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ESCULPINDO MADEIRA, ENTALHANDO MEMÓRIAS: ARTESANATO NO

1
CENTRO DE CULTURA POPULAR MESTRE NOZA
CARVING WOOD, CARVING MEMORIES: HANDICRAFTS IN MASTER NOZA
POPULAR CULTURE CENTER
 

Elianara Kelly Santos Bezerra, Graduanda,


Universidade Federal do Cariri
Daniela Maria Alves Daniel, Graduanda,
Universidade Federal do Cariri
​Vitória Gomes Almeida, Doutoranda
Universidade Federal do Cariri
Germano Araújo Sampaio, Mestre,
Universidade Federal do Cariri ​
Deise Santos do Nascimento, Doutora,
Universidade Federal do Cariri

​Eixo 3 – Cidades, Patrimônio Cultural e Sociedade

  
 
​RESUMO​
 
Reflete sobre o artesanato como expressão cultural popular, abordando a discussão de
identidade cultural, a partir da cidade de Juazeiro do Norte-CE, localizada na região sul do
Estado do Ceará. Essa cidade, destaca-se como um centro de peregrinação religiosa no
nordeste do Brasil, tendo na figura histórica o Padre Cícero Romão Batista seu maior
expoente. As romarias, característica do catolicismo popular existente na cidade, fomentaram
a circularidade da cultura através da interação das diferentes identidades culturais que para lá
confluem, através dos romeiros, artistas, pesquisadores, artesãos e empresários, todos que
visitam a cidade. Para além da figura do Padre Cícero, destaca-se na região do Cariri Cearense
um território marcado pela presença da cultura negra, indígena e paleontológica, assim como
pela biodiversidade da Chapada do Araripe. Assim sendo, nesse território em que a
circularidade das culturas se faz presente numa troca contínua, a presente pesquisa coloca-se
com o intuito de apresentar o artesanato na cidade de Juazeiro do Norte a partir do Centro de
Cultura Popular Mestre Noza. O estudo justifica-se pela importância cultural do artesanato na
cidade, neste contexto, a pesquisa tem como objetivo geral discutir o artesanato enquanto uma
expressão da cultura da cidade cidade de Juazeiro do Norte-CE, a partir do citado centro.
Nesse sentido, foram consideradas algumas premissas, tais como, evidenciar o artesanato da
Região do Cariri Cearense como uma referência cultural, bem como veículo de transmissão
da memória para as gerações futuras, além de apresentar seus aspectos econômicos como o
fato de ser fonte de renda e de fomentar o comércio da região. Para tanto, realiza-se uma
revisão de literatura, com ênfase na coleta de dados através de observação participante, tendo
como sujeitos os artesãos que trabalham no Centro de Cultura Popular Mestre Noza. Ao
analisar os fatos estudados, foi possível observar que o artesanato, como elemento da cultura,

1
Artigo produzido no âmbito do grupo de pesquisa SABERES - Informação e Cultura, Patrimônio Cultural e
Sustentabilidade da Universidade Federal do Cariri.
possibilita o desenvolvimento econômico, além de perpassar por aspectos políticos,
identitários e sociais. Conclui-se que a cultura é um elemento determinante e ao mesmo tempo
determinado pelo meio social, e o artesanato, por fazer parte da chamada cultura popular,
muitas vezes visto como algo menor ou de baixo valor estético, quando comparado com a arte
tida como erudita, representa um papel proeminente na formação da história cultural do
território.

Palavras-chave​: Artesanato. Memória. Patrimônio Cultural.

ABSTRACT

Reflects on handicrafts as a popular cultural expression, addressing the discussion of cultural


