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Ficha Catalográfica
CDD: 212.1
CDU: 231.11
Neudson Freitas
Aprendiz, Pesquisador, Marido, Pai e Executivo
Almir Lopes
Empresário por Profissão e Pastor por Vocação
Caro leitor, esta obra que você tem em mãos é um presente para
nós, cristãos. O Pr. Márcio Marques é um HOMEM posicionado
em DEUS, convicto, com um coração aquebrantado, forte, sensível
e generoso, que compreendeu o chamado e a missão de discipular
homens e transformar vidas e gerações.
Sou muito grato e testemunho que, por meio do seu discipu-
lado, a minha vida, a da minha família e as de futuras gerações
foram transformadas! Entregue-se a esta leitura e a sua vida terá
um novo caminho.
Filipe Ribeiro
Cristão, marido, pai e médico veterinário
Fernando Macêdo
42 anos, casado, pai e diretor comercial da
ZM Plastic Indústria de Embalagens
O discipulado, por definição, está relacionado ao cuidado de
pessoas, ao acompanhamento, à instrução e ao relacionamento
contínuo... E o discipulado bíblico tem um significado muito maior:
é como um relacionamento entre irmãos, no qual objetivamente
alcançamos a estatura de Cristo por meio do ensino, da comunhão
e, principalmente, do testemunho.
Na minha opinião, o método do AVANCEMOS é um dos mais
eficazes para alcançarmos, em sua plenitude, os objetivos do disci-
pulado. Posso afirmar isso com muita convicção pois vivenciei na
prática, por mais de 2 anos, com o próprio autor e amigo Pastor
Márcio, bem como testemunhei a transformação milagrosa na vida
de 9 pessoas.
Para mim, que fui ateu até os 45 anos, significou muito essa
transformação na minha vida. Hoje, posso afirmar com muito orgu-
lho que sou um seguidor de Jesus, aprendo com Seus ensinamentos,
caminho conforme a Sua vontade e busco, a cada dia, me parecer
mais com Ele em minhas decisões e atitudes.
E mais que isso, estou pronto para exercer a missão que Jesus
deixou para nós: “Portanto, vão e façam discípulos de todas as
nações…” (Mateus 28:19).
Marcel Kitamura
Cristão, bem casado, pai e CEO da
empresa BBConsórcios
Para endossar um livro, basta lê-lo. Para endossar uma vida, há que
se viver o testemunho…
E é por isso que quero compartilhar a experiência de quem viu
a gestação do sonho e a prática do discipulado.
Ao ouvir, sensivelmente, a voz de Deus, Márcio permaneceu
firme no propósito do grupo, apesar da pandemia. Orando sem ces-
sar, acolheu os homens que Deus enviou e trouxe, individualmente,
uma Palavra de transformação.
No processo, com o novo posicionamento masculino, iniciamos
o Avancemos Feminino, para que toda família renovasse sua mente
e conhecesse a boa, agradável e perfeita vontade do Senhor.
Ao fim, compreendemos que o discipulado cristão, para além
de impactar vidas, alcança famílias inteiras, comunidades, a nação
que as envolve e as futuras gerações.
IDE!
Monize Marques
Juíza de Direito, mestre em Gerontologia, fundadora
do Instituto Parentalidade Prateada,
Pastora da Comunidade Sal da Terra e, o mais importante,
mãe da Carmel e do Héctor, esposa do Márcio e filha de Deus.
AGRADECIMENTOS
Ao meu lar… sem minha esposa e filhos, não haveria amor… e, sem
amor, nada seria. Sem eles, não haveria começo. Monize, Carmel
e Héctor, obrigado.
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Incomodado com esse fenômeno, comecei a buscar ferramentas
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No verão de 2019, fizemos uma viagem em família: minha
mulher, nossos dois filhos e eu; meu sogro e minha sogra; minha
cunhada, seu esposo e filho; meu cunhado e sua esposa. Eu sei que
você deve estar pensando: “Uau, que projeto audacioso… colocar
toda essa gente de férias em uma casa!!!”. Você tem razão… foi
audacioso! Aconteceu e foi um empreendimento bem-sucedido.
Ficamos em uma casa confortável, em Gramado, no Rio Grande
do Sul. Era uma casa relativamente nova, no acesso de uma coli-
na. Como a maioria das edificações daquela região, tinha muita
madeira e grama no jardim. Tinha uma varandinha envidraçada,
onde ficamos conversando até de madrugada. Na sala da casa havia
uma mesa em que nos reuníamos para as refeições. Era nessa mesa,
antes de todos acordarem, que eu orava e meditava todos os dias,
conversando com o Senhor sobre Discipulado.
Gramado deixou um saldo muito positivo. O lugar trabalha
muito bem o espírito natalino e oferece um aconchego bem pecu-
liar. Fizemos o que todo turista faz na “cidade luz”: visitamos o
Mini Mundo e fomos ao Lago Negro. Encontramos o Papai Noel,
assistimos ao show de Natal com trenós e ajudantes do bom ve-
lhinho. Fomos ao museu de carros e, claro, comemos bem e nos
embebedamos de chocolate! Depois de 10 dias juntos, voltamos
das férias com relações ainda mais profundas e muitas memórias P R E FÁ C I O A U T O R | M á r c i o A l m e i d a M a r q u e s
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esperava encontrar. Os textos me dirigiam ao homem como sa-
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correspondência exata com as suas necessidades. Entretanto, posso
te garantir que as sete virtudes apontadas e trabalhadas aqui, por
meio das estratégias compartilhadas, apresentaram resultados em-
polgantes, com testemunhos belíssimos de famílias que conheceram
um evangelho rico, vivo, alegre e impulsionador.
Depois de ter recebido do Senhor o modelo que compartilharei,
pude misturar nele muita coisa das minhas vivências profissionais.
Como é bom confiar em um Deus que se revela conforme a nossa
maturidade! Hoje consigo compreender melhor alguns desafios pro-
fissionais que vivi, sobretudo quando precisei literalmente confiar
minha vida nas mãos de alguns dos meus parceiros de profissão.
Sou Policial Rodoviário Federal com quase 20 anos de carreira.
O policial, em regra, depende de laços bem construídos com a sua
equipe para voltar vivo para casa. Eu me perguntava como foi
possível, em tantas equipes nas quais participei, ter desenvolvido
amizades como as declaradas em Provérbios, que são mais chegadas
que irmãos, mesmo diante de forte tensão e estresse. Por outro lado,
na igreja, muitas vezes lidamos com uma distância quase intrans-
ponível em relação ao coração do irmão. Era para ser um lugar de
graça e paz! Mas, ironicamente, nem sempre conseguimos perceber
a presença sincera de amizades bíblicas, que nos dão sustento nos
dias maus. P R E FÁ C I O A U T O R | M á r c i o A l m e i d a M a r q u e s
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é uma verdade bíblica! Simplesmente não existe um discípulo que
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não venha a ser um discipulador, a menos que ele não tenha com-
preendido o seu papel no Reino e a sua missão. Nas palavras de
David Platt: “Este é o grande propósito para o qual fomos criados:
desfrutar da graça de Cristo enquanto propagamos seu evangelho,
desde onde moramos até os confins da terra”.
Meu desejo é que você, quer seja ainda um discípulo ou já es-
teja na condição de discipulador, tenha a oportunidade de cumprir
aquilo que o Senhor nos comissionou: fazer discípulos de todas
as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que Cristo nos tem
mandado; com a certeza de que Ele estará conosco todos os dias,
até a consumação dos séculos (ver Mateus 28:19-20).
Excelente leitura!
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Prefácio
Pastor Paulo Borges Júnior
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O conteúdo aqui compartilhado não só vai estimular, como
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Avancemos!
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Introdução
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“‘Tudo me é permitido’, mas nem tudo convém. ‘Tudo me
I N T R O D U Ç ÃO
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Deus te construiu do
jeitinho que você é!
Então, Ele quer de
você algo exclusivo.
I N T RODU Ç ÃO
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aprendendo sobre essa natureza e aperfeiçoando, inclusive, nosso
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do crente. Aquele que serve ao Senhor com sua vida não deve se
esconder por trás de uma rotina de cacoetes, desapegando-se da
própria personalidade para assumir uma conformação de massa!
Assuma: Deus o construiu do jeitinho que você é! Então, Ele quer
de você algo exclusivo.
E Ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas,
alguns para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com o fim
de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo
de Cristo fosse edificado, até que todos alcancemos a unidade da
fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade,
atingindo a medida da plenitude de Cristo (Efésios 4:11-13).
A unidade perseguida aqui é a da fé, não a da forma. Deus
quer usar aquilo que Ele te deu, como capacidades individuais,
em favor do Reino. Ele não propôs uma pasteurização das nossas
características e virtudes. Definitivamente, não! O que Ele pede a
cada um de nós é que a nossa força, capacidade, empenho, intenção,
ação, visão, enfim, tudo esteja conectado com a missão confiada
individualmente. No entanto, qualquer que seja a sua missão, ela
passa inexoravelmente pelo discipulado, porque esse chamado é
universal e imponderável.
Então, como agir intencionalmente para discipular homens, no
contexto atual, levando-se em conta os desafios e as potencialidades
aos quais temos acesso? Por Cristo, eis UM Modelo!
I N T RODU Ç ÃO
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Breve Testemunho
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Por outro lado, minha avó materna, Ana, era um misto de
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banheiro, em Sobradinho, cidade satélite de Brasília. Por ali, ficamos
quase dez anos.
Minha mãe tinha seis irmãos homens. Por ser a única filha
mulher, recaiu sobre ela, desde muito cedo, a divisão das tarefas
domésticas com minha avó. A precocidade nas tarefas do lar talvez
tenha subtraído tempo e alegria da sua infância, mas esse era o
modelo possível naquela família. E minha mãe transferiu para nós
a ideia de ajudar nas tarefas de casa desde cedo. Para mim, pelo
menos, foi muito bom.
Meu pai era o típico pacato cidadão. Mauro Marques Júnior,
Maurinho, ou “Moquinha”, como era conhecido, tinha um coração
gigante e uma habilidade diferenciada para lidar com as pessoas e
as máquinas! Gostava de carros, estruturas e engrenagens. Com seu
espírito altruísta, era o socorro certo das horas incertas. Era o amigo
que viajava quilômetros para socorrer alguém que tinha ficado em
pane, às vezes em outra cidade, mas que só confiava no Maurinho.
Homem de coração sereno e que evitava, como pudesse, brigas e
contendas. Faleceu muito novo, aos 49 anos, de aneurisma cerebral.
Seu sepultamento foi marcado por depoimentos de admiração pela
sua personalidade agradável, agregadora e prestativa.
Enquanto morávamos naquele barraco de fundos em Sobradi-
nho, dividimos o ambiente com os nossos tios. Eles ainda moravam
por ali com meus avós, o que gerava uma complexidade desafiado-
ra. Posso dizer com segurança que a dinâmica entre eles era tudo,
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menos pacífica.
Presenciei muitas brigas, grande parte delas motivadas pelo ex-
cesso de bebida alcoólica. Também era comum ouvir que meus tios
trocavam de namoradas como se troca de roupas. Minhas irmãs e
eu presenciamos consumo de drogas, brigas – que deixaram seque-
las graves – acidentes de trânsito e algumas ocorrências policiais.
Embora, por ser criança, eu não compreendesse muito bem tudo
aquilo, o clima tenso estava sempre presente.
Minha infância foi nesse lugar. Ali recebi muito amor por parte
dos meus pais e avós, mas, ao mesmo tempo, enfrentei diversos
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desafios, especialmente pelo fato de sempre estarmos cercados por
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como periferia ou subúrbio. Ficamos longe do centro de Brasília,
longe da casa dos meus avôs maternos (Sobradinho) e longe das
influências que tínhamos quando criança. Nessa nova casa, agora
de propriedade dos meus pais, passamos a ter mais independência,
exigindo mais responsabilidade de mim e das minhas duas irmãs.
