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1ª aula

PRODUÇÃO DE TEXTO, GRAMÁTICA E ORTOGRAFIA: DESVENDANDO A


LÍNGUA PORTUGUESA

Aqui, você terá acesso a itens essenciais que precisam ser pensados por você
para escrever um bom texto, que antecedem propriamente o estudo das regras da língua
portuguesa:
 os constituintes da comunicação e
 a função da linguagem.
Diante disso, te faço a seguinte pergunta:
Preciso escrever, e agora?
Alguns processos por qual passamos quando estudantes parecem fáceis, mas,
quando chega a hora de praticar, ficamos perdidos, sem saber por onde começar. Talvez,
uma dessas ações se refere à produção de texto. Quantas vezes você se pegou olhando a
tela do notebook sem saber como iniciar um parágrafo?
Por isso, o primeiro passo para entender como escrever um texto se dá na
compreensão dos constituintes da comunicação.

Constituintes da comunicação

Os constituintes da comunicação referem-se aos elementos fundamentais que


compõem o processo de comunicação entre duas ou mais partes. Existem diversos
modelos e teorias que descrevem esses elementos, mas, geralmente, eles incluem os
seguintes componentes:

 Transmissor (ou remetente): A pessoa ou entidade que envia a mensagem. É


quem inicia o processo de comunicação.
 Mensagem: A informação, ideia ou conteúdo que o emissor deseja transmitir ao
receptor. Pode ser verbal (palavras faladas ou escritas) ou não verbal (gestos,
expressões faciais etc.).
 Canal: O meio pelo qual a mensagem é transmitida. Pode ser um canal verbal
(como a fala ou a escrita) ou não verbal (como gestos, sinais etc.). Em
comunicações modernas, o canal pode ser também meios de comunicação de
massa, como rádio, televisão, internet etc.
 Receptor (ou destinatário): A pessoa ou entidade para a qual a mensagem é
destinada. É quem recebe e interpreta a mensagem.
 Código: O sistema de símbolos e regras que o emissor e o receptor
compartilham para codificar e decodificar a mensagem. Isso inclui a linguagem,
gestos, símbolos ou qualquer outro meio de comunicação utilizado.
 Contexto: O ambiente ou situação em que a comunicação ocorre. O contexto
influencia significativamente a interpretação da mensagem.
Esses são elementos básicos que constituem a comunicação. Existem também
outros dois:
 Feedback: A resposta ou reação do receptor à mensagem. O feedback é crucial
para verificar se a mensagem foi compreendida da maneira desejada.
 Ruído: Qualquer interferência ou distorção que possa ocorrer durante o processo
de comunicação e afetar a qualidade da mensagem. O ruído pode ser físico
(como barulhos externos), psicológico (preconceitos, distrações) ou semântico
(má interpretação das palavras).

Esses constituintes formam um ciclo contínuo de comunicação, em que a


mensagem é enviada, recebida, interpretada e pode gerar feedback, sendo influenciada
pelo contexto e sujeita a ruídos. Entender esses elementos é fundamental para melhorar
a eficácia da comunicação.

Para entender melhor:


Uma pessoa é convidada a dar uma palestra em inglês. A pessoa não aceita o
convite, pois não sabia falar com fluência a língua inglesa. Se esta pessoa tivesse
aceitado fazer esta palestra seria um fracasso porque... não dominava o código, a língua
inglesa.

Diante disso, vamos analisar como podemos utilizar a linguagem na língua


portuguesa?

Funções da linguagem
As funções da linguagem referem-se aos objetivos comunicativos que uma
mensagem pode ter. Elas foram inicialmente propostas pelo linguista Roman Jakobson e
são divididas em seis funções principais:

 Função Referencial (ou Denotativa):


O foco está na informação transmitida pela mensagem. É comum em textos científicos,
jornalísticos e acadêmicos.
Exemplo: A água ferve a 100 graus Celsius.

 Função Emotiva (ou Expressiva):


O emissor expressa seus sentimentos, opiniões e emoções. É comum em discursos,
cartas pessoais e poesia lírica.
Exemplo: Estou tão animado para a festa de aniversário!

