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Ciclo de Wilson

ABERTURA E FECHAMENTO DE UMA BACIA


OCEÂNICA

John Tuzo Wilson geólogo e geofísico canadense.

 1965 descreveu pela primeira vez a tectônica em


torno do globo em termos de placas rígidas
movendo-se sobre a superfície terrestre e
caracterizou três tipos básicos de limites de placas
O ciclo de Wilson
À medida que continua a extensão e o
O rifteamento de um oceano se abre, ocorre o resfriamento da
continente ocorre à medida margem passiva e os sedimentos acumulam-
que ele se fragmenta. se durante a expansão do assoalho oceânico

O continente é
erodido, adelgaçando a A convergência inicia-se; uma
placa oceânica é subduzida em
crosta. Por fim, o
uma continental, criando uma
processo pode iniciar- cadeia vulcânica na margem ativa.
se novamente.

A acreção de terreno ( a partir


Quando os dois continentes
da cunha sedimenar acrescional
colidem, a orogenia espessa a
crosta e constrói montanhas,
ou de fragmentos carregados
formando um novo pela placa em subducção)
supercontinente. agrega material ao continente.
Evolução dos Continentes
Ciclo de Wilson
Seqüência de Subducções seguidas de colisões

1. Cráton estável
Evolução dos Continentes
Ciclo de Wilson
Seqüência de Subducções seguidas de colisões

1. Cráton estável; 2. rifting inicial; 3. bacia oceânica; 4. z. subducção; 5.


fechamento da b. oceânica; 6. colisão; 7. cadeia de montanha arrasada.
Os estágios do Ciclo de Wilson incluem:
uma fase de abertura (estágios 1 a 3);
e outra de fechamento (estágios posteriores)
de uma bacia oceânica, podendo ser
sumarizados da seguinte forma:
0. Inicial
1. Embrionário
2. Juvenil
3. Maduro
4. Em Declínio
5. Terminal
6. Em Sutura
7. Em Peneplano
0. Cráton Estável
 Cráton continental tectonicamente estável e erodido, cercado
por bacias oceânicas ao redor;
 Intemperismo e erosão por Ma – sedimentos continentais
maturos (arenitos)
 Bacias oceânicas: carbonatos (se clima quente), siltitos, argilitos.
 Em equilíbrio isostático (não há soerguimento ou subsidência)
crosta continental em nível constante no topo do manto.
 Ausência de vulcanismo, terremotos
 Continentes: granitos, granodioritos. Leves o suficiente que
quando erodidos para uma peneplanície e "flutuante" em
equilíbrio isostático, a superfície está acima do n.m.
1. Embrionário:
inicia-se o desmembramento da
crosta continental, até então
estável
Distúrbio.......
Hot Spot and Rifting
Alívio de tensões de elevação em
uma esfera: 120 ° modo mais eficaz
Estágio 1 Embrionário - Ex. atual Rift da África oriental; Basin
and Range (EUA)
 precedido por um cráton estável
 Ausência de atividade vulcânica e terremotos até que, sob o cráton
estável, surge um hotspot  adelgaçamento e o fraturamento da crosta
continental, com o desenvolvimento de um rift.
 Se continuidade do processo  continente  em 2  criação de um novo
limite divergente entre as duas placas tectônicas que passam a se separar.

Ex. rift da África


Oriental entre as
placas tectônicas
Africana e Somali
Exemplos atuais
Rifting Crosta Continental

The Great Rift Valley is widening slowly but


surely, in the process causing many volcanic
eruptions and earthquakes in the area
Lago Walker: Meio-gráben Típico (Basin & Range, EUA)

A A’

Wassuk Gillis
Range Range
Lago Walker
A A’

A A’
0 8km
Meio-grábens c/ Falhas Sintéticas => Estilo Dominó
W (Death Valley, Basin & Range, EUA) E

Range

Range
Basin
86 m  n.m.

Range Range

Range
2. Juvenil:
a abertura iniciada se conecta
com oceano já existente
Estágio 2 Juvenil

 magma ascendente  dilatação e fraturamento da crosta


 Progressão da ruptura do continente com o afastamento
das placas tectônicas, formando-se um corpo de água.
 Criação de uma bacia oceânica jovem

Esquema do estágio Juvenil exemplificado através do mar


Vermelho entre as placas tectônicas Africana e Árabe
Exemplo atual
Mar Vermelho
 Rift continental  rift oceânico
 Rompimento da litosfera continental
Estende-se do sistema de falha Transformante Mar
Morto, termina no cruzamento com o Aden Ridge e
o Rift da África Oriental, formando a Junção Tríplice
de Afar na Depressão Afar do Chifre da África

Divergência entre Placas Africana e Arabica.


