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REPRESENTAÇÃO TEMÁTICA

Me. Daianny Seoni de Oliveira

GUIA DA
DISCIPLINA
2021
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância

1. REPRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO: DESCRITIVA E TEMÁTICA

Objetivo:
● Apresentar os tipos e os processos da representação da informação;
● Compreender as etapas do tratamento da informação;
● Conhecer os produtos do tratamento da informação, bem como sua finalidade
no contexto de sistemas de informação.

Introdução
Desde que o homem começou a registrar seu conhecimento em algum suporte,
houve a preocupação com a organização e o acesso a essas informações. O volume de
documentos gerados atualmente é o desafio para o campo da Biblioteconomia, pois para o
seu acesso e uso, há antes um processo que decorre de sua organização (SOUSA, 2013).

De acordo com a NBR 12676/1992, documento é “qualquer unidade, impressa ou


não, que seja passível de catalogação ou indexação”, podendo ser imagens, sons, textos,
mapas e outros. No século XX, mais precisamente depois da Segunda Guerra Mundial, os
processos de organização da informação se desenvolveram, e novos métodos foram
aplicados a fim de atender às exigências da pesquisa bibliográfica (SHERA E EGAN, 1969).

Houve com isso, um aumento de interesse pelo assunto, tendo em vista o grande
volume de documentos e a demanda da sociedade em encontrá-los. As melhorias em
relação aos serviços e produtos das bibliotecas, estão focadas na disponibilização da
informação e não em seu estoque. A procura por informações específicas, fez desenvolver
o processo de recuperação da informação para que ela fosse cada vez mais precisa e
rápida (SOUSA, 2013).

A característica fundamental do processo de representação da informação é retirar


de um texto palavras que demonstrem sua essência. Esse processo de sumarização é
indispensável para organização, uso e recuperação da informação (NOVELLINO, 1996).

Nesse modo, o Tratamento Temático da Informação (TTI) assume o papel de


mediador da produção do conhecimento ao seu uso, com o objetivo de dar acesso ao
conteúdo informacional (GUIMARÃES, 2008). O uso das tecnologias de informação para o
tratamento desses documentos, são indispensáveis pois “não é mais o usuário nem o
documento que se deslocam, mas a informação.” (GUINCHAT; MENOU, 1994).

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Os acervos das bibliotecas, são documentos registrados e armazenados nos


sistemas de informação para que sejam recuperados e usados, esse é o ciclo documental.
Desse modo, compreende-se que a informação não fica parada, ela socializa e se torna a
matéria-prima para o conhecimento e desenvolvimento da sociedade (SOUSA, 2013).

1.1. Tratamento da Informação


Para a informação estar organizada, é necessário que haja um tratamento, e há dois
tipos: o tratamento temático e o tratamento descritivo. São modos diferentes e
independentes, porém complementares (MIRANDA; SIMEÃO, 2002). E demandam do
bibliotecário grande empenho mental para compreender o documento no todo. Esse
processo consiste na: descrição bibliográfica, descrição de conteúdo, armazenamento,
busca e disseminação, sempre respeitando a demanda do usuário (GUINCHAT E
MENOU,1994).

O tratamento descritivo, ou seja, a informação física do documento, é o processo


que identifica a autoria, título, edição, data, paginação, local de publicação, entre outros.

Já para o tratamento temático, temos envolvido a análise documental, determinação


de assunto, indexação, classificação e elaboração de resumos (GUINCHAT E
MENOU,1994).

A demanda do usuário ao qual o texto se refere, entende-se pelas necessidades


específicas deste usuário e que varia do tipo de Biblioteca, por exemplo: a
Biblioteca Universitária atende a um público com demandas diferentes das de
uma Biblioteca Escolar. É importante salientar que todos os serviços e produtos
de uma biblioteca são desenvolvidos de acordo com as demandas deste
usuário.

A descrição física e temática abarca o desenvolvimento de instrumentos a serem


utilizados nessas descrições como os códigos, linguagens, normas e padrões. E o
armazenamento dessas informações são em bases de dados onde contém os registros
eletrônicos. A alguns anos atrás, as bibliotecas usavam fichas catalográficas impressas e
o usuário procurava a informação diretamente em catálogos (de madeira ou aço) que eram
organizados em ordem alfabética de autor, título e assunto.

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Leia o post “Biblioteca e bibliotecário ao longo da história”. Disponível em:


https://portaldobibliotecario.com/biblioteca/biblioteca-bibliotecario-
historia/

De acordo com Dias e Naves (2007) as etapas do tratamento descritivo são: exame
do documento (leitura técnica), identificação de elementos que representam fisicamente o
documento (autor, título, edição, editora, local e ano de publicação, quantidade de
páginas/folhas, etc.). A seleção dos elementos e a forma de descrição é através de um
instrumento chamado código de catalogação (AACR2).

Para saber mais sobre o código de catalogação (AACR2), veja AACR2, MARC 21
e controle de autoridade: um guia de estudo, disponível em:
https://fabricioassumpcao.com/guia-de-estudo

Já o tratamento temático tem as seguintes etapas: análise de assunto ou


documentária (leitura do documento de modo a extrair os conceitos que representem seu
conteúdo); tradução (passagem dos termos extraídos em linguagem natural para uma
linguagem de indexação ou documentária).

Leitura técnica de um documento compreende a análise do corpo central da


obra, complementada por outras fontes de informação que integram a obra
sob estudo, como o título e seu grau de representatividade, o sumário e o
índice de assuntos, as orelhas e as contracapas, o prefácio, a catalogação e a
classificação na fonte.

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Há uma predisposição em considerar a indexação, catalogação de assuntos e


classificação sob uma única designação decorrente de suas semelhanças, pois identificam
o assunto do documento e traduzem esse assunto para uma linguagem de indexação.
Porém, há diferenças: a classificação visa determinar um único local do documento na
coleção/estante; a indexação e a catalogação a de assunto podem indicar para um
documento várias entradas num índice ou num catálogo de acordo com a política de
indexação adotada pela unidade de informação (DIAS; NAVES, 2007).