Era uma cidade nova, cheia de desafios e, infelizmente, com a vio-
lência sempre presente.
Passar a adolescência naquela cidade foi muito bom para mim.
Cheguei em Samambaia quando tinha 10 anos. Graças a Deus,
somente a Ele mesmo, os fundamentos da minha moral e personali-
dade estavam bem estabelecidos. Não fosse isso, talvez eu estivesse
escrevendo este livro de dentro de uma cela, num presídio, se isso
ainda fosse possível. Toda minha bagagem moral foi testada e in-
fluenciada pelo meio. Mas, graças a Deus, fui preservado.
Foi um tempo de muito esporte, estudos, rua, pipa, amigos de
todas as tribos e muita independência. Com 10 anos, eu pegava
ônibus sozinho para a escola, que ficava em outra cidade-satélite,
Taguatinga, distante cerca de 10km de onde morávamos. Às vezes,
passava o dia na escola para economizar passagem. Repetia o lanche
da escola e isso já servia como almoço. Até banho no colégio eu
tomava! Em outros dias, almoçava na casa dos meus avós paternos
e ficava ali algum tempo. Mas não era tão bom quanto estar no
colégio, brincando, praticando esportes ou estudando.
O tempo passou, concluí o ensino médio e consegui a grande
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fomos juntos e nos alistamos na Aeronáutica, pois, naquela época,
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Ainda como estudante de Química, fiz concurso para soldado
da Polícia Militar do Distrito Federal e obtive aprovação. Cumulei
a graduação com o curso de formação de soldados na PMDF. Não
foi nada fácil! De um lado, intensa atividade mental, com conteúdos
complexos de Química. Do outro, alto nível de exigência física e
emocional. No mesmo período, lidávamos com uma severa crise
psiquiátrica da minha mãe, diagnosticada com transtorno bipolar.
Quase tive uma estafa! Hoje, vejo que Deus agiu para que eu não
embarcasse num esgotamento.
Fiquei pouco tempo na PMDF. A estrutura militar, já conhecida
desde a Aeronáutica, mostrava suas limitações. Não permitia muita
mobilidade, especialmente porque eu havia ingressado pelo quadro
de praças. Eu não tinha expectativa de permanecer muito tempo na
instituição, pois, apesar de ter feito grandes amigos, encontrei uma
instituição com estrutura aquém do necessário para o cumprimento
de sua missão: garantir ordem pública e paz social. Dessa forma,
o serviço era desgastante e eu via, em perspectiva, que a minha
permanência poderia comprometer alguns valores pessoais.
Com menos de dois anos de instituição decidi que não perma-
neceria na PMDF. Foi quando apareceu outro concurso na área
policial. Agora, na Polícia Rodoviária Federal.
Da PRF eu não conhecia quase nada! Mas achei interessante
a estrutura horizontal (sem postos durante a carreira) o salário e a
esfera de atuação, em âmbito federal.
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virtude disso, rapidamente me destaquei em algumas ocorrências
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de Águas Claras e conversávamos sobre vida, Bíblia, Cristo e iden-
tidade cristã.
Deus nos conduziu nesse movimento durante quatro anos.
Contudo, nos dois últimos, nossa família sentia um forte desejo de
encaminhar as pessoas que se ligavam ao Evangelho (não a nós!!),
por meio do Café com Deus, a alguma comunidade de fé.
A essa altura, fomos apresentados ao Ministério Sal da Terra,
em Águas Claras. Fomos muito bem acolhidos, e embora quisés-
semos, naquele tempo, “apenas sentar no banco e respirar um
pouco”, no segundo dia de comunidade já estávamos envolvidos
com louvor e assistência. Nós realmente nos sentíamos conectados
àquela fonte de vida.
Quase cinco anos depois, com alguma relutância, Deus nos
convocou para assumir o pastoreio. Logicamente, eu não me achava
preparado. Minha esposa também não. Mas tínhamos vivido muitas
experiências com Deus e sabíamos que a submissão à Sua vontade
era a nossa única escolha. Pessoalmente, nunca havia concebido
a possibilidade de me tornar pastor. Como eu e minha mulher
tínhamos vidas profissionais muito bem definidas, achávamos di-
fícil conciliar as duas coisas. Na verdade, ainda pairava sobre nós
a divisão da vida religiosa e da vida secular. Uma herança dualista
equivocada, que hoje entendo que nos limitou por algum tempo,
no exercício do nosso ministério.
Não temos dúvidas de que a vida pastoral é integral. Não
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de um terno escuro e surrado e nem de uma Bíblia cheia de orelhas
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importante papel perante a sua família, estabelecendo a visão da
casa, buscando provisão e garantindo segurança. Acima de tudo,
levando a Palavra, na condição de Sacerdote, aos filhos e à própria
mulher. Nada parecido com o que vemos hoje.
Diante desse cenário inquietante, Deus colocou um incômodo
em meu coração a fim de que eu ajudasse os homens a compreen-
derem o seu papel bíblico, para desempenhá-lo de maneira honrosa.
E creio que a ferramenta ideal para isso seja o discipulado, uma vez
que o próprio Cristo agiu e ensinou assim.
Não tenho dúvidas de que a nossa abordagem e nossa lingua-
gem precisam acompanhar os tempos atuais. Para novos tempos,
novas fórmulas. Não conseguiremos da mesma forma que os nos-
sos antepassados fizeram. Para novos desafios e novas realidades,
precisamos renovar a nossa mente, assim como nos diz a Palavra,
figurando algo novo.
E, assim, nasceu a chama que motivou este livro.
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O Que é Discipulado Cristão
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todo o livro, o diabo que discipula seu aprendiz chama Deus de
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contrário do que muitos imaginam, o treinamento cristão não é
uma obrigação exclusiva das lideranças, mas um privilégio e um
comissionamento de todos.
Cristo deixou isso muito claro quando, logo antes de ser assunto
ao céu, deu as últimas orientações aos seus próprios discípulos. Em
Mateus 28, Ele não deixou nenhuma exigência ou anotação espe-
cial. Não foi hierárquico nem litúrgico. Exigiu apenas obediência.
Embora a mensagem seja muito clara, para o nosso desespero
não traz um “passo a passo” nem um manual de como fazer. Só
menciona uma dica muito simples, mas quase inatingível: façam
como Eu fiz.
Costumo dizer que a personalidade de Jesus é instigadora, rica e
vibrante. No entanto, algo que definitivamente podemos concordar
é que Ele foi tudo, menos previsível, linear. Jesus sempre tinha uma
forma inédita para responder a questões controversas. Paul Tour-
nier, em seu livro Culpa e Graça, é categórico
ao dizer que, quando lemos os evangelhos, Discipulado é a
precisamos ter em mente não somente as escola da obediência
palavras de Jesus, mas também a quem elas e da submissão:
foram dirigidas. É mais um exemplo da Regra obediência ao IDE de
de Ouro que Ele deixou anotada no Sermão Cristo e submissão
da Montanha (ver Mateus 7:12). Tenha em aos irmãos. C A P Í T U L O 0 2 | O Q U E É D I S C I P U L A D O C R I S TÃO
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tensidade de sua cor. Todos são ipês, mas não existe absolutamente
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fácil: arrumar a própria cama! Temos um ritual matinal o qual cha-
mo de “um – dois – três”, que envolve as seguintes tarefas: trocar
de roupas, escovar os dentes e arrumar a cama. Ele pode escolher
a ordem que quiser, desde que, ao se apresentar para o café da
manhã, tenha concluído o pack “um – dois – três”. Mesmo aos 3
anos, ele não tinha qualquer dificuldade
em compreender as instruções e executar Discípulos precisam orar
as tarefas. Tanto ele quanto Carmel, mi- juntos, para que, em
nha filha mais velha, foram incentivados Espírito, possam discernir
desde cedo a desenvolver a autonomia, a vontade do Pai.
começando pela execução de tarefas de
baixa complexidade. Portanto, esperava que executassem sozinhos
e proativamente ações como trocar de roupa, escovar os dentes e
arrumar a cama. Simples, né? Mas…
Praticamente todos os dias eu precisava lembrar para as minhas
joias, que só teriam permissão para tomar assento na mesa de café
da manhã depois de concluir o “ritual de iniciação do dia”. Quase
todos os dias, ao menos um dos dois chegava de mansinho para o
café da manhã sem ter concluído sua primeira rotina do dia, obri-
gando o papai ou a mamãe a lembrá-los dos compromissos mati-
nais. Embora fossem compromissos de baixíssima complexidade,
ainda assim eram negligenciados. Creio que não há melhor forma C A P Í T U L O 0 2 | O Q U E É D I S C I P U L A D O C R I S TÃO
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dificuldade talvez seja a insegurança e a dúvida de por onde começar
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e como desenvolver.
Temos alguns fundamentos da fé que nos ajudam a lidar com
o tema de maneira mais objetiva, portanto, segura. E o primeiro
deles é a obediência!
Jesus deixou uma clara ordenança a respeito da tarefa de fazer
discípulos. Não é um convite condicional ou uma promessa para
alguns poucos eleitos. É a confiança de que cada um pode contribuir
grandemente para a edificação do Reino. Portanto, todo cristão
encontra-se incumbido dessa comissão. Ir e fazer discípulos é uma
mensagem universal que deve ser assumida como responsabilidade
por todos os cristãos. Nas palavras de Bruce Wilkinson, “indepen-
dentemente de quais sejam nossos dons, nossa formação ou nossa
vocação, o chamado que recebemos de Deus é para realizar sua obra
na terra”. E os blocos de construção dessa obra são os discípulos.
Se entendemos que devemos agir em obediência, porque isso
é um princípio, e se temos uma ordenança da parte de Jesus, pre-
cisamos admitir que estamos vinculados ao cumprimento do Ide.
Tenho certeza de que você já ouviu muita coisa a respeito da
vocação de alguns irmãos para alcançar pessoas para Cristo, bem
como sobre a notável capacidade de outros em ganhar almas, por
meio de pregações de alto impacto. Isso é importante e são ferramen-
tas à disposição do nosso Senhor. Entretanto, o seu dia a dia pode,
ou melhor, deve ser uma grande caixa de ressonância da vontade
de Deus, desde que você comece a enxergar seus relacionamentos
como um campo fértil para o discipulado.
A intencionalidade em se relacionar como discípulo e discipula-
dor nos leva a enxergarmos os panoramas muito mais próximos ao
que a Palavra nos ensina. Essa ideia é muito bem apresentada por
Francis Chan, quando diz que “o verdadeiro discipulado implica
relacionamentos profundos. Jesus não se limitou a conduzir um
estudo bíblico semanal. Ele viveu com seus discípulos e ensinou,
tanto por meio de ações, quanto de palavras”.
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Não havendo uma pressuposta intencionalidade em trans-
formar relacionamentos triviais em verdadeiros discipulados, as
relações tomarão a forma que o
contexto social ditar. Anote isso: as É um grande privilégio
relações tomam a forma do ambien- experimentar todas as fases do
te em que se desenvolvem! discipulado com a consciência
Portanto, se você busca rela- de que todos os que vieram
cionamentos saudáveis na roda dos antes de nós, desde Jesus,
escarnecedores, sinto lhe dizer que entregaram parte de suas
sairá decepcionado. De outro lado, vidas para construir o Reino.
se você estiver perto de pessoas que
verdadeiramente espelham Cristo, quem sabe aqueles seus pecadi-
nhos de estimação começarão a não fazer mais sentido e você irá
se amoldar a um novo jeito de viver?
