaminas A, D, E e K, normalmente encontradas nos alimentos
gordurosos de origem vegetal e animal. São digeridas e absorvidas junto com a gordura
no intestino.
Todas as demais são hidrossolúveis, inclusive as do complexo B e a vitamina C. Quando
a alimentação não supre o corpo com essas vitaminas, o organismo pode sofrer com anemia,
fraqueza, problemas de visão, lesões de nervos, diarreias, sangramentos. Para prevenir esses
tipos de doenças com uma alimentação saudável que as contenha, com carnes magras, car-
boidratos (arroz, feijão, trigo, batata, mandioca, milho e ervilha), abundância de hortaliças
diversificadas e gorduras vegetais, de preferência poli-insaturadas.
VITAMINAS HIDROSSOLÚVEIS. Informação nutricional. 7 jan. 2011. Disponível em: <http://www.informacaonutricional.net/
nutricao/vitaminas-hidrosoluveis/>. Acesso em: 5 set. 2011.

Os fármacos, ou medicamentos
[S.I.]/commons.wikimedia.org

Todo medicamento apresenta uma bula que contém informações


importantes sobre ele, como: efeitos colaterais, posologia, reações
adversas, etc.
Veja, por exemplo, o medicamento a seguir:
Entre muitas informações que se pode encontrar em uma bula,
algumas foram transcritas a seguir:
Fórmula estrutural
NH

HO O

• Cada comprimido revestido contém:


Paracetamol .................... 750,0 mg
Excipientes q.s.p. ............ 1 comprimido (hidroximetilpropilcelulose, polietile-
noglicol, crospovidona, dióxido de silídio coloidal, estearato de magnésio).
[...]
• Cuidados de armazenamento: Conservar o produto em temperatura ambiente
(entre 15ºC e 30ºC). Proteger da luz e umidade.
• Prazo de validade: 24 meses a partir da data de fabricação, o que pode ser
verificado na embalagem do produto. Não use o medicamento se o prazo de
validade estiver vencido.
TODO MEDICAMENTO DEVE SER MANTIDO FORA DO ALCANCE DAS CRIANÇAS.
NÃO TOME REMÉDIO SEM O CONHECIMENTO DO SEU MÉDICO, PODE SER
PERIGOSO PARA A SAÚDE.
PARACETAMOL: comprimidos revestidos. Responsável técnico: Laboratório Medley. Suzano: Medley/Sanofi, 2011. 1 bula de
remédio. Disponível em: <http://www.bulas.med.br/bula/6623/paracetamol.htm#tooltip_sudorese>. Acesso em: 5 set. 2011.
(Excertos).

74
27. Observe a bula do medicamento abaixo e registre as informações sobre o princípio ativo,
e qual é a ação no organismo. Destaque as informações que você considera relevantes para o
consumidor.

UNIDADE 2

75
QUÍMICA  Prato do Dia: Química

FLORATIL: Cápsulas. Responsável técnico: Geraldo César Monteiro de Castro. Rio de Janeiro: Merck S.A. 2011. 1 bula de
remédio.

76
Fármacos e quiralidade
Os fármacos, medicamentos e as drogas são substâncias químicas que desempenham as
suas funções por meio da ligação de seus grupamentos químicos a estruturas celulares específi-
cas, como proteínas que ficam localizadas dentro ou fora da célula, proteínas transmembranas,
enzimas e proteínas carreadoras. Para que isso ocorra, esses grupamentos químicos presentes
precisam ter afinidade química com as estruturas celulares mencionadas acima.
Desde os primórdios, os humanos aprenderam a usar substâncias químicas com finalida-
de terapêutica, ou seja, para curar doenças. As comunidades indígenas contribuíram muito
e ainda contribuem para o descobrimento de novas plantas com potencial terapêutico.
Uma planta pode conter milhares de constituintes químicos, mas apenas alguns têm
propriedades farmacológicas. É aí que entra o trabalho dos cientistas, que podem ser quími-
cos ou farmacêuticos, os quais precisam isolar e purificar todos os compostos químicos da
planta e descobrir quais deles têm propriedades terapêuticas. Diversas culturas, pelo mundo
afora, desenvolveram técnicas para extrair essas substâncias, que eram utilizadas como
medicamentos naturais, em cerimônias religiosas ou na busca do autoconhecimento.
A substância química extraída com propriedades terapêuticas é denominada droga. A
definição de droga é bastante ampla, mas dentro da farmacologia (a ciência que estuda
os medicamentos e seus efeitos), droga é uma substância química com estrutura química
conhecida e definida, que pode ter uso terapêutico ou não. Isso significa que, na hora em
que os cientistas extraem da planta seus constituintes, muitos deles não serão usados na
prática médica por possuir propriedades tóxicas. Já outros constituintes podem ser utilizados
na prática médica. Quando se fala em “droga”, vem à cabeça substância ilegal, tóxica. No
entanto, muitas drogas estão longe dessa realidade, pois são utilizadas na busca de bene-
fícios ao organismo. Assim, as drogas com propriedades benéficas são também chamadas
de fármacos ou medicamentos. No entanto, o que difere um fármaco de um veneno é a
dose. Isso significa que, mesmo que o medicamento possua propriedades terapêuticas, ele
dever ser usado na dose terapêutica prescrita pelo médico, por que excessos podem causar
prejuízos muito sérios à saúde e inclusive levar à morte.
Uma das plantas de uso medicamentoso mais antigo é a Papaver somniferum, da qual

UNIDADE 2
se extrai um suco leitoso, denominado ópio.

77
QUÍMICA  Prato do Dia: Química

[S.I.]/consultaremedios.com.br

De acordo com registros, o ópio já era utilizado desde


o início da era cristã para tratamento de diversas doenças,
desde simples dores de cabeça até crises convulsivas. Mas
estudos com o ópio mostraram que suas propriedades
analgésicas são muito significativas, tanto que a morfi-
na, uma droga isolada do ópio, é um dos mais potentes
analgésicos de ação no sistema nervoso central, mas seu
uso é limitado e necessita de observações médicas, pois
os opioides (substâncias derivadas do ópio) causam de-
pendência.
Os medicamentos são classificados em: de origem na-
tural, que vêm de vegetais ou animais, e medicamentos
sintéticos. Os medicamentos produzidos à base de plantas
você já viu, mas os de origem animal são, por exemplo, os
análogos sintéticos da magainina II, peptídeo proveniente
da secreção da pele do anfíbio africano Xenopus laevis. Os
medicamentos sintéticos são produzidos em laboratório, por
meio de processos químicos, que podem ter como base uma estrutura química de origem
natural ou ser totalmente elaborada em laboratório. Um exemplo de droga sintética, mas
que tem origem natural é a heroína, uma droga de abuso proibida no Brasil. A heroína
vem da morfina, a qual sofre processos químicos até a obtenção da heroína, a qual possui
propriedades tóxicas maiores que a morfina.
N CH3
H CH2

CH2
O O
O
C O O C
H 3C CH3
Heroína.

A descoberta de um novo medicamento leva anos e passa por vários caminhos e testes,
até ser aprovado por um órgão governamental, como no Brasil, que tem a Agência Nacio-
nal de Vigilância Sanitária (ANVISA). A indústria farmacêutica investe alto nesse processo,
desde a fase de testes em animais até a fase de teste em humanos. Também precisa investir
em estudos de formulação, ou seja, nas substâncias adjuvantes que são colocadas junto
com o princípio ativo. É como se fosse um bolo de laranja, no qual o princípio ativo é a
laranja, ou a droga, e os adjuvantes, no caso do bolo seriam o trigo, ovo, fermento. No
caso da droga, os adjuvantes são a lactose, sacarose, amido, entre outros.
A indústria farmacêutica fatura bilhões de dólares a cada ano e está sempre na busca
de novos medicamentos com propriedades biológicas. Alguns exemplos de medicamentos
que se tornaram alvo de discussão são:
• a Ziduvudina, conhecido como AZT (AIDS), o Xenical (para emagrecer) e o Viagra
(para disfunção erétil).

H
O
N O O O
HN N
S N
O H
O O N N
O
N
O

Estrutura do Xenical Estrutura do Viagra: Citrato de sildenafila

78
Alguns medicamentos são de venda livre. Isso significa que não

National Cancer Institute/commons.wikimedia.org


precisam de receita médica para ser vendidos. Já outros medicamen-
tos têm sua venda controlada, ou seja, precisam de receita médica.
Na caixa do medicamento, há uma tarja, que pode ser vermelha ou
preta. Entre os medicamentos de tarja vermelha, alguns não obrigam
à retenção da receita, ou seja, a receita pode ficar com o paciente, já
outros necessitam da retenção, como os antibióticos, que passaram a
ter, recentemente, controle de venda e retenção de receita. Os me-
dicamentos de tarja preta precisam de controle especial, pois podem
causar algum tipo de dependência.
Esse controle é necessário para evitar que ocorram problemas mais
sérios, como o fato que ocorreu, na década de 60 com a Talidomida.
Esse era um medicamento prescrito para mulheres grávidas como an-
tiemético (para reduzir náuseas e vômitos).
Entretanto, não se sabia que ele apresentava dois isômeros, entre
os quais a diferença era a configuração espacial dos grupos e cujas
diferentes propriedades físicas e químicas não são tão acentuadas.
Esse caso de isomeria é chamado de isomeria óptica. Um deles
apresentava o efeito desejado, ou seja, eliminava o enjoo, náuseas e Bebê cuja mãe ingeriu Talidomida.
vômitos, enquanto o outro provocava um poderoso efeito teratogênico
(causa dano aos fetos ou embriões durante a gravidez).
A única diferença entre esses isômeros era a disposição dos quatro substituintes dife-
rentes, ligados ao carbono saturado. Esse carbono é chamado de carbono quiral.
O O
HN
O N
*
O
* Carbono quiral
Carbono quiral é aquele que apresenta 4 ligantes diferentes.

UNIDADE 2
Quando a molécula apresenta carbono quiral, são possíveis dois arranjos espaciais
diferentes, e eles são tais, que suas estruturas são relacionadas entre si como a imagem um
do outro refletida num espelho, não sendo sobreponíveis. Essas estruturas são chamadas
de enantiômeros ou enantiomorfos.
Esse fenômeno (enantiomorfia) ocorre em outras situações na natureza, como nas mãos
direita e esquerda de uma pessoa.

Visto tudo isso, é inquestionável que a química possui papel especial na produção dos
medicamentos. Ela está diretamente ligada na seleção de substâncias a serem utilizadas para
a elaboração de outras que se deseja obter. Também, a química determina os métodos de
produção, condições de temperatura, luminosidade, seleção de embalagens, entre outros.
COELHO, Fernando A.S. Fármacos e quiralidade. Cadernos temáticos de química nova na escola n. 3, maio 2001, p.23-32.
Quiralidade. Disponível em: < http://qnesc.sbq.org.br/online/cadernos/03/quiral.pdf>. Acesso em: 5 set. 2011. (Adaptado).

79
QUÍMICA  Prato do Dia: Química

29. Experimento. Síntese da aspirina. Realize a prática a seguir e elabore um relatório, descre-
vendo detalhadamente cada etapa. Ao final, explique os processos físicos relacionados à sepa-
ração dos produtos da reação.

Materiais
• Béquer, funil simples, erlenmeyer, papel-filtro, tripé, tela de amianto, bastão de vidro.

Procedimentos
• Pese 2 gramas de ácido salicílico dentro de um erlenmeyer bem seco. Adicione 50 mL de
anidrido acético e em seguida 5 gotas de ácido fosfórico concentrado.
• Coloque o erlenmeyer dentro do béquer, tomando o cuidado de não deixar o material en-
trar em contato com a água. Deixe em aquecimento durante 5 minutos, agitando de vez em
quando a mistura em reação, com o auxílio do bastão de vidro.
• Completado o tempo de 5 minutos, adicione ao erlenmeyer cerca de 2 mL de água destila-
da. Quando cessar a evolução de vapores, retire o erlenmeyer do banho quente e adicione
mais 20 mL de água destilada.
• Resfrie a solução em um banho de gelo para provocar a formação dos cristais de aspirina.
Retire o erlenmeyer do banho e filtre o seu conteúdo. A parte sólida e cristalina retida no
papel-filtro é a aspirina.
PERNA, Luís. Síntese da aspirina. Física e Química web. 2004-2011. Disponível em: <http://fisicaquimicaweb.com/exp_simples.
htm#Síntese da Aspirina>. Acesso em: 5 set. 2011. (Adaptado).

Aspirina, um dos medicamentos mais antigos no estudo sobre


as substâncias orgânicas e os medicamentos, deve-se conhecer um
pouco de alguns medicamentos em especial, como os analgésicos e
anti-inflamatórios, que são as drogas mais utilizadas pela população
mundial.
O ácido acetilsalicílico, cujo nome comercial é aspirina®, tam-
bém chamado de AAS, é o analgésico e anti-inflamatório mais
antigo, tem mais de um século desde sua descoberta. A invenção
dos analgésicos teve grande importância na medicina. Desde a an-
tiguidade, os povos indígenas já utilizavam chás com propriedades
analgésicas, como o chá de salgueiro. Cientistas se interessaram
pela planta com poder de analgesia e começaram a isolar seus
compostos químicos, em busca da substância com tal propriedade.
Divulga
ção Encontraram o ácido acetilsalicílico. Logo após a sua descoberta, a
síntese do ácido começou a ser realizada em laboratório, por ser um processo de síntese
bastante simples. Em 1899, a indústria farmacêutica Bayer obteve a patente da aspirina e
um século depois, após muitos outros analgésicos terem sido descobertos, a Bayer ainda
vende muita aspirina, pois, além das suas propriedades analgésicas, o AAS pode ser pres-
crito pelo médico com finalidades antiplaquetárias, como coadjuvante para o tratamento
de doenças cardíacas.
Em sua história, a indústria farmacêutica descobriu outros analgésicos, como o para-
cetamol e a dipirona:

OH
O

N
Estrutura química do paracetamol.
80
Observe os grupos funcionais do paracetamol: fenol e amida.

CH3

N CH3
N

O N CH3

CH2

SO3– Na+

Estrutura química da dipirona.

Observe as funções da dipirona: amina e amida.


A grande maioria dos medicamentos com propriedades analgésicas são derivados de
substâncias à base de aminas. Lembre-se que as aminas apresentam em sua fórmula es-
trutural o elemento nitrogênio ligado a um ou mais grupos alquila ou arila.

Antibióticos, uma revolução na farmacologia


De forma diferente da aspirina, alguns fármacos só foram descobertos e produzidos
muito recentemente, o que ocasionou muitas mortes no mundo, como os óbitos por infec-
ção bacteriana que, até a década de 1930, não tinham cura. Foi somente em 1932 que os
antibióticos surgiram, sendo as sulfas os primeiros representantes desse tipo de remédio.
As sulfas são agentes antibacterianos, por impedir a multiplicação
das bactérias pela inibição de uma enzima responsável pela síntese

[S.I.]/cienciamao.usp.br
de ácido fólico, elemento necessário para a formação do DNA. Mas
o uso da sulfa passou a ser muito limitado, pois as bactérias criaram
rapidamente um mecanismo de resistência. Apenas 5 anos após a
descoberta das sulfas, um escocês, ganhador do prêmio Nobel de

UNIDADE 2
Medicina, Alexander Fleming, por acaso descobriu um dos mais
potentes antibióticos, a penicilina. Em 1928, o pesquisador estava
estudando uma colônia de bactérias e, certo dia, ele percebeu que
a placa em que ele cultivava essas bactérias havia sido contaminada
com um fungo e que, na região da placa onde o fungo havia cres-
cido, não havia desenvolvimento da colônia de bactérias. Logo, ele
pensou que aquele fungo deveria estar produzindo uma substância
que inibia o crescimento bacteriano. Após vários testes, sua teoria
se confirmou. O fungo que havia contaminado a sua placa era o
Penicillium notatum e, por essa razão, denominou-se o seu produto
de penicilina.
Observe a seguir a estrutura da penicilina:

N S

O O N

O OH

Estrutura química da penicilina


81
QUÍMICA  Prato do Dia: Química

Já foram desenvolvidos mais de 20 000 tipos de antibióticos, porém existem apenas


100 hoje à disposição dos médicos. Esse decréscimo da oferta ocorre por causa do au-
mento da resistência bacteriana. Também por causa disso, caiu o interesse da indústria
farmacêutica no desenvolvimento de novos antibióticos. Uma das causas do aumento da
resistência bacteriana é o uso indevido dos antibióticos, uma vez que sua comercialização
não era controlada. No entanto, uma lei recente, que entrou em vigor em 2010, proíbe a
venda de antibióticos sem receita médica. Isso deverá ajudar a controlar o uso abusivo.
Os antibióticos só devem ser usados quando prescritos pelo médico, ou seja, quando
existe uma infecção bacteriana de fato. Nem se deve interromper um tratamento antes
do fim, mesmo que haja melhora do quadro. Normalmente, os antibióticos são prescritos
por 5, 7, 10, 14 ou 21 dias. Esse período deve ser respeitado, para que não se provoque
a resistência bacteriana.
OLIVEIRA, Adriana Cristina de; SILVA, Rafael Souza da. Desafios do cuidar em saúde frente à resistência bacteriana: uma revisão.
Revista Eletrônica de Enfermagem, 2008, 10(1) p.189-197. Disponível em: <http://www.fen.ufg.br/revista/v10/n1/pdf/v10n1a17.
pdf>. Acesso em 6 set. 2011.

O texto a seguir apresenta a diferença entre


um medicamento genérico e similar.
Todo medicamento possui uma substância responsável pelos
Divulgação

efeitos terapêuticos. Essa substância é chamada de princípio


ativo. No entanto, os fármacos recebem um nome próprio, cha-
mado nome comercial, além do nome do princípio ativo. Por
exemplo, aspirina é o nome comercial, mas o nome do princí-
pio ativo é ácido acetilsalicílico. Sempre o nome comercial e o
nome do princípio ativo aparecem na caixa do medicamento.
Olhe o exemplo do Tylenol (nome comercial) e perceba que o
nome do princípio ativo é paracetamol.
Um medicamento genérico possui o mesmo princípio ativo
que o medicamento de referência, por exemplo, o paracetamol,
na mesma concentração do medicamento de referência e deve
ser usado na mesma dose. Portanto, possui as mesmas indica-
ções terapêuticas é usado pela mesma via de administração. O
medicamento é aprovado como genérico pela Anvisa (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária) apenas após passar por alguns testes que comprovem que
ele é exatamente igual ao de marca, ou seja, o de referência. Um dos testes realizados é
o de bioequivalência. Esse teste avalia a quantidade e o tempo que o medicamento leva
para chegar até a corrente sanguínea. Quando um medicamento é genérico, ele deve ter a
mesma bioequivalência que o medicamento de referência.
Quando um novo medicamento é sintetizado, a indústria farmacêutica responsável por
essa produção tem seu produto protegido pela lei das patentes, a qual diz que nenhum me-
dicamento genérico pode ser criado a partir desse novo medicamento, por um período de 10
anos. Isso, porque nesse período de 10 anos, a indústria que produziu o novo medicamento
tem a garantia de recompensa, ou seja, ela pesquisou e gastou para o desenvolvimento do
novo medicamento e, por causa disso, tem 10 anos para lucrar com a nova fórmula. Após
os 10 anos, pode ser fabricado o genérico daquele medicamento. Uma exceção a essa regra
ocorre quando um país entra numa situação de pandemia. Por exemplo: em 2009, o Brasil
passou por uma pandemia da gripe A (H1N1) e, naquela época, o principal medicamento
para tratamento da gripe A era o Tamiflu® (nome comercial), que ainda estava protegido pela
lei das patentes. Porém, pelo perigo de pandemia, o Brasil quebrou a patente e começou a
produzir o genérico osetalmivir (nome do princípio ativo).
82
Note que, na caixa de um medicamento genérico, consta apenas o

Divulgação
nome do princípio ativo, pois o nome comercial é patenteado pela in-
dústria farmacêutica que produziu o medicamento pela primeira vez.
Veja a imagem do Tylenol®, de referência, e a seguir a do seu genérico:
paracetamol.
A diferença entre o medicamento genérico e de referência está apenas
no bolso do consumidor. Isso, porque o genérico chega a ser 30% mais
barato, pois não houve investimento da empresa fabricante em pesquisa
para seu desenvolvimento.
Além desses dois tipos de medicamentos, existem também os chamados
similares. A produção desse tipo de medicamento também é permitida ape-
nas após os 10 anos de garantia da patente, mas eles não são considerados
genéricos. Isso porque eles não são exatamente iguais aos medicamentos
genéricos. A lei não exige o teste de bioequivalência, portanto não se
garante que eles sejam exatamente iguais aos de referência.
Quando o médico prescreve um medicamento, em geral coloca na
receita o nome do medicamento comercial, por exemplo: Tylenol®. Esse
medicamento somente pode ser substituído pelo medicamento genérico,
não pelo similar.

Para identificar o medicamento genérico:

Nome do Genérico Medicamento Genérico


Lei 9.787/99

O nome do genérico Na embalagem dos genéricos

UNIDADE 2
deve ser seu princípio tem que estar escrito
ativo (ex: Amoxilina) “Medicamento Genérico” e o
Fique de Olho. número da lei (Lei 9.787/99)

G Genérico
Medicamento VENDA SOB
PRESCRIÇÃO MÉDICA

Todos os medicamentos Pergunte ao seu médico se


genéricos deverão ter a existe um medicamento
tarja amarela com genérico equivalente ao seu.
a expressão “Medicamento Caso exista, peça sua inclusão
Genérico” em azul, seguida na receita.
da letra “G” estilizada.

REIS, Fábio. Os medicamentos genéricos. Pfarma.com.br. 1 jul. 2009. (Atualizado em: 1 set. 2010). Disponível em: <http://
pfarma.com.br/consumidores/medicamentos-genericos.html>. Acesso em: 6 set. 2011.

29. Faça uma pesquisa sobre dois tipos de substâncias químicas usadas como drogas terapêu-
ticas e duas como drogas de abuso.
• Para cada substância, descreva seus efeitos terapêuticos (no caso dos fármacos) e os efeitos
tóxicos (para as drogas de abuso).
• Escolha um tipo de cada substância e elabore uma apresentação para socializar com a tur-
ma.
83
QUÍMICA  Prato do Dia: Química

CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Polímero do futuro
Para driblar os inconvenientes de

Gilson Oliveira/PUCRS
implantes feitos com ligas metálicas,
pesquisadores exploram o potencial
de polímeros biodegradáveis. O
poliuretano-caprolactona, por exemplo,
demonstrou bons resultados em
implantes temporários para células
nervosas e ósseas.
Polímeros e Medicina
A associação dos polímeros com
a Medicina, embora ainda pouco
conhecida pelo grande público,
já mostrou grande potencial nos laboratórios: válvulas cardíacas, implantes
odontológicos, regeneração de nervos. As possibilidades são muitas e pesquisas
recentes tratam de aumentar o leque de benefícios e reduzir os riscos do uso
cirúrgico de materiais tão maleáveis como os polímeros sintéticos.
Os resultados muitas vezes são surpreendentes. É o caso da pesquisa desenvolvida
no Laboratório de Organometálicos e Resinas da Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul (PUCRS), que aponta para o uso do polímero poliuretano-
caprolactona na regeneração de células nervosas e ósseas.
Em virtude de seu caráter biodegradável, o implante feito com esse polímero
é gradualmente absorvido pelo organismo. O tempo de degradação ainda está
em análise, mas já se sabe que o processo se dá em um período de no mínimo
seis meses. No caso de regeneração óssea, o tecido aos poucos assume o lugar
do implante, que tem formato semelhante ao do osso original.
O processo para regenerar células nervosas é semelhante. Assim, as células
recebem uma orientação para onde devem crescer. O polímero vai se degradando
conforme o tecido nervoso é regenerado.
Biomaterial
O poliuretano-caprolactona foi escolhido entre diversos polímeros, pelo
fato de apresentar bons resultados em testes feitos com ratos, além de ter
boa maleabilidade. Outra aplicação possível da substância é como auxiliar na
regeneração de tecido cutâneo e em implantes odontológicos. Contudo, por ser
relativamente flexível, não é indicado para uso em implantes e próteses que
recebem alto impacto, como as feitas para quadril, coluna vertebral e joelhos.
Outra aplicação possível da substância é como auxiliar na regeneração de
tecido cutâneo e em implantes odontológicos. Os testes com o material vão
continuar até que se conheçam com precisão os eventuais riscos de seu uso
para a saúde. Até o momento, porém, o poliuretano-caprolactona se mostra
promissor, assim como outros polímeros biodegradáveis. E diversas áreas do
conhecimento, como a Química, a Biologia, a Medicina e as Engenharias, estão
tratando de descobrir todo o potencial desses materiais.
SOUZA, Guilherme de. Polímero do futuro. Ciência Hoje. 30 mar. 2010. Disponível em: <http://cienciahoje.uol.
com.br/noticias/2010/03/polimero-do-futuro>. Acesso em: 23 ago. 2011.

84
O FUTURO EM JOGO

1. (UFSC, adaptada) 2. As plantas sintetizam a estrutura de poli-isopreno

“Vinha depois a aluvião moderna das zonas das borrachas naturais usando o pirofosfato de 3-metil-
formadas, o solo fecundo, lavradio. E o mestre 3-butenila. Muitos outros produtos naturais são deriva-
passava a descrever a vida na umidade, na dos desse composto, incluindo os terpenos. O sesqui-
semente, a evolução da floresta, o gozo universal terpeno farnesol é uma das substâncias mais comuns
da clorofila na luz.” do reino vegetal, e é um precursor biossintético da es-
trutura de esteroides.
POMPEIA, Raul. O Ateneu. São Paulo: Ática, 2006. p.144.

Sabe-se que a vida em nosso planeta é possível atra-


vés de processos de transformação de energia. Nos
vegetais com clorofila, são produzidos os hidratos de
carbono, considerados uma das fontes de energia OH
para os organismos. Farnesol
A equação química, conforme aparece a seguir, re-
presenta a obtenção de moléculas de glicose por Sobre o composto orgânico farnesol, considere as
meio do processo de fotossíntese. seguintes afirmativas:
As moléculas de glicose obtidas são combinadas, for- I. A estrutura do farnesol apresenta seis átomos de
mando dois polímeros de condensação: a celulose e o carbono sp2.
amido, ambos de fórmula empírica (C6H10O5)n. O ami-
II. O produto de oxidação do farnesol é uma ceto-
do é um polissacarídeo que se encontra armazenado
na.
em diferentes órgãos vegetais. A celulose, por sua
vez, também é um polissacarídeo que existe pratica- III. O farnesol é um álcool insaturado.
mente em todos os vegetais. O algodão, por exemplo, IV. O composto farnesol apresenta cadeia ramifica-
é constituído por cerca de 95 % de celulose. da.

UNIDADE 2
6 CO2(g) + 6 H2O(ℓ) fotossíntese C6H12O6(g) + 6 O2(g) V. A cadeia hidrocarbônica do farnesol apresenta
três ligações duplas na configuração trans.

H H H H H Assinale a alternativa correta:


H
C C C C C C CH2OH A) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
O
OH OH OH OH OH B) Somente as afirmativas II, III e IV são verdadei-
ras.
Glicose
C) Somente as afirmativas I, II e V são verdadeiras.
De acordo com as informações acima, assinale a
alternativa incorreta. D) Somente as afirmativas I, III e IV são verdadei-
ras.
A) A molécula de glicose apresenta quatro átomos
de carbono quirais diferentes. E) Somente as afirmativas IV e V são verdadeiras.
B) Celulose e amido são polímeros naturais.
C) A molécula de glicose possui as funções álcool e
aldeído.
D) Na reação de fotossíntese o CO2 atua como um
oxidante.
E) A molécula de glicose apresenta isômeros geo-
métricos.
85
QUÍMICA  Prato do Dia: Química

CONECTE-SE

LIVRO
• Alquimistas e Químicos: o passado, o presente e o futuro
Autor: J. A. Vanin
[S.I.]/Editora Moderna

Editora: Moderna
Paradidático que mostra várias aplicações práticas dos polímeros, informações sobre
Pasteur e a importância da isomeria. O fascínio da química e a capacidade que ela confere ao
homem de transformar materiais e de viver em um mundo melhor impregnam as páginas
deste livro, dando uma visão atraente dessa ciência. Da química do homem primitivo ao
progresso da fase moderna, as etapas envolveram mentes, conhecimentos e intenções.
Ciência e sociedade se delineiam nas muitas histórias narradas.

ARTIGOS
• <http://www.unodc.org/pdf/brazil/drogas_ebook.pdf>.
Os tipos de drogas, seus efeitos e como agem no organismo.

• <http://www.iq.ufrgs.br/aeq/html/publicacoes/matdid/livros/pdf/sabao.pdf>.
Histórico, ação, produção e cuidados sobre a produção de sabões e detergentes.

• <http://www.anvisa.gov.br/alimentos/rotulos/manual_consumidor.pdf>.
Manual que mostra as legislações que se referem à rotulagem de alimentos.

• <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc15/v15a09.pdf>.
Artigo que propõe um experimento utilizando polímeros encontrados em fraldas descar-
táveis.

• <http://saude.hsw.uol.com.br/medicamentos-canal.htm>.
Artigo que aborda o funcionamento de vários remédios e drogas.

• <http://www.drauziovarella.com.br/ExibirConteudo/780/dependencia-quimica/
pagina6/acao-e-efeito-das-diferentes-drogas>.
Entrevista com Ronaldo Laranjeira, médico psiquiatra, PhD em Dependência Química
na Inglaterra. Coordenador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas na Faculdade
de Medicina da UNIFESP (Universidade Federal do Estado de São Paulo) e é PhD em
Dependência Química na Inglaterra. No site raiz, do Dr. Drauzio Varella, encontram-se outros
artigos sobre o tema.

