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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
Faculdade de Ciência da Informação (FCI)
Disciplina: LINGUAGENS DOCUMENTÁRIAS – Código 182.567
Créditos: 04 - Carga horária : 60 horas/aula
Profª Draª Rita de Cássia do Vale Caribé

LINGUAGEM NATURAL
E LINGUAGENS
DOCUMENTÁRIAS
Análise documentária
• É o conceito genérico de processo documental que pode
ser descrito em três níveis de complexidade crescente:
▫ Extração de palavras-chave – palavras naturais, não
transformadas – do título ou do corpo do documento.
▫ Indexação – análise feita com a ajuda de descritores que
diferentemente das palavras-chave naturais são palavras
que simbolizam os conceitos organizados em um léxico
documentário tais como as linguagens documentárias
hierárquicas e/ou facetadas.
▫ Constituição de resumo – construção de texto novo,
podendo ser indicativo dos temas essenciais ou detalhado.

(DODEBEI, 2002)
• Todos os sistemas de organização intelectual da
informação têm uma base comum e esta é a
classificação (GROLIER, 1962)
• Classificar é o processo de tradução do nome de
um determinado objeto da linguagem natural
para uma linguagem classificatória
(RANGANATHAN, 1951)
Confusão terminológica
• Processo de classificação de um objeto em um campo
conceitual mediante a atribuição de um rótulo
• Rótulo pode ser:
▫ Um assunto
▫ Um termo/descritor
▫ Uma notação
• A confusão terminológica se deve a incapacidade de
distinção entre as etapas de análise conceitual e de
tradução na indexação

(LANCASTER, 1993)
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Linguagem
O termo tem várias acepções de acordo com os contextos
em que aparece:

• Antropólogos e linguistas – representa a função de


expressão do pensamento e de comunicação entre os
homens, realizada por meio de um conjunto de signos
vocais e signos gráficos que constituem uma língua.

• Documentalistas e bibliotecários – que utilizam uma língua


convencional para um uso particular, a linguagem designa
todo sistema secundário de signos criado a partir de uma
linguagem.
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• Sistema de indexação – grupo de pessoas,


trabalhos, métodos e equipamentos reunidos
para a atividade de análise (lato sensu) da
informação.

• Os sistemas de indexação podem utilizar dois


tipos de linguagens:
▫ Linguagem natural
▫ Linguagem artificial
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Linguagem natural
• Formada pela reunião de sinais utilizados e
reconhecidos facilmente pelo homem.
• Tipos de sinais empregados pelo homem para se
comunicar com outros homens e para expressar
suas ideias:
▫ Fala
▫ Gestos
▫ Olhares
▫ Palavra escrita
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Linguagem natural
• A linguagem natural faz parte do modelo
comunicacional aberto, no qual a mensagem
varia conforme os códigos.
• É a linguagem utilizada nas necessidades da vida
diária
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Linguagem natural
• Pressupõe nuances, associação de ideias, expressão de
emoções e de valores.
• São adaptadas a formas de comunicação oral ou escrita
• Estabelece com o interlocutor uma forma de diálogo
• Neste diálogo o tempo e o espaço tem papel importante
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• Convescote – termo criado no


Brasil, século XIX
• Piquenique (Frances), Picnic
(Ingles)

• Definição:
• refeição ou passeio que se realiza
em local aberto,
• cada pessoa se responsabiliza por
um tipo de comida,
• dividindo sua refeição com o
restante dos participantes.
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Linguagem natural
• Apresenta características que dificulta sua
utilização para o tratamento da informação.
• Os sistemas de informação que empregam a
linguagem natural utilizam as descrições
fornecidas pelos autores como os títulos, os
resumos, os extratos do texto ou o texto integral
que são registradas e depois comparadas com as
perguntas feitas ao sistema.
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• O homem criou outras linguagens


▫ Linguagens especiais ou Linguagens artificiais ou
Linguagens formalizadas
▫ São as linguagens da química, da matemática, da
lógica, dos sistemas de classificação etc.

(DAHLBERG, 1978)
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Linguagens documentárias
• O conceito, as funções e as metodologias de
elaboração das LD foram evoluindo ao longo do
tempo
• Diferentes vertentes atribuem diferentes
denominações a estes instrumentos.