3. Maduro:
forma-se o oceano maduro
Estágio 3 - Maduro Ex. atual Oceanos Atlântico, Índico
 A medida que se afastam os continentes,
a crosta oceânica próxima a eles vai
envelhecendo, esfriando e se tornando
mais pesada, com consequente
afundamento do fundo do mar.  grande bacia oceânica entre as margens
continentais, com uma dorsal oceânica bem
desenvolvida ao longo do limite divergente
das placas tectônicas.

Esquema do estágio Maduro exemplificado através do oceano Atlântico entre as placas


tectônicas Norte Americana e Sul Americana, à oeste, e as placas Eurasiana e Africana, à
leste. Na parte inferior, à esquerda, as cores indicam as idades da crosta oceânica com
gradação desde vermelho (idades menores) até azul (idades maiores). Na parte inferior,
à direita, a foto registra trecho da dorsal Meso-Atlântica (não submersa) na Islândia.
Full Divergent Margin
 Margens continentais divergentes se completam.
 As placas se afastam com a bacia oceânica tendo uma dorsal no
limite das placas com a crosta oceânica mais quente e jovem nas
proximidades da dorsal. Os continents se separaram…
 Bacia oceânica se alarga: margem continental divergente ou uma
margem continental passiva (MCP) que se afasta da fonte de calor e
esfria.
 Crosta fria é mais densa → MCP afunda rapidamente no início, mas
cada vez mais lentamente com o tempo = decaimento térmico
 Grande cunha de sedimentos é depositada sobre o MCP, expandindo
e espessamento;
 Sedimentos: derivados da erosão do continente (clásticos) e pela
atividade química e biológica (carbonatos);
 Depósitos marinhos de águas rasas (subsidência e deposição com
mesma taxa);
 Quando ao lado de um Cráton estável, a cunha de rochas
sedimentares = arenito maduro, calcários e dolomitos;
 Se o continente tem alguma atividade tectônica: rochas
sedimentares imaturas: arenitos sublíticos e folhelhos;
 A região costeira Brasil: moderna MCP, neste momento estabilizado
desde o rifting que abriu o Oceano Atlântico
4. Em Declínio:
inicia-se o encolhimento da
bacia oceânica através de zonas
de subducção
Estágio 4 - Declínio
Ex. atual Oceano Pacífico

zonas de subducção se formam, como características dos


limites convergentes entre placas tectônicas, e a bacia
oceânica inicia seu fechamento.

Essas zonas de subducção podem se formar em qualquer


parte da bacia e em qualquer direção, subjugando-a ao
longo do tempo geológico e, assim, condenando-a ao
desaparecimento.
Exemplo atual Oceano Pacífico
O estágio em Declínio segue mantendo o ciclo em andamento
com zonas de subducção ativas, como é o caso do oceano Pacífico
e seu conhecido Anel de Fogo.

Esquema do estágio em Declínio


exemplificado através do oceano Pacífico
envolvendo a placa tectônica do Pacífico
em vizinhança com diversas outras
 2 tipos de locais para zonas de subducção:
 dentro de uma bacia oceânica (tipo arco insular ou arco de ilhas)
 ao longo da borda de um continente (tipo Cordilheirano)

criação de cadeias de
montanha, vulcões
• Bacias associadas a zonas de subducção: Ante-arco; Intra-arco; Retro-arco
• Fossas oceânicas
• Prisma acrescionário
5. Terminal:
a bacia se torna estreita e
irregular
Estágio 5 - terminal
Ex. atual Mar Mediterrâneo,
Black Sea;
Caspian Sea
Estágio 5 - terminal
Ex. atual Mar Mediterrâneo,
Black Sea;
Caspian Sea

continentes prestes a colidir e o corpo de água se torna


estreito e irregular. Enquanto ocorre o metamorfismo
nas zonas de subducção, o magma continua sendo gerado
vulcões e um relevo montanhoso.
Caracterizado por uma topografia de forte contraste de
altitude entre o mar e as montanhas (e.g. mar Mediterrâneo).
Há um complexo de ilhas e cadeias montanhosas
jovens circundando um corpo de água em contração.
Antes de desaparecer, o mar continua a se encolher na
iminência (em tempo geológico) da colisão dos continentes.
 Bacia oceânica (W do arco vulcânico): presa entre a margem
continental passiva e zona de subducção
 se subducção continua: bacia do oceano entre os dois se tornará cada
vez <
 Estas bacias oceânicas, que em breve irão desaparecer em uma zona
de subducção são chamadas oceanos remanescentes.
 Zonas de subducção: sempre criam bacias oceânicas remanescentes
→ nenhuma bacia oceânica pode sobreviver muito tempo na
história geológica;
 As bacias oceânicas mais antigas ca. 200 Ma ≠ crosta continental (leve
para ser subductada), tende a permanecer para sempre, excluindo-se
intemperismo e erosão
Exemplo atual Mar Mediterrâneo