• <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc13/v13a05.pdf>.
As recomendações atuais da IUPAC para a nomenclatura de moléculas orgânicas
apresentadas em formato condensado.

86
SITES
• <http://www.anvisa.gov.br/alimentos/aditivo.htm>.
O Sistema Internacional de Numeração de Aditivos Alimentares foi elaborado pelo Comitê
do Codex sobre Aditivos Alimentares e Contaminantes de Alimentos para estabelecer um
sistema numérico internacional de identificação dos aditivos alimentares nas listas de
ingredientes como alternativa à declaração do nome específico do aditivo.

• <http://prope.unesp.br/xxi_cic/27_33597616852.pdf>.
Utilização do jogo didático na introdução de plásticos no ensino de química apontando a
simbologia dos recicláveis.

• <http://www.terra.com.br/saude/drogas/>.
Site com artigos que fazem um relato das principais drogas e seus efeitos no organismo.

XEQUE-MATE

1. Show de talentos da Química. Em grupos, elaborem uma paródia abordando as principais funções
orgânicas (hidrocarbonetos, álcoois, fenóis, ácidos carboxílicos, éter, éster, aldeído, cetonas, aminas,
amidas, etc.). Se possível, associar também com os carboidratos, lipídios, proteínas, etc.
2. As vitaminas são compostos orgânicos de grande importância biológica. A carência dessas substâncias

UNIDADE 2
no organismo pode desencadear vários processos bioquímicos importantes. Essas moléculas são
classificadas em dois grupos distintos, em função de suas solubilidades em água (hidrossolúveis) ou em
lipídios (lipossolúveis).
Sabendo-se que abaixo há um representante de cada um desses grupos, responda aos itens posteriores.

H3C CH3 CH3 CH3 OH


CH2OH HO
OH
CH3 N
Piridoxina (Vitamina B6)
Retinol (Vitamina A)

a) Qual das vitaminas acima se espera ser lipossolúvel? Explique.


b) Cite dois grupos funcionais presentes na piridoxina.
c) Ao hidrogenar todas as duplas ligações, quantos carbonos quirais há no retinol?

87
Victor Rodriguez/SXC

Água
UNIDADE 3

DIÁLOGO E REFLEXÕES
Observe as charges acima e responda:
• O que elas criticam? Justifique sua resposta.

89
QUÍMICA  Água mesmo?

EM FOCO
Constituição Federal - 1988
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações.
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo
ecológico das espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e
fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de
impacto ambiental, a que se dará publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos
e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
ambiente;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem
em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam
os animais a crueldade.
[...]
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão
os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

CONHECIMENTO EM XEQUE

Importância da água
Água, líquido incolor, inodoro e insípido, é essencial à vida humana. A humanidade,
entretanto, habituou-se a tratar a água como algo inesgotável na natureza. O desperdício
é enorme e os recursos finitos. Em algumas regiões do mundo, o problema da escassez é
alarmante. Em Israel, por exemplo, a dessalinização das águas do Tiberíades e a canali-
zação para irrigar as plantações representou um avanço importante. As águas de esgoto
também são tratadas e beneficiadas em cidades como Belém, sendo reaproveitadas na
agricultura.
O mesmo se dá na Europa. Nelson Luís Sampaio de Andrade lembra com propriedade
que “países como Portugal e Espanha vêm enfrentando problemas com a falta de água,
90
que vem desaparecendo, ano após ano, em rios que atravessam os dois países ibéricos,
como o rio Douro, por exemplo” (ANDRADE, p. 88). Na Itália, foram criados órgãos ju-
risdicionais especializados para decidir conflitos envolvendo a utilização e domínio das
águas. São oito Tribunais das Águas Públicas e um Tribunal Superior das Águas Públicas,
este com sede em Roma, para julgar os recursos oriundos dos Tribunais Regionais.
O problema da superpopulação do planeta também é preocupante. Segundo dados
mencionados no Suplemento de Population Reports (GREEN, n. 10), no ano de 1988, a
situação de alguns países já era crítica. Alguns exemplos, em cada continente, do per-
centual de habitantes sem água potável: Etiópia — 83%, Afeganistão — 79%, Marrocos
— 41%, Paraguai — 67%, Haiti — 60% e Polônia — 11%. Imagine-se com o crescimen-
to populacional. Os recursos naturais permanecerão os mesmos e a população da terra
duplicará em 41 anos.
Revelando preocupação com o assunto, o Conselho da Europa, reunido em Estrasbur-
go, França, 1968, definiu 12 princípios para inspirar a legislação dos países-membros.
Posteriormente, o tema foi tratado em Conferências das Nações Unidas realizadas em
Estocolmo, 1972; Mar del Plata, 1977; Rio de Janeiro, 1992 e em Dublin, 1992 .
É evidente, por outro lado, que nos países de maior desenvolvimento a escassez de
água costuma ser menor e a conscientização da necessidade do uso adequado maior. No
Brasil ainda não há uma noção da relevância do tema. Primeiro, porque somos possuido-
res de muitas bacias hidrográficas e de uma costa marítima gigantesca. Segundo porque
ainda não sofremos o problema da escassez de água e da sua poluição. No entanto, as
grandes capitais já começam a ter dificuldades para abastecer a população. O custo da
captação de águas e o tratamento torna-se cada vez mais caro. Um exemplo: O jornal
Gazeta do Povo, de 5 de setembro de 1997, noticia na p.20 que o inusitado e intenso
calor reinante agravou o problema de falta de água na região metropolitana de Curitiba,
forçando o sistema de rodízio no abastecimento do município de Colombo, cessando a
distribuição das 16 horas às 8 horas da manhã do dia seguinte.
FREITAS, Vladimir Passos de. Poluição de águas. In: SEMINÁRIO QUESTÕES VIGENTES DE DIREITO AMBIENTAL,1., 1997.
Brasília. Anais eletrônicos... Brasília: Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal 13-14 out. 1997. Disponível
em: < http://www.cjf.jus.br/revista/numero3/artigo02.htm>. Acesso em: 3 nov. 2011.

UNIDADE 3
Dessalinização da água do mar
O consumo de água doce no mundo cresce a um ritmo superior ao do crescimento
da população, restando, como uma das saídas, a produção de água doce, retirando-a do
mar ou das águas salobras dos açudes e poços.
A dessalinização de águas salobras acontece quando passa a vapor e se torna doce e
o vapor não produz água salgada, depois que se condensa, ou pelo processo de osmose
reversa, pelo qual a água é filtrada por meio de membranas semipermeáveis. Tirar a água
dos oceanos: essa é a principal solução para o atendimento das futuras demandas de água
doce, já que neles se encontra 95,5% de toda água existente no globo terrestre.
Processos para dessalinização da água do mar:
• Destilação convencional
• Destilação artificial
• Eletrodiálise
• Osmose reversa
A dessalinização da água salgada ou salobra, do mar, dos açudes e dos poços, se
apresenta como uma das soluções para a humanidade vencer mais esta crise que já se
pronuncia. Atualmente, muitos países e cidades estão se abastecendo totalmente de água
doce extraída da água salgada do mar que, embora ainda a custos elevados, se apresenta
como a única alternativa, concorrendo com o transporte em navios tanques, barcaças e
outros.
91
QUÍMICA  Água mesmo?

O consumo de água doce no mundo cresce a um ritmo superior ao do crescimento da


população, restando, como uma das saídas, a produção de água doce, retirada do mar
ou das águas salobras de açudes e poços.
O uso das fontes alternativas de energia, como a eólica e a solar, apresenta-se como
uma solução para viabilizar a dessalinização de água no semiárido brasileiro, visando ao
consumo, humano e animal, e à microirrigação, o que propiciaria melhores condições
para a fixação do homem no meio rural.
Parte do Nordeste é caracterizada por condições geoclimáticas do semiárido, com
baixa precipitação pluviométrica e um solo predominantemente cristalino, que favorece
a salinização dos lençóis freáticos. Até agora as iniciativas de produzir água potável a
partir dessas fontes se restringiram a soluções paliativas, como a construção de açudes e
a utilização de carros pipa.
A dessalinização de água por meio da osmose reversa apresenta-se como uma ótima
alternativa para levar água a essa região, uma vez que possui menor custo, se comparado
aos outros sistemas de dessalinização. Além de retirar o sal da água, ele permite ainda
eliminar vírus, bactérias e fungos, melhorando assim a qualidade de vida da população
interiorana. O funcionamento é baseado no efeito da pressão sobre uma membrana poli-
mérica, através da qual a água passa e os sais ficam retidos. A integração com a energia
eólica faz-se necessária, devido ao baixo índice de eletrificação rural da região, tornando
o sistema autônomo. É utilizada uma turbina de 1,5 KW, que fornece eletricidade para a
bomba de captação de água do poço.
Histórico dos processos de dessalinização
• Em 1928, foi instalada em Curaçao uma estação dessalinizadora pelo processo da
destilação artificial, com uma produção diária de 50 m3 de água potável.
• Nos Estados Unidos da América, as primeiras iniciativas para o aproveitamento da
água do mar datam de 1952, quando o congresso aprovou a Lei Pública número
448, cuja finalidade seria criar meios que permitissem reduzir o custo da dessali-
nização da água do mar. O congresso designou à Secretaria do Interior para fazer
cumprir a lei, daí resultando a criação do Departamento de Águas Salgadas.
• O Chile foi um dos países pioneiros na utilização da destilação solar, construindo
o seu primeiro destilador em 1961.
• Em 1964 entrou em funcionamento o alambique solar de Syni, ilha grega do Mar
Egeu, considerado o maior da época, destinado a abastecer de água potável a sua
população de 30 000 habitantes.
• A Grã-Bretanha, já em 1965, produzia 74% de água doce que se dessalinizava no
mundo, num total aproximado de 190 000 m3 por dia.
• No Brasil, as primeiras experiências com destilação solar foram realizadas em 1970,
sob a supervisão do ITA-Instituto Tecnológico da Aeronáutica.
• Em 1971, as instalações de Curaçao foram ampliadas para produzir 20 000 m3
por dia.
• Em 1987, a Petrobras iniciou o seu programa de dessalinização de água do mar
para atender as suas plataformas marítimas, usando o processo da osmose reversa,
tendo esse processo sido usado pioneiramente, aqui no Brasil, em terras baianas,
para dessalinizar água salobra nos povoados de Olho D’Água das Moças, no mu-
nicípio de Feira de Santana, e Malhador, no município de Ipiara.
• Atualmente, existem 7 500 usinas em operação no Golfo Pérsico, Espanha, Malta,
Austrália e Caribe, convertendo 4,8 bilhões de metros cúbicos de água salgada
em água doce, por ano. O custo, ainda alto, está em torno de US$ 2,00 o metro
cúbico.
92
• As grandes usinas, semelhantes às refinarias de petróleo, en-
DESDOBRAMENTO
contram-se no Kuwait, Curaçao, Aruba, Guermesey e Gibraltar,
abastecendo-os totalmente com água doce retirada do mar.
NASA descobre quantidade
REDAÇÃO AMBIENTE BRASIL. Dessalinização da água do mar. Ambiente Brasil. On-line. 2000- gigantesca de água no espaço
2010. Disponível em: <http://ambientes.ambientebrasil.com.br/agua/artigos_agua_salgada/
dessalinizacao_da_agua_do_mar.html>. Acesso em: 14 out. 2011. Nuvem de vapor possui 140 trilhões
de vezes a quantidade de água da
Terra.

NASA
1. Considerando o texto Dessanilização da água do mar, realize as ativi-
dades a seguir:
a) Após o processo de dessalinização por destilação, é necessário adicio-
nar sais, para o reequilíbrio da salinidade. A adição repõe sais mine-
rais essenciais à manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico do corpo
humano. Explique por que, nesse processo, ocorre remoção total dos A NASA anunciou ter descoberto
a maior concentração de água até
sais.
agora. Uma nuvem de água em
b) A destilação da água do mar retira totalmente os sais dissolvidos. A forma de vapor envolvendo um
osmose reversa mantém certa quantidade desses sais, tornando-se buraco negro tem nada menos do
desnecessária sua reposição. Quais as diferenças entre os dois proces- que a quantidade de água da Terra
multiplicada em 140 trilhões de
sos citados? Explique, levando em conta o que ocorre macroscópica e
vezes.
microscopicamente.
E, além disso, o lago de vapor
continua aumentando. O buraco
2. Entre os produtos obtidos a partir da água do mar, estão o gás cloro, negro está ativo (e dessa forma é
o hidróxido de sódio, o gás hidrogênio, o sódio metálico. Com base nessa nomeado de quasar) e libera ondas
afirmação, realize as atividades propostas: de energia que fazem os átomos de
hidrogênio e oxigênio se chocarem
a) Qual processo permite a obtenção desses produtos?
e formarem água. Esse vapor de
b) Esquematize os processos, indicando os produtos citados. água é 300 trilhões de vezes mais
denso que o ar ao qual estamos
c) Forneça as equações das reações químicas que ocorrem nos proces- acostumados.

UNIDADE 3
sos. Essa nuvem está há 12 bilhões de
anos luz da Terra – o que significa
3. O mar se converteu em repositório final de muitos materiais produzi- que os cientistas ao a observarem-na,
dos pelo homem. A partir dessa afirmação: estão analisando um fenômeno
de 12 bilhões de anos atrás. Nessa
a) Construa um quadro para registrar os tipos de poluentes e resíduos época, o universo era apenas um
que podem contaminar os mares e indique, para cada um, a classe adolescente, com 1,6 bilhão de
química à qual pertence (orgânica ou inorgânica), origem e efeito so- anos. A conclusão é que a água foi
bre a vida marinha. uma das primeiras substâncias a
serem formadas no universo.
b) Elabore um texto que aborde a possibilidade do poluente, devido à
Hoje, sabemos que existe água em
característica química e ao estado físico, continuar presente na água
Marte, na Enceladus (uma estrela
após a destilação ou osmose reversa e proponha soluções para a ques- do planeta Saturno) e na Lua. Foi
tão da poluição de ambientes marinhos. só no ano de 1969 que o homem
descobriu que o líquido primordial
Vítimas da poluição existia em outros lugares que não
Brasileiros na Antártida verificam presença de substâncias tóxicas em fossem a Terra.
aves marinhas. A análise de pinguins e skuas aponta contaminação REDAÇÃO GALILEU. NASA descobre
quantidade gigantesca de água no espaço.
por mercúrio e poluentes orgânicos, que podem causar alterações Galileu, 1 ago. 2011. Disponível em:
biológicas nos animais. <http://revistagalileu.globo.com/Revista/
Common/0,,EMI252780-17770,00-NASA+D
[....] ESCOBRE+QUANTIDADE+GIGANTESCA+D
E+AGUA+NO+ESPACO.html>. Acesso em 5
O estudo analisa três espécies de pinguins (pinguim-antártico, set. 2011.
pinguim-adélia e pinguim-papua) e duas espécies de skuas (skua-
polar-do-sul e skua-subantártica). Essas aves são consideradas ex-
93
QUÍMICA  Água mesmo?

celentes indicadores da contaminação ambiental porque estão no

Wagner Fischer/cienciahoje.uol.com.br
topo da cadeia alimentar.
Pinguins e skuas se alimentam de peixes, que, por sua vez, co-
mem peixes menores, que se alimentam de plâncton, que absorve
as substâncias tóxicas presentes na água. Desse modo, tais aves con-
centram em seus organismos altos índices de poluentes. [....]
A pesquisadora explica que a maioria dos poluentes é altamente
volátil e que, uma vez em estado gasoso, eles são transportados para
a Antártida pelas massas de ar. Outra forma de dispersão se dá pelos
Skua-polar-do-sul defende seu território. Essa
espécie de skua apresenta os maiores índices
próprios animais, que migram para regiões contaminadas, durante o
de contaminação. inverno austral e quando voltam para a área de reprodução, no Sul,
espalham as substâncias tóxicas no ambiente. [...]
Contaminação e estresse
Wagner Fischer/cienciahoje.uol.com.br

Até o momento, os pesquisadores têm encontrado nas aves altas


concentrações de bifenilas-policloradas (PCB), diclorodifenil-triclo-
roetano (DDT) e mercúrio. Quando exposto à ação de micro-orga-
nismos do ambiente, o mercúrio se transforma em metil-mercúrio,
uma variante que é de 100 a 1 000 vezes mais tóxica do que a forma
original do metal.
Por ser lipossolúvel, ele atravessa a membrana plasmática das células com
facilidade e pode agir sobre o sistema nervoso, além de também alterar a
Pesquisadores do projeto capturam pinguim formação dos embriões, prejudicando a chance de sobrevivência e afetando
para coleta de dados. A análise das penas da o sucesso reprodutivo das espécies, explica outra bióloga envolvida no pro-
ave determina o seu índice de contaminação. jeto, Erli Schneider Costa.
Já o PCB e o DDT são compostos orgânicos tóxicos que eram usa-
dos em pesticidas, inseticidas, tintas e fluidos dielétricos de capacitores e trans-
Erli S. Costa/cienciahoje.uol.com.br

formadores até os anos 1970. Eles podem permanecer em um ambiente durante


anos, causando graves prejuízos para o ecossistema.
O efeito mais conhecido dessas substâncias sobre as aves é a redução da es-
pessura da casca dos ovos, o que os torna mais frágeis. Os pesquisadores do pro-
jeto também desconfiam que esses poluentes possam causar um desequilíbrio
hormonal nos animais, provocando alterações no comportamento reprodutivo de
machos e fêmeas e efeitos imunológicos, que os tornam mais suscetíveis a doen-
ças. [...]
Pinguim-antártico toma conta A pesquisadora explica que os pinguins e skuas já são animais naturalmente
dos filhotes. estressados, por viverem sob baixas temperaturas e se preocuparem com grandes
predadores, como a foca, leopardo e as orcas.
Por outro lado, ela acredita que a poluição pode aumentar ainda mais o estresse dos
animais. “Vamos avaliar os níveis de estresse e compará-los com outras informações que
estamos obtendo no ambiente para saber se indivíduos mais estressados são também os
mais contaminados.”
MOUTINHO, Sofia. Vítimas da poluição. Ciência Hoje, ed. 286. On-line. Rio de Janeiro. 28 abr. 2011. Disponível em:
<http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2011/280/vitimas-da-poluicao>. Acesso em: 14 out.2011. (Adaptado).

4. A contaminação ou poluição de uma das esferas (hidrosfera, atmosfera, litosfera ou bios-


fera) pode se propagar para outras? Explique e dê exemplos.

A palavra hidrosfera vem do grego hydros que significa água, e sphaira, esfera. De todo
o planeta Terra, a hidrosfera é a maior parte, correspondente a cerca de três quartos da
superfície gerada durante a formação da Terra, há cerca de 4,5 bilhões de anos.
94
A hidrosfera se originou devido à vaporização da água, quando

SibleyHunter/Flickr
em contato com a lava no interior da Terra. Ela então se condensava
e formava nuvens cada vez maiores e mais densas, que foram se acu-
mulando na atmosfera primitiva do planeta. Esse acúmulo de vapor,
quando condensado nas nuvens, voltava para a superfície como chuva
torrencial. Aos poucos, a superfície foi esfriando, formando a crosta
terrestre.
Quando cessou a chuva, as depressões da crosta terrestre, cobertas
de água, formaram os primeiros oceanos, mares e lagos, dando origem
à hidrosfera (conjunto de águas existentes na Terra). Ela é responsável
pelo transporte de partículas, pela alteração da forma da superfície terrestre e por toda a
vida sobre a Terra.
A divisão das águas disponíveis na crosta pode ser observada na tabela abaixo. Dentro
dessa divisão, a maior parte da água doce (70%) encontra-se congelada, cerca 29% está
nos aquíferos (depósitos de água subterrâneos), enquanto a água de fácil acesso corres-
ponde apenas a 1% da água doce.

Reservatório Volume (106 km3) Porcentagem do total


Oceanos 1370 97,25
Geleiras e calotas polares 29 2,05
Águas subterrâneas
5,3 0,38
profundas (750–4000m)
Águas subterrâneas (> 750) 4,2 0,30
Lagos 0,125 0,01
Umidade no solo 0,065 0,005
Atmosfera 0,013 0,001
Rios 0,0017 0,0001
Biota 0,0006 0,00004

UNIDADE 3
Total 14068,7 100
Pode-se relacionar da seguinte maneira:
Se toda a água da superfície estivesse em um um galão de 20L, a distribuição da água
seria feita da seguinte maneira:
• 19,45L seriam de água salgada;
• 550mL de água doce, dos quais 400mL estariam em forma de gelo, e apenas 150mL
na forma de água disponível para o consumo humano.

150 mL
gelo

20 L 550 mL
Total de água 3%
no planeta água doce
150 mL
água disponível
para consumo
95
QUÍMICA  Água mesmo?

Pela distância que o planeta está do sol, a água é a única substância que subsiste na
natureza nos três principais estados da matéria (sólido, líquido e gasoso) em condições
normais, o que implica que hajam transferências contínuas de água de um estado para
outro. Essas passagens entre os três estados, de forma fechada, foi denominada ciclo
hidrológico.

5. Quando se trata da questão da água, uma boa discussão é: ela é um bem renovável ou
não? Sabe-se que a quantidade de água no planeta não se modifica, mas o ciclo da água de-
monstra que ela se recicla, o que podemos entender como “se renova”. Entretanto, muito se
discute sobre a escassez de água potável e a questão pode estar na diferença de velocidade com
que ela se recicla e a velocidade de consumo.
Produza um texto dissertativo expondo suas ideias, seguidas da apresentação de argumentos
que as comprovem. O tema é: “Água, bem renovável”?

6. Leia atentamente as informações a seguir e responda: quais elementos químicos presen-


tes nos efluentes domésticos causam eutrofização no local de despejo? Explique por que geram
essa consequência.

O litoral é a área de influência direta ou indireta da ação do mar.


O termo litoral designa a faixa de terra junto à costa marítima, junto ao oceano, que
engloba cerca de 50 km para o interior.
Nesse espaço de inter-relação entre as áreas terrestre e marinha, a influência humana
tem hoje um importante papel, já que as áreas litorais são as mais densamente habitadas,
albergando cerca de 80% da população mundial em apenas 500 000 km de comprimen-
to.
MACHADO, Ilda. A dinâmica litoral. Prof2000. On-line. 1999-2011. Disponível em: <http://www.prof2000.pt/users/ilda-
mac/geo/litora.htm>. Acesso em: 26 out. 2011. (Adaptado).

As cidades litorâneas contribuem significativamente para a poluição nos oceanos. Nas cidades
do litoral, os esgotos domésticos devem ser lançados ao mar por emissários submarinos, após
passarem por tratamento adequado para não causarem eutrofização no local de descarga. Exis-
tem, aproximadamente, 20 emissários submarinos em todo o Brasil.
96
7. O gráfico a seguir traz informações sobre os recursos hídricos no Bra-
sil. Analise-o e responda às questões propostas:
Comparando os recursos hídricos e a população, que conclusões você tira:
a) A respeito da distribuição de água nas regiões brasileiras?
b) Sobre o potencial de abastecimento da população?
c) Dos possíveis impactos da população sobre esses recursos?
68,5
45,3

42,65

28,91

Distribuição dos recursos hídricos


da superfície e da população —
18,8

18,3

em % do total do Brasil
15,05
15,7

Recursos hídricos
10.8

Superfícies
6,98

6,41

6,5
6,8

População
6

3,3

Norte Centro-oeste Sul Sudeste Nordeste

Fonte: Plano Nacional de Recursos Hídricos – Secretaria de Recursos Hídricos do


Ministério do Meio Ambiente.

8. A sociedade necessita da água para viver e produzir seus bens de


consumo. Em grupos, pesquisem as aplicações da água – doméstica, na

UNIDADE 3
indústria, na agricultura, no transporte, na geração de energia, na pesca e
lazer, no saneamento básico – incluindo os benefícios e prejuízos que essas
atividades podem acarretar para a comunidade em geral. Monte um mapa
conceitual para cada aplicação.

9. Algumas cidades estudam leis para que os novos edifícios contem-


plem em seus projetos o aproveitamento de águas pluviais.
a) Como pode ser usada essa água?
b) Quais as vantagens ambientais desse aproveitamento?

Uma fábrica de sais


É fácil perceber que a maior parte da água existente no planeta é
vinda dos oceanos. Você já estudou, em unidades anteriores, a impos-
sibilidade de usar essa água para o consumo humano devido à alta
concentração de sais dissolvidos (a água do mar tem uma concentração
salina 300 vezes maior que a média da água doce) que provocam o
desequilíbrio hidroeletrolítico em nosso organismo, levando a morte
se o consumo for prolongado. É possível verificar que na água do mar
existem em média 96,5% de água pura e 3,5% a 3,6% de sais, embora
essa quantidade seja variável em certas partes do planeta. Dos sais,
99% são constituídos dos seguintes íons: 97
QUÍMICA  Água mesmo?

• Cℓ- (cloreto) 56%


DESDOBRAMENTO
• Na+ (sódio) 28%
O que são os aquíferos? • SO42-(sulfato) 8%
Os aquíferos são grandes depósitos
subterrâneos de água, alimentados • Mg2+ (magnésio) 4%
pelas chuvas que se infiltram
• Ca2+ (cálcio) 1,5%
no subsolo. Por sua vez, eles
alimentam mananciais de água • K+ (potássio) 1%
que brotam para a superfície e
formam lagoas, rios ou pântanos. • HCO3- (bicarbonato) 0,5%
Lembrando que cerca de 3% de O pH da água do mar varia de 7,4 a 8,5. A água do mar é geral-
toda a água do planeta é doce,
mente básica, pela presença em maior quantidade de íon com caráter
sendo que aproximadamente
30,1% dessa água encontram-se
alcalino, principalmente pelo equilíbrio químico do bicarbonato.
nesses reservatórios no subsolo. O íon HCO3- reage com a água, conforme a reação:
A ideia comum de um aquífero
é que eles são grandes bolsões
HCO3– + H2O → H2CO3 + OH- (básico)
subterrâneos cheios de água. Pela presença da hidroxila, a solução apresenta um caráter bá-
Porém, nem todos são assim. Aliás, sico.
poucos: a maior parte da água
subterrânea está nos espaços entre A água do mar também é uma importante fonte de produtos quí-
os sedimentos arenosos, como micos. Dela, é possível retirar, de forma economicamente viável,
se fosse uma tigela, com areia e elementos como Na, Mg, K, Sr, Cℓ, Br e também o sal utilizado para
água misturadas (uma imensa o consumo humano (NaCℓ), que é obtido diretamente da evaporação
esponja). O aquífero Guarani é o da água do mar, nas chamadas salinas.
principal manancial de água doce
da América do Sul (área total de
1,2 milhões de km²) e se encontra
abaixo de oito estados brasileiros,
mais o Norte da Argentina e do 10. A partir da equação do processo eletrolítico elaborada na atividade
Uruguai, e parte do Paraguai. Essas 2 e dos dados do texto, determine a massa de gás cloro que pode ser ob-
terras todas se assentam sobre tida a partir de uma tonelada de água do mar.
esse oceano de água doce, o que
faz dele o maior reservatório de
água subterrânea transnacional do
mundo. A obtenção do sal de cozinha, cujo principal constituinte é o
cloreto de sódio (NaCℓ), é fei-
A maior parte do Guarani fica em
ta em minas naturais de sal, a

[S.I.]/hypescience.com
território brasileiro, cerca de 840
000km² da área total, nos estados céu aberto. Nessas minas, ele
de Mato Grosso, Mato Grosso é chamado de halita, um mi-
do Sul, Goiás, Minas Gerais, São neral. No Brasil, a maior parte
Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio do sal consumido na cozinha
Grande do Sul. é obtida por evaporação,
Só em um desses estados, São precipitando-se os sólidos
Paulo, o Guarani é explorado que contêm, além do NaCℓ,
em mais de mil poços, região da diversos outros sais, como
maior recarga do aquífero com a carbonatos e sulfatos.
infiltração das águas das chuvas.
APRILE, Jurema. Águas subterrâneas também
O NaCℓ é um composto
estão em risco. UOL Educação, 1996-2011. iônico formado pela união de um metal alcalino e um halogênio,
Geografia. Disponível em: < http://educacao. ambos muito reativos. A combinação desses dois elementos dá origem
uol.com.br/geografia/ult1701u60.jhtm>.
Acesso em: 5 set. 2011. (Adaptado). a um composto que é desejado há muito tempo e por muitos na Terra.
O sal foi o primeiro tempero da civilização, trazendo qualidade de
vida aos homens desde as épocas mais remotas, sendo essencial e
indispensável a todos os tipos de vida animal. Ele é responsável pela
troca de água das células com o meio externo a elas, ajudando-as a
absorver nutrientes e eliminar resíduos, além de ser responsável no
processo de contração muscular. No entanto, o sal está associado
98
a problemas de hipertensão e cardiovasculares, daí a importância de se moderar seu
consumo.
O sal de cozinha é uma mistura de alguns sais:
• NaCℓ: o constituinte principal, acima de 99%;
• KI (iodeto de potássio) responsável pela presença de iodo no sal, que tem o intui-
to de prevenir os chamados Distúrbios por Deficiência de Iodo, os DDI, que são
problemas de saúde como o bócio, abortos prematuros, retardos mentais, etc.
• O Ministério da Saúde estipula a quantidade adequada para um adulto e 0,15mg
de iodo por dia. O teor presente no sal de cozinha é de 20 a 60mg de iodo por
quilo do produto final.
• Ferrocianeto de sódio e alumínio silicato de sódio: responsáveis pela diminuição
da umidade do produto e evitam que o sal empedre.
O sal extraído é utilizado em vários segmentos da indústria em todo o mundo. Atualmen-
te, apenas cerca de 5% é para consumo humano. A outra parte é destinada à produção de
NaOH, cloro gasoso, produção de papel, tecidos, cosméticos, tinturas, remédios, etc.

