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REDAÇÃO DE RELATÓRIOS TÉCNICOS E

CIENTÍFICOS
Dr. Sidnei José Buso

GUIA DA
DISCIPLINA
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância

Objetivo
A disciplina de Normas e Elaboração de Relatórios Técnico Científicos abrange a
área do conhecimento humano diretamente relacionada ao desenvolvimento crítico da
escrita para elementos técnicos, por meio das normas vigentes para elaboração de
relatórios técnico científicos de forma a capacitar e aprimorar o aluno na habilidade técnica
escrita e interpretativa na elaboração de documentos técnicos.com ênfase na aplicação em
engenharia.

Introdução
O conteúdo ministrado nesta disciplina, apresenta os conceitos mais importantes das
normas da escrita formal para redação de textos tecnocientíficos para as áreas de
engenharia e ciências exatas, possibilitando o estudo de exemplos reais das mais diversas
áreas de atuação do engenheiro. No caso específico da Engenharia de Produção, tem
como objetivos principais: compreender as nomas que regem a elaboração de textos
técnicos na sua forma da língua portuguesa e sua aplicação; entender o texto científico,
suas características e especificidades; identificar e compreender as diferentes modalidades
de textos científicos e sua construção na forma de redações dissertativa-argumentativa;
entender a construção textual de diversos documentos técnicos e compreender os aspectos
éticos na escrita, autoria e direito autoral. Desta maneira, o estudo de tais normas é
fundamental para formação de um engenheiro, pois é através deste estudo que torna
possível a compreensão dos principais tipos de textos científicos que o engenheiro terá
contato durante sua vida profissional.

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1. AS FORMAS DE CONTEXTUALIZAÇÃO DA LINGUAGEM

1.1. Introdução

É uma necessidade humana se comunicar e desde as eras mais remotas a


humanidade procurou, de alguma forma, relatar e transmitir suas experiências por meio de
formas visuais as quais, com o passar do tempo, foram evoluindo para as linguagens
escritas e contextualizações destas, até as atuais.

Atualmente define-se linguagem como o sistema através do qual o ser humano


comunica suas ideias e sentimentos, seja através da fala, da escrita ou de outros signos
convencionais, sendo três os tipos diferentes de linguagem:
a. Verbal – é formada por palavras (escrita ou falada).
b. Não-verbal – aquela que não contém palavras, mas possui recursos visuais.
c. Mista ou híbrida – é quando se utiliza a verbal e não-verbal ao mesmo tempo.

A língua é um tipo de linguagem código que utiliza a palavra como elemento principal,
assim, portanto, classificada como linguagem verbal. Importante lembrar que a língua se
torna idioma quando passa a ser oficialmente falada por um país, inclusive sendo utilizada
para identificar uma nação, entretanto dentro de um país ainda pode-se encontrar diferentes
formas regionais da língua, que constituem os dialetos e, em alguns casos, tornar-se
“segundas-línguas” do país, por exemplo.

O que há de comum em qualquer língua são as variantes de linguagem em suas


formas cotidianas e eruditas, conhecidas comumente como coloquiais e formais e que
serão estudadas a seguir.

1.2. A linguagem coloquial e formal


A linguagem coloquial e formal são variantes da linguagem e, apesar de, possuir o
intuito de comunicar, são utilizadas em contextos distintos.

Uma língua, possuí regras de escrita, ou regras ortográficas (ou ortografia), que se
referem à padronização da escrita de palavras a partir de fatos observados na língua sendo,
assim, uma convenção que deve ser obedecida.

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Quando se faz uso corretamente das regras ortográficas em um texto, ou ao se


comunicar, se está fazendo uso da linguagem formal ou culta.

Já a linguagem coloquial, ou informal, é uma linguagem cotidiana, espontânea,


regionalista e, portanto, despreocupada com as normas gramaticais.

1.3. As funções da linguagem


Define-se como funções da linguagem aos recursos de utilização da linguagem que
permitem uma interação, de acordo com o tipo de texto que se deseja transmitir, para
facilitar o entendimento entre indivíduos. Desta forma, quando se pretende comunicar ou
expor algo, a maneira e a finalidade dessa mensagem determinam a função utilizada pelo
indivíduo emissor.

Além do emissor (indivíduo que envia a mensagem), os elementos de importância


para compreensão das funções da linguagem são: receptor (indivíduo que recebe a
mensagem); mensagem (conteúdo da informação); canal de comunicação (o meio pelo qual
a mensagem é transmitida); código (língua em que se está comunicando) e o contexto
(objetivo a que se refere a mensagem).

Com esses elementos, definem-se as funções da linguagem como segue:


 Referencial – tem como características o modo direto e objetivo, com ampla
ênfase na informação, de modo a levar o conhecimento e esclarecimento sobre
fatos, ou o conhecimento sobre determinado tema ao receptor, por meio de uma
linguagem rigorosa e formal e, em geral, impessoal.
 Emotiva – tem como característica principal a subjetividade, pois o elemento
principal são os sentimentos e a visão do emissor sobre um assunto. A
linguagem pode ser coloquial sendo que, em geral, em primeira pessoa.
 Conativa – também conhecida definida como apelativa, pois tem como principal
função envolver ou convencer o receptor sobre algo. Apesar da linguagem poder
ser tanto formal quanto coloquial, tem como característica comum a utilização de
verbos no imperativo (faça, veja, adquira, etc.).
 Metalinguística – tem como característica principal a ênfase no código, ou seja,
a linguagem fala por si e transforma-se no elemento referencial.

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 Fática – tem como característica o foco no canal de comunicação de forma a


manter o ato comunicativo em curso. Esta função ocorre com o objetivo de o
emissor manter a atenção por meio de estratégias que mantenham a interação
com o receptor.
 Poética – a característica desta função e o foco na mensagem, de forma que a
linguagem apresente uma métrica preocupada com a forma do discurso, ou seja,
o modo utilizado para transmitir uma mensagem. Devido a estética da linguagem
que se utiliza nesses casos, a função muitas vezes se confunde com a função
emotiva, entretanto com maior uso de figuras de linguagem e um cuidado
especial com a mensagem e a forma como ela é narrada.

1.4. A redação técnica e de textos científicos


A redação técnica, de forma geral, se define dentro do contexto da função da
linguagem referencial, pois apresenta um conjunto de gêneros textuais que promovem
comunicação com seus receptores de maneira objetiva e imparcial, por meio da norma
ortográfica formal, sendo que a construção deve sempre obedecer às exigências do
documento que se pretende produzir.

Em relação às características, o texto possui algumas particularidades quanto à


estrutura e estilo, que são descritos a seguir:
 Impessoalidade – essa forma de escrita permite ao autor não se apresentar
como protagonista do texto (a escrita deve apresentar o tratamento impessoal,
em geral, com sujeito indeterminado), distanciando o mesmo em relação ao tema
e, desta forma, suprimindo qualquer tipo de subjetividade.
 Formalidade – este elemento traz padronização do texto, satisfazendo às
características previstas no gênero.
 Concisão – é uma característica fundamental da redação técnica evitar a
prolixidade, ou seja, descrever apenas o importante de forma objetiva e,
preferencialmente, de forma resumida.
 Uso da norma-padrão da língua – uso das normas ortográficas da língua culta.

Para a produção de textos técnicos e científicos, além dos elementos utilizados para
a redação técnica, deve se obedecer às normas técnicas que são definidas por conselhos
ou associações (tais como a Associação Brasileira de Normas Técnicas no Brasil ou o

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Uniform Requeriments, também conhecido como Norma Vancouver) e, assim como, a


construção do texto e seus elementos textuais devem apresentar as terminologias
características da área do conhecimento e sentido literal das palavras.

Um texto científico tem como função principal a apresentação do conhecimento,


sendo que as informações são baseadas em pesquisas, experimentos, estudos de caso,
dentre outros. Assim, a informação deve ser disposta de maneira que o receptor possa ter
uma visão completa, correta e concisa sobre o exposto pelo emissor, não deixando dúvidas
sobre o que foi objetivado no desenvolvimento do estudo.

Observe as seguintes frases, como exemplo:


1. “Apresentamos, a seguir, os resultados referentes aos dados coletados de 120
amostras de peças fabricadas entre janeiro e junho de 2022”.
2. “São apresentados, a seguir, os resultados dos dados coletados para 120
amostras de peças produzidas no primeiro semestre de 2022”.

Perceba que o verbo “Apresentar” na primeira frase denota um sujeito oculto na


primeira pessoa do plural, enquanto na segunda frase, o sujeito é indeterminado e, portanto
sendo a primeira frase na forma culta mas não técnica e a segunda na forma técnica.

Além desses, pequenos detalhes na escrita tornam o texto mais técnico, entre eles:
 Usar a positividade na escrita, assim, em vez de “provável” a forma “quase certo”
pode ser usada em seu lugar.
 Evitar metáforas ou figuras de estilo.
 Evitar a adjetivação, assim não utilizar frases tais como: “extremamente
necessário”, “extraordinário” ou “muito interessante”.
 Evitar palavras que possam indicar que a informação possa ser comum e/ou
desinteressante, tais como: “é sabido que”, “naturalmente”, “evidentemente”,
etc., pois a informação apresentada pode não ser de conhecimento do receptor.

Lembre-se, desta forma, ao desenvolver uma redação técnica e científica, da


importância da escrita culta e das regras na elaboração e apresentação destes tipos de
trabalhos de natureza técnica e científica e que a escrita deve ser parte integrante do
esforço desenvolvido pelo pesquisador de forma que seu trabalho possa ser melhor
compreendido pelos seus pares e obter o resultado esperado.

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QUESTÕES DE FIXAÇÃO

1. Defina e diferencie os tipos de linguagem.


2. O que são as funções de linguagem?
3. A função referencial é um tipo de função de linguagem que é diretamente ligada
à redação técnica. É correto afirmar que a função fática pode ser ligada às
estruturas de letras de música? Porquê?
4. Porque as funções emotiva e poética se assemelham?
5. Uma propaganda de um determinado produto pode ser ligada à função conativa?
Porquê?
6. Qual a função principal de uma descrição técnica com elementos e terminologias
características da área de conhecimento num texto científico?

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RESPOSTAS

1. Os três tipos diferentes de linguagem são: verbal, não-verbal e misto. A diferença


entre os dois primeiros é que o primeiro é formado pela escrita ou a fala,
enquanto o segundo não contém palavras, apenas recursos visuais. O terceiro
tipo utiliza ambas linguagens ao mesmo tempo, como no caso das revistas em
quadrinhos.
2. As funções da linguagem são formas de utilização da linguagem segundo a
intenção do emissor.
3. Em alguns casos, quando na música o emissor cria um elemento vocativo, por
exemplo nas músicas Hey Jude dos The Beatles ou Alô, alô, Marciano
interpretada por Elis Regina.
4. É comum a comparação entre a função poética e a função emotiva devido a fala
de sentimentos e ou desejos que podem ocorrer em ambas, no entanto, se
diferenciam pois a poética tem a ênfase na mensagem enquanto a emotiva no
emissor.
5. Sim, pois na maioria dos casos as propagandas de produtos desenvolvem uma
linguagem imperativa, do tipo “adquira agora!”, comum a este tipo de função.
6. A função principal é desenvolver no receptor a compreensão da informação que
está sendo desenvolvida pelo emissor, deixando claro em que base de
conhecimento se está trabalhando a informação e qual o objetivo, por exemplo,
do estudo.

