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GEODIVERSIDADE DO

ESTADO DO PARANÁ
PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASIL
LEVANTAMENTO DA GEODIVERSIDADE

2021
GEODIVERSIDADE
DO ESTADO DO PARANÁ
PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASIL
LEVANTAMENTO DA GEODIVERSIDADE
MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA
SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO
E TRANSFORMAÇÃO MINERAL

MINISTRO DE ESTADO
Bento Costa Lima de Albuquerque Junior
SECRETÁRIA EXECUTIVA
Marisete Fátima Dadald Pereira
SECRETÁRIO DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO
E TRANSFORMAÇÃO MINERAL
Alexandre Vidigal de Oliveira

CPRM – SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL


DIRETORIA EXECUTIVA
Diretor-Presidente
Esteves Pedro Colnago
Diretora de Hidrologia e Gestão Territorial
Alice Silva de Castilho
Diretor de Geologia e Recursos Minerais
Márcio José Remédio
Diretor de Infraestrutura Geocientífica
Paulo Afonso Romano
Diretor de Administração e Finanças
Cassiano de Souza Alves

DEPARTAMENTO DE GESTÃO TERRITORIAL


Diogo Rodrigues Andrade da Silva
Divisão de Gestão Territorial
Maria Angélica Barreto Ramos
MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA
SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO MINERAL
SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL - CPRM
DIRETORIA DE HIDROGEOLOGIA E GESTÃO TERRITORIAL

GEODIVERSIDADE
DO ESTADO DO PARANÁ
PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASIL
LEVANTAMENTO DA GEODIVERSIDADE

ORGANIZAÇÃO

Deyna Pinho

Goiânia
2021
CRÉDITOS TÉCNICOS Colaboração Superintendência Regional de São Paulo
Marcely Ferreira Machado (revisão técnica) (SUREG-SP)
Gerência de Infraestrutura Geocientífica
LEVANTAMENTO DA GEODIVERSIDADE Revisão ortográfico-gramática/linguística (GERINF)
Sueli Cardoso de Araújo (Editoração)
DO ESTADO DO PARANÁ Marina das Graças Perin
Revisão Técnica
Marcely Ferreira Machado Superintendência Regional de Salvador
COORDENAÇÃO NACIONAL Paulo (SUREG-SA)
Departamento de Gestão Territorial Normalização Bibliográfica Gerência de Infraestrutura Geocientífica
Maria Gasparina de Lima (GERINF)
Diogo Rodrigues Andrade da Silva
(Revisão da editoração)
Maria Angélica Barreto Ramos
Agradecimentos Andrea Machado de Souza
Marcelo Eduardo Dantas
Marcely Ferreira Machado Antonio Theodorovicz
Andrea Fregolente Lazaretti Superintendência Regional de Manaus
Coordenação de Geoprocessamento Wilson Wildner (SUREG-MA)
e da Base de Dados de Geodiversidade Edgar Shinzato Gerência de Infraestrutura Geocientífica
Maria Angélica Barreto Ramos Marcelo Eduardo Dantas (GERINF)
Ana Cláudia Viero (Projeto de multimídia)
Execução Técnica Carlos Augusto Brasil Peixoto Maria Tereza da Costa Dias
Deyna Pinho Mikhaela Aloísia Jéssie Santos Pletsch
Gilberto Lima Mariana Morena Lemos da Conceição (Adequação da montagem no ArcExibe
Andrea Segura Franzini para multimídia)
Carla Cristina Magalhães de Moraes Aldenir Justino de Oliveira
Eduardo Marcel Lazzarotto Projeto Gráfico/Editoração/Multimídia
Tiago Antonelli
Luiz Fernando dos Santos
Roberto Eduardo Kirchheim Departamento de Relações Institucionais
Andrea Fregolente Lazaretti e Divulgação (DERID)
Antonio Theodorovicz Divisão de Marketing e Divulação (DIMARK)
(Padrão capa/embalagem)
Organização do Livro Geodiversidade Patrícia Duringer Jacques
do Estado do Paraná Washington José Ferreira Santos
Deyna Pinho Departamento de Apoio Técnico (DEPAT)
Sistema de Informação Geográfica Divisão de Editoração Geral (DIEDIG)
e Leiaute do Mapa (Projeto de editoração/diagramação)
Andrea Fregolente Lazaretti Maria José Cabral Cezar
Deyna Pinho Valter de Alvarenga Barradas
Gilberto Lima Andréia Amado Continentino
Marina das Graças Perin Agmar Alves Lopes
(Supervisão de editoração)
Apoio Banco de Dados, SIG e Andréia Amado Continentino
Desenvolvimento da Base Geodiversidade
Divisão de Geoprocessamento (DIGEOP)
Hiran Silva Dias FOTOS DA CAPA
Leonardo Brandão Araújo 1. Agricultura: Plantação de trigo sobre
Elias Bernard da Silva do Espírito Santo
relevo de colinas amplas e suaves
(Goioerê, PR). Fotografia: Andrea
Fregolente Lazaretti, 2011.
2. Potencial mineral: Extração de pedra
britada em rochas básicas extrusivas
com grande quantidade de disjunções
colunares (Santa Maria, PR).
Fotografia: Deyna Pinho, 2011.
Serviço Geológico do Brasil – CPRM 3. Atrativo geoturístico: Cataratas do
www.cprm.gov.br Iguaçu. Parque Nacional Iguaçu
seus@cprm.gov.br (Foz do Iguaçu, PR). Fotografia:
Deyna Pinho, 2011.
Dados Internacionais de Catalogação-na-Puplicação (CIP)
Serviço Geológico do Brasil – CPRM / DIDOTE - Processamento Técnico 4. Risco geológico: Inundação do rio
Negro (União da Vitória, PR).
Fotografia: Deyna Pinho, 2011.
G342 Geodiversidade do Estado do Paraná / Organização
Deyna Pinho. � Goiânia : CPRM, 2021.
1 recurso eletrônico : PDF

Programa Geologia do Brasil.


Levantamento da Geodiversidade.
ISBN 978-65-5664-100-3

1. Geodiversidade � Brasil - Paraná. 2. Meio Ambiente � Brasil - Paraná.


3. Planejamento territorial � Brasil - Paraná. 4. Geologia Ambiental �
Brasil - Paraná. I. Pinho, Deyna (org.). II. Título.
CDD 551.098162

Ficha Catalográfica elaborada pela bibliotecária Maria Gasparina de Lima – CRB-1/1245

Direitos desta edição: Serviço Geológico do Brasil – CPRM


Permitida a reprodução desta publicação desde que mencionada a fonte.
É com grande satisfação que o Serviço Geológico do Brasil ─ CPRM, no

APRESENTAÇÃO papel institucional de subsidiar o Estado na formulação de políticas públicas para o


desenvolvimento sustentável, dá continuidade à série de publicações que vem divulgando
sobre o mapeamento da geodiversidade, discorrendo desta vez sobre o Estado do Paraná.
Trata-se de um trabalho de abordagem multidisciplinar, que envolve profissionais
de diversificadas formações em geociências, oferecendo compreensão e recomendação
integradas sobre o complexo físico da paisagem, envolvendo os elementos abióticos
para o planejamento territorial ambiental de diferentes recortes do território brasileiro.
O Brasil é detentor de riquíssima geodiversidade. Com base nessa premissa, a
abordagem da temática envolve uma análise integrada entre a geologia, a geomorfologia
e a pedologia, num enfoque genuinamente geossistêmico. Informações sobre o potencial
hídrico superficial e subterrâneo também são consideradas na análise.
Tendo o homem forte ligação com o espaço físico, a sustentabilidade do
desenvolvimento nacional passa necessariamente pela harmonia entre as necessidades
humanas e as respostas do todo natural, sem comprometer a capacidade de atender as
carências das futuras gerações.
O Serviço Geológico do Brasil ─ CPRM sente-se honrado em contribuir, com o
esforço e o conhecimento dos seus pesquisadores, para a promoção de planos de ordenamento
territorial que considerem cada vez mais a geodiversidade, não só como condicionante no
planejamento e gestão de ocupação, a orientação na implementação de políticas públicas,
a prevenção de desastres naturais e o auxílio às obras de infraestrutura, mas também pela
existência de potenciais recursos do patrimônio geológico a preservar.
A expectativa é de que esta produção científica seja capaz de abrir novas
fronteiras do conhecimento, gerando valor e mais qualidade de vida para o ser humano.

ALICE SILVA DE CASTILHO


Diretora de Hidrologia e Gestão Territorial
Serviço Geológico do Brasil ─ CPRM
1. INTRODUÇÃO...................................................................................... 11

SUMÁRIO
Deyna Pinho, Pedro Augusto dos Santos Pfaltzgraff
2. ASPECTOS GERAIS DO MEIO FISICO: GEOLOGIA, RELEVO,
HIDROGEOLOGIA, SOLO, FOSSEIS E RISCOS GEOLÓGICOS......................19
Andrea Segura Franzini, Carla Cristina Magalhães de Moraes, Deyna Pinho,
Eduardo Marcel Lazzarotto, Gilberto Lima,Marcelo Eduardo Dantas, Luiz
Fernando dos Santos, Roberto Eduardo Kirchheim, Tiago Antonelli Caroline
3. METODOLOGIA, ESTRUTURAÇÃO DA BASE DE DADOS
E ORGANIZAÇÃO EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA..............81
Maria Angélica Barreto Ramos, Marcelo Eduardo Dantas, Antonio Theodorovicz,
Valter José Marques, Vitório Orlandi Filho, Maria Adelaide Mansini Maia e Pedro
Augusto dos Santos Pfaltzgraff
4. GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES
E LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO......................................95
Deyna Pinho

APÊNDICES

I - UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO


II - BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO

NOTA SOBRE OS AUTORES


1
INTRODUÇÃO
Deyna Pinho (deyna.pinho@cprm.gov.br)¹
Pedro Augusto dos Santos Pfaltzgraff (pedro.augusto@cprm.gov.br)¹

1
Serviço Geológico do Brasil – CPRM

SUMÁRIO

Geodiversidade......................................................................................................11
Aplicações .............................................................................................................12
Referências.............................................................................................................16
INTRODUÇÃO

GEODIVERSIDADE Biodiversidade é uma forma de dizer, numa só palavra,


diversidade biológica, ou seja, o conjunto dos seres vivos.
A Terra se comporta como um sistema vivo, cujos meca- É, para muitos, a parte mais visível da natureza, mas não
nismos lhe permitem acolher e sustentar uma imensidade de é, seguramente, a mais importante. Outra parte, com
seres vivos em sua superfície. Essa “vida” se expressa tanto idêntica importância, é a geodiversidade, sendo esta
pelo movimento do planeta no entorno do Sol e de seu eixo entendida como o conjunto das rochas, dos minerais
de rotação como no movimento das correntes de convecção e das suas expressões no subsolo e nas paisagens. No
abaixo da crosta terrestre. Em decorrência, registram-se meu tempo de escola, ainda se aprendia que a natureza
inúmeros processos, tais como a deriva dos continentes, os abarcava três reinos: o reino animal, o reino vegetal e o
vulcanismos e terremotos, ventos e diversos outros agentes reino mineral. A biodiversidade abrange os dois primeiros
climáticos que atuam na modelagem das paisagens. e a geodiversidade, o terceiro.
Embora seja o sustentáculo para o desenvolvimento Geodiversidade, para Brilha, Pereira e Pereira (2008,
da vida na superfície terrestre, o substrato tem recebido p. 2-3) é: “Variedade de ambientes geológicos, fenómenos
menos atenção e estudo do que os seres que se assentam e processos activos que dão origem a paisagens, rochas,
sobre ele. A corroborar tal afirmação, há o fato de que minerais, fósseis, solos e outros depósitos superficiais que
são mais antigos e conhecidos o termo e o conceito de são o suporte para a vida na Terra”.
biodiversidade do que os referentes a geodiversidade. No Brasil, os conceitos de geodiversidade se desen-
Sobre essa questão, Brilha (2005, p. 17) nos informa que: volveram praticamente de forma simultânea ao pensa-
Ao contrário do termo biodiversidade, o conceito mento internacional, entretanto, com foco direcionado
análogo relativo à diversidade geológica não tem conquis- para o planejamento territorial, embora os estudos vol-
tado o mesmo grau de reconhecimento junto à sociedade. tados para a geoconservação não sejam desconsiderados
A utilização do termo geodiversidade é relativamente recen- (SILVA et al., 2008).
te; de acordo com Gray (2004), o termo surgiu por ocasião Na opinião de Veiga (2002), “a geodiversidade expres-
da Conferência de Malvern sobre Conservação Geológica e sa as particularidades do meio físico, abrangendo rochas,
Paisagística realizada em 1993 no Reino Unido. relevo, clima, solos e águas, subterrâneas e superficiais”.
Inicialmente, o termo ‘geodiversidade’ era aplicado Já o Serviço Geológico do Brasil-CPRM define geodi-
na gestão de áreas de proteção ambiental em contraponto versidade como:
a “biodiversidade”, devido à necessidade de um vocábulo O estudo da natureza abiótica (meio físico) constituída
que englobasse os elementos não bióticos do meio natural por uma variedade de ambientes, composição, fenômenos
(SERRANO CAÑADAS; RUIZ FLAÑO, 2007). Entretanto, e processos geológicos que dão origem às paisagens,
tal expressão havia sido empregada, na década de 1940, rochas, minerais, águas, fósseis, solos, clima e outros
pelo geógrafo argentino Federico Alberto Daus, para depósitos superficiais que propiciam o desenvolvimento
diferenciar áreas da superfície terrestre, com conotação da vida na Terra, tendo como valores intrínsecos a cultu-
de Geografia Cultural (ROJAS apud SERRANO CAÑADAS; ra, o estético, o econômico, o científico, o educativo e o
RUIZ FLAÑO, 2007). turístico (CPRM, 2006).
Eberhard (apud SILVA et al., 2008, p. 12) definiu
geodiversidade como “a diversidade natural entre aspectos
geológicos, do relevo e dos solos”.
O primeiro livro dedicado exclusivamente à temática
da geodiversidade foi lançado em 2004. Trata-se da obra
de Murray Gray (professor do Departamento de Geogra-
fia da Universidade de Londres) intitulada “Geodiversity:
valuying and conserving abiotic nature”. Sua definição de
geodiversidade é bastante similar à de Eberhard.
Objetivando uma conceituação para o termo, Owen,
Price e Reid (2005) atestam (Figura 1.1):
Geodiversidade é a variação natural (diversidade) da
geologia (rochas minerais, fósseis, estruturas), geomor-
fologia (formas e processos) e solos. Essa variedade de
ambientes geológicos, fenômenos e processos faz com que
essas rochas, minerais, fósseis e solos sejam o substrato
para a vida na Terra. Isso inclui suas relações, propriedades,
interpretações e sistemas que se inter-relacionam com a
paisagem, as pessoas e culturas.
Galopim de Carvalho (2007), discorrendo sobre a Figura 1.1 - Relação de interdependência entre os meios físico,
importância da geodiversidade, afirma: biótico e a sociedade. Fonte: Adaptado de Bertrand (1972).

11
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Xavier da Silva e Carvalho Filho (apud SILVA et al., Dessa forma, obtém-se um diagnóstico do meio físico e
2008, p. 12) apresentam conceituações diferentes da de sua capacidade de suporte para subsidiar atividades
maioria dos autores nacionais e internacionais, definindo produtivas sustentáveis (Figura 1.2). Exemplos práticos da
geodiversidade a partir da “variabilidade das características importância do conhecimento da geodiversidade de uma
ambientais de uma determinada área geográfica”. região para subsidiar o aproveitamento e a gestão do meio
Embora os conceitos de geodiversidade sejam menos físico são apresentados a seguir.
conhecidos do grande público do que os de biodiversidade, Em determinada região (Figura 1.3), formada por ro-
esta é dependente daquela, conforme afirmam Silva et al. chas cristalinas e sedimentares, relevo ondulado, solos com
(2008, p. 12): espessura variável, clima subtropical, com alguns cursos de
A biodiversidade está assentada sobre a geodiversidade água perenes, mas de grande relevância ambiental, devido
e, por conseguinte, é dependente direta desta, pois à existência de mananciais, nas proximidades de grande
as rochas, quando intemperizadas, juntamente com o região metropolitana, que abastecem uma população
relevo e o clima, contribuem para a formação dos solos, estimada em mais de 3,5 milhões de habitantes, como
disponibilizando, assim, nutrientes e micronutrientes, seria possível promover o seu aproveitamento econômico?
os quais são absorvidos pelas plantas, sustentando e
desenvolvendo a vida no planeta Terra.
Em síntese, pode-se considerar que o conceito de
geodiversidade abrange a porção abiótica do geossistema
(o qual é constituído pelo tripé que envolve a análise
integrada de fatores abióticos, bióticos e antrópicos)
(Figura 1.1).

APLICAÇÕES

O conhecimento da geodiversidade nos leva a


identificar, de maneira segura, as aptidões e restrições
ao uso e à ocupação do meio físico de uma área, bem
como os impactos advindos de seu uso inadequado.
Ampliam-se, também, as possibilidades de melhor co-
nhecer os recursos minerais, os riscos geológicos, as
paisagens naturais inerentes a determinada região com- Figura 1.2 - Principais aplicações da geodiversidade.
posta por tipos específicos de rochas, relevo, solos e clima. Fonte: Silva et al. (2008), p. 182.

Figura 1.3 - Zona urbana altamente adensada de Curitiba (PR); ao fundo, a ocupação urbana sobre
diversas formas de relevo e terrenos geológicos. Fotografia: Viaje Jet, s.d.

12
INTRODUÇÃO

O conhecimento da geodiversidade dessa região a área pouco propícia ou com restrições à instalação
implicaria saber a constituição de suas rochas. Nesse de atividades agrícolas ou expansão de assentamentos
caso específico, a zona urbana mais adensada está sobre urbanos. Cuidados específicos, no entanto, devem ser
Tabuleiros da Bacia Sedimentar de Curitiba. adotados na atividade de mineração para não compro-
Em outro cenário, observa-se o relevo montanhoso meter os escassos mananciais, em parte já modificados
em rochas cristalinas, mais especificamente, granitoi- pela ocupação urbana.
des e gnaisses, com emprego na construção civil como Em outro contexto, tem-se uma área plana (planí-
acabamento de superfícies de paredes e pisos, pedra cie de inundação de um rio), cujo terreno é constituído
de talhe, brita ou saibro. O relevo ondulado e a espes- por areias e argilas, com provável presença de turfas
sura do solo, variável em função da topografia, seriam e argilas moles. Nessa situação, os espessos pacotes
outros fatores para auxiliar no desenvolvimento dessa de areia viabilizam a explotação desse material para
atividade (Figura 1.4). construção civil (Figura 1.5); as argilas moles e turfas,
A disponibilidade limitada de água, resultante do além de suscetibilidade a inundações periódicas, tornam
grande adensamento urbano, juntamente com a dis- a área inadequada à ocupação urbana ou industrial;
ponibilidade hídrica na forma de aquífero sedimentar a presença de solos mais férteis torna a área propícia
restrito à Bacia Sedimentar de Curitiba e de aquífero fis- à agricultura de ciclo curto e à criação de bubalinos
sural com ausência de fraturas interconectadas, tornaria (búfalos) (Figura 1.6).

a b

Figura 1.4 - a) Rochas cristalinas utilizadas para pedra de talhe, paralelepípedos, brita ou saibro, Muncípio de Santa Maria do Oeste, PR;
b) Quando menos fraturadas as pedras de talhe podem ser de dimensões maiores (paralelepípedos), Município de Quatro Barras, PR.
Fotos: Deyna Pinho (2011).

Figura 1.5 - Exploração de areia para construção civil em área de Figura 1.6 - Áreas alagadiças em planícies de inundação do
planície de inundação do Rio Piqueri, Município de Terra Roxa, PR. Rio Paraná, utilizadas para criação de bubalinos (búfalos),
Foto: Deyna Pinho (2011). Município de Guaíra, PR. Foto: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).

13
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Entretanto, observa-se que, justamente em várzeas Antonina, Guaratuba, Guaraqueçaba e outras localidades
e planícies de inundação, instalou-se a maior parte das no interior do estado (Figuras 1.9 e 1.10).
cidades no Brasil. Como exemplo no Paraná, tem-se União Um grave problema ambiental que se instala na faixa
da Vitória e muitas outras situadas ao longo dos rios Igua- litorânea do Paraná é a alta suscetibilidade à erosão costeira,
çu, Ivaí e Paraná, cuja população sofre, recorrentemente, normalmente associada a episódios de ressaca registrados
com as inundações, o que levou as autoridades públicas no litoral sul do Brasil, principalmente em decorrência de
a buscar um sistema de proteção contra esse tipo de ciclones extratropicais, comuns nos meses de outono e in-
evento (Figura 1.7). verno. Segundo Ângulo et al. (2006), a ocupação urbana e a
Os movimentos de massa passaram a receber mais interferência antrópica próxima às praias, em áreas sujeitas
atenção das autoridades públicas no Paraná após os even- à dinâmica das ondas, onde a movimentação marítima e
tos que ocorreram em novembro de 2010, ao longo da as correntes de maré realizam o processo de remoção e
escarpa serrana no entorno da Baía de Paranaguá (Figura reposição de areia, expõem a população e a infraestrutura
1.8), atingindo, principalmente, os municípios de Morretes, urbana a riscos decorrentes da erosão costeira (Figura 1.11).

a b

Figura 1.7 - a) Evento de inundação do Rio Iguaçu, ocorrido em Agosto de 2011, no município de União
da Vitória, PR. Foto: Deyna Pinho (2011); b) Recorrência do evento de inundação do Rio Iguaçu, ocorrido em Junho
de 2014, no município de União da Vitória, PR. Fonte: http://lionsclubeuniaodavitoria.blogspot.com.br/2014/06/
enchente-em-uniao-da-vitoria-junho-2014.html

Figura 1.8 - Deslizamentos generalizados na serra do Mar (Paranaguá, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011).

14
INTRODUÇÃO

a b

Figura 1.9 - a) Ocupação em encostas de morros altos e serras baixas sobre rochas cristalinas nos municípios paranaenses de
General Carneiro; b) Rio Branco do Sul. Fotografias: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).

a b

Figura 1.10 - Implementação de obras de infraestrutura ou rodovias em áreas de relevo desfavorável aos métodos tradicionais de
engenharia: a) deslizamento na rodovia PR-092 sobre morros altos e serras baixas (Rio Branco do Sul, PR); b) obra de contenção em
talude de corte, na rodovia BR-476, sobre domínio serrano (Adrianópolis, PR). Fotografias: Deyna Pinho (2011).

Figura 1.11 - Enrocamento para contenção de erosão costeira no município de Matinhos, PR. Foto: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).

15
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

REFERÊNCIAS OWEN, D.; PRICE, W.; REID, C. Gloucestershire


cotswolds: geodiversity audit & local geodiversity
ÂNGULO, R.J. et al. Erosão e progradação do litoral action plan. Gloucester: Gloucestershire Geoconservation
brasileiro: Paraná. In: MUEHE, D. (Ed.). Erosão e Trust, 2005.
progradação do litoral brasileiro. Brasília, DF: Ministério
do Meio Ambiente, 2006. p. 347-400. Disponível em: SERRANO CAÑADAS, E.; RUIZ FLAÑO, P. Geodiversidad:
<http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_sigercom/_ concepto, evaluación y aplicación territorial: el caso de
arquivos/pr_erosao.pdf/>. Acesso em: 7 jun. 2018. Tiermes-Caracena (Soria). Boletín de la Asociación de
Geógrafos Españoles, La Rioja, n. 45, p. 79-98, 2007.
BRILHA, J. Património geológico e geoconservação:
a conservação da natureza na sua vertente geológica. SILVA, C.R. et. al. Aplicações múltiplas do conhecimento
São Paulo: Palimage, 2005. da geodiversidade. In: SILVA, C.R. (Ed.). Geodiversidade
do Brasil: conhecer o passado, para entender o
BRILHA, J.; PEREIRA, D.; PEREIRA, P. Geodiversidade: presente e prever o futuro. Rio de Janeiro: CPRM, 2008.
valores e usos. Braga: Universidade do Minho, 2008. 264 p. p. 181-202.
CPRM. Mapa geodiversidade do Brasil. Brasília, DF:
CPRM, 2006. Legenda expandida. Escala 1:2.500.000. VEIGA, T. A geodiversidade do cerrado. 2002.
Disponível em: <http://www.pequi.org.br/geologia.
EBERHARD, R. (Ed.) Pattern & process: towards a regional html>. Acesso em: 25 jan. 2010.
approach for national estate assessment of geodiversity.
Canberra: Environment Australia and Australian Heritage VIAJE JET. Curitiba: la ciudad más grande del sur de
Commission, 1997. (Technical Series, 2). Brasil. s.d. Disponível em: <https://www.viajejet.com/
ciudades-importantes-de-brasil/curitiba-la-ciudad-mas-
GALOPIM DE CARVALHO, A.M. Natureza: grande-del-sur-de-brasil/>. Acesso em: 7 jun. 2018.
biodiversidade e geodiversidade. 11 maio 2007.
Disponível em: <http://terraquegira.blogspot. XAVIER DA SILVA, J.; CARVALHO FILHO, L.M. Índice de
com/2007/05/natureza-biodiversidade-e.html>. geodiversidade da restinga da Marambaia (RJ):
Acesso em: 25 jan. 2010. um exemplo do geoprocessamento aplicado à
geografia física. Revista de Geografia, Recife, v. 1,
p. 57-64, 2001.
GRAY, M. Geodiversity: valuing and conserving abiotic
nature. New York: John Wiley & Sons, 2004. 434 p.

LIONS INTERNATIONAL. Enchente em União


da Vitória. 11 jun. 2014. Disponível em: <http://
lionsclubeuniaodavitoria.blogspot.com.br/2014/06/
enchente-em-uniao-da-vitoria-junho-2014.html>.
Acesso em: 13 nov. 2018.

16
2
ASPECTOS GERAIS DO
MEIO FÍSICO: GEOLOGIA,
FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E
HIDROGEOLOGIA
Carla Cristina Magalhães de Moraes (carla.moraes@cprm.gov.br)¹
Eduardo Marcel Lazzarotto (eduardo.lazzarotto@cprm.gov.br) ¹
Tiago Antonelli (tiago.antonelli@cprm.gov.br)¹
Deyna Pinho (deyna.pinho@cprom.gov.br)¹
Gilberto Lima (gilberto.lima@cprm.gov.br)¹
Marcelo Eduardo Dantas (marcelo.dantas@cprm.gov.br)¹
Roberto Eduardo Kirchheim (roberto.kirchheim@cprm.gov.br)¹
Luiz Fernando dos Santos (luiz.fernando@cprm.gov.br)¹
Andréa Segura Franzini (andrea.franzini@cprm.gov.br)¹

1
Serviço Geológico do Brasil – CPRM

SUMÁRIO

Introdução.............................................................................................................19
Geologia do Paraná...............................................................................................19
Bacia do Paraná..................................................................................................20
Escudo do Paraná/Embasamento Cristalino........................................................20
Domínio Luís Alves...........................................................................................21
Domínio Curitiba.............................................................................................21
Domínio Paranaguá.........................................................................................21
Unidades Geológicas..........................................................................................21
Arqueano.........................................................................................................21
Proterozoico Inferior........................................................................................21
Proterozoico Médio........................................................................................ 22
Proterozoico Superior..................................................................................... 23
Proterozoico-Paleozoico..................................................................................24
Paleozoico........................................................................................................24
Mesozoico.......................................................................................................27
Tércio-Quaternário.......................................................................................... 28
Quaternário.................................................................................................... 28
Fósseis do Paraná.................................................................................................. 28
Fósseis do Pré-Cambriano...................................................................................29
Fósseis do Devoniano........................................................................................ 30
Fósseis do Permiano-Cretáceo............................................................................31
Fósseis do Paleógeno-Quaternário.....................................................................32
Arqueologia....................................................................................................... 34
Relevo do Paraná.................................................................................................. 34
Domínios Geomorfológicos no Estado do Paraná..............................................35
Macrocompartimentação no Relevo.................................................................. 38
Compartimento Atlântico............................................................................... 38
Compartimento Planáltico Leste..................................................................... 43
Compartimento Planáltico Central.................................................................. 48
Compartimento Planáltico Centro-Ocidental...................................................51
Solos do Paraná.................................................................................................... 58
Uso do Solo....................................................................................................... 58
Principais Solos do Paraná................................................................................. 58
Latossolos........................................................................................................59
Neossolos........................................................................................................59
Argissolos........................................................................................................59
Nitossolos....................................................................................................... 60
Cambissolos.................................................................................................... 60
Gleissolos........................................................................................................ 62
Espodossolos.................................................................................................. 62
Organossolos.................................................................................................. 62
Chernossolos.................................................................................................. 63
Riscos Geológicos no Paraná................................................................................. 63
Processos Geológicos Associados...................................................................... 64
Enchentes e Inundações................................................................................. 64
Deslizamentos, Escorregamentos, Corridas de Massa e Fluxo de Detritos........... 66
Queda, Desplacamento, Rolamento e Tombamento de Blocos....................... 66
Colapsos Cársticos ......................................................................................... 66
Erosão............................................................................................................. 69
Hidrogeologia do Paraná.......................................................................................70
Sistemas Aquíferos.............................................................................................70
Aquíferos do Estado do Paraná..........................................................................71
Aquíferos Granulares de Coberturas Sedimentares de
Menor Representatividade...............................................................................71
Aquífero Cristalino...........................................................................................71
Aquífero Carste................................................................................................72
Aquífero Paleozoico.........................................................................................72
Aquífero Guarani.............................................................................................73
Aquífero Serra Geral........................................................................................73
Aquífero Caiuá ................................................................................................74
Referências.............................................................................................................74
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA

NTRODUÇÃO Permeando o Embasamento Cristalino estão ambientes


de sedimentação fluviais e marinho-continentais, que,
O território do estado do Paraná é constituído por juntamente com as formas de relevo do embasamento,
diversas composições naturais que refletem na paisagem. exibem variadas paisagens e ambientes de grande potencial
Nesse cenário, o conhecimento da dinâmica ambiental econômico, ecológico e turístico. Merecem destaque os
é imprescindível, por meio das características compor- terrenos calcários do embasamento, não só por induzirem
tamentais de relevo, solos, rochas e minerais, águas de problemas geotécnicos únicos, como colapsos, como tam-
superfície e subterrâneas. bém por exibirem expressiva quantidade de cavernas que
Para consecução desse objetivo, procedeu-se à ca- tornam a região famosa por seu patrimônio espeleológico.
racterização do meio físico, levando-se em consideração Bacias hidrográficas e reservatórios subterrâneos com-
aspectos geológicos, paleontológicos, geomorfológicos, põem aquíferos que constituem as reservas mais impor-
pedológicos, hidrogeológicos e os processos geodinâmicos tantes à vida. Da boa administração integrada de todos os
condicionantes de riscos geológicos. componentes naturais que constituem esse rico patrimônio
O território paranaense é dividido em dois grandes em geodiversidade, é que dependemos e dependerão as
compartimentos geológicos. Estendendo-se desde o rio gerações futuras para um viver melhor.
Paraná até os limites do Embasamento Cristalino, a Bacia
do Paraná recobre a maior parte do estado. Recobrindo um GEOLOGIA DO PARANÁ
relevo suave, a terra roxa (Nitossolo Vermelho), juntamente
com o Latossolo Vermelho originado da decomposição das O estado é dividido em dois compartimentos: Escudo
rochas basálticas, é a base natural da vocação agrícola do do Paraná e Bacia do Paraná (Figura 2.1). O embasamento
Paraná na produção de grãos, desde a saga do café no final ou escudo, formado por rochas magmáticas e metamórficas
do século XIX até a soja nos dias atuais. Outra caracterís- mais antigas que 570 milhões de anos, é recoberto por
tica dessa bacia é o seu rico empilhamento de camadas rochas vulcânicas e sedimentares paleozoicas e mesozoi-
sedimentares de composições muito variadas que abrange cas que constituem a Bacia do Paraná. Essa cobertura foi
desde o Devoniano até o Cretáceo, tendo um dos mais ricos posteriormente erodida, devido ao soerguimento da crosta
conteúdos fossilíferos do mundo, possuindo, também, continental a leste, expondo o embasamento. As rochas da
grande variação de processos geodinâmicos que levam bacia e do escudo são parcialmente recobertas por sedi-
a diferentes tipos de deslizamentos, quedas de blocos e mentos recentes de idades inferiores a 1,8 milhão de anos.
suscetibilidade à erosão. Divide-se o estado do Paraná em cinco paisa-
Em área do embasamento, de complexa geologia a gens distintas:
leste do estado localiza-se a porção paranaense da serra do • Baixada Litorânea, que abrange tanto as porções
Mar, que se encontra sob influência de processos geodinâ- de abaixamento do complexo cristalino, com as
micos extremos, como movimentos gravitacionais de massa enseadas de ingressão, como as recentes regiões
e enxurradas, os quais, inclusive, são os responsáveis por es- de entulhamento marinho e terrestre, e as planícies
culpir essas antigas rochas, gerando feições de relevo ímpar. de aluvião;

Figura 2.1 - Compartimentos geológicos do estado do Paraná. Fonte: (MINEROPAR, 2001).

19
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

• Serra do Mar, com seu complicado tectonismo de • Mesozoico - Constituído por rochas sedimentares de
falhas e zonas de maiores elevações de rochas cris- origem continental, de idade triássica, e por rochas
talinas, formando uma serra marginal que se eleva ígneas extrusivas de composição predominantemen-
sobre os planos de nível do planalto do interior; te básica, de idade juro-cretácea, responsáveis pelas
• Primeiro Planalto, com rochas magmáticas e meta- feições do Terceiro Planalto paranaense; os últimos
mórficas mais antigas, recobertas parcialmente por eventos de grande expressão na coluna estratigrá-
sedimentos recentes de origem marinha e continen- fica no final do Cretáceo são os depósitos sedimen-
tal (é no Primeiro Planalto e litoral que se localizam tares de ambiente continental árido representados
as rochas mais antigas do estado, o Escudo do pelos sedimentos arenosos do noroeste do estado;
Paraná/Embasamento Cristalino); • Cenozoico - Formado por sedimentos inconsolida
• Segundo Planalto, que constitui a faixa de afloramen- dos, de origem continental e marinha, que reco-
to dos sedimentos paleozoicos da Bacia do Paraná; brem, parcialmente, as unidades retrodescritas.
• Sobrepostas a esses sedimentos, ocorrem as rochas A Bacia do Paraná é uma ampla região sedimentar
vulcânicas de idade mesozoica do Grupo Serra do continente sul-americano que inclui porções territo-
Geral, formando o Terceiro Planalto, recobertas riais do Brasil meridional, Argentina, Uruguai e Paraguai.
por sedimentos cretáceos no noroeste do estado. Tem cerca de 1.900 km segundo N-S, entre as cidades de
Sedimentos recentes ocorrem em todas as regiões, Durazno (Uruguai) e Morrinhos (Mato Grosso), e largura
principalmente nos vales dos rios, como também aproximada de 900 km entre as cidades de Aquidauana
outros tipos de depósitos inconsolidados. (Mato Grosso do Sul) e Sorocaba (São Paulo). O registro
O Escudo do Paraná, embasamento da Plataforma vulcanossedimentar tem espessura acumulada de cerca de
Sul-Americana, aflora na parte leste do estado e constitui as 7.500 m, com início da deposição no Ordoviciano e térmi-
suas porções mais antigas e elevadas. Formado por rochas no no Cretáceo, compreendendo um intervalo de 385 Ma
cristalinas, ígneas e metamórficas da Plataforma Sul-Ameri- (CPRM, 2006).
cana, é recoberto, a oeste, por cobertura vulcânica e rochas A bacia tem forma ovalada, com eixo maior N-S; seu
sedimentares da Bacia do Paraná (MINEROPAR, 2001). contorno atual é definido por limites erosivos relacionados,
em grande parte, à história geotectônica mesocenozoica,
Bacia do Paraná totalizando uma área que se aproxima de 1,5 milhão de
quilômetros quadrados (MILANI, 1997).
A Bacia do Paraná recobre a maior parte do estado. O registro estratigráfico da Bacia do Paraná compre-
Intracratônica e de origem sedimentar, sua evolução ocor- ende um pacote sedimentar-magmático com espessura
reu sobre a Plataforma Sul-Americana. Cobrindo uma área total máxima em torno de sete mil metros, coincidindo,
de aproximadamente 1,5 milhão de quilômetros quadrados, geograficamente, o depocentro estrutural da sinéclise com
sua evolução se deu por fases de subsidência e soergui- a região da calha do rio Paraná.
mento com erosão associada, no transcorrer das quais a
sedimentação se processou em sub-bacias. Sua formação Escudo do Paraná/Embasamento Cristalino
teve início no Devoniano, há cerca de 400 milhões de anos,
terminando no Cretáceo. A persistente subsidência na área Compreende um megacinturão de idade pré-cam-
de formação da bacia, embora de caráter oscilatório, possi- briana, formado pela colisão de blocos continentais e
bilitou a acumulação de grande espessura de sedimentos, microcontinentais. São rochas ígneas e metamórficas, lo-
lavas basálticas e sills de diabásio, ultrapassando cinco mil calmente recobertas por sequências vulcanossedimentares,
metros na porção mais profunda (MINEROPAR, 2001). sedimentares e sedimentos inconsolidados.
Existem muitos estudos, na escala de milhares, sobre o A sudeste do estado, afloram rochas mais antigas, de
arranjo espaço-temporal das rochas que preenchem a Bacia alto grau metamórfico; na porção norte-noroeste, as de
do Paraná, sendo tema recorrente na bibliografia geocientí- baixo grau. No Proterozoico e Cambriano, início do Pale-
fica brasileira. O relatório de White (1908) é considerado o ozoico, manifestações magmáticas originaram as rochas
pioneiro na sistematização estratigráfica dessa bacia, mas granitoides. No Mesozoico, ocorreram intrusões de rochas
há estudos mais recentes, como os de Milani (1997), que carbonatíticas, alcalinas e básicas.
tratam de sua estratigrafia de forma bastante completa. A evolução do escudo é bastante complexa, envol-
Na área da Bacia do Paraná, três conjuntos litológicos vendo muitos eventos tectônicos e magmáticos, formando
são individualizados (MINEROPAR, 2001): bacias preenchidas por rochas vulcânicas e sedimentares.
• Paleozoico - Diz respeito aos depósitos sedimenta- É importante lembrar que a compartimentação tectônica
res paleozoicos, correspondentes à grande feição do Embasamento Cristalino foi recentemente atualizada.
de sedimentação marinha e litorânea conhecida Assim, iremos nos utilizar da nomenclatura e divisão do
como Bacia do Paraná, que se estende por mais de leste paranaense conforme Harara (1996) e Mineropar
1.500.000 km2 no sul e sudeste brasileiro e se ma- (2014), que o dividem em três domínios tectônicos: Luís
nifesta geomorfologicamente no Segundo Planalto; Alves, Curitiba e Paranaguá.

20
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA

Domínio Luís Alves Serra Negra, os granitos Serra da Igreja, Marumbi, Anhan-
gava e Graciosa e os granitoides calcialcalinos do leste
O Domínio Luís Alves abrange o Complexo Serra do Paraná. Entre os seus litotipos predominam anfibólio-
Negra, as bacias vulcanossedimentares e o Complexo biotita e granitoides porfiríticos, tendo como encaixantes
Gnáissico-Migmatítico Costeiro, na região a leste do Linea- xistos aluminosos, sequências paragnáissicas com biotita-
mento Piên-Tijucas do Sul (MINEROPAR, 2014). São os re- gnaisses, micaxistos, quartzitos, com frequentes interca-
gistros mais antigos do sul do país, tendo como principais lações de anfibolitos e unidades de ortognaisses. Faixas
litotipos gnaisses granulíticos, metabásicas, metaultrabási- miloníticas também estão presentes.
cas, granulitos, charnoquitos e outras rochas de alto grau
metamórfico, bem como cataclasitos e metamórficos de Unidades Geológicas
baixo grau formados no Arqueano (2800-2600 Ma) e no
Paleoproterozoico (2000-1900 Ma), de acordo com Siga Serão caracterizadas, resumidamente, as unidades
Júnior (1995). Ocorrem intrusões de granitos e sienitos do geológicas de acordo com o Mapa Geológico do Estado
tipo A agrupados na Província Graciosa (GUALDA et al., do Paraná (escala 1:650.000), conforme atualização mais
2001; GUALDA; VLACH, 2007a, b, c). A norte e noroes- recente de Mineropar do ano de 2014.
te, esse domínio foi cavalgado pelo Domínio Curitiba.
A nordeste e leste, é limitado pelo Batólito Paranaguá, por Arqueano
falhas transcorrentes e de cavalgamento e, ao sul, adentra
o estado de Santa Catarina. Complexo Serra Negra

Domínio Curitiba Trata-se de um complexo granulítico, com presença


de rochas de natureza básica e ultrabásica e, por vezes,
Compreende o Complexo Máfico-Ultramáfico de Piên, intermediária, que ocorrem associadas a gnaisses, sob a
porção do Complexo Gnáissico-Migmatítico Costeiro e a forma de enclaves de dimensões e formas variadas, com
Suíte Granítico-Milonítica Rio Piên (também denominada litotipos de variações de gnaisses granulíticos e demais
Suíte Gnáissica Morro Alto) (MINEROPAR, 2014). É nesse rochas de alto grau metamórfico. Ocorrem, também, por-
domínio que está inserido o Complexo Atuba (2200-2100 ções de aspecto ígneo e composições enderbítica e char-
Ma), formado por ortognaisse bandado, migmatizado em noenderbítica. Nas zonas de cisalhamento, encontram-se
fácies anfibolito alto e milonitizado em condições de fácies gnaisses cataclasíticos ou miloníticos. As rochas desse
xisto-verde. Ocorrem em dois grupos principais de rochas: complexo apresentam foliações pouco aparentes, as quais
o primeiro corresponde a hornblenda-gnaisse bandado, foram divididas em dois grupos principais, de acordo com
formado por plagioclásio, quartzo, hornblenda, epidoto, as suas atitudes.
clorita e biotita; o segundo litotipo consiste de gnaisse fino,
verde-escuro, xistoso, composto por feldspato, quartzo, Proterozoico Inferior
biotita, hornblenda e clorita.
O Domínio Curitiba possui como principais litoti- Complexo Máfico-Ultramáfico de Piên
pos: gnaisses, migmatitos e granitos de anatexia e tam-
bém intrusões granitoides da serra do Mar. Na região Essas rochas estão distribuídas próximo ao contato
de Curitiba, estão presentes depósitos sedimentares dos gnaisses granulíticos pertencentes ao Domínio Luís
do Cenozoico, na bacia do alto rio Iguaçu e afluentes Alves e aos litotipos gnáissico-migmatíticos do Domínio
(Formação Guabirotuba). Rochas de grau metamórfico Curitiba. Compreendem as associações litológicas: ca-
constituem os grupos Setuva e Açungui, de origem sedi- taclasitos gnáissicos, rosados, com variações locais para
mentar ou ígnea. De idade proterozoica, entre 2,1 bilhões gnaisses graníticos e migmatitos cataclasados; rochas
e 580 milhões de anos, o Domínio Curitiba aflora nas calcissilicáticas anfibolíticas, com intercalações de már-
porções centro-sudeste e noroeste do compartimento mores e gnaisses; microgranito félsico foliado; migmatitos
(MINEROPAR, 2001). leptiníticos; serpentinitos, talco-xistos, peridotitos serpen-
tinizados e metanoritos; anfibolitos e anfibólio-gnaisses.
Domínio Paranaguá Encontram-se fortemente deformadas, apresentando
caráter brechoide/milonítico.
Os limites do Domínio Paranaguá se dão por falhas
de cavalgamento a norte e a oeste, que o colocam sobre Complexo Gnáissico-Migmatítico Costeiro
o Domínio Luís Alves, e a sul e sudoeste por zonas de cisa-
lhamento dos lineamentos Palmital, Alexandra e Garuva. Esse complexo é constituído por migmatitos estromatíti-
Engloba os complexos Granulítico Serra Negra e Gnáis- cos, augengnaisses, gnaisses graníticos, gnaisses fitados, ro-
sico-Migmatítico Costeiro, na região a leste do Lineamento chas metaultrabásicas, metabasitos, anfibolitos e quartzitos.

21
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

As associações litológicas cartografadas no Mapa Geo- sequências paragnáissicas com biotita-gnaisses, micaxistos,
lógico do Estado do Paraná (MINEROPAR, 2001) são as quartzitos, com frequentes intercalações de anfibolitos e
seguintes: Granito Cachoeira, granitos indiferenciados, unidades de ortognaisses. Faixas miloníticas espessas são
granito-gnaisses e anatexitos, incluindo biotita-anfibólio- frequentes em meio aos granitoides. O tipo mais comum é
tonalitos e biotita-anfibólio-granodioritos; migmatitos um granitoide à base de quartzo, plagioclásio, microclíneo,
oftalmíticos e embrechíticos com paleossoma de biotita- biotita e/ou hornblenda. Opacos, zircão, apatita e titanita
gnaisse, biotita-hornblenda-gnaisse e hornblenda-gnaisse, são os principais minerais acessórios. Quanto às estruturas,
com quartzitos locais, migmatitos estromáticos com pa- esses granitoides apresentam feições de fluxo magmático,
leossoma de biotita-hornblenda-gnaisse, mica-quartzo- sendo heterogeneamente deformados com os fenocristais
xistos, ultrabasitos, metabasitos e anfibolitos. de feldspato potássico na forma de augen. Datações reali-
zadas por Basei et al. (1992), Siga Júnior et al. (1995, 2001)
Suíte Gnáissica Morro Alto e Teixeira (1982), pelo método Rb-Sr em rocha total e U-Pb
em zircões, definiram idades entre 620 e 570 Ma e razões
Essa unidade corresponde ao que se denomina atual- iniciais de Sr87/Sr86 entre 0,707 e 0,708. Essas idades indicam
mente Suíte Granítico-Milonítica Rio Piên. As rochas que a o período de formação e deformação dessas rochas. Idades
compõem foram geradas entre 650-620 Ma (U-Pb, Rb-Sr, Sm-Nd, relativas ao setor ocidental do domínio, indicaram
K-Ar em anfibólio), a partir de magmatismo calcialcalino. idades entre 2,6 e 2,7 Ga, diferentemente das registradas
Apresentam, basicamente, composição granodiorítica, nos granitoides da porção oriental (Morro Inglês), de inter-
quartzomonzodioríticas e monzograníticas. Essa unidade valo entre 2,2-1,9 Ga, sugerindo épocas diferentes para a
foi afetada por uma fase deformacional que gerou proto- derivação mantélica dos precursores crustais dessas rochas.
milonitos, milonitos e ultramilonitos. Idades K-Ar em biotitas e anfibólios geraram idades de
resfriamento regional entre 560 e 480 Ma.
Formação Rio das Cobras
Proterozoico Médio
A Formação Rio das Cobras (MINEROPAR, 2014) ou
Sequência Rio da Cobras (CURY, 2009) ocorre em faixas Complexo Apiaí-Mirim
alongadas e pouco expressivas em meio ao complexo
ígneo. É constituída por metassedimentos como biotita- São granito-gnaisses e gnaisses com macrocristais de
-quartzo-xisto, muscovita-quartzo-xisto, calco-xisto, gra- feldspato potássico, gnaisses bandados e gnaisses ocelares
nada-silimanita-sericita-quartzo-xisto, quartzito, gnaisse com intercalações de xistos; gnaisses fitados dominantes
granatífero, anfibolitos e, na região de Antonina, mármores sobre xistos feldspáticos com gradação lateral a quartzitos
intensamente deformados, com dobras em padrão assimé- e anfibolitos; gnaisses ocelares interdigitados com migma-
trico e desarmônico, por vezes com flanco interrompido. titos estromáticos cataclasados, gnaisses leucocráticos e
O grau metamórfico é bem variável, indicando a presença xistos feldspáticos.
de zoneamento caracterizado por paragêneses distintas.
Na parte sul do Terreno Paranaguá, as paragêneses de grau Grupo Setuva
metamórfico variam da fácies xisto-verde, zona da biotita
(serra da Prata), enquanto nas porções central e norte Formado no Proterozoico Médio – 1800 a 1000 Ma,
ocorrem paragêneses na fácies anfibolito a granulito (Gua- tem como característica o posicionamento em núcleos de
raqueçaba). Datações U-Pb em zircão dos gnaisses de alto anticlinais ou antiformes. Esse grupo é subdividido nas
grau indicam idades entre 1,8 a 2,1 Ga; já para as bordas do formações Perau e Água Clara:
zircão, caracterizam idades entre 611 ± 39 Ma. Datações
U-Pb em monazitas indicaram um intervalo entre 599 ± Formação Perau
5 Ma, provavelmente associado ao pico metamórfico.
Sequência vulcanossedimentar metamorfizada em
Suíte Granítica Foliada grau fraco a médio e retrometamorfizada. O ambiente de
formação é marinho, desde litorâneo, passando por águas
Os limites desses terrenos com o Domínio Luís Alves rasas, e até profundas. É constituída por quartzitos, rochas
se dão por falhas de cavalgamento a norte e oeste, que calcissilicatadas, mármores, quartzo-micaxistos, xistos
colocam a suíte granítica sobre o Domínio Luís Alves e carbonosos, rochas metavulcânicas e formações ferríferas.
a sul e sudoeste por expressivas zonas de cisalhamento Nessa formação ocorrem mineralizações de chumbo-zinco
dos lineamentos Palmital, Alexandra e Garuva. Entre os com prata e barita. Tem como principal feição estrutural a
seus litotipos predominam anfibólio-biotita-granitoides xistosidade associada à deformação dúctil de baixo ângulo,
porfiríticos, tendo como encaixantes xistos aluminosos, direção nordeste e vergência sudeste.

22
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA

Formação Água Clara Formação Itaiacoca, representando o Domínio Norte, com


as formações de plataforma rasas; formações Água Clara e
É composta, principalmente, por carbonatos impuros, Votuverava, representando o Domínio Central de litofácies
com predominância de calcissilicatos e metapelitos, além de de águas de aprofundamento gradual; e Formação Capi-
metalimestones e anfibolitos calcíticos. O metamorfismo em ru e Grupo Setuva, pertencentes ao Domínio do Sul, de
fácies anfibolito inferior é mais intenso que o das unidades formações de plataforma rasas.
mencionadas anteriormente. As rochas são também mais O embasamento das rochas do Grupo Açungui é cons-
intensamente deformadas e possuem metamorfismo térmi- tituído por um conjunto de rochas gnáissico-migmatíticas,
co sobreposto. Depositada em ambiente marinho de água com intercalações variadas de metassedimentos, e núcleos
rasa até profunda, preserva estruturas estromatolíticas de charnoquíticos maiores, mais a sul (CAMPANHA, 2002).
algas fossilizadas. Destaque, também, para a ocorrência de Posteriormente aos eventos deformacionais e metamórficos
rochas metavulcânicas básicas e intermediárias, xistos man- principais, no final do Neoproterozoico e início do Paleozoico
ganesíferos, quartzo-micaxistos, metamargas, formações (CAMPANHA; SADOWSKI, 1999), diversas falhas e zonas de
ferromanganesíferas e calcários calcíticos. cisalhamento de direção geral NE-SW e de caráter essencial-
mente transcorrente afetaram toda a área do Pré-Cambriano
Complexo Turvo-Cajati dos estados de São Paulo e Paraná. Essas falhas, que podem
apresentar rejeitos quilométricos, tornaram tectônicos
Essa unidade está mapeada junto à divisa do estado muitos dos contatos originais, dificultando ainda mais as
de São Paulo, entre os rios Capivari e Uberaba, com estreito reconstituições paleogeográficas (CAMPANHA; BISTRICHI;
prolongamento ao longo do vale do rio Pardinho, até o ALMEIDA, 1987) e, possivelmente, geraram uma série de
Lineamento Lancinha, onde pequenas lentes afloram a NE da terrenos distintos (CAMPANHA; SADOWSKI, 1999).
represa do Capivari. Os granada-silimanita-biotita-quartzo- Formado no Proterozoico Superior (1000 a 570 Ma),
xistos e muscovita-biotita-quartzo-xistos representam a o Grupo Açungui é constituído pelas formações Capiru e
fácies metapsamítica da sequência no estado. São rochas Votuverava; Sequência Antinha, da Bacia Açungui, e Forma-
altamente deformadas e xistosas, de cor cinza-esverdeado ção Itaiacoca e Sequência Abapã, da Bacia Itaiacoca. Como
e granulação fina, ricas em quartzo, ao qual se entremeiam os conjuntos se situam dentro de fatias tectônicas removidas
palhetas submilimétricas de minerais micáceos. Granada e de suas posições iniciais e reempilhadas de forma aleatória,
silimanita aparecem dispersas, mas abundantes. Titanita, a atual estratigrafia do Grupo Açungui não é original, mas o
apatita e epidoto opacos são os acessórios mais comuns. resultado da justaposição de escamas tectônicas altamente
A eles se intercalam mármores dolomíticos, xistos e gnaisses heterogêneas e descontínuas.
calcissilicáticos. Os mármores são grosseiros e esbranquiça- A Bacia Açungui é do tipo retroarco, situada entre um
dos ou róseos, raramente cinzentos. Formam grandes encla- arco magmático posicionado originalmente a oeste ou no-
ves lenticulares nos xistos e gnaisses, com o acamadamento roeste, representado atualmente pelo Maciço Granítico Três
reliquiar preservado concordantemente com as encaixantes. Córregos, e uma área continental a sudeste, representada
Além de dolomita, podem conter flogopita, quartzo, pirita, pelo Embasamento Cristalino.
diopsídio, tremolita, escapolita, clorita, titanita e leucoxênio. Seu fechamento se deu por compressão noroeste-sudes-
te durante o Proterozoico Superior, que foi responsável pela
Proterozoico Superior tectônica de cavalgamento, com transporte de massa para
sul-sudeste, e, mais tarde, pelas dobras do Sistema de Dobra-
Grupo Açungui mento Açungui e pela tectônica transcorrente lateral direita.
O metamorfismo que atingiu o Grupo Açungui ocor-
É importante ressaltar que, apesar do Serviço Geológico reu durante o primeiro evento de deformação. Os granitos
do Brasil-CPRM adotar a elevação do Grupo Açungui à cate- intrudidos parecem ser contemporâneos à movimentação
goria de supergrupo, devido, principalmente, às definições das falhas transcorrentes, com idades em torno de 500 Ma.
de Campanha (1991) e Campanha e Sadowski (1999), esta
ainda não foi oficialmente homologada pela Comissão Brasi- Formação Votuverava
leira de Estratigrafia (CBE). Assim, para o contexto do estado
do Paraná, o Grupo Açungui é composto pelas formações Composta por filitos, calcários, mármores, metamar-
Itaiacoca, Votuverava (Supergrupo Lajeado e Subgrupo gas, metaconglomerados, quartzitos e xistos. Merecem
Ribeira) e Capiru, além das sequências Abatã e Antinha. atenção as unidades quartzíticas e xistosas da Formação
As rochas do Grupo Açungui são intrudidas por grande Perau e, também, os extensos pacotes de calcários cal-
número de corpos granitoides de características variadas. cíticos, com teores de MgO muito baixos, bem como a
O Grupo Açungui engloba rochas metamórficas série de pequenos stocks graníticos, alinhados no rumo
de baixo a médio grau. É subdividido em várias faixas NE-SW, desde Campo Largo até Adrianópolis. É limitada,
longitudinais orientadas para NE, dispostas lateralmen- ao sul, pela Falha da Lancinha e, ao norte, pelas zonas de
te, nomeadas em sequência, de noroeste para sudeste: cisalhamento Figueira e Ribeira.

23
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Formação Capiru assumindo, localmente, aspecto de ectinitos e granitos.


A sua mineralogia é constituída, dominantemente, por
Litologicamente semelhante à Formação Itaiacoca, a quartzo, plagioclásio (albita a andesina), microclíneo,
Formação Capiru é constituída por mármores dolomíticos biotita, hornblenda, granada, muscovita e clinopiroxênio.
intercalados a filitos e quartzitos, acompanhados por es- Essa paragênese mineralógica indica metamorfismo de
pessos pacotes de metassiltitos, metargilitos e metarenitos. fácies anfibolito.
Segundo Marini (1970), o seu pacote metassedimentar de
origem marinha atinge 2.000 m de espessura. Porém, o Suíte granítica e cornubianítica brasiliana
reconhecimento atual de sua estruturação em escamas
tectônicas põe em dúvida esse tipo de estimativa. O seu Essa suíte tem inúmeros corpos graníticos mapeados
contato inferior, interpretado como sendo discordante em escala 1:650.000 (MINEROPAR, 2014), dentre os quais
por Bigarella e Salamuni (1959), é atualmente reconhecido constam os granitos porfiríticos, Três Córregos, Cunha-
como sendo de origem tectônica, isto é, de deslizamento poranga, alaskitos, subalcalinos e alcalinos, Agudos do
de nappes sobre o Grupo Setuva. Sul, Morro Redondo, Serra da Igreja, Serra da Graciosa,
Anhangava e Marumbi.
Sequência Abapã
Formação Camarinha
Essa unidade foi definida por Trein et al. (1985) como
uma sequência vulcanossedimentar até então pertencente É constituída por siltitos, conglomerados polimíti-
à Formação Itaiacoca, mas com características litológicas cos, arcóseos e argilitos, com passagens rítmicas entre si.
e genéticas que justificam a sua separação. Esses autores Ocorre a noroeste de Campo Largo, junto à Falha da Lan-
atribuem à sequência caráter calcialcalino, de tendência cinha e à Bacia do Paraná. Suas rochas exibem contatos
shoshonítica, originada a partir de magmatismo pericon- normais e tectônicos com o Grupo Açungui. O contato
tinental, associado a uma zona de subducção. Trata-se com a Formação Furnas sobrejacente é bem definido, com
de uma sucessão de rochas vulcânicas e sedimentares inconformidade angular separando as duas formações.
clásticas que afloram na região de Abapã, situada, no Apesar de não exibir metamorfismo e recristalização,
Mapa Geológico do Estado do Paraná (MINEROPAR, 2001), mostra-se dobrada em estruturas dos tipos anticlinal e
estratigraficamente abaixo da Formação Itaiacoca. sinclinal com eixos mergulhantes para nordeste.

Formação Itaiacoca Paleozoico

Essa formação é composta, genericamente, por me- Formação Guaratubinha


tassiltitos, metarritmitos, mármores dolomíticos, dolomi-
tos e metarenitos. Os mármores dolomíticos e dolomitos Conjunto de rochas sedimentares e vulcânicas em
apresentam-se localmente metamorfizados, com desenvol- discordância angular sobre migmatitos e granitos do Com-
vimento de talco, montmorilonita e complexa paragênese plexo Cristalino, com intensos falhamentos. Conglomera-
de minerais argilosos. A alteração hidrotermal ao longo dos, arcóseos, siltitos, argilitos, brechas vulcânicas, tufos,
dos contatos com o Granito Três Córregos evidencia seu lavas riolíticas e andesíticas, cujas relações estratigráficas
caráter intrusivo. As relações de contato com o Granito não estão claramente definidas. Cortada por diques de
Cunhaporanga permanecem mal definidas. microgranitos, riolitos pórfiros e felsitos.

Sequência Antinha Grupo Castro

Essa sequência constitui-se de metarritmitos, me- Constituído por andesitos intercalados com riolitos,
tarenitos, metacalcários e raros metaconglomerados de ignimbritos, tufos e brechas piroclásticas, forma uma
cores acinzentadas. Esse conjunto litológico tem a sua associação ácida e intermediária, com ocorrências subor-
estratigrafia interna preservada, mas se assenta sobre dinadas de conglomerados de leques aluviais. Contempo-
a Formação Votuverava por uma zona de deslizamento râneos ou posteriores a essa associação ocorrem arenitos
tectônico denominada Falha do Brejal. acorseanos, siltitos e lamitos de fácies de planície de
inundação e lagos com contribuição vulcânica na forma
Proterozoico-paleozoico de cinzas e bombas. É recoberto, a oeste, pela Formação
Furnas; a leste, por falhamento oblíquo, justapõe-se a
Migmatitos e granitos de anatexia brasilianos unidades proterozoicas (Complexo Granítico Cunhapo-
ranga) e cambrianas (granitos Serra do Carambeí e Joa-
São gnaisses fitados ou nebulíticos, de granula- quim Murtinho). Formado no Ordoviciano, não apresenta
ção média a grossa e xistosidade mal desenvolvida, metamorfismo ou deformação compressional expressiva.

24
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA

Posteriormente, ocorreu outra fase de vulcanismo, mais Formação Campo do Tenente


ácido, constituída por riolitos, quartzo-latitos, ignimbritos,
tufos e brechas piroclásticas, seguida por deposição de As rochas dessa formação são argilitos, ritmitos e dia-
conglomerados polimíticos de leques aluviais. Contém mi- mictitos castanho-avermelhados e moderadamente físseis,
neralizações de ouro associadas a domos riolíticos e falhas. com camadas de arenitos finos a médios na base, amarela-
dos e mal selecionados. Os arenitos apresentam estratifica-
Grupo Paraná ção plano-paralela e cruzada de canal, com estrias glaciais.
Dentro dos diamictitos, níveis de conglomerados também
O Grupo Paraná foi proposto por Moraes Rego (1930), mostram localmente estrias glaciais. À semelhança das uni-
originalmente, como série, para englobar as formações dades anteriores, esta também tem espessura de até 200 m
Furnas e Ponta Grossa, que constituem a primeira sequência na faixa de afloramento. Essa formação repousa em discor-
de sedimentação da Bacia do Paraná. dância erosiva sobre a sequência sedimentar do Grupo Pa-
raná e as metamórficas do Embasamento Cristalino. A sua
Formação Furnas origem glacial permite interpretar os diamictitos como
tilitos e as demais litologias como registros de depósitos
Definida por Oliveira (1912), essa unidade compõe-se fluvioglaciais. A idade é atribuída ao Carbonífero Superior.
de arenitos quartzosos, esbranquiçados a arroxeados,
médios a grosseiros, localmente conglomeráticos, finos Formação Mafra
ou argilosos. Os níveis de conglomerado quartzoso são
mais frequentes, mas não exclusivos, na base da forma- A unidade média do Grupo Itararé repousa sobre
ção. Estratificação cruzada de canal atesta a sua origem a Formação Campo do Tenente em contato ainda mal
fluvial, enquanto a composição litológica indica ambiente esclarecido. Ela é composta por arenitos esbranquiçados
litorâneo a continental. A sua espessura atinge 200 m na a avermelhados, desde finos e laminados até grosseiros
faixa aflorante. A Formação Furnas assenta-se em discor- com estratificação cruzada e acanalada. Localmente, a
dância erosiva e angular sobre as rochas do Embasamento sequência contém diamictitos, conglomerados, ritmitos,
Cristalino, como se observa em taludes da Rodovia BR-277, argilitos e varvitos. Alguns intervalos recebem denomina-
no trecho que intercepta a serra do Purunã. ções informais, tais como Arenito Lapa, Arenito Vila Velha
e Camadas de Mafra. Essa formação aflora no Paraná com
Formação Ponta Grossa espessura de até 350 m. As suas características litológicas
indicam origem marinha e fluvial, em ambiente de clima
Constitui-se de folhelhos, folhelhos sílticos e siltitos glacial. Braquiópodos, pelecípodos, palinomorfos, restos de
micáceos, de cores cinza-escuro a negro, localmente car- peixes e plantas permitem tal interpretação com facilidade.
bonosos e fossilíferos. A eles se intercalam arenitos claros, Esse conteúdo fossilífero indica idade do Permiano Inferior.
finos a muito finos, argilosos, também micáceos e fossilífe-
ros, em bancos de até 5 m de espessura. As suas cores de Formação Rio do Sul
alteração variam de amarelo a castanho. Próximo a Ponta
Grossa, níveis de conglomerados quartzosos intercalam-se Constitui-se, dominantemente, por folhelhos e varvitos
a folhelhos e siltitos. A laminação é plano-paralela, local- cinza-escuro, com intercalações de ritmitos, arenitos e dia-
mente acanalada ou cruzada, rica em marcas onduladas e mictitos nas seções superiores. A laminação dos argilitos é
bioturbação. O seu conteúdo fossilífero, rico em crinoideos, plano-paralela, com feições de ritmito e estruturas cone-in-
ostracodos e briozoários, não deixa dúvidas quanto à ori- cone. As camadas síltico-arenosas mostram marcas de
gem marinha, enquanto as estruturas de deposição indicam base, acamadamento gradacional, laminação paralela,
ambiente infranerítico. Na faixa aflorante do Paraná, a convoluta e cruzada, marcas de ondas e estruturas de
espessura da Formação Ponta Grossa é de aproximadamente escorregamento. Nos arenitos e diamictitos, a estratifica-
200 m. Os seus contatos com as unidades sobrejacentes ção é mais irregular e perturbada por escorregamentos,
são marcados por discordâncias erosivas. marcas de ondas e laminação flaser. Esse conjunto de
feições indica ambiente deposicional essencialmente ma-
Grupo Itararé rinho, com influência de geleiras e correntes de turbidez.
Com 350 m de espessura aflorante, a Formação Rio do
Definido como formação por Oliveira (1916), o Grupo Sul repousa concordantemente sobre a anterior. O seu
Itararé engloba a sequência permocarbonífera que repre- conteúdo fossilífero não é tão rico quanto o da formação
senta a fase de sedimentação glacial da Bacia do Paraná. anterior, sendo abundantes apenas os palinomorfos, que
A sua reclassificação à categoria de grupo foi feita por situam a formação no Permiano Médio. Destaque para a
Gordon Jr. (1947) e Maack (1947). No Mapa Geológico do ocorrência de um espesso pacote de arenitos esbranqui-
Estado do Paraná (MINEROPAR, 2014), o Grupo Itararé é çados, finos a grosseiros, argilosos e micáceos, aos quais
subdividido nas formações Campo do Tenente, Mafra e se intercalam, nas seções basais, conglomerados, arenitos
Rio do Sul. muito finos, siltitos, argilitos, folhelhos carbonosos e carvão.

25
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Sobre esse pacote repousam siltitos e folhelhos cinza a Essas características indicam ambiente deposicional mari-
esverdeados, com níveis de calcário argiloso (margoso), nho de águas calmas e abaixo do nível de ação de ondas.
geralmente silicificados em superfície. Arenitos muito Os seus fósseis são peixes, pelecípodos e conchostráceos,
finos e fossilíferos intercalam-se localmente. As cama- além dos palinomorfos encontrados em todas as forma-
das superiores da formação constituem-se de arenitos ções paleozoicas da Bacia do Paraná, que situam essa
finos a muito finos, cinza-escuro, intercalados a siltitos e sequência no Permiano Superior.
folhelhos carbonosos, dentro dos quais se desenvolvem
leitos de carvão. Formação Teresina

Grupo Guatá É composta pela intercalação de argilitos e folhelhos


cinza-escuro com siltitos e arenitos muito finos, cinza-
Formação Palermo claro. No terço superior, intercalam-se calcários oolíti-
cos, estromatolíticos e silicificados, e leitos de coquina.
Formada por siltitos e siltitos arenosos, cinzentos a A laminação flaser é típica da formação, acompanhada
esverdeados, intensamente bioturbados e com estratifi- de laminação ondeada, microlaminação cruzada, fen-
cação cruzada de pequeno porte. Trata-se de um pacote das de ressecamento e diques de arenito. Essas feições
litológico muito homogêneo, em cuja base aparecem indicam ambiente de deposição marinho raso, sob in-
arenitos muito finos na área de Ponta Grossa. As suas ca- fluência de marés. Com aproximadamente 300 m de
racterísticas sedimentares acusam ambiente de deposição espessura na faixa paranaense de afloramento, essa
marinho de plataforma rasa, abaixo da zona de influên- unidade mostra contato gradacional com a Formação
cia das ondas, mas localmente sob a ação de correntes. Serra Alta. O seu conteúdo fossilífero, também de idade
Com até 90 m de espessura, ela repousa concordantemente neopermiana, é formado por lamelibrânquios, restos de
sobre a unidade anterior. plantas e palinomorfos.

Grupo Passa Dois Formação Rio do Rasto

Definido por White (1908), o Grupo Passa Dois abran- O Paleozoico da Bacia do Paraná é encerrado por
ge, no Mapa Geológico do Estado do Paraná (MINEROPAR, essa sequência de siltitos e arenitos finos, esverdeados e
2014), as formações Irati, Serra Alta, Teresina, Rio do arroxeados, capeados por argilitos e siltitos avermelhados,
Rasto e Piramboia. com lentes de arenitos finos. A sua origem é tipicamente
de planície costeira, progradacional sobre os sedimentos
Formação Irati marinhos da Formação Teresina, e continental fluvial
nas seções superiores. Trata-se de um pacote de até
A formação de base do Grupo Passa Dois é cons- 400 m de espessura, subdividido nos membros Serrinha
tituída por argilitos e folhelhos intercalados, de cores e Morro Pelado. Essa formação apresenta rico conteú-
cinza-escuro a negro, pirobetuminosos e associados a do fossilífero.
níveis de calcários margosos, bastante silicificados em
superfície. A laminação dos folhelhos é plano-paralela Formação Piramboia
e rítmica nas seções em que se intercalam folhelhos e
calcários. Os leitos carbonatados mostram marcas de Consiste de arenitos de colorações esbranquiçada e
ondas, laminação cruzada e convoluta, oólitos e brechas avermelhada, finos a médios, síltico-argilosos, com estra-
intraformacionais. Não ultrapassando 40 m de espessura tificação cruzada planar e acanalada. Aos arenitos inter-
aflorante, essa formação tem a sua origem continental lito- calam-se finas camadas de argilitos e siltitos, bem como
rânea registrada no rico conteúdo fossilífero (Mesosaurus leitos de arenitos conglomeráticos com seixos de argilito.
brasiliensis, Stereosternum tumidum, crustáceos, troncos Um conglomerado basal com seixos de sílex ocorre com
silicificados, peixes, insetos e palinomorfos) e nas feições espessura de 1 a 2 m, enquanto a espessura da formação
sedimentares. Esses fósseis permitem datar a formação é de aproximadamente 300 m no estado do Paraná. O seu
como do Permiano Superior. contato com a Formação Rio do Rasto é discordante. As
estruturas sedimentares e o conteúdo fossilífero, à base
Formação Serra Alta de conchostráceos, ostracodos e vegetais continentais,
indicam origem fluvial e areias litorâneas em forma de
Compõe-se de um pacote de até 90 m formado por argili- dunas. O conteúdo fossilífero e as relações estratigráficas
tos, folhelhos e siltitos cinza-escuro a negros, contendo lentes com a Formação Botucatu indicam idade triássica para essa
e concreções calcíferas, com estratificação plano-paralela. unidade do Grupo Passa Dois.

26
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA

Mesozoico • Características mineralógicas, geoquímicas e gené-


ticas da alteração hidrotermal que afeta de forma
Formação Botucatu generalizada os basaltos das fácies Cordilheira Alta,
Capanema e Campo Erê.
A Formação Botucatu constitui-se de arenitos averme- • Significado metalogenético das ocorrências de
lhados, finos a médios, quartzosos, friáveis e normalmente sulfetos da região de Salto do Lontra.
bimodais. Localmente e geralmente em suas porções basais, • Influência da tectônica sobre a estratigrafia interna
a formação apresenta leitos de arenitos argilosos mal sele- da Formação Serra Geral, que permanece de difícil
cionados. No Paraná, a base do Arenito Botucatu assume reconhecimento, seja pela escassez de níveis-guia,
caráter conglomerático em bancos de até 5 m de espessura. seja pela natureza progressiva e regionalmente
A espessura total da unidade não ultrapassa 100 m em toda acumulada de pequenos rejeitos locais.
a bacia. Embora o seu contato com a Formação Piramboia • Comportamento hidrogeológico das diferentes
seja concordante, as suas relações estratigráficas com as associações faciológicas, em função dos estilos de
demais unidades inferiores são discordantes e erosivas. disjunção e fraturamento, dos volumes de rochas
As suas características sedimentares apontam deposição sedimentares e peperíticas intercaladas e das va-
em ambiente eólico e desértico, com ambientes fluviais riações regionais do padrão tectônico.
localizados. Sem conteúdo fossilífero, essa formação tem a
sua idade determinada a partir das relações estratigráficas, Intrusivas alcalinas
estendendo-se nos períodos Jurássico e Cretáceo.
As atividades tectonomagmáticas que ocorreram duran-
Formação Serra Geral te o Mesozoico afetaram os demais compartimentos com a
reativação do Arco de Ponta Grossa, representado por denso
É um extenso derrame de rochas ígneas, predomi- enxame de diques de diabásio, diorito, diorito pórfiro e quart-
nando basaltos de idade juro-cretácica. CPRM (2006) zodiorito. A relação entre o arqueamento e o aparecimento
subdividiu a Formação Serra Geral em cinco fácies, em de fraturas crustais paralelas preenchidas por diques básicos
função de suas características vulcanoestruturais (estilos demonstra que as mesmas condições poderiam ter propiciado
de disjunção e entablatura, brechação e feições de fluxo a colocação dos corpos intrusivos alcalinos no escudo. Na Fo-
inflado), vesiculação, preenchimento de cavidades, com- lha Cerro Azul, é visível o alinhamento noroeste das intrusivas
posição litológica, produtos de alteração intempérica e alcalinas, paralelamente ao Arco de Ponta Grossa. A Provín-
associação com sedimentos interderrames. O levantamento cia Alcalina de Cerro Azul compreende dezenas de corpos,
regional possibilitou cartografar a ocorrência de níveis de destacando-se os maciços de Tunas (sienitos, nordmarkitos e
brechas peperíticas em abundância e extensão até então pulaskitos), Banhadão (sienitos nefelínicos e fonolitos), Mato
inéditas nessa formação. A cartografia dos diferentes Preto (fonolitos e tinguaítos), Itapirapuã (sienitos nefelínicos,
estilos de disjunção dos derrames, a presença de níveis no estado de São Paulo), Barra do Itapirapuã (carbonatitos)
sedimentares e de peperitos e a tectônica regional serão e Sete Barras (fonolitos).
de utilidade fundamental nos estudos hidrogeológicos que
venham a ser realizados na região. Por outro lado, o avan- Grupo Bauru
ço no conhecimento da geologia regional levantou vários
problemas estratigráficos, vulcanológicos e metalogenéti- Do Grupo Bauru, estão representadas no Mapa Geoló-
cos que demandarão estudos de detalhe, com destaque gico do Estado do Paraná (MINEROPAR, 2014) as formações
para os seguintes: Caiuá, Santo Anastácio e Adamantina.
• Controles litológicos, estratigráficos e estruturais,
processos de formação e importância metaloge- Formação Caiuá
nética das frequentes ocorrências de pegmatoides
gabroicos na região. É representada pela cobertura sedimentar do vul-
• Origem e processos de formação da entablatura canismo basáltico, formada por arenitos friáveis, finos a
em leque que caracteriza a Fácies Laranjeiras e da médios, às vezes grosseiros, avermelhados e arroxeados,
entablatura curvilínea da Fácies Campo Erê. com abundante estratificação plano-paralela e cruzada,
• Natureza do derrame ou soleira da Fácies Campos de grandes sets planares. Menos frequentemente, os
Novos, que apresenta feições indicativas de ambas bancos areníticos de 1 a 5 m são internamente maciços.
as formas de ocorrência, respectivamente a norte Localmente, intercalam-se leitos de argila. Na base, ocorre
e a sul do rio Iguaçu. conglomerado polimítico com espessura de até 5 m, for-
• Extensão, continuidade lateral, volume, origem e mado por seixos de arenito, calcedônia, coquina silicificada,
ambiente de formação das brechas peperíticas, ágata e basalto, em matriz arenoargilosa. A sua espessura
particularmente na região de Salgado Filho. máxima é de 250 m.

27
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Formação Santo Anastácio Posteriormente, iniciou-se a deposição em ambiente se-


miárido, com formação de argilitos, arcóseos, depósitos
A sua idade é do Cretáceo Inferior, com origem fluvial rudáceos e margas.
meandrante a anastomosado, possivelmente por retraba-
lhamento do Arenito Caiuá. Essa formação é constituída Quaternário
por arenitos finos a médios, de cores claramente averme-
lhadas, causadas pelo recobrimento de óxido de ferro nos Sedimentos recentes
grãos de areia. Em alguns locais se encontram arenitos
subacorseanos. As camadas maciças ou com estratificação Sua formação teve início no Quaternário e segue
plano-paralela são predominantes. Observam-se lentes ocorrendo devido ao avanço do intemperismo e à erosão
de arenitos argilosos e lamitos e, nestas, são encontrados de sedimentos e rochas. Sobre as rochas da Bacia do Pa-
“tubos de vermes” e feições de bioturbação. A Formação raná e do Escudo do Paraná, recobrindo, parcialmente,
Santo Anastácio atinge cerca de 100 m de espessura em estão esses sedimentos recentes, com idades inferiores a
Centenário do Sul, mas possui espessura bastante variável 1,8 Ma. São produtos de erosão e intemperismo, tendo
em todo o estado. O contato inferior é erosivo sobre a como processo formador o hidráulico-deposicional, flu-
Formação Serra Geral e, aparentemente, transicional sobre vial no interior do continente, condicionado às calhas de
o Arenito Caiuá. drenagem dos rios e planícies de inundação, e marinho
e deltaico na faixa litorânea. Depósitos de terraços alu-
Formação Adamantina vionares mais antigos constituem os paleoterraços, que
estão em posição topográfica superior à das aluviões
Com espessura máxima de 200 m, essa formação mais recentes. Os depósitos coluviais ocorrem local-
mostra contato aparentemente transicional com a For- mente em encostas e são provenientes de movimentos
mação Santo Anastácio, podendo, localmente, recobrir de massa.
derrames do Basalto Serra Geral em contatos erosivos. São
arenitos muito finos e mal selecionados, com estratificação
plano-paralela mal desenvolvida, bastante ricos em fração
FÓSSEIS DO PARANÁ
argilosa, onde é possível encontrar “tubos de vermes”.
Em direção ao topo da formação, os arenitos tornam-se Os fósseis são objetos de estudo da Paleontologia,
mais bem selecionados e estratificados, inclusive com ca- ciência que se ocupa em estudar a vida na Terra desde
madas cruzadas acanaladas e de pequeno porte. Pelotas de seus primeiros registros. Fósseis são vestígios ou restos
argilas, estruturas de corte e preenchimento, dobras con- de animais, plantas e outros seres vivos preservados em
volutas e conglomerados intraformacionais caracterizam rochas como moldes do corpo ou de parte deste, rastros
ambiente de planície de inundação. Essa unidade fecha a e pegadas. A fossilização é um evento raro de ocorrer,
sequência sedimentar cretácea no estado do Paraná, com pois a matéria orgânica dos seres vivos, em geral, tende
bancos de arenitos, arenitos lamíticos e lamitos arenosos. a ser rapidamente decomposta. A grande maioria dos
Essa formação é rica em fósseis, porém sem idades confir- registros fossilíferos identificados no mundo está inserida
madas. É-lhe atribuída idade cretácea superior, com origem em rochas sedimentares, subordinadamente, em ro-
em ambiente fluvial do tipo meandrante. chas metassedimentares.
Com o desenvolvimento da sociedade e a crescente
Tércio-quaternário urbanização, grande obras de infraestrutura (estradas,
túneis, metrô etc.) e atividade minerária estão sendo exe-
Formação Alexandra cutadas, não só no estado do Paraná como também em
todo o Brasil. Com o aumento das obras, por consequência
Ocorre na região de Alexandra, município de Para- das escavações subterrâneas, novos registros fossilíferos
naguá, sendo constituída por depósitos de caráter conti- estão sendo descobertos constantemente. Se, por um
nental originados do intemperismo das rochas cristalinas lado, essas novas descobertas são oportunidades para
da serra do Mar. Sua base é arenosa ou rudácea, com ampliação do conhecimento para os paleontólogos, por
arcóseos, areia grossa, média e fina, seixos e cascalhos. outro há a preocupação de se preservar esses registros
para que estes não sejam perdidos ou destruídos, causando
Formação Guabirotuba prejuízo científico/cultural. O Decreto-Lei n° 4.146, de 4
de março de 1942, dispõe sobre a proteção de depósitos
Ocorre nas regiões de Curitiba e Tijucas do Sul. Sua de- fossilíferos, estabelecendo que eles são considerados bens
posição se deu após sucessivas fases erosivas que desen- públicos pertencentes à Nação, e que cabe ao ex-DNPM
volveram a superfície do alto Iguaçu, seguida por uma (atual Agência Nacional de Mineração – ANM) a gestão
fase erosiva de clima úmido que dissecou essa superfície. desses bens.

28
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA

No Paraná, a antiga Mineropar, atual Instituto de Ter- sedimentares do tipo sinéclise (ambientes deposicionais
ras, Cartografia e Geologia do Paraná (ITCG), tem colocado continental, marinho, desértico, glacial e vulcânico);
o geoturismo como programa importante de pesquisa e DSMC – Coberturas sedimentares mesozoicas (cretáceas),
isso influencia diretamente a preservação de geossítios pouco a moderadamente consolidadas.
vulneráveis, como determinados afloramentos fossilíferos,
em que até a coleta de forma equivocada do material para Fósseis do Pré-Cambriano
pesquisa poderia prejudicar esses geossítios de forma irre-
mediável (MANSUR et al., 2013). Nas rochas calcárias aflorantes na Região Metropo-
A diversidade de fósseis encontrados no Paraná é bas- litana de Curitiba, ocorrem fósseis de grandes colônias
tante grande (Figura 2.2) e vai desde estromatólitos, que de antigos micro-organismos (cianobactérias). Essas es-
ocorrem desde o Pré-Cambriano (1 bilhão de anos), até truturas são denominadas estromatólitos e se formaram
fósseis mais recentes. Na maioria dos casos, os fósseis são por meio do acúmulo de finas camadas de carbonato de
do Devoniano, alguns do Permiano e, em menor quantidade, cálcio depositadas pelas cianobactérias. São os fósseis
do Quaternário. Os principais geossítios paleontológicos mais antigos encontrados no estado do Paraná, com idade
e demais áreas de interesse estão concentrados em três aproximada de 1 bilhão de anos (Figura 2.3), na Formação
principais domínios geológicos ambientais: DCMR – Sedi- Capiru, na unidade geológico-ambiental DSVP2csa.
mentos cenozoicos e mesozoicos pouco a moderadamente Na região de Campo Largo, ocorrem rochas da Forma-
associados a pequenas bacias continentais do tipo rift; ção Camarinha, unidade geológico-ambiental DSPMcgas,
DSVMP – Coberturas sedimentares e vulcanossedimen- com estruturas interpretadas como corpos de organismos
tares mesozoicas e paleozoicas pouco a moderadamente (Beltanelliformis) de afinidade incerta, relacionados à Biota
consolidadas, associadas a grandes e profundas bacias de Ediacara, com idade aproximada de 541 Ma (Figura 2.4).

Figura 2.2 - Principais sítios de interesse paleontológico e arqueológico do Paraná, em suas respectivas unidades geológicas fossilíferas
e unidades geológico-ambientais. Fonte: Modificado de Mineropar (2001).

29
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

a b

5 cm 5 cm

Figura 2.3 - Estromatólitos da formação Capiru (DSVP2csa): a) em seção longitudinal; b) em seção transversal (Colombo, PR).
Fonte: (SEDOR, 2014, p.6). Fotografia: LAMIR, s.d.

1 cm

Figura 2.4 - Fósseis (Beltanelliformis) da formação Camarinha Figura 2.5 - Valvas de braquiópodes procedentes da formação
(DSPMcgas) (Campo Largo, PR). Fonte: (SEDOR, 2014, p. 7). Ponta Grossa (região de Ponta Grossa, PR). Fonte: (SEDOR, 2014,
Fotografia: Rafael Costa da Silva, s.d. p. 8). Fotografia: Fernando A. Sedor, s.d.

Fósseis do Devoniano

As regiões de Ponta Grossa, Tibagi e Jaguariaíva são


exemplos de localidades com significativa ocorrência fóssil
devoniana, em especial de organismos marinhos como
invertebrados marinhos, algas e plantas. Nesses locais,
destaque para as formações Ponta Grossa e São Domin-
gos (DSVMPsaa), por conterem registro importante no
estudo da paleoflora, devido a representarem os primeiros
estágios na evolução das plantas vasculares terrestres
(MARCONDES; BOSETTI; IANNUZZI, 2012).
Nessas regiões, a Formação Ponta Grossa é aflorante e
possui expressiva quantidade de fósseis. A gênese dos siltitos
e folhelhos dessa formação ocorreu de forma a que grande
diversidade de fósseis de invertebrados, como trilobitas, 1 cm
gastrópodes, bivalves, microfósseis e icnofósseis fossem
preservados (Figuras 2.5 a 2.7). Muitos desses fósseis são en- Figura 2.6 - Moldes e contramoldes de braquiópodes
(Australocoelia tourteloti) procedentes da formação Ponta
contrados no Sítio Jaguariaíva (BOLZON; AZEVEDO; ASSINE, Grossa (região de Ponta Grossa, PR). Fonte: (SEDOR, 2014, p. 8).
2002), localizado no ramal ferroviário Jaguariaíva-Arapoti. Fotografia: Fernando A. Sedor, s.d.

30
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA

A Formação Goio-Erê na Bacia Bauru (DSMCef), de


idade entre 87 a 75 Ma, apresenta fósseis de pterossauros
(Figura 2.15) encontrados entre intervalos deposicionais
de dunas úmidas, em meio a sedimentos arenoquartzosos
de paleoambiente desértico. Os fósseis são provenientes
da região de Cruzeiro do Oeste (PR).

1 cm

Figura 2.7 - Impressões de equinodermos procedentes da


formação Ponta Grossa (região de Ponta Grossa, PR). Fonte:
(SEDOR, 2014, p. 9). Fotografia: Fernando A. Sedor, s.d.

Fósseis do Permiano-Cretáceo
Figura 2.8 - Mesossaurídeo em carbonato da formação Irati
(região de Guapirama, PR). Fonte: (SEDOR, 2014, p. 10).
Em regiões próximas aos municípios de São Mateus Fotografia: Fernando A. Sedor, s.d.
do Sul, Guapirama e Santo Antônio de Platina, na Forma-
ção Irati (DSVMPsabc) (Bacia do Paraná), há registros de
fósseis de mesossauros (Mesosaurus), pequenos répteis
aquáticos (com cerca de 1 m de comprimento), com
aspecto de lagarto, que viveram há cerca de 250 Ma (os
verdadeiros lagartos ainda não haviam surgido) (Figura
2.8). Mesossauros são encontrados, também, na região
sul do continente africano, na Bacia do Grande Karoo, Ka-
lahari e Huab Karoo (Figura 2.9). A presença desses fósseis
em rochas com intervalos de tempo semelhantes tanto
na América do Sul quanto na África é um elemento adi-
cional muito importante para comparação entre regiões
distantes entre si, sendo, inclusive, o melhor referencial
para estudos de cronocorrelação entre as bacias do Pa-
raná e Karoo (África do Sul), reforçando a ideia de deriva
continental (FERREIRA; SILVA; KELLNER, 2006).
No final do Devoniano, depositaram-se sedimentos Figura 2.9 - Distribuição das espécies de mesossauros, encontrados
continentais fluviais de ambientes associados a grandes na região sul do continente africano, na Bacia do Grande Karoo,
Kalahari e Huab Karoo. Fonte: (FERREIRA; SILVA; KELLNER, 2006).
deltas que apresentam expressiva variedade de plantas,
invertebrados, peixes, anfíbios e répteis. Dentre as rochas
mais fossilíferas estão as das formações Teresina e Rio
do Rasto, aflorantes, principalmente, no Geossítio Serra
do Cadeado (LANGER et al., 2009), entre os municípios
de Ortigueira e Mauá da Serra. A Formação Teresina
(DSVMPsaca) é conhecida por seus fósseis de plantas (Fi-
gura 2.10) e acúmulo de conchas (Figura 2.11).
A Formação Rio do Rasto (DSVMPsaa) foi depositada
durante o final do Permiano e se constitui de siltitos, ar-
gilitos e arenitos finos. Essas rochas ocorrem em grande
extensão da região Sul, principalmente nos estados de
Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. A fauna da
Formação Rio do Rasto inclui moluscos, plantas (Figura
Figura 2.10 - Tronco vegetal silicificado da formação Teresina
2.12), peixes ósseos primitivos (Figura 2.13), tubarões, (Ribeirão Claro, PR). Fonte: (SEDOR, 2014, p. 12).
anfíbios (Figura 2.14) e répteis extintos com suas pegadas. Fotografia: Fernando A. Sedor, s.d.

31
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

5 cm
5 cm
Figura 2.14 - Crânio de anfíbio Australerpeton cosgriffi da
Figura 2.11 - Rocha constituída de acúmulo de conchas de formação Rio do Rasto (serra do Cadeado, PR). Fonte: (SEDOR,
moluscos bivalves ou coquina da formação Teresina (Santo 2014, p. 14). Fotografia: Eliseu Vieira Dias, s.d.
Antônio da Platina, PR). Fonte: (SEDOR, 2014, p. 12).
Fotografia: Fernando A. Sedor, s.d.

5 cm Figura 2.15 - Fósseis de pterossauro (Caiuajara dobruskii) da


formação Goio-Erê (Cruzeiro do Oeste, PR). Fonte: (HONESKO, 2014).
Figura 2.12 - Impressão de folha Glossopteris da formação
Rio do Rasto (Jacarezinho, PR). Fonte: (SEDOR, 2014, p. 13).
Fotografia: Fernando A. Sedor, s.d. Fósseis do Paleógeno-Quaternário

No limite sudoeste da cidade de Curitiba, foram


encontrados, em porções superiores da Formação Gua-
birotuba (DCMRcgas), vestígios de vertebrados: um dente
de crocodilomorfo zifodonte (Figura 2.16) e segmentos de
ossos não identificados (LICCARDO; WEINSCHUTZ, 2010).
Esta fora a primeira ocorrência encontrada na Bacia Sedi-
mentar de Curitiba, até então, de vertebrados de grande
porte, em idade correspondendo ao Paleógeno inferior até
o Quaternário (Pleistoceno Superior).
No Pleistoceno (1,8 milhão de anos até 12 mil anos
atrás), o estado do Paraná era habitado, além dos atu-
ais mamíferos que conhecemos hoje, por animais de
grande porte, já extintos, que faziam parte da chamada
Megafauna Pleistocênica Sul-Americana, caracterizada
principalmente pelo gigantismo de algumas formas,
como preguiças, gliptodontes, taxodontes, mastodontes,
Figura 2.13 - Peixe ósseo primitivo Paranaichthys longianalis da
formação Rio do Rasto (Santo Antônio da Platina, PR).
entre outros. Esses grandes animais foram extintos na
Fonte: (SEDOR, 2014, p. 13). Fotografia: Eliseu Vieira Dias, s.d. transição Pleistoceno/Holoceno, há cerca de 10.000 anos.

32
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA

No Paraná, alguns registros fossilíferos desses grandes ani-


mais já foram encontrados por pesquisadores, tais como:
preguiças terrestres gigantes e mastodontes, principal-
mente em cavernas (Figuras 2.17 a 2.20), terrenos cársticos
comuns nos domínios geológico-ambientais DSP2 e DSVP2
da região de Cerro Azul, Adrianópolis e Doutor Ulysses (PR).

5 cm

Figura 2.19 - Ossos da mandíbula de um porco-do-mato (Tayassu


10 mm pecari) procedente de caverna da região de Adrianópolis (PR).
Fonte: (SEDOR, 2014, p. 17). Fotografia: Marcelo Luís Korelo, s.d.
Figura 2.16 - Dentes tipo zifodonte encontrados em porções
da formação Guabirotuba (Curitiba, PR). Fonte: a b c
(LICCARDO; WEINSCHUTZ, 2010).

5 cm

Figura 2.17 - Fragmento do osso de mandíbula de preguiça gigante 1 cm 1 cm 1 cm


(Catonyx cuvieri) (Adrianópolis, PR). Fonte: (SEDOR, 2014, p. 16).
Fotografia: Fernando A. Sedor, s.d. d e f
5 cm

5 cm
1 cm 1 cm 1 cm
Figura 2.18 - Crânio de cervídeo (Mazama sp.) completamente
incrustado por carbonato de cálcio, encontrado em caverna Figura 2.20 - Restos de dentes de Scelidodon copei Ameghino
na região de Doutor Ulysses (PR). Fonte: (SEDOR, 2014, p. 18). (a, b, c) e Hippopotamus terrestris Linnaeus (d, e, f) (Cerro Azul,
Fotografia: Fernando A. Sedor, s.d. PR).Fonte: (SEDOR; BONR; SANTOS, 2004).

33
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Arqueologia RELEVO DO PARANÁ

Segundo Parellada (2005), a arqueologia paranaense Os terrenos contidos nos limites do estado do Paraná
pode ser dividida em pré-colonial e histórica. Os sítios são constituídos por grandes unidades morfoestruturais
históricos são as ruínas e os vestígios da cultura material ou províncias geológicas: a Bacia Sedimentar Costeira, o
relacionados à ocupação europeia dos séculos XVI a XX, Escudo Cristalino (Embasamento Pré-Cambriano), a Bacia
sendo que as primeiras evidências de povoamento em terri- Sedimentar do Paraná (terrenos vulcanossedimentares)
tório paranaense remontam a cerca de 10.000 anos e estão e, ainda, posicionada no interior da área representada
relacionados a sambaqueiros fluviais no Vale do Ribeira pelo Escudo Cristalino, a Bacia Sedimentar de Curitiba,
(COLLET, 1985) e também a grupos caçadores-coletores de grande importância e onde se estabeleceu a capital
no vale do rio Iguaçu e no médio Tabagi. do estado do Paraná.
As pinturas rupestres do Paraná (Figura 2.21) são As bacias sedimentares costeiras, geradas recen-
encontradas no vale dos rios Iguaçu e Paranapanema e temente (entre o Pleistoceno Superior e o Holoceno),
parte nos arenitos Furnas (DSVMPa) e Itararé (DSVMPasaf). constituem uma área deposicional que recebeu sedimen-
Outro importante registro arqueológico é a ocor- tos terciários e quaternários, prolongando-se no interior
rência de sambaquis – acumulações sobrepostas de con- do Atlântico.
chas, casacas de moluscos, ossos, restos de pesca e caça O Escudo Cristalino engloba as rochas mais antigas
cobertos por vegetação nativa – no litoral paranaense. do estado do Paraná, de litologias ígneas e metamórfi-
O Sambaqui de Guaraguaçu possui formato cônico, cerca de cas recobertas parcialmente por sedimentos marinhos
300 m de comprimento, 10 m de largura e 20 m de altura. e continentais.
Contém mais de 100 esqueletos humanos, lâminas de facas, ma- A implantação e o preenchimento da Bacia do Pa-
chados, furadores, discos de ossos de baleia, dentes de tubarão. raná ocorreu pela deposição de espesso e diversificado
Sua datação aproximada é de 2.270 anos (Figura 2.22). pacote sedimentar de idade paleozoica, composto por
arenitos da Formação Furnas, folhelhos da Formação
Ponta Grossa, sedimentos do Grupo Itararé, sedimentos
mesozoicos referentes às formações Piramboia e Botu-
catu e sedimentos cretácicos do Grupo Caiuá (formações
Rio Paraná, Goioerê e Santo Anastácio), a noroeste, além
de derrames e soleiras de basalto e andesito jurássicos
da Formação Serra Geral. Abrange, praticamente, to-
das as eras paleozoica e mesozoica, entre o Siluriano e
o Cretáceo.
A Bacia Sedimentar de Curitiba, de idade cenozoica,
apresenta, como principais componentes litológicos, argili-
tos, seguidos por arcóseos (arenitos com muito feldspato ou
caulim) e, esporadicamente, rudáceos e margas (calcários
argilosos) da Formação Guabirotuba. Além destes, sedi-
Figura 2.21 - Pinturas rupestres do abrigo São José da Lagoa 2 mentos mais recentes, constituídos por depósitos colúvio-
(Piraí do Sul, PR). Fonte: (PARELLADA; OLIVEIRA; SCLVILZKI, 2014). -aluvionares e por baixos terraços de cascalho margeando
várzeas holocênicas (SALAMUNI, 1998).
Sobre essa geologia, por meio de uma ação conju-
gada de eventos com origens internas ou externas, foi
estabelecido um desenho natural peculiar no interior do
território paranaense em relação à superfície terrestre
(bem caracterizado na análise dos detalhes texturais e
geométricos das imagens de radar), evidenciando a dis-
posição do substrato geológico fracionado em grandes
compartimentos. Essa compartimentação, originada por
processos tectônicos, é a base de uma primeira divisão
natural, referência estrutural dos grandes comparti-
mentos geomorfológicos. A combinação formada pela
disposição espacial desses macrocompartimentos e seu
posicionamento topográfico relativo fornece o arranjo,
Figura 2.22 - Perfil natural do sambaqui de Guaraguaçu ou cenário, onde ocorrem os processos de esculturação
sobre a unidade DCmc (Pontal do Paraná, PR). do relevo com a consequente geração dos padrões de
Fonte: (GERNET e BIRCKOLZ, 2011). formas (Figura 2.23).

34
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA

Figura 2.23 - Imagem MDE do relevo do estado do Paraná (exagero vertical 10x). Fonte: Elaborada por Gilberto Lima (2011).

Domínios Geomorfológicos foi realizada seguindo a tradicional divisão espacial em-


no Estado do Paraná pregada (MAACK, 1947): Litoral, Serra do Mar, Primeiro
Planalto, Segundo Planalto e Terceiro Planalto (Figura
O trabalho geomecânico de agentes físicos externos 2.24), excepcionalmente renomeada (Figura 2.25) com o
(exógenos) sobre a superfície terrestre ocasiona desgaste único objetivo de facilitar a correlação com a nomencla-
nessa superfície. Exemplo desse trabalho é aquele rea- tura dos domínios geomorfológicos criados (Figura 2.26).
lizado pelas águas das chuvas ou dos rios. Partículas ou A compartimentação dos domínios geomorfológicos
sedimentos são retirados das rochas e carreados para baseou-se em pesquisa bibliográfica de referência, com
as partes mais baixas em um processo ininterrupto. destaque para a avaliação do Mapa Geomorfológico
As grandes estruturas geológicas correspondentes às bacias do Estado do Paraná (SANTOS et al., 2006). Em adição,
sedimentares recebem sedimentos que são depositados contempla a análise sobre a forte marcação geológico-
em seu interior. De maneira oposta, as áreas mais altas, estrutural ensejada por lineamentos estruturais associada
pertencentes às grandes estruturas que sobressaem no à ação climática que resultou na distribuição dos padrões
terreno, foram alçadas por movimentos cuja origem são as de formas do relevo.
forças presentes a partir do interior da Terra (endógenas). As divisões abrangem tanto a necessidade de ca-
O posicionamento vertical relativo de porções continentais, racterização dos domínios dentro da lógica do Projeto
graças a processos de soerguimento/abatimento, foi tam- Geodiversidade do Serviço Geológico do Brasil - CPRM
bém acompanhado pelo trabalho simultâneo de desgaste como as limitações originadas pela escala adota-
originado por agentes climáticos ou forças exógenas. da (1:650.000).
As paisagens observadas no Paraná surgem, então, A compartimentação dos domínios geomorfológicos
a partir das condições naturais preexistentes, onde, em é desdobrada na representação de padrões de formas do
termos geológicos, destaca-se a existência de três grandes relevo definidos para o Projeto Geodiversidade (DANTAS;
estruturas: Escudo Cristalino, Bacia Sedimentar Costeira ARMESTO; ADAMY, 2008). Esses padrões são apresen-
e Bacia do Paraná. tados no Mapa Padrões de Relevo do Estado do Paraná
A macrocompartimentação do relevo onde estão (Figura 2.27) e são componentes integrantes na definição
contidos os domínios geomorfológicos ora apresentados das unidades de geodiversidade (Quadro 2.1).

