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TESAUROS
Emylle Mayane Soares de Melo ¹
Josiane Aparecida de Paula ¹
Clarice Fonseca da Silva ²
RESUMO
O presente trabalho aborda as linguagens documentárias, tesauros e cabeçalhos de
assunto. Tem por objetivo analisar seus conceitos, estrutura e aplicações. A metodologia
utilizada foi a pesquisa bibliográfica e eletrônica, realizada em sites de buscas na
internet, portais especializados em Ciência da Informação, além de consulta em livros.
O caminho percorrido neste trabalho mostrou como a Ciência da Informação foi
trabalhando ao longo da história para atender a uma demanda crescente pelo acesso à
informação. Também ficou patente a necessidade de levar em conta não somente o
vocabulário especializado, mas também o a chamada linguagem natural. Além disso foi
constatado que os bibliotecários brasileiros direcionam suas atenções para as
aplicações das representações, demonstrando pouco interesse em estudar os aspectos
conceituais das linguagens documentárias, apresentando assim um caminho para
futuras pesquisas na área.
1. INTRODUÇÃO
a. TESAUROS
O tesauro é uma linguagem de documentação onde existe uma relação entre seus
termos e tem como função representar os assuntos de um documento. Além disto, eles
são feitos para um determinado assunto em específico, sendo bem raras as situações em
que são usados para assuntos diversos (Moreira; Moura,2006)
Fica evidenciada a importância dos tesauros na prática de recuperação de
informação e como essa ferramenta dispõe de atributos que o tornam um instrumento
chave no trabalho de representar a informação.
Uma das grandes dificuldades na construção de tesauro, é a escolha dos termos,
de modo que não haja ambiguidades, além do emprego de palavras que não são usadas
pelos usuários ou não fazem parte do cotidiano dos especialistas e estudiosos na área
pesquisada (Moreira; Moura,2006)
Para que esse impasse referente à dificuldade em escolher os termos para compor
os tesauros, deve-se observar alguns critérios, onde as palavras selecionadas podem se
basear na literatura especializada no assunto, no uso corrente pelos usuários e, ainda na
forma como se estrutura no próprio tesauro. São as garantias: literária, de usuário e
estrutural. A seguir, serão feitos alguns apontamentos sobre elas.
As diversas áreas do conhecimento possuem vocabulários específicos para
exprimirem suas ideias e conceitos. Tais palavras se incorporam na literatura
especializada no assunto. Sendo assim, é comum que quando algum pesquisador for
realizar uma busca de um determinado assunto, ele o faça através das palavras e termos
habitualmente usados em seu cotidiano.
A garantia literária, termo que, de acordo com Lima (2022) foi utilizado por
Hulme, em 1911, tem por princípio que a escolha dos termos a serem utilizados em um
vocabulário controlado deve ter como critério a literatura especializada na área. Pelo fato
de que nem sempre os termos que os autores usam na literatura especializada coincidem
com os utilizados pelos pesquisadores em suas buscas, a garantia literária, apesar de
importante, não é suficiente para tornar legítimo a adesão de um termo ao tesauro.
(Moreira; Moura,2006)
Além da literatura especializada, outro critério a ser utilizado na escolha dos
termos para um tesauro são as palavras que os usuários, que nem sempre são especialistas
ou entusiastas do assunto no qual desejam recuperar uma informação, utilizam em suas
buscas. A garantia do usuário se refere à premissa de que os termos a serem incluídos em
um tesauro devem estar de acordo com os termos usados por quem realiza as buscas
(Moreira; Moura,2006). Ainda, segundo o autor, a garantia de usuário é sempre levada
em conta ao se criar uma linguagem de documentação e que a resistência em o fazer é
algo raro entre os especialistas de linguagem.
A adesão de um termo ao tesauro nem sempre se baseia na garantia literária ou de
usuário, mas sim na possibilidade de exercerem uma função estrutural útil, facilitando
elos em uma hierarquia de termos ou para a dispor um conjunto mais específico de
termos. Trata-se da garantia estrutural. (Moreira; Moura,2006).
b. CABEÇALHO DE ASSUNTO
Quanto ao cabeçalho de assunto, pode-se dizer que é uma das formas mais antigas de
sistema alfabético das linguagens de indexação. Segundo (Cesarino; Pinto, 1978, p.273)
“o conceito mais difundido sobre cabeçalho de assunto o define como <<palavra ou
grupo de palavras que expressam o conteúdo de um documento>>”. E surgiu pela
necessidade de uma listagem de assunto, uma vez que a organização de bibliografias
listadas pelos autores das obras já não era suficiente, por haver várias inconsistências
nesse formato.