Com o objetivo de ilustrar, segue abaixo um esquema de representação da


informação.

Fonte de Representação Produto


Informação
Referência (NBR 6023: ABNT)

Catalogação: (Sistema Pergamum - UNIFESP)

Descritiva

Indexação:
- Terapia cognitiva

- Psicoterapeuta e paciente

Classificação (CDD): 616.351

Temática Resumo (indicativo NBR:6028 ABNT):


Este é um guia prático para o uso da terapia
cognitiva com pacientes que representam um
desafio clínico. Um excelente texto que pode ser
usado por terapeutas experientes ou iniciantes,
podendo também orientar, de maneira eficiente,
terapeutas que desejam expandir seu campo de
atuação.

Fonte: Elaborado pela autora (2020)

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A representação da informação como ilustrado acima, mostra que é fundamental


para que esse documento seja acessado e recuperado pela comunidade usuária. Se não
houvesse esse tratamento, a biblioteca seria um depósito com documentos dispersos
(SOUSA, 2013).

Leia o artigo de SOUSA, Brisa Pozzi de. Representação Temática da Informação


Documentária e sua Contextualização em Biblioteca. Revista Brasileira de
Biblioteconomia e Documentação. São Paulo, v. 9, n. 2, p. 132-146, jul./dez.
2013. Disponível em: https://rbbd.febab.org.br/rbbd/article/view/249/265.
Acesso em: 04 dez. 2020.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12676: métodos para


análise de documentos - determinação de seus assuntos e seleção de termos
de indexação. Rio de Janeiro, 1992. 4 p.

DIAS, Eduardo Wense; NAVES, Madalena Lopes. Análise de assunto: teoria e


prática. Brasília: Thesaurus, 2007.

GUIMARÃES, J. A. C. A dimensão teórica do tratamento temático da


informação e suas interlocuções com o universo científico da International
Society for Knowledge Organization (ISKO). Revista Ibero-Americana de
Ciência da Informação (RICI), v. 1 n. 1, p. 77-99, jan./jun. 2008.

GUINCHAT, C.; MENOU, M. Introdução geral às ciências e técnicas da


informação e documentação. Brasília: IBICT, 1994.

MIRANDA, A.; SIMEÃO, E. A conceituação de massa documental e o ciclo de


interação entre tecnologia e o registro do conhecimento. DataGramaZero,
Rio de Janeiro, v. 3, n. 4, p. 1-8. ago. 2002.

NOVELLINO, M. S. F. Instrumentos e metodologias de representação da


informação. Informação & Informação. Londrina, v. 1, n. 2, p. 37.

SHERA, J. H.; EGAN, M. E. Catálogo sistemático: princípios básicos e


utilização. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1969.

SOUSA, Brisa Pozzi de. Representação Temática da Informação Documentária


e sua Contextualização em Biblioteca. Revista Brasileira de Biblioteconomia
e Documentação. São Paulo, v. 9, n. 2, p. 132-146, jul./dez. 2013.

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2. ANÁLISE DOCUMENTÁRIA

Objetivo:
● Apresentar a definição de análise documentária no contexto da Ciência da
Informação/Biblioteconomia;
● Compreender as etapas da análise documentária.

Introdução
Como tratado no capítulo anterior, não é possível recuperar a informação sem que
haja seu tratamento e essa análise é realizada de dois modos, que são o tratamento
descritivo e o temático. Assim sendo, a análise documentária (análise do texto ou análise
de conteúdo ou análise documental) apresenta-se como um conjunto de métodos que são
utilizados para simbolizar o conteúdo desses documentos de modo a facilitar sua
localização ou consulta (GARDIN, 1987).

A análise documentária tem relação com as áreas da Linguística e da Ciência da


Informação, o que a torna complexa pois envolve fatores linguísticos, cognitivos e lógicos
(DIAS; NAVES, 2007).

2.1. Aspectos Linguísticos


Os aspectos linguísticos envolvidos na análise documentária se referem ao trabalho
com a construção de instrumentos e produtos derivados da utilização das linguagens de
documentação. Quando o indexador lê a linguagem do autor, que é uma linguagem natural,
ele tenta através de processos mentais extrair os conceitos do texto de modo a representá-
lo, percebe-se aqui nesta fase que ele também usa uma linguagem natural.

A próxima etapa é traduzir essas palavras para uma linguagem de indexação


(linguagem artificial) para ser utilizada em sistemas de recuperação da informação. Essas
são, então, as etapas do processo de indexação e pode-se observar que, em todos os
momentos, fala-se em linguagens (DIAS; NAVES, 2007).

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2.2. Aspectos cognitivos e lógicos


Os aspectos cognitivos e os lógicos são utilizados ao mesmo tempo no processo da
análise de assunto, pois o indexador usa sua função psicológica atuante na aquisição do
conhecimento, como o conhecimento-prévio, memória, foco, associação, pensamento,
linguagem entre outras.

Dessa forma, é importante conhecer o conceito da ciência e psicologia cognitiva.


Essas ciências lidam com processos e estruturas mentais implicadas na aquisição,
processamento e uso do conhecimento ou informação. De acordo com Pinto Molina (1995),
existem os processos mentais básicos (memória e atenção), as representações mentais
(imaginação, formulação de proposições e estabelecimento de categorias) e os processos
mentais complexos (compreensão, raciocínio e solução de problema).

Leia sobre Ciencia Cognitiva, do Professor Henrique Schützer Del Nero,


disponível em:
http://www.lsi.usp.br/~hdelnero/JORN2.html#:~:text=Ci%C3%AAncia%20Cog
nitiva%20%C3%A9%20a%20alcunha,filosofia%20e%20a%20intelig%C3%AAnc
ia%20artificial.

Essas atividades, são desempenhadas de modo diferente, pois os indivíduos


possuem diferentes níveis de habilidades em raciocínio lógico, experiência de vocabulário,
conhecimento prévio e que pode afetar o desempenho neste processo, bem como, na
própria recuperação da informação (DIAS; NAVES, 2007).