35
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Figura 2.24 - Macrocompartimentação geológico-geomorfológica do estado do Paraná. Fonte: Maack (1947).

Figura 2.25 - Macrocompartimentação geológico-geomorfológica. Fonte: Elaborado por Gilberto Lima (2011).

36
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA

Figura 2.26 - Domínios geomorfológicos do estado do Paraná. Fonte: Elaborado por Gilberto Lima (2011).

Figura 2.27 - Mapa padrões de relevo do estado do Paraná. Fonte: Elaborado por Gilberto Lima (2011).

37
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Quadro 2.1 - Formas de relevo identificadas no território do estado do Paraná.

Declividade Amplitude
Código de Relevo Tipo de Relevo
(graus) Topográfica (m)
R1a Planícies Fluviais ou Fluviolacustres 0a3 0

R1b3 Terraços Marinhos 0a3 2 a 20

R1c Vertentes Recobertas por Depósitos de Encosta 5 a 45 Variável

R1d Planícies Fluviomarinhas 0° -

R1e Planícies Costeiras 0a5 2 a 20

R2a1 Tabuleiros 0a3 20 a 50

R2b3 Planaltos 2a5 20 a 50

R2c Chapadas e Platôs 0a5 0 a 20

R3b Inselbergs 25 a 45 50 a 500

R4a1 Domínio de Colinas Amplas e Suaves 3 a 10 20 a 50

R4a2 Domínio de Colinas Dissecadas e Morros Baixos 5 a 20 30 a 80

R4b Domínio de Morros e de Serras Baixas 15 a 35 80 a 200

R4c Domínio Montanhoso 25 a 45 300 a 2000

R4d Escarpas Serranas 25 a 60 300 a 2000

R4e Degraus Estruturais e Rebordos Erosivos 10 a 25 50 a 200

R4f Vales Encaixados 10 a 25 (>45) 100 a 300

Fonte: Elaborado por Gilberto Lima (2011).

Macrocompartimentação do Relevo Contemporaneamente, há o surgimento das planícies


holocênicas a partir da descida do nível do mar e formação
Compartimento Atlântico de terraços marinhos oriundos de antigas ilhas-barreira
(MARTIN et al., 1988). Neste trabalho, relacionamos as
Unidade caracterizada pela deposição de espraiada planícies holocênicas ao padrão R1e; os terraços marinhos,
cobertura sedimentar fluviomarinha a marinha sobre o ao padrão R1b3.
embasamento cristalino e o limite escarpado serrano, Os processos morfodinâmicos costeiros foram acom-
onde está contida a interface de ligação entre a planície panhados, no interior das baías, de deposição continental.
costeira e a região planáltica; importante compartimento Pode-se dizer que os sedimentos fluviais transportados
geomorfológico ambiental. do interior em direção às regiões de baixada litorânea
construíram planícies fluviais (R1a), onde o gradiente é
Planície costeira das baías de Paranaguá e Guaratuba praticamente nulo, acomodando-se os sedimentos nas
margens dos leitos dos rios; correspondem a ambientes
Engloba os ambientes de agradação de origem mari- de agradação com topografia plana e suave.
nha e continental distribuídos no estado do Paraná em área A litologia é constituída por sedimentos cenozoicos
constituída pela abrangência geográfica de duas importantes com textura arenosa nas áreas de ambiente marinho cos-
feições geomorfológicas atuais: as baías de Paranaguá (a teiro, intercalações irregulares arenoargilosas, em geral,
mais extensa delas) e de Guaratuba (Figura 2.28). ricos em matéria orgânica nos ambientes mistos (marinho/
A largura dessa faixa litorânea varia amplamente, de continental) e material formado por cascalho, areia e argila
poucos quilômetros em algumas localidades até aproxi- nas planícies aluvionares.
madamente 60 km da linha de costa em outras. Quanto à cobertura vegetal original remanescente,
A geomorfogênese da planície costeira abrange na planície costeira, stricto sensu, observam-se áreas de
fases no Neógeno, correspondendo a transgressões restinga; quando em áreas pantanosas, sujeitas à ação
e regressões ocorridas alternadamente. Essa variação da maré, também ocorrem manguezais. Essa peculiar
do nível do mar estaria relacionada a variações pa- região consiste em uma área de contato do continente
leoclimáticas ligadas aos períodos glaciais e intergla com o mar e apresenta interação constante entre os flu-
ciais (SUGUIO, 2003). xos de maré e a correnteza na desembocadura dos rios.

38
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA

Figura 2.28 - Mapa de localização do domínio geomorfológico planície costeira das baías de Paranaguá e Guaratuba.
Fonte: Elaborado por Gilberto Lima (2011).

Nesse contato, a corrente fluvial perde energia, propiciando ação hidráulica movida por correntes oceânicas e eólicas,
a deposição de sedimentos finos, os quais dão origem a disponibiliza enorme quantidade de energia no sistema,
um solo que sustenta uma vegetação muito especializada, que, juntamente com a atuação de fenômenos regionais
devido, principalmente, às condições de salinidade. e locais sobre a morfologia costeira, como as atividades
Como suporte a essas formações predominam, no litoral antrópicas, pode induzir processos ambientais desestabi-
paranaense, Espodossolos e Gleissolos (EMBRAPA, 2008). To- lizadores (Figura 2.29).
dos eles estão relacionados a condições de grande umidade. Nessas áreas, processos morfogenéticos contem-
Os Espodossolos são solos arenosos e estão presentes porâneos, cuja ação se faz sentir em um intervalo de
em áreas de relevo muito plano, associados a planícies tempo natural muito menor, podem trazer modificações
costeiras (R1e) e terraços marinhos (R1b3). Já os Gleisso- significativas, às vezes, em poucos anos. A ação antrópica
representada, por exemplo, pela drenagem de terrenos e
los e Solos de Mangue são muito mal drenados e estão
sua ocupação por condomínios ou obras de engenharia
associados às planícies fluviomarinhas (R1d) em áreas de
de diversas dimensões – como portos, atracadouros, bar-
brejos e manguezais.
reiras – e a interação destas com as correntes marinhas
Como vias preferenciais de escoamento das águas
litorâneas e processos de maré produzem efeitos adversos,
continentais em direção às duas baías, estão instaladas as
sem a devida valoração do impacto ambiental causado.
redes hidrográficas pertencentes às bacias de drenagem Especificando melhor: o ambiente natural é constante-
de Paranaguá e de Guaratuba. mente modificado em escala local, inclusive em sua mor-
Por ser uma região de contato entre a massa conti- fologia. Como exemplo, citam-se o estabelecimento e a
nental emersa e o oceano (Bacia Sedimentar Costeira), a migração de material inconsolidado de cordões arenosos
quantidade de energia disponível no sistema é enorme e próximos à desembocadura de rios, devido à ação das
se faz sentir nas transformações da morfologia ocorridas marés ou antrópica. A alteração morfológica causa mu-
no decorrer do tempo geológico, cuja dinâmica está inin- dança das condições ambientais referentes às condições
terruptamente em curso. de salinidade e umidade e pode, em questão de poucos
Todo o sistema de descarga de sedimentos continen- anos, por exemplo, possibilitar a fixação de vegetação de
tais e marinhos, sendo constantemente retrabalhado pela mangue ou suprimi-la.

39
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Da mesma forma, e submetidas aos mesmos condicio- transporte para as áreas baixas da planície compõe um
nantes, áreas ocupadas pelo homem para moradia podem processo que, a depender da frequência e da intensida-
ser inviabilizadas pela ação destrutiva das ondas. Portanto, de, pode se transformar em destruição. A pluviosidade
nessas áreas, a morfologia praial deve ser conservada intensa, aliada à declividade acentuada, à retirada da
ao máximo. As atividades humanas, se não forem bem vegetação e ao solo raso, pode intensificar o escoamento
planejadas, podem induzir processos desestabilizadores, superficial laminar, destruindo o tênue equilíbrio natural
causando sérios danos socioeconômicos e ambientais. e causando corridas de massa e inundações que se aba-
Nas áreas “além linha praial”, a disposição do ma- tem sobre as áreas de planície com menores gradientes
terial retirado das áreas serranas planálticas e que sofre topográficos (Figuras 2.30 a 2.32).

Figura 2.29 - Enrocamento como tentativa de contenção e manutenção de linha praial em área urbana (Matinhos, PR).
Fotografia: Gilberto Lima (2011).

Figura 2.30 - Cicatrizes em vertentes com alta declividade referentes a deslizamentos planares; vista a partir da rodovia BR-277
(limite Morretes-Paranaguá, PR).Fotografia: Gilberto Lima (2011).

40
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA

A cartografia desse domínio geomorfológico corres-


ponde à planície costeira (R1e) com sedimentos arenosos,
obedecendo à dinâmica da linha de praia, cercada na
margem continental por terraços marinhos (R1b3) holo-
cênicos e pleistocênicos resultantes de acúmulo pretérito
de sedimentos arenosos em dependência da variação
do nível do mar.
Mesclando-se a esses ambientes, encontram-se as
planícies fluviomarinhas, correspondendo aos mangues
(R1d), onde a drenagem fluvial realizou transporte e acú-
mulo de matéria orgânica e sedimentos muito finos, so-
frendo, ininterruptamente, a influência da ação das marés.
A rede hidrográfica costeira é responsável pela acumulação
dos sedimentos de origem continental, correspondentes
às planícies fluviais (R1a). Por último, porém de difícil
mapeamento na escala trabalhada, ocorrem as vertentes
recobertas por depósitos de encosta (R1c) – colúvio e tálus,
de origem natural ou antrópica. A intensa dinâmica de
atuação dos processos reveste de grande importância o
estudo geomorfológico desses ambientes, especialmente
Figura 2.31 - Modificações causadas à paisagem de planície, pela ocupação antrópica cada vez mais acentuada.
com troncos de árvores arrancados e transportados pela
enxurrada, que deixam claro seu potencial destrutivo; vista a partir
da rodovia BR-277 (limite Morretes-Paranaguá, PR).
Serra do Mar
Fotografia: Gilberto Lima (2011).
Engloba os ambientes denudacionais de feição mon-
tanhosa, compostos por escarpas de borda de planalto
submetidas a intensa erosão regressiva, limítrofes às áreas
da planície costeira pertencentes à Bacia Sedimentar Cos-
teira (Figura 2.33).
Inclui montanhas e morros isolados em área da planí-
cie litorânea (R4c/R4b) e morros e colinas, que representam
prolongamentos das estruturas serranas ou contrafortes
(R4a2/R4b), que se projetam topograficamente sobre a
planície costeira.
As escarpas (R4d) são feições geomorfológicas onde
as vertentes apresentam-se abruptas, com grandes ampli-
tudes, altas declividades e amplamente dissecadas entre os
compartimentos do planalto e planície (Figura 2.34), sendo
configuradas na linha de regressão originada fundamen-
talmente pela dissecação da borda do planalto.
Figura 2.32 - Acúmulo de sedimentos provenientes de montante Os padrões de relevo R4d (escarpas serranas) e
causando a colmatação de área pertencente ao sistema R4c (domínio montanhoso) constituem 90% da área
deposicional de planície; vista a partir da rodovia BR-277 (limite do domínio. Os restantes 10% apresentam os padrões
Morretes-Paranaguá, PR). Fotografia: Gilberto Lima (2011).
R4b (domínio de morros e de serras baixas) e R4a2
(domínio das colinas dissecadas e morros baixos).
Relacionado à área abrangida por esse compartimen-
É de se observar que esses últimos padrões ultrapassam
to geomorfológico, tem-se o Domínio dos Sedimentos as escarpas leste e se estendem pela planície costeira,
Cenozoicos Inconsolidados ou pouco Consolidados, De- pontilhando-a com feições, geralmente isoladas, cons-
positados em Meio Aquoso (DC), abrangendo ambiente tituídas por altos morros, pequenos alinhamentos ser-
de planícies aluvionares recentes ou misto (marinho/ ranos apresentando dimensões compatíveis com as de
continental) ou ainda marinho costeiro, cujos terrenos montanhas e, ainda, colinas muito dissecadas em direção
apresentam potencial de abatimentos e trincamentos de ao planalto e antecedentes às escarpas. Essas formas po-
obras por baixa capacidade de suporte dos solos e/ou se- dem ser consideradas como pertencentes à serra do Mar
dimentos, fato que deve ser sempre considerado quando (BIGARELLA et al., 1978) ou apenas como parte da serra
da edificação de obras civis. marginal da borda do planalto (MAACK, 1968).

41
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Figura 2.33 - Mapa de localização do domínio geomorfológico serra do Mar. Fonte: Elaborado por Gilberto Lima (2011).

paranaense e deve-se considerar que, nesse caso, também


abrange outro domínio geomorfológico neste trabalho de-
finido: Domínio da Planície Costeira das Baías de Paranaguá
e Guaratuba. Ambos os domínios, por suas características
intrínsecas, representam um capital ambiental de grande
importância. O gerenciamento dos recursos hídricos,
nesse contexto, é de suma importância e está relacionado
à conservação da cobertura vegetal, que é representada
pela Floresta Ombrófila Densa (Floresta Tropical Pluvial),
disposta por faixas, correspondendo, cada uma delas, a
uma formação vegetal diferente (IBGE, 1992):
• Formação submontana: situada nas encostas de
planaltos e/ou serras, de 30 até 400 m, entre 24°S
e 32°S.
• Formação montana: situada no alto de planaltos
Figura 2.34 - Feições geomorfológicas da serra do Mar e/ou serras, entre 24°S e 32°S.
no estado do Paraná. Fotografia: Gilberto Lima (2011). • Formação altomontana: situada acima dos limites
estabelecidos para a formação montana.
É importante observar que as vertentes atlântica e A Floresta Ombrófila Densa (Mata Atlântica) inicia-se
continental são diferentes quanto à caracterização da já no sopé da serra do Mar e se estende recobrindo as ver-
rede de drenagem: muito mais aprofundada na verten- tentes escarpadas, alcançando até as áreas altomontanas.
te oriental atlântica do que na face continental, já em A formação submontana ocupa as áreas dissecadas do
uma fase de aluvionamento com meandros divagan- relevo montanhoso e dos planaltos, com solos mediana-
tes.Os rios da bacia hidrográfica litorânea nascem nas mente profundos, colonizadas por fanerófitos com alturas
encostas da serra do Mar e se dirigem para o oceano. aproximadamente uniformes. A submata é integrada por
Os principais rios são: Guaraqueçaba, Tagaçaba, Cachoeira, plântulas de regeneração natural, poucos nanofanerófitos
Nhundiaquara, Marumbi, do Pinto, Cubatão e Guaraguaçu. e caméfitos; presença de palmeiras de pequeno porte e
A área total da bacia litorânea representa 2,95% do território lianas herbáceas.

42
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA

A formação montana ocupa as áreas situadas entre Os complexos granitoides deformados em alto grau
500 e 1.500 m, com preservação da estrutura florestal; e alterados apresentam grande potencial erosivo e para
é mantida até próximo aos cumes dos relevos disseca- movimentos de massa em função das foliações presentes.
dos. No sul do Brasil, a Coniferales Podocarpus é típica O mesmo raciocínio, de maneira geral, pode ser aplicado
dessa formação. aos terrenos cujo embasamento pertence ao complexo
A formação altomontana localiza-se no cume das altas gnáissico-migmatítico e granulítico, que apresenta foliações
montanhas sobre Neossolos Litólicos, apresentando acu- e descontinuidades estruturais, propiciando instabilidade
mulações turfosas nas depressões onde ocorre a floresta. de blocos em taludes de corte ou potencializando movi-
Essa formação é conhecida popularmente por “mata nuví- mentos de massa. Além disso, observa-se alta suscetibili-
gea ou mata nebular”, nos pontos onde a água evaporada dade a esses fenômenos quando essas litologias sustentam
se condensa em neblina, precipitando-se sobre as áreas áreas de alta declividade, como escarpas (R4d) e monta-
elevadas. Sustentando essa cobertura vegetal, mas também nhas (R4c), favorecendo enormemente sua intensificação.
sendo conservados por ela, desenvolvem-se, predominan- Nesses casos, as características morfológicas e morfométri-
temente, solos jovens e pouco profundos (Cambissolos). cas específicas (declividade, gradiente altimétrico, espessura
Nessas formações, onde as encostas encontram-se em dos solos etc.) restringem o tipo de uso do solo.
condições de alta declividade (R4d) e dissecação, aliadas,
geralmente, a solos pouco espessos e menor desenvolvi- Compartimento Planáltico Leste
mento pedogenético, é muito importante a manutenção da
vegetação original como fator de sustentação das encostas, Unidade composta por grande diversidade litológica
evitando deslizamentos ou corridas de massa. Embora relacionada aos processos de gênese tectonoestruturais;
sempre possam ocorrer (e de fato ocorrem) deslizamentos área de maior densidade demográfica e onde se localiza
como parte da dinâmica natural, a manutenção da vegeta- a Região Metropolitana de Curitiba, em grande parte im-
ção contrapõe-se às características presentes na geologia e plantada na Bacia Sedimentar de Curitiba.
geomorfologia e constitui fator de preservação do equilíbrio
ambiental, em especial com relação ao risco geológico. Vale do Ribeira
O substrato geológico da serra do Mar compreende
rochas ígneo-metamórficas de idade neoproterozoica, Constitui área de forte ação dos processos degrada-
abrangendo litologias muito variadas, tais como: granitos, cionais, contida no Compartimento Planáltico Leste, apre-
gnaisses, granitoides, migmatitos, metassedimentos, per- sentando, ao norte, um eixo disposto no sentido ENE-SSO
tencentes à Faixa Móvel Ribeira. correspondendo ao Vale do Ribeira (Figura 2.35).

Figura 2.35 - Mapa de localização do domínio geomorfológico vale do Ribeira. Fonte: Elaborado por Gilberto Lima (2011).

43
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

O rio Ribeira é um dos únicos sistemas hídricos impor-


tantes no estado do Paraná a ter drenagem atlântica, ou
seja, direcionada diretamente para o mar, passando pelos
limites paulistas (onde é denominado Ribeira de Iguape);
os demais sistemas são direcionados para o interior, vindo
desaguar no rio Paraná. Sua bacia caracteriza-se por alta
densidade de drenagem. São seus afluentes da margem
esquerda: Caratuva, Socavão, Bomba e Turvo; e, da margem
direita: Açungui, da Piedade, do Rocha e Ribeirão Grande.
É área destacada por terrenos fortemente dissecados,
com vertentes íngremes e vales profundamente entalha-
dos (Figura 2.36).
Os trechos a seguir, extraídos de um estudo que con-
templa parte significativa da área ora representada por esse
domínio, utilizando uma escala de análise de 1:250.000
e que considera a contribuição de autores clássicos, são
Figura 2.36 - Fundo de vale do rio Ribeira emoldurado pelo relevo
elucidativos sobre a diversidade da paisagem e sua gênese: acidentado de sua bacia de drenagem (Cerro Azul, PR).
[...] as terras mais altas da bacia do Ribeira de Iguape Fotografia: Gilberto Lima (2011).
estão niveladas por uma extensa superfície morfológica
pré-devoniana, cujos topos nivelam-se entre 850-950 É notável a existência de grande variedade de litolo-
m, com relevo extremamente dissecado em forma de gias de diferentes idades e diferentemente deformadas e
morros com vales muito entalhados e vertentes muito metamorfizadas, ressaltando que os terrenos de origem
inclinadas, e que estão esculpidas nas rochas dominan- metavulcanossedimentar incluem rochas calcárias, portanto,
temente dos tipos filitos, micaxistos, calcários, dolomitos, terrenos especiais em vários sentidos, apresentando diversas
granitos, quartzitos, gnaisses graníticos e emergem deste particularidades geotécnicas, hidrológicas, minerais e am-
nível de cimeira serras residuais sustentadas por granitos, bientais bastante peculiares (THEODOROVICZ et al., 2005).
quartzitos ou até mesmo por calcários mais resistentes O relevo movimentado também favoreceu a diver-
à erosão, cujos topos se encontram preferencialmente sidade de tipos de solos. Os mais desenvolvidos, como
entre 1050 a 1150 m, onde se destaca a serra de Parana- Latossolos Vermelho-Amarelos, tendem a ocorrer em
piacaba em São Paulo e Bocaina e Ouro Fino no Paraná. setores de menor inclinação nas vertentes dos morros,
[...] um ambiente montanhoso com topos nivelados nos nas cabeceiras dos tributários do Ribeira, enquanto os
divisores principais em torno dos 900 m, encontrando-se se- Cambissolos Háplicos ou Húmicos e os Neossolos Litólicos
tores mais elevados que atingem 1000-1100 m, geralmente ocorrem nas vertentes mais inclinadas e áreas de domínio
mantidos por rochas metamórficas mais resistentes como o dos quartzitos.
quartzito, apresentando morfologia de cristas alongadas e Embora a significativa ocorrência de cavernas e grutas
contínuas ou massas intrusivas graníticas, que se estendem fartamente distribuídas sob esse padrão de relevo, não con-
por grandes áreas. Alternando a esses relevos alongados sideramos, neste trabalho, estas e outras feições do relevo
e mais altos prevalecem formas em morros de topos con- cárstico, pois estão fora da possibilidade de mapeamento
vexos com vales relativamente estreitos e profundos com pela escala adotada. Porém, a região se apresenta como
vertentes muito inclinadas, [...] geralmente variando entre área potencial para uso em atividades ecológicas de turismo
30 a 60%. Essa morfologia, com relevos extremamente de baixo impacto, o que vem ao encontro da necessidade de
dissecados [...] é esculpida em uma grande diversidade de uma alternativa econômica, pois a região do Vale do Ribeira
formações rochosas com destaque para os filitos, quartzo- paranaense apresenta baixo desenvolvimento econômico.
filitos, ortognaisses, paragnaisses, quartzitos, calcários e
mármores dolomíticos, granitos porfiríticos e granitos sin- Tabuleiros da Bacia de Curitiba
tectônicos, alinhados estruturalmente na direção regional
NE-SW (ROSS, 2002, p. 28). Domínio geomorfológico em ambiente de suave de-
Para a mesma área, Santos et al. (2006) identificaram gradação, delimitado por área descontínua localizada ao
quatro unidades planálticas caracterizadas por alta disse- sul do Compartimento Planáltico Leste e tendo como polo
cação, presença de vales em “V” e vertentes com topos o município que empresta nome ao domínio (Figura 2.37).
alongados e em cristas. Abrange total ou parcialmente a área dos municípios
Os padrões de relevo cartografados para o domínio de Curitiba, Quatro Barras, Colombo, Campina Grande
geomorfológico do Vale do Ribeira e relacionados às des- do Sul, Araucária, Campo Largo, Contenda, Balsa Nova,
crições retromencionadas são: R4b (domínio de morros e Pinhais, Piraquara, Fazenda Rio Grande, São José dos Pinhais
de serras baixas) e R4c (domínio montanhoso). e Tijucas do Sul.

44
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA

Figura 2.37 - Mapa de localização do domínio geomorfológico tabuleiros da bacia de Curitiba. Fonte: Elaborado por Gilberto Lima (2011).

A área assim definida é, ainda, praticamente coinci- Superfície de Curitiba e constitui o pediplano resultante de
dente com os núcleos da unidade Planalto do Alto Iguaçu deposição em clima semiárido.
(SANTOS et al., 2006) e também com a área relativa à Bacia O sistema de drenagem é composto pelas bacias hi-
Sedimentar de Curitiba, essa última delimitada pelos altos drográficas do alto Iguaçu e do rio da Várzea. Há controle
topográficos da serra do Mar a leste e sudeste, com cotas dos padrões de drenagem pelos alinhamentos estruturais
que oscilam entre 1.100 e 1.200 m, e a oeste-noroeste do embasamento (na bacia sedimentar e por extensão na
formado pelos sedimentos do Grupo Açungui, com altitu- área aqui considerada).
des médias entre 950 e 1.100 m (SALAMUNI et al., 2004). Toda a área pertencia a um sistema florestal constitu-
Quanto à influência climática que originou o ambiente ído por Floresta Ombrófila Mista ou Floresta de Araucária
composto pelos tabuleiros (R2a1) e planícies fluviais (R1a) (IBGE, 1992). Essa formação desenvolve-se sobre solos
da Bacia Sedimentar de Curitiba, fases de aplainamento relativamente profundos, sendo que, em algumas áreas, a
sucessivas no Terciário Médio alternaram climas de maior baixa temperatura pode conservar a matéria orgânica no
ou menor umidade. Durante a última fase semiárida, com horizonte superficial. Hoje, porém, em vista da ocupação
chuvas torrenciais concentradas em algumas épocas, antrópica, a cobertura florestal foi intensamente explorada
houve deposição de sedimentos não selecionados carre- e praticamente desapareceu. Quase toda a área compre-
ados para o fundo das áreas previamente dissecadas na endida pelo domínio é utilizada para atividades agrícolas
fase úmida anterior (BIGARELLA; SALAMUNI; AB’SABER, ou pertence a formações secundárias.
1961). Nessa perspectiva de análise, observa-se uma Com relação às planícies fluviais, os componentes her-
diferenciação ambiental importante na constituição báceos e gramíneas em áreas brejosas são dominantes, em
dos materiais da Formação Guabirotuba, despojada dos concomitância às áreas cultivadas. Esse sistema, incluindo
elementos de origem orgânica vegetal constituintes relictos das formações originais e formações secundárias e
das várzeas atuais e completamente ausentes naquela. antropizadas, constitui a cobertura vegetal do domínio geo-
Grande parte dos sedimentos teria sido decomposta qui- morfológico, assentada sobre formas tabulares muito planas.
micamente em clima úmido a partir das rochas cristalinas, A geomorfologia dos Tabuleiros de Curitiba, conside-
transportada e depositada em condições climáticas semi- rando-se ainda os tipos de solo (EMBRAPA, 2008):
áridas. Assim, os processos erosivos, devido ao paleoclima • Terrenos sedimentares quaternários, correspon-
semiárido, ajudaram no rebaixamento da superfície no dendo espacialmente às planícies fluviais (R1a),
interior da bacia e também da Superfície de Aplainamento onde predominam Gleissolos Melânicos e Organos-
do Alto Iguaçu, que, nessa área, passa a ser denominada solos Háplicos;

45
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

• Terrenos sedimentares terciários e quaternários, Também deve ser mencionado que os principais
correspondendo aos tabuleiros (R2a1), com pre- componentes da Formação Guabirotuba são os argilitos
dominância de Latossolos Brunos; formados predominantemente por montmorilonita – uma
• Terrenos cristalinos, correspondendo às colinas argila expansiva que alterna seu volume em até 20 vezes
amplas e suaves adjacentes aos tabuleiros, onde quando molhada e seca (LICCARDO; PIEKARZ; SALAMUNI,
se mesclam Cambissolos, Argissolos e Latossolos, 2008). Esse material se desagrega com facilidade se ex-
dependendo do grau de pedogênese (R4a1). posto pela retirada da cobertura vegetal, ou seja, torna-se
A geomorfologia compreende, assim, os tabuleiros muito facilmente erodível. Assim, devem ser observadas
(R2a1) modelados sobre os sedimentos cenozoicos da atentamente, quando do planejamento de ocupação e uso
dos terrenos, as medidas adequadas, especialmente com
Formação Guabirotuba, as planícies fluviais (R1a) das ba-
relação à erosão e construção civil.
cias dos rios Iguaçu e da Várzea e colinas amplas e suaves
adjacentes (R4a1). Planalto Leste Paranaense
Como principais componentes litológicos da Formação
Guabirotuba, estão argilitos, seguidos por arcóseos (areni- Constitui a área do Compartimento Planáltico Leste,
tos com muito feldspato ou caulim) e, esporadicamente, à exceção dos domínios do Vale do Ribeira e Tabuleiros
rudáceos e margas (calcários argilosos). Além destes, sedi- da Bacia de Curitiba.
mentos mais recentes, constituídos por depósitos colúvio- Guarda uma separação da área interior continental
aluvionares e por baixos terraços de cascalho margeando (em seu limite centro-norte) representada pelo degrau
várzeas holocênicas (SALAMUNI, 1998). referente ao Domínio Platô Furnas.
A litologia que completa o domínio adjacente aos Ao sul, é limitado pela bacia do rio Iguaçu e já não é
tabuleiros e às várzeas pertencentes ao complexo gnáissico- tão nitidamente demarcado por uma estrutura física bem
-migmatítico inclui: biotita-gnaisse, gnaisse, ortognaisse destacada (Figura 2.39).
tonalítico, hornblenda-gnaisse, migmatito, migmatito A geomorfogênese desse domínio geomorfológico
estromático e pegmatito. compreende processos endogenéticos estruturais de gran-
Importante aspecto dos relevos de agradação (Figura de diversidade, que tomaram lugar desde o Arqueano, e
moldaram o Escudo Cristalino na área.
2.38), como os ambientes de várzeas nas planícies fluviais
A variada litologia, assim, é resultado dos processos
(R1a) que circundam os tabuleiros (R2a1), diz respeito às
tectônicos de formação dos terrenos geológicos dessa
características ambientais referentes às áreas de deposição:
porção crustal.
contam grande fragilidade ambiental por serem depositários
Os terrenos cristalinos de alto grau metamórfico, do
dos constituintes carreados pelas águas das chuvas ou dos
Arqueano-Proterozoico Inferior, pertencentes ao Complexo
rios (materiais de origem antrópica orgânicos ou inorgânicos). Máfico-Ultramáfico de Piên, do Domínio Luís Alves, são
O acúmulo desses materiais pode poluir o solo/subso- representados por rochas gnáissicas, xistos e metamorfitos
lo, as águas superficiais e mesmo contaminar os aquíferos derivados de rochas básicas. As rochas de magmatismo áci-
subterrâneos. Hoje, esses ambientes sofrem todo tipo de do, do Proterozoico Superior, constituem corpos graníticos
interferência antrópica. divididos em duas suítes regionais: uma na borda sudeste do
Escudo Paranaense, formada por granitos alcalinos, e outra
correspondente aos batólitos Três Córregos e Cunhaporanga,
de composição monzogranítica e subalcalina menores asso-
ciadas, encaixados nos metassedimentos do Grupo Açungui.
Os terrenos apresentando rochas vulcânicas e sedi-
mentares intercaladas do Paleozoico Inferior do Grupo Cas-
tro encontram-se justapostas, principalmente, às unidades
proterozoicas e cambrianas do Complexo Cunhaporanga
e granitos Carambeí e Joaquim Murtinho, de composição
ácida, representadas por riolitos, andesitos e piroclásticas –
brechas e tufos (SANTOS et al., 2006).
Sobre esses terrenos de marcantes estruturas geológi-
cas e variada litologia ocorreram as ações de esculturação
do relevo, as quais têm por balizamento geográfico a dispo-
sição dos terrenos do domínio limitados por três das quatro
superfícies de aplainamento enumeradas por Ab’Saber e
Bigarella (1961): Superfície Pré-Devoniana (superfície de refe-
rência), Superfície do Purunã (superfície cimeira dos pacotes
Figura 2.38 - Planície fluvial do rio Iguaçu (Piraquara, PR).
Fotografia: Gilberto Lima (2011). sedimentares da Formação Furnas) e Superfície do Iguaçu.

46
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA

Figura 2.39 - Mapa de localização do domínio geomorfológico planalto leste paranaense. Fonte: Elaborado por Gilberto Lima (2011).

Essas superfícies de aplainamento delimitam a face ociden- respectivo rebaixamento do lençol freático (Figura 2.40).
tal desse domínio junto às escarpas. A Superfície do Iguaçu O procedimento implica impactos ambientais para a fauna.
é a principal superfície de elaboração escultural desse A larga planície de inundação tem em sua área de influência
domínio e foi constituída pela erosão de terrenos pré-cam- a cidade de Castro, sujeita a variações sazonais no regime
brianos mais elevados em relação aos da Bacia do Paraná. hídrico do rio. Assim, a consideração de aspectos como hi-
Sua erosão rebaixou os terrenos, ultrapassando os limites drologia e sedimentação, delimitação de áreas alagáveis da
da Formação Furnas, criando essa nova superfície. Conta-se planície (R1a), é de fundamental importância. Por exemplo:
de 100 a 130 m entre a base da Formação Furnas e o nível nessa região, o predomínio de Latossolos de textura argilosa
da Superfície do Iguaçu. A evolução morfogenética dessa em associação com um relevo de baixa declividade, junto a
superfície de aplainamento (AB’SABER; BIGARELLA, 1961), Gleissolos e Organossolos, apresenta áreas sujeitas a inun-
pertencente ao Domínio do Planalto Leste Paranaense, dações periódicas, material de baixa capacidade de suporte
contou com eventos importantes de cunho climático e com possibilidades de recalques em fundações e edificações
tectônico responsáveis pela origem da Bacia Sedimentar de e contaminação do lençol freático (SANTOS et al., 2006).
Curitiba e também pelo enérgico reentalhamento de áreas
ao norte da referida bacia, forçando o recuo das cabeceiras
do rio Ribeira (o que individualiza outros dois domínios
geomorfológicos neste trabalho: Vale do Rio Ribeira e
Tabuleiros da Bacia Sedimentar de Curitiba).
O complexo cristalino, na área desse domínio, é
dissecado por um sistema de drenagem representado,
especialmente, por partes das bacias dos rios Capivari e da
Várzea, ao sul, e parte da bacia do rio Iapó a norte.
Destaca-se como a bacia mais expressiva em termos
de abrangência a do rio Iapó, na região do município de
Castro. De padrão retangular e controle tectonoestrutural,
o topônimo nos dá uma pista quanto à sua significação
ambiental: Iapó, em linguagem indígena, significa “rio que
alarga” (LANGE, 1994). A planície de inundação é exten-
sa e sua ocupação pressupõe uma alteração ambiental
importante, de origem antrópica. Nos espaços ocupados
pela agricultura, utilizam-se técnicas de represamento ou Figura 2.40 - Abertura de valetas e consequente rebaixamento do
drenagem (com implantação de valetas a céu aberto) e lençol freático (Castro, PR). Fotografia: Gilberto Lima (2011).

47
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Relacionados ao tipo de relevo mais movimentado, caráter geoambiental expressivos, a denominação de


aqui representado pela esculturação dos padrões de forma região dos Campos Gerais do Paraná.
em colinas dissecadas e morros baixos (R4a2) e, especial- Morfologicamente, o domínio corresponde a uma
mente, morros e serras baixas (R4b), estão, em muitos elevação destacada como um platô, em forma de “L”,
casos, terrenos com litologia composta por rochas vulcâni- sustentada pelo arenito da Formação Furnas. É resultado
cas de teor ácido a intermediário, as quais possuem maior estético do processo que soergueu essa porção crustal na
resistência ao intemperismo físico-químico. A geomorfolo- estrutura denominada Arco de Ponta Grossa. Fisicamente,
gia resultante pode desfavorecer o uso e a ocupação para sua morfologia corresponde, na borda leste, a um degrau
algumas aplicações, devido às características (declividade, topográfico na paisagem, em parte apresentando feições
amplitude e morfologia) das formas resultantes. erosivas à maneira de um rebordo (R4e), em parte como
um escarpamento (R4d), que constitui importantíssima e
Compartimento Planáltico Central bela feição geomorfológica.
As altitudes chegam a 1.300 m na área das escarpas,
Patamar delimitado por importantes estruturas geo- constituindo uma superfície inclinada, com suave decai-
morfológicas (escarpas e degraus litoestruturais); área de mento tanto para oeste quanto para noroeste até 850 m.
deposição dos sedimentos paleozoicos da Bacia do Paraná. Alguns fatores individualizam esse domínio geomor-
As condições ambientais propiciaram, aqui, formações fológico, tais como:
naturais notáveis, como os Campos Gerais. • Divisão proporcionada pelo gradiente topográfico;
• Presença bem marcada, na base e no topo das
Platô Furnas escarpas, de duas superfícies de aplainamento de-
limitando a área de ação dos processos esculturais;
É constituído, geomorfologicamente, por um patamar • Constituição litológica majoritária em arenito per-
delimitado, no lado oriental, com o Domínio do Planalto tencente à Formação Furnas;
Leste Paranaense por um degrau topográfico constituído • Feição geral à maneira de chapada ou platô (R2c),
pelas escarpas da serra de São Luís de Purunã ou as de- com topografia característica, quase sem variação
nominadas Escarpas Devonianas; a oeste, com o Domínio altimétrica na cimeira, topos planos e alongados,
da Depressão Ivaí. Estende-se desde o vale do rio Iguaçu, individualizando-a em relação às áreas circun-
entre os municípios de Lapa e Campo Largo, ao sul, até o dantes e onde prevalecem processos pedogené-
estado de São Paulo a norte (Figura 2.41). ticos (Figura 2.42);
Esse domínio coincide, em sua quase totalidade, • Presença de outras feições geomorfológicas impor-
com a área que recebe, por aspectos conspícuos ligados tantes, como o impressionante Cânion do Guartelá,
à história e à geografia, bem como outros fatores de o mais extenso do país.

Figura 2.41 - Mapa de localização do domínio geomorfológico platô Furnas. Fonte: Elaborado por Gilberto Lima (2011).

48
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA

de cunhos geológico, geomorfológico, arqueológico,


paleontológico (naquelas que são abrigos naturais) e pa-
leoclimático. Tanto as formas como respectivos ambientes
são suporte de grande diversidade biológica, registrando
a presença de endemismo.
Ao se levar em conta a sobreposição de áreas, algumas
considerações geralmente elaboradas para a região dos
Campos Gerais do Paraná são igualmente válidas para a
área desse domínio geomorfológico:
Algumas das feições de relevo típicas da região (fur-
nas, lagoas, depressões, sumidouros) indicam significativos
processos de dissolução de minerais constituintes das
rochas, a par da erosão mecânica dos grãos. Essa carac-
terística implica considerar tais rochas como aquíferos ao
Figura 2.42 - Área de relevo em superfície cimeira (platô) mesmo tempo estruturais (onde o fluxo e a estocagem
(Porto Amazonas, PR). Fotografia: Gilberto Lima (2011).
da água subterrânea são controlados por estruturas tais
As superfícies de base e de topo do escarpamento como falhas e fraturas) e cársticos (onde cavidades subter-
são descritas por Ab’Saber e Bigarella (1961) como liga- râneas formadas por significativa dissolução controlam a
das, respectivamente, às superfícies de aplainamento água subterrânea). Isso deve ser levado em conta quando
pré-devoniana e do Purunã. da exploração de tais aquíferos, que podem apresentar
A evolução da paisagem deu-se a partir dessas duas vazões muito variáveis e fenômenos de colapso do terreno
superfícies de aplainamento. Uma delas (Superfície de (MELO et al., 2007, p. 49-58).
Aplainamento Pré-Devoniana) trunca a base das escarpas O limite oriental do domínio é constituído por dois
ou sedimentos devonianos da Formação Furnas e constitui padrões de relevos principais: escarpas serranas (R4d) e
um paleoplano do contato com as dobras pré-cambrianas degraus estruturais e rebordos erosivos (R4e). Esses últimos
aplainadas, caracterizadas e reconhecidas por mais de (R4e) representam superfícies de degradação acidentadas,
250 km. A outra (Superfície do Purunã) apresenta-se como ou seja, um relevo de transição entre duas superfícies
a superfície de cimeira no topo da unidade planáltica. distintas alçadas a diferentes cotas altimétricas (DANTAS;
A fachada leste também constitui importante marco como ARMESTO; ADAMY, 2008). As escarpas (R4d) caracteri
o limite, ou borda leste, da Bacia do Paraná nesse estado. zam-se por terem sido esculpidas em rocha sedimentar
O Platô Furnas, em geral, relaciona-se a uma litologia em um processo de erosão diferencial (entre o Terciário e
de sedimentos paleozoicos devonianos constituídos por o Quaternário Inferior), sob a influência de um paleoclima
arenitos da Formação Furnas (Grupo Paraná), de textura variando de árido a semiárido, em uma estética, ainda
média/grossa, estratificação cruzada e horizontal, apre- hoje, em evolução.
sentando, subordinadamente, arenitos conglomeráticos e A diversidade litológica presente nessas feições
siltitos esbranquiçados, depositados em ambiente fluvial e favorece um padrão de formas de relevo mais diversifi-
litorâneo (MINEROPAR, 2001). Os processos pedogenéticos
cado e movimentado, devido à diferença de resposta a
importantes estão associados a um padrão de formas em
processos morfogenéticos.
platô ou superfície de cimeira (R2c).
Importantes rios da rede de drenagem nesse do-
A exposição do arenito a condições climáticas
mínio são rios antecedentes, ou seja, mais antigos que a
de temperatura, pluviosidade e insolação propícias ao
própria formação das escarpas, os quais atravessam por
avanço intempérico e erosivo culminou na modelagem
vales estreitos e encaixados (R4f) ou cânions (por exem-
de um relevo contendo formas e ambientes especiais.
Alguns exemplos são o aparecimento, no limite erosivo das plo, rios Pitangui, Iapó, Jaguariaíva, Jaguaricatu, Itararé).
escarpas, bem como no interior do domínio, de relevos Além disso, é grande a amplitude altimétrica (média de
ruiniformes, morros-testemunhos, furnas, sumidouros, 200 m) entre duas superfícies erosivas de aplainamento.
lapas, dolinas, pináculos, torres etc. Assim, os rios possuem fortes gradientes, com muitas que-
Assim, tem-se: o relevo ruiniforme do Sítio Geológico das d’água, o que os torna potencialmente utilizáveis para
de Vila Velha, no município de Ponta Grossa; a Furna do produção hidrelétrica.
Buraco do Padre e a furna assoreada da Lagoa Dourada, Os solos não são muito férteis, quando resultantes
no interior do Parque Estadual de Vila Velha, ambas no da decomposição dos arenitos (Formação Furnas), devido
município de Ponta Grossa etc. à presença de quartzo. No entanto, parte da área tem o
Quanto às formas, estas expõem sedimentação muito solo derivado de outros tipos de rocha, como folhelho e
antiga e de fácil acesso, que podem revelar informações argilito, o que possibilita, a priori, maior fertilidade:

49
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

[...] devido aos remanejamentos geomórficos (transporte oeste, por um degrau topográfico (Figura 2.43) constitu-
e mistura de materiais) que se processaram ao longo do tem- ído pelas escarpas triássico-jurássicas ou escarpas da serra
po para a formação da paisagem atual, uma grande parte Geral (ou, ainda, recebendo a denominação regional de
dos solos é formada a partir dos sedimentos retrabalhados serra da Boa Esperança).
provenientes do intemperismo das rochas anteriormente Ocupa uma faixa de aproximadamente 100 km de
citadas, o que explica a elevada percentagem de solos com largura, alinhada paralelamente à estrutura do Arco de
textura média e argilosa na região dos Campos Gerais. Ponta Grossa, balizada, ao sul, pelos municípios de Piên e
Por outro lado, o relevo suave ondulado, com predominância União da Vitória até o estado de Santa Catarina e, a norte,
de vertentes convexas, abriga uma grande extensão de solos por Sengés e Siqueira Campos, nos limites com o estado
profundos, bem estruturados, porosos e de boa drenagem. de São Paulo (MENEGUZZO; MELO, 2004).
O clima subtropical e a vegetação natural de gramíneas (cam- A Depressão Ivaí é considerada, ora como uma con-
pos nativos) contribuíram na determinação de elevados teores
tinuidade, no estado do Paraná, da Depressão Periférica
de matéria orgânica nos solos sob vegetação natural, sendo
Paulista (ROSS, 1989), ora como duas depressões (perifé-
este um fator positivo sob vários pontos de vista, dentre eles
ricas) distintas: uma situada nas terras baixas do Primeiro
a elevação da CTC dos solos na camada superficial e a me-
Planalto, outra na margem ocidental do Segundo Planalto
lhoria na agregação de suas partículas (SÁ, 2007, p. 73-83).
(AB’SABER, 1972).
Em resumo, esse domínio possui características am-
bientais específicas, derivadas de sua constituição litológica Os padrões de formas do relevo mostram áreas pla-
predominantemente sedimentar, com influência sobre a nálticas levemente basculadas para oeste, com topografia
elaboração das formas geomorfológicas, da hidrologia, pouco movimentada no geral, porém dissecadas por uma
dos tipos de solos e da cobertura vegetal. A morfologia hidrografia importante representada pelas bacias dos rios
impressionante das escarpas e formas associadas, repre- Ivaí, Tibagi, Iguaçu e Negro, permeadas por grande varie-
sentando cenários paisagísticos belíssimos, detém grande dade de formas individualizadas de detalhe.
potencial geoturístico. São comuns feições residuais como planaltos e
morros-testemunhos, que evidenciam longas fases
Depressão Ivaí erosivas, marcadas por recuo paralelo da encosta ocor-
rido em clima semiárido. Às vezes, surgem morros de
Domínio constituído por uma superfície rebaixada, topos tabuliformes cercados por vales em “V” bastante
delimitada a leste com o Domínio do Platô Furnas e, a profundos (R4f).

Figura 2.43 - Mapa de localização do domínio geomorfológico depressão Ivaí. Fonte: Elaborado por Gilberto Lima (2011).

50
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA

Ainda a oeste das escarpas da serra da Boa Esperança, Em síntese, como o anterior, esse domínio tem
em áreas próximas ao vale do Ivaí, ao norte, e Mallet, ao sul, características ambientais específicas, derivadas de sua
observa-se um relevo de morros residuais (R3b). Essas formas constituição litológica predominantemente sedimentar,
são capeadas por material do Arenito Botucatu. com influência sobre a elaboração das formas geomorfo-
A meio caminho entre o reverso das escarpas do lógicas, da hidrologia, dos tipos de solos e da cobertura
Domínio Platô Furnas e as escarpas triássicas (Figura 2.44), vegetal. A morfologia impressionante das escarpas e formas
observam-se elevações dispostas paralelamente ao traça- associadas representando cenários paisagísticos belíssimos
do das referidas escarpas, que se destacam na paisagem tem grande potencial geoturístico.
como blocos isolados, compondo áreas planálticas, as
quais constituem, em seu núcleo, soleiras (sills) de diabásio.
Compartimento Planáltico Centro-Ocidental
Essas soleiras, originadas nos processos de derrame de
lavas que ocorreram na Bacia do Paraná, foram intrudidas
segundo planos de estratificação dos sedimentos paleo- Área de deposição dos sedimentos mesozoicos e der-
zoicos (MILANI; RAMOS, 1998). rames vulcânicos. As condições ambientais propiciaram a
Destaca-se, também, a influência tectônica na condução formação de solos profundos e de boa fertilidade natural,
estrutural da rede de drenagem, como, por exemplo, o vale conhecidos popularmente como “terra roxa”. Na região
muito encaixado do rio Ivaí ladeado por soleiras de diabásio. noroeste, há deposição de sedimentos eólicos cretáceos.
Como parte desse fenômeno, ocorrem estruturas de
diques, a oeste das escarpas, orientadas na direção NW, Planalto dissecado de Guarapuava
associadas a falhas limitadas regionalmente rumo NNE
(N28°E), NW (N45°W) e N-S, com diferenças de nível de 80 Localiza-se na região centro-sul do estado do Paraná,
a 180 m determinando o aspecto topográfico da superfície limitando-se, a leste, com o Domínio da Depressão Ivaí;
do terreno (MAACK, 1947). a sul, com o estado de Santa Catarina; a norte e a oeste,
A geomorfologia da maior parte da Depressão Ivaí é com o Domínio do Planalto Centro-Ocidental (Figura 2.45).
sustentada por arenitos, siltitos, argilitos, folhelhos, diamic- O planalto é drenado pela bacia do rio Iguaçu em seu
titos e calcários pertencentes aos grupos Itararé (formações curso médio. Os principais afluentes do rio Iguaçu, na área,
Rio do Sul, Mafra e Campo do Tenente), Guatá (formações são, na margem direita, o rio Jordão e, na esquerda, os
Palermo e Rio Bonito) e Passa Dois (formações Irati, Serra
rios Iratim e Chopim (esse último com confluência fora da
Alta, Teresina e Rio do Rasto). A diversidade do padrão
área do domínio).
de formas do relevo é bem ampla, incluindo colinas com
Nessa área, o rio Iguaçu, antecedente e cortando as
diferentes graus de dissecação (R4a2, R4a1), superfícies
cimeiras (R2b3), vales encaixados (R4f) etc. escarpas jurássicas por um profundo vale, divide o domínio
A grande variedade de formas traduz a ação intem- em dois blocos distintos: ao norte, a região de Pinhão e
périca sobre a constituição litológica, de característica Guarapuava e, ao sul, abrange Palmas e General Carneiro.
principalmente sedimentar, o que facilitou sua escultu- O domínio formado por esses dois blocos (platôs)
ração/degradação pela ação erosiva hídrica, modelou os representa, em seu topo, uma porção francamente in-
sedimentos paleozoicos e ressaltou os materiais vulcanos- dividualizada em seus limites em relação ao domínio do
sedimentares nos terrenos. Planalto Centro-Ocidental, devido ao gradiente altitudinal
e hipsométrico destacado, posicionando-se como uma
superfície cimeira de topos aplainados representada pelos
platôs retromencionados.
A geomorfologia do Planalto Dissecado de Guara-
puava foi modelada, quase totalmente, sobre terrenos
pertencentes ao domínio de geodiversidade do Vulcanismo
Fissural Mesozoico do Tipo Platô (DVM) como no Planal-
to Centro-Ocidental. Porém, a diferença está no fato de
naquele domínio geomorfológico prevalecerem rochas de
caráter básico (basaltos), enquanto neste as rochas apresen-
tam caráter ácido na maior parte dos terrenos e básico em
áreas menores intercaladas por aqueles. Assim, a litologia
da área norte (região de Guarapuava) é constituída por
rochas efusivas ácidas e básicas da Formação Serra Geral.
Os derrames ácidos são constituídos por dacitos, latitos, rio-
Figura 2.44 - Relevo da área localizada a meio caminho entre litos e quartzo-latitos (Formação Chapecó). Já os derrames
o reverso das escarpas do domínio platô Furnas e as escarpas
triássicas (distrito de Chupador, município de Ivaí, PR). básicos compreendem os basaltos hipovítreos, tabulares
Fotografia: Deyna Pinho, 2011. maciços, lobados e Fácies Campo Erê (TRATZ, 2009).

51
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Figura 2.45 - Mapa de localização do domínio geomorfológico planalto dissecado de Guarapuava.


Fonte: Elaborado por Gilberto Lima (2011).

Essa diferenciação litológica reflete-se na estética da Já a área do bloco sul tem sua litologia composta por
paisagem: rochas ácidas sustentam a superfície cimeira do derrames ácidos (dacitos e riolitos da Formação Chapecó)
platô em cotas altimétricas mais elevadas, enquanto a área e básicos (basaltos da Formação Esmeralda).
de derrames básicos é mais dissecada, com suas formas clas- Os padrões de relevo em áreas circundantes ao Vale do
sificadas no padrão de relevo de morros e de serras baixas Iguaçu são constituídos por planaltos (R2b3) de topografia
(R4b). Uma explicação para essa diferença, considerando, superficial suavizada ou blocos adjacentes a estes corres-
a priori, apenas o fator litológico, seria o menor poder pondendo a platôs (R2c), cujo gradiente hipsométrico da
erosivo em rochas ácidas, devido à dureza ocasionada pela face voltada para o vale chega, em alguns pontos, a 500 m
grande quantidade de SiO2, em oposição às rochas básicas, (600 a 1.100 m). Registra-se, também, a presença de vales
mais ricas em Fe. Essa é uma condição geral, pois a estética encaixados (R4f), a nordeste, pertencentes aos rios con-
morfológica está sujeita também a outros fatores, como, sequentes Pinhão e Jordão, que foram responsáveis pela
por exemplo, os de ordem paleoclimática. dissecação no plano de declive perpendicular à borda de
Além disso, do ponto de vista geológico-tectônico, soerguimento e cujas nascentes estão a poucos quilômetros
áreas de maior dissecação, como as do relevo do vale do das escarpas jurássicas.
rio Iguaçu (R4b), estão ligadas a movimentos epirogênicos Em relação à hidrografia, no limite oeste do domínio,
conjugados a processos erosivos de rejuvenescimento ou onde ocorre a morfologia de degraus anteriormente men-
à presença de falhamentos nas bordas do platô com rom- cionada, estão presentes diversos knickpoints, correspon-
pimento da declividade em forma de patamares. dentes à alteração do nível de base local e à existência de
Esses degraus ou patamares estão, possivelmente, vales suspensos. Essa morfologia produz quedas d’água
ligados ao processo erosional sobre a deposição tabular de grande beleza, perfazendo atrações de interesse
dos derrames de trapps basálticos. geoturístico (Figura 2.46).
As rochas ácidas do tipo Chapecó evoluem para solos Sobre os processos ambientais atuantes e que con-
argilosos e espessos enriquecidos com ferro, cálcio e po- figurem risco, observa-se, em áreas mais dissecadas e
tássio (NARDY, 1995). Em consequência das características relevo mais movimentado (R4b), como as adjacentes à
do solo, a vegetação natural original é mais densa nessas calha do rio Iguaçu e consistindo área intercalada entre
áreas. Hoje, infelizmente, essa cobertura vegetal está planaltos e platôs, alta suscetibilidade a erosão, movimen-
bastante reduzida. tos de massa e queda de blocos (SANTOS et al., 2006).

52
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA

área desse domínio. Os derrames são constituídos por corpos


tabulares estratificados em camadas alternadas ou trapps,
que representam as diversas fases de derrames fissurais.
O aspecto da paisagem no tocante às formas (Terceiro
Planalto) é descrito como “determinado pelas formas de
mesetas e platôs recortados do nível geral dos lençóis erup-
tivos [...]” (MAACK, 1947, p. 72), ou seja: a geomorfologia
do Domínio Planalto Centro-Ocidental, modelada sobre
terrenos de rochas vulcânicas extrusivas, é influenciada
pelas características do material que o compõem, bem
como seu arranjo e, como resposta, manifesta as formas
e padrões descritos.
A área desse domínio é coincidente com 70% da uni-
dade denominada Terceiro Planalto por Maack (1947), que
formulou a divisão quanto às características hidrográficas,
individualizando-as em quatro grandes áreas. A região
é amplamente dissecada por quatro rios principais, que
confluem para o rio Paraná, divididos em quatro áreas ou
blocos principais afeitos às áreas parciais das respectivas
bacias hidrográficas de cada um: Ivaí (médio curso), Iguaçu
(médio e baixo curso), Piquiri (alto, médio e baixo curso) e
Tibagi (baixo curso).
O rio Ivaí, em sua porção de médio curso sobre a
bacia sedimentar, tem seu percurso pertencente a esse
domínio geomorfológico. Há de se notar a direção do
caminhamento do rio, que coincide, nesse trecho, com o
Figura 2.46 - Queda d’água, no rio Jordão, às margens da rodovia caimento das camadas sedimentares, orientando-se pre-
BR-277 (Guarapuava, PR). Fotografia: Gilberto Lima (2011). ferencialmente na direção NO-SE. É o trecho do rio onde
há maior impermeabilidade dos terrenos, que se traduz no
Em áreas planas ou em patamares, periféricas às ante- desenvolvimento de uma rede de drenagem mais densa
riormente citadas, geralmente constituindo superfícies com relação a alto e baixo cursos.
cimeiras, como planaltos (R2b3) e platôs (R2c), baixa ou A disposição dos derrames de trapps dispostos em
moderada suscetibilidade à erosão, com prevalência de camadas tabuloides, planares, condiciona e favorece a
pedogênese sobre a morfogênese. erosão dos basaltos especialmente em relevos colinosos
(R4a1), em alguns trechos muito suavizados, com tendência
Planalto Centro-Ocidental à imposição da pedogênese sobre a morfogênese (Figura
2.48), e também de um relevo dissecado (R4a2), onde
Constituído a partir da área em degrau a leste, repre- outros fatores estão predisponentes.
sentada pelas escarpas da serra Geral (serra da Boa Esperan- Nessa área, além de basaltos, verifica-se, a nordeste,
ça, escarpa mesozoica), e, a oeste, pela planície aluvial do a presença de extensos enxames de diques de diabásio
rio Paraná, na divisa com o estado de Mato Grosso do Sul. produzindo frequentes afloramentos, com redução da
Ao norte, seu limite coincide com a divisa entre os estados espessura na camada pedológica (SANTOS et al., 2006).
de Paraná e São Paulo, representado pelo rio Paranapane- A bacia hidrográfica do rio Piquiri apresenta, em seu
ma, e, ao sul, com a divisa dos estados de Paraná e Santa alto curso, relevo muito aplainado, com sua nascente no
Catarina, em sua maior parte representada pelo divisor de rebordo de planalto (R3b2). Os relevos colinosos, mais
águas das bacias dos rios Iguaçu e Uruguai (Figura 2.47). dissecados no médio curso do rio (R4a2), derivam para
A configuração de uma impressionante escarpa colinas muito amplas e suaves no baixo curso, onde a pe-
triássico-jurássica a leste marca nítida separação entre dogênese se acentua (R4a1). No alto curso do rio ocorrem,
os compartimentos, formalizando uma feição de cuesta, principalmente, Neossolos Regolíticos, correspondendo às
cujo gradiente altimétrico entre base e topo oscila, na áreas de transição na topografia de planalto para colinosa
média, entre 50 a 200 m, observando-se, ainda, um plano em áreas de menor hipsometria. Nessas áreas de topografia
de declive ou caimento no reverso da cuesta de direção com menor gradiente hipsométrico, no médio curso do rio,
SW-W-NW em sentido da calha do rio Paraná. ocorrem Latossolos e Nitossolos localizados nas laterais dos
No Eocretáceo, o magmatismo basáltico se manifestou vales escavados pela rede hidrográfica. No baixo curso, a
pelo rompimento da crosta por fendas tectônicas de tração mesma disposição, à exceção da substituição de Nitossolos
generalizadas, ocasionando derrames gigantescos sobre a por Argissolos em encostas e vales (EMBRAPA, 2008).

53
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Figura 2.47 - Mapa de localização do domínio geomorfológico planalto centro-ocidental. Fonte: Elaborado por Gilberto Lima (2011).

Esses terrenos compõem cerca de 95% da área do do-


mínio e marcam amplamente a sua caracterização. Espessa
cobertura superficial, derivada da composição predominan-
temente basáltica das rochas, serviu de palco à formação
de grande manto de intemperismo, com franca imposição
de processos pedogenéticos sobre os morfogenéticos.

Planalto Noroeste modelado em Colinas


amplas e suaves

Constitui a área correspondente à porção noroes-


te do estado do Paraná e também do compartimento
Planáltico Centro-Ocidental, preenchida por sedimentos
eólicos cretácicos.
Compreende a área a leste desde as cabeceiras do rio
Figura 2.48 - Relevo de colinas amplas e suaves (Ivaí, PR). Bandeirante do Norte, atingindo o curso médio dos rios
Fotografia: Gilberto Lima, 2011. Pirapó e Ivaí, cobrindo, a sul, toda a bacia do rio Goioerê e
também a superfície referente à margem direita da bacia do
As terras baixas esculpidas pelo rio Tibagi apresentam rio Piquiri. A norte, seu limite coincide com a divisa entre os
áreas colinosas dissecadas e morros baixos (R4a2). estados de Paraná e São Paulo, representada pelo rio Parana-
Finalmente, com relação ao rio Iguaçu, no trecho a panema, e, a oeste, pelas planícies do rio Paraná, no Domínio
jusante da cidade de Mangueirinha, com gradientes mo- da Planície Fluvial do Rio Paraná (Figura 2.49).
destos, sobressaem as colinas dissecadas (R4a2). O processo de geomorfogênese, nesse domínio, com-
Solos argilosos, como Latossolo Vermelho Eutroférrico preendeu a subsidência da bacia a norte da zona de falha
e Nitossolo Vermelho Eutroférrico, representam os mais fa- Curitiba-Maringá, além de importante influência da zona
voráveis à atividade agrícola (terra roxa), tornando o estado de falha de Guapiara (São Paulo) e Lineamento São Sebas-
do Paraná um dos maiores produtores e exportadores de tião (Paraná), configurando o polígono de distribuição e a
grãos do país. acumulação dos sedimentos cretáceos (MINEROPAR, 2006).

54
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA

Figura 2.49 - Mapa de localização do domínio geomorfológico planalto noroeste modelado em colinas amplas e suaves.
Fonte: Elaborado por Gilberto Lima (2011).

Assim, na porção centro-meridional da Plataforma Sul- Posicionado na direção E-W definida pelo lineamento
Americana, em uma depressão de evolução geológica e de- regional, compõe uma rede de drenagem, nesse setor, de
pocentros distintos dos da Bacia do Paraná, foram alocados, padrão subdendrítico e conta com larga planície fluvial.
majoritariamente, os arenitos neocretáceos constituindo a A geomorfologia do Planalto Noroeste Modelado
sequência suprabasáltica (FERNANDES; COIMBRA, 1994). em Colinas Amplas e Suaves foi construída sobre os ter-
A denominação hierárquica e a nomenclatura desses renos cuja característica litológica é a composição por
sedimentos têm variado ao longo do tempo, depen- sedimentos à base de quartzo, o que redunda em solos
dendo de cada autor. Uma das proposições possíveis, e permeáveis, percolativos.
aqui considerada, nomina como Grupo Caiuá as depo- A maior característica geomorfológica, entretanto,
sições compostas pelas formações Rio Paraná, Goio-Erê é a uniformidade do relevo. Pouca diversidade, aliada à
e Santo Anastácio. suavidade do terreno, demonstrada em um arranjo dos
São rochas sedimentares de origem continental, cons- padrões de forma que consiste quase exclusivamente
tituídas por arenitos, acumuladas em ambiente desértico, em colinas muito amplas e muito suaves (R4a1), de baixa
geneticamente relacionadas, correspondendo a subam- dissecação, apresentando vertentes muito longas e de
bientes distintos (FERNANDES; COIMBRA, 1994), sendo: leve convexidade, amplitude topográfica até 20 m e topos
• Zona central de sand sea (Formação Rio Paraná); normalmente aplainados e alongados.
• Zona de depósitos eólicos periféricos (Formação A geomorfogênese referente a esse padrão de for-
Goio-Erê); mas do relevo está ligada aos processos de clima úmido
• Planícies de lençóis de areia (Formação San- agindo sobre arenitos friáveis, aliada à proximidade do
to Anastácio). nível de base regional (SANTOS; FORTES; MANIERI, 2009).
Deve ser observado que, de modo geral, na área Como resultado, ocorre a formação de espesso manto
abrangida pelas formações Rio Paraná e Goio-Erê, existe de alteração impondo o processo de pedogênese sobre
uma espessa cobertura arenosa inconsolidada. Sua origem a morfogênese.
ainda não está completamente esclarecida: gênese colu- Apesar disso, nos Arenitos Caiuá predominam pro-
vial (POPP; BIGARELLA, 1975) ou processos de alteração cessos de erosão laminar e linear (ravinas e voçorocas)
supergênica (GASPARETTO; NOBREGA; CARVALHO, 2001). atuando sobre relevos de baixa declividade e solos espessos
O principal curso d’água é o rio Ivaí em seu baixo curso. de textura arenosa média.

55
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

No terço médio inferior das vertentes, há Argissolos, A geomorfogênese ocorre segundo eventos geocrono-
que, em conjunto com outros fatores apresentados, pos- lógicos subordinados, principalmente, da ação agradacional
suem grande fragilidade a processos erosivos, enquanto resultante dos condicionantes paleoclimáticos e, secunda-
no terço superior os Latossolos representam média susce- riamente, das movimentações crustais originadas quando
tibilidade a esses processos (SANTOS; FORTES; MANIERI, da ocorrência de processos neotectônicos.
2009) (Figura 2.50). Para o rio Paraná, alguns eventos geomorfológicos
Ainda há de se mencionar uma região colinosa de significativos teriam ocorrido do final do Pleistoceno até o
dissecação mais intensa, próxima à cidade de Loanda, Holoceno (KRAMER, 2001):
que obedece a um padrão R4a2 (domínio de colinas dis- • Alargamento e incisão vertical do canal do rio (15 m),
secadas e morros baixos). A existência desse padrão de acompanhadas de migração para o lado parana-
forma de relevo local, em área restrita, refere-se ao grau ense no Pleistoceno Superior;
de endurecimento a que está condicionada a deposição • Agradação de depósitos originados em sistema do
sedimentar, favorecendo maior morfogênese que as tipo entrelaçado (42000 anos BP);
áreas do entorno. • Incisão vertical do canal e da planície de inunda-
ção do atual rio Paraná, sob clima tropical úmido,
e desenvolvimento de padrão anastomosado no
início do Holoceno;
• Agradação dos depósitos de canal e planície de
inundação entre 6000 e 4500 anos BP;
• Nova incisão vertical do talvegue e migração para o
lado paranaense; recrudescência das condições de
semiaridez entre 35000 e 15000 anos BP;
• Formação de lagoas e pântanos atuais na planície
de inundação, a partir de canais abandonados;
formação do sistema atual de ilhas; mobilização
de carga de fundo com formas de leito de grande
porte de 1500 anos até o presente;
• A partir de 1940, a região começa a ser muito
alterada por atividades humanas bastante intensas
e desordenadas;
Figura 2.50 - Voçoroca sobre terrenos do arenito Caiuá Quanto a aspectos morfológicos do relevo desse
(Cafezal do Sul, PR). Fotografia: Gilberto Lima (2011). domínio, observa-se:
• Rio Paraná: no alto curso (trecho paranaense, de
Planícies fluviais dos rios Paraná e Ivaí Porto Rico até as proximidades da confluência com o
rio Ivaí), inexiste a planície de inundação na margem
Engloba ambientes de agradação que compreendem esquerda; a existência de afloramentos de arenitos
as extensas áreas deposicionais aluvionares contínuas, cretáceos, formando resistentes paredões de até
formadoras das planícies de inundação e terraços fluviais, 6 m de altura apenas na margem esquerda do rio
referentes ao sistema de drenagem do rio Paraná (divisa Paraná, causa assimetria de relevo que impede o
Paraná-Mato Grosso do Sul) e seu afluente da margem desenvolvimento da planície de inundação na mar-
esquerda, rio Ivaí (no baixo curso), observando-se os gem pertencente a esse domínio (SANTOS, 2005);
limites estaduais (Figura 2.51). • Rio Ivaí: planícies de inundação se desenvolvem
A morfologia, do ponto de vista genético, abrange simetricamente em relação ao canal e lateralmente
ambientes de agradação com topografia plana e suave. ao canal, apresentando diques marginais contínuos
Os depósitos sedimentares quaternários que formam (até 5 m acima do nível da planície) e maior enverga-
as planícies aluviais presentes no domínio refletem as dura próximo à foz (até 15 km), devido à influência
variações paleoclimáticas pleistocênicas e holocênicas, do rio Paraná (SANTOS; FORTES; MANIERI, 2009);
possivelmente associadas a condições de neotectonismo, o canal apresenta padrão meândrico fortemente
e, morfologicamente, na geração das planícies de inun- encaixado a montante da planície; tem a altura das
dação stricto sensu, nos patamares em terraços, além de margens diminuída a jusante; e a largura do canal
outras formas presentes (ilhas fluviais, barras arenosas, aumentada em direção à foz.
leques aluviais, diques marginais, paleocanais, paleoilhas e Na área de confluência, os dois sistemas influenciam-se
outras), porém, neste trabalho, não cartografadas, devido mutuamente. Estão presentes áreas de deposição ativa,
à escala adotada. leques aluviais, terraços e diques marginais.

56
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA

Figura 2.51 - Mapa de localização do domínio geomorfológico planície fluvial dos rios Paraná e Ivaí.
Fonte: Elaborado por Gilberto Lima (2011).

Áreas do curso do rio Paraná, em sua parte de topo- Além de possuírem grande relevância ambiental, os
grafia menos elevada, estão hoje submersas ou limitadas ambientes agradacionais desse domínio também contam
pelo reservatório da Usina Hidrelétrica de Itaipu, cuja massa com relevância econômica, haja vista a existência de im-
d’água faz parte da Hidrovia Paraná-Tietê. Portanto, a partir portante via de transporte de mercadorias representada
da cidade-porto de Guaíra houve desaparecimento das áreas pela Hidrovia Paraná-Tietê, cuja função é interligar os
da antiga planície fluvial (Figura 2.52). países do Mercosul.
Assim como outros domínios com características
agradacionais (Planícies Costeiras das Baías de Paranaguá
e Guaratuba; Tabuleiros de Curitiba), este apresenta grande
fragilidade em função das consequências protagonizadas
pelos processos de transporte/deposição de sedimentos
referentes à erosão a montante e que irão causar assore-
amento nos terrenos a jusante, como também pela possi-
bilidade de contaminação do solo/subsolo por elementos
contaminantes infiltrantes eventualmente transportados e
presentes na massa fluida.
Para resguardar o patrimônio ambiental de inestimável
importância (a par do que já foi perdido), foram criadas
áreas de proteção ambiental que incluem o Parque Nacional
da Ilha Grande, de modo a resguardar a biodiversidade
do rico ambiente úmido constituído por essas planícies
povoadas de feições geomorfológicas menores. O referi- Figura 2.52 - Criação de búfalos em área da planície fluvial
do rio Paraná, no trecho limite com o lago da hidrelétrica de Itaipu,
do parque corresponde a aproximadamente 50% da área localizado a jusante desse ponto. Fotografia: Andrea
desse domínio. Fregolente Lazaretti (2011).

57
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

SOLOS DO PARANÁ Em 2015, segundo dados de SEAB/DERAL (2017), o Paraná


foi o primeiro produtor nacional de trigo, feijão e cevada e
Solo, segundo Dantas, Armesto e Adamy (2008), é a o segundo produtor de aveia, batata inglesa, centeio, man-
superfície inconsolidada, constituída de camadas que dife- dioca, milho e soja (Figuras 2.54). Muitos desses produtos
rem pela natureza física, química, mineralógica e biológica, agrícolas são responsáveis por extensas áreas de mono-
desenvolvida ao longo do tempo sob a influência do clima, cultura no centro-oeste paranaense (Figuras 2.55 e 2.56).
material originário, relevo da própria atividade biológica.
Nesse contexto, a pluralidade de terrenos geológicos do Principais Solos do Paraná
estado do Paraná e a grande variedade de formas de rele-
vo são os principais fatores condicionantes para geração O mapeamento e a classificação descritiva dos solos
da grande diversidade de solos do estado, que culminou, possibilitam: conhecer mais das adequabilidades e limitações
juntamente com sua localização geográfica privilegiada, dos solos de um município, estado ou país; a troca de infor-
na reconhecida vocação agrícola. mações técnicas entre as pessoas que usam ou estudam os so-
O conhecimento da classificação, descrição e avaliação los; predizer o comportamento dos solos e identificar seu uso
das potencialidades e respectivas limitações dos principais mais adequado, para otimização do planejamento territorial.
tipos de solo reveste-se de fundamental importância, como
ferramenta auxiliar nas tomadas de decisão com relação a
uso e ocupação da terra.
Neste trabalho, oferece-se um panorama geral dos
solos do Paraná sob a perspectiva da geodiversidade, ou
seja, como uma variável que concorre para a discretiza-
ção de áreas com fragilidades e potencialidades de uso
análogas, fundamentais para o planejamento territorial
de um estado cuja matriz econômica é relacionada às
atividades agropecuárias.

Uso do Solo

Até 2002, segundo ITCG (2008), o uso do solo do esta-


do do Paraná era principalmente destinado ao uso agrícola.
Esse panorama não se modificou muito até os dias de hoje,
com 66,6% do território utilizados para diversos cultivos
e 16,3% destinados a pastagens e campo (Figuras 2.53).

Figura 2.54 - Produção agrícola do Paraná em relação à produção


nacional no ano de 2015 (ranking indicado entre parênteses).
Fonte: (SEAB/DERAL, 2017).

Figura 2.53 - Uso do solo em 2002 no estado do Paraná Figura 2.55 - Cultivo de trigo em Quarto Centenário (PR).
(porcentagens em área do território). Fonte: (ITCG, 2008). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti, 2011.

58
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA

Suas características físicas, como boa profundidade,


relevo ondulado suave a plano, ausência de pedras, grande
porosidade, boa drenagem e permeabilidade fazem com que
sejam os mais utilizados na produção rural. Embora geral-
mente sejam de baixa fertilidade, as práticas de adubação
e correção do solo realizadas pelos produtores rurais os tor-
nam muito produtivos. Devido a essas razões, os Latossolos
apresentam alta estabilidade, baixo risco de erosão e grande
capacidade para suportar estradas, construções, além de
serem locais favoráveis à instalação de aterros sanitários,
depósitos de efluentes, lagoas de decantação e cemitérios.
Contudo, os Latossolos do noroeste do Paraná apresentam
maior teor de areia e, por esse motivo, são mais suscetíveis à
erosão e com maior fragilidade ambiental, apesar do relevo
aplainado.

Neossolos
Figura 2.56 - Cultivo de cana-de-açúcar em Cidade Gaúcha (PR).
Fotografia: Deyna Pinho, 2011 São solos em estádio inicial de evolução, pouco de-
senvolvidos, rasos (com menos de 50 cm de profundidade),
Nesse contexto, utiliza-se o Sistema Brasileiro de Classifi- apresentando, mais comumente, apenas horizonte A sobre o
cação de Solos (SiBCS), o qual determina o agrupamento horizonte C ou sobre a rocha de origem. Neossolos Litólicos
dos solos em categorias segundo propriedades em comum (RL) ocorrem no sudeste do estado, em terrenos do embasa-
(resultantes dos processos de gênese do solo, ou seja, do mento cristalino, acompanhando serras e cristas alongadas
modo como foram formados). Essas categorias recebem (DSP2, DSVP2 e DCGR2) (vide Figura 2.57). Possuem expres-
denominações próprias e condizentes com o estágio atual siva representatividade em área, desenvolvendo-se sobre os
do conhecimento científico (Quadro 2.2). derrames da Formação Serra Geral (DVM) e sobre as rochas
Apresentam-se, a seguir, as principais ordens de siliclásticas e pelíticas dos grupos Passa Dois, Guatá e Itararé
solos do Paraná, juntamente com a proporção em área na faixa central do estado (DSVMP). Subordinadamente a
de cada tipo de solo nos domínios geológico-ambientais estes, estão associados os Neossolos Litólicos.
da geodiversidade (Figura 2.57). Os principais obstáculos quanto ao seu uso são as
acentuadas declividades das áreas onde predominam, a
Latossolos presença de pedras e a pouca espessura. Sua fertilidade
varia e depende fundamentalmente de sua mineralogia e
São solos profundos, bastante intemperizados respectiva capacidade de troca de cátions. Coincidem com
(velhos e alterados em relação à rocha) e, geralmente, áreas de ocupação agrícola familiar de pequena escala.
de baixa fertilidade. Ocupam, normalmente, os topos Quando apresentam baixa fertilidade e relevos inclinados,
de paisagens, em relevos mais planos. São porosos, esses solos devem ser reservados para preservação da flora
permeáveis, com boa drenagem (não têm excesso de e fauna. Considerando as características já relatadas, cons-
água) e são muito profundos (mais de 2 m de espessura). tituem áreas extremamente frágeis. Os Neossolos arenosos
Representam a ordem mais abundante, ocupando grandes têm pequena capacidade de atuar como filtro de materiais
extensões em toda a área central e noroeste do estado poluentes. Devem ser evitados para ocupação urbana, para
(vide Quadro 2.2 e Figura 2.57). Predominam em áreas de não intensificar os processos erosivos.
declividade suave, principalmente associadas aos derrames
da Formação Serra Geral (DVM), aos estratos pelíticos Argissolos
permianos da Bacia do Paraná (DSVMP) e às coberturas
cretáceas do Grupo Bauru (especificamente, os arenitos da Apresentam acúmulo de argila no horizonte B, ou seja,
Formação Caiuá ou DSMC) (vide Figura 2.57). Em certas re- o horizonte mais superficial do solo (horizonte A) possui
giões, nota-se a associação desses solos com outras ordens mais areia que o horizonte subsuperficial (horizonte B). Além
de solos, tais como Latossolos + Argissolos, em toda a zona disso, têm reduzida capacidade de reter nutrientes para as
noroeste, coincidindo com o substrato geológico arenítico plantas no horizonte A.
(Formação Caiuá, DSMC) e Latossolos + Cambissolos, na Ocorrem de forma distribuída no estado, cobrindo ter-
zona central, recobrindo rochas vulcanossedimentares renos sedimentares da Formação Caiuá (DSMC), próximos do
dos grupos Paraná e Castro (DSVP1) e partes das rochas contato com os derrames na bacia do rio Piquiri, a oeste, e
do embasamento cristalino (DSVP2, DSP2, DCA, DCMU, cobrindo áreas pelíticas da Formação Itararé no nordeste das
DCGR1, DCGR2, DCGR3, DCGMGL). bacias dos rios Cinzas e Itararé (DSVMP) (vide Figura 2.57).

59
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Quadro 2.2 - Ordens de solos de maior ocorrência no estado do Paraná e respectiva porcentagem em área territorial.

Ordem Porcentagem (%) Subordem Porcentagem (%)

Vermelho (V) 26,8


Latossolo (L) 31,0 Bruno (B) 4,0
Vermelho-Amarelo (VA) 0,2
Regolítico (R) 19,0
Litólico (L) 2,9
Neossolo (R) 22,4
Flúvico (Y) 0,4
Quartzarênico (Q) 0,1
Vermelho (V) 13,8
Nitossolo (N) 15,3
Bruno (B) 1,5
Vermelho-Amarelo (VA) 8,2
Argissolo (P) 15,6
Vermelho (V) 7,4
Háplico (X) 8,1
Cambissolo (C) 10,7 Húmico (H) 2,3
Flúvico (Y) 0,3
Melânico (M) 0,6
Gleissolo (G) 1,1 Háplico (X) 0,3
Sálico (Z) 0,2
Organossolo (O) 0,5 Háplico (X) 0,5
Espodossolo (E) 0,4 Humilúvico (K) 0,4
Chernossolo (M) 0,04 Rendzênico (D) 0,04
0,7
Afloramento Rochoso (AR) 0,8
Arênico (a) 0,1

Fonte: (EMBRAPA, 2007).

Subordinadamente a esses solos, podem ser encon- no norte do estado, nas bacias do baixo Tibagi, Parana-
trados Nitossolos em manchas expressivas na faixa central panema e Pirapó, assim como no extremo sudeste, na
do estado e na zona de contato entre as rochas dos grupos bacia do baixo Iguaçu. Da mesma forma, é comum sua
Guatá e Itararé (DSVMP). associação com Latossolos, nesse caso, típico de uma
Dependendo da rocha de origem, podem ser férteis faixa descontínua norte-sul acompanhando os limites
ou pobres quimicamente. São solos bastante suscetíveis dos derrames e dos arenitos cretáceos (DSMC) (vide
à erosão, principalmente em relevos mais declivosos, aos Figura 2.57).
quais estão normalmente associados. Muitos dos proble- São solos de boa fertilidade, embora possam ocorrer
mas de erosão existentes no noroeste do Paraná ocorrem em relevos mais acidentados, que prejudicam a sua mecani-
nesse tipo de solo. zação, ou aumentam (se mal manejados) o risco de erosão.
Por apresentarem maiores espessuras e boa drenagem e
Nitossolos aeração, são adequados para receber aterros sanitários,
depósitos de efluentes, lagoas de decantação, cemitérios,
São caracterizados pela presença de horizonte B além de atuarem como piso de estradas.
nítico de argila (horizonte de textura argilosa ou muito
argilosa de atividade baixa ou caráter alítico). São solos Cambissolos
profundos, bem drenados, com estrutura em blocos e
cerosidade bem desenvolvida. A sua denominação anterior São geralmente pouco espessos, com horizonte A
era “terras roxas estruturadas”. variável e horizonte B ainda em estágio inicial de for-
Sua localização coincide com terrenos cujo arca- mação (normalmente, pouco espesso). São, geralmente,
bouço é composto de rochas básicas dos derrames vul- muito pedregosos e cascalhentos, refletindo desenvol-
cânicos da Formação Serra Geral (DVM) sob declividade vimento em regiões serranas movimentadas do ponto
mediana. Podem estar associados a Neossolos Litólicos de vista geomorfológico.

60
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA

Figura 2.57 - Principais ordens de solos do estado do Paraná e proporção em área de cada tipo de solo nos domínios
geológico-ambientais da geodiversidade. Fonte: Modificado de Embrapa (2007).

61
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

As áreas predominantes de Cambissolos clássicos Espodossolos


estão localizadas, principalmente, no sul e no leste do
estado, coincidindo com terrenos do embasamento cris- São muito arenosos, com acúmulo de matéria orgânica
talino (DCA, DCMU, DCGR1, DCGR2, DCGR3 e DCGMGL) e/ou óxidos de ferro no horizonte B, deslocados dos hori-
e terrenos cársticos (parte dos domínios DSVP2 e DSP2), zontes superficiais do solo. Em alguns casos, esse horizonte
das cabeceiras das bacias dos rios Ribeira, Tibagi e Itararé B pode ser duro e pouco permeável à água. A condição
(vide Figura 2.57). Ocorrem, também, na escarpa da serra arenosa determina elevada permeabilidade, rápido res-
ao sul, próximo da fronteira com Santa Catarina, no contato secamento e elevada taxa de decomposição da matéria
entre os derrames (DVM) e o Grupo Passa Dois (DSVMP). orgânica e pequena capacidade de retenção de nutrientes.
Os Cambissolos no Paraná podem estar associados aos Ocorrem em relevo plano, associados às áreas lito-
Latossolos, como ocorre na região de montante da bacia râneas do estado (DC) (Figura 2.57). Nos períodos mais
do Iguaçu, coincidindo com terrenos geológicos arqueanos secos, ocorre escassez de água para as plantas e, nas épo-
de rochas granulíticas e metabásicas. Igualmente, podem cas chuvosas, o relevo plano favorece o acúmulo de água.
estar associados aos Nitossolos em pequenas manchas ao Com todas essas limitações, os solos são usados espora-
sul do estado sobre a Formação Serra Geral (DVM). dicamente para agricultura em pequenas áreas. Por serem
Sua fertilidade é bastante variável, assim como seu uso muito arenosos, são extremamente frágeis e devem ser
agrícola. Quando férteis, são intensamente utilizados, mes- considerados apenas para preservação da fauna e flora.
mo em áreas declivosas; quando mais pobres (geralmente Devido à grande capacidade de infiltração e baixo
o caso), porém em áreas planas, a utilização de corretivos e poder de retenção de poluentes, o lençol freático pode
adubos os torna produtivos. Por apresentarem pouco desen- ser facilmente contaminado por adubos, agrotóxicos e po-
volvimento e teores de silte mais altos, são mais suscetíveis luentes urbanos ou industriais. A exuberância das espécies
a processos de erosão. Quando pouco profundos e situados florestais nativas é dependente da decomposição lenta e
em relevos inclinados, são muito suscetíveis à erosão, o que contínua da matéria orgânica e liberação de nutrientes para
facilita o assoreamento dos rios. Essa situação é agravada o solo (ciclagem de nutrientes). No litoral do Paraná, muitas
quando, juntamente com o solo, são levados adubos e outros das áreas de Espodossolos são ocupadas por unidades de
produtos químicos que irão contaminar rios e lagos. Nas áre- conservação (parques, estações ecológicas etc.), embora
as declivosas e com solos mais rasos, devem ser destinados à outras sejam bastante utilizadas para loteamentos.
preservação da fauna e flora ou pastagem (cultura perene).
Ocupações urbanas nesse tipo de solo representam Organossolos
problemas sanitários e de deslizamento, em decorrência
de relevo e/ou reduzida profundidade do solo. São pouco evoluídos, de elevado conteúdo de material
orgânico e cor muito escura na superfície do solo. A grande
Gleissolos quantidade de matéria orgânica é favorecida pelo acúmulo
de restos vegetais em ambientes saturados por água (ba-
Apresentam horizonte de subsuperfície (B ou C) de nhados). Em razão da falta de oxigênio, a decomposição é
cor acinzentada, denominado horizonte Glei, típicos de lenta e a matéria orgânica se acumula ao longo dos anos.
áreas sujeitas a alagamentos e, como consequência, com Ocorrem, principalmente, nas várzeas (DC) dos rios
problemas de aeração e drenagem deficiente. Iapó, alto Iguaçu e Paraná (principalmente no Parque
Possuem pouca representatividade em área e podem Nacional da Ilha Grande) (Figura 2.57). Como são solos de
ser encontrados nas regiões litorâneas margeando a Baía banhados, para possível utilização agrícola há necessidade
de Paranaguá em áreas de mangue (DC) (vide Figura 2.57). de abertura de drenagens. Devido ao acúmulo de matéria
Uma vez drenados (retirada do excesso de água por orgânica e relevo plano, sua utilização para fins agrícolas foi
meio de valetas ou canais), podem ser utilizados com agri- crescente desde o início da agricultura no Paraná. Contudo,
cultura. Geralmente, são solos de baixa fertilidade, o que im- a atual legislação ambiental restringe o uso desses solos.
plica a obrigatoriedade de emprego de adubos e corretivos. São solos de baixa fertilidade natural e, à medida que
A presença de enxofre nos Gleissolos tiomórficos pode são drenados, o maior arejamento acelera a decomposição
acarretar riscos de corrosão em tubulações; da mesma da matéria orgânica. Esses solos têm grande importância
forma, solos vérticos, com excesso de sais. no meio ambiente por abrigarem fauna e flora específicas
Ocorrem em áreas de elevada fragilidade ambiental e, por e funcionarem como verdadeiras esponjas na retenção de
isso, as leis ambientais vigentes passaram a proteger grande água proveniente das chuvas e das partes altas do relevo,
parte desses solos, transformando-os em áreas de preservação. ajudando na manutenção dos rios e na recarga dos aquí-
A ocupação urbana desses solos é desaconselhada, por feros. A proximidade com os cursos d’água (rios, córregos,
apresentarem excesso de água e serem sujeitos à inun- nascentes) e a elevada saturação por água tornam essas
dação. Os Gleissolos localizados nas áreas de manguezais áreas facilmente contamináveis por agrotóxicos, adubos e
também apresentam grande importância para manter a outros produtos químicos, assim como por qualquer tipo
estabilidade desse frágil ambiente litorâneo. de lixo doméstico ou industrial.

62
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA

Devem ser preservados, não sendo recomendável sua Os termos ‘áreas de risco geológico’ ou ‘riscos na-
utilização, seja para atividades agrícolas ou para construção turais’ se popularizaram mais recentemente por conta
de moradia. das tragédias das regiões serranas do Rio de Janeiro e de
Santa Catarina, que tiveram grande cobertura da mídia em
Chernossolos geral, devido aos extensos impactos sociais e econômicos,
inclusive com a perda de milhares de vidas humanas. No
Solos de desenvolvimento não muito avançado, origi- entanto, na maioria das vezes, essa terminologia e seus
nários de rochas ricas em cálcio e magnésio e presença de conceitos são frequentemente usados incorretamente, de
minerais esmectíticos, que conferem alta atividade da argila forma que se apresenta uma discussão, visando a esclarecer
e eventual acumulação de carbonato de cálcio, promoven- os conceitos empregados no risco geológico.
do reação aproximadamente neutra, ou moderadamente O risco geológico, segundo Cerri (1993), é uma
ácidos a fortemente alcalinos, com enriquecimento em situação de perigo, perda ou dano ao homem e suas
matéria orgânica. Oriundos, principalmente, das rochas propriedades, em razão da possibilidade de ocorrência de
básicas da Formação Serra Geral (DVM) e rochas metamór- processos geológicos, induzidos ou não. Na definição de
ficas cristalinas ricas em metacalcários e metadolomitos Ogura (1995), risco geológico é todo processo, situação ou
(DSP2) (vide Figura 2.57). evento no meio geológico, de origem natural, induzida ou
Apresentam alto potencial agrícola, devido a caracterís- mista, que pode gerar um dano econômico ou social para
ticas químicas: alta fertilidade natural (eutróficos) associada, alguma comunidade, e em cuja previsão, prevenção ou
principalmente, aos altos teores de cálcio, de magnésio e de correção há de se empregar critérios geológicos.
matéria orgânica, baixa a mediana acidez e alta capacidade Nesse caso, o risco é a probabilidade de ocorrer um
de troca de cátions relacionada à sua mineralogia. processo natural, ou induzido, com consequências adversas
Com relação às características físicas, variam de solos (danos e perdas sociais, econômicas ou de outra natureza)
pouco profundos a profundos, podendo apresentar susce- e que, geralmente, tem a seguinte representação, na forma
tibilidade a processos erosivos pela presença de horizonte da Equação (1):
subsuperficial B textural ou de horizonte com caráter argi-
lúvico (gradiente textural).
(1) R = P(A) x V/G
Os solos de texturas mais leves ou os mais argilosos,
mas de boa estrutura e sem alto gradiente textural, são
normalmente mais porosos, apresentando boa permeabi- Onde R é o risco, P(A) é a probabilidade de um
lidade, sendo menos suscetíveis à erosão. processo perigoso ocorrer (potencial de causar danos
e perdas, podendo ser considerado similar à definição
RISCOS GEOLÓGICOS NO PARANÁ de suscetibilidade), V é a vulnerabilidade e G é a gestão
desses riscos.
No mundo todo, nas últimas décadas, o número de No Brasil, comumente, os principais processos na-
registros de desastres e seus impactos no desenvolvimen- turais considerados para identificação e análise são mo-
to humano e econômico tem crescido significativamen- vimentos de massa, inundações e enchentes. O Serviço
te, evidenciando uma tendência de alta (UNPD, 2004). Geológico do Brasil-CPRM, por exemplo, conta com um
No Brasil, essa tendência também é observada e conside- programa de mapeamento desses riscos para municípios
rada como fruto do processo de urbanização acelerado e selecionados (PPA 2012-2015) (BRASIL, 2012).
desordenado sobre áreas com características desfavoráveis As cidades brasileiras, ao longo das últimas décadas,
(TOMINAGA, 2009). cresceram em uma cultura urbanística do plano, desen-
As características desfavoráveis do meio físico tornam-se volvida a partir de princípios europeus que influenciaram
mais bem entendidas ao se conhecer, previamente, as a formação de leis e da expansão da urbe, onde não
potencialidades e limitações do substrato frente ao uso existe qualquer diferença entre ocupar áreas planas ou de
do solo. Com isso, a geodiversidade se torna excelente encosta. Desse modo, também não são consideradas as
ferramenta de gestão territorial, de modo a se identificar a variações físicas do meio e as características próprias de
suscetibilidade natural de cada terreno frente aos processos cada assentamento. A localização das principais cidades,
condicionantes de riscos geológicos. por influência da colonização portuguesa, está próxima
O risco geológico, como parte do conceito exposto do litoral, entre o mar e as serras ou sobre os planal-
por Culshaw e Price (2013) para a geologia urbana, é “o tos (FARAH, 2003), como o caso da capital do estado
estudo da interação entre processos humanos e naturais do Paraná.
com o ambiente geológico em áreas urbanizadas e os Hoje, cerca de 85% da população brasileira vivem nas
impactos resultantes, e o fornecimento da geoinformação cidades (IBGE, 2016; WORLD BANK, 2015) e estão sujeitos,
necessária”, depreendendo a importância de seu entendi- em maior ou menor grau, a processos adversos de caráter
mento para o fomento do desenvolvimento sustentável, hidrometeorológico e geológico, tais como inundações,
recuperação e conservação. enchentes, alagamentos e deslizamentos de massa.

63
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Esses processos, quando atingem as pessoas ou infraes- Processos Geológicos Associados


truturas, causam impactos e danos severos que deixam
rastro por anos, dependendo da capacidade de resposta de A combinação relevo e substrato gera terrenos
cada comunidade, inclusive de reconstrução para enfrentar com predisposição natural ou suscetibilidade à ocor-
novamente os mesmos processos. rência de determinados processos geológicos. No es-
As ações antrópicas podem ser consideradas fatores tado do Paraná, ocorrem movimentos gravitacionais
determinantes para o desencadeamento de processos de massa na forma de corridas de massa ou fluxo de
geológicos, dependendo do tipo de substrato e relevo as- detritos, deslizamentos de solo, rolamento e queda de
sociado. Ações diretas, como remodelar o substrato para se blocos de rocha, colapsos cársticos, erosões e processos
adequar à obra de engenharia a ser construída, na forma de hidrológicos como enchentes, inundações e enxurra-
cortes de talude, aterramento, sem compactação, ou obras das (Figura 2.58).
de contenção adequadas, podem induzir eventos de desli-
zamentos de solo ou erosão. Por outro lado, ações indiretas, Enchentes e Inundações
como manejo e uso do solo, agricultura, urbanização, obras
de grande monta e, inclusive, mudanças climáticas, modifi- Inundação é quando a quantidade de fortes chuvas
cam variáveis e parâmetros hidrológicos, sendo que todas ultrapassa a capacidade de o rio escoar as águas dentro
essas alterações têm influência na dinâmica das bacias de de sua calha, limitada por suas margens. O nível d’água,
drenagem. Diretamente, os impactos são mais evidentes em situação normal, restringe-se apenas à calha do rio
quando se promovem modificações nos cursos fluviais, em e, em situação de cheia, também provocada por chuvas,
seus canais e planícies de inundação, como canalização, o nível d’água está ainda limitado, porém, atingindo
aterro, construção de piscinões, dentre outros, sendo mais elevação de suas margens (Figura 2.59). Geralmente,
pontuais e claras as ações e suas reações. A resposta dos em áreas densamente urbanizadas, a ocupação ocorre
rios e suas adaptações às modificações humanas podem desde as margens, quando não sobre o canal do rio, até
se transformar em riscos para os bens e para as pessoas as planícies de inundação, sendo afetadas diretamente
que vivem em seus entornos (BECERRIL, 2009). pelas águas.

Figura 2.58 - Suscetibilidade aos processos condicionantes de risco geológico no estado do Paraná.
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2017).

64
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA

Ainda é muito utilizado o termo ‘alagamento’, que neste trabalho englobados no Domínio dos Sedimentos
descreve o que ocorre em áreas urbanas devido à falta de Cenozoicos e Mesozoicos pouco a Moderadamente Con-
drenagem estrutural ou por insuficiência dos sistemas de solidados Associados a Pequenas Bacias Continentais do
coleta e transporte de águas superficiais com eficiência Tipo Rift (DCMR), e sobre os sedimentos quaternários que
para os rios e canais de drenagem. Muitas vezes, nas áreas ocorrem não só nessa bacia como também ao longo de
urbanas, cheias, inundações e alagamentos ocorrem ao todos os principais cursos d’água do estado do Paraná,
mesmo tempo, dificultando a sua diferenciação onde a como é o caso, inclusive, do rio Iguaçu em União da
ocupação está em planícies de inundação conjugada com Vitória (Figura 2.60).
péssima drenagem urbana, como o caso enfrentado por Esses processos também têm causas naturais, como
diversos municípios do estado do Paraná frente às fortes a concentração de chuvas intensas sobre a bacia de dre-
chuvas de junho de 2014. Esses processos hidrometeoro- nagem, ou induzidos por atividade humana, que urbaniza
lógicos podem ocorrer ao longo de um período de dias, áreas de infiltração, impermeabilizando os solos, modifica
podendo ser evitados, ou de modo muito rápido e causar a geometria dos rios por obras de canalização ou por as-
danos e perdas imediatas. soreamento de seus canais com sedimentos provenientes
Curitiba, por exemplo, está assentada sobre os da própria urbanização, por exemplo. São muito comuns
sedimentos terciários da Bacia Sedimentar de Curitiba, em terrenos indicados como R1 (vide Figura 2.58).

a b c

Figura 2.59 - Processos naturais relacionados a fenômenos hidrometeorológicos: a) em situação normal, o nível d’água de um rio
está limitado por suas margens; b) o que ocorre também em situação de cheia (enchente), porém, o nível d’água está no máximo que
comporta o canal do rio; c) em situação de inundação, quando a água do rio extravasa para a planície de inundação, além de suas
margens. Fonte: Elaborada por Luiz Fernando dos Santos (2018).

Figura 2.60 - Vista parcial da cidade de União da Vitória (PR), atingida, em junho de 2014, por inundação do rio Iguaçu.
Fotografia: (ARNALDO ALVES / ANPR, 2014).

65
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Deslizamentos, Escorregamentos, As enxurradas possuem menor poder destrutivo,


Corridas de Massa e Fluxo de Detritos mas não são menos importantes. Ocorrem em relevos de
menores amplitudes e podem ser agravadas ou induzidas
O termo ‘deslizamento’, também conhecido como pelas atividades antrópicas de impermeabilização ou con-
escorregamento, é utilizado para descrever uma grande centração de águas pluviais.
variedade de movimentos de terra, rocha e outros mate-
riais, por gravidade, que ocorrem geralmente nas épocas Queda, Desplacamento, Rolamento
chuvosas. Existem as causas naturais, como a altura da
e Tombamento de Blocos
encosta, sua forma, chuvas intensas, erosão, dentre outros.
A atividade humana também induz os movimentos de
Nos terrenos indicados como R2, R4 e R11 (vide Figura
massa por meio de desmatamento e remoção de cobertura
2.58) ocorrem rochas sedimentares e ígneas vulcânicas em
vegetal, edificações inapropriadas, alteração da dinâmica
camadas ou estratos. Devido ao relevo e à erosão do ter-
das águas de escoamento superficial, entre tantas outras
reno, blocos de rocha podem desplacar ou tombar (Figura
atividades de impacto ambiental.
2.64a). Nos terrenos R6, R7, R8, R9 e R10 (vide Figura 2.58)
Os danos diretos causados por deslizamentos mais
são comuns rochas ígneas e metamórficas que resistem ao
planares (Figura 2.61a) do que rotacionais (Figura 2.61b) no
intemperismo e contêm grandes blocos de rochas residuais
Brasil são bastante conhecidos e veiculados pela mídia, como
no perfil de solo. A situação pode ser natural ou, depen-
nos casos ocorridos em Santa Catarina, em 2008, e no Rio
dendo do tipo de intervenção a ser realizada na encosta,
de Janeiro, nos anos de 2009 e 2011, com perda de vidas e
desencadear o rolamento ou o tombamento de blocos
destruição de infraestruturas básicas, como viadutos, pontes,
(Figura 2.64b).
postes de energia elétrica, ruas, moradias, dentre outros.
Esses processos são muito comuns nos terrenos R7, R8, R9,
R10 (vide Figura 2.58), podendo ser induzidos ou não pela Colapsos Cársticos
ação antrópica, dependendo do tipo de relevo associado.
As corridas de massa ocorrem em relevos de grandes Processos de colapso brusco e de subsidência com a for-
amplitudes, normalmente maiores de 300 m, com vales mação de feições características como dolinas, sumidouros,
encaixados e com espessuras de solo mais finas. depressões, lagoas, furnas e cavernas são típicos em relevos
Quando acontece a saturação da camada de solo em cársticos, associados aos terrenos R11 (vide Figura 2.58).
água devido a longos períodos de pluviosidade associados Esses relevos são formados a partir da quantidade dispo-
a eventos anômalos de maior pluviosidade, pode acontecer nível de água acidificada para dissolução de formações
de grandes volumes de camadas de solo e blocos de rocha geológicas constituídas de rochas carbonáticas e a geração
se soltarem nas áreas de crista, acumulando-se nas drena- de cavidades e cavernas, sendo uma paisagem bastante
gens, e são carreados, transformando-se em corridas de vulnerável à ocupação (Figura 2.65).
massa pelo grande aporte de sedimentos e materiais incon- Quando ocupada, como nos municípios paranaenses
solidados e saturados em água, erodindo toda a margem de Almirante Tamandaré e Colombo, pode gerar uma série
e o leito da drenagem em seu caminho, depositando-se de impactos ambientais potenciais, como a degradação de
nas áreas mais planas (Figuras 2.62 e 2.63). ambientes espeleológicos e a poluição de seus aquíferos.

a b

Figura 2.61 - Tipos de movimentos gravitacionais de massa com indicadores de movimento (setas): a) deslizamento planar;
b) deslizamento rotacional (esses dois últimos sendo comuns em DCGR1, DCGR2, DCGR3, DCGMGL e DVM, em relevos mais
ondulados). Fonte: a) Adaptado de Varnes (1978); Carvalho; Macedo; Ogura (2007); b) Modificado de Varnes (1978).