Certa vez, quando estava recém-casado, conheci um amigo
muito querido, pelo qual tenho apreço até hoje. Ele era um sambista
famoso na cidade e patrono de um dos eventos mais badalados
de samba na Capital Federal, que reunia gente famosa de todo o
Brasil. Cheguei a ir com ele em algumas edições; algumas vezes,
sem a minha mulher. Entretanto, percebia claramente que aquele
ambiente, da forma como havia sido concebido, não contribuía
para a solidez de um relacionamento conjugal e, mais do que C A P Í T U L O 0 2 | O Q U E É D I S C I P U L A D O C R I S TÃO
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Talvez se eu não estivesse atento, se o Espírito não soprasse
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Ir e fazer discípulos
é uma mensagem
universal que deve
ser assumida como
responsabilidade por
todos os cristãos. C A P Í T U L O 0 2 | O Q U E É D I S C I P U L A D O C R I S TÃO
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presença do Espírito Santo e, em seguida, no seio familiar, não
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Conectados os corações por meio da oração, é preciso avan-
çar mais… E esse avanço virá por meio do estudo sistemático da
palavra, com vontade de discernir, em Cristo, aquilo que Deus tem
como propósito para o indivíduo e para o corpo.
Compartilhar a Palavra é condição imprescindível. E como
absolutamente tudo na vida, só conseguimos compartilhar aquilo
que temos. Portanto, só é possível compartilhar a Palavra depois
de haver estudado, meditado e aplicado às Escrituras.
É por meio do conhecimento e da sabedoria, vindos do Senhor,
que aperfeiçoamos nossas veredas. Devemos buscar o discerni-
mento, que só pode vir das suaves lições do Espírito Santo, fiel
conselheiro e nosso ajudador.
Como cristãos, devemos ter consciência de que somos templos
do Espírito Santo. A nós foi dada a oportunidade de nos encher-
mos cada vez mais d’Ele. Como consequência, quanto mais cheios
do Espírito Santo de Deus, mais conhecedores e submissos à Sua
vontade estaremos.
A essa altura fica claro que o caminho para um discipulado
cristão começa com a consciência desse comissionamento. A cami-
nhada de um verdadeiro discípulo de Jesus é iniciada quando ele
recebe Jesus como Salvador, depois de se reconhecer como pecador
e dependente do perdão. C A P Í T U L O 0 2 | O Q U E É D I S C I P U L A D O C R I S TÃO
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um irmão mais antigo de caminhada que de forma obediente cha-
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a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E qualquer
que não levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode
ser meu discípulo. Pois qual de vós, querendo edificar uma
torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos,
para ver se tem com que a acabar? Para que não aconteça
que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo
acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele,
dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar.
Ou qual é o rei que, indo à guerra a pelejar contra outro
rei, não se assenta primeiro a tomar conselho sobre se com
dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com
vinte mil? De outra maneira, estando o outro ainda longe,
manda embaixadores, e pede condições de paz. Assim, pois,
qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não
pode ser meu discípulo. Bom é o sal; mas, se o sal degene-
rar, com que se há de salgar? Nem presta para a terra, nem
para o monturo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para
ouvir, ouça.
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com a dor dos outros. Para romper essa essência caída, precisamos
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discípulo e discipulador obedecerem ao seu chamado, destacando
que, no Reino, ora discipulamos, ora somos discipulados. É resul-
tado de muita entrega.
É um grande privilégio experimentar todas as fases do disci-
pulado com a consciência de que aqueles que vieram antes de nós,
desde Jesus, entregaram parte de suas vidas para construir o Reino.
Chegou a nossa vez de deixarmos a nossa contribuição para os que
nos sucederão. Há um custo associado ao discipulado… mas, sem
ele, não há legado.
É imprescindível que tenhamos consciência de que, uma vez
que assumimos viver guiados pela Palavra, nossas vidas passam
a ser regidas por outro sistema de valores. Nesse novo sistema, a
obediência, o amor, o perdão e o serviço ocupam papéis de destaque.
Assim, doar-se pelo outro, para ver o seu crescimento, deixa de ser
apenas um sacrifício, passando a ser o fruto natural do cristão que
compreendeu sua natureza em Cristo.
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O Que NÃO é Discipulado Cristão
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Efésios 4:11-13
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rado a partir de determinado esforço. Com esse contorno em mente,
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O discipulado
visa à perfeita
adequação ao
mandamento
de disseminar o
evangelho entre
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as nações.
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preferencialmente em uma praia pouco movimentada, com duração
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marido para cortar algum objeto e a estraga, não significa que a
navalha não deveria estar ali desde o começo. O mau uso, ou o uso
inapropriado de uma ferramenta no lugar de outra, não invalida o
propósito para o qual tal ferramenta foi criada.
Não pretendo aqui examinar os diversos tipos de ambiente de
crescimento e/ou pastoreio. Vou apenas citar alguns que recorren-
temente entram em pauta quando falo de discipulado.
Muita gente me pergunta, por exemplo, como pode se inscrever
para participar do nosso pequeno grupo. Eu geralmente respondo
com outra pergunta: qual pequeno grupo?
E não faço isso por descortesia ou coisa Romper a inércia e
do tipo, é porque, de verdade, não associo manter-se firme em
uma coisa à outra. direção ao alvo! Esse é o
Pequenos Grupos são um tipo de prêmio para quem define
ferramenta poderosa nas congregações. uma meta e tem uma
Funcionam como frações menores da ideia clara de escopo.
comunidade de fé, que se reúnem regu-
larmente para troca de experiências e ajuda mútua. Sim, eu sei que
você pensou que isso é muito parecido com o discipulado. Mas, na
C A P Í T U L O 0 3 | O Q U E N Ã O É D I S C I P U L A D O C R I S TÃO
minha visão, são coisas distintas.
Primeiramente, porque o discipulado parte de uma premissa
de tratamento individual, onde discípulo e discipulador desenvol-
vem uma fraternidade que excede os vínculos da comunidade de
fé. Forma-se um novo laço de confiança que é capaz de suportar,
inclusive, as frustrações vividas na “igreja”. A seu turno, o pequeno
grupo, bem… é um grupo!
O discipulado visa à perfeita adequação ao mandamento de dis-
seminar o evangelho entre as nações, ou seja, da forma mais ampla
possível, o que significa dizer, com toda certeza, que você pode ter
como missão discipular alguém que NÃO faça parte da sua comu-
nidade de fé e que, portanto, jamais estaria em um pequeno grupo.
Outra confusão bastante comum é com a formação de lideran-
ças. Embora o discipulado também tenha entre suas finalidades a
formação de lideranças, ele NÃO é uma escola de líderes. Não se
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trata de um tempo de instrução unidirecional voltada para entre-
AVA N C E M O S
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horizonte. Conforme disse Laurie Jones, devemos manter o plano
que intuímos vagamente, mas que só Deus pode ver com clareza!
C A P Í T U L O 0 3 | O Q U E N Ã O É D I S C I P U L A D O C R I S TÃO
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04
O Modelo!
de mundo.
Concluí que a despeito das grandiosas contribuições que todo
esse material historicamente tem deixado, estamos num tempo de
grande fluxo de comunicação e inúmeras distrações. Os materiais
de outrora, que partiam de um padrão de autoridade incontestável
dos pastores e pregadores, não são mais tão reais quanto antes.
O desafio de discipular homens, sobretudo fora das igrejas, precisa
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ser compatibilizado com as carências e necessidades desse tempo.
Hoje, o discipulado precisa acontecer notadamente fora do templo,
onde a vida acontece “de verdade” e os valores cristãos são, de fato,
colocados à prova.
Meditando sobre isso, Deus me presenteou com uma visão que
aborda os múltiplos papéis que estão sob a responsabilidade de um
homem: serviço, negócios, saúde, caridade, comunhão, família e
sacerdócio.
Provavelmente você deve ter achado estranha a ordem em que
apresentei as virtudes acima. Realmente, elas não foram elencadas
em grau de prioridade! Se fosse, não tenho dúvidas de que, em
primeiro lugar, estaria o sacerdócio; em segundo, a família, sendo
acompanhada de caridade, comunhão etc. Entretanto, a ordem foi
apresentada conforme a visão que o Senhor me presenteou, mar-
cando os dias da semana: de segunda a domingo.
Conforme assinala o Bispo JB Carvalho, em seu best-seller
Metanoia, Deus fala NOS sonhos quando estamos dormindo e
EM sonhos enquanto acordados. E, acordado, o Espírito Santo do
Senhor soprou-me a visão que compartilho.
Inicialmente, eu havia pensado em um regime de oito encontros,
assim distribuídos:
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não avança nas suas competências se não tiver condições de estudar
AVA N C E M O S
sozinho a Palavra.
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homens inertes, que abandonaram a vocação que Deus lhes deu para
construir a realidade com as próprias mãos. Tais homens relegam o
treino físico sob o pretexto de serem intelectuais demais para isso
ou serem muito espiritualizados para gastarem tempo com esporte.
A esse respeito, gostaria de lembrar o exemplo de um dos nossos
irmãos mais velhos, Pedro. Cefas era pescador, portanto, um traba-
lhador braçal. Um homem que manteve a sua capacidade física e o
seu vigor, a despeito de sua caminhada junto ao Mestre. Os relatos
bíblicos nos mostram que era um personagem aprestado, com boa
capacidade física e reflexos apurados. Era um homem maduro, mas
muito disposto, o que nos leva a concluir que ele não negligenciava
sua condição física.
Também me recordo do Apóstolo Paulo, cuja tenacidade de
corpo e espírito foram determinantes para o cumprimento da sua
missão, que alicerça muito da nossa fé. Paulo superou desafios fí-
sicos comparáveis aos de atletas de alto nível: nadou para se salvar
de um naufrágio, caminhou distâncias brutais com pouca provisão,
suportou castigos físicos sem arquear sua moral e permaneceu lú-
cido e vigoroso até o fim dos seus dias.
Com esses dois exemplos, mostro o quanto é importante
para um homem manter a sua saúde e a sua preparação física em
dia, estando apto a cumprir as atividades que o papel lhe exige e a
defender as suas posições.
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aqueles que já foram impactados pelo Evangelho: eu quero abençoar
AVA N C E M O S
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da solidão, alimentado pela vaidade, subjugado pelo inimigo das
nossas almas: o diabo.
Imagino que existam homens e mulheres que conseguem viver
em algum nível de felicidade nesse modelo, mas tenho certa dificul-
dade para enxergar como essa opção possa atingir mais pessoas na
anunciação do Evangelho, distribuindo a boa nova especialmente
nos locais onde as pessoas em que ali estão precisam ouvir.
Mesmo sabendo da discordância de alguns leitores, entendo que
esse encontro deve acontecer em um local público, como um café,
pub ou restaurante, onde os irmãos irão se confraternizar à luz da
Palavra, levando ao pé da letra a alegria do salmista:
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sempre com a mesma configuração. Portanto, todo projeto do
AVA N C E M O S
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que ela não é imprescindível para a assimilação do conteúdo deste
livro. Todo homem e toda mulher iniciados na fé têm uma ideia
muito clara do que é a família idealizada na eternidade e entregue
a nós como modelo, cuja estrutura nos é apresentada em Gênesis
e a sua funcionalidade descrita detalhadamente no livro de Efésios
(ver Efésios 5 e 6).
75
Ocorre, todavia, que isso vai depender do nível de maturidade
AVA N C E M O S
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paz e bonança. Quem vende essa ideia age covardemente, e quem a
compra o faz irracionalmente. Tudo na nossa existência obedece a
um processo, e a nossa caminhada de fé está incluída nisso! Aceitar
a Jesus como único Senhor e Salvador, declarar isso publicamente
por meio do batismo e viver em comunhão com os irmãos é o pavi-
mento. Todos os demais degraus dependem da santificação diária,
buscada no conselho e consolo do Espírito Santo. Dessa maneira,
o modelo apresentado nos ajuda a compreender a caminhada cristã
como uma decisão renovada constantemente, dia após dia.