11. O experimento a seguir reproduz em escala de laboratório o processo de obtenção de


hidróxido de sódio (soda caústica) a partir da água com sal, a salmoura. Realize o experimento
sob a supervisão de seu professor e elabore um relatório descrevendo as suas observações na
sequência em que o procedimento foi realizado, de forma objetiva e clara.

Experimento
Materiais
• Béquer ou copo de vidro, água de torneira, sal de cozinha, solução de fenolftaleína e co-
lher.

Procedimentos

UNIDADE 3
• Monte o aparelho, como mostrado na figura a seguir:
• Adicione 50 mL de água de torneira em um béquer ou um copo.
• Coloque meia colher de chá de sal de cozinha e mexa até a dissolução completa.
• Adicione 2 a 3 gotas de fenolftaleína.
• Acople o aparelho de eletrólise e ligue na eletricidade. Perceba a formação de gases nos
eletrodos e a solução se torna rósea pela formação do hidróxido de sódio. A reação que
ocorre:

2NaCℓ + 2H2O → H2 + Cℓ2 + 2 NaOH

99
QUÍMICA  Água mesmo?

12. A tabela a seguir mostra alguns produtos que são extraídos da hidrosfera:

Principais misturas ou
Fonte natural Algumas utilizações
substâncias extraídas
conservas alimentícias, obtenção de Cℓ2 e
Água do mar sal comum (NaCℓ) derivados, inseticidas clorados, PVC, soda
cáustica (NaOH), barrilha (Na2CO3)
sais de potássio fertilizantes
água potável, água de irri-
alimentação, higiene, processos
Água doce gação, água para indústria,
industriais
água destilada
• Elabore um quadro, classificando quimicamente os produtos obtidos da água do mar e indi-
que se são orgânicos ou inorgânicos, ácidos ou básicos, moleculares ou iônicos.

Agora, realize a atividade proposta:

Os sais dissolvidos na água do mar pertencem a uma função inorgânica, logo os produtos de-
vem ser inorgânicos. A afirmação está correta? Justifique.

Um dos principais produtos retirados da água do mar, e que desperta cada vez mais
interesse no mundo todo, é a água potável, principalmente naqueles países que apresentam
deficiência ou carência em água potável.
Com o grande consumo de água, não apenas pelo ser humano, mas principalmente
para irrigação e consumo animal, e com a contaminação dos mananciais decorrente do
crescimento populacional, começou a busca por novas tecnologias de produção de água
potável. Uma delas é a obtenção de água com a dessalinização da água do mar, processo
que consiste na retirada do sal, passando o líquido por membranas semipermeáveis sinté-
ticas. O princípio da osmose inversa, que mantém os sais separados da água.
Hoje, a dessalinização por osmose inversa já está bastante avançada e seus custos vêm
decrescendo, o que viabiliza projetos de monta, antes impensáveis.
Você já viu, quando estudou as propriedades coligativas, que a osmose é um processo
em que o solvente passa da solução menos concentrada para a mais concentrada.
Membrana de
osmose

B
água pura
A
Solução com
sais minerais

A osmose inversa ocorre, quando se aplica pressão mecânica no lado da membrana


em que a solução é mais salina ou concentrada, revertendo-se a tendência natural. A
água que vem do mar é dividida em centenas de cilindros metálicos, cada um, dotado
de membranas semipermeáveis, que separam o líquido potável do sal. Para facilitar o
processo, uma bomba hidráulica aumenta a pressão da mistura salina, forçando a água
do mar contra as membranas separadoras, como na imagem.

100
[S.I.]/acquabusiness.pt
B A

As condições de operação desses aparatos são


bastante severas, pois aliam elementos altamente
corrosivos, com o íon cloreto e a altas pressões
(28 a 84 bar).
Geralmente, após a dessalinização, a água recolhida já pode ser bebida e distribuída,
podendo, em alguns casos, receber ainda um tratamento químico para reduzir a acidez e
adicionar minerais, como cálcio, potássio e magnésio, essenciais para fortalecer os dentes
e prevenir cáries, por exemplo, que são retirados no processo.
Além de ser usada para o consumo humano, a dessalinização pode ser utilizada para
tratamento de águas salobras de poços, desmineralização de água para uso em processo nas
indústrias químicas, alimentícias, de bebidas, farmacêuticas e desmineralização de água para
caldeiras. Além disso, pesquisas apontam que a osmose inversa, aliada a outras técnicas, pode
ser utilizada para a recuperação e tratamento de águas poluídas ou contaminadas.

13. Pesquise experimentos que demonstrem o processo de osmose, utilizando materiais pre-
sentes no cotidiano. Demonstre também a importância desse fenômeno em nosso organismo,
por exemplo, na hidratação. Apresente o experimento para a turma, juntamente com as infor-
mações obtidas na pesquisa.

UNIDADE 3
Você já sabe que o planeta Terra é constituído em grande parte por água. A capacidade
que a água possui, de dissolver outras substâncias, é uma das suas principais característi-
cas. No entanto, isso faz com que ela seja suscetível à contaminação. Os resíduos sólidos
não solúveis podem ser facilmente identificados e até removidos, conforme a situação,
ao contrário de substâncias que ficam dissolvidas.
Solutions Consultoria/Flickr

Limpa Brasil/Flickr

A água pode ser contaminada de muitas maneiras:


• Pela acumulação de lixos e detritos junto de fontes, poços e cursos de água;
• Pelos esgotos domésticos lançados nos rios ou nos mares;

101
QUÍMICA  Água mesmo?

• Pelos resíduos tóxicos que algumas fábricas lançam nos rios;

Reuters/Internacional Bussiness Times


• Pelo chorume, líquido de elevada carga orgânica extremamente poluente e danoso
ao meio hídrico;
• Pelos agrotóxicos que os agricultores utilizam nas lavouras;
• Pelos combustíveis de barcos em alto mar;
• Pelos resíduos nucleares, depositados no fundo do mar;
• Pelos petroleiros, em acidentes que geram vazamentos ou derrames voluntários de
petróleo, entre outras causas.
Devido a essa grande quantidade de poluentes, percebe-se claramente que a quanti-
dade de água doce destinada ao consumo, que já era bastante restrita, fica mais escassa
ainda, o que demanda preocupação mundial em relação a esse recurso. Por muito tempo,
acreditava-se que a água era um recurso infinito. Porém, devido a
sua contaminação e à explosão populacional, tornou-se não apenas
[S.I.]/Acervo da Editora

finito, mas escasso.


Há uma diminuição constante na quantidade e qualidade da água
disponível para uso humano, devido ao aumento populacional, que
requer a urbanização de áreas e pode levar a desvios do curso dos
rios e diminuição da mata ciliar; consumo intenso nas atividades
industriais e recreativas, ligadas à falta de política ambiental. Esses
são os fatores que levam à previsão da falta de água potável a médio
prazo no mundo. Considera-se que o consumo de águas impróprias
(não tratadas) seja um dos maiores problemas deste século, devido
[S.I.]/medic4health.com

à disseminação de doenças que causa, principalmente, aumento


nos índices de mortalidade infantil. A poluição das águas pode ter
origem em várias atividades e as principais formas são:
Poluição industrial: a emissão de resíduos industriais é uma das
mais preocupantes causas da poluição. Geram-se resíduos sólidos,
líquidos e gasosos.
A maioria das indústrias não trata seus resíduos, que assim são lan-
çados sem maiores cuidados no solo, rios e lagos, deixando um rastro
de destruição ambiental. A emissão de resíduos gasosos prejudica o ar,
[S.I.]/Câmara Municipal de Curitiba

alterando a acidez da chuva e a camada de ozônio, o que prejudica a


saúde da população, o clima do planeta e também sua flora e fauna.
Insumos agrícolas: A agricultura intensiva utiliza grandes quanti-
dades de adubos, pesticidas, herbicidas, fertilizantes e outras subs-
tâncias capazes de fazer aumentar a produção e matar pragas, porém
essas mesmas substâncias levam à contaminação dos mananciais.
Quando são aplicados, esses produtos permanecem nas plantas e no
solo, e, com a chuva, uma parcela dessas substâncias pode escoar
102
até atingir o curso de um rio ou córrego, uma segunda parte é absorvida pelo solo e outra
chega ao lençol freático. Parte dessa água pode chegar ao abastecimento e contaminar
animais e pessoas e, em alguns casos, levar a doenças.
Esgoto doméstico: são os resíduos dos grandes centros urbanos. As águas residuais dos
esgotos contêm grande quantidade de matéria orgânica, nutrientes e micro-organismos,
e, quando são lançadas nos rios e lagos sem qualquer tipo de tratamento, trazem grande
perigo para a saúde das pessoas.
Esse tipo de poluição acontece, muitas vezes, por omissão do Estado, que não dis-
ponibiliza tratamento de esgoto e com isso dejetos de origem humana são despejados
diariamente em rios e lagos. Ao receber tamanha carga de esgoto, os mananciais ficam
sem vida (processo de eutrofização) e concentram diversas doenças.

UNIDADE 3
A introdução de grande quantidade de matéria orgânica e nu-
trientes, que vêm do esgoto doméstico, em um corpo d’água leva
à proliferação de algas naquela água. Isso seria interessante pelo
lado ambiental, pois, para a alga crescer, há consumo de CO2 (gás
de efeito estufa) e produção de oxigênio, a partir da fotossíntese
realizada pelas algas. Porém, quando há excesso de algas ocorre Luz
obstáculo à entrada da luz no corpo d’água, o que impede a fotos-
síntese, e leva à morte os organismos mais sensíveis e as algas que
estão abaixo da zona iluminada. Esse material orgânico se deposita, 6CO2 + H2O 6C6H12O6 + 6O2
provocando a eutrofização do local. Reagentes Produtos
Em algumas situações, o aumento da eutrofização é tão grande, que
a profundidade vai diminuindo, até que o corpo d’água vira terra firme.
O que também pode ocorrer com a eutrofização é a ausência total de oxigênio dissol-
vido na água. Nessa situação, aparecem bactérias anaeróbicas, que, além da toxicidade
própria, produzem substâncias químicas como o metano (CH4, o gás dos pântanos, que
também causa efeito estufa) e o ácido sulfídrico (H2S), que acidifica a água.

103
QUÍMICA  Água mesmo?

Podemos determinar a quantidade de oxigênio dissolvida na água determinando a De-


manda Bioquímica de Oxigênio (DBO), que é um dos parâmetros de qualidade da água,
entre os mais importantes analisados em corpos de água doce, como rios, lagos e águas
subterrâneas, e é um dos ensaios recomendados para determinar a qualidade da água.
A amostra a ser examinada é armazenada em frasco âmbar (frasco escuro, que protege o
líquido da luz), incubada em estufa a 20ºC por cinco dias, com pH ajustado entre 6,5-8,5
(DBO5), para que os micro-organismos presentes na água utilizem o oxigênio dissolvido
durante esse período.
Existem padrões de referência média de DBO em alguns meios, por exemplo:
Domésticos - 300 mg/L;
Bovinos – 7 000 mg/L;
Suínos – 10 000 a 18 000 mg/L;
Abate de animais, preparação e fabrico de conservas de carne – 1 750 mg/L;
Indústria de laticínios - 700 mg/L;
Indústria de conserva de peixe - 500 mg/L;
Indústria de vinho – 3 000 mg/L.

14. Imagine que você é um químico de laboratório e trabalha com qualidade de água de uma
importante empresa de saneamento público em seu município. Certo dia, recebe uma denúncia
de poluição por uma empresa de laticínios, vai até o local e recolhe uma amostra com 10mL da
água, que a empresa utiliza e devolve para o rio na forma de efluente. Em seguida, você vai ao
laboratório e realiza algumas medidas:

104
d = 1,0 g/cm3
V = 10 mL
pH a 20ºC = 6,8
DBO5 = 500mg/L
Considerando os dados obtidos, a denúncia procede ou a empresa está trabalhando de acordo com
a legislação vigente? Justifique a sua resposta.

Poluição térmica
Outro tipo de poluição, embora pouco conhecida, pelo fato de não ser sentida pela
visão e audição, mas que possui um considerável impacto ecológico, é a poluição tér-
mica. Este tipo de poluição resulta de uma elevação da temperatura da água, que pode
ser consequência da ação humana, por exemplo, quando, em um rio, são despejados
efluentes industriais a temperatura superior ao meio aquático, originando alterações ne-
gativas como:
• Diminuição da quantidade de oxigênio dissolvido na água (água quente diminui
a solubilidade de gases), podendo conduzir a asfixia de seres aquáticos;
• Morte de espécies termossensíveis (com reduzida tolerância a variações de tem-
peratura), como a truta;
• Alterações ecológicas no meio, resultantes da substituição de espécies termossen-
síveis por outras termotolerantes (que suportam maior temperatura), por exemplo,
a substituição da truta pela carpa.
• Favorecimento ao crescimento bacteriano, em consequência da aproximação da
temperatura ideal para a multiplicação;
• Aumento na reprodução de muitas espécies, pois a maturação dos ovos é favorecida
com o aumento da temperatura;
• Morte por choque térmico de certas espécies próximas à saída de um afluente
aquecido;

UNIDADE 3
• Eutrofização dos cursos de água onde exista matéria orgânica em quantidades
consideráveis nos efluentes;
• Diminuição da diversidade da fauna e da flora aquática.
A solução para evitar esse tipo de poluição é manter a água a ser lançada (e depois de
devidamente tratada, é claro) em tanques, até entrarem em equilíbrio com a temperatura
ambiente e assim não prejudicar a fauna e flora locais.

15. A poluição térmica, provocada pela utilização de água de rio ou mar para refrigeração de
usinas termoelétricas ou nucleares, vem do fato de a água retornar ao ambiente em temperatura
mais elevada que a inicial. Esse aumento de temperatura provoca alteração do meio ambiente,
podendo ocasionar modificações nos ciclos de vida e de reprodução e, até mesmo, a morte de
peixes e plantas. O parâmetro físico-químico alterado pela poluição térmica, responsável pelo
dano ao meio ambiente, é:
a) A queda de salinidade da água.
b) A diminuição da solubilidade do oxigênio na água.
c) O aumento da pressão de vapor da água.
d) O aumento da acidez da água, devido à maior dissolução de dióxido de carbono na água.
e) O aumento do equilíbrio iônico da água.

105
QUÍMICA  Água mesmo?

CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Nanotecnologia pode ajudar na purificação de água
Estudos sugerem que a tecnologia

Reuters
das partículas microscópicas pode
contribuir com soluções para a provável
falta de água potável nos próximos
anos, pelo menos para atender a
uma população crescente, além de
aplicações também na Medicina,
energia e agricultura.
Em pesquisa publicada em
uma revista científica dedicada
à dessalinização, cientistas da
Faculdade de Engenharia DJ Sanghvi,
na Índia, explicam que alguns usos
da nanotecnologia, como para
purificar a água salina, já estão sendo testados.
No estudo, os pesquisadores dizem que “dispositivos para o tratamento de
água que incorporam materiais em escala nanométrica já estão disponíveis e
que o desenvolvimento de soluções para tornar a água potável é urgente”.
As impurezas que a nanotecnologia pode combater dependem do estágio de
purificação da água em que a técnica é aplicada, explicam os pesquisadores.
A técnica pode ser usada para remover sedimentos, efluentes químicos,
partículas carregadas, bactérias e outros contaminantes.
Eles explicam que elementos tóxicos como o arsênio e impurezas viscosas em
líquidos, como o óleo, já podem ser removidos por meio dessa tecnologia.
No estudo, a equipe diz que “as principais vantagens de usar nanofiltros, em
comparação aos sistemas tradicionais, é que eles exigem menos pressão para
que a água passe pelo filtro, têm áreas de superfície muito grandes e podem
ser limpos facilmente por meio de retrodescarga”.
Membranas de nanotubos de carbono, por exemplo, podem remover
quase todos os tipos de contaminantes da água, incluindo a turbidez (falta de
transparência), óleo, bactérias e contaminantes orgânicos.
Embora seus poros sejam muito menores, os nanotubos de carbono têm
taxa de fluxo igual ou maior aos poros maiores, possivelmente por causa de
seu interior liso.
Filtros de alumina nanofibrosa e outros materiais de nanofibra também
removem contaminantes como vírus, bactérias e coloides orgânicos e inorgânicos
em uma velocidade maior do que a dos filtros convencionais.
A purificação de água baseada em nanotecnologia ainda não causou nenhum
problema humano ou ambiental, mas os pesquisadores recomendam futuros
estudos sobre as interações biológicas das nanopartículas.
O termo nanotecnologia refere-se a uma série de ferramentas, técnicas e
aplicações que envolvem apenas as partículas na escala de tamanho aproximado
de algumas centenas de nanômetros de diâmetro (um milionésimo de milímetro
ou um bilionésimo do metro).
REDAÇÃO do portal R7. Nanotecnologia pode ajudar na purificação de água. R7 Notícias. 29 jul. 2010.
Tecnologia e ciência. Disponível em:<http://noticias.r7.com/tecnologia-e-ciencia/noticias/nanotecnologia-
pode-ajudar-na-purificacao-de-agua-20100729.html>. Acesso em: 25 ago. 2011.
106
O FUTURO EM JOGO

1. (ENEM) Os ingredientes que compõem uma gotícula de nuvem são o vapor de água
e um núcleo de condensação de nuvens (NCN). Em torno desse núcleo, que consiste em
uma minúscula partícula em suspensão no ar, o vapor de água se condensa, formando uma
gotícula microscópica, que, devido a uma série de processos físicos, cresce até precipitar-se
como chuva.
Na Floresta Amazônica, a principal fonte natural de NCN é a própria vegetação.
As chuvas de nuvens baixas, na estação chuvosa, devolvem os NCNs, aerossóis, à
superfície, praticamente no mesmo lugar em que foram gerados pela floresta. As
nuvens altas são carregadas por ventos mais intensos, de altitude, e viajam centenas
de quilômetros de seu local de origem, exportando as partículas contidas no interior
das gotas de chuva.
Na Amazônia, cuja taxa de precipitação é uma das mais altas do mundo, o ciclo de
evaporação e precipitação natural é altamente eficiente.
Com a chegada, em larga escala, dos seres humanos à Amazônia, ao longo dos
últimos 30 anos, parte dos ciclos naturais está sendo alterada. As emissões de poluentes
atmosféricos pelas queimadas, na época da seca, modificam as características físicas e
químicas da atmosfera amazônica, provocando o seu aquecimento, com modificação
do perfil natural da variação da temperatura com a altura, o que torna mais difícil a
formação de nuvens.
ARTAXO, Paulo et al. O mecanismo da floresta para fazer chover. Scientific American Brasil, ano 1, n. 11, abr. 2003, p.
38-45. (Adaptado).

Na Amazônia, o ciclo hidrológico depende fundamentalmente:


A) da produção de CO2 oriundo da respiração das árvores.

UNIDADE 3
B) da evaporação, da transpiração e da liberação de aerossóis que atuam como NCNs.
C) das queimadas, que produzem gotículas microscópicas de água, as quais crescem até
se precipitarem como chuva.
D) das nuvens de maior altitude, que trazem para a floresta NCNs produzidos a centenas
de quilômetros de seu local de origem.
E) da intervenção humana, mediante ações que modificam as características físicas e quí-
micas da atmosfera da região.

2. (ENEM) Nos últimos 60 anos, a população mundial duplicou, enquanto o consumo de


água foi multiplicado por sete.
Da água existente no planeta, 97% são de água salgada (mares e oceanos), 2%
formam geleiras inacessíveis e apenas 1% corresponde à água doce, armazenada em
lençóis subterrâneos, rios e lagos. A poluição pela descarga de resíduos municipais e
industriais, combinada com a exploração excessiva dos recursos hídricos disponíveis,
ameaça o meio ambiente, comprometendo a disponibilidade de água doce para o
abastecimento das populações humanas. Se esse ritmo se mantiver, em alguns anos a
água potável tornar-se-á um bem extremamente raro e caro.
MORAES, D. S. L.; JORDAO, B. Q. Degradação de recursos hídricos e seus efeitos sobre a saúde humana. Saúde
Pública, São Paulo, v. 36, n. 3, jun. 2002. (Adaptado).

107
QUÍMICA  Água mesmo?

Considerando o texto, uma proposta viável para conservar o meio ambiente e a água doce
seria:
A) Fazer uso exclusivo da água subterrânea, pois ela pouco interfere na quantidade de
água dos rios.
B) Desviar a água dos mares para os rios e lagos, de maneira a aumentar o volume de água
doce nos pontos de captação.
C) Promover a adaptação das populações humanas ao consumo de água do mar, diminuin-
do assim a demanda sobre a água doce.
D) Reduzir a poluição e a exploração dos recursos naturais, otimizar o uso da água potável
e aumentar a captação da água da chuva.
E) Realizar a descarga dos resíduos municipais e industriais diretamente nos mares, de
maneira a não afetar a água doce disponível.

CONECTE-SE
EPU/Springer/Edusp

LIVROS
• Introdução aos Problemas de Poluição Ambiental
Autor: Günter Fellenberg
Editora: EPU/Springer/Edusp
A obra descreve os efeitos mais importantes da poluição ambiental
- fatores de origem industrial, pecuária, medicina e da vida doméstica
sobre o ambiente, sobre a atmosfera, o clima e a qualidade do solo.

• O atlas da água: o mapeamento completo do recurso mais precioso


do planeta
Autor: R.Clarke; J. King
[S.I.]/Publifolha

Editora: Publifolha
Este livro trata de assuntos importantes, como a falta de água em muitas
regiões do planeta, a exploração das águas subterrâneas, o desperdício, as
secas e inundações, os conflitos comerciais e internacionais, o tratamento
e a conservação dos estoques de água, entre outros.

ARTIGOS
• <http://site.sabesp.com.br/uploads/file/asabesp_doc tos/
UsoRacional_fev2011.pdf >
Este folheto em pdf apresenta dicas para uso racional e economia de
água nas casas, trabalho e condomínios.

• <http://www.idec.org.br/biblioteca/mcs_agua.pdf>
Arquivo que contém várias informações sobre o ciclo da água, seu uso,
distribuição hídrica no Brasil e os vários usos da água.

• <http://ciencia.hsw.uol.com.br/questao29.htm>
Artigo de divulgação científica que apresenta o funcionamento da
osmose reversa.

108
• <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc20/v20a05.pdf>
Artigo da revista Química nova na escola que mostra água sendo usada para desenvolver
praticamente todos os conceitos comumente abordados nas aulas de Química do Ensino
Médio.

SITES
• <http://www.brasildasaguas.com.br/>
Site com informações sobre a utilização das águas e dicas de como economizar este
bem precioso. Traz projetos como o “Brasil das águas” e o “Rios Voadores”, importantes
contribuições sobre o ciclo das águas no Brasil.

• <http://www2.ana.gov.br/Paginas/default.aspx>
Site oficial da Agência Nacional de Águas. É possível encontrar uma série de informações
a respeito da água , como a situação das bacias hidrográficas do Brasil, seminários e sobre
abastecimento de água em todo o país.

VÍDEOS
• <http://www.youtube.com/watch?v=fbVp15OC7s4>
Vídeo que mostra uma previsão do que irá acontecer em 2070, caso venha diminuir a
quantidade de água potável no planeta.

• <http://www.youtube.com/watch?v=rmJQCrimcYs>
Vídeo mostrando imagens chocantes causadas pela falta de água.

• <http://www.youtube.com/watch?v=MsABfXHd9MM&feature=relate>
Mostra uma animação muito interessante da eletrólise aquosa do NaCℓ.

UNIDADE 3
XEQUE-MATE

Em grupos, elaborem um projeto de conscientização da população em relação à cultura de


preservação da água, mostrando suas múltiplas formas de uso, os seus ciclos, sua importância
para a vida e para a história dos povos.
O projeto que se propõe aqui apresenta uma visão ampla dos inúmeros problemas que o mundo
atual enfrenta com relação à falta de água. Ele deve ser desenvolvido visando a proporcionar
aos alunos e à comunidade do entorno da escola a ampliação da consciência sobre as questões
relativas à água no meio ambiente, para que assumam, de forma independente e autônoma,
atitudes e valores voltados a sua proteção e conservação.
Objetivos gerais:
• Apontar os sintomas e as causas reais dos problemas que o Brasil vem enfrentando com a
poluição e a falta de água.
• Perceber as interferências negativas e positivas que o homem pode ter na natureza, a partir
de sua realidade social.
• Reconhecer que a qualidade de vida está ligada às condições de higiene e saneamento básico,
à qualidade do ar e do espaço.
• Adotar, por meio de atitudes cotidianas, medidas de valorização da água, a partir de uma
postura crítica.
• Compreender que o equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da água
e de seus ciclos. 109
Atmosfera da Terra

Atmosfera da Marte
Mars Exploration Rover Mission, Cornell, JPL/ NASA
[S.I.]/ NASA

Gases
UNIDADE 4

DIÁLOGO E REFLEXÕES
• Observando as imagens da atmosfera da Terra e de Marte,
quais diferenças você verifica nos ambientes atmosféricos?
• Qual a sua hipótese para explicar a cor amarelada do céu
marciano, quando visto da superfície?
• Qual a relação entre os raios solares e os gases que formam
a atmosfera?

111
QUÍMICA  Gases

EM FOCO
Nuvem de fumaça cobre Pequim antes das Olimpíadas
Apesar das garantias do governo chinês, as medidas para conter a poluição
surtiram pouco efeito até agora. Os Jogos Olímpicos estão para começar, mas
Pequim ainda se esconde atrás de uma névoa de poluição. E o suspense paira no
ar: será que dará tempo de se abrir essa cortina de fumaça?
Carros em excesso, gente demais e verde de menos. Para piorar, chaminés dentro
da cidade sujando ainda mais a paisagem. Não é de hoje que o ar de Pequim está
carregado de sujeira, mas é a primeira vez que o combate à poluição é realmente
levado a sério.
As autoridades de saúde chegaram a discutir até a necessidade de limitar a
circulação de pessoas na região central. Mas os comerciantes protestaram e a
ideia não prosperou. Pequim está enfrentando um enorme desafio: como fazer a
cidade respirar melhor, sem sufocar a economia?
O médico brasileiro Dr. Paulo dá a sua contribuição. Trocou o carro pela bicicleta
e fez da máscara um item obrigatório de segurança para preservar seu sistema
respiratório. Na capital chinesa há dois anos, o brasileiro aprendeu a medir a
contaminação do ar abrindo a janela de casa e chamando a mulher para conferir.
“Hoje está bonito”, afirma o médico. “Tem dia que a gente não consegue ver
aquele prédio vizinho”, completa a esposa. “A sensação é que, quando o céu está
limpo, a gente respira melhor.”
Eles recorrem à medicina chinesa para aliviar os sintomas. “Aderi à cultura dos
chás, que me ajuda a eliminar as toxinas que causam isso”, diz Paulo, que ainda
recorre ao purificador de ar na cabeceira da cama para dormir melhor. E, no dia a
dia, toma outros cinco remédios.
Para tentar amenizar a poluição, três mil obras foram paralisadas desde a semana
passada e só serão retomadas após o fim das Olimpíadas. Metade da frota de
veículos também foi proibida de circular, por causa do rodízio obrigatório entre
placas com final par e ímpar.
O governo chinês convocou a imprensa internacional para anunciar que a
qualidade do ar já melhorou 20%, e que a poluição estará totalmente sob controle
durante as competições.
Mas, diante do sufoco que ainda se vê nas ruas, é impossível não desconfiar do
discurso oficial. Em Pequim, parece que até mesmo o sol, um tanto quanto pálido,
anda aceitando sugestões para se ver livre de tanta fumaça.
NUVEM de fumaça cobre Pequim antes das Olimpíadas. G1. 27 jul. 2008. Mundo. Disponível em: <http://
g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL702798-5602,00-NUVEM+DE+FUMACA+COBRE+PEQUIM+ANTE
S+DAS+OLIMPIADAS.html>. Acesso em: 25 ago. 2011. (Adaptado).

CONHECIMENTO EM XEQUE

A palavra atmosfera significa esfera gasosa e, apesar de não conseguirmos enxergá-la,


sabemos da sua importância para a respiração e a vida no planeta. Hoje, fala-se muito
sobre gases poluentes e os gases de efeito estufa. Existem gases que são utilizados em
aparelhos de refrigeração ou liquefeitos em cilindros pneumáticos.
A grande importância das substâncias que se encontram no estado gasoso à temperatura
ambiente decorre da sua natureza química e de suas propriedades físicas. Graças ao estado
112
de agregação, as partículas que compõem os gases possuem grande mobilidade e podem
sofrer expansão ou compressão.
Devido às inúmeras possibilidades de transformação, os gases são bastante utilizados
em nosso cotidiano e em muitos processos industriais. Estudaremos, nesta unidade, a
teoria cinética que busca explicar o seu comportamento, suas propriedades e suas trans-
formações físicas.
Leia os textos Altitude e esporte e Limite do bom senso para responder as ativida-
des de 1 a 4:
Altitude e esporte
O jogo será de vida ou morte, diz o noticiário esportivo que comenta sobre o time
brasileiro que irá disputar a semifinal de um famoso campeonato continental. O jogo será
na Bolívia, a 4 000 metros acima do nível do mar.
O jogo começa e o time brasileiro começa a sentir os efeitos da altitude, tanto que, no in-
tervalo, alguns atletas precisam usar máscaras de oxigênio. Quase no final da partida, muitos
atletas não conseguem mais correr e respiram com muita dificuldade.
FLAMENGO SOFRE com altitude na Bolívia. Click e aprenda. 6 mar. 2007. Disponível em: <http://www.clickeaprenda.
com.br/cgi-local/lib-site/conteudo/mostra_conteudo.pl?nivel=M&disc=not&codpag=NOT0703061201>. Acesso em: 12 set.
2011. (Adaptado).