66
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA

a b

Figura 2.62 - Múltiplos deslizamentos planares que atinge drenagens. (a) Deslizamentos que geram corridas de massa
(solo e rocha de alto potencial destrutivo); (b) Deslizamentos ocorridos em janeiro de 2012 (Guaratuba, PR).
Fotografia: Arnaldo Alves / Aenoticias (2012)

Figura 2.63 - Deslizamentos planares ocorridos em 2011 no município de Antonina (PR). Fonte: Fundação Araucária (2011).

67
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

a b

Figura 2.64 - a) queda de blocos e formação de tálus – depósitos de pé de escarpas, geralmente associados aos basaltos
do domínio DVM, e nas escarpas, onde ocorrem rochas sedimentares do domínio DSVMP; b) rolamento, desplacamento
e queda de blocos de rocha associados aos domínios de rochas graníticas DCGR1, DCGR2, DCGR3 e DCGMGL. Fonte:
Elaborada por Luiz Fernando dos Santos (2019).

Figura 2.65 - Perfil esquemático da formação do relevo cárstico através de águas ácidas e dissolução de rochas carbonáticas
nos domínios DSVP2 e DSP2. Fonte: Piekarz (2011).

Nesse cenário, os riscos geotécnicos incluem a deflagração Geralmente, os processos adversos se dão pela própria
induzida de colapsos (Figura 2.66), que têm movimentos ocupação (edificações e tráfego pesado), atividades mine-
rápidos e subsidências de baixa velocidade e não menos rárias (explosões), exploração de água subterrânea (oscila-
destrutivos provocados por cavidades e cavernas e afetan- ção do lençol freático), agricultura intensiva e até mesmo
do diretamente moradias e estruturas acima (VESTENA; pela exploração turística (OLIVEIRA, 2010; PIEKARZ, 2011;
KOBIYAMA; SANTOS, 2002). SANTOS, 2008; VESTENA; KOBIYAMA; SANTOS, 2002).

68
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA

Figura 2.66 - Dolina formada por colapso em terreno cárstico da Figura 2.67 - Processo de evolução de voçoroca, muito comum
unidade DSVP2csa, na região de Águas Fervidas, bairro São João, nos domínios DSMC, DSVMP e DVM. Fonte: Elaborado por Luiz
município de Colombo (PR). Fonte: Cenacid (2020) Fernando dos Santos (2018).

Importante notar que o carste também ocorre em


rochas não carbonáticas, como o exemplo apresentado
por Melo et al. (2011) nos arenitos da Formação Furnas
(DSVMPa), apesar de serem relativamente mais resisten-
tes à ação do tempo, diferentemente da resistência das
rochas carbonáticas.
Os autores, mesmo não tendo evidências de subsidên-
cias e colapsos, indicam que, por sua característica cárstica,
os arenitos Furnas poderiam sofrer subsidência e colapsos
pelo uso crescente das águas subterrâneas.

Erosão

Dependendo da composição granulométrica predo-


minante do solo, principalmente devido à menor quan-
tidade de argila e maior quantidade de silte e areia fina, Figura 2.68 - Voçoroca de mais de 600 m de extensão sobre
este torna-se facilmente erodível pela ação das águas e do sedimentos da unidade DSMCe (Cafezal do Sul, PR).
Fotografia: Gilberto Lima (2011).
vento quando associado ao tipo de relevo e concentração
ou dispersão das águas pluviais. Nos terrenos R2, R3, R4 e
R5, os processos associados com erosão são mais comuns,
principalmente nos relevos mais suavemente ondulados, e
são facilmente induzidos pela má gestão das águas pluviais
durante a ocupação desses terrenos.
Os processos erosivos ocorrem de forma evolutiva:
começam com a concentração das águas sobre o solo em
determinado ponto, evoluindo para a abertura de peque-
nos sulcos ou erosão linear; a partir disso, essas feições
podem evoluir para a formação de ravinas e, ao atingir o
nível freático local, tem-se a formação de uma voçoroca
(Figura 2.67). As erosões causam grande perda de material
do solo e área útil ou agricultável (Figura 2.68), além de
causar grandes danos ambientais pelo assoreamento de
córregos. Associado a isso, existe o mau hábito de se ater-
rar essas erosões com entulhos ou resíduos inertes, que,
Figura 2.69 - Aterramento de erosão com resíduos inertes e não
além de não resolverem o problema, agravam a situação inertes, em sedimentos da unidade DSMCe (Cafezal do Sul, PR).
de contaminação e dano ambiental (Figura 2.69). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).

69
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

HIDROGEOLOGIA DO PARANÁ Sistemas Aquíferos

O estado do Paraná apresenta abundância de recursos Um aquífero é uma formação geológica com capaci-
hídricos, tanto superficiais quanto subterrâneos. Com o dade para armazenar e transportar volumes significativos
crescente aumento da poluição das águas superficiais, as de água.
águas subterrâneas vêm sofrendo aumento da demanda. A água fica armazenada e se movimenta através
Na década de 1980, estimava-se que 15% do abaste- dos espaços vazios que as formações apresentam, o que
cimento público do estado eram provenientes de manan- chamamos de porosidade. O aquífero pode ser classifi-
ciais subterrâneos; atualmente, estima-se que sejam 21%. cado como granular, fissural ou cárstico, conforme esse
Foi a partir da década de 1990 que outros usos passaram a preceito (Figura 2.70).
demandar mais recursos, colocando a água subterrânea em Os aquíferos granulares são formados por rochas se-
evidência como um bem de grande valor estratégico que dimentares clásticas, onde a água percola pelos interstícios
precisa ser explorado de forma racional e fator relevante entre os grãos. Os fissurais são formados preferencialmente
a ser considerado no planejamento territorial de modo a por rochas ígneas e metamórficas, onde o fluxo de água
preservar sua quantidade e qualidade para o futuro. se dá através das fraturas abertas que estejam conectadas
Em 2006, a Superintendência de Desenvolvimento de formando redes. Os aquíferos cársticos constituem um tipo
Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (SUDERHSA), especial de aquífero fissural, constituídos por rochas calcárias
que era o órgão responsável pela outorga dos recursos que apresentam uma variedade de condutos até cavernas
hídricos, tinha cerca de 9.240 poços outorgados. No formadas pela dissolução da rocha através da ação das águas.
ano de 2009, esse órgão foi extinto e criou-se o Instituto Os aquíferos ainda podem ser livres ou confinados, de
das Águas do Paraná (AGUASPARANÁ), que, em 2015, acordo com seu posicionamento em relação às camadas de
apresentava mais de 20.800 poços em sua base de dados solo ou outras rochas. O aquífero é livre quando está em
(BRASIL, 2015). contato direto com o solo ou rochas permeáveis, assim ele
A Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR) tem a capacidade de receber diretamente a água advinda
é a empresa responsável pelos serviços de saneamento da superfície por infiltração. Os aquíferos confinados têm
básico do estado, que, atualmente, atende a 345 cidades sobre si uma camada impermeabilizante, que pode ser de
paranaenses, 293 localidades de menor porte e um mu- rocha ou de sedimentos com baixíssima permeabilidade.
nicípio do estado de Santa Catarina. As águas contidas nesses aquíferos são provenientes de
Em termos de abastecimento público, 580 localida- regiões distantes, onde os aquíferos estejam livres. São
des fazem uso em regime total ou parcial do manancial águas muito antigas, pois são transportadas por grandes
subterrâneo, sendo esse recurso responsável por 21% do distâncias ao longo de séculos ou mesmo milênios.
volume total consumido pela população.
Assim, a água é um bem mineral dotado de valor Aquíferos do Estado do Paraná
econômico e de importância vital que deve ser preservado,
priorizando sua utilização para a finalidade mais nobre As principais unidades aquíferas do estado do Paraná
que existe, que é o consumo humano. são descritas a seguir (Figura 2.71).

Poroso Fissural Cárstico

Figura 2.70 - Tipos de aquíferos conforme a porosidade.Fonte: Modificado de Borghetti; Borghetti; Rosa Filho (2004).

70
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA

Figura 2.71 - Sistemas de aquíferos do Paraná. Fonte: Modificado de Souza; Franzini (2015).

Aquíferos Granulares de Coberturas Aquífero Cristalino


Sedimentares de Menor Representatividade
O Aquífero Cristalino situa-se no leste do estado e é
As unidades aquíferas formadas por coberturas se- formado por rochas arqueanas a neoproterozoicas (parcial-
dimentares constituídas por pacotes pouco espessos de mente pelos domínios DVM, DSVP2 e DSP2 e, em toda a
sedimentos inconsolidados, correspondentes ao domínio sua totalidade, pelos domínios DCA, DCMU, DSVP1, DCGR1,
DC, não representam aquíferos com expressões regionais. DCGR2, DCGR3 e DCGMGL), que, em grande parte, estão
Apesar de conterem certa quantidade de água, são explo- cobertas por até 20 m de manto de alteração. Nos locais
rados localmente por poços rasos, cacimbas ou ponteiras, onde aflora a Bacia Sedimentar de Curitiba, a cobertura pode
servindo de suprimento para uso particular. atingir 80 m de espessura, o que promove, localmente, ca-
Nas unidades DCm e DCmc, nas regiões costeiras racterísticas confinantes a semiconfinantes sobre o aquífero.
correspondentes à faixa litorânea ao redor da Baía de Pa- As rochas que formam o Aquífero Cristalino resultam
ranaguá e nos ambientes de transição terrestre/marinho, em relevos de serra a leste, onde está a serra do Mar (Figura
o uso da água subterrânea para o abastecimento público 2.72), e relevos de colina, a oeste. A rede de drenagem
no passado foi mais expressivo, mas, nas últimas décadas, está encaixada sobre falhas geológicas do embasamento,
após a expansão da rede de distribuição da SANEPAR, formando um padrão dendrítico.
foi descontinuado. Para fins de abastecimento público, é utilizado pela
Em algumas localidades, como, por exemplo, a Ilha do SANEPAR em 12 municípios da Região Metropolitana de
Mel, faz-se uso da água subterrânea para complementar Curitiba, situados a sul e a leste da capital. O volume anual
o abastecimento público em épocas de maior consumo, captado, segundo a SANEPAR, é próximo a quatro milhões
como a temporada de verão. A empresa de abastecimento de metros cúbicos, valor correspondente a 3% de toda a água
possui baterias de poços rasos, do tipo ponteiras, que são subterrânea extraída pela SANEPAR no Paraná, o que bene-
bombeados somente quando há aumento da demanda. ficia uma população de aproximadamente 70 mil pessoas.
Atualmente, o aquífero sedimentar costeiro é explora- A dureza da água do aquífero atinge no máximo 100
do por meio de poços rasos e cacimbas para uso doméstico mg/L, o pH e o STD variam, respectivamente, entre 6,5 a
ou de pequenos comércios, como postos de combustíveis. 7,2 e 100 a 150 mg/L.

71
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

80 m3/h, enquanto os poços na bacia do Iguaçu apresentam


vazão média de 35 m3/h. A capacidade específica varia
de 0,02 a 100 m3/h/m, a dureza varia de 104 a 262 mg/l,
o STD médio é de 196 mg/l, o pH tem média de 8,2. A
água do aquífero é bicarbonatada cálcica a bicarbonatada
magnesiana.

Aquífero Paleozoico

As formações paleozoicas no Paraná afloram no


centro-leste do estado, mas somente são aquíferas as
formações Furnas, do Paleozoico Inferior, e Itararé e Rio
Bonito, do Paleozoico Médio (quase inteiramente o domí-
nio DSVMP). Essas unidades aquíferas ocupam uma área
de aproximadamente 42.000 km2; são águas apropriadas
para o consumo humano, sendo frequentemente utilizadas,
Figura 2.72 - Serra do Mar (Morretes, PR). Fotografia: também, na indústria e na agricultura.
Luciana de Cássia Nogueira Cavalheiro (2018). São extraídas, anualmente, do Aquífero Furnas, cerca
de 1,8 milhão de metros cúbicos para o abastecimento de
A vazão média é de 8 m3/h e a capacidade específica seis localidades. A vazão varia de 10 a 18 m3/h e a água é,
varia de 0,14 a 32 m3/h/m. Quimicamente, é uma água em geral, de boa qualidade, mas são frequentes, também,
bicarbonatada cálcio-magnesiana. valores acima do permitido de ferro e fluoreto.
As médias de concentração são as seguintes: cálcio:
Aquífero Carste 26,9 mg/L; magnésio: 4,3 mg/L; sódio: 23,7 mg/L; potássio:
1,7 mg/L; bicarbonatos: 68 mg/L; sulfatos: 70 mg/L. A du-
O aquífero carste ou cárstico localiza-se no leste do reza total tem média oscilando entre 40 e 65 mg CaCO3/L,
estado e está inserido em rochas calcárias neoproterozoicas o pH varia entre 7,1 a 7,6 e o STD tem concentrações infe-
do Grupo Açungui (parcialmente, os domínios DSVP2 e riores a 85 mg/L. As águas são bicarbonatadas cálcicas e
DSP2). Ocupa uma área de aproximadamente 5.600 km2, bicarbonatadas sódicas.
que corresponde a quase 3% da área do estado. No Aquífero Itararé, a SANEPAR extrai anualmente
A paisagem cárstica é resultado da dissolução das 3 milhões de metros cúbicos de água, beneficiando 27
rochas pela água da chuva, acarretando uma topogra- localidades. A média de vazão varia de 6 a 12 m3/h, poden-
fia com dolinas, surgências, sumidouros, ampla rede de do atingir 40 m3/h nos locais em que apófises de diabásio
drenagens subterrâneas e cavernas, dentro das quais se são seccionadas pela perfuração.
formam espeleotemas como estalactites e estalagmites. Os teores de sólidos totais dissolvidos variam entre 100
No Paraná, o relevo cárstico forma uma depressão coberta a 150 mg/L com o pH, entre 6,8 e 7,3 e a dureza apresenta
por colúvios e aluviões. No entorno, tem-se regiões topo- média de 60 mgCaCO3/L. O cálcio, média de 150 mg/L; o
graficamente mais altas, formadas por filitos e quartzitos magnésio oscila entre 1,5 e 150 mg/L, o sódio, entre 7 a
e elevações orientadas na direção NW-SE resultantes dos 35 mg/L, o potássio, entre 1 e 3 mg/L. As águas do Aquífero
diques de diabásio. Itararé são bicarbonatadas sódicas, bicarbonatadas cálcio-
O aquífero cárstico abastece 11 municípios da Região sódicas e bicarbonatadas sódio-magnesianas.
Metropolitana de Curitiba e dele são extraídos, aproximada- Do Aquífero Rio Bonito se extraem, aproximadamente,
mente, 15 milhões de metros cúbicos por ano, beneficiando 1,2 milhão de metros cúbicos por ano, abastecendo seis
cerca de 200 mil pessoas. localidades. A vazão média varia entre 7 e 23 m3/h. A água
A média pluviométrica anual sobre o aquífero é de do aquífero, excetuando a parte de grande confinamento, é
1.400 mm. A infiltração ocorre através de manto de alte- de boa qualidade, mas pode localmente apresentar sulfato
ração, solos coluviais e aluviões. em quantidade elevada.
Suas estruturas típicas, condutos e cavernas ocorrem Os parâmetros hidroquímicos são semelhantes aos do
com frequência entre 30 e 80 m de profundidade, o que Aquífero Itararé, com teores de sólidos totais dissolvidos
pode ocasionar o solapamento do terreno em casos de variando entre 100 a 150 mg/L com pH oscilando entre
superexplotação da água. Ocorrem, em meio ao aquífero, 6,8 e 7,3 e a dureza apresenta média de 60 mgCaCO3/L.
inúmeros diques de diabásio que acarretam mudanças no O cálcio, média de 150 mg/L, o magnésio oscila entre 1,5 e
fluxo da água subterrânea. 150 mg/L, o sódio, entre 7 a 35 mg/L, o potássio, entre 1 e
Duas bacias hidrográficas abrangem o aquífero cársti- 3 mg/L. As águas do Aquífero Rio Bonito são bicarbona-
co: a dos rios Iguaçu e Ribeira. Em termos de produtividade, tadas sódicas, bicarbonatadas cálcio-sódicas e bicarbona-
a bacia do Ribeira apresenta poços com vazão média de tadas sódio-magnesianas.

72
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA

Aquífero Guarani O Aquífero Serra Geral é formado, basicamente, por


basaltos toleíticos e, subordinadamente, por andesitos,
O Aquífero Guarani é composto pelas formações riolitos e riodacitos. Ocupa 51% da área do território pa-
mesozoicas Piramboia (que ocorre apenas no estado de ranaense, sendo subdividido em Serra Geral Norte e Serra
São Paulo) e Botucatu (DSVMPae) e aflora em uma fina Geral Sul. O Serra Geral Sul possui rochas mais ácidas que
faixa localizada na porção centro-leste do estado, porém as do Serra Geral Norte, o que implica menores espessuras
a maior parte dele está confinada sob os basaltos da For- de solo e relevo mais acidentado na porção sul.
mação Serra Geral. Desse modo, as porções aflorantes e São extraídos, aproximadamente, 75 milhões de me-
confinadas abrangem 66% da área do estado. tros cúbicos de água anualmente, o que equivale a mais
A SANEPAR extrai, anualmente, sete milhões de metros de 60% de toda a água subterrânea utilizada no estado,
cúbicos do aquífero, o que equivale a aproximadamente atendendo a uma população de aproximadamente dois
5% de toda a água subterrânea utilizada pela empresa no milhões de pessoas.
estado, beneficiando 120 mil pessoas. A recarga do aquífero é regulada pelo manto de alte-
A recarga direta sobre o aquífero ocorre na área afloran- ração, que atinge até 40 m de profundidade. A circulação
te através de uma precipitação anual média de aproximada- da água se dá por estruturas tais como fraturas, contatos
mente 1.500 mm/ano; já na região confinada, pode ocorrer interderrames, vesículas, amígdalas e disjunções verti-
mistura de águas com o Aquífero Serra Geral, dependendo cais e horizontais.
da potenciometria de ambos os aquíferos. A descarga ocorre O Serra Geral Norte possui capacidade específica de
através de drenagens controladas tectonicamente. 2 a 8 m3/h/m; já o Serra Geral Sul possui capacidade espe-
Em meio aos arenitos, há inúmeros diques de diabásio cífica de 1 m3/h/m, evidenciando a melhor produtividade
orientados geralmente na direção NW-SE, o que promove a do Serra Geral Norte, que abrange as bacias dos rios Ivaí,
compartimentação do Aquífero Guarani em vários blocos, Piquiri, Pirapó, Tibagi, Cinzas, Paranapanema I, II, III e IV e
acarretando diversas alterações no fluxo, no tempo de Paraná I, II e III. O Serra Geral Sul abrange a bacia do Iguaçu.
residência da água e na composição hidroquímica. As vazões mais altas ocorrem nas bacias do Paraná I,
O Guarani é subdividido em regiões de baixo, médio II e III, com vazões de 33, 16 e 11 m3/h, respectivamente,
e alto confinamento. Nas regiões de baixo confinamento, e nas bacias do Paranapanema I, II, III e IV, com vazões
as águas são geralmente bicarbonatadas cálcicas, bicar- médias de 18 m3/h. As bacias dos rios Ivaí, Piquiri e Pira-
bonatadas cálcio-magnesianas e bicarbonatadas sódicas. pó, Tibagi e Cinzas apresentam vazões médias próximas a
No médio confinamento, as águas são bicarbonatadas cál- 10 m3/h; já a bacia do Iguaçu apresenta vazão média de
cicas, bicarbonatadas sódicas, bicarbonatadas sulfatadas 7 m3/h. Embora as estatísticas apresentem boas vazões,
sódicas e sulfatadas sódicas e, no alto confinamento, são sua produtividade é muito variável, por estar associada às
sulfatadas sódicas, cloretadas sulfatadas sódicas, bicarbona- estruturas que a rocha apresenta, o que pode ocasionar
tadas sódicas, sulfatadas sódicas e bicarbonatadas sulfatadas poços improdutivos.
sódicas. Portanto, de modo geral, a água do aquífero evolui Em geral, a dureza da água do aquífero é de 40 mg/L,
do baixo ao alto confinamento, de águas bicarbonatadas a o pH varia de 6,6 a 7,2 e o STD varia de 100 a 150 mg/L.
sulfatadas e cloretadas, mas localmente pode sofrer varia- Quimicamente, é uma água bicarbonatada cálcica a bicar-
ções devido a características estruturais e litológicas. bonatada cálcio-magnesiana.
A temperatura pode atingir até 70°C, a concentração
média de bicarbonato é de 64 mg/l e a de sulfato varia de
0,5 a 18 mg/l. O STD médio é de 125 mg/l, a dureza é de
56 mg/l, o pH varia de 5,6 a 9,5, sendo 7,0 a média. As con-
centrações médias de cálcio, magnésio, potássio e sódio
são, respectivamente: 16 mg/l, 5 mg/l, 1,9 mg/l e 14 mg/l.
As águas do Aquífero Guarani variam muito de
acordo com as estruturas e confinamento; portanto,
devem ser analisadas para quais fins elas têm aptidão.
Podem servir para abastecimento público, como na região
aflorante no norte do estado, e para estâncias hidrotermais
na porção confinada.

Aquífero Serra Geral

A Formação Serra Geral (DVM) forma relevos com


topos suaves na porção norte (Figura 2.73) e relevos mais
planálticos no sul. A inclinação do relevo é para oeste- Figura 2.73 - Formação Serra Geral (Campo Mourão, PR).
noroeste, em direção à calha do rio Paraná. Fotografia: Eduardo Marcel Lazzarotto, 2018.

73
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Ocorrem, também, águas sódicas, que são conse- REFERÊNCIAS


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é de 10 a 20%, a condutividade hidráulica é de 3,22 x
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74
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA

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78
3
METODOLOGIA,
ESTRUTURAÇÃO DA BASE
DE DADOS E ORGANIZAÇÃO
EM SISTEMA DE
INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
Maria Angélica Barreto Ramos (angelica.barreto@cprm.gov.br)¹
Marcelo Eduardo Dantas (marcelo.dantas@cprm.gov.br)¹
Antonio Theodorovicz (antonio.theodorovicz@cprm.gov.br)¹
Valter José Marques (valter.marques@cprm.gov.br)¹
Vitório Orlandi Filho (vitorioorlandi@gmail.com)²
Maria Adelaide Mansini Maia (adelaide.maia@cprm.gov.br)¹
Pedro Augusto dos Santos Pfaltzgraff (pedro.augusto@cprm.gov.br)¹

1
Serviço Geológico do Brasil – CPRM
2
Consultor

SUMÁRIO

Introdução.............................................................................................................81
Procedimentos Metodológicos..............................................................................81
Definição dos Domínios e Unidades Geológico-Ambientais..................................81
Atributos da Geologia .......................................................................................... 82
Deformação....................................................................................................... 82
Tectônica: dobramentos................................................................................. 82
Tectônica: fraturamento (juntas e falhas) / cisalhamento............................... 82
Tipo de deformação........................................................................................ 82
Aspecto............................................................................................................. 82
Comportamento Reológico............................................................................... 82
Resistência ao Intemperismo Físico.................................................................... 82
Resistência ao Intemperismo Químico............................................................... 83
Grau de Coerência............................................................................................. 83
Características do Manto de Alteração Potencial (Solo Residual)....................... 84
Porosidade Primária........................................................................................... 84
Característica da Unidade Lito-Hidrogeológica................................................. 85
Atributos do Relevo.............................................................................................. 85
Modelo Digital de Terreno – Shutlle Radar Topography Mission (SRTM) .............. 86
Mosaico Geocover 2000....................................................................................... 87
Análise da Drenagem............................................................................................ 87
kit de dados digitais.............................................................................................. 87
Trabalhando com o Kit de Dados Digitais.......................................................... 89
Estruturação da Base de Dados: GEOSGB............................................................. 89
Atributos dos Campos do Arquivo das Unidades Geológico-Ambientais:
Dicionário de Dados ............................................................................................. 90
Referências ............................................................................................................91
METODOLOGIA, ESTRUTURAÇÃO DA BASE DE DADOS
E ORGANIZAÇÃO EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

INTRODUÇÃO DEFINIÇÃO DE DOMÍNIOS


E UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS
Com o SIG Mapa Geodiversidade do Estado do Pa-
raná, do Programa Geologia do Brasil (PGB), do Serviço O estabelecimento de domínios geológico-ambientais
Geológico do Brasil – CPRM, tem-se como objetivo a gera- e suas subdivisões para o estado do Paraná se insere nos
ção de produtos voltados para o ordenamento territorial e critérios adotados para a definição dos domínios e uni-
o planejamento de setores tais como: mineral, transporte, dades geológico-ambientais do Brasil, com o objetivo de
agricultura, turismo e meio ambiente. se agrupar conjuntos estratigráficos de comportamento
As informações ora disponibilizadas, que constituem semelhante frente ao uso e à ocupação dos terrenos.
as diversas etapas que envolveram o tratamento digital Da mesma forma, o resultado obtido não foi um mapa geo-
dos dados no desenvolvimento do referido SIG, estão lógico ou tectônico, mas sim um novo produto, denominado
armazenadas no GEOSGB (sistema de bancos de dados Mapa Geodiversidade do Estado do Paraná, no qual foram
geológicos corporativo do Serviço Geológico do Brasil – inseridas informações de cunho ambiental, muito embora
CPRM), a partir de dados geológicos multiescalares con- a matéria-prima para análises e agrupamentos tenha sido
tidos em suas bases Litoestratigrafia e Recursos Minerais, proveniente das informações contidas nas bases de dados
além da utilização de sensores como o Modelo Digital de Litoestratigrafia e Recursos Minerais do GEOSGB, como
de Terreno SRTM (Shuttle Radar Topography Mission), do também da larga experiência em mapeamento e em proje-
Mosaico GeoCover 2000 e de informações de estruturas tos de ordenamento e gestão do território dos profissionais
e drenagem (RAMOS et al., 2005; SCHOBBENHAUS; do Serviço Geológico do Brasil – CPRM.
GONÇALVES; SANTOS, 2004; THEODOROVICZ et al., 2005; Em alguns casos, foram agrupadas, em um mesmo
THEODOROVICZ; THEODOROVICZ; CANTARINO, 1994, domínio, unidades estratigráficas com idades diferentes,
2001, 2002; TRAININI et al., 2001; TRAININI; GIOVANNINI; desde que a elas se aplicasse um conjunto de critérios clas-
VIERO, 1998; TRAININI; ORLANDI FILHO, 2003). sificatórios, como: posicionamento tectônico, nível crustal,
De forma similar à elaboração do Mapa Geodiversi- classe da rocha (ígnea, sedimentar ou metamórfica), grau de
coesão, textura, composição, tipos e graus de deformação,
dade do Brasil (escala 1:2.500.000), foram utilizadas para
expressividade do corpo rochoso, tipos de metamorfismo,
o Mapa Geodiversidade do Estado do Paraná informações
expressão geomorfológica ou litotipos especiais. Se, por
temáticas de infraestrutura, recursos minerais, unidades
um lado, agruparam-se, por exemplo, quartzitos friáveis
de conservação, áreas de proteção integral e de desenvol-
e arenitos friáveis, por outro foram separadas formações
vimento sustentável estaduais e federais, dados da rede
sedimentares muito semelhantes em sua composição,
hidrológica e de água subterrânea, áreas oneradas pela
estrutura e textura, quando a geometria do corpo rochoso
mineração e dados paleontológicos e geoturísticos.
apontava no sentido da importância em distinguir uma
situação de extensa cobertura de uma situação de pacote
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
restrito, limitado em riftes.
O principal objetivo para tal compartimentação é
Assim como para o Mapa Geodiversidade do Brasil
atender a uma ampla gama de usos e usuários interessados
e SIG Geodiversidade ao Milionésimo, os levantamentos
em conhecer as implicações ambientais decorrentes do
estaduais foram elaborados seguindo as orientações
embasamento geológico. Na elaboração do Mapa Geodiver-
contidas em roteiro metodológico preparado para essa sidade do Brasil (escala 1:2.500.000) analisaram-se somente
fase, apoiados em kits digitais personalizados para cada as implicações ambientais provenientes de características
estado, que contêm todo o material digital (imagens, físico-químicas, geométricas e genéticas dos corpos rocho-
arquivos vetoriais etc.) necessário ao bom desempenho sos. Na escala 1:1.000.000, do recorte ao milionésimo e dos
da tarefa. estados, também foram selecionados atributos aplicáveis
A sistemática de trabalho adotada permitiu a ao planejamento e informações dos compartimentos do
continuação da organização dos dados na Base Geodi- relevo, reservando-se para as escalas de maior detalhe o
versidade inserida no GEOSGB, desde a fase do recorte cruzamento com informações sobre clima, solo e vegetação.
ao milionésimo até os estaduais e, sucessivamente, em Como a Base Geodiversidade é fruto da reclassificação
escalas de maior detalhe (em trabalhos futuros), de das unidades litoestratigráficas contidas na Base Multiesca-
forma a possibilitar a conexão dos dados vetoriais aos lar Litoestratigrafia, compondo conjuntos estratigráficos de
dados alfanuméricos. Em uma primeira fase, com auxílio comportamento semelhante frente ao uso e à ocupação,
dos elementos-chave descritos nas tabelas dos dados atualmente essa base possui a estruturação em domínios e
vetoriais, é possível vincular facilmente mapas digitais unidades geológico-ambientais apresentada no Apêndice
ao GEOSGB, como na montagem de SIGs, em que as I (Unidades Geológico-Ambientais do Território Brasileiro).
tabelas das shapefiles (arquivos vetoriais) são produtos Tal estruturação é dinâmica e, na medida do detalhamento
da consulta sistemática ao banco de dados. das escalas, novos domínios e unidades podem ser inseridos.

81
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

ATRIBUTOS DA GEOLOGIA Aspecto

Desde a etapa do recorte ao milionésimo, para me- - Sem estruturas


lhor caracterizar as unidades geológico-ambientais, foram - Estratificada/Biogênica
selecionados atributos da geologia que permitem uma - Maciça/Vesicular
série de interpretações na análise ambiental, os quais são - Maciça/Acamadada
descritos a seguir. - Maciça/Laminada
- Maciça
Deformação - Acamadada
- Acamadada/Filitosa
Relacionada à dinâmica interna do planeta. Procede-se à - Acamadada/Xistosa
interpretação a partir da ambiência tectônica, litológica e aná- - Xistosa/Maciça
lise de estruturas refletidas nos sistemas de relevo e drenagem. - Filitosa/Xistosa
- Acamadamento Magmático
Tectônica: dobramentos - Gnáissica
- Bandada
- Ausente: sedimentos inconsolidados (aluviões, nas, - Concrecional
terraços etc.). - Concrecional/Nodular
- Não dobrada: sequências sedimentares, vulcanos- - Biogênica
sedimentares e rochas ígneas não dobradas e não - Estruturas de Dissolução
metamorfizadas. - Estruturas de Colapso
- Pouco a moderadamente dobrada: sequências
sedimentares ou vulcanossedimentares do tipo Comportamento Reológico
Bambuí, por exemplo.
- Intensamente dobrada: sequências sedimentares De acordo com Oliveira e Brito (1998), as rochas
ou vulcanossedimentares complexa e intensamente podem apresentar as seguintes características reológicas
dobradas (grupos Açungui, Minas, dentre outros) (comportamento frente a esforços mecânicos):
e rochas granítico-gnáissicas migmatíticas. - Comportamento isotrópico: quando as proprieda-
- Moderada a intensamente dobrada. des das rochas são constantes, independentemente
- Pouco a intensamente dobrada. da direção observada.
- Comportamento anisotrópico: quando as proprie-
Tectônica: fraturamento (juntas e falhas)/ dades variam de acordo com a direção considerada.
cisalhamento As bibliotecas podem ser:
- Isotrópico: caso dos granitos com granulação e
- Não fraturada: por exemplo, coberturas sedimen- textura homogêneas.
tares inconsolidadas. - Anisotrópico: caso das unidades formadas por
- Pouco a moderadamente fraturada (distribuição diversas litologias e/ou deformações heterogêneas.
regular).
- Pouco a moderadamente fraturada (distribuição Resistência ao Intemperismo Físico
irregular).
- Moderada a intensamente fraturada (distribuição Procede-se à dedução a partir da análise da com-
regular). posição mineral da(s) rocha(s) que sustenta(m) a unidade
geológico-ambiental.
- Moderada a intensamente fraturada (distribuição
Se apenas um tipo de litologia sustentar a unidade
irregular).
ou se forem complexos plutônicos de várias litologias, são
- Pouco a intensamente fraturada (distribuição regular).
definidas as seguintes classificações para esse atributo:
- Pouco a intensamente fraturada (distribuição irregular).
Baixa: rochas ricas em minerais ferromagnesianos,
- Intensamente fraturada (distribuição regular).
arenitos, siltitos, metassedimentos argilosos, rochas ígneas
- Intensamente fraturada (distribuição irregular).
ricas em micas, calcários, lateritas e rochas ígneas básico-
ultrabásico-alcalinas efusivas.
Tipo de deformação Moderada a alta: ortoquartzitos, arenitos silicifica-
dos, leucogranitos e outras rochas pobres em micas e em
- Não se aplica minerais ferromagnesianos, formações ferríferas, quartzitos
- Deformação rúptil e arenitos impuros.
- Deformação dúctil/rúptil Não se aplica: sedimentos inconsolidados.
- Deformação rúptil/dúctil Se várias litologias sustentarem a unidade, a classifi-
- Deformação dúctil cação será:

82
METODOLOGIA, ESTRUTURAÇÃO DA BASE DE DADOS
E ORGANIZAÇÃO EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

Baixa a moderada na vertical: caso de coberturas mineral e grau de consolidação semelhantes a ligeiramente
pouco a moderadamente consolidadas. diferentes e mesma composição mineralógica.
Baixa a alta na vertical: unidades em que o subs- Baixa a alta na vertical: unidades em que o subs-
trato rochoso é formado por empilhamento de camadas trato rochoso é formado por empilhamento de camadas
horizontalizadas, não dobradas, de composição mineral e horizontalizadas, não dobradas, de composição mineral e
grau de consolidação muito diferentes, como as intercala- grau de consolidação muito diferentes, como as intercala-
ções irregulares de calcários, arenitos, siltitos, argilitos etc. ções irregulares de calcários, arenitos, siltitos, argilitos etc.
Baixa a alta na horizontal e na vertical: sequências Baixa a alta na horizontal e na vertical: sequências
sedimentares e vulcanossedimentares dobradas e com- sedimentares e vulcanossedimentares dobradas e com-
postas de várias litologias; rochas gnáissico-migmatíticas postas de várias litologias; rochas gnáissico-migmatíticas
e outras que se caracterizam por apresentarem grande e outras que se caracterizam por apresentarem grande
heterogeneidade composicional, textural e deformacional heterogeneidade composicional, textural e deformacional
lateral e vertical. lateral e vertical.

Resistência ao Intemperismo Químico Grau de Coerência

Procede-se à dedução a partir da análise da com- Refere-se à resistência ao corte e à penetração.


posição mineral da(s) rocha(s) que sustenta(m) a unidade Mesmo em se tratando de uma única litologia, deve-se
geológico-ambiental. prever a combinação dos vários tipos de grau de coerência,
Se apenas um tipo de litologia sustentar a unidade a exemplo dos arenitos e siltitos (Figura 3.1). Para o caso de
geológico-ambiental, ou se forem complexos plutônicos complexos plutônicos com várias litologias, todas podem
de várias litologias, são definidas as seguintes classificações estar enquadradas em um único grau de coerência.
para esse atributo: As classificações utilizadas nesse atributo são:
Baixa: calcários, rochas básicas, ultrabásicas, alca- - Muito brandas
linas etc. - Brandas
Moderada a alta: ortoquartzitos, leucogranitos - Médias
e outras rochas pobres em micas e em minerais ferromag- - Duras
nesianos, quartzitos e arenitos impuros. - Muito brandas a duras
Não se aplica: aluviões. Entretanto, se forem várias litologias, esta será
Entretanto, se várias litologias sustentarem a unidade, a classificação:
a classificação será: - Variável na horizontal.
Baixa a moderada na vertical: unidades em que - Variável na vertical.
o substrato rochoso é formado por empilhamento de - Variável na horizontal e vertical.
camadas horizontalizadas, não dobradas, de composição - Não se aplica.

Figura 3.1 - Resistência à compressão uniaxial e classes de alteração para diferentes tipos de rochas. Fonte: Modificado de VAZ (1996).

83
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Características do Manto - Predominantemente argilo-síltico-arenoso: rochas


de Alteração Potencial (Solo Residual) granitoides e gnáissico-migmatíticas ortoderi
vadas.
Procede-se à dedução a partir da análise da compo- - Variável de arenoso a argilossiltoso: sequências
sição mineral das rochas. Por exemplo, independen- sedimentares e vulcanossedimentares compostas
temente de outras variáveis que influenciam as carac- por alternâncias irregulares de camadas pouco
terísticas do solo, como clima e relevo, o manto de espessas, interdigitadas e de composição mineral
alteração de um basalto será argiloso e, o de um granito, muito contrastante, a exemplo das sequências em
argilo-síltico-arenoso. que se alternam, irregularmente, entre si, camadas
- Predominantemente arenoso: substrato rochoso de arenitos quartzosos com pelitos,calcários ou
sustentado por espessos e amplos pacotes de rochas rochas vulcânicas.
predominantemente arenoquartzosas. - Predominantemente siltoso: siltitos e folhelhos.
- Predominantemente argiloso: predominância - Não se aplica.
de rochas que se alteram para argilominerais, a
exemplo de derrames basálticos, complexos básico- Porosidade Primária
-ultrabásico alcalinos, terrenos em que predomi-
nam rochas calcárias etc. Relacionada ao volume de vazios em relação ao
- Predominantemente argilossiltoso: siltitos, folhe- volume total da rocha. O preenchimento deverá seguir
lhos, filitos e xistos. os procedimentos descritos na Tabela 3.1.

Tabela 3.1 - Porosidade total dos diversos materiais rochosos

Material Porosidade Total % m Porosidade Eficaz % me


Obs.
Tipo Descrição Média Normal Extraordinária Média Máx. Mín.
Granito 0,3 4 0,2 9 0,05 <0,2 0,5 0,0 A
Rochas maciças Calcário maciço 8 15 0,5 20 <0,5 1 0,0 B
Dolomito 5 10 2 <0,5 1 0,0 B
Rochas metamórficas 0,5 5 0,2 <0,5 2 0,0 A
Piroclasto e tufas 30 50 10 60 5 <5 20 0,0 C, E
Escórias 25 80 10 20 50 1 C, E

Rochas vulcânicas Pedra-pomes 85 90 50 <5 20 0,0 D

Basaltos densos, fonólitos 2 5 0,1 <1 2 0,1 A


Basaltos vesiculares 12 30 5 5 10 1 C
Pizarras sedimentares 5 15 2 30 0,5 <2 5 0,0 E
Rochas sedimentares Arenitos 15 25 3 30 0,5 10 20 0,0 F
consolidadas
(ver rochas maciças) Creta blanda 20 50 10 1 5 0,2 B
Calcário detrítico 10 30 1,5 3 20 0,5
Aluviões 25 40 20 45 15 15 35 5 E
Dunas 35 40 30 20 30 10
Cascalho 30 40 25 40 20 25 35 15
Loesse 45 55 40 <5 10 0,1 E
Rochas sedimentares
Areias 35 45 20 25 35 10
inconsolidadas
Depósitos glaciais 25 35 15 15 30 5

Silte 40 50 25 10 20 2 E
Argilas não compactadas 45 60 40 85 30 2 10 0,0 E
Solos superiores 50 60 30 10 20 1 E

Fonte: Modificado de Custodio e Llamas (1983).


Nota: Alguns dados, em especial os referentes à porosidade eficaz (me), devem ser tomados com precaução, segundo as circunstâncias locais. A =
Aumenta m e me por meteorização; B = Aumenta m e me por fenômenos de dissolução; C = Diminui m e me com o tempo; D = Diminui m e pode
aumentar me com o tempo; E = me muito variável, segundo as circunstâncias do tempo; F = Varia segundo o grau de cimentação e solubilidade.

84
METODOLOGIA, ESTRUTURAÇÃO DA BASE DE DADOS
E ORGANIZAÇÃO EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

Caso seja apenas um tipo de litologia a sustentar a uni- Tais avaliações e controvérsias, de âmbito exclusivamente
dade geológico-ambiental, observar o campo “Descrição” geomorfológico, seriam de pouca valia para atender aos
da Tabela 3.1. Entretanto, se forem complexos plutônicos propósitos deste estudo. Portanto, termos como depres-
de várias litologias,a porosidade é baixa. são, crista, patamar, platô, cuesta, hog-back, pediplano,
- Baixa: 0 a 15%. peneplano, etchplano, escarpa, serra e maciço, dentre
- Moderada: de 15 a 30%. tantos outros, foram englobados em um reduzido número
- Alta: >30%. de conjuntos morfológicos.
Para os casos em que várias litologias sustentam a Portanto, esta proposta difere substancialmente das
unidade geológico-ambiental, observar o campo “Tipo”
metodologias de mapeamento geomorfológico presen-
da Tabela 3.1.
tes na literatura, tais como: a análise integrada entre a
- Variável (0 a >30%): a exemplo das unidades em
compartimentação morfológica dos terrenos, a estrutura
que o substrato rochoso é formado por um empi-
lhamento irregular de camadas horizontalizadas subsuperficial dos terrenos e a fisiologia da paisagem
porosase não porosas. proposta por Ab’Saber (1969); as abordagens descritivas
em base morfométrica, como as elaboradas por Barbosa,
Característica da Unidade Franco e Moreira (1977) para o Projeto RadamBrasil, e de
Lito-Hidrogeológica Ponçano et al. (1979) e Ross e Moroz (1996) para o Instituto
de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT);
São utilizadas as seguintes classificações: as abordagens sistêmicas, com base na compartimentação
- Granular: dunas, depósitos sedimentares incon- topográfica em bacias de drenagem (MEIS; MIRANDA;
solidados, planícies aluviais, coberturas sedimen- FERNANDES, 1982) ou a reconstituição de superfícies
tares etc. regionais de aplainamento (LATRUBESSE; RODRIGUES;
- Fissural. MAMEDE, 1998).
- Granular/fissural. O mapeamento de padrões de relevo é, essencial-
- Cárstico. mente, uma análise morfológica do relevo com base em
- Não se aplica. fotointerpretação da textura e rugosidade dos terrenos a
partir de diversos sensores remotos.
ATRIBUTOS DO RELEVO Nesse sentido, é de fundamental importância escla-
recer que não se pretendeu produzir um mapa geomor-
Com o objetivo de conferir uma informação ge-
fológico, mas um mapeamento dos padrões de relevo em
omorfológica clara e aplicada ao mapeamento da
geodiversidade do território brasileiro em escalas de consonância com os objetivos e as necessidades de um
análise reduzidas (1:500.000 a 1:1.000.000), procurou-se mapeamento da geodiversidade do território nacional em
identificar os grandes conjuntos morfológicos passíveis escala continental.
de serem delimitados em tal tipo de escala, sem muita Com esse enfoque, foram selecionados 28 padrões
preocupação quanto à gênese e evolução morfodinâmica de relevo para os terrenos existentes no território brasileiro
das unidades e aos processos geomorfológicos atuantes. (Quadro 3.1), levando-se, essencialmente, em consideração:

Quadro 3.1 - Atributos e biblioteca de padrões de relevo do território brasileiro

Símbolo Tipo de Relevo Declividade (graus) Amplitude Topográfica (m)

R1a Planícies Fluviais ou Fluviolacustres 0a3 zero


R1b1 Terraços Fluviais 0a3 2 a 20
R1b2 Terraços Marinhos 0a3 2 a 20
R1b3 Terraços Lagunares 0a3 2 a 20
R1c1 Vertentes Recobertas por Depósitos de Encosta 5 a 45 Variável
R1c2 Leques Aluviais 0a3 2 a 20
R1d Planícies Fluviomarinhas 0 (plano) zero
R1e Planícies Costeiras 0a5 2 a 20
R1f1 Campos de Dunas 3 a 30 2 a 40
R1f2 Campos de Loesse 0a5 2 a 20
R1g Recifes 0 zero
R2a1 Tabuleiros 0a3 20 a 50
R2a2 Tabuleiros Dissecados 0a3 20 a 50

85
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Quadro 3.1 - Atributos e biblioteca de padrões de relevo do território brasileiro (continuação).

Símbolo Tipo de Relevo Declividade (graus) Amplitude Topográfica (m)

R2b1 Baixos Platôs 0a5 0 a 20


R2b2 Baixos Platôs Dissecados 0a5 20 a 50
R2b3 Planaltos 0a5 20 a 50
R2c Chapadas e Platôs 0a5 0 a 20
R3a1 Superfícies Aplainadas Conservadas 0a5 0 a 10
R3a2 Superfícies Aplainadas Degradadas 0a5 10 a 30
R3b Inselbergs 25 a 60 50 a 500
R4a1 Domínio de Colinas Amplas e Suaves 3 a 10 20 a 50
R4a2 Domínio de Colinas Dissecadas e Morros Baixos 5 a 20 30 a 80
R4a3 Domos em Estrutura Elevada 3 a 10 50 a 200
R4b Domínio de Morros e de Serras Baixas 15 a 35 80 a 200
R4c Domínio Montanhoso 25 a 60 300 a 2000
R4d Escarpas Serranas 25 a 60 300 a 2000
R4e Degraus Estruturais e Rebordos Erosivos 10 a 45 50 a 200
R4f Vales Encaixados 10 a 45 100 a 300

Fonte: Dantas (2013).

- Parâmetros morfológicos e morfométricos que pu- MODELO DIGITAL DE TERRENO – SHUTLLE


dessem ser avaliados pelo instrumental tecnológico RADAR TOPOGRAPHY MISSION (SRTM)
disponível nos kits digitais (imagens LandSat GeoCo-
ver e Modelo Digital de Terreno e Relevo Sombreado A utilização do Modelo Digital de Terreno (MDT) ou
(SRTM); mapa de classes de hipsometria; mapa de Modelo Digital de Elevação ou Modelo Numérico de Ter-
classes de declividade). reno, no contexto do Mapa Geodiversidade do Estado do
- Reinterpretação das informações existentes nos Paraná, justifica-se por sua grande utilidade em estudos
mapas geomorfológicos produzidos por institui- de análise ambiental.
ções diversas, em especial os mapas desenvolvidos Um Modelo Digital de Terreno é um modelo contínuo
no âmbito do Projeto RadamBrasil, em escala da superfície terrestre, no nível do solo, representado por
1:1.000.000. uma malha digital de matriz cartográfica encadeada, ou
- Execução de uma série de perfis de campo, com o raster, onde cada célula da malha retém um valor de ele-
objetivo de aferir a classificação executada. vação (altitude) do terreno. Assim, a utilização do MDT em
estudos geoambientais se torna imprescindível, uma vez
Para cada um dos atributos de relevo, com suas
que esse modelo tem a vantagem de fornecer uma visão
respectivas bibliotecas, há uma legenda explicativa
tridimensional do terreno e suas inter-relações com as
(Apêndice II – Biblioteca de Relevo do Território Brasi-
formas de relevo e da drenagem e seus padrões de forma
leiro), que agrupa características morfológicas e morfo-
direta. Isso permite a determinação do grau de dissecação
métricas gerais, assim como informações elementares e
do relevo, informando também o grau de declividade e
generalizadas quanto à gênese e vulnerabilidade frente
altimetria, o que auxilia grandemente na análise ambiental,
aos processos geomorfológicos (intempéricos, erosivos como, por exemplo, na determinação de áreas de proteção
e deposicionais). permanente, projetos de estradas e barragens, trabalhos
Evidentemente, considerando a vastidão e a enorme de mapeamento de vegetação etc.
geodiversidade do território brasileiro, assim como seu A escolha do Shuttle Radar Topography Mission
conjunto diversificado de paisagens bioclimáticas e (SRTM) [missão espacial liderada pela NASA, realizada
condicionantes geológico-geomorfológicas singulares, as durante 11 dias do mês de fevereiro de 2000, visando à
informações de amplitude de relevo e declividade, dentre geração de um modelo digital de elevação quase global]
outras, devem ser reconhecidas como valores-padrão, foi devida ao fato de os MDTs disponibilizados por esse
não aplicáveis indiscriminadamente a todas as regiões. sensor já se encontrarem disponíveis para toda a América
Não se descartam sugestões de ajuste e aprimoramento do Sul, com resolução espacial de aproximadamente 90 x
do Quadro 3.1 e do Apêndice II apresentados nesse 90 m, apresentando alta acurácia e confiabilidade, além
modelo, as quais serão bem-vindas. da gratuidade (CCRS, 2004 apud BARROS et al., 2004).

86
METODOLOGIA, ESTRUTURAÇÃO DA BASE DE DADOS
E ORGANIZAÇÃO EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

Durante os trabalhos de levantamento da geodiversi- drenagens é indispensável na análise geológico-ambiental,


dade do território brasileiro, apesar de todos os pontos po- uma vez que são respostas/resultados de características
sitivos apresentados, os dados SRTM, em algumas regiões, ligadas a aspectos geológico-estruturais e a processos
acusaram problemas, tais como: valores espúrios (positivos geomorfológicos, os quais atuam como agentes mode-
e negativos) nas proximidades do mar e áreas onde não ladores da paisagem e das formas de relevo.
são encontrados valores. Tais situações são descritas em Dessa forma, a integração de atributos ligados às redes
diversos trabalhos do SRTM (BARROS et al., 2004), sendo de drenagem – tipos de canais de escoamento, hierarquia
que essas áreas recebem o valor -32768, indicando que da rede fluvial, configuração dos padrões de drenagem
não há dado disponível. etc. – a outros temas trouxe respostas a várias questões
A literatura do tema apresenta diversas possibilidades relacionadas ao comportamento dos diferentes ambientes
de correção, desde substituição de tais áreas por dados geológicos e climáticos locais, processos fluviais dominan-
oriundos de outros produtos – o GTOPO30 aparece como tes e disposição de camadas geológicas, dentre outros.
proposta para substituição em diversos textos – ao uso
de programas que objetivam diminuir tais incorreções KIT DE DADOS DIGITAIS
por meio de edição de dados (BARROS et al., 2004).
Neste estudo, foi utilizado o software ENVI 4.1 para solu- Na fase de execução do Mapa Geodiversidade do
cionar o citado problema. Estado do Paraná, o kit de dados digitais constou dos
seguintes temas:
MOSAICO GEOCOVER 2000 - Geodiversidade: arquivo de domínios e unidades
geológico-ambientais.
A justificativa para utilização do Mosaico GeoCover - Estruturas: arquivo das estruturas geológicas.
2000 é o fato de este se constituir em um mosaico ortorre- - Planimetria: cidades, vilas, povoados, rodovias etc.
tificado de imagens ETM+ do sensor LandSat 7, resultante - Áreas restritivas: áreas de parques estaduais e
do sharpening das bandas 7, 4, 2 e 8. Esse processamento federais, terras indígenas, estações ecológicas etc.
realiza a transformação RGB-IHS (canais de cores RGB-IHS - Hidrografia: drenagens bifilar e unifilar.
/ vermelho, verde e azul – Matiz, Saturação e Intensidade), - Bacias hidrográficas: recorte de bacias e sub-bacias
utilizando as bandas 7, 4 e 2 com resolução espacial de de drenagem.
3 m e, posteriormente, a transformação IHS-RGB utilizando - Altimetria: curvas de nível espaçadas de 100 m.
a banda 8 na Intensidade (I) para aproveitar a resolução - Pontos geoturísticos: sítios geológicos, aleon-
espacial de 15 m. Tal procedimento alia as características tológicos etc.
espaciais da imagem com resolução de 15 m às caracte- - Quilombolas: áreas de quilombolas.
rísticas espectrais das imagens com resolução de 30 m, re- - Recursos minerais: dados de recursos minerais.
sultando em uma imagem mais “aguçada”. As imagens do - Poços: dados de poços cadastrados pelo Sistema
Mosaico GeoCover LandSat 7 foram coletadas no período de Informações de Águas Subterrâneas (SIAGAS)
de 1999/2000 e apresentam resolução espacial de 14,25 m. criado pela CPRM/SGB.
Além da exatidão cartográfica, o Mosaico GeoCover - MDT_SRTM: arquivo grid pelo recorte do estado.
possui outras vantagens, como: facilidade de aquisição dos - Declividade: arquivo grid pelo recorte do estado.
dados sem ônus, âncora de posicionamento, boa acurácia - GeoCover: arquivo grid pelo recorte do estado.
e abrangência mundial, o que, juntamente com o MDT, - Simbologias ESRI: fontes e arquivos *style (arquivo
torna-o imprescindível aos estudos de análise ambiental de cores e simbologias utilizadas pelo programa
(ALBUQUERQUE; SANTOS; MEDEIROS, 2005; CREPANI; ArcGis) para implementação das simbologias
MEDEIROS, 2005). para leiaute.
A seguir, ilustra-se parte dos dados do kit digital para
ANÁLISE DA DRENAGEM o Mapa Geodiversidade do Estado do Paraná (Figuras
3.2 e 3.3).
Segundo Guerra e Cunha (2001), o reconhecimento, Os procedimentos de tratamento digital e processa-
a localização e a quantificação das drenagens de determi- mento das imagens geotiff e MrSid (SRTM e GeoCover,
nada região são de fundamental importância para enten- respectivamente) dos grids (declividade e hipsométrico),
dimento dos processos geomorfológicos que governam as bem como dos recortes e reclass dos arquivos vetoriais
transformações do relevo sob as mais diversas condições (litologia, planimetria, curvas de nível, recursos minerais
climáticas e geológicas. Nesse sentido, a utilização das etc.) contidos no kit digital, foram realizados em ambiente
informações espaciais extraídas do traçado e da forma das SIG, utilizando os softwares ArcGis10.1 e ENVI 5.0.

87
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Figura 3.2 - Exemplo de dados do kit digital para o estado do Paraná: unidades geológico-ambientais versus planimetria. Fonte:
Elaborado pelos autores (2018).

Figura 3.3 - Exemplo de dados do kit digital para o estado do Paraná: unidades
geológico-ambientais versus relevo sombreado (MDT_SRTM). Fonte: Elaborado pelos autores (2018).

88
METODOLOGIA, ESTRUTURAÇÃO DA BASE DE DADOS
E ORGANIZAÇÃO EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

Trabalhando com o kit de Dados Digitais Com essa premissa, a Coordenação de Geoproces-
samento da Geodiversidade, após uma série de reuniões
Na metodologia adotada, a unidade geológico-am- com as Coordenações Temáticas e com as equipes locais do
biental, fruto da reclassificação das unidades geológicas Serviço Geológico do Brasil – CPRM, estabeleceu normas e
(reclass), é a unidade fundamental de análise, na qual foram procedimentos básicos a serem utilizados nas diversas ati-
agregadas todas as informações da geologia possíveis de vidades dos levantamentos estaduais, com destaque para:
ser obtidas a partir dos produtos gerados pela atualização - Definição dos domínios e unidades geológico-
da cartografia geológica dos estados pelo SRTM, mosaico -ambientais com base em parâmetros geológicos
GeoCover 2000 e drenagem. de interesse na análise ambiental, em escalas
Com a utilização dos dados digitais foi estruturado, para 1:2.500.000, 1:1.000.00 e mapas estaduais.
cada folha ou mapa estadual, um Projeto.mxd (conjunto de - A partir da escala 1:1.000.000, criação de atributos
shapes e leiaute) organizado no software ArcGis10. geológicos aplicáveis ao planejamento e informa-
No diretório de trabalho havia um arquivo shapefile, ções dos compartimentos do relevo.
denominado geodiversidade_estado.shp, que correspondia - Acuidade cartográfica compatível com as escalas
ao arquivo da geologia onde deveria ser aplicada a reclas- adotadas.
sificação da geodiversidade. - Estruturação de um modelo conceitual de base para
Após a implantação de domínios e unidades geoló- o planejamento, com dados padronizados por meio
gico-ambientais, procedia-se ao preenchimento dos parâ- de bibliotecas.
metros da geologia e, posteriormente, ao preenchimento - Elaboração da legenda para compor os leiautes dos
dos campos com os atributos do relevo. mapas de geodiversidade estaduais.
As informações do relevo serviram para melhor ca- - Criação de um aplicativo de entrada de dados local
racterizar a unidade geológico-ambiental e também para desenvolvido em Visual Basic 6.0 Aplicativo GEODIV.
subdividi-la. Porém, essa subdivisão, em sua maior parte, - Implementação do modelo de dados no GEOSGB
alcançou o nível de polígonos individuais. (Oracle) e migração dos dados do Aplicativo GEODIV
Quando houve necessidade de subdivisão do polígo-
para o GEOSGB.
no, ou seja, quando as variações fisiográficas eram muito
- Entrada de dados de acordo com escala e fase
contrastantes, evidenciando comportamentos hidrológicos
(mapas estaduais).
e erosivos muito distintos, esse procedimento foi realizado.
- Montagem de SIGs.
Nessa etapa, considerou-se o relevo como um atributo
- Disponibilização das unidades geológico-ambientais
para subdividir a unidade, propiciando novas deduções
na Internet, por meio do módulo Web Gis do GEOS-
na análise ambiental.
GB (http://geowebapp.cprm.gov.br/ViewerWEB/),
Assim, a nova unidade geológico-ambiental resultou
onde o usuário tem acesso a informações relaciona-
da interação da unidade geológico-ambiental com o relevo.
das às unidades geológico-ambientais e respectivas
Finalizado o trabalho de implementação dos parâmetros da
unidades litológicas.
geologia e do relevo pela equipe responsável, o material foi
enviado para a Coordenação de Geoprocessamento, que A necessidade de prover o SIG Geodiversidade com
procedeu à auditagem do arquivo digital da geodiversidade tabelas de atributos referentes às unidades geológico-
para retirada de polígonos espúrios, superposição e vazios -ambientais, dotadas de informações para o planejamento,
gerados durante o processo de edição. Paralelamente, implicou a modelagem de uma base conceitual de geodiver-
iniciou-se o preenchimento dos dados na Base Geodiver- sidade, intrinsecamente relacionada à litoestratigrafia, uma
sidade – Aplicativo GEODIV (Visual Basic), com posterior vez que as unidades geológico-ambientais são produto de
migração dos dados para o GEOSGB reclassificação das unidades litoestratigráficas.
Esse modelo de dados foi implantado em um aplicativo
ESTRUTURAÇÃO DA BASE de entrada de dados local, desenvolvido em Visual Basic 6.0,
DE DADOS: GEOSGB denominado GEODIV. O modelo do aplicativo apresenta
seis telas de entrada de dados armazenados em três tabelas
A implantação dos projetos de levantamento da geo- de dados e 16 tabelas de bibliotecas.
diversidade do Brasil teve como objetivo principal oferecer A primeira tela recupera, por escala e fase, todas as
aos diversos segmentos da sociedade brasileira uma tra- unidades geológico-ambientais cadastradas, filtrando, para
dução do conhecimento geológico-científico, com vistas cada uma delas, as letras-símbolos das unidades litoestra-
à sua aplicação ao uso adequado para o ordenamento tigráficas (Base Litoestratigrafia) (Figura 3.4).
territorial e planejamento dos setores mineral, transportes, Posteriormente, de acordo com a escala adotada, o
agricultura, turismo e meio ambiente, tendo como base usuário cadastra todos os atributos da geologia de interesse
as informações geológicas presentes no SIG da Carta para o planejamento (Figura 3.5).
Geológica do Brasil ao Milionésimo (SCHOBBENHAUS; Na última tela, o usuário cadastra os compartimentos
GONÇALVES; SANTOS, 2004). de relevo (Figura 3.6).

89
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Todos os dados foram preenchidos pela equipe da Co-


ordenação de Geoprocessamento e inseridos no aplicativo
que possibilita o armazenamento das informações no GE-
OSGB (Oracle) na camada Unidades Geológico-Ambientais.
O módulo Web Gis do GEOSGB (Figura 3.7) recupera
também, por escala e por fase (quadrícula ao milionési-
mo, mapas estaduais), todas as informações das unidades
geológico-ambientais, possibilitando, assim, a organização
dos dados no GEOSGB e a conexão dos dados vetoriais
com os dados alfanuméricos. Em uma primeira fase, com
auxílio dos elementos-chave descritos nas tabelas, é possível
vincular, facilmente, mapas digitais ao GEOSGB, como na
montagem de SIGs, em que as tabelas são produtos da
consulta sistemática ao banco de dados.

ATRIBUTOS DOS CAMPOS DO ARQUIVO


Figura 3.4 - Tela de cadastro das unidades geológico-ambientais DAS UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS:
para os mapas estaduais de geodiversidade (aplicativo GEODIV). DICIONÁRIO DE DADOS

São descritos, a seguir, os atributos dos campos


que constam no arquivo shapefile da unidade geológico-
ambiental.
COD_DOM (CÓDIGO DO DOMÍNIO GEOLÓGICO-
AMBIENTAL) – Sigla dos domínios geológico-ambientais.
DOM_GEO (DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO GEOLÓGICO-
AMBIENTAL) – Reclassificação da geologia pelos grandes
domínios geológicos.
COD_UNIGEO (CÓDIGO DA UNIDADE GEOLÓGICO-
AMBIENTAL) – Sigla da unidade geológico-ambiental.
UNIGEO (DESCRIÇÃO DA UNIDADE GEOLÓGICO-
AMBIENTAL) – As unidades geológico-ambientais foram
agrupadas com características semelhantes do ponto de
vista da resposta ambiental a partir da subdivisão dos do-
mínios geológico-ambientais e por critérios-chave descritos
anteriormente.
Figura 3.5 - Tela de cadastro dos atributos da geologia
(aplicativo GEODIV). Na última tela, o usuário cadastra
DEF_TEC (DEFORMAÇÃO TECTÔNICA/DOBRAMENTOS)
os compartimentos de relevo (Figura 3.6). Relacionado à rocha ou ao grupo de rochas que compõe
a unidade geológico-ambiental.
CIS_FRAT (TECTÔNICA FRATURAMENTO/CISALHA-
MENTO) – Relacionado à rocha ou ao grupo de rochas que
compõe a unidade geológico-ambiental.
TIPO_DEF (TIPO DE DEFORMAÇÃO) – Relacionado
à rocha ou ao grupo de rochas que compõe a unidade
geológico-ambiental.
COM _ REOL (COMPORTAMENTO REOLÓGICO)
Relacionado à rocha ou ao grupo de rochas que compõe
a unidade geológico-ambiental.
ASPECTO (ASPECTOS TEXTURAIS E ESTRUTURAIS)
Relacionado às rochas ígneas e/ou metamórficas que
compõem a unidade geológico-ambiental.
INTEMP_F (RESISTÊNCIA AO INTEMPERISMO FÍSICO)
Relacionado à rocha ou ao grupo de rochas sãs que compõe
a unidade geológico-ambiental.
INTEMP_Q (RESISTÊNCIA AO INTEMPERISMO QUÍMICO)
Figura 3.6 - Tela de cadastro dos atributos Relacionado à rocha ou ao grupo de rochas sãs que compõe
do relevo (aplicativo GEODIV). a unidade geológico-ambiental.

90
METODOLOGIA, ESTRUTURAÇÃO DA BASE DE DADOS
E ORGANIZAÇÃO EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

Figura 3.7 - Módulo Web GIS de visualização dos arquivos vetoriais/base de dados (GEOSGB). Fonte: Disponível em:
<http://geowebapp.cprm.gov.br/ViewerWEB>. Acesso em: ago. 2018.

GR_COER (GRAU DE COERÊNCIA DA(S) ROCHA(S) ALBUQUERQUE, P.C.G.; SANTOS, C.C.; MEDEIROS, J.S.
FRESCA(S)) – Relacionado à rocha ou ao grupo de rochas Avaliação de mosaicos com imagens LandSat TM
que compõe a unidade geológico-ambiental. para utilização em documentos cartográficos
TEXTURA (TEXTURA DO MANTO DE ALTERAÇÃO) em escalas menores que 1/50.000. São José dos
Relacionado ao padrão textural de alteração da rocha ou Campos: INPE, 2005. Disponível em: <http://mtc-m12.
do grupo de rochas que compõe a unidade geológico- sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1912/2005/09.28.16.52/
ambiental. doc/publicacao.pdf>. Acesso em: 21 dez. 2009.
PORO_PRI (POROSIDADE PRIMÁRIA) – Relacionado à
porosidade primária da rocha ou do grupo de rochas que BARBOSA, G.V.; FRANCO, E.M.S.; MOREIRA, M.M.A.
compõe a unidade geológico-ambiental. Mapas geomorfológicos elaborados a partir do sensor
AQUÍFERO (TIPO DE AQUÍFERO) – Relacionado ao tipo radar. Notícia Geomorfológica, Campinas, v. 17,
de aquífero que compõe a unidade geológico-ambiental. n. 33, p. 137-152, jun. 1977.
COD_REL (CÓDIGO DOS COMPARTIMENTOS DO
RELEVO) – Siglas para a divisão dos macrocompartimentos BARROS, R.S.; CRUZ, M.B.C.; REIS, B.R.; ROCHA,
de relevo. F.M.E.; BARBOSA, G.L. Avaliação do modelo digital de
RELEVO (MACROCOMPARTIMENTOS DO RELEVO) elevação da SRTM na ortorretificação de imagens Spot
Descrição dos macrocompartimentos de relevo. 4. Estudo de caso: Angra dos Reis – RJ. In: SIMPÓSIO
GEO_REL (CÓDIGO DA UNIDADE GEOLÓGICO- EM CIÊNCIAS GEODÉSICAS E TECNOLOGIA DA
AMBIENTAL + CÓDIGO DO RELEVO) – Sigla da nova unidade GEOINFORMAÇÃO, 1., 2004, Recife. Anais…
geológico-ambiental, fruto da composição da unidade Recife: UFPE, 2004.
geológica com o relevo. Na escala 1:1.000.000, é o campo
indexador, que liga a tabela aos polígonos do mapa e ao CREPANI, E.; MEDEIROS, J.S. Imagens CBERS +
banco de dados (é formada pelo campo COD_UNIGEO + imagens SRTM + mosaicos GeoCover Landsat.
COD_REL). Ambiente Spring e TerraView: sensoriamento
OBS: (CAMPO DE OBSERVAÇÕES) – Campo-texto remoto e geoprocessamento gratuitos aplicados ao
onde são descritas todas as observações consideradas desenvolvimento sustentável. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO
relevantes na análise da unidade geológico-ambiental. DE SENSORIAMENTO REMOTO, 12., 2005, Goiânia.
Anais… São José dos Campos: INPE, 2005. p. 2637-
REFERÊNCIAS 2644. Disponível em: <http://marte.sid.inpe.br/col/ltid.
inpe.br/sbsr/2004/11.19.18.07/doc/2637.pdf>.
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91
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

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92
4
GEODIVERSIDADE:
ADEQUABILIDADES/
POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE
AO USO E À OCUPAÇÃO
Deyna Pinho (deyna.pinho@cprom.gov.br)¹

1
Serviço Geológico do Brasil – CPRM

SUMÁRIO

SUMÁRIO

Introdução............................................................................................................ 95
Domínio dos Sedimentos Cenozoicos inconsolidados ou
pouco consolidados, depositados em Meio Aquoso (DC)..................................... 99
Domínio dos Sedimentos Cenozoicos Inconsolidados do
tipo Coluvião e Tálus (DCICT)...............................................................................109
Domínio dos Sedimentos Cenozoicos pouco a moderadamente consolidados,
associados a pequenas Bacias Continentais do tipo Rift (DCMR)......................... 113
Domínio das Coberturas Sedimentares Mesozoicas (Cretáceas), pouco a
moderadamente consolidadas (DSMC)................................................................ 118
Domínio das Coberturas Sedimentares e Vulcanossedimentares Mesozoicas
e Paleozoicas, pouco a moderadamente consolidadas, associadas a grandes
e profundas Bacias Sedimentares do tipo Sinéclise (DSVMP)...............................126
Domínio do Vulcanismo Fissural do tipo Platô (DVM)..........................................142
Domínio dos Complexos Alcalinos Intrusivos e Extrusivos, diferenciados do
Paleógeno, Mesozoico e Proterozoico (DCA).......................................................159
Domínio das Sequências Sedimentares Proterozoicas do tipo Molassa,
não ou pouco deformadas e metamorfizadas (DSPM).........................................164
Domínio das Sequências Vulcânicas ou Vulcanossedimentares Proterozoicas,
não ou pouco dobradas e metamorfizadas (DSVP1)............................................168
Domínio das Sequências Sedimentares Proterozoicas dobradas,
metamorfizadas de baixo a alto grau (DSP2).......................................................173
Domínio das Sequências Vulcanossedimentares Proterozoicas Dobradas,
Metamorfizadas de Baixo a Alto Grau (DSVP2)....................................................183
Domínio dos Corpos Máfico-Ultramáficos (Suítes Komatiiticas, Suítes Toleíticas,
Complexos Bandados) (DCMU)............................................................................196
Domínio dos Complexos Granitoides Não Deformados (DCGR1).........................202
Domínio dos Granitoides Deformados (DCGR2).................................................. 209
Domínio dos Granitoides Intensamente Deformados: Ortognaisses (DCGR3)......218
Domínio dos Complexos Gnáissico-Migmatíticos e Granulíticos (DCGMGL)........225
Referências ......................................................................................................... 236
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

INTRODUÇÃO de formas de relevo, previamente preparado para este


trabalho, com as unidades geológico-ambientais, levou
Apresentam-se, a seguir, os resultados obtidos da a novas subdivisões, denominadas unidades geológico-
interpretação da influência da geologia e das formas de ambientais e formas de relevo associadas.
relevo dos diferentes tipos de terrenos que ocorrem no As informações a seguir apresentadas estão funda-
estado do Paraná, no que se refere às adequabilidades/ mentadas na premissa de que aos diferentes grupamentos
potencialidades e limitações desses terrenos frente ao uso litológico-estruturais/formas de relevo logicamente está
e à ocupação do solo. associada uma série de características, as quais, quando
A cartografia dos diferentes tipos de terrenos indivi- analisadas em conjunto, podem indicar com segurança as
dualizados no Mapa Geodiversidade do Estado do Paraná adequabilidades/potencialidades e as limitações dos ter-
está fundamentada na metodologia descrita em capítulo renos, caso estes sejam destinados a determinada forma
próprio e teve como suporte geológico o Projeto Mapas de uso ou quando se analisam seus potenciais mineral,
Geológicos e de Recursos Minerais do Estado do Paraná hidrológico e geoturístico.
(escala 1:650.000). As descrições dos domínios geológico-ambientais
Dessa forma, os critérios geológicos adotados levaram foram ilustradas com mapas, quadros e fotografias legen-
a dividir o território do estado em 16 grandes comparti- dadas, apresentando a localização espacial das unidades,
mentos de terrenos denominados domínios geológico- dados de relevo e potencial mineral, ressaltando-se que
ambientais, os quais, em função de particularidades as imagens registram os aspectos ambientais relevantes
também geológicas, foram subdivididos em 48 unidades observados nos trabalhos de campo.
geológico-ambientais (Quadro 4.1; Figura 4.1). A essas Em cada domínio – mais especificamente em suas
unidades foram agregados critérios geomorfológicos que unidades – serão analisadas as características, adequabili-
implicaram novas divisões, resultando em 202 unidades dades e limitações frente ao uso e à ocupação referentes
geológico-ambientais com formas de relevo associadas aos temas: obras de engenharia, agricultura, recursos
(Quadro 4.2; Figura 4.2). hídricos subterrâneos e fontes poluidoras, recursos mine-
As unidades geológico-ambientais são subdivisões rais e aspectos ambientais e potencial turístico. Sob cada
dos domínios, baseadas, principalmente, na predominância tema serão descritas, primeiramente, as adequabilidades
de litotipos que os constituem. Também são denomina- e limitações comuns a todo o domínio e, em seguida, as
ções abrangentes, com o propósito de atender a todo adequabilidades e limitações específicas (intrínsecas) de
o território brasileiro. Por fim, a sobreposição do mapa cada unidade geológico-ambiental.

Quadro 4.1 - Domínios e unidades geológico-ambientais definidas para o estado do Paraná.

Representação
Código do Domínio Código das Unidades Área
Domínio Geológico-Ambiental no Território
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental (km2)
Paranaense (%)
Domínio dos sedimentos cenozoicos inconsolidados
DC DCa, DCm, DCmc 6203,0 3,17
ou pouco consolidados, depositados em meio aquoso
Domínio dos sedimentos cenozoicos
DCICT DCICT 64,9 0,03
inconsolidados do tipo coluvião e tálus
Domínio dos sedimentos cenozoicos e/ou
mesozoicos, pouco a moderadamente consolidados, DCMR DCMRsa 614,4 0,31
associados a pequenas bacias continentais do tipo rift
Domínio das coberturas sedimentares mesozoicas
DSMC DSMCe, DSMCef 24910,8 12,71
(cretáceas), pouco a moderadamente consolidadas
Domínio das coberturas sedimentares e DSVMPa, DSVMPae,
vulcanossedimentares mesozoicas e paleozoicas, DSVMPasaf, DSVMPsaa,
pouco a moderadamente consolidadas, associadas DSVMP DSVMPsaacv, 42473,2 21,67
a grandes e profundas bacias sedimentares DSVMPsabc,
do tipo sinéclise DSVMPsaca
DVMb, DVMgd,
Domínio do vulcanismo fissural do tipo platô DVM 101466,4 51,77
DMVrrd
Domínio dos complexos alcalinos intrusivos e
extrusivos, diferenciados do Paleógeno, DCA DCAalcubu 32,9 0,02
Mesozoico e Proterozoico
Domínio das sequências sedimentares proterozoicas
do tipo molassa, não ou pouco deformadas DSPM DSPMcgas 105,5 0,05
e metamorfizadas

95
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Quadro 4.1 - Domínios e unidades geológico-ambientais definidas para o estado do Paraná (continuação).

Representação
Código do Domínio Código das Unidades Área
Domínio Geológico-Ambiental no Território
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental (km2)
Paranaense (%)
Domínio das sequências vulcânicas ou
DSVP1ocg, DSVP1sacg,
vulcanossedimentares proterozoicas, não ou DSVP1 959,7 0,49
DSVP1va
pouco dobradas e metamorfizadas
Domínio das sequências sedimentares DSP2mcsaa, DSP2mcx,
proterozoicas dobradas, metamorfizadas de baixo DSP2 DSP2mqmtc, DSP2msa, 1327,9 0,68
a alto grau DSP2x
DSVP2af, DSVP2bu,
Domínio das sequências vulcanossedimentares
DSVP2cap, DSVP2csa,
proterozoicas dobradas, metamorfizadas DSVP2 4862,3 2,48
DSVP2q, DSVP2vfc,
de baixo a alto grau
DSVP2x, DSVP2in
Domínio dos corpos máfico-ultramáficos (suítes
DCMU DCMUbu, DCMUmg 29,4 0,02
komatiiticas, suítes toleíticas, complexos bandados)
Domínio dos complexos granitoides DCGR1alc, DCGR1palc,
DCGR1 1730,4 0,88
não deformados DCGR1in
Domínio dos complexos granitoides deformados DCGR2 DCGR2pal, DCGR2salc 5667,2 2,89
Domínio dos complexos granitoides intensamente
DCGR3 DCGR3salc 478,5 0,24
deformados: ortognaisses
DCGMGLglo,
DCGMGLgno,
Domínio dos complexos gnáissico-migmatíticos
DCGMGL DCGMGLgnp, 5056,7 2,58
e granulíticos
DCGMGLmu,
DCGMGLmufb
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
Nota: Para os nomes das unidades geológico-ambientais, consultar o Apêndice I (Unidades Geológico-Ambientais do Território Brasileiro).

Figura 4.1 - Distribuição espacial dos domínios geológico-ambientais no estado do Paraná. Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

96
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Quadro 4.2 - Formas de relevo identificadas no território do estado do Paraná.

Representação
Código do Código das Unidades
Padrão de Relevo Área (km2) no Território
Padrão de Relevo Geológico-Ambientais
Paranaense (%)

DCa (1), DSVMPa (21), DSVMPasaf (35),


Planícies fluviais ou fluviolacustres DSVMPsaa (41), DSVMPsaca (54),
(planícies de inundação, baixadas R1a DVMb (69), DSP2x (119), 5358,7 2,69
inundáveis e abaciamentos) DCGR2salc (170), DCGR3salc (179),
DCGMGLmu (198)

Terraços lagunares (paleoplanícies


de inundação no rebordo de R1b2 DCm (11), DCmc (5) 526,6 0,26
lagunas costeiras)

Vertentes recobertas por depósitos DCa (2), DCmc (6), DCICT (14),
de encosta (rampas de colúvio R1c DCGR2salc (171), DCGR3salc (180), 123,9 0,06
e de tálus) DCGMGLgnp (188)

Planícies fluviomarinhas (mangues


R1d DCa (3), DCm (12), DCmc (7) 343,4 0,17
e brejos)

Planícies costeiras (terraços


R1e DCm (13), DCmc (8), DCGR3salc (181) 278,0 0,14
marinhos e cordões arenosos)

Tabuleiros R2a1 DCMRsa (16), DCGMGLmu (199) 694,8 0,35

Tabuleiros dissecados R2a2 DSMCe (18) 1,0 0,0005

DSVMPa (22), DSVMPsabc (63),


Planaltos R2b3 DSVMPsaca (55), DVMb (70), 8164,8 4,10
DVMrrd (86), DCGR2salc (172)
DSVMPa (23), DSVMPasaf (36),
DSVMPsaa (42), DVMb (71), DVMgd (79),
Chapadas e platôs R2c 10095,5 5,07
DVMrrd (87), DSVP1sacg (104),
DSVP1x (131), DCGMGLgno (192)
Inselbergs e outros relevos residuais
DSVMPae (28), DSVMPsaa (43),
(cristas isoladas, morros residuais, R3b 96,9 0,05
DVMb (72), DCGR3salc (182)
pontões, monolitos)
DCa (4), DCmc (9), DSMCe (19),
DSMCef (17), DSVMPa (24),
DSVMPae (29), DSVMPasaf (37),
DSVMPsaa (44), DSVMPsaacv (50),
DSVMPsabc (64), DSVMPsaca (56),
DVMb (73), DVMgd (80), DVMrrd (88),
DSVP1ocg (102), DSVP1sacg (105),
Domínio de colinas amplas e suaves R4a1 76064,0 38,18
DSVP1va (97), DSP2mcx (111),
DSVP2cap (149), DSVP2csa (137),
DSVP2q (127), DSVP2x (132),
DCMUmg (153), DCGR1alc (160),
DCGR1in (166), DCGR1palc (155),
DCGR2salc (173), DCGR3salc (183),
DCGMGLmu (200), DCGMGLmufb (205)
DCmc (10), DSMCe (20), DSVMPa
(25), DSVMPae (30), DSVMPasaf (38),
DSVMPsaa (45), DSVMPsaacv (51),
DSVMPsabc (65), DSVMPsaca (57),
DVMb (74), DVMgd (81), DVMrrd
Domínio de colinas dissecadas e (89), DSVP1sacg (106), DSVP1va (98),
R4a2 58202,8 29,21
morros baixos DSP2mcx (112), DSP2x (120),
DSVP2csa (138), DSVP2in (124),
DSVP2x (133), DCMUmg (154),
DCGR1alc (161), DCGR1palc (156),
DCGR2salc (174), DCGR3salc (184),
DCGMGLgno (194), DCGMGLmu (201)

97
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Quadro 4.2 - Formas de relevo identificadas no território do estado do Paraná (continuação).

Representação
Código do Código das Unidades
Padrão de Relevo Área (km2) no Território
Padrão de Relevo Geológico-Ambientais
Paranaense (%)

DSVMPa (26), DSVMPae (31),


DSVMPasaf (39), DSVMPsaa (46),
DSVMPsaacv (52), DSVMPsabc (66),
DSVMPsaca (58), DVMb (75),
DVMgd (82), DVMrrd (90),
DCAalcubu (93), DSPMcgas (95),
DSP2mcsaa (117), DSP2mcx (113),
Domínio de morros e DSP2msa (109), DSP2x (121),
R4b 23533,4 11,81
de serras baixas DSVP2af (146), DSVP2bu (144),
DSVP2csa (139), DSVP2in (125),
DSVP2q (129), DSVP2vfc (142),
DSVP2x (134), DCGR1alc(162),
DCGRin (167), DCGR1palc (157),
DCGR2pal (169), DCGR2salc (175),
DCGR3salc (185), DCGMGLgno (195),
DCGMGLmu (202)

DSVMPsaca (59), DVMgd (83),


DCAalcubu (94), DSVP1ocg (103),
DSVP1va (99), DSP2mcsaa (118),
DSP2mcx (114), DSP2mqmtc (108),
DSP2msa (110), DSP2x (122),
DSVP2bu (145), DSVP2cap (150),
DSVP2csa (140), DSVP2in (126),
Domínio montanhoso R4c 3686,1 1,85
DSVP2q (130), DSVP2vfc (143),
DSVP2x (135), DCMUbu (152),
DCGR1alc (163), DCGR1in (168),
DCGR1palc (158), DCGR2salc (176),
DCGR3salc (186), DCGMGLglo (191),
DCGMGLgno (196), DCGMGLgnp (189),
DCGMGLmu (203)

DCICT (15), DSVMPae (32),


DSVMPsaa (47), DSVMPsabc (67),
DSVMPsaca (60), DVMb (76),
DVMrrd (91), DSPMcgas (96),
Escarpas serranas R4d DSP2mcx (115), DSP2x (123), 5554,2 2,79
DSVP2af (148), DSVP2x (136),
DCGR1alc (164), DCGR1palc (159),
DCGR2salc (177), DCGR3salc (187),
DCGMGLgno (197), DCGMGLmu (204)

DSVMPae (33), DSVMPasaf (40),


DSVMPsaa (48), DSVMPsaacv (53),
DSVMPsabc (68), DSVMPsaca (61),
Degraus estruturais e
R4e DVMb (77), DVMgd (84), DSVP1sacg 2162,7 1,09
rebordos erosivos
(107), DSVP1va(100), DSP2mcx (116),
DSVP2csa (141), DCGR1alc (165),
DCGR2salc (178)

DSVMPa (27), DSVMPae (34),


DSVMPsaa (49), DSVMPsaca (62),
Vales encaixados R4f 1096,3 0,55
DVMb (78), DVMgd (85),
DVMrrd (92), DSVP1va (101)

Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).


Notas: Para mais informações sobre as formas de relevo, consultar o Apêndice II (Biblioteca de Relevo do Território Brasileiro);
os números entre parênteses são referências das unidades geológico-ambientais com a forma de relevo associada.

98
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Figura 4.2 - Distribuição das principais formas de relevo no território paranaense. Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

DOMÍNIO DOS SEDIMENTOS CENOZOICOS de seus cursos e na faixa costeira, onde são retrabalhados
INCONSOLIDADOS OU POUCO pela ação de rios, lagoas e mar. Ocorrem totalizando uma
CONSOLIDADOS, DEPOSITADOS área de 6.203 km2, significando 3,2% do território do
EM MEIO AQUOSO (DC) estado do Paraná.
As regiões em que predomina esse domínio têm o
Elementos de Definição e substrato formado por pacotes pouco espessos de sedi-
Área de Ocorrência mentos inconsolidados, representados por vários tipos
de silte, argilas, areias e cascalho, gerados no atual ciclo
O domínio DC compreende terrenos geologicamente de erosão e em vários tipos de ambientes deposicionais
mais novos, em processo de construção e retrabalhamento. (marinho, misto e fluvial/lacustre).
Corresponde às áreas baixas em que estão se acumulando Com tal variedade de ambientes de sedimentação,
sedimentos erodidos provenientes de terrenos mais altos, compartimentou-se o domínio DC em três unidades
que foram transportados por rios e depositados ao longo geológico-ambientais (Quadro 4.3; Figura 4.3).

Quadro 4.3 - Unidades geológico-ambientais do domínio DC, no estado do Paraná, e respectivos padrões de relevo, área e representatividade.

Representação
Código da Unidade Unidade Área
Padrões de Relevo no Território
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental (km2)
Paranaense (%)
R1a – Planícies fluviais ou fluviolacustres;
Ambiente de planícies
DCa R1c – Depósitos de encosta; 5230,2 2,67
aluvionares recentes
R1d – Planícies fluviomarinhas.
R1b2 – Terraços lagunares;
R1c – Depósitos de encosta;
DCmc Ambiente marinho costeiro 912,3 0,47
R1d – Planícies fluviomarinhas;
R1e – Planícies costeiras.
R1b2 – Terraços lagunares;
Ambiente misto
DCm R1d – Planícies fluviomarinhas; 60,5 0,03
(marinho/continental)
R1e – Planícies costeiras.
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

99
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Figura 4.3 - Representação das unidades geológico-ambientais do estado do Paraná dentro do domínio dos sedimentos cenozoicos
inconsolidados ou pouco consolidados, depositados em meio aquoso (DC). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Características das Unidades Ambiente marinho costeiro (DCmc)


Geológico-Ambientais
Compreende a faixa litorânea próxima à Baía de Pa-
ranaguá. Consiste em depósitos sedimentares gerados em
Ambiente de planícies aluvionares recentes (DCa)
ambiente de praia, englobando terraços marinhos e cordões
arenosos, nos quais sedimentos arenosos foram deposita-
Compreende as áreas planas ou sub-horizontais, com dos pela ação do mar (Figura 4.5). Como exemplo, cita-se
gradientes extremamente suaves, de 0 a 3°, situadas ao a unidade geológica Depósitos Litorâneos Indiferenciados.
longo dos rios, que são inundadas periodicamente em Os solos são bastante arenosos, pobres quimicamente e
épocas de cheias. Esses ambientes de planícies aluviona- muito profundos. As formas de relevo associadas a essa
res recentes consistem em pacotes de material inconso- unidade são as Planícies Costeiras (Figura 4.7).
lidado, de espessura variável, formados por sedimentos
arenosos e lamosos e, eventualmente, com depósitos de Ambiente misto (marinho/continental) (DCm)
cascalho. Como exemplo, cita-se a unidade geológica
Depósitos Aluvionares. Essas áreas são imperfeitamente Compreende o ambiente de transição entre os am-
a mal drenadas nas planícies de inundação, sendo pe- bientes terrestre e marinho, sujeitos ao regime das marés
e caracterizados por biodiversidade típica, conhecidos
riodicamente inundáveis, e bem a moderadamente dre-
como mangues ou manguezal (Figura 4.6). Esses terrenos,
nadas nos terraços, onde se desenvolvem solos mais
em geral, ricos em matéria orgânica, são constituídos por
profundos e estratificados.
intercalações irregulares de sedimentos arenosos e argi-
As áreas cartografadas no mapa não representam a losos. Os solos são pouco evoluídos morfologicamente,
totalidade dos depósitos de planície aluvial existentes no apresentando-se como uma massa pastosa de coloração
estado, mas, sim, aqueles que ocupam superfícies com cinzenta, com materiais sulfídricos formados em ambiente
tamanho suficiente para representação na escala do mapa. redutor, associados a áreas de marés, onde a água salobra
As formas de relevo predominantes associadas a essa uni- é biologicamente reduzida a sulfetos. Normalmente, esses
dade são planícies fluviais ou fluviolacustres (Figura 4.4). solos estão associados à elevada salinidade.

100
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

A unidade ocorre na região do entorno das baías de


Guaratuba e Paranaguá. Áreas de ocorrência de mangues
de menor extensão não foram cartografadas devido à es-
cala do mapa. Os mangues configuram formas de relevo
classificadas como planícies fluviomarinhas (Figura 4.7).

Formas de Relevo e Solos

A geomorfologia apresenta-se favorável a que os


solos sejam do tipo transportado e com características
extremamente variadas, visto que são influenciados pelas
litologias existentes nas regiões altas do entorno e mais
distantes (Figura 4.7).
Nas áreas em que o relevo é plano ou quase plano
e com declividades próximas a zero, tanto o escoamento
Figura 4.4 - Planície de inundação do rio Iguaçu: áreas de superficial quanto o subsuperficial mostram-se lentos.
várzeas constituídas por sedimentos da unidade DCa Em função desse tipo de relevo, o lençol freático é aflo-
(Piraquara, PR).Fotografia: Deyna Pinho (2011).
rante ou se situa próximo à superfície, com o sistema de
drenagem apresentando como características padrões mais
concentradores que dispersores das águas superficiais.
No domínio DC, predomina Espodossolo Humiflúvico,
ocorrendo em 14% em área, predominantemente sobre os
relevos de terraços lagunares e planícies costeiras; Gleissolos
melânicos e sálicos representam 16,8% em área, predomi-
nantemente sobre os relevos de planícies fluviomarinhas,
costeiras e fluviais e fluviolacustres; sobre as planícies flu-
viais e fluviolacustres predominam, em ordem decrescente,
os solos: Argissolos Vermelhos e Vermelho-Amarelos,
com 16,7%; Cambissolos Háplicos e Flúvicos, com 14,1%;
Organossolos Háplicos, com 11,9%; Neossolos Flúvicos,
com 10,9%; Latossolos Brunos e Vermelhos, com 9,2%;
os demais tipos de solos representam menos de 6,3% em
área (EMBRAPA, 2007).

Figura 4.5 - Planície litorânea, balneário Caiobá: áreas


constituídas por sedimentos da unidade DCmc (Matinhos, PR).
Características, Adequabilidades e
Fonte: Clickfoz (2009). Limitações Frente ao Uso e à Ocupação

Obras de engenharia

Adequabilidades ou potencialidades

Os terrenos do domínio DC são constituídos por um


empilhamento de camadas horizontalizadas de mate-
riais inconsolidados, de granulometria bastante variada,
com características hidráulicas e geomecânicas distintas.
A unidade DCmc compreende camadas arenosas, inconsoli-
dadas, com características geomecânicas e hidráulicas mais
homogêneas lateralmente do que nas demais unidades.
A unidade DCa apresenta intercalações de camadas
constituídas por areia, argila e cascalho, resultado das va-
riações da dinâmica fluvial ao longo do tempo geológico.
Dependendo do nível do depósito sedimentar, as caracterís-
ticas hidráulicas e geomecânicas podem ser muito diferentes.
Figura 4.6 - Planície litorânea, manguezais: áreas constituídas
por sedimentos da unidade DCm (Paranaguá, PR). Nos níveis compostos por cascalho e areia, por exemplo, a
Fotografia: Fabio Campana (2014). permeabilidade é maior do que naqueles mais argilosos.

101
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Figura 4.7 - Representação dos padrões de relevo do estado do Paraná dentro do domínio dos sedimentos cenozoicos inconsolidados
ou pouco consolidados, depositados em meio aquoso (DC). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Nessa unidade, os terrenos apresentam, em geral, A ocorrência de argilas moles é mais comum em
boa capacidade de suporte para obras de até médio porte. extensas planícies da unidade DCa e terrenos da unidade
Ressalta-se que a unidade DCa engloba principalmente DCm. Nesses últimos, em adição aos problemas resultantes
as planícies de inundação dos rios, onde muitas não são da baixa capacidade de suporte, a presença de material
passíveis de serem cartografadas na escala deste trabalho, orgânico pode ocasionar corrosão de tubulações e de estru-
mas que ocorrem em meio a muitas áreas urbanas pelo turas enterradas de aço ou concreto e, consequentemente,
estado do Paraná. vazamentos em dutos, além da deterioração de blocos de
ancoragem e estacas.
Limitações Há registros de problemas construtivos relacionados a
recalques e a rupturas durante a implantação de oleodutos
A execução de escavações, perfurações e sondagens é e gasodutos relacionados às ocorrências de argilas moles
mais difícil nos depósitos formados, predominantemente, em meio aos sedimentos da unidade DCa, na região da
por cascalho, onde a resistência à penetração é bastante bacia do rio Barigui, entre os municípios de Araucária e
variável, demandando períodos mais longos para realização Curitiba (NASCIMENTO; PUPPI, 2008).
de obras e equipamentos mais caros, os quais estão sujeitos Na unidade DCmc podem ocorrer depósitos de areia
a maior desgaste. muito friável, sujeitos ao fenômeno da liquefação, que se
Nas planícies de inundação e em outras áreas mais desestabilizam com facilidade em escavações. A conjuga-
baixas existe possibilidade de ocorrência de solos moles ção de elevada permeabilidade em superfície, baixíssima
(ou argilas moles), que são constituídos por partículas de capacidade adsortiva e a presença de lençol freático ex-
tamanho argila ou silte e apresentam, como características clui esses solos para qualquer disposição de efluente ou
principais: alta compressibilidade, baixa resistência, baixa resíduos sólidos.
permeabilidade e baixa consistência. Como são solos com Nessa unidade, em áreas de ocorrência de Espodos-
baixa capacidade de suporte, são suscetíveis a adensamen- solos, a condutividade hidráulica diminui drasticamente no
tos e as estruturas neles construídas tornam-se sujeitas a horizonte subsuperficial mais escuro e endurecido, sendo
recalques e mesmo rupturas, como no caso de fundações. importante detectar a profundidade em que ocorre.

102
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Os terrenos do domínio DC apresentam relevo plano


ou quase plano, com declividades praticamente nulas
ou muito baixas. O lençol freático situa-se próximo à
superfície, e os solos, frequentemente, apresentam más
condições de drenagem (Figura 4.8), exceto nos terrenos
arenosos da unidade DCmc. Tais características conferem
a esses terrenos, especialmente aos da unidade DCa,
elevada suscetibilidade a alagamentos e elevado risco
de desestabilização das paredes de escavação de obras
civis (Figura 4.9).
A unidade DCa abrange áreas sujeitas a inundações
periódicas. É comum a existência de drenos, com o ob-
jetivo de minimizar os efeitos das cheias, para elevar a
eficiência de uso desses ambientes. Essas áreas devem
ser objeto de zoneamento que contemple um conjunto
de regras para sua ocupação, visando à minimização de Figura 4.8 - Áreas alagadiças ou brejos sobre a unidade DCa
perdas materiais e humanas resultantes de grandes cheias (Piraquara, PR). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
(TUCCI, 2007). Tal regulamentação deve ser apoiada em
mapas com demarcação de áreas com diferentes riscos de
inundação e em critérios de ocupação referentes a uso e
aspectos construtivos.
Superfícies topograficamente mais elevadas, na
forma de terraços, que não são passíveis de serem iden-
tificadas na escala deste trabalho, apresentam menor sus-
cetibilidade a inundações resultantes de cheias sazonais.
A ocupação urbana próxima às margens dos rios e
sobre planícies de inundação, predominantemente na
unidade DCa, está sujeita às constantes inundações e
enchentes periódicas relacionadas ao regime de chuvas
e, normalmente, são eventos naturais nesses terrenos. As
medidas de prevenção com a delimitação dessas áreas,
as medidas institucionais com a limitação de ocupação e
as medidas construtivas com a remoção de construções
nessas áreas são formas de gerenciar a redução ou mi- Figura 4.9 - Desestabilização das margens arenosas da unidade
tigação desses eventos, com registros de ocorrência na DCmc (Morretes, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011).
região do rio Iguaçu, nos municípios de Bituruna e União
da Vitória (Figura 4.10).
Já a unidade DCm compreende terrenos sujeitos a
inundações diárias, em decorrência da dinâmica das marés.
A unidade DCmc abrange terrenos situados na faixa
litorânea que apresentam alta suscetibilidade à erosão
costeira, a qual está, normalmente, associada a episódios
de ressaca, que são registrados no litoral sul do Brasil,
principalmente em decorrência de ciclones extratropicais,
comuns nos meses de outono e inverno (G1PR, 2017).
A ocupação urbana próxima às praias, na unidade
DCmc, em áreas sujeitas à dinâmica das ondas, em que a
movimentação marítima e as correntes de maré realizam
o processo de remoção e reposição de areia, acaba por
aproximar o mar das construções, expondo a população
e a infraestrutura urbana a riscos decorrentes da erosão
costeira, o que exige a adoção de medidas estruturais para Figura 4.10 - Inundação em União da Vitória (PR) sobre terrenos
reduzi-los (Figura 4.11). da unidade DCa. Fotografia: Deyna Pinho (2011).

103
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Figura 4.11 - Enrocamentos para deter erosão costeira sobre terrenos da unidade DCmc (região da orla marítima de Matinhos, PR).
Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).

Agricultura adubação e à correção por apresentarem boas caracterís-


ticas físico-químicas para o desenvolvimento das lavouras.
Adequabilidades ou potencialidades Várias localidades ao longo do rio Ivaí se utilizam desse
potencial agrícola, assim como ao longo do rio Iguaçu em
Os terrenos que integram o domínio DC apresentam São Mateus do Sul.
relevo plano ou quase plano, com declividades muito
baixas, características que favorecem a mecanização Limitações
agrícola, principalmente na época mais seca, quando são
minimizados os riscos de inundação e alagamento. Esse Nos terrenos do domínio DC, a umidade nos solos se
tipo de relevo também confere a esses terrenos baixa mantém alta na maior parte do ano e, portanto, são am-
suscetibilidade à erosão hídrica. bientes favoráveis à proliferação de vários tipos de doenças
Os solos que ocorrem no domínio DC, à exceção da e pragas agrícolas (fungos, bactérias e insetos).
maior parte dos terrenos da unidade DCmc, são imper- Nas unidades DCa e DCm, o uso de mecanização
feitamente a mal drenados, frequentemente com lençol pode ser limitado pela ocorrência de solos com grande
freático próximo à superfície. Têm boa potencialidade para quantidade de material orgânico de alta compressibilidade.
culturas de ciclo curto ou adaptadas ao encharcamento. Os solos que ocorrem nos terrenos da unidade DCmc
Na unidade DCm ocorrem, predominantemente, solos são predominantemente do tipo Neossolos Quartzarênicos
indiscriminados de mangue. São solos minerais, predomi- órticos, Neossolos Quartzarênicos hidromórficos e Espo-
nantemente halomórficos, de profundidade limitada pela dossolos Ferrocárbicos (EMBRAPA, 1984). Embora ocor-
altura do lençol freático, geralmente sem diferenciação ram em áreas com baixo potencial erosivo, estão sujeitos
de horizontes. São solos lamacentos, escuros, formados a retrabalhamento por ação da erosão costeira na faixa
em ambientes de mangues a partir de sedimentos fluvio- litorânea. São solos arenosos, ácidos, com baixa reserva
marinhos recentes misturados com detritos orgânicos, de de nutrientes e baixa capacidade de retenção de umidade
natureza e granulometria variadas. São ambientes de fun- e de nutrientes. Os Espodosssolos apresentam horizonte
damental importância para o equilíbrio ecológico, sendo escuro em profundidade, por vezes, são muito duros e es-
recomendados para preservação de flora e fauna. curos, devido à concentração de ferro e matéria orgânica,
Ocorrem, na unidade DCa, terrenos favoráveis à sendo denominados “orstein”. A presença desse horizonte
existência de muitas porções de solos com a fertilidade resulta em drástica redução da condutividade hidráulica.
natural periodicamente renovada pela enchente dos rios. Mais restritamente, ocorrem Gleissolos e Organossolos re-
Esses solos ricos em matéria orgânica são bastante po- lacionados a paleolagunas colmatadas existentes na porção
rosos, com boa fertilidade natural e alta capacidade de posterior dos depósitos marinhos e não individualizadas na
reter e fixar nutrientes. São solos que respondem bem à escala deste trabalho.