Há um consenso de que, para ler e compreender um texto, para conservar e


recuperar na memória as informações, o leitor deve possuir conhecimentos
prévios. Saiba mais lendo o texto Conhecimento Prévio disponível em:
https://novaescola.org.br/conteudo/1510/conhecimento-previo

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Do mesmo modo que a análise documentária utiliza a linguística e os aspectos


lógicos em sua prática, a lógica é apropriada mais do ponto de vista formal e geral, a fim de
poder examinar o texto, e construir princípios, hipóteses e teorias (DIAS; NAVES, 2007).

Leia o Capítulo do Livro de DIAS, Eduardo Wense; NAVES, Madalena Lopes. A


pesquisa em análise de assunto. In: ________. Análise de assunto: teoria e
prática. Brasília: Thesaurus, 2007. Cap. 8, p. 93-106. Disponível em:
http://biblioteca.fespsp.org.br:8080/pergamumweb/vinculos/000008/00000
8f5.pdf Acesso em: 05 dez. 2020.

DIAS, Eduardo Wense; NAVES, Madalena Lopes. A pesquisa em análise de


assunto. In: ________. Análise de assunto: teoria e prática. Brasília: Thesaurus,
2007. Cap. 8, p. 93-106.
GARDIN, J.C. L'analyse logiciste. In: GARDIN, J.C. et al. Systèmes experts et
sciences humaines. Paris: Eyrolles, 1987.
PINTO MOLINA, María. Documentary abstracting: toward a methodological
model. Journal of the American Society for Information Science, v. 46, n. 3, p.
225- 234, 1995.

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3. LINGUAGENS DOCUMENTÁRIAS

Objetivo:
● Apresentar a definição de linguagens documentárias (LDs) no contexto da Ciência
da Informação/Biblioteconomia;
● Conhecer a finalidade de seu uso dentro de um sistema de informação.

Introdução
Nos capítulos anteriores, conhecemos sobre a importância do tratamento descritivo
e temático, e os aspectos teóricos e metodológicos envolvidos na análise documentária,
agora apresento a seguinte situação:

Quando um usuário da biblioteca faz uma busca no catálogo, usando uma linguagem
“natural”, ele não localiza a informação ou há o retorno de muita informação. E por que isso
acontece? No sistema de informação, tem um instrumento construído para representar a
informação contida no acervo da biblioteca, e ele se chama linguagem documentária (LD)
(LIMA, 1998).

As linguagens documentárias (LDs), são construídas artificialmente e têm o objetivo


de “traduzir” os conteúdos documentais, elas são utilizadas em indexação, armazenamento
e na recuperação da informação.

Para melhor ilustrar, segue um modelo de comunicação documentária:

Fonte: elaborada pela autora (2020)

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De acordo com Lara (1993), ao permitir que o usuário entenda o uso da linguagem
documentária, faz com que se torne viável o processo de comunicação entre o acervo e o
usuário. A necessidade do uso da linguagem documentária se deve às características da
própria linguagem natural: redundância, polissemia e variações idioletais.

Leio o capítulo de livro de BOCCATO, Vera Regina Casari. A linguagem


documentária vista pelo conteúdo, forma e uso na perspectiva de
catalogadores e usuários. In: FUJITA, MSL., org., et al. A indexação de livros: a
percepção de catalogadores e usuários de bibliotecas universitárias. Um
estudo de observação do contexto sociocognitivo com protocolos verbais
[online]. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. 149
p. ISBN 978- 85-7983-015-0. Disponível em:
http://books.scielo.org/id/wcvbc/pdf/boccato-9788579830150-08.pdf
Acesso em: 05 dez. 2020.

Para mediar a recuperação da informação, temos o tesauro que nada mais é que o
conjunto dessas linguagens documentárias/vocabulários controlados formados por
termos/descritores semanticamente relacionados. Existem também as ontologias que é um
modelo de representação do conhecimento, como o tesauro, mas são desenvolvidos pela
engenharia computacional (BOCCATO, 2009).

Leia o texto: Tesauro e ontologia: uma introdução. Disponível em:


https://portaldobibliotecario.com/biblioteconomia/tesauro-e-ontologia-
uma-introducao/

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Segundo Gardin (1987), para se construir um tesauro, deve-se ter em mente três
elementos constitutivos das linguagens documentárias, que são:

1) Um vocabulário, com uma lista de descritores, devidamente filtrados e depurados:

Ex:

Fonte: Base de dados Pubmed, vocabulário controlado Mesh (2020).

2) Construir uma relação com os termos de gênero/espécie e parte/todo. Referente ao


exemplo acima, os termos de gênero/espécie seriam: termo geral Saúde e o termo
específico Saúde do Adolescente. Em relação a parte/todo, por exemplo seria Osasco
(SP: Microrregião).

3) Elaborar uma rede para colocar as possíveis relações entre os termos. Por exemplo:
Saúde pode se relacionar com terapia, fisiologia e outros.

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Fonte: Base de dados Pubmed, vocabulário controlado Mesh (2020).

Veja o vídeo Como construir um Tesauro, disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=pCRX8jhWgEQ

A criação das Linguagens documentárias, seguem políticas de indexação


estabelecidas, que visam o controle de vocabulário que garantirá a correspondência do
termo com o conteúdo. Observem que no exemplo acima, o termo sempre vem
acompanhado de uma definição.

Fonte: Base de dados Pubmed, vocabulário controlado Mesh (2020).

De acordo com Cintra et al (1994), as linguagens documentárias mais consistentes,


são construídas com elementos da linguagem de especialidade/terminologias e também
das linguagens naturais dos usuários. Esse é o desafio para ter um sistema de recuperação
da informação eficiente.