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Discipular é pregar o evangelho com a própria vida! E, a menos
AVA N C E M O S
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O desafio de
discipular homens,
sobretudo fora das
igrejas, precisa ser
compatibilizado
com as carências
e necessidades do
nosso tempo. C A P Í T U LO 0 4 | O M O D E LO !
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Domingo também é o dia reservado ao serviço à comunidade
AVA N C E M O S
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mesmo tempo, prático. Escolheu entregar um modelo que mostra
claramente o valor de todas as coisas que Ele deixou nas mãos dos
homens: sacerdócio, liderança, caridade, fraternidade, serviço e
governo.
Quanto à aplicação, a despeito das particularidades do grupo de
discípulos ou do líder que se dispôs a discipular, não tenho dúvidas
de que esse material poderá ajudá-los no cumprimento do Ide, e que
isso repercutirá em homens posicionados adequadamente na família
e na sociedade. O modelo em questão propõe estímulos sobre sete
áreas decisivas na vida do cristão, tratadas aqui como virtudes.
O vínculo aos dias da semana me fez escolher sete dentre mui-
tas variáveis na vida de um homem. Não é um número fechado e
nem encerra tudo o que o cristão pode absorver ao longo da sua
caminhada. Se você, como líder, entender que pode modificar esse
modelo, incluindo virtudes em substituição às que foram apresen-
tadas, você tem toda liberdade. No entanto, tenha em mente que
esse exercício deve ser precedido de uma conversa franca com o
Espírito Santo, o verdadeiro e fiel conselheiro, que lhe dirá o que é
importante para a comunidade que você lidera ou faz parte.
Essa possível adaptação do modelo só vai ficar mais clara a
partir da seleção dos homens que serão discipulados. Depois de
formado o grupo, o responsável deve permanecer atento para que
possa discernir qual (ou quais) virtudes precisam ser trabalhadas por
mais tempo, ou ainda, se existe alguma adaptação necessária. Se no
curso do discipulado você perceber que precisa de mais encontros
para cada tema, vá em frente! Você pode chegar à conclusão de que
C A P Í T U LO 0 4 | O M O D E LO !
81
permanente da vida: o que não está crescendo ou se desenvolvendo,
AVA N C E M O S
está morrendo.
Por outro lado, devemos afastar os fantasmas da procrastinação
e da acomodação. Você perceberá, em determinado momento, que
os relacionamentos estarão estáveis, o convívio entre os irmãos será
amistoso, as reuniões serão divertidas e as conversas estarão ame-
nas. Aquele ímpeto inicial dará lugar a conversas mais econômicas,
justamente porque, pelo fato de já conhecermos bem as feridas uns
dos outros, evitaremos tocar nelas, para que não tenhamos as nos-
sas tocadas também. Definitivamente esse é o ponto em que você,
enquanto líder, precisará “cortar a corda”.
A expressão “cortar a corda” é muito comum entre desportistas
e operadores especiais. Resumidamente, significa que em situações
extremas, onde o peso demasiado ou o desequilíbrio causado por
uma carga extra coloca em toda a estrutura e, por consequência,
a vida de quem está a bordo. Nessas situações extremas, o líder
precisa fazer escolhas cruciais, aliviando a carga excedente ou
descompensada, que pode até mesmo ser um membro da equipe,
a fim de que o conjunto remanescente permaneça em segurança.
O brilhante filme dirigido por Martin Campbell, Limite
Vertical, escrito por Robert King, estrelado por Chris O’Donnell,
Bill Paxton, Robin Tunney e Scott Glenn, lançado em 2000, ilustra
esse drama. Filmado em locações estonteantes, o filme mostra a saga
de uma família de alpinistas que tentam conquistar o Monte K2,
conhecido e temido por eles. Logo no início, o herói Peter Garrett,
representado por O”Donnell, precisa fazer essa escolha dramática:
preservar duas vidas (a sua e a de sua irmã) ou arriscar o peso da
corda com três vidas em perigo (a dele, a da irmã e a do pai, que
está por último na corda, e talvez o peso faça todos serem lançados
abaixo). Numa decisão absolutamente difícil, ele opta por preservar
a sua vida e a da sua irmã, sendo apoiado pelo pai, que exigia que
ele cortasse a corda. Essa opção permitiria que ambos retornassem
vivos, o que de fato aconteceu. Mas as consequências rompem o
equilíbrio familiar, fazendo-o se afastar da família e do esporte.
82
Ao longo do filme, ele é obrigado a voltar e cumprir mais uma
missão: sua irmã fica presa no Monte K2, com uma equipe, a 8 mil
metros de altitude e com temperaturas baixíssimas. Ali há poucas
chances de vida. Para salvá-los, Peter lidera uma missão de resgate
bem-sucedida, superando a tragédia que o havia afastado de sua
irmã e do esporte. Filme maravilhoso, que ilustra bem o sentido de
“cortar a corda”.
A seguir, comentarei sobre o esforço necessário para manter a
liga, mas é necessário ter consciência de que nem sempre isso será
possível, e que teremos recursos para cortar a corda, quando a
situação exigir.
Um dos principais fatores que levam ao desligamento de mem-
bros de uma equipe é a falta de engajamento. Segundo William
e Jeffrey Dyer, um líder precisa reconhecer claramente o grau de
entrega e a motivação dos integrantes de uma equipe, pois o senti-
mento com que os componentes permanecem numa equipe define
a dimensão dos resultados que ela irá apresentar. É um fato: times
sempre contarão com algumas pessoas mais motivadas e outras com
baixo engajamento, que podem interferir no ânimo das demais. Em
respeito a toda a equipe, o líder precisa identificar a pessoa com
indisposição e afastá-la.
Falarei um pouco sobre como selecionar os homens que farão
parte do seu grupo de discipulado e o tipo de vínculo criado entre
todos. Naturalmente, parto da premissa de que essa escolha é um
comissionamento vindo do céu, mas, de maneira prática, passa pelas
nossas mãos. Por esse motivo precisamos nos manter conscientes
C A P Í T U LO 0 4 | O M O D E LO !
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05
Seleção
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nomizar o tempo e evitar o desgaste próprio das relações, quanto
AVA N C E M O S
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Por isso eu acreditava que não teria condições de discipular mais
do que seis irmãos de uma só vez, na intensidade que o Espírito
havia me revelado.
Selecionados os irmãos, percebi logo nos primeiros encontros
que nem todos estavam na mesma frequência. E daí veio uma li-
ção importante: é necessário respeitar o tempo das pessoas! Não
adianta entregar algo a alguém fora do tempo. É prejudicial para
quem recebe, para quem entrega e para quem assiste! É como a
declaração de Malcolm Gladwell, no clássico O ponto da virada,
quando ele conversava com Mark Alpert, e este diz: “Procuro ser um
expert bem passivo… é preciso lembrar que a decisão é das pessoas.
A vida é delas!”. Embora bem óbvio, às vezes perdemos de vista
essa obviedade! Não somos o Deus da vida de ninguém. A vida é
delas e a decisão de fazer parte, ativamente, de um discipulado, é
delas! Mas a decisão de manter o grupo, é do líder.
Flávio Augusto Silva, líder do movimento Geração de Valor,
exemplifica de maneira semelhante, utilizando o Governo como
estrutura macro na qual todos estamos ligados. O Governo pode
até estabelecer políticas de incentivo ao crescimento dos cidadãos,
mas isso só surtirá efeito se cada pessoa (homem e mulher) se
comprometer com a sua própria jornada, e, por meio da própria
iniciativa, trabalho duro e compromisso, mudarão a sua realida-
de. Flávio enfatiza que o pior governo que pode existir é o que
discursa, persuasivamente, subestimando a inteligência e a capaci-
dade de discernimento da população. Governos que sequestram o
protagonismo dos seus governados e se vangloriam do pouco que
entregam, garantem a sua autoridade por meio da manipulação e
C A P Í T U LO 0 5 | S E L EÇ ÃO
da entrega de migalhas.
O clássico Mananciais no Deserto, de Lettie Cowman, traz
uma curta e esclarecedora história a respeito desse alinhamento de
frequências, descrita no devocional do dia 17 de agosto. Ali, o autor
conta que estava embarcado em um navio e, quando a embarcação
se aproximava do porto, o capitão relatou uma história incrível:
ele havia estado lá, naquele mesmo porto, há menos de um mês
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e o seu passageiro era Sir George Miller. Miller era professor de
AVA N C E M O S
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Não somos o Deus
da vida de qualquer
pessoa. A vida é
delas e a decisão
de fazer parte,
ativamente, de um
discipulado, é delas! C A P Í T U LO 0 5 | S E L EÇ ÃO
89
que havia estabelecido inicialmente, mas achei que era inevitável,
AVA N C E M O S
mesmo porque aquilo não estava no meu controle, mas, sim, nas
mãos do Senhor.
De maneira obediente, permaneci conectado a esses homens
buscando estratégias para criar um ambiente de compromisso e
confiança, o qual favorecesse a exposição da vida de Cristo, de
maneira prática, influenciando nas ações do dia a dia de cada um.
Importa dizer que, ao final da fase de seleção, nem todos os
homens eram da nossa comunidade de fé. Isso nunca foi uma bar-
reira para mim. Creio que, em algumas denominações, o fato de
não pertencer ao rol de membros pode representar uma barreira,
mas, para mim, era de alguma forma desejado. Gosto de desafios
e da multiplicidade de opiniões, por isso via a inclusão de homens
que não fossem da nossa comunidade de fé como algo benéfico,
não como um risco ou ameaça. Na verdade, foi e tem sido uma
maravilhosa porta para o intercâmbio de influências.
Então, guarde outra dica importante: para haver crescimento, é
preciso ter diversidade. Grupos homogêneos estagnam rapidamente.
Por outro lado, grupos diversos demais não alcançam estabilidade.
É necessário um equilíbrio dinâmico, ou seja, um equilíbrio que só
se alcança em movimento.
Existe uma equação que é própria do grupo de homens que você
vai liderar ou compor. Nessa equação, deve ser possível coexistirem
opiniões distintas sobre os mais diversos temas. As opiniões seguem
o olhar de cada indivíduo, porque reproduzem a perspectiva de
vida de cada um. Podemos ter opiniões diferentes sobre os fatos da
vida, mas não podemos interpretá-los sob fundamentos distintos.
Os nossos fundamentos precisam ser os mesmos, porque o que nos
une é transcendente e não está sujeito à nossa subordinação. E como
estamos tratando de discipulado cristão, os fundamentos estão na
Bíblia e são aqueles ensinados por Jesus Cristo.
Nesse sentido, valho-me dos ensinamentos do Pr. Paulo Borges
Júnior, irmão de caminhada, que lidera nosso ministério, enfati-
zando a possibilidade de estarmos juntos mesmo quando houver
90
constrangimento. Para ele, o que impede a comunhão não é o cons-
trangimento, mas sim o comprometimento. Logo, se só constrange,
segue. Se compromete, é a hora de cortar a corda.
Ao lado da intencionalidade na seleção, a consistência no
propósito contribuiu muito para a colheita que vivemos. Qualquer
projeto, interesse, decisão ou empreendimento humano é tão gran-
de quanto a consistência e firmeza de propósito de quem o lidera.