Esquema do estágio Terminal exemplificado


através do Mar Mediterrâneo entre a placa
tectônica Africana e eurasiana
Dark blue: deeper than 2.5 km;
intermediate blue: 2.5 to 1.0 km; light
blue: shallower than 1.0 km. The darkest
blue color approximately corresponds
with the presence of oceanic
lithosphere.

Meghraoui & Pondrelli 2012


6. Em Sutura:
os blocos continentais colidem e é
construída uma cadeia de montanhas
Estágio 6 - Sutura
Ex. atual Cordilheira do Himalaia

Construção de cordilheira por colisão continente-continente


Duplicação Crustal (espessamento).
A bacia oceânica remanescente do oceano entre os continentes
fechou e eles colidiram para formar uma orogenia de colisão
continente-continente

Esquema do estágio em Sutura (e.g.


Himalaia) entre as placas tectônicas
Indiana e Eurasiana

Himalaia: exemplo clássico de um


sistema orogênico gerado através da
colisão entre continentes,
evidenciando as forças tectônicas
associadas ao Ciclo de Wilson.
Zona de sutura

Faixa estreita = zona de sutura: limite entre 2 blocos


distintos
Também: restos da bacia oceânica: Sequência ofiolítica
Ásia Índia

Cadeia do
Himalaia

42
Orogenia Alpina Colisão África, Índia, microplaca *Cimmeria + Eurásia.
Cenozoico
Alpes, Cárpatos (Europa) + Atlas (N África): formados entre 37-24 Ma.

*Pérmico-Triássico ~250 Ma. O continente Cimmeria


separa-se de Pangea e começa a deslocar-se para norte Cimmeria +Laurásia ~200Ma
Orogenia 1. Atlas, 2. C. Bética 3. Pirenéus, 4. Alpes, 5. Apeninos, 6. Bálcãs, 7. Cárpatos, 8.
Taurus, 9. Cáucaso, 10. Cordilheira de Zagros, 11. Indocuche, 12. Pamir, 13.
Alpina Karakorum e 14. Himalaia.

7
3 4 9
8
2 5 11, 12 13
1 6
10
14

sum

java

Cenozoico
7. Em Peneplano:
a cadeia de montanhas é
erodida
Estágio 7 - Peneplano
Ex. atual Cráton N Americano
 É formado um cráton continental estável.
 Com a evolução da cadeia de montanhas, a crosta continental aumenta de
espessura com rochas com grande diversidade e leves. A erosão que peneplaniza o
relevo rebaixa a crosta ao nível do mar e o ciclo é finalizado.
 O cráton Norte Americano, de dimensões continentais, constitui o embasamento
de grande parte da América do Norte e da Groenlândia. O escudo Canadense é a
parte exposta do cráton N. Americano. Possui uma superfície levemente ondulada,
ou seja, uma peneplanície, formada pela erosão das antigas rochas do cráton.

Esquema do estágio em planícies


Peneplano exemplificado
através do Escudo
Canadense, parte exposta do
Cráton Norte Americano,
localizado na placa tectônica
Norte Americana
Stable Continental Craton

 Craton continental estável  ciclo chega ao fim


 O craton continental original se fragmentou e colidiu se
estabilizado mais uma vez.
 No entanto: este novo continente é bastante complexo, em
comparação com o estágio 0, e que as rochas do embasamento
expostas na superfície são muito diversificadas.
 Rochas originais dos continentes + arco vulcânico preso entre eles +
cunhas clásticos bacia de foreland + zonas de sutura de mistura e
uma série de diferentes rochas ígneas e metamórficas.
 Todavia, quando tudo finalmente está desgastado e o continente é
erodido para uma peneplanície → sedimentação arenitos, e
calcários....
Estágios do Ciclo de Wilson, localização de exemplos atuais (Hannes Grobe)
R. Wilson et al. 2019. Fifty years of the Wilson Cycle concept in plate tectonics: an overview
R. Wilson et al. 2019. Fifty years of the Wilson Cycle concept in plate tectonics: an overview
• Dewey & Burke 1974
Limites de placas x estágios Ciclo de Wilson

Mesma linha de tempo!!!

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