104
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Na unidade DCmc, devido às características do solo, Limitações


o plantio de culturas perenes ou de espécies de raízes pro-
fundas é possível, em alguns casos, mediante drenagem A grande quantidade de corpos de água superficiais
do solo. Para tanto, é necessária a abertura de valas, o e o lençol freático aflorante ou próximo da superfície são
que resulta em impactos negativos na dinâmica das águas determinantes para que esses terrenos apresentem eleva-
superficiais e subterrâneas e na regularidade da umidade da vulnerabilidade à contaminação da água subterrânea
do ar do microclima da região. (Figura 4.13). Aliados a isso, a drenabilidade deficiente dos
Na unidade DCm, as principais limitações agrícolas depósitos e o regime de drenagem superficial de águas
desses solos estão relacionadas ao alto conteúdo de sais, às calmas na unidade DCm, com baixo potencial de oxigena-
condições de excesso de umidade e ao caráter tiomórfico. ção, propiciam lenta dispersão e depuração dos poluentes.
Particularmente para a unidade DCa, em locais de ex- A presença de material orgânico, principalmente nessas
tensas planícies e áreas de várzeas, na ausência de interesse unidades, pode provocar a corrosão de estruturas enter-
para uso agrícola e devido à presença de grandes áreas radas destinadas ao armazenamento e à distribuição de
inundáveis, é comum sua utilização para criação de bubalinos produtos químicos, resultando em vazamentos.
(búfalos), como ocorre na região de Guaíra (Figura 4.12). Na unidade DCa, devido à existência de sedimentos e
solos ricos em matéria orgânica, a água subterrânea pode
Recursos hídricos subterrâneos apresentar odores desagradáveis em função de compostos
e fontes poluidoras orgânicos e enxofre.

Adequabilidades ou potencialidades

Os terrenos do domínio DC apresentam característi-


cas de aquíferos porosos, nos quais a água subterrânea é
armazenada nos espaços entre os grãos que compõem os
pacotes sedimentares. Quanto maior a capacidade de ar-
mazenar água e de transmiti-la, maior é a potencialidade do
aquífero em fornecer água subterrânea. Assim, os terrenos
constituídos por sedimentos arenosos inconsolidados, ou
onde estes são predominantes apresentam maior potencia-
lidade do que aqueles compostos por sedimentos argilosos
ou siltosos, principalmente pela facilidade de perfuração e
escavação, com baixo custo e menor tempo.
A unidade DCa compreende depósitos sedimentares
que se comportam como aquíferos muitas vezes descon-
tínuos e com poucos metros de espessura, uma vez que
são compostos por intercalações de sedimentos de dife- Figura 4.12 - Criação de bubalinos em áreas alagadiças sobre
rentes granulometrias, entre os quais, camadas argilosas. terrenos da unidade DCa (Guaíra, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011).
Esses aquíferos apresentam potencial para atendimento a
pequenas demandas, com baixo custo de explotação, por
meio de poços escavados, cacimbas e ponteiras.
A unidade DCmc compreende aquíferos superficiais
com elevado potencial para água subterrânea, com con-
dições de atender a demandas significativas, por meio de
poços tubulares de grande diâmetro. Também apresentam
potencial para explotação de baixo custo, por meio de
poços escavados, cacimbas e ponteiras para atendimento
a demandas unifamiliares. O teor salino das águas é, em
geral, baixo, embora possam ser eventualmente cloretadas.
Os terrenos do domínio DC apresentam características
geológicas e de relevo que lhes conferem condições tanto
de recarga como de descarga de aquíferos porosos, devido
à proximidade de rios, riachos e lagos. Tais característi-
cas, aliadas à alta capacidade de infiltração de depósitos
sedimentares inconsolidados, como aluviões, cordões
Figura 4.13 - Lençol freático próximo à superfície em áreas
litorâneos e alguns colúvios, juntamente com o regime de alagadiças da unidade DCa, com depósito de resíduos e alta
drenagem superficial, são mais favoráveis à dispersão do vulnerabilidade à contaminação da água subterrânea (União da
que à concentração de poluentes. Vitória, PR). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).

105
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Na unidade DCmc, existe o risco de intrusão da cunha A unidade DCmc compreende ambiente geológico fa-
salina, no caso de poços que estejam superexplotados. vorável à ocorrência de jazimentos minerais detríticos, como
A unidade DCm não apresenta potencial para água ilmenita, em depósitos do tipo plácer. Silva e Leite (2000)
subterrânea por compreender depósitos pouco permeáveis, citam depósitos de ilmenita em paleocanais afogados na
constituídos, principalmente, por argilas e material orgâni- região da Baía de Paranaguá (Quadro 4.4).
co. Adicionalmente, nesses ambientes geológicos há sérias
restrições quanto à qualidade da água. Limitações

Recursos minerais As três unidades formadoras do domínio DC têm


grande potencial mineral para extração de areia e turfa,
Adequabilidades ou potencialidades cuja exploração, entretanto, é restrita, pois podem estar
dentro ou lindeiras a áreas de preservação permanente
A unidade DCa apresenta favorabilidade à existência (APP) ou de unidades de conservação (UC), onde a legis-
de várias substâncias minerais, com destaque para areia lação ambiental tem caráter restritivo ao desenvolvimento
para uso industrial e construção civil, argila comum e de atividade econômica do tipo exploração mineral.
plástica, cascalhos, depósitos de ouro e diamante do tipo
pláceres e potencial para turfa. Aspectos ambientais e potencial turístico
Nos terrenos da unidade DCa, ocorrem depósitos de
areia (Figura 4.14) e cascalho, com potencial para uso como Adequabilidades ou potencialidades
agregados na construção civil, e argila para uso cerâmico.
Podem ocorrer depósitos do tipo plácer de diamantes e O domínio DC engloba a região litorânea do estado
ouro, já explorados de forma histórica nas planícies do rio do Paraná, com muitas unidades de conservação e preser-
Tibagi (Quadro 4.4). vação ambiental (Quadro 4.5), que apresentam enorme po-
tencial turístico ainda a ser explorado. São cerca de 124 km
de praias (Figuras 4.15 a 4.17), com ilhas, estuários, rios,
costões rochosos e vegetação exuberante de Mata Atlân-
tica e manguezais. Foram definidas diversas unidades de
proteção integral, tanto em âmbito estadual quanto muni-
cipal. Destacam-se: Área de Proteção Ambiental (APA) de
Guaratuba (Parque Nacional Saint-Hilaire/Lange e Parque
Estadual do Boguaçu) (Figura 4.18); Parque Nacional do
Superagui (Figura 4.19); Estação Ecológica (ESEC) de Gua-
raqueçaba; Reserva Ecológica (RESEC) do Sebuí; Parque
Estadual da Ilha do Mel/Estação Ecológica (ESEC) Ilha do
Mel (Figura 4.20); APA das Ilhas e Várzeas do Rio Paraná;
Parque Nacional da Ilha Grande (Figuras 4.21 e 4.22).
A planície costeira pode ser dividida em dois segmen-
tos com conformações distintas. Um segmento mais ao
norte, com influência das baías de Paranaguá (Figura 4.16)
e Laranjeiras ou Guaraqueçaba, que representam a maior
parte dessa planície, terminando no limite sul do municí-
pio de Matinhos, e um segmento mais ao sul, de menor
Figura 4.14 - Extração de areia, para uso na construção civil,
de leito de rio da unidade DCa (Terra Roxa, PR).
extensão, que se estende desde a Baía de Guaratuba até a
Fotografia: Deyna Pinho (2011). divisa com Santa Catarina.

Quadro 4.4 - Unidades geológico-ambientais do domínio DC, no estado do Paraná, em relação à ocorrência de depósitos minerais.

Minerais Industriais, Minerais de Uso


Código do Domínio Código da Unidade Minerais Minerais Não
Rochas e Materiais de Especial – Águas
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental Metálicos Metálicos
Construção Civil e Energéticos

Areia, argila, argila


DCa Ouro (Au) Diamante Água mineral
plástica, cascalho, seixo.
DC
DCmc Ilmenita (FeTiO3) ND Turfa ND
DCm ND ND Areia ND
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
Nota: ND = Não determinado.

106
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Quadro 4.5 - Unidades geológico-ambientais do domínio DC, no estado do Paraná, e respectivos potenciais geoturísticos.

Atrativo Geoturístico, Geossítios,


Código do Domínio Código da Unidade Características de Interesse
Quilombolas, Comunidades Indígenas,
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental Intrínsecas à Geodiversidade
Áreas de Conservação

APA das Ilhas e Várzeas do Rio Paraná; Parque Beleza paisagística, presença
DCa
Nacional da Ilha Grande. de rica fauna e flora.

Balneários: Caiobá, Pontal do Sul, Santa


Terezinha, Ipanema; Praia Deserta; Parque
Nacional do Superagui; Ilha da Cotinga; Parque Beleza paisagística, presença
DCmc
Estadual da Ilha do Mel/ESEC Ilha do Mel; APA de praias com balneabilidade.
de Guaratuba (Parque Nacional Saint-Hilaire/
DC
Lange e Parque Estadual do Boguaçu).

Parque Nacional do Superagui; Ilha da


Cotinga; Parque Estadual da Ilha do Mel/ESEC
Beleza paisagística, presença
Ilha do Mel; RESEC do Sebuí; ESEC de
DCm de manguezais com rica
Guaraqueçaba; APA de Guaratuba (Parque
fauna e flora.
Nacional Saint-Hilaire/Lange e Parque
Estadual do Boguaçu).

Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).


Nota: ND = Não determinado.

Figura 4.15 - Ponta da Pita: praia sobre terrenos da Figura 4.17 - Planície costeira e balneário Praia Grande sobre
unidade DCmc (Antonina, PR). Fotografia: terrenos da unidade DCmc (Matinhos, PR). Fotografia:
Andrea Fregolente Lazaretti (2011). Andrea Fregolente Lazaretti (2011).

Figura 4.16 - Planície costeira e baía de Paranaguá, com Figura 4.18 - Região estuarina da APA de Guaratuba (PR),
manguezais ao fundo, nas ilhas das Rosas e Guamiranga com predomínio de terrenos das unidades DCmc e DCm.
(Antonina, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011). Fotografia: Almir Bindilatti (2006).

107
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Figura 4.19 - Praia e vegetação de restinga sobre a unidade Figura 4.22 - Lagoa Azul, sobre terrenos da unidade DCa.
DCmc. Parque Nacional do Superagui (Guaraqueçaba, PR). Parque Nacional da Ilha Grande (Alto Paraíso, PR).
Fotografia: Pousada Superagui (2006). Fotografia: Erick Caldas (2010).

Tanto na porção norte quanto ao sul da planície cos-


teira, as baías de Paranaguá, Laranjeiras ou Guaraqueçaba
e Guaratuba representam 0,15% do território estadual.
Nas margens, ao redor dessas baías, ocorre um importante
complexo de águas marinhas interiores com características
estuarinas que abriga a mais expressiva formação de man-
guezais do estado, áreas consideradas como de preservação
permanente (APP), conforme a Lei n° 12.651 (BRASIL, 2012),
que instituiu o novo Código Florestal brasileiro, pois são
considerados “ecossistema litorâneo que ocorre em terrenos
baixos, sujeitos à ação das marés, formado por vasas lodosas
recentes ou arenosas, às quais se associa, predominante-
mente, a vegetação natural conhecida como mangue, com
influência fluviomarinha, típica de solos limosos de regiões
estuarinas e com dispersão descontínua ao longo da costa
brasileira, entre os estados do Amapá e de Santa Catarina”.
Figura 4.20 - Fortaleza Nossa Senhora dos Prazeres, construída Além dos manguezais, a Planície Costeira apresenta grande
entre 1767 e 1769 sobre terrenos da unidade DCmc. Parque Estadual
da Ilha do Mel (Paranaguá, PR). Fotografia: Aivan Gomes (2015). diversidade ambiental, abrigando importantes resquícios
de Mata Atlântica, Restingas e Florestas de Terras Baixas.
A Baía de Paranaguá, vide Figura 4.16, é uma área
frágil ambientalmente, que vem sendo ameaçada pela
ocupação antrópica, principalmente pela expansão urbana
de Paranaguá. Esta resulta, frequentemente, em remoção da
vegetação de manguezais e comprometimento da qualidade
das águas, devido ao lançamento de efluentes domésticos,
industriais, agroquímicos e contaminantes provenientes de
aterros de resíduos sólidos. Em adição, o manejo inadequado
do solo rural provoca o assoreamento dos corpos d’água
como resultado da erosão em áreas mais elevadas.
Também ocorrem na planície costeira diversos regis-
tros de antigas comunidades indígenas conhecidos como
“sambaquis”. São depósitos constituídos por conchas,
utensílios de cozinha e esqueletos, localizados na costa, em
lagoas ou rios do litoral, que guardam informações sobre
o modo de vida de povos pré-históricos e da história geo-
Figura 4.21 - Sambaqui de Guaraguaçu, sobre unidade DCmc, lógica da região, uma vez que podem indicar as variações
Pontal do Paraná-PR. Fonte: Gernet (2017). no nível do mar e as condições ambientais que ali existiam.

108
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Atualmente, há comunidades indígenas Mbyá Guarani


na Ilha da Cotinga e em Guaraqueçaba e Guarani Tekoá
Karaguatá em Pontal do Paraná (CRISTO, 2011).
No âmbito histórico, a Planície Costeira, principal-
mente nas baías de Paranaguá, Laranjeiras ou Guaraque-
çaba, representa o local da chegada dos bandeirantes
no território paranaense em 1550, mais precisamente na
Ilha da Cotinga, atraídos pela existência de ouro, a qual
foi confirmada nos leitos dos rios Almeidas, Correias e
Guaraguaçu, locais conhecidos como Minas de Para-
naguá, vide Figura 4.20.
Os terrenos da unidade DCa englobam, em muitos
casos, faixas de proteção ao longo dos cursos d’água
que constituem Áreas de Preservação Permanente (APP),
conforme a Lei n° 12.651 (BRASIL, 2012). De acordo com
essa lei, a largura dessas faixas é dependente da largura
dos cursos d’água e varia desde o mínimo de 30 m, para os
cursos d’água de menos de 10 m de largura, até o máximo Figura 4.23 - Rio Paraná e Parque Nacional Ilha Grande
de 500 m, para os cursos d’água com largura superior a ao Fundo, Guaíra-PR. Fotografia: Deyna Pinho (2011).
600 m. Uma APP é definida pela referida lei como “área
protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a DOMÍNIO DOS SEDIMENTOS CENOZOICOS
função ambiental de preservar os recursos hídricos, a pai- INCONSOLIDADOS DO TIPO COLUVIÃO
sagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar E TÁLUS (DCICT)
o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar
o bem-estar das populações humanas”. Vale destacar a Elementos de Definição e
existência de duas grandes áreas de preservação vincu- Área de Ocorrência
ladas à fauna e à flora sobre essa unidade: APA das Ilhas
e Várzeas do Rio Paraná e Parque Nacional da Ilha Gran- O domínio DCICT compreende os depósitos de sedi-
de (Figura 4.23). mentos resultantes da erosão de terrenos mais elevados
A unidade DCa é classificada como um ambiente de que sofreram transporte, principalmente por ação da
domínio de rios e córregos, constituindo-se em um ecos- gravidade e de fluxos de água, até as áreas mais baixas,
sistema de transição de ambientes terrestres e aquáticos. na base das encostas.
Essa unidade está associada a rios onde há construção Esse domínio está representado pela unidade geoló-
de barragens e hidrelétricas. Tais barramentos formam gico-ambiental Colúvio e Tálus (Figura 4.24), que é carto-
imensos reservatórios, que criam novas áreas de lazer com grafada em toda a região leste, na serra do Mar, ao redor
pequenas barras que podem ser utilizadas como balneário. da Baía de Paranaguá, representando 0,03% do território
Dentre as represas existentes no Paraná, destacam-se: Foz estadual, ou seja, 64,9 km2 em área.
do Areia, Salto Santiago e Salto Osório, no rio Iguaçu; As áreas cartografadas não representam a totalidade
Itaipu, no rio Paraná; Rosana, Taquaruçu e Xavantes, no dos depósitos de colúvio e tálus existentes no estado, mas,
rio Paranapanema. sim, aqueles passíveis de serem representados na escala
A unidade DCmc ocorre na forma de praias, com as do mapa.
maiores orlas marítimas, principalmente, nos municípios
de Pontal do Paraná, Matinhos e Guaratuba. Nessas Característica da Unidade
localidades, o turismo de balneários é muito explorado, Geológico-Ambiental
inclusive com as sedes municipais em grande expansão.
A economia nesses locais está voltada principalmente para Colúvio e tálus (DCICT)
essa atividade turística, vide Figura 4.17.
Vale ressaltar a ocorrência do Sambaqui de Guara- Essa unidade compreende materiais inconsolidados,
guaçu (Figura 4.23) sobre a unidade DCmc. Os sambaquis de granulometria e composição diversas, provenientes do
são monumentos arqueológicos ou pré-históricos, confor- transporte predominantemente gravitacional. Trata-se de
me a Lei n° 3.924 (BRASIL, 1961). Essa lei, em seu artigo depósitos heterogêneos, compostos, principalmente, por
6°, prevê o eventual aproveitamento desses depósitos em cascalho, areia, silte e argila, mas que podem conter mate-
conformidade com o Código de Minas, os quais têm sido rial mais grosso, como blocos e matacões de rocha. Engloba
utilizados como fonte de material para pavimentação de o material detrítico acumulado em leques aluviais, rampas
estradas ou fabricação de cal. de colúvio e depósitos de tálus (Figura 4.25).

109
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Figura 4.24 - Representação da unidade geológico-ambiental do estado do Paraná dentro do domínio dos sedimentos
cenozoicos inconsolidados do tipo coluvião e tálus (DCICT). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Figura 4.25 - Depósitos de colúvio e tálus nos sopés das vertentes da serra das Canavieiras.
Parque Nacional Guaricana (Morretes, PR). Fotografia e ilustração: Deyna Pinho (2011).

110
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Formas de Relevo e Solos Características, Adequabilidades e


Limitações Frente ao Uso e à Ocupação
As formas de relevo em que ocorrem esses terrenos
são classificadas como vertentes recobertas por depósitos Obras de engenharia
de encosta e compreendem tanto os cones de tálus como
as rampas de colúvio e, em menor ocorrência, nas escarpas Adequabilidades ou potencialidades e Limitações
serranas (Figura 4.26).
Os cones de tálus ocorrem nos sopés das vertentes Os materiais que compõem a unidade geológico-
íngremes de terrenos montanhosos e são constituídos ambiental do DCICT apresentam grande diversidade tex-
por matriz arenoargilosa a argiloarenosa, com muitos tural e composicional, o que determina a variabilidade dos
blocos e sedimentos mal selecionados. Já as rampas de comportamentos geomecânico e hidráulico. Em geral, os
colúvio ocorrem em declividades mais baixas e apresen- solos gerados a partir desses materiais apresentam baixa
tam interdigitação com depósitos praticamente planos resistência ao cisalhamento. A presença de fragmentos de
das planícies aluviais. rochas duras e abrasivas dificulta a execução de escavações,
No domínio DCICT, predominam Cambissolos Há- perfurações e sondagens, causando maior desgaste aos
plicos, ocorrendo em 56% em área, predominantemente equipamentos (Figura 4.27). As encostas recobertas por
sobre os relevos de vertentes recobertas por depósitos de depósitos de colúvio e tálus são naturalmente instáveis e
encosta; Afloramentos Rochosos representam 28,6% em sujeitas a movimentos de massa, desde aqueles com baixas
área, predominantemente nos relevos de escarpas serranas; velocidades de deslocamento, como rastejos, até os mais
Argissolos Vermelho-Amarelos representam 13,7% em rápidos, como escorregamentos e corridas de lama e de de-
área, predominantemente sobre os relevos de vertentes re- tritos. Como recobrem as porções inferiores das encostas,
cobertas por depósitos de encosta; os demais tipos de solos esses depósitos, frequentemente, encontram-se saturados,
representam menos de 1,7% em área (EMBRAPA, 2007). o que reduz a estabilidade dos maciços (Figura 4.28).

Figura 4.26 - Formas de relevo predominantes na unidade geológico-ambiental do estado do Paraná dentro do domínio
dos sedimentos cenozoicos inconsolidados do tipo coluvião e tálus (DCICT). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

111
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Agricultura

Adequabilidades ou potencialidades e Limitações

Nas porções proximais dos depósitos, os solos são


predominantemente Cambissolos Háplicos, ao passo
que, nas porções mais distais e mais planas, identifi-
cam-se Gleissolos Háplicos, Cambissolos e Argissolos
Vermelho-Amarelos, esses últimos situados sobre as colinas
isoladas (EMBRAPA, 1984).
É comum apresentarem pedregosidade (Figura 4.29),
o que, aliado a declividades elevadas, pode limitar a me-
canização agrícola. Nas porções mais distais dos depósitos
de colúvio e de tálus, onde o relevo se torna mais plano e a
pedregosidade é menor, não há restrições à mecanização.
São solos sujeitos à compactação e à erosão.

Figura 4.27 - Tálus em sopé de morros e serras baixas, local


utilizado para extração de blocos granitoides (Agudos do Sul, PR).
Fotografia: Deyna Pinho (2011).

Figura 4.29 - Depósito de colúvio em sopé de morros e serras


baixas, com indícios de deslizamento (Cerro Azul, PR).
Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).

Recursos hídricos subterrâneos


e fontes poluidoras

Adequabilidades ou potencialidades e Limitações

Os depósitos de colúvios e tálus constituem aquíferos


superficiais de pequena espessura e baixa transmissividade,
com potencial para atendimento a pequenas demandas,
por fornecerem apenas baixas vazões.
Estruturas enterradas destinadas ao armazenamento e
Figura 4.28 - Deslizamento de solo em colúvio no sopé de à distribuição de substâncias com potencial poluidor pos-
morros e serras baixas (Antonina, PR). Fotografia: suem elevado risco de rompimento, devido à instabilidade
Andrea Fregolente Lazaretti (2011). natural dos terrenos.
A variabilidade composicional desses terrenos, em
Ressalta-se que a unidade DCICT representa os depó- função da natureza do material que os originou, resulta em
sitos detríticos de encosta, onde muitos não são passíveis comportamentos distintos em relação a eventuais poluentes.
de serem cartografados na escala deste trabalho, e com Assim, os terrenos com maior conteúdo de argila
grande frequência ocorrem próximos às áreas urbanas pelo apresentam maior capacidade de reter e fixar poluentes
estado do Paraná. do que aqueles com textura arenosa.

112
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Recursos minerais As pequenas bacias continentais do tipo rift, como, por


exemplo, a Bacia Sedimentar de Curitiba, foram formadas
Adequabilidades ou potencialidades e Limitações por falhas geológicas que movimentaram blocos da crosta
continental, soerguendo e rebaixando, refletindo na profun-
Os terrenos recobertos por colúvios e tálus apre- didade das bacias e, por consequência, na espessura muito
sentam potencial mineral limitado, devido às espessuras irregular dos pacotes sedimentares. Esse domínio aflora
variáveis dos depósitos e à heterogeneidade dos sedi- unicamente, no estado do Paraná, na Bacia Sedimentar de
mentos. Principalmente na região leste do estado, onde Curitiba, abrangendo grande parte da Região Metropolitana
são mais expressivos, são utilizados para explotação de de Curitiba e a capital paranaense (Figura 4.30).
areia, cascalho e blocos, esses últimos para uso em pavi-
mentação, na forma de paralelepípedos. Como fonte de Característica da
material de empréstimo, os colúvios podem ser utilizados Unidade Geológico-Ambiental
para aterros compactados.
Predomínio de sedimentos
Aspectos ambientais e potencial turístico síltico-argilosos (DCMRsa)

A unidade geológico-ambiental DCMRsa apresenta


Adequabilidades ou potencialidades e Limitações
predomínio de sedimentos síltico-argilosos associados a
pequenas bacias continentais do tipo rift. Como exemplo,
Compreendem ambientes de transição entre terrenos
cita-se a Formação Guabirotuba, formada principalmente
mais elevados, escarpados, e as planícies. Podem apresentar
por argilas, arcóseos, areias arcoseanas; subordinadamente,
vegetação nativa, embora estejam, em sua maioria, modi-
ocorrem depósitos conglomeráticos “rudáceos” e depósitos
ficados por atividades agropastoris. São áreas de grande
carbonáticos “caliches” (SALAMUNI, 1998; SALAMUNI;
beleza cênica, em especial os terrenos com declividades
SALAMUNI, 1999).
mais elevadas.
Formas de Relevo e Solos
DOMÍNIO DOS SEDIMENTOS
CENOZOICOS POUCO A MODERADAMENTE A forma de relevo existente na área de ocorrência da
CONSOLIDADOS, ASSOCIADOS A PEQUENAS unidade geológico-ambiental do domínio DCMR é apresen-
BACIAS CONTINENTAIS DO TIPO RIFT (DCMR) tada na figura 4.31 e sua representatividade no território
estadual está discriminada no Quadro 4.6.
Elementos de Definição e No domínio DCMR, todos os tipos de solo ocorrem
Área de Ocorrência sobre os tabuleiros e predominam, em ordem decrescente:
Latossolos, com 67,2% em área; Cambissolos, com 11,7%;
O domínio dos sedimentos cenozoicos pouco a mo- Organossolos Háplicos, com 10,8%; Argissolos Vermelho-
deradamente consolidados, associados a pequenas bacias Amarelos, com 6%; Gleissolos Melânicos, com 4,3% em
continentais do tipo rift, ocorre em uma área de 614,4 km2, área (EMBRAPA, 2007).
o que representa 0,31% do território total do estado do
Paraná (Quadro 4.6). Características, Adequabilidades e
No território do Paraná, esse domínio está subdividido Limitações Frente ao Uso e à Ocupação
em apenas uma unidade geológico-ambiental – DCMRsa
(Predomínio de sedimentos síltico-argilosos). O substra- Obras de engenharia
to é formado por intercalações irregulares de camadas
sedimentares horizontalizadas ou sub-horizontalizadas Adequabilidades ou potencialidades
das mais diversas espessuras (60 a 80 m), formadas por
granulometria de tamanhos silte, argila e areia (essa últi- No domínio DCMR, ocorre o empilhamento de camadas
ma do tipo arcoseana, ou seja, composta de 20 a 40% de horizontalizadas ou sub-horizontalizadas, não deformadas,
feldspato) (KORMANN, 2002). com boa homogeneidade geotécnica e hidráulica lateral.

Quadro 4.6 - Unidade geológico-ambiental do domínio DCMR, no estado do Paraná,


e seu padrão de relevo, área e representatividade

Código da Unidade Unidade Representação no


Padrões de Relevo Área (km2)
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental Território Paranaense (%)

Predomínio de sedimentos
DCMRsa R2a1 – Tabuleiros 614,4 0,31
síltico-argilosos

Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

113
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Figura 4.30 - Representação da unidade geológico-ambiental do estado do Paraná dentro do domínio dos sedimentos cenozoicos pouco
a moderadamente consolidados, associados a pequenas bacias continentais do tipo rift (DCMR). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Figura 4.31 - Representação das formas de relevo do estado do Paraná dentro do domínio dos sedimentos cenozoicos pouco a
moderadamente consolidados, associados a pequenas bacias continentais do tipo rift (DCMR). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

114
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Nessas áreas, há predomínio de sedimentos pouco con-


sistentes, com baixa resistência ao corte e à penetração,
podendo ser escavados com certo grau de facilidade com
máquinas e ferramentas leves.

Limitações

A variação litológica na vertical e as mudanças


abruptas entre camadas de litologia com característi-
cas composicionais e granulométricas muito diferentes
constituem-se em descontinuidades geomecânicas que
facilitam as desestabilizações, por exemplo, em taludes de
corte (Figura 4.32).
A expansibilidade está associada à influência do lençol
freático sobre as camadas com argilominerais expansivos
do grupo das esmectitas que pode ser atenuada na pre- Figura 4.32 - Corte de talude na rodovia BR-277 (Campo
sença de cimentação (KORMANN, 1999). Largo, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011).
A alta incidência de camadas de sedimentos à base
de argilominerais expansivos, que são bastante rijos, ex-
cessivamente plásticos, de cerosidade elevada, aderentes
e escorregadios quando úmidos, constitui-se em problema
para escavação e perfuração com sondas rotativas.
Na execução de obras em períodos de chuva, o maqui-
nário utilizado para escavação ou terraplenagem necessita
de manutenção contínua, devido ao excesso de argila que
adere ao equipamento.
As camadas de argila expansiva desses solos, caso
expostas na superfície do terreno e sob efeito da oscilação
do grau de umidade, podem sofrer processos de fendilha-
mento, desagregando e desestabilizando com certo grau
esses estratos (Figura 4.33).
Os solos argilosos apresentam o fenômeno da colapsi-
vidade: devido à alta porosidade e ao aumento no teor de
umidade, com aumento na carga esses solos experimentam Figura 4.33 - Erosão induzida devido à retirada da primeira
brusca redução do volume. Tal variação resulta em colapso, camada de solo e cobertura vegetal (Campo Largo, PR).
o que causa problemas nas fundações, comprometendo a Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
estabilidade de construções.
Nesse domínio, a ocorrência de estratos com compo-
sição mais conglomerática e características geotécnicas he-
terogêneas pode representar dificuldades para escavação,
perfuração com sondas rotativas ou execução de obras do
tipo estaqueamento.
O substrato desse domínio possui alta erodibilidade
induzida pela retirada das camadas superficiais, expondo,
assim, as camadas subsuperficiais que possam conter,
principalmente, argilominerais expansivos (Figura 4.34).
A configuração morfológica é favorável à existência
de solos transportados, depositados sobre solos residuais.
O fato de os dois tipos possuírem características geotéc-
nicas contrastantes pode dificultar a execução de procedi-
mentos técnicos, como escavações e perfurações.
A região desse domínio é percorrida por um dos
principais rios do estado do Paraná, o Iguaçu, com amplas
Figura 4.34 - Argissolo rico em óxido de ferro, com muita
planícies fluviais, que estão sujeitas a inundações, enchen- cerosidade e presença de argila de alta atividade (Campo
tes ou cheias e alagamentos. Largo, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011).

115
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Nas áreas de ocorrência da unidade DCMRsa, há


maior possibilidade, em locais escavados, de exposição
de camadas de arenitos grossos conglomeráticos inter-
calados com siltitos e argilitos de origem fluvial, que são
sedimentos friáveis, de fácil erodibilidade e erosividade e
de difícil estabilização.
Nessa unidade ocorrem também sedimentos finamen-
te laminados, portadores de argilominerais expansivos;
por isso, são colapsíveis, fendilham-se e se desagregam
com facilidade ao serem expostos à variação do grau de
umidade e de temperatura.

Agricultura

Adequabilidades ou potencialidades
Figura 4.36 - Agricultura sobre a unidade DCMRsa;
rodovia PR-281 (Tijucas do Sul, PR). Fotografia:
No domínio DCMR, os sedimentos síltico-argilosos Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
que afloram formam solos residuais porosos, que arma-
zenam e mantêm boa disponibilidade de água para as
plantas por longos períodos, mesmo com a ocorrência de
estiagens prolongadas.
Os solos com camadas síltico-argilosas possuem grande
capacidade de reter e fixar nutrientes e de assimilar matéria
orgânica, apresentando resultados promissores quando adu-
bados, o que resulta em aumento na produtividade agrícola.
A baixa qualidade química do solo é compensada pela
boa qualidade física, portanto, desde que corretamente
manejados e com condições topográficas favoráveis,
apresentam potencial para implantação de áreas para
agricultura intensiva. Como nesse domínio predomina o
relevo suavizado, com baixo potencial para erosão hídrica, a
declividade favorece o uso de implementos agrícolas moto-
rizados e a mecanização das lavouras (Figuras 4.35 e 4.36).
As áreas de várzeas localizadas nos rios da Várzea e Figura 4.37 - Cultivo agrícola de arroz sobre a unidade
Iguaçu e seus afluentes têm excelente potencial para agricul- DCMRsa; rodovia PR-281 (Tijucas do Sul, PR).
Fotografia: Deyna Pinho (2011).
tura intensiva do arroz irrigado por inundação (Figura 4.37).

Limitações

Nesse domínio, há grande variação litológica na verti-


cal dos estratos sedimentares, com reflexo na textura dos
solos residuais. Ocorrem mudanças na composição textural
do solo a curtas distâncias, variando de fração arenosa
para argilosa, podendo ter composição conglomerática
dependendo da litologia que está aflorando.
Em áreas onde sedimentos síltico-argilosos afloram, os
solos residuais sofrem maior compactação e impermeabi-
lização, levando a processos de erosão hídrica laminar se,
sistematicamente, forem mecanizados com equipamentos
pesados e/ou pisoteados de forma intensiva pelo gado.
Os solos residuais são pedogeneticamente pouco
evoluídos e têm em sua composição argilominerais expan-
Figura 4.35 - Relevo de tabuleiros sobre a unidade DCMRsa (distrito sivos, favorecendo a erosão, caso expostos à alternância
de Tabatinga, Tijucas do Sul, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011). dos estados úmido e seco.

116
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Em áreas onde os sedimentos arenosos afloram, estes Esse padrão irregular entre camadas de composições
geram solos residuais à base de areia quartzosa, que são variadas pode aumentar a vulnerabilidade dos aquíferos,
bastante erodíveis e permeáveis, de reduzida capacidade caso ocorra, nessas áreas, a instalação de tanques de
hídrica e que perdem água com rapidez. São solos classifi- armazenamento de combustíveis ou produtos químicos.
cados como ácidos e com baixa fertilidade natural, apresen- Os solos que a unidade DCMRsa forma são predomi-
tando dificuldades de reter e fixar nutrientes. Mesmo com nantemente argilosos e profundos, sendo pouco permeá-
práticas agrícolas consorciadas e com o uso de adubação veis e desfavoráveis à ocorrência de volumes de recarga nos
(uso de elementos orgânicos) e fertilização (uso de compos- lençóis de água subsuperficiais locais, ocasionando baixo
tos inorgânicos), o resultado será baixa produção agrícola. potencial na produtividade de poços locados na região.

Recursos hídricos subterrâneos Recursos minerais


e fontes poluidoras
Adequabilidades ou potencialidades
Adequabilidades ou potencialidades
No domínio DCMR há potencial para minerais tanto
Nesse domínio, as intercalações de sedimentos de de uso na construção civil como de uso industrial (Quadro
diferentes composições refletem nas características hidro- 4.7). Nesse domínio, há ambiência geológica favorável à
dinâmicas, podendo formar importantes barreiras hidro- exploração de areia com diversas granulometrias, argila
geológicas, gerando potencial para existência de pequenos vermelha, argila plástica, argila refratária e bentonita.
aquíferos confinados. A Região Metropolitana de Curitiba possui muitas
Tais aquíferos são formados por camadas de areia e concessões de lavra e licenciamento para exploração de
cascalho, porosos e permeáveis, confinados entre sedimen- areia e argila para uso em construção civil sobre os sedi-
tos síltico-argilosos, que são camadas pouco permeáveis. mentos da unidade DCMRsa, destaque para a ocorrência
Os poços projetados, dependendo da profundidade, de bentonita para uso industrial na região da represa do
podem alcançar as litologias do embasamento da bacia. rio Iraí. Além disso, a unidade DCMRsa possui ambiência
Devido à irregularidade do fundo da bacia, causada por geológica favorável à ocorrência de turfa (Figura 4.38).
falhas recentes geradas em regime neotectônico, pode ha-
ver aquíferos fraturados com bom potencial armazenador Aspectos ambientais e potencial turístico
de água nessas rochas.
Na unidade DCMRsa, quando presentes argilominerais Adequabilidades ou potencialidades
expansivos, por possuírem alta capacidade de troca catiô-
nica ou alta atividade, estes podem servir como barreiras O sistema de drenagem que compõe a Bacia Curitiba
químicas a contaminantes, como alumínio ou metais pe- está sujeito a sofrer mudanças rápidas de nível e vazão, em
sados (chumbo, cádmio etc.), evitando-se a contaminação consequência de pluviosidade intensa nas áreas a montante
dos aquíferos subterrâneos. (cotas mais altas) localizadas na região de serra. Nos meses
de novembro a fevereiro, rios, riachos e córregos existentes
Limitações nessas regiões sofrem forte influência das chuvas intensas
que ocorrem sistematicamente na estação de verão.
O pacote sedimentar que forma esse domínio tem, O sistema de drenagem principal tem como caracterís-
em sua composição estratigráfica, intercalações irregulares ticas hidrológicas águas lentas, pouco turbulentas, pouco
de camadas com predominância de sedimentos argilosos oxigenadas e de baixa capacidade de depurar poluentes,
pouco permeáveis, com alta capacidade de reter poluen- depositando mais que escavando sedimentos, o que oca-
tes, com camadas formadas por sedimentos arenosos, siona franco e acelerado processo de assoreamento dos
com baixa capacidade de reter e eliminar contaminantes. leitos principais de drenagem.

Quadro 4.7 - Unidade geológico-ambiental do domínio DCMR, no estado do Paraná, em relação à ocorrência de depósitos minerais.

Minerais Industriais, Minerais de Uso


Código do Domínio Código da Unidade Minerais Minerais Não
Rochas e Materiais de Especial – Águas e
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental Metálicos Metálicos
Construção Civil Energéticos

Areia, argila, argila


DCMR DCMRsa ND ND plástica, argila refratária, ND
bentonita, turfa.

Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).


Nota: ND = Não determinado.

117
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Figura 4.38 - Ocorrência de turfas na unidade DCMRsa


(distrito de Tabatinga, Tijucas do Sul, PR). Fotografia:
Andrea Fregolente Lazaretti (2011).

O relevo da região da Bacia Sedimentar de Curitiba


é composto, principalmente, por tabuleiros, localmente
em menor escala por planícies fluviais, terraços fluviais e
tabuleiros dissecados.
Na unidade DCMRsa, mais especificamente próximo
às camadas de turfa, há rico conteúdo fossilífero de mamí-
feros com idades entre 42 a 39 milhões de anos, além de
peixes, anfíbios, tartarugas, crocodilomorfos e moluscos
(Figura 4.39). Apenas em cinco formações geológicas
ocorrem fósseis de vertebrados do Paleógeno, dentre elas c
a Formação Guabirotuba. Destaque para a nova espé-
cie de “tatu primitivo” ou mamífero xenartro nomeado
Proeocoleophorus carlinii. Esses fósseis afloram na Forma-
ção Guabirotuba, entre as cidades de Curitiba e Araucária.

DOMÍNIO DAS COBERTURAS SEDIMENTARES


MESOZOICAS (CRETÁCEAS), POUCO A
MODERADAMENTE CONSOLIDADAS (DSMC)

Elementos de Definição e
Área de Ocorrência

O domínio DSMC compreende sequências de rochas


sedimentares associadas, geradas no Cretáceo, que não
sofreram influência de qualquer metamorfismo nem ati- Figura 4.39 - Fósseis encontrados na bacia sedimentar de
vidade tectônica. Está representado por duas unidades Curitiba: a) mandíbula de ungulado; b) casco de tartaruga; dente
geológico-ambientais: Predomínio de sedimentos quartzo- de astrapotério (DCMRsa). Fonte: Sedor et al. (2017).
arenosos finos, com cimentação carbonática e intercalações
subordinadas síltico-argilosas; Predomínio de sedimentos Características das Unidades
quartzoarenosos finos. Geológico-Ambientais
As áreas de ocorrência localizam-se no noroeste pa-
ranaense e são constituintes principais no substrato sob As unidades geológico-ambientais que compõem o
os municípios de Cianorte, Loanda, Paranavaí, Porecatu, domínio DSCM são constituídas por coberturas sedimen-
Umuarama, entre outros dessas microrregiões. Ocorrem to- tares pelíticas, arenitos muito finos a finos, arenitos finos
talizando uma área de 24.910,78 km2, significando 12,49% a médios, lamitos e siltitos, formadas por deposição em
do território paranaense, sendo o terceiro domínio em área ambiente desértico e fluvial, durante o Mesozoico, mais
de abrangência do estado (Quadro 4.8; Figura 4.40). especificamente, no final do Cretáceo.

118
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Quadro 4.8 - Unidades geológico-ambientais do domínio DSMC, no estado do Paraná,


e respectivos padrões de relevo, área e representatividade.

Representação
Código da Unidade Área
Unidade Geológico-Ambiental Padrões de Relevo no Território
Geológico-Ambiental (km2)
Paranaense (%)
Predomínio de sedimentos quartzoarenosos
finos, com cimentação carbonática e
R4a1 – Domínio das colinas
DSMCef intercalações subordinadas síltico-argilosas 5895,53 2,96
amplas e suaves.
(ambientes deposicionais: eólico
e/ou eólico-fluvial)
R2a2 – Tabuleiros dissecados;
Predomínio de sedimentos quartzoarenosos R4a1 – Colinas amplas e suaves;
DSMCe 19015,25 9,53
finos (ambiente deposicional: eólico) R4a2 – Domínio de colinas
dissecadas e morros baixos.
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Figura 4.40 - Representação das unidades geológico-ambientais do estado do Paraná dentro das coberturas
sedimentares mesozoicas (cretáceas), pouco a moderadamente consolidadas (DSMC). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Predomínio de sedimentos quartzoarenosos Predomínio de sedimentos quartzoarenosos


finos (ambiente deposicional: eólico) (DSMCef) finos (ambiente deposicional: eólico) (DSMCe)

Essa unidade ocorre próximo às áreas urbanas de Essa unidade ocorre próximo às áreas urbanas de
Cianorte, Goio-Erê, Nova Esperança, Paranacity, Mariluz Altônia, Astorga, Cruzeiro do Oeste, Loanda, Paranavaí,
e Moreira Salles. Corresponde à associação de rochas Porecatu, Umuarama. Corresponde aos sedimentos das
sedimentares da Formação Goio-Erê, do Grupo Caiuá, da formações Santo Anastácio e Rio Paraná, do Grupo Caiuá,
Bacia Sedimentar Bauru, mais especificamente, arenitos da Bacia Sedimentar Bauru, mais especificamente, arenitos
finos a muito finos com cimentação carbonática e nódulos finos a médios, arenitos muito finos a finos, quartzosos,
de calcário. esporadicamente, com cimentação carbonática.

119
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

O Grupo Caiuá é subdividido em três unidades de Formas de Relevo e Solos


arenitos depositados em ambiente desértico, diferenciadas
por suas características deposicionais de subambientes Na região das unidades DSMC predominam áreas
desérticos, zona desértica central (Formação Rio Paraná), em que o relevo possui suaves declividades (Figura 4.41),
zona de depósitos eólicos periféricos (Formação Goio-Erê) devido, principalmente, à relação dos litotipos e à história
e planícies de lençóis de areia (Formação Santo Anastácio), geológico-estrutural, como domínio de colinas amplas e
de acordo com Fernandes e Coimbra (1994). suaves. Localmente, o relevo apresenta-se mais declivoso
A Formação Rio Paraná é constituída de arenitos mar- por conta do maior padrão de dissecamento associado às
rom-avermelhados a arroxeados, finos a médios, quartzo- drenagens, como nas regiões do domínio de morros e ser-
sos, subordinadamente subarcoseanos, com estratificações ras baixas. Assim, a geomorfologia apresenta-se favorável
cruzadas de médio a grande porte, bem selecionados por a que os solos sejam do tipo in situ e com características
lâmina ou estrato, com grãos bem arredondados. muito homogêneas, formados pelas litologias existentes
A Formação Goio-Erê é constituída por arenitos quartzo- de cada localidade.
sos e subarcoseanos de coloração marrom-avermelhada a As formas de relevo associadas que ocorrem no pre-
cinza-arroxeado, finos a muito finos, com estratificação cru- sente domínio e respectivas declividades e amplitudes são
zada, intercalados com arenitos maciços, sendo frequentes apresentadas na figura 4.41.
cimentação carbonática e concreções de calcário formadas No domínio DSMC, predominam Latossolos Verme-
por oscilação do nível freático na época. lhos, que ocorrem em 52,2% em área, predominantemente
A Formação Santo Anastácio é constituída por arenitos sobre os relevos de colinas amplas e suaves; Argissolos Ver-
finos a muito finos, quartzosos, subordinadamente subar- melhos representam 45,3% em área, predominantemente
coseanos, com estratificações plano-paralelas e cruzadas de também sobre os relevos de colinas amplas e suaves; os
baixo ângulo, mal selecionados, com matriz síltico-argilosa demais tipos de solos representam menos de 2,5% em área
e em alguns locais com cimentação carbonática. do domínio DSMC (EMBRAPA, 2007).

Figura 4.41 - Representação dos padrões de relevo do estado do Paraná dentro das coberturas sedimentares mesozoicas
(cretáceas), pouco a moderadamente consolidadas (DSMC). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

120
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Características, Adequabilidades e
Limitações Frente ao Uso e à Ocupação

Obras de engenharia

Adequabilidades ou potencialidades

No domínio DSMC, o substrato rochoso é formado


pela predominância de arenitos com estratificações na for-
ma de laminações de granulometria mais fina (areia muito
fina, silte e argila) ou presença de cimentação carbonática
(Figuras 4.42 e 4.43).
São tipos litológicos que não sofreram influências
tectônicas e poucos processos diagenéticos. Essa compo-
sição gera características geotécnicas e hidráulicas pouco
contrastantes, tanto do substrato rochoso como dos solos Figura 4.42 - Arenito fino a muito fino com estratificação cruzada
residuais, à exceção da presença de concreções e cimenta- e laminações de níveis síltico-argilosos na unidade DSMCef (Farol,
ção carbonática; são raras as variações das propriedades PR). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
geotécnicas, e, quando ocorrem, são em regiões próximas
ou localmente, a curtas distâncias, e predominam mais
no sentido vertical, impactando muito pouco os custos
referentes a planejamento e execução de projetos lineares,
como estradas ou gasodutos. Devido à essas característi-
cas, somadas ao relevo de suave ondulação, esse domínio
se torna muito propício à urbanização, tomando-se os
devidos cuidados com relação à alta erodibilidade.
As rochas sedimentares arenosas desse domínio
têm baixa resistência ao intemperismo químico e físico.
Caso ocorram exposições dessas litologias em regiões com
predomínio de clima chuvoso, o manto de alteração se apre-
sentará predominantemente profundo e de textura arenosa,
com facilidade para perfurações com sondas rotativas.

Limitações
Figura 4.43 - Arenito fino a médio, com estratificação cruzada, na
As unidades geológico-ambientais de caráter sedimen- unidade DSMCe (Cafezal do Sul, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011).
tar, com baixa resistência ao intemperismo físico-químico,
ao sofrerem alteração, formam solos arenosos finos, com
muito silte, de baixa expansividade, mas extremamente
erodíveis, que apresentam baixa estabilidade nas paredes
de taludes de corte, sendo classificados geotecnicamente
como de má qualidade para uso como material de emprés-
timo, a não ser como areia (Figura 4.44).
Nas regiões em que predominam cimentação car-
bonática ou concreções calcárias, estas darão caracte-
rísticas geotécnicas e hidraulicas contrastantes às rochas
sedimentares mais comuns na unidade DSMCef, como
maior resistência à penetração por sondagem rotativas, à
desagregação e à formação de mais fraturas, facilitando a
percolação de água subterrânea. Tais características podem
se tornar agravantes em obras de corte de talude.
Segundo Fernandes et al. (1994), as unidades geoló-
gico-ambientais do domínio DSMC podem possuir de 10
Figura 4.44 - Solo residual arenoso sobre sedimentos da unidade
a 15% de argilominerais predominantemente expansivos DSMCe, sendo retirado como material de empréstimo (Mirador,
(do grupo das esmectitas). PR). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).

121
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

A presença, mesmo que em pequena quantidade, des-


ses argilominerais, somada à predominância de areia e silte,
torna as rochas desse domínio altamente suscetíveis à erosão,
devido à baixa coesão entre as partículas que as constituem.
Foram observados, como principais processos erosivos
que ocorrem sobre o domínio DSMC, erosão laminar, sulcos
(Figura 4.45), ravinas, voçorocas (Figuras 4.46 a 4.49) e
erosão eólica (Figura 4.50).
Segundo Mineropar (2006), os processos erosivos,
além de promoverem degradação e perda de produtividade
do solo, causam problemas de assoreamento das drenagens
naturais (Figura 4.51).
Nesse domínio, a gestão das águas pluviais pode
ser determinante como fator limitador, devido à sua alta
suscetibilidade intrínseca à erosão. Muitas voçorocas
registradas na região iniciaram-se por mau dimensiona-
Figura 4.47 - Voçoroca formada por má dimensão do descarte
mento de escoamento superficial e vazão nas drenagens de drenagem pluvial de rodovia sobre unidade DSMCef (Nova
urbanas pluviais. Esperança, PR). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).

Figura 4.45 - Voçoroca de mais de 600 m de extensão sobre Figura 4.48 - Recuperação de área com erosão originada pela
sedimentos da unidade DSMCe (Cafezal do Sul, PR). ausência de drenagem urbana adequada (Umuarama, PR).
Fotografia: Gilberto Lima (2011). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).

Figura 4.46 - Erosão sobre sedimentos da unidade DSMCef, devido Figura 4.49 - Voçoroca em área periférica urbana (unidade
à concentração de escoamento superficial em talude de corte DSMCe), originada por ausência de drenagem urbana adequada
(Presidente Castelo Branco, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011). (Umuarama, PR).Fotografia: Deyna Pinho (2011).

122
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Figura 4.50 - Remoção da cobertura vegetal, que leva à exposição Figura 5.52 - Uso agrícola para extensas monoculturas em
de sedimentos da unidade DSMCe, altamente suscetíveis à erosão solos oriundos de sedimentos da unidade DSMCef (Quarto
eólica (Inajá, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011). Centenário, PR). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).

Figura 5.51 - Assoreamento de leito das drenagens naturais, Figura 5.53 - Relevo de colinas amplas e suaves e uso do solo
devido a processos erosivos oriundos de sedimentos da unidade para extensas monoculturas sobre sedimentos da unidade DSMCe
DSMCe (Cafezal do Sul, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011). (Cidade Gaúcha, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011).

Agricultura Limitações

Adequabilidades ou potencialidades Os solos arenosos (Figura 4.54) não têm grande capaci-
dade de reter e fixar nutrientes e de assimilar bem a matéria
As litologias formadoras desse domínio, quando sofrem orgânica, sendo necessário o uso de muitos corretivos (Figura
intemperismo físico-químico, formam solos predominante- 4.55) e fertilizantes agrícolas.
mente dos tipos Latossolos e Nitossolos arenosos (EMBRAPA, A permeabilidade, que depende do grau de porosida-
2007). Esses solos possuem, normalmente, elevada acidez e de, varia de moderada, em solos pouco evoluídos, a alta,
baixa fertilidade natural, elevada porosidade, característica nos bem evoluídos, sendo que, nas áreas de relevos suaves,
hídrica importante, pois possibilita o armazenamento de a predominância de solos residuais arenossiltosos com
bons volumes de água, mantendo disponibilidade hídrica pedogênese avançada acarreta alta erodibilidade e baixa
em períodos de baixa pluviosidade para a vegetação ou para fertilidade natural.
áreas agriculturáveis existentes nessas regiões. Os solos desse domínio possuem alta erodibilidade,
Na região do domínio DSMC, é comum o uso do solo devido ao seu teor síltico-arenoso e à pequena pre-
para pecuária e extensas monoculturas (Figuras 4.52 e 4.53), sença de argilominerais expansíveis. Assim, é comum o
pois o relevo suavemente ondulado é propício à mecaniza- uso de bacias de retenção para diminuir o escoamento
ção da agricultura e a baixa fertilidade natural induz o uso superficial e evitar a erosão e a perda de terra cultivá-
para pastagens e criação de gado. vel (Figura 4.56).

123
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

O uso do solo para atividade pecuária pode se tornar


indutor de processos erosivos nas regiões de maiores de-
clividades e dissecamento do relevo (Figura 4.57).

Recursos hídricos subterrâneos


e fontes poluidoras

Adequabilidades ou potencialidades

Ocorrem nesse domínio terrenos com característi-


cas morfolitoestruturais muito favoráveis à existência de
importantes aquíferos porosos em rochas sedimentares.
As características das rochas formadoras do domínio são
relativamente homogêneas, sem grandes quantidades de
argilas compactas, oferecendo condições de o aquífero ser
do tipo livre. A unidade DSMCe, constituída por arenitos da
Figura 4.54 - Solo arenoso sobre sedimentos da unidade Formação Rio Paraná, possui depósitos sedimentares com
DSMCe, pobres em nutrientes (Mirador, PR). Fotografia:
Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
até 270 m de espessura, relativamente homogêneos e sem
grandes condicionantes estruturais relevantes como limita-
dores para armazenamento e extração da água subterrânea.
Segundo o Instituto das Águas do Paraná (AGUASPA-
RANÁ), os arenitos do domínio DSMC possuem potencial
hidrogeológico de 4,2 litros por segundo por quilômetro
quadrado, sendo que 80% do abastecimento público na
região do domínio são provenientes de água subterrênea.
Segundo Celligoi e Duarte (2002), as águas sub-
terrâneas armazenadas nos arenitos do domínio DSMC,
denominados Aquífero Caiuá, possuem potencial médio
a elevado de extração, são pouco salinas, bicarbonatadas
cálcio-magnesianas ou cálcicas, raramente sódicas e po-
tencialmente corrosivas.

Limitações

No domínio DSMC, as rochas sedimentares constituídas


Figura 4.55 - Pilha de gesso para uso como corretivo
por arenitos possuem elevada porosidade e alta capacidade
agrícola em solo proveniente de sedimentos da unidade de infiltração, o que torna toda a região aflorante de rochas
DSMCe (Cidade Gaúcha, PR). desse domínio como potencial área de recarga do aquífero.

Figura 4.56 - Bacia de retenção de escoamento superficial, para Figura 4.57 - Início de processo erosivo induzido pelo pisoteio de
amenizar o início de processos erosivos em propriedades rurais, sobre gado sobre a unidade DSMCe (Paranavaí, PR). Fotografia:
a unidade DSMCe (Umuarama, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011). Andrea Fregolente Lazaretti (2011).

124
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Assim, lançamentos individualizados, como vazamentos Há ocorrências de muitos depósitos irregulares de resíduos
em rede de esgotos sanitários, ou vazamentos de efluentes pela região noroeste do Paraná, ou na forma de “lixões” ou
industriais, ou a presença de tanques de combustíveis enter- mesmo de aterramento de áreas que sofreram processos
rados com vazamentos, ou o descarte inadequado de resídu- erosivos (ravinas e voçorocas). A alta permeabilidade do solo
os, ou o uso de agrotóxicos por extensas monoculturas, em arenoso residual desse domínio, rapidamente, promoveria
um ponto ou área específica contendo solos residuais, são o carreamento desses resíduos até as drenagens naturais, o
as principais fontes pontuais de contaminação do aquífero que aumentaria os processos de assoreamento e, consequen-
livre, que, rapidamente, atingiriam o nível d’água. temente, a diminuição da disponibilidade hídrica na região.
Os arenitos da unidade DSMCef, por possuírem cimen-
tação carbonática ou concreções calcárias, podem ter ca- Recursos minerais
ráter semiconfinado localmente em determinadas regiões
de ocorrência dessa unidade, além de influenciar as carac- Adequabilidades ou potencialidades e Limitações
terísticas físico-químicas da água subterrânea.
A disposição irregular de resíduos sólidos inertes e As unidades do domínio DSMC possuem grande
não inertes sobre solos residuais oriundos de arenitos do potencial para extração de areia em cava seca, por meio
domínio DSMC pode se tornar importante fonte pontual de desmonte hidráulico, pois os arenitos não são muito
de contaminação do Aquífero Caiuá (Figuras 4.58 e 4.59). consolidados, apresentando fácil desagregação (Figura
4.60; Quadro 4.9).
Infelizmente, o método de extração de areia por des-
monte hidráulico e cava seca gera impactos ambientais,
como a formação de grandes lagoas ou tanques de de-
cantação, remoção da cobertura vegetal e transfiguração
da paisagem e relevo do local.

Aspectos ambientais e potencial turístico

Adequabilidades ou potencialidades e Limitações

No domínio DSMC, ocorrem arenitos que não sofreram


deformações ou dobramentos superpostos, portanto, o rele-
vo predominante em toda a sua extensão é suavemente ondu-
lado, representado pelo domínio de colinas amplas e suaves.

Figura 4.58 - Aterramento de área com processos erosivos e


resíduos inertes e não inertes, em sedimentos da unidade DSMCe
(Cafezal do Sul, PR). Fotografia: Andrea Fregolente Lazarett (2011).

Figura 4.59 - Aterramento de área com processos erosivos e Figura 4.60 - Extração de arenito da unidade DSMCe, para uso
resíduos inertes e não inertes, em sedimentos da unidade DSMCe como areia em construção civil (Cafezal do Sul, PR).
(Cafezal do Sul, PR). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011). Fotografia: Deyna Pinho (2011).

125
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Quadro 4.9 - Unidades geológico-ambientais do domínio DSMC, no estado do Paraná,


em relação à ocorrência de depósitos minerais.

Minerais Industriais, Minerais de Uso


Código do Domínio Código da Unidade Minerais Minerais Não
Rochas e Materiais de Especial – Águas e
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental Metálicos Metálicos
Construção Civil Energéticos

DSMCef ND ND Areia Água mineral


DSMC
DSMCe ND ND Areia Água mineral
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
Nota: ND = Não determinado.

Entretanto, uma paisagem geomorfológica se destaca


nesse domínio, representada por um pequeno alinhamento
serrano de baixa amplitude, no município de Terra Rica,
denominado Três Morrinhos ou Três Irmãos (Figura 4.61),
transformado em parque municipal com área de 25 mil
metros quadrados. Devido à sua condição única de desta-
que como ponto culminante no relevo da região, o local
é muito utilizado para prática de voo livre e paraglaider,
fazendo com que o município seja considerado a “capital
paranaense do voo livre”.
Na unidade DSMCe, mais especificamente, entre
os arenitos da Formação Rio Paraná, foram encontrados
icnofósseis representados por pegadas de pequenos répteis
(tridactila, therapsida e theropoda). No município de Cru-
zeiro do Sul, sobre a mesma unidade geológico-ambiental,
foram encontradas mandíbulas de um theropoda (Figura
4.62), mais especificamente, Gueragama sulamericana Figura 4.61 - Três Morrinhos, formado pela silicificação
de arenitos da formação Rio Paraná, na unidade DSMCe
(SIMÕES et al., 2015). (Terra Rica, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011).

DOMÍNIO DAS COBERTURAS SEDIMENTARES


E VULCANOSSEDIMENTARES MESOZOICAS E
PALEOZOICAS, POUCO A MODERADAMENTE
CONSOLIDADAS, ASSOCIADAS A GRANDES
E PROFUNDAS BACIAS SEDIMENTARES DO
TIPO SINÉCLISE (DSVMP)

Elementos de Definição e
Área de Ocorrência

O domínio DSVMP compreende sequências de rochas


sedimentares e vulcanossedimentares associadas geradas
entre o Mesozoico e o Paleozoico, que foram modera-
damente consolidadas, atribuídas a grandes e profundas
bacias sedimentares do tipo sinéclise.
Está representado por sete unidades geológico-
ambientais: Predomínio de sedimentos arenosos mal sele-
cionados; Predomínio de espessos pacotes de arenitos de
deposição eólica; Intercalações de sedimentos arenosos,
síltico-argilosos e folhelhos; Predomínio de sedimentos
síltico-argilosos com intercalações arenosas; Predomínio de
sedimentos síltico-argilosos e arenosos contendo camadas
de carvão; Predomínio de sedimentos síltico-argilosos e
calcários com intercalações arenosas subordinadas; Pre-
Figura 4.62 - Fóssil de iguanídeo (Gueragama sulamericana)
domínio de sedimentos síltico-argilosos intercalados de descoberto em sedimentos da unidade DSMCe (Cruzeiro do
folhelhos betuminosos e calcário. Sul, PR). Fonte: Simões et al. (2015).

126
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

As áreas de ocorrência localizam-se entre o arco de São Mateus do Sul, Sengés, Telêmaco Borba, Tibagi, Rio
Ponta Grossa e o Planalto Centro-Ocidental, incluindo a Negro, União da Vitória, entre outros de menor população.
Depressão Ivaí e o Platô de Furnas. Assim, são constituintes Ocorrem totalizando uma área de 42.473,24 km2, signifi-
principais no substrato sob os municípios de Arapoti, Ibaiti, cando 21,67% do território do estado, sendo o segundo
Imbituva, Irati, Jacarezinho, Jaguariaíva, Lapa, Ortigueira, domínio em área de abrangência do estado do Paraná
Palmeira, Ponta Grossa, Reserva, Santo Antônio da Platina, (Quadro 4.10; Figura 4.63).

Quadro 4.10 - Unidades geológico-ambientais do domínio DSVMP, no estado do Paraná,


e respectivos padrões de relevo, área e representatividade.

Representação
Código da Unidade Unidade Área
Padrões de Relevo no Território
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental (km2)
Paranaense (%)

R1a – Planícies fluviais ou fluviolacustres;


R2b3 – Planaltos;
Predomínio de R2c – Chapadas e platôs;
DSVMPa sedimentos arenosos R4a1 – Colinas amplas e suaves; 4.825,69 2,46
mal selecionados R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros baixos;
R4b – Domínio de morros e de serras baixas;
R4f – Vales encaixados.

R3b – Inselbergs e outros relevos residuais;


R4a1 – Colinas amplas e suaves;
Predomínio de espessos R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros baixos;
DSVMPae pacotes de arenitos de R4b – Domínio de morros e de serras baixas; 2.018,58 1,03
deposição eólica R4d – Escarpas serranas;
R4e – Degraus estruturais e rebordos erosivos;
R4f – Vales encaixados.
R1a – Planícies fluviais ou fluviolacustres;
Intercalações de
R2c – Chapadas e platôs;
sedimentos
R4a1 – Colinas amplas e suaves;
DSVMPasaf arenosos, 13.139,76 6,70
R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros baixos;
síltico-argilosos e
R4b – Domínio de morros e de serras baixas;
folhelhos
R4e – Degraus estruturais e rebordos erosivos.
R1a – Planícies fluviais ou fluviolacustres;
R2c – Chapadas e platôs;
R3b – Inselbergs e outros relevos residuais;
Predomínio de
R4a1 – Colinas amplas e suaves;
sedimentos
DSVMPsaa R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros baixos; 8.718,29 4,45
síltico-argilosos com
R4b – Domínio de morros e de serras baixas;
intercalações arenosas
R4d – Escarpas serranas;
R4e – Degraus estruturais e rebordos erosivos;
R4f – Vales encaixados.
Predomínio de
sedimentos R4a1 – Colinas amplas e suaves;
DSVMPsaacv síltico-argilosos e R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros baixos; 2.284,97 1,17
arenosos contendo R4b – Domínio de morros e de serras baixas.
camadas de carvão
R1a – Planícies fluviais ou fluviolacustres;
R2b3 – Planaltos;
Predomínio de
R4a1 – Colinas amplas e suaves;
sedimentos
R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros baixos;
síltico-argilosos e
DSVMPsaca R4b – Domínio de morros e de serras baixas; 10.549,98 5,38
calcários com
R4c – Domínio montanhoso;
intercalações arenosas
R4d – Escarpas serranas;
subordinadas
R4e – Degraus estruturais e rebordos erosivos;
R4f – Vales encaixados.
Predomínio de R2b3 – Planaltos;
sedimentos R4a1 – Colinas amplas e suaves;
síltico-argilosos R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros baixos;
DSVMPsabc 935,97 0,48
intercalados de R4b – Domínio de morros e de serras baixas;
folhelhos betuminosos R4d – Escarpas serranas;
e calcário R4e – Degraus estruturais e rebordos erosivos.

Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

127
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Figura 4.63 - Representação das unidades geológico-ambientais do estado do Paraná dentro das coberturas sedimentares e
vulcanossedimentares mesozoicas e paleozoicas, pouco a moderadamente consolidadas, associadas a grandes e profundas bacias
do tipo sinéclise (DSVMP). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Características das Unidades São depósitos que apresentam grande heterogeneida-


Geológico-Ambientais de litológica vertical, podendo haver predomínio de rochas
areníticas, síltico-argilosas, folhelhos ou calcários.
As unidades geológico-ambientais que compõem o
domínio DSVMP são constituídas por coberturas sedimen- Predomínio de sedimentos arenosos
tares e vulcanossedimentares na forma de intercalações mal selecionados (DSVMPa)
de camadas horizontalizadas a sub-horizontalizadas das
mais variadas espessuras de sedimentos clastoquímicos, Essa unidade ocorre próximo à área urbana de Lapa,
diferentemente consolidados e que foram depositados em Carambeí, Jaguariaíva, Ponta Grossa, Porto Amazonas e
diversos ambientes tectonoclimáticos. As rochas sedimen- Sengés. Corresponde à associação de rochas areníticas da
tares foram depositadas em ambientes glacial, continental, Formação Furnas da Supersequência Paraná, mais especifi-
marinho e desértico desde o Carbonífero, há cerca de 360 camente, arenitos médios a grosseiros, subordinadamente
milhões de anos, até o Jurássico, cerca de 145 milhões arenitos conglomeráticos e siltitos esbranquiçados.
de anos, em uma grande bacia sedimentar denominada
Bacia do Paraná. Essas rochas sedimentares apresentam Predomínio de espessos pacotes de arenitos
diferentes composições e tanto podem ocorrer formando de deposição eólica (DSVMPae)
espessos e extensos pacotes, com predomínio de uma das
litologias, como intercalados irregularmente entre si na Ocorre próximo à área urbana de Jacarezinho, São Jerô-
forma de finas camadas. nimo da Serra, Santo Antônio da Platina e União da Vitória.

128
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Corresponde às rochas areníticas da Formação Botuca- Predomínio de sedimentos síltico-argilosos


tu, da Supersequência Gondwana III, mais especificamente, intercalados de folhelhos betuminosos
arenitos bem selecionados e grãos bem arredondados, e calcário (DSVMPsabc)
localmente silicificados.
Essa unidade ocorre próxima às áreas urbanas de
Intercalações de sedimentos arenosos, Irati, São Mateus do Sul e Siqueira Campos. Corresponde
síltico-argilosos e folhelhos (DSVMPasaf) às rochas sedimentares da Formação Irati, do Grupo Passa
Dois, que é constituída por argilitos, folhelhos cinza, pretos
Tem ocorrência nas proximidades das áreas urbanas e pirobetuminosos e, subordinadamente, com intercala-
de Campo do Tenente, Imbaú, Ipiranga, Jaboti, Japira, ções de calcários.
Palmeira, Pinhalão, Porto Amazonas, Rio Negro, Salto do Dentre as formações litoestratigráficas que ocorrem
Itararé, Santana do Itararé, São José da Boa vista, Sengés, no estado do Paraná, pertencentes à Bacia do Paraná, des-
Telêmaco Borba, Tomazina, Ventania e Wenceslau Braz. tacam-se: Supersequência Deposicional Paraná, composta
Corresponde às rochas sedimentares da Formação Campo pelas formações Furnas e Ponta Grossa; Supersequência
Mourão e outras formações não separadas dentro do Grupo Gondwana I, composta por Grupo Itararé e Formação Cam-
Itararé. Dentre os litotipos presentes, destacam-se areni- po Mourão, Grupo Guatá e formações Palermo e Rio Bonito,
tos, diamectitos, folhelhos, ritmitos e, subordinadamente, Grupo Passa Dois e formações Irati, Serra Alta, Teresina e
arenitos conglomeráticos e siltitos. Rio do Rasto; Supersequência Gondwana III, composta
pela Formação Botucatu. Todas essas supersequências
Predomínio de sedimentos síltico-argilosos foram depositadas desde o Devoniano (Paleozoico, a partir
com intercalações arenosas (DSVMPsaa) de 419 milhões de anos) até o Cretáceo (Mesozoico, até
132,9 milhões de anos) (Figura 4.64).
Verifica-se essa unidade nas proximidades das áreas A Formação Furnas é constituída de quartzoareni-
urbanas de Arapoti, Cândido de Abreu, Jundiaí do Sul, Mal- tos esbranquiçados finos a grossos, com estratificações
let, Paula Freitas, Paulo Frontin, Ponta Grossa, Rio Branco cruzadas e plano-paralelas, com espessuras variando de
do Ivaí, Santo Antônio da Platina e Tibagi. Corresponde às 200 a 343 m. Subordinadamente, aparecem lutitos e ru-
rochas sedimentares da Formação Ponta Grossa, da Su- ditos. A deposição desses arenitos deu-se em ambientes
persequência Paraná, e Formação Rio do Rasto, do Grupo fluvial, costeiro e fluviodeltaico, de acordo com Lobato
Passa Dois. Dentre os litotipos presentes, destacam-se e Borghi (2004).
folhelhos (localmente betuminosos), argilitos, siltitos e, A Formação Ponta Grossa é constituída por um
subordinadamente, arenitos finos e calcarenitos. empilhamento de folhelhos, folhelhos sílticos, arenitos,
siltitos cinza-escuro a negros e, localmente, carbonosos,
Predomínio de sedimentos síltico-argilosos fossilíferos e micáceos, com estruturas de laminação
e arenosos contendo camadas de plano-paralela e, localmente, com estratificação cruzada
carvão (DSVMPsaacv) hummocky de pequeno porte, laminações flaser, marcas
onduladas, bioturbações e estruturas de escorregamento.
Observa-se essa unidade nas proximidades da área A espessura desse empilhamento chega a 654 m, deposi-
urbana de Carlópolis, Imbituva, Joaquim Távora e Teixeira tado em ambiente plataformal marinho em sua maioria,
Soares. Corresponde às rochas sedimentares da Formação segundo Bosetti et al. (2007).
Rio Bonito, do Grupo Guatá. Essa formação é constituída O Grupo Itararé é constituído de rochas sedimen-
por arenitos, siltitos, folhelhos, com camadas de carvão e, tares depositadas em ambiente glacial, marinho raso e
subordinadamente, calcários. fluviodeltaico, mais especificamente, arenitos, diamectitos,
folhelhos, siltitos, varvitos, com predomínio de estruturas
Predomínio de sedimentos síltico-argilosos de estratificações plano-paralelas, laminações cruzadas
e calcários com intercalações arenosas e estratificações cruzadas, segundo Weinschütz (2006).
subordinadas (DSVMPsaca) O Grupo Guatá é subdividido nas formações Rio Bonito
e Palermo. A Formação Rio Bonito corresponde ao primeiro
Essa unidade mostra-se presente próxima à área urba- registro pós-glacial da Bacia do Paraná, tendo sido depo-
na de Carlópolis, Conselheiro Mairinck, Curiúva, Figueira, sitada diretamente sobre o Grupo Itararé em ambientes
Guamiranga, Guapirama, Ibaiti, Irati, Ivaí, Joaquim Távora, deltaicos, baías, estuários com planícies de marés, ilhas
Ortigueira, Prudentópolis, Quatiguá, Rebouças, Reserva, de barreira e plataforma marinha rasa. Essa formação é
Rio Azul, Sapopema e Siqueira Campos. Corresponde às composta por siltitos e folhelhos cinza, com intercalações
rochas sedimentares das formações Serra Alta e Teresina, de camadas de arenitos, com lentes de folhelhos carbono-
do Grupo Passa Dois, e Palermo, do Grupo Guatá. Dentre os sos, argilitos e níveis de cimentação carbonática, camadas
litotipos presentes, destacam-se siltitos e folhelhos e, su- de carvão; subordinadamente, pode conter conglome-
bordinadamente, arenitos e siltitos arenosos. rado, calcilutito e brecha carbonática (JATKOSKI, 2014).

129
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Figura 4.64 - Representação cronoestratigrafica das formações da bacia do Paraná, destacando-se em vermelho
as constituintes das coberturas sedimentares e vulcanossedimentares mesozoicas e paleozoicas, pouco a moderadamente
consolidadas, associadas a grandes e profundas bacias do tipo sinéclise (DSVMP). Fonte: Adaptado de
Mantesso-Neto et al. (2004).

A Formação Palermo representa ambiente de deposição A Formação Irati foi depositada em ambiente marinho
marinho de plataforma rasa, formada por siltitos, siltitos de água rasa e é formada por argilitos, folhelhos sílticos,
arenosos, cinzentos e esverdeados, com intensa bioturba- folhelhos pirobetuminosos, siltitos, em alternância rítmica
ção, de aspecto muito homogêneo (BRASIL, 2014). com calcários e restritos níveis conglomeráticos (SCHNEIDER
O Grupo Passa Dois é subdividido nas formações Rio et al., 1974).
do Rasto, Teresina, Serra Alta e Irati. A Formação Rio do A Formação Botucatu esta associada a ambiente
Rasto é formada por sedimentos essencialmente clásticos, deposicional desértico por ação eólica, localmente com
depositados em planícies de marés, lagos, planícies fluviais, ação fluvial. É composta por arenitos médios a grossos,
quartzosos, avermelhados, localmente conglomeráticos,
mais especificamente, siltitos, arenitos finos esverdeados,
com aspecto bastante homogêneo e pacotes espessos
argilitos e siltitos avermelhados intercalados com lentes
(STRUGALE et al., 2004).
de arenitos finos (SCHNEIDER et al., 1974). A Formação
Teresina está relacionada a um ambiente de planície de
Formas de Relevo e Solos
maré e marinho raso (inframaré e supramaré); são rochas
sedimentares constituídas de calcário micrítico e estroma- Na região das unidades DSVMP, predominam áreas
tolítico, intercalado com siltitos acinzentados (MINEROPAR, em que o relevo possui maiores declividades (Figura 4.65),
2001). A Formação Serra Alta foi depositada em ambiente devido, principalmente, à relação dos litotipos e à história
marinho de água rasa e é constituída por argilitos, folhelhos geológico-estrutural, como o domínio de colinas dissecadas
e siltitos cinza-escuro, com lentes e concreções calcíferas e morros baixos, domínio de morros e de serras baixas,
(SCHNEIDER et al., 1974). escarpas serranas e rebordos erosivos.

130
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Figura 4.65 - Representação dos padrões de relevo do estado do Paraná dentro das coberturas sedimentares e vulcanossedimentares
mesozoicas e paleozoicas, pouco a moderadamente consolidadas, associadas a grandes e profundas bacias do tipo sinéclise (DSVMP).
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Assim, a geomorfologia apresenta-se favorável a que Características, Adequabilidades e


os solos sejam do tipo transportado e com característi- Limitações Frente ao Uso e à Ocupação
cas extremamente variadas, visto que são influenciados
pelas litologias existentes nas regiões altas do entorno Obras de engenharia
e mais distantes.
Adequabilidades ou potencialidades
Os diversos comportamentos das litologias das
unidades geológico-ambientais frente aos processos de O domínio DSVMP é formado por pacotes sedimen-
intemperismo e evolução do relevo geraram diversidade tares espessos, com formatos geralmente tabulares e hori-
de padrões de relevo (Figura 4.65). zontalizados, predominantemente arenosos, apresentando
No domínio DSVMP, Argissolos Vermelho-Amarelos boa homogeneidade geomecânica e hidráulica lateral.
ocorrem em 25% em área, predominantemente sobre A área do domínio tem um padrão predominante de
os relevos de morros e serras baixas, colinas dissecadas relevo mais suavizado, o que possibilita múltiplas adequa-
e morros baixos e colinas amplas e suaves; Neossolos bilidades para o uso e a ocupação territorial, como, por
Regolíticos representam 24,8% em área, predominando exemplo, atividades urbanas, como construção de infraes-
nos relevos de morros e serras baixas e colinas disseca- trutura do tipo rodovias e loteamentos.
das e morros baixos; Cambissolos Háplicos e Húmicos Na unidade geológico-ambiental DSVMPasaf, onde
representam 22,1% em área, ocorrendo, em sua maioria, o relevo varia de plano a suave ondulado, o potencial
sobre os relevos de colinas dissecadas e morros baixos e de erosão hídrica e de movimentos naturais de massa é
chapadas e platôs; Latossolos Vermelhos representam considerado baixo.Tais áreas são favoráveis à pedogênese,
18,2% em área, com predomínio sobre os relevos de com manto de alteração predominantemente profundo,
colinas dissecadas e morros baixos e chapadas e platôs; em que a porção superior se apresenta pouco suscetivel à
os demais tipos de solos representam menos de 9,8% em erosão. Em caso de construção de taludes de corte, estes
área (EMBRAPA, 2007). devem apresentar boa estabilidade geotécnica.

131
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

As unidades geológico-ambientais DSVMPa e DSVMPae a


compreendem arenitos médios a finos, de coerência vari-
ável (desde muito dura até branda), que formam espessos
e extensos pacotes com estratificação cruzada de grande
porte (Figura 4.66). As rochas apresentam relativa homo-
geneidade geomecânica e hidráulica, alta resistência ao
intemperismo físico-químico e alta resistência à compres-
são, com alto grau de diagênese e com boa capacidade
de suporte.
Nas unidades geológico-ambientais DSVMPasaf,
DSVMPsaa, DSVMPsaacv, DSVMPsaca e DSVMPsabc, há
predomínio de litologias com alta resistência ao cisalha-
mento e manto de alteração argiloso, com consistência
plástica e boa capacidade de compactação.

Limitações
b
As limitações do domínio frente a obras referem-se
a escavações e perfurações mais profundas, que podem
alcançar litologias das mais variadas e contrastantes carac-
terísticas geotécnicas (Figuras 4.66 a 4.73).
Em relevos mais acidentados, como nas formas de
relevo domínio montanhoso, escarpas serranas, degraus
estruturais e rebordos erosivos e vales encaixados, é eleva-
da a suscetibilidade à erosão e a movimentos de massa. São
áreas desaconselháveis para ocupação. Estruturas planares,
como planos de acamadamento das rochas, fraturas e
falhas, atuam como descontinuidades que potenciali-
zam rupturas nos taludes das encostas, especialmente,
quando apresentam inclinação coincidente com a do ter-
reno (Figura 4.74).

Figura 4.67 - Grande variação lateral das rochas sedimentares que


compõem a unidade DSVMPasaf: a) níveis arenosos mais espessos
(Balsa Nova, PR); b) níveis mais espessos de folhelhos e siltitos
(Lapa, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011).

Figura 4.66 - Rochas sedimentares arenosas, com destaque para Figura 4.68 - Rochas sedimentares areníticas da unidade DSVP2a,
as estratificações cruzadas, da unidade DSVMPae (São Jerônimo com estratificações plano-paralelas bem pronunciadas (Porto
da Serra, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011). Amazonas, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011).

132
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Figura 4.69 - Rochas sedimentares constituídas de siltitos e siltitos Figura 4.72 - Rochas sedimentares, com intercalações de espessos
arenosos da unidade DSVMPsaca (São Mateus do Sul, PR). pacotes de arenito com camadas menores de folhelhos (em
Fotografia: Deyna Pinho (2011). destaque), com resistências e descontinuidades diferentes, na
unidade DSVMPsaa (Cândido de Abreu, PR).Fotografia: Andrea
Fregolente Lazaretti (2011).

Figura 4.70 - Rochas sedimentares, com grande heterogeneidade


vertical na forma de estratos intercalados entre folhelhos, argilitos
e siltitos, da unidade DSVMPsaa (São Jerônimo da Serra, PR). Figura 4.73 - Rochas sedimentares, com intercalações de siltitos,
Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011). argilitos e folhelhos com muitas descontinuidades na forma de
estratos, laminações e fraturas verticais e desagregação em blocos,
na unidade DSVMPsaca (Imbituva, PR). Fotografia:
Andrea Fregolente Lazaretti (2011).

Tais diferenças litológicas constituem-se em descon-


tinuidades geomecânicas e hidrodinâmicas, o que facilita
a ocorrência de surgências de água e desestabilização nos
taludes de corte (Figura 4.74).
Os sedimentos de menor granulometria, síltico-
argilosos, são finamente laminados ou maciços, rijos, de
alta cerosidade. Quanto à escavabilidade, as rochas são
classificadas como brandas a médias. As rochas brandas,
segundo Redaelli e Cerello (1998), são razoavelmente duras,
fáceis de serem britadas e os fragmentos se separam ao
longo de diversas fissuras. A rocha alterada desagrega-se
em pastilhas, que são muito instáveis em taludes de corte e
bastante suscetíveis à erosão. É necessário tratamento para
Figura 4.71 - Rochas sedimentares, com heterogeneidade vertical
na forma de estratos intercalados entre folhelhos, argilitos e siltitos, fundações de grandes obras, envolvendo impermeabilização
da unidade DSVMPasaf (Lapa, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011). e aumento da resistência do maciço.

133
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Figura 4.74 - Deslizamento planar de solo, em talude de corte em Figura 4.75 - Desplacamento em rochas sedimentares
rodovia, expondo horizonte alterado de sedimentos da unidade constituídas de siltitos e argilitos da unidade DSVMPsaa
DSVMPasaf (Lapa, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011). (Tibagi, PR). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).

Os solos residuais são argilosos e se comportam como Nas unidades geológico-ambientais em que pre-
materiais brandos. São constituídos por partículas coesivas dominam rochas areníticas, o intemperismo forma solos
facilmente penetráveis por ferramentas e sem resistência à excessivamente arenosos, friáveis, permeáveis e erodíveis.
separação. Apresentam baixa consistência e baixa capaci- Em caso de aflorarem em taludes de corte, apresentarão
dade de suporte em posições topográficas que favorecem suscetibilidade à ocorrência de escorregamentos. Da mesma
a concentração de umidade. Apresentam permeabilidade forma, se estradas em áreas com esse tipo de solo não
baixa a muito baixa. forem pavimentadas, haverá restrições à trafegabilidade,
A unidade geológico-ambiental DSVMPa apresenta com formação intensa de poeira em períodos prolongados
relevo com variada amplitude, o que influencia no tipo de estiagem.
de escoamento superficial. Este poderá ser relativamente A unidade geológico-ambiental DSVMPae é formada
rápido e com alto potencial erosivo, acarretando problemas por arenitos que se alteram para solos friáveis à base de
em obras do tipo estradas e pontes em períodos de chuvas quartzo, com alta esfericidade dos grãos. Devido a tais
intensas. Tal característica do padrão de escoamento hídri- características mineralógicas, os solos dessas áreas estão
co em solo arenoso e de alta declividade deflagra intenso sujeitos ao fenômeno da liquefação (tipo areia movediça).
processo de erosão linear, que pode evoluir para o apare- As unidades geológico-ambientais DSVMPasaf,
cimento de voçorocas. DSVMPsaa, DSVMPsaacv, DSVMPsaca e DSVMPsabc
Na unidade geológico-ambiental DSVMPae, o relevo apresentam, em sua composição estratigráfica, camadas
suave do tipo colinas amplas e suaves mostra-se mais de argilitos maciços, de permeabilidade muito baixa, geral-
favorável à existência de áreas com profundos areiões, mente rijos e plásticos, com cerosidade elevada. Oferecem
onde estradas vicinais apresentam difícil trafegabilidade. dificuldades à escavação e/ou perfuração com sondas ro-
Os relevos escarpados dessa unidade apresentam quebras tativas quando estão úmidos. Ocorrem, também, camadas
abruptas de declives, paredões verticalizados, com expo- formadas por litologias microclásticas, folhelhos finamente
sição de rochas areníticas densamente fraturadas, com laminados, com evidências de que são portadores de ar-
possibilidade de desplacamentos e queda de blocos, além gilominerais expansivos; por isso, se expostos às variações
de frentes erosivas sujeitas a movimentos naturais de massa. dos estados úmido e seco, fendilham-se, desagregam-se
Nas unidades geológico-ambientais DSVMPa e DS- em pequenas “pastilhas” e se tornam altamente erodíveis
VMPae, há predomínio de sedimentos à base de quartzo, (Figura 4.76). Por apresentarem grande heterogeneidade
bastante abrasivos, que oferecem dificuldade à perfuração litológica na vertical, favorecem, em taludes de corte,
com sondas rotativas (as brocas desgastam-se rapidamen- processos de erosão diferenciada, quedas de blocos e
te), com baixa resistência ao cisalhamento e portadores de ocorrências de surgência de água.
muitas fraturas abertas, tornando mais percolativas essas Nas unidades geológico-ambientais DSVMPsaa, DS-
litologias. O padrão de fraturamento dessas litologias fa- VMPsaacv, DSVMPsaca e DSVMPsabc, o relevo mostra certa
cilita a queda de blocos e de placas rochosas em taludes irregularidade na amplitude, o que reflete no padrão de
de corte ou em paredões verticais existentes em áreas de escoamento superficial, tornando-o relativamente rápido e
relevo mais acidentado (Figura 4.75). com alto potencial erosivo em períodos de chuvas intensas.

134
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

a Devido ao baixo grau de declividade das áreas planas,


a reduzida densidade de canais de drenagem reflete no
potencial de erosão hídrica, que é reduzido.
O uso agrícola de áreas com a presença dessas
unidades em características de relevos menos planos ou
mais ondulados depende das técnicas de manejo do solo,
onde os sistemas de cultivo em curvas de níveis ou por
terraceamento são utilizados como formas de evitar e/ou
controlar a ocorrência de processos erosivos, assim como
para manter a umidade.
As unidades geológico-ambientais DSVMPasaf e
DSVMPsaa têm, predominantemente, em sua composição,
arenitos com alta participação de argila e matriz carbonática.
Solos residuais originados da alteração desses arenitos apre-
senta características texturais e potencial de fertilidade para
uso agrícola intensivo e mecanizado (Figuras 4.77 e 4.78).
b Mesmo em regiões com relevo mais ondulado, ocorre
o uso agrícola intensivo com técnicas de manejo adequa-
das, como o sistema de cultivo por curvas de níveis, que
evita a erosão, retém a água, conserva o teor de umidade
do solo e reduz a lixiviação dos produtos utilizados para
desenvolvimento das plantas.
Nas unidades geológico-ambientais DSVMPsaacv,
DSVMPsaca e DSVMPsabc, há predomínio de litologias que
formam solos argilosos com alta porosidade e boa capaci-
dade hídrica. Pela composição química, podem reter e fixar
nutrientes, assimilar melhor a matéria orgânica e apresentar
melhores resultados frente à adubação (Figura 4.77).
As rochas calcárias presentes nas unidades geológico-
ambientais DSVMPsaca e DSVMPsabc alteram-se para solos
básicos de boa fertilidade natural, ricos em cálcio e mag-
nésio e com alta reatividade química; frente à adubação,
mostram aumento na produtividade agrícola nas áreas
Figura 4.76- Erosão iniciada pela remoção da vegetação
juntamente com o horizonte inicial de solo expondo o horizonte
onde há predomínio dessas unidades (Figuras 4.77 e 4.78).
de rocha alterada das unidades DSVMPsaa e DSVMPsaca, As unidades geológico-ambientais DSVMPa e DSVM-
dos municípios paranaenses de Tibagi (a) e Imbituva (b), Pae são formadas, basicamente, por arenitos de origens
respectivamente. Fotografia: Deyna Pinho (2011). fluvial e eólica, enquanto a unidade geológico-ambiental
DSVMPasaf é constituída por arenitos com intercalações
Na área de ocorrência dessas unidades, os canais de de siltitos, argilitos e folhelhos. Ao sofrerem intemperismo,
drenagem apresentam densidade variando de moderada geram solos residuais predominantemente arenoquart-
a alta e a profundidade do manto de alteração mostra-se zosos e areno-síltico-argilosos, potencialmente erodíveis,
irregular, devido à variação de litologias, mas com predo- sujeitos à formação de sulcos, ravinas e voçorocas. A erosão
minância de camadas síltico-argilosas. hídrica tem sua origem no manejo incorreto do solo, com
As unidades geológico-ambientais DSVMPsaca e exposição de grandes áreas com declive acentuado e sem
DSVMPsabc são formadas por argilitos, siltitos, arenitos, cobertura vegetal. A ação das águas superficiais, conse-
folhelhos e camadas de calcário, que podem sofrer dissolu- quentemente, forma ravinas, sulcos e voçorocas. Por serem
ção por ação das águas, que leva à formação de cavidades mais arenosos, os solos dessas unidades têm reduzida
de tamanhos diversos. fertilidade natural e são excessivamente permeáveis, sendo
classificados como de muito baixa capacidade hídrica, pois
Agricultura quase não retêm água e ainda a perdem rapidamente.
Devido à composição mais quartzosa, são classificados
Adequabilidades ou potencialidades como solos ácidos, de baixa capacidade de reter e fixar
elementos e de assimilar matéria orgânica, o que resulta em
Nas unidades geológico-ambientais DSVMPa e DSVM- baixa produtividade agrícola, mesmo recebendo adubação
Pae, e quando estas ocorrem nos relevos mais planos, nessa intensa. São solos inadequados para práticas agrícolas de
situação mostram-se favoráveis à pedogênese, havendo ciclo curto, as quais exigem mecanização frequente, e para
predomínio de solos profundos com baixa pedregosidade. cultivo de plantas de raízes curtas.

135
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

a b

Figura 4.77 - Dois perfis de solos residuais típicos do domínio DSVMP: a) argissolo sobre rochas sedimentares da unidade
DSVMPsaca (Rebouças, PR); b) latossolo bruno sobre rochas sedimentares da unidade DSVMPsaa (Tibagi, PR).
Fotografias: Deyna Pinho (2011).

a b

c d

Figura 4.78 - Relevo de colinas amplas e suaves, localmente mais dissecadas, propício a extensas monoculturas com uso
de mecanização e criação de gado, sobre as unidades DSVMPsabc, DSVMPsaca, DSVMPsaca e DSVMPsaa, nos municípios
paranaenses de Ivaí (a), Sapopema (b), Rebouças (c) e Tibagi (d), respectivamente. Fotografias: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).

136
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Esses solos mostram pouca disponibilidade hídrica


superficial para irrigação, quando ocorrem em áreas ou
regiões mais externas das bacias hidrográficas, ou seja,
longe dos canais principais de escoamento hídrico de cada
bacia. Os solos são rasos a pouco profundos e podem
apresentar pedregosidade, rochosidade e afloramentos
rochosos, especialmente nos relevos mais acidentados, o
que dificulta a mecanização agrícola ou o desenvolvimento
de atividade agrícola mais intensiva (Figura 4.79).
Na unidade geológico-ambiental DSVMPa, devido à
variação dos relevos, a pedogênese se desenvolve de forma
bastante diferenciada, refletindo na espessura dos solos,
que se mostra bastante variável, com potencial de erosão
hídrica linear variando de moderado a alto e com forte
potencial para formação de voçorocas.
Na unidade geológico-ambiental DSVMPae, nas regi-
Figura 4.80 - Erosão em solo oriundo de rochas sedimentares,
ões onde o relevo é plano, o solo favorece os processos de de composição mais siltosa, da unidade DSVMPsaca (Ivaí, PR).
lixiviação. Em caso de haver pouca ou nenhuma cobertura Fotografia: Deyna Pinho (2011).
vegetal, associado a períodos de secas acompanhados de
ventos, há risco de início de processos de arenização. Em a
áreas com ocorrência de supressão vegetal para abertura
de campos para pastagens, associado a intenso pisoteio do
gado, pode haver compactação das camadas superiores do
solo, com os caminhos preferenciais formados tornando-se
pontos de ativação do início de processos de erosão, com
geração de sulcos e ravinas que poderão evoluir para vo-
çorocas (Figuras 4.80 e 4.81).
Nas unidades geológico-ambientais DSVMPsaacv,
DSVMPsaca e DSVMPsabc, predominam sedimentos síltico-
argilosos; o padrão de relevo varia de colinas amplas a
degraus estruturais, o que influencia na pedogênese dife-
renciada e na espessura dos solos, que apresenta grande
variação. Nessas áreas, há maior possibilidade de que os
horizontes B e C ocorram a profundidades rasas e o poten-
cial de erosão hídrica tenha variação de moderado a alto.
b

Figura 4.81 - Processos erosivos induzidos em rochas


sedimentares do domínio DSVMP, iniciados pelo pisoteio de gado
Figura 4.79 - Solo pouco espesso, arenoso e com ocorrência sobre solos oriundos da unidade DSVMPsaca nos municípios
de muitos lajedos e blocos de rocha, na unidade DSVMPa (Porto paranaenses de Sapopema (a) e Cândido de Abreu (b)
Amazonas, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011). Fotografias: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).

137
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Nas regiões em que predominam litologias síltico- A unidade DSVMPae representa parte do Aquífero Gua-
argilosas intercaladas com folhelhos, os processos pedo- rani, importante reservatório de água subterrânea que se es-
genéticos formarão solos com composição francamente tende pelos territórios do Brasil, Paraguai, Uruguai e Uruguai.
argilosa. Em caso de uso contínuo de máquinas agrícolas No estado do Paraná, o Aquifero Guarani ocorre aflorante
e/ou pisoteio intensivo de gado sobre solos síltico-argilosos, na superfície por 2018,57 km2 (1% do território estadual),
ocorrerá aumento no grau de compactação e impermea- mas se estende de forma confinada por 129281,43 km2
bilização da camada superior do solo, o que favorecerá o (66% do território estadual), com espessuras variando de
início de processos erosivos. 50 a 800 m e vazão média de 100 m3/h, podendo alcançar
1.000 m3/h (AGUASPARANÁ). Esse mesmo potencial como
Recursos hídricos subterrâneos aquífero está disponível nas unidades geológico-ambientais
e fontes poluidoras onde há predomínio de sedimentos arenosos, como, por
exemplo, as camadas mais arenosas presentes nas unidades
Adequabilidades ou potencialidades DSVMPasaf e DSVMPsaa.
Nas unidades geológico-ambientais DSVMPasaf, DS-
Na unidade geológico-ambiental DSVMPae, há predo- VMPsaa, DSVMPsaacv, DSVMPsaca e DSVMPsabc, ocorrem
mínio de arenitos à base de quartzo com alta esfericidade intercalações de camadas litológicas, como siltitos, argilitos
e boa seleção granulométrica. São rochas geralmente e folhelhos, que apresentam características hidrodinâmicas
portadoras de muitas fraturas abertas e de direções varia- muito contrastantes. Tais diferenças favorecem a existência
das, caracterizando a unidade como um aquífero de alto de bons aquíferos subterrâneos do tipo semiconfinado.
potencial armazenador e circulador de água e com boa As camadas de calcário que ocorrem nas unidades
homogeneidade hidrodinâmica lateral e vertical. Nessa geológico-ambientais DSVMPsaca e DSVMPsabc podem
unidade, há áreas com predomínio de relevo plano com conter descontinuidades e cavidades de dissolução (poro-
ocorrência de extensos areões inconsolidados e de perme- sidade cárstica). Os aquíferos existentes nessas unidades
abilidade elevada, sendo locais onde os lençóis de águas têm bom potencial de armazenamento e alta transmissi-
subterrâneas são abundantemente recarregados. vidade de água (Figura 4.82).

a b

c d

Figura 4.82 - Área de nascente sobre unidade DSVMPsaca em Curiúva (PR): a) potencial fonte de contaminação do aquífero por
necrochorume oriundo de cemitério; b) proximidade da ocupação urbana com a área de nascente; c) capitação da surgência de água
subterrânea; d) surgência de água subterrânea. Fotografias: Deyna Pinho (2011).

138
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Em relevos mais suaves, as unidades DSVMPa (For- O relevo mais suavizado, nessas regiões, reflete no
mação Furnas), DSVMPsaacv (Formação Rio Bonito) e sistema de drenagem principal lentidão de escoamento
DSVMPasaf (Grupo Itararé) são as que apresentam me- das águas, ocasionando baixa oxigenação e reduzida
lhor comportamento como aquífero, sendo as principais capacidade de depurar poluentes químicos ou orgânicos.
representantes do Aquífero Paleozoico. Nesse aquífero, as Quando o relevo se mostra mais modificado, por
maiores vazões registradas na extração de água subterrânea exemplo, em áreas de escarpas serranas, há baixa recarga
estão associadas às rochas das unidades DSVMPa (Forma- das águas subterrâneas.
ção Furnas) e DSVMPsaacv (Formação Rio Bonito) alcan- Nos locais onde ocorrem degraus estruturais e re-
çando vazões máximas de 18 e 23 m3/h, respectivamente. bordos erosivos, há exposição de arenitos fraturados que
são altamente percolativos, constituindo-se em áreas de
Limitações descarga do Aquífero Guarani e locais portadores de inú-
meras nascentes de água.
As unidades geológico-ambientais com grande quan- Nas unidades geológico-ambientais DSVMPsaca e
tidade de sedimentos síltico-argilosos (DSVMPasaf, SVMP- DSVMPsabc, ocorrem terrenos naturalmente pouco per-
saa, DSVMPsaacv, DSVMPcgf, DSVMPsaca e DSVMPsabc) meáveis, com escoamento superficial rápido. Nas áreas
compreendem terrenos com pequeno potencial hidro- de relevo mais acidentado e com alta densidade de canais
geológico, devido aos baixos valores de permeabilidade, de drenagem, a maior parte das águas das chuvas escoa
aliado ao fato de, frequentemente, ocorrerem em relevo com grande velocidade, formando enxurradas com forte
mais acidentado. potencial erosivo. As mudanças climáticas, associadas a
Nas unidades geológico-ambientais DSVMPa, DSVMPae, processos antropogênicos de uso e ocupação do solo,
DSVMPaef e DSVMPasaf, há predomínio de litologias for- influenciam na vazão e, consequentemente, no nível dos
madas por sedimentos arenoquartzosos, que têm como cursos d’água existentes nessas regiões.
características marcantes alta porosidade e permeabilidade.
Tais litologias geram solos excessivamente permeáveis e Recursos minerais
com baixa capacidade de reter e eliminar poluentes.
As rochas areníticas, como as da Formação Botucatu, Adequabilidades ou potencialidades e Limitações
têm padrão de fraturamento mais intenso, onde poluen-
tes, como defensivos agrícolas, podem atingir os lençóis O potencial mineral desse domínio para exploração
de águas subterrâneas rapidamente, o que demonstra a de substâncias de uso na indústria da construção civil é
alta vulnerabilidade a fontes contaminantes pontuais e grande, ocorrendo várias unidades com jazidas de argila,
difusas de aquíferos intensamente fraturados, fazendo areia e calcário.
com que toda a região aflorante da unidade DSVMPae seja Nas unidades onde predominam arenitos, como, por
considerada área de altíssima vulnerabilidade ambiental exemplo, as unidades DSVMPa e DSVMPae, além da grande
em relação ao Aquifero Guarani. Podem ocorrer, nessa ocorrência de areia na região de Jundiaí do Sul a Tomazim,
unidade, áreas em que os arenitos apresentam porosidade há ocorrências de rochas silicificadas e homogêneas, com
e permeabilidade baixa, devido ao alto grau de diagênese grande variação de tonalidades, apresentando potenciali-
por processos de silicificação, o que reduz o espaço entre dade para exploração de pedra para revestimento de uso
os grãos de quartzo e o potencial hidrogeológico de ar- na indústria da construção civil.
mazenar e conduzir as águas subterrâneas. As rochas tipo varvitos, da unidade DSVMPasaf (Grupo
Nas unidades geológico-ambientais DSVMPa, Itararé), mostram potencial para aproveitamento mineral
DSVMPsaa, DSVMPsaacv, DSVMPsaca e DSVMPsabc, para extração de lajes de uso como revestimento, assim
ocorrem áreas onde predominam relevos acidentados. como os arenitos desse mesmo grupo mostram potencial
Nos períodos de alta pluviosidade, o escoamento superficial para reservatórios de gás.
é relativamente rápido até os canais de drenagem, podendo Há ambiência geológica favorável à prospecção de car-
ocasionar fortes enxurradas que causarão danos junto às vão e turfa na unidade geológico-ambiental DSVMPsaacv,
margens de canais, córregos e riachos. formando os distritos minerais de Ponta Grossa, Teixeira
Na unidade DSVMPsaacv, mais especificamente rela- Soares e Gravataí-Glorinha.
cionado à presença de camadas de carvão, a água subter- As formações sedimentares Ponta Grossa e Rio
rânea, localmente, pode apresentar sulfato em quantidade do Rasto (DSVMPsaa), Teresina, Serra Alta e Palermo
elevada, inviabilizando seu consumo ou potabilidade. (DSVMPsaca) têm como predominância camadas de ar-
Na unidade geológico-ambiental DSVMPae, o relevo gila com alto potencial para uso na indústria cerâmica,
mais plano representa uma condição topográfica desfavo- localizando-se nessas regiões o Polo Cerâmico de Ortigueira
rável a que aflore o lençol freático. Além disso, não existem, e Prudentópolis, com destaque também para Cândido de
ou são poucos, os cursos d’água, como riachos ou córregos. Abreu (Figura 4.83).

