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Sumário

Capa
Abertura
Agradecimentos
Prefácio
Introdução
Capítulo 1 - Vai Ministrar a Palavra? Tenha uma Vida com Deus
Capítulo 2 - Entendendo para Decolar
Capítulo 3 - Inspirados e Preparados para Comunicar
Capítulo 4 - O Sermão — Prepare-se para Voar
Capítulo 5 - Sermões Visuais/Ilustrações nas Mensagens
Capítulo 6 - Questionários para a Formação de Esboço
Capítulo 7 - Aquecimento, Desaquecimento, Respiração e Cuidados com a
Voz
Capítulo 8 - Idioma, Linguagem e Ruídos na Comunicação
Capítulo 9 - Desenvolvendo a Oratória
Capítulo 10 - Microfones
Capítulo 11 - Recursos Visuais no Altar e Mídias Sociais
Capítulo 12 - Orientações e Sugestões para Cerimônias — Ocasiões
Especiais
Considerações Finais
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Publicações.

Direção: Samir Ferreira de Souza


Supervisão: Ministério Verbo da Vida
Revisão inicial: Ana Clarissa Santos Beserra e Lívia Maria
Revisão final: Idiomas & Cia
Revisão técnica: Fábio Campos (engenheiro de som), Heber Figueiredo
(piloto de avião), Marcos Aurélio (contato gráfico), Ricardo Mendes (técnico
de som), Romero Assis (gráficos estatísticos), Waldelice Pinho
(fonoaudióloga).
Capa: Bárbara Giselle
Diagramação Versão Digital: DIAG Editorial

Copyright 2014 © Cristiano Arcoverde


Copyright © 2018 Rhema Brasil Publicações.

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As citações bíblicas foram extraídas das seguintes versões da Bíblia,


indicadas pelas siglas entre parênteses: Almeida Corrigida Fiel (ACF) ©
Copyright 1994, 1995, da Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil. Nova
Versão Internacional (NVI), © Copyright 2000, Editora Vida. Almeida
Edição Revista e Atualizada (ARA), © Copyright 1993, Sociedade Bíblica do
Brasil.

Proibida a reprodução, de quaisquer formas ou meios, eletrônicos ou


mecânicos, sem a permissão da editora, salvo em breve citações, com
indicação da fonte.

1a Edição
“Meu Deus, como me impressiona a exegese do bom caráter, a
hermenêutica do exemplo, a homilética do temor e a oratória da
integridade! Como fico perplexo com as pregações ministradas
sem palavras!”

Rev. Edimilson Nunes


AGRADECIMENTOS

O reconhecimento e a gratidão são chaves poderosas para o crescimento e a


satisfação pessoal. É por isso que tenho uma extensa lista de agradecimentos.
Bendito é o meu Deus e Pai que me tem feito viver dias maravilhosos nesta
terra.
Bendito é Jesus, meu Senhor e Salvador que, pelo Seu sangue, me comprou
para Deus.
Bendito é o Espírito Santo que habita em mim e é o meu consolador,
incentivador e ajudador.
Aos meus pais Jerônimo Arcoverde (in memoriam) e Sônia Maria que, com
muito amor, esforço e dedicação, contribuíram para a construção da minha
vida. Sou grato por ter nascido em uma família maravilhosa.
À minha amada esposa Cátia Arcoverde, que é uma bênção, um exemplo de
mulher amorosa, mãe dedicada, cristã autêntica e guerreira arrojada; e aos
meus amados filhos Gustavo Arcoverde, um grande valente do Senhor, cetro
de justiça, príncipe do papai; e Isabela Arcoverde, minha prometida de Deus,
separada para o Rei dos reis, princesa do papai.
À minha irmã Carla Arcoverde, que cresceu ao meu lado e é uma bênção na
minha vida.
Aos meus irmãos Arian e João Henrique Arcoverde, pela nossa união.
À minha querida avó Carmelita, que gosta de ser chamada de Dinda,
guerreira.
Aos meus sogros Manoel Ferreira e Antônia Teodósio.
Aos meus tios, primos, sobrinhos, cunhados e demais familiares do
coração.
A todos os meus professores nos colégios e cursos pelos quais passei:
Mundo da Criança, Jesus Crucificado, Americano Batista, Especial,
FUNESO-UNESF, Senac e FOCCA, que tão interessantemente contribuíram
para a minha formação acadêmica e profissional.
Bendigo o dia em que nasci na família de Deus, dando meus primeiros
passos cristãos na Igreja do Espírito Santo de Deus, em 1994, participando do
grupo De Bem com a Vida; depois integrando a Igreja Palavra Viva; e, em
1998, passando a conhecer e mergulhar no Ministério Verbo da Vida (MVV)
com muita alegria, honra, reconhecimento, revelação, crescimento e avanço.
É muito bom ser parte desse corpo.
Aproveito também para fazer uma menção honrosa ao querido casal Bud
Wright (in memoriam) e Jan Wright, fundadores do Ministério Verbo da
Vida; ao apóstolo Guto Emery, presidente do MVV, e sua honrada esposa
Suellen; a Canrobert Guimarães, diretor nacional do Rhema Brasil, e sua
honrada esposa Fátima; ao pastor João Roberto, presidente da Igreja Verbo
da Vida em Campina Grande (PB), e sua honrada esposa Jannayna, bem
como, a toda a diretoria do MVV.
Agradeço a Deus pelas ovelhas das Igrejas Verbo da Vida Campo Grande,
Recife e Olinda Sul, e pela maravilhosa equipe de ministros, líderes e
liderados que são presentes do Senhor para a minha vida! Equipe bendita do
Senhor!
Sou grato também pela vida dos meus queridos alunos do Rhema Brasil, da
Escola de Ministros Rhema e de todos os que têm participado das “minhas”
aulas em outras instituições de ensino e palestras em eventos.
Minha gratidão pela vida de todos os amigos, companheiros de ministério e
profissão, que acreditam e torcem pelo meu sucesso. Por aqueles que
contribuíram direta ou indiretamente para as revisões ortográfica, técnica e de
finalização, e para a impressão e distribuição desta obra.
Meu coração é grato, também, a você, que está lendo este livro.
PREFÁCIO

R ecebi, com alegria, o honroso convite do amigo Cristiano Arcoverde


para prefaciar esta obra. Esse pastor experiente, comunicador
competente, pai dedicado e cristão exemplar partilha com todos nós linhas de
orientação da atividade ministerial que desenvolveu e vivenciou ao longo dos
mais de dez anos de ação pastoral, bem como, em sua carreira como
professor e comunicador. Cristiano é respaldado pela sua vida e sua formação
para nos conduzir nesta leitura que, graças a Deus, tive o privilégio de fazer e
me alegrar com o que aqui está escrito.
Este livro destina-se a todas as pessoas que pretendem aperfeiçoar o
desempenho na ministração da Palavra de Deus, sendo uma ferramenta
formidável para líderes e ministros, tanto para aqueles que estão no início de
sua carreira ministerial, quanto para os mais experientes, em todas as esferas
de atuação. Certamente ajudará no desenvolvimento de atitudes, valores,
conhecimentos, habilidades e comportamentos, no púlpito e até fora dele.
Nossas atitudes constituem um poderoso discurso. Há alguns anos, ouvi
uma frase que marcou a minha vida: “O que você faz fala tão alto que eu não
consigo ouvir o que você diz”. Ao ler esta obra, percebi que um dos maiores
cuidados que Cristiano Arcoverde teve foi não apenas demonstrar as técnicas
de preparação de sermão e oratória, mas expressar para o leitor a importância
de viver o que se prega, de que realmente o “ser exemplo” na vida irá falar
muito mais alto. A ideia é unir vida à técnica; conhecimento à unção; prática
à inspiração, tendo a consciência de que, quando subimos a um altar,
comunicamos vida e essa vida produzirá resultados eternos.
Com uma linguagem bem direcionada, Vou Ministrar a Palavra. E Agora?
nos levará a conhecer os melhores caminhos em relação à preparação do
sermão e à sua apresentação, com dicas e observações importantes àquele que
se destina falar em público. A visualização prévia da mensagem, as boas
maneiras no altar, a linguagem verbal e não verbal, o cuidado com o idioma,
o vestuário, o uso do microfone, a preparação de slides para apresentações, os
roteiros para ocasiões especiais são alguns dos temas deste que considero um
guia prático para a vida de quem deseja melhorar a cada dia o seu
desempenho no altar.

Aproveite bem esta leitura!

Apóstolo Guto Emery


Presidente do Ministério Verbo da Vida
INTRODUÇÃO

A tualmente, saber falar bem em público tem sido uma ferramenta


fundamental na vida daqueles que querem se destacar na empresa, nos
relacionamentos e, por que não dizer, também no ministério. E é justamente
para quem quer aprimorar a prática ministerial que este livro se destina.
Tenho andado pelo Brasil e percebido um grande número de pessoas que têm
pavor de falar em público, e quando se trata de falar ao microfone, sentem-se
pior. Muitas vezes perdem várias oportunidades por não conseguirem
dominar as técnicas de preparação do sermão/roteiro e da oratória. Esta obra
não tem o objetivo de ser um manual teórico de homilética e/ou de oratória,
mas sim transmitir orientações práticas e dicas que certamente apoiarão
aquele que se propõe a falar em público.
No primeiro capítulo, “Vai Ministrar a Palavra? Tenha uma Vida com
Deus”, demonstrarei a necessidade de ministrarmos com a própria vida, de
sermos exemplos e não apenas dominarmos as técnicas. Quando se trata de
um filho de Deus subir ao altar para ministrar a Palavra, não se deve ficar
unicamente na técnica. Necessitamos, portanto, ter vida com Deus! Unindo
unção com técnicas de apresentação, alcançaremos os corações com o
Espírito e não correremos o risco de estar anunciando o Evangelho sem vida,
só na letra.
No segundo capítulo, conceituarei exegese, hermenêutica, homilética,
oratória, eloquência e sermão, procurando utilizar uma linguagem ilustrativa,
com o objetivo de simplificar esses conceitos que, muitas vezes, são
complicados de entender.
Na terceira parte do livro, procurarei demonstrar a importância de unir
meditação na Palavra com os métodos de construção de um sermão. Ou seja,
como devemos unir a inspiração com a linguagem, melhorando, assim, a
leitura pública e a comunicação da mensagem.
No quarto capítulo, mergulharei no universo da preparação do sermão,
observando aspectos práticos de introdução, desenvolvimento e conclusão.
Também veremos a escolha correta dos textos, tema/título e tipos de sermão
como forma de melhorar a organização das ideias e de explorar de um modo
mais completo os assuntos.
No quinto capítulo, abordarei as questões de ilustração, os cuidados que o
orador deve ter na escolha de exemplos e demonstrações alegóricas.
No sexto capítulo, construiremos um sermão juntos, com base no
Questionário para Formação do Esboço (Q.F.E.) que desenvolvi com o
objetivo de facilitar a preparação da mensagem.
No sétimo capítulo, teremos algumas orientações sobre respiração,
cuidados com a voz, aquecimento e desaquecimento vocal. Contarei com a
participação da Fonoaudióloga Waldelice Pinho, que foi professora na
Universidade Federal de Campina Grande (PB) por vários anos.
No oitavo capítulo, “Idioma, Linguagem e Ruídos na Comunicação”,
trabalharei as questões de idioma, linguagem verbal, não verbal, cacofonia e
dificuldades na fala.
No nono capítulo, “Desenvolvendo a Oratória”, aprofundarei a prática e
também tratarei as questões que muito afligem aqueles que se destinam a
falar em público, como: gesticulação, olhar, postura, vestuário, como se
mover na plataforma, para que você possa fazer isso com segurança e êxito.
Entendendo que, para muitos, o microfone é um grande vilão, reservei um
capítulo inteiro para ele. Pretendo demonstrar a importância da familiarização
com esse instrumento de trabalho. Ele é um grande aliado, desde que
saibamos utilizá-lo de modo correto. Os tipos, as dicas, o que se deve ou não
fazer com o microfone você encontrará no décimo capítulo deste livro.
O décimo primeiro capítulo está reservado para tratar da utilização de
alguns recursos visuais no altar e nas mídias sociais, abordando questões
sobre slides e vídeos que, muitas vezes, são utilizados em meio a palestras ou
mensagens.
Por fim, no último capítulo, demonstrarei como se deve portar aquele que
vai realizar sermões para uma ocasião especial, oferecendo sugestões de
algumas práticas litúrgicas que poderão ser adotadas pelo ministro.
Ao ler esta obra, você perceberá que utilizarei analogias com o objetivo de
facilitar o estudo. Por exemplo, a postura do ministro na comunicação da
Palavra em paralelo à postura de um piloto de avião. Você entenderá que o
sermão tem etapas a serem seguidas e estas lembram mesmo um processo de
voo: no solo, a preparação do esboço; na decolagem, a introdução; na rota do
voo, o desenvolvimento; aterrissando, a conclusão.
Heber Figueiredo é um grande amigo meu. Odontólogo, professor,
missionário e piloto profissional de aeronave na Missão Asas de Socorro, no
norte do Brasil, que, por sinal, realiza uma linda obra de apoio aos
missionários que estão em tribos indígenas, evangelizando em regiões de
difícil acesso. Certo dia, conversando com ele sobre aviação, comecei a
perguntar algumas coisas referentes à área, pois já estava no meu coração
fazer o paralelo do voo com o ato de ministrar a Palavra. Ele fez três
observações fantásticas em relação ao voo, as quais você terá a oportunidade
de observar em destaque nos quadros “Olha o Avião”.
Portanto, aperte o cinto e se prepare! Espero que você desfrute experiências
marcantes nesta viagem. Esteja pronto para perceber e desenvolver o seu
chamado, não escondendo os seus talentos diante de Deus e dos homens.
CAPÍTULO 1

VAI MINISTRAR A PALAVRA?


TENHA UMA VIDA COM DEUS

E mbora quisesse analisar imediatamente o aspecto prático das técnicas e


das orientações para oratória, senti a necessidade de abordar neste
primeiro capítulo um grande alerta do Senhor para todo aquele que deseja
ministrar a Palavra, que é o de viver uma vida reta e condizente com aquilo
que está se propondo a fazer. Há muitos utilizando o talento que foi dado pelo
próprio Deus, sendo poderosos oradores com uma linha argumentativa
extremamente rebuscada; no entanto, quando analisamos sua vida,
percebemos que suas atitudes não condizem com o discurso.
Não podemos utilizar técnicas com o objetivo de manipular as pessoas.
Temos de, a cada dia, alinhar nosso propósito. Nossa construção deve ter por
base a sinceridade, a comunhão e a vida com Deus, para que você não venha
a ser considerado infiel diante do Senhor.

Porque convém que o bispo seja irrepreensível, como despenseiro da casa de


Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem
cobiçoso de torpe ganância; mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado,
justo, santo, temperante; retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina,
para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para
convencer os contradizentes. Porque há muitos desordenados, faladores, vãos e
enganadores, principalmente os da circuncisão, aos quais convém tapar a boca;
homens que transtornam casas inteiras ensinando o que não convém, por torpe
ganância. Um deles, seu próprio profeta, disse: “Os cretenses são sempre
mentirosos, bestas ruins, ventres preguiçosos”. Este testemunho é verdadeiro.
Portanto, repreende-os severamente, para que sejam sãos na fé. Não dando
ouvidos às fábulas judaicas, nem aos mandamentos de homens que se desviam da
verdade. Todas as coisas são puras para os puros, mas nada é puro para os
contaminados e infiéis; antes o seu entendimento e consciência estão
contaminados. Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras,
sendo abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda a boa obra.
— Tito 1:7-16; ACF; grifo nosso

Hoje, observamos um crescente número de cristãos em nossa nação e, com


esse crescimento, percebemos fome e sede de receber a Palavra e também de
ministrá-la.
A Bíblia nos mostra que não devemos ser apenas ouvintes da Palavra e sim
praticantes, para não estarmos enganando a nós mesmos, conforme Tiago
1:22. Quando a praticamos, passamos a desfrutar uma autoridade que já nos
foi dada, respaldada pela vida piedosa.

Quando Jesus acabou de dizer essas coisas, as multidões estavam maravilhadas


com o seu ensino, porque ele as ensinava como quem tem autoridade, e não como
os mestres da lei.
— Mateus 7:28-29; NVI

Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga, e muitos dos que o


ouviam ficavam admirados...
— Marcos 6:2; NVI

Jesus é o nosso maior exemplo. Nos textos citados, observamos que as


multidões estavam maravilhadas pela autoridade com que Jesus falava. Era
diferente dos doutores da lei, que falavam com base nos princípios legalistas,
porém não existia vida na mensagem.
A vida de quem está ministrando fala muito alto, pois não fomos chamados
para sermos aqueles que apenas desenvolvem discursos com base em
pensamentos humanos. Somos, de fato, canais que precisam estar
desobstruídos e livres para a atuação do poder restaurador que vem da parte
de Deus.
Existem necessidades específicas para cada audiência, e na tarefa de
comunicar a Palavra de Deus somos como garçons que servem às multidões,
porém quem determina a escolha dos pratos é o “Nutricionista Celestial”. E o
interessante é saber que cada um absorverá os nutrientes daquela mensagem
conforme a carência do seu “organismo”. A Palavra é semeada por um
instrumento, mas diversas mensagens são absorvidas pelos que a escutam.
Deus tratará com cada um de modo individual.
O fato de estarmos servindo às vidas requer de nós zelo na “preparação do
prato”, ou seja, temos de ter boa apresentação e técnica para servir bem às
pessoas. Todavia, isso não ocorre somente pela habilidade técnica ou didática
do mestre, mas também pelo tanto de experiências, preparo e vida que ele
tem com Deus e com a temática abordada.

POSICIONAMENTO DE INTEGRIDADE
A boa reputação vale mais que grandes riquezas; desfrutar de boa estima vale
mais que prata e ouro.
— Provérbios 22:1; NVI

Ser fiel e ter boa reputação é algo apreciado diante de Deus e dos homens.
A Bíblia vai ainda mais longe quando diz que devemos ser assim, tanto para
os de dentro, ou seja, para nossos irmãos em Cristo; como com os de fora,
com aqueles que não fazem parte da Igreja. Em Atos 6, observamos que os
colaboradores escolhidos para servirem às mesas necessitariam ter boa
reputação, serem cheios do espírito e de sabedoria. Todo serviço cristão
deve ser respaldado pela vida, e isso vai desde arrumar as cadeiras da igreja
até ser um pregador reconhecido internacionalmente.

Também deve ter boa reputação perante os de fora, para que não caia em
descrédito nem na cilada do Diabo.
— 1 Timóteo 3:7; NVI
Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo e
despenseiros dos mistérios de Deus.
— 1 Coríntios 4:1; ARA

Sei que existem situações nas quais teremos de ministrar a Palavra pela fé.
Muitas vezes, pessoas enfrentam grandes lutas, sendo desafiadas pelo Senhor
a ministrar acerca do tema no qual elas estão sendo mais confrontadas. Já vi
pessoas ministrando a respeito de prosperidade sem um centavo no bolso;
outras, enfrentando grandes lutas, sendo bombardeadas para desistir, mas
estavam ministrando sobre perseverança; outras, enfermas e, em ousadia no
espírito, ministraram cura para muitas vidas.
Entretanto, podemos notar que estava presente um posicionamento de
integridade na vida cristã. No meu entender, essa situação passa a ser
totalmente diferente quando a prática de vida do indivíduo é de avareza e ele
ministra a respeito de ofertar liberalmente; ou sobre alguém que anda em
pecado, falando acerca de santidade ou outro tema correlato. Dá para
perceber? Nos primeiros casos, as situações independiam da posição da
pessoa em Cristo; já no segundo caso, a posição desta estava afetada pela
prática leviana de vida.
Como seres humanos, estamos sujeitos a erros, mas a Palavra nos deixa
bem claro que aquele que nasceu de Deus não vive em pecado, conforme 1
João 5:18 (ARA). A Bíblia nos dá alertas grandiosos com respeito às
questões de pecado.
Gosto muito de 1 João, pois, desde o primeiro capítulo, ele trata sobre o
perdão no confessar do pecado; no capítulo 2, nos fala do nosso Advogado,
Jesus Cristo, o Justo, que está junto ao Pai nos incentivando a não pecar, mas
se deslizarmos na caminhada teremos disponível o perdão. Com sua
linguagem amorosa, João trata seriamente com aqueles que insistem em
permanecer no erro e aí é quando o amor vai se apresentar mais forte, pois
não podemos esquecer que o amor fala a verdade e que, de fato, ele é a
verdade. Atente para o texto a seguir.

Todo aquele que permanece nele não vive pecando; todo aquele que vive pecando
não o viu, nem o conheceu. Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém;
aquele que pratica a justiça é justo, assim como ele é justo. Aquele que pratica o
pecado procede do diabo, porque o diabo vive pecando desde o princípio. Para
isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo. Todo aquele
que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele
é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus.
Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não
pratica justiça não procede de Deus, nem aquele que não ama a seu irmão.
— 1 João 3:6-10; ARA

Fica aqui o alerta do Espírito de Deus para nós, ministros do Senhor, para
que não nos desviemos em tempo algum, conforme Hebreus 2:1 (ARA). Ore
e viva em santidade, consagre sua vida a Cristo e Ele usará você
sobrenaturalmente, pois não adianta ter um belo sermão sem unção; não
adianta ter uma boa voz sem conteúdo. Pense nisso!

E QUEM NÃO VIVE EM RETIDÃO?