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BOCCATO, Vera Regina Casari. A linguagem documentária vista pelo conteúdo,


forma e uso na perspectiva de catalogadores e usuários. In: FUJITA, MSL., org.,
et al. A indexação de livros: a percepção de catalogadores e usuários de
bibliotecas universitárias. Um estudo de observação do contexto
sociocognitivo com protocolos verbais [online]. São Paulo: Editora UNESP; São
Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. 149 p. ISBN 978- 85-7983-015-0. Disponível
em: http://books.scielo.org/id/wcvbc/pdf/boccato-9788579830150-08.pdf
Acesso em: 05 dez. 2020.
CINTRA, A. M.; TÁLAMO, M. F.; LARA, M. L.; KOBASHI, N. Para entender as
linguagens documentárias. São Paulo: Editora Polis, 1994.
GARDIN, J.C. L'analyse logiciste. In: GARDIN, J.C. et al. Systèmes experts et
sciences humaines. Paris: Eyrolles, 1987.
LARA, M. L. G. de. Diferenças conceituais sobre termos e definições e
implicações na organização da linguagem documentária. Ciência da
Informação, Brasília, v. 33, n. 2, p. 91-96, maio./ago. 2004.
LIMA, V.M.A. Terminologia, comunicação e representação documentária.
1998. Dissertação (Mestrado) Escola de Comunicação e Artes. Universidade de
São Paulo (USP).

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4. REPRESENTAÇÃO TEMÁTICA: CLASSIFICAÇÃO DECIMAL DE


DEWEY (CDD)

Objetivo:
● Conhecer os conceitos da classificação bibliográfica;
● Diferenciar os tipos de classificação;

Introdução
A classificação bibliográfica indica, as relações entre os assuntos no sistema
documentário, além de organizar fisicamente o conteúdo dos documentos, por meio de seu
arranjo na estante. Para individualizar os números, além da classificação de assuntos,
temos a classificação de autor, e a tabela mais utilizada é cutter-sanborn. Dessa forma,
temos o número de chamada. Segue abaixo um exemplo:

No Brasil, há dois códigos de classificação que são os mais utilizados e eles têm a
função de auxiliar o bibliotecário na organização dos documentos. Esses códigos são
Classificação Decimal de Dewey (CDD) e Classificação Decimal Universal (CDU) (SOUZA;
FUJITA, 2012). Neste capítulo trataremos da Classificação Decimal de Dewey (CDD).

Leia o texto sobre a Breve história da teoria da classificação. Disponível em:


http://portaldobibliotecario.com/biblioteca/breve-historia-da-teoria-da-
classificacao/

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Leia o artigo de SOUSA, Brisa Pozzi de; FUJITA, Mariângela Spotti Lopes. A
classificação bibliográfica no contexto do tratamento temático da informação:
um estudo com o protocolo verbal individual em bibliotecas do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IF’s). Revista ACB, [S.l.], v. 18, n. 1,
p. 796-813, set. 2012. ISSN 1414-0594. Disponível em:
https://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/868. Acesso em: 05 dez. 2020.

4.1. Classificação Decimal de Dewey (CDD)


A Classificação Decimal de Dewey (CDD ou DDC na sigla em inglês, também
conhecido como Sistema Decimal de Dewey) é um sistema de classificação documentária
desenvolvido por Melvil Dewey em 1876. Ao longo dos anos passou por grandes revisões,
sendo a última, em 2004. A empresa Online Computer Library Center (OCLC) é a detentora
da marca registrada e os direitos autorais relativos ao CDD, desde 1988.

Dewey dividiu o conhecimento humano em 10 classes principais, e reservou uma


classe para reunir obras relacionadas a assuntos gerais. Para a notação usou números
arábicos de 0 a 9, cada dígito adicionado representa a expansão notacional, aproximando
itens semelhantes.

As classes possuem 10 subdivisões em classes menores, e cada divisão possui 10


seções. A CDD conta com tabelas auxiliares. São elas:
Tabela 1 – Subdivisões standard (aplicáveis a qualquer tabela principal).
Tabela 2 – Áreas (aplicáveis a qualquer tabela principal).
Tabela 3 – Subdivisões para literaturas individuais (Subdivide a classe 800).
Tabela 4 – Subdivisões para línguas individuais (Subdivide a classe 400).

Representação Temática 15
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Tabela 5 – Grupos raciais, étnicos, nacionais (Utilizada somente quando o sistema


determina).
Tabela 6 – Línguas (Utilizadas somente quando o sistema determina).
Tabela 7 – Pessoas. (Utilizadas somente quando o sistema determina).

As tabelas auxiliares, como o próprio nome sugere, permite um maior detalhamento


do assunto. O índice é parte integrante da CDD, ele está ordenado alfabeticamente, é
chamado de índice relativo “porque relaciona todos os aspectos de determinados assuntos
que possam pertencer a outras classes”. (BLATTMANN, 2002 apud ANDRADE, BRUNA,
SALES, 2011).

As obras são classificadas por assunto, com extensões para relações entre assuntos
(local, época ou tipo do material), produzindo números de classificação de no mínimo três
dígitos mas de tamanho máximo indeterminado, com um ponto decimal antes do quarto
dígito, quando presente, veja o exemplo abaixo:
● 330 para economia + 94 para Europa = 330.94 Economia européia
● 973 para Estados Unidos + 005 que é a divisão para periódicos = 973.005
periódicos EUA

Os números da CDD formaram a base para um sistema mais expressivo porém


complexo, a Classificação Decimal Universal, que combina os números básicos de Dewey
com alguns sinais de pontuação (vírgula, dois pontos, parênteses etc).

Classes gerais da Classificação Decimal de Dewey – 21ª edição. Disponível em:


http://www3.eca.usp.br/sites/default/files/form/biblioteca/ficha-
catalografica/tabela-de-classificacao.pdf

Prof. Marcelo Nair dos Santos. Classificação Decimal de Dewey: classificação


de estudos da linguagem. Disponível em:
https://biblioteconomia.ufes.br/sites/biblioteconomia.ufes.br/files/field/ane
xo/2_4CDD_T4T6.pdf

Representação Temática 16
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É importante observar que é somente com a prática que você realmente


aprenderá os recursos dos instrumentos de classificação. Para isso é
recomendado que em seu primeiro estágio obrigatório tenha como foco
aspectos técnicos dos processos de linguagens documentárias.