 Função Conativa (ou Apelativa):


O objetivo é influenciar o receptor, levando-o a agir de uma certa maneira. Publicidade,
propaganda e ordens são exemplos.
Exemplo: Por favor, desligue as luzes ao sair.

 Função Metalinguística:
A linguagem é utilizada para explicar ou esclarecer seu próprio significado. Dicionários,
glossários e definições são exemplos disso.
Exemplo: Na frase 'o gato está no telhado', 'telhado' refere-se à parte superior da casa.

 Função Fática:
O foco é no canal de comunicação em si, garantindo que a mensagem tenha sido
compreendida e mantendo o canal aberto. Saudações e confirmações de recebimento são
exemplos.
Exemplo: Você está me ouvindo?

 Função Poética:
A linguagem é usada de maneira artística e estilizada, muitas vezes com ênfase na forma
e na expressão. Poesia e literatura são exemplos.
Exemplo: Versos dançam na página, como rios de tinta fluindo.

É importante notar que, muitas vezes, uma comunicação pode servir a várias
funções simultaneamente. Além disso, a ênfase em uma função específica pode variar
dependendo do contexto e das intenções do comunicador.
Assim, na academia, a adoção de uma função de linguagem específica depende
do contexto da comunicação. No entanto, o uso da linguagem escrita em assuntos
técnicos ou científicos enfatiza a função referencial (ou denotativa).
Essa função coloca ênfase na transmissão de informações de maneira objetiva e
clara. Na comunicação acadêmica, a busca pela precisão e clareza na expressão é
fundamental para garantir que as ideias sejam comunicadas de maneira compreensível e
sem ambiguidades.
A função referencial é particularmente proeminente em gêneros textuais
acadêmicos como artigos científicos, relatórios de pesquisa, teses e dissertações. Nesses
contextos, os acadêmicos se esforçam para comunicar os resultados de suas pesquisas
de maneira precisa, utilizando uma linguagem técnica e seguindo normas específicas de
formatação. A ênfase está na transmissão eficaz de conhecimento, na apresentação de
argumentos baseados em evidências e na contribuição para o corpo existente de
conhecimento na respectiva disciplina.
No entanto, ressalta-se que, mesmo na academia, outras funções da linguagem
podem estar presentes dependendo do contexto específico. Por exemplo, em aulas,
apresentações e discussões acadêmicas, a função conativa (apelativa) pode ser utilizada
para persuadir ou influenciar os ouvintes. Além disso, a função metalinguística é
comum ao explicar termos específicos, conceitos ou metodologias.
Em resumo, enquanto a função referencial é dominante na comunicação
acadêmica, outras funções da linguagem também podem desempenhar papéis
importantes, dependendo do contexto e das intenções do comunicador acadêmico.
Além de pensar nos constituintes de comunicação e nas funções da linguagem,
não se pode esquecer que é preciso escrever de forma objetiva, não havendo e, mesmo
diante da diversidade de gêneros textuais que envolvem a escrita acadêmica, o que não
se permite é o abandono da necessária correção gramatical.
Assim, estabelecemos aqui três principais regras que permitem que seu texto
seja recebido por uma pessoa e consiga ser decodificado:
● CLAREZA – As ideias devem ser expressas de tal forma que não deixem margem a
dúvidas.
● CONCISÃO – Dir-se-á exatamente o que se quer transmitir, evitando minucias
desnecessárias.
● PRECISÃO – Empregar palavras que tenham sentido exato.

Nesse contexto, a necessidade de entender a língua portuguesa se faz presente,


pois queremos não só apreender o conteúdo de uma determinada disciplina que teremos
no Centro Universitário Fundação Santo André, mas fazer com que saibam que nos
apropriamos dele, escrevendo textos, respondendo a uma prova, discutindo e debatendo.

Para saber mais, leia o capítulo 10 do livro Português básico: gramática, redação, texto.

ALMEIDA, Antonio Fernando de A.; ALMEIDA, Valéria Silva Rosa de. Português
básico: gramática, redação, texto. 5 ed. [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2003.
E-book. ISBN 9788522466009. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522466009/. Acesso em: 30 jan.
2024.

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