O que podemos dizer nos casos de pessoas que não vivem em retidão e
ainda ministram a Palavra?
Primeiramente, necessitamos entender que o poder está na Palavra e que
quando a semente, que é a Palavra, alcança a boa terra, o poder da semente
entra em operação. Na parábola do semeador (Mateus 13:3-23) é dito que o
semeador saiu a semear. O semeador é o instrumento, o potencial da planta
está na semente. Dessa mesma maneira acontece com a Palavra de Deus. Ela
irá promover transformação e milagres quando lançada e encontra alguém
que crê e a recebe com bom e reto coração. Deus, na Sua misericórdia pelas
vidas que estão recebendo a Palavra, faz os milagres, produzindo os
resultados necessários.
Agora, não podemos nos esquecer da consequência drástica para esses que
estão vivendo uma vida leviana e se colocando na posição de ministrar. O
apóstolo Paulo, em 1 Coríntios 9:27, afirmou: “Antes subjugo o meu corpo, e
o reduzo à servidão para que, pregando a outros, eu mesmo não venha de
alguma maneira a ficar reprovado” (ACF).
Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos.
Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais
reprovados.
— 2 Coríntios 13:5; ARA

Não seja hipócrita! Ao contrário, queira, deseje ser, e, de fato, seja um


cristão autêntico, pois de outra forma você poderá até mesmo ter uma boa
técnica de oratória, uma boa preparação de sermão, mas terá a vida reprovada
diante de Deus.
Portanto, devemos produzir frutos dignos de arrependimento, conforme
Mateus 3:8 (ARA). Ao contrário do que muita gente pensa, o fruto não está
necessariamente relacionado aos resultados do seu ministério, no que diz
respeito a quantos milagres aconteceram, a quanto dinheiro arrecadou ou
quantas oportunidades teve. É nos bastidores da sua vida que o fruto real será
exposto e isso é o que fará a diferença diante de Deus.
Gosto muito de uma frase do pastor João Roberto, líder da Igreja Verbo da
Vida em Campina Grande (PB): “Deus suporta sua vida pública e
recompensa sua vida privada”. Assim, tenhamos muito cuidado e procuremos
sempre avaliar a nós mesmos.
Que possamos ser no altar, de fato, o que somos na vida. Não é da vontade
de Deus que você se perca e, por isso, Ele diz por intermédio do apóstolo
Paulo: “Examine sua vida, seus princípios e propósitos para que, depois de
ter ganhado a muitos, você mesmo não venha a ser contado com os
reprovados”.

Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo


assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes.
— 1 Timóteo 4:16; ARA

Não quero com estas palavras trazer condenação para a sua vida e a de
quem quer que seja. Na verdade, quero que estas palavras sejam um incentivo
para uma autorreflexão e, assim, ser uma bênção, de fato, para muitos,
principalmente para você. É bom deixar claro que essa reprovação não está
relacionada unicamente com Deus, mas muitas vezes vai se estender para os
homens também. É muito triste ouvir: “aquele homem é excelente no
discurso, mas um zero à esquerda na vida. Eu quero é distância”.
Misericórdia! Uma situação como essa é uma vergonha para o Evangelho,
por isso tenha cuidado para não ser motivo de escândalo.

Disse Jesus as seus discípulos: “É inevitável que venham escândalos, mas ai do


homem pelo qual eles vêm!”.
— Lucas 17:1; ARA

Sem desmerecer os conceitos e as técnicas que trataremos nos capítulos


seguintes, gostaria de concluir com a frase de um grande amigo, o pastor
Edimilson Nunes, do Rio de Janeiro, que sintetiza bem o que foi tratado até
aqui: “Meu Deus, como me impressiona a exegese do bom caráter, a
hermenêutica do exemplo, a homilética do temor e a oratória da integridade!
Como fico perplexo com as pregações ministradas sem palavras!”.
CAPÍTULO 2

ENTENDENDO PARA DECOLAR

D epois dos alertas que tratam da vida do ministro, poderemos trabalhar


conceitos, dicas e técnicas da preparação do sermão e de sua exposição
para o auditório. A homilética e a oratória são complementos que nos
ajudarão a melhor desenvolver as mensagens. Não adianta termos um belo
sermão se ele não produzir transformação; não falamos de mentes para
mentes, mas tratamos de coração para coração. A Palavra é poderosa para
dividir alma e espírito, juntas e medulas, conforme está escrito em Hebreus
4:12. E, para isso, a preparação de um ministro sobrevém, não somente pelos
temas e textos escolhidos, mas também por uma vida de oração e dedicação
em procurar compreender qual é a vontade do Senhor para determinado
momento.
Por mais que um ministro apresente um tema que se repete em lugares
diferentes, ele precisa estar consciente de que as pessoas não são as mesmas,
por isso tem de estar aberto às direções de Deus para tocar, de fato, naquilo
que é necessário para aquele momento. Desde 2005, ministro uma disciplina
chamada História da Igreja em uma maravilhosa instituição de ensino da
Palavra denominada Centro de Treinamento Bíblico Rhema Brasil. Tenho
formação acadêmica na área desde 2001, sei todos os tópicos e as abordagens
que a matéria necessita, porém, tenho muito claro em meu coração que
preciso seguir as direções de Deus para cada momento, não deixando de
ensinar o que está proposto, mas também atendendo às necessidades da
pessoa.
Deus não está olhando apenas a multidão, Ele quer que toquemos as vidas.
Conheço vários ministros itinerantes que estão no campo, ministrando em
diversas igrejas e escolas, e com alguns deles Deus trata com temas por
temporadas; uma mensagem arde no coração e eles pregam, mas sempre têm
ou devem ter um toque único para cada ocasião.
Em palestras e cursos de preparação de sermão e oratória que ministro,
geralmente procuro conceituar bases importantes que ajudam os ministros a
trabalharem nessa construção. Entender os conceitos de exegese,
hermenêutica, homilética e oratória nos ajudará a explorar os recursos,
trazendo para nós melhores resultados. Atentem para os conceitos práticos,
pois eles serão facilitadores para a compreensão do que está envolvido na
construção da mensagem.

ALGUNS CONCEITOS PRÁTICOS


O trabalho exegético passa pela observação e pela análise dos detalhes do
texto, pelo estudo da palavra em si.
Todo texto é composto por palavras e, se atentarmos bem, cada uma delas
tem seu sentido real, seu significado e seu significante (significado: conceito;
significante: forma gráfica + som).
A hermenêutica é a busca da adequada interpretação do texto como um
todo e sua correta contextualização. Isso nos leva a entender quem escreveu o
texto, para quem foi escrito, em que momento e com que objetivo ele foi
feito.
A homilética vai sistematizar toda a pesquisa para formar o sermão, com
ilustrações, aplicação e desafios, organizando as ideias e preparando o
sermão.
A oratória é o método de discurso; a arte de como falar em público. O
conjunto de regras e técnicas que permitem aprimorar as qualidades pessoais
de quem se destina a falar em público.
A eloquência não é apenas a arte de falar bem e com facilidade, mas
também comunicar com vida, ousadia e graça. É a capacidade de persuadir
por meio da palavra, é ter elegância e autoridade no falar. A Bíblia faz
menção de um homem que era um instrumento nas mãos do Senhor, pois ele
era eloquente e poderoso nas Escrituras. Naquilo que ele conhecia, devotava
a sua vida e estava aberto a aprender mais.

E chegou a Éfeso certo judeu chamado Apolo, natural de Alexandria, homem


eloquente e poderoso nas Escrituras. Este era instruído no caminho do Senhor e,
fervoroso de espírito, falava e ensinava diligentemente as coisas do Senhor,
conhecendo somente o batismo de João.
— Atos 18:24-25; ACF

Estudando um pouco a vida de Smith Wigglesworth, um poderoso ministro


do Evangelho, pude perceber que ele teve um início parecido com o de
muitos de nós, pois não conseguia falar em público e não era um excelente
orador. Às vezes, diante de oportunidades de falar em público, ele se
desconcertava e não conseguia desenvolver sua mensagem e, por
conseguinte, deixava seus ouvintes perdidos no entendimento. Ele reconhecia
que não conseguia na própria força, mas quando recebeu o revestimento de
poder do Espírito Santo, foi transformado e a ousadia necessária para falar e
se mover em público começou a operar em sua vida, a ponto de sua esposa e
outras pessoas que o conheciam ficarem surpreendidas. Rapidamente, um
simples trabalhador sem instrução foi transformado em um pregador de fé
impressionante e milagres extraordinários passaram a operar em seu
ministério.

Ao mesmo tempo, orem também por nós, para que Deus abra uma porta para a
nossa mensagem, a fim de que possamos proclamar o mistério de Cristo, pelo
qual estou preso. Orem para que eu possa manifestá-lo abertamente, como me
cumpre fazê-lo.
— Colossenses 4:3-4; NVI

Por isso, podemos contar com a ajuda do Espírito Santo para sermos
eloquentes e ousados no nosso falar. Nosso sermão, que é o discurso cristão,
pode ser diferente, ungido e intrépido em Deus. Lembrando que ser ungido e
inspirado não quer dizer sem preparação; e ser ousado não é sinônimo de
ministrar aos gritos. Jesus usava Sua autoridade com a palavra, e a Bíblia diz
que, apenas com ela, Ele expulsava demônios e curava enfermos.
Chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e ele meramente com a
palavra expeliu os espíritos e curou todos os que estavam doentes.
— Mateus 8:16; ARA

Quero incentivar você, querido leitor, a desenvolver comunhão com o


Espírito Santo. Ele é o nosso ajudador, o nosso amigo, e é no Seu poder que
podemos nos mover. Nunca esqueça: “...Cristo em vós [é], a esperança da
glória”, conforme está escrito em Colossenses 1:27 (ARA; grifo nosso).
Experimentei essa transformação ao longo dos anos e digo a você: é possível
sim! Não foi só com Smith Wigglesworth, nem somente comigo, que não
conseguia falar em público, mas também está disponível para você, e espero
de coração poder ajudá-lo(a), no decorrer desta obra.

ILUSTRANDO OS CONCEITOS PRÁTICOS


Entendo que os conceitos descritos nos itens anteriores são, muitas vezes,
difíceis de memorizar e por isso farei uma analogia, com o objetivo de
facilitar o entendimento. A comparação que podemos fazer se baseia na
composição biológica do organismo humano. Vejamos: o conjunto de células
forma o tecido, o conjunto de tecidos forma os órgãos, o conjunto de órgãos
forma o sistema e o conjunto de sistemas forma o organismo.
A exegese busca trabalhar os detalhes, por isso relacionamos com as
células. A hermenêutica, que trabalha a interpretação, é relacionada ao tecido;
e a contextualização, aos órgãos. O conjunto dos órgãos irá formar os
sistemas e é aí que se encaixa a homilética. A oratória é o discurso, é o que
vai aparecer, de fato, ao público, com relação ao organismo, nesse caso, o
corpo humano formado. A eloquência, portanto, é a beleza, a elegância ao
falar em público, e o último relacionamos ao homem vestido.
CAPÍTULO 3

INSPIRADOS E PREPARADOS
PARA COMUNICAR

Se não estivermos mergulhados na presença de Deus, não existirá inspiração


plena em nossa mensagem.
Reverendo Manoel Dias

O ração, consagração, leitura, estudo, pesquisa, meditação e prática da


Palavra devem fazer parte da vida do ministro. Quando tratamos desse
assunto, algumas pessoas chegam a dizer: “Eu não me preparo para ministrar,
prefiro ministrar por inspiração”, dando a conotação de que quem ministra
por inspiração não necessita estar preparado. Esse é um sofisma, um
pensamento errôneo, pois ministrar por inspiração quer dizer que você deve
estar cheio da Palavra, preparado para que Deus possa usá-lo de uma maneira
sobrenatural, e isso é uma bênção. Esteja cheio da Palavra e do Espírito e o
que irá sair no altar será uma mensagem inspirada, cheia de graça,
conhecimento e poder!
De maneira alguma a prévia da preparação dos sermões deve sobrepor-se às
inspirações que o Senhor pode trazer no púlpito. Inúmeras vezes subi ao altar
e a mensagem foi totalmente diferente daquilo que havia preparado em meu
esboço. De fato, Deus quer que estejamos completamente entregues à Sua
direção, para isso é necessário crer que Ele irá nos usar. E é possível que,
mesmo seguindo o roteiro da mensagem, possam vir inclinações específicas
para determinadas pessoas e o ministro comece com o que alguns chamam de
“fazer rodeios” ou “abrir parênteses”, que seria uma direção específica na
qual ele muda a abordagem para tocar em outras áreas e depois retorna,
dando continuidade ao tema inicialmente tratado, voltando ao roteiro ou
fechando os parênteses.
Construa a mensagem no coração e, caso queira, transfira posteriormente o
sermão para o papel ou para notas digitalizadas. Deus não quer que sejamos
ministros de sermões “enlatados”, comprados no “supermercado da internet”.
Não que seja errado realizarmos pesquisas em livros, revistas, notas de
rodapé de Bíblias de anotação e até mesmo em buscas na internet. Mas
precisamos ter bem claro no coração que a mensagem deve nascer no
espírito, seguindo o fluxo do Espírito Santo para a sua composição; por isso,
estar sensível a Ele é fundamental. Às vezes, um acontecimento, uma frase,
uma palavra dita ou ouvida pode ser a base de uma poderosa mensagem que
irá abençoar muito o corpo de Cristo.
Trabalhar os conteúdos bíblicos e contextualizá-los é importante, sem se
esquecer de organizar as ideias que serão apresentadas. Se um pregador está
desorientado em relação ao sermão, se não segue uma ordem crescente e
elucidativa, imagine o estado dos ouvintes. Às vezes, o ministro, na intenção
de falar bonito, começa a complicar e querer fazer uma abordagem mais
enfeitada, e o receptor da mensagem — o ouvinte — não consegue
compreendê-la. Precisamos, portanto, tomar por base o conceito simples de
comunicação, que é de clareza na transmissão e recepção de mensagens por
meio de determinada linguagem; como também, expressar-se se fazendo
entender e sendo pronto também para ouvir.

LEITURA E COMUNICAÇÃO INSPIRADA


Vivemos o mundo do imediatismo, da sobrecarga de atividades; vivemos
em um ritmo de trabalho tão corrido, nos envolvemos com departamentos,
visitas, ações gerais das nossas igrejas que, algumas vezes, nos esquecemos
da nossa leitura diária da Bíblia. Muitos de nós não fomos educados a gostar
de ler. A maioria só passou a ler alguma coisa depois que iniciou no
Evangelho e ainda, depois de algum tempo, diminui seu ritmo de leitura por
causa das tarefas.
Não podemos ler apenas para ministrar. Necessitamos verdadeiramente ler
para nos alimentar, pois antes de sermos ministros aos outros carecemos
também sermos para nós mesmos. Esteja cheio da Palavra, escute mensagens,
procure desenvolver o hábito devocional de ler e de orar em línguas,
conforme 1 Coríntios 14:18 (ARA) e Efésios 5:18-19 (ARA). O bom
depósito precisa estar cheio e isso nos ajudará a fluir por inspiração quando
estivermos no altar.

Habite ricamente em vocês a palavra de Cristo; ensinem e aconselhem-se uns aos


outros com toda a sabedoria, e cantem salmos, hinos e cânticos espirituais com
gratidão a Deus em seus corações.
— Colossenses 3:16; NVI

Podemos observar, na Bíblia, o próprio Cristo falando aos discípulos acerca


do Consolador, o Espírito Santo que nos faz lembrar o que o próprio Jesus
disse. Em nossos dias, de que maneira temos acesso às palavras de Jesus?
Claro que é pela Palavra de Deus. Então entenda, querido leitor: o Espírito
Santo vai lembrar-nos daquilo que ouvimos e lemos das palavras de Jesus. O
Espírito Santo nos inspira a lembrar do que temos por dentro.

Isto vos tenho dito, estando ainda convosco; mas o Consolador, o Espírito Santo,
a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará
lembrar de tudo que vos tenho dito.
— João 14:25-26; ARA

Temos o costume de ler em voz baixa, a chamada leitura interior, mas para
nós, que falamos em público, que necessitamos, muitas vezes, de ler textos
em nossas mensagens, praticar a leitura em voz alta irá ajudar e muito no
desenvolvimento das articulações da face. Você perceberá o grau de
dificuldade que terá em sua pronúncia e isso servirá para desinibi-lo diante de
textos grandes e complicados.
O hábito de ler é fundamental para aperfeiçoar aspectos de interpretação
textual: aumenta a nossa visão no que diz respeito à gramática, fortalece a
linha de raciocínio, argumentação e ampliação do universo cultural, e nos
apoia no desenvolvimento da fala e até mesmo da escrita.
Você já viu alguém que, enquanto discursa, fica buscando palavras, como
se estivesse procurando encontrá-las no ar, e nessa busca faz uso de
expressões como “aaaam”, “éééé”? Certamente já deve ter visto ou feito isso
alguma vez. Muitas vezes, isso acontece com pessoas que estão com seu
universo gramatical reduzido; as palavras não fluem naturalmente, pois lhes
falta o hábito de ler. Entendo que pode haver casos semelhantes que possam
não estar relacionados à falta de leitura, e sim ao nervosismo ou outros
fatores, mas, em muitos deles é, de fato, a deficiência na leitura.
Quanto àqueles que têm dificuldade em realizar a leitura em voz alta diante
das pessoas, quero transmitir orientações para uma melhor leitura pública:

1.Compreensão: quando você compreende claramente todas as palavras


contidas no texto e sabe o que o autor está querendo comunicar, sua
leitura passa a transmitir mais segurança. Ao pegar o texto, leia-o
inicialmente para entender o que está transmitindo e trabalhe sempre
com um dicionário. Caso não entenda o significado de alguma palavra,
utilize-o.
2.Pontuação: seguir os sinais de pontuação é de suma importância na
leitura. Às vezes, uma vírgula que não é respeitada pode mudar
completamente o sentido de uma frase. Os meios de comunicação, em
muitos momentos, utilizam travessões para que o texto fique mais
visível. Eles também servirão para que o leitor perceba e trabalhe
melhor sua respiração ao ler.
3.Modulação: destacar palavras, dar ênfase em alguns trechos da leitura
e trabalhar o volume e a intensidade da voz deixarão sua leitura mais
envolvente. A dica é grifar palavras ou dados principais que precisam
ser enfatizados.
4.Leitura livre: o grande desafio para quem lê publicamente é não
parecer aos ouvintes que se está lendo, de forma que o texto passa a ter
sabor de improvisação. Você acredita que o apresentador de um
telejornal, famoso como “âncora” no jargão profissional, decora
diariamente todas as falas? Ou que a maioria das falas do radialista é
decorada? No caso da televisão, é utilizado um equipamento chamado
teleprompter acoplado às câmeras, que exibe o texto a ser lido pelo
apresentador; no caso dos locutores, muitas vezes eles também leem os
textos. Mas por que não parece que estão lendo? Isso acontece pelo fato
de eles terem o domínio do texto, trabalhando a sequência, a pontuação,
as inflexões da fala e até acrescentando termos simples, mas que dão
uma ideia de pessoalidade.

Exemplo:
Texto base: O trânsito está caótico na avenida Agamenon Magalhães.
Texto com leitura livre: O trânsito... aiaiai... está ca-ó-tico na avenida Agamenon
Magalhães.
É verdade que não é preciso fazer isso a cada linha, como também não se trata de
inventar ou mudar o sentido do que está escrito. Porém, com pequenos
acréscimos, você conseguirá dar mais leveza a sua leitura.

Se for ler o discurso, prepare-o pensando na oralidade, pois a palavra


escrita é comumente diferente da palavra falada. Muitas vezes é interessante,
no caso de nomes complicados, que você escreva como se pronuncia para
justamente facilitar a leitura. E também repita a leitura em voz alta por
algumas vezes, principalmente diante de palavras difíceis de pronunciar.
CAPÍTULO 4

O SERMÃO — PREPARE-SE
PARA VOAR

NÃO QUEIME A DECOLAGEM


Osermão necessita ter início, meio e fim. Aquele que estará transmitindo a
men`sagem deverá ter bem claro cada uma dessas partes.
Um ministrante, quando recebe o microfone para pregar, é como um piloto
que assume o comando de uma aeronave, que já obteve a autorização para
decolar, e quando vem a autorização da torre, toda a estrutura deverá estar
aquecida e com a aeronave abastecida. Imagine um comandante dizendo:
“Atenção, passageiros! Recebemos a autorização para decolar, mas eu estou
nervoso”, ou “não tive tempo de me preparar, pois soube há pouco que iria
ter de estar aqui”, ou ainda “recebi o plano de voo, contudo não sei bem
como chegar ao destino, na verdade nem sei onde vamos chegar, mas que
vamos chegar a algum lugar nós vamos”, ou “é bom que vocês já se
preparem, pois não sei bem como irei aterrissar, não sou muito bom nisso”.
Isso é apenas uma ilustração de como muitos sobem às plataformas:
demonstram total despreparo quanto à postura e ao discurso; já se perdem nas
primeiras palavras, então perdem o auditório.
Muitas vezes vi pessoas, no início do sermão, pedindo desculpas pelo fato
de estarem despreparadas ou pedindo que as pessoas relevem os erros porque
estão nervosas. ESTE TIPO DE COMENTÁRIO NÃO É ADEQUADO A UM PALESTRANTE!
Antes de iniciar, é bom que quem lhe passar a palavra, o apresente, citando
o seu nome e as suas referências/títulos/posições na organização. Caso esteja
em um lugar onde as pessoas não o conhecem, e não foi devidamente
apresentado por outrem, dependendo da ocasião, você pode fazer uma breve
apresentação, com muito cuidado, para não parecer que está se exaltando. As
pessoas têm necessidade de conhecer e ter noção de quem está falando. O
nível de confiabilidade aumenta muito quando elas passam a saber, por
exemplo, que o ministro atua em uma área reconhecida por pessoas,
organizações e/ou ministério(s), e que possui alguma formação, quando se
tratar de assuntos específicos. Mas não esqueça: não se exalte com os seus
títulos! Suba à plataforma com coração humilde, permaneça todo o tempo
assim e Deus exaltará você e o nome dele será glorificado em sua vida.

Que outros façam elogios a você, não a sua própria boca; outras pessoas, não os
seus próprios lábios.
— Provérbios 27:2; NVI
Quando as pessoas percebem um clima de arrogância, soberba e
despreparo, tendem a se fechar àquele orador.

CUIDADOS PARA UMA BOA INTRODUÇÃO


Nossa introdução deve ser bem preparada e transmitida com muito respeito
e graça para não perdermos a atenção das pessoas nos primeiros minutos.
Assim:

• Cumprimente a plateia com uma saudação adequada à ocasião.