Limite do bom senso


Mais de 8 mil metros de altitude, penhascos vertiginosos e avalanches são pouca
coisa para Hollywood. Como não se pode promover uma perseguição de carros nas
montanhas que cercam o K2, segunda maior elevação do planeta, no Paquistão, o filme
Limite Vertical traz uma sequência com helicóptero. Emocionante, mas irreal: esse tipo
de aparelho não consegue sustentar um voo tão alto. A mera mudança de temperatura
pode provocar enormes avalanches. Colocar personagens em um ambiente assim, com
explosivos na mochila, também rende boas cenas, mas é uma concessão do bom senso
ao espetáculo. Não é possível correr como o herói da história, perto dos 8 mil metros de
altitude, ou escalar sem proteção para o rosto e ótimos óculos escuros. Congelamento
pela combinação do vento com temperaturas negativas e cegueira, pelo reflexo do sol

UNIDADE 4
na neve, são certos. Pode-se sair do cinema com a sensação de ter visto um bom filme de
ação. Mas com uma ideia bem distorcida do que é o alpinismo.
GASQUES, Marcos Vinicius. Limite do bom senso. Galileu, ed. 118, 2002. Disponível em: <http://galileu.globo.com/edic/118/
rep_acidental.htm>. Acesso em: 25 ago. 2011.

Você provavelmente já ouviu ou leu alguma reportagem ou notícia referente aos efeitos
da altitude em jogos de futebol.

1. Qual o papel do oxigênio para obtenção de energia no corpo físico? Relacione sua respos-
ta ao que acontece aos jogadores de futebol, quando jogam em altas altitudes.

2. Um dos primeiros efeitos sobre a respiração em altas altitudes é a hiperventilação, ocor-


rendo eliminação de CO2 e alcalinização do sangue. Utilizando a equação que mostra o equilí-
brio ácido-base do sangue, explique a razão da alcalose sanguínea.
CO2 + H2O HCO3– + H+

H2CO3

3. Como consequência da alcalose, o organismo começa a eliminar bicarbonato (HCO3) pela


urina. Qual o efeito dessa eliminação no equilíbrio entre carbonato e bicarbonato, descrito na
equação?
113
QUÍMICA  Gases

4. Quando ocorre hiperventilação, costuma-se pedir para que a pessoa respire dentro de um
saco de papel para inalar seu próprio CO2. Qual o efeito no equilíbrio químico com essa adição
extra de CO2?

DESDOBRAMENTO

Atmosfera primitiva
A atmosfera primitiva deve ter sido formada basicamente de gases capturados na nebulosa solar (gases interestelares e
poeira), que deram origem ao nosso sistema planetário.
Com o passar do tempo e com o resfriamento da Terra, ocorreu a solidificação da crosta terrestre. Pela intensa atividade
vulcânica, ocorreu a emissão de gases das rochas, formando a atmosfera primitiva, composta por CO2, N2, H2O, CH4 e NH3.
Por ação da radiação solar e da energia liberada pelos elementos radioativos, as moléculas começaram a reagir,
originando outros elementos e moléculas mais complexas, que alteraram a composição da atmosfera. Esse material foi
arrastado pelas chuvas e, mais tarde, participou da formação dos primeiros organismos vivos.

Uma das hipóteses para a formação da atmosfera primitiva foi testada por Stanley Miller, em 1953, em um experimento
no qual se produzia vapor de água, que circulava por um tubo até uma câmara onde havia metano, amônia e hidrogênio,
simulando os componentes principais da atmosfera primitiva. O vapor de água condensava-se sob a forma de “chuva”. Ao
conjunto, ligavam-se terminais elétricos que produziam descargas elétricas em miniatura, imitando os raios.
Com o aparecimento dos organismos vivos, iníciou-se a fotossíntese (processo fundamental na regulação da
porcentagem de dióxido de carbono) foi decisivo no equilíbrio de oxigênio e na temperatura média do planeta.
A composição atual da atmosfera pode ser observada no gráfico a seguir:

≈ 78,1 %
Componentes majoritários
Nitrogênio (N2(g)) - 78,1%
Gases na atmosfera atual

% (volume)

Oxigênio (O2(g))- 20,9%


Componentes minoritários
Argônio (Ar(g)) – 0,93%
Dióxido de carbono (CO2(g)) – 0,035%
Metano (CH4(g)) – 0,0002%
≈ 20,9% Hidrogênio (H2(g)) – 0,00005%
Xenônio (Xe(g)) = 0.000001%

O2 N2 Ar CO2 H2O

114
5. Experimento. Óxido-redução e diferença de pressão. Realize a prática a seguir e descreva
as suas observações na sequência em que o procedimento foi realizado, de forma objetiva e
clara. Em seguida, responda:
a) Qual a influência da pressão para a entrada de oxigênio na seringa?
b) A partir da equação 4Fe(s) + 3O2(g) → 2Fe2O3(s), qual a massa de ferro oxidada?
c) Qual o volume de oxigênio consumido na oxidação do ferro?
d) Qual a porcentagem de oxigênio em relação ao volume gasoso dentro da seringa?

Materiais
• Uma seringa plástica de volume igual ou superior a 10 mL, um pedaço de esponja de aço
para lavar louças, um béquer ou copo contendo água com corante, vinagre.

Procedimentos
• Primeiramente, pegue um pequeno pedaço da esponja e embeba em vinagre por cerca de
um minuto, sacudindo para retirar o excesso de vinagre.
• Em seguida, introduza a esponja na seringa plástica (não deixe próximo à extremidade in-
ferior, para que não haja interferência na medida do volume de água). Rapidamente, tampe
a extremidade superior pelo êmbolo e mergulhe a inferior na água contida no béquer ou
copo, evitando, desse modo, o contato da esponja com o oxigênio do ar que não seja aque-
le de dentro da seringa.
[S.I.]/Quimica Nova

UNIDADE 4
Montagens do experimento, no estágio inicial (a), intermediário (b) e final (c) da reação de oxidação da esponja.
FRANCISCO JUNIOR, Wilmo Ernesto; DOCHI, Roberto Seiji. Um experimento simples envolvendo óxido-redução e
diferença de pressão com materiais do dia a dia. Química nova na escola. On-line. n. 23, maio 2006. Disponível em: <http://
qnesc.sbq.org.br/online/qnesc23/a12.pdf>. Acesso em 31 out. 2011. (Adaptado).

Pressão atmosférica
A camada de ar em volta da Terra é chamada atmosfera terrestre e é constituída de uma
mistura de gases, atraídos pela gravidade. Essa mistura de gases, como qualquer fluido,
exerce certa força sobre a Terra. Quando se mede essa força em certo ponto do planeta,
denomina-se pressão atmosférica.

6. Para cozinhar um alimento, leva-se a água até a fervura. Considere a temperatura de ebu-
lição da água na cidade A de 100°C e de 89°C na cidade B e explique por que na cidade A os
alimentos são cozidos mais rapidamente que na cidade B.

115
QUÍMICA  Gases

coluna
de ar
coluna de ar
Cidade B

Cidade A
mar

7. Os motores de veículos automotores funcionam pela combustão. Uma empresa fabrican-


te de caminhões afirma que seus motores comuns perdem em torno de 30% de potência a 3 000
m de altitude. Explique por que isso ocorre e proponha soluções para minimizar essa perda.

Experimento de Torricelli
Se a força exercida pelo ar aumenta em um determinado ponto, consequentemente a
pressão também aumenta. A pressão atmosférica é medida por meio de um equipamento
conhecido como barômetro, que foi inventado por Evangelista Torricelli (1608 - 1647).
Torricelli usou um tubo de vidro de um metro, fechado apenas em uma das extremidades,
encheu-o totalmente com mercúrio e imergiu à extremidade aberta um recipiente, contendo
mercúrio, tomando cuidado para que durante o procedimento, não entrasse ar no tubo.

A B

Esquema da experiência realizada por Torricelli.


O tubo com mercúrio foi colocado em posição vertical, com a abertura em contato com
o mercúrio contido no recipiente. Torricelli observou que a coluna de mercúrio desceu,
medindo nesse momento 76 cm, desde a superfície do mercúrio no recipiente até o topo
da coluna. Na parte superior do tubo, que ficou sem mercúrio, praticamente não existe
ar, logo a pressão no ponto C é nula.
Nos pontos A e B, como estão no mesmo nível, a força por unidade de área é a mesma,
ou seja, é exercida a mesma pressão. Só que, no caso do ponto A, a pressão é devida à
força da gravidade associada à coluna de mercúrio, e no ponto B, em contato com o ar,
é igual à pressão atmosférica.
Assim, basta calcular a pressão em A, que será a mesma no ponto B, ou seja, o valor da
pressão atmosférica. A pressão em uma coluna vertical de fluido é dada pela expressão:
P=ρ×g×h
116
Observação: a densidade é mais comumente representada pela letra grega rô (ρ).
Sendo a densidade do mercúrio 13,6 × 10-5 kg/m3 e a aceleração da gravidade 9,8 m/s2,o valor da
pressão atmosférica pode ser calculado:
P = 13,6 × 103 × 9,8 × 0,76
P = 1,01325 × 105 Pa
Como esse valor varia conforme a altitude, a unidade foi inicialmente chamada atmosfera (atm) e de-
finida como sendo a pressão equivalente a uma coluna de mercúrio com 76 cm de altura, à temperatura
de 0ºC e ao nível do mar. Essa pressão, no Sistema Internacional atual, corresponde a 101 325 pascals.
Outras unidades podem ser usadas, como:
1 atm = 760torr (torricelli).
1 atm = 76cm ou 760mm de Hg (milímetros de mercúrio).
A pressão atmosférica varia com a altitude: quanto menor a altitude, maior a pressão atmosférica. Uma
pessoa que está no alto do pico Everest terá uma menor quantidade de ar sobre sua cabeça, que outra que
esteja na cidade de Campos do Jordão e menos ainda de alguém que esteja na praia, ao nível do mar.
Portanto, a força exercida da coluna de ar é menor no alto da montanha e maior ao nível do mar.

8. O som precisa de um meio material para se propagar. Dessa forma, não ocorre no vácuo,
em dias frios se espalha melhor e em dias quentes tem menor propagação. Considerando a
afirmação acima, responda:
O som se propaga melhor em altas ou baixas altitudes? Justifique.

9. Por que as pessoas sentem o ouvido “tampar” quando descem a serra para o litoral?

UNIDADE 4
Propriedades dos gases
O GLP (gás liquefeito do petróleo) é formado principalmente por propano e butano. É
uma mistura inodora. Porém, ao se acionar o botão do fogão a gás, percebe-se em instantes
um cheiro desagradável, indicando sua presença no ar.
Para evitar intoxicações, problemas respiratórios e o risco de explosão, são adicionados
à mistura alguns compostos de enxofre (geralmente mercaptanas), que apresentam um
odor forte que serve de alerta para as pessoas, no caso de vazamentos.

10. Considerando as propriedades dos gases, responda às questões propostas:


a) Como o gás liberado na cozinha pode ser percebido por alguém que está na sala, a metros
de distância? Explique por que o gás se comporta dessa maneira.
b) Como pode ocorrer a chamada “morte branca”, ocasionada por gás? Por que nessa ocasião
o cheiro não é percebido?

11. Experimento. Compressibilidade dos gases. Realize a prática a seguir e responda: em qual
das seringas foi mais fácil empurrar o êmbolo? Justifique.

Materiais
• 2 seringas de 10mL, água.

117
QUÍMICA  Gases

Procedimentos
• Coloque 5mL de água dentro de uma seringa.
• Na segunda seringa puxe o ar até o volume de 5mL.
• Coloque o dedo na ponta da seringa com água e empurre o êmbolo.
• Faça o mesmo procedimento para a seringa com ar.

12. Observe atentamente as figuras abaixo:

(A) (B) (C)

• Qual representação da matéria mostra o estado físico gasoso, sólido e líquido? Justifique
sua resposta.

13. Com base no experimento e na imagem da atividade anterior, construa uma tabela como
a que segue, comparando algumas propriedades dos estados físicos mais comuns da matéria.

SÓLIDO LÍQUIDO GÁS


Forma
Volume
Nível de organização
molecular
Influência da pressão em
sua forma
Influência da temperatura
em sua forma

14. Em qual estado físico é transportado o GLP (gás liquefeito do petróleo)? Por que é feito
isso?

No decorrer dos estudos, pode-se perceber que muitos dos materiais que se utilizam
cotidianamente são constituídos de misturas. Algumas são fáceis de separar, como a
areia da água pela filtração, a retirada do sal da água do mar por destilação. Porém,
como é possível fazer a separação de componentes de uma mistura gasosa, como o
ar atmosférico?
O ar atmosférico é uma mistura gasosa composta de cerca de 78% de nitrogênio e
21% de oxigênio em volume. Esses dois gases são muito usados para várias aplicações
em vários setores, em empresas e na ciência.
• O nitrogênio é utilizado em ambientes com atmosfera inerte e como fluido crio-
gênico (usado em conservação de células vivas e na Medicina).
• O oxigênio é muito utilizado na Medicina, no lazer (mergulho) e na indústria
(oxidante, comburente de maçaricos para soldagem e corte de materiais de ferro
e aço e também como matéria-prima para a produção de várias substâncias).
118
• Além desses gases, o ar atmosférico contém outros gases em proporção pequena,
mas que apresentam uma série de aplicações.
• O hélio, que é utilizado em tubos luminosos de gases (tubos de gás neon), em
reatores nucleares como agente refrigerante, em balões dirigíveis, meteorológicos
e publicitários, etc.
• O neônio, usado na produção de lasers, tubos de imagem de televisores, em
anúncios luminosos.
• O argônio, que é empregado no enchimento de lâmpadas incandescentes (pois não
reage com o filamento), no laser usado para fazer clareamento dental, na produção
de aço, fabricação de aparelhos eletrônicos, etc.
• O criptônio, usado em lâmpadas de flash de câmeras fotográficas de alta veloci-
dade, iluminação de aeroportos, como laser em cirurgias oculares.
• O xenônio, usado em lâmpadas bactericidas, tubos eletrônicos, lâmpadas estro-
boscópicas e flashes fotográficos.
• O radônio, que é usado principalmente em sismógrafos e para determinar a idade
das rochas. O radônio é purificado para uso terapêutico em alguns hospitais.
Para a utilização desses gases, é necessário primeiramente separá-los em um processo,
chamado de liquefação fracionada e que exige alguns procedimentos complexos:
• Secagem e resfriamento a -200ºC.
• Transferência para uma coluna de fracionamento (como a de destilação fraciona-
da). Possui o mesmo princípio da destilação em laboratório, porém necessita de
reatores que trabalhem a grande pressão.
• Separação pela diferença do ponto de ebulição.
Em uma planta industrial, os gases do ar são liquefeitos a temperaturas muito baixas
(cerca de -150°C) e podem ser separados em seus vários componentes, em colunas de
destilação:

UNIDADE 4

119
QUÍMICA  Gases

15. Observe os dois frascos representados a seguir, que contêm gases diferentes. Depois, rea-
lize as atividades propostas:
a) O que acontece quando a torneira é aberta?
b) Desenhe o esquema, representando o comportamento das moléculas gasosas e explique
por que isso ocorre.
Torneira
fechada

H2 CO2

16. Experimento. Difusão dos gases em capela. Faça a prática a seguir e descreva as suas ob-
servações, na sequência em que o procedimento foi realizado, registrando o que ocorreu com o
passar do tempo e o resultado final.

Materiais
• Um tubo de vidro ou plástico transparente e reto, com aproximadamente 50 cm, algodão,
ácido clorídrico concentrado, hidróxido de amônio, filme plástico.

Procedimentos
• Prenda o tubo de vidro com uma garra no suporte, conforme mostrado a seguir:

• Com auxílio de luvas e material de segurança, umedeça um pedaço de algodão com ácido
clorídrico concentrado e outro com hidróxido de amônio. (Deixar estes dois reagentes sem-
pre distantes um do outro).
• Coloque os dois pedaços de algodão simultânea e rapidamente use o filme plástico para
tampar as duas saídas do tubo de vidro.
• Observe o que ocorre com o passar do tempo.

Difusão
Quando há junção dos gases, de maneira uniforme e espontânea, denomina-se esse
fenômeno de difusão. A velocidade dessa reação é proporcional à velocidade molecular
média das substâncias, ou seja, quanto maior for a massa molar da substância, menor
será sua velocidade de difusão.

120
Teoria cinética dos gases
Para explicar as propriedades dos gases, foi criado um modelo gasoso, que
constitui a chamada Teoria Cinética dos Gases. Eis algumas de suas proposições:
• As moléculas de um gás estão em contínuo movimento e separadas entre si
por grandes espaços vazios em relação ao tamanho dessas moléculas.
• O movimento das moléculas se dá inteiramente ao acaso e em todas as
direções e sentidos.
• As moléculas colidem continuamente contra as paredes do recipiente em que
estão contidas. Dessas colisões resulta o que se chama de pressão do gás.
• As colisões das moléculas contra as paredes do recipiente, bem como as
colisões intermoleculares, são perfeitamente elásticas, isto é, ocorrem sem
perda de energia.
• As moléculas são completamente livres em seu movimento, isto é, não há forças
de atração entre elas e nem entre elas e a paredes onde estão contidas.

Variáveis de estado
Percebe-se que os gases podem interferir na pressão atmosférica. Além de influenciarem
na pressão, podem ter interferência direta no volume e na temperatura de um sistema. As
condições em que um gás se encontra são chamadas de estado e as grandezas às quais
for submetido são variáveis de estado.
As variáveis de estado são o volume (V), a pressão (P) e a temperatura (T).
Volume: O volume é a medida do espaço ocupado pelo sistema. No caso dos gases,
eles devem estar contidos em um recipiente fechado. No Sistema Internacional, é expresso
em metros cúbicos, m3, porém é frequente usar-se o litro, L, e o mililitro, mL.
1m3 = 1000dm3 = 1 000L
1dm3 = 1L = 1 000cm3 = 1 000mL

UNIDADE 4
Pressão: é resultado da quantidade de choques de moléculas, em constante movi-
mento, entre si e contra as paredes do recipiente. Depende da quantidade de moléculas,
do volume que o gás ocupa e da temperatura. No Sistema Internacional, é expressa em
pascals (Pa), porém é comumente medida em atmosfera (atm) ou em milímetros de mer-
cúrio (mmHg).
1 atm = 760 mmHg.
1 atm = 101 325 pascals.
A unidade mmHg de pressão é também chamada de torricelli, cuja abreviatura é
torr.
1 atm = 760 mm de Hg = 760 torr.
Temperatura: é a medida de agitação molecular. Quanto maior for a agitação, maior
será a temperatura. Existem várias escalas utilizadas para medir a temperatura. Para o
estudo no Ensino Médio, interessam principalmente as escalas Celsius (ºC) e Kelvin (K).
T (K) = T (ºC) + 273

121
QUÍMICA  Gases

Escala Escala
Kelvin Celsius

Ebulição da água 373 K 100 ºC


(1atm)

Fusão do gelo 273 K 0 ºC


(1atm)

Zero 0K –273 ºC
absoluto

17. Experimento. Transformação isotérmica. Realize a prática a seguir e elabore a sua conclu-
são, explicando o processo que permite ao pulmão realizar a inalação e a exalação.

Materiais
• Canudo, uma garrafa PET, balão de aniversário, tesoura, prego, vela.

Procedimentos
• Corte a garrafa PET aproximadamente 15 cm abaixo da tampa. O experimento utilizará a
parte que contém o gargalo. Esse elemento simulará o tórax.
• Coloque um dos balões no gargalo e empurre-o para dentro da garrafa. Ele fará o papel do
pulmão.
• Aqueça o prego na chama da vela e, com ele, faça um furo na tampa da garrafa (utilize a
tesoura para segurá-lo sobre a chama).
• Em seguida, feche, com a tampa perfurada, a boca da garrafa, mantendo e prendendo o
balão dentro da mesma.
• Corte um pedaço do canudo (5 cm) e coloque-o no furo da tampa da garrafa. Ele simulará
a traqueia.
• Usando a tesoura, recorte a parte de cima da outra bola de assoprar e feche com o pedaço
restante a extremidade inferior (base aberta) da garrafa, deixando o bico do fundo da bola
pendurado no centro da abertura da garrafa. O bico servirá para puxar essa bola de assoprar
para baixo, como se fosse o diafragma.
• Utilize a fita crepe para manter o diafragma fixo na base da garrafa.

A figura abaixo mostra o sistema montado:

122
Utilização
• Uma vez montado o aparato, segure a garrafa pelo gargalo e, com a outra mão, puxe para
baixo o bico da bola presa na base da garrafa (diafragma).
• Observe como o “pulmão” aumenta de volume dentro do “tórax” simulando a inspiração.
Isso acontece devido ao aumento do volume interno da garrafa e a consequente diminui-
ção da pressão. Sendo mais elevada, a pressão atmosférica externa impelirá o ar para o
interior do “pulmão”.
• Na expiração, fazemos o bico da bola de assoprar retornar a sua posição original. Com isso,
a pressão interna voltará a se igualar à pressão atmosférica, forçando a expulsão do ar do
“pulmão”.
• Recomendações de segurança: é importante manusear com atenção e cuidado a tesoura, o
prego e a vela acesa.
PROJETO CONDIGITAL, MEC - MCT; GRUPO DE Trabalho de Produção de Conteúdos Digitais Educacionais da Secretaria de Edu-
cação do Estado da Bahia. A física e o cotidiano - Experimentos Educacionais: Pulmão. Banco internacional de objetos educacio-
nais. On-line. 13 maio 2011. Disponível em: <http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/handle/mec/17589>. Acesso em: 30 out. 2011.

18. O gráfico a seguir representa uma transformação isotérmica, ou seja, nela não ocorre
alteração de temperatura. Analise-o e responda às questões propostas:

a) O que ocorre com o volume dos gases, à medida


que aumenta a pressão?
b) Essas grandezas são direta ou inversamente propor-
cionais?
Pressão

UNIDADE 4
Volume

Relação entre pressão e volume gasoso


Transformação Isotérmica
O físico e químico irlandês Robert Boyle e o físico francês Edme Mariotte realizaram
experimentos em sistemas isotérmicos.
T = constante à Variam P e V
T = constante à ↓P ↑V
Em temperatura constante, quanto maior for a pressão, menor será o volume ocupado
pela massa gasosa. O volume (V) de uma massa fixa de um gás, mantido à temperatura
constante, é inversamente proporcional à pressão (P) do gás, isto é:
P .V = k
Comparando o estado inicial e final de um sistema, pode-se ter:
P1 . V1 = k
P2 . V2 = k
Igualando as constantes, tem-se:
P1.V1 = P2.V2
que é a Lei de Boyle – Mariotte.
123
QUÍMICA  Gases

DESDOBRAMENTO
19. Experimento. Transformação isobárica. Realize a prática a seguir, ex-
plique o que aconteceu e elabore a sua conclusão com base nos conceitos
Na respiração, pode-se usar a lei químicos envolvidos.
de Boyle-Mariotte para explicar a
inalação e a exalação. No processo Materiais
de inalação, o diafragma se • Garrafa de água mineral plástica de 500 mL vazia e com tampa, funil,
expande, deixando o volume do um pouco de água quente, recipiente com água fria.
pulmão maior. Sendo o produto
P.V constante, a pressão interna do Procedimento
pulmão diminui com o aumento • Coloque água quente dentro da garrafa plástica, com auxílio do funil (cui-
de volume. Como a pressão dado para não causar queimaduras). Tampe e aguarde 30 segundos, de-
atmosférica é maior, o ar entra no pois observe o aspecto externo da garrafa.
pulmão até equalizar as pressões.
O processo inverso ocorre na • Esvazie a garrafa completamente e tampe-a novamente.
exalação. • Imediatamente mergulhe ou passe-a em água fria.

20. O gráfico a seguir representa uma transformação isobárica, ou seja,


nela não ocorre alteração da pressão. Analise-o e responda às questões
propostas:
a) O que ocorre com o volume à medida que aumenta a temperatura?
b) Essas grandezas são direta ou inversamente proporcionais? Explique.

Relação entre temperatura e volume


Transformação Isobárica
As primeiras experiências que relacionam o volume gasoso e a tem-
peratura foram feitas em 1787, pelo cientista francês Jacques Charles.
Os seus estudos foram completados por Gay-Lussac, em 1808. Por
isso, a lei que refere-se às duas grandezas é conhecida como Lei de
Charles e Gay-Lussac.
P = constante à Variam: T e V
P = constante à ↑T ↑V
Em pressão constante, quanto maior for a temperatura, maior será
o volume ocupado pela massa gasosa. O volume (V) de uma massa
124
fixa de um gás, mantido à pressão constante, é diretamente proporcional à temperatura
absoluta do gás (T), isto é:

V
= K ou V1 = V2
T T1 T2

21. Experimento. Transformação isocórica, isométrica ou isovolumétrica. Observe a prática


virtual e explique o que aconteceu. Em seguida, responda:
a) O que acontece se aquecermos o ar com uma fonte externa?
b) O que acontece com o calor após uma transformação isovolumétrica?

UNIDADE 4
22. O gráfico a seguir representa uma transformação isocórica, ou seja, nela não ocorre altera-
ção de volume. Analise-o e responda às questões propostas:
a) O que ocorre com a temperatura à medida que aumenta a pressão?
b) Essas grandezas são direta ou inversamente proporcionais? Explique.

125
QUÍMICA  Gases

Transformação Isocórica, isométrica ou isovolumétrica


Os primeiros cientistas que verificaram a relação existente entre temperatura e pressão
foram Jacques Charles e Gay Lussac:
V = constante à Variam: P e V
V = constante à ↑T ↑P
Em volume constante, quanto maior for a temperatura, maior será a pressão exercida
pela massa gasosa. A pressão (P) de uma massa fixa de um gás, mantido a volume cons-
tante, é diretamente proporcional à temperatura absoluta do gás (T), isto é:

P
= K ou P1 = P2
T T1 T2

23. Explique, pelas leis físicas dos gases, como é possível tomar um líqui-
[S.I.]/prontoparaty.com.br

do usando um canudo?

24. Explique por que, em um mergulho com cilindros, a pessoa deve su-
bir à superfície lentamente? Quais são as consequências que podem vir de
uma subida muito rápida?

25. O refrigerador é um equipamento que faz troca de calor utilizando-se


de transformações gasosas. O calor é retirado da parte interna e é transfe-
rido para a parte externa, por isso, a parte de trás do aparelho esquenta.
Explique o funcionamento do refrigerador e esclareça que tipo de transfor-
mação o gás passa.

Lei geral dos gases


Se se combinar a Lei de Boyle com a lei de Charles, evidencia-se que o volume é
inversamente proporcional à pressão e diretamente proporcional à temperatura, o que
resulta na seguinte equação:
T

P
Em que α corresponde à proporcionalidade que pode ser representada por um valor
constante (k), ou seja:
P .V
k=
T
Ao se submeter determinadas quantidades de gás a qualquer variação, suas condições
iniciais (índice 1) e finais (índice 2) serão dadas pelas equações a seguir:
P 1 . V1 P .V
k1 = ou k2 = 2 2
T1 T2
Como, para a mesma quantidade de gás, as constantes k1 e k2 são iguais, pode-se
igualá-las, ficando a equação:
k1 = k2
P1 . V1 = P2 . V2
T1 T2

126
26. Imagine que você trabalha em uma empresa de pesquisas espaciais e participa de um
projeto que estuda a formação de fenômenos elétricos na troposfera - região em que ocorre a
formação de nuvens, os ventos e a chuva, sendo a temperatura no seu topo cerca de -50 °C e sua
pressão cerca de 0,25 atm, em média. Para os testes necessários, foi comprado um balão meteoro-
lógico, confeccionado em material elástico, que suporta um volume de até 20 litros de gás. Ele
foi enchido com gás hélio até um volume de 10,0 L a 1,00 atm e 27 °C e, em seguida, foi solto.
Porém, depois de certo tempo, a missão fracassou, porque o balão estourou antes da hora. Qual
seria o mínimo de volume de gás que o balão deveria suportar na altitude em que estourou?