(DODEBEY, 2002; VOGEL, 2007)


Linha francesa

Evolução das denominações


• 1966 – Jean-Claude Gardin – Léxico Documentário –
lista de termos organizados ou não, que podem servir à
indexação documentária – inventário das
correspondências entre os termos dessas listas e as
palavras ou frases em linguagem natural que eles
representam
• 1966 – Coyaud – linguagem documentária – sistema de
signos que permite a comunicação entre usuário e
documentalista quando o primeiro busca um documento
ou referência
(VOGEL, 2007)
Linha francesa

Evolução das denominações


• 1968 – Cross e outros em pesquisa coordenada por
Gardin – Linguagem documentária – é todo conjunto de
termos e, em alguns casos, de procedimentos sintáticos
convencionais, utilizados para representar um certo
conteúdo de documentos científicos, para fins de
classificação ou de pesquisa retrospectiva de informação.
• Servem para condensar o conteúdo de textos científicos a
fim de acelerar a consulta, admitindo que haverá perda
de informação.
• É preciso normalizar a expressão desse conteúdo para
que noções ou temas análogos sejam sempre designados
pelos mesmos termos ou grupos de termos
(VOGEL, 2007)
Linha francesa

Evolução das denominações


• 1973 - Gardin – Linguagem informacional – usado para
as classificações e linguagens de indexação, cobrindo
tanto listas de termos de índices ou descritores
• 1974 – Gardin – metalinguagem – sistema simbólico que
faz a mediação entre textos e sua representação. O termo
metalinguagem não substitui a Linguagem
documentária, mas ressalta o seu caráter simbólico do
vocabulário organizado para gerar as representações de
textos

(VOGEL, 2007)
Linha francesa

Evolução das denominações


• 1974 – Chaumier – classifica as linguagens
documentárias em dois grupos:
▫ Linguagens alfabética ou combinatórias (léxicos – índices e
tesauros)
▫ Linguagens de estrutura hierárquicas (classificações)
• 1975 – Hutchins (inglês) – linguagens documentárias –
são os meios de comunicação em sistemas de informação
entre documentos e leitores potenciais
▫ Linguagens documentárias – termo abrangente
 Linguagens classificatórias – Ex. sistemas de classificação
 Linguagens de indexação – Ex. tesauros

(VOGEL, 2007)
Linha francesa

Evolução das denominações


• 1987 – García Gutierrez e Lucas Fernández – linguagem
documentária
▫ linguagens que oferecem normas para indexar
univocamente os documentos e as demandas estabelecidas
pelos usuários com o fim de produzir mínimos índices de
ruído e silêncio documentário.
▫ É um sistema híbrido com estrutura e funções próximas aos
sistemas naturais – ressalta a noção estrutural
• Tem a função de organização ou classificação dos dados
de um campo científico, técnico ou especializado e a
unificação dos critérios de análise da informação na fase
de entrada do sistema, com os da recuperação da
informação, na fase da saída (VOGEL, 2007)
Linha francesa

Evolução das denominações


• 1997 – Cacaly – é uma linguagem artificial, uma
metalinguagem, constituída de noções e de relações
entre essas noções ou um sistema de representação
sintético do conteúdo de textos, cuja finalidade é
formalizar as noções contidas nos documentos e na
expressão de solicitações de informações e ser usada
para indexação e pesquisa documentária
• 1998 - García Gutierrez - linguagem documentária –
dispositivo léxico construído artificialmente para a
análise e a recuperação de um sistema de informação
(VOGEL, 2007)
Linha francesa

Linha francesa: denominações para as linguagens documentárias

Denominação Abrangência

Léxico documentário Constituído por um léxico


Tem regras de combinação
É utilizado para o tratamento de documentos

Linguagem informacional Sistema que leva informação dos documentos aos usuários
Meio de comunicação
Linguagem de indexação Indexação de informações

Linguagem classificatória Classificação de informações

Linguagem documental Termo adotado pelos autores espanhóis e portugueses,


contrariamente ao que se adota no Brasil que é o mais próximo do
uso francês

Linguagem artificial Linguagem construída, não natural

Linguagem controlada Seus termos e sua organização são normalizados

Metalinguagem Descrevem a linguagem natural

(VOGEL, 2007)
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Linguagens documentárias
• Conceito – sistema artificial de signos
normalizados que facilitam a representação
formalizada do conteúdo dos documentos para
permitir a sua recuperação, manual ou
automática, da informação solicitada pelo
usuário.