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2. NORMAS TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE TEXTOS

2.1. As normas ABNT


Fundada em 1940, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é uma
entidade privada, sem fins lucrativos e de utilidade pública, sendo o órgão responsável pela
normalização técnica no Brasil, fornecendo insumos ao desenvolvimento tecnológico
brasileiro.

Dentre as atribuições da ABNT, esta possui uma variedade de produtos de


certificação, tais como: Certificação de Sistemas, Certificação de Produtos, Certificação de
Pessoas, além das normas da ABNT definidas para emprego por editores de livros e
trabalhos acadêmicos em geral, sendo estas últimas objeto de nosso estudo.

As principais normas da ABNT para a padronização de trabalhos científicos são:


 NBR 14724:2011 – Estruturação de monografias e trabalhos de conclusão de
curso
 NBR 10520:2002 – Apresentação de citações em documentos.
 NBR 6023:2018 – Organização de referências
 NBR 6027:2002 – Sumários
 NBR 6028:1990 – Elaboração de resumos
 NBR 6034:2004 – Índice
 NBR 12225:2004 – Lombada

A seguir uma breve descrição de cada uma das normas.

2.1.1. NBR 14724:2011 – Estruturação de monografias e trabalhos de conclusão de curso

A norma NBR14724:2011 é a norma mais procurada e utilizada por pesquisadores


e estudantes, pois especifica os princípios gerais para a elaboração de trabalhos
acadêmicos (teses, dissertações e outros), aplicando-se desta forma aos trabalhos
acadêmicos e similares.

Todos os elementos referentes as partes externas (capa, por exemplo) e internas


(dedicatória, resumo, introdução, como exemplos) são descritos de forma clara e objetiva
para a utilização pelo pesquisador na elaboração do texto.

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Apesar de ser bem abrangente, esta norma cita a necessidade do complemento de


outros documentos relacionados, que são obrigatórios à aplicação da norma, tais como:
para referências datadas, referências não datadas, sumários, entre outros, sendo estes
descritos no item 2.1. deste trabalho.

Além destes ainda a norma cita para produção dos trabalhos:


• Código de Catalogação Anglo-Americano. 2. ed. rev. 2002. São Paulo:
Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas de Informação
e Instituições (FEBAB), 2004.
• Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Normas de apresentação
tabular. 3. ed. Rio de Janeiro, 1993.

Todas estas normas são utilizadas como base de formatação de todos os cadernos
de normas de produção de trabalhos acadêmicos no Brasil, com pequenas diferenças entre
estes em função da necessidade ou especificidade, mas de forma geral se segue o modelo
estrutural como sugerido pela norma NBR 14724 e apresentado na figura 2.1.

Figura 2.1. Elementos descritos na norma NBR 14724.

Para cada elemento existe uma descrição indicando como deve ser a forma de
apresentação, apesar de nem todos serem obrigatórios. A tabela 2.1. apresenta os itens
que são obrigatórios e os opcionais e, também, de forma resumida, a descrição de cada
elemento.

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A norma NBR 14724 descreve, também, a formatação geral do documento. Dentre


os elementos definem-se: tamanho de página, margens, espaçamento entre linhas,
tamanho de fonte, como escrever fórmulas, notas de rodapé, títulos, indicativos de seção,
etc. A tabela 2.2. traz, resumidamente, as regras da norma para estes elementos.

TABELA 2.1. Elementos de um trabalho acadêmico

ELEMENTO ESTRUTURA TIPO

Apresenta como elementos: nome da instituição, do autor, título,


Capa Obrigatório
subtítulo, número de volumes, local e data.
Lombada É definida pela norma NBR 12225. Opcional
Apresenta elementos na parte frontal (todos os da capa e mais tipo do
Folha de rosto trabalho, objetivo, área de concentração e nome do orientador) e no Obrigatório
verso (dados de catalogação).
Parte do trabalho em que estão elencados os erros desta, bem como
Errata Opcional
a sua correção, após a publicação da obra.
Apresenta os elementos da folha de rosto acrescidos dos nomes e
Folha de Aprovação Obrigatório
instituição dos avaliadores e data da aprovação.
Nesta parte o autor presta uma homenagem a algo ou alguém que
Dedicatória tenha tido importância na sua vida ou no desenvolvimento de seu Opcional
trabalho.
Nesta o autor mostra sua gratidão a tudo e todos que o auxiliaram no
Agradecimentos Opcional
processo de desenvolvimento humano e acadêmico.
Epígrafe Citação rápida ou frase com base no assunto da pesquisa. Opcional
Definido pela NBR 6028 é um texto descritivo suscinto com as
Resumo principais ideias do trabalho. Deve ser apresentado tanto na língua Obrigatório
portuguesa como em língua estrangeira.
Enumera e descreve as ilustrações de acordo com a ordem
Lista de ilustrações Opcional
apresentada no texto e respectivo número da folha ou página.
Enumera e descreve as tabelas de acordo com a ordem apresentada
Lista de tabelas Opcional
no texto e respectivo número da folha ou página.
Apresenta, em relação alfabética, as abreviaturas e siglas utilizadas no
Lista de abreviaturas
trabalho, seguidas das palavras ou expressões correspondentes Opcional
e siglas
escritas por extenso.
Apresenta a relação na ordem apresentada no texto, com o devido
Lista de símbolos Opcional
significado de cada símbolo.
Definido pela NBR 6027 é a enumeração das divisões, seções,
Sumário Obrigatório
capítulos, etc.na mesma ordem e grafia em que se sucede.
Introdução Apresenta os objetivos e os motivos da elaboração do trabalho. Obrigatório

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Parte mais importante do trabalho, em que se apresentam de forma


Desenvolvimento Obrigatório
detalhada a pesquisa realizada e seus resultados.
Apresenta de forma concisa o que se obteve das informações
Conclusão desenvolvidas durante a pesquisa, tais como soluções ou analises e Obrigatório
um desfecho sobre o trabalho como um todo.
Referências Definida pela NBR 6023. Obrigatório
Apresenta um pequeno dicionário para palavras específicas e
Glossário Opcional
expressões pouco conhecidas por sua natureza técnica.
Complementa argumentos abrangidos no desenvolvimento da
Apêndice pesquisa, tais como questionários, transcrições de entrevistas ou Opcional
documentos.
São documentos adicionais que não foram produzidos pelo autor, mas
Anexo Opcional
tem importância ao trabalho.
Definido pela NBR 6034 apresenta uma enumeração detalhada dos
Índice Opcional
nomes e assuntos contidos no trabalho.

TABELA 2.2. Formatação geral do documento acadêmico

ELEMENTO ESTRUTURA

Formato do Papel A4 (21 cm × 29,7 cm).


Impressão Cor preta para escrita e colorida para imagens e/ou figuras
Página Frente - esquerda e superior de 3 cm e direita e inferior de 2 cm.
Margens
Página Verso - direita e superior de 3 cm e esquerda e inferior de 2 cm.
12 para corpo de texto e capa. Outros elementos tais como notas de rodapé podem
Tamanho de Fonte
apresentar tamanho de fonte menor.
1,5 entre linhas para corpo de texto e capa. Outros elementos tais como referências
Espaçamento
devem ser separadas por um espaço simples em branco, como exemplo.
Justificado. Exceção: capa, folha de rosto e folha de aprovação, nestes dois últimos
Alinhamento
o alinhamento é no meio da área de impressão para a margem direita.
Separadas do texto por espaço simples entre as linhas e filete de 5 cm, a partir da
margem esquerda. O alinhamento a partir da segunda linha da mesma nota, deve
Notas de rodapé
ser abaixo da primeira letra da primeira palavra, destacando o expoente, sem
espaço entre elas e com fonte menor que a do corpo de texto.
Formato numérico, algarismo arábico, em seguida o título, alinhado à esquerda,
separado por um caractere. Títulos de seções primárias devem começar em página
frontal, parte superior do corpo, e separados do texto, assim como os de
Indicativos de seção
subseções, por espaço 1,5 entre as linhas. Títulos que ocupem mais de uma linha
devem ser alinhados abaixo da primeira letra da primeira palavra do título, a partir
da segunda linha.

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Títulos sem Devem ser centralizados os títulos de agradecimentos, listas, resumos, sumário,
indicativo numérico referências, glossário, apêndices, anexos e índices.
Elementos sem título
e sem indicativo Seguem as regras de alinhamento, tamanho de fonte e de espaçamento.
numérico
Páginas com elementos pré-textuais devem ser contadas, mas não numeradas.
Trabalhos que tenham somente texto em páginas frontais: devem ser contadas
sequencialmente e apenas estas. Páginas que contenham textos em “frente e
Paginação verso”, ambos lados devem ser contados. A numeração é colocada a partir da
primeira folha da parte textual, algarismos arábicos, canto superior da folha, a 2 cm
da borda superior e último algarismo a 2 cm da borda direita da folha para páginas
frontais e esquerda em verso de página.
Numeração Definida pela NBR 6024. Títulos de seções, sumário e partes do texto que
progressiva apresentem numeração, devem ser grafadas em negrito, sublinhado e/ou itálico.
Definidas pela NBR 10520. Apresenta os elementos que dão suporte a confiança
Citações
da informação permitindo o aprofundamento sobre a pesquisa.
Quando citada pela primeira vez no texto, deve ser indicada entre parênteses,
Siglas
antecedida da descrição completa.
Devem ser destacadas no texto e, quando necessário, numeradas entre
Equações e fórmulas
parênteses, alinhamento à direita.
Numerada e identificada na parte superior com a fonte de consulta descrita na parte
Ilustrações
inferior. A ilustração deve ser citada, no texto, o mais próximo da mesma.
Segue, de forma geral, a identificação como a das ilustrações e o formato é regido
Tabelas
pelas normas do IBGE.

2.1.2. NBR 10520:2002 – Apresentação de citações em documentos


Esta norma define como devem ser aplicadas as regras para citações em trabalhos
técnicos e científicos e, também, a classificação e tipos de citações que podem ser
utilizadas nestes.

A definição de citação, segundo a norma é toda “Menção de uma informação extraída


de outra fonte” e pode ser de três tipos principais:
 Direta: transcrição de parte de uma obra, com as exatas palavras do autor da
obra original.
 Indireta: baseada em uma obra, porém com interpretação do pesquisador.
 Citação de citação: baseada em uma obra, porém o pesquisador não teve
acesso à obra original.