identity, from the city of Juazeiro do Norte-CE, located in the southern region of the State of
Ceará. This city stands out as a center of religious pilgrimage in northeastern Brazil, with the
historical figure of Father Cícero Romão Batista as its greatest exponent. The pilgrimages,
characteristic of popular Catholicism existing in the city, fostered the circularity of culture
through the interaction of different cultural identities that converge there, through pilgrims,
artists, researchers, artisans and businessmen, all who visit the city. In addition to the figure of
Padre Cícero, the region of Cariri Cearense stands out in a territory marked by the presence of
black, indigenous and paleontological culture, as well as by the biodiversity of Chapada do
Araripe. Therefore, in this territory where the circularity of cultures is present in a continuous
exchange, this research is aimed at presenting handicrafts in the city of Juazeiro do Norte
from the Centro de Cultura Popular Mestre Noza. The study is justified by the cultural
importance of handicrafts in the city, in this context, the research has the general objective of
discussing handicrafts as an expression of the culture of the city of Juazeiro do Norte-CE,
from the aforementioned center. In this sense, some premises were considered, such as
showing the craftsmanship of the Cariri Cearense Region as a cultural reference, as well as a
vehicle for transmitting memory to future generations, in addition to presenting its economic
aspects as the fact of being a source of income. and to encourage trade in the region. To this
end, a literature review is carried out, with an emphasis on data collection through participant
observation, having as subjects the artisans who work at the Centro de Cultura Popular Mestre
Noza. When analyzing the facts studied, it was possible to observe that craftsmanship, as an
element of culture, enables economic development, in addition to permeating political,
identity and social aspects. It is concluded that culture is a determinant element and at the
same time determined by the social environment, and handicrafts, for being part of the
so-called popular culture, often seen as something less or of low aesthetic value, when
compared to art considered to be erudite, plays a prominent role in shaping the cultural history
of the territory.
Keywords:​ Crafts. Memory. Cultural heritage.

INTRODUÇÃO

A cidade de Juazeiro do Norte, localizada na região sul do estado do Ceará, destaca-se


como um centro de peregrinação religiosa no nordeste do Brasil, tendo na figura histórica do
Padre Cícero Romão Batista, ou simplesmente, “Padim Ciço”, como é carinhosamente
chamado por seus devotos, seu maior expoente.
As romarias, característica do catolicismo popular existente na cidade, fomentaram a
circularidade da cultura através da interação das diferentes identidades culturais que para lá
confluem, através dos romeiros, artistas, pesquisadores, artesãos, empresários, todos que a
visitam. Assim sendo, nesse território a circularidade das culturas se faz presente numa troca
contínua, nas suas mais diferentes esxpressões.
Nesse contexto, destaca-se a contribuição de Padre Cícero, que além de sacerdote, foi
um grande incentivador do desenvolvimento político, social e econômico dessa região,
reconhecendo na arte e na cultura um valor não só econômico, mas também social. Ele
incentivou a produção artesanal como uma fonte de renda para as pessoas do Juazeiro e,
promoveu a arte juazeirense fora da região nordeste (WALKER, 1999).
A reputação do padre como “santo do povo” surge a partir do “milagre da hóstia” –
protagonizado pelo Padre Cícero e pela Beata Maria de Araújo (CORDEIRO, 2011).
Durante uma missa em 1º março de 1889, em uma sexta-feira da Quaresma, após
alguns anos de sua chegada a cidade, no momento de comunhão, uma beata de nome Maria de
Araújo teve a hóstia transformada em sangue na sua boca, se repetindo o mesmo fato por
várias vezes (NETO, 2009).
Diante disso começou a se disseminar o boato do milagre no povoado de Juazeiro e ao
ponto que se espalhava a notícia também aumentava o fluxo de pessoas curiosas querendo
saber sobre a veracidade do ocorrido e, assim, muitos acabavam fixando residência (NETO,
2009).
Em virtude do fenômeno do milagre, realizado pelo Padre Cícero, a cidade de Juazeiro
atraiu milhares de fiéis, tendo impacto maior na economia local, gerando desenvolvimento da
cidade, e expandindo a cultura local para além dos contextos do Cariri cearense. Essas
expressões culturais foram ganhando espaço e proeminência, sendo consolidadas e
reconhecidas hoje em âmbito nacional e internacional, pelo viés da arte e da cultura.
Os artesãos juazeirenses produzem inúmeras peças de diferentes temas, tamanhos e
cores, sendo bastante comum representações do Padre Cícero, nas quais procuram eternizar,
na madeira e em outros suportes, a imagem e feições daquele que é considerado a maior
personalidade do Cariri cearense.
Hoje, mais de 80 anos após a morte de Padre Cícero, as peças artesanais, que retratam
sua pessoa e seu modo de vida, continuam sendo as mais produzidas e mais vendidas pelos
artesãos locais, por serem as peças mais procuradas pelos romeiros e devotos que vêm a
cidade, assim os artesãos produzem também para atender a demanda na venda das peças,
levando em consideração o fator econômico.
Considerando o exposto até o momento, esse trabalho apresenta os resultados de uma
pesquisa que teve como ​lócus o Centro de Cultura Popular Mestre Noza, localizado na cidade
de Juazeiro do Norte, escolhido por ser um espaço importante de tradição artesanal e de
manifestação da cultura popular​.
Esse centro de cultura homenageia em seu nome o Mestre Noza (Inocêncio Medeiros
da Costa) como é popularmente conhecido, um romeiro que chegou em Juazeiro do Norte em
1912, após caminhar cerca de 600 km ao vir do município de Quipapá (PE), local onde foi
criado. Anos depois, a partir de 1930, começou a ficar conhecido como artista popular,
imaginário (escultor de imagens) e xilogravurista, na qual exploraremos mais detalhes de sua
vida e atuação nas seções posteriores do artigo.
Assim, o objetivo desta pesquisa é discutir o artesanato do Cariri Cearense enquanto
uma expressão da cultura local a partir do Centro de Cultura Popular Mestre Noza. Nesse
sentido, foram consideradas algumas premissas, tais como, evidenciar o artesanato da região
do Cariri cearense como uma referência cultural, bem como os aspetos de memória relativos a
sua transmissão para as gerações futuras e apresentar seus aspectos econômicos como o fato
de ser fonte de renda e de fomentar o comércio da região.
A metodologia adotada consistiu em uma revisão de literatura, com ênfase na coleta
de dados através de observação participante, tendo como sujeitos os artesãos associados ao
Centro de Cultura Popular Mestre Noza.