• Não critique as pessoas, pois não fomos chamados para isso. Fomos
chamados para ministrar a Palavra. Púlpito não é lugar para desabafo.
Conversando com um amigo, ele me relatou que, há mais de dez anos,
guardava uma chateação contra um palestrante, pois ele, logo ao subir ao
altar, se dirigiu de forma agressiva e mal-educada aos integrantes do coral
que tinha acabado de se apresentar. Não foi apenas a mensagem que ficou
comprometida, mas corações foram machucados pelas afirmações
infelizes de um pregador.
• Desperte o interesse dos ouvintes tendo sempre cautela para não se
estender demais. Já ouvi ministros, depois de trinta minutos de
mensagem, dizendo: “agora que estou terminando a introdução”. Por
melhor que seja a mensagem, as pessoas passam logo a pensar: “Se isso
tudo é a introdução, que horas vamos sair daqui?”. Até entendo que, às
vezes, isso não passa de uma brincadeira no altar para quebrar um pouco
do gelo, ou pela própria empolgação do ministrante, mas devemos ter
cuidado para não gerar essa reação nos ouvintes. Nos casos de querer
quebrar o gelo, deixe claro, logo na sequência, que é uma brincadeira.
• Procure ser direto na introdução, entre no assunto com a segurança de
quem estudou e sabe o que irá falar.
• Apresente o tema deixando bem claro aos ouvintes a proposta da
mensagem. Existem algumas ocasiões em que o orador pode trabalhar, na
introdução, uma base geral; pode também ir deixando que os ouvintes
percebam o tema ao longo da mensagem, porém nunca deve ir para uma
mensagem sem ter o tema. Todo sermão deve ter um propósito. Visualize
antes e tenha um roteiro preparado. É na introdução que você indicará
para as pessoas o assunto abordado e os principais pontos. Porém, faça
isso de maneira tranquila, sem muita formalidade.
• Lance os fundamentos adequados para que o corpo da mensagem possa
ser construído.
• Você pode iniciar com perguntas para os ouvintes, mas não esqueça que
as perguntas devem ser posteriormente elucidadas. Esteja preparado para
neutralizar ideias contrárias com refutações abalizadas.
• Você pode, também, começar com uma ilustração, um relato interessante,
uma frase de impacto, porém sempre ligada ao tema do sermão.
• É muito interessante que as pessoas possam perceber que o que elas vão
ouvir poderá ser aplicado de um modo prático em suas vidas, mesmo que
se trate de temas extremamente complicados e distantes.
• Não fique de cabeça baixa, olhe as pessoas nos olhos.
• Não se preocupe com o que as pessoas podem estar pensando, nem tenha
medo de pessoas que podem estar aparentemente resistentes. Em relação
a isso, quero dar uma dica para quem está iniciando: olhe para quem está
receptivo ou desejoso em ouvir você, e evite quem está sisudo.
• Não fale das suas falhas na mensagem. Você pode perder completamente
a estima do auditório. Exceto que tenha sido algo que aconteceu há
muitos anos, antes de sua conversão, por exemplo. Imagine alguém
confessar que ainda há pouco tempo batia na esposa, já depois de
convertido. Mesmo que tenha deixado, mesmo que tenha se arrependido,
mesmo que ela o tenha perdoado, a imagem vai ficar e o questionamento
poderá vir e, certamente, as pessoas não receberão a mensagem do modo
como deveriam. Aí vai um alerta: se você está vivendo uma vida de
pecado, confesse a Deus, se arrependa e procure expor ao seu pastor ou
autoridade, urgentemente.
• Nunca diga que não está preparado ou que foi surpreendido. Muitas vezes
o pregador perde o coração dos ouvintes, já de início, porque vai procurar
justificar uma coisa que não necessita. Por exemplo: “Só soube há pouco
que iria ministrar, por isso fiquem em oração”, ou “o pastor só me avisou
agora, porque o irmão da escala não pôde vir”.
• Aquele que se destina a falar em público necessita ter a consciência de
que deve subir ao altar bem aquecido espiritual e fisicamente.
• Quem fala ao público tem percepção maior que a própria plateia, por isso
não se estresse por causa da sua oratória. Não precisa dizer que está
nervoso(a), mesmo que esteja. Já vi várias pessoas dizendo no altar que
estavam nervosas e ninguém estava percebendo.
• Os primeiros minutos em uma ministração são vitais para o restante da
mensagem. E aí vai uma observação para as equipes de trabalho que
servem nos cultos (diáconos, fotógrafos, cinegrafistas): evitem se
locomover, principalmente nos dez primeiros minutos da mensagem, pois
a atenção dos ouvintes precisa ser cativada, como também ser despertado
o interesse pela ministração. Sem falar que também é o tempo de
adaptação do próprio ministro.
• Concentre-se nas ideias, tenha claro em seu coração o que você quer
transmitir para os seus ouvintes. Muitos, por estarem nervosos, começam
falando rápido, dando a impressão de que não estão à vontade naquela
condição, e não é isso que devemos passar para as pessoas. Porém, esse
“estar à vontade” deve ser dentro de padrões.
• Já estive em cerimônias de formatura em que os convidados já ficavam
perceptivelmente impacientes, não pelo discurso em si, mas pela
quantidade de folhas que o paraninfo tinha consigo e ainda mais pelas
falas de improviso que fazia. Quanto mais ele falava, mais folhas iam
aparecendo e mais ainda estavam por vir. Isso pode afligir a audiência.
• Por mais que você seja uma pessoa de perfil sério, é interessante começar
a trabalhar o sorriso na sua apresentação. Um sorriso nos lábios transmite
segurança e aproxima a audiência. Deve-se observar, também, a ocasião.
Por exemplo: em um enterro, não podemos ficar rindo durante a
cerimônia, pois aquela situação requer uma postura bem específica, a qual
veremos mais adiante.
• Não precisa “correr”.
• Fale de modo descontraído com os ouvintes, evitando formalismos. As
pessoas se identificam cada vez mais com mensagens sem tanta
formalidade. Não quero com isso dizer que devemos ser levianos na
nossa comunicação, ao contrário, devemos respeitar os outros e, acima de
tudo, temer ao Senhor. Devemos, sim, estar atentos ao que a ocasião nos
pede. Portanto, quando se trata de comunicação no altar, equilíbrio é
sempre importante.

DESENVOLVIMENTO E TIPOS DE SERMÃO


Estabeleça a Rota do Voo
O corpo da mensagem deve ser progressivo e elucidativo. Para que isso
aconteça, você deve organizar previamente ideias, textos e argumentos,
procurando trabalhá-los em uma ordem coerente. Você nunca deve deixar os
ouvintes na dúvida. Se dentro daquele tema escolhido algo não está claro para
você, não toque publicamente no assunto, pois, nesse caso, você poderá trazer
muitos conflitos e danos para a vida das pessoas.
Precisamos entender que somos uma voz para a vida das pessoas, trazendo
luz, e não confusão à mente e ao coração. A analogia do avião é adequada ao
sermão, porque existe um grande dispêndio de forças e, por conseguinte, de
combustível na decolagem e é por isso que a sua introdução deve ser
brilhante. Quando o avião pega altitude, o que o piloto deve fazer é seguir a
rota, tendo cuidado com cada detalhe que determina a carta de navegação.
Agora você tem o desenvolvimento da mensagem.
Em alguns momentos, você deverá aumentar ou baixar a altitude, conforme
o trajeto determina. O ministro deve ser guiado por dentro, pelos
instrumentos que estão ativos na “cabina do piloto”. Precisamos estar atentos
a coisas que podem acontecer ao longo da mensagem. Por exemplo: algumas
vezes tive direção de parar o que estava ministrando e perguntar se alguém
estava com uma forte dor de cabeça, e em todas as ocasiões havia pessoas
que estavam naquela situação e foram curadas na hora da mensagem, graças a
Deus. A partir daí, pude continuar normalmente do ponto em que tinha
parado. Aquelas vidas não estavam conseguindo absorver a Palavra na
plenitude. Ser guiado pelo Espírito abençoará muitas vidas!

Tema e título: Identifique o Assunto Principal


Descobrir o pensamento central da mensagem, o que o Senhor quer abordar
para determinada ocasião, é uma das mais importantes etapas na preparação
do esboço. É o ponto de partida da mensagem. É por meio do assunto
principal que se dará a escolha de textos, ilustrações, aplicações e desafios.
Alguns ministros entendem que o tema já é o título da mensagem, outros
trabalham de modo separado, entendendo o tema como o assunto principal
geral e o título como uma frase de impacto que transmitirá a ideia central do
que será tratado. Outros chamam o tema de tese e ainda existem aqueles que
são bem flexíveis, estabelecendo em alguns sermões tema e título e em outros
sermões só o tema.
Vale ressaltar que não se pode ter sermão sem assunto principal, ou seja,
sem o tema, e este pode ser citado claramente durante a mensagem.
Apresentar o tema da mensagem pode gerar mais interesse, mas é importante
saber que você não é obrigado a fazer uma citação formal.
Devemos fazer o máximo para explorar o tema de modo claro, direto e
seguro. Para isso, a preparação do corpo do sermão é fundamental. De fato,
se tenho tudo isso de modo organizado dentro de mim, certamente na hora de
transmitir será muito mais fácil e os resultados serão surpreendentes.

Cuidado na Escolha dos Textos


Devemos ter muito cuidado com a escolha dos textos, principalmente se
não tivermos o conhecimento e o método para elucidar determinadas
questões.
Textos longos cansam os ouvintes. Diante da necessidade real de abordar
um texto longo, a sugestão é destacar versículos que realmente sejam
importantes para o sermão, e o restante você mesmo pode contar, sem que
necessariamente tenha de ler, para que o seu ouvinte não se canse com
leituras exaustivas.
Quanto à utilização, o ministro necessita, antes de tudo, entendê-lo, bem
como, o seu contexto. Deve também ter claro dentro de si o modo como irá
transmiti-lo.
Fomos chamados para facilitar, e não complicar a vida dos nossos ouvintes!
Se você percebe a real necessidade de ministrar um texto ou tema difícil,
converse com alguém. Utilize os argumentos e transmita o que você deseja,
para que a partir daí você possa avaliar se o que vai explicar não complicará o
entendimento das pessoas. Caso não consiga e fique confuso, não aborde o
tema em público até que tenha segurança.
Não se deve tocar em temas polêmicos ou de difícil entendimento se faltar
pouco tempo para terminar o sermão. Para que você possa desenvolver uma
linha de argumentação, faz-se necessário ter tempo hábil para avançar em um
campo seguro, neutralizando os argumentos contrários com sua explanação.

Fidelidade no Contexto
Alguns pregadores erram em utilizar mensagens fora do contexto, o que é
extremamente perigoso, dando margem a erros doutrinários graves. Por isso,
deve-se atentar para a exegese e hermenêutica textual, trabalhando a palavra,
a interpretação e a conjuntura.
Em outros casos, tomam um texto como referência e depois o esquecem ao
longo da preleção, o que pode deixar os ouvintes com aquela sensação de que
ficou faltando algo na abordagem, pelo fato de não ter sido explorado o texto
citado.

Unidade no Conteúdo
Devemos lembrar que a mensagem também deve conter uma unidade de
conteúdo. A ministração não pode ser uma colcha de retalhos, cheia de
buracos. Isso, às vezes, acontece com pessoas que não sabem organizar as
ideias, pessoas que até em uma conversa informal têm dificuldade de manter-
se em uma mesma linha de raciocínio. Por isso, aconselho a procurar
organizar sobretudo os pensamentos. Isso lhe ajudará muito!
É claro que, em alguns momentos, iniciamos com um assunto e, por direção
específica, adentramos em outros, mas, mesmo nesses casos, não podemos
transmitir uma mensagem desunida, sem conexões corretas, para que o
público não saia com a sensação de que ouviu muito, mas não sabe ao certo o
objetivo daquele sermão.

Aplicação e Desafio
Um dos pontos mais importantes do sermão é a aplicação prática daquela
mensagem para a vida dos ouvintes. Normalmente, quando o conhecimento
não tem relação com a vida, não consegue despertar interesse.
O ouvinte deve ser incentivado a colocar em prática o que aprendeu, a
mudar hábitos, posturas, atitudes e valores. O ministro poderá desafiá-los, por
exemplo, a se arrependerem e confessarem a Cristo como Senhor; o casal
pode ser desafiado a melhorar a qualidade do tempo que eles passam juntos;
além de outros convites específicos, lembrando que devem sempre estar
relacionados ao tema. O desafio pode compor a conclusão do sermão.

TIPOS DE SERMÃO
Muitas pessoas ministram e preparam suas mensagens seguindo uma
inspiração, e por vezes nem sabem que existe uma classificação para os tipos
de sermão. Podemos definir a classificação da mensagem pelo assunto e/ou
pelo método de preparação do esboço.

Assuntos e Ocasiões Especiais


Vejamos alguns exemplos de tipos de sermão com base no assunto:

Doutrinário
É aquele que expõe uma doutrina, ou seja, o conjunto de princípios que
servem de amparo e norteiam o cristianismo, as crenças, os valores e as
práticas. É certo que o termo doutrina pode ser observado em diversos
aspectos, adentrando até o ponto de vista jurídico, mas no caso da nossa
observância, um sermão doutrinário vai tratar de bases e práticas de uma vida
cristã! Nesse ponto, gostaria de dar uma orientação importante àqueles que
não são pastores presidentes/titulares/dirigentes: muito cuidado com esse tipo
de sermão, pois, na maioria das vezes, estabelece regras que normalmente
devem partir do governo da igreja local.
Já presenciei e também ouvi muitas situações nas quais o ministro
convidado chegou a repreender um grupo atuante no ministério de socorro da
igreja pela execução de uma música que, do seu ponto de vista, estava fora
dos princípios em que acreditava. Isso gerou um mal-estar imenso, não só na
equipe, mas também em toda a igreja. De fato, não podemos estabelecer
regras do que pode ou não pode quando estamos na “casa alheia”, a não ser
que seja combinado previamente com aquele que o convidou, ou que uma
determinada posição seja explicitada pela própria liderança.

Histórico
Narra uma história que pode ser encontrada na Bíblia, mas também pode
ser um fato, um acontecimento histórico que comporá as bases para o sermão.
Exemplo: a história do povo hebreu pode ser encontrada claramente na Bíblia
e pode ser desenvolvida em um sermão. Como também poderíamos escolher
a história do avivamento da rua Azusa e trabalhar o mover do Espírito Santo
no século 21, com textos que tratam da Sua ação no Novo Testamento e
inserindo alguns relatos da operação do Espírito Santo nos dias atuais.

Biográfico
Está fundado na vida de um personagem bíblico, extraindo as principais
lições da história daquele homem ou mulher que estamos nos propondo a
apresentar. Exemplo: “A vida e os desafios do jovem Davi”. Esse tipo de
abordagem nos permite fazer não apenas a exposição dos fatos marcantes da
vida da personagem, mas é interessante para também fazermos o paralelo
com os nossos dias. Nesse caso, poderíamos fazer a relação com os desafios
para os jovens de hoje e ainda trabalhar perguntas do tipo: Será que os
desafios vividos pelo jovem Davi são os mesmos de hoje? Como vencer os
desafios do século 21 com os princípios praticados por ele?

Evangelístico
Adequado em ambientes em que existem pessoas que necessitam confessar
Jesus como Senhor e Salvador, conforme Romanos 10:9-10 (ARA). É muito
utilizado em eventos de impacto como “cultos-relâmpago”, concentrações de
fé, cruzadas evangelísticas, etc.

Ocasional
É aquela ministração destinada a ocasiões especiais. Já vi muitos ministros
que, diante de um convite para celebrar casamento, enterro, aniversário ou
batismo ficaram preocupados, pois não sabiam como agir nessas situações.
Como fazer uma cerimônia? Que mensagem trazer? Como me portar diante
das pessoas nessas ocasiões especiais? Aprofundarei a abordagem sobre
diversas cerimônias no último capítulo do livro Orientações e Sugestões para
Cerimônias — Ocasiões Especiais.

Apologético
Tem a finalidade de fazer valer a defesa da fé por meio de linhas de
argumentação bem estabelecidas, muitas vezes tomando por base evidências
e, em alguns casos, até mesmo de ordem natural, com o objetivo de sustentar
as bases da prática cristã diante de argumentos contrários. Assim, o sermão
apologético deve se propor a demonstrar a verdade da própria doutrina,
defendendo-a de tudo que se opõe à verdade. O orador deve antecipar e
neutralizar ideias contrárias.
Nesse tipo de sermão, podemos nos valer de argumentos históricos,
científicos e teológicos para desenvolver a nossa refutação. É extremamente
necessário, em muitos casos, apresentar documentos e referências verídicas
para compor o nosso discurso, não podendo haver pontos duvidosos na
explanação, pois a proposta é esclarecer e defender o cristianismo.

Ético ou exortativo
É o tipo de sermão que exalta a conduta e a vida moral e ética, trazendo
correção. Os desafios nesse tipo de sermão devem ser explorados de maneira
clara e ousada.

Narrativo
Quando narra um fato ou um milagre. No sermão narrativo, devemos
trabalhar de modo progressivo.

Polêmico
Tem por finalidade atacar erros e apresentar temas que são alvo de
polêmicas. Nesse caso, a linha de argumentação deve ser bem orientada,
seguindo uma ordem crescente dos fatos e dos argumentos expostos. Para
isso, segurança no que se fala fará toda diferença. Construa o sermão de
modo que as pessoas não fiquem convencidas do contrário. Isso acontece
quando, diante dos questionamentos levantados pelo próprio ministro, o
embasamento não está consolidado na visão neotestamentária. É necessário,
portanto, muito tempo de pesquisa para trabalhar pontos e contrapontos,
réplicas e tréplicas. Nesse caso, o preletor normalmente poderá iniciar
fazendo o papel do opositor, levantando aquilo que o outro lado pensa e, ao
mesmo tempo, terá a obrigação de refutar de maneira abalizada a
problemática do estudo, trazendo luz e revelação da Palavra naquele tema.
MÉTODOS PARA A CONSTRUÇÃO DO ESBOÇO
Podemos trabalhar também a forma de preparar o sermão pelo método que
particularmente chamo de “Base para a Construção do Esboço”. Você pode
até ter o hábito de construir suas mensagens com algumas dessas bases, sem
saber que seu estilo de ministração se ajusta a determinada metodologia.
Neste item, procurarei destacar os principais e mais utilizados métodos que
facilitam a construção do sermão.

TEMÁTICO OU TOPICAL
É aquele no qual o desenvolvimento de todos os tópicos faz-se pelo tema.
Em cima do título ou tema estabelecido, você trabalha os diversos tópicos
relacionados e constrói sua mensagem com introdução, aplicação, desafios,
ilustrações, bases bíblicas e conclusão para os ouvintes. Dessa forma, deve-se
selecionar o tema e definir a ideia central, buscando os textos bíblicos, não
esquecendo que eles necessitam ser progressivos e elucidativos.

Exemplo de Sermão Temático


Tópicos sugestivos para posterior aprofundamento bíblico do leitor:

Tema: Criação de filhos


Título: Criando os filhos à luz da Bíblia
Aplicação: Muitos pais, por falta de sabedoria, estão causando danos
na vida dos filhos. Nesta mensagem, aprenderemos princípios que
ajudarão em uma construção familiar equilibrada.
Base Introdutória: O homem que teme ao Senhor tem seus filhos ao
redor da sua mesa (Salmos 128:3).
Tópicos do desenvolvimento
1. Sendo exemplo (Provérbios 22:6). Frase reflexiva: “Um homem
deve três coisas ao filho: exemplo... exemplo... exemplo”, Russell
Norman Champlin
2. Vivendo a vida comum do lar (1 Pedro 3:7)
3. Não provoque a ira do seu filho! (Efésios 6:4)
4. Disciplinando (Provérbios 23:13; Hebreus 12:6)

Desafio: Entenda-se com seus filhos, deixe o amor de Deus operar em


sua família. Dedique-lhes tempo. Pergunte a sua família como vocês
poderiam melhorar em relação a desfrutar momentos felizes juntos.
Conclusão: Os filhos são herança do Senhor. Em um mundo tão
conturbado, o nosso exemplo, a nossa presença, o zelo pelo equilíbrio
e a correção trarão para a nossa família resultados eternos.

Atenção
Com base nesses pontos, o ministro poderá desenvolver o seu sermão
introduzindo outros textos bíblicos, ilustrações, desafios, conclusão, etc.
Lembrando também que a quantidade de tópicos não obrigatoriamente deverá
ser três ou quatro, mas não exagere a ponto de você mesmo não se lembrar de
todos. Imagine uma mensagem de cinquenta minutos, cujo título é: “22
passos para uma vida próspera”, ou “37 chaves para desfrutar de saúde
divina”. O próprio ouvinte vai cansar já no título e não conseguirá lembrar-se
de todos, e você também não! Uma boa orientação é: coloque-se no lugar do
ouvinte com relação à escolha do tema e dos tópicos, não se esquecendo do
tempo que você tem para ministrar.

TEXTUAL
Nesse caso, o sermão é normalmente tirado de um texto bíblico pequeno,
geralmente um versículo, de onde vem a ideia central e as divisões principais.
No sermão textual, o desenvolvimento de tópicos e abordagens se baseiam no
versículo escolhido.

Exemplo de Sermão Textual


Tópicos sugestivos para posterior aprofundamento bíblico do leitor:

Tema: Volta de Cristo


Título: Jesus está voltando! Cuide bem da sua coroa!

Aplicação e Base Introdutória: Será que Jesus prometeu mesmo que


iria voltar? Como você acha que estaremos preparados para o grande
dia? O que devemos fazer para conquistar a coroa da vida? Essas
perguntas serão objeto de nossa apreciação à luz da Bíblia.
Texto Base: “Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que
ninguém tome a tua coroa” (Apocalipse 3:11; ACF).

1. Venho sem demora (Mateus 24:36-51; Atos 1: 9-11; 2 Pedro 3:10).


1.1. O que os homens dizem sobre a Sua segunda vinda? (2 Pedro 3:3-
4, 9).
2. Guarda a sua vida! Permaneça nele, em santidade (1 João 2:28; 1
Tessalonicenses 4:1-4, 7; Hebreus 12:14; 1 João 2:6).
3. Podemos perder a nossa coroa? O próprio versículo afirma que sim.
Vejamos mais um pouco sobre a conquista da coroa em Tiago 1:12 e 2
Timóteo 4:8.

Desafio: Vidas que estão em retidão deverão ser incentivadas a


permanecerem nessa posição. Aquelas que estão afastadas, andando
distante do caminho do Senhor, deverão ser desafiadas a voltar
enquanto é tempo, pois há uma esperança, existe uma saída. Se
confessarmos os nossos pecados, Ele é Fiel e Justo para nos perdoar e
nos purificar de toda injustiça, conforme 1 João 1:9.
Conclusão: Diante de uma mensagem nesse perfil, é interessante que
o ministro possa finalizar demonstrando que existe uma saída para que
o ouvinte que se encontra na situação de afastamento saiba que pode
voltar e ser novamente enxertado na videira, mediante seu
arrependimento. Pois aquele que confessa suas transgressões e as
deixa, alcança misericórdia (Provérbios 28:13).
Frase Reflexiva: Certo dia, li em um outdoor na minha cidade natal a
seguinte frase e gostaria de finalizar esta mensagem com ela: “Viva
uma vida com Cristo e não morra sem Ele”.