ANDRADE, Lucas Veras de; BRUNA, Dayane; SALES, Weslayne Nunes de.
Classificação: Uma análise comparativa entre a classificação decimal universal
– CDU e a classificação decimal de Dewey – CDD. Biblos: Revista do Instituto
de Ciências Humanas e da Informação, v. 25, n.2, p.31-42, jul./dez. 2011.
Disponível em: http://repositorio.furg.br/handle/1/4114 Acesso em 07 dez
2020
SOUSA, Brisa Pozzi de; FUJITA, Mariângela Spotti Lopes. A classificação
bibliográfica no contexto do tratamento temático da informação: um estudo
com o protocolo verbal individual em bibliotecas do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia (IF’s). Revista ACB, [S.l.], v. 18, n. 1, p. 796-813,
set. 2012. ISSN 1414-0594. Disponível em:
<https://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/868>. Acesso em: 05 dez.
2020.

Representação Temática 17
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5. REPRESENTAÇÃO TEMÁTICA: CLASSIFICAÇÃO DECIMAL


UNIVERSAL (CDU)

Objetivo:
● Conhecer os conceitos da classificação bibliográfica;
● Diferenciar os tipos de classificação;

Introdução:
A Classificação Decimal Universal é um esquema internacional de classificação de
documentos desenvolvido pelos bibliógrafos belgas Paul Otlet e Henri la Fontaine no final
do século XIX. Ela é baseada na classificação decimal de Dewey – onde todo o
conhecimento é dividido em 10 classes principais e estas, infinitamente divididas numa
hierarquia decimal - com a adição de sinais auxiliares para indicar vários aspectos especiais
de um assunto ou relações entre assuntos.

O design da CDU é compatível com a leitura feita por máquinas e o sistema tem sido
usado em conjunção tanto com sistemas de separação mecânica antigos quanto com os
atuais catálogos de acesso público on-line. Uma versão do CDU, com 65 mil subdivisões,
está disponível em formato banco de dados e é chamado Master Reference File (MRF).

A versão atual completa do CDU possui 220 mil subdivisões.

Classes Principais:
0. Generalidades. Ciência e conhecimento. Ciências da informação. Informática.
Documentação. Biblioteconomia
1. Filosofia e psicologia
2. Religião. Teologia.
3. Ciências sociais. Sociedade. Política. Economia. Comércio. Direito. Seguro.
Educação. Folclore. Estatística
4. Classe vaga. Não atribuída. Provisoriamente não ocupada.
5. Matemática e ciências naturais. Ciências puras
6. Ciências aplicadas. Medicina. Saúde. Tecnologia. Agricultura. Cozinha e
culinária.

Representação Temática 18
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7. Belas artes. Arquitetura. Música. Recreação. Turismo. Diversões. Esportes.


Jogos.
8. Linguagem. Língua. Lingüística. Filologia. Literatura.
9. Geografia. Biografia. História.

Na CDU, cada número é interpretado como uma fração decimal com o ponto decimal
inicial omitido, que determina a ordem de preenchimento. Em prol da facilidade de leitura,
um identificador CDU é geralmente pontuado a cada três dígitos. Assim, depois de 61,
"ciências médicas", vêm as subdivisões de 611 a 619. Sob 611, "Anatomia", Vêm suas
subdivisões de 611.1 a 611.9 e sob 611.1 vêm todas as suas subdivisões antes de ocorrer
611.2, e assim por diante. Depois de 619 vem 620 (ANDRADE, BRUNA, SALES, 2011).

Uma vantagem deste sistema é que ele é infinitamente expansível e quando novas
subdivisões são introduzidas, elas não precisam alterar o ordenamento dos números. Um
documento pode ser classificado sob uma combinação de diferentes categorias através do
uso de símbolos adicionais:

Representação Temática 19
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• Prof. Marcelo Nair dos Santos. Classificação Decimal Universal: a


representação matemática e conceitual da informação. Disponível em:
https://biblioteconomia.ufes.br/sites/biblioteconomia.ufes.br/files/field/a
nexo/3_0_CDU.pdf

• MOMM, Christiane Fabíola; LESSA, Rafael Orivaldo. Sistema de classificação


bibliográfica e a conceituação do turismo: uma visão da CDU. Perspect.
ciênc. inf., Belo Horizonte , v. 14, n. 2, p. 141-154, 2009 . Disponível em
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
99362009000200010&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 07 dez. 2020.
https://doi.org/10.1590/S1413-99362009000200010.

É importante observar que é somente com a prática que você realmente


aprenderá os recursos dos instrumentos de classificação. Para isso é
recomendado que em seu primeiro estágio obrigatório tenha como foco
aspectos técnicos dos processos de linguagens documentárias.

ANDRADE, Lucas Veras de; BRUNA, Dayane; SALES, Weslayne Nunes de.
Classificação: Uma análise comparativa entre a classificação decimal universal
– CDU e a classificação decimal de Dewey – CDD. Biblos: Revista do Instituto
de Ciências Humanas e da Informação, v. 25, n.2, p.31-42, jul./dez. 2011.
Disponível em: http://repositorio.furg.br/handle/1/4114 Acesso em 07 dez
2020

Representação Temática 20
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6. REPRESENTAÇÃO TEMÁTICA: RESUMOS

Objetivo:
● Apresentar os tipos e funções de um resumo;

Introdução
O resumo é uma representação sucinta de um documento, mesmo que inclua
palavras do texto, é um texto criado pelo resumidor, e não um extrato de fragmentos
(LANCASTER, 2004). A norma brasileira NBR 6028 da ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas), define o resumo como uma “apresentação concisa dos pontos
relevantes de um documento”.

Há três tipos de resumos: o resumo indicativo/descritivo, resumo informativo e o


resumo crítico.
● Resumo informativo: informa ao leitor finalidades, metodologia, resultados e
conclusões do documento, de tal forma que este possa, inclusive, dispensar a
consulta ao original.
● Resumo indicativo: indica apenas os pontos principais do documento, não
apresentando dados qualitativos, quantitativos etc. De modo geral, não dispensa
a consulta ao original.
● Resumo crítico: Resumo redigido por especialistas com análise crítica de um
documento. Também chamado de resenha. Quando analisa apenas uma
determinada edição entre várias, denomina-se recensão.