(GIL URDICIAIN, 2011)


Linha brasileira

Evolução das denominações


• 1983 – Cintra – Linguagens documentárias –
possuem uma gramática que corresponde a um
conjunto de regras ou instruções (relações
booleanas, indicadores de funções etc.)
• 1987 – Vale – linguagem documentária –
aproxima-o da linguagem de indexação – a
escolha de uma linguagem de indexação é fator
essencial para a eficácia de um sistema de
recuperação de informação

(VOGEL, 2007)
Linha brasileira

Evolução das denominações


• 1987 – Cunha – linguagem documentária – gênero de
léxico que serve para a conversão entre conceitos
apresentados de forma independente nas diversas
linguagens e conceitos de leitura universal definidos pela
própria Análise documentária.
• 1988 – Guimarães
▫ linguagem de indexação – utilizada para recuperação de
informações
▫ Linguagens documentárias – linguagens artificiais ou
linguagens de indexação – visam o controle do vocabulário
e padronização da linguagem no processo de busca. Os
termos dessa linguagem tem que manter fidelidade com á
terminologia especializada
(VOGEL, 2007)
Linha brasileira

Evolução das denominações


• 1988 – Fujita – linguagem de indexação –
representar o significado e o conteúdo dos
documentos a serem recuperados através do
índice.
• 1990 – Cunha – linguagem documentária –
gramática, sintaxe construída a partir de um
campo semântico previamente determinado
▫ Linguagem documentária – singular – sistema
geral
▫ Linguagens documentárias – plural – processos
diversificados capazes de traduzir conteúdos de
documentos em informações (VOGEL, 2007)
Linha brasileira

Evolução das denominações


• Década 1990 – linguagem documentária é
associada a terminologia
• 1992 – Tálamo – introduz questões
terminológicas – são instrumentos de controle
terminológico que atuam em dois níveis
▫ Na representação da informação obtida pela
análise e síntese de textos
▫ Na formulação de equações de busca da
informação

(VOGEL, 2007)
Linha brasileira

Evolução das denominações no Brasil


Denominação Abrangência

Linguagem de Indexação Indexação de informações


Recuperação de informações
Controle de vocabulário
Tradução de conceitos
Uso de tesauros e índices
Léxico reduzido
Regra de uso
Linguagem classificatória Classificação de informações
Uso de esquemas de classificação

Linguagem artificial Linguagem construída, não natural

Metalinguagem Reelaboração do conhecimento como informação

Linguagem construída Oposta a natural


Recuperação de informação
Tratamento da informação (VOGEL, 2007)
Diferentes termos
• Linguagem controlada
• Linguagem normalizada
• Linguagem documentária
• Linguagem de indexação
• Linguagem de recuperação de informação
• Linguagens pré-coordenadas
• Linguagens pós-coordenadas
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Autor Data Denominação


Melton Linguagens de Instrumentos
indexação para realizar o
processo
Vickery Linguagens A função de
descritoras descrição
Grolier Codificações Artificialização
documentárias
Soergel Linguagens de Propósito
informação
Lancaster Vocabulários Artificialização
controlados
Montgomery Lista de assuntos Artificialização
autorizados
Linguagens de
recuperação
Linguagens de
descrição de
informação
Linguagem controlada
• É uma linguagem na qual os elementos
(palavras) que a compõem são controlados de
acordo com regras pré-estabelecidas
• Um sistema linguístico no qual as unidades que
o compõem estruturam-se de acordo com
normas prefixadas.
Linguagem normalizada
• É uma linguagem controlada, a qual se aplicam
normas logicamente prefixadas e cujas unidades
linguísticas são termos.
• Um sistema linguístico constituído por termos
relacionados entre si, de acordo com normas
logicamente preestabelecidas
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Linguagens documentárias - conceitos


• São instrumentos utilizados para representar o
conhecimento de uma dada área do saber
(CAMPOS, 2001)

• É o conjunto de regras, símbolos e termos


previamente estabelecidos para indicação de
assuntos constantes dos documentos
(CAVALCANTI, 1978)

• É uma linguagem controlada, normalizada, usada


para fins classificatórios, no sentido amplo desta
expressão.
(CURRÁS, 1995)
Linguagens documentárias - conceitos
• Coyaud (1972) – são instrumentos necessários à
operação de transformação da língua natural em
uma linguagem artificialmente construída para
favorecer a comunicação documentária,
preservando nestas as funções semânticas e
sintáticas da primeira.
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Linguagens documentárias - conceitos