2. ARTESANATO: REFERÊNCIA CULTURAL, IDENTIDADE E MEMÓRIA


No cotidiano, as pessoas para suprir as necessidades de suas comunidades, sempre
produziram artefatos manualmente, como utensílios, ferramentas, adornos, armas, tecidos
entre outros.
Com o passar dos séculos muitos desses produtos da cultura material foram sendo
substituídos por produções industrializadas e as produções artesanais hoje, como o artesanato,
se configura como prática cultural popular que atende aos interesses da sociedade de
consumo, através de seu valor estético e simbólico (SILVA, 2016); ao falarmos desse aspecto
simbólico, cabe salientá-lo como patrimônio cultural por sua representatividade à cultura,
memória e identidade dos grupos sociais que os produzem.
De acordo com Maia (2003, p.1) cultura pode ser conceituada [...] como as diferentes
maneiras de viver de um povo, transmitidas de geração a geração recebidas por tradição.
Nesse sentido, o modo de falar, as crenças, o saber e o artesanato representam a forma do
homem se relacionar em sociedade.
Ao analisarmos o artesanato em Juazeiro do Norte observamos os elementos que
caracterizam e agregam valores a cultura e memória da sociedade. O patrimônio cultural,
núcleo da identidade coletiva, não só possibilita que nos reconheçamos, mas também que
sejamos reconhecidos; é ele que, contrastada e caracterizadamente, diferencia e distingue dos
demais a fisionomia física e moral de um lugar, uma cidade, uma região, um país [...] o
património cultural é, para a sociedade, o que a memória pessoal é para o indivíduo
(MENDES 2012 p.17).
Em vista disso Keller (2014, p. 330) destaca que o artesanato não pode se restringir
somente a um simples serviço manual. Apresenta em si a aptidão de esquematizar e de
inventar artefatos baseados em elementos da cultura, assim como a propriedade do
saber/fazer, da técnica.
Nesse segmento Barroso (2002, p. 10) afirma que “[...] quem compra artesanato, está
comprando também um pouco de história. Nem que seja a sua própria história de viagens e
descobertas.” ​Desta forma o artesanato faz parte da cultura tradicional dos povos, já que as
suas origens remontam à época pré-industrial. Segundo Sebrae (2010, p.14) artesanato de
referência cultural se refere:

a produtos cuja característica é a incorporação de elementos culturais


tradicionais da região onde são produzidos. São, em geral, resultantes de
uma intervenção planejada de artistas e designers, em parceria com os
artesãos, com o objetivo de diversificar os produtos, porém preservando seus
traços culturais mais representativos.

