Você está na página 1de 8

Fahrenheit 451

“Fahrenheit 451” foi escrito em 1953, por Ray Bradbury. Bradbury foi um
escritor

norte-americano nascido em 1920. O autor sempre foi bastante conhecido


pelas suas diversas obras de ficção-científica, as mais celebres” o homem
ilustrado” e as “Crónicas marcianas”.

Este livro insere-se no género da ficção científica que por mais difícil que
seja definir esse conceito, pode se enquadrar como uma espécie de
fantasia que poderia plausivelmente existir no mundo real.

Para além disso, foi escrito durante o período da guerra fria, que delineou
nos EUA a imposição de novas ideologias incompatíveis, mas também um
período de prosperidade económica, ou seja, o aparecimento das novas
televisões e tecnologias, das quais bradbury sempre teve uma opinião
clara.

RESUMO

Livro trata-se de uma sociedade distópica de um futuro distante, onde


todos os livros são queimados, e na qual os principais responsáveis por o
fazer são os bombeiros. Nesta sociedade, os bombeiros não tinham o
dever de apagar fogos, mas sim de os atear às casas que guardessem
livros, um objeto totalmente rejeitado por uma sociedade que se sentia
ameaçada pelas ideias que dos mesmos pudessem surgir e inspirar quem
os lesse.
Guy Montag é a personagem principal desta obra, um bombeiro do futuro
que queimava livros atrás de livros, sem nunca questionar a sua profissão.

Até ao dia que Montag encontra uma rapariga gentil de 17 anos chamada
Clarisse McClellan, que se questiona frequentemente do que a rodeia e o
surpreende pelo seu amor invulgar pelas pessoas e pela natureza, o que
não era um perfil característico daquela sociedade que passava horas em
frente a ecrãs gigantes, com aparelhos constantemente ligados aos
ouvidos, colocando de parte a família e todo o tipo de informação que
pudesse provir do exterior.

Esta atitude de Clarisse intriga Montag assim como os vários episódios que
sucedem esse dia.

O principal ocorreu na casa de uma senhora idosa, após a denuncia da


coleção literária que escondia em casa e de esta escolher ser queimada
juntamente com os livros que guardava, o que deixou Montag perplexo e
pensativo sobre o que teria de tão especial um simples livro.

A insatisfação de Montag acumula-se e este decide aceitar o risco de partir


a descoberta de respostas às suas questões: “o que é que

os livros tem de especial?” “será que os bombeiros sempre queimaram


livros? E porquê?”, questionava-se ele. Não só se questionou como roubou
alguns livros dos próprios fogos que ateava e atreveu-se a lê-los,
colocando tudo o que tinha a perder, caso fosse descoberto.

Ganhou coragem para falar do assunto com Mildred, que era sua
mulher de perfil justamente adequado à sociedade a que pertencia,
colocando em causa a continuidade da sua profissão enquanto bombeiro e
a hipótese de ambos arriscarem em explorar os livros que este tinha
roubado em segredo.

Mildred, mentalizada das consequências pede-lhe que os queime. No


entanto, acabam por arriscar lê-los, convencidos de que eles próprios
devem julgar ou não a qualidade e a importância de um livro, de modo a se
aperceberem o porquê de estes serem perigosamente proibidos.

Contudo, Montag apercebe-se que a esposa, ainda assim, não tem a sua
forma de pensar e, ao contrário dele, não via nos livros uma inabalável
chave para salvar a sociedade primitiva em que se encontrava.

Porém, Montag persistiu na ideia que lhe inundava os pensamentos e


encontrou a pessoa certa para o ajudar a reverter a situação.

Esta eraFaber, um professor inglês de tal idade que era ainda do tempo em
que os livros eram aceites na comunidade e, portanto este tinha o caráter
ideal para planificar o plano que Montag tanto desejava para reverter a
situação.

Deram se dias de conquistas e incertezas, mas infelizmente o plano não


correu como esperado e Montag teve de deixar tudo e fugir.

Era agora a pessoa mais procurada do país.

Este conseguiu fugir com sucesso e conheceu um grupo de intelectuais


liderados por Granger que longe daquela sociedade, se dedicavam à
preservação de grandes livros.
Mais tarde chega lhes a notícia de que tinha caído uma grande bomba
sobre toda a cidade onde Montag vivia e juntos partem para a mesma com
o intuito de a fazer renascer, mas desta vez o conhecimento seria a base
essencial daquela nova cidade.

ARGUMENTOS

Na altura em que o livro foi lançado, as pessoas tomaram no como um


manifesto contra a censura e opressão, mas na verdade este livro tem uma
mensagem muito mais humanitária e quem a interpretar da mesma forma
que eu, ficará admirado ao se aperceber que esta obra reside numa das
melhores descrições da sociedade de hoje em dia, com o pequeno
pormenor de ter sido escrita em 1953.

Do meu ponto de vista um dos aspetos que torna esta obra tão estimada,
reside exatamente na capacidade resistente e invencível da sua
mensagem, que mesmo com o passar de 65 anos continua a adequar-se
perfeitamente à nossa sociedade.

A capacidade do autor em exprimir o que sentia em relação à ascensão


inicial da televisão no início da década de 1950 e quase “prever” num livro,
as consequências que isto teria na sociedade foi algo que me impressionou
bastante.
Bradbury, descreve uma sociedade que desistiu da leitura tendo ignorado
os livros e os conhecimentos neles contidos.