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Além das citações, a norma também define um segundo tipo referencial que são as
notas. Estas, por sua vez, apresentam características das citações, mas são apresentadas,
em geral, na mesma página em que o assunto está sendo tratado e podem ser dos
seguintes tipos:
 Notas de rodapé: é um tipo de nota colocada ao pé da página, incluindo
comentários de referências e/ou fontes para parte da obra onde o assunto foi
tratado.
 Notas de referência: nestas são indicadas as fontes consultadas ou outras partes
da obra onde o assunto foi tratado.
 Notas explicativas: são usadas para ilustrar, esclarecer ou explicar aspectos do
texto que se considera não expor no texto da obra.

Segundo a norma, as citações e as notas podem ser localizadas tanto no texto


quanto em notas de rodapé, porém as notas de referência e explicativas são mais
comumente encontradas nas notas de rodapé, por seu formato e estrutura.

As regras gerais para a apresentação das citações podem apresentar as chamadas


pelo sobrenome do autor, instituição, responsável ou títulos incluídos na sentença. De
forma geral, quanto a formatação, estas devem ser em letras maiúsculas e minúsculas, mas
quando estiverem entre parênteses, devem se apresentar somente em letras maiúsculas.

Ainda em relação as regras de apresentação, para as citações diretas deve-se se


apontar no texto todas as informações da parte ou da obra de referências, tais como:
páginas, volumes, tomos ou seções e devem ser sequenciadas pela data e separados por
vírgula e antecedidos por uma abreviação do termo que o caracteriza. A diferença para
citações indiretas é que a indicação das páginas consultadas se torna opcional.
No caso de citações diretas, a parte da obra que é descrita de forma textual do autor
deve estar entre aspas duplas para o caso em que essa informação esteja contida em até
três linhas, a partir desse limite a informação deve ser destacada, sem as aspas, com recuo
de 4 cm da margem esquerda, com tamanho de fonte da letra menor que a do corpo de
texto.

Na escrita, quando se suprime parte da informação na citação deve se utilizar três


pontos entre colchetes “[...]” na parte suprimida, enquanto que no caso de acréscimos,

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comentário e/ou interpolações, as informações devem aparecer entre colchetes “ [ ] “. Para


destaque de uma parte do texto, pode-se utilizar sublinhado, negrito ou itálico.

Os exemplos a seguir apresentam as condições da regra:

A felicidade implicaria na realização do “Princípio do Prazer”, que dominaria o


psiquismo humano desde o início da vida, segundo o proposto por Sigmund Freud
(1930).

“[...] os fluxos de gás supersônico são muito suscetíveis de dar origem à turbulência,
[...]” (SILK, 1993, p. 156).

Consideremos, por exemplo, as ações eletrodinâmicas entre um imã e um


condutor, O fenômeno observável depende unicamente do movimento do
condutor e do imã, ao passo que, segundo a concepção habitual, são
nitidamente distintos os casos em que o móvel é um, ou o outro, destes
corpos. (EINSTEIN, 1905, p. 17).

As fontes das citações podem ser obtidas por informação verbal, assim como podem
não ter sido ainda publicadas. A norma define que, quando se pretende utilizar as que foram
obtidas nestes casos estas devem ser consideradas como notas de texto e sua fonte em
notas de rodapé, indicando a condição da fonte.

Para o caso de traduções feitas pelo pesquisador, a norma define que deve ser
indicado ao final da frase a condição.

Os exemplos a seguir apresentam as condições da regra:

No texto
As plataformas que foram desenvolvidas para vacina de HIV seriam testadas muito
possivelmente dentro dos próximos cinco anos (em entrevista)1
No rodapé
__________
1
Entrevista com Marcelo Soares, à Escola Politécnica de Saúde João Venâncio, em dezembro de
2021.

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No texto
[...] “um dos principais instrumentos para o estudo e análise de materiais, [...] desde
o início do primeiro desenvolvimento teve como base a análise de materiais
biológicos.” (em fase de elaboração)1

No rodapé
___________
1
Técnicas de Caracterização Microestrutural, de autoria de Sidnei Buso, a ser editado pela Editora
Técnica, 2003.

“Dois sistemas de criação de taxas podem ser diferenciados como: a priori ou


taxação por classificação, e a posteriori ou taxação por experiencia.” (BOJ, 2010, p.1,
tradução nossa)

Quanto ao sistema de chamada (forma como a citação é apresentada para o leitor)


pode ser de dois tipos: numérico ou autor-data. Entretanto, para qualquer um desses, ao
se optar por um deve ser mantido ao longo de todo o trabalho, permitindo a correlação em
lista de referências ou notas de rodapé, observe o exemplo a seguir:

Segundo Buso (2010, p. 41), para ligas de alumínio-magnésio-zircônio produzidas


por metalurgia do pó, “Os efeitos da quantidade de soluto presente evidenciam
efeitos da diminuição no valor da energia de ativação [...]”.

Em alguns casos, pode ocorrer a coincidência de sobrenomes de autores, neste caso


deve-se acrescentar as iniciais dos prenomes para diferenciação, mas se continuar a
coincidência, deve-se indicar os prenomes por extenso.
Outra situação comum que a norma abrange é a condição em que há citação de um
autor com mais de uma obra que foi publicada no mesmo ano, sendo que para diferenciar
deve-se acrescentar após a data um indicativo alfabético em letras minúsculas, conforme
o exemplo a seguir:

Segundo Monteiro (1996a).


(MONTEIRO, 1996b).

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Para o caso de citações indiretas de mesma autoria, mas de obras publicadas em


anos diferentes, sendo mencionados simultaneamente, as datas das obras devem ser
separadas por vírgula e os autores por ponto e vírgula, conforme o exemplo:

(BUSO; MONTEIRO, 1997, 1999, 2001)

Quando se pretende citar, ao mesmo tempo, vários autores e diferentes obras, deve-
se separar por ponto-e-vírgula, e em ordem alfabética as citações, conforme o exemplo:

Dentro dessa classe de ligas, as em que o terceiro elemento é o zircônio, tem


demonstrado importantes características termomecânicas. (BOURNAME; NEDJAR;
SIRENKO, 1999; BUSO; MONTEIRO; 2001, 2003)

Quando a norma trata das citações por sistema numérico, esta define que se indica
a fonte em algarismos arábicos, com numeração única, consecutiva de forma a remeter às
referências que podem estar no final do trabalho, do capítulo ou da parte, e na mesma
ordem em que são indicadas no texto. Entretanto, a norma é específica quanto a não
utilização do sistema numérico quando o trabalho exibe notas de rodapé.

Quanto a formatação da numeração, está pode ser tanto feita entre parênteses,
alinhada ao texto, ou colocada como expoente acima da linha do texto, após a pontuação
que fecha a citação, mas, escolhida uma forma deve-se seguir a mesma por todo o texto.

Observe os exemplos a seguir que ilustram a citação pelo sistema numérico.

Ligas ternárias Al-XMg-0,6Zr são fortemente influenciadas pelas alterações de


tratamentos térmicos. (3, 4, 7)

Ligas ternárias Al-XMg-0,6Zr são fortemente influenciadas pelas alterações de


tratamentos térmicos. 3, 4, 7

Para o sistema autor-data, a norma apresenta três formas para a indicação, sendo:
a. Feita inicialmente pelo sobrenome de cada autor ou de cada entidade
responsável até o primeiro sinal de pontuação, em seguida deve-se identificar a
data de publicação do documento e das páginas da citação.

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b. Feita inicialmente pela primeira palavra do título seguida de reticências. Para o


caso de obras sem indicação de autoria ou responsabilidade, deve ser seguida
da data de publicação do documento e das páginas da citação.
c. Caso o título iniciar por artigo (definido ou indefinido), ou monossílabo, este deve
ser incluído na indicação da fonte.

Em todos os casos, se em citação direta, estas devem ser separadas por vírgula e
estar entre parênteses.

Em relação às notas de rodapé, estas devem seguir o sistema autor-data para


chamada citações e o sistema numérico para notas explicativas e de referência.

2.1.3. NBR 6023:2018 – Organização de referências


Esta norma estabelece todas as regras de formatação de referências bibliográficas
para trabalhos acadêmicos, desde as informações que devem conter nas referências até a
ordem de apresentação das mesmas e por isso muito complexa em relação a todas formas
possíveis de referências que trabalhos acadêmicos possam utilizar.

Em relação às regras gerais de apresentação, deve-se levar em consideração que


os elementos precisam ser sempre ordenados em uma única lista, padronizados em relação
ao recurso tipográfico (negrito, itálico ou sublinhado) e elementos complementares
adotados. Já para a formatação deve-se considerar o uso de espaço simples entre linhas,
sendo as referências alinhadas em relação a margem esquerda do texto, e colocada uma
linha em branco de espaço simples entre referências.
Em relação à localização as referências podem aparecer em rodapés, fim de textos,
partes ou seções, lista de referências, antecedendo resumos, resenhas, recensões (NBR
6028), ou em erratas.

Para as notas de rodapé, as referências devem ser alinhadas, a partir da segunda


linha da mesma referência, abaixo da primeira letra da primeira palavra, de forma a destacar
o expoente e sem espaço entre elas.

A utilização do recurso tipográfico é feita de forma a destacar o título e deve ser


uniforme em todas as referências, exceção apenas em obras sem autoria (documentos
oficiais, por exemplo), em que a entrada ocorre pelo título.

Relatórios Técnico e Científicos 17


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Os elementos essenciais (aqueles indispensáveis à identificação) devem reproduzir


os dados da obra referenciada, sendo que, se houverem, informações acrescidas, estas
devem adotar o idioma do texto em elaboração e não àquela da obra referenciada.

A norma também versa sobre obras consultados na rede mundial de computadores,


sendo que nos casos de documentos online, deve-se indicar o endereço eletrônico,
precedido da expressão “Disponível em:”, seguidas da expressão “Acesso em” e data de
acesso.

Quanto aos sistemas de ordenação de referências, os sistemas mais utilizados são:


alfabético e numérico (ordem de citação no texto) e devem ser ordenadas de acordo com
a NBR 10520, descrita previamente.

Em relação às obras que podem ser referenciadas, a norma é bastante abrangente,


mas, a título de elementos para trabalhos científicos serão detalhados alguns dos mais
importantes e, para os demais, sugere-se recorrer ao documento original da norma.

2.1.3.1. Monografias, dissertações e teses


Para este tipo de obra, os elementos essenciais definidos pela norma são: autor
(sobrenome em letras maiúsculas separado por vírgulas do nome, formatação normal),
título, subtítulo (quando houver), ano de depósito, tipo do trabalho (tese, dissertação,
trabalho de conclusão de curso e outros), grau (especialização, doutorado, entre outros) e
curso entre parênteses, vinculação acadêmica, local e data de apresentação ou defesa.

Exemplo:
BUSO, Sidnei José. Estudos do efeito da composição química e da conformação
mecânica na cinética de recristalização de ligas Al-Mg-Zr. 2004. Tese (Doutorado
em Tecnologia Nuclear – Materiais) – Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares
– Universidade de São Paulo. São Paulo. 2004.