Atenção
Percebeu que por meio de um único versículo tivemos um leque de tópicos
que foram explorados? Com base nesses pontos, o ministro poderá
desenvolver o seu sermão, introduzindo outros textos bíblicos, ilustrações,
desafios, conclusão, etc. Lembrando que a quantidade de tópicos não
obrigatoriamente deverá ser três ou quatro.

EXPOSITIVO
A ministração expositiva é utilizada para textos mais longos. Esse tipo de
sermão pode expor uma história, uma doutrina, uma parábola, salmos, um
milagre ou uma peregrinação. Em parte, todo sermão é expositivo, mas a
título de classificação ele é indicado pela extensão do texto para denominar-
se expositivo. Dessa forma:

• Estude bem o texto e o contexto bíblico, pois entender o contexto lhe dará
pano de fundo para explanações.
• Observe critérios de continuidade.
• Descubra o pensamento principal que o levará à ideia central.
• Respeite a ordem do texto bíblico, a não ser que haja necessidade de
adiantar tópicos para uma melhor compreensão e adequação do tempo.
Exemplo de Sermão Expositivo
Tópicos sugestivos para posterior aprofundamento bíblico do leitor:

Tema: Enfrentando momentos de dificuldades


Título: Refúgio na tribulação

Introdução: Esta mensagem tem o objetivo de demonstrar alguns dos


benefícios que podemos desfrutar quando estamos na presença do
Senhor. Mesmo em meio a lutas e dificuldades, podemos contar com o
Senhor em nossa vida. Ele é tudo em todos, nele foram criadas todas
as coisas. Este estudo irá fortalecer sua confiança diante de momentos
difíceis e tranquilizar o coração sabendo que Ele está conosco.
Texto Base: Salmos 46 (ARA)

1. Refúgio e fortaleza — nele temos escape e segurança.


2. Não temeremos — nele lançamos fora os temores (2 Timóteo 1:7; 1
João 4:18).
3. Os montes se estremeçam — nele não somos abalados (Salmos
55:22).
4. Cujas correntes alegram — nele desfrutamos águas tranquilas
(Salmos 23:2).
5. Deus a ajudará desde o romper da manhã — nele temos auxílio em
todo tempo (Salmos 46:5).
6. Ele faz ouvir Sua voz — nele há voz de autoridade (Marcos 11:23-
24).
7. Está conosco — nele não estamos sós (Mateus 28:20).
8. Vinde — nele temos acesso (Mateus 11:28).
9. Ele põe termo à guerra — nele cessam as tempestades (Marcos
4:39).
10. Aquietai-vos — nele podemos descansar (Hebreus 4:1).
11. O SENHOR dos exércitos está conosco — nele a Presença é real
(Mateus 28:20).

Desafio: Algumas pessoas tendem a se ater às circunstâncias. O


desafio é começar a confessar a Palavra do Senhor, mesmo em
momentos difíceis. Quando o desespero ou a angústia tentar bater à
porta do seu coração, confesse em voz alta os versículos do salmo 46,
crendo com o coração.
Conclusão: Você não está só! Maior é o que está em nós do que o que
está no mundo, conforme 1 João 4:4.

A CONCLUSÃO DO SERMÃO E O TEMPO DA


DESCIDA DO VOO
Quando se está próximo ao pouso, o comandante avisa aos tripulantes e
passageiros que devem ficar atentos para a descida. Da mesma forma, é
necessário que o ministro sinalize aos ouvintes que em pouco tempo
encerrará o sermão. Imagine, portanto, se você está em um avião e o
comandante diz: “Atenção, tripulação, preparar para o pouso” e o tempo vai
passando e o avião não desce, e ele ainda está nas nuvens e o tempo vai
passando e vem novamente aquela voz da cabina: “já estamos chegando
próximos à descida, mas aguardem só mais um pouquinho”. Certamente vai
chegar uma hora em que os passageiros ficarão aflitos. Por melhor que tenha
sido o voo e as paisagens, uma hora eles ficarão inquietos.
Sua mensagem deve deixar o “gostinho de quero mais” nas pessoas. Muitas
vezes, o fato de não ter a percepção correta de parar prejudica toda a
mensagem. Muitos ministros, por estarem debaixo de uma unção agradável,
falam, falam, falam, falam... E quando era para entrar no rio da imposição de
mãos, eles continuam simplesmente a falar e perdem o tempo do
despertamento para os milagres acontecerem.
Conclua estrategicamente, com elegância, deixando para os ouvintes o
bem-estar da prédica bem desenvolvida. E caso tenha a percepção de que irá
fazer imposição de mãos, ao término da mensagem, procure concluir, então,
sua palavra pelo menos dez minutos antes do horário combinado, para que
você não “estoure” o tempo da mensagem e, por consequência, a ordem de
culto.

Em suas ministrações reserve um tempo para orar por pessoas, siga as


inclinações do Espírito.
Reverendo Manoel Dias

Dependendo do assunto e do perfil do ministrante, pode-se finalizar com


uma revisão dos principais pontos abordados com uma frase de impacto, uma
ilustração, um cântico, uma pergunta ou a repetição do texto base ou dos
tópicos, podendo até fazer uma combinação de algumas dessas possibilidades
na sua conclusão. Nesse caso, é interessante inovar! Um bom final desperta o
desejo de querer ouvir mais.
Muitos ministros erram por não preparar os ouvintes para o fechamento e
encerram abruptamente, deixando uma sensação de vazio e não contemplação
do ápice do conteúdo. Assim, saiba como começar, desenvolver o assunto e
terminar com a consciência de que o Senhor está com você, e quando subir ao
altar para ministrar, declare e creia que o Senhor vai guiá-lo da introdução até
a conclusão. Aleluia!
Manter-se no mesmo ritmo de entusiasmo é também muito importante na
conclusão. Pode-se observar que, no final da mensagem, o orador passa a
adotar uma postura de cansaço, apatia, o que é extremamente prejudicial. Em
outros casos, por ter se detido a alguns tópicos do conteúdo, começa a
acelerar, muda o ritmo da fala e passa a lançar muita informação no pouco
tempo que lhe resta, apenas para sair com a ideia de que cobriu todo o
assunto. Na verdade, quando isso acontece, há apenas a transmissão de
informação, e não a plena comunicação.

O TEMPO PARA A MENSAGEM OU A MENSAGEM


PARA O TEMPO?
O tempo é uma questão que preocupa o ministrante. Já vi casos em que
cinco minutos se tornaram uma eternidade e quatro horas foram pouco para
uma aula. O fato é que, quanto mais a pessoa fica preocupada com o tempo,
mais ele parece demorar a passar. Portanto, não pense no relógio! Esqueça-o
por um bom período! Toda vez que, durante uma ministração, eu ficava
olhando para ver quanto tempo ainda restava, mais demorava a passar, e isso
é terrível. Pegue o “embalo”, siga o rio da mensagem, divirta-se e desenvolva
o tema. Mas repito: essa orientação é para que você possa, inicialmente,
desenvolver as mensagens, contudo, nunca desrespeitando o tempo
estabelecido.
Divirta-se! Quando vou ministrar aulas, palestras ou a Palavra em algum
lugar, muitas vezes digo: “Vou me divertir!”. Recordo de um depoimento do
saudoso comunicador e humorista Chico Anysio: “saio de casa para o
estúdio, inicio a gravação e o diretor manda voltar — houve dias de repetir a
mesma gravação por inúmeras vezes — mas trabalhar é pior!”. Ele não
encarava a rotina de gravações como um trabalho, e sim como um prazer,
uma diversão, por isso tinha resultados. Você já parou para pensar que
quando estamos nos divertindo o tempo passa mais rápido? É assim que
devemos ir à palestra, à aula ou à ministração.
Claro que a nossa diversão não pode ser descomprometida com o que foi
estabelecido. O horário de acabar precisa ser respeitado. Assim, depois de
determinado tempo, você deve dar uma olhada no relógio para não acontecer
de ultrapassar o tempo. Sem falar de que é importante observar a hora, para
saber o momento certo de trabalhar a descida do avião, ou seja, se preparar
para a conclusão da mensagem.
Certa vez, vi em uma igreja um sistema de marcação do tempo para o
pregador. Era uma tela que ficava no final do templo, voltada de frente para o
ministro. Quando faltavam dez minutos para o término da ministração, um
cronômetro regressivo se iniciava. Esses dez minutos eram justamente a base
para a conclusão da mensagem. É importante que você possa se programar
para finalizar o sermão com, no mínimo, dez minutos, caso você vá fazer
convites para confissão e orações específicas. Não quero dizer, com isso, que
todos devem fazer assim, mas nesse caso foi resolvida uma situação delicada
em muitos lugares: a hora de finalizar.

DICAS
Também gostaria de salientar que é de grande relevância sempre ter em
mãos mais material e conteúdo do que você imagina que o tempo vai
comportar. Estar preparado, abastecido de conhecimento, dará tranquilidade
para trabalhar com segurança, sem precisar ficar “enrolando”.
Caso esteja ensinando em uma turma de modo regular, você deve preparar
um plano de aulas. Visualizar até onde, mais ou menos, você pode ir a cada
aula e não se perder no roteiro daquela disciplina. Leve material relativo às
outras aulas e esteja preparado para dar seguimento ao assunto no tempo que
você tem disponível.
Saiba dosar o seu ritmo ao longo da ministração. Existem pessoas que são
tão objetivas na mensagem que com dez minutos conseguem transmitir todo
o conteúdo, mesmo dispondo de cinquenta minutos. Não é interessante que
seja assim! Se tivermos, por exemplo, cinquenta minutos para ministrar,
precisamos ter tranquilidade para que, nesse tempo, possamos explorar bem a
temática, preparar o esboço ou o plano de aula, os materiais ilustrativos, etc.
Em muitos casos, terminar antes do tempo se dá por falta de estudo,
preparação do roteiro e compreensão do conteúdo. Dentro do tempo que
temos podemos fluir na ministração da Palavra.
CAPÍTULO 5

SERMÕES
VISUAIS/ILUSTRAÇÕES NAS
MENSAGENS

Q ual foi a mensagem que mais marcou sua vida? Certamente foi uma
mensagem ungida e que lhe fez refletir sobre o que estava sendo
tratado. Compreender o que está sendo dito é muito importante para o
processo de comunicação da Palavra. É por isso que existem alguns recursos
capazes de despertar os ouvintes para um sermão. É muito interessante e uma
grande bênção para a vida dos ministros e ouvintes unir unção, direção de
Deus, conteúdo e recursos ilustrativos.
Temos, na Bíblia, diversos exemplos da utilização de ilustrações. No Novo
Testamento, o próprio Jesus não perdia oportunidades, percebendo e
empregando referências naturais para trazer lições espirituais. Suas diversas
parábolas marcaram e continuam marcando gerações. O que dizer da
parábola das virgens (Mateus 25:1-13), da parábola dos talentos (Mateus
25:14-32) e tantas outras?
Jesus é o nosso maior exemplo e se Ele utilizou esse tipo de ferramenta,
certamente poderemos usar também.
Existem muitas possibilidades de incrementar nosso sermão com
ilustrações:

• Da própria Bíblia, nos apoiando em parábolas.


• Biografias.
• Autobiografias.
• Obras de ficção.
• Poesias.
• História.
• Matérias de jornais e revistas.
• Experiências pessoais e testemunhos.
• Pequenos vídeos.
• Objetos que possam servir de referência.
• Fábulas.
• Poesias.
• Rimas.
• Frases marcantes (com citação do autor).
• Esquetes (pequenas peças teatrais), utilizando a participação do próprio
público.

Por outro lado, a utilização de ilustrações de forma indiscriminada e sem


critérios durante o sermão pode prejudicar a sua reputação como palestrante
e/ou ministro. Para que isso não aconteça, siga alguns cuidados quanto ao
uso:

a)Ilustrações que têm pouco ou nada a ver com o tema são um desastre
para a mensagem e para o mensageiro.
b)Sua mensagem não pode ser somente de ilustrações, pois ela ficará
vazia do alimento da Palavra. As ilustrações servem apenas para
compor, pois testemunhos podem animar, exemplos podem elevar,
objetos podem despertar, mas só a Palavra de Deus ministrada nos
mantém, de fato. É ela que contém os nutrientes espirituais necessários
para o nosso fortalecimento e crescimento espiritual.
c)Faça uma variação dos tipos de ilustrações que você utiliza. Seja
criativo, busque do Senhor o que, de fato, vai enriquecer as pessoas.
d)Você não tem a obrigação de ter ilustrações em todas as mensagens.
e)Não se deve usar uma ilustração somente para fazer a audiência rir. É
certo que muitas vezes são situações inusitadas e que as pessoas se
divertem na mensagem, mas deve ter um fim didático. É muito bom ver
as pessoas se divertirem enquanto aprendem, enquanto são ministradas.
f)Nunca conte a experiência de outrem como se fosse sua. Caso tenha
necessidade de compartilhar o testemunho ou a experiência de outras
pessoas durante a mensagem, não se esqueça de informar que a vivência
foi de outra pessoa. Não deixe de atentar para o próximo ponto, pois ele
tem relação direta com este cuidado.
g)Se relatar uma experiência negativa de outra pessoa, você não deve citar
nomes. E se por acaso a situação for pública ou conhecida por parte da
audiência, como, por exemplo, uma pessoa que adulterou e todos
daquela congregação são sabedores do caso, o ministro deve evitar esse
relato, pois a sensação da exposição de fatos lamentáveis como esse
pode gerar mal-estar nos presentes e nos ausentes também.
h)Tenha muito cuidado em elogiar pessoas ou fimes em suas ilustrações.
Vejamos um exemplo: o ministrante assistiu a um filme cujas cenas são
fora dos conceitos e práticas cristãs e ele cita trechos do filme, tanto
para elogiar quanto para criticar. O que acontece, nesse caso, é que,
simplesmente pelo fato de ter assistido, as pessoas podem passar a vê-lo
como um crente carnal.

A correta utilização de ilustração no sermão irá atrair a atenção das pessoas,


quebrando a monotonia e fazendo a mensagem ser mais facilmente gravada
nos corações, por meio da associação das ideias.
Tenho em minha trajetória algumas mensagens que marcaram a minha vida
e a dos meus ouvintes. Uma delas é: “Apertando os Parafusos!”. Meu
primeiro carro foi um Escort 86, que já estava bem “cansado de guerra”.
Certo dia, surgiu um novo barulho na parte dianteira. Então, parei para
verificar o que era e percebi que estava relacionado ao pneu. Peguei a chave
de rodas e observei que apenas um parafuso estava firme; o restante estava
frouxo e isso poderia causar um grave acidente. Comecei a refletir sobre o
perigo de vivermos uma vida cristã leviana, e ministrei tratando a respeito de
santidade e coisas relacionadas a uma vida cristã exemplar.
Outra mensagem inspirada que também marcou muitas vidas foi “Não
Ande em uma Nova Estação com a Mentalidade da Antiga”, com base em
outra experiência automobilística. Ela nasceu depois de passar por uma
situação com meu carro que, na época, estava com um pouco mais de dois
mil quilômetros rodados. Ele teve calço hidráulico (bateu o motor), após ter
entrado em um alagamento com o câmbio automático acionado. Depois de
entrar na água, acelerei, pensando estar com o antigo carro, que era com
câmbio manual. Quando fiz isso, aconteceu a mudança de marcha automática
no alagamento, que resultou em um motor batido. Um dia depois, veio em
meu coração: “Quantas vezes estamos em Cristo e quando as águas da vida
tentam nos submergir tentamos utilizar de costumes, práticas e atitudes do
velho homem. Se agirmos assim vamos ‘bater o motor da vida’. Na nova
estação, devemos usar métodos, práticas e atitudes do Reino”.
CAPÍTULO 6

QUESTIONÁRIOS PARA A
FORMAÇÃO DE ESBOÇO

S ei que, mesmo demonstrando os modelos para o desenvolvimento do


sermão, você pode ainda sentir dificuldade para criar o próprio esboço.
Pensando nisso, desenvolvi um questionário que chamo de Questionário para
a Formação de Esboço (Q.F.E.).
Com o objetivo de observar seu nível de eficácia, apliquei-o para pessoas
de regiões diferentes do nosso país e os resultados foram muito interessantes.
Muitos que tinham dificuldade em organizar as ideias e desenvolver um tema
passaram a encontrar um norte para seu desenvolvimento criativo e pessoal.
O Q.F.E. é apenas mais uma ferramenta diante de tantas possibilidades que
temos, e espero que você consiga ter também um excelente resultado. Então,
sem demora, vamos construir um esboço juntos? Deixei para fazer isso agora
porque, para desenvolvê-lo, tomaremos por base uma ilustração.
É fundamental ter um ponto de partida, uma ideia, uma frase, uma
inclinação para uma abordagem. As dez perguntas a seguir têm o objetivo de
facilitar a construção do esboço que pode se aplicar aos diversos tipos de
sermão.
Para isso, gostaria que você as respondesse com atenção. Depois,
possivelmente terá de fazer apenas alguns pequenos ajustes, no sentido de
organizar o conteúdo de modo crescente e elucidativo.
Vou sugerir uma ilustração e, a partir dela, você poderá desenvolver sua
mensagem. Vale ressaltar que independentemente da sugestão ilustrativa,
estas perguntas podem ser aplicadas a qualquer tema na sua construção.
Visualize comigo este exemplo que servirá para identificarmos uma linha
de pensamento para o nosso esboço: um galho retirado de uma árvore. Como
assim? Vamos construir uma mensagem com base em um galho cortado?
Exatamente! Ele será o nosso ponto de partida.

Pegue um papel, uma Bíblia, uma caneta e responda:


1. O que vem no seu coração, que pode ser chave na construção da
mensagem? Pode ser uma frase, um versículo, uma ideia, um
pensamento ou até mesmo uma só palavra. Anote isso!
2. O que poderíamos tratar ou extrair como lição ao olhar a resposta
anterior? O que ela comunica para nós? O que você percebeu ou veio
como inspiração, escreva. Podem surgir até frases de impacto. Anote-
as também.
3. De posse dessa base, você consegue dar um tema/título ao esboço?
4. Com base no que já estudamos, como você classificaria esse
sermão? Que método de construção do sermão você acha que mais se
ajustaria a ele (temático, textual ou expositivo)?
5. Você pode identificar pelo menos três pontos importantes, dentro
daquilo que você observou no tema ou no texto base? (Esses pontos
seriam os tópicos da estrutura do desenvolvimento. Caso perceba
dentro de algum tópico outros pontos importantes, você pode
estabelecer subtópicos.) Você consegue perceber quais tópicos viriam
primeiro? (Trabalhando assim uma sequência de tópicos de forma
crescente.)
6. Consegue associar chaves bíblicas, textos bíblicos que
correspondam à temática, para respaldar os tópicos?
7. Vamos encontrar as aplicações? No que os ouvintes podem aplicar
o conhecimento de modo prático em sua vida? Lembrando que a
aplicação pode permear toda a mensagem.
8. Vamos encontrar os desafios? Quais podem ser lançados de modo
que levem a audiência a alguma mudança de atitudes e valores?
Percebe alguma necessidade específica para uma oração?
9. Como você pode concluir a lição? Pode ser por meio de uma frase,
um resumo do que foi falado, uma ilustração complementar...
10. Poderia pensar em uma música para ser executada, após a sua
conclusão, pelos ministros de louvor daquela ocasião?

Observação 1. Na última deve-se ter muito cuidado para observar as


condições de conversar antecipadamente com os músicos, para que eles
possam se preparar adequadamente.
Observação 2. Não tente cantar no microfone caso não tenha habilidade
para tal e isso seja atestado por mais de uma pessoa.

Por fim, faça uma revisão geral, ajustando tópicos e conferindo as


referências anotadas, pois quando assim procedemos, diminuímos o risco de
citações erradas ou tópicos invertidos.
CAPÍTULO 7

AQUECIMENTO,
DESAQUECIMENTO,
RESPIRAÇÃO E CUIDADOS COM
A VOZ

J á percebeu que alguém tenso fica com a respiração acelerada, o coração


batendo mais forte, as mãos suando, a face ruborizada e as articulações
presas? É comum até para aqueles mais experientes na arte de falar em
público sentirem um frio na barriga e digo, é até interessante, em alguns
casos, que tenha, para que o filho de Deus possa depender totalmente do
Senhor e reconhecê-lo em todas as coisas.
Uma vez aquecido espiritualmente, é importante que o pregador também
esteja aquecido fisicamente. Portanto, faça um aquecimento vocal e corporal
antes de subir ao altar, trabalhe a respiração e certamente perceberá que a
adrenalina diminuirá.

Respiração
Quando respiramos de modo correto, o cérebro passa a receber mais
oxigênio e esse aumento resulta em uma melhora no equilíbrio emocional.
Por isso, listei algumas dicas de exercícios:

• Inspire suave e profundamente e expire, procurando movimentar mais a


barriga e evitando ao máximo que o tórax se mova — é o que chamamos
de respiração diafragmática. Puxe o ar, contando mentalmente de 1 a 4
segundos, e quando expirar faça a contagem de 1 a 6 segundos. Essa
contagem é inicial, apenas para que você possa perceber o tempo de
inspiração e de expiração.
• Você pode, também, colocar as mãos na altura da cintura, inspirar
puxando o ar direto da região abdominal e expirar. Solte o ar pela boca,
com os lábios formando um círculo, lentamente, até liberar todo o ar
inspirado.

Posteriormente, você pode repetir a sequência, procurando trazer à memória


o que pode lhe dar esperança.

Flexibilidade Articulatória
Existem alguns exercícios para melhorar a flexibilidade articulatória no pré-
aquecimento e na preparação do ministro.
Faça a leitura, em voz alta, das frases a seguir, conhecidas como trava-
línguas:

• “A flâmula flexível no florete do flibusteiro flutuava fluorescente na


floresta de flandres.”
• “A prataria da padaria está na pradaria prateando prados prateados.”
• “Branca branqueia as cabras brabas nas barbas das bruacas
branquejantes.”
• “Fraga deflagra um drible, franco franqueia o campo, o povo se inflama e
enfrenta o preclaro júri, que declara grave o problema.”
• “Na réplica a plebe pleiteia planos de pluralidade plausíveis na
plataforma.”
• “No quarto do crato eu cato quatro cravos cravados no crânio.”
• “No tablado oblongo os emblemas das blusas das oblatas estavam
obliterados pela neblina oblíqua.”
• “O grude da gruta gruda a grua da gringa que grita e, gritando, grimpa a
grade da grota grandiosa.”
• “O lavrador é livre na palavra e na lavra, mas não pode ler o livro que o
livreiro quer vender.”
• “Trovas e trovões trovejam trocando quadros trocados entre os trovadores
esquadrinhados nos quatro cantos.”