Uma sociedade em que as televisões eram agora ecrãs enormes que


substituíam a perceção comum da família.

Uma sociedade em que as pessoas ligavam pequenos rádios aos seus


ouvidos para escapar à monotonia da realidade quotidiana.

Descreve, assim um ambiente onde as pessoas se tornavam ignorantes por


si próprias.

Já ninguém sabia quem tinha sido Kant ou Platão.

Simplesmente, não havia espaço para o desenvolvimento da identidade e


das ideias individuais de cada um com receio de queestas evidenciassem
as diferenças que havia entre todos e isso podesse levar ao conflito que
era assim evitado a todo o custo por uma sociedade que escolheu a
conformidade porque a vida é mais simples quando todos são iguais, e é
precisamente isso que o autor critica.

Crítica,essencialmente ,a ignorância de uma sociedade que desprezava


aquele que é só o elemento mais essencial na formação da identidade de
um ser humano: um livro.

Uma sociedade onde simplesmente se deixava queimar.”As pessoas de


cor não gostam do “Little Black Sambo”.Queime-se. As pessoas brancas
não se sentem bem com “A cabana do Pai Tomás, queime-se também.”

Para além disso, da minha perspetiva é impressionante o quão explícito o


autor é nos seus avisos e lições morais destinadas ao presente e o quanto
ele mostra que a sociedade humana pode facilmente tornar-se opressiva e
regimentada, tal como aconteceu na sociedade que

descreveu em “Fahrenheit 451”. - a menos que mude a sua tendência


actual para se deixar censurar.

Ou seja, o que bradbury mostra é que as pessoas não ficavam ignorantes


por causa de um estado totalitário que começou a queimar todos os livros,
a verdade é que porque as pessoas se deixaram levarpela sua própria
ignorância que um estado totalitário se aproveitou para queimar todos os
livros, uma vez que, se as pessoas não tivessem sequer tempo para
desenvolver as suas ideias e conhecerem-se, seriam muito mais facilmente
comandadas nunca chegando a elevados cargos políticos e essa é a
impune critica que o autor consegue transmitir revelando que os
verdadeiros culpados somos nós que nos deixamos influenciar pelo poder
da tecnologia tornando-nos pessoas sem espírito critico.

Outro aspeto que eu realço e que me admirou bastante, assim como me


ajudou a perceber melhor a história foi o constante uso de elementos
simbólicos que expressavam sempre praticamente a mesma ideia ao longo
da obra. Começando pela Fénix. A fénix é uma ave da simbologia
mitológica que era devorada pelas chamas mas renascia sempre nas suas
próprias cinzas. Há várias referências a este símbolo, encontrava se no
equipamento dos bombeiros e era referido quando os livros eram
queimados. O que estabelecia uma comparação entre a
imortalidade de ambos. Ou seja, Bradbury mostra que assim como a fénix,
os livros eram imortais e por mais que tentassem acabar com eles, estes
nunca se deixavam morrer. Para além disso, ao longo da obra são várias as
tentativas de tentar por um fim tanto a cultura como a tecnologia, até
mesmo no final da história..aquela explosão que encerra a obra simboliza a
imortalidade da cultura e, em antítese, a evidente mortalidade da
tecnologia.

Apesar de existirem inúmeros símbolos, irei só destacar mais um: Os


espelhos.

Simbolicamente estes representam a nossa autoconsciência e a verdadeira


pessoa que nós somos. A referência a um espelho é usada pela primeira
vez imediatamente após a introdução de Montag a Clarisse, aquela jovem
surpreendente. Ele descreve o seu rosto como sendo um espelho,
afirmando que tinha encontrado alguém que o fazia encontrar o caminho
certo e o tinha ajudado a reconhecer o seu próprio “eu”.

Para além disso, este elemento simbólico volta a ser referido no final da
obra, quando Granger afirma “Por agora, construiremos uma fábrica de
espelhos para fabricarmos espelhos atrás de espelhos no próximo ano, em
que possamos todos ver-nos muito bem”, sugerindo que parte do
renascimento que eles tanto anseiam passe primeiro por que eles se vejam
a si mesmos com as suas próprias ideias e verdadeiros “eu”´s.
No entanto, como jovem de 16 anos que leu o livro, achei bastante
importante a ligação que o autor faz com o facto de a tecnologia levar a
criação de uma sociedade acrítica.

Porque sinto que é esse o caminho para o qual caminhos…e mesmo com
tantos avisos continuamos a deixar-nos levar para este caminho sem saída.

Gostei bastante da forma como o autor descreve uma sociedade que


infelizmente já não sinto tão distante, e portanto pareceu bastante realista o
que, enquanto leitora me fez colocar no lugar das personagens da história
e sentir a insatisfação, a angústia, o medo.. e ter consciência de que ainda
podemos mudar o rumo para o qual caminhos, apenas temos de saber dar
prioridade e valor às coisas que realmente nos oferecem conhecimentos e
contribuem para a pessoa que nos tornamos, assim como devemos
aprender a usar a tecnologia com inteligência e moderação, sem nunca
deixarmos que esta se apodere de nós e nos iniba a capacidade de
conviver, aprender ou mesmo suprimir o nosso pensamento crítico.

Obrigada pela vossa atenção.

Você também pode gostar