Pensando nisso, estabeleci um dia e horário que não seria fácil
de cumprir: domingo às 7h00. Fiz as contas e entendi que nesse
horário as intervenções seriam menores e quem se dispusesse a
levantar tão cedo no domingo para participar das reuniões estaria,
de fato, demonstrando seu engajamento. E assim, por dois anos,
nos reunimos absolutamente todos os domingos. É bem verdade
que no começo foi mais difícil. Eu soltava o link para a participação
virtual por volta de 6h30 e ficava com a sala aberta, aguardando as
solicitações de ingresso. Em alguns domingos, apareceu apenas um
ou dois discípulos. Mas o fato dos demais saberem que o encontro
havia acontecido, a despeito da sua ausência, os deixava interessa-
dos em participar do próximo encontro.
O que era uma adesão por conveniência – tudo bem, posso até
participar, desde que não atrapalhe qualquer outro plano! – passou
a ser uma agenda fechada. Começávamos a semana sabendo que
aos domingos, às 7h00 da manhã, haveria uma mesa preparada.
Isso fez toda a diferença! Conforme os homens percebiam o
meu compromisso e o daqueles que eram mais assíduos, eles se mo-
tivavam a participar. Todas as vezes que encerrávamos o encontro
virtual, eu fazia algum comentário positivo do que havia acontecido,
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06
Estratégias
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ser feito, em atenção ao cliente. Contudo, fazem de qualquer jeito,
AVA N C E M O S
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Estratégias:
Penso que todo encontro deve ser iniciado por uma oração
segura e sincera, à espera de que o Espírito Santo guie o grupo
durante todo o tempo. Devemos considerar que o inimigo não fica
nada contente de ver homens se reunindo por um propósito nobre
de crescimento. É o que nos adverte Bruce Wilkinson, no livreto
A Oração de Jabez: “À medida que penetramos mais fundo no reino
do miraculoso, aprendemos que a guerra mais eficiente contra o
pecado é orar para que não tenhamos que lutar contra tentações
desnecessárias”.
A oração é parte fundamental do ciclo, pois garante que todos
se mantenham conscientes no sentido de que o discipulado é uma
busca por espelhar Cristo. E isso só é possível com o conselho do
Espírito.
Sempre busco dirigir minhas reuniões com um propósito pre-
viamente estabelecido, o que exige organização e meditação sobre
o que devo entregar. Mas, após iniciar a reunião com a oração de
entrega, deixo tudo sob o controle do Espírito Santo. Algumas
dessas reuniões simplesmente tomam caminhos totalmente ines-
C A P Í T U L O 0 6 | E S T R AT É G I A S
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iniciarmos o encontro, abrimos uma janela espiritual, através da
AVA N C E M O S
96
Aquele que se propõe a cumprir o Ide precisa ter clareza da
missão e onde ela deve ser desempenhada. Um discipulado eficaz
começa com a compreensão de que o objetivo de todo homem é
espelhar Cristo. Parafraseando Dale Carnegie Bronner: mentorear
requer ser antes de fazer, pois não temos interesse em praticar aquilo
em que não nos tornamos. Para discipular é necessário, antes, ser
um discípulo de Cristo. Só então nasce o desejo de fazer discípulos
com esse mesmo propósito.
Reflita sobre isso: discipulado não é uma agenda legal, com
caras legais. É uma associação de irmãos que se reconhecem em
Cristo, com propósito de crescimento, mediante a Palavra, buscando
transmitir as virtudes reveladas no
Salvador. Esse é o ponto central! E é A oração é parte fundamental
imprescindível que discípulo e disci- do ciclo, pois garante que todos
pulador mantenham-se ligados a ele. se mantenham conscientes no
Daniel Shapiro e Roger Fisher sentido de que o discipulado é
falam do poder da associação no uma busca por espelhar Cristo.
manual de resolução de conflitos
Além da razão. Os autores destacam que, ao somarmos nossa inteli-
gência e nossa percepção, construímos possibilidades mais concretas
de gerar resultados mutuamente satisfatórios. A associação nos leva
a relativizarmos nossos espaços emocionais, dando oportunidade
para que eles sejam cada vez mais próximos um do outro. É esse
fenômeno, o entrelaçamento dos espaços emocionais, que garante
a coesão de uma associação. Mas essa construção só é possível
quando as intenções estão postas e são compartilhadas pelas pessoas
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devastadores são decorrentes de comunicações falhas, sinuosas,
AVA N C E M O S
98
sucesso do técnico, conhecido pelo seu incrível desempenho à frente
do Manchester United, foi pautada sobretudo na humildade e na
disciplina. O técnico compartilha que colocava a disciplina acima
de todo o resto, porque, em suas palavras: “Quando se dispensa
a disciplina, abre-se mão também do sucesso e a anarquia ganha
espaço”.
Crie o hábito dos seus encontros e, no futuro, isso definirá o
ponto de inflexão da agenda dos envolvidos.
4. Sempre em frente!
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Quando digo “algo novo”, estou me referindo a um versículo
AVA N C E M O S
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Conheço poucos homens de fé com substância suficiente para
caminhar exclusivamente pelo sopro do Espírito. Homens que de
tão preparados para a caminhada, estão prontos a qualquer tempo.
Na verdade, os homens que conheço e estão nesse nível passaram
por um longo processo de amadurecimento e intimidade com o
Senhor, a ponto de, realmente, andarem na presença do Espírito.
Para eles, qualquer encontro é pauta para debates profundos à luz
da Palavra. Esses homens, nos quais são patentes as virtudes e a
profundidade na Palavra, podem assumir a postura “descolada” de
“deixar fluir”. Creio que para os demais, entre os quais me incluo,
o caminho é cimentado pelo compromisso, pela disciplina e pelo
respeito ao tempo do outro, reservando tempo para um preparo
adequado e prévio às reuniões, de forma intencional em favor dos
objetivos do discipulado.
5. Todos iguais
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A Regra de Ouro pode ser encontrada na Bíblia, de maneira
AVA N C E M O S
102
mos sair um pouco da visão exclusiva de mundo que construímos
para buscar atingir, pelo menos em parte, a visão do outro, dando
oportunidade para construirmos as pontes que nos ligarão.
Assim como não há um indivíduo igual ao outro, não existe
discípulo mais importante do que outro. Cada um deve ser tratado
segundo a sua particularidade.
Essa estratégia é sensível porque pode ser facilmente mal inter-
pretada. Todavia, para acalmar nossos corações, ficamos seguros
quando vemos Cristo tratando desigualmente pessoas desiguais. Ele
não tratou um publicano e um fariseu da mesma forma. Não tratou
sequer os discípulos da mesma forma! A uns, confiava a estabilidade
do grupo. A outros, a sua intimidade.
O verdadeiro interesse no discipulado é o engajamento que
gera maturidade espiritual. Condições socioeconômica, intelec-
tual, moral ou, até mesmo, espiritual não subordinam a relação de
discipulado. Aqui, a caminhada acontece
ombro a ombro. Com isso quero dizer que O discípulo que se torna
a horizontalidade das relações, mesmo discipulador é como
com o líder, deve ter primazia. Todos os uma bússola, orientando
membros que permanecerem num grupo um ambiente por meio
de discipulado são relevantes! Se conside- de conselho. Ele não é
rarmos o discipulado como uma equação uma matriz. Cristo o é!
matemática, todos somam uma unidade.
Só assim o todo, que é resultado da soma das partes, será maior do
que a soma das partes individualizadas.
Eis aqui uma advertência importante: se você, na condição de lí-
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6. Elimine os ruídos
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aniquilam
Distrações
propósitos.
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gestas. Entretanto, se somos copiadores de Cristo, não devemos ter
AVA N C E M O S
7. Mergulhe na intimidade
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Entretanto, retomando o que foi defendido por Brown e JB, isso
só acontece num espaço de vulnerabilidade. Quando estamos vulne-
ráveis, nascem o amor, a aceitação, a alegria, a coragem, a empatia
e a criatividade, a confiança e a autenticidade, arremata Brown.
No outro lado da mesa estão as mulheres. Até com certa admi
ração, vejo como os grupos de mulheres avançam em intimidade
de forma notável. A natureza feminina, mais doce e acolhedora, é
menos cheia de restrições, tornando mais natural compartilhar a
intimidade umas com as outras. E, na minha opinião, elas levam
uma enorme vantagem nesse sentido. Comunidades femininas são
mais ativas e produtivas porque se aliançam de modo mais fácil e
profundo.
Creio que a difícil operação de alcançar a intimidade dos ho-
mens tenha a ver com o orgulho que meticulosamente esculpimos
enquanto crescemos. Ser vulnerável não combina com o estereótipo
de homem que aprendemos. Imagine, por exemplo, um homem
confessar que se sente fragilizado,
que está sofrendo por uma questão Em um ambiente de conselho
emocional ou que simplesmente está não existe primazia de visão.
com sua estima em baixa por causa Tudo é discernido em Espírito.
de sua forma física. Os homens não
lidam bem com essa relativização da sua suposta força indestrutível.
C. S. Lewis, no seu catecismo Cristianismo Puro e Simples,
adverte seriamente que o orgulho é o pecado capital. Segundo
Lewis, é o orgulho que leva o ser humano aos demais estágios de
degradação moral: cobiça, castidade, raiva, avareza, bebedeira e
C A P Í T U L O 0 6 | E S T R AT É G I A S
qualquer outro estado da mente que seja contrário a Deus. Ele fecha
o raciocínio dizendo que foi por causa do orgulho que o diabo se
tornou o diabo!
A intimidade expõe questões que o orgulho tenta esconder. Ela
deve ser considerada como a disposição de se expor no ambiente de
luz, de não guardar lixos em quartos escuros, que só quem esconde,
visita. Intimidade é reconhecer-se frágil diante de sua contraparte.
É estar vulnerável a tal ponto que só reste a confiança entre as
107
partes. É ter a certeza de que uma confissão jamais será utilizada
AVA N C E M O S
8. Evidencie
108
a liderança e contribuir com o crescimento de todos. Esse exercício
promoverá o apetite ao risco de liderar.
Antes de Jesus se revelar como Cristo, Ele esteve com João Ba-
tista e o reverenciou. Mesmo sabendo da sua condição divina, Jesus
deu a João o grande privilégio de batizá-Lo, assim como fazia com
qualquer seguidor que ouvia a sua pregação sobre arrependimento.
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Complementarmente à evidenciação, deixar-se em segundo
AVA N C E M O S
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Assuntos triviais na nossa vida podem ser grandes crises na
vida do outro. É por isso que precisamos conhecer as pessoas com
as quais lidamos, especialmente quando desejamos construir rela-
cionamentos profundos e longevos, permanecendo atentos às suas
particularidades, visto que somente assim saberemos ser recíprocos
naquilo que elas valorizam.
Há alguns anos tenho ouvido falar da Regra de Platina e, sin-
ceramente, não consegui concluir quem a cunhou, para ser justo
intelectualmente. A Regra de Platina é um aperfeiçoamento da
Regra de Ouro e propõe que devemos tratar os outros como eles
gostariam de ser tratados, e não como gostaríamos de ser tratados.
Acredito que essa regra se encaixa perfeitamente com a estratégia
da reciprocidade. Na nossa vivência e interpretação, reciprocidade
é estar atento à necessidade do outro, dando tratamento adequado
às suas expectativas. Um pouco diferente de tratar as pessoas como
gostaríamos de ser tratados.
111
sendo tratado é inegociável quando estamos em um ambiente de
AVA N C E M O S
conselho e discipulado.
Homens com grandes legados fizeram muito aliançados a
outros homens e respaldados por sigilo. O próprio Cristo nos deu
lições de que determinados assuntos devem ser tratados em sepa-
rado, dando prova de que o forte vínculo nos dá a liberdade de
compartilhar nossos dramas em um círculo de confiança e sigilo.
No discipulado, o sigilo entre os homens não pode ser interpre-
tado como uma permissão para assuntos que não convêm. É uma
ferramenta de proteção, não de degeneração, e deve colaborar para
o nosso crescimento e amadurecimento. Esse é o propósito.