Aquecimento
Mais alguns exercícios para preparação, flexibilidade articulatória/vocal:

1.Coloque uma caneta ou um lápis transversalmente na boca (de um canto


a outro da boca) e faça a leitura em voz alta. Você pode escolher
qualquer texto.
2.Inspire nasalmente e na expiração faça como um pneu esvaziando:
“sssssssssssss”.
3.Boceje sem recuar a língua.
4.Gire os ombros lentamente para trás e para a frente.
5.Abra e feche a boca dez vezes rapidamente e mais dez vezes
lentamente.
6.Com os lábios em bico, estire para a frente, para a direita e para a
esquerda.
7.Passe a emitir escalas sonoras do tipo: MUÁ, MUÉ, MUÊ, MUI, MUÓ,
MUÔ, MUU.
8.Vibre os lábios por alguns segundos, com pausas, para renovar a
respiração.
9.Articule “prprprprprprp” por alguns segundos e renove a respiração
quando for preciso.

Desaquecimento
O que poucos sabem é que, ao concluirmos um sermão, é indicado fazer o
desaquecimento vocal para evitar o estresse das pregas vocais e diminuir a
tensão de toda a laringe, promovendo assim a readequação ao novo momento,
para que, após o término da ministração, não continuemos falando com
aquele mesmo ritmo vocal. Para isso, existem alguns exercícios interessantes
que devem ser feitos com o objetivo de relaxá-lo após a palestra. Eis alguns
deles:

1.Boceje.
2.Realize a inspiração nasal e expire lentamente com os lábios
arredondados
3.Sonorize: “hummmmm”.
4.Pronuncie as vogais “A, O, U, E, I”, sem emitir som.
5.Fale: “MUÁ, MUÉ, MUI, MUÓ, MUU” (bem articulado,
aproximadamente dez vezes).
6.Assobie, utilizando o som da letra “U”, ascendendo e descendendo.
Esse exercício lembra o som de desenho animado quando existe algo
caindo ou subindo.

Lembrando que o desaquecimento deve ser realizado logo em seguida ao


término do uso prolongado da voz.

Cuidados com a Voz


Segundo a fonoaudióloga e professora da Universidade Federal de Campina
Grande (PB), Waldelice Pinho, é muito importante cultivar hábitos saudáveis
que preservem a voz. Observe algumas orientações da profissional.

• Fale devagar, articulando bem as vogais.


• Faça uso do microfone para falar em público, principalmente diante de
um público maior que cinquenta pessoas.
• Procure manter-se hidratado.
• Durante o sermão, não é aconselhável tomar água gelada enquanto está
aquecido, o indicado é ingerir água natural antes e depois da mensagem.
• Não é recomendável o uso de pastilhas, gengibre, drops ou sprays que
podem deixar as pregas vocais adormecidas durante a emissão da voz,
que ficam mais pesadas devido ao aumento da produção de muco,
gerando incômodo durante sua fala.
• A alimentação deve ser balanceada antes da utilização da voz.
• Comer maçã é recomendado para quem faz uso contínuo da oratória,
funcionando como adstringente, limpando o trato vocal.
• Consumo de chocolate, leite e derivados antes do uso intenso da voz pode
prejudicar o desempenho da apresentação, pois esses alimentos também
aumentam a produção de muco no trato vocal, o que resulta no pigarro.
• Se você apresentar rouquidão por mais de quinze dias, cansaço durante a
fala, pigarro constante, sensação de corpo estranho na garganta, voz
sumindo ou falhando, perda inesperada da voz ou qualquer desconforto,
consulte um fonoaudiólogo.
CAPÍTULO 8

IDIOMA, LINGUAGEM E RUÍDOS


NA COMUNICAÇÃO

A má utilização do idioma torna-se um grande ruído na comunicação.


Quando falamos de ruídos, normalmente pensamos em chiados ou barulhos
que podem ser emitidos pelo equipamento de som, outros equipamentos ou
até mesmo pessoas durante a preleção. Mas ruído em comunicação vai além
disso. Na verdade, ele é qualquer coisa que impede a clareza na comunicação.
Um preletor que não domina as regras básicas de concordância nominal,
concordância verbal e gramática, tem dificuldade para ser compreendido.
Muitas vezes, o ouvinte passa a deter-se muito mais nos erros de português
do que na mensagem como um todo.

ALGUMAS RECOMENDAÇÕES
Segundo o dicionário Michaelis, pleonasmo é “a repetição, no falar ou no
escrever, de ideias ou palavras que tenham o mesmo sentido. É vício quando
empregado por ignorância ou inconsciência: Subir para cima; é figura quando
propositado, para dar força à expressão: Vi com meus próprios olhos”. Ser
redundante pode trazer um cansaço e uma ideia de prolixidade, algo sem
consistência e coerência, e por conseguinte a perda da credibilidade com o
público.
O zelo com o uso das palavras deve ser constante, exatamente para que
você não baixe o nível de suas ministrações. Não devemos utilizar linguagem
vulgar nem “falar difícil”, dificultando o entendimento das pessoas.
Devemos ter a sensibilidade de adaptar a linguagem ao público para o qual
estamos falando. A idade e o nível sociocultural dos ouvintes deverão ser
respeitados. Em alguns casos, essa inadequação traz muitos problemas ao
ministro. Imagine um preletor falando a formandos de uma universidade, em
um culto ecumênico, utilizando gírias e/ou jargões religiosos como: “E aí
galera, tá tudo em cima?”, “Tá amarrado, esse capiroto!”, “Qual é mermão,
você não tá feliz?”, “Só no chalamanaias”. Desastre total na comunicação!
Precisamos entender que existem vários tipos de situações e para cada uma
delas necessitamos estar devidamente adequados, não somente nos aspectos
da vestimenta, mas também, no plano da linguagem e do comportamento. E
quando se trata de linguagem, podemos observar algumas formas que existem
na língua portuguesa: culta, coloquial, vulgar, regional e grupal. Atente,
portanto, para os conceitos a seguir:

• Linguagem culta: obedece à gramática da língua padrão. Pessoas


instruídas facilmente perceberão a correta utilização por parte do orador.
• Linguagem coloquial: espontânea, usada para satisfazer as necessidades
vitais do falante sem muita preocupação com as formas linguísticas. É a
linguagem do cotidiano, mais simples e acessível a todos.
• Linguagem vulgar: utilizada por pessoas que não respeitam critérios da
língua portuguesa; pessoas sem instrução que infringem as convenções
gramaticais.
• Linguagem regional: está circunscrita a regiões geográficas,
caracterizando-se pelo acento linguístico, que é a soma das qualidades
físicas do som (altura, timbre, intensidade) e termos próprios.

Linguagem grupal: própria a determinados grupos, como médicos,


advogados, jovens, skatistas, surfistas, policiais, viciados, etc.

Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta


essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho! E por isso, se o faço
de boa mente, terei prêmio; mas, se de má vontade, apenas uma dispensação me é
confiada. Logo, que prêmio tenho? Que, evangelizando, proponha de graça o
evangelho de Cristo para não abusar do meu poder no evangelho. Porque, sendo
livre para com todos, fiz-me servo de todos para ganhar ainda mais. E fiz-me
como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da
lei, como se estivesse debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da lei.
Para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei (não estando sem lei para
com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei. Fiz-
me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos,
para por todos os meios chegar a salvar alguns. E eu faço isto por causa do
evangelho, para ser também participante dele.
— 1 Coríntios 9:16-23; ACF

Grande exemplo do apóstolo Paulo, não é? Temos que, como ministros da


Palavra de Deus, nos adequar às linguagens de um modo equilibrado, mas
isso não nos exime de nos aprimorarmos na língua culta, que obedece à
gramática. Paulo foi um dos homens mais cultos da Bíblia e conseguia
alcançar todos os níveis de pessoas com uma grande facilidade.
Muitos procuram valer-se do argumento de que estão sendo usados por
Deus e estão alcançando determinado grupo de pessoas e por isso não
buscam o aperfeiçoamento. Não desejo ser mal compreendido, mas quero que
você tenha bem claro que não podemos nos “nivelar por baixo”, pois
certamente será muito mais difícil para alguém que só detém a linguagem
vulgar alcançar alguém que está no nível de linguagem culta.

DUPLO SENTIDO
Tenhamos muito cuidado com a utilização de termos coloquiais que podem
trazer duplo sentido, quando utilizamos em determinadas regiões. A
linguagem verbal deve ser adequada ao público. Por exemplo, em alguns
lugares, o termo “pegar na veia” significa acertar em cheio, mas, em outros,
significa ter relação sexual com uma mulher e engravidá-la. Outro exemplo é
o termo “peia” que, em algumas regiões, significa bater em alguém, mas em
outras significa órgão genital masculino.
Devemos também ter cuidado com a junção de palavras e das pronúncias.
Alguns acontecimentos são bem costumeiros em nossa língua, mas também
existem outros que são composições da própria pessoa. Nessas
circunstâncias, precisamos ter atenção especial. É o caso, por exemplo, da
cacofonia, que pode produzir ruídos na comunicação e que, de fato, vai
requerer do orador um maior cuidado. Cacofonia é a emissão de sons
desagradáveis ao ouvido, formados pela combinação do final de uma palavra
com o início da seguinte e podem dar um sentido ridículo para a frase, por
exemplo: por cada; boca dela; vou-me já; ela tinha; essa fada; aquele guri lá;
fé demais; eu vi ela. Devemos evitar composições como essas para não
sermos mal interpretados, sem esquecer que, em muitos casos, está
gramaticalmente errada a utilização do termo.

DIFICULDADES NA FALA
Necessitamos observar como está a nossa oralidade. Existem casos de falta
do conhecimento técnico da língua, mas outros são questões de saúde ou
composição física. Esses requerem acompanhamento por parte de um
profissional especializado.
Certo dia, chegou em uma das instituições que leciono um jovem
extremamente motivado, desejando ser um comunicador. Tinha um excelente
nível intelectual, mas no momento em que iniciava a comunicação de uma
notícia nos exercícios em estúdio, não conseguia pronunciar claramente as
palavras. Aquele aluno tinha o que popularmente chamamos de “língua
presa”. Incomodado com a situação, ele procurou um profissional de saúde
para ajudá-lo. Dessa forma, o profissional indicou que ele passasse por um
processo cirúrgico simples e, para a nossa alegria, ficou completamente livre
daquela situação.
Às vezes, uma visita ao dentista para alguns ajustes na arcada dentária,
sessões de fonoaudiologia e/ou acompanhamento psicológico são, de fato,
importantes para que problemas na fala possam ser tratados com a
importância que merecem.
Vale ressaltar que o conselho de procurar uma ajuda profissional se estende
também a pessoas que se queixam de rouquidão constante, tosses crônicas ou
coisas semelhantes. Por incrível que pareça, até problemas de estômago
podem gerar reações do organismo, trazendo algum sintoma que prejudique o
processo da fala.

LINGUAGEM NÃO VERBAL


A linguagem não verbal pode somar ou prejudicar a sua comunicação da
Palavra. Aquele que está falando em público pode estar fazendo gestos que
tiram a atenção das pessoas e prejudicam a mensagem, passando até mesmo a
impressão de que o orador está fazendo gestos obscenos, mesmo sem querer,
causando ruídos na comunicação.
Certo dia, estava assistindo a um palestrante e ele demonstrava dois pontos
que iria destacar (fazendo o sinal com o dedo indicador e médio erguido)
dizendo: “o primeiro ponto que quero falar é...”. Nessa hora, enquanto
dissertava ainda sobre o primeiro ponto, ele baixou o dedo indicador, ficando
com o médio levantado durante minutos, diante de um público um tanto
constrangido. Por isso, é de grande relevância que tenhamos cuidado com
gestos que possam dar duplo sentido.
Recomenda-se, portanto, não fazer:

1.O.k., com os dedos mínimo, anelar e médio abertos para baixo e o


polegar unido ao indicador.
2.Fazer contagens, deixando sozinho o dedo médio em destaque.
3.Unir os dois dedos indicadores e ao mesmo tempo os dois polegares.

Atenção. Evite qualquer gesto que possa ser considerado obsceno ou, no
mínimo, constrangedor para aquela audiência.
CAPÍTULO 9

DESENVOLVENDO A ORATÓRIA

F alar em público é um grande fantasma. Nos meses de maio e junho de


2014, realizei uma pesquisa de campo quantitativa com a participação de
vinte e dois colaboradores ministeriais, vinte e dois estudantes de
comunicação e seiscentos e vinte e quatro estudantes em formação
ministerial, nas cidades brasileiras de Campina Grande (PB), Olinda (PE),
Recife (PE) e Salvador (BA). Os participantes responderam a um
questionário com a seguinte pergunta: “O que mais lhe causa sentimento de
apreensão?”, com sete alternativas e resposta única a ser indicada pelo
participante. Os seiscentos e sessenta e oito participantes autorizaram, por
escrito, a publicação em formato percentual do levantamento das respostas,
sem a exposição de seus nomes. As fichas com as respostas se encontram
digitalizadas sob minha responsabilidade, para fins de comprovação, com
diferença de até um ponto percentual para mais ou para menos.
Meu maior objetivo nessa pesquisa foi observar como se comportam os
estudantes em preparação ministerial diante de situações que podem deixá-los
apreensivos. Enquanto realizava a pesquisa, percebi que poderia estendê-la a
outros grupos (colaboradores ministeriais e estudantes de comunicação).
Estes, em menor escala numérica de participação, foram importantes para a
complementação de dados, proporcionando uma maior abrangência ao
estudo.
Nesse levantamento de dados ficou evidente que, para colaboradores
ministeriais e estudantes de comunicação (gráficos 1 e 2), a questão
financeira é o que mais causa apreensão. Já no caso dos estudantes em
preparação ministerial (gráfico 3), falar em público causa mais apreensão do
que até mesmo a morte. Na visão geral (gráfico 4), podemos observar que o
falar em público é um grande desafio para 33,23% dos entrevistados. Alguns
fatores podem ser geradores desse sentimento de desconforto no processo de
expor publicamente ideias e até podemos levantar algumas hipóteses para tal
resultado:

1.Falta de prática
2.Falta de conhecimento
3.Receio de se expor
4.Medo de errar em público
5.Falta de organização do pensamento em relação à linha de
argumentação
6.Sentimento de despreparo
7.Não acreditar no próprio potencial

Muitos de nós não fomos preparados desde a infância para falar em


público, ao contrário, muitos vivenciaram experiências negativas no ambiente
escolar e/ou familiar. Diante disso, gostaria de trazer um alerta para pais e
educadores. Falar em público não deve ser encarado como condição punitiva
em sala de aula ou no seio da família, pois isso pode se tornar extremamente
prejudicial para crianças e adolescentes.
Como educadores, não podemos em hipótese alguma ameaçar um aluno ou
uma turma que, por exemplo, não obedeceu a algum comando, colocando
como punição ter de apresentar um seminário, passar publicamente por uma
sabatina oral ou fazer leitura em voz alta para que assim possa “pagar pelo
erro cometido”. Isso não deve acontecer nas escolas, na família, nem nas
igrejas.
Se você sente essa dificuldade, lembre-se da sua condição no Senhor para
vencer todas as barreiras e bloqueios, inclusive o de falar em público.
Já vi pessoas ficarem paralisadas ou chorar diante da necessidade de expor
ideias em uma reunião, apresentarem um seminário ou em situações
semelhantes. Entender a nossa posição em Cristo nos ajudará a superar os
desafios. Confesse a Palavra, com a consciência de que Deus não nos deu
espírito de medo, nem de timidez ou de covardia, mas, se estamos em Cristo,
opera em nós o espírito de poder, de amor e de moderação, conforme 2
Timóteo 1:7. Passo a passo você estará desenvolvendo o seu potencial
interior, rompendo limites. Saiba que o Espírito Santo está extremamente
interessado em ajudá-lo a superar essas barreiras. Conte com a Sua presença
maravilhosa, peça a Ele ajuda nessa área e sabedoria para lidar com essas
situações. Certamente, a partir desse momento, algo celestial vai acontecer
em sua vida e você, com a ajuda dele, desfrutará um novo tempo nessa área.
As pessoas também se condenam e ficam paralisadas por acreditar que só
elas sentem aquele “friozinho na barriga” quando vão falar em público. Não
se condene por isso, pois até os mais experientes ministros, profissionais de
comunicação e atores, diante de novas situações, em uma nova audiência, em
um momento específico, sentem aquele “frio na barriga” ou certo
nervosismo. E o que temos de fazer diante disso? Encarar esse desafio com
convicção e começar a exercer a fé também nesse aspecto, e assim iremos
transformar essa adrenalina em força e melhoraremos o nosso desempenho
como oradores.
Meu conselho é que você, gradualmente, exponha suas ideias diante de
pessoas e, em um processo crescente, o Senhor conduzirá você a novas
etapas. Se você é uma pessoa que tem extremo receio de falar em público ao
microfone, proponho-lhe um desafio: compre um microfone ou simule um
com algum objeto, e em sua casa comece a treinar, preparando um sermão,
apresentando ideias diante do espelho, de uma filmadora ou até mesmo de um
celular.
O exercício de se ouvir e/ou se ver é muito importante. Inicialmente, você
poderá não gostar da sua voz ou da sua postura, mas continue. Provavelmente
em suas primeiras ministrações você sairá com aquela sensação de que não
foi tão bem, mas persevere, não pare, aproveite as oportunidades.
Sei que pode haver pessoas que não passaram por situações como essa e
que já desde pequenas são desinibidas e conseguem cativar com as palavras,
mas quero deixar bem claro que esse potencial está disponível para todo
aquele nascido de novo, pois fomos chamados para proclamar, ou seja,
pronunciar publicamente as virtudes daquele que nos chamou às boas novas
do Evangelho.

Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade
exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das
trevas para a sua maravilhosa luz.
— 1 Pedro 2:9; RA

O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os
pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista
aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do
Senhor.
— Lucas 4:18-19; RA

Não sei se você, querido leitor, sente dificuldades de falar em público. Eu


sentia e muito essa dificuldade. Não conseguia fluir nas apresentações da
escola, tremia, passava pelo famoso “branco”, transpirava e normalmente
fazia alguma coisa errada. Nas relações interpessoais, eu sentia muita
dificuldade de falar olhando nos olhos das pessoas, imagine então quando
estava diante de uma plateia.
Um dia, ministrando uma aula, comecei a compartilhar esse meu
testemunho e uma aluna logo exclamou: “Se aconteceu isso com o senhor,
professor, significa que ainda há esperança para mim!”. E é isto que quero
dizer para você, que sente dificuldade de falar em público: há esperança para
você também!
O principal ponto de mudança foi a minha conversão, pois pedi ajuda ao
Senhor, direção e ousadia ao Espírito Santo, e isso foi maravilhoso. Desde
cedo, passei a me envolver com o evangelismo pessoal, nas ruas, escolas,
hospitais, etc. Quando sabíamos que alguém estava doente, nossa equipe
prontamente se movia para visitar, e assim fui seguindo o rio do Espírito,
fortalecendo a minha vida. Esse foi, de fato, um dos importantes mecanismos
que me ajudaram a destravar, pois isso me levou a encarar as pessoas, a
organizar minhas ideias e falar olhando nos olhos das pessoas com a ousadia
necessária para alcançar aquelas vidas da forma mais adequada possível.
Não depender de si mesmo é outra questão que temos de pensar. Se formos
ministrar a Palavra na própria força, possivelmente teremos a mesma atitude
de Jeremias: quando Deus lhe disse que teria algo grande a fazer na vida dele,
Jeremias não se achava capaz e afirmou para o Senhor que não passava de
uma criança. Mas a resposta do Senhor foi imediata: “A Palavra que eu
colocar em sua boca você vai falar e para a nação que eu lhe enviar você irá”.

Assim veio a mim a Palavra do SENHOR, dizendo: “Antes que te formasse no ventre
te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por
profeta”. Então disse eu: “Ah, SENHOR Deus! Eis que não sei falar; porque ainda
sou um menino”. Mas o SENHOR me disse: “Não digas: Eu sou um menino; porque
a todos a quem eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar, falarás. Não temas
diante deles; porque estou contigo para te livrar”, diz o SENHOR. E estendeu o
SENHOR a Sua mão, e tocou-me na boca; e disse-me o SENHOR: “Eis que ponho as
minhas palavras na tua boca. Olha, ponho-te neste dia sobre as nações, e sobre os
reinos, para arrancares, e para derrubares, e para destruíres, e para arruinares;
e também para edificares e para plantares”.
— Jeremias 1:4-10; ACF

Creio no potencial que o Senhor colocou em sua vida. Assim como


Jeremias, Smith Wigglesworth, eu e muitos outros que conseguiram romper
limites, ser uma voz para vidas, assim será com você. Conte com a ajuda do
Espírito Santo, porque Ele guiará você, mas não esqueça: faça a sua parte,
treine, se envolva nas ações da sua igreja local, coloque-se disponível ao
Senhor, pois Ele vai usá-lo e, no final de tudo, você verá que é Cristo em nós,
a esperança da glória (Colossenses 1:27).
Aprenda a lidar com as emoções. Um dos maiores problemas para quem se
dispõe a falar em público é achar que as pessoas que estão ouvindo devem
estar pensando mal do que estamos falando, não concordam ou estão
percebendo o nosso nervosismo. Quando passei a pensar que aquelas pessoas
eram tão seres humanos quanto eu, então comecei a encará-las com mais
segurança.
Faça o “dever de casa”. E o que seria o “dever de casa”? Estudar, dominar o
assunto, conhecer a fundo o tema ministrado. Realmente, falar de um assunto
sobre o qual não dominamos é terrível e provoca insegurança em qualquer
pessoa. Você pode ser o maior orador da terra, mas se não tem o
conhecimento a respeito do assunto, certamente terá dificuldade. Então, o
primeiro passo já foi tratado que é se preparar, visualizar antes e treinar. E
treinar muito!
Quando alguém não gosta de falar em público, a tendência é nem querer se
envolver em coisas que o exponham. Mas você já parou para pensar se
Jeremias e Smith Wigglesworth se fechassem ao plano de Deus por apenas
não se sentirem capazes de se expressar publicamente? Vamos para um
exemplo mais próximo: O que seria de mim se eu permanecesse com o
pensamento e a atitude de me esquivar e fugir de falar em público?
Certamente você não estaria lendo esta obra.
Dá para entender o quão importante é seguir o plano de Deus? Não
podemos dizer “não” ao Senhor, se Ele mesmo está nos chamando para tal
ação. Uma coisa é certa: todos os cristãos foram chamados para o ministério
da reconciliação, para comunicar a Palavra ao que está distante do Pai.

Tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo
e nos deu o ministério da reconciliação, ou seja, que Deus em Cristo estava
reconciliando consigo o mundo, não lançando em conta os pecados dos homens, e
nos confiou a mensagem da reconciliação.
— 2 Coríntios 5:18-19; NVI

Não estou, com isso, dizendo que todos têm de ser palestrantes falando a
multidões, mas de uma coisa não podemos esquecer: oratória é muito
importante para nossa vida, nas relações humanas e profissionais. Em uma
entrevista de emprego, em que há dois candidatos que têm basicamente o
mesmo nível de formação acadêmica e experiência profissional, normalmente
será selecionado aquele que se saiu melhor na apresentação de suas ideias,
nas dinâmicas de grupo. Por isso, desenvolva sua oratória e certamente mais
portas serão abertas para você em diversas áreas. Pense nisso!

DICAS E PRINCÍPIOS PARA UMA BOA ORATÓRIA


1. Vá ao Toalete
De início, sugiro que você dê uma passadinha, antes de ir ao local da
ministração, no toalete ou em algum ambiente que tenha espelho e verifique
se algo está fora do padrão com a roupa (inclusive o zíper), os cabelos e a
higiene pessoal.
Um bom banho é sempre importante, bem como, a utilização de
desodorantes e perfumes, de preferência com fragrâncias suaves, pois sua
mensagem não inicia quando você pega o microfone. Você está lidando com
pessoas, e para isso deve manter-se limpo e bem apresentável.

2. Seja Você
Não queira imitar outros pregadores, seja você mesmo. Muitas pessoas têm
problemas com a autoaceitação, sendo, na maioria das vezes, mais fácil
parecer com quem já sabidamente é aceito pela audiência, e é aí onde muitos
erram, passando a ser cópias, quando, na verdade, Deus criou cada um de nós
com um jeito único de ser, para o louvor de Sua glória. Precisamos ter claro,
em nosso coração, que dificilmente agradaremos sempre 100% do auditório.
As pessoas irão se identificar com a nossa linguagem e o nosso jeito de ser
quando começarmos a nos assumir pessoal e publicamente.

3. Cuidado com a Autopromoção


Tenha cuidado para não falar muito de você mesmo. Um perigo para um
orador está na autopromoção ou no fato de ele estar sempre se exaltando
diante das pessoas. Isso pode despertar antipatia. Faça a sua parte em Deus, e
você terá a promoção do Alto. Outra questão é que, quando você for
transmitir algum exemplo pessoal em que só você esteve envolvido, cite-o
em primeira pessoa (eu). Pregadores costumam utilizar o nós, quando
estavam em uma situação sozinhos e isso não é correto do ponto de vista
gramatical.

4. Plano B
Tenha sempre um plano B quando se tratar de aula ou palestras temáticas
específicas. O erro de muitos é não estarem preparados para situações
inesperadas, portanto, devemos estar prontos, para não sermos pegos de
surpresa em algum imprevisto. Imagine preparar toda uma aula com mapas,
fotos, vídeos, slides e na hora sua máquina ou o projetor quebrar. Sempre
indico levar backup do material em CD, DVD, pen drive, HD externo e/ou
colocar os arquivos em serviços de armazenamento de arquivos na internet.
Recordo-me de um dia em que iria ministrar aulas em uma turma do Centro
de Treinamento Bíblico Rhema Brasil, em Recife (PE), e estava sem laptop,
levando meus arquivos em CD.
Eu estava com três CDs com os mesmos arquivos, e ao chegar à escola, o
primeiro apresentou erro, o segundo também, mas graças a Deus o terceiro
funcionou! Que alívio, não é? Imagine se o terceiro não funcionasse! Esse é
outro ponto importante sobre preparação. Aconselho que você tenha um
roteiro impresso ao qual possa recorrer caso aconteça algum imprevisto, além
de ter internalizado o conteúdo, para transmitir com ou sem recursos visuais.
Já aconteceu comigo de estar ministrando, utilizando recursos visuais e a
energia acabou. Sem maiores problemas continuei a minha aula, pois eu
havia feito o “dever de casa”.
Também aprendi a carregar cabos para conexão de áudio na mesa de som,
adaptadores tipo P2/P10 e P10/P2 entre outros, pois, algumas vezes, pela
falta de um simples adaptador, deixei de exibir materiais preparados com
tanto esmero para uma palestra. Imprevistos podem acontecer, mas se você
estiver prevenido, sairá na frente.

5. Confira a Sequência do Roteiro


Se utilizar lâminas de slides, confira antecipadamente a ordem, ou se for
transparência, tente encaderná-la na sequência correta. Confundir a ordem
dos assuntos é um problema grave nas apresentações. Assim, faça uma
vistoria prévia na ordem das páginas e na sequência dos assuntos para que
você não se confunda no contexto de sua explanação. Não se esqueça de
conferir, também, as referências bíblicas que serão utilizadas para que você
não corra riscos de citar textos que não correspondem ao tema da mensagem,
bem como, a grafia.

6. Improviso
Às vezes, a palavra “improviso” pode ser mal interpretada. Não quero que
associemos, no objeto de nosso estudo, essa palavra a desleixo, muito embora
saibamos que, em algumas ocasiões, estejam relacionadas. Como um
excelente comunicador, você já sabe que não podemos ser desleixados nas
práticas ministeriais, na vida, na homilética e na oratória.
Precisamos saber lidar com situações inusitadas e termos uma rápida
adequação diante de uma situação inesperada, que certamente nos levará a
não deixar lacunas na comunicação, e aí é que vem o saber trabalhar com a
arte do improviso.
Para que sejamos bem-sucedidos no jogo de cintura, alguns cuidados são
extremamente necessários. O primeiro deles é ter conhecimento do caminho
que você está se propondo a seguir e ter conhecimento do assunto que não
estava na pauta inicial. Isso fará toda a diferença. Procure falar do que você
tem segurança e lembre-se de que você está conduzindo o avião e, para onde
for, tenha segurança no que vai falar e/ou fazer.
Costumo utilizar em aulas de comunicação uma técnica que pode ilustrar
muito bem o quanto é sério desenvolvermos habilidades de lidar com o
improviso, e o resultado é a perplexidade dos alunos ao perceberem que não é
uma tarefa tão fácil quanto se imagina.
O exercício é o seguinte: distribuo de modo aleatório para os alunos um
recorte com uma matéria jornalística. Eles têm de ler e pensar no texto para
depois de três minutos transmitir aquela notícia em trinta segundos. O
interessante é que, na maioria das turmas em que apliquei a técnica, alguns
alunos ficavam a se gabar, falando: “Só trinta segundos?”. Quando íamos
para a prática, boa parte não chegava aos vinte e cinco segundos. A situação
se agravava quando se viam diante da câmera e ouviam a contagem
regressiva (que eu pessoalmente fazia) para a gravação dos trinta segundos.
Nessa hora, alguns tinham o famoso “branco”, outros gaguejavam, outros até
iniciavam bem, mas não davam continuidade ao raciocínio e poucos
chegavam ao término satisfatório da atividade.
E por que isso acontece? Porque muitas daquelas informações não estão
contidas no universo de leitura, nem de conhecimento e entendimento deles.
Além de não dominarem o assunto, muitos também não desenvolveram o
hábito de fazer leitura compreensiva do texto, e sim apenas decorar a matéria,
sem entender o que está escrito.
Fazer uma leitura compreensiva, demarcar as frases importantes que se
transformam em tópicos do roteiro e trabalhar a concentração são orientações
que nos favorecem diante de situações práticas como essa. O que pode fazer a
diferença é o quanto você lê e está inteirado com diversos assuntos da
atualidade e/ou do universo eclesiástico. Outro ponto importante é a falta de
hábito de falar diante das câmeras ou gravadores. Nesse caso o treino para
desenvolver esse hábito trará mais segurança nos momentos em que a ocasião
pedir.
Indico sempre para quem está iniciando na arte de discursar, que fale
daquilo que tem facilidade. Normalmente, nas primeiras ministrações, fala-se
muito do testemunho pessoal — só você sabe a ordem e os pontos mais
importantes para destacar. Então, não esqueça: comece falando do que você
está acostumado a falar. Destarte, evite discursar de improviso, a não ser que
tenha bastante domínio sobre o assunto.

7. Cultura e Costumes
Procure respeitar a cultura e os costumes do público. Em uma cultura
diferente, busque saber antes e peça para um nativo ajudá-lo a conhecer
expressões, gestos e palavras que podem ou não ser utilizados.

8. Volume, Intensidade e Silêncio


Adapte o volume e a intensidade da sua voz diante da realidade do público,
pois não podemos gritar ou estar com a mesma intensidade o tempo todo. Se
você fala baixo demais, procure trabalhar sua dinâmica vocal, sua postura no
altar e até mesmo a utilização do microfone. Uma mensagem inteira gritada
cansa os ouvintes e uma mensagem inteira em volume baixo os faz dormir.
Nos dois casos, a comunicação pode ficar comprometida.
Às vezes, pelo fato de o pregador estar gritando, as pessoas entram na
emoção sem nem perceberem o que está sendo dito; o que pode se tornar
perigoso. As pessoas só deveriam concordar com aquilo que elas
efetivamente entenderam. Nossa proposta, como ministros, não é apenas
animar as pessoas em suas emoções, mas sim transmitir uma mensagem com
base nos princípios da Palavra. Portanto, devemos trazer uma ministração
cheios da unção, com entusiasmo, sabendo dosar a intensidade e o volume da
voz.
Na música, existe um princípio que podemos utilizar também na oratória,
que é o conceito de pianinho e ataque. Pianinho é quando o trecho da música
é executado de modo suave e ataque é quando ele chega a pontos de maior
volume e intensidade. Assim deve ser em nosso discurso. Sabendo trabalhar
de modo adequado, a cada momento os ouvintes terão prazer em permanecer
escutando. Claro que, para que isso aconteça, depende do conteúdo que está
sendo transmitido, pois argumentação e coerência bíblica andam juntas, e
pelo menos com o princípio do volume, intensidade e silêncio bem aplicado,
sua pregação será, no mínimo, compreendida.
Trabalhe a entonação da voz e use o silêncio para frisar palavras. Perceber
o tempo também é fundamental. Sua pausa não pode ser tão longa para não
deixar um vazio na mensagem, muito menos seu discurso tão corrido que
quando você termina dá vontade de gritar “goool”. O tempo da fala também
deve respeitar a pontuação. Nos casos de leitura durante a mensagem, atentar
para as vírgulas, os pontos e as interrogações é imprescindível para a correta
interpretação do texto que, se feita de modo incorreto, pode mudar
completamente o sentido de uma frase, influenciando até na construção de
falsas doutrinas.

9. Repetições de Expressões
Cuidado com o uso excessivo de expressões como: “né”, “amém”,
“aleluia”, “então”, “sendo assim”, “tipo”. Ou de sons como: “ham”, “hum”,
“ééééé”. Presenciei o caso em que um amigo estava ministrando a Palavra e
ele repetia tantos améns que as pessoas deixaram de atentar para a mensagem
e passaram a contar os améns que ele proferia. Chegaram a contar cerca de
cento e vinte e nove améns em uma única mensagem. Isso tira a atenção das
pessoas e prejudica a compreensão da ministração.
Não é interessante iniciar uma fala com “amém?”, pois poderá vir a
pergunta: “Amém pelo quê?”. A palavra amém denota concordância,
aprovação para algo que foi declarado.
Quanto a pedir para a audiência repetir suas frases, isso não é proibido,
porém não deve ser feito a todo o momento. A maioria dos ouvintes não
aprova ter de ficar repetindo frases ou falando com o irmão que está ao lado
muitas vezes ao longo da mensagem. Quando fizer isso, formule frases
pequenas.

10. Treine Muito


Quanto mais nos esmeramos e treinamos, melhor ficamos. As primeiras
ministrações de pregadores que hoje são considerados grandes homens de
Deus não foram tão boas em muitos aspectos, mas uma coisa não podemos
esquecer: não nascemos sabendo! Por isso, incentivo você a treinar.
Treine em casa, se possível, pegue um celular ou um gravador, filme e/ou
grave o áudio da sua mensagem. Quando tiver uma oportunidade na igreja,
peça para que alguém filme ou grave para que você se avalie posteriormente
e, assim, possa melhorar.
Algumas pessoas não têm o hábito de se ouvir, pois alegam que não gostam
da própria voz. Quero compartilhar algo com você: grandes comunicadores,
no início, também não gostavam da própria voz, e não são poucos. Você não
é o(a) único(a). Ouvir-se e/ou se ver é fundamental para o aperfeiçoamento
como orador, passando a perceber detalhes do seu desempenho no altar,
como, por exemplo, um sotaque acentuado, repetição de expressões, erros de
concordância e de pronúncia, intensidade e ritmo da fala, dinâmica na
comunicação e uso do silêncio. Além disso, você pode fazer uma avaliação
dos aspectos de conteúdo, criatividade e argumentação dentro da ministração.
É se vendo que você vai perceber se sua movimentação está exagerada ou
não, se sua roupa foi adequadamente escolhida e ajustada para a ocasião; bem
como, cabelo, sapato ou se tem mais coisas causando ruídos na comunicação.
Assim, posso assegurar que o hábito de se ouvir e/ou ver fará uma grande
diferença na sua comunicação.

11. Não Menospreze seus Ouvintes


Quando comunicamos, devemos ter a consciência de que não somos os
únicos detentores do conhecimento. Habitualmente, o orador pode entrar em
extremos, ora achando que a audiência sabe mais do que ele, o que pode
deixá-lo nervoso e inseguro; ora achando que só ele sabe tudo, e então passar
a tratar as pessoas com um ar de superioridade, menosprezando-as. Erra
quem pensa tanto de uma forma quanto de outra.
O equilíbrio fará você ter a percepção correta para não estar falando em um
nível tão alto que seus ouvintes não entendem, ou estar tão nervoso, sem
tocar nos assuntos necessários por achar que não é preciso. O orador nada
mais é do que um canal de Deus para tocar as vidas, não somente com a
Palavra, mas com as atitudes, a influência, a unção e a visão.
Não menospreze seus ouvintes, ao contrário, você pode receber feedbacks
na própria mensagem. Feedbacks de aprovação, de reprovação, de dúvida —
muitas vezes observadas pela linguagem não verbal e, às vezes, até mesmo
pela linguagem verbal. Em muitas aulas, e até mesmo em algumas
ministrações, faço perguntas aos ouvintes e eles interagem, participam da
construção da mensagem e isso não me diminui como professor, palestrante
ou pastor. Ao contrário, esse é um dos mecanismos que tenho para perceber o
nível de alcance da audiência. Eles se sentem valorizados e podem ser
corrigidos em seus conceitos quando respondem errado, em um ambiente de
crescimento e respeito.
O ministrante deve ter segurança e um excelente conhecimento sobre o
assunto, pois diante de muitas afirmações, você deverá se posicionar quanto
às falas que não estão de acordo com a verdade. Isso demonstra para os
alunos que você tem domínio do assunto, reforçando-o com conceitos depois
das falas e dando seguimento ao conteúdo/sermão/roteiro.
Cada público é um público, cada momento é um momento, cada mensagem
é única. E é aí que devemos, também, estar atentos à linguagem e ao ritmo,
para que não “corramos” demais quando a turma só nos alcança até
determinado ponto. A respeito disso, tem um aspecto delicado a ser tratado:
não queira resolver todos os pontos da vida das pessoas em cinquenta
minutos de Palavra. Vá com calma! Uma enxurrada de informações na
mesma hora não será absorvida de modo coerente. As pessoas precisam de
tempo para meditar e receber as revelações.

12. Vestimenta
Bom senso é a palavra-chave quando se trata de composição visual. O
ajuste ao corpo e ao tamanho deve, de fato, ser objeto de muito critério por
parte do orador.
Existe uma palavra que é muito utilizada no meio técnico de rádio e TV,
bem como no meio jurídico, que é: DEPENDE. Depende da ocasião, depende do
público, depende do horário, depende da proposta do evento. Ministrar para
adolescentes de roupa social e gravata, a meu ver, não combina com a
proposta, não é? Mas devemos ter em mente que o mais importante para o
orador é a mensagem que ele quer transmitir. A roupa não deverá tirar a
atenção das pessoas.
Mesmo sabendo que a adequação da roupa depende muito da ocasião, não
podemos esquecer de que, como comunicadores da Palavra revelada,
necessitamos ter princípios básicos para que não sejamos motivo de
escândalo diante das pessoas.
Durante o sermão, sugere-se para as mulheres não usar alças, decotes e
transparências, tendo muito cuidado também com rendas. Não é proibido,
mas recomenda-se que a roupa da ministrante esteja devidamente forrada,
para que não exiba partes do seu corpo, resultando em uma conotação
sensual.
É extremamente recomendável às mulheres utilizarem anáguas, forros em
suas saias e vestidos, pois normalmente a iluminação dos altares deixa
determinados tipos de tecidos e cores com certa transparência e o forro ajuda
muito. Certo dia estava em um encontro, em um grandioso auditório e uma
mulher muito distinta foi convidada a subir à plataforma e proferir algumas
palavras. A iluminação daquela plataforma estava bem preparada, mas aquela
convidada, não, pois utilizava um vestido muito discreto, porém quando
subiu ao palco, toda a silhueta estava à mostra, já que o vestido não era
forrado adequadamente. A situação foi constrangedora.
Deve-se ter cuidado com as fendas das saias, bem como, não usar calças e
saias extremamente apertadas, pois, além de dificultar a locomoção da
própria preletora, demarca o corpo, podendo atrair a atenção dos homens para
a mulher de modo sensual.
Temos o costume de erguer as mãos em nossos cultos, e diante disso, é
muito importante que, ainda em casa, a mulher possa observar em frente ao
espelho a altura da blusa ao levantar os braços para que, no altar, diante da
audiência, não esteja exibindo a barriga e, consequentemente, tirando a
atenção das pessoas.
Em resumo: mulher, você é templo e morada do Espírito Santo. Peça ajuda
a Ele em relação a suas composições de roupa, e certamente Ele irá guiá-la
nas escolhas corretas. Seu corpo não deve ser usado como instrumento de
queda de homens, e sim como instrumento de glorificação ao Rei dos reis e
Senhor dos senhores.
Da mesma forma, os homens são templo e morada do Espírito Santo e,
diante disso, pode contar também com Sua ajuda gloriosa. Então, indica-se o
mesmo em relação a roupas extremamente apertadas, que devem ser evitadas.
Já vi ministros no altar usando calças tão apertadas, que isso constrangia a
audiência. Um orador, principalmente cristão, deve ter cuidado para não
escandalizar. Sua roupa não pode chamar mais atenção que a mensagem
preciosa que você está sendo chamado para proclamar.
Quanto à questão das camisas, ainda para os homens, elas devem estar
passadas e bem adequadas ao corpo. Falando das gravatas, não se esqueça de
verificar se ela está na altura do cinto, se o nó está adequado e também se ela
está em bom estado de conservação.
Tenho andado em muitas cidades incentivando os homens a investirem um
pouco mais em gravatas, cintos e sapatos, pois muitos não têm cuidado com
esses acessórios.
O cinto deve ser da mesma cor do sapato.
Não vá discursar com a chave do carro e/ou o celular presos na calça.
Evite subir ao altar com objetos nos bolsos, como carteira, moedas, chaves
e canetas, pois, além de ser deselegante, tira a atenção das pessoas.
Não coloque caneta esferográfica no bolso da camisa. Tenha cuidado
também com certos tipos de canetas, pois já vi alguns ministros que foram
chamados para participar de uma gravação em vídeo e, na grande iluminação
do estúdio, a caneta ou o prendedor de gravata passava a refletir a luz do
estúdio na gravação. Isso tudo tira a atenção das pessoas daquilo que é mais
importante: a mensagem.

13. Sapatos
Dê preferência a sapatos confortáveis, limpos, devidamente engraxados e
em perfeito estado de conservação. No caso do salto, para mulheres, procure
adequar o tamanho, para não correr risco de tropeçar, por exemplo, em algum
carpete. Possivelmente, pessoas deixarão de atentar para a mensagem para
ficar pensando como ela consegue andar com um salto tão alto assim?, ou
até cuidadosas para que não ocorra algum acidente diante de obstáculos que,
muitas vezes, estão presentes em algumas plataformas.
Sei que você deve estar pensando, mas isso não deveria ser assim. O altar
das igrejas deveria ser completamente livre para que o preletor pudesse se
mover com liberdade. Exatamente! Mas se sabemos que não acontece assim,
precisamos estar sempre preparado(a)s para essa realidade.

14. Cabelos
No caso dos cabelos, sugere-se, de preferência, mantê-los presos ou
utilizando algum produto que os mantenham fixos. Você já viu alguém
falando em público e toda hora tirando os cabelos dos olhos? Ajeitando a
cada momento? Isso promove inquietação em quem está assistindo. Temos de
ter cuidado em relação à aparência. Os cabelos devem ser bem tratados. Não
há uma regra em relação ao comprimento, mas, na verdade, ele necessita
estar bem adequado ao rosto e não atrapalhar enquanto discursa.

15. Barba
Deve estar bem feita. Caso decida usar barba “cheia”, bigode ou
cavanhaque tenha cuidado de mantê-los bem aparados e ajustados
devidamente ao rosto. Uma barba malfeita pode passar impressão de
desleixo, de uma pessoa que não tem cuidado consigo.

16. Unhas
As unhas devem estar tratadas e limpas. No caso das mulheres, é preferível
que estejam com as unhas no modo natural a estar com esmalte danificado. A
preferência é para as cores discretas, sempre lembrando que depende muito
da ocasião.

17. Gestos e Postura


Procure falar como se estivesse enquadrado em uma tela de TV, evitando
movimentações que desviam a visão do público para longe do seu rosto.