139
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Há locais relacionados ao Grupo Itararé (DSVMPasaf)


que também se destacam, como o Parque Estadual de Vila
Velha, em Ponta Grossa, devido a seu relevo ruiniforme
(Figura 4.90), e o Parque Estadual do Monge, famoso
pela Gruta do Monge, dentre outros atrativos geoturísti-
cos (Quadro 4.12).
A serra do Cadeado representa importante geossítio.
Localizada entre os municípios de Mauá da Serra e Ortiguei-
ra, ao longo da serra é possível encontrar afloramentos e
contatos geológicos entre as formações Rio do Rasto (DS-
VMPsaa) e Botucatu (DSVMPae) e Grupo Serra Geral (DVMb).
Juntamente com o conteúdo fossilífero, representa impor-
tante local para se construir um retrato paleoambiental do
final do Paleozoico e estabelecer correlações bioestratigrá-
ficas da Bacia do Paraná com alguns depósitos permianos
em nível mundial (LANGER; ELTINK; BITTENCOURT, 2008).
Nessas áreas montanhosas, existem setores de des-
Figura 4.83 - Extração de argila da unidade DSVMPsaa para carga de águas subterrâneas e nascentes que devem ser
uso na indústria cerâmica (Cândido de Abreu, PR). preservados, pois abastecem os principais rios, riachos e
Fotografia: Deyna Pinho (2011). córregos da região.
Os relevos mais acidentados apresentam processo de
Há, também, potencial mineral para exploração de morfogênese atuante e em franco e acelerado processo de
calcário dolomítico de uso na indústria cimenteira e como erosão natural, que geram depósitos de tálus e colúvios
corretivo de solo. Outro potencial é a extração de água nas baixas vertentes.
mineral, como exemplo, formando o Distrito Mineral de São regiões naturalmente suscetíveis à erosão, à are-
Ponta Grossa, sobre as unidades DSVMPa e DSVMPasaf. nização e com alta incidência de voçorocas. São conside-
A ocorrência de folhelhos betuminosos na unidade radas áreas-fontes naturais que geram grandes cargas de
geológico-ambiental DSVMPsabc mostra o potencial dessas sedimentos do tamanho areia, que assoreiam os principais
rochas para geração de óleo e gás. Nesse tipo de rocha se- cursos d’água, devido à intensidade de atuação da erosão
dimentar, ocorre extração de hidrocarbonetos pela Unidade hídrica laminar.
de Negócios de Industrialização de Xisto (SIX) da Petrobras O Parque Estadual da Mina Velha merece destaque
localizada em São Mateus do Sul (Figuras 4.84 e 4.85). por estar localizado em uma antiga área de mineração de
carvão sobre rochas da unidade DSVMPsaacv, no município
Aspectos ambientais e potencial turístico de Ibaiti. Como forma de preservar a história e dar solução
para o impacto ambiental das antigas extrações de carvão,
Adequabilidades ou potencialidades e Limitações a área foi transformada em parque estadual, abrangen-
do cachoeiras que proporcionam pontos para a prática
Nas unidades geológico-ambientais DSVMPa e DS- de natação, além de diversas trilhas e relevo ruiniforme.
VMPae, a configuração litoestrutural, associada a relevos
movimentados, favorece a existência de áreas com grande
beleza natural. Registram-se rios escoando sobre o substrato
arenítico, formando corredeiras (Figura 4.86) e cachoeiras,
como locais com piscinas naturais (Figuras 4.87 e 4.88).
Nessas rochas areníticas, a ação erosiva das águas superfi-
ciais e subsuperficiais poderá levar à formação de cavidades
subterrâneas, cavernas, dolinas e furnas.
Nas formações Botucatu (DSVMPae) e Furnas (DSVMPa),
ocorrem locais com relevo dissecado e acidentado que
formam ecossistemas com vegetação e microclima espe-
cíficos, como morros-testemunhos ou escarpas areníticas,
utilizados pela avifauna local como abrigo, descanso,
nidificação e alimentação. Nesse contexto, destacam-se:
Cachoeira Santa Bárbara, no rio São Jorge (Figura 4.88);
Parque Estadual do Guartelá, que abriga o Cânion do
Guartelá e pinturas rupestres; furna Buraco do Padre (Figura
4.88); Estrias Glaciais de Witmarsum (Figura 4.89), dentre Figura 4.84 - Folhelhos pirobetuminosos da unidade DSVMPsabc
outros atrativos geoturísticos. (Rebouças, PR). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).

140
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Figura 4.86 - Rio Iapó, sobre a unidade DSVMPa: presença


de muitas corredeiras e potencial para a prática de rafiting
e canoagem (Tibagi, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011).

Figura 4.85 - Extração de petróleo em folhelhos pirobetuminosos


da unidade DSVMPsabc: a) detalhe para a frente de lavra; b)
movimentação de maquinário e muito betume no chão; c) chaminés Figura 4.87 - Cachoeira de Santa Bárbara, no rio São Jorge, sobre
para exaustão de metano; d) detalhe de metano queimando (São arenitos da unidade DSVMPa (Ponta Grossa, PR). Fotografia:
Mateus do Sul, PR). Fotografias: Andrea Fregolente Lazaretti (2011). Mario Sergio de Melo (2007).

141
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Figura 4.90 - Relevo ruiniforme de rochas areníticas da unidade


DSVMPasaf. Parque Estadual de Vila Velha (Ponta Grossa, PR).
Fotografia: Imagick (2014).

Já na unidade geológico-ambiental DSVMPae (Formação


Botucatu), há registros de répteis; no Grupo Itararé (DSVM-
Pasaf), há registros de fauna marinha, como braquiópodes,
pelecípodes, gastrópodes e peixes; na Formação Ponta
Grossa (DSVMPsaa), ocorrem registros de trilobitas, bra-
quiópodes, moluscos, equinodermos, anelídeos, cnidários,
Figura 4.88 - Furna do Buraco do Padre, em arenitos da unidade
DSVMPa (Ponta Grossa, PR). Fotografia: Prefeitura Municipal
dentre outros seres de fauna marinha; na Formação Rio do
de Ponta Grossa. Rasto (DSVMPsaa), observam-se registros de peixes ósseos
primitivos, moluscos, plantas, tubarões, anfíbios e antigos
répteis, sendo a formação geológica mais rica em conteú-
do fossilífero da Bacia do Paraná; na Formação Rio Bonito
(DSVMPsaacv), foram registrados fósseis de braquiópodes,
pelecípodes e vegetais; na formação Teresina (DSVMPsaca),
são comuns os fósseis vegetais, ocorrendo também
fósseis de pelecípodes ou moluscos; na Formação Serra
Alta (DSVMPsaca), são comuns fósseis de pelecípodes,
peixes e crustáceos; na Formação Palermo (DSVMPsaca),
há registros de troncos fósseis silicificados e abundância
de palinomorfos; na Formação Irati (DSVMPsabc), foram
achados os primeiros fósseis de mesossauros, também
encontrados no continente africano, uma das evidências
da Teoria da Deriva Continental (SEDOR, 2014).
Não foram encontradas limitações quanto ao uso para
potencial geoturístico.

Figura 4.89 - Estrias glaciais de Witmarsum sobre rochas da DOMÍNIO DO VULCANISMO FISSURAL
unidade DSVMPa (Colônia Witmarsum, Palmeira, PR). DO TIPO PLATÔ (DVM)
Fotografia: Deyna Pinho (2011).

Elementos de Definição e
O parque exibe, ainda, uma antiga chaminé e antigos túneis Área de Ocorrência
de extração de carvão (GUIA DAS ARTES, 2015).
O domínio DSVMP contém o mais rico registro O domínio DVM compreende sequências de rochas
fossilífero da Bacia do Paraná. Segundo Mineropar (2001), vulcânicas associadas geradas no Mesozoico, mais espe-
há ocorrência de icnofósseis (com vestígios de atividade cificamente, durante o Cretáceo, que foram extravasadas
biológica de organismos do passado, como pegadas, durante um dos maiores eventos de vulcanismo já registra-
rastros, tubos, coprólitos) e de restos vegetais na uni- dos na história geológica da Terra, cobrindo os sedimentos
dade geológico-ambiental DSVMPa (Formação Furnas). da Bacia do Paraná.

142
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Quadro 4.12 - Unidades geológico-ambientais do domínio DSVMP, no estado do Paraná, e respectivos potenciais geoturísticos.

Características de
Código do Domínio Código da Unidade Atrativo Geoturístico, Geossítios, Quilombolas,
Interesse Intrínsecas
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental Comunidades Indígenas, Áreas de Conservação
à Geodiversidade

Estrias Glaciais de Witmarsum; APA da Escarpa


Devoniana (Parque Estadual do Monge; Parque Nacional
dos Campos Gerais; Parque Estadual do Guartelá; Parque
Estadual Vale do Codó ou Cânion do Rio Jaguariaíva; Científico;
Cânion do Guartelá; Lagoa Dourada; Icnofósseis paleontológico;
Devonianos de São Luiz do Purunã; Estratotipo da geomorfológico;
DSVMPa
Formação Iapó; Buraco do Padre; Mirante do Rio Tibagi; beleza paisagística;
Contato Geológico entre as formações Furnas e Ponta exuberante fauna
Grossa; Geossítio Jaguariaíva; Cachoeiras: do Alemão, do e flora.
Escorregão, dos Namorados, do Bugre, da Fumaça, Santa
Bárbara, do Panelão, da Ponte de Pedra, do Lajeado
Grande, do Corisco e do Navio).
Serra do Cadeado; Morro do Gavião; Saltos:
Científico;
São Francisco e do Ariranha; Cachoeiras: Natureza,
DSVMPae geomorfológico;
Chicão I, II e III, do Tamandaré e do Pilão; Terra Indígena
beleza paisagística.
de São Jerônimo.
APA da Escarpa Devoniana; Reserva Florestal
Segundo Planalto; Parque Estadual Samuel Klabin; Científico;
Parque Estadual de Vila Velha; Estrias Glaciais de geomorfológico;
DSVMPasaf Witmarsum; Geossítio Mafra-Rio Negro; Cachoeiras: beleza paisagística;
DSVMP da Gruta, do Aristeu e do rio Tibagi; Saltos: Puxa Nervos, exuberante fauna
Santa Rosa, da Conceição e das Antas; Quilombola e flora.
Rio Negrinho.

Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) da Serra do


Tigre; Parque Estadual do Cerrado; Fósseis Devonianos Científico;
em Tibagi; Contato Geológico entre a Formação Furnas geomorfológico;
e a Formação Ponta Grossa; Serra do Cadeado; Morro paleontológico;
DSVMPsaa
do Chapéu; Morro do Jacaré; Serra da Pedra Branca; beleza paisagística;
Pedra do Marumbi; Morro dos Porongos; Pico do Portal; exuberante fauna
Morro do Meio; Serra Chata; Saltos Santa Rosa e da e flora.
Conquista; Cachoeira do Tigre; Terra Indígena de Faxinal.

Histórico-científico;
Floresta Nacional de Iratí; Parque Estadual
DSVMPsaacv exuberante fauna
da Mina Velha.
e flora.
RESEC Fernando Ribeiro; Saltos Nova Boa Vista, do Tony,
Exuberante fauna e
Barão do Rio Branco, Manduri e São João; Cachoeira
DSVMPsaca flora; beleza paisagística;
Véu da Noiva; Terras Indígenas de Tibagy/Mococa,
geomorfológico.
Queimadas e Pinhalzinho; Pico Agudo.
Beleza paisagística;
DSVMPsabc Salto Dito Gardiano.
geomorfológico.

Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

O domínio DVM está representado por três unidades Características das Unidades
geológico-ambientais: Geológico-Ambientais
• Predomínio de rochas básicas extrusivas;
• Predomínio de rochas básicas intrusivas e; As unidades geológico-ambientais que compõem
• Predomínio de rochas ácidas. o domínio DVM são constituídas por rochas vulcânicas
As áreas de ocorrência localizam-se sobre a Bacia do intrusivas e extrusivas variadas dos tipos basaltos, latitos,
Paraná e são constituintes principais no substrato sob os dacitos, andesitos, riodacitos, riolitos, quartzo-latitos, bre-
municípios de Campo Mourão, Cascavel, Cornélio Procópio, chas magmáticas, diabásio e gabro. Localmente, podem
Francisco Beltrão, Foz do Iguaçu, Guarapuava, Londrina e ocorrer arenitos intertraps da Formação Botucatu. Já as
Maringá. Ocorrem totalizando uma área de 101.466,44 km2, unidades DVMb e DVMgd são dominantemente formadas
significando 51,77% do território paranaense, sendo o por basaltos e basalto-andesitos de filiação toleítica. Subor-
primeiro domínio em área de abrangência desse estado dinadamente, a unidade DVMrrd é composta por riolitos e
(Quadro 4.13; Figura 4.91). riodacitos de filiação toleítico-transicional.

143
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Quadro 4.13 - Unidades geológico-ambientais do domínio DVM, no estado do Paraná, e respectivos padrões de relevo, área e representatividade.

Representação
Código da Unidade Unidade Área
Padrões de Relevo no Território
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental (km2)
Paranaense (%)

R1a – Planícies fluviais ou fluviolacustres;


R2b3 – Planaltos;
R2c – Chapadas e platôs;
R3b – Inselbergs e outros relevos residuais;
Predomínio de rochas R4a1 – Domínio de colinas amplas e suaves;
DVMb 94.414,15 48,17
básicas extrusivas R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros baixos;
R4b – Domínio de morros e de serras baixas;
R4d – Escarpas serranas;
R4e – Degraus estruturais e rebordos erosivos;
R4f – Vales encaixados.
R2c – Chapadas e platôs;
R4a1 – Colinas amplas e suaves;
R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros
Predomínio de rochas
DVMgd baixos; R4b – Domínio de morros e de serras baixas; 77,41 0,04
básicas intrusivas
R4c – Domínio montanhoso;
R4e – Degraus estruturais e rebordos erosivos;
R4f – Vales encaixados.
R2b3 – Planaltos;
R2c – Chapadas e platôs;
R4a1 – Colinas amplas e suaves;
Predomínio de
DVMrrd R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros 6.974,88 3,56
rochas ácidas
baixos; R4b – Domínio de morros e de serras baixas;
R4d – Escarpas serranas;
R4f – Vales encaixados.
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Figura 4.91 - Representação das unidades geológico-ambientais do estado do Paraná dentro do vulcanismo fissural do tipo
platô (DVM). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

144
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Predomínio de rochas básicas extrusivas (DVMb) Honório Serpa, Mangueirinha, Manoel Ribas, Nova San-
ta Bárbara, Novo Itacolomi, Pinhão, Pitanga e Reserva
Essa unidade ocorre próximo a diversas áreas urbanas do Iguaçu. Corresponde à associação de rochas ácidas
de municípios nas mesorregiões Oeste Paranaense, Norte extrusivas das formações Chapecó e Caxias, mais especi-
Central Paranaense, Norte Pioneiro Paranaense e Centro-Sul ficamente, dacitos, riodacitos, quartzo-latitos, riolitos e
Paranaense, dentre as quais se destacam: Andirá, Apu- brechas magmáticas.
carana, Arapongas, Assis Chateaubriand, Bandeirantes, A Formação Serra Geral é constituída por uma su-
Barracão, Cambará, Cambé, Cambira, Campo Mourão, cessão de derrames (contendo também diques e sills)
Capanema, Catanduvas, Capitão Leônidas Marques, Cas- vulcânicos na forma predominante de basaltos e basaltos
cavel, Cornélio Procópio, Coronel Vivida, Dois Vizinhos, andesíticos, os quais possuem muitas variações estru-
Francisco Beltrão, Foz do Iguaçu, Guaíra, Ibiporã, Ivaiporã, turais, texturais e composicionais, como, por exemplo,
Jandaia do Sul, Laranjeiras do Sul, Londrina, Mandaguari, padrão de vesiculação, estilo de juntas, disjunções e
Marechal Cândido Rondon, Marialva, Maringá, Medianeira, entablaturas, processos geradores de cavidades e mi-
Paiçandu, Palmas, Palotina, Pato Branco, Pitanga, Quedas nerais de preenchimento, formas e cores de alteração,
do Iguaçu, Rolândia, Santa Helena, Santa Terezinha do características petrográficas, estruturas interna e externa
Itaipu, Santo Antônio do Sudoeste, São Miguel do Iguaçu, dos derrames, relações estratigráficas, entre outros. Toda
Sarandi e Ubiratã, entre outras de menor representativida- essa diversidade faciológica se reflete nas característi-
de. Corresponde à associação de rochas vulcânicas básicas cas geológico-ambientais.
extrusivas da Formação Serra Geral, mais especificamente, Brito et al. (2006) caracterizaram faciologicamente
basaltos, andesitos, latitos, dacitos e, subordinadamente, as principais rochas vulcânicas da Formação Serra Geral,
arenitos intertraps da Formação Botucatu. conforme descrito a seguir.

Predomínio de rochas básicas intrusivas (DVMgd) Fácies Nova Laranjeiras

Essa unidade não ocorre de forma representativa Apresenta-se na forma de derrames, com a base
próximo a nenhuma área urbana, ocorrendo de forma irregular, marcados com intervalos de densa vesiculação
mais expressiva nas áreas municipais de Castro, Piraí do Sul, e contato com segregação de sílica; a porção central
Tibagi e Rio Branco do Sul. Corresponde à associação de contém muitas disjunções colunares decimétricas curvilí-
rochas vulcânicas intrusivas da Formação Serra Geral que neas na forma de leques e com dobras de fluxo; porção
ocorrem na forma de grandes diques, apresentando-se superior com juntas prismáticas e horizontais com muitas
como basaltos, diabásios e gabros. vesículas preenchidas por quartzo hialino, celadonita, cal-
cedônia zonada e, por vezes, ametista, inclusive na forma
Predomínio de rochas ácidas (DVMrrd) de geodos. Os basaltos, nesses derrames, são pretos, de
aspecto vítreo, de brilho resinoso e se alteram para fino
Essa unidade está presente nas proximidades das filme cinza-acastanhado a avermelhado, de aparência
áreas urbanas de Cruzmaltina, Faxinal, Guarapuava, metálica (Figura 4.92).

a b

Figura 4.92 - a) aspecto da fácies Nova Laranjeiras; b) detalhe para as conjunções colunares na forma de leque;
c) nível vesiculado preenchido por quartzo e celadonita (Cantagalo, PR). Fonte: Brito et al. (2006).

145
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Fácies Capanema e porfirítico, mesocrático, cinza a cinza-escuro; quando


alterado, apresenta-se na cor vermelho-tijolo, com manchas
Apresenta-se na forma de superposição de campos de verdes pela presença de celadonita e clorita (Figura 4.95).
lava de fluxo simples, com a base vesiculada na forma de
pipe e com disjunção tabular irregular assimétrica; centro Fácies Campo Erê
maciço e com disjunções colunares grossas e irregulares;
topo com textura esponjosa e de intensa vesiculação pre- Apresenta-se na forma de derrames pahoehoe, com
enchida por zeólitas, carbonatos e celadonita, podendo ter estruturas de segregação e de vesículas na porção central
estruturas de corda, festões e escórias. Os basaltos, nesses do derrame. Presença de disjunção e esfoliação conchoi-
derrames, são afíricos a microfaneríticos, mesocráticos, de dal. Quando alterada, apresenta aspecto arenoso de cor
coloração cinza, cinza-esverdeado a marrom-avermelhados cinza-claro ou vermelho-amarelada, lembrando horizontes
quando alterados (Figura 4.93). sedimentares. Basaltos andesíticos fracamente porfiríticos,
normalmente faneríticos, médios a grossos, com níveis
vesículados preenchidos por quartzo e celadonita.
As rochas intrusivas básicas da Formação Serra Geral
apresentam-se na forma de diques e soleiras; os diques
geram afloramentos rochosos com blocos e matacões arre-
dondados nas cores cinza-escuro a negra, com superfície de
alteração amarelo-ocre (semelhante à Fácies Campos Novos).
A Formação Caxias é constituída de riolitos e rioda-
citos afíricos com disjunção horizontal e feições de fluxo
magmático bem pronunciadas, de cores cinza-escuro a
cinza-claro-esverdeado, com zona vesicular/amigdaloidal
bem desenvolvida nos topos dos derrames (FREITAS; CAYE;
MACHADO, 2002).
A Formação Chapecó (Figura 4.96) é constituída por
dacitos, riodacitos e traquitos porfiríticos, de colorações
cinza-escuro a cinza-esverdeado quando frescos, passando
a tonalidades castanho a castanho-avermelhadas quando
levemente alteradas, assentados sobre arenitos intertraps
e autobrechas (FREITAS; CAYE; MACHADO, 2002).

Formas de Relevo e Solos


Figura 4.93 - Fácies Capanema: aspecto das diáclases, disjunções
e fraturamentos em basaltos da unidade DVMb (Quedas do Na região das unidades DVM, predominam áreas em
Iguaçu, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011). que o relevo possui menores declividades (Figura 4.97),
devido, principalmente, à relação dos litotipos que se de-
Fácies Campos Novos positaram na forma de derrames tabulares, gerando relevos
de planaltos, chapadas e platôs, colinas amplas e suaves e
Apresenta-se na forma de derrames entre as fácies colinas dissecadas e morros baixos. Assim, a geomorfologia
Capanema e Cordilheira Alta. A porção central desses der- apresenta-se favorável a que os solos sejam do tipo in situ
rames possui disjunção colunar esparsa, formando blocos ou pouco transportados e com características extremamen-
regulares métricos a decamétricos de aspecto maciço. te homogêneas, à exceção dos solos das regiões escarpadas
Os basaltos são pretos, microfaneríticos a afaníticos, de ou rebordos erosivos.
aspecto microgranular fino e textura sacaroidal, com As diferenças faciológicas e composicionais das
vesículas preenchidas por opala preta. Uma característica rochas vulcânicas refletem no relevo desse domínio,
marcante dessa fácies é a presença de uma superfície de ocasionando condições geológico-ambientais exclusivas,
alteração na cor amarelo-ocre (Figura 4.94). mas não mapeáveis na escala estadual (BRITO et al., 2006),
sendo estas:
Fácies Cordilheira Alta • Fácies Capanema: sustenta relevo de vertentes
convexas, interflúvios largos e terraços suaves com
Apresenta-se na forma de derrames, com bases vesi- rede de drenagem dendrítica, boa integração e
culadas e porções centrais com colunas maciças, fraturas densidade média.
verticais curvilíneas e topo de textura esponjosa. É comum • Fácies Cordilheira Alta: sustenta relevo de vertentes
a presença de rochas sedimentares interderrames e brechas convexas, interflúvios largos e terraços suaves, onde
peperíticas. O basalto é afírico, fanerítico, médio a grosso se desenvolve ocupação agrícola extensiva.

146
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

a b

Figura 4.94 - Afloramento de derrames basálticos: a) aspecto da fácies Campos Novos; b) detalhe para as vesículas
preenchidas por opalas pretas; c) superfície de alteração cor amarelo-ocre (Salto do Lontra, PR). Fonte: Brito et al. (2006).

a b

Figura 4.95 - Aspecto da fácies Cordilheira Alta: a) detalhe para as disjunções colunares verticais curvilíneas;
b) presença de lavas em corda; c) rochas sedimentares interderrames (Santa Tereza do Oeste, PR).
Fonte: Brito et al. (2006).

• Fácies Campo Erê: sustenta extensos platôs e No domínio DVM, predominam Latossolos Verme-
mesetas suavemente onduladas, limitados por lhos, ocorrendo em 30,9% em área, predominantemente
escarpas côncavas e festonadas, contendo morros- sobre os relevos de colinas amplas e suaves e colinas
testemunhos piramidais com topo em patamar e dissecadas e morros baixos; Nitossolos Vermelhos repre-
drenagens com padrão dendrítico de baixa densi- sentam 26,3% em área, predominando nos relevos de
dade e pouco integradas; as intrusivas básicas são colinas amplas e suaves e colinas dissecadas e morros
reconhecidas pelo alinhamento de vales, quebras baixos; Neossolos Regolíticos representam 24,7% em área,
de relevo e, mais raramente, por suaves cris- ocorrendo em maior parte sobre os relevos de colinas
tas alinhadas. dissecadas e morros baixos e morros e serras baixas; os de-
• Formações Caxias e Chapecó: ocorrem em platôs, mais tipos de solos representam menos de 18,1% em área
mesas-testemunhos e morros residuais. (EMBRAPA, 2007).

147
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Limitações

Nas regiões em que ocorrem mudanças abruptas


entre diferentes derrames ou entre os derrames basálticos
e o arenito, há descontinuidades geomecânicas, sendo
essas características geradoras de potencial ocorrência de
desestabilizações e quedas de blocos nos taludes de corte.
Em áreas de relevo muito acidentado, há ocorrências de
rochas frescas que apresentam média a alta resistência
ao corte e à penetração por equipamentos mecânicos
e hidráulicos, como, por exemplo, retroescavadeiras,
obrigando o uso de explosivos para execução de obras
de escavação.
Na Formação Serra Geral, há ocorrências de derra-
mes vulcânicos intensamente vesiculados e com vesículas
interligadas. Tais porções podem apresentar grau de po-
rosidade mais elevado, sendo também mais permeáveis
e, por isso, com comportamento geomecânico bastante
heterogêneo. Como os basaltos e os diabásios são rochas
Figura 4.96 - Aspecto da formação Chapecó: detalhe para o
intenso faturamento e presença de disjunções colunares que alteram de forma bastante heterogênea e típica, ge-
(Palmas, PR). Fonte: Freitas; Caye; Machado (2002). ram blocos e matacões ao longo do perfil do solo, mesmo
sendo perfis profundos e evoluídos pedogeneticamente
Características, Adequabilidades e (Figuras 4.98 e 4.99).
Limitações Frente ao Uso e à Ocupação Esse padrão de alteração da rocha pode causar
problemas geotécnicos em escavações, terraplanagens
Obras de engenharia e taludes de corte. No caso de blocos ou matacões se
apresentarem expostos na superfície do terreno, há risco
Adequabilidades ou potencialidades de quedas (Figura 4.100) ou rolamentos se fundações ou
pilares se apoiarem parcialmente sobre tais fragmentos
As rochas basálticas são predominantemente maci- de rochas basálticas, que estão sujeitos a sofrer desesta-
ças, com boa homogeneidade mineral e textura fina. Tais bilização devido ao peso da estrutura civil ou à acomo-
características refletem na maior resistência à compressão daçãonatural do solo.
e em boa homogeneidade geomecânica e hidráulica la- Os basaltos e diabásios são rochas de moderada a
teral. São rochas que se alteram para solos com textura baixa resistência ao intemperismo físico-químico. No início
síltico-argilosa ou argilossiltosa, pouco permeáveis, plás- da alteração, tais rochas geram argilominerais expansivos,
ticas, com boa capacidade de compactação, de suporte formando solos residuais pouco evoluídos e colapsíveis,
e baixa resistência ao corte e à penetração. Nas regiões que, ao serem expostos às oscilações do grau de umidade,
onde os relevos variam de planos a suavemente ondulados tornam-se muito erodíveis, desestabilizando-se facilmente
e a declividade varia de 3° a 20°, o potencial de erosão (Figura 4.101). Nesse caso, esse tipo de solo não é ade-
hídrica e de movimentos naturais de massa é baixo. Nessas quado para utilização como material de empréstimo, por
áreas de relevos menos acidentados, há baixa ocorrência sua composição muito argilossiltosa.
de afloramentos ou restos de rochas na superfície do Quando exposto a excesso de umidade, torna-se
terreno, favorecendo a execução de escavações para im- muito aderente e escorregadio, o que dificulta o tráfego
plantação de infraestrutura urbana, como loteamentos e de caminhões, tratores e carros.
obras subterrâneas complementares. Nas áreas em que os relevos são montanhosos, as
Nas áreas em que o relevo é suavemente ondulado, frentes erodidas com porções escarpadas apresentam
há predomínio de processos de pedogênese, reduzindo maiores exposições de rochas fraturadas, ocorrendo em
o potencial de exploração de rochas, devido ao espesso encostas, declives e sopés grandes depósitos de talús e
manto de intemperismo que forma perfis de solos profun- de colúvios. Tais materiais são classificados como solos
dos, mas aumenta o potencial para exploração de argila naturalmente instáveis e de difícil contenção por obras de
para uso em aterros e olarias. engenharia (Figuras 4.100 a 4.104).
Quando da execução de obras dos tipos taludes, As diferentes fácies presentes nos basaltos da uni-
escavações e terraplanagens, esses solos apresentarão dade DVMb geram características geotécnicas e geo-
boa estabilidade geotécnica, devido à baixa suscetibili- mecânicas peculiares, devido às diferenças texturais e es-
dade à erosão. truturais dos derrames basálticos (Figuras 4.105 a 4.108).

148
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Figura 4.97 - Representação dos padrões de relevo do estado do Paraná dentro do vulcanismo fissural do tipo platô (DVM).
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Figura 4.98 - Basaltos da unidade DVMdb, com presença de Figura 4.99 - Basaltos da unidade DVMdb, que, devido ao alto grau
muitos blocos residuais no solo (Ivaí, PR). de fraturamento, geram muitos blocos de rocha no solo (Cândido de
Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011). Abreu, PR). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).

149
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Figura 4.102 - Moradias sobre encosta declivosa de relevo de


colinas dissecadas e morros baixos (unidade DVMb), utilizando-se
métodos não adequados de intervenção em encosta e gerando
área de risco a deslizamento de solo (General Carneiro, PR).
Fotografia: Deyna Pinho (2011).

Figura 4.100 - Desplacamento e queda de blocos em basaltos


da fácies Cordilheira Alta da unidade DVMb (Nova Tebas, PR).
Fotografia: Deyna Pinho (2011).

Figura 4.103 - Solo oriundo da unidade DVMb, em relevo de


morros altos e serras baixas; indícios de movimentação de terra
na forma de rastejo (Bituruna, PR). Fotografia: Andrea
Fregolente Lazaretti (2011).

Agricultura

Adequabilidades ou potencialidades

Os basaltos geram solos argilosos, bastante porosos


e com boa capacidade hídrica para fixar nutrientes e assi-
Figura 4.101 - Solos residuais sobre a unidade DVMb, altamente
erodíveis devido à retirada da cobertura vegetal; observam-se milar matéria orgânica, respondendo bem à aplicação de
sulcos erosivos sobre o terreno (Marechal Cândido Rondon, PR). fertilizantes e corretivos.
Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011). São rochas que se alteram liberando vários tipos de
nutrientes para o solo, principalmente os cátions Ca, Mg
Dependendo do padrão de fraturamento e disjunções colu- e Fe. Esses solos residuais, mesmo sendo pouco evoluídos,
nares em cada fácies, a presença de blocos residuais em solo têm alta fertilidade natural e são denominados Terras
será mais ou menos abundante. Assim, o dimensionamento Roxas. Tal expressão é creditada aos imigrantes italianos
das obras de contenção de talude deve ser adaptado, levan- dessa região, que assim se referiam a esse solo de cor
do-se em consideração as peculiaridades de todas as fácies. vermelha (Figura 4.109).

150
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Figura 4.104 - Deslizamento planar em corte de talude sobre


solo e basaltos da unidade DVMb (Nova Tebas, PR). Figura 4.107 - Aspecto da unidade DVMrrd, formação
Fotografia: Deyna Pinho (2011). Chapecó (Palmas, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011).

Figura 4.105 - Aspecto da unidade DVMb, fácies Campo Erê


(Nova Tebas, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011). Figura 4.108 - Aspecto da unidade DVMb, fácies Cordilheira
Alta (Corbélia, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011).

Figura 4.106 - Aspecto da unidade DVMb, fácies Nova Figura 4.109 - Nitossolo vermelho distrófico (terra roxa), um dos
Laranjeiras (Candói, PR). Fotografia: mais abundantes no domínio DVM (Mandaguari, PR). Fotografia:
Deyna Pinho (2011). Andrea Fregolente Lazaretti (2011).

151
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

As regiões em que predominam Latossolos e Nitos- Tais atividades alteram o estado físico do solo e poten-
solos, juntamente com os relevos de suaves ondulações, cializam o início da erosão hídrica laminar e linear, que se
propiciam o seu uso para extensas monoculturas (Figuras tornará mais intensa nas áreas com declividades acentuadas
4.110 e 4.111). Ressalta-se que também são encontrados (Figura 4.113), sendo necessária a utilização de métodos
solos coluviais, devido às diferenças de ondulação do de redução do escoamento superficial, como bacias de
relevo, identificados pelas linhas de seixos (Figura 4.112). retenção (Figura 4.114).
Esses solos, que sofreram transporte de lugares próximos, O fator climático chuva, responsável pela erosão na-
podem gerar variações na fertilidade do solo. tural, agirá com maior intensidade nas áreas com relevo
montanhoso que não tenham cobertura vegetal e onde a
Limitações forma de manejo do solo seja inadequada para o desen-
volvimento de atividades agrícolas e de pecuária.
As rochas basálticas geram solos argilosos, os quais
apresentam alto potencial de compactação e impermea-
bilização nas áreas em que a agricultura é manejada com
maquinários pesados ou em locais de pastagem submetidos
a pisoteio intenso do gado.

Figura 4.110 - Solo residual da unidade DVMb, em relevo de Figura 4.112 - Solo residual da unidade DVMb, com solo
colinas amplas e suaves, usado para extensas monoculturas de coluvionar representado pela linha de seixos (Céu Azul, PR).
trigo (Cascavel, PR). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011). Fotografia: Deyna Pinho (2011).

Figura 4.111 - Solo residual da unidade DVMb, em relevo de Figura 4.113 - Solos residuais sobre a unidade DVMb, que se
colinas amplas e suaves, usado para extensas monoculturas de tornam altamente erodíveis se retirada a cobertura vegetal,
trigo e cana-de-açúcar (Maringá, PR).Fotografia: Andrea expondo o horizonte mais rico em material síltico-argiloso
Fregolente Lazaretti (2011). (Medianeira, PR). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).

152
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Figura 4.114 - Bacia de retenção em solo da unidade DVMb, para Figura 4.115 - Arado manual como alternativa à mecanização
diminuição do escoamento superficial em meio ao cultivo agrícola na presença de blocos de rocha no solo residual sobre a unidade
(Foz do Iguaçu, PR). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011). DVMb (Missal, PR).Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).

Os basaltos e diabásios alteram-se liberando alumínio


para os solos residuais onde a pedogênese é avançada.
O excesso desse elemento, além de aumentar a acidez do
solo, é tóxico para culturas do tipo leguminosas, prejudi-
cando o seu desenvolvimento.
Nos relevos mais planos, há predomínio de solos inten-
samente lixiviados, que estão empobrecidos em nutrientes
naturais e enriquecidos em alumínio. São solos argilosos,
formados à base de caulinita, com baixa reatividade quími-
ca, devido à falta de elementos solúveis essenciais.
Para aumentar a produtividade natural, esses solos
devem ser corrigidos com calagem adequada.
Devido ao excesso de caulinita e argila mineral, esses
solos têm propriedades químicas para sorver metais pesa-
dos, como cádmio, zinco, chumbo e níquel, podendo ser
utilizados como revestimento na construção de aterros Figura 4.116 - Solo residual da unidade DVMb, com presença
sanitários industriais. de blocos de rocha na fácies Capanema (Missal, PR).
Em regiões onde o relevo é mais acidentado, há seve- Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
ras limitações à atividade agrícola, devido a inclinação das
vertentes ser superior a 30°. O potencial hidrogeológico é favorecido por intenso
Ocasionalmente, a presença de blocos de rocha resi- faturamento e diaclasamento dos basaltos, além de conter
duais no solo pode limitar a mecanização da agricultura, intercalações de arenitos. Nessas condições de intercalações
levando à necessidade de adaptarem os métodos de arado e de rochas basálticas com arenito, pode haver formação de
colheita (Figura 4.115). No caso da unidade DVMb, as fácies barreiras hidrogeológicas, com possibilidades de ocorrer o
que mais apresentam propensão a ter blocos residuais em fenômeno denominado artesianismo.
seus respectivos solos residuais são: Capanema, Campos É nessas rochas que estão os grandes depósitos de
Novos e Nova Laranjeiras (Figura 4.116). água, como o Aquífero Serra Geral, que ocupa 51% do
território paranaense, sendo responsável pela produção de
Recursos hídricos subterrâneos 60% de toda a água subterrânea utilizada pelo estado do
e fontes poluidoras Paraná. Destacam-se os polos de extração de água mineral
de Cascavel, Toledo, Londrina e Iretama.
Adequabilidades ou potencialidades Nas áreas em que há predomínio de litologias que
geram solos argilossiltosos, com perfis profundos, além
As rochas basálticas apresentam intenso fraturamento da alta capacidade de reter, fixar e eliminar poluentes, tais
e níveis vesiculares. Tais características geológicas definem o características pedogenéticas reduzem o risco de contami-
alto potencial armazenador e circulador de água subterrânea nação das águas subterrâneas.

153
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Na unidade onde o relevo apresenta grandes áreas pode variar de baixa, nos solos pouco evoluídos, a alta,
planas recobertas por solos bastante lixiviados e permeá- em solos bem evoluídos. Assim, o substrato é formado,
veis, estas são características favoráveis a que ocorra grande principalmente, por basaltos, que têm permeabilidade
recarga dos aquíferos. No caso de maior espessura dos ho- muito baixa, são pouco fraturados e geram solos pouco
rizontes B e C, maior será a depuração da água meteórica. permeáveis, formando terrenos com reduzido potencial
Nas regiões onde o relevo é movimentado, há favorabi- hidrogeológico e desfavoráveis à recarga dos aquíferos.
lidade a que o lençol freático aflore nos sopés das escarpas. Nas áreas onde os relevos contêm setores excessiva-
Nas montanhas, nas áreas de topos, pode haver nascentes mente planos, o escoamento superficial mostra-se precário,
de água (Figura 4.117). Devido a tais características hídricas, apresentando pontos de contenção de água durante os
a vegetação do topo dessas áreas deve ser preservada. períodos de maior pluviosidade.
Em relevos acidentados, o escoamento superficial
ocorre de forma muito rápida, associado à densidade de
canais de drenagem, que varia de moderada a alta, e à
existência de solos pouco espessos. São regiões desfavo-
ráveis à recarga das águas subterrâneas e com baixo grau
de depuração das águas meteóricas.
Nas áreas em que o relevo é classificado como degraus
estruturais e rebordos erosivos, esse tipo de relevo, associa-
do ao tipo de rocha, mostra-se desfavorável à ocorrência
de nascentes e com baixa incidência de drenagens, o que
causa deficiência na existência de riachos e córregos.

Recursos minerais

Adequabilidades ou potencialidades e Limitações

Áreas com relevos mais escarpados são favoráveis


à ocorrência de rochas aflorantes ou situadas próximo à
superfície. São áreas com grande potencial para explotação
Figura 4.117 - Fraturas, diáclases e disjunções nos basaltos da de rocha basáltica, para usos variados na construção civil.
unidade DVMb, com surgência de água subterrânea (Bituruna, PR). As rochas que ocorrem na Formação Serra Geral,
Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011). como basalto, diabásio, riolito, andesito e riodacito, são
tipos litológicos com boas qualidades físicas e químicas,
Limitações com potencial para serem transformadas em brita para
uso, por exemplo, na pavimentação de obras rodoviárias.
Nas porções de relevo mais acidentado, as frentes Existem áreas onde as rochas basálticas podem ser utili-
rochosas contêm alta densidade de fraturas dispostas em zadas na construção civil para alicerces e muros ou como
várias direções, pelas quais poluentes, como defensivos revestimentos, na forma de placas em calçadas, pedra de
agrícolas, podem se infiltrar e rapidamente atingir os lençóis talhe ou do tipo pedra petit pavet (Figura 4.119).
de águas subterrâneas. Nas áreas onde o relevo é suavemente ondulado, há
As fraturas que ocorrem são abertas nas porções predomínio de processos de pedogênese, reduzindo o po-
mais superficiais dos derrames e mais fechadas em di- tencial de explotação de rochas, devido ao espesso manto
reção às porções mais basais. Se houver ocorrência de de intemperismo, que forma perfis de solos profundos, mas
Latossolos sobre as rochas básicas, a capacidade de reter aumenta o potencial para explotação de argila para uso em
contaminantes provenientes da superfície é diminuída aterros e olarias (Quadro 4.14).
drasticamente; assim, o despejo de resíduos sólidos nesses Nessa unidade, há rara ambiência geológica para
locais gera pontos de contaminação do Aquífero Serra Ge- pesquisa de cobre nativo e de elementos do grupo da
ral (Figura 4.118). platina (Pt, Pd e Rh). Nos derrames basálticos em que
Os aquíferos que ocorrem nas rochas basálticas têm ocorrem níveis vesiculares e/ou amigdaloidais, pode haver
características hidrodinâmicas e potencial hidrogeológico preenchimento dessas estruturas por zeólitas, calcitas,
heterogêneos, devido à porosidade dessas rochas estar re- ágata ou quartzo, como demosntrado na figura 4.120.
lacionada às fraturas existentes, que, por sua vez, não apre- Tais geodos, dependendo do padrão de ocorrência
sentam padrão de ocorrência homogêneo. Desse modo, os e formas de preenchimento, podem apresentar bom
basaltos são classificados como aquíferos fissurais. potencial econômico para serem minerados e indus-
Nessa unidade, a permeabilidade do manto de alte- trializados, como o agrupamento mineral de ametista
ração depende do grau de evolução pedogenética, que em Chopinzinho.

154
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

a b

Figura 4.118 - Solo residual, predominantemente latossolos, sobre basaltos da unidade DVMb, usado para depósito irregular
de resíduos (“lixão”) nos municípios paranaenses de Engenheiro Beltrão (a), Matelândia (b) e (c) Pato Branco.
Fotografias: Deyna Pinho (2011).

a b

c d

Figura 4.119 - Explotação de recursos minerais no domínio DVM: a) extração de basaltos da unidade DVMb como pedra de talhe
para uso na construção civil (Mariópolis, PR); b) extração de rochas vulcânicas acidas da unidade DVMrrd para uso como brita
(Guarapuava, PR); c) extração de rochas vulcânicas ácidas da unidade DVMrrd, como uso para pedra de talhe ou pavimento
(Guarapuava, PR); d) uso de basaltos da unidade DVMb como pavimento (Quedas do Iguaçu, PR). Fotografias:
Andrea Fregolente Lazarett (2011).

155
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Quadro 4.14 - Unidades geológico-ambientais do domínio DVM, no estado do Paraná, em relação à ocorrência
de depósitos minerais.

Minerais Industriais, Minerais de Uso


Código do Domínio Código da Unidade Minerais Minerais Não
Rochas e Materiais de Especial – Águas
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental Metálicos Metálicos
Construção Civil e Energéticos

Argila, brita, pedra de


DVMb Cobre Ametista, ágata Água mineral
talhe, rocha ornamental.

DVM DVMgd ND ND Brita, pedra de talhe. ND

Ametista e Argila, brita, pedra de


DVMrrd ND Água mineral
ágata talhe, rocha ornamental.

Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).


Nota: ND = Não determinado.

a b c

Figura 4.120 - Ocorrência de geodos em basaltos da unidade DVMb: a) geodo de calcita e outros minerais carbonáticos;
b, c) geodo de quartzo, nos municípios paranaenses de Maringá, Marechal Cândido Rondon e São Miguel do Iguaçu,
respectivamente. Fotografias: Deyna Pinho (2011).

Aspectos ambientais e potencial turístico Ocupam um semicírculo de aproximadamente 2.700 m de


largura e estão situadas no extremo oeste do parque, a
Adequabilidades ou potencialidades 15 km do encontro entre os rios Iguaçu e Paraná. O salto de
maior expressão e beleza cênica é denominado Garganta
O principal atrativo turístico do domínio DVM com- do Diabo, com 90 m de altura (SALAMUNI et al., 2002).
preende as belezas cênicas das formas de relevo esculpidas Fontes de águas minerais termais também apresentam
nas rochas, os rios em leitos rochosos com corredeiras e grande potencial para geoturismo, como em Iretama (Figura
as cachoeiras. Destaque deve ser dado aos alinhamentos 4.122). Segundo Gomes (2010), a região dos municípios
Iretama, Cascavel e Guarapuava possui os maiores gradien-
serranos sustentados por diques de rochas básicas da
tes geotérmicos do domínio DVM e as regiões de Foz do
unidade DVMdb, como as serras do Cadeado, Pelada, dos
Iguaçu, Campo Mourão, Altamira do Paraná, Matelândia,
Agudos e da Esperança (Quadro 4.15).
Quatro Pontes, Maripá e Floraí detêm os maiores potenciais
Nesse contexto, o Parque Nacional do Iguaçu é
para exploração de energia geotermal do estado do Paraná.
o geossítio de maior destaque do estado do Paraná.
Nas regiões em que predomina o relevo de planatos,
O parque foi criado em 10 de janeiro de 1939 e tombado pela
chapadas e platôs, juntamente com as convergências de
UNESCO como Patrimônio Natural da Humanidade em 1986, massas atmosféricas, há alto potencial para geração de
por ser a última grande amostra do domínio da Mata Atlân- energia eólica, como Palmas (Figura 4.123).
tica que cobre grande parte da Bacia do Prata. Possui super- A Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleo-
fície de 185.262 hectares e perímetro de cerca de 420 km, biológicos (SIGEP) reconhece, em terrenos do domínio
distribuídos da seguinte maneira: 125 km no limite norte, DVM, o sítio denominado Astroblema de Vista Alegre,
15 km no limite oeste, 180 km no limite sul e 100 km no limi- um dos raros exemplos de astroblemas em território
te leste. Nesse parque está localizado um dos patrimônios da brasileiro. Conforme Crósta et al. (2013), o sítio com-
humanidade mais famosos do mundo, as Cataratas do Igua- preende uma depressão circular com aproximadamente
çu (Figura 4.121). Trata- se de um conjunto de 275 quedas 9,5 km de diâmetro e exibe desníveis abruptos de até
com altura média de 75 m, com vazão média de 1.800 m3/s. 120 m entre suas bordas e as porções internas.

156
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Quadro 4.15 - Unidades geológico-ambientais do domínio DVM, no estado do Paraná, e respectivos potenciais geoturísticos.

Características de
Código do Domínio Código da Unidade Atrativo Geoturístico, Geossítios, Quilombolas,
Interesse Intrínsecas
Geológico-Ambientai Geológico-Ambientai Comunidades Indígenas, Áreas de Conservação
à Geodiversidade

Parque Nacional do Iguaçu; Astroblema de Vista Alegre;


Pedras do Cambira; Cachoeiras: Cafezal, da Vila Góes, de
Ouro Verde do Oeste, do Arroio Quatro Pontes, do Cara-
muru, do Curi, do Índio, do Moinho, do Padre, do Parque
Recreativo Rio Jordão, do rio Coutunho, do rio Iguaçu, do
rio São Francisco, do Tio João, do Vermelhão, dos Turcos,
Beleza paisagística;
Marumbi, Paraíso, Piaimirim, do Pulinópolis, do Torreta;
exuberante fauna e
DVMb Ribeirão Claro; Cataratas do Iguaçu; quedas d’água do rio
flora; geomorfológico;
Cambé; Recanto Nossa Senhora Aparecida; Saltos: da Vaca
interesse científico.
Branca, do Apucaraninha, do Chopim, do Portão, do rio
Marreco, do Turíbio, do Vau, Gonçalves, Kevrowski, Molha
DVM Bunda, Nova Boa Vista, Santa Terezinha, Tia Chica; Termas
de Jurema; Quilombola Paiol da Telha; Terras Indígenas:
Ava-Guarani do Ocoí, Boa Vista, Ivaí, Laranjinha, Marrecas,
Rio das Cobras, Rio Areia, Palmas, Tekoha Anetete.

Geomorfológico;
DVMgd Serras: do Cadeado, Pelada, dos Agudos, da Esperança. beleza paisagística;
interesse científico.
Cachoeiras: do Reiter, de Cima, de Baixo, Gotas de Cristal,
Geomorfológico;
DVMrrd do Lajeadão; Saltos: Curucaca, São Pedro; Terra Indígena
beleza paisagística.
Mangueirinha.

Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Figura 4.121 - Cataratas do Iguaçu (Foz do Iguaçu, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011).

157
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Os rios existentes nas regiões de serras e montanhas,


ao longo de seu leito, formam belas corredeiras e cacho-
eiras, com grande potencial turístico, que deveria ser mais
bem aproveitado para visitação e uso.
Nos vales encaixados, devido à grande disponibilidade
hídrica e ao relevo favorável, há possibilidade de implan-
tação de usinas hidrelétricas. Destacam-se, na região, as
usinas hidrelétricas de Foz do Areia (Governador Bento
Munhoz da Rocha Netto) e Itaipu (Figura 4.124).

Limitações

Quanto aos aspectos ambientais, cabe destacar, no


domínio DVM, os impactos resultantes da exploração
de materiais de uso na indústria da construção civil, cuja
mineração é realizada em áreas a céu aberto. Dentre eles,
Figura 4.122 - Pontos de anomalias geotermais utilizados como destacam-se: desmatamento, remoção do solo e modifi-
fonte de águas termais e balneários. Termas de Jurema
cações do perfil topográfico, disposição de rejeitos, muitas
(Iretama, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011).
vezes em meia-encosta, sobre a vegetação e atingindo os
cursos d’água, que têm seu traçado localmente modificado.
Nas regiões onde ocorre intensa atividade agrícola
mecanizada, o solo sofre intensa compactação e imperme-
abilização, o que pode gerar processos intensos de erosão,
além de interferir negativamente no padrão de escoamento
e infiltração, gerando assoreamento em rios e reduzindo o
volume de recarga dos aquíferos, podendo secar áreas de
ocorrência de nascentes ou olhos-d’água.
Na unidade DVMb, nos locais em que os terrenos são
recobertos por solos pouco permeáveis, em períodos de
maior pluviosidade as águas escoam rapidamente para canais
de drenagem, provocando grandes e bruscas mudanças
de nível e vazão. Tal fenômeno climatológico, associado às
características do solo, leva à formação de enxurradas com
forte potencial de remoção e transporte de sedimentos.
Nas áreas em que o relevo é formado por extensas
porções planas e o escoamento superficial é mais lento, as
Figura 4.123 - Em relevo de planaltos, chapadas e platôs, depressões no terreno favorecem a formação de lagoas ou
associados, principalmente, às rochas vulcânicas ácidas da unidade lagos permanentes, que podem ter vegetação nativa e avi-
DVMrrd, há grande potencial para geração de energia eólica fauna associada, formando restritos e frágeis ecossistemas.
(Palmas, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011).
Em regiões de relevo acidentado, com grande amplitu-
de e onde predominam frentes erosivas, ocorrem processos
A feição circular hoje existente representa o remanes- de morfogênese, que, associados à alta suscetibilidade à
cente erosivo de uma cratera de impacto formada sobre erosão e a movimentos de massa, formam depósitos de
rochas vulcânicas pela colisão de um corpo extraterrestre tálus e colúvios nas áreas das baixas vertentes. Os sistemas
de grandes dimensões. de drenagem, nessas áreas, sofrem com o intenso processo
A Mineropar (s.d.) reconhece as “disjunções colunares de dissecação e de entalhamento, gerando deposição de
hexagonais de basalto”, denominada localmente “Pedras fragmentos de rochas de tamanho seixo e cascalho nas
de Cambira” (Quadro 4.15), presentes em derrames baixas vertentes e nos fundos dos vales.
vulcânicos da unidade DVMb, como um sítio geológico Nas áreas de relevo mais movimentado, do tipo escar-
ou geossítio, justamente por ser um raro exemplar de pas, ou nas de relevo do tipo cuestas, observa-se, em suas
como aconteceu o resfriamento do magma basáltico. vertentes e topos, a formação de importantes e restritos
Nesse processo de formação das disjunções, desenvolve-se ecossistemas, devido à preservação da vegetação natural,
uma rede de fraturamentos poligonais na porção central do pela existência de locais de afloramento do lençol freático
derrame, que, normalmente, divide o magma em colunas e influência do clima.
irregulares, porém de eixos paralelos; no caso das “Pedras Tais características ambientais tornam essas áreas
de Cambira”, as disjunções colunares desenvolveram-se de inóspitas para usos antrópicos, favorecendo que esses
forma perfeita em formato de prismas hexagonais. locais sejam pontos de refúgio da fauna.

158
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

a b

c d

Figura 4.124 - Relevo de vales encaixados, morros altos e serras baixas sobre basaltos da unidade DVMb, predomínio da fácies Capanema,
com grande potencial hidrelétrico: a) vale encaixado do rio Iguaçu (Bituruna, PR); b) reservatório Foz do Areia (Pinhão, PR); c) usina
hidrelétrica Bento Munhoz da Rocha Neto (Pinhão, PR); d) usina hidrelétrica Itaipu (Foz do Iguaçu, PR). Fotografias: Deyna Pinho (2011).

Nas áreas de escarpas e serras baixas, ocorre descarga No estado do Paraná, esse domínio está subdividido
das águas subterrâneas, podendo haver nascentes d’água, em apenas uma unidade geológico-ambiental – DCAalcubu
consideradas importantes afloramentos do lençol freático para ou Série alcalina saturada e/ou subsaturada com rochas
abastecer os rios existentes na bacia hidrográfica da região. básicas e/ou ultrabásicas associadas – que corresponde à
unidade geológica Intrusivas Alcalinas e Alcalinas Tunas,
DOMÍNIO DOS COMPLEXOS ALCALINOS todas associadas ao Complexo Alcalino de Tunas, que é
INTRUSIVOS E EXTRUSIVOS, DIFERENCIADOS composto por rochas alcalinas, diques alcalinos, pegma-
DO PALEÓGENO, MESOZOICO E toides e brechas vulcânicas (BAÊTA, 2004).
PROTEROZOICO (DCA)
Característica da Unidade
Elementos de Definição e Geológico-Ambiental
Área de Ocorrência
Série alcalina saturada e/ou subsaturada
O domínio dos Complexos Alcalinos Intrusivos e com rochas básicas e/ou ultrabásicas
Extrusivos, Diferenciados do Paleógeno, Mesozoico e associadas (DCAalcubu)
Proterozoico ocorre em uma área de 32,9 km2, nos municí-
pios de Doutor Ulysses (divisa com o estado de São Paulo), Essa unidade geológico-ambiental é composta por
Cerro Azul e Tunas, no estado do Paraná. A ocorrência (sienitos, sienitos alcalinos, monzogabros, monzodioritos
desse domínio representa apenas 0,02% do território total e dioritos), diques alcalinos (traquitos, microssienitos,
paranaense (Quadro 4.16), em apenas quatro corpos ígneos bostonitos), pegmatoides, cataclasitos, agmatitos e
na porção leste desse estado (Figura 4.125). brechas vulcânicas.

159
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Figura 4.125 - Representação das unidades geológico-ambientais do estado do Paraná dentro do domínio dos complexos alcalinos
intrusivos e extrusivos, diferenciados do paleógeno, mesozoico e proterozoico (DCA). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Formas de Relevo e Solos desagregação, permitindo corte de talude mais inclinados


em obras de engenharia. A argila também é fator deter-
As formas de relevo predominantes na área de ocor- minante na maior capacidade de compactação do solo.
rência da unidade geológico-ambiental do domínio DCA Em caso de solos residuais, a permeabilidade varia de
são apresentadas na Figura 4.126, juntamente com suas baixa, em solos pouco evoluídos, a moderada, em solos
amplitudes e inclinações de vertentes. Já as formas de bem evoluídos. A permeabilidade do solo pode ser deter-
relevo associadas que ocorrem no presente domínio estão minante na realização de uma obra de engenharia, como,
descritas no Quadro 4.16. por exemplo, a influência na vazão da água subterrânea
No domínio DCA, predomina a presença de Nitossolo sob a fundação de uma barragem, o rebaixamento do nível
Vermelho, que ocorre em 52,5% em área, predominante- freático e o adensamento de solos.
mente sobre os relevos de morros e serras baixas; Cambis- Os solos com perfis bem evoluídos são pouco erodí-
solos Háplicos representam 41,1% em área, predominando veis, facilmente escaváveis, mantêm boa estabilidade em
nos relevos de morros e de serras baixas; Neossolos Rego- taludes de corte e apresentam bom potencial para utiliza-
líticos representam 6,4% em área, predominantemente ção como material de empréstimo, devido a qualidades
sobre os relevos montanhosos (EMBRAPA, 2007). físicas como textura, estrutura e compactação.
Ocorrem, nesse domínio, rochas com textura granular
Características, Adequabilidades e não foliada, que apresentam elevada resistência à compres-
Limitações Frente ao Uso e à Ocupação. são e boa homogeneidade textural e mineral local.

Obras de engenharia Limitações

Adequabilidades ou potencialidades O domínio DCA é formado por complexa associação


de tipos litológicos plutônicos, com formatos limitados tipo
No domínio DCA, há predomínio de litologias que stocks, que são intrusões de dimensões inferiores a 100 km2.
geram solos argilosos, com textura plástica, pegajosa e Tais características estruturais e petrográficas das
cerosidade acentuada. A maior presença da fração argila rochas geram limitações para implantação de obras civis,
no solo lhe dá maior coesão, ou seja, maior dificuldade de devido aos diversos fatores a seguir discriminados.

160
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Figura 4.126 - Representação dos padrões de relevo do estado do Paraná dentro do domínio dos complexos alcalinos intrusivos e
extrusivos, diferenciados do paleógeno, mesozoico e proterozoico (DCA). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Quadro 4.16 - Unidade geológico-ambiental do domínio DCA, no estado do Paraná,


e respectivos padrões de relevo, área e representatividade.

Representação
Código da Unidade Área
Unidade Geológico-Ambiental Padrões de Relevo no Território
Geológico-Ambiental (km2)
Paranaense (%)

Série alcalina saturada e/ou sub-


R4b – Domínio de morros e de serras baixas;
DCAalcubu saturada com rochas básicas e/ou 32,9 0,02
R4c – Domínio montanhoso.
ultrabásicas associadas

Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Nos relevos mais acidentados, são comuns os depó- em caso de obras de engenharia que necessitem de pila-
sitos de tálus e colúvios constituídos por fragmentos de res ou fundações e que se apoiem parcialmente nesses
rocha imersos em matriz argilo-siltosa. blocos ou matacões, pode acarretar problemas tais como
As características geomecânicas e hidráulicas são instabilizações e danos estruturais (Figuras 4.127 e 4.128).
diferentes para cada tipo litológico, exigindo estudos As diferenças no processo de alteração da rocha
geotécnicos detalhados e grande número de ensaios geram forte irregularidade na profundidade do substrato
tecnológicos. Assim, a resistência ao corte e à penetra- rochoso, que varia a curtas distâncias.
ção varia de alta a moderada, devido, principalmente, As rochas de composição básico-ultrabásica, no início
às diferentes litologias que ocorrem, exigindo, em certos do processo de alteração, transformam-se em solos predo-
casos, uso de explosivos para executar obras civis do tipo minantemente compostos por argilominerais expansivos.
escavações e terraplanagem. Nas áreas em que ocorram tais litologias, não é adequada
O intemperismo das rochas no domínio DCA ocorre de a implantação de obras do tipo rodovia, devido ao grande
forma diferenciada, gerando blocos e matacões residuais volume de solo a ser removido e substituído, necessitando
e, mesmo em solo profundos, com pedogênese avançada, se recorrer a áreas de empréstimo, gerando grande impacto
podem ocorrer fragmentos de rocha. Essa característica, no custo do projeto.

161
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Além disso, dependendo do grau de estruturação da rocha,


os taludes de corte podem sofrer instabilidades devido à
queda de blocos. A adoção de medidas estruturais para
estabilização pode encarecer os projetos de engenharia.

Agricultura

Adequabilidades ou potencialidades

Há, no domínio, predomínio de rochas que, alteradas,


geram solos argilosos, liberando vários nutrientes, como
Na e K, e elementos como Fe e Al. Assim, em áreas onde
ocorram solos residuais, estes mostram boa fertilidade
natural, capacidade alta de reter e fixar nutrientes e assi-
milam rapidamente a matéria orgânica. Tais características
do solo, associadas a manejo correto e adubação criteriosa,
Figura 4.127 - Matacões da unidade DCAalcubu em corte de aumentam a produtividade agrícola.
talude na rodovia BR-476 (Tunas do Paraná, PR). Nas regiões em que o relevo se apresenta suave e o
Fotografia: Deyna Pinho (2011). substrato rochoso é de composição básico-ultrabásica, as
rochas, ao sofrerem alteração, liberam essencialmente mag-
nésio (Mg) para os solos, o que pode melhorar localmente
o potencial agrícola. Nessas áreas, os solos apresentam alta
porosidade e boa capacidade hídrica, mantendo boa dis-
ponibilidade de água para a vegetação por um tempo mais
longo, mesmo nos períodos de estiagem. Tais tipos de solos
não necessitam de irrigação frequente, pois o parâmetro
permeabilidade varia de baixa, nos solos pouco evoluídos,
a moderada, nos solos bem evoluídos. Assim, esses solos
permanecem por períodos mais longos com umidade não
muito próxima da saturação, mesmo em épocas sem chuvas.

Limitações

As rochas alcalinas intemperizadas geram, predomi-


nantemente, solos argilosos. No caso de pedogênese muito
avançada, liberam excesso de alumínio, o que torna o solo
Figura 4.128 - Blocos de rocha da unidade DCAalcubu em corte mais ácido e pouco produtivo. Esses solos, devido ao predo-
de talude na rodovia BR-476 (Tunas do Paraná, PR). mínio da fração argila, são mais suscetíveis à compactação e
Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011). impermeabilização, em caso de serem submetidos a pisoteio
de gado e/ou uso de maquinário pesado na agricultura ou
Os solos argilossiltosos são bastante aderentes e es- em atividades rotineiras de uma propriedade rural.
corregadios quando úmidos e sofrem forte compactação Tal mudança na textura e estrutura do solo pode, pelo
quando submetidos a cargas elevadas. Entretanto, no tipo de uso, iniciar intensos processos de erosão laminar,
caso de os solos serem pouco evoluídos, estão sujeitos mesmo que sejam regiões naturalmente pouco erodíveis.
ao fenômeno do empastilhamento, ou seja, desagregam- A erosão resulta na perda do solo, principalmente dos
-se e fendilham-se em minúsculas pastilhas, ocasionando horizontes mais importantes para a agricultura. A mudan-
problemas de erosão e desmoronamento em taludes ça no grau de compactação e de impermeabilização em
de corte. A exposição desses solos à alternância dos solos residuais tem como consequência negativa, além do
estados úmido e seco, devido à alternância climática, aumento da erosão, a alteração no padrão de velocidade de
provoca o empastilhamento. escoamento das águas superficiais e consequente redução
No caso da unidade geológico-ambiental do domínio nas taxas de infiltração, interferindo no abastecimento natu-
DCA em que incidem relevos movimentados, tais como ral dos aquíferos locais. Tais alterações na estrutura do solo
montanhas, morros e serras baixas, as características ge- refletem na redução do fluxo do lençol freático, o que in-
omorfológicas, associadas à possibilidade de se encontrar terfere em áreas em que ocorram nascentes, podendo levar
blocos e matacões na fase de terraplanagem, impõem à extinção dessas importantes fontes naturais, formadoras
limites à implantação e manutenção de obras civis, além dos principais cursos d’água da região. O relevo acidentado
de serem terrenos suscetíveis a movimentos de massa. e a pedregosidade podem dificultar a mecanização agrícola.

162
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Recursos hídricos subterrâneos e


fontes poluidoras

Adequabilidades ou potencialidades e Limitações

A pequena expressão areal das rochas, associada à


sua natureza cristalina e às fraturas desconectadas, con-
fere a esses terrenos baixo potencial para aproveitamento
de água subterrânea.
Os solos, predominantemente argilosos, são pouco
permeáveis, reduzindo o risco de contaminação da água
subterrânea. Por outro lado, a presença de fraturas nas
rochas facilita a percolação de poluentes.

Recursos minerais Figura 4.129 - Extração de rocha ornamental e paralelepípedos


em sienito da unidade DCAalcubu (distrito de Lajeado, Tunas
Adequabilidades ou potencialidades e Limitações do Paraná, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011).

As rochas formadoras dos complexos alcalinos apre- Aspectos ambientais e potencial turístico
sentam boas características físico-químicas e texturais
para utilização como rocha ornamental (Quadro 4.17; Adequabilidades ou potencialidades e Limitações
Figura 4.129), brita, saibro e pedra de cantaria.
No Quadro 4.18 são apresentados os tipos de A grande variação de relevo revela um aspecto am-
ocorrências minerais da unidade geológico-ambiental biental marcante, pois, nas regiões de morros e serras
formadora do domínio DCA. No domínio DCA que ocorre existe franco processo de dissecação, portanto, são na-
no estado do Paraná não foram encontrados depósitos turalmente fontes de alta carga de sedimentos, gerando
potenciais para jazimento de fosfato. solos de baixa qualidade e assoreando rios.

Quadro 4.17 - Principais divisões faciológicas e nomes comerciais das rochas ornamentais extraídas da unidade DCAalcubu.

Divisão Faciológica do Complexo Alcalino Tunas


Verde Mar Verde Tunas Boreal

Verde Mar ou Jade Imperial Verde Tunas Clássico Verde Leopardo Verde Boreal

Prata Mar ou Cinza Mar Verde Tunas Light Jade Cristal Prata Boreal

Prata ou Moonlight Verde Paraná Verde Floresta Damasco


Fonte: Baêta (2004).

163
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Quadro 4.18 - Unidade geológico-ambiental do domínio DCA, no estado do Paraná, em relação à ocorrência de depósitos minerais.

Minerais Minerais Industriais, Minerais de Uso


Código do Domínio Código da Unidade Minerais
Não Rochas e Materiais de Especial – Águas e
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental Metálicos
Metálicos Construção Civil Energéticos

Brita, pedra de cantaria e


DCA DCAalcubu ND ND ND
rocha ornamental.

Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).


Nota: ND = Não determinado

Em regiões em que predominam relevos de colinas e que se formaram junto às zonas de cisalhamento relacio-
morros baixos, as rochas têm menor resistência ao intem- nadas aos movimentos finais tectônicos, as quais também
perismo e formam solos com melhor qualidade. Nas amplas foram responsáveis por metamorfizar as sequências
planícies existentes entre esses morros, podem ocorrer en- metassedimentares do Grupo Açungui (THEODOROVICZ;
chentes de longa duração e assoreamento de rios e córregos. THEODOROVICZ; CANTARINO, 1999). Mais especificamente,
Nas regiões de relevo predominantemente serrano, as formações Camarinha e Ervalzinho são formadas por
pode ocorrer, ao longo das encostas, a formação de ca- sequências de ritmitos, siltitos, lamitos, arenitos estratifi-
choeiras, corredeiras, cascatas e pequenas piscinas naturais. cados, arenitos maciços, arenitos conglomeráticos, arenitos
Merecem destaque os impactos resultantes da mi- arcoseanos, brechas e conglomerados polimíticos maciços
neração realizada em áreas a céu aberto, dentre eles: e estratificados (MORO, 2000).
desmatamento, remoção do solo e modificações do perfil
topográfico (Figura 4.130), disposição de rejeitos, muitas Formas de Relevo e Solos
vezes em meia-encosta, sobre a vegetação e atingindo os
cursos d’água, que têm seu traçado localmente modificado. As formas de relevo predominantes na área de ocor-
rência da unidade geológico-ambiental do domínio DSPM
DOMÍNIO DAS SEQUÊNCIAS SEDIMENTARES são apresentadas na Figura 4.132, inclusive as amplitudes
PROTEROZOICAS DO TIPO MOLASSA, e vertentes. Já as formas de relevo associadas que ocorrem
NÃO OU POUCO DEFORMADAS E no presente domínio estão descritas no Quadro 4.19.
METAMORFIZADAS (DSPM) No domínio DSPM, predominam, nos relevos de
morros e serras baixas, Cambissolos Háplicos, com 54,4%
Elementos de Definição e em área e ocorrem Afloramentos Rochosos com 2,5% em
Área de Ocorrência área; já nos relevos de escarpas serranas, predominam
Cambissolos Húmicos, com 21,5% em área, e Argissolos
O domínio das Sequências Sedimentares Proterozoicas Vermelho-Amarelos, com 18%, e Neossolos Litólicos, com
do Tipo Molassa, não ou pouco Deformadas e Metamorfi- 3,6% em área (EMBRAPA, 2007).
zadas ocorre em uma área de 105,5 km2, entre os municí-
pios de Balsa Nova, Palmeiras e Campo Largo. A ocorrência
desse domínio representa apenas 0,05% do território total
do estado do Paraná (Quadro 4.19; Figura 4.131).
Esse domínio está subdividido em apenas uma uni-
dade geológico-ambiental, DSPMcgas – Predomínio de
metaconglomerados, intercalados de metarenitos arcosea-
nos, metarcóseos e metassiltitos. Corresponde às unidades
geológicas formações Camarinha e Ervalzinho.

Característica da Unidade
Geológico-Ambiental

Predomínio de metaconglomerados, intercalados


de metarenitos arcoseanos, metarcóseos e
metassiltitos (DSPMcgas)

Essa unidade geológico-ambiental é constituída pelo Figura 4.130 - Relevo de morros e serras (DCAalcubu): impactos
da mineração de rocha ornamental, com detalhe para modificação
predomínio de metassedimentos síltico-argilosos e con-
do relevo original na abertura de cava para explotação (distrito de
glomeráticos pouco deformados, depositados em bacias Lajeado, Tunas do Paraná, PR). Fotografia: Andrea
intramontanas das formações Camarinha e Ervalzinho, Fregolente Lazaretti (2011).

164
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Quadro 4.19 - Unidade geológico-ambiental do domínio DSPM, no estado do Paraná,


e respectivos padrões de relevo, área e representatividade.

Representação
Código da Unidade Área
Unidade Geológico-Ambiental Padrões de Relevo no Território
Geológico-Ambiental (km2)
Paranaense (%)

Predomínio de
metaconglomerados, intercalados R4b – Domínio de morros e de serras baixas;
DSPMcgas 105,5 0,05
de metarenitos arcoseanos, R4d – Escarpas serranas.
metarcóseos e metassiltitos
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Figura 4.131 - Representação da unidade geológico-ambiental do estado do Paraná dentro do domínio das sequências sedimentares
proterozoicas do tipo molassa, não ou pouco deformadas e metamorfizadas (DSPM). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Características, Adequabilidades e geotécnicas variam muito de local para local, tanto lateral
Limitações Frente ao Uso e à Ocupação como verticalmente; portanto, terão de ser executados
estudos setorizados e ensaios tecnológicos adensados.
Obras de engenharia Em caso de predominarem materiais com a fração
silte-argila, essas camadas terão maior estabilidade natural
Adequabilidades ou potencialidades e Limitações em relação às camadas mais arenosas frente à execução de
taludes de corte ou escavações. Entretanto, se a unidade
A unidade DSPMcgas é composta por uma associação DSPMcgas contiver sedimentos argilosos mais endurecidos
de sedimentos de composição, granulometria e textura ou possuir alta cerosidade ou aflorar em muitos locais e/ou
muito diferentes e contrastantes entre si, por isso, no caso então se situar sempre muito próximo da superfície, essas
de se executar qualquer tipo de obra em que se necessi- peculiaridades podem implicar muitos locais problemáticos
te fazer escavações, fundações, perfurações e cravação para executar escavações, perfurações, cravar estacas e im-
de estacas, deve ser considerado que as características plantar infraestrutura subterrânea (esgotos, canalizações).

165
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Figura 4.132 - Representação dos padrões de relevo do estado do Paraná dentro do domínio das sequências sedimentares
proterozoicas do tipo molassa, não ou pouco deformadas e metamorfizadas (DSPM). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Pois, além de serem endurecidos, a cerosidade alta faz os escoa muito rápido para os canais de drenagem; por isso,
equipamentos de perfuração rotativa patinarem. são comuns enxurradas muito fortes e erosivas e o nível e
Pode acontecer de alguns sedimentos da unidade a vazão dos rios sobem e abaixam muito rapidamente em
DSPMcgas se encontrarem mais deformados, com discreta função da periodicidade climática; como consequência, são
foliação metamórfica; nesse caso, os sedimentos estão áreas de baixa recarga de aquífero, de baixa disponibilidade
geralmente mais fraturados e os sistemas de relevo e hídrica superficial e de escassez de água para irrigação.
drenagem estão mais controlados tectonicamente, o que O relevo também implica dificuldades para mecanizar o
indica que os sedimentos sofreram influência tectônica solo, com maquinários movidos a motor.
e, por isso, são um pouco mais percolativos e mais instá- Os solos sobre a unidade DSPMcgas possuem evo-
veis quando escavados e expostos em taludes de corte. lução pedogenética muito heterogênea, apresentando
Normalmente, são áreas onde se acentua o potencial heterogeneidade local bastante significativa em termos
erosivo e de movimentação de massas, principalmente as de comportamento mecânico, fertilidade, erodibilidade,
induzidas pela execução de cortes. lixiviação, permeabilidade, capacidade depuradora e ar-
mazenadora, portanto, são difíceis de serem corrigidos
Agricultura e homogeneizados para fins de aproveitamento agrícola
em grandes parcelas. Para diagnosticar todas as suas va-
Adequabilidades ou potencialidades e Limitações riações químicas e físicas, em curtas distâncias, terão de
ser executados muitos ensaios tecnológicos. Quando de
Devido ao relevo de serras e escarpas, predominante cor vermelho-amarronzada intensa, indicam que são solos
na unidade DSPMcgas, o escoamento superficial é muito derivados de rochas quase que exclusivamente compostas
rápido e intenso, ocasionando alta torrencialidade, ou de minerais aluminosos e devem ser lateritizados, ou seja,
seja, a água da chuva se infiltra muito pouco no subsolo e ricos em ferro e alumínio e pobres em nutrientes naturais.

166
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Assim, necessitam de muito adubo para aumentar a ferti- hidrogeológico é relativamente baixo e não se deve esperar
lidade e, quando álicos (com excesso de alumínio tóxico), grandes vazões na exploração de água subterrânea.
vão necessitar de muito calcário dolomítico para corrigir a Destaca-se, porém, a possibilidade de ocorrerem
acidez. Normalmente, são solos muito argilosos, aderen- camadas permeáveis e de alta capacidade de armazena-
tes, plásticos e escorregadios, quando molhados, difíceis mento d’água (arenitos e conglomerados) intercaladas
de serem trabalhados em épocas chuvosas, devido ao em camadas impermeáveis (siltitos e argilitos), assim, com
empastamento excessivo de ferramentas e equipamentos. potencial pontual para existência de bons aquíferos do
Os solos da unidade DSPMcgas possuem horizonte tipo confinado. Todavia, nesses locais, não é aconselhável
superior (A) pouco espesso e pobre em matéria orgânica, a implantação de fontes potencialmente poluidoras, como
ou seja, camada agrícola pouco espessa (baixa profundi- lixões e aterros sanitários. A constituição do substrato
dade efetiva) e horizonte B muito argiloso, situado quase rochoso de espessos pacotes de conglomerados com in-
sempre muito próximo da superfície e, geralmente, exibindo tercalações subordinadas de sedimentos síltico-argilosos
proeminentes fendas de ressecamento quando exposto em implicaria terrenos com melhor potencial hidrogeológico,
taludes de corte; esse horizonte, quando arado com equi- mas com maior vulnerabilidade à contaminação.
pamentos de lâminas de corte um pouco mais profundas,
pode causar inversão do perfil do solo, intensificando a Recursos minerais
erosão ou empobrecendo o solo. O horizonte B, por ser
muito argiloso, se compacta e se impermeabiliza princi- Adequabilidades ou potencialidades e Limitações
palmente se for mecanizado excessivamente com maqui-
nários pesados e/ou pisoteado constantemente por gado. O potencial metalogenético desses terrenos é
Além disso, deve conter argilominerais expansivos (argilas muito baixo e não existem indícios ou ocorrências de
de alta atividade que sofrem os fenômenos da expansão e mineralizações conhecidas. Já no que se refere aos bens
contração quando expostas a umedecimento e ressecamen- não metálicos, destaca-se somente o potencial para ex-
to periódicos e que têm alta capacidade de troca catiônica), plotação de argila para cerâmica vermelha nas camadas
por isso, é muito instável e erodível quando exposto em mais síltico-argilosas e também saibro, nas camadas mais
talude de corte. Entretanto, as argilas de alta atividade conglomeráticas (Quadro 4.20).
conferem ao solo boa capacidade retentora de nutrientes
e de armazenamento de água, mantendo a disponibilidade Aspectos ambientais e potencial turístico
hídrica para as plantas durante o período seco.
Adequabilidades ou potencialidades e Limitações
Recursos hídricos subterrâneos
e fontes poluidoras Devido à baixa percolatividade dos solos e do subs-
trato rochoso, como também do escoamento superficial
Adequabilidades ou potencialidades e Limitações muito intenso da unidade DSMPcgas, é de fundamental
importância que seja preservada grande parte da cobertura
Na unidade DSPMcgas, predominam regiões onde vegetal ainda existente e que, em qualquer iniciativa de uso
o substrato rochoso é constituído, principalmente, de e ocupação, seja evitada a impermeabilização excessiva.
espessos pacotes de sedimentos síltico-argilosos, com É recomendado que esses terrenos sejam preservados de
intercalações subordinadas de arenitos feldspáticos e toda forma de adensamento ocupacional. Aconselha-se,
conglomerados, com predominância de permeabilidade ainda, reservá-los como áreas de reflorestamentos,
muito baixa e maior capacidade depuradora e, consequen- para pequenas pastagens, chácaras e sítios de lazer e/ou
temente, menor risco de contaminação do lençol freático. para agricultura restrita a pequenas e isoladas parcelas,
Entretanto, esses sedimentos possuem baixa transmis- sempre reservando cuidados especiais à proteção do
sividade, ou seja, conseguem armazenar água, mas não solo contra erosão e à melhoria de suas características
conseguem liberá-la para circulação, por isso o potencial físicas e químicas.

Quadro 4.20 - Unidade geológico-ambiental do domínio DSPM, no estado do Paraná, em relação à ocorrência de depósitos minerais.

Minerais Minerais Industriais, Minerais de Uso


Código do Domínio Código da Unidade Minerais
Não Rochas e Materiais de Especial – Águas e
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental Metálicos
Metálicos Construção Civil Energéticos

DSPM DSPMcgas ND ND Argila, saibro ND

Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).


Nota: ND = Não determinado.

167
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

O domínio DSPM representa as rochas sedimentares e Predomínio de sedimentos arenosos e conglomerados, com
metassedimentares depositadas na transição Neoprotero- intercalações de sedimentos síltico-argilosos.
zoico-Eocambriano associadas às zonas de transcorrência As áreas de ocorrência localizam-se no Arco de Ponta
e vulcanismo, cujas bacias sedimentares e suas ocorrências Grossa e no município de Tijucas do Sul. Ocorrem totalizan-
são muito restritas às regiões Sul e Sudeste do país, mais do uma área de 959,7 km2, significando 0,49% do território
especificamente, sobre os cinturões Ribeira e Dom Feliciano do estado do Paraná (Quadro 4.21; Figura 4.134).
e os crátons Luiz Alves e Rio de la Plata. Essas ocorrências
são de grande importância científica, com diversas tentati- Características das Unidades
vas de correlação sendo realizadas e, portanto, necessitam
Geológico-Ambientais
ser preservadas (Figura 4.133).

DOMÍNIO DAS SEQUÊNCIAS VULCÂNICAS OU As unidades geológico-ambientais que compõem o


VULCANOSSEDIMENTARES PROTEROZOICAS, domínio DSVP1 são constituídas por coberturas vulcanos-
NÃO OU POUCO DOBRADAS E sedimentares do tipo foreland.
METAMORFIZADAS (DSVP1)
Predomínio de vulcanismo ácido a
Elementos de Definição e intermediário (DSVP1va)
Área de Ocorrência
Essa unidade ocorre em ampla superfície nas proxi-
O domínio DSVP1 compreende as coberturas vul- midades do Arco de Ponta Grossa, mas também aparece
canossedimentares do tipo foreland que foram geradas no município de Tijucas do Sul. Corresponde às unidades
durante o Neoproterozoico. Está representado por três geológicas da associação de rochas vulcânicas ácidas e
unidades geológico-ambientais: Predomínio de vulcanismo intermediárias a básicas do Grupo Castro e das unidades
ácido a intermediário; Predomínio de ortoconglomerados; vulcanoclásticas e vulcânicas da Formação Guaratubinha.

Figura 4.133 - Bacias sedimentares e ocorrências de sedimentos/metassedimentos da transição Neoproterozoico-Eocambriano no Brasil,


destacando-se as unidades geológicas do domínio DSPM. Fonte: Schobbenhaus et al. (1984).

168
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Quadro 4.21 - Unidades geológico-ambientais do domínio DSVP1, no estado do Paraná,


e respectivos padrões de relevo, área e representatividade.

Representação
Código da Unidade Unidade Área
Padrões de Relevo no Território
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental (km2)
Paranaense (%)

R4a1 – Colinas amplas e suaves;


Predomínio de R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros baixos;
DSVP1va vulcanismo ácido a R4c – Domínio montanhoso; 541,05 0,28
intermediário R4e – Degraus estruturais e rebordos erosivos;
R4f – Vales encaixados.

Predomínio de R4a1 – Colinas amplas e suaves;


DSVP1ocg 59,82 0,03
ortoconglomerados R4c – Domínio montanhoso.

Predomínio de
sedimentos arenosos e R2c – Chapadas e platôs;
conglomerados, com R4a1 – Colinas amplas e suaves;
DSVP1sacg 358,79 0,18
intercalações de R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros baixos;
sedimentos R4e – Degraus estruturais e rebordos erosivos.
síltico-argilosos

Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Figura 4.134 - Representação das unidades geológico-ambientais do estado do Paraná dentro das sequências vulcânicas
ou vulcanossedimentares proterozoicas, não ou pouco dobradas e metamorfizadas (DSVP1). Fonte: Elaborado
por Deyna Pinho (2018).

169
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Predomínio de ortoconglomerados (DSVP1ocg) brechas provenientes de ambiente de leque aluvial. O se-


gundo é formado por conglomerados polimíticos de matriz
Compreende os conglomerados polimíticos e as arcoseana, provenientes de ambientes fluviais entrelaçados
brechas vulcanoclásticas das unidades vulcânicas ácidas e de grande energia (IGLÉSIAS et al., 2011).
vulcanoclásticas da Formação Guaratubinha. O Grupo Castro é constituído de intercalações de
rochas sedimentares e vulcânicas (predominantemente
Predomínio de sedimentos arenosos e ácidas). Destacam-se, entre os diversos litotipos sedi-
conglomerados, com intercalações de mentares, conglomerados, arenitos, siltitos e lamitos
sedimentos síltico-argilosos (DSVP1sacg) depositados em ambientes lacustres e fluviais. Já dentre
os litotipos associados ao vulcanismo ácido, destacam-se:
Essa unidade ocorre nas proximidades do Arco de Ponta riolitos, rochas piroclásticas (brechas e tufos) e, subordi-
Grossa e compreende os conglomerados, arenitos, arenitos nadamente, andesitos. Nas rochas vulcânicas, também
arcoseanos, lamitos e andesitos das associações sedimenta- são comuns feições de vulcanismo subaéreo (bombas e
res inferior e superior do Grupo Castro e Formação Bateias. lapili) e vulcanismo subaquoso (almofadas e intercalações
A Formação Guaratubinha compreende rochas vul- de rochas sedimentares) (MINEROPAR, 2001).
cânicas e vulcanoclásticas. Predomínio de ignimbritos
dentre as rochas vulcânicas ácidas e de andesitos no que Formas de Relevo e Solos
se refere a rochas vulcânicas intermediárias. Com relação
às rochas vulcanoclásticas, predominam brechas autoclás- Nas áreas em que o relevo possui maiores declivi-
ticas, tufos e tufos lapílicos (REIS NETO; VASCONCELLOS; dades, como nos tipos montanhoso, vales encaixados e
BITTENCOURT, 2000). rebordos erosivos, a geomorfologia apresenta-se favo-
A Formação Bateias está inserida na Bacia Vulcanos- rável a que os solos sejam do tipo transportado e com
sedimentar Neoproterozoica de Campo Alegre Oeste e é características extremamente variadas, visto que são
dividida nos membros Papanduvinha e São Bento do Sul. influenciados pelas litologias existentes nas regiões altas
O primeiro é formado por depósitos de conglomerados e do entorno e mais distantes (Figura 4.135).

Figura 4.135 - Representação dos padrões de relevo do estado do Paraná dentro das sequências vulcânicas ou vulcanossedimentares
proterozoicas, não ou pouco dobradas e metamorfizadas (DSVP1). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

170
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

No domínio DSVP1, predominam Cambissolos, com


32,9% em área, predominantemente nos relevos de coli-
nas amplas e suaves e colinas dissecadas e morros baixos;
Latossolos Brunos ocorrem em 29,6% em área, com
predomínio sobre os relevos de colinas amplas e suaves;
Neossolos Litólicos representam 24,0% em área, predomi-
nantemente sobre os relevos de colinas dissecadas e morros
baixos e degraus estruturais e rebordos erosivos; Afloramen-
tos Rochosos representam 6,2% e ocorrem, principalmen-
te, sobre relevos montanhosos; os demais tipos de solos
representam menos de 7,1% em área (EMBRAPA, 2007).

Características, Adequabilidades e
Limitações Frente ao Uso e à Ocupação

Obras de engenharia
Figura 4.136 - Talude de corte em rochas vulcânicas ácidas
intemperizadas da unidade DSVP1va (Castro, PR).
Adequabilidades ou potencialidades Fotografia: Deyna Pinho (2011).

O domínio DSVP1 é constituído por um empilhamen-


to de rochas com características hidráulicas e geomecâni-
cas muito distintas. Essas rochas, em geral, apresentam
estruturação em forma de camadas. São rochas com ele-
vada a média resistência ao intemperismo. Normalmente,
não apresentam problemas de capacidade de suporte ou
alta permeabilidade para fundações de grandes obras,
sendo comum a ocorrência de surgências de água em
taludes de corte.

Limitações

As rochas, em geral, apresentam baixa resistência ao


intemperismo físico-químico e alta resistência ao corte e à
penetração, sendo que as rochas da unidade DSVP1va são
mais resistentes do que as rochas das demais unidades, tor-
nando necessário o uso de explosivos para o seu desmonte. Figura 4.137 - Detalhe de rocha vulcânica ácida intemperizada da
A escavabilidade do manto de intemperismo é limitada pela unidade DSVP1va, com acamadamento preservado (Castro, PR).
Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
pequena espessura e pedregosidade dos solos.
A execução de perfurações e sondagens nos terrenos
em que ocorrem conglomerados (DSVP1sacg) é dificultada
pela presença de blocos e fragmentos de outras rochas,
que provocam maior desgaste dos equipamentos.
Os taludes em rocha tendem a ser mais estáveis na uni-
dade DSVP1va do que nas demais. Na unidade DSVP1sacg,
os taludes podem ser instáveis quando o acamadamento
da rocha apresenta mergulho em direção ao corte. As
rochas são bastante fraturadas, resultando em terrenos
suscetíveis à queda de blocos em taludes e a movimentos
de massa nas encostas.
As unidades do domínio DSVP1 podem possuir alta
suscetibilidade à alteração intempérica e, ocasionalmen-
te, formam pacotes espessos de rocha alterada rica em
material síltico-argiloso. Possuem muita heterogeneidade
lateral e vertical, podendo também conter texturas e aca-
madamento preservados. Tais características as tornam Figura 4.138 - Detalhe de rocha vulcânica ácida intemperizada da
altamente suscetíveis a deslizamentos de terra em obras unidade DSVP1va, com alta heterogeneidade lateral e facilidade
de talude de corte (Figuras 4.136 a 4.139). para desagregação (Castro, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011).

171
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Figura 4.139 - Talude de corte em rochas vulcânicas ácidas Figura 4.140 - Relevo de colinas amplas e suaves sobre rochas
intemperizadas da unidade DSVP1va (Castro, PR). vulcânicas ácidas da unidade DSVP1va; facilidade para mecanização da
Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011). agricultura (Castro, PR). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).

Agricultura Podem apresentar pedregosidade associada. Nos terrenos


com relevo mais declivoso, a mecanização da agricultura
Adequabilidades ou potencialidades é prejudicada (Figura 4.141), sendo indicada a atividade
de silvicultura.
O domínio DSVP1 possui mais da metade de sua área
de ocorrência sobre o estado do Paraná sobre relevos sua- Recursos hídricos subterrâneos
ves de baixas declividades e baixos desníveis topográficos. e fontes poluidoras
Isso, somado à ocorrência de Cambissolos com textura
argilosa, bem a moderadamente drenados, com horizonte Adequabilidades ou potencialidades e Limitações
superficial húmico, faz com que o domínio possua bom
potencial agrícola, inclusive podendo ser utilizado para A unidade DSVP1va abrange terrenos que se caracteri-
extensas monoculturas e com uso de mecanização da zam como aquíferos com maior potencial. Entretanto, tais
agricultura (Figura 4.140). aquíferos apresentam moderada a alta vulnerabilidade à
contaminação das águas subterrâneas em função das ca-
Limitações racterísticas dos solos, que, embora argilosos, apresentam
baixa capacidade de reter poluentes.
Na unidade DSVP1sacg ocorrem, predominantemente, Os terrenos onde ocorrem conglomerados e arenitos
solos da classe Neossolos Litólicos e, secundariamente, La- da unidade DSVP1sacg apresentam boas características
tossolos Brunos (EMBRAPA, 2007). Já na unidade DSVP1va, como aquífero. Os terrenos mais íngremes são praticamen-
predominam Neossolos Litólicos, enquanto Cambissolos te improdutivos para água subterrânea. Nas demais áreas,
Háplicos e Latossolos Brunos ocorrem com menor frequên- os terrenos se comportam como aquíferos com menor
cia, localmente, em relevo do tipo colinas amplas e suaves. potencialidade ou são improdutivos para água subterrânea.
Na unidade DSVP1sacg, os solos são predomi-
nantemente argilosos, ácidos e com baixa fertilidade. Recursos minerais
São solos jovens, rasos e pouco profundos, moderadamente
drenados, com alta saturação em alumínio e argilas de ati- Adequabilidades ou potencialidades
vidade baixa. A pequena profundidade dos solos dificulta
o desenvolvimento radicular, além de torná-los bastante Na unidade DSVP1va, na região do Cânion do Tibagi,
suscetíveis a processos erosivos. É normal a ocorrência de ocorrem depósitos de alunita (KAl3(SO4)2(OH)6), minério de
pedregosidade e rochosidade na superfície, bem como alumínio, resultantes da ação hidrotermal sobre os ignim-
em subsuperfície. Esses terrenos devem ser destinados à britos, com lavra desativada localizada na Gruta da Pedra
preservação da flora e da fauna. Ume (MINEROPAR, 2001) (Figura 4.142).
Nas unidades DSVP1va e DSVP1ocg, predominam Ocorrências de ouro são conhecidas na região da Bacia
solos pouco desenvolvidos e, secundariamente, solos de Castro, associadas a depósitos alúvio-coluvionares e a
desenvolvidos, que são argilosos, pouco profundos filões e veios hidrotermais em domos riolíticos e falhas nas
a profundos, moderadamente a bem drenados, com rochas da unidade DSVP1va, próximo ao contato com o
alta saturação de alumínio e argilas de atividade baixa. domínio DSVMP (MINEROPAR, 2001).

172
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Em geral, as rochas desse domínio, quando maciças,


apresentam potencial para produção de brita, pedra de
calçamento e de alicerce. Os solos residuais têm emprego
como material de empréstimo (Quadro 4.22).

Aspectos ambientais e potencial turístico

Adequabilidades ou potencialidades

O domínio DSVP1 apresenta potencial para geoturis-


mo com relação às belezas cênicas das paisagens basais
dos cânions associados ao relevo de rebordos erosivos e
vales encaixados e cachoeiras, como as existentes no Par-
que Estadual do Guartelá, região de Tibagi (Quadro 4.23).
Nos cânions do Guartelá, o leito do rio Iapó (Figura 4.143)
Figura 4.141 - Relevo de degraus estruturais e rebordo erosivo, mais é constituído de ignimbritos da unidade DSVP1va, assim
ao fundo da imagem, sobre rochas vulcânicas da unidade DSVP1va, como a Gruta da Pedra Ume, antiga lavra de alunita (mi-
utilizado para uso agrícola; dificuldade para mecanização nas regiões nério de alumínio e potássio). Existe também importante
mais declivosas (Castro, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011).
reserva de Mata Atlântica sobre esse domínio no Parque
Estadual do Caxambu, na região de Castro, Km 18 da Ro-
dovia PR-151, entre Castro e Piraí do Sul.
Não foi encontrado potencial geoturístico na
unidade DSVP1ocg.

DOMÍNIO DAS SEQUÊNCIAS


SEDIMENTARES PROTEROZOICAS
DOBRADAS, METAMORFIZADAS DE BAIXO
A ALTO GRAU (DSP2)

Elementos de Definição e
Área de Ocorrência

O domínio DSP2 compreende sequências de rochas


sedimentares associadas geradas no Proterozoico, que
foram metamorfizadas e dobradas desde baixo até alto
grau. Está representado por cinco unidades geológico-
ambientais: Metarenitos, quartzitos e metaconglome-
rados; Intercalações irregulares de metassedimentos
arenosos e síltico-argilosos; Intercalações irregulares de
metassedimentos arenosos, metacalcários, calcissilicá-
ticas e xistos calcíferos; Predomínio de metacalcários,
com intercalações subordinadas de metassedimentos
síltico-argilosos; Predomínio de metassedimentos síltico-
argilosos, representados por xistos.
Figura 4.142 - Gruta da Pedra Ume em rochas da unidade As áreas de ocorrência localizam-se no escudo pa-
DSVP1va; antiga lavra de alunita (Tibagi, PR).
Fotografia: Antônio Licardo (MINEROPAR). ranaense e são constituintes parciais no substrato sob
os municípios de Adrianópolis, Antonina, Campo Largo,
O ouro tem sido extraído por garimpeiros em sedimen- Campo Magro, Castro, Cerro Azul, Doutor Ulysses, Gua-
tos aluvionares no córrego d’Ouro, afluente do rio Iapó, ao raqueçaba, Guaratuba, Itaperuçu, Jaguariaíva, Piraí do
norte da cidade de Castro (SEOANE, 1999). Sul, Ponta Grossa, Rio Branco do Sul, Sengés, Tunas do
Também ocorreram pequenas lavras de minério de Paraná. Ocorrem totalizando uma área de 1327,95 km2,
ferro associado a zonas de falha, na forma de corpos he- significando 0,67% do território do estado do Paraná
matíticos impuros. (Quadro 4.24; Figura 4.144).

173
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Quadro 4.22 - Unidades geológico-ambientais do domínio DSVP1, no estado do Paraná, em relação à ocorrência de depósitos minerais.

Minerais Minerais Industriais, Minerais de Uso


Código do Domínio Código da Unidade
Minerais Metálicos Não Rochas e Materiais Especial – Águas
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental
Metálicos de Construção Civil e Energéticos

DSVP1va Ouro (Au); alunita (Al) ND ND Água mineral


DSVP1 DSVP1ocg Ouro (Au) ND ND ND
DSVP1sacg Ouro (Au) ND Argila, brita ND

Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).


Nota: ND = Não determinado.

Quadro 4.23 - Unidades geológico-ambientais do domínio DSVP1, no estado do Paraná, e respectivos potenciais geoturísticos.

Atrativo Geoturístico, Geossítios, Características de


Código do Domínio Código da Unidade
Quilombolas, Comunidades Indígenas, Interesse Intrínsecas à
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental
Áreas de Conservação Geodiversidade

Parque Estadual do Caxambu; Parque Estadual Beleza paisagística, cânions,


DSVP1va do Guartelá; APA da Escarpa Devoniana; cachoeiras, espeleologia, rica
DSVP1 Pedreira de Ferro. fauna e flora.

Parque Estadual do Guartelá; APA da Beleza paisagística, cânions,


DSVP1sacg
Escarpa Devoniana. cachoeiras, rica fauna e flora.

Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Metarenitos, quartzitos e
metaconglomerados (DSP2mqmtc)

Essa unidade ocorre na área municipal de Adria-


nópolis. Corresponde à associação de metassedimentos
arenoquartzosos da Formação Betari, Grupo Lajeado, mais
especificamente, filitos, metaconglomerados oligomíticos,
metarenitos, metarenitos arcoseanos, metassiltitos.

Intercalações irregulares de metassedimentos


arenosos e síltico-argilosos (DSP2msa)

Essa unidade ocorre próximo à área urbana de Adria-


nópolis e nas áreas municipais de Campo Magro, Campo
Figura 4.143 - Leito rochoso da unidade DSVP1va no rio Iapó. Parque
Largo, Rio Branco do Sul e Cerro Azul. Corresponde aos
Estadual do Guartelá. Fotografia: Antonio Licardo (MINEROPAR). metassedimentos arenosos ou quartzosos do Grupo
Açungui, ou seja, Formação Furnas-Lajeado, Sequência
Características das Unidades Antinha, Formação Serra da Boa Vista. Dentre os litotipos
Geológico-Ambientais desses metassedimentos quartzosos destacam-se: me-
taconglomerados (por vezes, oligomíticos), metarenitos
As unidades geológico-ambientais que compõem o (por vezes, conglomeráticos), matargilitos, metassiltitos,
domínio DSP2 são constituídas por coberturas metassedi- filitos, metapelitos.
mentares variadas, como filitos, xistos, quartzitos, Meta-
cherts, metassiltitos, metargilitos, metabásicas, metatufos, Intercalações irregulares de metassedimentos
calcifilito, rochas calcissilicáticas, mármores, metacalcários arenosos, metacalcários, calcissilicáticas e xistos
e outros litotipos associados. Possuem graus metamórficos calcíferos (DSP2mcx)
e de retrometamorfismo variados, desde fácies xisto-verde
até anfibolito, formadas a partir de rochas sedimentares de- Essa unidade ocorre nas áreas urbanas de Tunas do
positadas em ambiente marinho raso a profundo, depósitos Paraná e Doutor Ulysses e nas áreas municipais de Adria-
deltaicos, bacias de retroarco e metamorfizadas durante nópolis, Castro, Cerro Azul, Jaguariaíva, Piraí do Sul, Ponta
eventos deformacionais no Proterozoico Médio a Superior. Grossa, Rio Branco do Sul e Sengés.