O resumo deve seguir a seguinte estrutura: a primeira frase deve ser significativa,
explicando o tema principal do documento, ressaltar o objetivo, o método, os resultados e
as conclusões do trabalho. Deve-se indicar a informação sobre a categoria do tratamento
(memória, estudo de caso, análise da situação etc.). As palavras-chave devem figurar logo
abaixo do resumo, antecedidas da expressão “Palavras-chave:”, separadas entre si por
ponto e finalizadas também por ponto. O resumo deve ser precedido da referência do
documento, com exceção do resumo inserido no próprio documento.

O resumo deve ser composto de uma sequência de frases concisas, afirmativas e


não de enumeração de tópicos. A ordem e a extensão destes itens dependem do tipo de

Representação Temática 21
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resumo (informativo ou indicativo) e do tratamento que cada item recebe no documento


original. Recomenda-se o uso de parágrafo único.

Deve-se usar o verbo na voz ativa e na terceira pessoa do singular.

Devem-se evitar: a) símbolos e contrações que não sejam de uso corrente; b)


fórmulas, equações, diagramas etc., que não sejam absolutamente necessários; quando
seu emprego for imprescindível, defini-los na primeira vez que aparecerem. A seguir um
figura para ilustrar o tema:

Fonte: elaborada pela autora (2020)

Quanto a sua extensão os resumos devem ter:


a) de 150 a 500 palavras os de trabalhos acadêmicos (teses, dissertações e outros)
e relatórios técnico-científicos;
b) de 100 a 250 palavras os de artigos de periódicos;
c) de 50 a 100 palavras os destinados a indicações breves.
Os resumos críticos, por suas características especiais, não estão sujeitos a limite
de palavras.

Representação Temática 22
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Veja o vídeo Como escrever um resumo passo a passo, disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=cIQDpIoBhlI Acesso em: 06 dez. 2020.

● MEDEIROS, João Bosco. Resumo. In: ______. Redação científica: a prática


de fichamentos, resumos, resenhas. 8.ed. São Paulo: Atlas, 2006. p.132-
152.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6028: Informação e


documentação: resumo: apresentação. Rio de Janeiro, 2003.

LANCASTER, F. W. Indexação e resumos: teoria e prática. 2. ed. Brasília:


Briquet de Lemos/Livros, 2004. 452 p. Trad. de Antonio Agenor Briquet de
Lemos.

Representação Temática 23
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7. REPRESENTAÇÃO TEMÁTICA: INDEXAÇÃO

Objetivo:
● Compreender e desenvolver os processos para a indexação de documentos;

Introdução
A indexação é um conjunto de ações que visam identificar e descrever os conteúdos
dos documentos, de acordo com seus assuntos, por meio da tradução de termos de uma
linguagem natural para uma linguagem de indexação, também chamada de linguagem
documentária (CINTRA et. al, 1994).

Segue a figura da representação da informação e o contexto da indexação


(MAIMONE, KOBASKI, MOTA, 2016 apud KOBASKI, 1994).

É importante salientar que ao traduzir um termo livre para uma linguagem


documentária, o indexador precisa de instrumentos como tesauros, código de classificação,
cabeçalhos de assunto, etc.

Representação Temática 24
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7.1. Etapas da indexação


De acordo com a norma NBR 12676/1992, que trata dos métodos para análise de
documentos, os estágios da indexação podem ser divididos em três:
a) exame do documento e estabelecimento do assunto de seu conteúdo;
b) identificação dos conceitos presentes no assunto;
c) tradução desses conceitos nos termos de uma linguagem de indexação

7.2. Exaustividade e seletividade/especificidade


O nível de exaustividade, significa a grosso modo, na quantidade de termos
atribuídos ao documento, os termos devem abranger o assunto de modo bastante
completo. Já o nível de especificidade, trata da indexação do termo mais específico
possível e que representa o documento. Por exemplo, um artigo que trate do cultivo de
laranjas será indexado sob laranjas e não sob frutas cítricas (LANCASTER, 2004).

A escolha da linguagem de indexação é fundamental e afeta o desempenho de um


sistema de recuperação de informação tanto na estratégia de busca (estabelece a
precisão com que o técnico de busca pode descrever os interesses do usuário)
quanto na indexação (estabelece a precisão com que o indexador pode descrever
o assunto do documento). Portanto, a partir de estudos do sistema, deve-se optar
entre linguagem livre ou linguagem controlada e linguagem pré-coordenada ou pós-
coordenada (RUBI, FUJITA, 2003).

A linguagem pré-coordenada não é flexível, então combinar os termos é muito difícil,


pois são listados em uma determinada sequência com o primeiro termo sendo o mais
importante que os demais. Já a linguagem pós-coordenada é aquela em que os termos são
combinados entre si de qualquer modo no momento em que se faz a busca e todo termo
atribuído tem peso igual (LANCASTER, 2004).

7.3. Revocação e precisão


Revocação é a capacidade do sistema recuperar documentos úteis. Segue o
coeficiente de revocação, quanto mais alto é o resultado maior é o retorno dos documentos
relevantes.

A precisão é a capacidade do sistema de evitar documentos que não sejam

Representação Temática 25
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pertinentes. O coeficiente abaixo determina se há ou não maior precisão nos documentos


recuperados.

Para ter capacidade de revocação e precisão do sistema, a exaustividade, revocação


e precisão precisam estar relacionadas. Quanto mais exaustivamente um sistema indexa
seus documentos, maior será a revocação (número de documentos recuperados) na busca
e, inversamente proporcional, a precisão será menor (RUBI, FUJITA, 2003).

A indexação é um processo subjetivo e não objetivo, portanto, deve-se verificar a


coerência da indexação de dois modos: a coerência interindexadores refere-se a
concordância entre indexadores, enquanto a coerência intra-indexadores refere-se a
extensão com que um indexador é coerente consigo mesmo (LANCASTER, 2004).