• Linguagem de indexação é uma linguagem


artificial utilizada para o registro ou indicação
dos assuntos contidos nos documentos, dotada
de um vocabulário controlado e regida por uma
sintaxe própria.
• É necessário que essas normas que regem o
vocabulário e a sintaxe sejam previamente
definidas, com o objetivo de preservar a
uniformidade da indexação
(CAVALCANTI, 1978)
34

Linguagens documentárias - conceitos


• “A denominação Linguagem Documentária
(LD), além de referir-se ao conjunto dos
diferentes tipos de instrumentos especializados
no tratamento da informação bibliográfica
(sistemas de classificação enciclopédico ou
facetados e tesauros), designa, de modo mais
amplo e completo, a linguagem especialmente
construída para organizar e facilitar o acesso e a
transferência da informação.”

(LARA, 2004, p. 232)


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Linguagens documentárias – conceitos


• Sistema de signos que permite representar o
conteúdo dos documentos com a finalidade de
recuperar os documentos pertinentes em a
resposta a consultas que tratam sobre este
conteúdo
• Não se referem a outros critérios utilizados na
busca documental:
▫ Autor do documento, data de publicação, idioma
do texto etc.
(SLYPE, 1991)
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Linguagens documentárias - conceitos


• Criadas para a recuperação da informação
• Foram construídas para a indexação, armazenamento e recuperação
da informação
• São sistema de símbolos, destinados a traduzir os conteúdos dos
documentos
• Instrumento que permite representar, de maneira sintética, as
informações materializadas nos textos.
• São sistemas simbólicos instituídos que visam facilitar a
comunicação
• Sua função comunicativa é restrita a contextos documentários
• Devem tornar possível a comunicação usuário sistema de
informação

(CINTRA; TÁLAMO, LARA; KOBASHI, 1994)


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Linguagens documentárias - conceitos


• São instrumentos intermediários através dos
quais se realiza a tradução da síntese dos textos e
das perguntas dos usuários
• São instrumentos de comunicação documentária
• Os elementos dessa linguagem específica são
selecionados de universos determinados e seu
sistema de relações é construído, sendo
indispensável para utilizá-la, a existência de
regras explícitas
• São linguagens construídas
(CINTRA; TÁLAMO, LARA; KOBASHI, 1994)
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Linguagens documentárias - conceitos


• É um conjunto de termos, providos ou não de
regras sintáticas, utilizado para representar
conteúdos de documentos técnico-científicos,
com fins de classificação ou busca retrospectiva
de informações.

(GARDIN et al., 1968 apud CINTRA; TÁLAMO, LARA; KOBASHI, 1994)


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Linguagens documentárias - conceitos

• São linguagens construídas para indexação,


armazenamento e recuperação da informação,
através de símbolos destinados a traduzir os
conteúdos dos documentos, com o objetivo de
aproximar o usuário do sistema de informação.

• São linguagens que traduzem a linguagem do


texto (linguagem natural) para a linguagem
adotada ou preferida do sistema (documentária)
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Linguagem documentária
• É uma lista de termos autorizados
• Inclui uma forma de estrutura semântica
• Estrutura semântica objetiva:
▫ Controlar sinônimos – opta por uma única forma
padronizada, com remissivas para as outras
formas
▫ Diferenciar homógrafos – Peru (país) Peru (ave)
▫ Reunir ou ligar termos cujos significados
apresentem uma relação mais estreita entre si
 Relações hierárquicas
 Relações não-hierárquicas (associativas)
Características das linguagens
documentárias
• Linguagem construída – metalinguagem
• Sistema de representação sintético para
representar o conteúdo de documentos
• Ponte entre os documentos e os usuários
(VOGEL, 2007)

• Fazem uma condensação e uma simplificação da


linguagem natural, retém apenas uma parte das
palavras e poucas regras gramaticais.
• Devem ser de fácil manuseio
(GUINCHAT; MENOU, 1994)
Linguagens documentárias - estrutura
• Todas as linguagens documentárias incluem
hierarquias e redes – isso torna complexo sua
classificação de acordo com esses critérios.
• Proposta de três segmentações arbitrárias:
▫ Domínio
▫ Objeto
▫ Ordem