Ao pensarmos nessa prática no Cariri cearense, sua produção destaca-se através da


concentração dos tipos mais característicos do artesanato tradicional. Neste território,
encontramos santeiros que criam a partir do barro ou madeira, buscando inspirações nos
grandes personagens da cultura local e regional e nos mitos, na região caririense através de
representações de Padre Cícero, Luiz Gonzaga, Patativa do Assaré, Mateu (figura do
Reisado), Carrancas entre outros ícones, que são entalhados a partir de cada artesão.
Este produto artesanal patrimonializado dentro do seu contexto local, possui diversos
valores que envolve as imaginações, afetos, crenças, as práticas. E para o turista destituído de
um vínculo pessoal e comunitário, o artesanato é apenas um bem cultural a ser consumido
(MENEZES, 2012).
Vergara e Silva (2007) reforçam a importância de estudar os núcleos de produção
artesanal como potencialidade para a valorização da cultura e identidade territorial e
desenvolvimento local.
É nesse sentido que aumenta o interesse em analisar as organizações artesanais e
contribuir para o debate do artesanato enquanto fenômeno organizacional. Como enfatiza Reis
(2008), a atividade artesanal traz a possibilidade do artesão viver daquilo que deseja: sua
cultura. O artesanato em segmentos populares fundamenta-se na experiência vivida e
transmitida de geração para geração, logo a tradição familiar tem enorme peso no processo
criativo.

Pertencer a uma família de artistas ou crescer em meio artesanal é,


geralmente, um meio de não só ‘dar continuidade à categoria’, mas manter
os vínculos afetivos, a memória, as trocas simbólicas e os elos de
solidariedade e dom necessários à gestão do cotidiano de cada artesão
(DIAS, 2007. p.49).

Esta foi uma das primeiras confirmações que tivemos nas conversas com os artesãos,
“é um aprendizado passado de geração em geração, vi meu irmão esculpindo e logo quis
aprender e faço isso até hoje, 32 anos depois”, relata Beto. Como ressalta Silva (2009), a
complexidade que envolve os estudos sobre o artesanato decorre do fato de que este, na
qualidade de elemento componente do patrimônio cultural, incorpora-se ao conjunto de
monumentos, documentos e objetos que constituem a memória coletiva de um povo e,
portanto, deve ser considerado do ponto de vista social e cultural.
No entanto, a existência do artesanato com o avanço industrial não poderia ser
explicada se entendemos o artesanato como uma atividade que sobrevive ainda em sua forma
original e que, por preservar de forma inalterada técnicas e práticas antigas, assumiria o papel
de guardião da tradição. Conforme Fischer e Soares (2010), o artesanato insere-se como um
dos campos de representação da cultura popular, responsável por contribuir com a identidade
cultural de um dado território.
Nessa perspectiva, Santos (2012, p.16) diz que por ser uma referência cultural na
cidade, o Centro de Cultura Popular Mestre Noza tem demonstrado, através da sua arte, a
valorização da cultura regional, fomentando a difusão das tradições locais através do
artesanato em madeira com a representação de imagens que representam o contexto social em
que estamos inseridos, proporcionando ao público em geral informações referentes à nossa
sociedadee uma forma de representação da memória coletiva.
Apesar da atividade artesanal da região, ao longo do tempo, passar por processo de
fragilização, a cidade de Juazeiro do Norte continua sendo o maior polo de artesanato
cearense em quantidade, qualidade e diversidade, possuindo forte representatividade para a
cultura popular do Estado e do Brasil.