Quando o exemplar estiver disponível online, deve seguir ainda a indicação conforme
a norma explicada anteriormente.

2.1.3.2. Artigo de periódico

Relatórios Técnico e Científicos 18


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Para artigos de periódicos, a norma indica como elementos essenciais: autor


(sobrenome separado por iniciais do nome, todos em letras maiúsculas, se mais de um,
separados por ponto e vírgula), título do artigo ou da matéria, subtítulo (quando houver),
título do periódico, subtítulo (quando houver), local de publicação, numeração do ano e/ou
volume, número e/ou edição, tomo (quando houver), páginas (abreviatura p. seguida dos
números inicial e final das páginas), e data ou período de publicação.

Exemplo:
GRIMES, R.; DASHWOOD, R.J.; HARRISON, A.W.; FLOWER, H.M. Development
of a high strain rate superplastic Al–Mg–Zr alloy. Materials Science and
Technology. Londres. V. 16, T.11-12. P. 1334-1339. 2000.

Quando o exemplar estiver disponível online, deve seguir ainda a indicação conforme
a norma explicada anteriormente.

2.1.3.3. Livros
No caso da referência para livros, os elementos essenciais são: autor (ou autores
quando houver mais de um), título, subtítulo (quando houver), edição (quando houver),
local, editora e data de publicação.

Em relação à identificação dos autores, a identificação segue como regra:


a. Para um autor: sobrenome todo em letras maiúsculas seguido de vírgula e nome
com a formatação normal.
b. Até três autores: sobrenome seguido de vírgula e iniciais do nome todos em letras
maiúsculas e ponto e vírgula entre autores.
c. Mais de três autores: sobrenome seguido de vírgula e iniciais do nome todos em
letras maiúsculas seguido da frase “et al.” (abreviação de outras três expressões
do latim: et alii - e outros - masculino plural, et aliae - e outras - feminino plural e
et alia - neutro plural) em itálico.

Quando não há autor definido, tal como em livros ou publicações oficiais,


organizações não governamentais, etc. indicam-se, apenas: título, subtítulo (quando
houver), edição (quando houver), local, editora e data de publicação.

Exemplo:

Relatórios Técnico e Científicos 19


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HUMPHREYS, F.J.; HATERLY, M. Recrystalization and related annealing


phenomena. Amsterdã. Elsevier. 2004.

NIEDERHUBER, J. et al. Abeloff's Clinical Oncology. Amsterdã. Elsevier. 2019.


ATLAS Geográfico Escolar. 8ª Edição. IBGE. Brasil. 2018.

Quando o exemplar estiver disponível online, deve seguir ainda a indicação conforme
a norma explicada anteriormente.

2.1.3.4. Eventos
Considera-se como evento, para fins de referências em trabalhos técnicos e
científicos os congressos, simpósios, encontros, seminários, fóruns, jornadas e cursos. As
obras que tenham sido apresentadas nestes podem ser então referenciadas, conforme a
norma como um todo e em relação a um ou mais trabalhos apresentados.

No caso em que se pretende utilizar a informação do evento como um todo, os


elementos essenciais para referência são: nome do evento, numeração (quando houver),
ano e local (cidade) de realização, título do documento, seguidos dos dados de local, editora
e data da publicação.

Ao considerar-se apenas os trabalhos apresentados, os elementos essenciais são:


autor(es) (segue a mesma formatação para livros), título do trabalho, seguidos da
expressão In:, nome do evento, numeração do evento (quando houver), ano e local (cidade)
de realização, título do documento, local, editora, data de publicação e páginas inicial e final
da parte referenciada.

Exemplos:
X SIMPÓSIO NACIONAL DE ENSINO DE FÍSICA - SBPF, 1993, Londrina. Livro de
Atas. Londrina: UFPR, 1993.

BUSO, S.J., CRISPIN, S.C., PEREIRA, E.F. E CANALLE, J.B.G., 1993, A Luneta
Caseira, Atas do X Simpósio Nacional de Ensino de Física, Londrina, PR, p. 713
– 717.

Relatórios Técnico e Científicos 20


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Quando o exemplar estiver disponível online, deve seguir ainda a indicação conforme
a norma explicada anteriormente.

2.1.3.4. Patentes
Para referenciar patentes, os elementos essenciais são: inventor, título, nomes do
depositante e/ou titular e do procurador (quando houver), número da patente, data de
depósito e data de concessão da patente (quando houver).

Exemplo:
BRINDELLI, R.F.S. Disposição construtiva aplicada em dispositivo protetor
auditivo. 3M Innovative Properties Co. Gusmão & Labrunie S/C Ltda. MU.
8201717-4. Depósito: 19 fev. 2002. Concessão: 10 jan. 2012.

Quando o exemplar estiver disponível online, deve seguir ainda a indicação conforme
a norma explicada anteriormente.

2.1.4. NBR 6027:2002 – Sumário


A norma 6027 apresenta as especificações e informações que devem constar no
sumário, além da formatação da mesma, sendo que este é um elemento pré-textual
obrigatório que apresenta as seguintes particularidades:
a. Para trabalhos em dois ou mais volumes, deve ser repetido em todos os volumes,
na íntegra.
b. Sendo o último elemento pré-textual, deve aparecer, imediatamente, antes do
primeiro capítulo da obra.
c. Não se devem indicar no sumário os elementos pré-textuais: capa, folha de rosto,
folha de aprovação, dedicatória, resumo, listas de tabelas, figuras e abreviaturas.
d. Entre a última palavra de um título/subtítulo/seção, os espaços vazios e o número
indicativo da página devem ser preenchidos com pontos.
e. A palavra “Sumário” , deve ser centralizada, letras maiúsculas e com o mesmo
tipo de fonte utilizada para as seções primárias.
f. A NBR 6024 normatiza os indicativos (números) das seções que compõem o
sumário e, quando houver, devem estar alinhados à esquerda.
g. A paginação pode ser feita de três modos: pela página inicial (mais comum
encontrada em trabalhos acadêmicos), ou números de página inicial e final
separadas por hífen e ou a forma como as páginas se distribuí pelo texto.

Relatórios Técnico e Científicos 21


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h. No caso de obra apresentado em mais de um idioma, a norma recomenda um


sumário separado para cada idioma, em páginas diferentes.
i. Para sumários únicos, traduções de títulos podem ser colocadas após os títulos
originais, separados por barra oblíqua ou travessão.

2.1.5. NBR 6028:1990 – Elaboração de resumos


A norma 6028 constitui os requisitos para redação e apresentação de resumos,
sendo estes definidos como uma exposição concisa dos principais pontos e ideias da obra,
com a finalidade de transmitir uma ideia geral sobre o desenvolvido nesta.

Os resumos se dividem, segundo a norma em:


a. Crítico ou Resenha: consiste em uma descrição minuciosa de uma determinada
obra.
b. Indicativo: é um tipo de texto que indica apenas os pontos principais da obra,
desta forma não dispensa a consulta ao original.
c. Informativo: tem como função informar: finalidades, metodologia, resultados e
conclusões do documento. Sendo assim, por ser mais completo, dispensa a
consulta à obra original.

Os resumos, devem obedecer às seguintes regras:


a. Deve ser composto por uma sequência de frases concisas e afirmativas, com o
verbo na voz ativa e na terceira pessoa do singular.
b. A primeira frase deve explicar o tema principal do documento, sendo que seguida
a esta, indica-se o tipo de categoria do tratamento (estudo de caso, dissertação,
artigo, por exemplo).
c. Não devem ser numeradas em tópicos e se recomenda uso de parágrafo único.
d. Deve ser precedido da referência do documento, exceto se o resumo for inserido
no próprio documento.
e. Fórmulas, equações, diagramas e símbolos (de uso não corrente e usual) devem
ser evitados.

Em relação à formatação, os resumos seguem os tamanhos de fonte de letra da obra


com o texto justificado em relação às margens. A palavra resumo deve estar em destaque,
em letras maiúsculas e centralizada em relação às margens.

Relatórios Técnico e Científicos 22


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Seguido ao texto do resumo, e logo abaixo deste, devem ser colocadas as palavras-
chave, precedidas da expressão “Palavras-chave:”. As palavras-chave devem ser
separadas entre si por ponto e finalizadas também por ponto.

A extensão do resumo depende do tipo e da finalidade, sendo que para trabalhos


acadêmicos figuram entre 150 e 500 palavras para monografias, teses e/ou dissertações e
entre 100 e 250 para artigos.

2.1.6. NBR 6034:2004 – Índice


De acordo com definição, índice é uma relação de palavras ou frases, apresentada
ao final do texto de uma obra e, de forma geral, organizadas por algum critério (alfabético,
cronológico, numérico, alfanumérica e/ou sistemática). No que diz respeito ao enfoque, de
acordo com o critério, o índice pode ser organizado por: autores, assuntos, títulos, pessoas
e/ou entidades, nomes geográficos, citações, anunciantes e matérias publicitárias e pode-
se combinar duas ou mais categorias (índice de autores e títulos, por exemplo).

No índice vão constar os assuntos, temas e tópicos que foram desenvolvidos na obra
e, a partir dele, é possível localizar as páginas em que esses pontos foram tratados.
Em relação à localização, os índices figuram ao final da obra, com paginação
consecutiva ou em volume separado e com título que deve define a função e/ou conteúdo
(exemplo: índice de assuntos).

Para o caso do índice geral de uma obra, as entradas de cada categoria devem ser
diferenciadas graficamente e ordenadas conforme a norma ABNT 6033.

Em relação ao cabeçalho, deve-se evitar no início destes o uso de artigos, adjetivos,


conjunções etc. e quando necessário, qualificar o cabeçalho por uma expressão
modificadora que lhe especifique um significado. No caso em que as subdivisões de um
cabeçalho se estendem além de uma página (ou coluna), este deve ser repetido e acrescido
da palavra "continuação" entre parênteses (ou em itálico), por extenso ou na forma
abreviada “cont.”. Quando há referências muito numerosas, é apropriado explicitar por sub
cabeçalhos com indicativos próprios, mas evitando repetir ideias ou termos do cabeçalho
principal. Para cabeçalhos compostos, as entradas devem ser organizadas pelas palavras
significativas.

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A norma recomenda, ainda, a apresentação das entradas em linhas separadas, e


recuo progressivo da esquerda para a direita para sub cabeçalhos.

Quanto à formatação, a palavra Índice deve estar em destaque (negrito), em letras


maiúsculas e centralizada em relação às margens para índices gerais e a estrutura destes
segue a mesma formatação de listas, com as frases/palavras ligadas aos seus respectivos
números de página por meio de linha pontilhada.

2.1.7. NBR 12225:2004 – Lombada


A norma define como lombada a parte da capa do trabalho que reúne as margens
internas das folhas, sejam elas costuradas, grampeadas, coladas ou mantidas juntas de
outra maneira.