Estudo dos gases


Hipotése de Avogadro
Amedeo Avogadro é um dos mais importantes autores da Química moderna. Em 1811,
publicou um artigo, fazendo a distinção entre moléculas e átomos. No caso da água, os
átomos de hidrogênio e oxigênio eram na verdade moléculas, ao contrário do que se
pensava até então. Assim, uma molécula de oxigênio reagiria com duas moléculas de
hidrogênio. Desse modo, ele enunciou sua famosa hipótese: “Iguais volumes de quaisquer
gases encerram o mesmo número de moléculas, quando medidos nas mesmas condições
de temperatura e pressão.” Essa proposição ficou conhecida como Lei de Avogadro.
H2 O2 O3 H2O(v) He

Com base nos estudos de Avogadro, notou-se que a constante (k) estava relacionada à
quantidade de matéria contida em um certo recipiente, que pode ser representada por (n).
Essa relação foi então estabelecida para uma quantidade de matéria, de 1 mol de gás,

UNIDADE 4
medido nas CNTP (0°C, ou 273,15 K, e 100 000 pascals, correspondentes a 0,97 atm).
P .V
=1.k
T
Substituindo os valores na equação, tem-se:
Para 1 mol de gás:
0,97 . 22,7
=1.k
273,15
P .V
= 0,082
T
Se n = 2 mols de gás:
P .V
=2.k
T
Com n mols de gás, temos:
P .V
=n.k
T
A constante (k) foi substituída por (R), obtendo-se então a equação geral dos gases ou
equação do gás ideal:
p .V = n . R .T
P = Pressão do gás
V = Volume da massa gasosa
n = Quantidade de matéria
R = Constante de Clapeyon → R = 0,082 atm/Lmol.k → R = 62,3 mm de Hg/Lmol.k 127
T = Temperatura do gás
QUÍMICA  Gases

Essa equação apresenta algumas restrições em relação ao seu uso. Ela descreve o
comportamento de um gás, quando submetido a pressões menores que 100 000 Pa e
temperaturas superiores à de sua condensação. Nessas condições, as moléculas gasosas
estão bem afastadas e praticamente não ocorre interação entre elas. Porém, é impossível
eliminar totalmente as interações entre as moléculas, quando se eleva a pressão e diminui
a temperatura. Assim, começa a existir interação entre as moléculas gasosas, causando
desvios da equação geral.
O gás ideal não existe e a equação só é totalmente válida para um gás imaginário,
pois esse é apenas um modelo. Porém, muitos gases reais, quando submetidos a altas
temperaturas e baixas pressões, se comportam como gases ideais, de acordo com a lei
estabelecida.
Poluição do ar
No último século, o ar é um dos sistemas naturais que vem sofrendo ataques de po-
luentes produzidos pelas atividades do homem, principalmente nos centros urbanos, o que
piora a qualidade do ar que se respira, agrava os problemas de saúde, como os problemas
respiratórios. Vários setores da sociedade já começaram a se mobilizar para encontrar
soluções para esse problema, ou pelo menos amenizá-lo com rapidez, para que possam
viver e respirar com saúde.

27. Leia o excerto a seguir.


A história da poluição já é muito antiga, há relatos que Hipócrates, já no século V a.C.,
observava a importância do clima nos alimentos e nas doenças. Em Roma, Sêneca, em 61
a.C., afirma: “mal deixei o ar pesado de Roma para trás, o mau cheiro do fumo das chami-
nés, do vapor pestilento e fuligem, [...] senti uma alteração do meu humor”.
• Faça uma pesquisa e verifique em que período da história recente da humanidade o pro-
blema da poluição começou a se agravar, fazendo com que o homem começasse a se pre-
ocupar com a poluição do ar. A partir dos dados obtidos, construa uma linha do tempo,
indicando as descobertas sobre os poluentes até os dias de hoje, bem como as doenças
surgidas ou agravadas em cada período.

28. Experimento. Produção de fuligem. A prática proposta exemplifica a produção de fuligem


da mesma maneira que nos carros ou fábricas. Após fazê-la, responda às questões a seguir:
a) Qual dos dois processos é o mais poluente? Explique.
b) Dê uma definição para poluente atmosférico.

Materiais
• Álcool, gasolina, 2 béqueres ou 2 copos, palito de fósforo.

Procedimentos
• Coloque cerca de 2mL de álcool em um béquer, e 2mL de gasolina no outro.
• Com auxílio do palito de fósforo, ateie fogo nos dois frascos.
• Aproxime um tubo de ensaio a cada chama e observe.

Contaminação do ar

128
Com o aumento da quantidade de contaminantes no ar atmosférico devido a vários
fatores, como a queima do petróleo, a produção de bens, a comodidade das populações e
o próprio aumento populacional, o homem passou a monitorar em classes os contaminantes
atmosféricos. O nível de poluição atmosférica é medido pela quantidade de substâncias
poluentes presentes no ar e, devido à grande quantidade de substâncias diferentes, foram
classificadas em duas categorias:
• Poluentes primários.
• Poluentes secundários.

29. Inúmeros poluentes contaminam a atmosfera atualmente, sendo gerados, na maioria, pelas
atividades industriais, pela ação humana e pelos sistemas de transporte. Dadas as fontes, preencha a
tabela abaixo com os principais gases poluentes, conforme o exemplo.

FONTES POLUENTES
Material particulado, óxidos de enxofre, monóxido de
Combustão
carbono, óxidos de nitrogênio, hidrocarbonetos.

UNIDADE 4
Processos Industriais
Queima de resíduos sólidos
Veículos automotores
Naturais
Reações químicas na atmosfera

30. Experimento. Efeito estufa. Em grupos, realizem a prática a seguir e descrevam suas ob-
servações na sequência em que o procedimento foi realizado, de forma objetiva e clara. Em
seguida, respondam:
a) Qual é a diferença entre o que provoca o efeito estufa e o aquecimento global, e entre as
consequências de cada um?
b) Citem, pelo menos, dois outros problemas ambientais causados por poluentes atmosféri-
cos, verificando as causas e os efeitos sobre a sociedade e a natureza.

Materiais
• Recipiente plástico transparente, um pote usado de maionese de 2 kg ou similar, um Ki-
tassato, um erlenmeyer, termômetro, rolha de borracha, massa epóxi, bocal de luminária,
lâmpada de 40W, mangueira de látex.

Procedimentos

129
QUÍMICA  Gases

• Monte o esquema, conforme a figura a seguir:


• Perfure a tampa em duas posições, uma para fixar o termômetro e
outra o bocal com a lâmpada de 40W.
• Em uma das laterais do recipiente, faça um furo para conectá-lo ao
Kitassato com a mangueira de látex, vedando-o também com massa epóxi
para não haver vazamento, conforme o desenho ao lado.

Para o efeito do CO2


• Coloque cerca de 1 grama de bicarbonato de sódio dentro do Kitassa-
to e adicione cerca de 5mL de HCℓ a 0,1 mol/L, tampando-o rapidamente
com o auxílio da rolha de borracha. Deixe o gás ser transferido para o reci-
piente e ligue a lâmpada, deixando-a ligada por uns 10 minutos. Anote o
valor da temperatura.
• Repita o mesmo procedimento para 3 gramas de bicarbonato de só-
dio e anote a temperatura.
• Reação de efeito estufa provocada:

NaHCO3 + HCℓ → NaCℓ + H2O + CO2

Nos noticiários, jornais, internet,


revistas divulgam-se reportagens
sobre a poluição do ar nos centros
urbanos espalhados pelo planeta, e
também em regiões consideradas
agrícolas, pelo uso das queimadas
como método de limpeza de solo
e agrotóxicos desmedidamente, o
que quer dizer que a poluição se
tornou um problema global, não
mais restrito.
Aquecimento global
Aquecimento global era um ter-
mo usado apenas por cientistas.
As pessoas começaram a conviver
com o termo, muitas vezes, sem en-
tender direito o seu significado. O
aquecimento global é um aumento
significativo da temperatura média
da Terra em período relativamente
curto.
Efeito estufa é o nome dado a
um fenômeno que ocorre na cama-
da de gases que envolve a Terra, e
que mantém a temperatura média
constante. É um processo, no qual
apenas uma parte da radiação solar,
cerca de 30%, é refletida para o es-
paço, ficando os outros 70% retidos
na atmosfera da Terra, por influência
dos gases que a compõem. O efeito estufa serve para manter o planeta aquecido e assim
garante a manutenção da vida.
130
O aquecimento global está diretamente relacionado ao chamado efeito estufa, provo-
cado por alguns gases, chamados gases de efeito estufa (GEE). Esses gases compõem parte
da atmosfera e são o dióxido de carbono (CO2),o metano (CH4), os óxidos de nitrogênio
(NOx), os clorofluorcarbonos (CFCs), entre outros. Todos eles absorvem alguma parte da
radiação infravermelha refletida pela superfície da Terra e a devolvem para a superfície,
sem deixá-la escapar para o espaço. Como resultado, a superfície recebe quase o dobro
de energia da sua própria atmosfera, ficando mais aquecida do que estaria sem a presença
desses gases.
390
O3 380
12%
370
CFCs
11% 360

CO2 (ppm)
CO2
56% H2O 350
5%
340

330
CH4
16% 320

310
1955 1965 1975 1985 1995 2005 2015

As atividades humanas afetam esse equilíbrio pelo aumento das emissões de GEE e
interferências na remoção natural de GEE (CO2) por meio do desmatamento, que coíbe
a remoção desse gás pelas plantas. A tabela abaixo mostra os principais GEE, sua contri-
buição para o aquecimento e suas principais fontes de emissão.

Aumento de
Contribuição aque-
GEE concentração desde Principais fontes de emissão
cimento global (%)
1850 (%)
Uso de combustíveis fósseis;

UNIDADE 4
CO2 31 60 Desflorestação;
Alteração dos usos do solo.
Produção e consumo de energia;
Atividades agrícolas e pecuárias;
CH4 151 20
Aterros sanitários;
Águas residuais.
Uso de fertilizantes;
Produção de ácidos;
N 2O 17 6
Queima de biomassa e combustíveis
fósseis.
Indústria;
Refrigeração;
HFC
Aerossóis;
PFC — 14
Propulsores;
CFC
Espumas expandidas;
Solventes.
Combustão de madeira;
Ácido
Combustíveis fósseis;
nítrico — 6
Pela composição de fertilizantes químicos
HNO3
e por micróbios.

131
QUÍMICA  Gases

Com o aquecimento global, todo o planeta pode sofrer consequências graves, incluindo
plantas, animais e seres humanos. O aumento do calor pode influenciar fortemente no
derretimento das calotas polares, aumentando assim o nível dos mares e mudando o regime
de chuvas e secas em várias partes do planeta, o que afeta plantações e florestas. Segundo
a Organização Mundial da Saúde (OMS), esse quadro pode ficar ainda mais sombrio e se
agravar nas próximas décadas. Calcula-se que, até o ano de 2030, as alterações climáticas
poderão causar 300 mil mortes por ano.

Camada de Ozônio
A camada de ozônio é uma “capa” desse gás, que envolve o planeta e o protege de
várias radiações, das quais a principal é a radiação ultravioleta, a principal causadora de
câncer de pele.

Diversas substâncias químicas destroem a camada de ozônio e também contribuem


para o aquecimento do planeta. Dentre elas, destacam-se os óxidos nítricos e nitrosos,
expelidos pelos exaustores dos veículos e o CO2 produzido pela queima de combustíveis
fósseis, como o carvão e o petróleo. Mas, em termos de efeitos destrutivos sobre a ca-
mada de ozônio, os grandes vilões são os gases chamados clorofluorcarbonos, os CFCs,
que eram usados como propelentes em aerossóis, como isolantes em equipamentos de
refrigeração e para produzir alguns materiais plásticos.
NO + O3 → NO2 + O2
NO2 + O → NO + O2

132
Os CFCs decompõem-se nas altas camadas de atmosfera (estratosfera) por influência
das radiações ultravioletas, liberando o cloro na forma de radicais livres (Cℓ•). São esses
radicais que atacam as moléculas de O3, quebrando suas ligações, diminuindo a sua in-
cidência e causando desequilíbrio atmosférico.
UV
CCℓF2 → CCℓF2 + Cℓ*
Cℓ* + O3 → CℓO* + O2
CℓO* + O → Cℓ + O2
Nas últimas décadas, tentou-se evitar ao máximo a utilização do clorofluorcarbono,
substituindo-o por outro gás refrigerante, para diminuir o buraco na camada de ozônio
e a preocupação da população mundial. De qualquer forma, deve-se evitar ao máximo
a utilização desse gás, para que se possa garantir a sobrevivência da espécie humana.
As maiores consequências na destruição da camada de ozônio são:
• Aumento dos casos de câncer de pele.
• Diminuição do sistema imunológico.
• Diminuição da produção agrícola.
• Alteração de ecossistemas.

[S.I.]/sp.gov.br

UNIDADE 4

Chuva ácida CO2 CO2


CO2 CO2
Durante a Revolução Industrial, em 1852, ocorreu uma grande precipitação H2O
CO2 CO2
ácida sobre a cidade de Manchester, fato que levou o químico e climatologista
inglês Robert Angus Smith, em 1872, a usar o termo chuva ácida. CO2 CO2

Desde o início da sua formação, a atmosfera é composta pelos gases CO2


(respiração), SO2 (vulcões), que se juntam aos outros já vistos. A água da chuva, H2CO3
em regiões onde não há poluição, não é totalmente pura, pois sempre carrega H2CO3
componentes da atmosfera que se dissolvem na água e a tornam ácida, com
um pH aproximadamente igual a 5,6, segundo a reação:
CO2(g) + H2O(l) → H2CO3(aq) → H+(aq) + HCO3-(aq) → H+(aq) + CO32-(aq) H+
HCO3
133
QUÍMICA  Gases

Um dos maiores problemas ambientais da atualidade, que causa sérios danos à humani-
dade e aos ecossistemas, é o aumento de poluentes derivados da queima de combustíveis,
como o carvão e derivados do petróleo. As chaminés das indústrias e os escapamentos
dos automóveis despejam diariamente toneladas desses gases, que reagem com o vapor
da água, transformando-se em ácidos e caindo sobre a terra na forma de chuva, porém
com seu pH original alterado.
Os principais gases que aumentam a incidência da chuva ácida são os óxidos de nitro-
gênio (NOx), de carbono (COx) e enxofre (SOx) que, combinados com a água, formam os
ácidos nítrico e nitroso (HNO3 e HNO2), sulfúrico e sulfuroso (H2SO4 , H2SO3 e carbônico
(H2CO3)).
Vale ressaltar que a chuva já é naturalmente ácida, com pH em torno de 5,6. Isso se
deve à presença natural de gás carbônico na atmosfera, o qual reage com a água formando
o ácido carbônico. Os processos industriais e as queimadas têm contribuído substancial-
mente para o aumento da quantidade desse gás, acentuando a acidez da chuva. No ar,
além do oxigênio, o nitrogênio se faz presente, e a queima do combustível pode resultar
nas seguintes reações:
2NO + O2 → 2NO2
2NO2 + H2O → HNO2 + HNO3
HNO2 + O2 → 2HNO3
O diesel é a principal fonte de material particulado e enxofre da poluição, e os veí-
culos movidos a diesel representam cerca de 10% da frota nacional. Um projeto brasi-
leiro pretende, inicialmente, substituir 2% (em volume) do consumo de óleo diesel pelo
biodiesel. Hoje, são consumidos no país 36 bilhões de litros de diesel por ano. O óleo
diesel consumido nas regiões metropolitanas apresenta um teor de enxofre (impureza) de
0,2% em massa. A queima desse diesel lança na atmosfera óxidos de enxofre, substân-
cias poluentes responsáveis por um tipo de chuva ácida. Por isso, uma das vantagens na
utilização do biodiesel é diminuir a poluição atmosférica.
As reações do enxofre durante a queima são:
S(s) + O2(g) → SO2(g)
S(s) + 3/2 O2(g) → SO3(g)
SO2(g) + ½ O2(g) → SO3(g)
Os gases SO2(g) e SO3(g) reagem com a água, produzindo:
SO2(g) + H2O(l) → H2SO3(aq)
SO3(g) + H2O(l) → H2SO4(aq)
134
Quanto mais poluição for lançada na atmosfera, mais reações podem ocorrer, alterando
sua composição, prejudicando o meio ambiente e tendo como consequências:
• Corrosão de monumentos históricos, prédios públicos e particulares. A acidez é tão
poderosa, que rompe até mesmo as camadas de resina que protegem as pinturas
dos carros, fazendo a carroceria enferrujar.

Nino Barbieri/commons.wikimedia.org
Corrosão do mármore, consequência da chuva ácida
CaCO3(s) + 2H+(aq) → Ca2+(aq) + CO2(g) + H2O(l)
• Alteração de ecossistemas: as gotas ácidas queimam as folhas das plantas e florestas,
produzindo manchas amareladas e pequenos buracos, diminuindo a capacidade
da planta de realizar fotossíntese, fazendo-a crescer mais lentamente.
[S.I.]/commons.wikimedia.org

UNIDADE 4
• Empobrecimento do solo: a chuva ácida dissolve principais nutrientes de que as
plantas necessitam e os transportam para os rios e lagos, deixando-os improduti-
vos.
David Slade/Flickr

135
QUÍMICA  Gases

• Ressecamento da pele e problemas de saúde: a pele pode ficar ressecada em con-


tato constante com a chuva ácida quando se nada em um lago ácido ou quando
se inalam por muito tempo os gases poluentes. Eles podem causar náusea, dor de
cabeça e doenças respiratórias graves.

Inversão térmica
A inversão térmica é um fenômeno natural, que ocorre principalmente nos meses de
inverno, principalmente nos grandes centros urbanos, regiões em que o nível de poluição
é muito elevado.
O fenômeno ocorre devido à camada de ar frio que, por ser mais pesada, acaba des-
cendo e ficando em uma região próxima à superfície terrestre, retendo os poluentes. O
ar quente, por ser mais leve, fica em uma camada superior, impedindo a dispersão dos
poluentes.

Como os poluentes ficam retidos mais próximos ao solo, eles afetam diretamente a
saúde das pessoas, principalmente das crianças, provocando doenças respiratórias e can-
saço entre outros problemas de saúde, como a bronquite e asma.

136
31. O efeito estufa é um fenômeno natural e fundamental para a manutenção da vida no
planeta Terra, entretanto, quantidades excessivas de gases estufa na atmosfera podem ele-
var a temperatura do planeta a níveis indesejados. O Protocolo de Quioto (1997) propõe um
calendário pelo qual os países signatários têm a obrigação de reduzir a emissão de gases cau-
sadores do efeito estufa em, pelo menos, 5,2% até 2012, em relação aos níveis de 1990. Sobre o
aquecimento global e os gases causadores do efeito estufa, é incorreto afirmar que:
a) O CO2 é um gás que causa efeito estufa retendo parte da radiação solar refletida pela super-
fície do planeta Terra.
b) O CO2 é absorvido pelos oceanos, diminuindo o valor do pH de suas águas.
c) O NO2 pode reagir com água na atmosfera, formando HNO3, um dos componentes da chuva
ácida.
d) O processo de fotossíntese das plantas contribui para o aquecimento global.
e) O Protocolo de Quioto não visa a eliminar totalmente o efeito estufa.

32.

UNIDADE 4
Em algumas cidades, pode-se observar no horizonte, em certos dias, a olho nu, uma camada de
cor marrom. As figuras acima se referem a um processo de formação de um fenômeno climático
que ocorre, por exemplo, na cidade de São Paulo. Trata-se de:
a) Ilha de calor, caracterizada pelo aumento de temperaturas na periferia da cidade.
b) Zona de convergência intertropical, que provoca o aumento da pressão atmosférica na
área urbana.
c) Chuva convectiva, caracterizada pela formação de nuvens de poluentes que provocam
danos ambientais.
d) Inversão térmica, que provoca concentração de poluentes na baixa camada da atmosfera.
e) Ventos alíseos de sudeste, que provocam o súbito aumento da umidade relativa do ar.

33. Qual a relação existente entre o buraco na camada de ozônio e o efeito estufa?

137
QUÍMICA  Gases

DESDOBRAMENTO

Formas de combate à poluição do ar


 Uso de transporte coletivo: diminuindo-se o número de carros, a quantidade de poluentes tam-
bém diminui;
 Utilização de fontes de energia menos poluentes: hidrelétrica, geotérmica, mareomotriz, eólica,
solar, etc.
Tecnologias de controle da poluição do ar
Existem várias tecnologias de controle da poluição
atmosférica e estratégias disponíveis para reduzir a
poluição do ar, sendo os mais utilizados na indústria:
Separador ciclônico: a mistura de gás e partículas é forçada
a girar de forma ciclônica, o que faz com que, pela diferença
de massa entre as partículas e o gás, ambos sejam separados,
podendo-se, então, recolher as partículas poluidoras.
Precipitador eletrostático: nesse aparelho, o
material particulado da mistura gasosa é carregado
eletrostaticamente e as partículas são captadas por
atração eletromagnética. São máquinas de elevado custo
e consumo energético, porém de alta eficácia.
Carvão ativado: os filtros de carvão ativado são
normalmente utilizados na purificação de gases, para
remover vapores de óleos, cheiros e outros hidrocarbonetos
do ar, por apresentarem uma grande área disponível para
adsorção e reações químicas com as partículas.

Conversor catalítico: dispositivo usado para reduzir a toxicidade das emissões dos gases de escape
de motores de combustão interna.

138
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Carro movido a ar comprimido chega ao mercado
Carros a ar comprimido
Estão chegando ao mercado os primeiros carros movidos a

Divulgação
ar comprimido. Pelo menos ao mercado da Índia, onde a MDI
International, pertencente a Guy Négre, ex-engenheiro da Fórmula
1, fechou um acordo com a maior fabricante de automóveis do
país, a Tata Motors.
Négre é o responsável pelo projeto do MiniCat e do CityCat,
dois pequenos veículos com carroceria em fibra de vidro, cujo
motor funciona unicamente com o ar comprimido armazenado
em um tanque muito parecido com o tanque de gás natural, já
largamente utilizado no Brasil.
Enchendo o tanque com ar
A empresa planeja produzir 6 000 unidades do carro a ar já em 2008, em diversas versões. A carroceria
de fibra não é o único fator responsável pelo baixo peso do veículo, que viabilizou a utilização do motor
a ar: uma tecnologia de multiplexação permite que todos os equipamentos elétricos do veículo sejam
acionados por um único fio - microprocessadores identificam quando o comando se refere à lâmpada
do pisca-pisca ou ao limpador de para-brisa, por exemplo. Só no chicote elétrico, um dos componentes
individuais mais caros de um automóvel, foram economizados 22 quilos.
Os pequenos carros a ar comprimido atingem velocidades de até 110km/h, com uma autonomia
de 200 quilômetros. O reabastecimento é fácil e rápido, podendo ser feito em poucos minutos em
estações dotadas de compressores industriais.
Mas o proprietário também tem a alternativa de recarregar o tanque em casa mesmo, utilizando um
pequeno compressor embutido no veículo. Nesse caso, a recarga do tanque leva quatro horas.
A Tata Motors tem uma joint-venture com a Marcopolo, fabricante brasileira de carrocerias para
ônibus. Não foram divulgadas informações sobre a possibilidade de que o carro a ar comprimido

UNIDADE 4
venha a ser fabricado no Brasil.
REDAÇÃO DO Site Inovação Tecnológica. Carro movido a ar comprimido chega ao mercado. Inovação Tecnológica. 30 maio 2007.
Disponível em: < http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=010170070530>. Acesso em: 12 set. 2011.

O FUTURO EM JOGO

1. (ENEM) A atmosfera terrestre é composta pelos gases nitrogênio (N2) e oxigênio (O2), que somam cerca
de 99%, e por gases-traços, entre eles o gás carbônico (CO2), vapor de água (H2O), metano (CH4), ozônio
(O3) e o óxido nitroso (N2O), que compõem o restante 1% do ar que respiramos. Os gases-traços, por serem
constituídos por pelo menos três átomos, conseguem absorver o calor irradiado pela Terra, aquecendo o
planeta. Esse fenômeno, que acontece há bilhões de anos, é chamado de efeito estufa. A partir da Revolução
Industrial (século XIX), a concentração de gases traços na atmosfera, em particular o CO2, tem aumentado
significativamente, o que resultou no aumento da temperatura em escala global. Mais recentemente, outro
fator tornou-se diretamente envolvido no aumento da concentração de CO2 na atmosfera: o desmatamento.
BROWN, I. F.; ALECHANDRE, A. S. Conceitos básicos sobre clima, carbono, florestas e comunidades. In: MOREIRA, A. G.; SCHWARTZMAN, S.. As
mudanças climáticas globais e os ecossistemas brasileiros. Brasília: Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, 2000. (Adaptado).

139
QUÍMICA  Gases

Considerando o texto, uma alternativa viável para combater o efeito estufa é:


A) Reduzir o calor irradiado pela Terra mediante a substituição da produção primária pela
industrialização refrigerada.
B) Promover a queima da biomassa vegetal, responsável pelo aumento do efeito estufa
devido à produção de CH4.
C) Reduzir o desmatamento, mantendo-se, assim, o potencial da vegetação em absorver
o CO2 da atmosfera.
D) Aumentar a concentração atmosférica de H2O, molécula capaz de absorver grande
quantidade de calor.
E) Remover moléculas orgânicas polares da atmosfera, diminuindo a capacidade delas de
reter calor.
2. (ENEM) As florestas tropicais úmidas contribuem muito para a manutenção da vida
no planeta, por meio do chamado sequestro de carbono atmosférico. Resultados de
observações sucessivas, nas últimas décadas, indicam que a Floresta Amazônica é capaz de
absorver até 300 milhões de toneladas de carbono por ano. Conclui-se, portanto, que as
florestas exercem importante papel no controle:
A) das chuvas ácidas, que decorrem da liberação, na atmosfera, do dióxido de carbono
resultante dos desmatamentos por queimadas.
B) das inversões térmicas, causadas pelo acúmulo de dióxido de carbono resultante da não
dispersão dos poluentes para as regiões mais altas da atmosfera.
C) da destruição da camada de ozônio, causada pela liberação, na atmosfera, do dióxido de
carbono contido nos gases do grupo dos clorofluorcarbonos.
D) do efeito estufa provocado pelo acúmulo de carbono na atmosfera, resultante da quei-
ma de combustíveis fósseis, como carvão mineral e petróleo.
E) da eutrofização das águas, decorrente da dissolução, nos rios, do excesso de dióxido de
carbono presente na atmosfera.

CONECTE-SE
[S.I.]/Editora SENAC

LIVROS
• Aquecimento global
Autor: José Eli Veiga
Editora: Senac
Esta obra apresenta um ensaio relacionando o aquecimento global à ação humana,
conforme o Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC).
[S.I.]/Editora DCL

• Aquecimento Global
Autor: Susannah Bradley
Editora: DCL
Este livro traz uma excelente reflexão sobre o efeito estufa, camada de ozônio, causas
e consequências do aquecimento global; poluição, mudanças no clima, aumento da
temperatura da água do mar, derretimento de geleiras, tempestades, furacões, mudanças
nos ecossistemas.

140
FILME
• Uma verdade inconveniente, EUA, 2007.
Documentário sobre mudanças climáticas, mais especificamente sobre o aquecimento
global, sagrou-se vencedor do Oscar de melhor documentário em 2007.

ARTIGOS
• <http://www.usp.br/qambiental/chuva_acidafront.html>.
Traz informações sobre o que é a chuva ácida, como ela é formada, as causas na natureza e
consequências para a sociedade.

• <http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,5502,OI109381-EI1383,00.html>.
Faz comentários sobre os efeitos da altitude no organismo.

• <http://educacao.uol.com.br/ciencias/ult1686u35.jhtm>.
Mostra o funcionamento do ouvido, quando ocorre mudança de pressão atmosférica.

• <http://www.usp.br/qambiental/chuva_acidafront.html>.
Apresenta uma pesquisa muito interessante sobre Poluição Atmosférica e Chuva ácida,
formação e consequências. Vale a pena acessar.

• <http://ambiente.hsw.uol.com.br/poluicao-e-saude.htm>.
Acesse para refletir como a poluição atmosférica afeta a saúde.

SITES
• <http://www.cetesb.sp.gov.br/>.
O site permite busca por tema. Ao buscar por poluição, você encontra vários artigos que
relacionam todos os tipos de poluição e as ferramentas de controle.

VÍDEOS
• <http://www.youtube.com/watch?v=6qiMQORVYxs&feature=player_embedded>.
Apresenta uma experiência de balões para evidenciar uma transformação isobárica.

UNIDADE 4
XEQUE-MATE

1. Em equipe, elaborem um projeto ambiental, para apresentar em forma de vídeo, abordando um


dos temas relacionados a seguir: aquecimento global, buracos na camada de ozônio, chuva ácida
e inversão térmica.
O filme de curta-metragem deve contemplar: a descrição do problema ambiental, as possíveis
causas e as consequências para o planeta e para a sociedade. O objetivo será mostrar que todos
fazem parte do problema e devem ser parte da solução, tendo atitudes que preservem a nature-
za.
O tempo máximo do vídeo é de 10 minutos.

141
Christa Richert/SXC
Susanne Nilsjo/SXC

Katinka Kober/SXC

XC
r/S
häfe
o Sc
uard
Ed

DIÁLOGO E REFLEXÕES
Toda esta terra é sagrada para o meu povo.
A terra não é sua irmã [do homem branco], mas sim sua inimiga; e, depois de exauri-la,
ele vai embora.
Deves ensinar a teus filhos que o chão debaixo de seus pés são as cinzas de nossos
antepassados.
Ensina a teus filhos o que temos ensinado aos nossos: que a terra é nossa mãe. Tudo
quanto fere a terra, fere os filhos da terra. Tudo quanto agride a terra, agride os filhos da
terra.
Michal Zacharzewski/SXC

Solo
UNIDADE 5

Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Protege-a como nós a protegíamos.
Nunca esqueças de como era esta terra quando dela tomaste posse.
PRONUNCIAMENTO do cacique Seattle. Permacultura. UFPA. Belém, [20--]. Disponível em: <http://www.ufpa.br/permacultura/
carta_cacique.htm>. Acesso em: 3 nov. 2011.