As Mãos
Enfatizam o que se fala quando estão acima da cintura, caso contrário
podem tirar a atenção do seu rosto. Se, por acaso, sentir a necessidade de
utilizar anotações na apresentação, indico que use algum equipamento
eletrônico do tipo tablet ou iPad, ou faça uso de fichas impressas com papel
grosso em meio ofício, pois, além de ficar bem clean, reduz, para o público, a
visualização de seu nervosismo caso esteja trêmulo. Se dispõe de púlpito,
mesa de apoio ou similar, é interessante que possa manter as anotações
apoiadas, permitindo que as mãos estejam livres e disfarçando mais o
nervosismo.
Evite colocar a mão no bolso ou na cintura. Muitas vezes o orador se apoia
dessa maneira por se sentir à vontade, por costume ou até mesmo por estar
nervoso, querendo esconder a mão, porém com esse ato corre o risco de tirar
a atenção das pessoas e, em algumas ocasiões, parecer deselegante. Para não
correr esse risco, é aconselhável evitar!

Tronco
Não podemos ficar como fantoches ou estáticos como múmias ou, ainda,
nos movimentar em excesso. Você já viu alguém ministrando, andando de
um lado para o outro da plataforma exageradamente? A sensação é que você
está assistindo a uma partida de tênis. O orador tem sim que procurar cobrir
todo o auditório, mas não necessita estar toda hora andando de um lado para
o outro.
A postura deve ser ereta e, para isso, não fique de pernas abertas enquanto
fala, nem as deixe juntinhas, pois não causará boa impressão. Não fique
batendo o pé enquanto discursa. Portanto, deixe as pernas bem apoiadas,
balanceando o peso sobre elas.

O Olhar
Nesse ponto, algumas atitudes devem ser evitadas:
• Fugir com os olhos para baixo, para cima ou para os lados — o ouvinte
tem a impressão de que não tem a atenção do orador.
• Olhar desconfiado — gera incerteza.
• Fixar o olhar — não se deve fixar o olhar em uma pessoa ou em algum
ponto. Vejamos: estou ministrando uma palavra sobre o tema adultério e
fico olhando para alguém que está no auditório com seu cônjuge. Imagine
o que vai passar na cabeça do cônjuge: Meu Deus, será que o meu marido
está em pecado? Será que ele está me traindo? Na cabeça dos outros que
estão no mesmo lugar: Esta palavra está sendo para ele... Na cabeça do
pobre homem: Meu Deus, o que será de mim quando sair desta reunião?
O que será que a minha mulher está pensando? E as pessoas?
Parece brincadeira, mas não é! Precisamos ser cuidadosos para não
constrangermos as pessoas. No caso de se ter uma direção de Deus sobre um
assunto tão delicado, tenha sabedoria para tratar sem expor as pessoas a
situações indesejadas. Indica-se, dependendo da ocasião, buscar um momento
de ministrar para aquela pessoa em específico, sem que o microfone esteja
ligado, em uma conversa particular, juntamente com o seu pastor, caso você
seja um ministro convidado e/ou indicar àquela ovelha para um
acompanhamento pastoral mais próximo.
Olhe para as pessoas, deixe que elas se sintam contempladas pelo seu olhar.
Existem lugares em que a disposição do auditório irá exigir de você um
pouco mais de esforço. Não fique apenas olhando para uma parte do público.
Já ministrei em lugares em que, lateralmente, existia uma quantidade de
pessoas sentadas e eu precisava também ministrar para elas. Elas não
poderiam sair com a sensação de que foram esquecidas pelo fato de apenas
me concentrar nas pessoas que estavam na minha frente. É um pouco mais
trabalhoso, mas vale muito a pena. Contemple as pessoas com o seu olhar.

Quando Sentado
Evite cruzar as pernas, deixando o solado do sapato à mostra para o
auditório. No caso do homem, deve-se ter atenção para NÃO cruzar as pernas
do mesmo modo que as mulheres.
Caso esteja em uma cadeira giratória, evite ficar todo o tempo girando,
mesmo que seja com pequenos movimentos. Sente-se adequadamente, nem
tão tenso nem relaxado demais. O indicado, quando sentado, é que os pés
estejam bem apoiados no chão. No caso dos homens, deve-se adotar uma
postura tranquila, com as pernas levemente abertas. Cuidado para não ficar
com as pernas abertas demais. Os homens têm o costume de abrir muito as
pernas quando sentados. Isso deve ser evitado! As mulheres devem manter as
pernas levemente juntas. É muito deselegante uma mulher sentar com as
pernas abertas.
CAPÍTULO 10

MICROFONES

M uitas pessoas até conseguem lidar bem com a questão de falar em


público, porém, quando se trata de falar utilizando um microfone, a
situação se complica e elas ficam inseguras porque se sentem em um terreno
desconhecido, mas é justamente visando dar uma maior segurança que
abordarei essa questão neste capítulo.
Veja bem, o uso do equipamento não é só um desafio para os mais
inexperientes, mas é, muitas vezes, um desafio para aqueles que já têm o
costume até mesmo de utilizá-lo, contudo, fazendo-o de modo errado. Ao
longo dos anos, já presenciei absurdos nessa matéria! A má utilização do
equipamento é algo mais constante do que você pode imaginar.
Primeiro, é importante entendermos que, para uma melhor comunicação,
faz-se necessário agir como um profissional de segurança que passa pela
academia entendendo as leis, exercitando-se fisicamente, praticando muitas
horas no estande de tiros, aprendendo a lidar com a arma para quando for às
ruas saber como vai se portar, o que pode e o que não pode fazer e como
utilizar as armas e os outros equipamentos. Algumas vezes estamos
preparados nas “leis”, no roteiro do que iremos abordar, com um sermão
excelente, estamos aquecidos, mas quando chega a hora de usar o nosso
instrumento de trabalho, o fazemos de maneira insegura e até mesmo
atrapalhada. Isso prejudica, e muito, a ministração.

ENTENDENDO OS MICROFONES
Cada microfone possui uma classificação para um uso mais adequado a que
se destina. Já cheguei a lugares em que cantores estavam utilizando para voz
um microfone de captação de instrumento percussivo. Alguém poderia dizer:
“Mas ele não está cantando?”. Sim, ele estava cantando, mas aquele
equipamento foi construído para uma melhor captação a determinadas
frequências, subutilizando o próprio talento vocal. Seria diferente se ele
estivesse com o equipamento adequado.
Constantemente falamos e ouvimos que devemos ter excelência na obra de
Deus e logo muitos pensam em um prédio, com arquitetura bacana, ar-
condicionado, cadeiras, uma boa recepção e diáconos bem preparados. De
fato, isso faz parte da composição de excelência para uma obra, mas não
podemos esquecer que a comunicação no altar é tão importante quanto essas
coisas. As pessoas precisam entender que, quando falamos de excelência na
obra de Deus, a comunicação está envolvida e, por conseguinte, os
equipamentos também deverão fazer parte do nosso nível de excelência,
como também a sua adequação às necessidades. Mas de que adianta ter um
equipamento de excelência e não saber utilizá-lo?

TIPOS, FUNÇÕES E USO


Quero destacar a utilização do microfone, por estar diretamente ligado ao
processo de falar em público. Existem muitos tipos de microfones no
mercado, mas destacarei dois muito usados, que são os microfones dinâmicos
e os condensadores.
Os dinâmicos são os mais versáteis, já que são mais resistentes a golpes e
de fácil mobilidade. Sua captação é menor para os sons de ambiente, visto
que não são tão sensíveis como o microfone condensador. Os dinâmicos são,
também, aqueles microfones que comumente observamos os apresentadores,
preletores e cantores utilizando.
De forma similar aos dinâmicos, os microfones condensadores também são
muito comuns; entretanto, a sua estrutura é mais complexa. De um modo
geral, são mais utilizados para captações de alto desempenho em estúdios de
gravação, por exemplo.
Quando falamos de microfones, principalmente sem fio, devemos ter
cuidado com a questão da frequência, para não haver interrupções nem
interferências, por isso é preciso realizar a passagem prévia do som. É preciso
saber como ligar, desligar ou deixar no modo mudo (MUTE), caso o
equipamento disponha dele.
Um acessório interessante de ser usado é a espuma, que se coloca no
globo/grade, pois ela serve para reduzir a captação dos chamados “puffs”,
que ocorrem, principalmente, quando pronunciamos palavras com “P” e “B”
e também quando se está em um lugar com circulação intensa de ar.

MICROFONE DE MÃO
No que diz respeito ao uso adequado do microfone de mão, recomenda-se
utilizá-lo a uma distância de cinco a dez centímetros da boca. É claro que se
faz necessário, com o operador de som, fazer a passagem de som,
anteriormente ao uso. Já vi ministros falando com o microfone na altura do
umbigo e ainda pedindo para o operador de áudio aumentar mais o volume.
Respeite a distância indicada e a captação estará adequada.
Não devemos falar com o microfone tão distante da boca, porque será
necessário aumentar extremamente o volume para se captar alguma coisa,
mas também nem tão colado a ela, para não distorcer a voz, nem trazer danos
à saúde do que se propõe a falar ou cantar. Isso mesmo! Danos à saúde sim. E
por quê?
Você já parou para pensar que, quando falamos, além do som, do ar,
também sai saliva da boca? Imagine a quantidade de saliva acumulada no
globo (parte superior) do equipamento. Não é prudente encostar a boca ali!
Também já vi pessoas enrolando o fio do microfone ao falar. Isso não é
adequado, pois poderá trazer dano ao fio e, em alguns casos, ao próprio
microfone, forçando e desgastando a conexão da base.
Até a forma como você segura o microfone pode facilitar sua comunicação.
Segure-o com firmeza, projete a voz em direção ao ponto central do aparelho,
respeitando a correta distância, onde a captação será mais adequada.
Ao utilizar microfone de fio, recomenda-se estar devidamente calçado para
evitar possíveis descargas elétricas, oriundas de falhas na composição elétrica
da estrutura do local. Estar devidamente protegido será sempre recomendado.
Certo dia, presenciei, em um parque aquático, um profissional de recreação
que iria iniciar o trabalho pegando o microfone. Ele estava descalço e as
pessoas passavam molhadas perto dele. Fui até ele e indiquei que se
protegesse, pois poderia levar um choque. Ele ouviu a minha sugestão e foi se
calçar.
Há muitos anos estava apresentando um evento ao ar livre em um grande
palco montado. Ele havia sido inspecionado pelos órgãos competentes e
achava-se que estava “dentro dos padrões”. Em dado momento, ao chamar
uma atração, saí de cena e ao me encostar e segurar na estrutura do palco,
levei o maior choque da minha vida. Meu corpo foi impulsionado para a
frente. Foi uma descarga muito forte.
Certo dia, um amigo, ministrando a Palavra em um seminário bíblico,
estava utilizando um microfone de mão com fio. Lá pela metade da aula,
começou a pular e as pessoas pensavam que estava assim por causa do poder
de Deus. Depois de alguns segundos, quando conseguiu se desvencilhar do
microfone, exclamou: “Irmãos, isso não foi unção, foi um choque que eu
levei!”. Parece engraçado, mas é muito sério. Usar equipamentos conectados
à eletricidade requer uma atenção especial. Por isso, alguns cuidados são
sempre necessários, como:

1.Os responsáveis devem observar se as instalações elétricas daquela


igreja/ auditório e o sistema de aterramento estão adequados.
2.Procurar utilizar sapatos que promovam isolamento.
3.Não segurar, enquanto fala, em materiais de ferro ou outros condutores.
4.Não enrolar o fio na mão, nem pendurá-lo no cinto da calça.
5.Não encostar a boca no globo/grade do equipamento.
6.Não utilizar microfone com fio estando descalço, com sapato molhado
ou em contato com água.

MICROFONE DE LAPELA
É muito usado em estúdio de TV para programas gravados ou apresentados
ao vivo. Você já observou que normalmente em programas como telejornais,
os âncoras utilizam dois microfones de lapela? Isso se dá por um aspecto de
segurança em transmissões ao vivo, para que, caso haja falha de um durante a
comunicação, o outro já esteja pronto, dando suporte. Quanto ao uso,
praticamente não apresenta grandes problemas: ele é preso na roupa por uma
presilha e é de fácil manuseio. É muito útil quando se requer liberdade de
movimentos.

MICROFONE HEADSET OU AURICULAR


É aquele que é fixado no rosto, preso na orelha. É extremamente sensível e
de fato necessita ser bem testado antes de qualquer operação pública. Ao
longo de minha caminhada, já presenciei inúmeros técnicos de som
desistirem de utilizar esse equipamento em determinados ambientes pelo fato
de não saberem equalizá-lo ou de o equipamento não atender àquela
demanda. A escolha adequada do modelo, e a que se destina, fará toda
diferença no ambiente no qual você irá trabalhar.

MICROFONE DE PEDESTAL OU DE MESA


Esse tipo de microfone exige maiores cuidados para sua melhor utilização e
é muito comum em alguns auditórios. É necessário estar familiarizado com o
mecanismo de regulagem da altura. Deve-se estar atento à sensibilidade dele
para saber a que distância deverá falar. Procure não posicioná-lo na frente do
rosto, permitindo que o auditório o perceba; deixe-o a um ou dois centímetros
abaixo do queixo. Não esqueça: cada microfone possui características
distintas e é prudente conhecê-las antecipadamente.
Teste antes e tome como base o som final, aquele que é ouvido no fundo do
auditório. Para isso, o certo é que o operador de áudio esteja no final da sala.
Caso não esteja, solicite a alguém que fique no fundo da sala e perceba qual a
altura ideal da sua voz.
Ao falar, não segure na haste e fale sempre olhando sobre o microfone,
respeitando a distância correta de cinco a dez centímetros da boca; dessa
forma, a projeção da voz será sempre captada.
No caso do microfone de mesa, procure não bater na mesa, pois ele captará
o som da batida e causará ruído na comunicação.

OUTRAS OBSERVAÇÕES PARA O USO DO


MICROFONE
• Nunca bata no microfone para testar, pois isso pode danificá-lo.
• Não assopre no microfone para não aumentar o nível de saliva no globo.
• Evite torcer o microfone headset ou auricular. O ajuste normalmente deve
ser feito na parte que fica na orelha, adequando-o corretamente ao rosto.
• Imposte adequadamente a voz. Microfone não faz milagre!
CAPÍTULO 11

RECURSOS VISUAIS NO ALTAR


E MÍDIAS SOCIAIS

D ependendo da ocasião, esses recursos são bem-vindos, porém faz-se


necessário que aquele que irá utilizá-los esteja familiarizado com eles, a
fim de evitar perda de tempo e vergonha tecnológica diante do auditório.
Vergonha tecnológica é o constrangimento por parte daquele que usa o
equipamento sem dominar as técnicas necessárias. Então, tenha domínio
sobre os equipamentos e os recursos que irá utilizar, treinando o uso de
Datashow, iPad, tablet e outros.

PREPARAÇÃO DE SLIDES
Um slide mal preparado também causa ruído na comunicação. Decida se
você irá utilizar slides na sua palestra e, se for, fique atento a estas dicas
importantes. Prepare-os observando critérios corretos, lembrando que estas
recomendações devem ser observadas respeitando sempre a proposta do
projeto, sendo possível realizar adaptações:

• Mesmo utilizando slides, é prudente levar cópia em papel e de preferência


encadernada (nunca soltas), no iPad ou no tablet.
• Recomenda-se que NÃO coloque efeitos sonoros nas transições dos slides
nem na passagem dos tópicos.
• Devem ser trabalhados tópicos e não grandes textos. O slide é
complemento e apoio, não o todo.
• Verifique se está faltando algum conteúdo ou se há algum trecho
repetido.
• Faça a revisão gramatical e, se possível, solicite a outra pessoa para
também fazer a revisão final do texto.
• Domine a sequência que será apresentada e, caso tenha necessidade de
usar mais de um arquivo, abra todos antes de a aula começar, ou deixe
uma pasta aberta com todos os arquivos para facilitar a busca.
• Quanto à questão do tamanho da fonte, não existe regra absoluta para essa
escolha, sendo recomendável observar o local de exibição. Hoje se
dispõe, em diversos auditórios, não mais do Datashow, e sim telas. É
interessante estar atento, pois o tamanho da fonte deve ser o mais
adequado à boa visualização naquele local de projeção. Muitos dos meus
slides eram preparados para Datashow e hoje tenho procurado fazer
adaptações para esse tipo de situação. Isso serve para o tamanho da fonte
e, em alguns casos, até para o tamanho do slide. Sugiro para os títulos e
textos utilizar as fontes: Arial, Arial Black, Calibri (corpo), Impact ou
Times New Roman, de preferência entre 24 e 30 para os textos e entre 34
e 46 para os títulos. A regra é colocar as fontes em tamanho adequado,
mesmo que tenha de acrescentar um número maior de slides.
• Procure manter um padrão na arte, evitando exageros. Slides muito
coloridos ou com muitas informações, acabam confundindo mais do que
explicando.
• Seja moderado na utilização de imagens e destaques em negrito.
• Evite utilizar imagens como marca d’água. Elas podem prejudicar a
visualização.
• Se utilizar background (pano de fundo), atentar para trabalhar o contraste
na cor da fonte, por exemplo, fundo branco com fonte amarela
DIFICULTARÁ a visualização; fundo branco com a fonte preta e
destaques em vermelho já são mais interessantes; fundo preto com fonte
branca dá um excelente contraste.
• Para não cansar a audiência, faça transições suaves, simples, tanto de
páginas como de tópicos. Evite aquelas do tipo: vento, raio, escadinha e
coisas semelhantes. No caso de tópicos, você pode optar em colocar todos
expostos de uma vez ou ir surgindo tópico a tópico.

Existe à venda um equipamento sem fio chamado “Apresentador ou


Passador de Slides”, ideal para fazer a transição de tópicos e slides,
independentemente de estar próximo ao computador, apenas com cliques, o
que, certamente, facilita muito a sua apresentação. Normalmente esses
equipamentos de transição vêm com um laser integrado para que o
palestrante possa frisar alguma parte da apresentação. Nesse caso, recomendo
que NÃO fique toda hora com o laser ligado, pois pode causar desconforto
para o público, lembrando também que ele não deve ser apontado para o
rosto das pessoas.

VÍDEOS
No caso de utilização de vídeos por parte do orador, alguns cuidados
deverão ser observados:

• Nunca dependa da internet do lugar em que você ministrará a mensagem.


Baixe o vídeo e certifique-se de que está rodando bem como arquivo no
seu material.
• É importante, mesmo com tudo testado previamente, que você tenha uma
pasta com todos os vídeos, como um plano B. Falo por experiência
própria, pois já necessitei utilizar em algumas ocasiões.
• É importante que você domine o conteúdo do vídeo apresentado. Certo
dia, estava ministrando uma palestra sobre comunicação eficaz, havia
testado tudo previamente, deixado tudo “redondinho” e exibido alguns
vídeos e slides durante o evento, mas no último vídeo aconteceu uma
pane no áudio do equipamento. O que fiz naquele momento? Continuei a
falar sobre o vídeo e a indicar pontos importantes que seriam exibidos
naquela peça. Pedi desculpas pelo problema técnico, mas ficou bem claro
para todos os espectadores que foi um problema que surgiu no final. Eles
já tinham visto outros vídeos sem problemas e, sobretudo, sabiam que eu
conhecia, de fato, o que estava falando e o que iria ser exibido.
• Estude bem o que você está se propondo a demonstrar.
• Evite vídeos cansativos, nos quais você repete imagens, fotos e, depois de
dez minutos, quando retoma a fala, as pessoas estão cansadas, sem
interesse e até mesmo dormindo.
• O indicado para palestras onde o vídeo será ponto de reforço das
informações apresentadas é que tenha, em média, cinco minutos. Com
exceção para o caso de uma aula em vídeo em que a proposta daquela
atividade seja inteiramente exibida nesse formato. Nesse caso, admite-se
um tempo maior.
• Seja seletivo na escolha do que irá apresentar.
• Edite, caso o vídeo seja muito longo e aproveite para retirar coisas que
não agregam valor.
• Atente para a qualidade da imagem e do áudio. Existem situações em que
não vale a pena forçar uma exibição se a qualidade está comprometida.
• O que será exibido deverá respeitar o que está sendo abordado pela
temática da mensagem/tópico.
• É possível integrar o vídeo diretamente ao slide. Isso é muito interessante
sob o aspecto de agilizar a sua apresentação, mas alguns alertas gerais são
necessários:
1.Você terá de trabalhar no computador que construiu o projeto, pois,
quando você integra o vídeo ao slide e clica para a exibição, ele vai
buscar o arquivo base que se encontra em uma pasta da sua máquina.
Caso você coloque em um pendrive, por exemplo, e vá trabalhar em
outro computador, possivelmente ele perderá a referência, e não
exibirá o vídeo.
2.Pode acontecer, também, de algum exibidor não reconhecer o vídeo
virtual, daí é importante testar antes a exibição nos equipamentos que
serão utilizados para aquela apresentação.

INTERNET E MÍDIAS SOCIAIS


Gostaria de fazer um alerta a você, que é um ministro cristão, em relação ao
que está postando, curtindo ou compartilhando nas mídias sociais. Lembre-se
de que sua imagem está sendo exposta para o mundo inteiro e que seu
testemunho cristão está sendo relacionado diretamente com sua mensagem.
Existe uma grande facilidade de divulgar informações que escutamos ou
vemos pela TV ou nas mídias sociais. Necessitamos ao menos parar para
pensar se aquilo é verdade, mentira ou uma indução por parte da mídia.
Precisamos ser prudentes e nos manter alertas, pois “nem tudo que reluz é
ouro”. Nem tudo o que se ouve deve ser levado como verdade absoluta, nem
tudo que é divulgado na internet deve ser ministrado nos altares das nossas
igrejas, tampouco o que é publicado é a realidade total. Nem tudo que postam
nas redes sociais é digno de ser curtido, nem comentado, compartilhado ou
levado como exemplo em sermões.
Usemos o altar e as mídias sociais para promover a vida, a defesa da fé e
dos valores cristãos, e não para atacar pessoas nem incitar discórdia.
Tratemos doutrinas, combatamos heresias, rejeitemos o pecado e andemos
em amor com as pessoas.

Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.
— Romanos 12:18; ACF

Tenha cuidado com as fotos que você usa em suas postagens ou perfis, para
que as pessoas não fechem seus corações, pois podem achar que suas práticas
pessoais não condizem com suas ações no altar. Tenhamos muito cuidado
para fugir da aparência do mal, conforme 1 Tessalonicenses 5:22. Que
possamos usar os canais de comunicação com a estratégia de alcançarmos
vidas com nosso testemunho e conduta cristã, sempre.
CAPÍTULO 12

ORIENTAÇÕES E SUGESTÕES
PARA CERIMÔNIAS —
OCASIÕES ESPECIAIS

É importante que, nesses casos, textos bíblicos e ilustrações escolhidas


tenham relação com a ocasião. Vale ressaltar que essas sequências, aqui
apresentadas, podem ser adaptadas ao local, ao público, à região e ao tempo.