174
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Quadro 4.24 - Unidades geológico-ambientais do domínio DSP2, no estado do Paraná,


e respectivos padrões de relevo, área e representatividade.

Representação
Código da Unidade Unidade Área
Padrões de Relevo no Território
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental (km2)
Paranaense (%)
Metarenitos, quartzitos e
DSP2mqmtc R4c – Domínio montanhoso. 28,10 0,01
metaconglomerados
Intercalações irregulares de
R4b – Domínio de morros e de serras baixas;
DSP2msa metassedimentos 182,56 0,09
R4c – Domínio montanhoso.
arenosos e síltico-argilosos
R4a1 – Colinas amplas e suaves;
Intercalações irregulares de R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros baixos;
metassedimentos arenosos, R4b – Domínio de morros e de serras baixas;
DSP2mcx 868,70 0,44
metacalcários, calcissilicáti- R4c – Domínio montanhoso;
cas e xistos calcíferos R4d – Escarpas serranas;
R4e – Degraus estruturais e rebordos erosivos.
Predomínio de metacalcá-
rios, com intercalações
R4b – Domínio de morros e de serras baixas;
DSP2mcsaa subordinadas de 101,35 0,05
R4c – Domínio montanhoso.
metassedimentos
síltico-argilosos e arenosos
R1a – Planícies fluviolacustres;
Predomínio de
R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros baixos;
metassedimentos
DSP2x R4b – Domínio de morros e de serras baixas; 147,24 0,08
síltico-argilosos,
R4c – Domínio montanhoso;
representados por xistos
R4d – Escarpas serranas.

Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Figura 4.144 - Representação das unidades geológico-ambientais do estado do Paraná dentro das sequências sedimentares
proterozoicas dobradas, metamorfizadas de baixo a alto grau (DSP2). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

175
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Corresponde aos metassedimentos xistosos da A Formação Nhunguara é composta por metasse-


Formação Nhunguara (do Grupo Votuverava), Formação dimentos depositados em ambiente insular vulcânico,
Perau (do Grupo Setuva) e Formação Iporanga. Dentre os compostos por clorita-sericita-metapelitos homogêneos,
litotipos presentes, destacam-se: filito, ardósia, metassil- finamente laminados com intercalações milimétricas a cen-
tito, metagrauvaca, metarenito feldspático, quartzo-me- timétricas de filitos carbonosos, sericita-filita-carbonato-
tarenito, metaconglomerado polimítico, traquito, rochas filitos e raras metamargas e bancos de metarenitos maciços
metavulcânicas, metacalcário dolomítico, metarritmito, (PERROTTA, 1996). Ocorrem, ainda, clorita-sericita-filito,
metarcóseo, mármore calcítico, mármore dolomítico, com intercalações métricas de metabásica, metamargas
rocha calcissilicática, quartzo-micaxisto, biotita-anfibólio- bandadas e mármores calcíticos que atingem metamor-
xisto, biotita-quartzo-xisto, xisto carbonático, grafita- fismo na zona da biotita.
xisto, metabasito, metadiabásio, metagabro. A Formação Betari é composta por metassedimentos
depositados em uma sequência transgressiva marinha com-
Predomínio de metacalcários, com intercalações posta por metarenitos, metaconglomerados oligomíticos
subordinadas de metassedimentos com intercalações de metassiltitos e filitos que gradam
síltico-argilosos (DSP2mcsaa) para o topo como finos metarritmitos. Os metarenitos são
mal selecionados e, assim como os metaconglomerados e
Essa unidade ocorre nas áreas municipais de Adrianó- metarritmitos, mostram gradação normal, estratificação
polis, Campo Magro, Cerro Azul, Itaperuçu e Rio Branco do plano-paralela, migração de ondas (climbing), marcas de
Sul. Corresponde aos metacalcários com intercalações de sola (cut and fill) e estruturas de sobrecarga (flame).
metassedimentos síltico-argilosos no Grupo Açungui, repre- A Formação Furnas-Lajeado é composta por metasse-
sentados pelas unidades carbonáticas da Sequência Antinha dimentos depositados em sistemas turbidíticos, retrogra-
e formações Furnas-Lajeado e Gorotuba. Dentre os litotipos dacional marinho, sendo dividida em unidade terrígena e
presentes, destacam-se: mármores, rochas calcissilicáticas, carbonática. A primeira é constituída por calcixistos, metas-
calcifilitos, metacalcários calcíticos, metacalcários dolomíti- siltitos e filitos homogêneos, que, em geral, apresentam-se
cos, xistos carbonáticos, metacalcarenitos, metacalcirrudito e, como camadas finas e esparsas, por vezes intercaladas na
subordinadamente, metassiltitos, filitos, metarenitos e xistos. unidade carbonática. A segunda é constituída por calca-
renitos, calcilutitos e metacalcários calcíticos.
Predomínio de metassedimentos síltico-argilosos, A Formação Serra da Boa Vista é composta por metas-
representados por xistos (DSP2x) sedimentos depositados em ambiente de leque submarino
de águas rasas, com turbiditos retrabalhados por ondas.
Essa unidade ocorre nas áreas municipais de Antonina, As rochas são constituídas por camadas métricas de metarenitos
Guaratuba e Guaraqueçaba. Corresponde às rochas xisto- bandados, às vezes conglomeráticos. Apresentam gradação
sas que ocorrem nas proximidades da Baía de Paranaguá. normal e intercalações de camadas centimétricas de filitos.
Dentre os principais litotipos presentes, destacam-se: A porção central da sequência apresenta metarenitos, me-
quartzo-xisto, muscovita-biotita-xisto, metarenito, me- tassiltitos e filitos, com estratificações plano-paralelas e ripple
tassiltitos; subordinadamente, ocorrem biotita-gnaisses, marks, mostrando intercalações métricas de metarenitos
gondito, metagrauvaca e metarcóseo. médios a conglomeráticos. Esses metarritmitos, localmente,
O Grupo Açungui é composto pelos grupos Votuvera- foram retrabalhados por ondas, fato evidenciado por ondas
va (inclui a Formação Perau no Paraná), Lajeado e Itaiacoca, truncadas e laminação cruzada (PIRES, 1988, 1991).
formações Água Clara e Iporanga e Sequência Serra das A Formação Gorotuba é composta por metassedi-
Andorinhas (FALEIROS, 2008). mentos depositados em ambiente marinho em porções
O Grupo Lajeado, segundo Faleiros (2008), é compos- distais de leque submarino com a presença de turbiditos.
to também pelas formações Betari, Bairro da Serra, Mina Predominam metarritmitos de estratos submilimétricos a
de Furnas, Serra da Boa Vista e Passa Vinte, Sequência centimétricos representados por metassiltitos, metareni-
Antinha e Formação Gorotuba. tos. filitos, calcifilitos, mármores e rochas calcissilicáticas
O Grupo Votuverava inclui a Formação Perau, se- (CAMPANHA, 1991; PIRES, 1988).
gundo Faleiros (2008), sendo composto também pelas A Formação Iporanga é dividida em unidades meta-
sequências Rio das Pedras, Bromado, Coloninha, Saivá e básica, metapelítica e metaconglomerática associadas a
Formação Nhunguara. margem continental e oceânica. Na segunda, predominam
A Formação Perau, segundo Mineropar (2001), é metarritmitos, que englobam metassiltitos, filitos e ardósias,
uma sequência vulcanossedimentar, metamorfizada no com clivagem ardosiana subparalela ao acamadamento.
grau baixo a médio e retrometamorfizada; as rochas se- Metarenitos intercalados, em geral arcoseanos, são seri-
dimentares originárias teriam se depositado em ambiente citizados e cloritizados. Ocorrem, ainda, intercalações de
marinho desde águas rasas até profundas, compostas, anfibolitos da unidade metabásica. A terceira corresponde a
principalmente, por quartzitos, rochas calcissilicáticas, lentes e níveis de metabrechas e metaconglomerados poli-
mármores, quartzo-micaxistos, xistos carbonosos, rochas míticos, de matriz pelito-arenosa mal selecionada, cimento
metavulcânicas e formações ferríferas. carbonático e clastos de tamanho e litologia diversos.

176
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Clastos angulosos e lamelares, normalmente de metas- de surgências de água subterrânea em taludes de corte.
siltitos e metarenitos finos, assim como de metachert e Devido a essas grandes variações litológicas na vertical,
quartzito, mostram recristalização metamórfica em grau escavações e perfurações podem alcançar litologias das
mais alto que a matriz, disposta em foliação pretérita à mais variadas e geotecnicamente diversificadas.
deposição, parecendo representar retrabalhamento das Os metassedimentos à base de quartzo apresentam
unidades adjacentes (PERROTTA, 1996). moderada a alta resistência ao intemperismo físico-químico,
A Formação Antinha é constituída de metarritmitos, gerando manto de alteração com qualidades geotécnicas
metarenitos e metacalcários e raros metaconglomerados. para uso na construção civil, como saibro e areia.
O empilhamento estratigráfico original parece preservado, Os metacalcários, ao sofrerem alteração, formam
não sendo identificadas falhas nos limites entre os conjun- solos plásticos, de baixa expansividade, pouco erodíveis,
tos (MINEROPAR, 2001). que apresentam boa estabilidade em taludes de corte,
A Formação Rio das Cobras corresponde a uma sendo classificados geotecnicamente com qualidades para
associação de micaxistos representada, geralmente, por uso como material de empréstimo. As rochas calcárias têm
muscovita-biotita-quartzo-xistos. Podem ocorrer, em baixa resistência ao intemperismo químico. Caso ocorram
quantidades diversas, granada, silimanita (fibrolita), cianita, exposições dessas litologias em regiões com predomínio
andaluzita, turmalina, plagioclásio, estaurolita, clorita e de clima chuvoso, o manto de alteração se apresentará
tremolita. Também são descritas, localmente, intercalações predominantemente profundo.
de quartzitos, calcixistos, biotita-gnaisses, por vezes grana- Nas unidades DSP2mcsaa, DSP2mcx e DSP2x, há
tífero, e anfibolitos, que podem se apresentar migmatíticos predomínio de litologias que, alteradas, formam solos
em diferentes graus de anatexia. argilossiltosos. Em perfis mais evoluídos, tais solos apre-
sentam as seguintes características: alta plasticidade, bai-
Formas de Relevo e Solos xa erodibilidade natural, reduzida permeabilidade e boa
capacidade de compactação. Em obras que necessitem
Na região das unidades DSP2, predominam áreas em de construção de taludes de corte com grandes alturas,
que o relevo possui maiores declividades, como nos tipos esses solos apresentarão boa estabilidade.
montanhoso, morros e serras baixas, escarpas serranas e As rochas formadoras dessas três unidades apresentam
rebordos erosivos, devido, principalmente, à relação dos boa homogeneidade geomecânica e hidráulica lateral devi-
litotipos e à história geológico-estrutural. Assim, a geomor- do à sua disposição tabular e extensão lateral. Em regiões
fologia apresenta-se favorável a que os solos sejam do tipo mais chuvosas e em que predominem rochas metabásicas
transportado e com características extremamente variadas, (unidade DSP2mcx), que, naturalmente, apresentam baixa
visto que são influenciados pelas litologias existentes nas resistência ao intemperismo físico-químico, tais litologias
regiões altas do entorno e mais distantes (Figura 4.145). serão submetidas a intenso processo de desagregação e
No domínio DSP2, predominam Neossolos Regolíticos, decomposição, gerando profundo manto de alteração.
que ocorrem em 29,8% em área, predominantemente sobre
relevos montanhosos, morros e serras baixas; Cambisso- Limitações
los Háplicos representam 25,0% em área, em sua maior
parte sobre relevos montanhosos, morros e serras baixas; As unidades geológico-ambientais formadas por quart-
Argissolos Vermelho-Amarelos representam 19% em área, zitos e metassedimentos síltico-argilosos representados por
ocorrendo, principalmente, em relevos de morros e serras xistos apresentam intercalações irregulares de camadas de
baixas; Latossolos representam 12,0% em área, predomi- várias espessuras, com composição químico-mineral variada
nantemente sobre o relevo de colinas dissecadas e morros e proeminente xistosidade e foliação (Figuras 4.146 a 4.148),
baixos; os demais tipos de solos representam menos de são tipos litológicos que foram complexamente dobrados.
14,2% em área (EMBRAPA, 2007). Tais características geológicas geram forte variação e
contrastes nas propriedades geomecânicas e hidráulicas,
Características, Adequabilidades e tanto do substrato rochoso como dos solos residuais.
Limitações Frente ao Uso e à Ocupação As variações de tais propriedades geotécnicas podem ocor-
rer em regiões próximas ou localmente, a curtas distâncias,
Obras de engenharia e poderão ser tanto na lateral como na vertical, impactando
os custos referentes a planejamento e execução de projetos
Adequabilidades ou potencialidades lineares, como estradas ou gasodutos.
As litologias xistosas não servem para uso como agre-
No domínio DSP2, o substrato rochoso é formado gados nem materiais de empréstimo, pois apresentam alta
pelas mais variadas e contrastantes litologias, com as cerosidade. Oferecem resistência à perfuração com sondas
mais diferentes características geotécnicas e hidráulicas, rotativas, pois alteram para solos argilosos, que são natu-
formando importantes descontinuidades que facilitam ralmente pouco permeáveis e que se tornam escorregadios
processos erosivos, movimentos de massa e aparecimento e aderentes quando úmidos.

177
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Figura 4.145 - Representação dos padrões de relevo do estado do Paraná dentro das sequências sedimentares proterozoicas
dobradas, metamorfizadas de baixo a alto grau (DSP2). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Figura 4.146 - Blocos de metacalcários da unidade DSP2mcsaa (Rio Branco do Sul, PR).
Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).

178
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

As rochas metabásicas ocorrem de forma localizada


e restrita. No início do processo de alteração, geram
argilominerais com características expansivas. Esse pro-
cesso ocorre de forma heterogênea, gerando blocos e
matacões ao longo do perfil do solo, que podem sofrer
movimentação quando expostos em taludes de corte.
Fundações ou pilares de casas ou prédios, se apoiadas
parcialmente sobre esses blocos e matacões imersos no
solo, estarão sujeitas à instabilização se ocorrer movi-
mentação ou acomodação dessas camadas. Tais rochas
apresentam padrão de fraturamento denso e com dire-
ções variadas, o que influencia na capacidade de suporte
e na grande variação da resistência ao intemperismo
físico-químico. Há grande possibilidade de essas rochas,
com forte resistência ao corte e à penetração, estarem
aflorantes ou situadas próximo à superfície, dificultando a
instalação de obras e restringindo o uso dessas áreas para
outras atividades.
A profundidade do substrato rochoso costuma ser
bastante irregular. Mesmo onde ocorre pedogênese
avançada, a disposição tabular dessas litologias gera
características geomecânicas e hidráulicas diferentes ao
longo da unidade. As rochas do tipo metabásicas (anfi-
bolito e ortoanfibolito) apresentam alta resistência ao
Figura 4.147 - Exposição de metacalcários e xistos, da unidade intemperismo físico-químico.
DSP2mcsaa; pronunciada foliação ou xistosidade nas rochas
(Rio Branco do Sul, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011).
Nas regiões de ocorrência desse domínio, existem
fatores limitantes para uso e ocupação urbana (Figuras
4.149 e 4.150), como predomínio de relevos acidentados
e o fato de o substrato rochoso apresentar padrão de
profundidade muito irregular, juntamente com texturas
e estruturas heterogêneas.
Tais características do meio físico exigem a execução
de profundas escavações para minimizar declives em tipos
litológicos problemáticos geotecnicamente, construção
de aterros com cotas altas, cortes de talude elevados,
túneis e demais complexas obras com custo elevado para
contenção de encostas.
Em regiões onde há predomínio de metassedimen-
tos à base de quartzo, existe maior possibilidade de que
afloramentos de rochas apresentem alta resistência ao
corte e à penetração, além de as rochas serem bastante
abrasivas. Ao sofrerem processos intempéricos, tais ro-
Figura 4.148 - Metacalcários da unidade DSP2mcsaa, com
chas formarão solos residuais basicamente arenosos, com
elevado grau de fraturamento e estratificação ainda preservada grande potencial de erodibilidade.
(Rio Branco do Sul, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011). Nas unidades DSP2mqmtc e DSP2msa, ocorrem
pequenos e grandes corpos rochosos aflorantes de me-
Nas regiões em que predominam rochas calcárias, estas tassedimentos à base de quartzo isorientado, geralmente
se apresentam intensamente tectonizadas, estruturas que fa- bastante fraturados, características que facilitam os des-
cilitam ainda mais a dissolução química pela ação das águas placamentos ou a queda de blocos em taludes de corte.
da chuva. A ação intempérica das águas meteóricas nesses Nas áreas onde ocorrem metaconglomerados, cuja
terrenos calcários forma inúmeras cavidades subterrâneas, composição contém seixos, blocos e matacões de rochas
com dimensões variando de grande a pequena. Nas áreas de duras e abrasivas, tais litologias apresentam características
ocorrência de muitas dolinas, estas favorecem o sumidouro geomecânicas e hidráulicas heterogêneas, assim como
de rios, riachos e córregos. As dolinas são locais de ligação grande resistência à perfuração, implicando maior custo
direta entre os fluxos de água superficial e subterrânea. na execução de sondagens.

179
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Agricultura

Adequabilidades ou potencialidades

As litologias formadoras desse domínio, quando


sofrem intemperismo físico-químico, formam solos pre-
dominantemente argilosos e argilossiltosos, mais espe-
cificamente, Neossolos Litólicos, Neossolos Regolíticos,
Cambissolos e, secundariamente, Argissolos e muito
pouco Latossolo (EMBRAPA, 2007). Esses solos possuem,
normalmente, elevada acidez e baixa fertilidade natural,
elevada porosidade, característica hídrica importante, pois
possibilita o armazenamento de bons volumes de água,
mantendo disponibilidade hídrica em períodos de baixa
pluviosidade para a vegetação ou para áreas agriculturáveis
Figura 4.149 - Deslizamento em aterro lançado sobre rochas existentes nessas regiões. Os solos argilosos têm grande
da unidade DSP2mcx (Tunas do Paraná, PR). Fotografia: Andrea
Fregolente Lazaretti (2011). capacidade de reter e fixar nutrientes e de assimilar bem
a matéria orgânica, respondendo bem à adubação, com
aumento na produtividade agrícola.
A permeabilidade, que depende do grau de porosida-
de e da interconectividade entre os poros, varia de baixa,
em solos pouco evoluídos, a moderada, nos bem evoluídos,
sendo que, em áreas de relevos suaves, a predominância de
solos residuais com pedogênese avançada acarreta baixa
erodibilidade e boa fertilidade natural.
Nas regiões em que há predomínio de rochas meta-
calcárias alteradas, mais especificamente, nas unidades
DVP2mcx e DSP2mcsaa, estas, ao sofrerem intemperismo,
formam solos argilosos ou argilossiltosos, liberando vá-
rios nutrientes, principalmente cálcio e magnésio, o que
torna o solo mais alcalino e com alta reatividade química.
As rochas calcárias formam solos naturalmente férteis,
pouco erodíveis e com baixa acidez, o que resulta em
Figura 4.150 - Ocupação de encosta em relevo de morros altos maior capacidade de fixar nutrientes e de assimilar bem a
e serras baixas, com sucessivos aterros lançados sobre rochas da matéria orgânica. O manejo adequado desses solos com
unidade DSP2mcx, agravando a situação de risco geológico do
local (Tunas do Paraná, PR). Fotografia: Andrea adubação e calagem influenciará no aumento da produ-
Fregolente Lazaretti (2011). tividade agrícola.
As rochas metabásicas, mais presentes na unidade
Nas unidades DSP2x e DSP2mcx, há predomínio de DSP2mcx, representadas por anfibolitos, geram solos argi-
litologias à base de minerais micáceos isorientados (sericita, lossiltosos pouco permeáveis, que aumentam a capacidade
biotita e muscovita), que apresentam estruturas primárias e de fixar nutrientes e assimilar matéria orgânica. Em caso
secundárias com estratificação plano-paralela e xistosidade de manejo e utilização de práticas conservacionistas, tais
bem marcada, vide Figura 4.147. Essa destacada fissibili- características poderão aumentar a produtividade agrícola
dade favorece a instabilização dessas rochas na forma de dessas áreas.
placas, quando expostas em taludes de corte, podendo
acontecer eventos de deslizamento. Limitações
O padrão cárstico, presente principalmente nas uni-
dades DSP2mcx e DSP2mcsaa, representa alto potencial No domínio DSP2, as intercalações irregulares de ca-
de afundamentos do tipo subsidência ou colapso. Nas madas dobradas de várias espessuras formam solos com
regiões em que ocorrem dolinas, não se deve construir características físico-químicas diferentes. Tais diferenças
sobre essas estruturas ou próximo a elas, sendo importante interferem na qualidade agrícola dos solos residuais, que
a realização de estudos geotécnicos detalhados, incluindo varia muito, principalmente nas áreas de relevo acidentado,
métodos geofísicos capazes de identificar a presença de ocasionando alternância irregular de áreas com solos com
tais cavidades e sua extensão. alto potencial e baixo potencial agrícola.

180
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Nesse domínio, há predomínio de litologias que, ao Recursos hídricos subterrâneos


sofrerem alteração, liberam excesso de alumínio, elemento e fontes poluidoras
de forte toxidez para a vegetação. Os solos essencialmente
argilosos podem sofrer processos de compactação e imper- Adequabilidades ou potencialidades
meabilização, com aumento na erosão hídrica laminar, no
caso de serem continuamente mecanizados com equipa- Ocorrem nesse domínio terrenos com características
mentos pesados e/ou pisoteados pelo gado. Tais alterações morfolitoestruturais favoráveis à existência de importan-
nas características físicas dos solos ocorrem em regiões de tes armadilhas e barreiras hidrogeológicas, relacionadas
agricultura intensiva. a falhas, fraturas, dobras e a mudanças de litologias que
Esse domínio tem padrão de relevo com fortes declivi- apresentam características hidrodinâmicas diferentes.
dades, o que favorece a erosão laminar e concentrada, não As características das rochas formadoras do domínio
permitindo a formação do horizonte orgânico e limitando podem influenciar de forma positiva a produtividade
o uso de implementos agrícolas. Nessa região, o aprovei- dos poços perfurados nas regiões de ocorrência do
tamento do solo para agricultura é muito restrito, devido domínio. Nesse domínio, há predomínio de litologias
ao padrão de relevo e ao tipo de solo pouco desenvolvido. portadoras de fraturas abertas irregularmente distribuí-
A favorabilidade é somente para agricultura de subsistência das, mas com bom potencial armazenador e circulador
em pequenas áreas, utilizando-se práticas conservacionistas de água.
e de melhoramento da qualidade do solo. Os metassedimentos à base de quartzo geralmente
Nas unidades DSP2mqmtc e DSP2msa, há predomí- apresentam falhas e fraturas, características estruturais
nio de metassedimentos que, ao sofrerem intemperismo, da rocha que aumentam o potencial armazenador e cir-
formam solos arenosos com baixa fertilidade natural, ero- culador de água.
díveis, ácidos e permeáveis. Tais solos apresentam baixa As rochas calcárias formam solos com alta capacidade
capacidade hídrica, pois perdem água rapidamente após o de reter e eliminar poluentes. Em caso de ocorrerem perfis
período de chuvas. Possuem baixa capacidade de reter, fixar profundos e onde não há formação de dolinas, a vulnerabi-
nutrientes e de assimilar matéria orgânica, apresentando lidade à contaminação dos aquíferos subterrâneos é baixa.
baixa resposta à adubação. O aquífero cárstico pode conter grandes depósitos de água,
Nas unidades DSP2mcx e DSP2x, ocorrem intercalações que estão associados a cavernas e a rios subterrâneos.
irregulares de camadas dobradas de várias espessuras que Nas unidades DSP2mcx, DSP2mcsaa e DSP2x, há pre-
formam solos com características físico-químicas muito domínio de litologias que formam solos essencialmente
diferentes. A qualidade agrícola desses solos varia muito argilosos, pouco porosos e naturalmente impermeáveis,
de local para local, principalmente nas áreas de relevo que mostram alta capacidade de fixar e eliminar po-
acidentado. Podem ocorrer áreas com alternância irregular luentes. Onde ocorrerem perfis de solos profundos, o
de solos bons e ruins, dificultando a atividade agrícola, que risco de contaminação dos aquíferos subterrâneos será
necessitará de maior extensão de terras para viabilizar a muito baixo.
produção em grande escala. Nessas unidades, há predo-
mínio de litologias que formam solos argilosos suscetíveis Limitações
à erosão hídrica laminar. Esses solos, ao serem manejados
de forma incorreta, podem sofrer compactação e imper- No domínio DSP2, em terrenos em que se alternam
meabilização, como, por exemplo, com trânsito intenso de irregularmente litologias e solos residuais ocorre grande
tratores e colheitadeiras, o que representa incremento à variação na capacidade de reter e depurar poluentes.
erosão, principalmente em terrenos declivosos. Como nessa unidade há grande variação lateral e vertical
Os solos residuais, devido às características deforma- litológica, tal característica influencia de forma direta no
cionais da rocha, podem ter a qualidade físico-química padrão hidrodinâmico dos aquíferos, o que pode acarretar
variando muito em áreas contíguas, o que interfere na redução na produtividade dos poços. Nessa unidade, há
produtividade agrícola. Outro aspecto importante é que predomínio de aquíferos fissurais, de potencial hidrogeoló-
esses solos, por serem francamente argilosos, podem so- gico local bastante irregular; assim, em uma mesma região
frer mudanças em suas características estruturais, como um poço apresenta excelente vazão, enquanto em outro,
no grau de compactação e permeabilidade, se utilizados próximo, a vazão é nula.
com atividades agropastoris intensas e muito mecanizadas. As águas subterrâneas podem conter teor muito eleva-
Os solos residuais originados pela alteração de me- do de ferro, manganês e cálcio, o que altera as qualidades
tabásicas, com pedogênese avançada, contêm em sua hidroquímicas e inviabiliza o uso para consumo humano.
composição argilossiltosa uma fração de argilas expansivas. Nesse domínio, os aquíferos são classificados como
O solo com tal composição mostra-se mais suscetível a fissurais, com potencial hidrogeológico local irregular,
processos de compactação e impermeabilização, devido ao pois dependem tanto da densidade e da interconectivi-
tipo de uso, o que aumenta a probabilidade de ocorrerem dade das estruturas existentes nessas rochas como de
processos de erosão hídrica laminar. fatores exógenos, como o clima predominante na região.

181
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

As litologias predominantes nas unidades DSP2mcx, Nas rochas calcárias, as águas subterrâneas circulam e
DSP2mcsaa e DSP2x alteram para solos argilosos pouco armazenam-se nas cavidades formadas pela dissolução
permeáveis, gerando aquíferos superficiais com potencial dos carbonatos. São aquíferos cársticos, que apresentam
hídrico reduzido. Esse tipo de cobertura de solo (muito características hidrodinâmicas complexas e potencial
argilosa) é desfavorável à recarga das águas subterrâneas, hidrogeológico irregular, podendo sofrer recarga e des-
fazendo com que ocorra variação muito grande de vazão. carga rápidas. Bombeamentos excessivos podem gerar
Os anfibolitos e ortoanfibolitos formam um manto condições propícias à ocorrência de desmoronamentos
de alteração gerando solos argilossiltosos com pouca subterrâneos, colapsos na superfície, rebaixamento do
permeabilidade e com baixo potencial hídrico. Mesmo lençol freático e secamento das águas superficiais.
apresentando potencial para armazenar bons volumes de
água, não a disponibilizam para circulação, funcionando Recursos minerais
como um aquitardo.
As rochas metabásicas, metaultramáficas e metavulcâ- Adequabilidades ou potencialidades e Limitações
nicas básicas são muito fraturadas e percolativas. Nos locais
em que os solos são pouco profundos e existam afloramen- No domínio DSP2, ocorrem mineralizações de cobre
tos dessas litologias, cuidados especiais deverão ser tomados (Cu), ferro (Fe), chumbo (Pb), zinco (Zn) e prata (Ag).
com a construção de obras que sejam fontes potencialmente Há exploração de substâncias de uso na construção ci-
poluidoras. As águas subterrâneas que ocorrem em ambien- vil, como caulim, calcário e dolomita, assim como áreas
tes formados por essas rochas podem apresentar problemas com extração de água mineral para consumo humano
de qualidade, como acidez e dureza elevada pelo excesso de (Quadro 4.25).
Fe e Mn em sua composição hidrogeoquímica. Nas unidades DSP2mcx, DSP2mcsaa e DSP2msa, onde
Nas unidades DSP2mqmtc e DSP2msa, ocorrem me- ocorrem de forma mais abundante as lentes carbonáticas,
tassedimentos à base de quartzo, geralmente portadores são explorados calcário e dolomita como minerais indus-
de alta densidade de fendas abertas. Por essas estruturas, triais, assim como caulim, talco, barita e fluorita, além de
poluentes podem se infiltrar e alcançar rapidamente os extração de água mineral alcalina para consumo humano.
lençóis subterrâneos. Os solos residuais arenosos têm baixa Na unidade DVP2mqmtc, por ser mais predominante
capacidade de reter e eliminar poluentes. Nessas unidades, a fração quartzosa, minerais industriais como quartzo,
predominam aquíferos fissurais, com potencial hidrogeo- diopsídio e epidoto são mais abundantes.
lógico local bastante irregular; isso ocorre devido à grande Na unidade DSP2msa, há abundância de ocorrências
variação lateral e vertical das características hidrodinâmicas. e extração de chumbo (Pb) associado a sulfetos.
Nas unidades DSP2mcx e DSP2x, há predomínio de Não há ocorrências de depósitos minerais registrados
litologias pouco permeáveis, que formam solos com baixa na unidade DSP2x.
permeabilidade, sendo desfavoráveis à recarga de águas
subterrâneas e com capacidade muito variável de reter e Aspectos ambientais e potencial turístico
depurar poluentes.
Nas unidades DSP2mcx e DSP2mcsaa, as rochas calcá- Adequabilidades ou potencialidades e Limitações
rias fraturadas contêm cavidades de ligação entre os fluxos
de água superficial e subterrânea (dolinas e sumidouros de Ocorrem, em quase todo o domínio, litologias que
drenagem). Por essas estruturas, poluentes dos mais dife- sofreram intensas deformações, como dobramentos su-
rentes tipos podem contaminar as águas subterrâneas de perpostos, gerando relevos predominantemente aciden-
forma rápida e sem qualquer forma de depuração natural. tados do tipo montanhas e escarpas serranas.

Quadro 4.25 - Unidades geológico-ambientais do domínio DSP2, no estado do Paraná, em relação à ocorrência de depósitos minerais.

Minerais Industriais, Minerais de Uso


Código do Domínio Código da Unidade Minerais Minerais Não
Rochas e Materiais Especial – Águas
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental Metálicos Metálicos
de Construção Civil e Energéticos
Quartzo, epidoto, Calcário, dolomita,
DSP2mqmtc Fe, Mg Água mineral
diopsídio fluorita
Calcário, dolomita,
DSP2msa Pb, Zn, Ag ND Água mineral
fluorita
DSP2
Pb, Zn, Barita, caulim, calcário,
DSP2mcx Filito Água mineral
Ag, Cu dolomita, talco
Calcário, dolomita,
DSP2mcsaa Pb, Zn, Ag Filito Água mineral
fluorita
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
Nota: ND = Não determinado.

182
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

As regiões montanhosas são favoráveis ao afloramen-


to do lençol freático, originando nascentes de fundamental
importância hídrica, pois são formadoras dos rios e córregos
existentes na bacia hidrográfica que drena a região. As fortes
quebras nas declividades dessas montanhas originam a
formação de cachoeiras, corredeiras e piscinas naturais ao
longo dos cursos d’água. Nas unidades geológico-ambien-
tais em que os relevos são mais acidentados, ocorre forte
desequilíbrio e franco e acelerado processo de desgaste
dessas formas. Esses relevos montanhosos ou escarpados
são sustentados por litologias que favorecem os processos
de erosão laminar e os movimentos naturais de massa.
Ocorrem, em regiões formadas por rochas metabásicas e
metaultramáficas, relevos com alta declividade. Caso sejam
recobertos por solos residuais, estes são naturalmente
pouco permeáveis e apresentam baixa taxa de infiltração.
No caso de chuvas intensas, tais características, asso-
ciadas ao padrão de relevo, induzem escoamento rápido Figura 4.151 - Cachoeira do Corisco, no vale do Corisco, em
para os canais de drenagem. Dessa forma, rios, riachos e relevo de rebordo erosivo ou degraus estruturais sobre a unidade
córregos existentes nessas regiões estão sujeitos a grandes DSP2mcx (Sengés, PR). Fotografia: Turismo Itararé, s.d.
e bruscas mudanças de nível e na vazão natural, acarretan-
do a formação de enxurradas com alto potencial de remo- Não foi encontrado potencial geoturístico na uni-
ção e transporte de sedimentos. Por essa razão, cuidados dade DSP2mqmtc.
especiais devem ser tomados para que essas regiões não
sejam alvos de desmatamentos excessivos. DOMÍNIO DAS SEQUÊNCIAS
A cobertura vegetal natural exerce papel importante, VULCANOSSEDIMENTARES PROTEROZOICAS
pois retém as águas das chuvas, reduzindo a erosão e melho- DOBRADAS, METAMORFIZADAS DE
rando o potencial de infiltração do solo e parte do subsolo. BAIXO A ALTO GRAU (DSVP2)
Os terrenos calcários sofreram intensos dobramentos e,
devido ao intemperismo químico provocado pelas águas da Elementos de Definição e
chuva, originaram belas paisagens cársticas, do tipo caver- Área de Ocorrência
nas, dolinas e sumidouros de drenagens e rios subterrâneos.
No domínio DSP2, há algumas unidades de conser- O domínio DSVP2 compreende sequências de rochas
vação (UC), como, por exemplo, a Reserva Particular do sedimentares e vulcânicas associadas geradas no Protero-
Patrimônio Natural (RPPN) Vale do Corisco, situada na divisa zoico, que foram metamorfizadas e dobradas desde baixo
interestadual entre São Paulo e Paraná: parte (254 hecta- até alto grau.
res) no município de Itararé (SP) e parte (254 hectares) no Está representado por oito unidades geológico-
município de Sengés (PR), somando mais de 500 hectares ambientais: Indiferenciado; Predomínio de quartzitos;
de área. Nessa reserva, há preservação de florestas com Predomínio de metassedimentos síltico-argilosos, repre-
araucária e cerrado com campos nativos, 43 espécies de sentados por xistos; Predomínio de rochas metacalcárias
mamíferos, 21 espécies de répteis e 19 espécies de aves, com intercalações de finas camadas de metassedimentos
cânions e a Cachoeira do Corisco, sobre rochas da unidade síltico-argilosos; Metacherts, metavulcânicas, formações
DSP2mcx (Figura 4.151). ferríferas e/ou manganesíferas, metacalcários, metas-
Outras unidades de conservação merecem destaque, sedimentos arenosos e síltico-argilosos; Predomínio de
como a Reserva Natural Serra do Itaqui e as APAs de Gua- rochas metabásicas e metaultramáficas; Metacherts,
raqueçaba e de Guaratuba, todas sobre rochas da unidade metarenitos, metapelitos, vulcânicas básicas, formações
DSP2x (Quadro 4.26). ferríferas e manganesíferas; Metacherts, metarenitos
Existem outros locais que também devem ser ressal- e/ou metapelitos.
tados, por terem relação intrínseca com a geodiversidade, As áreas de ocorrência localizam-se no escudo para-
como os abismos ou cânions das Gêmeas, Toca de Pau, do naense e são constituintes principais no substrato sob os
Arco, das Paineiras e Fenda de Pedra, além de grutas e ca- municípios de Adrianópolis, Almirante Tamandaré, Bocai-
vernas, como a do Pinhalzinho (Figura 4.152), do Sumidouro, úva do Sul, Campo Largo, Cerro Azul, Colombo, Itaperuçu
da Onça, do Símio, da Pingadeira e do Toco que não Cai Rio Branco do Sul e Tunas do Paraná. Ocorrem totalizando
(Figura 4.153), onde foram encontrados restos de ossadas uma área de 4862,27 km2, significando 2,43% do território
de mamíferos pleistocênicos que habitavam essas cavernas. do estado do Paraná (Quadro 4.27; Figura 4.154).

183
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Quadro 4.26 - Unidades geológico-ambientais do domínio DSP2, no estado do Paraná, e respectivos potenciais geoturísticos.

Características de
Código do Domínio Código da Unidade Atrativo Geoturístico, Geossítios, Quilombolas,
Interesse Intrínsecas
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental Comunidades Indígenas, Áreas de Conservação
à Geodiversidade
Beleza paisagística;
Abismos: das Gêmeas e Toca de Pau; Buraco do Seiscentos;
DSP2msa geomorfológico e
Grutas: Mina da Rocha, do Sumidouro e Freguesia dos Laras.
espeleológico.
RPPN Vale do Corisco (Cachoeira do Corisco); APA da Escarpa
Beleza paisagística; exu-
Devoniana; Abismo do Arco; Abrigo Pedra Caída; Arco de
berante fauna e flora;
DSP2mcx Pedra; Cavernas: do Malfazido e do Monjolo; Grutas:
geomorfológico
da Onça, de Pocinho, do Pinhalzinho, do Símio
e espeleológico.
e dos Porcos.
Abismos: das Paineiras, de Pedra, do Cercado, do Cerro Negro,
DSP2 do Desvio, do Quase, do Vacilo, dos Caramujos, dos Veios,
Égua, Fenda das Pedras, Furada da Bacia, Itaretama e Toco de
Pau; Buracos: da Paz, do Cantador e do Minoal; Beleza paisagística;
DSP2mcsaa Caverna do Feital. Grutas: Curriola, da Cerquinha, da geomorfológico
Descorda, da Enxada, da Gambiarra, da Pingadeira, da Toca da e espeleológico.
Paca, de Taici, de Terra Boa, do Caçadorzinho, do Desencanto,
do Fundo Falso, do Hortelã, do Rochão, do Toco que não Cai,
do Vespeiro e dos Morcegos; Ermida Paiol Alto; Toca do Tigre.
RN Serra do Itaqui; APAs de Guaraqueçaba e Beleza paisagística;
DSP2x
de Guaratuba. geomorfológico.

Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

a b c

1 cm 1 cm 1 cm
5 cm
Figura 4.152 - Gruta do Pinhalzinho, em metacalários da unidade d e f
DSP2mcx (Sengés, PR). Fotografia: Nelio G. Fernandes (2011).

Características das Unidades


Geológico-Ambientais

As unidades geológico-ambientais que compõem o


domínio DSVP2 são constituídas por coberturas metavul-
canossedimentares variadas, como filitos, xistos, quartzi-
tos, Metacherts, metassiltitos, metargilitos, metabásicas,
mataultramáficas, anfibolitos, mármores, metacalcários e
outros litotipos associados, de graus metamórficos e de
retrometamorfismo variados, desde fácies xisto-verde até 1 cm 1 cm 1 cm
anfibolito, formadas a partir de rochas sedimentares depo-
sitadas em ambiente marinho raso a profundo, depósitos Figura 4.153 - Restos de dentes de Scelidodon copei Ameghino
(a, b, c) e Hippopotamus terrestris Linnaeus (d, e, f) de idade
deltaicos, bacias de retroarco e metamorfizadas durante pleistocênica, achados em cavernas na unidade DSP2mcsaa
eventos deformacionais no Proterozoico Médio a Superior. (Cerro Azul, PR). Fonte: Sedor; Born; Santos (2004).

184
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Quadro 4.27 - Unidades geológico-ambientais do domínio DSVP2, no estado do Paraná,


e respectivos padrões de relevo, área e representatividade.

Representação
Código da Unidade Unidade Área
Padrões de Relevo no Território
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental (km2)
Paranaense (%)

R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros baixos;


DSVP2in Indiferenciado R4b – Domínio de morros e de serras baixas; 252,94 0,13
R4c – Domínio montanhoso.
R4a1 – Colinas amplas e suaves;
Predomínio de R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros
DSVP2q 96,54 0,05
quartzitos baixos; R4b – Domínio de morros e de serras baixas;
R4c – Domínio montanhoso.
Predomínio de R4a1 – Colinas amplas e suaves;
metassedimentos R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros bai-
DSVP2x síltico-argilosos, xos; R4b – Domínio de morros e de serras baixas; 1050,70 0,53
representados R4c – Domínio montanhoso;
por xistos. R4d - Escarpas serranas.
Predomínio de rochas
R4a1 – Colinas amplas e suaves;
metacalcárias, com inter-
R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros bai-
calações
DSVP2csa xos; R4b – Domínio de morros e de serras baixas; 1762,24 0,88
de finas camadas de
R4c – Domínio montanhoso;
metassedimentos
R4e – Degraus estruturais e rebordos erosivos.
síltico-argilosos
Metacherts,
metavulcânicas,
formações ferríferas e/ou
formações
R4b – Domínio de morros e de serras baixas;
DSVP2vfc manganesíferas, 764,29 0,38
R4c – Domínio montanhoso.
metacalcários,
metassedimentos
arenosos e
síltico-argilosos
Predomínio de rochas
R4b – Domínio de morros e de serras baixas;
DSVP2bu metabásicas e 59,94 0,03
R4c – Domínio montanhoso
metaultramáficas
Metacherts,
metarenitos, R4b – Domínio de morros e de serras baixas;
DSVP2af metapelitos, vulcânicas R4c – Domínio montanhoso; 787,51 0,39
básicas, formações R4d – Escarpas serranas.
ferríferas e manganesíferas
Metacherts, R4a1 – Colinas amplas e suaves;
DSVP2cap metarenitos R4c – Domínio montanhoso; 88,11 0,04
e/ou metapelito. R4d – Escarpas serranas.
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Indiferenciado (DSVP2in) e do Complexo Turvo-Cajati. Dentre os litotipos desses


metassedimentos quartzosos, destacam-se: quartzitos,
Essa unidade ocorre próximo à área urbana de Bocai- biotita-quartzitos, muscovita-quartzitos, xistos quartzosos.
úva do Sul. Corresponde à associação de rochas xistosas
da Formação Capiru do Grupo Açungui, mais especifica- Predomínio de metassedimentos síltico-argilosos,
mente, filitos, quartzo-micaxistos, quartzitos feldspáticos, representados por xistos (DSVP2x)
quartzo-metarenitos e, subordinadamente, biotita-xistos,
sericita-filitos carbonosos, metarritmitos. Essa unidade ocorre nas proximidades das áreas
urbanas de Almirante Tamandaré, Bocaiúva do Sul, Campo
Predomínio de quartzitos (DSVP2q) Magro, Colombo, Itaperuçu e Rio Branco do Sul. Corres-
ponde aos metassedimentos xistosos da Formação Água
Ocorre próximo à área urbana de Cerro Azul. Corres- Clara (xistos e xistos vulcânicos), da Formação Capiru do
ponde aos metassedimentos arenosos ou quartzosos do Grupo Açungui e do Complexo Turvo-Cajati. Dentre os
Grupo Açungui (Quartzito Serra das Pedras) e unidades litotipos presentes, destacam-se: quartzo-micaxistos,
quartzíticas do Grupo Votuverava, da Formação Água Clara, anfibólio-xistos, filitos, metarritmitos e metassiltitos.

185
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Figura 4.154 - Representação das unidades geológico-ambientais do estado do Paraná dentro das sequências vulcanossedimentares
proterozoicas dobradas, metamorfizadas de baixo a alto grau (DSVP2). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Predomínio de rochas metacalcárias Metacherts, metavulcânicas, formações


com intercalações de finas camadas de ferríferas e/ou manganesíferas,
metassedimentos síltico-argilosos (DSVP2csa) metacalcários, metassedimentos arenosos
e síltico-argilosos (DSVP2vfc)
Com ocorrência nas proximidades das áreas urba-
nas de Almirante Tamandaré, Campo Magro, Colom- Está presente nas proximidades da área urbana de Tu-
bo, Itaperuçu e Rio Branco do Sul. Corresponde aos nas do Paraná e Rio Branco do Sul. Corresponde às rochas
metacalcários com intercalações de metassedimentos metavulcanossedimentares com formações ferríferas e/ou
síltico-argilosos no Grupo Açungui, representados pe- manganesíferas dos grupos Votuverava e Ribeirão das Pe-
las unidades carbonáticas da Formação Capiru, grupos dras. Dentre os principais litotipos presentes, destacam-se:
Itaiacoca e Votuverava, Mármore de Apiaí e Sequência filitos, metarenitos, Metacherts, metamáficas, metarritmi-
Abapã; unidades carbonáticas da Formação Água Clara; tos e, subordinadamente, metavulcânicas, metassiltitos,
unidades carbonáticas do Complexo Turvo-Cajati; e, na metavulcanoclásticas e metarenitos ferruginosos.
Sequência Serra das Andorinhas, pelo Mármore da Tapa-
gem e unidade metapelítica. Dentre os litotipos presentes, Predomínio de rochas metabásicas e
destacam-se: mármores, mármores calcíticos, mármores metaultramáficas (DSVP2bu)
dolomíticos, rochas calcissilicáticas, metamargas, calci-
filitos, metacalcários dolomíticos, xistos carbonáticos, Essa unidade ocorre próxima a área urbana de Rio
metacalcarenitos, metacalcirrudito e, subordinadamente, Branco do Sul. Corresponde à maior ocorrência de rochas
quartzo-xistos, clorita-xistos, quartzo-micaxistos, anfibó- metabásicas e metaultramáficas do Grupo Votuverava.
lio-xistos, filitos, rochas metavulcânicas, metapsamitos, Dentre os litotipos, destacam-se: metadiabásios, meta-
metapelitos e metarritmitos. gabros, metavulcanoclásticas.

186
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Metacherts, metarenitos, metapelitos, O Grupo Itaiacoca, segundo Mineropar (2001), for-


vulcânicas básicas, formações ferríferas mou-se em ambiente de plataforma carbonática em rifte
e manganesíferas (DSVP2af) de margem continental, sendo composto por mármores
dolomíticos, metapelitos e metadoleritos intercalados.
É encontrada próxima às áreas urbanas de Itaperuçu A Sequência Abapã inclui-se nesse grupo, constituída por
e Rio Branco do Sul. Corresponde às associações de me- leques aluviais e fanglomerados depositados em calha
tassedimentos arenosos ou quartzosos com a presença profunda de rifte continental, sendo constituída de me-
de formações ferríferas e/ou manganesíferas do Grupo tarenitos, metarenitos feldspáticos com intercalações de
Votuverava. Dentre os principais litotipos, destacam- rochas metavulcânicas e metavulcanoclásticas.
se:xistos carbonáticos, mármores calcíticos, mármores O Grupo Setuva, segundo Campanha (1991), é com-
dolomíticos, quartzo-micaxistos, xistos granatíferos, posto pela Sequência Serra das Andorinhas, que, por sua
quartzitos ferruginosos, filitos, metaconglomerados, vez, é composta por filitos e xistos finos, filitos e xistos
metarenitos e metassiltitos e, subordinadamente, rochas finos carbonáticos, mármores calcíticos, quartzo-xistos e
metavulcânicas, metargilitos, formações manganesíferas, quartzitos. O grupo também é composto pelo Mármore
metabasitos e metavulcanoclásticas. da Tapagem, que é de composição dolomítica e aparece
como um corpo extenso e elíptico sustentando o planalto
Metacherts, metarenitos e/ou da serra da Tapagem, com feições cársticas muito bem
metapelitos (DSVP2cap) desenvolvidas (dolinas, cavernas, sumidouros etc.).
O Mármore de Apiaí é de composição calcítica,
Ocorre apenas no município de Guaraqueçaba. Corres- cinza-escuro e sulfetado.
ponde à associação de rochas metavulcanossedimentares,
mais especificamente, metassedimentos arenosos e/ou Formas de Relevo e Solos
quartzosos intercalados com metapelitos, metabásicas
e metaultrabásicas da unidade Cachoeira. Dentre os lito- Na região das unidades DSVP2, predominam áreas em
tipos, destacam-se: filitos, quartzo-xistos e Metacherts; que o relevo possui maiores declividades, como nos tipos
subordinadamente, podem ocorrer: xistos manganesíferos, montanhoso, morros e serras baixas, escarpas serranas e
clorita-xistos, sericita-xistos, metabasitos, metapiroxenitos rebordos erosivos, devido, principalmente, à relação dos
e metagabros. litotipos e à história geológico-estrutural. Assim, a geomor-
O Grupo Açungui é composto por: Grupo Itaiacoca fologia apresenta-se favorável a que os solos sejam do tipo
(incluindo Sequência Abapã), Formação Água Clara, Grupo transportado e com características extremamente variadas,
Votuverava, Formação Capiru, Grupo Setuva (incluindo a visto que são influenciados pelas litologias existentes nas
Sequência Serra das Andorinhas e o Mármore da Tapagem) regiões altas do entorno e mais distantes (Figura 4.155).
(CAMPANHA, 1991; PERROTTA et al., 2006). No domínio DSVP2, predominam Cambissolos Há-
A Formação Água Clara, segundo Mineropar (2001), plicos, que representam 31,6% em área, ocorrendo sobre
é uma sequência vulcanossedimentar, metamorfizada relevos montanhosos, morros e serras baixas; Argissolos
em baixo grau. As rochas sedimentares originárias teriam Vermelho-Amarelos ocorrem em 25,9% em área, principal-
se depositado em ambiente marinho desde águas rasas mente sobre relevos de morros e serras baixas; Neossolos
até profundas, preservando estruturas estromatolíticas e Regolíticos representam 22,3% em área, quase que em
algas fossilizadas. É composta, principalmente, por rochas sua totalidade sobre relevos montanhosos; Latossolos
vulcânicas básicas e intermediárias, xistos manganesíferos, representam 11,1% em área, predominantemente sobre
quartzo-micaxistos, metamargas, formações ferromanga- relevo de morros e serras baixas e colinas amplas e suaves;
nesíferas, calcários calcíticos e, segundo Campanha (1991), os demais tipos de solos representam menos de 9,0% em
também por rochas calcissilicáticas bandadas. área (EMBRAPA, 2007).
A Formação Capiru, segundo Mineropar (2001) e Cam-
panha (1991), é constituída por metargilitos, metassiltitos, Características, Adequabilidades e
metarenitos, filitos e ardósias, com corpos de quartzitos, Limitações Frente ao Uso e à Ocupação
mármores calcíticos e dolomíticos, todos formados em
regiões de plataforma em margem continental passiva, Obras de engenharia
com alguns depósitos deltaicos.
O Grupo Votuverava, segundo Mineropar (2001), é Adequabilidades ou potencialidades
composto por diversas unidades e formações de origem
em ambientes de sedimentação glacial e marinho, mais No domínio DSVP2, o substrato rochoso é formado
precisamente, filitos, calcários, quartzitos, metaconglo- pelas mais variadas e contrastantes litologias, com as
merados, depósitos com contribuição glacial (Sequência mais diferentes características geotécnicas e hidráulicas,
Bromado), seguido de espessos pacotes de turbiditos formando importantes descontinuidades que facilitam
(Sequência Coloninha) e carbonatos de águas mais rasas processos erosivos, movimentos de massa e aparecimento
(Sequência Saivá). de surgências de água subterrânea em taludes de corte.

187
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Figura 4.155 - Representação dos padrões de relevo do estado do Paraná dentro das sequências vulcanossedimentares proterozoicas
dobradas, metamorfizadas de baixo a alto grau (DSVP2). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Devido às grandes variações litológicas na vertical, esca- apresentam as seguintes características: alta plasticidade,
vações e perfurações podem alcançar litologias variadas baixa erodibilidade natural, reduzida permeabilidade e boa
e geotecnicamente diversificadas. capacidade de compactação. Em obras que necessitem de
Os metassedimentos à base de quartzo apresentam construção de taludes de corte com grandes alturas, esses
moderada a alta resistência ao intemperismo físico- solos apresentarão boa estabilidade.
químico, gerando um manto de alteração com quali- As rochas formadoras dessas três unidades apre-
dades geotécnicas para uso na construção civil, como sentam boa homogeneidade geomecânica e hidráulica
saibro e areia. lateral, devido à sua disposição tabular e extensão lateral.
Os metacalcários, ao sofrerem alteração, formam Em regiões mais chuvosas e em que predominem rochas
solos plásticos, de baixa expansividade, pouco erodíveis, metabásicas, que, naturalmente, apresentam baixa re-
que apresentam boa estabilidade em taludes de corte, sistência ao intemperismo físico-químico, tais litologias
sendo classificados, geotecnicamente, com qualidades serão submetidas a intenso processo de desagregação e
para uso como material de empréstimo. decomposição, gerando profundo manto de alteração.
As rochas calcárias têm baixa resistência ao intempe-
rismo químico; caso ocorram exposições dessas litologias Limitações
em regiões com predomínio de clima chuvoso, o manto
de alteração se apresentará predominantemente profun- As unidades geológico-ambientais formadas por
do, de aspecto homogêneo, podendo ter relativamente quartzitos e metassedimentos síltico-argilosos representa-
melhor estabilidadade durante as escavações. dos por xistos apresentam intercalações irregulares de cama-
Nas unidades DSVP2csa, DSVP2cap e DSVP2bu, das de várias espessuras, com composição químico-mineral
há predomínio de litologias que, alteradas, formam so- variada e proeminente xistosidade e foliação (Figura 4.156);
los argilossiltosos. Em perfis mais evoluídos, tais solos são tipos litológicos que foram complexamente dobrados.

188
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Figura 4.156 - Detalhe de metassedimentos de aspecto filítico, Figura 4.157 - Deslizamento em rodovia sobre rochas da unidade
com foliações de alto ângulo e alta densidade de fraturamentos, DSVP2af (Rio Branco do Sul, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011).
da unidade DSVP2vfc (Tunas do Paraná, PR).
Fotografia: Deyna Pinho (2011).

Tais características geológicas geram forte variação e


contrastes nas propriedades geomecânicas e hidráulicas,
tanto do substrato rochoso como dos solos residuais.
As variações de tais propriedades geotécnicas podem
ocorrer em regiões próximas ou localmente, a curtas dis-
tâncias, e poderão ser tanto na lateral como na vertical,
impactando os custos referentes a planejamento e exe-
cução de projetos lineares, como estradas ou gasodutos
(Figura 4.157).
As litologias xistosas não servem para agregados
nem como materiais de empréstimo, pois apresentam
alta cerosidade. Oferecem resistência à perfuração com
sondas rotativas, pois alteram para solos argilosos, que
são, naturalmente, pouco permeáveis e que se tornam
escorregadios e aderentes quando úmidos. Figura 4.158 - Dolina formada por colapso em terreno cárstico da
Nas regiões em que predominam rochas calcárias, unidade DSVP2csa (Almirante Tamandaré, PR). Fonte: Cenacid (2007).
estas se apresentam intensamente tectonizadas, estru-
turas que facilitam ainda mais a dissolução química pela As rochas metabásicas e metaultrabásicas ocorrem
ação das águas da chuva. A ação intempérica das águas de forma localizada e restrita. No início do processo de
meteóricas nesses terrenos calcários forma inúmeras cavi- alteração, geram argilominerais com características expan-
dades subterrâneas, com dimensões variando de grandes sivas. Esse processo ocorre de forma heterogênea, gerando
a pequenas. Nas áreas de ocorrência de muitas dolinas, blocos e matacões ao longo do perfil do solo, que podem
estas favorecem o sumidouro de rios, riachos e córregos. sofrer movimentação quando expostos nas paredes gera-
As dolinas são locais de ligação direta entre os fluxos de das pelos taludes de corte. Fundações ou pilares de casas
água superficial e subterrâneo e são formadas por colapso ou prédios, se apoiadas parcialmente sobre esses blocos e
do terreno em que se encontram (Figura 4.158). matacões imersos no solo, estarão sujeitas à instabilização
As formações ferromanganesíferas das unidades se ocorrer movimentação ou acomodação dessas camadas.
DSVP2af e DSVP2vfc podem, quando alteradas, liberar Tais rochas apresentam padrão de fraturamento denso e
ácidos, que são corrosivos para os solos, podendo causar com direções variadas, o que influencia na capacidade de
danos à vegetação e a estruturas enterradas. suporte e na grande variação da resistência ao intemperismo
No caso de execução de obras tipo dutos e canos em físico-químico. Há grande possibilidade de essas rochas,
solos gerados por essas formações ferromanganesíferas, com forte resistência ao corte e à penetração, estarem
esses ácidos agirão de forma rápida sobre o material de aflorantes ou situadas próximo à superfície, dificultando a
revestimento, provocando danos, como corrosão e vaza- instalação de obras e restringindo o uso dessas áreas para
mento do produto transportado para o meio ambiente. outras atividades.

189
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

A profundidade do substrato rochoso costuma ser Na unidade DSPV2x, há predomínio de litologias à


bastante irregular. Mesmo onde ocorre pedogênese avan- base de minerais micáceos isorientados (sericita, biotita e
çada, a disposição tabular dessas litologias gera caracte- muscovita), que apresentam estruturas primárias e secun-
rísticas geomecânicas e hidráulicas diferentes ao longo da dárias com estratificação plano-paralela e xistosidade bem
unidade. Nessas unidades, as rochas do tipo metabásicas marcada (Figuras 4.162 e 4.163). Essa destacada fissibili-
(anfibolito e ortoanfibolito) apresentam alta resistência ao dade favorece a instabilização dessas rochas na forma de
intemperismo físico-químico. placas, quando expostas em taludes de corte, podendo
Nas regiões de ocorrência desse domínio existem acontecer eventos de deslizamento, como o ocorrido em
fatores limitantes para uso e ocupação urbana (Figura Rio Branco do Sul em dezembro de 2017 (CENACID, 2018).
4.159), como predomínio de relevos acidentados e o fato
de o substrato rochoso apresentar padrão de profundida-
de muito irregular, juntamente com texturas e estruturas
heterogêneas. Tais características do meio físico exigem
a execução de profundas escavações para minimizar
declives em tipos litológicos problemáticos geotecnica-
mente, construção de aterros com cotas altas, cortes de
talude elevados, túneis e demais complexas obras, com
custo elevado, para contenção de encostas (Figura 4.160).
Em regiões onde há predomínio de metassedimentos à
base de quartzo, existe maior possibilidade de que aflora-
mentos de rochas apresentem alta resistência ao corte e à
penetração, além de as rochas serem bastante abrasivas.
Ao sofrerem processos intempéricos, tais rochas formarão
solos residuais basicamente arenosos, com grande potencial
erodível (Figura 4.161).
Na unidade DSVP2q, ocorrem pequenos e grandes
corpos rochosos aflorantes de metassedimentos à base de
quartzo isorientado, como o Quartzito Serra das Pedras,
geralmente bastante fraturados, características que facili-
tam desplacamentos ou queda de blocos em taludes de
corte. Nas áreas em que ocorrem metaconglomerados, cuja
composição contém seixos, blocos e matacões de rochas
duras e abrasivas, tais litologias apresentam características
geomecânicas e hidráulicas heterogêneas, assim como
Figura 4.160 - Deslizamento planar de solo sobre rocha
grande resistência à perfuração, implicando maior custo na unidade DSVP2af (Rio Branco do Sul, PR).
na execução de sondagens. Fotografia: Deyna Pinho (2011).

Figura 4.159 - Ocupação em encostas de morros altos Figura 4.161 - Solo heterogêneo e siltoso sobre rochas na unidade
sobre a unidade DSVP2x (Bocaiúva do Sul, PR). DSVP2x, altamente suscetível à erosão (Bocaiúva do Sul, PR).
Fotografia: Deyna Pinho (2011). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).

190
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Figura 4.162 - Foliação e fraturamento em rochas da unidade Figura 4.164 - Detalhe de metassedimentos, com denso sistema
DSVP2af (Rio Branco do Sul, PR). Fotografia: Andrea de fraturamento, da unidade DSVP2af (Rio Branco do Sul, PR).
Fregolente Lazaretti (2011). Fotografia: Deyna Pinho (2011).

Agricultura

Adequabilidades ou potencialidades

As litologias formadoras desse domínio, quando sofrem


intemperismo físico-químico, originam solos predominan-
temente argilosos e argilossiltosos, mais especificamente,
Neossolos Litólicos, Neossolos Regolíticos, Cambissolos
e, secundariamente, Argissolos e muito pouco Latossolo
(EMBRAPA, 2007). Esses solos possuem, normalmente, ele-
vada acidez e baixa fertilidade natural, elevada porosidade,
característica hídrica importante, pois possibilita o armazena-
mento de bons volumes de água, mantendo disponibilidade
hídrica em períodos de baixa pluviosidade para a vegetação
ou para áreas agriculturáveis existentes nessas regiões.
Figura 4.163 - Foliação pronunciada e de alto ângulo em xistos Os solos argilosos têm grande capacidade de reter e fixar nu-
da unidade DSVP2af; facilidade para desplacamento em trientes e de assimilar bem a matéria orgânica, respondendo
taludes de corte (Rio Branco do Sul, PR). Fotografia:
Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
bem à adubação, com aumento na produtividade agrícola.
A permeabilidade varia de baixa, em solos pouco
O padrão cárstico, presente na unidade DSVP2csa, evoluídos, a moderada, nos bem evoluídos, sendo que, em
mais especificamente em Mármore da Tapagem, Mármore áreas de relevos suaves, a predominância de solos residuais
de Apiaí e demais unidades carbonáticas (formações Água com pedogênese avançada acarreta baixa erodibilidade e
Clara e Capiru; grupos Votuverava e Itaiacoca), representa boa fertilidade natural.
alto potencial de afundamentos do tipo subsidência ou Nas regiões em que há predomínio de rochas meta-
colapso. Eventos como os citados ocorreram em Almi- calcárias alteradas, mais especificamente, nas unidades
rante Tamandaré, Bocaiúva do Sul e Colombo (SANTOS, DSVP2csa, estas, ao sofrerem intemperismo, formam solos
2014). Nas regiões em que ocorrem dolinas, não se deve argilosos ou argilossiltosos, liberando vários nutrientes,
construir sobre essas estruturas ou próximo a elas, sendo principalmente cálcio e magnésio, o que torna o solo mais
importante a realização de estudos geotécnicos detalha- alcalino e com alta reatividade química. As rochas calcá-
dos, incluindo métodos geofísicos capazes de identificar rias formam solos naturalmente férteis, pouco erodíveis
a presença de tais cavidades e sua extensão. e com baixa acidez, o que resulta em maior capacidade
Ocorrem de forma esparsa e restrita, nas unidades de fixar nutrientes e de assimilar bem a matéria orgânica.
DSVP2vfc, DSVP2af e DSVP2bu, em áreas pequenas, lito- O manejo adequado desses solos com adubação e calagem
tipos tais como metagrauvaca, metarenito, tufo e meta- influenciará no aumento da produtividade agrícola.
vulcânica, que são litologias com destacado bandamento, As rochas metabásicas, mais presentes na unidade
sujeitas à ocorrência de desplacamentos em taludes de cor- DSVP2bu, representadas por anfibolitos e ortoanfibolitos, ge-
te, principalmente se estes forem executados em posição ram solos argilossiltosos pouco permeáveis, que aumentam
desfavorável à dos mergulhos desses planos (Figura 4.164). a capacidade de fixar nutrientes e assimilar matéria orgânica.

191
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Em caso de manejo e utilização de práticas conservacionis-


tas, tais características poderão aumentar a produtividade
agrícola dessas áreas.
As demais rochas metabásicas, metaultrabásicas e
metavulcânicas básicas geram solos com boa fertilidade
natural e de excelentes características físico-químicas para
a agricultura.

Limitações

No domínio DSVP2, as intercalações irregulares de


camadas dobradas de várias espessuras formam solos com
características físico-químicas diferentes. Tais diferenças
interferem na qualidade agrícola dos solos residuais, que
varia muito, principalmente nas áreas de relevo acidentado,
ocasionando alternância irregular de áreas com solos com
alto potencial e baixo potencial agrícola. Figura 4.165 - Relevo de morros altos e serras baixas sustentando
rochas da unidade DSVP2af (Rio Branco do Sul, PR).
Nesse domínio, há predomínio de litologias que, ao Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
sofrerem alteração, liberam excesso de alumínio, elemento
de forte toxidez para a vegetação. Os solos essencialmente
argilosos podem sofrer processos de compactação e imper-
meabilização, com aumento na erosão hídrica laminar, no
caso de serem continuamente mecanizados com equipa-
mentos pesados e/ou pisoteados pelo gado. Tais alterações
nas características físicas dos solos ocorrem em regiões de
agricultura intensiva.
Esse domínio tem padrão de relevo com fortes de-
clividades (Figura 4.165), o que favorece a erosão laminar
e concentrada, não permitindo a formação do horizonte
orgânico e limitando o uso de implementos agrícolas.
Nessa região, o aproveitamento do solo para agricultura
é muito restrito, devido ao padrão de relevo e ao tipo de
solo pouco desenvolvido.
A favorabilidade é somente para agricultura de
subsistência em pequenas áreas, utilizando-se práticas
conservacionistas e de melhoramento da qualidade do Figura 4.166 - Atividade pecuarista em encosta declivosa de
solo (Figura 4.166). morro alto sobre a unidade DSVP2csa (Cerro Azul, PR).
Na unidade DSVP2q, há predomínio de metassedi- Fotografia: Deyna Pinho (2011).
mentos, os quais, ao sofrerem intemperismo, formam
solos arenosos com baixa fertilidade natural, erodíveis, Nessas unidades, há predomínio de litologias que for-
ácidos e permeáveis. Tais solos apresentam baixa capa- mam solos argilosos suscetíveis à erosão hídrica laminar.
cidade hídrica, pois perdem água rapidamente após o Esses solos, ao serem manejados de forma incorreta,
período de chuvas. Possuem baixa capacidade de reter, podem sofrer compactação e impermeabilização, como,
fixar nutrientes e de assimilar matéria orgânica, apresen- por exemplo, trânsito intenso de tratores e colheitadeiras,
tando baixa resposta à adubação. o que representa incremento à erosão, principalmente em
Nas unidades DSVP2x, DSVP2csa e DSVP2vfc, ocor- terrenos declivosos.
rem intercalações irregulares de camadas dobradas de Os solos residuais originados pela alteração de me-
várias espessuras que formam solos com características tabásicas constituídas de anfibolitos e ortoanfibolitos,
físico-químicas muito diferentes. A qualidade agrícola com pedogênese avançada, contêm em sua composição
desses solos varia muito de local para local, principalmente argilossiltosa uma fração de argilas expansivas. Solos com
nas áreas de relevo acidentado. Podem ocorrer áreas com tal composição mostram-se mais suscetíveis a processos
alternância irregular de solos bons e ruins, dificultando de compactação e impermeabilização, devido ao tipo
a atividade agrícola, que necessitará de maior extensão de uso, o que aumenta a probabilidade de ocorrerem
de terras para viabilizar a produção em grande escala. processos de erosão hídrica laminar.

192
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Recursos hídricos subterrâneos e Esse tipo de cobertura de solo (muito argilosa) é desfavo-
fontes poluidoras rável à recarga das águas subterrâneas, fazendo com que
ocorra variação muito grande de vazão. Os anfibolitos e
Adequabilidades ou potencialidades ortoanfibolitos formam um manto de alteração com baixo
potencial hídrico e geram solos argilossiltosos com pouca
Ocorrem nesse domínio terrenos com características permeabilidade. As áreas de ocorrência de solos com
morfolitoestruturais favoráveis à existência de importantes muita argila e silte mostram-se desfavoráveis à recarga das
armadilhas e barreiras hidrogeológicas, relacionadas a águas subterrâneas.
falhas, fraturas e dobras e a mudanças de litologias que Nas regiões de ocorrência de solos argilosos, estes
apresentam características hidrodinâmicas diferentes. apresentam baixa permeabilidade e porosidade, forman-
As características das rochas formadoras do domínio do aquíferos superficiais com fraco potencial hídrico. Tais
podem influenciar de forma positiva a produtividade dos coberturas de solos, associadas à rocha-fonte, são pouco
poços perfurados nas regiões de ocorrência do domínio. permeáveis e mostram um padrão hídrico muito desfa-
Nesse domínio, há predomínio de litologias portadoras de vorável à recarga dos aquíferos subterrâneos existentes
fraturas abertas irregularmente distribuídas, mas com bom nessas regiões.
potencial armazenador e circulador de água. Mesmo apresentando potencial para armazenar bons
Os metassedimentos à base de quartzo geralmente volumes de água, não a disponibilizam para circulação,
apresentam falhas e fraturas, características estruturais funcionando como um aquitardo. As rochas metabásicas,
da rocha que aumentam o potencial armazenador e cir- metaultramáficas e metavulcânicas básicas são muito
culador de água. fraturadas e percolativas. Nos locais em que os solos são
As rochas calcárias formam solos com alta capacidade pouco profundos e existam afloramentos dessas litologias,
de reter e eliminar poluentes. Em caso de ocorrerem perfis cuidados especiais deverão ser tomados com a construção
profundos e onde não há formação de dolinas, a vulnerabi- de obras que sejam fontes potencialmente poluidoras.
lidade à contaminação dos aquíferos subterrâneos é baixa. As águas subterrâneas que ocorrem em ambientes for-
O aquífero cárstico pode conter grandes depósitos de água, mados por essas rochas podem apresentar problemas de
que estão associados a cavernas e a rios subterrâneos. qualidade, como acidez e dureza elevada pelo excesso de
Nas unidades DSVP2vfc e DSVP2bu, há predomínio Fe e Mn em sua composição hidrogeoquímica.
de litologias que formam solos essencialmente argilosos, Na unidade DSVP2q, ocorrem metassedimentos à base
pouco porosos e naturalmente impermeáveis, que mostram de quartzo, geralmente portadores de alta densidade de
alta capacidade de fixar e eliminar poluentes. Onde ocor- fendas abertas. Por essas estruturas, poluentes podem se
rerem perfis de solo profundos, o risco de contaminação infiltrar e alcançar rapidamente os lençóis subterrâneos.
dos aquíferos subterrâneos será muito baixo. Os solos residuais arenosos têm baixa capacidade de reter
e eliminar poluentes e há grande variação lateral e vertical
Limitações das características hidrodinâmicas.
Na unidade DSVP2x, há predomínio de litologias
No domínio DSVP2, os terrenos em que se alternam, pouco permeáveis, que formam solos com baixa per-
irregularmente, litologias e solos residuais, ocorre grande meabilidade, sendo desfavoráveis à recarga de águas
variação na capacidade de reter e depurar poluentes. subterrâneas e com capacidade muito variável de reter e
Outra característica é a grande variação lateral e vertical depurar poluentes.
litológica que influencia de forma direta no padrão hidro- Na unidade DSVP2csa, as rochas calcárias fraturadas
dinâmico dos aquíferos, o que pode acarretar redução na contêm cavidades de ligação entre os fluxos de água su-
produtividade dos poços. Assim, há predomínio de aquí- perficial e subterrânea (dolinas e sumidouros de drenagem).
feros fissurais, de potencial hidrogeológico local bastante Por essas estruturas, poluentes dos mais diferentes tipos
irregular; em uma mesma região, um poço apresenta podem contaminar as águas subterrâneas de forma rápida
excelente vazão, enquanto em outro, próximo, a vazão é e sem qualquer forma de depuração natural. Nas rochas
nula, pois dependem tanto da densidade e da interconec- calcárias, as águas subterrâneas circulam e armazenam-se
tividade das estruturas existentes nessas rochas como de nas cavidades formadas pela dissolução dos carbonatos.
fatores exógenos, como o clima predominante na região. São aquíferos cársticos, que apresentam características
As águas subterrâneas podem conter teor muito eleva- hidrodinâmicas complexas e potencial hidrogeológico
do de ferro, manganês e cálcio, o que altera as qualidades irregular, podendo sofrer recarga e descarga rápidas. Bom-
hidroquímicas e inviabiliza o uso para consumo humano. beamentos excessivos podem gerar condições propícias à
As litologias predominantes nesse domínio se al- ocorrência de desmoronamentos subterrâneos, colapsos
teram para solos argilosos pouco permeáveis, gerando na superfície, rebaixamento do lençol freático e secamento
aquíferos superficiais com potencial hídrico reduzido. das águas superficiais.

193
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

As unidades DSVP2vfc e DSVP2bu apresentam litolo-


gias geralmente portadoras de alta densidade de fraturas
abertas e dispostas em várias direções. São rochas com
alto grau de percolação, cujas estruturas facilitam que os
poluentes contaminem os lençóis d’água.

Recursos minerais

Adequabilidades ou potencialidades e Limitações

No domínio DSVP2, ocorrem mineralizações de


ouro (Au) singenético, Fe, Pb, Zn, Ag. Há exploração de
substâncias de uso na construção civil, como areia, argila,
caulim, feldspato, quartzito e calcário, assim como áreas
com extração de água mineral para consumo huma-
no (Quadro 4.28).
Na unidade DSVP2x, são explotadas substâncias para Figura 4.167 - Ocorrência de argila branca em manto de
uso na construção civil, como areia e argila (inclusive argila alteração na unidade DSVP2x (Colombo, PR). Fotografia:
Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
branca para uso em porcelana (Figura 4.167); em lentes
carbonáticas são explotados calcário e dolomito, como
Não há ocorrências de depósitos minerais registrados
minerais industriais, assim como caulim, pirofilita e talco;
em lentes quartzosas é explotado quartzito; há minerali- na unidade DSVP2cap.
zações de ferro.
Na unidade DSVP2csa, com abundância em rochas cal- Aspectos ambientais e potencial turístico
cárias, há extração de mármore, como rocha ornamental,
e de dolomito, calcário (Figura 4.168), pirofilita, quartzito Adequabilidades ou potencialidades e Limitações
e talco como minerais industriais; além de água mineral
alcalina para consumo humano. Ocorrem, em quase todo o domínio, litologias que
Em rochas formadoras da unidade DSVP2vfc, há sofreram intensas deformações, como dobramentos super-
ocorrências de Ag, Zn e Pb, assim como há explotação postos, gerando relevos predominantemente acidentados
de substâncias para uso como minerais industriais, como do tipo montanhas e escarpas serranas. As regiões monta-
calcário e barita, além da ocorrência de turfas. nhosas são favoráveis ao afloramento do lençol freático, ori-
Na unidade DSVP2af, existe ambiência geológica fa- ginando nascentes de fundamental importância hídrica, pois
vorável a mineralizações e depósitos epigenéticos de Au, são formadoras dos rios e córregos existentes na bacia hidro-
assim como exploração de substâncias não metálicas e para gráfica que drena a região. As fortes quebras nas declivida-
uso como minerais industriais, como calcário, dolomito, des dessas montanhas originam a formação de cachoeiras,
filito e quartzito. corredeiras e piscinas naturais ao longo dos cursos d’água.

Quadro 4.28 - Unidades geológico-ambientais do domínio DSVP2, no estado do Paraná, em relação à ocorrência de depósitos minerais.

Minerais Minerais Industriais, Minerais de Uso


Código do Domínio Código da Unidade Minerais
Não Rochas e Materiais de Especial – Águas e
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental Metálicos
Metálicos Construção Civil Energéticos

DSVP2in Fe ND Calcário, dolomito, mármore ND


DSVP2q ND ND Quartzito ND
Areia, argila, caulim, calcário,
DSVP2x ND ND dolomito, pirofilita, quartzito, Água mineral
talco.

DSVP2 Caulim, calcário, dolomito,


DSVP2csa ND Filito Água mineral
fluorita, mármore, talco.
DSVP2vfc Pb, Zn, Ag ND Barita, calcário. Turfa
DSVP2bu ND ND Calcário ND

Argila, calcário, dolomito,


DSVP2af Au Filito ND
quartzito.

Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2011).


Nota: ND = Não determinado.

194
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Dessa forma, rios, riachos e córregos existentes nessas


regiões estão sujeitos a grandes e bruscas mudanças de ní-
vel e na vazão natural, originando a formação de enxurradas
com alto potencial de remoção e transporte de sedimentos.
Por essa razão, cuidados especiais devem ser toma-
dos para que essas regiões não sejam alvos de desmata-
mentos excessivos.
A cobertura vegetal natural tem papel importante,
pois retém as águas das chuvas, reduzindo a erosão e
melhorando o potencial de infiltração do solo e parte do
subsolo. Os terrenos calcários sofreram intensos dobra-
mentos e, devido ao intemperismo químico provocado
pelas águas da chuva, originaram belas paisagens cársti-
cas, do tipo cavernas, dolinas e sumidouros de drenagens
e rios subterrâneos.
Figura 4.168 - Extração de metacalcários dolomíticos como
corretivo agrícola na unidade DSVP2csa (Rio Branco do Sul, PR). Adequabilidades ou potencialidades e limitações
Fotografia: Deyna Pinho (2011).
No domínio DSVP2, há várias unidades de conserva-
Nas unidades geológico-ambientais em que os relevos ção (UC), como por exemplo, a APA do Passaúna, de uso
são mais acidentados, ocorre forte desequilíbrio e fran- sustentável, na Região Metropolitana de Curitiba, abran-
co e acelerado processo de desgaste dessas formas. gendo parte dos municípios de Curitiba, Araucária, Campo
Esses relevos montanhosos ou escarpados são sustentados Largo, Campo Magro e Almirante Tamandaré, que tem a
por litologias que favorecem os processos de erosão laminar função de proteger a área de manancial da represa do rio
e os movimentos naturais de massa. Ocorrem em regiões Passaúna, importante reserva de abastecimento de água
formadas por rochas metabásicas e metaultramáficas em para a região metropolitana (Quadro 4.29).
relevos com alta declividade. Caso sejam recobertos por Outras unidades de conservação merecem desta-
solos residuais, estes são naturalmente pouco permeáveis que, como o Parque Estadual das Lauráceas, de proteção
e apresentam baixa taxa de infiltração. integral, para preservação dos biomas Mata Atlântica e
No caso de chuvas intensas, tais características, asso- Floresta de Araucárias, e o Parque Estadual de Campinhos,
ciadas ao padrão de relevo, induzem escoamento rápido para proteção do patrimônio espeleológico, que contém a
para os canais de drenagem. Gruta dos Jesuítas (Figura 4.169).

Quadro 4.29 - Unidades geológico-ambientais do domínio DSVP2, no estado do Paraná, e respectivos potenciais geoturísticos.

Atrativo Geoturístico, Geossítios,


Código do Domínio Código da Unidade Características de Interesse
Quilombolas, Comunidades Indígenas,
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental Intrínsecas à Geodiversidade
Áreas de Conservação

DSVP2in Serra “Cordilheira do Santana”. Beleza paisagística.


DSVP2q Serra das Pedras. Beleza paisagística.
APA do Passaúna; Parque Estadual Área de manancial e
DSVP2x
das Lauráceas. exuberante fauna e flora.

APA do Passaúna; Parque Estadual das


Lauráceas; Terrenos Cársticos (Sumidouro do Área de manancial e exuberante
DSVP2csa
Roncador, Parque Estadual de Campinhos, fauna e flora; espeleológico.
DSVP2 Gruta de Lancinha).

Beleza paisagística;
DSVP2af Serra da Endoença (morro do Palha).
geomorfológico.

Beleza paisagística; área


DSVP2cap APA de Guaraqueçaba. de manancial e exuberante
fauna e flora.

DSVP2af Au Filito

Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2011).

195
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Figura 4.169 - Espeleotemas da gruta dos Jesuítas sobre a Figura 4.170 - Espeleotemas da gruta de Lancinha na unidade
unidade DSVP2csa. Parque Estadual de Campinhos (Tunas do DSVP2csa (Rio Branco do Sul, PR). Fotografia: Everton Novka
Paraná, PR). Fotografia: Turismo Paraná (2016). (2012). Fonte: Góes; Lorenzo (2012).

Outros locais merecem destaque por possuírem Características das Unidades


relação intrínseca com a geodiversidade, como a serra Geológico-Ambientais
“Cordilheira do Santana”, entre os municípios de Bocaúva
do Sul e Rio Branco do Sul; a serra das Pedras, em Piraí do As unidades geológico-ambientais que compõem o
Sul, sustentada por quartzitos da unidade DSVP2q; a serra domínio DCMU são complexos intrusivos calcialcalinos, di-
da Endoença (morro do Palha), entre os municípios de ferenciados, acamadados e alcalinos, básico-ultrabásicos di-
Campo Largo e Campo Magro; o sumidouro do Roncador ferenciados, paleo- a mesoproterozoicos e metamorfizados.
e a Gruta de Lancinha (Figura 4.170), relacionados aos
terrenos cársticos da unidade DSVP2csa, nos municípios Série básico-ultrabásica (DCMUbu)
de Colombo e Rio Branco do Sul, respectivamente.
Não foi encontrado potencial geoturístico na uni- Essa unidade ocorre próximo à área urbana de Adria-
dade DSVP2bu. nópolis. Corresponde ao Gabro de Apiaí, constituído de
textura isótropa, granulação fina predominantemente
DOMÍNIO DOS CORPOS composta por plagioclásios, clinopiroxênios e ortopiroxê-
MÁFICO-ULTRAMÁFICOS (SUÍTES nios (ARCHANJO, 2003).
KOMATIITICAS, SUÍTES TOLEÍTICAS,
Metamáficas, anfibolitos e gnaisses
COMPLEXOS BANDADOS) (DCMU)
calcissilicáticos (DCMUmg)
Elementos de Definição e Essa unidade ocorre na localidade de Campina dos
Área de Ocorrência Maias e na zona periférica urbana de Piên, como tam-
bém nas proximidades da Vila Areia Branca dos Assis em
O domínio DCMU compreende os corpos máfico- Mandirituba. Corresponde ao Complexo Máfico-Ultramá-
ultramáficos que podem ocorrer na forma de suítes komatii- fico de Piên. Dentre os litotipos, destacam-se: dunitos,
ticas, suítes toleíticas e complexos bandados, os quais estão serpentinitos, harzburgitos, talco-xistos, peridotitos, xistos
representados por duas unidades geológico-ambientais: magnesianos, ortopiroxenitos, olivina-websteritos, olivina-
Série básico-ultrabásica; Metamáficas, anfibolitos e gnais- piroxenitos, ortopiroxenitos portadores de plagioclásio,
ses calcissilicáticos. dioritos e quartzodioritos.
As áreas de ocorrência localizam-se no escudo para- O Gabro de Apiaí é um corpo intrusivo de apro-
naense próximo às divisas interestaduais: a norte, com o ximadamente 30 km de extensão por 1,5 a 2,5 km de
estado de São Paulo e, a sul, com o estado de Santa Cata- largura, em sua maioria situado no estado de São Paulo,
rina. Ocorrem na forma de pequenos corpos alongados no com apenas uma parte de 3,5 km de extensão por 875 m
substrato sob os municípios de Adrianópolis, Mandirituba, de largura localizada no estado do Paraná. O gabro está
Piên e Quitandinha. Totalizam uma área de 29,44 km2, encaixado em meio aos metassedimentos do Grupo Laje-
significando 0,015% do território do estado do Paraná ado, dentro do Terreno Apiaí. Atualmente, é aceita a sua
(Quadro 4.30; Figura 4.171). origem como sendo proveniente de riftes mesoceânicos.

196
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Quadro 4.30 - Unidades geológico-ambientais do domínio DCMU, no estado do Paraná,


e respectivos padrões de relevo, área e representatividade.
Representação
Código da Unidade Unidade Área
Padrões de Relevo no Território
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental (km2)
Paranaense (%)
DCMUbu Série básico-ultrabásica R4c – Domínio montanhoso. 1,99 0,001
Metamáficas, anfibolitos R4a1 – Colinas amplas e suaves;
DCMUmg 27,45 0,014
e gnaisses calcissilicáticos R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros baixos.
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Figura 4.171 - Representação das unidades geológico-ambientais do estado do Paraná dentro dos corpos máfico-ultramáficos
(suítes komatiiticas, suítes toleíticas, complexos bandados) (DCMU). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Segundo Daufenbach, Vasconcellos e Cury (2017), o Gabro Segundo Ribas (1993), o complexo é composto por
de Apiaí tem textura predominantemente intergranular metaperidotitos (ortopiroxênio e olivina), metanoritos
a subofítica, podendo ser dividido em três fácies (equi- (ortopiroxênios e plagioclásios), metapiroxenitos (ortopi-
granular grossa, equigranular média, equigranular fina), roxênios e clinopiroxênios), serpentinitos (originados de
sendo constituído, mineralogicamente, por plagioclásios rochas duníticas e piroxeníticas e ricos em serpentina,
(labradorita e andesina), clinopiroxênio e ortopiroxênio talco e dolomita) e xistos magnesianos (talco e clorita)
(augita), anfibólio (hornblenda), biotita e minerais opacos entrelaçados entre si e constituindo pequenas lentes ad-
(titanomagnetita, pirita, calcopirita, ilmenita, hematita), jacentes a hornblenda-metagabros e rochas associadas.
raramente apatita; localmente com diferentes graus de A maior parte do complexo é ocupada por rochas bási-
evidência de hidrotermalismo caracterizado pela presença cas separadas em hornblenda-metagabros (plagioclásio,
de clorita a partir da alteração de augita; geoquimicamente, clinopiroxênio e hornblenda), anfibolitos (anfibólios, pla-
é classificado como gabro, gabro-norito, gabro-diorito. gioclásios e clinopiroxênio) e gnaisses anfibolíticos (bandas
O Complexo Máfico-Ultramáfico de Piên aflora felsicas: plagioclásio e quartzo; bandas máficas: anfibólios,
imediatamente a leste de Piên, estendendo-se por 20 km plagioclásios e clinopiroxênio). Ocorrem, também, hor-
na direção nordeste, com largura máxima de 3 km. nblenda-metadiorito, metadiorito e metabasitos.

197
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Formas de Relevo e Solos sobre os relevos de colinas amplas e suaves; Afloramentos


Rochosos representam 1,2% em área, dominantemente
Na região das unidades do domínio DCMU, predo- sobre o relevo de colinas amplas e suaves (EMBRAPA, 2007).
minam áreas em que o relevo possui maiores declividades
(Figuras 4.172 e 4.173), como nos tipos montanhoso, de
Características, Adequabilidades e
Limitações Frente ao Uso e à Ocupação
colinas dissecadas e morros baixos e de colinas amplas
e suaves, devido, principalmente, à relação dos litotipos Obras de engenharia
e à história geológico-estrutural. Assim, a geomorfolo-
gia apresenta-se favorável a que os solos sejam do tipo Adequabilidades ou potencialidades
transportado e com características extremamente variadas,
visto que são influenciados pelas litologias existentes nas Ocorrem litologias de alta resistência à compressão,
regiões altas do entorno e mais distantes (Figura 4.174). que se alteram facilmente para solos argilosos e síltico-
No domínio DCMU, predominam Argissolos Verme- argilosos de baixa permeabilidade e de alta plasticidade.
lho-Amarelos, que ocorrem em 69,3% em área, predomi- Os solos residuais com pedogênese avançada apresentam
nantemente sobre os relevos de colinas amplas e suaves; baixa erodibilidade, alta capacidade de compactação
Latossolos Vermelhos representam 18,8% em área, ocor- e boa estabilidade em taludes de corte, sendo classifi-
rendo nos relevos de colinas amplas e suaves; Cambissolos cados geotecnicamente com qualidade para uso como
Háplicos representam 10,7% em área, principalmente material de empréstimo.

Figura 4.172 - Relevo de domínio montanhoso sobre rochas da unidade DCMUbu (Adrianópolis, PR).
Fotografia: Deyna Pinho (2011).

Figura 4.173 - Relevo de colinas dissecadas e morros baixos sobre rochas da unidade DCMUmg (Piên, PR).
Foto: Deyna Pinho (2011).

198
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Figura 4.174 - Representação dos padrões de relevo do estado do Paraná dentro do domínio dos corpos máfico-ultramáficos
(suítes komatiiticas, suítes toleíticas, complexos bandados) (DCMU). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Apesar de o relevo se apresentar bastante movimenta- envolvam escavações e movimentação de terra em períodos
do e irregular, ocorre predomínio de solos argilosos. Além de chuvosos, pois equipamentos e ferramentas utilizados nas
apresentarem boa estabilidade geotécnica, o potencial obras de terraplanagem demandarão maior tempo para
de ocorrência de movimentos naturais de massa é baixo. limpeza e manutenção.
Os solos argilosos, em épocas de seca, devido à ação
Limitações dos ventos e ao tráfego de veículos, entram facilmente em
suspensão, gerando muita poeira em áreas sem cobertura
Nas áreas em que o perfil do solo residual for pouco vegetal ou em estradas vicinais sem pavimentação.
evoluído, geralmente existem camadas contendo argilomi- Nas áreas em que a porção côncava das vertentes
nerais expansivos. Caso tais camadas sejam submetidas à apresenta maior declividade, ocorre maior concentração de
variação do grau de umidade, apresentarão o fenômeno de energia dos fluxos de água superficial e subsuperficial, aumen-
alternância de estados de dilatação e contração, tornando tando o potencial de ocorrência de movimentos de massa.
esses solos colapsíveis e sujeitos a desmoronamentos. Na unidade DVMUbu, por esta ser predominante-
Tais áreas são inadequadas para implantação de obras mente de rochas ígneas com características maciças que
civis, pois a oscilação no grau de umidade nas camadas de sofrem alterações bastante heterogêneas, formam-se
argilas expansivas causará, além de problemas de instabi- blocos e matacões ao longo do perfil do solo, mesmo em
lização de taludes, a formação de trincas em pavimentos regiões em que a pedogênese esteja avançada. Tais frag-
de estradas construídas sobre esse tipo de solo. mentos de rocha, existentes em meio à matriz do solo,
Os solos argilosos, independentemente da evolução caso fiquem expostos em taludes de corte, poderão sofrer
pedogenética, em períodos secos entram facilmente em sus- instabilização, ocasionando quedas e rolamentos. Assim,
pensão, gerando muita poeira; quando úmidos, tornam-se deve-se tomar cuidado para que fundações e edificações
excessivamente aderentes e escorregadios. Assim, deve- não fiquem parcialmente apoiadas sobre esses blocos e
-se evitar a execução de obras grandes e demoradas que matacões, de modo a se evitar danos a essas construções.

199
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Em áreas com tais características geológicas do terreno, a


ocorrência imprevisível de blocos ou matacões no solo de
forma isolada ou concentrada exigirá mais detalhamento
com sondagens e dificultará, no caso de execução de obras
subterrâneas, as escavações, aumentando o custo final do
projeto de engenharia. Essa unidade apresenta moderada a
alta resistência ao corte e à penetração. Onde ocorrerem ro-
chas sãs, será necessário o uso de explosivo para desmonte.
Na unidade DCMUmg, por esta ser predominante-
mente de rochas metamórficas, as diversas descontinui-
dades presentes na forma de xistosidade, fraturas e falhas
podem representar fatores de agravamento durante a exe-
cução de obras que envolvam corte de talude e exposição
dessas rochas (Figura 4.175 e 4.176). Tais blocos de rocha,
caso fiquem expostos nos taludes de corte, poderão sofrer
instabilização, ocasionando quedas, desplacamentos e Figura 4.175 - Afloramento rochoso da unidade DCMUmg
rolamentos de blocos de rocha. (Piên, PR). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).

Agricultura

Adequabilidades ou potencialidades

Os solos predominantes na unidade DCMUmg são Lu-


vissolos Crômicos Pálicos saprolíticos associados a afloramen-
tos de rocha. Os solos residuais são ricos em ferro, potássio,
cálcio e magnésio, com boa fertilidade natural. Apresentam
alta saturação por bases e argila de atividade alta.
As rochas do domínio DCMUbu apresentam baixa
a moderada resistência ao intemperismo físico-químico,
são ricas em minerais ferromagnesianos, gerando solos
argilosos e liberando, nesse processo de intemperização,
vários nutrientes, como potássio, sódio, cálcio, magné-
sio, além de altos teores de elementos metálicos, como
Figura 4.176 - Afloramento rochoso da unidade DCMUmg
ferro, manganês e titânio. Em razão desses últimos ele- (Piên, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011).
mentos, os solos apresentam destacada cor vermelha.
Os solos argilosos apresentam baixa erodibilidade natural. Limitações
Nas áreas de relevo suavizado, predominam perfis pro-
fundos com pedogênese avançada, apresentando boa Apresentam elevada suscetibilidade à erosão, face ao
fertilidade natural. Onde ocorrerem solos que não sejam ex- relevo em que ocorrem, à pequena profundidade efetiva e
cessivamente evoluídos, a fertilidade natural será muito boa. à variação de gradientes textural e estrutural, representa-
A permeabilidade varia de baixa, nos solos pouco evoluídos, dos por estruturas granulares do horizonte A (superficial)
a moderada, em solos bem evoluídos. Tais solos apresen- em contraposição às estruturas em blocos do horizonte
tam boa porosidade, armazenam mais água, mantendo-a B (subsuperficial), causando um diferencial de infiltração.
disponível para a vegetação natural e áreas agriculturáveis As rochas metabásicas intemperizadas geram solos predo-
minantemente argilosos ou argilossiltosos, que, devido à
por longos períodos de seca, o que significa uso menos
textura, sofrem maior compactação e impermeabilização
intenso de irrigação. Esses solos possuem, também, boa
se submetidos a cargas elevadas contínuas. Assim, as
capacidade de reter, fixar nutrientes e assimilar matéria
mudanças do estado natural do solo ocasionam maior
orgânica. Respondem bem à adubação, com consequente
suscetibilidade à instalação de processos de erosão laminar,
aumento na produtividade agrícola. Associadas a esses podendo formar sulcos, ravinas e voçorocas nessas áreas.
terrenos pode haver manchas de solos do tipo terra roxa, Em caso de manejo inadequado, podem se tornar mais
de excelente qualidade para a agricultura, em áreas onde erodíveis que solos arenosos. O uso frequente de maqui-
o relevo for mais suavizado e a pedogênese mais desen- nários pesados e o pisoteio contínuo do gado em solos
volvida. O uso agrícola da região é restrito, sendo mais excessivamente argilosos aumentam consideravelmente o
favorável à silvicultura e a pastagens. seu grau de compactação e de impermeabilização.

200
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Em áreas mais acidentadas, ao longo de uma mesma Assim, a existência, a distribuição, o tamanho, a
encosta podem ocorrer solos de diferentes qualidades agrí- densidade e a interconectividade das fraturas, associados a
colas, pois há locais em que os perfis são mais profundos e fatores exógenos, como as condições climáticas locais, em
bem desenvolvidos, enquanto em outros pontos são rasos especial os índices de chuvas, são as razões pelas quais, em
e pouco desenvolvidos. A erosão hídrica também varia de áreas próximas, um poço pode apresentar excelente vazão
baixa a alta, ocasionando erosão laminar ou em sulcos e in- e outro estar seco. Como o gabro intemperizado forma
fluenciando, a curtas distâncias, a qualidade agrícola do solo. solos argilosos pouco permeáveis, disponibiliza pouca água
Podem ocorrer fragmentos de rocha em superfície, o para circulação. Assim, o manto de alteração situado mais
que, associado ao relevo, que pode ser muito declivoso, abaixo nesse perfil terá baixo potencial hídrico.
é limitante à mecanização agrícola. São solos argilosos, Áreas com esse tipo de perfil de solo e subsolo são
muito plásticos e pegajosos, o que dificulta a utilização consideradas desfavoráveis à recarga das águas subter-
de maquinários quando molhados ou úmidos. Apresen- râneas, reduzindo o potencial de infiltração das águas
tam aptidão regular para culturas anuais, em função de das chuvas, com consequente aumento da velocidade
limitações quanto ao armazenamento de água para as do escoamento superficial, potencializando os proces-
plantas e ao uso de implementos agrícolas. No entanto, sos de erosão hídrica laminar, que carrearão sedimentos
é necessária a utilização de práticas conservacionistas in- para as drenagens e ocasionarão o assoreamento dos
tensivas, como o terraceamento em desnível e cobertura cursos d’água.
vegetal permanente. As mudanças nas características texturais do solo,
Nessas áreas, há possibilidade de formação de crostas que são intrínsecas à pedogênese e às características da
lateríticas, que são muito endurecidas e intemperizadas. rocha-mãe, como redução da porosidade e permeabilidade,
Ao sofrerem lixiviação, liberam ferro e alumínio para os so- reduzem também a recarga dos aquíferos subterrâneos e
los, deixando-os excessivamente ácidos e corrosivos, assim poderão levar à extinção de nascentes em regiões com
como reduzindo a sua qualidade química e tornando-os manejo incorreto do solo para implantação de extensas
inaptos para a agricultura. Além disso, danificam, rapida- áreas de pastagem ou lavouras.
mente, dutos ou canos que estejam enterrados. Nessa região, há moderada a alta densidade de canais
de drenagem, onde o sistema principal apresenta vales
Recursos hídricos subterrâneos e estreitos e relativamente profundos e desprovidos de pla-
fontes poluidoras nícies de deposição. O sistema secundário apresenta vales
abertos e curtos e funciona apenas como escoamento das
Adequabilidades ou potencialidades águas das chuvas, permanecendo secos. Como são terrenos
definidos como pouco permeáveis, deve-se preservar a ve-
No domínio DCMU, predominam rochas que se com- getação nativa, pois esta exerce papel fundamental: retém
portam como aquíferos com baixa potencialidade para a água da chuva e ajuda na infiltração da água no subsolo.
água subterrânea em fraturas. Os solos possuem elevada Entretanto, a baixa permeabilidade do solo reflete na pouca
capacidade de reter e fixar poluentes. Os solos que ocor- disponibilidade hídrica em superfície e em drenagens secas.
rem nessas áreas são predominantemente argilossiltosos
e apresentam, naturalmente, baixa permeabilidade, o que Recursos minerais
gera grande capacidade de reter, fixar e eliminar poluentes.
Em regiões onde os perfis são mais profundos, tais carac- Adequabilidades ou potencialidades e Limitações
terísticas físico-químicas reduzem o risco de contaminação
dos aquíferos subterrâneos por produtos químicos utili- A unidade DCMUbu mostra-se favorável à existência de
zados, por exemplo, na agricultura. A rocha, pelo padrão mineralizações de chumbo, prata, ouro e tem potencial para
de fraturamento, pode apresentar bom potencial para exploração de rochas ornamentais para uso na construção civil.
exploração de águas subterrâneas. Já na unidade DCMUmg, o ambiente geológico é favorável
a mineralizações de níquel, cobre, zinco, chumbo, ouro,
Limitações prata, cromo, talco e asbesto (RIBAS, 1993) (Quadro 4.31).

Por ser uma rocha bem fraturada, com estruturas Aspectos ambientais e potencial turístico
abertas, além da percolação da água, seus espaços facilitam
que os poluentes atinjam rapidamente os aquíferos sub- Adequabilidades ou potencialidades e Limitações
terrâneos. Assim, onde rochas afloram em maior extensão
superficial, cuidados especiais devem ser tomados com A unidade DCMUbu, ao sofrer intemperismo, gera
fontes potencialmente poluidoras, como, por exemplo, solos argilosos, que são, naturalmente, pouco perme-
redes de esgoto. As rochas nas quais as águas subterrâneas áveis. Como existe um padrão alto de densidade de
se armazenam e circulam através de fendas abertas (falhas, canais de drenagem na região e o relevo apresenta for-
fraturas) são denominadas aquíferos fissurais, sendo que o te declividade, em períodos de chuva intensa a maior
potencial hidrogeológico local é bastante irregular. parte das águas escoa rapidamente por esses canais.