112
A construção da visão passa pela vida de todos, o que torna
impossível “aprovar com ressalvas” algum assunto. Simplesmente
não avançamos enquanto não houver a concordância de todos os
corações à mesa. TODAS as discussões são exaustivas a caminho
do consenso.
Em ambiente de conselho, somos trabalhados na evangelização
das nossas posições. Se Deus colocou algo no seu coração que você
precisa transferir para os demais, prepare a sua pregação! Faça-os
enxergar pelas suas lentes e esforce-se para ler
a realidade com as lentes dos demais conse- Se Deus colocou
lheiros. Esse é um ponto de muita maturidade. algo no seu coração
Vida em conselho é virtude e a Bíblia é que você precisa
profusa nesse assunto. Dentre os muitos ver- transferir para
sículos que retratam o poder da unidade, da os demais, prepare
vida em conselho, da comunhão e da visão a sua pregação!
compartilhada, trago o que é dito em Provér-
bios 19:20-21: “Ouve o conselho e recebe a instrução, para que
sejas sábio nos teus dias por vir. Muitos propósitos há no coração
do homem, mas o desígnio do SENHOR permanecerá”.
Sem sombra de dúvidas, nos últimos anos, esse foi o melhor
campo de preparação para as minhas convicções. Comparo isso a um
casamento, em que precisamos ser um com todas as visões. É muito
rico e posso testemunhar que vida em conselho tempera o nosso ser.
Viver em conselho é um grande desafio, mas asseguro que é um
aditivo poderoso para o desenvolvimento de relações. A trindade
é conselho. Deus escolheu a relação para ser visto e reconhecido.
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113
Uns mais agitados e outros mais meditativos. Uns mais emo-
AVA N C E M O S
114
de um projeto. Embora com menor clareza, também conseguimos
descrever COMO estamos fazendo o que estamos fazendo. Mas o
grande segredo é discernirmos o PORQUÊ de fazermos tais coisas.
Os grandes líderes mostram a visão e o caminho, mas os líderes
extraordinários mostram o motivo pelo qual devemos caminhar.
Grupos sempre terão a pegada dos seus líderes. Porém, se inten-
cionalmente adicionarmos o desafio do intercâmbio de lideranças,
construiremos grupos mais dinâmicos, de maior espectro e mais
versátil. E esse é só o ganho primário!
Em segundo plano, o intercâmbio de liderança ensina outra
lição preciosa: para comandar, é preciso saber obedecer. Foi Sólon
(638-558 a.C.), um pensador grego, quem ensinou: “Aprenda a
obedecer antes de comandar”.
O intercâmbio de liderança gera É indispensável que
maior engajamento, uma vez que os o seu testemunho lhe faça
membros, ao experimentarem o desa- refletir sobre o que Deus fez
fio de liderar, assumem todas as fun- e tem feito em sua vida.
ções de um líder: preparar as reuniões,
estabelecer conexões, escolher um tema, conduzir as discussões etc.
Com isso, aprendem como é difícil estar à frente e passam a interagir
com maior respeito em relação à posição de liderança.
Grupos mais adaptáveis e polivalentes, e indivíduos mais cons-
cientes e aptos a liderar, são dois poderosos resultados do intercâm-
bio de liderança.
Um efeito adicional altamente positivo desse intercâmbio de
liderança é a experiência da hierarquia. Conheço muitas pessoas
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115
portanto, essa ideia de planificar os relacionamentos pode nos levar
AVA N C E M O S
14. Autorresponsabilização
116
Tenho lidado com muitos homens imaturos. Na minha opinião,
o traço mais evidente da imaturidade é a falta de capacidade de se
responsabilizar por algum assunto. Se o fundamento do discipulado
é fazer discípulos que fazem discípulos, esse raciocínio precisa estar
ativo desde os primeiros encontros. O processo é contínuo no senti-
do de transformar infantes em homens, e não em crianças grandes.
Dê responsabilidade e cobre resultados. É assim que crescemos
em absolutamente tudo, e na fé não é diferente.
117
1. Quando a vergonha se torna um estilo de gerenciamento,
AVA N C E M O S
118
g. O nde busco paz de espírito e felicidade?
h. De quais maneiras minhas necessidades não são/eram
satisfeitas?
i. Quais os meus principais dilemas (emocionais, espirituais,
como homem)?
j. Q ual a minha principal fragilidade?
k. Q ual a minha principal fortaleza?
l. O nde quero chegar?
119
07
VIRTUDES
121
virtudes, as quais, somadas, têm alto potencial de aperfeiçoamento
AVA N C E M O S
122
A virtude é uma
decisão de seguir
determinados
caminhos, que
levam o homem a
praticar o bem, de
maneira intencional
e voluntária.
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VIRTUDE 01
ESTUDO BÍBLICO
125
A Bíblia não é um guia Divino, nem uma mina de proposi-
AVA N C E M O S
126
seja, em um único aplicativo, você consegue superar barreiras que
apenas uma década atrás eram bem mais difíceis de transpor.
Outra ferramenta poderosa a qual tive acesso e recomendo
muito é o curso de Competências para Interpretação da Bíblia –
CIB, oferecido pela Aliança Cristã Missionária. É um modelo de
aprofundamento no estudo bíblico bastante objetivo, que pode mu-
niciar rapidamente o cristão. Com aproximadamente 12 encontros,
o estudante aprende ferramentas para ler e compreender a Bíblia
de maneira autônoma.
Mais uma excelente ferramenta é o Olive Tree, um aplicativo
que integra programas como Bíblias de Estudo, traduções interli-
neares, planos de estudo etc. A interface é bastante amigável e você
acaba desenvolvendo um bom hábito, por meio do auxílio dessa
aplicação.
É importante mencionar que A Bíblia é a vontade do Pai
essas indicações partem da minha declarada entre muitas
preferência pessoal. São essas as gerações. É um manual de vida,
principais ferramentas que uso para escrito pela mão de homens,
aprimorar a mencionada virtude. mas inspirado pelo Senhor.
Entretanto, não há qualquer impe-
dimento para que você utilize as ferramentas que sua denominação
oferece ou mesmo metodologias que você desenvolveu, desde que
levem o grupo ao domínio e fluência sobre as Escrituras.
Ler, interpretar e estudar a Bíblia deve ser um compromisso
contínuo. Não há um momento na nossa trajetória de fé em que
podemos nos sentir plenamente conhecedores da Palavra, pois ela
se renova e exige de nós uma compreensão renovada. Por esse mo-
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127
Perceba que como é a primeira virtude proposta e é comum os
AVA N C E M O S
128
Ler, interpretar e estudar
a Bíblia deve ser um
compromisso contínuo.
AVA N C E M O S
VIRTUDE 02
O CRISTÃO
EXECUTIVO
131
a essa crença, ao longo dos séculos, a igreja ensinou ao homem a
AVA N C E M O S
132
de auxílio a reclusos, além de envolver amor e caridade, dependem
inexoravelmente de recursos.
Existem lideranças cristãs no Brasil que já operam nessa fre-
quência. Algumas denominações possuem ministérios específicos
para discipulado de homens bem posicionados na sociedade. En-
tendo que seja uma estratégia valiosíssima, pois fazer o homem de
negócios conhecer a Palavra e viver pela Palavra pode ser determi-
nante para a saúde da estrutura social. A justiça, como princípio
bíblico, é mais facilmente alcançada quando aqueles que detêm
recursos assumem a responsabilidade de agir, na prática, em favor
da vida do outro.
Estimular os homens a enxergarem Somos mordomos de uma
as suas capacidades como ferramentas a riqueza infinita. No nosso
serviço do Reino os levará a compreen- sistema, o maior é aquele
derem a inescusável posição de lide- que serve e, para nós, o dar
rança. Nas palavras de Brené Brown, é melhor do que o receber.
“liderar é assumir a responsabilidade
de encontrar potencial nas pessoas e nos processos e ter a coragem
de desenvolvê-los”. Para ser bem-sucedido nessa missão, os líderes
devem cuidar das pessoas e dos processos com um ímpeto paterno.
Deve-se contactar os seus liderados, inspirando confiança.
Deus deu aos heróis da fé – Abraão, Isaque, Jacó, Davi, Josué
e tantos outros – a missão de liderar. Para exercer a liderança, o
homem precisa compreender que os recursos que recebe da parte do
Senhor, sejam eles na forma de competência ou provisão, atendem
ao Seu propósito quando em favor de muitos.
Deus deu a cada um de nós dons e talentos. Para alguns, Ele
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Vivemos em uma era de globalismo tecnológico impiedoso.
AVA N C E M O S
134
Penso que, como seguidor de Cristo, a principal característica
de um empreendedor do Reino é estar alinhado com os “Negócios
de Deus”. Em meio a outros empreendedores, o cristão parecerá
um lunático. Um outlier. No seu modelo de negócio, ele desafia os
padrões deste mundo, pois usa o dinheiro e ama as pessoas; en-
quanto outros amam o dinheiro e usam as pessoas para consegui-lo.
Cristão ou não, todo empreendedor enfrenta grandes desafios
quando um país tem a corrupção em seu DNA e os tributos cobra-
dos são abusivos.
O cristão tem um desafio ainda maior, pois não pode abrir
mão dos valores encontrados na Palavra de Deus, para driblar as
dificuldades.
Por isso, precisa buscar ainda Empreendedor é aquele
mais o conhecimento e a excelência que olha para as necessidades
em tudo que faz, visando justamen- e enxerga oportunidades.
te fugir da média, onde a disputa Ele se vê como parte da solução.
é cruel e, algumas vezes, leva à
irracionalidade. Como resultado dessa busca pelo conhecimento, o
cristão desenvolve o que chamamos de “capital espiritual”. Quanto
maior este capital, maior o seu diferencial, pois o favor de Deus se
manifesta sobrenaturalmente.
Munido desse capital, o empreendedor passa a ser um repre-
sentante, um agente de Deus, cooperando para que a “vontade de
Deus seja feita na terra, assim como é no céu” (Mateus 6:10).
Conscientemente ou não, todo cristão é um empreendedor para
o Reino. Uns mais tímidos, outros mais arrojados. Uns mais inten-
cionais, outros nem tanto. Mas todos nós fomos feitos sacerdotes
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135
Nessa trilha, algumas dicas podem fazer a diferença. Por exem-
AVA N C E M O S
136
Afaste qualquer pensamento de desistência, de medo, de que
não conseguirá ou de que não dará certo. Sustentando uma fé ra-
cional, Deus irá mantê-lo firme e disposto.
Nos momentos mais difíceis, erga os olhos: olhe para Deus e
permaneça na fé. Concentre-se nas coisas do alto! Quando fizer
isso, Deus lhe dará discernimento e sabedoria para conquistar as
outras coisas, mostrando-lhe o caminho por onde deverá andar.
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AVA N C E M O S
VIRTUDE 03
PREPARAÇÃO
FÍSICA
crente”! Isso vai além da cultura popular. Você pode fazer o teste:
ligue para um buffet conhecido da sua cidade e peça um orçamento
para uma “festa de crente”. Deixe isso bem claro e você perceberá
que o preço cobrado sofrerá alguns cliques para cima.
Depois de algum tempo de convivência entre os cristãos perce-
bemos que é verdade: nós comemos muito! Acredito que, ao evitar
bebidas alcoólicas, os convidados acabam comendo mais.
139
As igrejas sentem esse reflexo. As mais conservadoras são cúm-
AVA N C E M O S
140
Se você quer saber até onde isso é científico, recomendo a lei-
tura do livro O Jeito Harvard de Ser Feliz, de Shawn Achor. Nele,
o autor enumera diversas experiências que levaram os cientistas a
conclusões sobre taxas de felicidade entre os alunos supostamente
mais fantásticos do planeta.