(DODEBEI, 2002)
LD – estrutura – domínio
UNIVERSAL x ESPECIALIZADO
• A classificação tradicional de LD isolava dois
atributos, até então antagônicos:
▫ Universal – corresponde a reduções da totalidade
do conhecimento
 Classificações bibliográficas universais, os
macrotesauros, as listas de cabeçalhos de assunto –
construídos com base nas classificações universais
▫ Especializada – corresponde à totalidade de um
domínio do conhecimento
 Os tesauros, as classificações e listas de assuntos de
um domínio específico
(DODEBEI, 2002)
LD – estrutura - domínio
• Do ponto de vista da condição hierárquica a
dicotomia universo/espécie é verdadeira

(DODEBEI, 2002)
LD – estrutura - domínio
• Do ponto de vista das redes de relações associativas ou
sintagmáticas, a totalidade/especialidade fica
comprometida, pois não se consegue analisar um aspecto
do conhecimento sem envolvê-lo com as circunstâncias
nas quais ele ocorre.
• O modelo enciclopédico seria o mais adequado.
▫ Neste modelo há um conjunto não ordenado, situacional e
pragmático
▫ A enciclopédia supõe uma moldura ou um roteiro local que
parte de um recorte temático e vai articulando os
significados em uma rede rizomática
▫ Ex. casa implica não somente a moradia, mas de que é
feita, quem a habita, em que espaço geográfico – uma rede
de associações infinita
(DODEBEI, 2002)
LD – estrutura - objeto
• As linguagens documentárias podem estruturar-
se:
▫ Por conceitos – abstrações de objetos
representados por um símbolo da linguagem
natural, de caráter unívoco e restrito
▫ Por assuntos – representação da soma de vários
conceitos

(DODEBEI, 2002)
LD – estrutura - objeto
• A noção de conceito como unidade estrutural das
linguagens documentárias surge com a proposta
de Ranganathan, seguida por Sayers, Bliss, Mills
e os trabalhos do Classification Research Group,
culminando na atualidade, com um campo de
estudos denominado Organização do
conhecimento.
• A base teórica repousa:
▫ Teoria da Terminologia de Eugene Würster
▫ Teoria analítica do conceito de Ingetrat Dhalberg

(DODEBEI, 2002)
LD – estrutura - objeto
• As estruturas que se formam por relações conceituais e não por relações de
assunto são as linguagens documentárias pós-coordenadas. Ex. as
classificações facetadas e os tesauros
• Dimensão de uma organização – é a natureza das relações, analíticas,
paradigmáticas que a constituem ou seja, da relação dos termos à classe a
que pertencem
▫ Unidimensional
 estrutura-se em uma só dimensão.
 Ex. sistemas taxonômicos das ciências naturais – uma só relação informa todos
os níveis: reino classe subclasse ordem subordem família gênero
espécie nome comum
 CDD
▫ Pluridimensionais
 Estrutura-se em mais de uma dimensão
 Reúne as organizações semânticas (essência, definições) e as sintáticas
(acidentes funções) e são denominadas classificações facetadas
▫ Mistas
 Alternam os pontos de vista essenciais e funcionais
 São os esquemas analítico-sintéticos
 Ex. CDU
(DODEBEI, 2002)
LD – estrutura - objeto

• Observa-se a preferência da organização


pluridimensional, denota uma tendência de
considerar o conceito, perspectivado pelos
vários domínios do conhecimento, como a
unidade principal e necessária à representação
documentária

(DODEBEI, 2002)
LD – estrutura - ordem
MULTIPLICIDADE DE ORDENS

• Uma ordem única, como no caso das taxonomias das


ciências naturais, não serve para estabelecer as
representações.
• Preciso multiplicidade de ordens conforme os nós da
rede de conhecimentos que se quer representar.
• É a rede de conhecimentos que vai indicar a melhor
organização de sua representação, a constituição da LD
vai pressupor a identificação e a segmentação do
domínio do conhecimento, a fim de poder efetuar a
análise de seus conceitos chave.