201
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Quadro 4.31 - Unidades geológico-ambientais do domínio DCMU, no estado do Paraná, em relação à ocorrência de depósitos minerais.

Minerais Industriais, Minerais de Uso


Código do Domínio Código da Unidade Minerais Minerais Não
Rochas e Materiais Especial – Águas
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental Metálicos Metálicos
de Construção Civil e Energéticos
DCMUbu Pb, Ag, Au ND Rocha ornamental ND
DCMU Ni, Cu, Zn, Pb,
DCMUmg Talco, asbestos ND ND
Au, Ag, Cr
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
Nota: ND = Não determinado.

Tal padrão de escoamento ocasiona grandes e bruscas Séries graníticas peralcalinas (DCGR1palc)
mudanças de nível e de vazão nos rios, riachos e córregos,
levando à formação de enxurradas com alto potencial de Essa unidade ocorre próximo à área urbana de Agudos
remoção e transporte de sedimentos. Devido a tais carac- do Sul e nas áreas municipais de Antonina, Campina Grande
terísticas da região, cuidados especiais devem ser tomados do Sul, Guaraqueçaba, Guaratuba, Mandirituba, Morretes,
para não a desmatar excessivamente, pois a cobertura ve- Piên, Piraquara, Quatro Barras, São José dos Pinhais e Tijucas
getal tem papel importante para reter as águas das chuvas do Sul. Corresponde aos corpos graníticos de Alto do Turvo,
e melhorar o potencial de infiltração no solo e subsolo. Anhangava, Marumbi, Morro Redondo, Palermo, Rio Negro,
A região da unidade DCMUbu tem potencial turístico Serra da Graciosa, Serra da Igreja, Tarumã, Serra do Mar, mais
devido à beleza cênica do relevo, predominantemente especificamente, biotita-granitos, granodioritos, leucogranitos,
montanhoso, com preservação de matas, florestas e rios. álcali-feldspato-granitos, quartzossienitos, quartzo, monzo-
As características de relevo, a vegetação, cavernas, rios nitos, monzogabros, sienomonzogranitos, anfibólio-biotita-
com cachoeiras e o clima ameno formam interessantes monzogranitos, biotita-monzogranitos e, subordinadamente,
cenários, que são os principais atrativos da região do Vale biotita-gabros, monzogabros, quartzo-monzodioritos, mon-
do Ribeira. O importante para essa região, com muitas zodiotitos, quartzomonzonitos e monzonitos.
áreas preservadas, é o contínuo incentivo ao desenvolvi-
mento do ecoturismo contemplativo, que é a apreciação Séries graníticas alcalinas (DCGR1alc)
dos ecossistemas em seu estado natural.
Essa unidade ocorre nas áreas municipais de Adria-
DOMÍNIO DOS COMPLEXOS GRANITOIDES nópolis, Campo Largo, Campo Magro, Carambeí, Castro,
NÃO DEFORMADOS (DCGR1) Cerro Azul, Jaguariaíva, Piraí do Sul, Piraquara, Ponta
Grossa, Quatro Barras e Rio Branco do Sul. Correspon-
Elementos de Definição e de aos corpos graníticos de Angelina, Carambeí, Cerne,
Área de Ocorrência
Joaquim Murtinho, Morro Grande, Passa Três, Piedade,
Varginha, Itaoca (Saltinho), Conceição (Três Córregos), gra-
O domínio DCGR1 compreende as rochas ígneas plu-
nitoides pós-orogênicos do Órogeno Paranapiacaba, mais
tônicas gratinoides geradas no Proterozoico, que não foram
especificamente, álcali-feldspato-granitos, leucogranitos,
metamorfizadas, deformadas ou foram poucamente influen-
sienogranitos, monzogranitos, biotita-monzogranitos,
ciadas por eventos tectônicos. Está representado por três
quartzossienitos, quartzomonzonitos, granodioritos.
unidades geológico-ambientais: Séries graníticas peralcalinas;
Séries graníticas alcalinas; Séries graníticas indeterminadas.
As áreas de ocorrência localizam-se no escudo pa-
Séries graníticas indeterminadas (DCGR1in)
ranaense, nas regiões dos municípios de Campo Largo,
Essa unidade ocorre nas áreas municipais de Bocaiúva do
Cerro Azul, Lapa, Morretes, Ponta Grossa, Rio Branco do
Sul, Campina Grande do Sul, Contenda, Lapa e Tunas do Paraná.
Sul e Tunas do Paraná. Ocorrem totalizando uma área de
Corresponde aos corpos graníticos de Banhado e aos gra-
1.730,40 km2, significando 0,88% do território do estado
nitoides pós-orogênicos do Órogeno Paranapiacaba, mais
do Paraná (Figura 4.177; Quadro 4.32).
especificamente, sienogranitos, granitos, granodioritos,
Características das Unidades monzogranitos, biotita-monzogranitos e monzonitos.
Geológico-Ambientais Resumidamente, são apresentadas, a seguir, informa-
ções sobre os principais litotipos ou descrição faciológica
As unidades geológico-ambientais que compõem o dos corpos granitoides e respectivas idades.
domínio DCGR1 são constituídas por corpos ígneos plutô-
nicos de caráter granitoide e composição variada, como: Granito Alto do Turvo
leucogranitos, álcali-feldspato-granitos, sienogranitos,
monzogranitos, granodioritos, sienitos e outros litotipos Considerado como plúton granítico alcalino do tipo
associados pós-orogênicos. A, é composto por duas fácies litológicas predominantes:

202
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

• Granito equigranular grosso, isótropo, cor rósea Granito Banhado


a levemente amarronzada e aproximadamente
10-15% de minerais máficos disseminados domina- Consiste em um pequeno stock granítico elipsoidal
dos por biotita e hornblenda; alongado segundo direção NNE, de idade neoproterozoica,
• Granito cinza-claro a cinza-escuro, de granulação provavelmente pós-colisional, constituído de granito isótropo,
média a grossa, equigranular a inequigranular, pou- leucocrático, amarronzado a acinzentado, com fenocristais de
co ou não deformado, mostrando textura hipidio- feldspato alcalino, com dimensões entre 0,2 e 0,5 mm, em
mórfica, granular e, às vezes, porfirítica. Aparecem meio a matriz equigranular média, composta por feldspato
como minerais acessórios: titanita, zircão, apatita e potássico, plagioclásio, quartzo e biotita disseminada; também
minerais opacos; de idade neoproterozoica em torno presentes biotita, muscovita, zircão, apatita, titanita e mine-
de 580 Ma (FALEIROS; MORAIS; COSTA, 2012). rais opacos como acessórios; clorita, sericita e epidoto como
minerais secundários (FALEIROS; MORAIS; COSTA, 2012).
Granito Anhangava
Granito Cerne
Com características pós-orogênicas, tipo A, de na-
tureza subalcalina a alcalina, com idade eopaleozoica. Ocorre sob a forma de pequenos lajedos, blocos e
É constituído de biotita-granitos de coloração rósea, matacões in situ em que predominam hornblenda-quartzo-
leucocráticos, geralmente equigranulares de granulação álcali-feldspato-granito de cor rósea, inequigranular, fino a
média, ricos em sílica, pouco ou não deformados, tendo médio, com orientação mineral provavelmente marcando o
como minerais acessórios zircão, titanita, alanita, fluorita fluxo magmático; também ocorrem quartzossienitos, tardi- a
(SILVA et al., 1999). pós-orogênicos, de idade neoproterozoica (SILVA et al., 1999).

Figura 4.177 - Representação das unidades geológico-ambientais do estado do Paraná dentro dos complexos granitoides
não deformados (DCGR1). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

203
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Quadro 4.32 - Unidades geológico-ambientais do domínio DCGR1, no estado do Paraná,


e respectivos padrões de relevo, área e representatividade.

Representação
Código da Unidade Unidade Área
Padrões de Relevo no Território
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental (km2)
Paranaense (%)
R4a1 – Colinas amplas e suaves;
R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros baixos;
Séries graníticas
DCGR1palc R4b – Domínio de morros e de serras baixas; 1.033,07 0,53
peralcalinas
R4c – Domínio montanhoso;
R4d – Escarpas serranas.
R4a1 – Colinas amplas e suaves;
R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros baixos;
Séries graníticas R4b – Domínio de morros e de serras baixas;
DCGR1alc 632,24 0,32
alcalinas R4c – Domínio montanhoso;
R4d – Escarpas serranas;
R4e – Degraus estruturais e rebordos erosivos.
R4a1 – Colinas amplas e suaves;
Séries graníticas
DCGR1in R4b – Domínio de morros e de serras baixas; 65,09 0,03
indeterminadas
R4c – Domínio montanhoso.
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Granito Morro Grande Granito Varginha

Composto por granitos subalcalinos e alcalinos, tipo Composto de rochas graníticas leucocráticas de granu-
A, com idade neoproterozoica em torno de 564 Ma. lação grossa, equigranular ou porfirítica, nessa última com
Possui textura porfiroide, com fenocristais de feldspato fenocristais de microclínio. Quanto à composição, essas
róseo envolvidos por uma matriz cinza-claro. Os minerais rochas se classificam como monzonito, monzodiorito e
predominantes são microclínio, plagioclásio, quartzo, granodiorito. Biotita representa o principal mineral máfico;
biotita e hornblenda; como minerais acessórios apare- idade neoproterozoica (FALEIROS; MORAIS; COSTA, 2012).
cem: apatita, pirita, zircão e alanita; outros minerais que
aparecem: calcita, sericita, pistacita e clorita (BRUMATTI; Suíte Granítica Três Córregos (Granito Conceição)
ALMEIDA, 2014; CPRM, 1977).
Hornblenda-biotita-granitos cinza-rosado, porfiroides,
Granito Piedade de composição granodiorítica a granítica, de granulação
média a grossa, tardiorogênicos, de idade neoproterozoica
Granitoides de granulação média a fina, tardioro- (SILVA et al., 1999).
gênicos, com dois domínios litológicos predominantes:
Suíte Serra do Mar
álcali-sienitos, álcali-quartzossienitos e quartzossienitos
cinza-claro, cinza-rosado, isótropos, contendo hastingsita Granitos de natureza alcalina a peralcalina, tipo A,
e biotita; álcali-granitos, sienogranitos e álcali-quartzos- de idade neoproterozoica em torno de 600 a 580 Ma.
sienitos branco-acinzentados a avermelhados, cataclásti- Monzogranitos, sienogranitos, quartzossienitos, quart-
cos, ambos de idade neoproterozoica (SILVA et al., 1999). zomonzonitos, sienitos e feldspato-alcalino-granitos.
A fase máfica predominante nos granitos alcalinos é biotita
Granito Itaoca e biotita±anfibólio e, nos granitos peralcalinos, é biotita,
hornblenda, riebeckita, arfevdsonita, aegirina, aegirina-
Esse plúton compreende rochas metaluminosas augita e rara faialita (WILDNER et al., 2014).
correlacionáveis à série calcialcalina de alto potássio, de
natureza tardi- a pós-orogênica, do tipo I Cordilherano. Formas de Relevo e Solos
A unidade Saltinho inclui duas variações principais, sendo
uma constituída por biotita-hornblenda-monzogranito Na região das unidades DCGR1, predominam áreas em
róseo, equigranular a inequigranular médio; outra por que o relevo possui maiores declividades, como os tipos
hornblenda-biotita-monzogranito a quartzomonzonito montanhoso, morros e serras baixas, escarpas serranas e
hololeucocrático, rosa-esbranquiçado, equigranular a rebordos erosivos (Figura 4.178), devido, principalmente, à
inequigranular médio. A estrutura é isótropa a fracamen- relação dos litotipos e à história geológico-estrutural. Assim,
te foliada. Localmente, raros megacristais de feldspato a geomorfologia apresenta-se favorável a que os solos sejam
potássico. Contém minerais acessórios como titanita, do tipo transportado e com características extremamente
magnetita, epidoto, clorita, apatita e zircão; idade neo- variadas, visto que são influenciados pelas litologias exis-
proterozoica (FALEIROS; MORAIS; COSTA, 2012). tentes nas regiões altas do entorno (Figura 4.178).

204
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Figura 4.178 - Representação dos padrões de relevo do estado do Paraná dentro dos complexos granitoides não deformados (DCGR1).
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

No domínio DCGR1, predominam Argissolos Verme- a ação dos processos de intemperismo físico-químico.
lho-Amarelos, que ocorrem em 32,6% em área, principal- São litologias que formam solos argilo-síltico-arenosos.
mente sobre os relevos de colinas amplas e suaves e morros Nas áreas em que os granitos são submetidos a fortes
e serras baixas; Afloramentos rochosos representam 30,2% processos de pedogênese, os solos formados apresentam
em área, dominantemente nos relevos montanhosos e boa capacidade de compactação, baixa permeabilidade,
de escarpas serranas; Cambissolos Háplicos representam plasticidade moderada e são pouco erodíveis. Já em áreas
22,0% em área, preferencialmente sobre os relevos de com pedogênese incipiente, a alteração das rochas gera
colinas amplas e suaves e escarpas serranas; Latossolos saibro, utilizado para manutenção de estradas sem pavi-
representam 5,6% em área, predominantemente sobre o mentação. Essas rochas apresentam qualidades geotécnicas
relevo de colinas amplas e suaves; os demais tipos de solos para uso como material de empréstimo em obras de aterros,
representam menos de 9,6% em área (EMBRAPA, 2007). construção de estradas e pequenas barragens. Os corpos
graníticos que apresentam baixo grau de alteração, rele-
Características, Adequabilidades e vantes características texturais e estruturais e padrão de cor
Limitações Frente ao Uso e à Ocupação
comercial têm potencial para utilização como pedras para
Obras de engenharia revestimentos externos e internos, em fundações, como
agregados para concreto (brita), além de outras aplicações
Adequabilidades ou potencialidades na indústria da construção civil.

As rochas graníticas apresentam alto grau de coesão, Limitações


reduzida porosidade primária e mineralogia à base de
feldspatos e quartzo com baixa proporção de minerais Nessa unidade, há predomínio de rochas cristalinas
ferromagnesianos, como biotita. Tais características au- com alto grau de coesão à base de feldspatos e, mais
mentam a resistência dos granitos à compressão e reduzem restritamente, quartzo.

205
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Nos locais em que existam rochas frescas, estas apre-


sentarão alta resistência ao corte e à penetração e necessi-
tarão do uso de explosivos para desmonte.
Nas bordas dos maciços, os granitos tardi- e pós-oro-
gênicos são densamente fraturados e estão posicionados
em várias direções. Tais estruturas na rocha ocasionam
aumento na percolação da água, facilitam a ação dos
processos intempéricos e, em taludes de corte, geram
áreas de fragilidade com possibilidade de instabilização
de blocos (Figura 4.179).
As rochas graníticas alteram-se de maneira diferen-
ciada, quase sempre deixando blocos e matacões soltos ao
longo do perfil do solo, mesmo em locais onde os perfis
pedogenéticos sejam espessos. Esse padrão de alteração
posiciona o substrato rochoso em profundidades irregu-
lares. Há grande possibilidade de os blocos e matacões se
Figura 4.179 - Corte de talude em rodovia expondo rochas do
posicionarem em diferentes profundidades ao longo do granito Varginha altamente fraturadas (DCGR1alc) e com risco de
perfil do solo, o que dificultaria a execução de escavações queda ou rolamento de blocos (Adrianópolis, PR).
e perfurações. Podendo, também, induzir a uma falsa Fotografia: Deyna Pinho (2011).
interpretação das campanhas de sondagens geotécnicas,
levando a uma proposta de fundação não compatível com
o comportamento do solo. Fragmentos de rocha podem
se movimentar em taludes de corte, em rampas declivo-
sas e instabilizar edificações, no caso de fundações ou
estacas forem apoiadas parcialmente sobre esses blocos
ou matacões. Esses terrenos exigem estudos geotécnicos
detalhados, apoiados em sondagens de malha reduzida,
com impacto nos custos nas fases de planejamento e de
execução de obras civis do tipo estradas, gasodutos ou
barragens para se tornarem menos suscetíveis a acidentes
geotécnicos do tipo escorregamentos.
O solo argilo-síltico-arenoso erode com facilidade e
não é adequado para uso em obras expostas à concentra-
ção de águas pluviais, como aterros ou taludes de corte
(Figuras 4.180 e 4.181).
Figura 4.180 - Rodovia em relevo de domínio montanhoso
Agricultura na unidade DCGR1alc (Adrianópolis, PR). Fotografia: Andrea
Fregolente Lazaretti (2011).
Adequabilidades ou potencialidades

As rochas graníticas intemperizadas formam solos com


alta participação de argila e liberam vários nutrientes, como
Na, Mg e K. Onde ocorre pedogênese avançada, os solos
apresentam erodibilidade moderada, muito boa capacidade
de reter nutrientes e de assimilar matéria orgânica, refletin-
do em melhores resultados na produtividade agrícola. É um
solo poroso, com média permeabilidade, características
que resultam em boa capacidade hídrica, mantendo certa
quantidade de água disponível para a vegetação por longo
período, mesmo no caso de baixo índice pluviométrico.
A baixa qualidade química dos solos graníticos com
pedogênese avançada é compensada pela boa qualidade
física, portanto, relevo favorável e manejo correto resultarão
em solos com bom potencial agrícola. Os granitos à base
de feldspatos alcalinos e contendo minerais secundários
Figura 4.181 - Deslizamento em trecho da estrada da Graciosa
ferromagnesianos geram solos residuais de fertilidade sobre a unidade DCGR1palc (Morretes, PR).
natural relativamente alta. Fonte: GAZETA DO POVO, 2014.

206
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

As unidades DCGR1alc e DCGR1in possuem maior


incidência de Latossolos sobre relevo de colinas amplas e
suaves, condição esta mais propícia para serem utilizados
na forma de extensas agriculturas (EMBRAPA, 2007).

Limitações

Nesse domínio, as rochas geram solos argilo-síltico-


arenosos e o processo de intemperização libera muito
alumínio, tornando os solos mais ácidos. São solos que,
dependendo de fatores tais como relevo, cobertura vegetal
e clima, podem sofrer intensos processos de erosão hídrica
linear, formando ravinas, sulcos ou voçorocas.
Pelo padrão de fraturamento, são rochas que se alte-
ram de forma heterogênea, formando blocos e matacões
que se distribuem de forma esparsa na superfície do terreno,
gerando uma paisagem denominada “campo de matacões”,
o que restringe o uso para fins agrícolas (Figura 4.182).
Os solos residuais apresentam erodibilidade variando Figura 4.182 - Solo residual e esfoliação esferoidal sobre rochas
de moderada, nos perfis bem evoluídos, a alta, nos per- graníticas da unidade DCGR1alc (Quatro Barras, PR). Fotografia:
fis poucos evoluídos, onde a fertilidade natural varia de Deyna Pinho (2011).
moderada a baixa, pelas características físico-químicas e
biológicas predominantes nesses solos. Em caso de uso Limitações
contínuo de máquinas e equipamentos pesados e/ou em
áreas de criação de gado, devido ao intenso pisoteio, por As rochas graníticas tardi- e pós-tectônicas geralmente
apresentarem altas proporções de argilas, esses solos so- são portadoras de muitas fraturas abertas, especialmente
frem compactação e impermeabilização. Tal prática reduz o nas bordas dos maciços, pelas quais poluentes podem al-
grau de infiltração das águas das chuvas no solo e subsolo, cançar rapidamente as águas subterrâneas. Em área onde
com consequente aumento da velocidade do escoamento as rochas afloram e os solos residuais são pouco evoluídos
superficial, que reduz a recarga das águas subterrâneas e ou rasos, o risco de contaminação das águas subterrâneas
pode ocasionar a extinção de nascentes d’água, aumen- é alto, exigindo cuidados especiais com fontes potencial-
tando o potencial erosivo na região. mente poluidoras.
Predomina a incidência de afloramentos rochosos, Nas rochas graníticas, as águas subterrâneas se
principalmente sobre a unidade DCGR1palc, quando esta armazenam e circulam através de pequenas e grandes
ocorre em relevos na forma de escarpas serranas e mon- fendas abertas, relacionadas a falhas e fraturas. Cons-
tanhosos (EMBRAPA, 2007). tituem aquíferos fissurais descontínuos, com potencial
hidrogeológico bastante irregular.
Recursos hídricos subterrâneos Este depende da existência, distribuição, tamanho,
e fontes poluidoras densidade e interconectividade das falhas e fraturas e das
condições climáticas locais. Por isso, às vezes, um poço
Adequabilidades ou potencialidades pode dar excelente vazão e outro, ao lado, ser seco.
Como os solos gerados pelo intemperismo dessas
Nesse domínio há maior possibilidade de existência rochas apresentam teores razoáveis de argila, a perme-
de grandes e profundas fraturas abertas, com bom po- abilidade é variável e o manto de alteração apresenta
tencial armazenador e circulador de água, especialmente qualidades desfavoráveis para que ocorra a recarga dos
nas bordas dos maciços, sendo terrenos com interessante lençóis subterrâneos.
potencial hidrogeológico.
Os solos residuais de granitos, principalmente Recursos minerais
quando muito espessos, por sofrerem processo de pedo-
gênese profunda, podem armazenar potenciais aquífe- Adequabilidades ou potencialidades e Limitações
ros superficiais.
Os granitos são rochas com baixa permeabilidade Os corpos graníticos desse domínio têm alto potencial
primária e geram solos argilo-síltico-arenosos, com boa para serem lavrados para brita, rocha ornamental e pedra
capacidade de fixar e eliminar poluentes, evitando, assim, de talhe (Quadro 4.33). Nos granitos das séries alcalinas, há
a contaminação dos aquíferos. Em áreas onde os solos ocorrências de cobre, ouro, tungstênio, molibdênio, volas-
forem mais profundos, o risco de contaminação das águas tonita, pirita e de substâncias para uso na construção civil,
subterrâneas é mais reduzido. como granito e granito ornamental (Figuras 4.183 a 4.185).

207
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Quadro 4.33 - Unidades geológico-ambientais do domínio DCGR1, no estado do Paraná, em relação à ocorrência de depósitos minerais.

Minerais Minerais Industriais, Minerais de Uso


Código do Domínio Código da Unidade Minerais
Não Rochas e Materiais de Especial – Águas
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental Metálicos
Metálicos Construção Civil e Energéticos

Caulim, Rocha ornamental, brita,


DCGR1palc ND ND
quartzo pedra de talhe, argila.
Rocha ornamental,
Caulim,
DCGR1 DCGR1alc Au, Cu, Mo, W brita, pedra de talhe, ND
quartzo
volastonita, pirita.
Rocha ornamental,
DCGR1in ND ND ND
brita, pedra de talhe.
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
Nota: ND = Não determinado.

Em rochas graníticas peralcalinas, há ocorrências de


caulim e de substâncias para uso na construção civil, como
argila, granito, granito ornamental. Nas demais rochas
graníticas, há exploração para rocha ornamental, brita e
pedra de talhe.
Destaque para os agrupamentos minerais (área de
pequenas dimensões, localizada em ambiente geológico
produtor de bens minerais, abrangendo, no mínimo, três ou
mais depósitos e/ou jazidas minerais) de rochas ornamen-
tais da região de Campo Largo, sobre rochas granitoides
da unidade DCGR1alc; da região de Quatro Barras, sobre
rochas granitoides da unidade DCGR1palc (Figuras 4.183 a
4.185); e da região de Tijucas do Sul, com depósito de argila
e caulim, também sobre granitoides da unidade DCGR1palc.

Figura 4.183 - Local de extração de pedra de talhe ou Aspectos ambientais e potencial turístico
paralelepípedo no granito Angelina na unidade DCGR1alc (Quatro
Barras, PR). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
Adequabilidades ou potencialidades e Limitações

Pelo fato de as rochas graníticas apresentarem alta


resistência ao intemperismo físico-químico, os terrenos por
elas sustentados costumam ser predominantemente mon-
tanhosos, havendo muitas áreas de grande beleza cênica,
com a formação de belos espigões rochosos (Figuras 4.186
a 4.188), onde rios e córregos têm seus leitos geralmente
revestidos de blocos e matacões. Há trechos desses rios com
as águas escoando sobre o substrato rochoso, formando
belas corredeiras, cachoeiras e piscinas naturais.
Nessas unidades geoambientais, predominam relevos
movimentados, favoráveis a que o lençol freático aflore em
vários pontos, formando muitas nascentes. Portanto, são
regiões de grande importância para manutenção da regu-
laridade do regime hídrico superficial. A predominância de
relevos em desequilíbrio, em franco e acelerado processo
de desgaste, aliada ao potencial erodível relativamente
alto dos solos graníticos, torna essas áreas sujeitas a
grandes movimentos naturais de massa. São áreas-fontes
de geração de alta carga de detritos arenosos, que, car-
Figura 4.184 - Pedras de talhe ou paralelepípedos extraídos
do granito Angelina na unidade DCGR1alc (Quatro Barras, PR). reados pelas chuvas, podem assorear os cursos de água a
Fotografia: Deyna Pinho (2011). jusante dessas regiões.

208
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Figura 4.185 - Extração de pedra de talhe no granito Angelina Figura 4.188 - Pico Paraná, na serra do ibitiraquiré, sobre rochas
na unidade DCGR1alc (Quatro Barras, PR). Fotografia: Andrea graníticas da unidade DCGR1palc (Antonina, PR).
Fregolente Lazaretti (2011). Fonte: Exploradores (2011).

O Parque Estadual da Graciosa, criado em 24 de


outubro de 1990, no município de Morretes (PR), com
predominância do bioma Mata Atlântica, possui uma área
de 1.190 hectares e tem como principal atração geoturística
a serra da Graciosa (Figura 4.186), que é constituída de
rochas graníticas da unidade DCGR1palc.
O Parque Estadual Serra da Baitaca, criado em 05 de
junho de 2002, possui uma área de 3.053 hectares, entre
os municípios de Quatro Barras e Piraquara, com predo-
minância do bioma Mata Atlântica, e tem como principais
atrações geoturísticas o Caminho do Itupava e o Morro do
Anhangava (Figura 4.187); esse último, com 1.420 m de
altitude em relação ao nível médio do mar, está sobre rochas
graníticas da unidade DCGR1alc. O local é muito procurado
para a prática de escaladas, alpinismo e trilhas ecológicas.
A serra de Ibitiraquiré é famosa pela presença do pon-
Figura 4.186 - Serra da Graciosa, no parque estadual da Graciosa, to culminante da região Sul do Brasil, o pico Paraná (Figura
sobre rochas graníticas da unidade DCGR1palc (Morretes, PR).
Fonte: Daniele Otto (2017).
4.188), com 1.877 m de altitude em relação ao nível médio
do mar. Outros picos registrados na serra são o União e
o Ibitirati, esse último com o paredão rochoso granítico
(também da unidade DCGR1palc) mais alto do Brasil, com
1.050 m de altura. O local é muito procurado para a prática
de escaladas e alpinismo (Quadro 4.34)
Não foi encontrado potencial geoturístico na uni-
dade DCGR1in.

DOMÍNIO DOS COMPLEXOS


GRANITOIDES DEFORMADOS (DCGR2)

Elementos de Definição e
Área de Ocorrência

O domínio DCGR2 compreende as rochas ígneas


plutônicas gratinoides geradas no Proterozoico, que foram
levemente metamorfizadas, deformadas ou influenciadas
Figura 4.187 - Morro do Anhangava, no parque estadual serra da
por eventos tectônicos. Está representado por duas uni-
Baitaca, sobre rochas graníticas da unidade DCGR1alc dades geológico-ambientais: Séries graníticas peralcalinas;
(Quatro Barras, PR). Fonte: Nonato (2016). Séries graníticas subalcalinas.

209
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Quadro 4.34 - Unidades geológico-ambientais do domínio DCGR1, no estado do Paraná, e respectivos potenciais geoturísticos.

Características de
Código do Domínio Código da Unidade Atrativo Geoturístico, Geossítios, Quilombolas,
Interesse Intrínsecas
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental Comunidades Indígenas, Áreas de Conservação
à Geodiversidade

APA de Guaraqueçaba; Parque Estadual da Graciosa;


Serras: da Graciosa, do Ibitiraquiré, do Marumbi, da
Papanduva, do Araçatuba, das Canavieiras, da Farinha
Seca, do Capivari, da Guaricana, da Virgem Maria; Picos:
Abrolhos, Esfinge, Esporão do Vita, Pequeno Polegar,
Agudo da Cotia, Agudo da Cuíca, Agudo do Lontra,
Agudo Grande, Agudo Marmosa, Arapongas,
Beleza paisagística;
Camapuã, Caratuva, Cerro Verde, Ciririca, do Luar, Ferra-
geomorfológico;
DCGR1palc dura, Ferraria, Ferreiro, Gigante, Ibirati, Itapiroca, Paraná,
exuberante fauna e
Serra da Imbira, Serra Pelada, Taipabuçu, Taquapiroca,
flora; histórico.
Torre Amarela; Montes: Baleia, Guaricana, Itaquaretaba,
DCGR1 Moreia, Pirizal, Taurepã; Morros: Alvorada, Bandeirante,
Casfrei, Cerrinho, Chapéu, Chapeuzinho, da Bandeira, da
Boa Vista, do Canal, do Carvalho, do Getúlio, do Leão, do
Vigia, dos Perdidos, dos Sete, Espinheiro, Jacutinga, Mãe
Catira, Mesa, Olímpio, Pelado, Saci, Sacizinho, Tapapuí;
Caminho do Itupava.

Beleza paisagística;
Parque Estadual Serra da Baitaca; Morros: Anhangava, espeleológico;
DCGR1alc Pelado, Pão de Ló, do Corvo, Samambaia; Caverna geomorfológico;
Andorinhas do Anhangava; Caminho do Itupava. exuberante fauna e
flora; histórico.
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

As áreas de ocorrência localizam-se no escudo para- Mandirituba, Matinhos, Piên, Piraí do Sul e Tijucas do Sul.
naense e ocorrem nas regiões dos municípios de Antonina, Corresponde aos corpos graníticos de Arrieiros, Barra do
Castro, Cerro Azul, Doutor Ulysses, Jaguariaíva, Mandiritu- Chapéu, Canavieiras, Cunhaporanga (Piraí do Sul e Santa
ba, Matinhos, Paranaguá, Piên, Ponta Grossa, Quitandinha Rita), Estrela, Francisco Lima, Itaoca, Morro Inglês, Rio
e Tijucas do Sul. Totaliza uma área de 5.667,22 km2, signi- do Poço, São Domingos, Três Córregos (São Sebastião),
ficando 2,89% do território do estado do Paraná (Quadro granitoides e leucogranitos da Suíte Rio Piên e granitoides
4.35; Figura 4.189). tipo I do Orógeno de Paranapiacaba, mais especificamen-
te, álcali-feldspato-granitos, leucogranitos, sienogranitos,
Características das Unidades monzogranitos, biotita-monzogranitos, granodioritos,
Geológico-Ambientais quartzomonzonitos, quartzo-monzodioritos, biotita-
granitos, biotita-hornblenda-granitos, protomilonitos e,
As unidades geológico-ambientais que compõem o subordinadamente, dioritos e quartzodioritos.
domínio DCGR2 são constituídas por corpos ígneos plu- Resumidamente, a seguir, são apresentadas as infor-
tônicos sin- a tarditectônicos de caráter granitoide e de mações dos principais litotipos ou descrição faciológica
composição variada, como leucogranitos, sienogranitos, dos corpos granitoides e respectivas idades.
monzogranitos, granodioritos, sienitos, gnaisses, milonitos
e outros litotipos associados. Granito Barra do Chapéu

Séries graníticas peralcalinas (DCGR2pal) O litotipo dominante consiste de granito porfirítico


róseo a cinza, com megacristais de feldspato alcalino róseo.
Essa unidade ocorre nas áreas municipais de Almirante Ocorrem termos isótropos e foliados, apresentando índice
Tamandaré, Campo Largo e Campo Magro. Corresponde M de aproximadamente 15%, com hornblenda e biotita
aos corpos graníticos sintectônicos de idade paleoprote- representando os principais minerais máficos. A mineralogia
rozoica de Meia Lua, mais especificamente, sienogranitos, essencial compreende plagioclásio, quartzo, biotita e horn-
granodioritos, gnaisses, protomilonitos e, subordinada- blenda. Titanita, apatita, epidoto, alanita, zircão, magnetita
mente, metabasitos, anfibólio-xistos, quartzo-micaxistos. e sulfetos são os acessórios principais. Enclaves microgranu-
lares máficos centimétricos, de cor cinza-claro a cinza-escuro
Séries graníticas subalcalinas (DCGR2salc) e composição diorítica são frequentes. Ocorrem, ainda, veios
e bolsões aplíticos e pegmatíticos, como também fácies
Essa unidade ocorre próxima às áreas urbanas de An- miloníticas e cataclasíticas, geralmente associadas a forte
tonina, Castro, Cerro Azul, Doutor Ulysses, Guaraqueçaba, alteração hidrotermal (FALEIROS; MORAIS; COSTA, 2012).

210
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Quadro 4.35 - Unidades geológico-ambientais do domínio DCGR2, no estado do Paraná,


e respectivos padrões de relevo, área e representatividade.

Representação
Código da Unidade Unidade Área
Padrões de Relevo no Território
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental (km2)
Paranaense (%)

Séries graníticas
DCGR2pal R4b – Domínio de morros e de serras baixas. 22,31 0,01
peralcalinas
R1a – Planícies fluviais ou fluviolacustres;
R1c – Vertentes recobertas por depósitos de encosta;
R2b3 – Planaltos;
R4a1 – Colinas amplas e suaves;
Séries graníticas subal-
DCGR2salc R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros baixos; 5.644,91 2,88
calinas
R4b – Domínio de morros e de serras baixas;
R4c – Domínio montanhoso;
R4d – Escarpas serranas;
R4e – Degraus estruturais e rebordos erosivos.
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Figura 4.189 - Representação das unidades geológico-ambientais do estado do Paraná no domínio dos complexos granitoides
deformados (DCGR2). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Batólito Granítico Três Córregos cor cinza, deformados (protomilonitos) ou não, com
frequentes megacristais (até 6 cm) de K-feldspato e raros
Estão inclusos os corpos graníticos Arrieiros, São de plagioclásio.
Sebastião, Paina e Conceição. O Granito Arrieiros é o O Granito São Sebastião configura um corpo bato-
predominante no batólito, ocorrendo desde as proximi- lítico, com dimensões de aproximadamente 250 km2 no
dades do distrito de Itaiacoca, em Ponta Grossa, até a distrito de Açungui, em Rio Branco do Sul; é constituído
zona urbana de Cerro Azul. Constitui-se por hornblenda- por hornblenda-biotita-quartzomonzonitos com titanita,
-biotita-monzogranitosa granodioritos porfiríticos de cinzentos, porfiríticos, de granulação grossa e isótropos.

211
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Apresenta megacristais (3 a 5 cm) euédricos de K-feldspato e, localmente, quartzossienito, de cor cinza a levemente
poiquilíticos, ocorrendo, ainda, megacristais com até amarronzada e estrutura maciça.
12 cm. Os principais minerais acessórios são alanita, zircão, Apatita, titanita, alanita e zircão ocorrem como
apatita e opacos. acessórios. Biotita e hornblenda alcançam até 12 e 8%
O Granito Paina ocorre muito restritamente em uma em volume, respectivamente. De idade neoproterozoica
estreita faixa próximo à Zona de Cisalhamento Itapirapuã, na em torno de 623 Ma (FALEIROS; MORAIS; COSTA, 2012).
região de São Luiz dos Machados, em Castro. Constitui-se,
principalmente, por hornblenda-biotita-tonalitos pouco Complexo Meia Lua
deformados, de coloração cinza-escuro, granulação média
e inequigranulares. Os principais minerais acessórios são: Composto por rochas ortoderivadas quase sempre
zircão, titanita, apatita e alanita. muito alteradas, incluindo biotita-hornblenda-gnaisses
O Granito Conceição está localizado no distrito de de granulação média, bandados, biotita-gnaisses graní-
Três Córregos, em Campo Largo, e pode ser subdividido ticos de granulação média a localmente inequigranular
em duas fácies litológicas: a primeira, denominada Arroio média a grossa e subordinadas lentes de metabásicas de
Taquaral, é constituída por hornblenda-biotita-monzogra- granulação fina a média; orto- e paraderivado, sienogra-
nitos e raros sienogranitos isótropos, inequigranulares, de nítico e granodiorítico, com quartzito, feldspato-quartzito,
coloração avermelhada e granulação média. Os principais metamafito, micaxisto e quartzo-micaxisto; de idade pale-
minerais acessórios são titanita, zircão, apatita e alanita. oproterozoica em torno de 1746-1734 Ma (CPRM, 2004).
A segunda, denominada Fácies Vista Bonita, é constituída
por hornblenda-biotita-monzogranitos hololeucocráticos, Suíte Rio Piên
de coloração róseo-claro, equi- a inequigranulares e isó-
tropos (PRAZERES FILHO et al., 2003). Composta por corpos granitoides com epidoto mag-
mático que podem ser subdivididos em três subunidades:
Granito Estrela a primeira, com predomínio de leucogranodioritos; a
segunda, com predominância de quartzo-monzodioritos/
Composto por granitoides leucocráticos, cinza-claro granodioritos e granodioritos; e a terceira, onde predomi-
a cinza-rosado, granulação média, equi- a inequigranular, nam quartzo-monzodioritos; de idade neoproterozoica em
raramente porfirítica, isótropos, a biotita e/ou hornblenda torno de 605-595 Ma (WILDNER et al., 2014).
(WILDNER et al., 2014).
Batólito Granítico Cunhaporanga
Suíte Morro Inglês
Constituído pelos corpos graníticos de Ribeirão Butiá,
Composta por granitoides leucocráticos, cinza, granu- Santa Rita e Piraí do Sul. O corpo granítico Ribeirão Butiá
lação média a grossa, porfiríticos, foliados (fluxo), mega- é o mais predominante no batólito, ocorrendo na região
cristais orientados de K-feldspatos (2-10 cm) e plagioclásio, urbana de Castro. Constitui-se por hornblenda-biotita-
quartzo, hornblenda e biotita. Ocorrem, também, enclaves monzogranitos a granodioritos cinzentos, de granulação
máficos esféricos a angulosos, dioríticos a anfibolíticos de média, porfiríticos e isótropos, com megacristais (até 4 cm)
granulação fina, isótropos. De idade neoproterozoica em de K-feldspato euédricos e, ocasionalmente, megacristais
torno de 640-620 Ma (WILDNER et al., 2014). de plagioclásio. Os principais minerais acessórios são
zircão, titanita, alanita, apatita e opacos. É comum, nas
Granito Rio do Poço rochas dessa unidade, a ocorrência de enclaves dioríticos
ovalados e microgranulares.
Composto por granitoides hololeucocráticos cinza- O corpo granítico de Santa Rita ocorre na porção
claro a brancos, de granulação fina a média, textura central do batólito, mais próximo ao distrito de Abapã, em
equigranular xenomórfica foliada, com estrutura de fluxo Castro, e constitui-se, principalmente, por biotita-monzo-
magmático. Presença de minerais como biotita e muscovita. granitos porfiríticos róseos a avermelhados, isótropos e,
De idade neoproterozoica em torno de 616 Ma (WILDNER ocasionalmente, deformados. Apresentam megacristais
et al., 2014). de K-feldspato euédricos (com até 2 cm), distribuídos em
uma matriz equigranular média a fina. Os principais mine-
Granito Itaoca rais acessórios dessas rochas são apatita, zircão e titanita.
O corpo granítico de Piraí do Sul ocorre na extremida-
Esse plúton compreende rochas metaluminosas de NW do batólito, próximo à serra das Pedras e à cidade
correlacionáveis à série calcialcalina de alto potássio, de de Piraí do Sul. Constitui-se por biotita-monzogranitos
natureza tardi- a pós-orogênica, do tipo I Cordilherano. cinzentos, leucocráticos, equi- a inequigranulares, de gra-
A unidade Itaoca representa cerca de 70% da área do ba- nulação média a fina, isótropos, com textura xenomórfica.
tólito e aflora, principalmente, nas partes central e leste do Os principais minerais acessórios são titanita, apatita,
plúton. É constituído por monzogranito, quartzomonzonito alanita e zircão (PRAZERES FILHO et al., 2003).

212
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Formas de Relevo e Solos Características, Adequabilidades e


Limitações Frente ao Uso e à Ocupação
Na região das unidades DCGR2, predominam áreas
em que o relevo possui maiores declividades, como os tipos Obras de engenharia
montanhoso, morros e serras baixas, escarpas serranas e
rebordos erosivos, devido, principalmente, à relação dos Adequabilidades ou potencialidades
litotipos e à história geológico-estrutural. Assim, a geomor-
Nesse domínio, há predomínio de rochas com alto
fologia apresenta-se favorável a que os solos sejam do tipo
grau de coesão, baixa porosidade primária e mineralogia
transportado e com características extremamente variadas,
à base de feldspatos e quartzo. Essas rochas apresentam
influenciadas pelas litologias existentes nas regiões altas do
elevada resistência à compressão, com resistência ao in-
entorno (Figura 4.190).
temperismo físico-químico variando de moderada a alta.
No domínio DCGR2, predominam Argissolos Vermelho-
São adequadas para uso em fundações e como agregados
Amarelos, que ocorrem em 26% em área, principalmente
para concreto, além de diversas outras aplicações na in-
sobre os relevos de colinas dissecadas e morros baixos, mor-
dústria da construção civil.
ros altos e serras baixas; Cambissolos Háplicos representam
24,9% em área, dominantemente sobre os relevos de mor- Os granitos tarditectônicos podem apresentar textura
ros altos e serras baixas, escarpas serranas e montanhoso; marcadamente foliada, de fraturamento intenso, mas con-
Latossolos representam 22,6% em área, predominantemente centrado nas bordas dos maciços. Tais características tendem
sobre o relevo de colinas amplas e suaves e colinas disse- a diminuir em direção ao centro do maciço rochoso, fazendo
cadas e morros baixos; Neossolos Regolíticos representam com que os processos de intemperismo sejam menos intensos
10,7% em área, quase que totalmente nos relevos de morros e gerando mais estabilidade nas rochas em taludes de corte.
altos e serras baixas e montanhoso; Afloramentos Rochosos As rochas graníticas intemperizadas formam solos
representam 9,4% em área, preferencialmente no relevo argilo-síltico-arenosos. Em áreas onde ocorre pedogênese
de morros altos e serras baixas; os demais tipos de solos incipiente, o material é denominado saibro, com potencial
representam menos de 6,3% em área (EMBRAPA, 2007). de uso na conservação de estradas.

Figura 4.190 - Representação dos padrões de relevo do estado do Paraná dentro do domínio dos complexos granitoides
deformados (DCGR2). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

213
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

No caso de solos residuais, com pedogênese avan- As rochas graníticas alteram-se de maneira diferen-
çada, estes têm boa capacidade de compactação, baixa ciada, quase sempre deixando blocos e matacões ao longo
permeabilidade e são moderadamente plásticos, pouco do perfil do solo. Mesmo nas áreas em que os perfis são
erodíveis e com grande potencial para uso como material profundos, podem surgir fragmentos de rocha, dificultando
de empréstimo em aterros. a execução de escavações e perfurações. Caso aflorem nos
taludes de corte e em rampas declivosas, blocos e matacões
Limitações podem sofrer movimentação, instabilizando edificações, se
estas se apoiarem parcialmente sobre tais fragmentos de
Nos granitoides deformados, há maior possibilidade rochas (Figura 4.192).
de textura foliada nas bordas dos maciços rochosos, por- Nas regiões onde ocorrem rochas graníticas, a pro-
ções onde ocorrem superfícies planares, que se constituem fundidade do substrato rochoso pode apresentar grande
em descontinuidades geomecânicas, sendo pontos de irregularidade, sendo necessários ensaios geotécnicos
fraqueza que, além de estarem sujeitos à constante ação detalhados, apoiados em sondagens de malha pouco es-
do intemperismo, formam planos preferenciais para per- paçadas. Tais estudos iniciais elevam os custos dos projetos
colação de água, de rupturas e de início de movimentos de engenharia, tanto nas etapas de levantamentos preli-
de massa. minares e de planejamento como na de execução da obra.
Nas bordas dos maciços graníticos existe intenso As rochas graníticas geram solos residuais e bastante
fraturamento, que ocorre em várias direções, sendo os erodíveis, se submetidos à concentração das águas pluviais,
pontos mais frágeis das rochas. Caso taludes de corte sejam não sendo adequados como material de empréstimo em
construídos próximo às bordas dos maciços e com paredes obras expostas às chuvas. São solos pouco coesivos, que, no
muito verticalizadas, poderá haver instabilização geotéc- caso de sofrerem escavações para construção de taludes de
nica de blocos aflorantes ou da própria rocha alterada ou corte, podem instabilizar e deflagrar acidentes geotécnicos
solo, podendo ocorrer rolamentos, quedas, tombamentos do tipo escorregamentos (Figura 4.193).
e escorregamentos (Figura 4.191). Nas regiões de relevos com maiores amplitudes, no
Em áreas de ocorrência de rochas não intemperizadas, caso, morros altos, serras baixas, montanhoso, escarpa
estas apresentam alta resistência ao corte e à penetração, serrana, é comum a existência de microbacias hidrográficas
necessitando do uso de explosivos para desmonte. sujeitas a eventos de corridas de lama/detritos e enxurradas
com alto poder destrutivo (Figura 4.194).

Agricultura

Adequabilidades ou potencialidades

As rochas graníticas formam solos com alta participa-


ção de argila. Nas regiões onde a pedogênese for avançada
e o relevo não se mostrar muito acidentado, a ação da
erosão natural se dará de forma mais moderada.

Figura 4.191 - Leucogranito extremamente fraturado da Figura 4.192 - Desmoronamento de solo e blocos de rocha durante
unidade DCGR2salc (Mandirituba, PR). Fotografia: escavação sobre granitoides da suíte Rio Piên da unidade DCGR2salc
Andrea Fregolente Lazaretti (2011). (Piên, PR). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).

214
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Figura 4.193 - Deslizamento de solo residual sobre rochas do Figura 4.195 - Uso agrícola do solo residual sobre rochas do granito
granito Rio do Poço, da unidade DCGR2salc, com destruição de Santa Rita, em relevo de colinas amplas e suaves (Castro, PR).
várias moradias (Antonina, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011). Fotografia: Deyna Pinho (2011).

Nessas áreas, os solos apresentam alta porosidade e boa


capacidade hídrica, mantendo boa disponibilidade de água
para a vegetação por um tempo mais longo, mesmo nos
períodos de estiagem.
Na unidade DCGR2salc, há maior incidência de Latos-
solos Vermelho e Bruno sobre relevo de colinas amplas e
suaves, condição esta mais propícia para serem utilizados
na forma de extensas agriculturas. Nas mesmas condições,
também há maior ocorrência de Argissolos Vermelho-
Amarelos, com maior capacidade de reter nutrientes e
umidade (EMBRAPA, 2007).

Limitações

As rochas graníticas, ao sofrerem processo de intem-


perismo, formam solos argilo-síltico-arenosos, que, devido
Figura 4.194 - Ocupação em encosta de Serras Baixas, próxima à sua composição mineralógica, com excesso de alumínio,
ao Rio Ribeira. Área com evidências de eventos de enxurradas e tornam o solo excessivamente ácido, acarretando baixa
corridas de lama/detritos ocorridos em Janeiro 2011, Cerro
fertilidade natural.
Azul-PR. Foto: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
Os solos residuais compactam-se, impermeabilizam-se
São solos com excesso de alumínio que apresentam e sofrem alta erosão hídrica laminar se continuamente
baixa qualidade química, porém, esta é compensada pela mecanizados para introdução de agricultura mais intensiva,
boa qualidade física. com uso de equipamentos pesados.
Logo, desde que o relevo seja favorável e os solos O aumento de áreas para pastagem gera maior
corretamente manejados e corrigidos, com utilização de pisoteio do gado, causando impermeabilização e com-
práticas de proteção contra erosão, essas áreas apresen- pactação desses solos. O uso de tais práticas no manejo
tarão bom potencial agrícola (Figura 4.195). dos solos, em áreas rurais, interfere negativamente na
Nas áreas em que ocorrem granitos à base de feldspa- dinâmica das águas superficiais e subterrâneas, reduzindo
tos alcalinos, contendo minerais ferromagnesianos como o potencial de infiltração das águas das chuvas no solo e
acessórios, estes geram solos residuais de fertilidade natural subsolo, com consequente aumento da velocidade do es-
relativamente boa coamento superficial e da erosão laminar, gerando sulcos,
Os solos mais argilosos têm boa capacidade de reter ravinas e voçorocas.
e fixar nutrientes e de assimilar matéria orgânica, res- Em regiões onde os relevos predominantes são monta-
pondendo bem à adubação. Nessa situação, se o relevo nhosos ou escarpados, pode-se constituir em característica
for favorável, o solo é classificado como pouco erodível. restritiva ao uso agrícola intensivo (Figura 4.196).

215
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Figura 4.196 - Relevo de morros e serras baixas sobre a unidade Figura 4.197 - Blocos residuais de leucogranitos em meio a solo
DCGR2salc (Mandirituba, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011). residual na unidade DCGR2salc (Agudos do Sul, PR).
Fotografia: Deyna Pinho (2011).
Na unidade DCGR2salc, ocorrem maiores incidências
de Neossolo Regolítico associado ao relevo de morros altos
e serras baixas (EMBRAPA, 2007). Nesses locais, o solo e
o manto de alteração podem possuir muitos fragmentos
de rocha residuais, além de serem facilmente erodíveis
(Figuras 4.197 e 4.198).

Recursos hídricos subterrâneos


e fontes poluidoras

Adequabilidades ou potencialidades

Há predomínio de rochas de baixa permeabilidade


primária, que se alteram para solos argilo-síltico-arenosos
pouco permeáveis, de boa capacidade de reter, fixar e
eliminar poluentes. Nas regiões em que ocorrem perfis
profundos e com pedogênese avançada, é muito baixo o
risco de contaminação das águas subterrâneas. Figura 4.198 - Manto de alteração sobre granito Arrieiros também
As rochas granitoides, formadoras do domínio, apre- em processo de intemperismo, da unidade DCGR2salc, altamente
sentam extensas e profundas fraturas abertas, caracterís- suscetível à erosão, alternativa para uso na construção civil
(Cerro Azul, PR). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
ticas indicadoras de maciços rochosos com bom potencial
armazenador e circulador de água. No caso dessas carate-
rísticas, a região passa a ter forte potencial hidrogeológico Nessas litologias, as águas subterrâneas ficam arma-
para locação de poços tubulares profundos. zenadas e circulam através de pequenas e grandes falhas
Os solos residuais de granitos, principalmente quando e fraturas, sendo classificadas como aquíferos fissurais
espessos e com pedogênese intensa, podem exibir bom descontínuos. Esses aquíferos têm potencial hidrogeoló-
potencial armazenador de aquíferos superficiais. gico local bastante irregular, que depende da existência,
distribuição, tamanho, densidade e interconectividade das
Limitações falhas e fraturas. Essas características, associadas às condi-
ções climáticas locais, podem influenciar na produtividade
As rochas graníticas tardi- e pós-tectônicas, geralmen- de poços perfurados muito próximos e estes apresentarem
te, são portadoras de muitas fraturas abertas, especialmente vazões variando de boas a nulas. Como os solos gerados
nas bordas dos maciços. Tais estruturas facilitam que po- pelo intemperismo dessas rochas apresentam teores ra-
luentes se infiltrem e contaminem, de forma rápida, as águas zoáveis de argila, a permeabilidade é variável e o manto
subterrâneas. Em áreas em que ocorram afloramentos de de alteração apresenta qualidades desfavoráveis para que
rochas muito fraturadas e os solos residuais sejam pouco ocorra recarga dos lençóis subterrâneos.
evoluídos ou rasos, o risco de contaminação das águas sub- A redução do fluxo hídrico subsuperficial ocasiona me-
terrâneas será alto. Nesse caso, medidas de controle devem nor volume de água nas nascentes ou a sua extinção, sendo
ser instaladas junto às fontes potencialmente poluidoras. tais formações as principais abastecedoras dos rios da região.

216
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Recursos minerais Aspectos ambientais e potencial turístico

Adequabilidades ou potencialidades e Limitações Adequabilidades ou potencialidades e Limitações

Nesse domínio, há áreas com alto potencial para gra- As regiões mais urbanizadas que ocorrem sobre essas
nitos com características físico-químicas, texturais e formas unidades geoambientais graníticas podem se aproveitar,
de afloramento (blocos e matacões) adequadas para serem de forma positiva, dos aspectos ambientais tipo feições
lavrados para brita, rocha ornamental e pedra de talhe/ de relevo. Por outro lado, também há situações inversas,
cantaria (Figura 4.199; Quadro 4.36). em que uma área apresenta relevo montanhoso associa-
Na região em que afloram granitos subalcalinos, há do a riachos e córregos e, ao ser urbanizada de forma
explotação de argila e rocha ornamental e brita para uso desordenada, gera um ambiente de alto risco geotécnico
na construção civil. Há ocorrências de barita, caulim e flu- e suscetível a enchentes e inundações. Após esse tipo de
orita, além da extração de água mineral. Destaque para os ocupação instalada, para reordenar a ocupação e recuperar
agrupamentos minerais (área de pequenas dimensões, lo- a área ambientalmente, para melhorar a condição socio-
calizada em ambiente geológico produtor de bens minerais, ambiental da comunidade local, serão necessários projetos
abrangendo, no mínimo, três ou mais depósitos e/ou jazidas complexos, com alto custo e longo período de execução.
minerais) de rochas ornamentais da região de Rio Branco Nesse domínio, há predomínio de relevos favoráveis a
do Sul, sobre rochas granitoides da unidade DCGR2salc. que o lençol freático aflore em vários locais. São áreas geral-
Não há ocorrências de depósitos registrados na uni- mente portadoras de muitas nascentes, portanto, de grande
dade DCGR2pal. importância para manutenção da regularidade do regime
hídrico superficial que abastece os principias rios da região.
O predomínio de relevos em desequilíbrio, em fran-
co e acelerado processo de desgaste, aliado ao potencial
de erodibilidade relativamente alto dos solos graníticos,
torna essas áreas sujeitas a grandes movimentos naturais
de massa e fontes de alta carga de detritos arenosos que
assoreiam os cursos d’água.
Nas áreas de ocorrência desse domínio e onde os rele-
vos são muito acidentados, há formação de belos espigões
rochosos, com rios e córregos exibindo leitos cobertos por
seixos, blocos e matacões. Nesses trechos dos rios, a água
escoa sobre o leito rochoso, formando fortes corredeiras;
onde há quebra de relevo, existem cachoeiras e piscinas
naturais. Esses blocos e matacões afloram na superfície
dos terrenos graníticos, nos topos, ou, às vezes, na meia-
encosta e dentro do leito dos rios, formando interessantes
esculturas naturais e gerando paisagens de grande beleza
cênica (Figuras 4.200 a 4.202).
Pelo fato de as rochas graníticas apresentarem alta re-
sistência ao intemperismo físico-químico, os terrenos susten-
tados por tais litologias costumam ser predominantemente
montanhosos, ocorrendo áreas de grande beleza cênica.
O domínio tem grandes áreas ocorrendo dentro dos
limites de importantes unidades de conservação, tais
como as APAs de Guaratuba e de Guaraqueçaba; o Parque
Figura 4.199 - Extração de rocha ornamental, no granito Morro
Inglês, na unidade DCGR2salc (Pontal do Paraná, PR). Nacional Saint-Hilaire/Lange e a Reserva Natural Serra do
Fotografia: Deyna Pinho (2011). Itaqui (Quadro 4.37).

Quadro 4.36 - Unidade geológico-ambiental do domínio DCGR2, no estado do Paraná, em relação à ocorrência de depósitos minerais.

Minerais Industriais, Minerais de Uso


Código do Domínio Código da Unidade Minerais Minerais Não
Rochas e Materiais de Especial – Águas
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental Metálicos Metálicos
Construção Civil e Energéticos

Argila, barita, brita, rocha


DCGR2 DCGR2salc ND Caulim, fluorita Água mineral
ornamental, pedra de talhe.
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2011).
Nota: ND = Não determinado.

217
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

A APA de Guaraqueçaba, criada em 31 de janeiro de


1985, no município homônimo, tem 282.486 hectares de
área. Além de proteger o bioma Marinho Costeiro, possui
áreas de Mata Atlântica, principalmente, nas áreas das
serras da Virgem Maria e do Itaqui. Dentro dessa APA está
incluída a Reserva Natural Serra do Itaqui, sobre granitos da
unidade DCGR2salc, com 6.653 hectares, com cachoeiras
e manguezais (Figura 4.200).
O Parque Nacional Saint-Hilaire/Lange, criado em 23
de maio de 2001, nos municípios de Matinhos, Guaratuba,
Morretes e Paranaguá, tem uma área de 25.500 hectares.
Com o intuito de proteger a Mata Atlântica e sua influên-
cia nos balneários próximos, está sobre toda a extensão
da serra da Prata (Figura 4.201), incluído o pico Torre de
Prata, com 1.497 m de altitude, sobre rochas graníticas da
Figura 4.200 - Serra do Itaqui, sobre rochas granitoides da unidade unidade DCGR2salc (Figura 4.202).
DCGR2salc (Guaraqueçaba, PR). Fotografia: L. Scheuermann (2006).
DOMÍNIO DOS COMPLEXOS GRANITOIDES
INTENSAMENTE DEFORMADOS:
ORTOGNAISSES (DCGR3)

Elementos de Definição e
Área de Ocorrência

O domínio DCGR3 compreende as rochas que foram


fortemente metamorfizadas, deformadas ou influencia-
das por eventos tectônicos, originadas de rochas ígneas
plutônicas gratinoides geradas no Proterozoico. Está re-
presentado por uma unidade geológico-ambiental: Séries
graníticas subalcalinas.
As áreas de ocorrência localizam-se no escudo
paranaense e ocorrem nos municípios de Antonina,
Guaraqueçaba, Guaratuba, Morretes, Paranaguá e São
Figura 4.201 - Serra da Prata sobre a unidade DCGR2salc. José dos Pinhais. Totalizam uma área de 478,48 km2,
Parque Nacional Saint-Hilaire/Lange (Paranaguá, PR). significando 0,24% do território do estado do Paraná
Fonte: Parna Saint-Hilaire/Lange, s.d.
(Quadro 4.38; Figura 4.203).

Característica da Unidade
Geológico-Ambiental

A unidade geológico-ambiental que compõe o domí-


nio DCGR3 é constituída por rochas intrusivas intensamente
deformadas, muitas vezes apresentando bandamentos
gnáissicos, cataclasitos, migmatitos e milonitos.

Séries graníticas subalcalinas (DCGR3salc)

Essa unidade ocorre próxima à área urbana de Gua-


raqueçaba. Corresponde ao Complexo São Francisco do
Sul, Suíte Morro Inglês e Suíte Canavieiras-Estrela, todos
compondo o Terreno Paranaguá, que é constituído,
principalmente, por biotita-gnaisse, cataclasito, migma-
Figura 4.202 - Pico Torre de Prata sobre a unidade DCGR2salc.
Parque Nacional Saint-Hilaire/Lange (Guaratuba, PR).
tito, milonito, biotita-hornblenda-granito, quartzodio-
Fonte: Parna Saint-Hilaire/Lange, s.d. rito e diorito.

218
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Quadro 4.37 - Unidades geológico-ambientais do domínio DCGR2, no estado do Paraná, e respectivos potenciais geoturísticos.

Características de
Código do Domínio Código da Unidade Atrativo Geoturístico, Geossítios, Quilombolas,
Interesse Intrínsecas
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental Comunidades Indígenas, Áreas de Conservação
à Geodiversidade

Beleza paisagística;
DCGR2pal Serra da Endoença; Cachoeira Professorinha
geomorfológico.

Quilombola Cangume;
APAs de Guaratuba e de Guaraqueçaba;
Parque Nacional Saint-Hilaire/Lange;
Reserva Natural Serra do Itaqui;
DCGR2 Serras: do ibitiraquiré, do Marumbi, da Virgem Maria, Beleza paisagística;
Santa do Paredão; geomorfológico;
DCGR2salc
Pedra Branca do Araraquara; exuberante fauna
Picos: Torre de Prata e Serrinha; Morros: Cunhã-Poranga, e flora; histórico.
do Boi, do Bruninho, do Tromomô; Saltos: da Onça,
do Tigre, Morato, Parati;
Cachoeiras: do Cedro, do rio Panela, dos Jesuítas;
Caminho do Itupava.
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2011).

Quadro 4.38 - Unidade geológico-ambiental do domínio DCGR3, no estado do Paraná,


e seus padrões de relevo, área e representatividade.

Representação
Código da Unidade Unidade Área
Padrões de Relevo no Território
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental (km2)
Paranaense (%)
R1a – Planícies fluviais ou fluviolacustres;
R1c – Vertentes recobertas por depósitos de encosta;
R1e – Planícies costeiras;
R3b – Inselbergs e outros relevos residuais;
Séries graníticas
DCGR3salc R4a1 – Domínio de colinas amplas e suaves; 478,48 0,24
subalcalinas
R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros baixos;
R4b – Domínio de morros e de serras baixas;
R4c – Domínio montanhoso;
R4d – Escarpas serranas.
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2011).

Resumidamente, são apresentadas, a seguir, informa- Petrograficamente, são calcialcalinos de alto K a shosho-
ções sobre os principais litotipos ou descrição faciológica níticos, e suas assinaturas geoquímicas sugerem formação
dos corpos granitoides e respectivas idades. em ambiente de arco magmático. Predominam monzo-
granitos, sienogranitos e granodioritos porfiríticos, ricos
Terreno Paranaguá em fenocristais de K-feldspato, e máficos (anfibólio e/ou
biotita) de granulometria média a grossa. Os minerais mais
Constituído por Complexo São Francisco do Sul, Suíte recorrentes são: feldspato potássico, quartzo, plagioclá-
Morro Inglês, Suíte Canavieiras-Estrela e outras unidades sio, anfibólio, biotita e titanita como principal acessório.
de gnaisses e migmatitos não diferenciadas localizadas
Enclaves, feições de mistura (mixing e mingling) com
na zona de cisalhamento.
rochas dioríticas são observados nas praias de Matinhos
O Complexo São Francisco do Sul está localizado nas
e Guaratuba, no estado do Paraná.
porções central e meridional do Terreno Paranaguá. Seus li-
A Suíte Canavieiras-Estrela foi denominada, ante-
totipos são gnaisses, dioritos, quartzo-monzodioritos, gra-
riormente, de modo separado, em Granito Canavieiras
nodioritos, trondhjemitos e monzogranitos. A mineralogia
é composta, principalmente, por plagioclásio, quartzo, e Granito Estrela. Ocupa a porção ocidental da serra de
K-feldspato, biotita, muscovita, epidoto, titanita, alanita, Cubatãozinho (PR-SC), a oeste da serra da Prata (PR).
apatita e zircão. São ainda observados enclaves anfibolíti- Litologicamente, são constituídos por quartzo-monzo-
cos, internamente foliados, e veios tonalíticos, por vezes, dioritos, leucogranodioritos e monzogranitos, consti-
como enxames. tuindo corpos alongados que balizam o contato oeste
Os granitos da Suíte Morro Inglês se estendem desde a do Terreno Paranaguá com os gnaisses granulíticos da
Ilha de São Francisco do Sul (SC) até a região de Iguape (SP). Microplaca Luís Alves.

219
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Figura 4.203 - Representação da unidade geológico-ambiental do estado do Paraná dentro do domínio dos complexos granitoides
intensamente deformados (DCGR3). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Esse contato é marcado por importantes zonas de Características, Adequabilidades e


cisalhamento, onde esses granitos são milonitizados, ca- Limitações Frente ao Uso e à Ocupação
taclasados e deformados, sugerindo a ação de falhas na
colocação de seus litotipos. O volume de máficos é menor Obras de engenharia
do que na Suíte Morro Inglês (CURY, 2009).
Adequabilidades ou potencialidades
Formas de Relevo e Solos
No domínio DCGR3, há predomínio de rochas com
Na região da unidade do domínio DCGR3, predominam
alto grau de coesão e mineralogia à base de feldspatos e
áreas em que o relevo possui maiores declividades, como nos
quartzo, elevada resistência à compressão, baixa porosi-
tipos montanhoso, morros e serras baixas, escarpas serranas
dade primária e moderada a alta resistência ao intempe-
e rebordos erosivos, devido, principalmente, à relação dos
rismo físico-químico.
litotipos e à história geológico-estrutural. Assim, a geomor-
Em razão da proeminente foliação mineral e da
fologia apresenta-se favorável a que os solos sejam do tipo
heterogeneidade textural em relação aos granitos pós- e
transportado e com características extremamente variadas,
visto que são influenciados pelas litologias existentes nas tarditectônicos, os granitoides se alteram gerando menor
regiões altas do entorno e mais distantes (Figura 4.204). número de blocos e matacões ao longo do perfil do solo.
No domínio DCGR3, predominam Cambissolos Hápli- Os granitoides se alteram para solos argilossiltosos e
cos, que representam 61% em área, predominantemente argilo-síltico-arenosos, onde o manto de alteração parcial
sobre os relevos de escarpas serranas e montanhosos; (saprolito) pode ser utilizado como saibro. Nas áreas onde
Argissolo Vermelho-Amarelo, ocorrendo em 21% em área, ocorram solos residuais, com pedogênese avançada, estes
predominantemente sobre os relevos de colinas dissecadas têm boa capacidade de compactação, permeabilidade
e morros baixos, morros altos e serras baixas e montanhoso. variando de baixa a moderada, sendo moderadamente
Os demais tipos de solos representam menos de 18% em plásticos e erodíveis, podendo ser usados como material
área (EMBRAPA, 2007). de empréstimo.

220
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Figura 4.204 - Representação dos padrões de relevo do estado do Paraná sobre o domínio dos complexos granitoides intensamente
deformados (DCGR3). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

As rochas granitoides do tipo ortognaisses apresentam Em perfis de solo, mesmo com pedogênese avançada,
potencial para uso em fundações e como agregados para poderão ocorrer, de forma menos frequente e mais irregu-
concreto e outras aplicações na construção civil. larmente distribuídos, afloramentos de blocos e matacões
soltos, devendo-se tomar cuidado para que fundações e
Limitações edificações não fiquem parcialmente apoiadas sobre esses
fragmentos de rochas, pois estes correm o risco de se mo-
Essas rochas, por seu grau de resistência e sua origem vimentar e instabilizar tais obras.
ígneo-metamórfica, somados às características mineralógi- As rochas granitoides alteram-se de forma bastan-
cas (predomínio de feldspato e quartzo), apresentam alta te heterogênea, gerando solos argilo-síltico-arenosos
resistência ao corte e à penetração. Assim, para execução e ocasionando variação irregular na profundidade do
de frentes de escavação ou de terraplenagem será neces- substrato rochoso. Os solos residuais pedogeneticamente
sário o uso de explosivos para o desmonte. pouco evoluídos são excessivamente erodíveis e se insta-
São litologias que contêm inúmeras descontinuidades bilizam com facilidade em obras do tipo taludes de corte.
geomecânicas, relacionadas ao fraturamento, à foliação e Portanto, são solos de uso não adequado como material
ao bandamento gnáissico, que apresentam concentrações de empréstimo em obras do tipo aterros, sujeitos à con-
diferenciadas de biotita isorientada, devido ao intenso centração de águas pluviais.
processo deformacional que sofreram. São características Nas regiões de relevos com maiores amplitudes, no
que as tornam mais suscetíveis e concentram-se nas bordas caso, morros altos, serras baixas, montanhoso, escarpa
dos maciços, facilitando a ocorrência de instabilidades serrana, é comum a existência de microbacias hidrográficas
geotécnicas como queda, rolamento e tombamento de sujeitas a eventos de corridas de lama/detritos e enxurradas
blocos (Figura 4.205). com poder destrutivo (Figuras 4.206 e 4.207).

221
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Figura 4.205 - Corte de talude rochoso muito fraturado sobre a unidade DCGR3salc em relevo montanhoso,
evidenciando sua instabilidade geotécnica (Guaraqueçaba, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2018).

Figura 4.206 - Relevo de escarpas serranas sobre rochas da unidade DCGR3salc (Guaratuba, PR).
Fotografia: Deyna Pinho (2018).

Figura 4.207 - Relevo de morros e serras baixas sobre a unidade DCGR3salc (Morretes, PR).
Fotografia: Deyna Pinho (2018).

222
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Agricultura Nos relevos mais acidentados e com solos natural-


mente bastante instáveis, o desmatamento excessivo, com
Adequabilidades ou potencialidades circulação do gado, gera muitos focos erosivos e locais com
potencial para escorregamentos.
Nesse domínio, há predomínio de rochas graníticas A unidade DCGR3salc possui maior incidência de
que, ao sofrerem alteração, formam solos com alta partici- Cambissolos Háplicos ocorrendo sobre relevos fortemente
pação de argila. Tais solos apresentam erodibilidade natural, ondulados (escarpas serranas e montanhoso) apresentando
variando de baixa a moderada em áreas onde o relevo é muitas restrições para o uso agrícola (EMBRAPA, 2007).
classificado como colinas dissecadas e morros baixos e a
declividade e a amplitude apresentam valores baixos. Recursos hídricos subterrâneos
São solos com baixa permeabilidade, mas com boa e fontes poluidoras
capacidade de reter e fixar elementos e de assimilar ma-
Adequabilidades ou potencialidades
téria orgânica, respondendo bem à adubação. As rochas
granitoides intemperizadas formam solos residuais po-
Nesse domínio, as rochas granitoides intemperizadas
rosos, que têm como potencialidade armazenar e reter
geram solos argilo-síltico-arenosos, que são pouco perme-
água, mantendo-a disponível por mais tempo. Mesmo
áveis, com boa capacidade de fixar e eliminar poluentes.
em períodos de seca, são áreas que não necessitam de
Onde ocorrem perfis pedogenéticos profundos, os riscos de
irrigação frequente. Como há predomínio de rochas em contaminação das águas subterrâneas por defensivos agrí-
que a composição mineralógica apresenta grandes con- colas são reduzidos. O manto de alteração do solo mostra
centrações de minerais ferromagnesianos, como biotita boa permeabilidade primária e secundária, sendo que, em
e hornblenda, os solos residuais dessas áreas apresentam regiões em que os níveis forem mais espessos, podem se
alta fertilidade natural. Assim, a influência da geologia no formar bons aquíferos superficiais.
potencial agrícola dos solos é mais positiva que negativa, O ambiente tectônico favoreceu a formação de excelen-
desde que sejam corretamente manejados e corrigidos e o tes armadilhas hidrogeológicas relacionadas a falhas, fraturas
fator relevo viabilize a ocupação agrícola. Os solos formados e outras descontinuidades estruturais, classificando-se essas
pela alteração das rochas granitoides apresentam bom rochas granitoides como aquíferos fraturados, que apresen-
potencial agrícola. No caso de baixa qualidade química, tam bom potencial armazenador e circulador de água. Um as-
esta é compensada pela boa qualidade física. pecto positivo em topografias acidentadas é que são regiões
Nesse domínio, predominam relevos montanhosos, favoráveis a que o lençol freático aflore em vários locais,
ocorrendo em meio a essas áreas acidentadas pequenos e formando grande número de nascentes. Os rios e córregos
isolados setores com relevo um pouco mais suavizado. São que drenam essas regiões apresentam águas turbulentas,
locais recobertos por solos com melhor potencial agrícola, que oxigenam e mostram alto poder de depuração.
que, para serem aproveitados, necessitam ser manejados É importante que nessas regiões não ocorram desma-
com utilização de práticas conservacionistas, sendo reco- tamentos, pois a vegetação tem papel importantíssimo na
mendadas culturas de ciclo longo. retenção da água da chuva, que melhora o potencial de
recarga dos aquíferos, preserva as nascentes e diminui o
Limitações potencial erosivo.

A influência do relevo predominantemente montanho- Limitações


so a escarpado no potencial agrícola é bastante negativa,
Como nesse domínio as rochas são bastante tectoniza-
pois nessas regiões tal tipo de topografia forma solos re-
das e geralmente portadoras de fraturas e falhas abertas e
siduais pouco evoluídos, dos tipos Litossolo e Cambissolo.
outras superfícies planares, essas descontinuidades levarão
Nessas áreas, em muitos locais podem aflorar o substrato
contaminantes de forma rápida aos lençóis d’água. Nas áreas
ou os horizontes B e C do solo, que também são muito
em que as rochas afloram e os solos forem pouco evoluídos,
suscetíveis à erosão laminar e concentrada, restringindo o o potencial de contaminação das águas subterrâneas é alto.
potencial agrícola. Assim, fontes potencialmente poluidoras não devem ser
Como são regiões com declives excessivamente acen- instaladas nessas regiões.
tuados, não permitem a utilização de equipamentos agrí- As águas subsuperficiais circulam e ficam armazenadas
colas motorizados. Essas rochas, quando alteradas, liberam nas falhas e fraturas, que são os espaços existentes nessas
excesso de alumínio para os solos, tornando-os bastante rochas classificadas como aquíferos fissurais ou fraturados.
ácidos e prejudicando o desenvolvimento das plantas em Tais aquíferos têm bom potencial hidrogeológico, porém, lo-
áreas cultivadas. Por apresentarem altas proporções de ar- cal e bastante irregular. A existência, o tamanho, a densidade
gilas, sofrem compactação e impermeabilização, caso sejam e a interconectividade das falhas, assim como as condições
continuamente mecanizados com equipamentos pesados e/ climáticas locais, influenciam na produtividade de poços
ou pisoteados pelo gado. próximos, que podem ter boas vazões ou estarem secos.

223
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Os solos residuais mais evoluídos são argilo-síltico- micáceos placoides, ora mais, ora menos concentrados,
arenosos, pouco permeáveis, e desfavoráveis à recarga das devido ao bandamento gnáissico.
águas subterrâneas. Em períodos de excesso de chuva, a
maior parte dessas águas escoa rapidamente para os canais Aspectos ambientais e potencial turístico
de drenagem. Nas regiões de solos argilosos, cuidados espe-
ciais devem ser tomados para não haver grandes desmata- Adequabilidades ou potencialidades e Limitações
mentos, que podem causar excesso de impermeabilização.
Os relevos nessas regiões são montanhosos e escarpa-
Recursos minerais dos, devido ao predomínio de rochas bastantes tectonizadas,
de alta a muito alta resistência ao intemperismo físico-
Adequabilidades ou potencialidades e Limitações químico, formando paisagens naturais de grande beleza
cênica e potencial turístico.
A unidade formada pelas séries graníticas subalcalinas Nessas regiões, onde o relevo é favorável a que o
tem ocorrências de materiais para uso na construção civil, lençol freático aflore em vários locais, forma-se grande
como saibro, areia, feldspato, granito, quartzito, além de número de nascentes, que são importantes para ma-
extração de água mineral de mesa. nutenção da regularidade hídrica dos principais rios e
Pode haver potencial metalogenético, entretanto, córregos que drenam essas áreas. Existem belos espigões
nesse domínio, o potencial foi reduzido pelo metamor- rochosos (Figura 4.208) e alta densidade de canais de
fismo, que mais dispersou que concentrou elementos drenagem nessas regiões, assim como rios e córregos
metálicos, e também pelo profundo grau de erosão dos apresentam trechos escoando sobre o substrato rochoso,
maciços rochosos. A porção rochosa favorável à existência formando fortes corredeiras, cachoeiras e piscinas naturais.
de mineralizações, em geral, já erodiu. O domínio tem grandes áreas ocorrendo dentro dos limites
Pode haver, em muitas áreas, reduzido potencial de importantes unidades de conservação, tais como: APAs
para exploração de rochas ornamentais devido à textura de Guaratuba e de Guaraqueçaba, Parque Nacional do
foliada, heterogeneidade textural e presença de minerais Superagui e Parque Estadual Ilha do Mel (Quadro 4.39).

Figura 4.208 - Inselbergs e outros relevos residuais sobre a unidade DCGR3salc (Pontal do Paraná, PR).
Fotografia: Deyna Pinho (2011).

Quadro 4.39 - Unidade geológico-ambiental do domínio DCGR3, no estado do Paraná, e seus potenciais geoturísticos.

Características de
Código do Domínio Código da Unidade Atrativo Geoturístico, Geossítios, Quilombolas,
Interesse Intrínsecas à
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental Comunidades Indígenas, Áreas de Conservação
Geodiversidade

APAs de Guaratuba e de Guaraqueçaba; Parque Beleza paisagística;


Nacional do Superagui; Parque Estadual Ilha do Mel; geomorfológico;
DCGR3 DCGR3salc Serra das Canavieiras; Grutas: Morro de Pedra, espeleológico;
das Encantadas; Morros: das Encantadas, do exuberante fauna
Bronze, do Meio, do Sabão. e flora.
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2011).

224
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

O predomínio de relevos em desequilíbrio, em franco DOMÍNIO DOS COMPLEXOS GNÁISSICO-


e acelerado processo de desgaste, aliado às características MIGMATÍTICOS E GRANULÍTICOS (DCGMGL)
do substrato rochoso, torna essas áreas sujeitas a grandes
movimentos naturais de massa e fonte de geração de alta Elementos de Definição e
carga de detritos finos e arenosos que assoreiam os rios Área de Ocorrência
existentes na região.
O Parque Estadual Ilha do Mel, criado em 21 de março O domínio DCGMGL compreende rochas anterior-
de 2002, possui uma área de 2.760 hectares, com o intuito mente ígneas, sedimentares ou metamórficas que foram
de proteger a remanescente presença da Mata Atlântica metamorfizadas em alto a muito alto grau na forma de
no local. Destacam-se as atrações turísticas Farol das Con- complexos gnáissico-migmatíticos e granulíticos.
chas (Figura 4.209), Gruta das Encantadas (Figura 4.210), Está representado por cinco unidades geológico-
todas sobre rochas da unidade DCGR3salc em relevos ambientais: Predomínio de gnaisses paraderivados. Podem
residuais e Morro do Sabão, utilizado para prática de voo conter porções migmatíticas (DCGMGLgnp); Gnaisses gra-
livre (Figura 4.211). nulíticos ortoderivados.

Figura 4.209 - Farol das Conchas sobre rochas da unidade DCGR3salc em relevo residual (Ilha do Mel, PR).
Fonte: Pousada pôr do soL, s.d.

Figura 4.210 - Gruta das Encantadas em rochas da unidade DCGR3salc (Ilha do Mel, PR).
Fonte: Astral da Ilha, s.d.

225
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

As áreas de ocorrência localizam-se no escudo para-


naense e são constituintes principais no substrato sob os
municípios de Balsa Nova, Bocaiúva do Sul, Colombo, Con-
tenda, Curitiba, Piraquara, Tijucas do Sul. Totalizam uma
área de 5056,38 km2, significando 2,58% do território do
estado do Paraná (Quadro 4.40; Figura 4.212).

Características das Unidades


Geológico-Ambientais

As unidades geológico-ambientais que compõem o


domínio DCGMGL são constituídas por rochas que sofreram
intenso metamorfismo de alto grau e influência tectônica.
Tais rochas constituem os complexos gnáissico-migmatíti-
cos e granulíticos, normalmente, contendo ortognaisses,
paragnaisses, migmatitos, milonitos, rochas granitoides,
Figura 4.211 - Morro do Sabão, sobre rochas da unidade xistos e mármores.
DCGR3salc (Ilha do Mel, PR). Fonte: Rampas do Brasil, s.d.
Predomínio de gnaisses paraderivados.
Podem conter porções migmatíticas (DCGMGLglo); Podem conter porções migmatíticas (DCGMGLgnp)
Predomínio de gnaisses ortoderivados. Podem conter
porções migmatíticas. Essa unidade ocorre entre os municípios de Morretes
DCGMGLgno); Gnaisses, migmatitos e/ou granulitos, e Guaratuba. Corresponde à associação de rochas gnáis-
com alta incidência de corpos de metamáficas e/ou metaul- sicas e xistosas da Suíte Gnáissica Morro Alto e Formação
tramáficas (DCGMGLmu); Gnaisses, migmatitos e/ou granuli- Turvo-Cajati (Unidade Paragnáissica), mais especificamente,
tos, associados a rochas metamáficas e/ou metaultramáficas, biotita-gnaisses, micaxistos, anfibólio-xistos, paragnaisses
incluindo formações ferríferas bandadas (DCGMGLmufb). e, subordinadamente, mármore e rochas calcissilicáticas.

Quadro 4.40 - Unidades geológico-ambientais do domínio DCGMGL, no estado do Paraná,


e respectivos padrões de relevo, área e representatividade.

Representação
Código da Unidade Unidade Área
Padrões de Relevo no Território
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental (km2)
Paranaense (%)

Predomínio de
gnaisses paraderivados.
DCGMGLgnp R1c; R4c – Domínio montanhoso. 79,42 0,04
Podem conter porções
migmatíticas.
Gnaisses granulíticos
ortoderivados. R4a1 – Colinas amplas e suaves;
DCGMGLglo 0,30 0,0002
Podem conter R4c – Domínio montanhoso.
porções migmatíticas
R2c; R4a1 – Colinas amplas e suaves;
Predomínio de gnaisses
R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros baixos;
ortoderivados.
DCGMGLgno R4b – Domínio de morros e de serras baixas; 699,62 0,36
Podem conter
R4c – Domínio montanhoso;
porções migmatíticas.
R4d – Escarpas serranas.
Gnaisses, migmatitos R1a; R2a1; R4a1 – Colinas amplas e suaves;
e/ou granulitos, com R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros baixos;
DCGMGLmu alta incidência de corpos R4b – Domínio de morros e de serras baixas; 4103,40 2,09
de metamáficas e/ou R4c – Domínio montanhoso;
metaultramáficas. R4d – Escarpas serranas.
Gnaisses, migmatitos e/ou
granulitos, associados
a rochas metamáficas
DCGMGLmufb R4a1 – Colinas amplas e suaves. 173,64 0,09
e/ou metaultramáficas,
incluindo formações
ferríferas bandadas.
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2011).

226
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Figura 4.212 - Representação das unidades geológico-ambientais do estado do Paraná dentro dos complexos
gnáissico-migmatíticos e granulíticos (DCGMGL). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

Gnaisses granulíticos ortoderivados. opdalitos, metaortositos, sienogranitos, protomilonitos


Podem conter porções migmatíticas (DCGMGLglo) e, subordinadamente, anfibólio-xistos, dioritos, tonalitos,
granodioritos, kinzigitos e metagabros.
Ocorre na região limítrofe com o estado de Santa
Catarina, no município de Piên. Corresponde aos Gnaisses Gnaisses, migmatitos e/ou granulitos, com
Granulíticos Luís Alves, mais especificamente, gnaisses alta incidência de corpos de metamáficas e/ou
enderbíticos, charnoenderbíticos e trondhjemíticos, subor- metaultramáficas (DCGMGLmu)
dinadamente, anfibolitos, gnaisses kinzigíticos, gnaisses
calcissilicáticos e quartzitos. É encontrada nas áreas urbanas de Araucária,
Almirante Tamandaré, Balsa Nova, Campo Largo, Campina
Predomínio de gnaisses ortoderivados. Grande do Sul, Contenda, Colombo, Curitiba, Fazenda
Podem conter porções migmatíticas (DCGMGLgno) Rio Grande, Mandirituba, Morretes, Piraquara, Quatro
Barras, Quitandinha e São José dos Pinhais. Correspon-
Com ocorrência nas regiões limítrofes com os estados de aos gnaisses e às rochas gnáissico-migmatíticas dos
de São Paulo, no município de Guaraqueçaba, e de Santa complexos Apiaí-Mirim, Atuba e Granulítico Santa Cata-
Catarina, no município de Rio Negro, além de ocorrer na rina. Dentre os litotipos presentes, destacam-se: biotita-
área urbana de Tunas do Paraná. Corresponde aos gnaisses gnaisses, hornblenda-gnaisses, augengnaisses, gnaisses
e migmatitos dos Gnaisses Granodioríticos de Pomerode, graníticos, ortognaisses tonalíticos, jotunitos, mangeritos,
do Complexo Serra Negra, do Gnaisse Tigre e do Comple- noritos, migmatitos, milonitos, biotita-xistos, quartzitos
xo Gnáissico-Migmatítico. Dentre os litotipos presentes, arcoseanos e, subordinadamente, migmatitos estromá-
destacam-se: biotita-gnaisses, hornblenda-gnaisses, mig- ticos, pegmatitos, protomilonitos, muscovita-biotita-
matito estromático, charnockitos, enderbitos, granulitos, gnaisses e xistos.

227
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Gnaisses, migmatitos e/ou granulitos, associados Ocorrem nessa unidade corpos lenticulares de rochas car-
a rochas metamáficas e/ou metaultramáficas, bonáticas na forma de mármores, rochas calcissilicáticas
incluindo formações ferríferas bandadas e xistos carbonáticos (FALEIROS; MORAIS; COSTA, 2012).
(DCGMGLmufb)
Gnaisses Granulíticos Luís Alves
Essa unidade ocorre nas regiões limítrofes com o
estado de Santa Catarina, nos municípios de Agudos do Pertencem ao núcleo gnáissico-granulítico indife-
Sul, Piên, Tijucas do Sul, e no limite com o município de renciado do Complexo Granulítico de Santa Catarina.
São José dos Pinhais, ocorrendo também na área urbana Predominam gnaisses enderbíticos, charnoenderbíticos e
de Tijucas do Sul. Corresponde às rochas gnáissico-gra- trondhjemíticos com enclaves máficos e ultramáficos de
nulíticas do Complexo Granulítico Santa Catarina, com metagabronoritos, metapiroxenitos e meta-hornblenditos.
predomínio de gnaisses, gnaisses granulíticos e granulitos, Também ocorrem gnaisses granulíticos básicos, gnaisses
ocorrendo, também, dunitos, formações ferríferas ban- anfibolíticos, anfibolitos e lentes de gnaisses kinzigíticos,
dadas, gabros, gabronoritos, harzburgitos, piroxenitos, calcissilicatados e quartzitos (IGLESIAS et al., 2011).
noritos e leucogranitos. Na região da divisa Paraná-Santa Catarina, Harara
Resumidamente, são apresentadas, a seguir, informa- (2001) subdividiu o Complexo Granulítico de Santa Ca-
ções sobre os principais litotipos ou descrição faciológica tarina em seis litofácies gnáissicas, sendo cinco litofácies
dos gnaisses. formadas por ortogranulitos máficos, intermediários e
félsicos, alguns com granada, e uma litofácies de biotita-
gnaisse anfibolítico, sem ortopiroxênios ou clinopiroxê-
Suíte Gnáissica Morro Alto
nios. Descreve, também, uma litofácies ultramáfica, for-
mada por lentes de serpentinitos, olivina-ortopiroxenitos
Também conhecida como Suíte Granítico-Milonítica
e olivina-websteritos serpentinizados, pertencentes ao
Rio Piên, trata-se de gnaisses graníticos de estrutura ocelar,
mesmo terreno gnáissico-granulítico.
constituídos de plagioclásio, quartzo, feldspato potássico,
hornblenda, biotita e, como minerais acessórios, titanita,
Gnaisses Granodioríticos de Pomerode
zircão, apatita, alanita, carbonato, epidoto e clorita. A clas-
ou Ortognaisses Pomerode
sificação composicional varia entre quartzomonzonítica,
quartzo-monzodiorítica, granodiorítica e monzogranítica,
São constituídos, predominantemente, por rochas
encontrando-se entre a série calcialcalina granodiorítica
gnáissicas dioríticas a granodioríticas, foliadas e defor-
de médio potássio e a série calcialcalina de alto potássio
madas conjuntamente com os Gnaisses Granulíticos Luís
(MINEROPAR, 2014). Dentre as fácies descritas por Ha-
Alves. Mais especificamente, as rochas gnáissicas são
rara (1996), encontram-se: biotita-ultramilonitos de cor de composição diorítica, tonalítica a granodiorítica e
avermelhada, granulação fina; granitoides miloníticos a granítica, foliadas a bandadas, com bandamento largo
protomilonitos, de granulação média a grossa, cor averme- (decimétrico a métrico) ou ausente. Apresentam cores
lhada, com porfiroblastos de feldspato potássico, biotita cinza-escuro a cinza-claro, granulação média a grossa,
e anfibólio; granitoides miloníticos a protomilonitos, de localmente porfiroclástica, com porfiroclastos de feldspa-
granulação média a grossa, cor acinzentada, também com tos alcalinos (ortoclásio) e/ou plagioclásios, de cor cara-
porfiroblastos de feldspato potássico, biotita e anfibólio. melo, marcando a foliação. Apresentam enclaves máficos
(metagabros), gnaisses e hornblenditos de granulação
Formação Turvo-Cajati grossa com ou sem plagioclásios. Foram encontradas
idades paleoproterozoicas em torno de 2226 a 2209 Ma
Redefinida por Perrotta et al. (2006), tem sua unidade (IGLESIAS et al., 2011).
paragnáissica constituída de paragnaisses e micaxistos
grossos, migmatíticos, com bandamento geralmente Complexo Serra Negra
lenticularizado e difuso definido pela alternância entre
leitos mesocráticos, formados por biotita, silimanita e Foi definido por Silva e Algarte (1981a, b), de ida-
granada, leucossomas, formados por quartzo, feldspa- de arqueana. Compreende, principalmente, rochas de
to potássico e plagioclásio e bandas subcentimétricas composição básica a intermediária, muitas vezes com
silimaníticas. São comuns veios lenticulares graníticos características aparentemente ígneas.
hololeucocráticos, de espessura centimétrica, concordan- O litotipo principal consiste em hornblenda-gnaisse
tes a subconcordantes com a foliação principal, além de básico, cinza-escuro, de granulação fina a média, com
veios ricos em muscovita milimétrica euédrica e bolsões bandamento gnáissico milimétrico a centimétrico, de
pegmatíticos ricos em muscovita e turmalina, paralelos espessura bastante contínua, em leitos individuais, com
ou discordantes da estrutura da rocha. Também ocorrem alternância entre leitos anfibolíticos de cor cinza-escuro
variações compostas por micaxistos grossos homogêneos. e leitos anortosíticos esbranquiçados.

228
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Pode apresentar feições de migmatização na for- Complexo Apiaí-Mirim


ma de leucossomas tonalíticos e bolsões pegmatoides.
Corpos anfibolíticos alongados, corpos tabulares granitoi- É composto por granito-gnaisses e gnaisses com
des blastoporfiríticos e protomiloníticos. Outras variações megacristais de feldspato potássico, gnaisses bandados,
litológicas de menor expressão incluem ortognaisses gnaisses com intercalações de xistos, gnaisses fitados
graníticos leucocráticos, anfibolitos, hornblenda-gnaisses dominantes sobre xistos feldspáticos com gradação
miloníticos a ultramiloníticos. lateral a quartzitos e anfibolitos, gnaisses ocelares inter-
digitados com migmatitos estromáticos cataclasados,
Gnaisse Tigre gnaisses leucocráticos e xistos feldspáticos. Foram en-
contradas rochas com idades entre paleoproterozoicas
Ocorre na forma de dois corpos elipsoidais: um de a mesoproterozoicas variando entre 1900 a 1350 Ma
menor expressão, com 15 km2 de área, e outro de maior (MINEROPAR, 2014).
expressão, com 109 km2 de área. O primeiro é consti-
tuído por rochas heterogeneamente milonitizadas de Formas de Relevo e Solos
proto- a ultramilonito de composição quartzodiorítica a
quartzomonzonítica, formados por plagioclásio epidoti- Na região das unidades DCGMGL predominam áreas
zado, feldspato potássico, biotita, hornblenda e quartzo; em que o relevo possui maiores declividades, como nos ti-
localmente, aparecem gnaisses com bandamento definido. pos montanhoso, morros e serras baixas, escarpas serranas
O segundo corpo, de maior representatividade, é compos- e rebordos erosivos, devido, principalmente, à relação dos
to, principalmente, por sienogranito heterogeneamente litotipos e à história geológico-estrutural. Assim, a geomor-
milonitizado, formado por feldspato potássico, quartzo, fologia apresenta-se favorável a que os solos sejam do tipo
plagioclásio e biotita. transportado e com características extremamente variadas,
Quando protomilonitizado, apresenta porfiroclastos visto que são influenciados pelas litologias existentes nas
milimétricos a centimétricos de feldspato potássico em regiões altas do entorno e mais distantes (Figura 4.213).
matriz composta por alternância de lâminas félsicas e má- No domínio DCGMGL, predominam Cambissolos
ficas lenticularizadas (FALEIROS; MORAIS; COSTA, 2012). Háplicos, com 37% em área, predominantemente sobre
Segundo Cury et al. (2002), os sienogranitos e as rochas os relevos de colinas amplas e suaves, colinas dissecadas
relacionadas presentes no Gnaisse Tigre apresentam as- e morros baixos e escarpas serranas; Argissolos Vermelho-
sinaturas geoquímicas de granitos anorogênicos do tipo Amarelos representam 27% em área, principalmente
A, com idades paleoproterozoicas em torno de 1772 Ma. sobre os relevos de colinas amplas e suaves, colinas dis-
secadas e morros baixos; Latossolos representam 24%
Complexo Atuba em área, preferencialmente sobre o relevo de colinas
amplas e suaves, morros altos e serras baixas; os de-
Foi definido por Siga Júnior et al. (1995) em pedreira mais tipos de solos representam menos de 12% em área
homônima na Região Metropolitana de Curitiba (PR). (EMBRAPA, 2007).
Predominam as rochas gnáissicas bandadas, migmatíti-
cas, com frequentes intercalações de corpos anfibolíticos Características, Adequabilidades e
e de xistos magnesianos. Os gnaisses são representados Limitações Frente ao Uso e à Ocupação
principalmente por biotita-anfibólio-gnaisses contendo
leucossomas de composições tonalito-granodioríticas, Obras de engenharia
além de graníticas, formadas no Paleoproterozoico e re-
migmatizadas no Neoproterozoico. Adequabilidades ou potencialidades

Complexo Granulítico Santa Catarina As rochas gnáissico-migmatíticas e granulíticas apre-


sentam alto grau de coerência, baixa porosidade primária,
É constituído, predominantemente, por gnaisses moderada a alta resistência ao intemperismo físico-químico
quartzofeldspáticos com teor relativamente baixo em mi- e elevada resistência à compressão. Têm potencial para uso
nerais máficos que incluem o hiperstênio, definindo a Fácies em obras civis, na forma de brita de diversos tamanhos,
Granulito. A estrutura é foliada e a textura, granulítica. É blocos para fundações, construção de muros e em enro-
frequente a cor cinza-esverdeada, típica dos granulitos, mas camento de barragens.
ocorrem colorações preto a cinza-claro. Outras litologias Nas áreas em que ocorrem solos residuais com pedo-
comuns na área são milonito-gnaisses granulíticos; gnaisses gênese avançada, estes são predominantemente argilo-
blastomiloníticos; corpos ultramáficos lenticulares; gnais- síltico-arenosos e apresentam as seguintes características:
ses calcissilicatados; kinzigitos e anortositos, quartzitos e boa capacidade de compactação, permeabilidade variando
formações ferríferas, algumas das quais já são exploradas de baixa a moderada, moderadamente plásticos e natural-
pela indústria siderúrgica (SCHEIBE, 1986). mente pouco erodíveis.

229
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Figura 4.213 - Representação dos padrões de relevo do estado do Paraná sobre os complexos gnáissico-migmatíticos e
granulíticos (DCGMGL). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).

O solo originado dessas unidades e com tais caracterís- Estão fortemente tectonizadas, tanto dúctil como
ticas apresenta qualidades geotécnicas para uso como ma- rúptil; geralmente apresentam duas proeminentes folia-
terial de empréstimo em obras como aterros, substituição ções metamórficas: uma mais antiga, de baixo ângulo e
de solos moles e na construção de barramentos. Em áreas de caráter dúctil, com forte achatamento e recristalização
onde o manto de alteração é formado por intemperismo mineral; outra recente, de alto ângulo, de caráter mais
incipiente, esses solos se apresentam pouco evoluídos e rúptil que dúctil.
formam o material denominado saibro, que poderá ser As rochas formadoras desse domínio alteram-se de
utilizado na manutenção de estradas sem pavimento e forma bastante heterogênea, gerando solos onde o hori-
acesso em áreas rurais. zonte B apresenta composição mais argilo-síltico-arenosa
e o horizonte C formado pelo substrato rochoso ficará
Limitações posicionado nesse perfil em profundidades irregulares.
Ocorrem localmente, dentro do domínio, solos residuais
As rochas gnáissico-migmatíticas e granulíticas pouco evoluídos, com horizonte de composição pre-
ocorrem na região como uma complexa associação de dominante de argilominerais expansivos (Figura 4.214).
pequenos e grandes corpos, com as mais variadas e Esse horizonte poderá sofrer forte processo erosivo caso fi-
contrastantes características texturais e minerais, com- que exposto às intempéries em taludes de corte. Solos com
plexamente e intensamente tectonizadas e dobradas. tais características mostram forte potencial para ocorrência
Apresentam grande anisotropia geomecânica e hidráulica de movimentos naturais de massa, mesmo onde as decli-
local lateral e vertical, sendo que, na maioria das vezes, a vidades sejam pouco acentuadas (Figuras 4.215 a 4.218).
curtas distâncias podem ocorrer, lado a lado, rochas e solos Por sua composição, não servem como material
residuais com as mais variadas e contrastantes caracterís- de empréstimo para uso em obras expostas à ação das
ticas geotécnicas. águas pluviais.

230
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Figura 4.214 - Solo residual ainda com foliação gnáissico- Figura 4.217 - Deslizamentos generalizados de solo sobre
migmatítica preservada na unidade DCGMGLmu (Mandirituba, PR). rocha na unidade DCGMGLgnp (Morretes, PR). Fotografia:
Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011). Deyna Pinho (2011).

Figura 4.215 - Detalhe de deslizamento de solo sobre rocha em Figura 4.218 - Obra de contenção em deslizamento de solo
relevo de escarpa serrana sobre rochas da unidade DCGMGLmu residual em talude de corte sobre a unidade DCGMGLmu (Campina
(Morretes, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011). Grande do Sul, PR).Fotografia: Deyna Pinho (2011).

Devido às suas características, as rochas, ao sofrerem


alteração, apresentam profundidade do substrato rochoso
em variadas posições e podem formar, de modo aleatório
e irregular, blocos e matacões ao longo do perfil do solo.
Tais ocorrências de fragmentos de rocha poderão ocorrer
mesmo em solos profundos, o que dificultará a execução
de escavações e perfurações.
No caso de aflorarem nos taludes de corte, poderão
sofrer movimentação (Figuras 4.219 e 4.220). Obras do
tipo fundações, pilares ou estacas não podem se apoiar
parcialmente sobre esses blocos e matacões, pois, ocorren-
do movimentação, esta poderá causar sérios danos a essas
construções. A execução de obras lineares, nas regiões em
que predominam solos residuais originados da alteração
dessas rochas, deverá ser precedida de estudos geotécnicos
apoiados em sondagens de malha pouco espaçada e grande
Figura 4.216 - Deslizamento planar em solo residual em corte de
número de ensaios tecnológicos de materiais coletados de
talude de rodovia na unidade DCGMGLmu (Morretes, PR). várias profundidades, o que implica custos elevados desde
Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011). a fase de planejamento até a implantação do projeto.

231
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

São áreas indicadas para usos mais preservacionistas,


como a criação de unidades de conservação (Figuras
4.221 e 4.222).