Uma das experiências relatadas comprova que a atividade física,
além de reduzir as chances dos indivíduos entrarem em depressão,
age como um elemento terapêutico, combatendo e evitando a rein-
cidência da depressão, mal associado à era do consumo exacerbado
de bens e informações.
Shawn descreve uma experiência feita com três grupos de
pacientes diagnosticados com depressão. A cada grupo foi admi-
nistrado um tratamento distinto: o primeiro, com medicamentos
antidepressivos; o segundo, com exercícios regulares de 45 minu-
tos, 3 vezes por semana; e, o terceiro, com a combinação das duas
estratégias anteriores. Os resultados demonstraram claramente os
benefícios da atividade física! Os três grupos apresentaram melhoras
significativas após 4 meses de tratamento. Entretanto, após 6 meses
de acompanhamento, o grupo tratado com fármacos apontou uma
recaída de 38%, enquanto o grupo que havia sido tratado com a
estratégia combinada apresentou uma taxa de recaída de 31%.
Contudo, o melhor ainda está por vir: o grupo submetido ao trata-
mento exclusivo com atividade física apresentou uma reincidência
de apenas 9%! Ou seja, menos intoxicação e melhores resultados.
Por que não aproveitar esse benefício maravilhoso da prática
desportiva, que é o despejamento de hormônios estabilizadores do
humor? Pessoas que praticam regularmente atividade física são
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mais alegres!
Aproveito o texto de uma irmã querida, escrito quando estuda-
va no Invisible College. Na sua publicação, Adriana Meira discorre
sobre a integralidade de Jesus como um homem que experimentou
todas as variáveis de uma vida plenamente humana. A partir dessa
análise, ela enfatiza a integralidade do ser como uma conjunção
entre material e imaterial, ou seja, entre aquilo que não se vê (alma,
141
espírito e consciência) com o que é visível (o corpo): “Com efeito,
AVA N C E M O S
142
Escolher um esporte
pode ser um exercício
de estratégia,
autogerenciamento e
aperfeiçoamento.
Cairo é apaixonado por esportes e começou bem cedo, dedi-
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144
no que posso compreender nos meus mais de 40 anos, essa é a pri-
meira área negligenciada quando a rotina aperta. À medida que os
compromissos e responsabilidades se avolumam, é quase natural
abandonar o tempo dedicado à atividade física, o que, na verdade,
é contraproducente. Pesquise e certifique-se: a quase totalidade
das pessoas que apresentam um excelente desempenho pessoal,
familiar, ministerial e profissional, mantém uma rotina consistente
de cuidados com a alimentação, a prática desportiva e os cuidados
preventivos.
Não seja negligente com o SEU templo! Corra em direção a
uma saúde integral, que passa tanto pelo físico quanto pelo emo-
cional, intelectual e espiritual. Nos dizeres de Michael Sandel, as
capacidades morais e mentais, assim como as musculares, só se
aperfeiçoam se forem estimuladas.
Um corpo fraco não sustenta um espírito forte.
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AVA N C E M O S
VIRTUDE 04
CARIDADE
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Davi, no Salmo 7, quando entoa aos homens que “a sua obra cairá
AVA N C E M O S
148
capaz de mudar cursos de vida de maneira radical e promover uma
paz que não é compreensível aos homens, também é caridade.
Oferecer isso a alguém, gratuitamente, é algo incrível! Dar de
graça o que também recebemos de graça é um caminho consagrado
de caridade.
Ao introduzir essa disciplina no discipulado, o líder precisa
conectar os discípulos a ações práticas de intervenção na vida das
pessoas por meio da e com base na Palavra.
Preciso relembrar o que foi dito anterior- Se dermos
mente: não se leva ninguém a um caminho que acolhimento, não
não se percorreu antes! Portanto, se o líder não nos sentiremos
operar a caridade com regularidade, ficará difícil desamparados.
apresentar essa virtude ao discípulo.
Arrisco dizer que toda comunidade de fé tem algum projeto em
que ajuda. Está no próprio DNA das missões cristãs. Consequente-
mente, um caminho lógico e prático para acessar os campos missio-
nais é por intermédio das lideranças, nas comunidades. Com isso, o
líder estará, adicionalmente, fortalecendo a presença da comunidade
de fé nos projetos que atende, trabalhando de maneira inteligente a
conexão entre quem precisa e quem pode oferecer ajuda.
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VIRTUDE 05
COMUNHÃO
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comunidade! E você só pode se relacionar com eles confinado nas
AVA N C E M O S
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Em alguns dias, depois de uma jornada bem produtiva
no trabalho e em casa, costumo dar uma paradinha pra
alimentar a alma com um bom bate-papo numa roda de
amigos. A famosa Hora Feliz, ou Happy Hour para os grin-
gos, é aquele momento importante para alma, de recarregar
as energias com bons amigos, especialmente aqueles que se
identificam com os projetos de Deus.
Esse é um tempo importante para conversar assuntos
densos, delicados, pedir uma sugestão para uma situação
que demande mais atenção, para comemorar uma vitória,
para chorar em razão de alguma dificuldade, para conversar
e se inspirar sobre um novo projeto, enfim, tempo para gerar
virtudes e nutrir a vida!
O capítulo 02 do livro de João relata Jesus numa festa
realizando o primeiro milagre que marca sua passagem
por aqui. Jesus e seus discípulos foram convidados para
um casamento e, imagino que no clímax da festa, o vinho
acabou. Sem muitos protocolos, Jesus transforma litros de
água em vinho, como se consolidasse as palavras declaradas
pelo salmista, no célebre Salmo 133. É uma bela mostra de
quão saudável pode ser participar de um tempo leve, cujo
olhar mais atento e sábio enxergará sua importância para
o trato da alma!
Essa necessidade precisa ser conversada com regulari-
dade em casa, com os cônjuges. É um entendimento que
precisa ser buscado entre marido e mulher desde logo, para
que os dois consigam viver a plenitude do amor de Cristo
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153
tempo de fruição do bom que Deus nos permite. A segu-
AVA N C E M O S
154
pelos mimos e surpresas que todos os anos propomos, como forma
de elas participarem da experiência.
Temos visto transformações emocionantes com esse projeto.
Pais que sequer sabiam o número do calçado do filho incumbin-
do-se do cuidado e do tempo de qualidade. Famílias dependentes
da maestria da mulher, em todos os processos, encontrando uma
nova forma de se relacionar, com mais
independência e confiança, tanto por O caminho da fé, ou seja,
parte dos pais quanto dos filhos. Crian- da maior experiência
ças que nunca tiveram experiência com com o Senhor, passa pela
espaços naturais apaixonando-se pelo oração, pelo estudo da
campismo e transformando seus pais em Palavra e pela comunhão!
verdadeiros profissionais da experiência
outdoor. Enfim, o Papai Offline veio com uma proposta séria de
comunhão entre pais e filhos, pais e pais, filhos e filhos, causando
uma grande transformação nas famílias e na nossa comunidade. Sem
dúvidas é uma das programações mais aguardadas do ano e cada
vez é mais disputada! A última edição antes da publicação deste
livro foi 2022. Nosso objetivo era fazer o mais ‘enxuto’ possível,
em virtude das contingências pós pandemia de Covid 19. Resultado:
quase cinquenta famílias envolvidas! Um sucesso.
Louvar ao Senhor, estando entre amigos, em local público e não
necessariamente constituído com esse propósito é, sim, um belo de-
safio. E quais são os frutos: impactar aqueles que, de outra maneira,
jamais conheceriam a virtude de amizades baseadas na Palavra.
Vou repetir o convite: e aí, rola um happy hour hoje?
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AVA N C E M O S
VIRTUDE 06
FAMÍLIA
Penso que não é à toa que nos deparamos com tempos tão
desafiadores. E se não trabalharmos para uma virada de cenário,
será apenas o prólogo de um tempo de privações e escassez.
Não desconsidero os excessos e as omissões que os homens
encamparam ao longo do tempo. A distorção do cumprimento do
papel de garantidor gerou, em diversas sociedades, uma subjugação
não bíblica da mulher e dos filhos.
157
Outro comportamento bastante comum dos homens sem
AVA N C E M O S
158
uma missão atuando como auxílio e apoio. Não é uma condição
menor! É uma condição de amparo e auxílio, sem a qual a missão
fica gravemente comprometida.
Quero destacar três papéis fundamentais que o cristão precisa
desempenhar com desenvoltura na família. O primeiro deles é o
de protetor e provedor. Tanto na proteção quanto na provisão, o
homem precisa ter em mente que são quatro as dimensões do ser:
física, emocional, intelectual e espiritual. Todas precisam igualmente
de atenção. Proteção e provisão devem alcançar os domínios mate-
riais, representados por abrigo e alimento. A dimensão material é
mais fácil de analisar porque é visível. Por
outro lado, as demais dimensões estão no Famílias fortes e bem
domínio imaterial, portanto não visível. estruturadas são
Requerem observação mais atenta e zelosa. resultados inequívocos
O homem deve proteger e prover sua do desempenho
família emocionalmente, dando segurança funcional dos papéis
ao ser presente e atencioso. Quando o que Deus estabeleceu:
homem constrói a confiança nos filhos e pai, mãe e filhos.
esposa, fica mais fácil, inclusive, orientá-los
moral e intelectualmente. Daniel Kahneman, no seu brilhante livro
Rápido e Devagar, destaca que a dominância de conclusões sobre
argumentos é mais pronunciada quando há emoções envolvidas.
Isso quer dizer que um pai que representa uma figura de autoridade
e segurança tem maior chance de ensinar e transmitir conhecimento
junto aos seus filhos, exatamente porque ele tem acesso ao campo
das emoções. Assim também acontece com professores talentosos,
pastores e demais figuras de autoridade. Contudo, não restam dúvi-
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159
que é a exigência de uma obediência absoluta e incontestável à
AVA N C E M O S
160
O segundo papel é o de sacerdote. Além de protetor e provedor,
o homem também deve se encarregar de ser o “representante do sa-
grado” em sua casa, dirigindo e manejando os aspectos ritualísticos,
ligados à religião. Por suas mãos devem passar a orientação e as
práticas espirituais, conduzindo todos a um nível de compreensão
e clareza a respeito dos fundamentos da fé.
O terceiro e último papel é o de profeta. Da boca do homem,
do sacerdote, devem sair palavras de edificação. Ele deve ser di-
ligente ao escolher o que entregar à esposa e aos filhos, sempre
buscando abençoá-los, profetizando sobre suas vidas as virtudes e
o conselho do Espírito, assim como o cumprimento da missão que
o Senhor confiou a cada um, em sua individualidade, e à família,
como corpo de Cristo.
Atribui-se a Lao-Tsé o conselho de que o homem deve fazer o
que gosta no trabalho e deve estar presente por inteiro com a famí-
lia. Se o homem inverter essas premissas, fazendo em casa apenas o
que gosta e entregando-se por inteiro ao trabalho, acabará gerando
um ambiente árido. É como dizia Sócrates:
“Devemos nos precaver com a aridez de As relações familiares
uma vida ocupada”. representam as bases
Greg McKeown afirma em seu livro na vida de um homem.
Sem Esforço que ficaríamos surpresos com
o grau de sucesso na resolução de problemas aparentemente difíceis,
quando eliminamos as premissas erradas. Ou seja, quando parti-
mos de premissas equivocadas, normalmente geramos transtornos
e desgastes muito além do necessário.
No caso específico, quando imputamos ao trabalho o papel
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161
Muitos homens só se dão conta do valor de sua família quando
AVA N C E M O S
162
Dentre os muitos aspectos destacados neste livro, talvez as
relações familiares sejam as que requeiram maior intencionalidade,
na medida que representam as bases na vida de um homem.