(DODEBEI, 2002)
Linguagens documentárias - estrutura
• Léxico de noções ou conjunto de termos
• Sistema estrutural de relações
• Conjunto de regras e símbolos
• Hipótese para a organização dos termos
(organização da informação)
• Parâmetros linguísticos e terminológicos como
base da organização dos termos

(VOGEL, 2007)
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Linguagens documentarias - funções


•Caráter organizador
•Classificação da informação
•Controle do vocabulário
•Controle terminológico
•Condensação dos conteúdos
•Construção feita a partir de hipóteses sobre a organização do conhecimento
•Conversão de conceitos
•Descrição da linguagem natural
•Instrumento de representação de conhecimento
•Indexação, armazenamento, recuperação de informação
•Meio de comunicação - Papel de intermediação entre informação do sistema e o usuário
•Normalização da expressão
•Organização ou classificação dos dados de um campo científico
•Organização dos termos em classes semânticas
•Propiciar a circulação de informação
•Recuperação de informação
•Reelaboração do conhecimento como informação
•Representação das perguntas ao sistema
•Sistema simbólico para mediação
•Sistemas de significação
•Termos para indexação
•Transmissão de conteúdo
•Tradução de documentos e solicitações
•Visualização do mapa de conhecimento de uma área (VOGEL, 2007)
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Linguagens documentárias - funções


• Orientar o analista sobre quais os melhores
termos para representar o assunto de um
documento.
• Orientar o pesquisador sobre a escolha dos
termos que corresponderiam à representação do
assunto por ele procurado. Pode ser:
• Controle semântico de termos sinônimos até construção
de complexas redes pragmáticas de referências cruzadas
dando ao usuário opções de busca em relação ao
assunto procurado.
(DODEBEI, 2002)
54

Linguagens documentárias tem as


seguintes funções:
1. Organizar o campo conceitual da representação
documentária.
2. Servir de instrumento para distribuição útil dos livros e
documentos.
3. Controlar as dispersões léxicas, sintáticas e simbólicas
no processo de análise documentária.

(DODEBEI, 2002)
LD - Funções
55

1. Organizar o campo conceitual da


representação documentária
• Garantia literária - Correspondência entre o
sistema de significação do domínio em questão e
a linguagem documentária. O sistema conceitual
aparente na literatura observada deve ser o
mesmo da linguagem documentária
• Garantia do usuário - Adequação da
linguagem documentária ao perfil do grupo de
usuários em questão – é a garantia conceitual do
uso ou garantia do usuário

(DODEBEI, 2002)
LD - Funções
56

2. Servir de instrumento para distribuição


útil dos livros e documentos
• Função cumprida pela classificações
bibliográficas
• As mais utilizadas hoje são CDD e CDU
▫ Foram constituídas pelo método dedutivo,
unidimensional e mesmo – os assuntos são
agrupados de acordo com as disciplinas do
conhecimento
• Estas classificações foram constituídas
basicamente com a finalidade de organizar os
documentos em bibliotecas.
(DODEBEI, 2002)
LD - Funções
57

2. Servir de instrumento para distribuição


útil dos livros e documentos
• Hoje são utilizadas para localizar fisicamente o
documento em sua classe de assunto
• Classificações de assunto atendem perfeitamente às
exigências do arranjo dos documentos em bibliotecas
• Por estarem organizadas por assunto e não conceitos não
possuem a complexidade necessária para a organização
de um acervo representado por uma só classe, pois o
nível requerido para a análise dos conceitos ocorre em
um grau de especificidade muito superior

(DODEBEI, 2002)
LD - Funções
58

3. Controlar as dispersões léxicas, sintáticas e


simbólicas no processo de análise documentária
• Orientam a organização intelectual para a desconstrução
do texto em língua natural e sua representação
codificada e sintética, constituindo-se em instrumento
de análise semântica e sintática.
• No processo de recuperação de informações
▫ Visam obter por ocasião das respostas às solicitações dos
usuários um máximo de indicações relevantes ou
pertinentes
▫ Economiza símbolos, reduz redundâncias e condensa
informações
▫ Facilitam a modulação das questões (hierarquização da
informação) generalizando-lhes ou especificando-lhes a
compreensão, mediante a organização semântica
(DODEBEI, 2002)
LD - Funções
59

3. Controlar as dispersões léxicas, sintáticas e


simbólicas no processo de análise documentária
• No processo de catalogação
▫ Instrumentos utilizados - as listas de cabeçalhos
de assunto – são LD que organizam uma rede de
relações temáticas de caráter conceitual pré-
coordenado – refletem os assuntos estruturados
no sistema de classificação bibliográfica utilizado
como representação do item documentário
▫ Como códigos documentários reúnem regras de
união de cabeçalhos e subcabeçalhos e de controle
semântico (sinônimos e homônimos)
(DODEBEI, 2002)
LD - Funções
60