Para a apresentação, segundo a norma, esta aplica-se exclusivamente a


documentos em caracteres latinos, gregos ou cirílicos, sendo que esta ainda deve servir de
regra para a apresentação para editores, encadernadores, livreiros e bibliotecas.

Em relação à estrutura, a lombada deve conter os seguintes elementos:


a. nomes dos autores (se houver), impresso no mesmo sentido da lombada
b. título, impresso no mesmo sentido dos nomes dos autores e, se necessário,
abreviado.
c. elementos alfanuméricos de identificação de volume, fascículo e data (se houver)
d. logomarca da editora, impressa no mesmo sentido da lombada.

Em obras cujas lombadas não comportam inscrições, deve indicar o título impresso
longitudinalmente e legível do alto para o pé, ao lado da lombada.

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QUESTÕES DE FIXAÇÃO

1. Com base nas normas da ABNT, como deve ser feita a paginação de um
documento?
2. Cite três dos elementos pré-textuais de um trabalho acadêmico.
3. Segundo a NBR 6023/2018 como fica a forma correta para referenciar a obra “Expect
more: melhores bibliotecas para um mundo complexo de R. David Lankes publicado
em São Paulo pela FEBAB no ano de 2016”?
4. Segundo a ABNT 6027, qual a definição de sumário?
5. Qual a diferença básica entre sumário e índice?
6. Qual o tamanho, em palavras, de um resumo para uma monografia?
7. Como devem ser apresentadas citações de mais de 3 linhas num trabalho
acadêmico?
8. As listas são itens obrigatórios numa tese?

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RESPOSTAS

1. Segundo as normas, as páginas com elementos pré-textuais devem ser contadas,


mas não numeradas. Para trabalhos que tenham somente texto em páginas frontais:
devem ser contadas sequencialmente e apenas estas e para páginas que
contenham textos em “frente e verso”, ambos lados devem ser contados. A
numeração é colocada a partir da primeira folha da parte textual, algarismos
arábicos, canto superior da folha, a 2 cm da borda superior e último algarismo a 2
cm da borda direita da folha para páginas frontais e esquerda em verso de página.
2. Sumário, dedicatória e resumo.
3. LANKES, David R. Expect more: melhores bibliotecas para um mundo
complexo. São Paulo. FEBAB. 2016.
4. Enumeração das divisões, seções e outras partes de uma obra, na mesma ordem e
grafia em que os elementos se sucedem, indicando as páginas em que se
encontram.
5. Sumário é a enumeração das principais divisões, seções e outras partes de um
documento, na mesma ordem em que a matéria nele se sucede e índice é uma
enumeração detalhada, em ordem alfabética, dos nomes de pessoas, nomes
geográficos, acontecimentos, etc., com a indicação de sua localização no texto. O
sumário se apresenta no início do trabalho, enquanto o índice ao final.
6. O resumo de uma monografia deve conter entre 150 e 500 palavras.
7. As citações diretas, no texto, com mais de três linhas devem ser destacadas com
recuo de 4 cm da margem direita com letra menor que a do texto utilizado e sem as
aspas.
8. Não. As listas de ilustrações, tabelas, quadros, gráficos, figuras, são informações
opcionais e devem ser elaboradas de acordo com a ordem apresentada no texto.

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3. OS DIFERENTES TEXTOS TECNOCIENTÍFICOS E SUAS


ESPECIFICIDADES

3.1. Introdução
De forma geral, pode-se definir como texto científico a uma produção textual, cuja
narrativa escrita aborda conceitos ou teorias, baseadas no conhecimento científico por meio
de uma linguagem científica, própria de uma comunidade específica, objetiva, sem uma
preocupação com a estética métrica, como aquela da escrita poética ou literária, mas dentro
de normas definidas (conforme apresentado em capítulos anteriores).

Os textos científicos podem, também, expressar os resultados obtidos em pesquisas


e experimentos, tendo como público-alvo a comunidade científica e interessados, também,
pelo mesmo objeto de estudo.

Existem, entretanto, forma diferenciadas para expressar os textos tecnocientíficos,


dependendo de sua especificidade, extensão e aprofundamento da obra e/ou pesquisa,
sendo que nas seções seguintes encontram-se as definições sobre cada um destes.

Além dessas diferenças, é comum que as instituições de ensino superior ou


empresas definam os elementos que componham os textos tecnocientíficos em seus
trabalhos, mas todos baseados em normas, tais como as da ABNT, previamente estudadas
e/ou em outras especificas a um tipo ou outro de trabalho.

3.2. Ensaio
O ensaio científico, também conhecido como ensaio acadêmico, é uma produção
textual formal e opinativa, em cujo desenvolvimento se procura discutir as bibliografias
publicadas por autores e opinar, em gênero formal, sobre teorias apresentadas, com
embasamento teórico de outros autores e publicações.

Este tipo de texto científico deve apresentar relevância para a comunidade científica
nos aspectos teórico e acadêmico, abrangendo referências de qualidade e que tragam
sentido ao confrontado entre teorias, por exemplo.

Relatórios Técnico e Científicos 27


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Ao produzir um ensaio científico, deve-se estar preparado para expor as ideias e


opiniões, além de basear toda a conclusão do estudo a partir do referencial teórico utilizado.

Entretanto, apesar de que as opiniões emitidas possam concordar, discordar ou


problematizar as ideias apresentadas pelo autor em análise, deve-se manter um espírito
crítico e original sobre o assunto abordado, possibilitando a geração de discussões e
estimular novos posicionamentos e, assim, promover novos debates sobre o assunto.

Estruturalmente, os ensaios são compostos por: título/tema, introdução,


fundamentação, desenvolvimento, conclusão e referências bibliográficas. Já em relação às
características do texto em ensaios acadêmicos, estes apresentam: exposição bem
desenvolvida, objetiva, discursiva e concludente; tese pessoal (sem comprovação última) e
maturidade intelectual (incluindo juízos de valor pessoal).

3.3. Artigo
Define-se artigo científico como sendo uma publicação acadêmica de autoria
declarada, cujo texto apresenta e discute resultados, ideias, métodos, técnicas e processos
produzidos por meio de pesquisa científica. Este tipo de texto tecnocientífico pode
apresentar, também, sínteses dos resultados de trabalhos acadêmicos tais como
monografias, dissertações e teses.

Os artigos científicos, apesar de em geral, apresentarem trabalhos de pesquisas


originais, abordando métodos e observações de um tema em estudo, também podem
apresentar-se como artigos de revisão, em que se propõe a discussão e análise de
trabalhos previamente publicados, mas ambos os tipos devem apresentar algum tipo de
originalidade ao proposto.

Para a produção de artigos científicos, é necessário que se desenvolva um conjunto


de métodos científicos, incluindo pesquisas de obras de variadas fontes, para que o artigo
produzido possa passar por avaliação, aprovação, publicação e aceitação da comunidade
científica. Assim, como, de forma geral, os artigos são publicados em periódicos, cada um
destes acaba definindo a formatação da obra, porém os elementos que compõem um artigo
diferem muito pouco de um para outro periódico, sendo os essenciais:

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a. Título.
b. Nome dos autores.
c. Instituição dos autores.
d. Resumo no idioma corrente e em língua estrangeira.
e. Palavras-chave.
f. Conteúdo do artigo científico – Introdução, materiais e métodos,
desenvolvimento e resultados.
g. Conclusões.
h. Referências bibliográficas do artigo científico.

Quando um periódico é publicado no Brasil, de forma geral, se segue a norma ABNT


NBR 6022:2003, mas de forma geral os elementos de formatação nesta, também, se
encontram definidos na NBR 14724, assim como a formatação das referências definidas
pela NBR 6023:2018.

3.4. Relatório
Um relatório tecnocientífico é um documento original elaborado para descrever
experiências, investigações, processos, métodos e análises e tem por objetivo transmitir
tais informações científicas a terceiros, bem como contribuir para o desenvolvimento do
conhecimento e da ciência. Estes são produzidos, em sua maioria, durante
desenvolvimentos de pesquisas acadêmicas ou em processos empresariais, quando há
necessidade de relatar de forma mais detalhada uma série de resultados.

Os elementos essenciais de um relatório são, na prática, os mesmos dos artigos,


com exceção da indicação da instituição, que não se indica no texto, mas cuja apresentação
e feita em capas. Os relatórios também apresentam diferenças dos artigos quanto a
extensão e profundidade da informação.

No Brasil, a norma ABNT NBR 10719:2011, define os critérios para formatação e


descrição dos relatórios técnico e/ou científico e cuja estrutura e formatação é muito
parecida, também, com a norma NBR 14724, porém com pequenas diferenças para o tipo
de obra e elementos obrigatórios e opcionais.

Relatórios Técnico e Científicos 29


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3.5. Projeto de pesquisa


O projeto de pesquisa é a etapa inicial no processo de produção científica e anterior
ao desenvolvimento das monografias, teses e dissertações. Neste se define e delimita: o
objeto de estudo, método de pesquisa utilizado e o processo de coleta e análise de dados,
por exemplo.

Desta forma esse tipo de documento será o norteador para articular e organizar a
proposta de investigação acadêmica, tal como um roteiro para o trabalho que será feito pelo
pesquisador.

Por sua importância, os projetos de pesquisa são usados em processos de seleção


de trabalhos tecnocientíficos e pesquisadores em instituições de ensino superior.

Os elementos encontrados num projeto de pesquisa são:


a. Capa.
b. Folha de rosto.
c. Tema.
d. Problema.
e. Hipótese.
f. Objetivos.
g. Justificativa.
h. Referencial teórico.
i. Metodologia.
j. Recursos.
k. Cronograma.
l. Referências
m. Apêndices
n. Anexos.

Perceba que muitos desses elementos estão definidos na NBR 14724, enquanto
alguns não figuram nesta mas são definidos na NBR 15287:2011, que apresenta as normas
brasileiras para elaboração de projetos de pesquisa.

Dentre os elementos essenciais específicos da NBR 15287, pode-se detalhar:

Relatórios Técnico e Científicos 30


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a. Tema: é o assunto que se deseja estudar e pesquisar.


b. Problema: é a questão norteadora do trabalho científico.
c. Hipótese: são possíveis respostas para o problema de pesquisa.
d. Objetivos: são divididos em geral e específicos. O primeiro é a principal que se
deseja alcançar na pesquisa e o segundo corresponde às etapas necessárias
para atingir o objetivo geral.
e. Justificativa: tem como finalidade explicar porque o projeto de pesquisa é válido
para a área do conhecimento que se pretende.
f. Metodologia: é a forma como será desenvolvida a pesquisa, quanto a abordagem
(qualitativa, quantitativa ou qualitativo-quantitativo), tipo (descritiva ou
exploratória), cenários e contextos, sujeitos e objetos, procedimentos e os
instrumentos de análise.
g. Recursos: qualquer item, pessoa ou material que contribua para a finalização de
um projeto.
h. Cronograma: parte importante de um projeto, pois determina os prazos do
trabalho e, também, serve para visualizar o processo como um todo e definir as
prioridades.