Os excertos do texto que ficou conhecido como Pronunciamento do cacique Seattle expõem uma
grande preocupação com a natureza e, particularmente, com a terra.
• O que se pode entender, quando ele diz que somos parte da terra e ela é parte de nós?
• Que relação existe entre o pronunciamento e o que se conhece sobre os componentes do solo?
• Quais são as formas de se ferir (ou agredir) o solo e toda a litosfera?
• Que tipos de cuidado precisamos ter com o solo para atender aos apelos de Seattle em relação ao 143
meio ambiente?
QUÍMICA  Solos

EM FOCO
O solo como material de construção
A natureza é rica em exemplos de utilização do
Dario Sanches/commons.wikimedia.org
solo na construção de moradias. Diversos pássaros
e animais misturam palha picada, crina ou gravetos
à massa de terra, para dar resistência a seus ninhos.
O joão-de-barro é um dos exemplos, com seu
ninho em forma arredondada.
O solo provavelmente foi a primeira e a mais an-
tiga argamassa empregada pelo homem. Os vestí-
gios de habitações artificiais humanas do período
Mesolítico (12000 a.C.) confirmam a utilização do
solo na estrutura das paredes e dos telhados pré-
históricos.
Os gregos melhoraram e os romanos aperfeiçoaram
ao máximo o cimento de cal. À base de solo (cinza
[S.I.]/commons.wikimedia.org

vulcânica decomposta, hoje conhecida como pozo-


lana) e cal, há cerca de 8 mil anos, na Mesopotâmia,
eram confeccionados concretos e tijolos. A mistu-
ra permitiu a construção de suntuosas obras que
podem ser visitadas até hoje. Aquedutos, pontes,
fortes, templos, estradas, piscinas e cisternas foram
erguidos com base no concreto de cal.
A Grande Muralha da China, com 3 460 km de ex-
tensão, demorou 20 séculos para ser concluída. Os
Sybz/commons.wikimedia.org

materiais usados foram pedras (agregado e reves-


timento), madeira, tijolos e solo compactado (mi-
lhões de toneladas), estabilizado com cal.
A pirâmide de Uxmal, no México, construída entre
os séculos VI e X é outro exemplo de uma megaes-
trutura construída com solo. Seu centro é de solo
compactado e o exterior é recoberto por pedras. A
Pirâmide do Sol, também no México, em Teotihua-
cán, tem em seu núcleo dois milhões de toneladas
de solo compactado.
[S.I.]/commons.wikimedia.org

[...]
No Brasil, as cidades de Ouro Preto, Mariana, Paraty, Angra dos
Reis, Diamantina, Salvador e outras, ainda hoje são provas do uso
do solo como material de construção. São edificações que têm
em comum séculos de história e testemunham o uso intensivo da
taipa de pilão, adobe, taipa de sopapo ou pau a pique.
Os métodos de construção utilizando solo foram intensamente
utilizados até 1845, quando surgiu um novo material, o cimento
Portland. A partir de meados do século XIX, o solo começou a
ser visto como material de segunda categoria e passou a ser
utilizado, quase que exclusivamente, nas áreas rurais.
REIS, Arley. O solo como material de construção. Revista Habitare: Programa de Tecnologia de
Habitação. Ano 4, ago. 2004. Disponível em: <htttp://www.habitare.org.br/ConteudoGet.aspx?CD_
CONTEUDO=262>. Acesso em: 27 ago. 2011.

144
CONHECIMENTO EM XEQUE

Solo
Origens
Como vimos nas unidades anteriores, na Terra, há bilhões de anos, havia constantes
erupções vulcânicas e a crosta ainda era muito frágil,o que facilitava o lançamento para
a atmosfera de uma grande quantidade de gases, material particulado (sólidos) e vapor
d’água.
Com as chuvas, a atmosfera passou a ficar mais limpa, devido à solubilidade de certas
substâncias na água, deixando passar a luz do sol e propiciando novas transformações, por
exemplo, que favoreceram o surgimento da vida. Com a chuva, a parte externa do planeta
foi se resfriando e solidificando, dando origem à litosfera (do grego lithos = pedra).
O modelo mais aceito para explicar o processo de formação dos solos é o relatado a
seguir:
Com os ventos fortes, tempestades e as mudanças bruscas de temperatura,
as rochas sofreram um desgaste, o que formou fendas, bem como a ocorrência
de reações químicas com a água da chuva, que é ácida, devido à presença de
gás carbônico. Nessas fendas, começaram a proliferar formas vegetais primiti-
vas. Com a morte desses seres vivos, o solo foi ficando mais rico em matéria
orgânica e dando condições para o surgimento de vegetais superiores, havendo
um aumento de espessura e a sobreposição de novas camadas de solo, sobre o
solo primitivo.
Em um corte frontal, verifica-se que o solo se dispõe em camadas, como as
seguintes:
• Fração 1 – camada essencialmente composta por matéria orgânica (folhas

UNIDADE 5
e restos vegetais e animais).
• Fração 2 – camada rica em matéria mineral, atividade biológica elevada
e tonalidade escura.
• Fração 3 - camada mais clara, devido à percolação de água, que remove
partículas finas de material, reduzindo a quantidade de matéria orgâni-
ca.
• Fração 4 - camada formada, em parte, pela acumulação do material
depositado das camadas superiores e que possui a capacidade de reter
água no subsolo, devido à presença de argila.
• Fração 5 - composto por material parcialmente decomposto, com uma
granulometria pequena.
• Fração 6 ou rocha-mãe – nível mais profundo e apresenta-se em pequena
decomposição.
Solo é a camada viva que reveste a superfície da Terra, sendo o resultado das mudan-
ças que ocorreram e continuam a ocorrer nas rochas devido às condições climáticas e à
ação de seres vivos.
O solo é, então, o resultado de um conjunto de cinco fatores:
ROCHA + CLIMA + RELEVO + ORGANISMOS + TEMPO
Dessa maneira, a composição geral de um solo possui quatro componentes fundamen-
tais, que se apresentam em variadas proporções: areia, calcário, argila e húmus.
145
QUÍMICA  Solos

Característica principal
Tipo de solo Propriedade principal
(valor médio em 100g)
Muito permeável,
Arenoso 70 g ou mais de areia
retém pouca água
30 g ou mais de Rico em cálcio, solo com
Calcário
carbonato de cálcio tendências alcalinas

Argiloso 30 g ou mais de argila Pouco permeável

Rico em nutrientes orgânicos e


Humífero 10 g ou mais de húmus
minerais (sais minerais)
Componentes do solo com médias gerais
Espaço poroso Sólidos do solo
– 40-60% – 50%

Ar – 20-30%

Minerais – 45%

Água – 20-30%

Orgânico – 5%

A porosidade é a característica de uma rocha poder armazenar fluidos nos seus es-
paços interiores, chamados poros. Esses poros podem ou não deixar que o fluido passe,
conferindo-lhe característica da permeabilidade do solo. Um exemplo são os aquíferos,
que se formaram devido a materiais granulares presentes no solo, que deixam a água
infiltrar, e argila, abaixo dele, que apresenta baixa permeabilidade, formando grandes
bolsões de água.

1. Há bilhões de anos, não existia solo,


[S.I.]/Acervo da Editora

apenas uma formação rochosa. Observe a


imagem ao lado e, utilizando seus conheci-
mentos, explique:
a) o processo de formação do solo a partir
das rochas;
b) as diferenças de composição química
entre solos e rochas.

146
2. Considerando as imagens abaixo, responda:
rosan/neide/panoramio

[S.I.]/Acervo da Editora
a) Além da água, quais fatores podem explicar as diferenças entre as imagens?
b) Quais compostos químicos foram necessários para o desenvolvimento das plantas da pri-
meira imagem?
c) O que poderia ser feito para que o segundo solo fosse produtivo?

3. O solo é um bem renovável? Explique.

4. O nordeste brasileiro apresenta baixa precipitação pluviométrica, cerca de 30% das áreas
irrigadas dos projetos públicos têm problemas de salinização do solo, sendo que algumas já
não produzem, e os custos para recuperação, que são altos, podem ser considerados limitantes.
Explique de que forma o processo de drenagem ou de percolação pode contribuir para a dimi-
nuição da salinidade.

O solo pode ser dividido, em relação aos estados físicos das partes que o compõem,

UNIDADE 5
e apresenta, em termos volumétricos, as seguintes porcentagens:
Fase sólida
A fase sólida é cerca de 50% do solo, e os materiais que a compõem são:
• Minerais (45% do solo), elementos provenientes da rocha-mãe;
• Orgânicos (5%), elementos químicos provenientes dos restos orgânicos, derivados
da decomposição de plantas e animais mortos e de produtos da degradação rea-
lizada por fungos e bactérias.
Fase líquida
Constitui aproximadamente 25% do solo e é a responsável por fornecer a maioria
dos nutrientes às plantas, veículo para as reações químicas e também possibilita a movi-
mentação dos materiais através do solo. É composta por eletrólitos de origem mineral ou
orgânica, dissolvidos na água que preenche o espaço entre as partículas sólidas ou está
impregnada nelas.

147
QUÍMICA  Solos

Concentração típica da solução do solo

Elementos Solos em geral (10-3 mol L-1) Solos ácidos (10-3 mol L-1)
Nitrogênio (N) 0,16 a 55 12,1
Fósforo (P) 0,001 a 1 0,007
Magnésio (Mg) 0,7 a 100 1,9
Cálcio (Ca) 0,5 a 38 3,4
Enxofre (S) 0,1 a 150 0,5
Cloro (Cℓ) 0,2 a 230 1,1
Sódio (Na) 0,4 a 150 1,0
Fonte: Malavolta (1976). Os elementos encontram-se no solo como componentes de substâncias ou espécies químicas, tais como
nitratos, fosfatos, íons Mg2+, íons Ca2+, etc.

Fase gasosa
Os gases presentes na atmosfera também estão presentes no solo (cerca de 25%), porém em propor-
ções diferentes e variáveis, devido aos processos que envolvem trocas gasosas. Essa fase permite a res-
piração dos organismos que vivem no solo e das raízes das plantas, fornece o nitrogênio inerte para os
micro-organismos, que o utilizam e fazem a conversão para formas aproveitáveis pelas plantas. A tabela
a seguir compara a composição do ar atmosférico com o ar presente no solo.
Composição média dos principais componentes presentes no ar atmosférico no ar e no solo

Componentes (em %)
Ar
O2 CO2 N2
Atmosférico 21 0,03 72
No solo 19 0,9 79
Fonte: Malavolta (1976)

5. A ocupação predatória, associada à expansão da fronteira agropecuária e acelerada pelo plantio da soja, tem
provocado, a partir da perda de cobertura vegetal, a diminuição da biodiversidade, a erosão do solo, a escassez e
a contaminação dos recursos hídricos no bioma Cerrado.
Segundo ambientalistas, o Cerrado brasileiro corre o risco de se transformar em um deserto.
A respeito desse assunto, analise as afirmações abaixo:
I. Considerando-se que, em 2006, restem apenas 25% da cobertura vegetal original do Cerrado e que, desse percen-
tual, 3% sejam derrubados a cada ano, estima-se que, em 2030, o Cerrado brasileiro se transformará em deserto.
II. Sabe-se que a eventual extinção do bioma Cerrado, dada a pobreza que o caracteriza, não causará impacto
sistêmico no conjunto dos biomas brasileiros.
III. A substituição de agrotóxicos por bioinseticidas reduz a contaminação dos recursos hídricos no bioma cerrado.
É correto o que se afirma:
a) apenas em I.
b) apenas em III.
c) apenas em I e II.
d) apenas em II e III.
e) em I, II e III.

6. No estado de São Paulo, a mecanização da colheita da cana-de-açúcar tem sido induzida também pela le-
gislação ambiental, que proíbe a realização de queimadas em áreas próximas aos centros urbanos. Na região de
Ribeirão Preto, principal polo sucroalcooleiro do país, a mecanização da colheita já é realizada em 516 mil dos 1,3
milhão de hectares cultivados com cana-de-açúcar.
148 BALSADI, O. et al. Transformações Tecnológicas e a força de trabalho na agricultura brasileira no período de 1990-2000. Revista de economia agrícola. v.
49 (1), 2002.
O texto aborda duas questões, uma ambiental e outra socioeconômica, que integram o proces-
so de modernização da produção canavieira. Em torno da associação entre elas, uma mudança
decorrente desse processo é a:
a) perda de nutrientes do solo devido à utilização constante de máquinas.
b) eficiência e racionalidade no plantio com maior produtividade na colheita.
c) ampliação da oferta de empregos nesse tipo de ambiente produtivo.
d) menor compactação do solo pelo uso de maquinário agrícola de porte.
e) poluição do ar pelo consumo de combustíveis fósseis pelas máquinas.

7. Como os combustíveis energéticos, as tecnologias da informação são, hoje em dia, indis-


pensáveis em todos os setores econômicos. Através delas, um maior número de produtores é
capaz de inovar e a obsolescência de bens e serviços se acelera. Longe de estender a vida útil
dos equipamentos e a sua capacidade de reparação, o ciclo de vida desses produtos diminui,
resultando em maior necessidade de matéria-prima para a fabricação de novos.
GROSSARD, C. Le Monde Diplomatique Brasil. Ano 3, n. 36, 2010. (Adaptado).

A postura consumista de nossa sociedade indica a crescente produção de lixo, principalmente


nas áreas urbanas, o que, associado a modos incorretos de deposição:
a) Provoca a contaminação do solo e do lençol freático, ocasionando assim graves problemas
socioambientais, que se adensarão com a continuidade da cultura do consumo desenfre-
ado.
b) Produz efeitos perversos nos ecossistemas, que são sanados por cadeias de organismos de-
compositores que assumem o papel de eliminadores dos resíduos depositados em lixões.
c) Multiplica o número de lixões a céu aberto, considerados atualmente a ferramenta capaz de
resolver de forma barata e simplificada o problema de deposição de resíduos nas grandes
cidades.
d) Estimula o empreendedorismo social, visto que um grande número de pessoas, os cata-
dores, têm livre acesso aos lixões, sendo assim incluídos na cadeia produtiva dos resíduos

UNIDADE 5
tecnológicos.
e) Possibilita a ampliação da quantidade de rejeitos que podem ser destinados a associações e
cooperativas de catadores de materiais recicláveis, financiados por instituições da socieda-
de civil ou pelo poder público.

A composição das rochas vai depender dos principais grupos, nos chamados minérios,
como:
• Silicatos – grupo dos minerais mais abundantes na crosta, formados por combi-
nação de Si e O.
• Carbonatos – compostos com o ânion (CO32-), têm como exemplos mais conhecidos
a CaCO3,que é a calcita, CaMg(CO3)2, a dolomita (minerais comuns na crosta e
formadores de calcários e mármores).
• Óxidos – O2- que se ligam a cátions de outros elementos, principalmente a íons
metálicos. Exemplos são a hematita, Fe2O3 e espinélio, MgAℓ2O4.
• Sulfetos – S2- ligado a cátions metálicos, exemplos desse tipo de composição são
a FeS2, pirita (ouro de tolo); PbS, chamada galena.
• Sulfatos – ânion (SO42-), rochas formadas por esses compostos são CaSO4.2H2O, a
gipsita, e CaSO4, a anidrita.

149
QUÍMICA  Solos

8. Os minerais possuem um vasto campo de aplicações. Os minerais que têm importância eco-
nômica são chamados minérios e deles se obtêm os metais, não metais e compostos químicos.
Pesquise os minérios indicados abaixo, em relação ao componente principal, à forma que apa-
recem na natureza e suas aplicações, e preencha a tabela.

Minério Componente principal Para obtenção de Forma na natureza

Hematita

Magnetita

Calcita

Argila

Caulim

Cassiterita

Galena

Blenda

Bauxita

Pirolusita

Gipsita

Quartzo

Sal-gema

9. Experimento. O pH do solo. A prática a seguir, é uma maneira de se verificar o pH do solo,


cuja determinação é muito importante para a agricultura, com o objetivo de saber o tipo de
correção que pode melhorar a produtividade. Realize o experimento e descreva as suas obser-
vações, na sequência em que o procedimento for realizado, de forma objetiva e clara.

pH

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

MATERIAIS
• Amostra de solo, papel indicador universal ou papel de tornassol, água destilada, um béquer
de 50 mL, dois tubos de ensaio, conta-gotas, uma espátula ou colher (de chá) de plástico, lam-
parina ou bico de Bunsen, tripé e tela de amianto, bastão de vidro (ou palito de madeira).

PROCEDIMENTO
• Coloque um pouco de água destilada no béquer e aqueça até a ebulição.
• Coloque em um tubo a amostra do solo, com auxílio da espátula.
• Adicione água destilada até a altura de 2 cm e agite.
150
• Espere sedimentar, retire com o conta-gotas o líquido sobrenadante, passando-o para o
outro tubo.
• Adicione o papel tornassol azul e o vermelho.
• Espere alguns minutos para observar se ocorreu mudança de cor.
• Usando a fita de pH, compare a cor que seu teste imprimiu na fita com a escala de cores dispo-
nível no rótulo da embalagem e anote o pH.

O solo possui uma grande capacidade de utilização sem que fique pobre através de
cultivos, pastagem e reflorestamento, desde que seja realizado seu manejo de forma
correta.

Para o uso de uma determinada cultura, deve-se levar em conta a localização, o tama-
nho da propriedade, o tipo de solo (propriedades físicas e químicas) e a disponibilidade
de água. Por exemplo, os pínus são adaptados em solos ligeiramente ácidos e de grande
umidade, em algumas situações, necessita de adubos. Já o algodão é de clima tropical e
necessita de solos profundos (em média 2 metros), porosos, bem drenados, textura média,
ricos em elementos minerais e pH entre 5,5 e 6,5.

O pH é um recurso importante para a determinação da qualidade de um solo para


determinada cultura. Solos que apresentam pH entre 5,8 e 7,5 tendem ser livres de pro-
blemas do ponto de vista do crescimento de plantas.

Solos com pH alcalinos (básicos) geralmente ocorrem em regiões de baixa precipitação


pluviométrica (regiões áridas ou semiáridas) acumulando sais de cálcio, magnésio, sódio
e potássio, principalmente do carbonato de sódio, e neles o pH pode
atingir até um valor próximo a 10.
DESDOBRAMENTO
Quando um solo apresentar um valor de pH inferior a 5 poderá
existir uma carência de cálcio, magnésio, fósforo, boro ou toxidez de Produção de cimento
Aℓ (alumínio), Mn (manganês), Zn (zinco) e outros metais pesados. Existem vários tipos de cimento, um

UNIDADE 5
deles é o chamado Portland, que
Acredita-se que mais de 80% do solo brasileiro apresenta pH ácido, tem como matérias-primas a argila,
e esta acidez colabora para diminuir a produtividade de uma cultura o calcário, as conchas marinhas e
agrícola. o carbonato de cálcio de certos
rejeitos industriais. O nome é uma
homenagem à ilha de Portland,
na Inglaterra, onde Joseph Aspdin
10. Na análise de solo, um dos parâmetros analisados é o pH, porém a criou um pó fino a partir de argila e
pedras calcárias.
própria acidez no solo pode ser classificada conforme sua causa. Consi-
derando que um solo possui acidez pH igual a 4,0, e que tal acidez seja O cimento é fabricado a partir
exclusivamente do tipo “ativa” (proveniente unicamente da concentração de dois materiais que existem na
natureza: o calcário, que é uma
de íons hidrogênio(H+)), qual corretivo de solo tem maior efeito na dimi-
rocha, e a argila, que é um tipo
nuição de acidez: o calcário (CaCO3) ou a cal hidratada Ca(OH)2? Monte as de solo, ambos encontrados em
equações de reação e justifique sua escolha por meio delas. abundância no Brasil.
Para produzir cimento, mistura-se
11. Muitos agricultores no Brasil e em muitos países utilizam produtos o calcário com a argila em um
com a finalidade de combater e controlar pragas que podem muitas vezes forno em temperaturas elevadas
acabar com uma cultura. Muitas pessoas criticam o seu uso chamando-os (aproximadamente 1 500°C),
obtendo o clínquer com aparência
de agrotóxicos, e seus fabricantes os denominam de defensivos agrícolas.
de pedras escurecidas. Após resfriar,
Que substâncias são essas, qual é a sua finalidade? Pesquise, discuta em moem-se o clínquer e adiciona-se
sala de aula o uso destes compostos na agricultura e registre as suas con- gesso para regular o que se chama
clusões. tempo de pega, produzindo o
cimento.

151
QUÍMICA  Solos

O solo é fundamental para a vida de todos os seres vivos do planeta.


Sofre constante influência de agentes externos, como a chuva, vento,
umidade e o enriquecimento com matéria orgânica (restos de animais
e plantas).
O solo deve ser fértil para que os alimentos ali produzidos sejam de
qualidade e em quantidade suficiente para suprir as necessidades da
população. Porém, nem sempre o homem respeita a natureza e deixa
Charles O’Rear/commons.wikimedia.org

uma herança, a poluição.


Existem várias maneiras de poluir o solo, das quais as mais agra-
vantes são:
• Uso de agrotóxicos: são utilizados para destruir pragas e ajudam
na produção, mas alteram o equilíbrio do solo, causando danos ao
meio ambiente. Os principais praguicidas são: herbicidas, fungicidas,
inseticidas e nematicidas (que controlam nematoides parasitas).
• Adubos sintéticos: a adição excessiva de fertilizantes causa um
desequilíbrio de nutrientes, pois os agentes decompositores não conseguem consumi-los na mesma
proporção em que são adicionados ao solo, provocando eutrofização.
• Aterros: são grandes escavações, revestidas com plásticos ou argila, onde o lixo é depositado. A
matéria orgânica existente no lixo sofre decomposição e gera um líquido altamente poluidor, o
chorume, que, mesmo com todo o revestimento, vaza e contamina o solo.

Irineu Jr./Flickr
[S.I.]/Acervo da Editora

[S.I.]/Acervo da Editora
• Lixo tóxico: em determinadas situações, não há a mínima preocupação em separar o lixo e produtos
perigosos são depositados nos aterros, causando danos irreparáveis ao lençol freático.
• Lixo radioativo: causa problemas sérios à saúde. Não há conhecimento científico até hoje sobre
como descartá-lo de forma correta e segura.

A chamada compostagem é um modo pelo qual materiais descartados pelos seres vivos são reciclados em um
processo natural. A ação de certos organismos transforma esses resíduos em adubos, que são dispostos no solo e
servem de nutrientes para outros seres.
Uma planta absorve o carbono, na forma de CO2, no processo de fotossíntese e eventualmente produz frutas. Se
não aproveitada, ela apodrece e pode ser colocada, como qualquer resíduo orgânico, em uma composteira, onde
se transforma em adubo para o crescimento de outra planta, fazendo um ciclo na natureza (o ciclo do carbono).

Como funciona a compostagem?

É um processo biológico no qual a matéria orgânica, como resto de comida, folhas e estrume, sofrem transforma-
ção por micro-organismos, gerando um material semelhante ao solo, a que se chama composto e que pode ser
utilizado como adubo.

152
O que é uma composteira?
É um local próprio para o depósito e processamento do material orgânico, feito de tijolos. Nesse
local, é colocado o material orgânico e folhas secas, por cima do monte, para evitar o cheiro ruim.

Qual a vantagem desse processo?


Ele dá finalidade adequada para mais de 50% do lixo doméstico, tendo como produto final um
adubo natural para o solo, o que gera redução de herbicidas e pesticidas, devido à presença de
fungicidas naturais e micro-organismos, e aumenta a retenção de água pelo solo.

12. O volume dos resíduos sólidos no lixo é um grande problema. Para diminuir seu volume
e amenizar o impacto ambiental, pode-se reciclar os resíduos orgânicos, por exemplo, pelo mé-
todo da compostagem –técnica em que o lixo orgânico é transformado em fertilizante pela de-
composição da matéria orgânica encontrada no lixo. Considerando essa afirmação, responda:
a) O que é lixo orgânico?
b) Qual o destino do lixo orgânico produzido em sua casa?
c) De que maneira se pode diminuir a quantidade de lixo orgânico que produzimos?
Agora, é hora de colocar em prática o que você viu sobre compostagem, construindo uma com-
posteira. A atividade a seguir será realizada em dois meses e deve ser vista como uma ação
continuada, sendo você um multiplicador.

13. Experimento. Projeto de construção de uma composteira, uma fábrica de produto natural.
Em equipes, realizem o projeto a seguir e registrem, semanalmente, as observações relaciona-
das: cor, cheiro, textura, compactação do material, etc.

Materiais
• Madeira, bambu ou tijolos sem cimento, área de 2m x 1m, ma-
terial orgânico.

Procedimentos

UNIDADE 5
• Monte, em um local apropriado e sem sol, uma composteira
de área 50 cm x 50 cm, como mostra o esquema ao lado.
• Coloque em apenas um dos lados o material orgânico, cobrindo-o
com folhas ou serragem até cobrir completamente o material.
• Regue o material até umedecer a parte superior.
• Cubra a composteira para protegê-la da chuva e sol forte.
• De 2 em 2 dias, transfira o material de um lado para o outro, poden-
do adicionar mais matéria orgânica a qualquer hora.
• Deixar pelo menos dois meses.
• O produto final terá coloração marrom-café, será homogêneo e terá
cheiro de terra. Está pronto para ser utilizado como adubo natural.

A matéria circula na natureza em grandes jornadas chamadas ciclos. Porém, nesses


ciclos podem se criar problemas, seja por ação humana ou por processos naturais. No
ciclo do carbono, por exemplo, o desmatamento pode causar aumento da concentração
de CO2 na atmosfera, e consequente acréscimo de efeito estufa. No ciclo da água, os
poluentes atmosféricos podem causar a chuva ácida, que destrói solos e construções; o
nitrogênio pode causar eutrofização nos cursos d’água, que prejudica a vida aquática; as
queimadas podem retirar do ar o oxigênio, diminuindo sua disponibilidade para os seres
que dependem dele.
153
QUÍMICA  Solos

A água, fósforo, carbono, nitrogênio, cálcio, dentre outros elementos, participam ativamente dos ciclos
biogenéticos, que são definidos como processos naturais que, por diferentes formas químicas, reciclam essas
substâncias, levando-as a ser constituintes do corpo humano, por exemplo. Após isso, os seres devolvem
esses elementos para a natureza. Este conceito se estende para a atmosfera, a hidrosfera, a litosfera e a
biosfera da Terra. As substâncias químicas, como a água, entram neste ciclo e vão sofrendo alterações na
decomposição e composição da matéria orgânica. Dessa forma, os ciclos biogenéticos envolvem os pro-
cessos geológicos, hidrológicos e biológicos, envolvendo, além da Química, outras ciências, como a Física
e a Biologia. Para melhor compreender esses ciclos, veja agora, especificamente, o ciclo do nitrogênio.

Ciclo do nitrogênio
O ciclo do nitrogênio, juntamente com o do oxigênio, são alguns dos mais importantes ciclos do ecos-
sistema terrestre. O nitrogênio é essencial para os seres humanos, pois esse elemento é essencial para a
formação de aminoácidos que, por sua vez, são utilizados para a formação de proteínas, as quais dão
função para as células. Ainda, o nitrogênio é parte integrante do DNA. O nitrogênio está distribuído na
natureza, sendo um dos elementos mais abundantes, no entanto, pouco disponível, pois a maior parte dele
está na atmosfera ou imobilizado nas rochas. Os seres vivos recebem o nitrogênio contido nas plantas e
em matéria orgânica, viva ou morta.

O N2 é uma forma inerte de nitrogênio, pois apenas um grupo de bactérias consegue retirar o nitrogênio
da atmosfera e transformá-lo em forma ativa. Ainda, os relâmpagos retiram o nitrogênio da atmosfera por
meio de uma reação com o oxigênio, sendo que esse fenômeno somente ocorre em altas temperaturas.
As reações mais importantes, ou as que têm maior contribuição para a conversão do nitrogênio inerte
em reativo no ciclo do nitrogênio (e também para o processo inverso), são realizadas ou facilitadas por
bactérias e estão representadas a seguir:
Fixação do nitrogênio:
3 {CH2O} + 2N2 + 3 H2O + 4 H+ → 3 CO2 + 4 NH4+
Nitrificação:
2 O2 + NH4+ → NO3-- + 2H+ + H2O
Redução de Nitratos:
2 NO3- + {CH2O} → 2 NO2- + H2O + CO2

154
2NO2- + 3 {CH2O} + 4 H+ → 2 NH4+ + 3 CO2 + H2O
Desnitrificação:
4 NO3- + 5 {CH2O} + 4 H+ → 2 N2 + 3 CO2 + 7 H2O
A amônia é uma forma de nitrogênio reativo, que pode ser obtida pelo processo
Haber-Bosch:
N 2+ 3 H 2 2 NH3
A amônia é utilizada em processos de refrigeração e também na fabricação de adubos
químicos.
Produção de N reativo: 1,3 kg/habitante/ano (1950)
15 kg/habitante/ano (1990)
No processo da síntese da amônia pelo processo Haber-Bosch, reação mostrada acima,
são utilizados o nitrogênio e hidrogênio do ar como matéria-prima.
Cerca de 96% da amônia gerada é utilizada basicamente para a produção de agentes
fertilizantes, tais como ureia (46% N2), nitrato de amônio (33% N2), sulfato de amônio
(21% N2), sulfo-nitrato de amônio (26% N2), nitro-cálcio (21% N2), fosfato monoamônio
(11% N2), fosfato di-amônio (16% N2) e nitro-fosfato (20% N2).