De acordo com (Silva; Fujita, 2004, p.143):
O aparecimento dos cabeçalhos de assuntos foi determinado pelos
seguintes fatores: os títulos das obras não representavam de forma
adequada o assunto nelas tratado; problemas relativos às subdivisões
de assunto; existiam obras com mais de um assunto; a
interdisciplinaridade dos assuntos em uma mesma obra; obras que
relacionavam os assuntos a lugares e épocas diferentes.
Foi Cutter que, em 1876, elaborou as primeiras regras para a criação de catálogos
alfabéticos de assunto, estabelecendo princípios fundamentais para a elaboração desses
catálogos que, de acordo com (Cesarino; Pinto, 1978, p.274), podem ser resumidos em
três: 1) princípio específico - a entrada dos assuntos se dão pelo termo mais específico e
não pela classe a que está subordinado; 2) princípio de uso - indica a necessidade dos
usuários; 3) princípio sindético - desenvolvimento nas listas de cabeçalhos de assunto de
estruturas sindéticas por meio de uma rede de referências cruzadas para transpor os
problemas com a entrada alfabética dos cabeçalhos de assunto.
Quanto as suas características, podemos descrevê-las como:
unidimensionais.
Como podemos ver, os cabeçalhos de assunto possuem vocabulário e sintaxe
limitados, devido aos seus termos serem retirados de dicionário existente. Por outro lado,
possui menor ambiguidade em comparação a outras linguagens, como por exemplo a
linguagem facetada e a linguagem natural.
Por apresentar uma gramática bem estruturada, os cabeçalhos de assunto,
possuem um rígido controle de sinônimos, quase-sinônimos, homógrafos, permitindo
maior precisão na sua elaboração. Também prevê regras fixas como entrada direta ou
invertida, síntese através de subcabeçalho, uso de singular e plural, uso de palavras
abreviadas ou por extenso, sinais de pontuação e termos traduzidos.
Podemos observar também que os cabeçalhos de assunto possuem
inconsistências, por se tratar de uma linguagem subjetiva, o nível de especificidade varia
de acordo com o ponto de vista com o qual o autor trata o documento. Limitando, em
muitos casos, a eficácia dessa linguagem.
Para o profissional que escolhe os cabeçalhos de assunto como forma de
linguagem para o seu sistema de recuperação da informação, é primordial que se adote
instrumentos de controle, como forma de amenizar essas inconsistências. E as listas de
cabeçalho de assunto são instrumentos eficazes na construção desse sistema. As listas
mais conhecidas e utilizadas são:
Library of Congress Subject Headings – 1ª ed. (1911) – É a mais utilizada e possui
grande garantia literária;
Sears Listo f Subject Headings – adaptação da lista da Library of Congress para
bibliotecas menores;
No Brasil podemos destacar as seguintes listas:
C. Rovira e J. Aguayo. Lista de encabezamientos de materiais para bibliotecas (1967) –
adaptação para as bibliotecas latino-americanas;
W. Ferraz. Relação de assunto para cabeçalhos de fichas – lista limitada para suprir a
necessidade de pequenas coleções;
IBBD. Lista geral de cabeçalhos de assunto – publicada para ser uma lista nacional,
como forma de uniformizar os cabeçalhos através das fichas catalográficas.
(CESARINO; PINTO, 1978, p.283).
3. MATERIAIS E MÉTODOS
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
CINTRA, Anna Maria et al. Para entender as linguagens documentárias. São Paulo:
Polis,1994. 72 p. (Coleção Palavra – Chave ,4).
SILVA, Maria dos Remédios da; FUJITA, Mariângela Spotti Lopes. A prática de
indexação: análise da evolução de tendências teóricas e
metodológicas. Transinformação, v. 16, p. 133-161, 2004.