Alguns elementos segundo a norma não são obrigatórios, tal como a capa, mas
figuram em muitos processos de apresentação de projetos de pesquisa definidos pelas
instituições de ensino superior.

3.6. Monografias, dissertações e teses


As monografias são definidas, academicamente, como um trabalho de pesquisa,
escrito, que está relacionado com a unicidade de um problema, num contexto sobre
determinada área do conhecimento e tem como principal objetivo concentrar informações,
análises e interpretações científicas que adicionem valor original, dentro de um determinado
ramo, assunto, abordagem ou problemática, para a ciência.

Quanto a sua característica e ineditismo das ideias, pode ser classificada em dois
tipos: lato e estrito.

O sentido lato significa um sentido amplo de um determinado conceito, ou seja, uma


vista mais geral sobre um assunto, já o sentido estrito remete para uma definição mais
particular desse mesmo conceito e/ou assunto.

Relatórios Técnico e Científicos 31


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Na prática, essa divisão leva às definições das monografias desenvolvidas trabalhos


acadêmicos e nas dissertações e teses.

Em trabalhos acadêmicos de grau universitário, tais como os trabalhos de conclusão


de curso (TCC), apresentados como monografias, estes podem ser considerados em
sentido lato. No entanto, para as dissertações e teses, ambas apresentam sentido estrito,
diferenciando a profundidade do trabalho acadêmico do grau da contribuição inédita para o
conhecimento e são exigidos para a obtenção de graus em pós-graduações (dissertação
no mestrado e a tese no doutorado).

Para a produção de qualquer monografia, entretanto, são necessárias regras e


etapas, sendo comum preceder um projeto de pesquisa que, como visto anteriormente,
delimita e define: um tema específico, o problema, os objetivos, cronograma, entre outros.
No Brasil a norma NBR 14724 define a formatação e elementos essenciais para trabalhos
acadêmicos tais como as monografias e os trabalhos de conclusão de curso.

Relatórios Técnico e Científicos 32


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QUESTÕES DE FIXAÇÃO

1. Em relação aos trabalhos acadêmicos e tecnocientíficos, qual o elemento comum


entre estes?
2. O que diferencia, basicamente, um ensaio de um artigo?
3. Qual a finalidade básica dos artigos científicos?
4. Porque o cronograma é uma parte importante num projeto de pesquisa?
5. O termo monografia é, etimologicamente, derivado das palavras do grego “monos”,
que significa "única", e “graphein”, que quer dizer "escrita". Em relação aos trabalhos
acadêmicos, qual sua definição?
6. Quais as diferenças básicas entre as dissertações e as teses?

Relatórios Técnico e Científicos 33


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RESPOSTAS

1. O elemento comum entre os trabalhos acadêmicos e tecnocientíficos é que


devem seguir uma norma, pois têm como público-alvo a comunidade científica e
interessados. No caso do Brasil, as normas ABNT são referência para produção
destes trabalhos.
2. Os ensaios são mais “sintéticos” e menos aprofundados que os artigos
científicos. Além disso, nos ensaios o autor pode apresentar sua reflexão e
posicionamento sobre um tema analisado de forma mais subjetiva que num
artigo.
3. De forma geral, pode-se dizer que um artigo científico tem como finalidade
apresentar novos resultados de estudos ou esclarecimentos sobre questões em
discussão, do meio científico.
4. É um elemento importante, pois determina os prazos do trabalho e, também,
serve para visualizar o processo como um todo e definir as prioridades.
5. São trabalhos de pesquisa, escritos, relacionados com a unicidade de um
problema, num contexto sobre determinada área do conhecimento e tem como
principal objetivo concentrar informações, análises e interpretações científicas
que adicionem valor original, dentro de um determinado ramo, assunto,
abordagem ou problemática, para a ciência.
6. As dissertações e teses se diferenciam quanto a profundidade do trabalho
acadêmico do grau da contribuição inédita para o conhecimento.

Relatórios Técnico e Científicos 34


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4. O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE TEXTOS CIENTÍFICOS E SEUS


COMPONENTES

4.1. Conceitos
Como vistos nos capítulos anteriores, os textos científicos apresentam exposições a
respeito de temas de estudo e o aprofundamento destes leva aos diferentes tipos possíveis
de trabalhos acadêmicos e tecnocientíficos.

Além disso, exige um formato de escrita específico e regido por normas, sendo que
para a maioria dos interessados, quando se tem o primeiro contato com esse tipo de texto,
não é simples compreender e expressar o que é pertinente a cada um dos elementos que
compõe o texto.

Para tanto, pretende-se esclarecer alguns dos elementos essenciais destes tipos de
textos, permitindo assim que o autor possa ter uma visão das necessidades e conceitos
para a compreensão de como expressar as ideias, mas sem a pretensão de construção de
modelos prontos, pois para cada trabalho acadêmico ou tecnocientífico há sua
especificidade.

4.2. Título
Como visto anteriormente, a NBR 14724 define o que é Título para um trabalho
acadêmico, porém a construção deste depende de uma série de fatores, pois sendo a
expressão inicial que introduz a redação do trabalho, não somente deve versar sobre o
conteúdo do trabalho, mas também ser abrangente em relação ao assunto de forma
concisa, ou seja com um mínimo de palavras.

Quanto à forma de expressar, é comum em obras literárias utilizar uma pergunta nos
títulos, mas isso deve ser evitado em trabalhos tecnocientíficos, pela própria definição e
função destes tipos de trabalhos.

Também, muito frequentemente, se confunde Título e Tema. Apesar de serem


complementares, não são sinônimos, sendo o tema referido ao assunto que está em
desenvolvimento. Então o tema fornece as diretrizes do texto para a narrativa das ideias
que serão tratadas durante o trabalho.

Relatórios Técnico e Científicos 35


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Para complementar uma ideia ao título, pode-se utilizar a figura do Subtítulo, que
poderá dar sentido ao termo foco, demonstrando, de forma objetiva, como ele foi alcançado.

Lembre-se que o título deve delimitar o tema da pesquisa e desenvolvimento do


trabalho, então deve-se procurar ser o mais objetivo ao expressá-lo, não deixando este
muito genérico ou impreciso ao leitor.

Outro ponto importante é que, durante o desenvolvimento do trabalho, é muito


comum surgirem ideias e fatos que complementam, divergem ou são descartáveis em
relação à proposta inicial (feita no Projeto de Pesquisa, por exemplo). Assim, somente com
o trabalho finalizado, é que se terá exatamente a dimensão da informação para o título e
tudo o que se precisa demonstrar neste.

4.3. Resumo
O resumo é o elemento do trabalho que, após o título, os pesquisadores e
interessados irão buscar os elementos sobre a relevância e profundidade das informações
que procuram. Um resumo bem escrito demonstra, também, a qualidade técnica do autor
do trabalho.

Este elemento do trabalho deve ser feito somente após a conclusão do trabalho, visto
que, como já abordado, os dados, hipóteses e raciocínios podem mudar e evoluir conforme
se desenvolve o trabalho, além de poder-se apresentar melhor após o final do trabalho todo
o processo de pesquisa, da metodologia, dos resultados, etc.

A primeira frase de um resumo é a mais significativa e, assim, deve trazer uma


explicação sobre o tema principal. Seguido a esta, deve-se apresentar o desenvolvimento,
ou corpo do texto, onde todas as ideias são expostas, tais como: o objeto de investigação,
o objetivo geral, metodologia utilizada, a indicação de alguns resultados. Ao final, deve-se
apresentar o fechamento da linha de raciocínio, ou seja, uma conclusão.

Quanto ao formato, o resumo deve ser preparado de forma a apresentar uma


sequência corrente de frases concisas, em geral, em parágrafo único com uso da terceira
pessoa do singular e do verbo na voz ativa, devendo-se evitar a enumeração de tópicos,
bem como fórmulas, equações, diagramas, etc., que não sejam absolutamente

Relatórios Técnico e Científicos 36


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necessárias. Além disso, a norma NBR 6028 também indica que símbolos e contrações
que não sejam de uso corrente não devem ser utilizados.

O tamanho em palavras é restrito e depende do tipo de trabalho tecnocientífico, mas


muito coerente com a abrangência de cada um destes.

4.4. Introdução
A introdução é a parte do inicial do corpo de texto do trabalho acadêmico, mais longa
que o resumo, devendo abranger: contextualização, relevância e justificativa da pesquisa.
Toda esta deve estar fundamentada em referências relacionadas ao objetivo do trabalho,
descrição do problema, objetivo geral e contribuições. Entretanto, esta parte do trabalho
não deve descrever registros de resultados ou conclusões.

Uma boa introdução deve ter ligação direta com o título e com o desenvolvimento do
trabalho, apesar de não pertencerem ao mesmo bloco de informações, permitindo ao leitor
uma visão mais ampla do que se pretende no trabalho tecnocientífico. Uma maneira de
desenvolver essa ligação entre etapas da estrutura é descrever os elementos que serão
vistos ao longo do trabalho, evitando, assim como nos resumos, enumeração de tópicos.

Ao final da introdução deve-se apresentar o objetivo do trabalho, de forma que se a


ligação entre os elementos e etapas for adequado, este será consequência natural e
encerramento da introdução.

4.5. Fundamentação Teórica


A fundamentação teórica, também definida como referencial teórico, é a parte do
texto científico que contém uma forte revisão de textos, artigos, livros e todo material
utilizado para o desenvolvimento do trabalho.

O trabalho do desenvolvimento da fundamentação teórica se inicia com uma seleção


do material de leitura, portanto é necessário que o pesquisador tenha a capacidade de
interpretar os textos analiticamente, de forma a compreender melhor o fenômeno estudado.
Uma fundamentação teórica bem realizada da credibilidade a pesquisa, assim deve-
se buscar fontes confiáveis, que ofereçam informações de qualidade para a pesquisa.

Relatórios Técnico e Científicos 37


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A elaboração da fundamentação teórica num trabalho tecnocientífico acompanha o


desenvolvimento do trabalho de pesquisa como um todo, sendo que inicialmente, enquanto
os objetivos da pesquisa ainda estão em construção, a fundamentação parte de uma
revisão básica sobre o assunto, enquanto na redação final, o referencial caminha para
elementos de comparação com os resultados obtidos, refletindo como e se os objetivos
estão sendo atingidos.

Para escrever a fundamentação teórica é necessário que o autor identifique os


principais pontos do trabalho e, em seguida, desenvolver um raciocínio de todo o histórico
das pesquisas relevantes sobre o objeto de estudo. Feito isto, selecionam-se os
trabalhos/autores mais significativos sobre o assunto e apresentam-se as abordagens
destes, procurando comparar os trabalhos sempre que possível.