Ciclo do oxigênio
O oxigênio, no nosso planeta, está contido basicamente na litosfera (99,5%), atmos-
fera (0,45%) e biosfera (0,01%), sendo que o movimento do oxigênio nesses três níveis
é denominado ciclo do oxigênio. O oxigênio é o elemento mais abundante em massa
nos oceanos e crosta terrestre. Na atmosfera, encontra-se como oxigênio diatômico ou
oxigênio molecular (O2), dióxido de carbono (CO2), ozônio (O3), dióxido de nitrogênio
(NO2), monóxido de nitrogênio (NO), dióxido de enxofre (SO2) e outros compostos menos
abundantes.
O principal processo responsável pela manutenção do oxigênio na atmosfera é a fo-
tossíntese, processo pelo qual acontece a transformação de dióxido de carbono e água

UNIDADE 5
em oxigênio e açúcar.
6 CO2 + 12 H2O + energia → C6H12O6 + 6 H2O + 6 O2
Já os principais processos de consumo do oxigênio da atmosfera são:
1. Atividade respiratória de plantas e animais:
C6H12O6 + 6 O2 → 6 CO2 + 6 H2O + energia
2. Combustão, pela reação em que se forma CO2.
3. Degradação, principalmente pela ação de raios ultravioleta, com formação de
ozônio (O3):
A presença do oxigênio atmosférico originou a formação de ozônio e da camada de
ozônio na estratosfera. A camada do ozônio é extremamente importante para a vida na
Terra, visto que absorve a radiação ultravioleta nociva.
O2 + energia UV → 2O
O + O2 + energia UV → O3
4. Combinação com metais do solo (principalmente o ferro), formando óxidos me-
tálicos.
As rochas também consomem oxigênio, devido a seu desgaste químico. Um exemplo
desse fenômeno é a ferrugem: após ocorrer o desgaste químico, origina-se o óxido de
ferro, chamado de ferrugem.
155
QUÍMICA  Solos

Oxidação (Ferrugem)
O2
O3

Produtor Consumidor
Combustão
Decompositor

Fotossíntese
Respiração
Formação do Ozônio
Oxidação
Combustão

Ciclo do enxofre
O enxofre apresenta dois reservatórios: um na crosta terrestre e outro na atmosfera.
Na maior porcentagem dos sedimentos encontrados na crosta terrestre, ele encontra-se
na forma de minerais de sulfato. Com a erosão, o enxofre se dissolve na água, assumin-
do a forma iônica (SO42-), sendo absorvido pelas raízes dos vegetais. Já na atmosfera, a
quantidade de enxofre armazenada é menor e está presente combinado com o oxigênio,
formando o SO2 (dióxido de enxofre) ou combinada com o hidrogênio, formando o gás
sulfídrico.

156
Os óxidos de enxofre são transformados em íons de sulfato em presença de chuva, sendo facilmente
absorvidos pelos vegetais e posteriormente pelos seres humanos. O enxofre é importante para os seres
humanos, pois é utilizado para a síntese de alguns aminoácidos, como a cisteína.
O enxofre pode ser devolvido para a atmosfera por meio da ação das sulfobactérias, que produzem o
gás sulfídrico. Ainda, a queima de combustíveis fósseis que possuem enxofre na sua composição produz
SO2 e SO3, os quais são responsáveis por 80% da poluição nas cidades.

Ciclo do carbono
Por volta de 79% do dióxido de carbono atmosférico são originados da respiração,

UNIDADE 5
sendo que esse gás se encontra na atmosfera em uma concentração de aproximadamente
0,03%, proporção que se mantém na superfície de mares, oceanos, rios.
Os vegetais fixam o carbono presente na atmosfera (na forma de CO2) e na água (na
forma de carbonatos e bicarbonatos) por meio da fotossíntese na presença de luz, utilizan-
do o carbono para crescer e devolvendo oxigênio para a atmosfera. As plantas realizam
fotossíntese e também respiram. Na respiração, produzem gás carbônico e, na fotossíntese,
um dos produtos finais é gás oxigênio. Na ausência de luz, não realizam a fotossíntese,
mas continuam a respirar. Entretanto, o balanço é positivo em relação ao oxigênio, quer
dizer, produzem uma quantidade maior de oxigênio do que o gás carbônico que geram
pela respiração. O carbono é empregado pelas plantas para síntese de compostos orgânicos
(açúcares, proteínas, ceras e lipídeos). O CO2 da atmosfera pode também ser utilizado por
bactérias que realizam quimiossíntese.
Uma vez fixado pelas plantas, o carbono pode ser:
• devolvido à atmosfera como CO2 pela respiração.
• transferido aos animais superiores pela cadeia alimentar.
• devolvido como CO2 após a morte e decomposição do vegetal.

157
QUÍMICA  Solos

Os animais adquirem o carbono a partir dos vegetais, direta ou indiretamente, pois os


animais herbívoros se alimentam dos vegetais, e os animais carnívoros se alimentam dos
herbívoros, transferindo os compostos orgânicos pela cadeia alimentar.
Nos animais, o carbono pode:
• ser devolvido à atmosfera como CO2 pela respiração;
• passar a outro animal por nutrição;
• ser devolvido como CO 2 após a morte e decomposição do animal.
Os micro-organismos heterotróficos têm um papel importante no ciclo do carbono,
pois participam da mineralização de compostos carbonados (repondo CO2 para a at-
mosfera) e do suprimento de CO 2 ao solo, onde serve como diluente para compostos
inorgânicos das plantas.
O carbono pode retornar à atmosfera na forma de gás carbônico pela queima de
combustíveis fósseis (gasolina, gás natural, óleo diesel, querosene, xisto), não fós-
seis (álcool, óleos vegetais) e de florestas. Esses processos são prejudiciais ao meio
ambiente e, entre os existentes, os combustíveis renováveis apresentam menor dano
ambiental.
Se não houvesse devolução do carbono ao ambiente, todo o CO2 contido no ar seria
consumido em menos de 20 anos, levando em conta o grau de fotossíntese atual.
Mudanças nas concentrações de CO 2 em seus reservatórios podem gerar grandes
efeitos na concentração atmosférica desse gás. Ao ser devolvido à atmosfera, o carbono
é redistribuído em seus reservatórios e não destruído como a maioria dos gases que
participam do efeito estufa.

158
A troca entre as reservas de carbono pode levar menos de um ano, décadas ou milênios. Assim, o
equilíbrio após uma perturbação atmosférica causada por concentração de CO2 não pode ser descrito

UNIDADE 5
por uma escala de tempo constante.
Além do gás carbônico contido na atmosfera, outros gases são participantes do fenômeno atmosfé-
rico natural chamado de efeito estufa, como: ozônio (O 3), óxido nitroso (N 2O), vapor de água (H 2O) e
metano (CH 4). Esses gases têm em comum o fato de serem transparentes e deixarem a luz solar atingir
a crosta terrestre, além de não deixarem passar o calor emitido pela superfície da Terra, fazendo com
que ela permaneça aquecida até à noite, quando começa a ser resfriada. Dessa forma, a temperatura
média do ar na superfície terrestre é de 15ºC e, sem a propriedade física daqueles gases, seria de -18ºC.
O efeito estufa, então, beneficia a vida terrestre, desde que na proporção adequada. Quanto maior a
concentração dos gases participantes do efeito estufa na atmosfera, maior a temperatura na Terra.
O vapor de água é o gás de efeito estufa mais importante, mas sua concentração é bastante vari-
ável no espaço e tempo. Já o CO 2 tem recebido atenção especial, no que diz respeito ao controle de
sua emissão, já que sua concentração se eleva 0,5% ao ano e seu tempo de vida atmosférico é de
até 200 anos.

159
QUÍMICA  Solos

14. Produza uma notícia sobre um evento real, em que o problema ambiental fique evidente
e também como ele pode afetar os seres vivos. Após produzi-la, revise-a, observando os aspec-
tos relacionados ao gênero do texto (título no tempo presente, olho, lide, corpo - fotos, tabelas,
gráficos, imagens, etc., e a linguagem - clara, precisa, direta, objetiva e concisa, uso da 3ª pessoa
do singular, uso predominante dos verbos no passado).

160
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Fertilizantes demais ou de menos

As áreas utilizadas para cultivo agrícola em todo o mundo contêm fertilizantes


demais — ou de menos. E os dois extremos implicam elevados custos tanto
para o ambiente como para o próprio homem.
Os fertilizantes sintéticos aumentaram enormemente a produção de
alimentos, mas o custo da poluição gerada pelo seu uso desenfreado tem
sido cada vez maior — como a criação de zonas mortas, impraticáveis para
o cultivo, em áreas costeiras no Golfo do México e em outros locais. De
outro lado, muitas áreas precisam de um uso mais intensivo desses reforços
químicos, para repor os nutrientes perdidos, por causa da agricultura.
Empobrecimento do solo
Pesquisadores analisaram o cultivo de milho em três diferentes países
e contextos: Quênia, China e Estados Unidos. Nas pequenas plantações no
país africano, solos antes férteis estão se empobrecendo à medida que os
cultivos removem mais nutrientes do que os adicionados pelos esforços de
fertilização.
No país mais populoso do planeta, campos são fertilizados de modo mais
intenso do que em qualquer outro cenário, atual ou anterior, que tem levado
o excesso de fertilizantes para o ambiente, degradando a qualidade da água
e do ar, em grande problema ambiental.
O terceiro contexto analisado está no meio--oeste dos Estados Unidos, no
qual a quantia de fertilizante empregada na agricultura de milho (em rodízio
com a soja) era elevada, mas tem sido reduzida desde a década de 1990.

UNIDADE 5
Impactos negativos dos fertilizantes químicos
Os impactos da utilização desenfreada de fertilizantes químicos, negativos
ao ambiente, têm levado muitos especialistas a defender uma drástica redução
nesse uso, mas os autores do novo estudo apontam o problema de se adotar
uma medida como essa, única, para todos os contextos agrícolas.
Enquantos algumas regiões usam fertilizantes demais, com sérios impactos
ambientais, em outras, como na África subsaariana, onde mais de 250 milhões
de pessoas estão insuficientemente nutridas, as quantidades adicionadas
de nitrogênio, fósforo e de outros produtos são insuficientes para manter a
fertilidade mínima do solo.
Na China, onde a fabricação de fertilizantes é subsidiada pelo governo, a
produtividade média por hectare aumentou 98%, entre 1977 e 2005. O motivo
é o uso de reforços como o nitrogênio, cujo uso cresceu 271% no período.
“A adição de nutrientes superou em muito as verificadas nos Estados Unidos
e no oeste da Europa e grande parte da fertilização excessiva se perde no
ambiente, degradando tanto a qualidade do ar como da água”, destacam os
autores.

161
QUÍMICA  Solos

Extremos
Os agricultores no norte da China usam, em média, 588 quilos de fertilizantes
à base de nitrogênio por hectare cultivado, resultando em uma liberação de
227 gramas de excesso do elemento químico no ambiente. O uso poderia
ser cortado pela metade, sem perda na produtividade.
No outro extremo, estão os países mais pobres do mundo. No Quênia,
por exemplo, os agricultores usam em média 7 quilos de fertilizantes à base
de nitrogênio por hectare. Muito pouco, para repor os cerca de 52 quilos
de nitrogênio por hectare que são perdidos anualmente pelas culturas
agrícolas.
A diminuição é possível, como a verificada nos Estados Unidos, onde o
superuso de fertilizantes era a norma entre as décadas de 1970 e 1990.
Nesse período, toneladas de nitrogênio em excesso foram parar no Golfo do
México, levadas pelo rio Mississipi, formando zonas mortas com quantidades
ínfimas de oxigênio.
Desde a década de 1990, entretanto, o uso tem sido reduzido, mas sem
impactar a produtividade, devido ao uso de melhores técnicas agrícolas. Mesmo
usando seis vezes menos fertilizantes do que os chineses, os agricultores no
meio-oeste norte-americano conseguem produtividade semelhante.
Desafio e oportunidade
O Brasil está no meio dos extremos. As áreas cultiváveis não estão sendo
nutridas de modo insuficiente e o uso de fertilizantes, em geral, está longe
do cenário dramático encontrado na China. O Brasil está em um momento
crucial em relação ao problema e precisa saber equilibrar corretamente o
desenvolvimento agrícola com a proteção ambiental.
[...]
Números inéditos
Entre 1961 e 2007, a área plantada com soja cresceu quase 8 000% e, a
produtividade mais de 20 000%. A área com milho cresceu menos, dobrando
no mesmo período, mas a produtividade aumentou em cinco vezes. Apenas nos
últimos dois anos, por conta da adoção em massa do uso de biocombustíveis,
a área plantada com cana-de-açúcar passou de 6 milhões para 9 milhões
de hectares. A pecuária continua com o maior uso da terra: cerca de 200
milhões de hectares.
Por outro lado, a área desflorestada na Amazônia aumentou em mais de 400%
desde a década de 1970, passando dos 70 milhões de hectares em 2007.
O uso de fertilizantes aumentou grandemente desde a década de 1960:
potássio (6 000%), nitrogênio (4 000%) e fósforo (2 500%). Apesar de elevados,
os números resultaram em uso ainda muito inferior ao verificado nos países
desenvolvidos - e muito abaixo dos valores chineses.
AGÊNCIA FAPESP. O dilema dos fertilizantes: onde não há falta, há excesso. Inovação tecnológica. 19 jun.
2009. Disponível em: <http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=o-dilema-
fertilizantes-onde-nao-ha-falta-ha-excesso&id=010125090619>. Acesso em: 27 ago. 2011.

162
O FUTURO EM JOGO

1. (Fuvest) “São animadores os números da safra de grãos do Brasil, que deverá colher
neste ano o recorde histórico de 120 milhões de toneladas. Com isso, o Brasil deverá tornar-
se o maior exportador mundial de soja, superando os Estados Unidos”.
Folha de São Paulo, 2003.

O acréscimo de produção de soja citado acarretará:


I. Aumento do “buraco na camada de ozônio”, pois nas plantações de soja são utilizados
clorofluorocarbonetos, como fertilizantes.
II. Maior consumo de água, necessária à irrigação, que, em parte, será absorvida pelo
vegetal.
III. Aumento da quantidade de CO2 atmosférico, diretamente produzido pela fotossíntese.
IV. Aumento da área de solos ácidos, gerados pela calagem, em que se utiliza calcário com
altos teores de óxido de cálcio e óxido de magnésio.
Dessas afirmações:
A) somente I é correta.
B) somente II é correta.
C) somente II e III são corretas.
D) somente III e IV são corretas.
E) todas são corretas.

2. (ENEM) Decisão de asfaltamento da rodovia MG-010, acompanhada da introdução de


espécies exóticas e a prática de incêndios criminosos ameaçam o sofisticado ecossistema do
campo rupestre da reserva da Serra do Espinhaço.

UNIDADE 5
As plantas nativas dessa região, altamente adaptadas à alta concentração de
alumínio, que inibe o crescimento das raízes e dificulta a absorção de nutrientes e
água, estão sendo substituídas por espécies invasoras que não teriam naturalmente
adaptação para este ambiente. No entanto, elas estão dominando as margens
da rodovia, equivocadamente chamada de “estrada ecológica”. Possivelmente, a
entrada de espécies de plantas exóticas neste ambiente foi provocada pelo uso,
neste empreendimento, de um tipo de asfalto (cimento-solo), que possui uma
mistura rica em cálcio, que causou modificações químicas aos solos adjacentes à
rodovia MG-010.

Scientific American. Brasil. ano 7, no 79, 2008 (Adaptado).

Esta afirmação baseia-se no uso de cimento-solo, mistura rica em cálcio que:


A) inibe a toxicidade do alumínio, elevando o pH dessas áreas.
B) inibe a toxicidade do alumínio, reduzindo o pH dessas áreas.
C) aumenta a toxicidade do alumínio, elevando o pH dessas áreas.
D) aumenta a toxicidade do alumínio, reduzindo o pH dessas áreas.
E) neutraliza a toxicidade do alumínio, reduzindo o pH dessas áreas.

163
QUÍMICA  Solos

CONECTE-SE

LIVROS
• Introdução à Química Ambiental

[S.I.]/Bookman
Autores: Júlio César Rocha, André Henrique Rosa, Arnaldo Alves Cardoso
Editora: Bookman
O livro comenta os aspectos químicos envolvidos nos fluxos de matéria e energia na
atmosfera, hidrosfera e litosfera.

• Conhecendo o solo
Autora: Beatriz Monte Serrat e outros
Editora: UFPR - Setor de Ciências Agrárias, Departamento de Solos e Engenharia
Agrícola
Cartilha, publicada também na internet, que reúne as conclusões do Projeto de ex-
tensão universitária solo planta, conduzido por professores e estudantes do Setor de Ciências Agrárias da
Universidade Federal do Paraná. Encontra-se no link <http://www.escola.agrarias.ufpr.br/arquivospdf/conhe-
cendosolo.pdf>.

ARTIGOS
• Experimentoteca de solos
Experimentos envolvendo o tema de solos - Projeto Solo na Escola. É uma iniciativa do Departamento de
Solos e Engenharia Agrícola da UFPR, para levar às escolas de Ensino Médio uma coleção de experimentos
que têm como tema os solos. Encontra-se no link: <http://www.escola.agrarias.ufpr.br/arquivospdf/experi-
mentotecasolos7.pdf>.

• Poluição do Solo
Artigo que trata da dificuldade de definir exatamente a poluição do solo, pois as opiniões divergem sobre
a forma de caracterizar um poluente. No link: <http://www.vidaesaude.org/biologia-vida/poluicao-do-solo.
html>.

• Compostagem: resíduos urbanos biodegradáveis


Artigo sobre compostagem: resíduos urbanos biodegradáveis. No link: <http://www.ideiasambientais.com.
pt/compostagem.html>.

• Solos recuperados
Artigo impressionante que trata de plantas que servem, às vezes, de aditivos para o solo: reduzem a toxici-
dade e restabelecem, capacidade de cultivo de áreas contaminadas. No link: <http://cienciahoje.uol.com.br/
noticias/geociencias/solos-recuperados>.

SITES
• Projeto Educar- USP
Este link, que faz parte do Projeto Educar da USP, traz um artigo com as características gerais dos solos, como
as propriedades, a vida, a degradação e contaminação. No link: <http://educar.sc.usp.br/ciencias/recursos/
solo.html>.

• 15 de Abril: Dia da conservação do solo


Site do IBGE para adolescentes, que traz vários artigos sobre solo. No link: <http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/
164 datas/solo/home.html>.
XEQUE-MATE

1. (UPE, 2010) A maioria das plantas absorve mais eficientemente os elementos (N – P – K –


Ca) dos quais necessita para o seu crescimento, quando o pH do solo se encontra em torno de
6,5. Em áreas agricultáveis, próximas a centros urbanos com intenso tráfego, no qual os veículos
automotores utilizam combustíveis fósseis, constata-se que há um decréscimo na produção
agrícola por hectare plantado.
Analisando o texto, é correto afirmar como uma das possíveis causas para o decréscimo na
produção agrícola:
a) Adição ao solo de solução de ácido clorídrico diluído, produzida pela chuva ácida, muito co-
mum em regiões onde não trafegam aviões e que sejam muito distantes de rios, lagos e ma-
res.
b) Chuva ácida comum em regiões próximas a centros urbanos, onde veículos automotores que
utilizam combustíveis fósseis trafegam intensamente, contribui para elevar o pH do solo para
valores próximos de 12, no qual as plantas absorvem melhor os nutrientes.
c) Chuva ácida que se precipita nessas regiões contribui para a diminuição do pH do solo, e, em
consequência, o processo de absorção dos nutrientes pelas plantas fica prejudicado, ocasio-
nando decréscimo de produção.
d) Efeito estufa comum, apenas, nessas regiões de tráfego intenso de veículos eleva a tempera-
tura da área plantada, volatilizando os nutrientes essenciais para o crescimento das plantas,
transformando-o em gases tóxicos.
e) Chuva ácida comum nessas regiões é absorvida, integralmente, pelos rios e lagos próximos às
áreas plantadas; em consequência, as raízes das plantas, ao entrarem em contato com a água
dos rios e lagos, são completamente destruídas.
2. (UFES) Na figura a seguir, está representado o ciclo do nitrogênio.
a) Qual o composto nitrogenado for-

UNIDADE 5
mado pelos organismos represen-
tados pelo número 1? Como ele é
utilizado pelas plantas?
b) Descreva as seguintes etapas desse
ciclo:
I. Fixação.
II. Nitrificação.
III. Desnitrificação.
c) Descreva o papel das leguminosas
neste ciclo.

165
QUESTÕES COMPLEMENTARES

1. (UDESC, SC) Analise o composto representado na figura a seguir:

H3C CH3 CH3

CH CH2

H3C CH2 CH2 CH CH C CH2 CH3

CH3 CH2

CH3
Assinale a alternativa correta em relação ao composto:

A) Este composto representa um alcano de cadeia linear.


B) Este composto possui apenas três carbonos terciários.
C) Este composto possui quatro insaturações.
D) Neste composto encontra-se apenas um carbono assimétrico.
E) Este composto é represetando pela forma molecular C16H32.

2. (EFOA, MG) As estruturas abaixo representam algumas substâncias usadas em protetores solares.

CO2H O OH CH CHCO2CH2CH(CH2)3CH3

CH2CH3

OCH3
NH2 OCH3

A função que não está presente em nenhuma dessas estruturas é:

A) cetona;
B) éter;
C) éster;
D) amina;
E) álcool.

3. (UFSCAR SP) O aspartame, estrutura representada a seguir, é uma substância que tem sabor doce ao paladar.
Pequenas quantidades dessa substância são suficientes para causar a doçura aos alimentos preparados, já que
esta é cerca de duzentas vezes mais doce do que a sacarose.

166
O O O
O
N
H
NH

Aspartame

As funções orgânicas presentes na molécula desse adoçante são, apenas:

A) éter, amida, amina e cetona;


B) éter, amida, amina e ácido carboxílico;
C) aldeído, amida, amina e ácido carboxílico;
D) éster, amida, amina e cetona;
E) éster, amida, amina e ácido carboxílico.

4. (FATEC, SP) O gás liquefeito de petróleo, GLP, é uma mistura de propano, C3H8, e butano,C4H10.

Logo, esse gás é uma mistura de hidrocarbonetos da classe dos:

QUESTÕES COMPLEMENTARES
A) alcanos;
B) alcenos;
C) alcinos;
D) cicloalcanos;
E) cicloalcenos.

5. (ENEM) Os pesticidas modernos são divididos em várias classes, entre as quais se destacam os organofosforados,
materiais que apresentam efeito tóxico agudo para os seres humanos. Esses pesticidas contêm um átomo central
de fósforo ao qual estão ligados outros átomos ou grupo de átomos, como oxigênio, enxofre, grupos metoxi ou
etoxi, ou um radical orgânico de cadeia longa. Os organofosforados são divididos em três subclasses: tipo A, na
qual o enxofre não se incorpora na molécula; tipo B, na qual o oxigênio, que faz dupla ligação com fósforo, é
substituído pelo enxofre; e tipo C, no qual dois oxigênios são substituídos por enxofre.

BAIRD, C. Química Ambiental. Bookman, 2005.

Um exemplo de pesticida organofosforado Tipo B, que apresenta grupo etoxi em sua fórmula estrutural, está
representado em:

A) R O P O CH3

O CH3

167
QUÍMICA  Questões complementares

B) R O P O CH3

O CH3

C) R S P O CH3

O CH3

S
D) H2N
P O CH3
CH3O
O COCH(CH3)2

E) O2N O P OCH2CH3

OCH2CH3

6. (FEPECS, DF) Biodiesel: Uma alternativa de combustível limpo

A maior parte de toda a energia consumida no mundo provém do petróleo, uma fonte limitada, finita e não
renovável. A cada ano que passa, aumenta o consumo de combustíveis derivados do petróleo e, consequentemente,
o aumento da poluição atmosférica e da ocorrência de chuvas ácidas. O biodiesel é um combustível menos
poluente que pode ser obtido a partir da transesterificação de óleos vegetais.
Disponível em: <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc31_1/11-EEQ-3707.pdf>. Acesso em: 09/11/2009. (Adaptado).

Uma reação de transesterificação, onde um triacilglicerol reage com um álcool, pode ser assim esquematizada:
CH2 O CO R1 CH2 OH RO CO R1

CH O CO R2 + 3R OH CH OH + RO CO R2

CH2 O CO R3 CH2 OH RO CO R3

A nomenclatura do produto obtido numa reação de transesterificação, substituindo-se R1pelo radical etil e R pelo
radical metil é:

A) propanoato de metila;
B) etanoato de metila;
C) éter etilmetílico;
D) etoximetano;
E) metoxietano.

168
7. (FEPECS, DF) Analise a fórmula estrutural da curcumina, descrita a seguir:

O OH
O O

HO OH

Essa substância é um pigmento natural, componente ativo do açafrão-da-índia, utilizado na produção de caril em
pó. A curcumina possui propriedades anti-inflamatórias, é boa para o fígado e atua na cura do câncer de esôfago.
Entre as funções orgânicas presentes na estrutura da curcumina estão:

A) fenol, éter e aldeído;


B) fenol, éter e cetona;
C) álcool, éster e aldeído;
D) álcool, éster e ácido carboxílico;
E) ácido carboxílico, cetona e éster.
8. (UNIFOR, CE) O PET (polietilenotereftalato) é considerado um dos mais importantes polímeros de engenharia
das duas últimas décadas, devido ao rápido crescimento de sua utilização. As embalagens de garrafas plásticas PET
são ideais para o acondicionamento de alimentos, devido às suas propriedades de barreiras que impossibilitam
a troca de gases e a absorção de odores externos, mantendo as características originais dos produtos envasados.
A cadeia do PET a que se refere o texto está parcialmente representada abaixo. Indique a sequência de símbolos
atômicos que satisfazem a numeração indicada na figura.
ROSMANHO, G. M. et. al. Química Nova, vol.32, n. 6, 1673-1676, 2009. (Adaptado).

1 3

2 4 5 C C 6
n

A) O, N, C, O, C, H.
B) H, C, C, O, O, H.

UNIDADE 5
C) C, O, C, C, C, H.
D) O, C, O, C, O, O.
E) H, O, H, O, C, N.

9. (UNIFOR, CE) A primeira lei da termodinâmica trata da conservação de energia; a segunda lei da termodinâmica
trata da impossibilidade de transferência de calor de uma fonte mais fria para uma fonte mais quente sem a
realização de trabalho. Podemos verificar a aplicação dessas leis, hoje em dia, na produção de energia por meio de
fontes alternativas sem ocasionar danos ao meio ambiente. Esta busca por fontes alternativas de energia deve-se
à escassez das fontes de energia não renováveis. São exemplos de energia não renováveis:

A) petróleo, solar, carvão, nuclear e biogás;


B) petróleo, gás natural, nuclear, biomassa e geotérmica;
C) petróleo, carvão, nuclear, bicombustíveis e solar;
D) petróleo, carvão, nuclear, gás natural e óleo de xisto;
E) petróleo, carvão, geotérmica, óleo de xisto e biomassa.

169
QUÍMICA  Questões complementares

10. (UERJ) O nitrogênio é um dos principais gases que compõem o ar atmosférico. No esquema abaixo, estão
resumidas algumas etapas do ciclo biogeoquímico desse gás na natureza.

Substâncias orgânicas 7 Substâncias orgânicas


nitrogenadas de animais nitrogenadas de plantas

8
1

5
NH4+ N2
6
2

4
NO2–
3
NO3–

O processo de nitrificação, composto de duas etapas, e o de desnitrificação, ambos executados por micro-organismos,
estão identificados, respectivamente, pelos seguintes números:
A) 2 e 3; 4.
B) 1 e 5; 7.
C) 4 e 6; 8.
D) 2 e 5; 1.
11. (ENEM) O texto O voo das folhas traz uma visão dos índios Ticunas para um fenômeno usualmente observado
na natureza:

O voo das folhas


Com o vento
as folhas se movimentam.
E quando caem no chão
ficam paradas em silêncio.
Assim se forma o ngaura. O ngaura cobre o chão da floresta, enriquece a terra e alimenta as árvores.
As folhas velhas morrem para ajudar o crescimento das folhas novas.
Dentro do ngaura vivem aranhas, formigas, escorpiões, centopeias, minhocas, cogumelos e vários tipos
de outros seres muito pequenos.
As folhas também caem nos lagos, nos igarapés e igapós.

A natureza segundo os ticunas: Livro das árvores. Organização Geral dos Professores Bilíngues Ticunas, 2000.

Na visão dos índios ticunas, a descrição sobre o ngaura permite classificá-lo como um produto diretamente
relacionado ao ciclo:

A) da água;
B) do oxigênio;
C) do fósforo;
D) do carbono;
E) do nitrogênio.

170
12. (UPE, PE) A água é um recurso natural fundamental para a preservação da vida no planeta e indispensável para
o desenvolvimento econômico da sociedade. As afirmações seguintes referem-se à água. Analise-as.

I. A água existente em nosso planeta é totalmente utilizada para o consumo humano, entretanto sua distribui-
ção é muito desigual, beneficiando, apenas, as regiões geograficamente mais planas.
II. A escassez da água disponível para uso da população mundial está, de alguma forma relacionada, entre ou-
tros fatores, ao aumento populacional, ao aumento do parque industrial, bem como à irrigação de terras para
fins de produção agrícola.
III. As muitas propriedades da água, que são importantes para a vida no planeta, estão diretamente relacionadas
com a geometria da molécula e com a diferença de eletronegatividade entre os átomos de oxigênio e hidro-
gênio.
IV. A maior densidade da água no estado sólido em relação ao estado líquido está relacionada com a formação
dos icebergs nos mares e com a preservação da vida aquática em lagos congelados.
V. A alta capacidade calorífica da água é fundamental para a preservação da vida no planeta, pois evita variações
muito bruscas de temperatura entre o dia e a noite.