Para fixação do conceito, leia o texto de FUJITA, Mariângela Spotti Lopes. A


identificação de conceitos no processo de análise de assunto para indexação.
Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, v .1, n.1,
p. 60-90, jul./dez. 2003 – ISSN: 1678-765X. Disponível em:
http://eprints.rclis.org/6266/1/Fujita.pdf Acesso em: 6 dez. 2020

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12676/1992 – Métodos


para análise de documentos – Determinação de seus assuntos e seleção de
termos de indexação. Rio de Janeiro, 1992.
CINTRA, A. M.; TÁLAMO, M. F.; LARA, M. L.; KOBASHI, N. Para entender as
linguagens documentárias. São Paulo: Editora Polis, 1994.
MAIMONE, Giovana Deliberali; KOBASHI, Nair Yumiko; MOTA, Denysson.
Indexação: teoria e métodos. In: Silva, José Fernando Modesto da ; Paletta,
Francisco Carlos (Organizadores). Tópicos para o ensino de biblioteconomia:
volume I. São Paulo: ECA-USP, 2016. 190 p. ISBN 978-85-7205-142-2
LANCASTER, F. W. Indexação e resumos: teoria e prática. 2. ed. Brasília: Briquet
de Lemos/Livros, 2004. 452 p. Trad. de Antonio Agenor Briquet de Lemos.

Representação Temática 26
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância

RUBI, Milena Polsinelli Rubi, FUJITA, Mariângela Spotti Lopes. Elementos de


política de indexação em manuais de indexação de sistemas de informação
especializados. Perspect. cienc. inf., Belo Horizonte, v. 8, n. 1, p.66-77, jan./jun.
2003. Disponível em:
http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/viewFile/375/19
3 Acesso em: 6 dez. 2020

Representação Temática 27
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8. INDEXAÇÃO AUTOMÁTICA

Objetivo:
● Promover a incorporação do ambiente eletrônico aos estudos do campo da
Indexação;

Introdução
A indexação automática ou semiautomática, vem facilitar e auxiliar o trabalho do
profissional indexador, automatizando um trabalho que, de certo modo, é repetitivo
(LANCASTER, 2004).

Os tipos de indexação automática são:

● programas que auxiliam o processo de armazenamento de termos de indexação,


obtidos de modo intelectual, mais conhecido como armazenamento de termos
de indexação assistido por computador;
● sistemas que analisam os documentos de modo automático, mas os termos de
indexação propostos são validados e editados por um profissional (indexação
semi-automática);
● programas sem nenhum tipo de validação, isto é, os termos propostos são
armazenados diretamente como descritores do dito documento (indexação
automática).

O computador pode simular a leitura humana e a forma mais simples de fazer a


indexação automática é contar palavras que se repetem. Geralmente um software de
indexação automática gera duas listas de palavras, uma lista positiva com as palavras que
o sistema considera útil e uma negativa com palavras que não são significativas, como
pronomes e outros (MAIMONE, KOBASKI, MOTA, 2016).

Geralmente é utilizada a combinação de indexação manual e automática.


● inicialmente, o sistema faz indexação automática levando em conta as
ocorrências das palavras mais frequentes no texto.
● em um segundo momento, indexador humano refina a lista dos descritores
propostos pelo sistema, fazendo ajustes e/ou complementações necessárias.
(PINTO, 2001, p.227)

Representação Temática 28
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Como exemplo de software de indexação automática, temos o software SISA, que


foi desenvolvido pela Universidade de Murcia, na Espanha, por Isidoro Gil. Ele opera com
estas duas listas de recomendações para gerar as palavras chave. Também é possível
extrair sentenças para descrever o texto analisado (LANCASTER, 2004).

Apesar de utilizar o cálculo para estabelecer a relevância das palavras e expressões,


essa contagem por frequência, pura e simples, pode ser enganadora, pois o software pode
considerar relevante uma palavra pouco significativa (MAIMONE, KOBASKI, MOTA, 2016).

Lancaster (2004) usa o exemplo da palavra biblioteca em um acervo sobre


Biblioteconomia para ilustrar que uma palavra muito frequente, pode se tornar irrelevante.
Nesse sentido, deve-se buscar a relação entre a frequência das palavras em um texto, de
modo que se assemelha à forma com que os profissionais de biblioteconomia trabalham.

Para ilustrar, Lancaster (2004) utiliza a palavra amianto em um acervo de


Biblioteconomia, ou a palavra biblioteca em um acervo de uma fábrica de cimento. O
software, depois de realizada a contagem, apresenta ao indexador (no caso da indexação
semiautomática) ou vincula diretamente (no caso da indexação totalmente automática) os
termos de indexação selecionados como relevantes. Essa vinculação pode ocorrer de
forma direta, isto é, as palavras vinculadas são apenas as extraídas do texto, ou indireta,
por atribuição (MAIMONE, KOBASKI, MOTA, 2016).

No entanto, há problemas com a indexação automática. Os mais comuns são a


subatribuição, situação em que o computador não seleciona os termos que os indexadores
humanos atribuiriam ao texto, e a superatribuição, quando o computador seleciona termos
que os indexadores humanos não considerariam relevantes para representar o texto
(MAIMONE, KOBASKI, MOTA, 2016). Segundo Lancaster (2004), os termos escolhidos por
computadores são de 80% a 90% semelhantes aos selecionados por humanos. Portanto,
há uma faixa de 10% a 20% de termos que ou foram atribuídos desnecessariamente, ou
não foram identificados como relevantes.

Representação Temática 29
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância

• ROBREDO, J. Indexação automática de texto: uma abordagem otimizada e


simples. Ciência da Informação, v. 20, n. 2, 1991. Disponível em:
https://brapci.inf.br/_repositorio/2010/04/pdf_2b09a726d5_0009108.pdf
Acesso em: 06 dez. 2020
• SILVA, Pamela Rouse de Brito, CORREA, Renato Fernandes. Sistemas de
indexação automática por atribuição: uma análise comparativa. Encontros
Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação,
Florianópolis, v. 25, p. 01-15, 2020. Universidade Federal de Santa
Catarina. ISSN 1518-2924. DOI:https://doi.org/10.5007/1518-
2924.2020.e70740 Acesso em: 06 dez. 2020

LANCASTER, F. W. Indexação e resumos: teoria e prática. 2. ed. Brasília: Briquet


de Lemos/Livros, 2004. 452 p. Trad. de Antonio Agenor Briquet de Lemos.
MAIMONE, Giovana Deliberali; KOBASHI, Nair Yumiko; MOTA, Denysson.
Indexação: teoria e métodos. In: Silva, José Fernando Modesto da ; Paletta,
Francisco Carlos (Organizadores). Tópicos para o ensino de biblioteconomia:
volume I. São Paulo: ECA-USP, 2016. 190 p. ISBN 978-85-7205-142-2
PINTO, V. B. Indexação documentária: uma forma de representação do
conhecimento registrado. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo
Horizonte, v. 6, n. 2, p. 223 - 234, jul./dez. 2001.