Agricultura

Adequabilidades ou potencialidades

Em regiões em que há predomínio de rochas, que,


ao sofrerem intemperismo, se alteram para solos residuais
com pedogênese avançada, mas com alta participação de
argila, a erodibilidade e a permeabilidade poderão variar
de baixa a moderada.
Os solos apresentam-se, nessas áreas, com alta
porososidade, com boa capacidade para reter, fixar e
Figura 4.219 - Gnaisse com ressaltada foliação e alto padrão de assimilar matéria orgânica e respondem bem à adubação.
fraturamento da unidade DCGMGLmu (Fazenda Rio Grande, PR). São excelentes para armazenar água e manter boa dispo-
Fotografia: Deyna Pinho (2011). nibilidade para as plantas por longos períodos secos, não
necessitando de irrigação frequente.
O predomínio de minerais ferromagnesianos (biotita
e horblenda) na composição das rochas gnáissico-migma-
títicas faz com que essas rochas, ao sofrerem intemperis-
mo físico-químico, liberem quantidades altas de cálcio e
magnésio para o solo, aumentando a fertilidade natural.
Os solos corretamente manejados, corrigidos e com
relevo favorável apresentarão forte potencial agrícola.
Nas áreas em que predominarem apenas gnaisses e ortog-
naisses que contêm bandas, lentes e até espessos corpos
de rochas metabásicas e metacarbonáticas, tais rochas,
ao sofrerem alteração intempérica, liberam nutrientes
do tipo Na, Mg e Ca para o solo, originando áreas com
excelente fertilidade natural.
A unidade DCGMGLmu possui maior incidência de
Latossolos sobre relevo de colinas amplas e suaves, con-
Figura 4.220 - Talude de corte rochoso expondo alto padrão de dição esta mais propícia para serem utilizados na forma
fraturamento e risco de queda e desplacamento de rochas na unidade
DCGMGLmu (Tijucas do Sul, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011).
de extensas monoculturas (EMBRAPA, 2007).

Nas regiões em que há predomínio de litologias Limitações


formadas por alternância de bandas ricas em minerais
micáceos (biotita) isorientados com bandas ricas em mi- As rochas gnáissico-migmatíticas são compostas por
nerais prismáticos (quartzo e feldspatos), não ou pouco bandamentos irregulares litológicos e mineralógicos que
orientados, essas características texturais e estruturais influenciam nas características físico-químicas e, conse-
originam descontinuidades geomecânicas e hidráulicas quentemente, na qualidade dos solos para uso agrícola.
que facilitam a percolação de fluidos e deflagram pro- Essas litologias, dependendo de como estão desenvolvidas
cessos intempéricos, resultando em desplacamentos das as estruturas bandadas, apresentarão maior ou menor
rochas em taludes de corte mais verticalizados. As regiões resistência ao intemperismo físico-químico, podendo
de ocorrência dessas litologias mostram-se problemáti- formar solos mais argilosos ou mais arenosos. Nas bandas
cas para execução de escavações e perfurações, devido mais claras, ocorrem minerais de quartzo e plagioclásio
à alta resistência que tais rochas apresentam ao corte e e, nas escuras, predominam minerais ferromagnesianos.
à penetração por equipamentos utilizados em obras de Estes sofrem maior alteração e geram solos muito ar-
escavação e terraplenagem. gilosos. Esses minerais alterados liberam para o solo
Nas regiões em que predominam declividades elementos como cálcio, potássio, sódio e magnésio e,
acentuadas, relevos montanhosos ou escarpados, a junto, ferro e alumínio, que definem a qualidade do solo,
limitação é grande para implantação de obras, pois ha- podendo torná-lo básico/ácido ou formar um solo de alta/
verá custos elevados para sua execução e manutenção. baixa fertilidade.

232
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Figura 4.221 - Relevo de escarpas serranas na unidade DCGMGLmu (São José dos Pinhais, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011).

A unidade DCGMGLmu possui maior incidência de


Cambissolos Háplicos sobre relevo de escarpas serranas, con-
dição esta limitante para o uso agrícola, devido à inclinação
do terreno e à possibilidade de muitos blocos residuais no
solo (EMBRAPA, 2007).

Recursos hídricos subterrâneos


e fontes poluidoras

Adequabilidades ou potencialidades

As rochas formadoras desse domínio, ao sofrerem


intemperismo, geram solos argilo-síltico-arenosos, que são
pouco permeáveis, com alta capacidade de reter, fixar e elimi-
nar poluentes. Nas áreas em que a pedogênese é avançada,
Figura 4.222 - Relevo de escarpas serranas sobre a unidade
há risco reduzido de contaminação do lençol freático e dos
DCGMGLmu; uso do solo para preservação da Mata Atlântica aquíferos subterrâneos.
(Morretes, PR). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011). As rochas dessas unidades que foram fortemente
tectonizadas apresentam ambiência favorável à existência
Nas áreas em que o predomínio é de rochas cristalinas de importantes armadilhas hidrogeológicas relacionadas a
com alto grau de coerência, moderada a alta resistência ao falhas, fraturas e outras descontinuidades estruturais, que
intemperismo e composição mineralógica à base de feldspa- podem apresentar importantes surgências d’água. Essas
tos e quartzo, formam-se solos pobres de nutrientes, o que características hidrogeológicas classificam as rochas do do-
reflete no baixo potencial agrícola. Os solos que geralmente mínio DCGMGL como aquíferos fissurais, que apresentam
são profundos, mas com pedogênese diferenciada, apre- potencial para exploração de águas subterrâneas.
sentam essas diferenciações físico-químicas, o que mostra O manto de alteração parcial (saprolito) apresenta
grande variação de local para local da qualidade agrícola. boas características hidrodinâmicas. Nas áreas em que o
Nas regiões em que predominam solos argilo-síltico- saprolito for mais espesso, será armazenador de excelente
arenosos, no caso de os perfis serem pouco evoluídos, o uso aquífero superficial.
de equipamentos pesados e o pisoteio do gado acarretarão
forte compactação e impermeabilização, o que ocasionará Limitações
aumento na erosão hídrica laminar.
Os solos em que há predomínio da argila, em períodos O domínio DCGMGL é formado por rochas bastante
de muita chuva tornam-se muito aderentes e escorregadios; tectonizadas e portadoras de muitas fendas (falhas e fratu-
quando secos, entram facilmente em suspensão, gerando ras), por onde poluentes podem alcançar rapidamente as
muita poeira, podendo ficar muito endurecidos. águas subterrâneas.

233
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Nos locais em que as rochas afloram e os solos são Aspectos ambientais e potencial turístico
pouco evoluídos ou rasos, é considerado alto o poten-
cial de contaminação das águas subterrâneas. Portanto, Adequabilidades ou potencialidades e Limitações
cuidados especiais devem ser tomados com todas as
fontes potencialmente poluidoras instaladas nessas áre- Nas regiões de ocorrência das rochas gnáissico-
as. Nas rochas paragnáissicas e ortognáissicas, as águas migmatíticas e granulíticas, devido à grande diversidade
subterrâneas circulam e ficam armazenadas em falhas litológica desse domínio, ao intenso tectonismo sofrido
e fraturas. São os denominados aquíferos fissurais des- e à existência de solos pouco permeáveis, há predomínio
contínuos. O potencial hidrogeológico dessas rochas é de relevos montanhosos e escarpas serranas. Tais regiões
irregular e depende da existência, distribuição, tamanho, apresentam grande beleza cênica, com belos espigões ro-
densidade e da interconectividade das fraturas, somado chosos (Figura 4.223), onde existe um sistema de drenagem
às condições climáticas locais. Assim, mesmo em áreas com muitos cursos d’água, com trechos escoando sobre o
com clima chuvoso, poços podem apresentar excelentes substrato rochoso e formando belas corredeiras, cachoeiras
vazões, enquanto em áreas muito próximas o poço pode (Figura 4.224) e piscinas naturais.
estar seco. Tais rochas podem formar solos residuais Esses relevos acidentados são favoráveis a que o
mais argilosos, com permeabilidade variando de baixa lençol freático aflore em vários locais, portanto, são ter-
a moderada, sendo, nesse caso, regiões desfavoráveis à renos que contêm inúmeras nascentes, importantes para
recarga das águas subterrâneas. manutenção da regularidade do regime hídrico super-
ficial dos rios, riachos e córregos, formadores da bacia
Recursos minerais hidrográfica existente na região. Blocos e matacões à
beira do mar ou formando pequenas piscinas naturais e
Adequabilidades ou potencialidades e Limitações corredeiras no leito de rio compõem também uma desta-
cada paisagem.
No domínio DCGMGL, quase todas as unidades Ocorrem no domínio DCGMGL cidades com potencial
possuem potencial para exploração de insumos e rochas turístico já bem desenvolvido, como Morretes, em meio
para uso na construção civil, tais como: diabásio, feldspa- à serra do Mar. Nessas áreas, em razão do intenso tecto-
to, gnaisse, granito, granito ornamental, monzodiorito, nismo, predominam relevos bastante movimentados, em
quartzito, areia, argila e caulim. Em algumas unidades há sua maioria montanhoso, com belos espigões rochosos.
ocorrência de ouro e ferro (Quadro 4.41). Nessas áreas predominam relevos em desequilíbrio, com
Destaque para os agrupamentos minerais (área de alta densidade de canais de drenagem e escoamento su-
pequenas dimensões, localizada em ambiente geológico perficial rápido, alta erosão hídrica e em franco e acelerado
produtor de bens minerais, abrangendo no mínimo três ou processo de desgaste, o que, aliado às características do
mais depósitos e/ou jazidas minerais) de rochas ornamen- substrato rochoso, faz com que estejam sujeitos a grandes
tais, argilas e caulim da região de Campo Largo, Tijucas movimentos naturais de massa.
do Sul e Araucária, sobre rochas gnáissicas da unidade As limitações que a declividade impôs ao uso e à
DCGMGLmu. Ainda sobre a mesma unidade, destaque ocupação nessas regiões preservaram grandes flores-
também para o agrupamento de depósitos de formação tas de vegetação nativa. Com a criação de unidades de
ferrífera bandada da colônia Zulmira. conservação, essas áreas apenas poderão ser exploradas
Não há ocorrências de depósitos minerais registrados dentro de programas ou políticas em que sejam utilizados
na unidade DCGMGLglo. os conceitos para prática do desenvolvimento sustentável.

Quadro 4.41 - Unidades geológico-ambientais do domínio DCGMGL, no estado do Paraná, em relação à ocorrência de depósitos minerais.

Minerais Minerais Industriais, Minerais de uso


Código do Domínio Código da Unidade Minerais
Não Rochas e Materiais de Especial – Águas
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental Metálicos
Metálicos Construção Civil e Energéticos
DCGMGLgnp Au ND ND ND

Argila, brita, rocha


DCGMGLgno ND ND ND
ornamental, pedra de talhe.

DCGMGL Argila, brita, caulim,


DCGMGLmu Au, Fe ND feldspato, rocha ornamental, Água mineral
pedra de talhe.
Brita, caulim, rocha
DCGMGLmufb Fe ND ND
ornamental, pedra de talhe.
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2011).
Nota: ND = Não determinado.

234
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO

Os tipos de relevo montanhoso e escarpado formam


regiões com maior potencial turístico e com grande beleza
cênica quando estão situadas próximo à planície costeira.
Nessas regiões há importantes unidades de conservação,
como as APAs de Guaratuba e de Guaraqueçaba, o Par-
que Estadual das Lauráceas, o Parque Tanguá e o Parque
Pedreira Paulo Leminski.
A serra da Igreja (Figura 4.223), sobre rochas mig-
matíticas da unidade DCGMGLmu, está localizada no
município de Morretes, na porção centro-sul da serra do
Mar, dentro da APA de Guaratuba (Quadro 4.42).
Destaque para as antigas áreas de mineração de brita
na região periférica de Curitiba, que foram reabilitadas para
o uso declarado de áreas de lazer na forma de parques
municipais: Pedreira Paulo Leminski (onde se encontra a
“Ópera de Arame”) e Tanguá (Figura 4.225), ambos sobre
rochas gnáissico-migmatíticas da unidade DCGMGLmu.
Não foi encontrado potencial geoturístico nas uni-
dades DCGMGLglo e DCGMGLmufb.

Figura 4.224 - Salto da Fortuna; unidade DCGMGLmu


(Morretes, PR).Fotografia: Alcenir Korvo, s.d.

Figura 4.223 - Pico Serra da Igreja sobre unidade DCGMGLmu; Figura 4.225 - Parque Tanguá, em antiga pedreira desativada
detalhe para deslizamentos de solo sobre rocha próximos às áreas sobre a unidade DCGMGLmu (Curitiba, PR).
de crista (Guaratuba, PR). Fotografia: André Bonacin (2011). Fotografia: Curitiba Sua Linda, s.d.

Quadro 4.42 - Unidades geológico-ambientais do domínio DCGMGL, no estado do Paraná, e respectivos potenciais geoturísticos.

Características de
Código do Domínio Código da Unidade Atrativo Geoturístico, Geossítios, Quilombolas,
Interesse Intrínsecas
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental Comunidades Indígenas, Áreas de Conservação
à Geodiversidade

Beleza paisagística;
DCGMGLgnp APA de Guaratuba.
exuberante fauna e flora.
Beleza paisagística;
DCGMGLgno Quilombola João Surrá; APA de Guaraqueçaba.
exuberante fauna e flora.
Quilombola João Surrá; APAs de Guaratuba e de
DCGMGL Guaraqueçaba; Parque Estadual das Lauráceas; Parque
Tanguá; Parque Pedreira Paulo Leminski; Serras: da Igreja, Beleza paisagística;
DCGMGLmu das Canavieiras, do Capivari, da Guaricana, da Virgem exuberante fauna e
Maria, do Ibitiraquiré; Monte Camacuã; Morro da flora; geomorfológico;
Caixa d’Água; Salto da Fortuna; Cachoeiras: dos rios
São João e Taguaçaba de Cima.
DCGMGLmufb Fe ND
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2011).

235
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

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240
APÊNDICE I
UNIDADES
GEOLÓGICO-AMBIENTAIS
DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
APÊNDICE I - UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO

CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO

Ambiente de planícies aluvionares recentes –


Material inconsolidado e de espessura variável.
DCa
Da base para o topo, é formado por cascalho,
areia e argila.

Ambiente de terraços aluvionares –


Material inconsolidado a semiconsolidado,
DCta
de espessura variável. Da base para o topo,
é formado por cascalho, areia e argila.

Ambiente fluviolacustre – Predomínio de


sedimentos arenosos, intercalados com camadas
DCfl
argilosas, ocasionalmente com presença de turfa.
Ex.: Fm. Içá.

DOMÍNIO DOS SEDIMENTOS CENOZOICOS Ambiente lagunar – Predomínio de sedimentos


DCl
INCONSOLIDADOS OU POUCO CONSOLIDADOS, DC argilosos e/ou turfosos.
DEPOSITADOS EM MEIO AQUOSO.

Ambiente paludal – Predomínio de argilas


DCp
orgânicas e camadas de turfa.

Ambiente marinho costeiro – Predomínio de


DCmc
sedimentos arenosos.

Ambiente misto (Marinho/Continental) –


Intercalações irregulares de sedimentos arenosos,
DCm
argilosos, em geral ricos em matéria orgânica
(mangues).

Sedimentos Tecnogênicos. DCtec

Colúvio e tálus – Materiais inconsolidados,


DOMÍNIO DOS SEDIMENTOS CENOZOICOS
DCICT de granulometria e composição diversa DCICT
INCONSOLIDADOS DO TIPO COLUVIÃO E TÁLUS.
proveniente do transporte gravitacional.

DOMÍNIO DOS SEDIMENTOS INDIFERENCIADOS


CENOZOICOS RELACIONADOS
A RETRABALHAMENTO DE OUTRAS ROCHAS,
GERALMENTE ASSOCIADOS A SUPERFÍCIES
Relacionado a sedimentos retrabalhados de
DE APLAINAMENTO.
outras rochas – Coberturas arenoconglomeráticas
DCSR DCSR
e/ou síltico-argilosas associadas a superfícies
Obs.: Engloba as coberturas que existem na
de aplainamento.
zona continental e representam uma fase de
retrabalhamento de outras rochas que sofreram
pequeno transporte em meio não aquoso ou
pouco aquoso.

DOMÍNIO DOS SEDIMENTOS CENOZOICOS


PROVENIENTES DA ALTERAÇÃO DE ROCHA
IN SITU COM GRAU DE ALTERAÇÃO VARIANDO DCEL Sedimentos eluviais. DCEL
DE SAPRÓLITO A SOLO RESIDUAL,
EXCETO AS LATERITAS.

3
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO

DOMÍNIO DOS SEDIMENTOS CENOZOICOS


DCB Plataforma continental – recifes. DCBr
BIOCLÁSTICOS.

Dunas móveis – Material arenoso inconsolidado. DCEm

DOMÍNIO DOS SEDIMENTOS CENOZOICOS


DCE
EÓLICOS.
Dunas fixas – Material arenoso fixado
DCEf
pela vegetação.

Depósitos fluviais antigos – Intercalações


DOMÍNIO DOS SEDIMENTOS CENOZOICOS de níveis arenosos, argilosos, siltosos
DCF DCFa
SEMICONSOLIDADOS FLUVIAIS. e cascalhos semiconsolidados.
Ex.: Formação Pariquera-Açu.

Indiviso - Proveniente de processo de lateritização


DCDLin
em rochas de composição diversas.

Perfil laterítico incompleto – Proveniente de processo


de lateritização em rochas de composição diversas
DOMÍNIO DAS FORMAÇÕES LATERÍTICAS DCDL
DCDL onde o perfil laterítico não formou crosta ou
(CENOZOICA ATÉ O PALEOPROTEROZOICO)
foi erodido.

Perfil laterítico completo - Proveniente de processo


de lateritização em rochas de composição diversas
DCDLiVo
onde o perfil laterítico formou crostas.
Ex Crostas ferruginosas.

Depósitos detrito-carbonáticos – Provenientes de


DOMÍNIO DAS COBERTURAS CENOZOICAS
DCDC processos de lateritização em rochas carbonáticas. DCDC
DETRITO-CARBONÁTICAS.
Ex.: Formação Caatinga.

Predomínio de sedimentos arenosos.


Ex.: Sedimentos associados a pequenas bacias
DCMRa
continentais do tipo rift, como as bacias de Curitiba,
São Paulo, Taubaté, Resende, dentre outras

DOMÍNIO DOS SEDIMENTOS CENOZOICOS


E/OU MESOZOICOS POUCO A MODERADAMENTE
DCMR
CONSOLIDADOS, ASSOCIADOS A PEQUENAS Predomínio dos sedimentos síltico-argilosos DCMRsa
BACIAS CONTINENTAIS DO TIPO RIFT.

Calcários com intercalações síltico-argilosas.


DCMRcsa
Ex.: Formação Tremembé

Alternância irregular entre camadas de sedimentos


DOMÍNIO DOS SEDIMENTOS CENOZOICOS
de composição diversa (arenito, siltito,
POUCO A MODERADAMENTE CONSOLIDADOS, DCT DCT
argilito e cascalho).
ASSOCIADOS A TABULEIROS
Ex.: Formação Barreiras.

4
APÊNDICE I - UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO

CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO

Predomínio de sedimentos arenoargilosos e/ou


síltico-argilosos de deposição continental lacustrina
DCMld
deltaica, ocasionalmente com presença de linhito.
Ex.: Formação Solimões.
DOMÍNIO DOS SEDIMENTOS CENOZOICOS
E/OU MESOZOICOS POUCO A MODERADAMENTE
DCM
CONSOLIDADOS, ASSOCIADOS A PROFUNDAS
E EXTENSAS BACIAS CONTINENTAIS

Predomínio de sedimentos arenosos de deposição


continental, lacustre, fluvial ou eólica – arenitos. DCMa
Ex.: Formação Urucuia.

Predomínio de calcário e sedimentos síltico-argilosos. DSMc

Predomínio de sedimentos quartzoarenosos e


conglomeráticos, com intercalações de sedimentos DSMqcg
síltico-argilosos e/ou calcíferos.

DOMÍNIO DAS SEQUÊNCIAS SEDIMENTARES


Predomínio de sedimentos síltico-argilosos, com
MESOZOICAS CLASTOCARBONÁTICAS
DSM alternância de sedimentos arenosos e conglome- DSMsa
CONSOLIDADAS EM BACIAS DE MARGENS
ráticos.
CONTINENTAIS (RIFT)

Intercalações de sedimentos síltico-argilosos e


DSMsaq
quartzoarenosos.

Intercalação de sedimentos síltico-argilosos e cama-


DSMscv
das de carvão.

Predomínio de sedimentos quartzoarenosos finos,


com cimentação carbonática e intercalações
subordinadas síltico-argilosas (ambientes
DSMCef
deposicionais: eólico e/ou eólico/fluvial).
DOMÍNIO DAS COBERTURAS SEDIMENTARES Ex.; Formações Goio-Erê, Araçatuba,
MESOZOICAS (CRETÁCEAS), POUCO A Presidente Prudente.
MODERADAMENTE CONSOLIDADAS.
DSMC
Ex: Grupo Bauru (Ex; Formações Vale do Rio do Peixe,
Marília, Rio Paraná, São José do Rio Preto) e Grupo
Caiuá (formações Santo Anastácio e Goio-Erê). Predomínio de sedimentos quartzoarenosos
finos (ambiente deposicional eólico)
DSMCe
Ex.; Formações Vale do Rio do Peixe, Rio Paraná,
São José do Rio Preto.

5
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO

Predomínio de sedimentos arenosos


DSVMPa
malselecionados.

Predomínio de espessos pacotes de arenitos de


deposição eólica. DSVMPae
Ex.: Arenito Botucatu.

Predomínio de espessos pacotes de arenitos de


deposição mista (eólica e fluvial). DSVMPaef
Ex.: Fm. Rio do Peixe, Fm. Caiuá.

Predomínio de arenitos e conglomerados. DSVMPacg

Predomínio de arenitos a arenitos cauliníticos.


DSVMPac
Ex.: Fm. Alter do Chão

Intercalações de sedimentos arenosos,


síltico-argilosos e folhelhos. DSVMPasaf
Ex: Fm Itararé.
DOMÍNIO DAS COBERTURAS SEDIMENTARES
E VULCANOSSEDIMENTARES MESOZOICAS
E PALEOZOICAS, POUCO A MODERADAMENTE
CONSOLIDADAS, ASSOCIADAS A GRANDES E Predomínio de sedimentos síltico-argilosos com
DSVMP DSVMPsaa
PROFUNDAS BACIAS SEDIMENTARES DO TIPO intercalações arenosas.
SINÉCLISE (AMBIENTES DEPOSICIONAIS:
CONTINENTAL, MARINHO, DESÉRTICO,
GLACIAL E VULCÂNICO).
Predomínio de arenitos vulcanoclásticos
DSVMPav
(tufos cineríticos).

Predomínio de sedimentos síltico-argilosos e


DSVMPsaacv
arenosos, contendo camadas de carvão.

Intercalações de paraconglomerados (tilitos)


DSVMPcgf
e folhelhos.

Predomínio de sedimentos síltico-argilosos e


DSVMPsaca
calcários com intercalações arenosas subordinadas.

Intercalações irregulares de sedimentos


DSVMPasac
arenosos, síltico-argilosos e calcários.

Intercalações irregulares de sedimentos arenosos


e síltico-argilosos com finas camadas de evaporitos DSVMPasaec
e calcários.

6
APÊNDICE I - UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO

CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO

Predomínio de rochas calcárias intercaladas com


DSVMPcsa
finas camadas síltico-argilosas.

Arenitos, conglomerados, tilitos e folhelhos.


DSVMPactf
Ex.: Grupo Curuá.
DOMÍNIO DAS COBERTURAS SEDIMENTARES
E VULCANOSSEDIMENTARES MESOZOICAS
E PALEOZOICAS, POUCO A MODERADAMENTE
Arenitos, conglomerados, siltitos, folhelhos e
CONSOLIDADAS, ASSOCIADAS A GRANDES E
DSVMP calcário. DSVMPacsfc
PROFUNDAS BACIAS SEDIMENTARES DO TIPO
Ex.: Grupo Alto Tapajós.
SINÉCLISE (AMBIENTES DEPOSICIONAIS:
CONTINENTAL, MARINHO, DESÉRTICO,
GLACIAL E VULCÂNICO).
Predomínio de sedimentos síltico-argilosos
intercalados de folhelhos betuminosos e calcários. DSVMPsabc
Ex.: Formação Irati.

Predomínio de arenitos e intercalações de pelitos.


DSVMPap
Ex.: Formação Utiariti.

Predomínio de rochas básicas intrusivas. DVMgd

Predomínio de rochas básicas extrusivas (basaltos). DVMb

DOMÍNIO DO VULCANISMO FISSURAL


MESOZOICO DO TIPO PLATÔ.
Predomínio de basalto com intertraps subordinados
DVM DVMba
de arenito.
Ex.: Basaltos da Bacia do Paraná e do Maranhão e
Diques Básicos; Basalto Penetecaua, Kumdku.

Predomínio de rochas ácidas (riolitos e/ou


DVMrrd
riodacitos).

Predomínio de rochas intermediárias


DVMdaba
(dacitos, andesitos e/ou basaltos andesíticos).

Indeterminado. DCAin

DOMÍNIO DOS COMPLEXOS ALCALINOS INTRUSIVOS


E EXTRUSIVOS, INDIFERENCIADOS DO PALEÓGENO,
MESOZOICO E PROTEROZOICO. DCA Tufo, brecha e demais materiais piroclásticos. DCAtbr

Ex.: Alcalinas do Lineamento de Cabo Frio, Lajes

Série subalcalina (monzonitos, quartzomonzonitos,


DCAsbalc
mangeritos etc.).

7
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO

Série alcalina saturada e alcalina subsaturada (


sienito, quartzossienitos, traquitos, nefelina sienito, DCAalc
sodalita sienito etc.).

DOMÍNIO DOS COMPLEXOS ALCALINOS INTRUSIVOS


E EXTRUSIVOS, INDIFERENCIADOS DO PALEÓGENO,
MESOZOICO E PROTEROZOICO. DCA Gabro, anortosito, carbonatito, dique de lamprófiro. DCAganc

Ex.: Alcalinas do Lineamento de Cabo Frio, Lajes

Série alcalina saturada e/ou subsaturada, com rochas


DCAalcubu
básicas e/ou ultrabásicas associadas.

Predomínio de rochas sedimentares. DSVEs

DOMÍNIO DAS SEQUÊNCIAS SEDIMENTARES


E VULCANOSSEDIMENTARES DO EOPALEOZOICO,
ASSOCIADAS A RIFTS, NÃO OU POUCO
DSVE Sequência vulcanossedimentar. DSVEvs
DEFORMADAS E METAMORFIZADAS.

Ex.: Grupo Camaquã, Fm. Campo Alegre

Predomínio de vulcânicas. DSVEv

DOMÍNIO DAS SEQUÊNCIAS SEDIMENTARES


PROTEROZOICAS DO TIPO MOLASSA,
Predomínio de metaconglomerados, intercalados
NÃO OU POUCO DEFORMADAS E
DSPM de metarenitos arcoseanos, metarcóseos e DSPMcgas
METAMORFIZADAS)
metassiltitos.
Ex. Formação Camarinha

Indiferenciado. DSVPin

Predomínio de sedimentos arenosos e


DOMÍNIO DAS COBERTURAS SEDIMENTARES conglomeráticos, com intercalações subordinadas DSP1acgsa
PROTEROZOICAS, NÃO OU MUITO POUCO de sedimentos síltico-argilosos.
DOBRADAS E METAMORFIZADAS. CARACTERIZADAS
POR UM EMPILHAMENTO DE CAMADAS
HORIZONTALIZADAS E SUB-HORIZONTALIZADAS
DE VÁRIAS ESPESSURAS, DE SEDIMENTOS Intercalações irregulares de sedimentos arenosos,
CLASTOQUÍMICOS DE VÁRIAS COMPOSIÇÕES DSP1 síltico-argilosos e formações ferríferas DSP1asafmg
E ASSOCIADOS AOS MAIS DIFERENTES e manganesíferas.
AMBIENTES TECTONODEPOSICIONAIS.

Ex.: Fms. Palmeiral, Aguapeí, Dardanelos,


Predomínio de sedimentos síltico-argilosos,
Prosperança, Ricardo Franco, Roraima, Beneficente,
com intercalações subordinadas de arenitos e DSP1saagr
Jacadigo e Cuiabá.
metarenito feldspático.

Rochas calcárias com intercalações subordinadas


DSP1csaa
de sedimentos síltico-argilosos e arenosos.

8
APÊNDICE I - UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO

CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO

DOMÍNIO DAS COBERTURAS SEDIMENTARES Diamictitos, metarenitos feldspáticos, sedimentos


PROTEROZOICAS, NÃO OU MUITO POUCO DSP1dgrsa
arenosos e síltico-argilosos.
DOBRADAS E METAMORFIZADAS. CARACTERIZADAS
POR UM EMPILHAMENTO DE CAMADAS
HORIZONTALIZADAS E SUB-HORIZONTALIZADAS
DE VÁRIAS ESPESSURAS, DE SEDIMENTOS
CLASTOQUÍMICOS DE VÁRIAS COMPOSIÇÕES Predomínio de sedimentos síltico-argilosos
DSP1 DSP1sac
E ASSOCIADOS AOS MAIS DIFERENTES com intercalações subordinadas de rochas calcárias.
AMBIENTES TECTONODEPOSICIONAIS.

Ex.: Fms. Palmeiral, Aguapeí, Dardanelos,


Prosperança, Ricardo Franco, Roraima, Beneficente, Predomínio de sedimentos síltico-argilosos,
Jacadigo e Cuiabá. com intercalações de arenitos. DSP1saa
Ex.:Formação Suapi e Supergrupo Roraima.

Predomínio de vulcanismo ácido a intermediário. DSVP1va

Predomínio de vulcanismo básico. DSVP1vb

Sequência vulcanossedimentar. DSVP1vs

DOMÍNIO DAS SEQUÊNCIAS


VULCANOSSEDIMENTARES PROTEROZOICAS, Vulcanismo ácido a intermediário e intercalações de
DSVP1
NÃO OU POUCO DOBRADAS E METAMORFIZADAS. sedimentos arenosos e síltico-argilosos, podendo DSVP1vaa
Ex.: Fms. Uatumã, Uailã e Iriri conter formações ferríferas e/ou manganesíferas.

Predomínio de ortoconglomerados. DSVP1ocg

Predomínio de sedimentos arenosos e


conglomerados, com intercalações de
sedimentos siltico-argilosos. DSVP1sacg
Ex.: Bacias de Campo Alegre e de Itajaí;
Orógeno de Pelotas.

Metarenitos, quartzitos e metaconglomerados. DSP2mqmtc

DOMÍNIO DAS SEQUÊNCIAS SEDIMENTARES PROTE- Predomínio de metarenitos e quartzitos, com


ROZOICAS INCLUINDO AS COBERTURAS PLATAFOR- intercalações irregulares de metassedimentos
DSP2 DSP2mqsafmg
MAIS, DOBRADAS, METAMORFIZADAS EM BAIXO síltico-argilosos e formações ferríferas ou
A ALTO GRAU manganesíferas.

Intercalações irregulares de metassedimentos


DSP2msa
arenosos e síltico-argilosos.

9
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO

Intercalações de metassedimentos síltico-argilosos,


DSP2msag
arenosos e metagrauvacas

Predomínio de metaconglomerados polimiticos


suportado por clastos e metabrechas DSP2mtc
conglomeráticas

Predomínio de metarenitos com níveis subordina-


dos de metaconglomerado e metabrechas DSP2mac
conglomeráticas.

Predomínio de metassedimentos síltico-argilosos,


DSP2sag
com intercalações de metarenitos feldspáticos.

Predomínio de metassedimentos siltico-argilosos,


representados por xistos, com intercalações
DSP2mxaccal
de metassedimentos arenosos, metacalcários
e calssilicáticas.

Predomínio de metassedimentos siltico-argilosos,


representados por xistos com níveis de quartzitos DSP2xq
(milinotizados ou não).

Intercalações irregulares de metassedimentos


arenosos, metacalcários, calssilicáticas e DSP2mcx
DOMÍNIO DAS SEQUÊNCIAS SEDIMENTARES
xistos calcíferos.
PROTEROZOICAS INCLUINDO AS COBERTURAS
DSP2
PLATAFORMAIS, DOBRADAS, METAMORFIZADAS
EM BAIXO A ALTO GRAU. Predomínio de metacalcários, com intercalações
subordinadas de metassedimentos síltico-argilosos DSP2mcsaa
e arenosos.

Predomínio de sedimentos síltico-argilosos


DSP2saa
com intercalações subordinadas de arenitos.

Predomínio de calssilicáticas. DSP2cass

Predomínio de formações ferríferas. DSP2ff

Predomínio de mármores calcíticos. DSP2ca

Predomínio de quartzitos. DSP2q

Predomínio de metassedimentos síltico-argilosos,


DSP2x
representados por xistos.

10
APÊNDICE I - UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO

CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO

Metagrauvacas e metaconglomerados
DSP2mgccg
predominantes.

Metavulcânicas ácidas a intermediárias xistificadas


DSP2mvx
intercaladas com sedimentos psamíticos e pelíticos.

Predomínio de metadiamictitos e filitos, localmente


DSP2mdmf
com lentes de quartzitos.

Predomínio de metassedimentos síltico-argilosos


DSP2sac
com intercalações subordinadas de rochas calcárias

Indiferenciado. DSVP2in

Predomínio de quartzitos. DSVP2q

DOMÍNIO DAS SEQUÊNCIAS SEDIMENTARES


PROTEROZOICAS INCLUINDO AS COBERTURAS Predomínio de metassedimentos síltico-argilosos,
DSP2 DSVP2x
PLATAFORMAIS, DOBRADAS, METAMORFIZADAS representados por xistos.
EM BAIXO A ALTO GRAU.

Predomínio de rochas metacalcárias, com


intercalações de finas camadas de DSVP2csa
metassedimentos síltico-argilosos.

Metacherts, metavulcânicas, formações ferríferas


e/ou formações manganesíferas, metacalcários, DSVP2vfc
metassedimentos arenosos e síltico-argilosos.

Metarenitos feldspáticos, metarenitos, tufos


DSVP2gratv
e metavulcânicas básicas a intermediárias.

Metassedimentos siltico-argilosos e
DSVP2mva
vulcânicas ácidas.

Predomínio de rochas metabásicas e


DSVP2bu
metaultramáficas.

Metacherts, metarenitos, metapelitos,


vulcânicas básicas, formações ferríferas e DSVP2af
formações manganesíferas.

11
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO

Metarenitos, metachert, metavulcânicas ácidas


a intermediárias, formações ferríferas e/ou DSVP2avf
manganesíferas.

Predomínio de vulcânicas ácidas. DSVP2va

Predomínio de metapelitos com intercalações


DSVP2pbu
de rochas metabásicas e/ou metaultramáficas.

Metacherts, metarenitos e/ou metapelitos. DSVP2cap

Predomínio de metaconglomerados milinotizados


DSVP2mcv
intercalados com metavulcânicas.
DOMÍNIO DAS SEQUÊNCIAS SEDIMENTARES
PROTEROZOICAS INCLUINDO AS COBERTURAS
DSP2
PLATAFORMAIS, DOBRADAS, METAMORFIZADAS
EM BAIXO A ALTO GRAU. Metassedimentos pelíticos intercalados com
DSVP2msmv
metavulcânicas.

Metapalitos, metacarbonatos e quartzitos


DSVP2pcqv
intercalados com metavulcânicas.

Metavulcânicas, metacalcários, metacherts,


metassedimentos arenosos, calcissilicáticas, DSVP2vscu
xistos e ultramafitos.

Predomínio de metarenitos e quartzitos com


intercalações irregulares de metassedimentos
DSVP2mqsafmg
síltico-argilosos e formações ferríferas ou
manganesíferas.

Predomínio de metarenitos e/ou quartzitos,


DSVP2mavab
intercalados com vulcânicas ácidas e básicas.

Sequência vulcânica komatiitica associada a


talco-xistos, anfibolitos, cherts, formações DGBko
ferríferas e metaultrabasitos.
DOMÍNIO DAS SEQUÊNCIAS
VULCANOSSEDIMENTARES TIPO GREENSTONE BELT,
ARQUEANO ATÉ O MESOPROTEROZOICO.
DGB Predomínio de sequência sedimentar. DGBss
Ex.: Crixás, Araci, Rio das Velhas, Natividade
e Rio Maria.
Sequência vulcanossedimentar, com alta
participação de metavulcânicas ácidas e DGBvai
intermediárias.

12
APÊNDICE I - UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO

CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO

DOMÍNIO DAS SEQUÊNCIAS


VULCANOSSEDIMENTARES TIPO GREENSTONE BELT,
ARQUEANO ATÉ O MESOPROTEROZOICO.
DGB Sequência vulcanossedimentar. DGBvs
Ex.: Crixás, Araci, Rio das Velhas, Natividade
e Rio Maria.

Série máfico-ultramáfica (dunito, peridotito etc.). DCMUmu

DOMÍNIO DOS CORPOS MÁFICO-ULTRAMÁFICOS


(SUÍTES KOMATIITICAS, SUÍTES TOLEÍTICAS, Série básica e ultrabásica (gabro, anortosito etc.). DCMUbu
COMPLEXOS BANDADOS).
DCMU
Ex.: Cana Brava, Barro Alto e Niquelândia.
Básicas e Ultrabásicas Alcalinas e Vulcanismo Vulcânicas básicas. DCMUvb
associado.

Metamáficas, anfibolitos e gnaisses calcissilicáticos. DCMUmg

DOMÍNIO DOS CORPOS BÁSICOS SOB A FORMA


Corpos básicos na forma de diques e sills.
DE SOLEIRAS E DIQUES DE IDADES VARIADAS, DCBSD DCBSDds
Ex.: Corpo de Diabásio Avanavero e Taiano.
NÃO METAMORFIZADOS.

Associações charnockíticas.
Ex.: Piroxênio granitoides etc. DCGR1ch
Minerais diagnósticos: hiperstênio, diopsídio.

Séries graníticas peralcalinas.


DCGR1palc
Ex.: Granitos alcalinos a riebckita e arfvedsonita.

Séries graníticas alcalinas.


Ex.: Alcalifeldspato granitos, sienogranitos,
monzogranitos, quartzomonzonitos, monzonitos,
DCGR1alc
quartzossienitos, sienitos, quartzo-alcalissienitos,
alcalissienitos etc.
DOMÍNIO DOS COMPLEXOS GRANITOIDES Alguns minerais diagnósticos: fluorita, alanita.
DCGR1
NÃO DEFORMADOS
Séries graníticas subalcalinas:
calcialcalinas (baixo, médio e alto-K) e toleíticas.
Ex.: Sienogranitos, monzogranitos, granodioritos,
tonalitos, dioritos, quartzomonzonitos, DCGR1salc
monzonitos etc.
Alguns minerais diagnósticos: hornblenda,
biotita, titanita, epidoto.

Granitoides peraluminosos.
Ex.: Sienogranitos, monzogranitos,
granodioritos etc. DCGR1pal
Minerais diagnósticos: muscovita, granada,
cordierita, silimanita, monazita, xenotima.

13
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO

Série shoshonítica.
Ex.: Gabrodiorito a quartzomonzonito etc.
DCGR1sho
Minerais diagnósticos: augita, diopsídio e/ou
hiperstênio, anfibólio e plagioclásio.
DOMÍNIO DOS COMPLEXOS GRANITOIDES
DCGR1
NÃO DEFORMADOS

Indeterminado. DCGR1in

Associações charnockíticas.
Ex.: Piroxênio granitoides etc. DCGR2ch
Minerais diagnósticos: hiperstênio, diopsídio.

Séries graníticas peralcalinas.


DCGR2palc
Ex.: Granitos alcalinos a riebckita e arfvedsonita.

Séries graníticas alcalinas.


Ex.: Alcalifeldspato granitos, sienogranitos,
monzogranitos, quartzomonzonitos, monzonitos,
DCGR2alc
quartzossienitos, sienitos, quartzo-alcalissienitos,
alcalissienitos etc.
Alguns minerais diagnósticos: fluorita, alanita.

DOMÍNIO DOS COMPLEXOS GRANITOIDES


DCGR2
DEFORMADOS
Séries graníticas subalcalinas:
calcialcalinas (baixo, médio e alto-K) e toleíticas.
Ex.: Sienogranitos, monzogranitos, granodioritos,
tonalitos, quartzomonzodioritos, dioritos DCGR2salc
quartzomonzonitos, monzonitos etc.
Alguns minerais diagnósticos: hornblenda,
biotita, titanita, epidoto.

Granitoides peraluminosos.
Ex.: Sienogranitos, monzogranitos, granodioritos
etc. DCGR2pal
Minerais diagnósticos: muscovita, granada,
cordierita, silimanita, monazita, xenotima.

Série shoshonítica.
Ex.: Gabrodiorito a quartzomonzonito etc.
DCGR2sho
Minerais diagnósticos: augita, diopsídio e/ou
hiperstênio, anfibólio e plagioclásio.

Indeterminado. DCGR2in

14
APÊNDICE I - UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO

CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO

Associações charnockíticas.
Ex.: Piroxênio granitoides etc. DCGR3ch
Minerais diagnósticos: hiperstênio, diopsídio.

Séries graníticas peralcalinas.


DCGR3palc
Ex.: Granitos alcalinos a riebckita e arfvedsonita.

Séries graníticas alcalinas.


Ex.: Alcalifeldspato granitos, sienogranitos,
monzogranitos, quartzomonzonitos, monzonitos,
DCGR3alc
quartzossienitos, sienitos, quartzo-alcalissienitos,
alcalissienitos etc.
Alguns minerais diagnósticos: fluorita, alanita.

Séries graníticas subalcalinas: calcialcalinas


(baixo, médio e alto-K) e toleíticas.
Ex.: Sienogranitos, monzogranitos,
granodioritos, tonalitos, dioritos, DCGR3salc
quartzomonzonitos, monzonitos etc.
DOMÍNIO DOS COMPLEXOS GRANITOIDES Alguns minerais diagnósticos: hornblenda,
DCGR3
INTENSAMENTE DEFORMADOS: ORTOGNAISSES biotita, titanita, epidoto.

Granitoides peraluminosos.
Ex.: Sienogranitos, monzogranitos,
granodioritos etc. DCGR3pal
Minerais diagnósticos: muscovita, granada,
cordierita, silimanita, monazita, xenotima.

Série Shoshonítica.
Ex: Gabrodiorito a quartzomonzonito etc.
DCGR3sho
Minerais diagnósticos: augita, diopsídio e/ou
hiperstênio, anfibólio e plagioclásio.

Indeterminado. DCGR3in

Predominam migmatitos ortoderivados. DCGMGLmo

Predominam migmatitos paraderivados. DCGMGLmp


DOMÍNIO DOS COMPLEXOS
DCGMGL
GNAISSICO-MIGMATÍTICOS E GRANULÍTCOS.
Predomínio de gnaisses paraderivados.
DCGMGLgnp
Podem conter porções migmatíticas.

Migmatitos indiferenciados. DCGMGLmgi

15
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO

Gnaisse-granulito paraderivado. Podem conter


DCGMGLglp
porções migmatíticas.

Predomínio de paragnaisses com elevada incidên-


DCGMGLdl
cias der cobertura detrito-laterítica.

Gnaisses granulíticos ortoderivados. Podem conter


DCGMGLglo
porções migmatíticas.

Granulitos indiferenciados. DCGMGLgli

Predomínio de gnaisses ortoderivados. Podem


DCGMGLgno
conter porções migmatíticas.

DOMÍNIO DOS COMPLEXOS


DCGMGL Gnaisses indiferenciados. DCGMGLgni
GNAISSICO-MIGMATÍTICOS E GRANULÍTCOS.

Metacarbonatos. DCGMGLcar

Anfibolitos. DCGMGLaf

Gnaisses, migmatitos e/ou granulitos,


com alta incidência de corpos de metamáficas DCGMGLmu
e/ou metaultramáficas.

Gnaisses, migmatitos e/ou granulitos associados


com rochas metamáficas e/ou metaultramáficas, DCGMGLmufb
incluindo formações ferríferas bandadas.

Predomínio de quartzito. DCGMGLqt

16
APÊNDICE II
BIBLIOTECA DE RELEVO
DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
Marcelo Eduardo Dantas (marcelo.dantas@cprm.gov.br)1

1
Serviço Geológico do Brasil – CPRM
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO

A ANÁLISE DE PADRÕES DE RELEVO da estrutura superficial das paisagens e estudo da fisiologia


COMO UM INSTRUMENTO APLICADO da paisagem (Figura II.1).
AO MAPEAMENTO DA GEODIVERSIDADE A compartimentação morfológica dos terrenos é
obtida a partir da avaliação empírica dos diversos conjuntos de
formas e padrões de relevo posicionados em diferentes níveis
Ab’Saber, em seu artigo “Um conceito de geomorfologia
topográficos, por meio de observações de campo e análise
a serviço das pesquisas sobre o quaternário” [Geomorfologia, de sensores remotos (fotografias aéreas, imagens de satélite
São Paulo, n. 18, 1969], já propunha uma análise dinâmica da e Modelo Digital de Terreno (MDT)). Essa avaliação é direta-
Geomorfologia aplicada aos estudos ambientais, com base na mente aplicada aos estudos de ordenamento do uso do solo
pesquisa de três fatores interligados: identificação de uma com- e planejamento territorial, constituindo-se em uma primeira e
partimentação morfológica dos terrenos; levantamento fundamental contribuição da Geomorfologia.

Demonstração dos níveis de abordagem geomorfológica,


seguindo a metodologia de análise de Ab’Saber (1969).

3
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

A estrutura superficial das paisagens consiste no I – DOMÍNIO DAS UNIDADES AGRADACIONAIS


estudo dos mantos de alteração in situ (formações super-
ficiais autóctones) e coberturas inconsolidadas (formações
R1a – Planícies Fluviais ou Fluviolacustres
superficiais alóctones) que jazem sob a superfície dos
(planícies de inundação, baixadas inundáveis
terrenos. É de grande relevância para a compreensão da
e abaciamentos)
gênese e evolução das formas de relevo e, em aliança com
a compartimentação morfológica dos terrenos, constitui-se
em importante ferramenta para se avaliar o grau de Relevo de agradação. Zona de acumulação atual.
fragilidade natural dos terrenos frente aos processos
erosivodeposicionais. Superfícies sub-horizontais, constituídas de depósitos
A fisiologia da paisagem, por sua vez, consiste na arenoargilosos a argiloarenosos, apresentando gradientes
análise integrada das diversas variáveis ambientais em sua extremamente suaves e convergentes em direção aos cursos
interface com a Geomorfologia. Ou seja, a influência de d’água principais. Terrenos imperfeitamente drenados nas
condicionantes litológico-estruturais, padrões climáticos e planícies de inundação, sendo periodicamente inundáveis;
tipos de solos na configuração física das paisagens. Com bem drenados nos terraços. Os abaciamentos (ou suaves
essa terceira avaliação objetiva-se, também, compreender depressões em solos arenosos) em áreas planas ou em
a ação dos processos erosivodeposicionais atuais, incluindo baixos interflúvios, denominados Áreas de Acumulação
todos os impactos decorrentes da ação antropogênica sobre Inundáveis (Aai), frequentes na Amazônia, estão inseridos
a paisagem natural. Dessa forma, embute-se na análise ge- nessa unidade.
omorfológica o estudo da morfodinâmica, privilegiando-se
a análise de processos. • Amplitude de relevo: zero.
A Biblioteca de Padrões de Relevo do Território Bra- • Inclinação das vertentes: 0o-3o.
sileiro foi elaborada para atender à compartimentação
geológico-geomorfológica proposta pela metodologia de
mapeamento da geodiversidade do território brasileiro em
escalas de análise reduzidas (1:500.000 a 1:2.500.000).
Nesse sentido, sua abordagem restringe-se a avaliar o
primeiro dos pressupostos elencados por Ab’Saber: a
compartimentação morfológica dos terrenos. Portanto, a
compartimentação de relevo efetuada nos mapeamentos de R1a
geodiversidade elaborados pela Companhia de Pesquisa de
Recursos Minerais/Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM)
não representa um mapeamento geomorfológico, tendo
em vista que não são considerados os aspectos de gênese,
evolução e morfodinâmica. Com a Biblioteca de Padrões
de Relevo do Território Brasileiro, a SGB/CPRM tem como
objetivo precípuo inserir informações de relevo-paisagem-
-geomorfologia, em uma análise integrada do meio físico
aplicada ao planejamento territorial, empreendida nos
mapeamentos de geodiversidade. O mapeamento de
padrões de relevo representa, em linhas gerais, o 3º táxon
hierárquico da metodologia de mapeamento geomorfo-
lógico proposta por Ross (1990). Em todos os Sistemas
R1a
de Informação Geográfica (SIGs) de Geodiversidade de-
senvolvidos pela SGB/CPRM, o mapa de padrões de relevo
correspondente pode ser visualizado, bastando acessar, na
shape, o campo de atributos “COD_REL”.

REFERÊNCIAS:

AB’SABER, A.N. (1969). Um conceito de geomorfologia a


serviço das pesquisas sobre o Quaternário. (Geomorfologia,
18). FFCHL, USP São Paulo, 23p. R1a – Médio vale do rio Juruá
(sudeste do estado do Amazonas).
ROSS, J. L. S. (1990). Geomorfologia ambiente e planeja-
mento. Ed. Contexto. São Paulo. 85p.

4
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO

R4d
R4a1
R1b1
R1a

R1a – Planície fluvial do alto curso do rio São João


(Rio de Janeiro). Zona de Baixada Litorânea.

R1b1
R4b

R1a

R1b1 – Médio vale do rio Juruá


(sudeste do estado do Amazonas).

R1a – Planície fluvial da bacia do rio


Paquequer (Rio de Janeiro). Zona montanhosa.
R4a2
R1b1
R1b1 – Terraços Fluviais (paleoplanícies
de inundação em fundos de vales) R1a

Relevo de agradação. Zona de acumulação subatual.

Superfícies bem drenadas, de relevo plano a leve- R1b1 – Planície e terraço fluviais do médio curso do rio Barreiro de
mente ondulado, constituído de depósitos arenosos a Baixo (médio vale do rio Paraíba do Sul – SP/RJ).
argilosos de origem fluvial. Consistem de paleoplanícies de
inundação que se encontram em nível mais elevado que
R1b2 – Terraços Lagunares (paleoplanícies
o das várzeas atuais e acima do nível das cheias sazonais.
de inundação no rebordo de lagunas costeiras)
Devido à reduzida escala de mapeamento, essa unidade
só pôde ser mapeada em vales de grandes dimensões, em
especial, nos rios amazônicos. Relevo de agradação. Zona de acumulação subatual.

• Amplitude de relevo: 2 a 20 m. Superfícies bem drenadas, de relevo plano a levemente


• Inclinação das vertentes: 0o-3o (localmente, ondulado constituído de depósitos arenosos a argilosos de ori-
ressaltam-se rebordos abruptos no contato com gem lagunar. Consistem de paleoplanícies de inundação que se
a planície fluvial). encontram em nível mais elevado que o das planícies lagunares
ou fluviolagunares atuais e acima do nível das cheias sazonais.

5
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Essa unidade encontra-se restrita ao estado do Rio Grande As rampas de colúvio consistem de superfícies depo-
do Sul, mais especificamente na borda continental da sicionais inclinadas, constituídas por depósitos de encosta
Laguna dos Patos. arenoargilosos a argiloarenosos, malselecionados, em
interdigitação com depósitos praticamente planos das pla-
• Amplitude de relevo: 2 a 20 m. nícies aluviais. Ocorrem, de forma disseminada, nas baixas
encostas de ambientes colinosos ou de morros.
• Inclinação das vertentes: 0o-3o
(localmente, ressaltam-se rebordos abruptos Amplitude de relevo: variável, dependendo da extensão
no contato com a planície lagunar). do depósito na encosta.

• Inclinação das vertentes: 5o-20o


(associados às rampas de colúvio).
R1b3 – Terraços Marinhos (paleoplanícies
• Inclinação das vertentes: 20o-45o
marinhas à retaguarda dos atuais cordões
(associados aos cones de tálus).
arenosos)

Relevo de agradação. Zona de acumulação subatual.

Superfícies sub-horizontais, constituídas de depósitos


arenosos, apresentando microrrelevo ondulado, geradas
por processos de sedimentação marinha e/ou eólica.
Terrenos bem drenados e não inundáveis.
R1c1

• Amplitude de relevo: até 20 m.


• Inclinação das vertentes: 0o-5o.

R1c1 – Vertentes recobertas por depósitos


de encosta (leques aluviais, rampas de
colúvio e de tálus)

Relevo de agradação. Zona de acumulação atual. R1c1


Os cones de tálus consistem de superfícies deposicionais
fortemente inclinadas, constituídas por depósitos de encos-
ta, de matriz arenoargilosa a argiloarenosa, rica em blocos,
muito malselecionados. Ocorrem, de forma disseminada,
nos sopés das vertentes íngremes de terrenos montanhosos. R1c1 – Planície borda norte da Chapada do Araripe (Ceará).
Apresentam baixa capacidade de suporte.

R1c1

R1c1 – Rampas de colúvio que se espraiam a partir da borda oeste do platô sinclinal (Moeda – Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais).

6
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO

R1c2 – Leques Aluviais

Relevo de agradação. Zona de acumulação atual ou


subatual. R1d1
Os leques aluviais consistem de superfícies deposicionais
inclinadas, constituídas por depósitos aluvionares de enxurrada,
espraiados em forma de leque em uma morfologia ligeiramente
convexa em planta. São depósitos malselecionados, variando
entre areia fina e seixos subangulosos a subarredondados,
gerados no sopé de escarpas montanhosas ou cordilheiras.
Em sua porção proximal, os leques aluviais caracterizam-se
por superfícies fortemente inclinadas e dissecadas por canais
efêmeros que drenam a cordilheira. Em sua porção distal, os le-
ques aluviais caracterizam-se por superfícies muito suavemente
inclinadas, com deposição de sedimentos finos, em processo
de coalescência com as planícies aluviais ou fluviolacustres,
reproduzindo um ambiente playa-bajada de clima árido.
R1d1
• Amplitude de relevo: 2 a 10 m.
• Inclinação das vertentes: 0o-3o
(exceto nas porções proximais dos leques).

R1d1 – Planícies Fluviomarinhas (mangues)

Relevo de agradação. Zona de acumulação atual.

Superfícies planas, de interface com os sistemas depo-


sicionais continentais e marinhos, constituídas de depósitos R1d1 – Delta do rio Jequitinhonha (Bahia).
argiloarenosos a argilosos. Terrenos muito maldrenados,
prolongadamente inundáveis, com padrão de canais bas-
tante meandrantes e divagantes, sob influência de refluxo
de marés; ou resultantes da colmatação de paleolagunas.
Baixa capacidade de suporte dos terrenos.

• Amplitude de relevo: zero.


• Inclinação das vertentes: plano (0o).

R1d1

R1d1

R1d – Planície fluviomarinha do baixo curso do rio Cunhaú,


originalmente ocupado por mangues e atualmente
desfigurado para implantação de tanques de carcinucultura R1d1 – Extenso manguezal da APA de Guapimirim,
(litoral sul-oriental do estado do Rio Grande do Norte). no Recôncavo da Baía de Guanabara.

7
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

R1d2 - Planícies Fluviomarinhas (brejos)

Relevo de agradação. Zona de acumulação atual.

Superfícies planas, de interface com os sistemas


deposicionais continentais e marinhos, constituídas de
depósitos argiloarenosos a argilosos, ricos em matéria
orgânica. Terrenos muito mal drenados, prolongadamente
inundáveis, com padrão de canais bastante meandrantes
e divagantes, presente nas baixadas litorâneas, em baixos R1e
vales dos principais rios que convergem para a linha de
costa. Baixa capacidade de suporte dos terrenos.

• Amplitude de relevo: zero.


• Inclinação das vertentes: plano (0o).

R1e
R1d2

R1e – Planície do delta do rio Jequitinhonha (Bahia).

R1d2 – Ampla superfície embrejada de uma planície


lagunar costeira (Conde; litoral norte
do estado da Bahia).

R1e – Planícies Costeiras (terraços marinhos


e cordões arenosos)
R1e
Relevo de agradação. Zona de acumulação atual.

R4a1
Superfícies sub-horizontais, constituídas de depósitos
arenosos, apresentando microrrelevo ondulado, geradas
por processos de sedimentação marinha e/ou eólica.
Terrenos bem drenados e não inundáveis.
R1e – Sucessão de feixes de cordões arenosos
• Amplitude de relevo: até 20 m. em linha de costa progradante
(Parque Nacional de Jurubatiba – Macaé,
• Inclinação das vertentes: 0o-5o. Rio de Janeiro).

8
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO

R1f1

R1e

R1e – Planície costeira com empilhamento de cordões arenosos R1f1 – Campos de dunas junto à linha de costa, sobrepondo falésias
e depósitos fluviolagunares (litoral norte do estado da Bahia). do grupo Barreiras (município de Baía Formosa, litoral sul
do estado do Rio Grande do Norte).

R1f1 – Campos de Dunas (dunas fixas;


dunas móveis)

Relevo de agradação. Zona de acumulação atual


ou subatual.

Superfícies de relevo ondulado constituído de depó-


sitos arenoquartzosos, bem selecionados, depositados por
ação eólica longitudinalmente à linha de costa. Por vezes,
R1f1
encontram-se desprovidos de vegetação e apresentam
expressiva mobilidade (dunas móveis); ora encontram-se
recobertos por vegetação pioneira (dunas fixas).

• Amplitude de relevo: até 40 m.


R1f1 – Campo de dunas transversais na restinga
• Inclinação das vertentes: 3o-30o. de Massambaba (Arraial do Cabo, Rio de Janeiro).

R1f1
R1f1

R1f1 – Litoral oriental do estado do Rio Grande do Norte.

9
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

R1f2 – Campos de Loess

Relevo de agradação. Zona de acumulação atual


ou subatual.

Superfícies de relevo plano a suave ondulado consti-


tuído de depósitos sílticos ou síltico-argilosos, bem sele-
cionados, constituídos de sedimentos finos em suspensão R1g
depositados por ação eólica em zonas peridesérticas ou
submetidos a paleoclimas áridos ao longo de períodos
glaciais pleistocênicos. Apresentam solos com alta susce-
tibilidade à erosão.

• Amplitude de relevo: 0 a 20 m.
• Inclinação das vertentes: 0o-5o.

R1g – Recifes

Relevo de agradação. Zona de acumulação atual.


R1g
Os recifes situam-se na plataforma continental interna
em posição de linha de arrebentação ou off-shore, podendo
ser distinguidos dois tipos principais: RECIFES DE ARENITO
DE PRAIA, que consistem de antigos cordões arenosos
(beach-rocks), sob forma de ilhas-barreiras paralelas à
linha de costa, que foram consolidados por cimentação R1g – Santa Cruz Cabrália (sul do estado da Bahia).
ferruginosa e/ou carbonática; RECIFES DE BANCOS DE
CORAIS, que consistem de bancos de recifes ou forma-
ções peculiares denominadas “chapeirões”, submersos ou
parcialmente emersos durante os períodos de maré baixa.
Unidade geotécnica singular apresentando suscetibili-
Estes são produzidos por acumulação carbonática, devido
dade nula a movimentos de massa e inundação.
à atividade biogênica (corais).
Os aterros sanitários produzem “elevações artificiais”
que requerem rígido controle e monitoramento ambiental.
• Amplitude de relevo: zero.
Unidade geotécnica singular apresentando risco muito
• Inclinação das vertentes: plano (0o). alto de combustão e de contaminação das águas (super-
ficial e subterrânea) e dos solos, podendo apresentar alta
suscetibilidade de deslizamento de lixo e solo (vide tragédia
de morro do Bumba em Niterói, 2010).
R1h - Formações Tecnogênicas (aterros sobre A atividade mineral, por sua vez, gera num cenário de
corpos d’água; aterros sanitários e; terrenos áreas terraplenadas; sucessão de cavas a céu aberto; pilhas
alterados pela atividade de mineração) de estéril; túneis e escavações; e lagoas de decantação,
associado com a remoção completa da cobertura vegetal.
Relevo produzido pela ação antrópica. Unidade geotécnica singular apresentando risco muito
alto de quedas de blocos em frente de lavra, colapsos do
Superfícies planas, resultantes de aterramento de terreno, combustão espontânea (em lavras de carvão) e de
antigas planícies fluviomarinhas (mangues ou brejos), contaminação das águas superficial e subterrânea.
ou mesmo, de parte do espelho d’água em áreas
urbanas valorizadas pela intervenção do Estado e pelo • Amplitude de relevo: variável.
capital imobiliário. • Inclinação das vertentes: variável.

10
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO

R2a1
R1h1

R1h1

R2a1

R1h1 – Aterro sobre a Baía de Guanabara (em cor marrom).


Campus da UFF – bairro São Domingos. (município de
Niterói – escala original 1:5.000).

R2a1 – Porto Seguro


(sul do estado da Bahia).

II – DOMÍNIO DAS UNIDADES


DENUDACIONAIS EM ROCHAS
SEDIMENTARES POUCO LITIFICADAS

R2a1 – Tabuleiros

Relevo de degradação em rochas sedimentares.

Formas de relevo suavemente dissecadas, com extensas


superfícies de gradientes extremamente suaves, com topos
planos e alongados e vertentes retilíneas nos vales encaixados
em forma de “U”, resultantes de dissecação fluvial recente.
Predomínio de processos de pedogênese (formação de
solos espessos e bem drenados, em geral, com baixa a mo- R2a1
derada suscetibilidade à erosão). Ocorrências esporádicas,
restritas a processos de erosão laminar ou linear acelerada
(sulcos e ravinas).

• Amplitude de relevo: 20 a 50 m.
• Inclinação das vertentes: topo plano: 0o-3o
(localmente, ressaltam-se vertentes acentuadas: R2a1 – Tabuleiros pouco dissecados da bacia de Macacu
10o-25o). (Venda das Pedras, Itaboraí, Rio de Janeiro).

11
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

R2a2

R2a1

R2a1 – Plantação de eucaliptos em terrenos planos


de tabuleiros não dissecados do grupo Barreiras
(município de Esplanada, norte do estado da Bahia).

R2a2 – Tabuleiros dissecados em amplos vales em forma de “U”,


em típica morfologia derivada do grupo Barreiras (bacia do rio
R2a2 – Tabuleiros Dissecados Guaxindiba, São Francisco do Itabapoana, Rio de Janeiro).

Relevo de degradação em rochas sedimentares.

Formas de relevo tabulares, dissecadas por uma rede


de canais com alta densidade de drenagem, apresentando
relevo movimentado de colinas com topos tabulares ou
alongados e vertentes retilíneas e declivosas nos vales
encaixados, resultantes da dissecação fluvial recente. R2a2
Predomínio de processos de pedogênese (formação
de solos espessos e bem drenados, em geral, com baixa a
moderada suscetibilidade à erosão). Ocorrência de proces-
sos de erosão laminar ou linear acelerada (sulcos e ravinas).

• Amplitude de relevo: 20 a 50 m.
• Inclinação das vertentes: topos planos restritos: R2a2 – Tabuleiros dissecados, intensamente erodidos por processos
0o-3o (localmente, ressaltam-se vertentes acen- de voçorocamento junto à rodovia Linha Verde (litoral norte
tuadas: 10o-25o). do estado da Bahia).

R2a2 R2a2

R2a2 – Porto Seguro (sul do estado da Bahia).

12
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO

III – DOMÍNIO DAS UNIDADES


DENUDACIONAIS EM ROCHAS
SEDIMENTARES LITIFICADAS

R2b1 – Baixos Platôs

Relevo de degradação em rochas sedimentares.

Superfícies ligeiramente mais elevadas que os terrenos


adjacentes, pouco dissecadas em formas tabulares. Sistema
de drenagem principal com fraco entalhamento.
Predomínio de processos de pedogênese (formação
de solos espessos e bem drenados, em geral, com baixa a
moderada suscetibilidade à erosão). Eventual atuação de R2b1
processos de laterização. Caracterizam-se por superfícies
planas de modestas altitudes em antigas bacias sedimen-
tares, como os patamares mais baixos da Bacia do Parnaíba
(Piauí) ou a Chapada do Apodi, na Bacia Potiguar (Rio
Grande do Norte).

• Amplitude de relevo: 0 a 20 m.
• Inclinação das vertentes: topo plano
a suavemente ondulado: 2o-5o.
R2b1 – Baixos platôs não dissecados da bacia do Parnaíba
(estrada Floriano-Picos, próximo a Oeiras, Piauí).

R2b2 – Baixos Platôs Dissecados

Relevo de degradação em rochas sedimentares.

Superfícies ligeiramente mais elevadas que os ter-


R2b1 renos adjacentes, francamente dissecadas em forma de
colinas tabulares. Sistema de drenagem constituído por
uma rede de canais com alta densidade de drenagem,
que gera um relevo dissecado em vertentes retilíneas e
declivosas nos vales encaixados, resultantes da dissecação
fluvial recente. Deposição de planícies aluviais restritas
em vales fechados.
Equilíbrio entre processos de pedogênese e morfogê-
nese (formação de solos espessos e bem drenados, com
moderada suscetibilidade à erosão). Eventual atuação
de processos de laterização. Ocorrências esporádicas,
restritas a processos de erosão laminar ou linear acelera-
da (ravinas e voçorocas). Situação típica encontrada nos
R2b1 baixos platôs embasados pela Formação Alter do Chão,
ao norte de Manaus.

• Amplitude de relevo: 20 a 50 m.
• Inclinação das vertentes: topo plano a suave-
mente ondulado: 2o-5o, excetuando-se os eixos
R2b1 – Centro-sul do estado do Piauí. dos vales fluviais, onde se registram vertentes
com declividades mais acentuadas (10o-25o).

13
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

Predomínio de processos de pedogênese (formação de


solos espessos e bem drenados, em geral, com baixa a mode-
rada suscetibilidade à erosão). Eventual atuação de processos
de laterização. Ocorrências esporádicas, restritas a processos
R2b2 de erosão laminar ou linear acelerada (ravinas e voçorocas).

• Amplitude de relevo: 20 a 50 m.
• Inclinação das vertentes: topo plano a
suavemente ondulado: 2o-5o, excetuando-se
os eixos dos vales fluviais.

R2b2

R2b3

R2b2 – Interflúvio entre os rios Uatumã e Nhamundá


(nordeste do estado do Amazonas).

R2b2
R2b3

R2b3 – Planalto de Uruçuí (sul do estado do Piauí).

R2b2 – Baixos platôs dissecados em forma de colinas


tabulares sobre arenitos imaturos da formação Alter
do Chão (Presidente Figueiredo, Amazonas).
R2b3

R2b3 – Planaltos R4d

Relevo de degradação predominantemente em rochas


sedimentares, mas também sobre rochas cristalinas.

Superfícies mais elevadas que os terrenos adjacentes,


pouco dissecadas em formas tabulares ou colinas muito R3a2
amplas. Sistema de drenagem principal com fraco enta-
lhamento e deposição de planícies aluviais restritas ou em
R2b3 – Escarpa erosiva do planalto de Uruçuí
vales fechados. (bacia do Parnaíba, sudoeste do estado do Piauí).

14
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO

R2c

R4d
R2b3

R2b3 – Topo do planalto da serra dos Martins, sustentado


por cornijas de arenitos ferruginosos da formação homônima
(sudoeste do estado do Rio Grande do Norte).

R2c – Chapadas e Platôs

Relevo de degradação em rochas sedimentares.


R2c – Topo da Chapada dos Guimarães
e relevo ruiniforme junto a seu escarpamento.
Superfícies tabulares alçadas, ou relevos soerguidos,
planos ou aplainados, não ou incipientemente pouco dis-
secados. Os rebordos dessas superfícies, posicionados em
cotas elevadas, são delimitados, em geral, por vertentes
íngremes a escarpadas. Representam algumas das principais
ocorrências das superfícies cimeiras do território brasileiro.
Franco predomínio de processos de pedogênese (for- R2c
mação de solos espessos e bem drenados, em geral, com
baixa a moderada suscetibilidade à erosão).
Processos de morfogênese significativos nos rebor-
dos das escarpas erosivas, via recuo lateral das vertentes.
Frequente atuação de processos de laterização. Ocorrências R3a2
esporádicas, restritas a processos de erosão laminar ou linear
acelerada (ravinas e voçorocas).

• Amplitude de relevo: 0 a 20 m.
R2c – “Tepuy” isolado da “serra” do Tepequém,
• Inclinação das vertentes: topo plano, uma forma em chapada sustentada
excetuando-se os eixos dos vales fluviais. por arenitos conglomeráticos do supergrupo Roraima.

R2c R2c

R2c – Borda Leste da Chapada dos Pacaás Novos (região central do estado de Rondônia).

15
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

IV – DOMÍNIO DOS RELEVOS


DE APLAINAMENTO

R3a1 – Superfícies Aplainadas Conservadas


R3a1
Relevo de aplainamento.

Superfícies planas a levemente onduladas, promovidas


pelo arrasamento geral dos terrenos, representando, em
linhas gerais, grandes extensões das depressões interpla-
nálticas do território brasileiro.

• Amplitude de relevo: 0 a 10 m.
• Inclinação das vertentes: 0o-5o.

No bioma da floresta amazônica: franco predomínio


de processos de pedogênese (formação de solos espessos R3a1
e bem drenados, em geral, com baixa suscetibilidade à
erosão). Eventual atuação de processos de laterização.
Nos biomas de cerrado e caatinga: equilíbrio entre
processos de pedogênese e morfogênese (a despeito das
baixas declividades, prevalece o desenvolvimento de so-
los rasos e pedregosos e os processos de erosão laminar
são significativos).

R3a1 – Médio vale do rio São Francisco (estado da Bahia).

R3a1

R3a1 – Extensa superfície aplainada, delimitada por esparsas cristas de quartzitos (Canudos, norte do estado da Bahia).

16
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO

R3a2 – Superfícies Aplainadas Retocadas


ou Degradadas.

Relevo de aplainamento.

Superfícies suavemente onduladas, promovidas pelo R3a2


arrasamento geral dos terrenos e posterior retomada erosiva
proporcionada pela incisão suave de uma rede de drenagem
incipiente. Inserem-se, também, no contexto das grandes
depressões interplanálticas do território brasileiro.
R3a2 – Extensa superfície aplainada da depressão sertaneja
(sudoeste do estado do Rio Grande do Norte).
• Amplitude de relevo: 10 a 30 m.
• Inclinação das vertentes: 0o-5o.
R3b – Inselbergs e outros relevos residuais
Caracteriza-se por extenso e monótono relevo suave (cristas isoladas, morros residuais, pontões,
ondulado sem, contudo, caracterizar ambiente colinoso, monolitos)
devido a suas amplitudes de relevo muito baixas e longas
rampas de muito baixa declividade.
Relevo de aplainamento.

Relevos residuais isolados destacados na paisagem


aplainada, remanescentes do arrasamento geral dos terrenos.

• Amplitude de relevo: 50 a 500 m.


• Inclinação das vertentes: 25o-45o, com ocorrên-
cia de paredões rochosos subverticais (60o-90o).

R3a2

R3b

R3a2

R3a2 – Médio vale do rio Xingu (estado do Pará).


R3b

R3b – Sul do estado do Rio Grande do Norte.

17
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

• Amplitude de relevo: 20 a 50 m.
• Inclinação das vertentes: 3o-10o.

R3b

R4a1

R3b – Agrupamentos de inselbergs alinhados em cristas


de rochas quartzíticas delineadas em zona de cisalhamento
(estrada Senhor do Bonfim-Juazeiro, estado da Bahia).

R3b R4a1

R3b – Neck vulcânico do pico do Cabugi


(estado do Rio Grande do Norte).
R4a1 – Depressão periférica (estado de São Paulo).

V – DOMÍNIO DAS UNIDADES


DENUDACIONAIS EM ROCHAS
CRISTALINAS OU SEDIMENTARES

R4a1 – Domínio de Colinas Amplas e Suaves

Relevo de degradação em qualquer litologia,


predominando rochas sedimentares.
R4a1
Relevo de colinas pouco dissecadas, com vertentes con-
vexas e topos amplos, de morfologia tabular ou alongada.
Sistema de drenagem principal com deposição de planícies
aluviais relativamente amplas.
Predomínio de processos de pedogênese (formação de
solos espessos e bem drenados, em geral, com baixa a mo-
derada suscetibilidade à erosão). Ocorrências esporádicas,
restritas a processos de erosão laminar ou linear acelerada
R4a1 – Colinas amplas e suaves modeladas
(ravinas e voçorocas). Geração de rampas de colúvios nas sobre granulitos (cercanias de Anápolis, Goiás).
baixas vertentes.

18
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO

R4a2

R4a1

R4a1 – Relevo suave colinoso (município de Araruama, R4a2 – Típico relevo de mar-de-morros no médio
região dos Lagos, Rio de Janeiro). vale do rio Paraíba do Sul (topo da serra da
Concórdia, Valença, Rio de Janeiro).

R4a2 – Domínio de Colinas Dissecadas


e de Morros Baixos

Relevo de degradação em qualquer litologia.

Relevo de colinas dissecadas, com vertentes convexo-


-côncavas e topos arredondados ou aguçados. Sistema de R4a2
drenagem principal com deposição de planícies aluviais
restritas ou em vales fechados.
Equilíbrio entre processos de pedogênese e morfo-
gênese (formação de solos espessos e bem drenados, em
geral, com moderada suscetibilidade à erosão). Atuação
frequente de processos de erosão laminar e ocorrência
esporádica de processos de erosão linear acelerada (sulcos,
ravinas e voçorocas). Geração de rampas de colúvios nas
baixas vertentes.
R4a2 – Colinas e morros intensamente
• Amplitude de relevo: 30 a 80 m. dissecados sobre metassiltitos (município
de Padre Bernardo, Goiás).
• Inclinação das vertentes: 5o-20o.

R4a2 R4a2

R4a2 – Leste do estado da Bahia.

19
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

R4a3 - Morrotes R4a4 – Domos em estrutura elevada

Relevo de degradação em qualquer litologia. Relevo de degradação em qualquer litologia.

Relevo constituído de pequenos morros francamente Relevo de amplas e suaves elevações em forma de
dissecados, com vertentes retilíneas ou retilíneo-côncavas meia esfera, com modelado de extensas vertentes convexas
e topos arredondos a aguçados, por vezes, alinhados em e topos planos a levemente arredondados. Em geral, essa
cristas. Apresenta vertentes de gradiente moderado a alto, morfologia deriva de rochas intrusivas que arqueiam a
com moderada densidade de drenagem e padrão subden- superfície do terreno, podendo gerar estruturas dobradas
drítico a treliça, com notável controle estrutural. Atuação do tipo braquianticlinais. Apresenta padrão de drena-
preponderante de processos de morfogênese (formação gem radial e centrífugo. Sistema de drenagem principal
de solos pouco profundos e bem drenados, com alta em processo inicial de entalhamento, sem deposição de
suscetibilidade à erosão). Sistema de drenagem principal planícies aluviais.
com deposição de planícies aluviais restritas ou em vales Predomínio de processos de pedogênese (formação de
fechados. Ocorrência frequente de processos de erosão solos espessos e bem drenados, em geral, com baixa a mo-
laminar e linear acelerada (sulcos, ravinas e voçorocas), derada suscetibilidade à erosão). Ocorrências esporádicas,
além de movimentos de massa de pequenas dimensões. restritas a processos de erosão laminar ou linear acelerada
Frequentemente, tais feições de relevo estão associadas às (ravinas e voçorocas).
largas faixas de zonas de cisalhamento de idade brasiliana.
• Amplitude de relevo: 50 a 200 m.
• Amplitude de relevo: 40 a 100 m. • Inclinação das vertentes: 3o-10o.
• Inclinação das vertentes: 10o-30o.

R4a4

R4a3 R4a3

R4a4
R4a3 R4a3

R4a3 – Relevo de morrotes intensamente dissecados


e alinhados em cristas (em cor verde-musgo), com
marcante direção estrutural WSW-ENE, inserido na Zona
de Cisalhamento Jacuecanga - Conrado. R4a3 – Domo de Guamaré (estado do Rio Grande do Norte).

20
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO

R4a4

R4b1

R4a4 – Domo de Guamaré, arqueando as rochas sedimentares


da bacia Potiguar (estado do Rio Grande do Norte).
R4b1 – Relevo de morros elevados
no planalto da região serrana do
R4b1 – Domínio de Morros e de Serras Baixas estado do Rio de Janeiro.

Relevo de degradação em qualquer litologia.

Relevo de morros convexo-côncavos dissecados e topos


arredondados ou aguçados. Também se insere nessa uni-
dade o relevo de morros de topo tabular, característico das
chapadas intensamente dissecadas e desfeitas em conjunto
de morros de topo plano. Sistema de drenagem principal
com restritas planícies aluviais.
Predomínio de processos de morfogênese (formação de R4b2
solos pouco espessos em terrenos declivosos, em geral, com
moderada a alta suscetibilidade à erosão). Atuação frequente
de processos de erosão laminar e linear acelerada (sulcos e
ravinas) e ocorrência esporádica de processos de movimen-
tos de massa. Geração de colúvios e, subordinadamente,
depósitos de tálus nas baixas vertentes.

• Amplitude de relevo: 80 a 250 m, podendo


apresentar desnivelamentos de até 300 m. R4b2 – Relevo fortemente dissecado em
morros sulcados e alinhados em cristas,
• Inclinação das vertentes: 10 -35 .
o o
a norte do planalto do Distrito Federal.

R4b1 R4b1

R4b – Serra do Tumucumaque (norte do estado do Pará).

21
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

R4b2 - Cristas isoladas e serras baixas

Relevo de degradação em qualquer litologia.

Relevo constituído por pequenas serras isoladas, com R4c


vertentes predominantemente retilíneas e topos de cristas
alinhadas, aguçados ou levemente arredondados, que se
destacam topograficamente relevo circunjacente. Amplitu-
des de relevo elevadas e gradientes muito elevados, com
ocorrência frequente de vertentes muito íngremes com
gradientes muito elevados (superiores a 45o) e paredões
rochosos subverticais (60o a 90o). Rede de drenagem inci-
piente, com nítido controle estrutural. Atuação dominante
de processos de morfogênese (formação de solos pouco
profundos em terrenos declivosos, em geral, com mode-
rada a alta suscetibilidade à erosão). Atuação frequente
de processos de erosão laminar e linear acelerada (sulcos R4c
e ravinas) e ocorrência esporádica de processos de movi-
mentos de massa. Geração de colúvios e depósitos de tálus
nas baixas vertentes.

• Amplitude de relevo: 100 a 300 m.


• Inclinação das vertentes: 20o-45o,
com ocorrência de paredões rochosos
subverticais (60o -90o).
R4c – Sul do estado de Minas Gerais.

R4c – Domínio Montanhoso (alinhamentos


serranos, maciços montanhosos, front
de cuestas e hogback)

Relevo de degradação em qualquer litologia.

Relevo montanhoso, muito acidentado. Vertentes


predominantemente retilíneas a côncavas, escarpadas e R4c
topos de cristas alinhadas, aguçados ou levemente arre-
dondados, com sedimentação de colúvios e depósitos de
tálus. Sistema de drenagem principal em franco processo
de entalhamento.
Franco predomínio de processos de morfogênese
(formação de solos rasos em terrenos muito acidentados,
em geral, com alta suscetibilidade à erosão). Atuação fre-
quente de processos de erosão laminar e de movimentos
de massa. Geração de depósitos de tálus e de colúvios nas
baixas vertentes.

• Amplitude de relevo: acima de 300 m, podendo


apresentar, localmente, desnivelamentos inferiores
a 200 m.
• Inclinação das vertentes: 25o-45o, com ocorrên- R4c – Relevo montanhoso do maciço do Caraça,
modelado em quartzitos (Quadrilátero Ferrífero,
cia de paredões rochosos subverticais (60o-90o). Minas Gerais).

22
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO

R4c

R4d

R4c – Vale estrutural do rio Araras; reverso da serra


do Mar (Petrópolis, Rio de Janeiro).
R4d – Aspecto imponente da serra Geral, francamente
entalhada por uma densa rede de drenagem,
R4d – Escarpas de borda de planaltos gerando uma escarpa festonada com mais
de 1.000 m de desnivelamento.

Relevo de degradação em qualquer litologia.

Relevo montanhoso, muito acidentado. Vertentes


predominantemente retilíneas a côncavas, escarpadas e
topos de cristas alinhadas, aguçados ou levemente arre- R2c
dondados, com sedimentação de colúvios e depósitos de
tálus. Sistema de drenagem principal em franco processo
de entalhamento. Representam um relevo de transição
entre duas superfícies distintas alçadas a diferentes cotas
altimétricas. R4d
Franco predomínio de processos de morfogênese
(formação de solos rasos em terrenos muito acidentados,
em geral, com alta suscetibilidade à erosão). Atuação fre-
quente de processos de erosão laminar e de movimentos
de massa. Geração de depósitos de tálus e de colúvios nas
baixas vertentes.
R4d – Escarpa da serra de Miguel Inácio,
• Amplitude de relevo: acima de 300 m. cuja dissecação está controlada por rochas
• Inclinação das vertentes: 25o-45o, com ocorrên- metassedimentares do grupo Paranoá
cia de paredões rochosos subverticais (60o-90o). (cercanias do Distrito Federal).

R4d R4d

R4d – Escarpa da serra Geral (nordeste do estado do Rio Grande do Sul).

23
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

R4e – Degraus Estruturais


e Rebordos Erosivos

Relevo de degradação em qualquer litologia.

Relevo acidentado, constituído por vertentes predo- R4e


minantemente retilíneas a côncavas, declivosas e topos
levemente arredondados, com sedimentação de colúvios
e depósitos de tálus. Sistema de drenagem principal em
franco processo de entalhamento. Representam relevo de
transição entre duas superfícies distintas alçadas a diferentes
cotas altimétricas.
Franco predomínio de processos de morfogênese (for-
mação de solos rasos, em geral, com alta suscetibilidade à
erosão). Atuação frequente de processos de erosão laminar R4e – Degrau estrutural do flanco oeste do planalto de
e de movimentos de massa. Geração de depósitos de tálus morro do Chapéu (Chapada Diamantina, Bahia).
e de colúvios nas baixas vertentes.

• Amplitude de relevo: 50 a 200 m.


• Inclinação das vertentes: 10o-25o, com
ocorrência de vertentes muito declivosas
(acima de 45o).
R4e

R4e
R4e – Degrau estrutural no contato da bacia
do Parnaíba com o embasamento
cristalino no sul do Piauí.

R4f – Vales Encaixados

Relevo de degradação predominantemente em rochas


sedimentares, mas também sobre rochas cristalinas.

Relevo acidentado, constituído por vertentes predo-


R4e minantemente retilíneas a côncavas, fortemente sulcadas,
declivosas, com sedimentação de colúvios e depósitos de
tálus. Sistema de drenagem principal em franco processo de
entalhamento. Consistem em feições de relevo fortemente
entalhadas pela incisão vertical da drenagem, formando vales
encaixados e incisos sobre planaltos e chapadas, estes, em ge-
ral, pouco dissecados. Assim como as escarpas e os rebordos
R4e – Degrau escarpado da serra do Roncador erosivos, os vales encaixados apresentam quebras de relevo
(leste do estado de Mato Grosso). abruptas em contraste com o relevo plano adjacente. Em
geral, essas formas de relevo indicam uma retomada erosiva
recente em processo de reajuste ao nível de base regional.

24
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO

Franco predomínio de processos de morfogênese (for-


mação de solos rasos, em geral, com alta suscetibilidade à
erosão). Atuação frequente de processos de erosão laminar
e de movimentos de massa. Geração de depósitos de tálus
e de colúvios nas baixas vertentes.
R2b3 R2b3
• Amplitude de relevo: 100 a 300 m.
• Inclinação das vertentes: 10o-25o, com ocorrência
de vertentes muito declivosas (acima de 45o).

R4f

R4f – Vale amplo e encaixado de tributário do rio Gurgueia no


R4f planalto de Uruçuí (sudoeste do estado do Piauí).

R4f

R4f – Planalto de Uruçuí e vale do Gurgueia


(sul do estado do Piauí).

25
NOTA SOBRE OS AUTORES
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

ANDRÉA SEGURA FRANZINI – Graduada (2005) em Geologia pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre (2010) em Hidrogeologia pela
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Trabalhou com investigação e remediação de áreas industriais contaminadas,
perfuração de poços, mapas hidrogeológicos, sistemas de informações, rede de monitoramento e gestão de recursos hídricos. Ingressou no
SGB/CPRM em 2007, no Departamento de Hidrologia (DEHID), participando de diversos projetos na área de Hidrogeologia, tais como: Mapa
Hidrogeológico do Brasil ao Milionésimo, Atlas Hidrogeológico do Brasil ao Milionésimo em SIG, Diagnóstico e Cartografia das Águas Subterrâneas
da Bacia do Prata, Carta das Águas Subterrâneas do Estado do Paraná, Mapa Hidrogeológico do Estado do Paraná. Atualmente, é supervisora da
área de Hidrogeologia na Superintendência Regional de São Paulo (SUREG-SP), dando suporte aos projetos de Hidrogeologia e Gestão Territorial.
É membro da Câmara Técnica de Água Subterrânea do Comitê das Bacias Hidrográficas PCJ no estado de São Paulo (SP), membro do Comitê
de Bacia Hidrográfica do Rio Ivinhema (MS) e da Câmara Técnica Permanente de Águas Subterrâneas do Estado do Mato Grosso do Sul (MS).

CARLA CRISTINA MAGALHÃES DE MORAES – Graduada (2010) em Geologia pela USP. Capacitação de Ensaios de Solo – Mecânica dos Solos
no Programa de Educação continuada da Escola Politécnica-USP no ano de 2013. Ingressou no SGB/CPRM em 2013, no Departamento de Gestão
Territorial (DEGET). Atua desde 2014 na setorização das áreas de alto e muito alto risco a movimentos de massa, enchentes e inundações em
diversos municípios dos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo. Atua, desde 2015, no mapeamento das cartas municipais
de suscetibilidade a movimentos gravitacionais de massa e inundações no estado de São Paulo. Participa do Projeto Geodiversidade da Região
Metropolitana de São Paulo.

DEYNA PINHO – Graduado (2003) em Geologia pela USP e mestre (2007) em Geociências pela referida instituição. Especialista em
Geoprocessamento (2012) pelo Centro Universitário Campus Santo Amaro do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC). Trabalhou
na área de pesquisa mineral no Projeto Caetité-BA e na área de meio ambiente com investigação de áreas contaminadas (MULTIGEO). Ingressou
no SGB/CPRM em 2010, no DEGET, participando dos projetos Mapeamento de Recursos Minerais em Área de Fronteira; Levantamento da
Geodiversidade da Folha Curitiba ao Milionésimo; Levantamento da Geodiversidade do Estado do Paraná (escala 1:650.000). Atua, desde 2011,
na setorização das áreas de alto e muito alto risco a movimentos de massa, enchentes e inundações em diversos municípios dos estados de
São Paulo, Santa Catarina, Pernambuco, Espírito Santo e Goiás. Desde 2012, atua no mapeamento das cartas municipais de suscetibilidade a
movimentos gravitacionais de massa e inundações em diversos municípios dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Fez parte
do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental (ABGE) no período de 2016 a 2018.

EDUARDO MARCEL LAZZAROTTO – Graduado em Geologia (2010) pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Entre 2011 e 2013, atuou
no mercado como geólogo em perfuração de poços de petróleo. Ingressou, em 2013, no SGB/CPRM, onde atua desde então na Rede Integrada
de Águas Subterrâneas (RIMAS).

GILBERTO LIMA – Graduado (1998) em Geografia pela USP e Especialista (2005) em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP). Ingressou no SGB/CPRM em 2009, tendo atuado na área de Geoprocessamento na Superintendência Regional de Belo Horizonte
(SUREG-BH). Transferido para São Paulo, atuou no DEGET, onde participou do Projeto Levantamento da Geodiversidade do Estado do Paraná
(escala 1: 650.000). Atua desde 2012 na setorização das áreas de alto e muito alto risco a movimentos de massa, enchentes e inundações em
diversos municípios dos estados de São Paulo, Santa Catarina, Espírito Santo, Bahia e Mato Grosso do Sul. Atua, desde 2012, no mapeamento
das cartas municipais de suscetibilidade a movimentos gravitacionais de massa e inundações em diversos municípios dos estados de São Paulo,
Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e Maranhão. Atualmente, ocupa o cargo de supervisor de geoprocessamento na Gerência de
Infraestrutura Geocientífica em São Paulo.

LUIZ FERNANDO DOS SANTOS – Graduado (2008) em Geologia pela UNICAMP e mestrando em Geociências pela USP. Desde 2009, atua na
abrangente temática dos riscos geológicos, quando ingressou na Prefeitura de São Paulo alcançando o posto de gerente técnico das áreas de
risco geológico do município em 2013. No mesmo ano, ingressou no SGB-CPRM/DEGET, para atuar nos projetos de mapeamento dos riscos
geológicos e hidrológicos, cartografia da suscetibilidade a movimentos gravitacionais de massa e inundações e outros projetos afins da área
de geologia de engenharia, em abrangência nacional. Fez parte do conselho deliberativo da Associação Brasileira de Geologia de Engenharia
e Ambiental (ABGE) na gestão 2016-2018.

MARCELO EDUARDO DANTAS – Graduado (1992) em Geografia, tendo obtido os títulos de licenciado em Geografia e Geógrafo, e mestre
(1995) em Geomorfologia e Geoecologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Nesse período, integrou a equipe de pesquisadores
do GEOHECO-UFRJ, tendo atuado na investigação de temas tais como: controles litoestruturais na evolução do relevo; estocagem de sedimentos
fluviais em bacias de drenagem; impacto das atividades humanas sobre as paisagens naturais no médio vale do rio Paraíba do Sul. Entre 2002
e 2010, lecionou como professor assistente do curso de Geografia do Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM). Em 1997, ingressou
no SGB-CPRM, atuando como geomorfólogo até o presente. Desenvolve atividades em projetos na área de geomorfologia, diagnósticos
geoambientais e mapeamentos da geodiversidade, em atuação integrada com a equipe de geólogos do Programa GATE/CPRM. Desde 2010,
é coordenador nacional de Geomorfologia do Projeto Geodiversidade do Brasil e, a partir de 2013, é coordenador nacional de Geomorfologia
do Projeto Suscetibilidade a Movimentos de Massa e Inundações. Atualmente, é coordenador executivo do DEGET. É membro efetivo da União
da Geomorfologia Brasileira (UGB) desde 2007.

MARIA ANGÉLICA BARRETO RAMOS – Graduada (1989) em Geologia pela Universidade de Brasília (UnB) e mestre (1993) em Geociências
pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Ingressou no SGB-CPRM em 1994, onde atuou em mapeamento geológico no Projeto Aracaju ao
Milionésimo. Em 1999, no DEGET, participou dos projetos Acajutiba-Aporá-Rio Real e Porto Seguro-Santa Cruz Cabrália. Em 2001, na Divisão
de Avaliação de Recursos Minerais, integrou a equipe de coordenação do Projeto GIS do Brasil e do Banco de Dados do SGB-CPRM. De 2008
a 2017, atuou como coordenadora executiva do DEGET, ligada às atividades dos projetos Geodiversidade do Brasil (escala 1:2.500.000) e
Milionésimo, Mapas de Geodiversidade Estaduais, Geodiversidade do Polo de Fruticultura de Livramento de Nossa Senhora e Dom Basílio,
Cartas de Suscetibilidade a Movimentos Gravitacionais de Massa e Inundações e suporte ao Projeto Riscos Geológicos. Participação, ainda, em
elaboração de termos de referência e procedimentos metodológicos, além de atuar em linhas de pesquisa na área de remineralizações de solo
e zoneamento agrogeológico. Especialista em Modelagem Espacial de Dados em Geociências, ministrou cursos e treinamentos em ferramentas
de SIG aplicados a projetos do SGB-CPRM de 2000 a 2018. É autora de diversos trabalhos individuais e coautora nos livros “Geologia, Tectônica
e Recursos Minerais do Brasil”, “Geodiversidade do Brasil” e “Geodiversidade do Estado da Bahia”. Foi presidenta da Associação Baiana de
Geólogos no período de 2005-2007 e vice-presidenta de 2008 a 2009.

2
NOTA SOBRE OS AUTORES

ROBERTO EDUARDO KIRCHHEIM – Graduado (1992) em Geologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pós-graduação
em Hidrogeologia e Geologia Aplicada pela Universidade Karl Eberhadt Universitat Tuebingen (1994-1995) e em Recursos Hídricos e Saneamento
(1998) pelo IPH-UFRGS. Atualmente, é aluno de doutorado em Hidrogeologia (modelagem, hidroquímica e isotopia) pela UNESP-Rio Claro.
Iniciou atividade profissional em projetos humanitários de saneamento rural durante a guerra civil em Moçambique (1993-1994). Atuou como
consultor em recursos hídricos e hidrogeologia com participação em projetos e planos diretores, regionais e de bacias (PNRH, Plano Estadual de
Recursos Hídricos nos estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso; Plano Diretor da Bacia do Rio Uruguai, diversos planos de
bacia hidrográfica e Confecção do Marco de Gestão das Águas Subterrâneas na Chapada do Apodi CE/RN). Em geotecnia e geologia aplicada
desenvolveu estudos e mapeamentos geotécnicos para estradas de rodagem, barragens, ferroviais, canais de transposição e túneis. Em meio
ambiente, executou e coordenou diagnósticos de meio físico para portos, aterros de resíduos, UHE, PCH, perímetros de irrigação e parques
eólicos em todo o território nacional. Atuou com avaliação de sites contaminados e projetos de remediação tanto no Brasil como na Alemanha.
Foi consultor da UNESCO, PNUD, IICA e OEA em projetos associados a recursos hídricos na América Latina. Por seis anos foi gerente operacional
do Projeto Internacional Aquífero Guarani, como funcionário de carreira da Organização dos Estados Americanos (OEA). Ingressou no SGB/
CPRM – SUREG-PA em 2010 como Pesquisador em Geociências, onde exerceu a função de gerente regional do SIAGAS por três anos. Desde
2016, é hidrogeólogo na SUREG-SP, onde desenvolve a função de coordenador nacional do Programa de Aplicações Isotópicas na Hidrologia,
além de apoiar os demais projetos da GEHITE. É integrante das equipes do SGB-CPRM que executam os estudos hidrogeológicos em Manaus,
São Luís e Verde Grande-Cariranha.

TIAGO ANTONELLI – Graduado (2013) em Geologia pela USP, mestre (2018) pela mesma universidade, no programa de Geoquímica e
Geotectônica. Desde 2013, atua nos projetos do DEGET (setorizações de risco, cartas de suscetibilidade e mapeamentos de perigo), sendo que,
desde 2017, está como Coordenador Executivo do DEGET, atuando nos projetos de cartas de suscetibilidade a movimentos gravitacionais de
massa e inundações e nos mapeamentos de perigo. Atuou como diretor adjunto de comunicação na ABGE na gestão 2016-2018.

3
O SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL - CPRM E OS OBJETIVOS
PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - ODS

Em setembro de 2015 líderes mundiais reuniram-se na sede da ONU, em Nova York,


e formularam um conjunto de objetivos e metas universais com intuito de garantir
o desenvolvimento sustentável nas dimensões econômica, social e ambiental.
Esta ação resultou na Agenda 2030, a qual contém um conjunto de 17 Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável - ODS.
A Agenda 2030 é um plano de ação para as pessoas, para o planeta e para a
prosperidade. Busca fortalecer a paz universal, e considera que a erradicação da
pobreza em todas as suas formas e dimensões é o maior desafio global, e um
requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável.
Os 17 ODS incluem uma ambiciosa lista 169 metas para todos os países e todas as
partes interessadas, atuando em parceria colaborativa, a serem cumpridas até 2030.

O Serviço Geológico do Brasil – CPRM atua em diversas áreas intrínsecas às


Geociências, que podem ser agrupadas em quatro grandes linhas de atuação:
• Geologia
• Recursos Minerais;
• Hidrologia; e
• Gestão Territorial.
Todas as áreas de atuação do SGB-CPRM, sejam nas áreas das Geociências ou
nos serviços compartilhados, ou ainda em seus programas internos, devem ter
conexão com os ODS, evidenciando o comprometimento de nossa instituição com
a sustentabilidade, com a humanidade e com o futuro do planeta.
A tabela a seguir relaciona as áreas de atuação do SGB-CPRM com os ODS.
GEODIVERSIDADE DO ISBN:
978-65-5664-100-3

ESTADO DO PARANÁ
PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASIL
LEVANTAMENTO DA GEODIVERSIDADE

Geodiversidade do Estado do Paraná é um produto concebido


para oferecer aos diversos segmentos da sociedade
paranaense uma tradução do atual conhecimento
geocientífico da região, com vistas ao planejamento,
aplicação, gestão e uso adequado do território. Destina-se a
um público-alvo variado, desde empresas de mineração,
passando pela comunidade acadêmica, gestores públicos
estaduais e municipais, sociedade civil e ONGs.
SEDE
Setor Bancário Norte - SBN Quadra 02, Bloco H
Dotado de uma linguagem voltada para múltiplos usuários, o Asa Norte - Edifício Central Brasília
Brasília - DF - CEP: 70040-904
mapa compartimenta o território paranaense em unidades Tel: 61 2108-8400
geológico-ambientais, destacando suas limitações e Escritório Rio de Janeiro
Av Pasteur, 404 - Urca
potencialidades frente a agricultura, obras civis, utilização dos Rio de Janeiro - RJ Cep: 22290-255
Tel: 21 2295-5337 - 21 2295-5382
recursos hídricos, fontes poluidoras, potencial mineral e
Diretoria de Hidrologia
geoturístico. e Gestão Territorial
Tel.: (21) 2295-8248 / (21) 2546-0214
Nesse sentido, com foco em fatores estratégicos para a região, Departamento de Gestão Territorial
Tel.: (21) 2295-6147 / (21) 2546-0419
são destacadas Áreas de Relevante Interesse Mineral (ARIM),
Diretoria de Infraestrutura Geocientífica
Potenciais Hidrogeológico e Geoturístico, Riscos Geológicos Tel: 21 2295-5837 - 61 2108-8457
aos Futuros Empreendimentos, dentre outros temas do meio Divisão de Marketing e Divulgação
Tel: 31 3878-0333
físico, representando rico acervo de dados e informações e-mail: marketing@cprm.gov.br
atualizadas e constituindo valioso subsídio para a tomada de Núcleo de Apoio Técnico de Curitiba
decisão sobre o uso racional e sustentável do território Rua Voluntários da Pátria, 475 - 1º andar cj. 10
Curitiba - PR CEP: 80020-926
nacional. Tel.: 41 3095-9768
Assessoria de Comunicação
Geodiversidade é o estudo do meio físico constituído por Tel: 61 2108-8468
e-mail: asscomdf@cprm.gov.br
ambientes diversos e rochas variadas que, submetidos a Ouvidoria
fenômenos naturais e processos geológicos, dão origem às Tel: 21 2541-6344
e-mail: ouvidoria@cprm.gov.br
paisagens, ao relevo, outras rochas e minerais, águas, fósseis, Serviço de Atendimento ao Usuário – SEUS
solos, clima e outros depósitos superficiais que propiciam o Tel: 21 2295-5997
e-mail: seus@cprm.gov.be
desenvolvimento da vida na Terra, tendo como valores
intrínsecos a cultura, o estético, o econômico, o científico, o www.cprm.gov.br
2021
educativo e o turístico, parâmetros necessários à preservação
responsável e ao desenvolvimento sustentável.

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