São verdadeiras apenas:

A) I, II e V.
B) II, III e IV.
C) II, III e V.
D) I, II e IV.
E) I, III e V.

13. (UFU, MG) Observe a figura abaixo que representa o ciclo hidrológico.

UNIDADE 5

Acerca desse assunto, analise as afirmativas a seguir.

I. A água na atmosfera pode reagir com determinados gases como dióxido de enxofre (SO2), óxidos de nitrogê-
nio (NO, NO2, N2O5) e dióxido de carbono (CO2), ocasionando as chuvas ácidas.
II. O agente oxidante mais importante em águas naturais é o oxigênio molecular dissolvido (O2). A quantidade
de oxigênio depende da temperatura e da pressão atmosférica. Quanto maior a pressão, maior a dissolução
do oxigênio e quanto menor a temperatura, menor a dissolução desse gás.
III. A fotossíntese do fitoplâncton é a principal fonte de oxigênio dissolvido na água dos lagos, rios, mares, etc.
Durante o dia, o fitoplâncton remove o gás carbônico da água e produz oxigênio usado na respiração dos
organismos vivos. À noite, não há luz para promover a fotossíntese. Assim, a concentração de oxigênio dissol-
vido aumenta durante o dia.

171
QUÍMICA  Questões complementares

IV. Águas subterrâneas com sais minerais dissolvidos, geralmente carbonato de cálcio ou uma combinação de
cálcio e magnésio são chamadas de águas gaseificadas.
V. Nuvens formam um conjunto visível de partículas minúsculas de água líquida ou de gelo, ou de ambas ao
mesmo tempo – em suspensão na atmosfera. Essas nuvens são formadas, em vapor de água, a partir da subli-
mação da água líquida na superfície dos rios, lagos e oceanos.
Marque a alternativa que apresenta apenas afirmativas corretas:

A) I e III.
B) I, II e IV.
C) I e II.
D) III, IV e V.

14. (FATEC, SP) No inverno de 2010, a umidade relativa do ar, na capital e em vários municípios do interior do
estado de São Paulo, atingiu níveis muito baixos, semelhantes aos encontrados em desertos, e as temperaturas,
durante vários dias, estiveram acima das médias para essa época do ano. Nesses dias muito secos e quentes, além
dos danos à saúde, alguns outros fatos corriqueiros puderam ser observados. Assinale a alternativa que identifica
um desses fatos.

A) As roupas lavadas e estendidas em um varal demoraram mais para secar do que em dias úmidos e frios.
B) Os incêndios provocados por queimadas propagaram-se mais rapidamente do que em dias úmidos e frios.
C) As garrafas de refrigerante retiradas da geladeira ficaram mais “suadas” do que nos dias úmidos e frios.
D) A concentração de poluentes do ar, nos grandes centros urbanos, ficou menor do que nos dias úmidos e
frios.
E) Os aparelhos de ar condicionado “drenaram” mais água líquida do que nos dias úmidos e frios.

15. (ENEM) A China comprometeu-se a indenizar a Rússia pelo derramamento de benzeno de uma indústria
petroquímica chinesa no rio Songhua, um afluente do rio Amur, que faz parte da fronteira entre os dois países. O
presidente da Agência Federal de Recursos de Água da Rússia garantiu que o benzeno não chegará aos dutos de
água potável, mas pediu à população que fervesse a água corrente e evitasse a pesca no rio Amur e seus afluentes.
As autoridades locais estão armazenando centenas de toneladas de carvão, já que o mineral é considerado eficaz
absorvente de benzeno.
Fonte: <jbonline.terra.com.br> (Adaptado).

Levando-se em conta as medidas adotadas para a minimização dos danos ao ambiente e à população, é correto
afirmar que:

A) O carvão mineral, ao ser colocado na água, reage com o benzeno, eliminando-o.


B) O benzeno é mais volátil que a água e, por isso, é necessário que esta seja fervida.
C) A orientação para se evitar a pesca deve-se à necessidade de preservação dos peixes.
D) O benzeno não contaminaria os dutos de água potável, porque seria decantado naturalmente no fundo do rio.
E) A poluição causada pelo derramamento de benzeno da indústria chinesa ficaria restrita ao rio Songhua.

172
16. (UPE, PE) A energia nuclear é utilizada há muitos anos para atender a demanda de energia elétrica de países
que não possuem, em abundância, outras fontes para a obtenção de energia necessária ao seu desenvolvimento.
Em relação aos aspectos relacionados com a energia nuclear, é correto afirmar que:

A) A intensa poluição radioativa na atmosfera dos países produtores de energia nuclear é uma das desvantagens
de usá-la como produtora de energia elétrica.
B) Uma das vantagens do uso da energia nuclear na matriz energética de um país reside no fato de que a maté-
ria-prima que abastece os reatores nucleares tem um tempo de meia-vida que não excede 10 dias.
C) Estima-se que haverá aumento de uso da energia nuclear como produtora de energia elétrica, em algum mo-
mento em que as reservas de petróleo e gás declinarem, e leis mais severas restringirem, de forma rigorosa, a
emissão de dióxido de carbono na atmosfera.
D) A vantagem do uso da energia nuclear está no fato que, desde a mineração do urânio até a produção da ener-
gia nos reatores, a possibilidade de contaminação ambiental é praticamente nula.
E) Os resíduos radioativos que são produzidos pelos reatores nucleares são utilizados largamente em aterros
sanitários, o que, de alguma forma, minimiza os impactos ambientais.

17. (Unimontes, MG) A figura abaixo apresenta o perfil da oferta interna de energia no Brasil, em 2002.

Biomassa
Petróleo e derivados
27,2%
43,2%

Hidráulica
13,6%

Urânio
1,9%
Gás natural Carvão Mineral
7,5%

UNIDADE 5
6,6%

Na visão química sobre as energias consideradas nesta figura, é incorreto afirmar que:

A) A energia hidráulica é gerada a partir da energia potencial liberada na quebra da molécula de água.
B) O bioetanol e o biodiesel são combustíveis inseridos nos 27,2% de energia da biomassa.
C) A energia proveniente do urânio é devida à quebra de fortes ligações dentro do núcleo atômico.
D) O petróleo é um combustível fóssil contendo substâncias orgânicas de alto poder calorífico.

18. (UECE) A química está presente em vários setores da vida cotidiana (alimentação, remédios, cosméticos,
material de uso doméstico e outros produtos do dia a dia). No entanto, a fabricação de alguns materiais tem
criado, também, produtos que geram poluição ao meio ambiente. Os pesquisadores da área química procuram
evitar os efeitos nocivos sobre o meio ambiente e estabelecem a Química Sustentável. Assinale entre as opções,
que se seguem, aquela que apresenta somente produtos que são menos nocivos ao meio ambiente.

A) Clorofila, biodiesel, gás nitrogênio.


B) Biodiesel, etanol, gasolina.
C) Etanol, monóxido de carbono, clorofila.
D) Gás butano, clorofila, diesel.

173
QUÍMICA  Questões complementares

19. (UNESP, SP) A tabela apresenta informações sobre as composições químicas e as entalpias de combustão
para três diferentes combustíveis que podem ser utilizados em motores de combustão interna, como o dos
automóveis.

ΔC combustão
Combustível Massa molar (g.mol–1)
kcal.mol–1

Gasolina (C8H8) –1222,5 114,0


Etanol (C2H5OH) –326,7 46,0
Hidrogênio(H2) –68,3 2,0

Com base nas informações apresentadas e comparando esses três combustíveis, é correto afirmar que:

A) A gasolina é o que apresenta menor impacto ambiental e vantagem energética.


B) O álcool é o que apresenta maior impacto ambiental e vantagem energética.
C) O hidrogênio é o que apresenta menor impacto ambiental e maior vantagem energética.
D) A gasolina é o que apresenta menor impacto ambiental e maior vantagem energética.
E) O álcool é o que apresenta menor impacto ambiental e maior vantagem energética.

20. (UFF, RJ) Tenofovir é um medicamento inibidor de transcriptase reversa, nucleotídeo utilizado no coquetel
anti-HIV e disponível gratuitamente no Brasil. Seu uso foi aprovado pela FDA, nos Estados Unidos, em 2001. Sua
fórmula estrutural é a seguinte:
NH2
N N
HO O
N N
P O
HO
H3C

Em relação a essa fórmula estrutural, pode-se afirmar que:

A) O isômero representado é o isômero trans.


B) Todos os átomos de nitrogênio apresentam hibridização sp3.
C) A molécula é aquiral.
D) A molécula apresenta isomeria óptica.
E) As funções éster e amina estão presentes.

21. (UESPI) Os tipos de isomeria, representados por I, II, III, IV na coluna 2, referentes aos pares de compostos
relacionados na coluna 1, são respectivamente:

Coluna 1 - compostos Coluna 2 - isomeria


Propanona e Isopropeno I I
Butanal e metil propanal II
cis-2-buteno e trans-2-buteno III
H3C — O — CH3 — e H3C — CH2 — OH IV

174
A) I-Função; II-Posição; III-Óptica; IV-Tautomeria;
B) I-Função; II-Cadeia; III-Óptica; IV-Posição;
C) I-Geométrica; II-Posição; III-Tautomeria; IV-Função;
D) I-Tautomeria; II-Geométrica; III-Posição; IV-Cadeia;
E) I-Tautomeria; II-Cadeia; III-Geométrica; IV-Função.

22. (UPE, PE) Analise atentamente as afirmativas abaixo:

O propanol e a propanona exemplificam um caso de isomeria.

II. O metoxi-etano é um isômero do 2-propanol.


III. 1-propanol é um isômero do 2-propanol.
IV. A propilamina é um isômero da trimetilamina.
Estão corretas:

A) apenas II e III;
B) apenas I, II e III;
C) apenas I e II;
D) apenas II e IV;
E) II, III e IV.

23. (UFABC, SP) Maravilha da Amazônia.

Ronaldo Salame/SXC
Alimento básico do nortista. Os índios comem com farinha há
milênios. Nos anos 1980, surfistas do sul descobriram seu valor
energético e nutritivo. Fala-se do açaí, fruto do açaizeiro, uma palmeira
que se espalha pela Amazônia, mais nas margens dos rios. Sua
fruta, dizem os estudiosos, parece que foi criada em laboratório sob
encomenda da “geração saúde”.

UNIDADE 5
(Mylton Severiano. Adaptado)
Informações sobre a composição química e o valor nutricional do açaí:

Composição Unidade Quantidade

Proteínas g/100g(1) 13,00

Lipídios totais g/100g(1) 48,00

Açúcares totais g/100g(1) 1,50

Fibras brutas g/100g(1) 34,,00

Cinzas g/100g(1) 3,50

Vitamina B1 g/100g(1) 0,25

Vinamina E g/100g(1) 45,00

Energia g/100g(1) 66,30


(1)Matéria seca; (2)Cálculo por diferença.
(Fonte: <http://sistemaproducao.cnptia.embrapa.br>.)

175
QUÍMICA  Questões complementares

As estruturas representadas em I e II correspondem à vitamina B1 e à vitamina E, respectivamente.


H
O

Vitamina B1
N+
Vitamina E
N
H
N N HO

H O

Analisando essas estruturas, afirma-se que as vitaminas:


A) I e II contêm C, H e O, mas apenas II é um fenol.
B) I e II têm mais de 6 átomos de carbono, mas apenas II é sólido.
C) I e II têm ligações polares, mas apenas II pode formar ligações de hidrogênio.
D) I e II são estabilizadas por ressonância, mas apenas I tem carbono assimétrico.
E) I e II têm cadeias carbônicas ramificadas, mas apenas I sustenta a função amida.

24. (FGV, SP) O eugenol, estrutura química representada na figura, é uma substância encontrada no cravo-da-índia.
Apresenta odor característico e é utilizado em consultórios dentários como anestésico local antes da aplicação de
anestesia.
OH

O
Eugenol

O processo de obtenção do eugenol no laboratório químico é relativamente simples, conforme indicado no


aparato experimental representado na figura:

(Química Nova, vol. 32, n.º 5, 1338-1341, 2009)

O número de átomos de carbono terciário na molécula de eugenol e o nome do processo de obtenção representado
na figura são, respectivamente,

A) 1 e adsorção.
B) 1 e destilação.
C) 3 e adsorção.
D) 3 e cromatografia.
E) 3 e destilação.

176
TEXTO comum às questões 25 e 26:
Gigantes reservas de petróleo foram encontradas recentemente no Brasil. Essas reservas situam-se em
regiões de grandes profundidades em águas oceânicas e abaixo de uma camada de sal, por isso, denominadas
de pré-sal. Com a exploração dessas reservas, o Brasil aumentará significativamente a produção de petróleo.
Após a extração, o petróleo é transportado até as refinarias, onde passará por uma série de processos de
purificação denominada de refino, em que o petróleo entra na fornalha, é aquecido e segue para a torre de
destilação, onde serão separadas as diversas frações.

25. (UFPB) A gasolina é uma mistura de diversos hidrocarbonetos. Conforme a composição dessa mistura, a
gasolina poderá ter alta taxa de compressão (alta octanagem).

I. Hexano, heptano e octano são hidrocarbonetos saturados.


II. 2-metil-hexano (C7H16) é um hidrocarboneto aromático.
III. 2,2,4-trimetil-pentano (C8H18) é um alceno.
IV. Metil-benzeno (C7H8) é um hidrocarboneto aromático.
V. Metóxi-terciobutano (CH3OC4H9), antidetonante usado na gasolina, é um éter.

É correto o que se afirma em:

A) I, II, III e V.
B) II, III e IV.
C) I, II e IV.
D) III, IV e V.
E) I, IV e V.

26. (UFPB) O petróleo é constituído por diversos hidrocarbonetos cujos tamanhos, massas e pontos de ebulição
estão correlacionados como representado no gráfico a seguir:

UNIDADE 5
400

300
Pontode ebulição (ºC)

200

100

–100

–200
0 5 10 15 20
Número de Carbonos
CISCATO, C. A. M.; PEREIRA, L. F. Planeta Química, 1 ed., São Paulo: Editora Ática, 2008, v. único, p. 567. (Adaptado).

Com base nas informações apresentadas acima, julgue as afirmativas:

I. O ponto de ebulição do hidrocarboneto será maior quanto menor for sua massa molecular.
II. A volatilidade do hidrocarboneto será menor quanto maior for sua massa molecular.

177
QUÍMICA  Questões complementares

III. A condensação dos hidrocarbonetos de menor massa molecular ocorre nas partes mais altas da torre de refi-
no do petróleo.
IV. Hidrocarbonetos com até 4 carbonos são gases à temperatura ambiente.
V. Hidrocarbonetos que tem de 6 a 10 carbonos são líquidos à temperatura ambiente.

É correto o que se afirma em:

A) I, II, III e V.
B) II, III, IV e V.
C) I, II e IV.
D) III, IV e V.
E) I, II, IV e V.

27. (PUCCamp, SP) Considere o seguinte esquema de produção de bioenergia:

(Adaptado de Folha de S. Paulo. 12 ago. 2008)

A queima da palha e do bagaço de cana produz bioenergia, sendo considerado um processo sustentável. Isso
porque, esse processo:
I. Libera CO2 que foi consumido na fotossíntese da cana-de-açúcar.
II. Acrescenta ao ambiente, a energia do sol absorvida na fotossíntese, além da liberada na queima.
III. Interfere no ciclo do carbono, intensificando o efeito estufa.
Está correto o que se afirma somente em:

A) I.
B) II.
C) III.
D) I e II.
E) I e III.

178
28. (PUCCamp, SP) NASA descobre substância para formação de vida em amostras de cometa.

Cientistas da NASA (agência espacial norte-americana) descobriram glicina, elemento fundamental para a
formação de vida, em amostras do cometa Wild 2 trazidas à Terra pela sonda Stardust em 2006, revelou hoje
o Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da agência.
“A glicina é um aminoácido usado pelos organismos vivos para produzir proteínas e esta é a primeira vez
que é encontrada em um cometa”, afirmou Jamie Elsila, do Centro de Voos Espaciais da NASA.
“A descoberta apoia a teoria de que alguns ingredientes da vida surgiram no espaço e chegaram à Terra
por meio do impacto de meteoritos e cometas”, informou um comunicado do JPL.
Carl Pilcher, diretor do Instituto de Astrobiologia da NASA, afirmou que a descoberta também respalda a
hipótese de que os blocos básicos da vida abundam no espaço e que a vida no universo é mais comum do
que se acredita.

(Fonte: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u611268.shtml>.)
Observe a estrutura da glicina:
O
H
OH
H2N H
Conclui-se que:

I. pode ser neutralizada por NaCℓ;

II. possui dois átomos de carbono secundários;

III. é solúvel em água.

Está correto o que se afirma somente em:


A) I.

UNIDADE 5
B) II.
C) III.
D) I e II.
E) I e III.

29. (PUC Camp, SP) Em aquários estabilizados, ou seja, com equilíbrio biológico, a ocorrência de doenças e a morte
prematura de peixes dificilmente ocorrerão.

Alguns dos cuidados fundamentais com a qualidade da água estão relacionados ao ciclo do nitrogênio e
sistema de filtragem, além de outros parâmetros que devem ser controlados, como a dureza total, a dureza
em carbonatos, o oxigênio dissolvido e o pH.
(Fonte: <http://www.labcon.com.br/livreto/aquario/qualidadedaagua.htm>.)

179
QUÍMICA  Questões complementares

A imagema a seguir ilustra o ciclo do nitrogênio no aquário:


Ciclo do Nitrogênio

Luz
CO2

Alimento
Plantas
e algas

Peixes

Nitrato NO–3 O2

Bactérias
Nitrobacter
Matéria
Orgânica
Nitrito NO 2

NH3
Bactérias Bactérias
Nitrosomonas NH+4
e Fungos

Amônia

A eutrofização resulta em morte de todas as formas de vida do aquário e liberação de gases mal cheirosos. Para
combater esse problema no aquário, algumas sugestões foram feitas:
I. Instalar uma bomba para dissolver gás oxigênio na água.
II. Aumentar a população de algas microscópicas.
III. Remover alguns animais do aquário.
IV. Aumentar o tempo de luminosidade do aquário.
V. Aumentar a disponibilidade de alimento para os animais.

São sugestões adequadas somente:


A) I, II e III.
B) I, II e IV.
C) I e III.
D) II, IV e V.
E) III e IV.

30. (UNEB, BA) O capim, do tipo elefante, foi importado da África há 100 anos para alimentar o gado em períodos
de estiagem. Resistente à seca e capaz de se desenvolver, mesmo em solos pobres, ele foi usado durante décadas
por pecuaristas de regiões inóspitas do país.

O capim-elefante não precisa necessariamente ser irrigado e é triturado pela mesma máquina que o
colhe. Em seguida, o farelo é jogado sem nenhum tratamento prévio diretamente no forno para esse fim.
Queimado, produz vapor que movimenta um gerador. A energia resultante é transferida para uma subestação
conectada à rede nacional de distribuição elétrica.

180
A conversão de capim-elefante em energia não polui. Mesmo o gás carbônico, CO2, emitido durante a queima
da biomassa utilizada, é menor do que o consumido pela gramínea durante todo o seu crescimento.

(VARGAS, 2010, p. 112).

A relação mencionada entre consumo e produção de gás carbônico pelo capim-elefante pode ser justificada a
partir da seguinte afirmativa:

A) A queima do capim libera CO2 para o ambiente, enquanto a raiz absorve esse gás junto ao solo durante o
processo de obtenção de nutrientes inorgânicos pela planta.

B) A respiração aeróbica realizada pela planta fixa o CO2 do ambiente, enquanto a fotossíntese o libera como
principal resíduo desse processo fotoautótrofo.

C) A combustão do capim libera CO2 para o ambiente, enquanto a fotossíntese fixa o CO2 durante a produção de
componente orgânico a partir da conversão de energia solar em energia química.

D) A quebra de moléculas orgânicas pela respiração celular libera CO2 em grande quantidade para a atmosfera,
enquanto a queima o utiliza como gás comburente do processo.

E) A queima do álcool produzido pela fermentação do capim libera uma quantidade menor de CO2, se compara-
da com a quantidade fixada durante o processo de fotossíntese realizado pela planta.

UNIDADE 5

181
REFERÊNCIAS

A LEITURA dos estudantes do curso de licenciatura em Química: analisando o caso do curso a distância. Química
nova na escola, vol.31, n.4, nov. 2009.

ABRELPE. Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil. 2007.

BOCCHI, Nerilso; FERRACIN, Luiz Carlos; BIAGGIO, Sonia Regina. Pilhas e baterias: funcionamento e impacto
ambiental. Química nova na escola, n. 11, maio 2000.

CARDOSO, Eliezer de Moura. Apostila educativa: Radioatividade. Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
Disponível em: <www.cnen.gov.br>. Acesso em: 17 jan. 2012.

CARMO, José Fernando do. Glossário técnico do meio ambiente. Associação de Combate aos Poluentes. Dispo-
nível em: <http://www.acpo.org.br/biblioteca/01_artigos_dissertacoes_teses_manuais/glossarios/glos%E1rio_
ambiental.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2012.

COELHO, Fernando A.S. Fármacos e quiralidade. Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola, n. 3, maio
2001.

DA SILVA, J. A. L. Sistema de ferro-enxofre: das Geociências às Biociências. Química, jul./set. 2006.

DIAS, Dirceu Donizetti; ARROIO, Agnaldo. Aprendizagem mediada por gêneros do discurso escolar-científico:
projeto, desenvolvimento e utilização de material instrucional em sala de aula de Química. Química nova na
escola, vol.33, n.2, maio 2011.

DI CIERO, Luciana; BELLATO, Cláudia de Mattos. Avanços recentes em técnicas de eletroforese bidimensional e
espectrometria de massa. Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento, n. 29.

DROGAS: você conhece os riscos?. Nações unidas: escritório contra drogas e crimes, Áustria, 30 maio 2007. Dis-
ponível em: <http://www.unodc.org/pdf/brazil/drogas_ebook.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2012.

ESTRATÉGIAS de leitura e educação química: que relações?. Química nova na escola, vol. 32, n.4, nov. 2010.

FADINI, Pedro Sérgio; FADINI, Almerinda Antonia Barbosa. Lixo: desafios e compromissos. Cadernos temáticos de
Química nova na escola, edição especial, maio, 2001.

FRIZZO, Édio Elói; SPIANDORELLO, Fernanda B.; CAMPANI, Gilnei Araújo. Uso do dióxido de cloro no tratamento
de água: ETA parque da imprensa, Samae, Caxias do Sul. In: Associação Nacional dos Serviços Municipais de
Saneamento. Saneamento ambiental: a hora da solução. Rio Grande do Sul: ASSEMAE, 2004. p.9.

FOGO.Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Rio de Janeiro. Disponível em: <http://www.fiocruz.br/biosseguranca/


Bis/lab_virtual/fogo.html>. Acesso em: 17 jan. 2012.

INTRODUÇÃO a métodos cromatográficos cromatografia em camada delgada e em coluna. Universidade de


Brasília (UnB). Disponível em:< http://vsites.unb.br/iq/litmo/LQO1_2009/Roteiro/cromatografia_em_camada_
delgada_e_coluna%20_LQO_1_09.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2012.

182
JUNIOR, Wilmo Ernesto Francisco. Estratégias de leitura e Educação Química: que relações?. Química nova na
escola, vol. 32, n. 4, nov. 2010.

LAGE, Fernanda; NOGUEIRA, Marcos Gomes; FORESTI, Miriam Celi Porto. A importância do tema água doce no
ensino fundamental: uma proposta de aulas teórico-práticas. Disponível em:<http://www.unesp.br/prograd/
PDFNE2004/artigos/eixo2/aimportanciadotemaguadoce.pdf>. Acesso em: 16 jan. 2012.

LOURENÇO, Leandro Maranghetti; PONTES, Paulo Marcelo. O uso da terminologia normal e padrão. Química
nova na escola, n. 25, maio 2007.

MARCONATO, José Carlos; FRANCHETTI, Sandra Mara. Polímeros superabsorventes e as fraldas descartáveis: um
material alternativo para o ensino de polímeros. Química nova na escola, n. 15, maio 2002.

MARIN, Nelly (org.) et al. Assistência farmacêutica para gerentes municipais. Rio de Janeiro: OPAS/OMS, 2003.

MARTINS, Andréa Barbosa; SANTA MARIA, Luiz Claudio de; AGUIAR, Mônica R. Marques Palermo. As drogas no
ensino de Química. Química nova na escola, n. 18, nov. 2003.

MATARATZIS, Marcos. Radioatividade, Tijuca.

MATOS, Eduardo Henrique da Silva. Dossiê técnico: etanol. Centro de apoio ao desenvolvimento tecnológico
(UNB), dez. 2007.

MEDEIROS, Alexandre. Aston e a descoberta dos isótopos. Química nova na escola, n. 10, nov. 1999.

REFERÊNCIAS
MIGUEL, Rinaldo Bergamim. Hidrocarbonetos. Rochabergamim, Florianópolis, 6 out. 2008. Disponível em:
<www.rochabergamim.com.br>. Acesso em: 16 jan. 2012.

MORTIMER, Eduardo Fleury; MOL, Gerson; DUARTE, Lucienir Pains. Regra do octeto e teoria da ligação química
no ensino médio: dogma ou ciência?. Química nova, 1994.

NETO, Odone Gino Zago; PINO, José Claudio Del. Trabalhando a química dos sabões e detergentes. Rio Gran-
de do Sul.

NOGUEIRA, Luciano J.; MONTANARI, Carlos A. ; DONNICI, Claudio L. Histórico da evolução da química medicinal e
a importância da lipofilia: de Hipócrates e Galeno a Paracelsos e as contribuições de Overton e de Hansch. Revis-
ta virtual de Química, 8 ago. 2009. Disponível em: <http://www.uff.br/rvq >. Acesso em: 16 jan. 2012.

OLIVEIRA, Luiz Henrique Milagres; CARVALHO, Regina Simplício. Um olhar sobre a história da Química no Brasil.
Revista Ponto de Vista, vol. 3.

PANORAMA dos resíduos sólidos no Brasil. Abrelpe. 2010.

QUADROS, Ana Luiza de. A água como tema gerador do conhecimento químico. Química nova na escola, n. 20,
nov. 2004.

183
QUÍMICA  Questões complementares

RAHDE, Sérgio Barbosa. Motores de combustão interna. Disponível em: <http://www.aviacaoexperimental.pro.


br/aero/tecnica/motores/motorespucrs.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2012.

RANGEL, Maria do Carmo; CARVALHO, Marly Fernandes Araújo. Impacto dos catalisadores automotivos no con-
trole da qualidade do ar. Química nova na escola, vol.26, n.2, p.265-277, 2003.

REZENDE, Luiz Augusto. História das ciências no ensino de ciências: contribuições dos recursos audiovisuais.
Ciência em tela, Rio de Janeiro, vol. 1, n.2, 2008.

RODRIGUES, José Augusto R. Recomendações da IUPAC para nomenclatura de moléculas orgânicas. Química
nova na escola, n.13, maio 2011.

SANTA MARIA, Luiz Claudio et al. Um tema para o ensino de Química. Química nova na escola, n. 15, maio 2002.

SANTOS, Ana Paula B.; PINTO, Ângelo C. Biodiesel: uma alternativa de combustível limpo. Química nova na esco-
la, vol. 31, n. 1, fev. 2009.

SANTOS, Hélio F. dos. O conceito da modelagem molecular. Cadernos temáticos de Química nova na escola,
edição especial, n. 4, maio, 2001.

SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE. Coleta seletiva na escola, no condomínio, na empresa, na comunidade, no mu-
nicípio. São Paulo. Disponível em: <http://www.lixo.com.br/documentos/coleta%20seletiva%20como%20fazer.
pdf>. Acesso em: 17 jan. 2012.

SCHWARCZ, Joe. Barbies, bambolês, e bolas de bilhar: 67 deliciosos comentários sobre a fascinante química
do dia dia. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.

THALLER, Michelle. Coming in out of the cold: nuclear fusion, for real. HotStuffWorks, 6 jun. 2005.

UMA FAMÍLIA de químicos unindo o Brasil e Portugal: Domingos Vandelli, José Bonifacio de Andrada e Silva e
Alexandre Vandelli. Química nova na escola, vol.31, n.4, nov. 2009.

Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa. Rotulagem nutricional obrigatória: manual de orientação aos
consumidores. Brasília: Ministério da Saúde, Universidade de Brasília, 2005. 17p.

QUÍMICA nuclear na medicina. Revista eletrônica do Departamento de Química (UFSC), Florianópolis. Dispo-
nível em: <http://www.qmc.ufsc.br/qmcweb/artigos/nuclear/medicina.html>. Acesso em: 17 jan. 2012.

LIXO: um grave problema no mundo. Disponível em: <http://www.youblisher.com/p/169343-Educacao-Ambien-


tal/>. Acesso em: 17 jan. 2012.

ÁGUA: um recurso cada vez mais ameaçado. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/4957984/10/Um-recurso-


cada-vez-mais-ameacado>. Acesso em: 17 jan. 2012.

DIAS, Genebaldo Freire Dias. Educação ambiental. São Paulo: Gaia, 2006.

BAIRD, Colin. Química ambiental. Porto Alegre: Bookman. 2. ed. 2005.

FRYHLE, B. C; SOLOMONS, T.W.G. Química orgânica. 8. ed.Rio Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos, 2005.

184

Você também pode gostar