Em seu primeiro best seller, Essencialismo, Greg McKeown
ajudou muitos a reconhecerem os excessos que geram perda de qua-
lidade de vida. Ao longo do livro, o autor pontua o que considera
uma jornada em busca do essencial. Dentre as muitas comparações
que encontramos durante a sua leitura, destaco uma que pode aju-
dar bastante na concentração desse objetivo:
NÃO ESSENCIALISTA
• A mente não para de pensar no passado ou no futuro;
• Pensa no que foi importante ontem ou será impor-
tante amanhã;
• Preocupa-se com o futuro e se estressa com o pas-
sado.
ESSENCIALISTA
• A mente focaliza o presente;
• Sintoniza o que é importante agora mesmo;
• Desfruta o momento.
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AVA N C E M O S
VIRTUDE 07
SERVIÇO
comunidade.
165
No entanto, é muito difícil saber qual a sua vocação, qual o seu
AVA N C E M O S
166
Cristo ensinou, na prática, como servir. Ele colocou água numa
bacia e lavou os pés dos seus discípulos. Após lavar, os enxugou e
fez isso interrompendo a última ceia, tamanho era o simbolismo do
serviço que Ele queria repassar. Lavou e enxugou. Fez um serviço
de excelência! A um só tempo, mostrou-nos a humildade e o zelo
de servir, mesmo nas tarefas consideradas menores.
isso que deve ficar a cargo dos homens, até mesmo detalhes menos
convencionais, como arrumação da mesa, escolha das músicas e
acolhimento. É importante que os homens operem tudo no evento.
Tudo!
O propósito é um serviço integral, que desonere as mulheres,
normalmente empenhadas em muitas tarefas importantes. É tempo
do homem desafiar-se a sair de uma posição passiva, de exclusivo
167
usufruto, para uma posição de serviço em que a sua vida e o seus
AVA N C E M O S
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Antes de Terminar…
Aos jovens…
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e equipa aqueles que acreditam nesse norte, fazendo com eles a
AVA N C E M O S
Às esposas
170
número e com grande competência. Eleve isso à décima potência
quando falamos de estruturas de acolhimento e de igreja.
O Ministério ao qual pertenço entende que o chamado pastoral
encontra-se não no indivíduo, mas na família. Pessoalmente, acho
isso fantástico, porque não consigo contabilizar as histórias de fa-
mílias que sofrem porque o homem exerce um chamado pastoral
em detrimento do seu papel na família e atenção para com o lar.
Assim, quando a FAMÍLIA recebe a ordenação, reconhecendo
marido e mulher como casal pastoral, aquela unidade cujo compro-
misso de ser uma só carne e um só espírito, também se manifestará
no Ministério. Fica mais fácil a compreensão mútua no que diz
respeito ao compromisso para com o pastoreio.
Muito bem! Falamos das condições quase ideais de temperatura
e pressão, mas precisamos falar do que é mais comum.
Conforme caminhávamos juntos, os discípulos passaram a
compreender melhor o seu papel como Sacerdote, assumindo novas
posturas, o que acabou por reformular a configuração de alguns
casais. O que deveria ser uma bênção, passou a ser um desconforto.
Algumas das esposas não estavam compreendendo muito bem
a mudança de postura dos seus maridos e acabaram contestando
alguns comportamentos. Por incrível que pareça, estavam acostuma-
das com a sobrecarga de tomar tantas decisões, cuidar dos assuntos
da casa e da liderança espiritual dos filhos. Uma vez que os homens,
agora tomados por uma nova consciência, reposicionaram-se,
houve certo desconforto e estranheza por parte das mulheres. Elas
queriam, no mínimo, entender o que estava acontecendo.
Foi então que decidimos iniciar um discipulado com as mulhe-
res dos discípulos! Compreendemos que a novidade de comporta-
ANTES DE TERMINAR
171
ao menos um pouco, para a mais harmônica equação possível para
AVA N C E M O S
um casal cristão.
Assim, pretendo dizer claramente que é possível aos homens
envolvidos no discipulado reformularem a sua conduta a tal ponto
que cheguem a causar estranheza, sobretudo para as suas esposas.
Por esse motivo, tenha em mente que, em algum momento, a sua
comunidade também precisará investir no discipulado de mulheres,
caso ainda não tenha. E, assim como aconteceu conosco, sugiro
investir em um discipulado de casais, gerando vida e virtudes de
maneira exponencial.
172
Obrigado, mesmo!
173
Implicitamente havia algum receio de assumir algo para o
AVA N C E M O S
174
material ou conteúdo utilizado no discipulado passou por um es-
crutínio, cujo esquadro era sempre a Bíblia.
Compartilhei aqui que gosto de ler e me manter atualizado
sobre inúmeros assuntos, especialmente aqueles que interferem no
meu desempenho pessoal e profissional. Mas todo conhecimento
prévio, e mesmo aquele acumulado durante a jornada, foi filtrado
pela Palavra. A verdadeira Palavra. Daí, fica fácil escolher o que
aplicar em sua vida. Você pode ter acesso a todo tipo de conhecimen-
to, inclusive para saber as baboseiras que são vomitadas por gente
tola, mas que é idolatrada. Não precisa ter receio de ler filosofia,
história ou romance, literatura estrangeira ou livros de autoajuda.
Se tudo passar pelo crivo da Palavra, seguramente você acumulará
um conhecimento que lhe será útil.
Também fui exposto a chaves bíblicas fantásticas, que só tive
a oportunidade de ver reveladas mergulhando nas páginas deste
manuscrito.
O capítulo 28 de Mateus, tantas vezes citado aqui, revelou-me
duas chaves poderosas. A primeira, que compartilhei ao longo da
obra, é que o Discipulado é a escola da obediência. Preste atenção
na estrutura desses versos e veja que a palavra Obediência ocupa o
centro gravitacional do conhecido Ide, deixado por Jesus.
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É certo que ninguém conduz alguém a algum lugar que ainda
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não foi. Cego não guia cego, assim diz a Palavra. Por consequência,
o ensino da obediência pressupõe ter obedecido primeiro. Pressupõe
ter sido submetido ao teste do tempo, na luta da carne contra o
espírito, consagrando este último como vencedor. Só ensina quem
aprende. Só se ensina obediência, sendo já obediente. E assumir o
discipulado, atendendo ao comando de Mateus 28 já é expressão
de obediência.
Outra chave maravilhosa à qual tive acesso está no último
período do versículo 20: “E eu estarei sempre com vocês, até o fim
dos tempos”. Você não pode imaginar quantas vezes li esse texto
e quantas vezes ele ressoou na minha memória e no meu coração.
Um dia, quando já estava fazendo a revisão da primeira versão do
livro, abriu-se o clarão em minha frente: O Espírito Santo do Senhor
continua nos ensinando até os dias de hoje.
Vivemos na era da informação, também conhecida como era
digital ou era tecnológica. É um período de expansão quase infinita
da capacidade de processamento das máquinas, o que nos leva a
contínuas descobertas sobre absolutamente tudo, desde a estrutura
molecular, passando pela idade dos corpos celestiais e chegando
às sinapses nervosas que dão origem aos nossos pensamentos.
É realmente estonteante a quantidade de informação e conheci-
mento disponíveis.
Mas Jesus viveu em uma era diferente, na qual não havia sequer
energia elétrica, cuja descoberta revolucionária só nos alcançou
no século 18, pelas mãos do físico americano Benjamin Franklin,
ao observar as descargas elétricas que vinham das nuvens durante
as tempestades. Então, quando voltamos ao texto de Mateus 28,
poderia gravitar uma dúvida sobre o tipo de conhecimento que
Jesus disse que deveríamos repassar. Os mais açodados diriam
que era o conhecimento existencial e espiritual que o próprio
Filho do Homem entregou, nos seus diálogos e no dia a dia com
os discípulos.
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Mas, algo me intrigava além dessa pronta resposta. Tantos
conhecimentos que mexem com a posição do ser humano no cos-
mos, tantas descobertas que dão um poder perigosamente grande
aos homens e tanta densidade informacional para lidar, tudo isso
não faria parte de um campo de treinamento para homens e mu-
lheres que servem a Deus?
Uma curiosidade santa me levou a refletir melhor sobre os
tempos verbais nas diversas versões da Bíblia às quais temos acesso.
As principais versões que subsidiam
nossos estudos bíblicos guardam a Não começamos pelo ideal.
mesma ideia. Se você quiser pode ler Começamos pelo real e,
numa versão mais contemporânea, quando esse começo é
como a Nova Versão Internacional; dirigido pelo Espírito Santo do
numa mais conservadora, como a Senhor, os recursos, pessoas,
Almeida Revista e Corrigida (a qual ferramentas, oportunidades
particularmente gosto muito); ou e resultados, aparecerão
numa versão muito conhecida, como de maneira natural numa
a Almeida Revista e Atualizada; ou, proporção superabundante.
por último, numa que dialoga com a
gramaticalidade anglo-saxã, como a King James Atualizada, em
todas elas você encontrará uma ideia de continuidade na relação
ensino/aprendizado. Em todas, a expressão “vos tenho ensinado/
mandado/ordenado”, entrega a ideia de que o ciclo de aprendizado
em Cristo não parou com o exemplo da Sua própria vida. Ele viaja
pelo tempo, renovando-se continuamente, até os dias de hoje.
Aí quando você mergulha na última frase do capítulo, ou
melhor, provavelmente a última frase dita por Jesus, depois de sua
ressurreição e comunhão com seus discípulos por 40 dias, já no
corpo glorioso, e momentos antes de subir definitivamente ao Céu,
O B R I GA D O, M E S M O !
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E esse mesmo Espírito, se n’Ele estivermos, nos ensina constante-
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compreender a natureza dessas interações a partir de uma menta-
lidade igualmente infinita.
A regra é simples: todas as vezes que acharmos que domi-
namos completamente as regras, elas simplesmente mudam.
E quando achamos que dominamos novamente, elas voltam a mudar.
E quando nos ambientamos mais uma vez, mudam-se os jogadores.
E assim a vida transcorre.
Essa compreensão revela quão difícil é cumprir esse plano de fé.
Em outras palavras, Cristo já havia nos alertado que precisaríamos
de conhecimentos novos, dia após dia, para não só avançarmos no
entendimento sobre a nossa natureza, identidade e propósito, como
também nos habilitarmos a acessar novas culturas, novas pessoas
e novos horizontes.
Na minha visão, estamos diante de um grande convite transcul-
tural e, no limite, transcendental. Cristo nos convida a dialogar com
todos os povos da terra, anunciando as boas novas, batizando-os
e, em seguida, ensinando tudo o que temos aprendido e cumprido,
em conformidade com o conselho do Espírito. Raciocinando por
esse prisma, entendo que todo conhecimento supostamente huma-
no deve estar a serviço da missão de edificar o Reino diariamente.
Cai por terra o entendimento de que o cristão deve se limitar ao
estudo bíblico, rechaçando os demais conhecimentos que fruti-
ficam na engenhosa mente humana, criada tão inteligentemente
por Deus.
Minha formação em Química apurou o senso de busca pelo
conhecimento e toda a metodologia envolvida no processo.
As ciências naturais propõem que uma tese só alcança valor cientí-
fico quando, mantidas as mesmas variáveis, pode ser reproduzida
várias vezes, gerando o mesmo resultado. Mantendo-se os mesmos
O B R I GA D O, M E S M O !
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Parafraseando o poeta, “para nossa alegria” a Graça não se
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Até breve!
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Como ilustrado ao longo do livro, esse foi o modelo que o
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182
Bibliografia
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AVA N C E M O S
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Rio de Janeiro: Editora Thomas Nelson, 2019.
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TALEB, Nassim Nicholas. Antifrágil. São Paulo: Editora Best Seller,
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MÁRCIO MARQUES
marquesxmail@gmail.com
@marquesxmail
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