É importante lembrar que se deve referenciar todas as bibliografias que foram


utilizadas e o pesquisador, ao escrever o texto, deve preocupar-se com a forma como o faz,
para não cometer plagio e invalidar seu trabalho.

4.6. Materiais e métodos


Em trabalhos tecnocientíficos, a seção Material e Métodos consiste na descrição
detalhada do planejamento da pesquisa, de tal forma que quando bem escrito é o ponto de
início para a redação final do trabalho.

Este elemento do trabalho, ainda, deve permitir que qualquer pesquisador possa
replicar o trabalho, assim como sanar eventuais dúvidas sobre resultados. Isto é importante,
pois os resultados podem sofrer a influência do procedimento adotado durante a pesquisa,
assim como diferentes métodos de coleta de dados podem resultar em escalas ou
amplitudes diferentes.

De forma geral, pode-se dividir em algumas partes o desenvolvimento da escrita dos


materiais e métodos, conforme segue:
a. Definição e descrição do objeto de estudo: Nesta parte do texto deve-se
identificar, definir e caracterizar o que será estudado, assim como o tipo de
material, procedência, critérios para a composição da população ou da amostra.

Relatórios Técnico e Científicos 38


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b. Definição e descrição da pesquisa: Etapa em que devem ser identificados: o tipo


de estudo, delineamento da pesquisa, estratégias da pesquisa, tamanhos das
amostras, número de repetições e questões éticas ou de consentimento, se
necessário.
c. Procedimentos: Nesta parte do texto, passa-se à descrição dos procedimentos
utilizados na pesquisa, tais como: controle das condições experimentais,
técnicas de coleta de dados, avaliações realizadas, variáveis de análise. Para
facilitar a descrição, de forma geral, se desenvolve o texto em ordem cronológica.
d. Análise dos dados: Etapa em que se relaciona os testes estatísticos que
utilizados na análise dos dados, tais como: testes de normalidade, variância e
comparação de médias. É importante que se demostre os valores de referência
de significância de cada teste e a relevância com normas, se necessário, assim
como a indicação no texto do programa de estatística utilizado (tais como o
Excel, Statistica ou R).

Importante salientar que, no caso de mais de um procedimento experimental


(microscopia óptica e eletrônica, por exemplo) este deve ter o mesmo tratamento no texto
nesta etapa de desenvolvimento da escrita do trabalho e sua descrição feita.

4.7. Desenvolvimento
O desenvolvimento é a parte principal do trabalho, pois é a descrição propriamente
dita da pesquisa. Sendo assim, deve ser abrangente, com texto claro, objetivo, coerente,
trazendo todos os problemas e soluções, assim como as argumentações do autor, bem
como, deve conter todas as partes da pesquisa e descrita a partir de um raciocínio lógico.

Como esta parte do trabalho abrange toda a informação pertinente à pesquisa, é


comum o desenvolvimento ser dividido em capítulos, e o conteúdo de cada um desses
sujeito à metodologia utilizada no trabalho.

Toda a descrição do desenvolvimento do trabalho deve seguir, sempre que possível,


referenciamento: bibliográfico, da fundamentação teórica e de materiais e métodos.

A análise e interpretação de dados e resultados, nesta parte do trabalho, deve


descrever as etapas e processos da pesquisa de forma detalhada, abordando os dados
adquiridos durante a pesquisa e analisando os resultados encontrados.

Relatórios Técnico e Científicos 39


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Para a descrição da análise estatística pode-se usar ilustrações, tabelas e gráficos


de forma a facilitar a compreensão dos dados.

Uma característica importante desta parte do trabalho escrito é que não se deve
tratar efetivamente os resultados e/ou discussões sobre os resultados, mas somente o que
ocorreu para se chegar a estes.

4.8. Resultados e discussão


É a parte do trabalho em que são descritos os resultados das pesquisas, incluindo
as análises estatísticas, a significância destes e uma extensão do desenvolvimento, quando
aquele é bem descrito.

Os elementos principais para uma boa formulação dos resultados num trabalho
tecnocientífico passa por uma apresentação bem organizada, pois isso irá facilitar a
compreensão pelo leitor. Uma maneira de se conseguir isso é, ao descrever os resultados,
seguir a mesma ordem descrita nas seções materiais e métodos e desenvolvimento.

Outro fato comum durante o processo de uma pesquisa mais extensa é a produção
de uma quantidade grande de informação durante as análises. Entretanto nem tudo pode
ser relevante ao proposto nos objetivos do trabalho, portanto é importante uma
interpretação crítica destes resultados para se decidir se são relevantes ou não para ser
incluído no trabalho.

Por outro lado, se encontrados resultados não esperados, desde que produto de
experimentos e análises com qualidade, é importante que sejam descritos nesta etapa do
trabalho, pois serão elementos diferenciais para o desenvolvimento da área de pesquisa.

Os resultados devem ser, sempre que possível, acompanhados de elementos


visuais, que possam auxiliar na explicação dos mesmos, tais como: tabelas, imagens e
figuras. Estes elementos devem ter a chamada no texto anterior à sua apresentação e,
preferencialmente, o texto explicativo dos resultados referentes àquela informação visual,
após a apresentação.

Relatórios Técnico e Científicos 40


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Em relação ao estilo da escrita, os resultados são descritos no tempo passado, pois,


se descreve o que já foi realizado.

Seguido à descrição dos resultados, desenvolve-se a chamada “Discussão”, que


devido à sua importância é tratada, muitas vezes, em seção própria dentro do trabalho.

Nesta etapa deve-se apresentar a interpretação e análise crítica dos resultados


obtidos, de forma a criar as respostas das perguntas da pesquisa, permitindo justificar a
abordagem.

Ao se fazer a avaliação crítica dos resultados, deve-se comparar com aqueles de


estudos semelhantes de outros autores, e indicando como os as informações, implicações
e limitações encontradas podem contribuir para o progresso da área de pesquisa.

Por esses motivos, esta parte do trabalho é uma das seções mais extensas do
trabalho científico e sua organização deve ser feita de forma a seguir uma linha de raciocínio
para que o leitor compreenda como as perguntas que foram objeto da pesquisa estão sendo
respondidas, assim como as informações novas e limitações que possam ter sido
encontradas. Entretanto, nem sempre é possível seguir a mesma ordem de apresentação
dos resultados, já que as informações podem ser correlatas entre, por exemplo, uma
análise microscópica e uma mecânica. Dessa forma, a discussão dos resultados, também,
auxilia no fechamento das respostas mais amplas às perguntas.

Uma boa descrição da etapa discussão é ponto de partida para a última parte do
corpo de texto de um trabalho tecnocientífico, as conclusões.

4.9. Conclusão
A conclusão é a etapa, talvez, mais importante do trabalho tecnocientífico, pois é
nesta em que se apresenta o fechamento das ideias do trabalho, por meio de uma análise
crítica e concisa de toda a informação obtida e discussão desenvolvida.
Uma boa conclusão deve levar ao leitor e aos interessados, a compreender que deve
se chegou aos objetivos do trabalho, por isso ao construir o texto desta etapa, é importante,
não se repetir ou reproduzir o que foi escrito com outras palavras em frases curtas, mas o
correto é desenvolver um texto resumido que apresente as respostas, com exemplos do

Relatórios Técnico e Científicos 41


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que foi encontrado nos resultados, aos problemas, objetivos e questões que foram objeto
do estudo.

Numa conclusão deve-se apresentar as contribuições, limitações e observações


sobre o desenvolvido no trabalho e, também, críticas e sugestões que possam trazer
contribuições ao campo da ciência em estudo.

4.10. Referências bibliográficas


Apesar de bem definido por normas nacionais (NBR 6023) e internacionais
(Vancouver), é importante entender que as referências bibliográficas são parte essencial
do trabalho e fornecem a fundamentação e confiabilidade para a obra, caso sejam bem
selecionadas. Entretanto, apenas escolher uma boa referência não faz com que o trabalho
por si esteja bem fundamentado, é necessário encontrar a informação que se encaixa
corretamente ao trabalho, descrever (conforme as normas) e creditar corretamente para o
leitor possa ter confiança nos argumentos usados, bem como consultar as obras caso tenha
interesse em aprofundar o assunto.

Um fato comum durante o processo de referenciamento ocorre quando, por qualquer


motivo, não se dá devido crédito à um trabalho ou obra, o que pode ser considerado por
uma banca de examinadores, por exemplo, como plágio. Assim, deve-se ao final da escrita,
sempre, fazer uma análise criteriosa de todas as referências utilizadas, o formato de como
foi usado no trabalho, para não deixar dúvidas de que não ocorreu falha no uso das
informações.

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QUESTÕES DE FIXAÇÃO

1. Quais são as características principais de um título num trabalho tecnocientífico?


2. O que diferencia, basicamente, título e tema?
3. Porque o resumo é considerado uma das partes mais importantes de um trabalho
acadêmico?
4. O que deve expressar o texto da parte “Introdução” ao leitor?
5. Qual a definição de “Fundamentação Teórica” num trabalho tecnocientífico?
6. Quais elementos devem estar contidos numa seção “Materiais e Métodos”?
7. Porque a seção “Desenvolvimento” é considerada a parte principal do trabalho
acadêmico?
8. Quais os elementos principais numa seção “Resultados”?
9. No que consiste, basicamente, uma “Conclusão” num trabalho tecnocientífico?

Relatórios Técnico e Científicos 43


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RESPOSTAS

1. É a expressão inicial que introduz a redação do trabalho, não somente deve


versar sobre o conteúdo do trabalho, mas também ser abrangente em relação
ao assunto de forma concisa, ou seja com um mínimo de palavras.
2. Título e tema, apesar de serem complementares, não são sinônimos, sendo o
tema referido ao assunto que está em desenvolvimento.
3. O resumo é importante pois fornece uma descrição concisa do estudo e
resultados de uma obra, de forma tal que pesquisadores e interessados possam
buscar os elementos sobre a relevância e profundidade das informações que
procuram, sem que tenham necessidade de ler o trabalho inteiro.
4. Deve mostrar uma ligação direta com o título e com o desenvolvimento do
trabalho, permitindo ao leitor uma visão mais ampla do que se pretende no
trabalho tecnocientífico.
5. A fundamentação teórica pode ser definida como um elemento essencial em
trabalhos tecnocientíficos, que trata da pesquisa, seleção de material de
referência para o assunto em estudo pelo autor e escrita dos elementos que dão
referencial ao mesmo.
6. Definição e descrição do objeto de estudo, definição e descrição da pesquisa,
procedimentos e análise dos dados.
7. Porque apresenta a descrição, propriamente dita, da pesquisa realizada pelo
autor.
8. Os elementos principais para uma boa formulação dos resultados num trabalho
tecnocientífico passa por uma apresentação bem organizada, e uma forma de
se atingir esse objetivo é, ao descrever os resultados, seguir a mesma ordem
descrita nas seções materiais e métodos e desenvolvimento.
9. É o fechamento das ideias do trabalho, por meio de uma análise crítica e concisa
de toda a informação obtida e discussão desenvolvida.