3. Controlar as dispersões léxicas, sintáticas e


simbólicas no processo de análise documentária
• No processo de indexação
▫ Instrumento utilizado – os tesauros
▫ Característica do tesauro é a organização do seu campo
terminológico
▫ Desenvolvimento de terminologias é direcionado à melhor
designação para o significado dos conceitos individuais e
para a mais precisa limitação do significado
▫ Os tesauros reúnem conceitos que apesar de serem
representados por símbolos linguísticos tem restrito o
significado
▫ No tesauro para cada conceito só pode existir uma
representação simbólica, denominada termo ou descritor
(DODEBEI, 2002)
Linguagem documentária
Articulação com outras áreas
• Linguística: o princípio estrutural da
organização da linguagem;
• Lógica: a identificação das formas de raciocínio
e de organização de conjuntos;
• Terminologia: a modelagem do conceito e dos
sistemas de conceitos, em que os glossários e
dicionários terminológicos especializados são
seus produtos.
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Uma LD deve integrar três elementos


básicos
• Um léxico
▫ lista de descritores escolhidos por meio de
análise,
▫ devidamente filtrados e depurados.

A denominação descritor pode variar conforme o sistema e a época


como: Palavra-chave, descritor, cabeçalho de assunto etc.
acompanhadas ou não de uma notação.

(GARDIN et al., 1968 apud CINTRA; TÁLAMO, LARA; KOBASHI, 1994)


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Uma LD deve integrar três elementos


básicos
• Uma rede paradigmática
▫ Para traduzir certas relações essenciais e, geralmente estáveis,
entre os descritores.
▫ Essa rede, organizada de maneira lógico-semântica, corresponde
a uma organização dos descritores em uma forma que, no
sentido geral, poderia ser chamada de classificação.
▫ São árvores classificatórias ou relações verticais

(GARDIN et al., 1968 apud CINTRA; TÁLAMO, LARA; KOBASHI, 1994)


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Uma LD deve integrar três elementos básicos


• Uma rede sintagmática
▫ Destinada a expressar as relações contingentes entre os
descritores.
▫ Essas relações só são válidas no contexto particular onde
aparecem.
▫ A construção de sintagmas é feita através de regras sintáticas
destinadas a coordenar os termos que dão conta do tema.
▫ São as relações horizontais entre descritores e mecanismos de
sintaxe.
▫ Permitirá a agilização da recuperação de conceitos.

• Toda LD tem uma sintaxe.


• Ela é rudimentar nos sistemas de classificação:
• Add notes na CDD
• Uso de :, +, / na CDU
• Uso de operadores booleanos nos tesauros
(GARDIN et al., 1968 apud CINTRA; TÁLAMO, LARA; KOBASHI, 1994)
• Nos sistemas de classificação convencionais não há
preocupação com vocabulário – é frequente a utilização
de frases – Ex. CDU
• Nos tesauros a função do controle é mais presente
• As LD incorporam procedimentos para a normalização
gramatical e semântica.
▫ Normalização gramatical refere-se à forma de apresentação
dos seus elementos:
 Gênero – preferência masculino
 Número – singular ou plural
 Grau
▫ Normalização semântica tem por objetivo garantir a
univocidade na representação dos conceitos e noções de
áreas de especialidade
(CINTRA; TÁLAMO, LARA; KOBASHI, 1994)
Configuração interna da LD
• São estruturadas de maneira lógico-semântica
• O conjunto nocional básico é apresentado em
hierarquias (na vertical), em torno dos quais se
agregam as unidades informacionais.
• Nenhuma unidade pode figurar em uma LD sem
que esteja ligada a uma outra

(CINTRA; TÁLAMO, LARA; KOBASHI, 1994)


• As LD devem ser constantemente atualizadas
▫ Supressão de termos em desuso;
▫ Reagrupamento de descritores em função da
existência de palavras raramente utilizadas
▫ Inclusão de novos termos
• As LD são instrumentos dinâmicos, devem ser
capazes de incorporar os avanços do
conhecimento, as modificações de significado
dos termos existentes.
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Diferenças entre LN e LD
Linguagem natural Linguagem documentária
Gramática modelável no tempo e no Gramática rigorosamente definida,
espaço inalterável no tempo
Palavras são polissêmicas (podem Termos são monossêmicos
comportar vários sentidos) (univocidade)
Irregularidade e variação Regularidade e constância
Função básica – expressão e Função básica: representação
comunicação

(MELO; BRASCHER, 2011)

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