ANIVERSÁRIOS
• Seja bem específico em sua mensagem.
• Ore pelo aniversariante, seja simpático, cumprimente os demais
convidados e se alegre no Senhor que o ungiu para proclamar as boas
novas.

Sugestão de textos para aniversário:

Jovens

• Salmos 119:9; Eclesiastes 12:1


• 1 Timóteo 4:12; Tito 2:6-8
• 1 João 2:13-14

Adultos
• Salmos 27:14; 103:1-5
• Filipenses 4:1, 4-7; 1 Tessalonicenses 5:23-24
• Hebreus 6:10-11; 1 Coríntios 15:58
• 2 Timóteo 2:1

APRESENTAÇÃO DE CRIANÇAS
1.Solicite aos pais que conduzam a criança até o altar.
2.Coloque a criança no braço (caso não tenha domínio de lidar com bebês
recém- nascidos ou, se o bebê estiver dormindo, você pode deixá-lo
com a mãe ou o responsável).
3.Nessa ocasião, o celebrante pode pedir aos pais que façam uma
profissão diante do Senhor para que, com sabedoria, estejam criando
seus filhos na disciplina e admoestação do Senhor.
4.Ore pela criança e pelos pais (mesmo que não sejam crentes).
5.Caso necessário, solicite à igreja para não aplaudir, para não assustar a
criança.

Sugestões de textos para apresentação de crianças:

• Mateus 19:13-15; Marcos 10:13-16; Lucas 2:22

BATISMO NAS ÁGUAS


1.Realize a abertura com uma saudação.
2.Momento musical.
3.Reflita sobre o propósito e a importância do batismo nas águas.
4.Informe que a pessoa não precisa se desesperar na água e que você irá
conduzi-la.
5.Solicite que o candidato ao batismo coloque as mãos em posição
póstuma, tapando o nariz na hora de descer às águas, evitando o
afogamento.
6.Quando estiver na água, pergunte o nome da pessoa (nesse caso é bom
informar antes a todos que a pergunta será feita, para que não haja
constrangimento em relação àqueles que acham que o ministro sabe seu
nome e na hora pode não saber ou esquecer) e se ela confirma a aliança
de amor e de fé feita em Cristo Jesus e se Ele é seu Senhor e Salvador.
Mediante a confirmação e confissão de fé, declare: “Eu te batizo, em
nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.

É necessário colocar pessoas que possam ajudar os irmãos na entrada e na


saída do batistério.
Dica: Se o celebrante é de baixa estatura e o candidato ao batismo é alto,
solicite que flexione as pernas no sentido de baixar um pouco mais e assim
você possa conduzi-lo a descer às águas.
Sugestão de textos em relação ao batismo nas águas:

• Marcos 1:1-11; Mateus 28:18-20


• Atos 8:26-39

CASAMENTO
A cerimônia de casamento não se resume apenas àquele período solene e de
confraternização. O matrimônio é o início de uma nova família, a qual deve
estar pautada nos princípios de Cristo. Por isso, é necessário que o ministro
faça um acompanhamento pré-nupcial. Normalmente, faço o confronto de
ideias, propósitos e realidades da vida dos dois. Procuro mostrar não somente
o lado bom do casamento, pois sei que ele, por si só, será vivido, mas
acredito ser necessário demonstrar os desafios e as situações que envolvem o
ato, bem como, as bases bíblicas. Sempre realizo os encontros pré-nupciais
ou curso de noivos por volta de dois meses antes de o casal ir ao cartório dar
entrada nos papéis. Já tive caso de um casal perceber que não era tempo de
casar, por não estarem maduros o suficiente naquela relação. Tempos depois,
eles refizeram o curso e aí, sim, casaram.
Divido as ministrações do curso de noivos em quatro temas. Na primeira
lição, faço um questionário voltado às questões familiares e de criação,
demonstrando para eles que mundos diferentes passarão a estar convivendo
juntos; na segunda, trabalho a questão de conflitos e de como os dois reagem
diante de algumas situações; na terceira, trabalho as questões financeiras e de
administração do lar, já na quarta, trato juntamente com a minha esposa das
questões de sexo e métodos contraceptivos, indicando ao casal que realizem
exames pré-nupciais. Aqui aproveito para falar da cerimônia também.
Esses encontros também servem para acertar as questões do cerimonial.
Muitas vezes os noivos querem fazer coisas que não podem pelas normas do
templo ou local da recepção. Por essa razão, tudo deve ser combinado antes,
evitando situações desagradáveis no dia da festa.
É importante que o celebrante solicite com antecedência a certidão de
casamento ou os documentos necessários para a realização da cerimônia. Por
exemplo, quando os noivos decidem o casamento religioso com efeito civil,
eles devem apresentar ao celebrante a habilitação do cartório para que a
secretaria da igreja prepare a ata que deverá ser assinada no ato da cerimônia
e levada ao cartório, pelos noivos, no prazo estabelecido, para que possam
obter a certidão de casamento.
De posse dos documentos, não deixe de preencher o livro de registro da
igreja e não se esqueça de levá-lo, com a ata para o cartório, no caso do
casamento religioso com efeito civil. Também é importante combinar
previamente com o cerimonial quem vai assinar o livro e indicar o local da
assinatura, chamando, na sequência: noivos, pais e testemunhas para irem até
o livro ou o livro ir até eles — conforme acordado com a equipe de
cerimonial.
Quanto à questão da duração da cerimônia, já vi muitos ministros
realizando cerimônias extremamente longas, e isso não é muito bom. Sua
reflexão deve ser bem sucinta, pois a grande base para aquele casal deve ter
sido tratada nos aconselhamentos. Na reflexão, não se esqueça de que muitos
casais que estão na cerimônia necessitam também ser alcançados, mas o faça
com simplicidade e sensatez. A cerimônia deve durar cerca de quarenta a
cinquenta minutos com todos os atos realizados. As pessoas ficam mais
receptivas quando percebem uma cerimônia leve e com o tempo adequado.
Na celebração é possível ter algum momento especial, desde que
combinado antecipadamente com o celebrante. Os noivos poderão declamar
uma poesia, fazer um agradecimento ou uma declaração de amor, cantar uma
música ou até mesmo uma santa ceia entre o casal.
Como celebrante e bom cristão, seja simpático com as pessoas, procure
cumprimentar os demais convidados! Certo dia fui abordado por uma distinta
senhora que, surpresa pelo meu cumprimento, falou para a filha, que estava
ao lado: “Filha, ele é um pastor acessível! Nunca pensei que um pastor
pudesse ser assim”. No decorrer da conversa, ela me informou que nunca
participara de uma cerimônia evangélica e que, de fato, havia superado suas
expectativas, pois a impressão que tinha era de que o pastor seria muito
fechado e inacessível. Glória a Deus que, pela minha atitude espontânea de
cumprimentá-la, um grande sofisma foi quebrado.
Em meu livro, Grandes Gestores, Excelentes Comunicadores, eu aprofundo
essa discussão e demonstro a necessidade de que nós, líderes, devemos ser
acessíveis. Isso faz parte da nossa oratória porque o nosso discurso vai além
das palavras.

SUGESTÃO DE LITURGIA PARA A CERIMÔNIA DE


CASAMENTO
Após a chegada dos noivos diante do altar o celebrante deve fazer:

1.Saudação e abertura (pode ser com uma oração).


2.Música.
3.Ministração da Palavra/reflexão.
4.Pergunta e votos de núpcias.

PROFISSÃO DE VOTOS:

PARA O NOIVO:
___________________________________, VOCÊ RECEBE
_____________________ COMO SUA ESPOSA, COMO SUA
PRÓPRIA CARNE, PARA AMÁ-LA COMO CRISTO AMA A
IGREJA, PARA PROTEGÊ-LA E CUIDAR DELA PELO RESTO DE
SUA VIDA?
Resposta: Sim.
Então, vire-se para ela e faça esta profissão de fé: Eu,
___________________, de acordo com a Palavra de Deus, deixo meu pai
e minha mãe e me junto a ti, para ser teu marido. Recebo-te como minha
legítima esposa, para amar-te com todo amor do meu coração, para dotar-
te com todos os meus bens materiais, para dar-te toda honra do meu nome
e para compartilhar a graça do meu Deus. Deste momento em diante, nós
seremos um.

PARA A NOIVA:
____________________________________, VOCÊ RECEBE
_________________________ COMO SEU MARIDO,
SUBMETENDO-SE A ELE COMO AO SENHOR, MOSTRANDO
REVERÊNCIA A ELE COMO O CABEÇA DESTA UNIÃO PELO
RESTO DE SUA VIDA?
Resposta: Sim.
Então, vire-se para ele e faça esta profissão de fé: Eu,
_______________________________, de acordo com a Palavra de Deus,
submeto-me a ti, para ser tua esposa. Recebo-te como meu legítimo
esposo. Onde tu fores, irei também. Onde tu morares, morarei também.
Teu povo será o meu povo, e teu Deus é o meu Deus. Deste momento em
diante, nós seremos um.

5.Momento das alianças: entrada e apresentação das alianças (pode


solicitar a todos para ficarem em pé estendendo a mão direita em
direção aos noivos e pedir aos pais para se aproximarem — opcional).
Entrega as alianças aos noivos.
6.Momento especial (opcional).
7.Assinatura do livro.
8.Beijo.
9.No caso de cerimônia RELIGIOSA COM EFEITO CIVIL:
Cita o caráter da cerimônia religiosa com efeito civil com base nos
princípios bíblicos e na apresentação da Habilitação do Cartório do dia
____/____/____ pelo(a) oficial(a) tabelião(ã) ____________________.
Ou no caso de cerimônia unicamente RELIGIOSA:Cita o caráter da
cerimônia religiosa com base nos princípios bíblicos e na apresentação do
documento de Certidão de Casamento Civil realizado no dia
_____/_____/_____ pelo(a) oficial(a) juiz(a) ___________.
Solicita aos noivos que se voltem para os convidados:
Apresenta o senhor ____________________ e a senhora
_____________________ (com o novo nome, caso mude).

Sugestão de textos para reflexão:


• Gênesis 2:18, 21-24; Isaías 61:6-9
• Salmos 127; 128
• Provérbios 5:18-19; João 2:1-11
• 1 Coríntios 7:3-6; Efésios 4:31-32
• Efésios 5:25-33; Colossenses 3:18-19
• Hebreus 13:4; 1 Pedro 3:1-9

CELEBRAÇÃO DA CEIA
1.Convide os diáconos para que eles peguem as bandejas do pão e do
vinho.
2.Ore ou solicite aos diáconos para que apresentem ao Senhor os
elementos.
3.Explique quem pode participar da ceia — é importante que você possa
conhecer qual a visão do “seu” ministério quanto a essa parte.
4.Convide os irmãos que possam estar vivendo uma vida em pecado para
que se arrependam e confessem ao Senhor e deixem o erro.
5.Solicite aos diáconos que distribuam os elementos. Eles simbolizam o
corpo e o sangue de Cristo.
6.Uma vez que todos receberam, ministre a ceia utilizando o texto que
fala desse assunto.

Sugestão de textos para a celebração:


1 Coríntios 11:23-33 — nesse caso, pode-se fazer a leitura do texto
completo e, na sequência, solicitar que todos, de olhos fechados, possam se
preparar para a ceia e ler novamente os versículos 23-26 ou fazer a leitura
direta dos versículos a seguir, respeitando a sequência.
Após terminar de ler os versículos 23-24, o ministro libera a palavra para
que os irmãos possam participar, dizendo: “Comamos do pão e rendamos
graças, pois o Senhor tomou nossas enfermidades para que nele pudéssemos
ser sarados!”.
Após terminar de ler os versículos 25-26, o ministro libera a palavra para
que os irmãos possam participar do cálice, dizendo: “Bebamos do vinho (ou
suco de uva), ele é o símbolo da nova aliança de Deus com os homens, pois
pelo Seu sangue fomos comprados para Deus! Perdoados e purificados.
Aleluia!”.
E, ainda, ao término, pode citar textos de Mateus 26:26-30 ou Marcos
14:22-26 que demonstram claramente que Jesus cantou um hino após a ceia,
chamando, então, a igreja a celebrar com alegria, uma vez que estamos
proclamando a Sua morte e ressurreição até que Ele venha.
Pode-se, também, conduzir a ceia com a leitura do texto de Lucas 22:7-20,
como outra sugestão de texto base.
7.Enquanto se canta o hino, os diáconos recolhem os cálices.

Dica: Podemos utilizar um cálice (pequeno copo acrílico transparente) com


pão e outro com o suco de uva, encaixados, o do suco sobre o cálice do pão.
Com isso, uma só bandeja passará, promovendo uma distribuição mais ágil. É
bem recomendado para grandes igrejas.

SEPULTAMENTO
Desde 1996, realizo cerimônias fúnebres. Essa é uma situação que muitos
veem como terrível, mas eu vejo como uma oportunidade de ministrar a
Palavra. As pessoas estão tão abertas para a mensagem, que muitas
confessam a Cristo na própria cerimônia. Desde os meus primeiros passos na
caminhada cristã, percebi que Deus queria que eu estivesse preparado para
lidar com essas ocasiões especiais.
Um dia, ainda bem jovem, ao chegar à igreja me informaram: “O pastor não
poderá realizar a cerimônia em um sepultamento, e pediu que você fosse,
representando-o”. Não consigo esquecer-me daquele dia! Sempre tive no
coração que o obreiro tem de ser aprovado, bem preparado para manejar a
Palavra de Deus (2 Timóteo 2:15), e isso em todas as ocasiões. Mesmo ainda
dando os primeiros passos na obra de Deus, fui. Era o sepultamento de um
jovem que teve morte trágica. Lá estava uma grande multidão comovida com
aquela situação e eu teria de ser a boca de Deus para aquelas pessoas que
estavam desesperadas. Velório cheio, calor e um grande aperto. Ao chegar,
me dirigi à mãe, que aos prantos, dizia: “Tanto que eu falava para ele não
dirigir alcoolizado, nem daquele jeito”. Quando dei início à cerimônia, vi
pessoas chorando e passando mal e cantar foi a alternativa. Comecei a cantar
um hino de domínio público e as atenções se voltaram para a música, na
sequência, a ministração da Palavra (sem perder tempo — a Bíblia já estava
aberta no texto escolhido). Ao término da mensagem, as pessoas estavam
consoladas pelo Espírito e pela Palavra. Sem deixar um clima de acusação
para o jovem morto, vi o Espírito Santo operando consolo naquele velório.
Algumas dicas para a realização de uma cerimônia fúnebre:

• Chegue pelo menos trinta e cinco minutos antes da hora do sepultamento.


• Esteja ciente de que o tempo médio indicado para uma cerimônia desse
tipo é de vinte minutos.
• Cumprimente os familiares.
• Procure saber se eles querem que você realize a cerimônia, pois, às vezes,
apenas um membro da família é evangélico e todo o restante não é, e
podem não aceitar a participação de alguém de outra religião falando.
Nesse caso, deixe claro para aquele membro que você está ali para apoiá-
lo naquele momento e que não veio, necessariamente, para fazer a
cerimônia.
• Caso tenha um sacerdote de outra religião realizando a cerimônia, não
fique fazendo comentários. Aguarde sua hora de realizar a cerimônia. Não
faça comentários do que foi dito pelo outro sacerdote, para não gerar
conflitos.
• Tenha muito cuidado com as conversas. Já vi pessoas que durante o
velório estavam em grupos e rindo, brincando, etc. Tais atitudes podem
descredibilizar o ministro e os demais que participarem daquele
momento.
• Ao terminar a sua parte, você pode trazer as condolências de toda a “sua”
igreja ou de quem você estiver representando.
• Deixe claro que está encerrando a cerimônia e que a oportunidade está
disponível para que os familiares possam fazer as suas considerações
(caso queiram). Certo dia, alguém interrompeu uma cerimônia que estava
sendo realizada por outro ministro e pediu a palavra, ele a concedeu
(dentro da “sua” cerimônia), e a irmã começou a dizer à viúva para que
não chorasse, pois depois de três meses apareceria outro e ela estaria bem.
Ficou complicado o caso, os familiares não gostaram e partiram para cima
da irmã e a confusão estava feita. Imagine! Dentro do velório, uma
confusão! O ministro teve de retomar à Palavra e encerrar a cerimônia.
Por esse motivo, durante a cerimônia não devemos abrir oportunidades,
salvo se for uma em conjunto com outro ministro ou familiar, nesses
casos, previamente acordado, deve-se acertar o tempo e a parte de cada
um com antecedência — antes de iniciar a cerimônia.

PASSOS PARA A CERIMÔNIA DE SEPULTAMENTO


1.Com a graça e a paz do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, convide
os presentes a participarem desse momento.
2.Cante uma ou duas canções (cuidado com o tempo).
3.Faça uma reflexão bíblica.
4.Conduza um momento de oração (normalmente, no momento da
oração, tomo por base o texto de Hebreus 9:27; RA, indicando que a
oração será pela vida dos familiares e amigos presentes, e não pelo que
morreu). Seja bem discreto e tranquilo nessa abordagem. Convide a
todos os presentes, independentemente de religião, para participar desse
ato de fé.
5.Traga um abraço e as condolências de todos os membros da igreja a
qual você pastoreia.
6.No caso de você estar representando uma autoridade, traga um abraço e
as condolências de todos os membros da igreja e do pastor da qual você
faz parte.
7.Declare encerrada a cerimônia.

Atenção: Você NÃO está lá para dar veredicto em relação à situação de


quem morreu, se foi para o céu ou para o inferno. Sua missão é levar consolo
e anunciar a Cristo para aqueles que ainda não o conhecem.

Sugestão de textos que podem ser utilizados na reflexão:


• Salmos 46; 23; 144:4
• Lucas 12:16-21; João 11:25-26
• João 14:1-3; 2 Coríntios 5:1-10
• Filipenses 1:20-24; 3:20-21
• 1 Tessalonicenses 4:13-18; 2 Timóteo 4:7-8
• Hebreus 9:27; Tiago 4:14
• Apocalipse 21:1-4
CONSIDERAÇÕES FINAIS

E m nosso voo, ao longo desta obra, percebemos o quão importante é


termos bem claro o tema da nossa mensagem e estabelecermos uma
“rota”, um caminho por onde seguir. É necessário trabalharmos início, meio e
fim do sermão, dominarmos o idioma, desenvolvermos um estilo próprio,
respeitarmos a cultura e os costumes, bem como, estarmos familiarizados
com o uso de equipamentos, preparação de materiais de apresentação de
conteúdo, estando preparados para ocasiões especiais, com o objetivo de
comunicarmos as virtudes Daquele que nos chamou das trevas para a Sua
maravilhosa luz, conforme 1 Pedro 2:9.
A preparação é imprescindível no processo da propagação do Evangelho do
nosso Senhor Jesus Cristo. Quanto mais cheio da Palavra e do Espírito,
melhor será o seu desempenho no púlpito. Certo dia, estava com o meu filho
mais velho diante de uma enorme rampa de skate. Na ocasião, ele estava com
seis anos de idade e já conseguia andar no plano. Quando deparou com
aquela enorme rampa, ele começou bem reservado, com muito cuidado para
andar na parte plana, sentindo “o novo território”. Aos poucos ele foi se
soltando e passando a entrar na rampa propriamente dita. Após uma pequena
manobra que fez, comecei a aplaudir, vibrando mesmo com a pequena
evolução do meu garoto e, sem que eu esperasse, Gustavo parou o skate, se
virou para mim e disse: “Papai, quanto mais treina, melhor fica!”. Realmente,
grande foi a revelação que foi compartilhada ao meu coração.
Não sei em qual estágio você se encontra em sua carreira. Pode ser que
você ainda esteja como um dia eu estive, sem conseguir falar em público,
trêmulo e esquecendo o que iria falar, mas, quando recebi Jesus como Senhor
e Salvador da minha vida, em 1994, mergulhei no conhecimento da Palavra e
no evangelismo pessoal. Eu, cheio do Espírito Santo, cheio da Palavra de
Deus e rompendo as travas que me prendiam para falar em público, por meio
da evangelização em ruas, hospitais, escolas, fui melhorando a minha relação
na comunicação do Evangelho com as pessoas e, por conseguinte, me
preparando para falar às multidões. Ao comunicar a Palavra para duas, três,
cinco pessoas, começava o meu processo das “primeiras manobras” em
relação à “grande rampa”. No meu caso, não era de skate, mas de falar para
pessoas.
Mesmo não me sentindo à vontade no início, em algumas ocasiões, decidi,
por dentro, não olhar para trás e não perder as oportunidades. E elas foram
chegando. As oportunidades irão chegar para você. Não se intimide, esteja
cheio da Palavra e do Espírito Santo! Treine, treine muito, aproveite as
oportunidades e elas serão crescentes. Lembro-me das inúmeras vezes que
me trancava em meu quarto, pegava a Bíblia e iniciava minhas ministrações,
simulando um culto. Éramos só eu e Deus, e hoje a comunicação é a minha
vivência diária na rampa do chamado de Deus.
Para a glória do Senhor, ministro a Palavra a multidões, apresento eventos
para milhares de pessoas, sem falar das ações em rádio, televisão, internet,
treinamentos para empresas e equipes de futebol profissional. Reconheço que
só Deus é merecedor de toda honra e glória, pois sou apenas um instrumento!
Sei quem eu era e como ter feito uma aliança com o Senhor mudou a minha
história. Não quero nem saber como eu estaria hoje se não tivesse o Senhor
em minha vida. Todos os meus diplomas, cursos, graduações apenas
contribuíram para o meu crescimento, mas até nisso Deus está envolvido, me
direcionando no processo de amadurecimento. Tudo que sou, tenho, o que
serei e o que terei devo ao meu Senhor e Salvador Jesus Cristo, ao Deus
Todo-Poderoso e ao meu amigo, ajudador, incentivador e direcionador
Espírito Santo.
Espero que você o reconheça em todos os seus caminhos e Ele endireitará
as suas veredas, conforme Provérbios 3:6. Medite em: “O presente que o
homem faz alarga-lhe o caminho e leva-o perante os grandes” (Provérbios
18:16; RA).

Jesus ama você!

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