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5. QUESTÕES ÉTICAS SOBRE A ESCRITA, AUTORIA E DIREITO


AUTORAL EM TEXTOS CIENTÍFICOS

5.1. Os elementos textuais e a ética na escrita acadêmica


Como abordado em capítulos anteriores, a escrita acadêmica é considerada como
um desenvolvimento de texto que se vale de metodologia científica dentro de regras e
normas de publicação.

Por estar dentro do contexto científico, quando o pesquisador está desenvolvendo a


escrita do trabalho, este deve ter como valores: rigor, honestidade, confiança,
responsabilidade e respeito; e desta forma seguir, não somente as normas de publicação,
mas normas de boa conduta científica.

Todos estes elementos estão intimamente ligados a conceitos éticos, já que a ética
está vinculada à ação das pessoas, definindo as ações que são consideradas corretas ou
incorretas, ou seja o que é certo e errado.

Quando não há boa conduta científica, diretamente se falta com a ética científica,
colocando em suspeita toda a credibilidade do trabalho desenvolvido pelo pesquisador e,
consequentemente, pode ser rejeitado toda a pesquisa, mesmo que realmente apresente
alguma contribuição. Em alguns casos pode ocorrer que o autor venha a ter que se retratar
após a publicação.

Além disso, um trabalho que é feito sem o rigor da boa conduta ao ser considerado
fraudulento pode, dependendo da legislação do país, levar a consequências jurídicas. Por
exemplo, no Brasil segundo o Código Penal, em seu artigo 184, trata do plágio e da pena
como sendo “Violar direitos de autor e os que lhe são conexos: Pena – detenção, de 3 (três)
meses a 1 (um) ano, ou multa.”

Alguns elementos considerados como má conduta científica são:


a. Produzir dados e/ou procedimentos: neste caso, são apresentados dados
fictícios e/ou procedimentos que não foram realizados conforme descrito no
trabalho.
b. Adulteração ou falsificação: quando os dados, procedimentos ou resultados são
modificados a ponto de perder a validade.

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c. Plágio: este ato é resultado do emprego das informações e ideias de outros


autores sem o devido crédito, parecendo que o trabalho foi feito pelo pesquisador
que está apresentando o trabalho. No capítulo 4., seção “Referências”, já foi
tratado a questão do plágio quando do referenciamento incorreto das obras de
autores, mas ressalta-se que qualquer parte não devidamente referenciada,
incluindo tabelas, figuras e imagens, é considerado como plágio e, portanto falta
de ética e má conduta científica.
d. Conflito de interesses: quando existe algum fato ou condição de caráter pessoal,
comercial, política, acadêmica ou financeira, que pode influenciar o julgamento
de autores, revisores e/ou editores, podendo introduzir diferentes interferências
na pesquisa ou na publicação do trabalho.

Para se ter dimensão da preocupação da comunidade acadêmica e científica sobre


o assunto, em 2010 ocorreu em Singapura a II Conferência Mundial sobre Integridade em
Pesquisa, em participaram mais de 340 cientistas de 51 países. Neste, após várias rodadas
de debates, foi preparado um documento que se tornou um padrão para questões sobre
boas práticas na pesquisa e conhecido como “Declaração de Singapura”.

No Brasil, a Declaração de Singapura, foi ponto de partida para a produção uma


série de documentos de orientação entre os quais o Código de Boas Práticas Científicas da
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e as Diretrizes para a
Integridade da Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq).

Para algumas áreas do conhecimento, existem conselhos de ética em pesquisa, que


são órgãos de regulamentação da pesquisa em relação à utilização de determinados tipos
de dados, tais como os usados em pesquisas clínicas com seres humanos e/ou animais.
Neste caso, em específico, antes de se inicial a pesquisa o projeto deve ser avaliado por
esses conselhos, de forma que o proposto em relação à pesquisa, as metodologias e
materiais e elementos de pesquisa são todos considerados e somente no caso de tudo
estar dentro das normas de ética para a pesquisa definidas pelos órgãos, a pesquisa pode
ser iniciada. Ainda dentro deste aspecto, a pesquisa, mesmo que aprovada pelo conselho
de ética, pode ser regulada durante o processo da pesquisa e ao final do mesmo,
dependendo do caso.

Relatórios Técnico e Científicos 46


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5.2. Autoria e direito autoral


As normas definidas pela legislação de forma a proteger as relações entre o autor e
a utilização de suas obras é conhecido como Direito Autoral. Este vai abranger todas as
obras artísticas, literárias ou cientificas, de seus criadores e, de forma geral, em todos os
países sujeitas e definidas por leis que asseguram os direitos dos autores.

No Brasil a Lei Nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998, define as condições sobre


Direitos Autorais, e define como autor a “pessoa física criadora de obra literária, artística
ou científica”. A partir dessa definição, a autoria é a qualidade ou condição de autor como
titular da criação de uma obra.

Em relação aos Direitos Autorais esses são divididos, basicamente em:


a. Direitos Morais: que são aqueles que garantem a autoria da obra intelectual, no
caso de obras protegidas por direito de autor, podendo ser intransferíveis e
irrenunciáveis.
b. Patrimoniais: são aqueles que se referem à utilização da obra intelectual no que
se refere aos aspectos econômicos, sendo que o autor pode transferir ou ceder
o direito de uso à outras pessoas.
c. Direito Conexo: é aquele que protege juridicamente a obra para que não seja
divulgada, distribuída ou comercializada sem a autorização expressa do autor.

Para efeitos de duração, a proteção do Direito Autoral à uma obra é válida em todo
momento que o autor estiver vivo e, mesmo após a sua morte, por até 70 anos sendo que
seus herdeiros ou designados são considerados os legatários da obra.

Devido a estes fatores, durante o processo de elaboração da pesquisa científica, no


que se refere ao uso das obras e ideias de autores, deve-se tratar o procedimento do
referenciamento como os devidos cuidados, evitando assim possíveis aborrecimentos e
contrariedades que possam se tornar empecilhos no desenvolvimento da pesquisa e de
sua aceitação na comunidade acadêmica e/ou tecnocientífica.

Sempre que houver alguma dúvida de como referenciar uma obra, seja ela escrita
ou visual, o autor deve recorrer à norma, de forma que ao saber utilizá-las adequadamente
estará prezando pela confecção de um trabalho científico de qualidade.

Relatórios Técnico e Científicos 47


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QUESTÕES DE FIXAÇÃO

1. O que se considera como má conduta acadêmica na produção científica?


2. O que é o plágio?
3. Considere a seguinte situação: um pesquisador está desenvolvendo uma
pesquisa científica sobre uma determinada liga metálica que pretende patentear
e é convidado para avaliar um projeto de pesquisa de um outro pesquisador que
tratará de estudo equivalente. Neste caso, há conflito de interesses
caracterizado?
4. O que são os conselhos de ética em pesquisa?
5. Defina Direito Autoral?

Relatórios Técnico e Científicos 48


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RESPOSTAS

1. A má conduta acadêmica se caracteriza pela falta de ética na produção de um


trabalho tecnocientífico quando se falta com o: rigor, honestidade, confiança,
responsabilidade e respeito ao tratamento da informação em pesquisa.
2. É o ato que resulta no emprego das informações e ideias de outros autores sem
o devido crédito, parecendo que o trabalho foi feito pelo pesquisador que está
apresentando o trabalho.
3. Sim, pois se caracterizou o fato que pode influenciar o julgamento do avaliador.
4. São órgãos de regulamentação da pesquisa em relação à utilização de
determinados tipos de dados, tais como os usados em pesquisas clínicas com
seres humanos e/ou animais.
5. É um conjunto de normas definidas pela legislação de forma a proteger as
relações entre o autor e a utilização de suas obras.

Relatórios Técnico e Científicos 49


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6. EXEMPLOS DE MODELOS DE TEXTOS CIENTÍFICOS USUAIS

6.1. Introdução
Neste capítulo são apresentados modelos de textos científicos que são utilizados
pelos alunos da Universidade Santa Cecília.

Como estes exemplos detalham a formatação e normas (baseadas nas NBR da


ABNT previamente estudadas), incluindo algumas explicações sobre cada elemento do
texto científico, para não tornar extenso esta seção na apostila com a simples transcrição
dos modelos, foi dado lugar à descrição dos endereços da internet que estão depositados
e que podem ser acessados.

Ao estudar cada texto, procure não somente ler os elementos, mas correlacionar
com o estudado nos capítulos anteriores.

6.2. Artigo

 https://eventos.unisanta.br/enpg/2018/Content/modelo.pdf
 https://unisanta.br/arquivos/biblioteca/arquivos/NormasVancouver2020.pdf

6.3. Relatório

 https://unisanta.br/arquivos/mestrado/AuditoriaAmbiental/manualrelatoriotecnico.pdf

6.4. Projeto de Pesquisa

 https://unisanta.br/Pesquisa/DiretrizesElaboracao

6.5. Monografia

 https://unisanta.br/arquivos/biblioteca/arquivos/ManualdeTCC2020.pdf
 https://unisanta.br/arquivos/biblioteca/arquivos/manual-pos.pdf

Relatórios Técnico e Científicos 50


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BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
MATIAS-PEREIRA, J., Manual de metodologia da pesquisa científica, Editora Atlas, 4ª
Edição, 2016.
MEDEIROS, J. B., Redação Científica – Prática de fichamentos, resumos, resenhas,
Editora Atlas, 13ª Edição, 2019
FARIAS FILHO, M. C., ARRUDA FILHO, E. J. M., Planejamento da pesquisa científica,
Editora Atlas, 2ª Edição, 2015.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:
MEDEIROS, J. B., TOMASI, C., Redação técnica – elaboração de relatórios técnico-
científicos e técnicas de normalização textual, Editora Atlas, 2ª Edição, 2010.
ANDRADE, M. M., Guia prático de redação: exemplos e exercícios, Editora Atlas, 3ª
Edição, 2011.
ANDRADE, M. M., HENRIQUES, A., Língua portuguesa – noções básicas para cursos
superiores, Editora Atlas, 9ª Edição, 2010.
CEGALIA, D. O., Novíssima gramática da língua portuguesa, Editora Nacional, 49ª
edição, 2020.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Informação e Documentação –
Referências – Elaboração: NBR 6023, Rio de Janeiro, 2000.
______. Sumário: NBR 6027. Rio de Janeiro, 1988.
______. Resumos. NBR 6028. Rio de Janeiro, 1988.
______. Índice: NBR 6034. Rio de Janeiro, 2004.
______. Apresentação de citações: NBR 10520. Rio de Janeiro, 2002.
______. Lombada: NBR 12225. Rio de Janeiro, 2004.
______. Trabalhos acadêmicos: NBR 14724. Rio de Janeiro, 2011.
FARIAS FILHO, M. C., ARRUDA FILHO, E. J. M., Planejamento da pesquisa científica,
Editora Atlas, 2ª Edição, 2015.

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