Representação Temática 30
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância

9. POLÍTICA DE INDEXAÇÃO

Objetivo:
● Apresentar a importância de se estabelecer uma política de indexação em
unidades de informação;
● Compreender as etapas da elaboração de uma política de indexação.

Introdução
A política de indexação, não deve ser vista como um conjunto de regras ou
procedimentos e sim um conjunto de decisões visando esclarecer os objetivos de um
sistema de recuperação da informação (FUJITA, 2012). A política adota os elementos
norteadores, para otimizar o trabalho e a racionalização dos processos. Entre os critérios,
destacam-se:
a) Adotar o termo mais utilizado pela comunidade de usuários;
b) Escolher sempre o termo mais específico para representar o assunto, evitando
termos genéricos;
c) Em caso de sinonímia o termo mais conhecido é adotado (autorizado quando
relevante em buscas na literatura especializada e na Web, por exemplo), fazendo
a remissiva para os termos equivalentes (não-autorizados);
d) Os termos equivalentes estão na mesma ordem alfabética dos cabeçalhos
autorizados, mas são identificáveis evitando seu uso pelos bibliotecários;
e) As relações hierárquicas, o padrão de uniformização e o uso de
plurais/singulares seguem as regras dos vocabulários controlados utilizados
(MAIMONE, KOBASKI, MOTA, 2016).

O objetivo principal de um serviço de indexação é assegurar que o documento


chegue ao usuário com precisão. Porém toda a política de indexação é realizada de acordo
com o contexto da instituição, o perfil da biblioteca e seu usuário. Então, deve-se considerar
para a construção dessa política as:

• Características e objetivos da instituição;


• Identificação dos usuários;
• Identificação de recursos humanos, materiais e financeiros que delimitam o
funcionamento de um sistema de recuperação de informações (MAIMONE,
KOBASKI, MOTA, 2016).

Representação Temática 31
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância

Desse modo, é possível realizar indexações mais condizentes com as necessidades


dos respectivos públicos. Neste sentido, alguns elementos também devem ser
considerados, como:
• Aspecto estratégico: para quem a política é direcionada?
• Quais os limites de sua aplicação?
• Ferramentas de indexação: quais são as linguagens e esquemas de
classificação utilizados?
• Quais são as características de cada linguagem?
• Aplicação das ferramentas: como serão utilizadas?
• Quais são os tipos de documentos indexados? (MAIMONE, KOBASKI, MOTA,
2016)

Assim, é fundamental, segundo Lopes (1985), analisar os seguintes aspectos:


• Relevância = capacidade do sistema em fornecer respostas que realmente
correspondam à questão proposta.
• Cobertura = abrangência em relação à literatura sobre um assunto.
• Revocação = capacidade do SIR de oferecer, em resposta a uma questão, todas
as referências relevantes existentes na base de dados.
• Precisão = capacidade do SIR em fornecer apenas referências relevantes,
eliminando as que não são relevantes para a questão proposta.
• Novidade = medida da proporção de referências relevantes recuperadas no SIR,
que o usuário não conhecia anteriormente.
• Esforço do usuário = dependente da precisão com que os materiais são
indexados.
• Tempo de resposta = tempo decorrido entre a pergunta e a resposta fornecida
pelo sistema.
• Produtos oferecidos = são compostos por relatórios de bases de dados, índices
impressos, resumos e as formas de saída que resultam das buscas de
informação (qualidade tipográfica, existência de resumos, referências, etc.).
• Linguagem de indexação = usada para identificar os assuntos dos documentos,
sendo que a qualidade da indexação tem reflexos diretos na recuperação de
informações e satisfação dos usuários.

Neste sentido, podem ser destacadas: as linguagens de indexação pré-


coordenadas, que combinam ou coordenam os termos no momento da indexação e as pós-

Representação Temática 32
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância

coordenadas, que combinam ou coordenam os termos no momento da busca (VALE, 1987


apud MAIMONE, KOBASKI, MOTA, 2016 ).

Para fixação do conceito, leia o texto de RUBI, Milena Polsinelli Rubi, FUJITA,
Mariângela Spotti Lopes. Elementos de política de indexação em manuais de
indexação de sistemas de informação especializados. Perspect. cienc. inf.,
Belo Horizonte, v. 8, n. 1, p.66-77, jan./jun. 2003. Disponível em:
http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/viewFile/375/19
3 Acesso em: 6 dez. 2020

LANCASTER, F. W. Indexação e resumos: teoria e prática. 2. ed. Brasília:


Briquet de Lemos/Livros, 2004. 452 p. Trad. de Antonio Agenor Briquet de
Lemos.
LOPES, E. de F. Avaliação de serviços de indexação e resumo: critérios, medidas
e metodologia. Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG, Belo
Horizonte, v. 14, n. 2, p. 242-255, set. 1985.
MAIMONE, Giovana Deliberali; KOBASHI, Nair Yumiko; MOTA, Denysson.
Indexação: teoria e métodos. In: Silva, José Fernando Modesto da ; Paletta,
Francisco Carlos (Organizadores). Tópicos para o ensino de biblioteconomia:
volume I. São Paulo: ECA-USP, 2016. 190 p. ISBN 978-85-7205-142-2

A importância da indexação para um sistema de recuperação da informação,


abrange a necessidade da utilização de softwares, que organizam os
documentos de modo automático. Deve-se sempre ter em mente que o
objetivo final é com que o usuário realmente encontre o que precisa, de forma
rápida e intuitiva.

Representação Temática 33

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