2.1 O Artesanato Na Região Do Cariri: fonte de renda, bem de consumo


Barros (2006) e Soares (2011) falam que a diversidade do artesanato brasileiro foi
influenciada por um conjunto de tradições diferentes, de povos com cultura e conhecimento
diversos, como os indígenas, africanos e europeus. É neste sentido que surge a capacidade
geradora de valor econômico, ocupação e renda para o progresso humano e sociocultural.
Diante disso, o artesanato apresenta-se como atividade potencializadora para fomentar a
economia criativa no país.
Esse cultivo do artesanato, conforme explica Lauer (1947, p. 82) “consiste na
articulação de meios para o desenvolvimento do mesmo como bem econômico e de
exportação”. Nessa perspectiva Polanyi (2012) evidencia o artesanato como uma atividade
produtiva que gera renda, em grande parte complementar, para inúmeras famílias de baixa
renda, assim como é uma atividade que demanda determinadas habilidades e capacidades,
manuais e criativas.
A atividade artesanal na contemporaneidade faz parte da sobrevivência social e
econômica de cada artesão, e também configura-se como salvaguarda das identidades
culturais e tradições. Por essa razão Keller (2014) destaca que as principais mudanças do
artesanato na sociedade contemporânea estão ligadas a processos de mercadorização do
produto artesanal e de internacionalização da venda de artesanato. Ainda nesse contexto
Scrase (2003) ressalta o mercado de artesanato é controlado firmemente por poucos agentes, é
altamente explorador e os ganhos são insignificantes para os artesãos individuais.
Os estudos voltados ao artesanato como fonte de renda pautam as características do
produto como bem de consumo, no qual seu valor simbólico e estético seja um forte potencial
para atender os interesses e necessidades da sociedade do consumo. Freitas (2006) coloca
ainda que se consideramos como peculiaridade principal da produção artesanal a sua
capacidade de oferecer ao mercado um produto feito à mão, a atenção dos programas e
políticas intervencionistas deveria estar voltada não só para o produto, mas também para o
produtor, ou seja, o artesão.
Podemos perceber a partir da fala de Freitas (2006) que não basta valorizar o produto,
mas sim, o produtor: o artesão, que possui, na grande maioria das vezes, difíceis condições
para realizar seu trabalho, sendo que , na prática, seus métodos, modo de vida e necessidades
têm pouco espaço em um sistema capitalista. Logo os artesãos precisam de implementações
por parte do poder público para melhorias nas suas condições de trabalho. Diante disso, vê-se
a relevância de políticas públicas que abordem as particularidades tanto o produto vendido,
como também do produtor.
Nas pautas abordadas pela autora citada, observamos o discurso de revitalização que
os artesãos necessitam para melhorias das suas condições de trabalho e renda. Em
conformidade, Lima e Galvão (2006) ressaltam que a revitalização e implementação do
artesanato consiste na inserção de novos métodos de trabalho no processo produtivo dos
artesãos, tendo como objetivo sua adequação ao mercado.
Keller (2014, p. 326) afirma que há uma relativa carência de informações sobre a
atividade artesanal no Brasil e sobre seu real impacto cultural e econômico. O trabalho
artesanal, em geral, complementa a renda dos artesãos e de suas famílias, o autor ainda
ressalta que o trabalho artesanal tem valor no sustento da família e na reprodução da cultura
local.
Segundo Keller (2014, p. 332) a produção artesanal no mundo contemporâneo está
imersa em relações de produção, de comercialização e de consumo capitalistas, logo faz-se
necessári refletir, de forma conjunta, sobre o processo de trabalho, a produção de objetos
artesanais, integrando diversas atividades de trabalhos em uma cadeia produtiva, e o processo
de produção de valor, a produção artesanal enquanto produtora de objetos dotados de valores
socioculturais e simbólicos e de valores econômicos e mercantis. Neste segmento Canclini
(2011, p. 246) ressalta:
o que chamamos de arte não é apenas aquilo que culmina em grandes
obras, mas um espaço onde a sociedade realiza o visual. É nesse
sentido amplo que o trabalho artístico, sua circulação e seu consumo
configuram um lugar apropriado para compreender as classificações
segundo as quais se organiza o social.

Associado a isto, percebemos que o artesanato fortalece cada vez mais a economia da
cidade de Juazeiro do Norte e região, trazendo um grande fluxo de pessoas de outros locais.
São milhares de pessoas por ano que chegam até a cidade em busca de conhecê-la e
principalmente explorar a cultura local, sendo que os artesãos estão os mais procurados por
essas pessoas.
Já mencionamos o papel de Padre Cícero como incentivador do artesanato na região.
Esse incentivo deu resultado: atualmente o artesanato tem forte participação na economia do
lugar, que se tornou celeiro de artistas. Criatividade e habilidade unem-se e fazem surgir
peças em madeira, barro, palha, entre outros materiais. Podemos afirmar que a cidade chama a
atenção dos turistas não só pela fé, mas também por suas manisfestações artísticas e culturais.

Figura 1- Artesão na produção de escultura do Patativa do Assaré

Fonte: Arquivo dos autores (2019).

Apesar das dificuldades econômicas, o artesanato ainda representa para a maioria dos
trabalhadores a única atividade produtiva exercida. Na região do Cariri cearense, a produção
do artesanato destaca-se e configura-se como principal, e muitas vezes única forma de
sustento do tabalhador. O artesanato da região em destaque além de ser conhecido no mundo
todo e, consequentemente, atrair pessoas de vários lugares interessadas em acompanhar
inclusive o porcesso de produção dos artesãos, ainda carrega consigo o valor histórico e
memorial daquela cidade, suas tradições, e, por último, garante o sustento à muitas famílias e
associações.

Existem várias características que identificam o conjunto das atividades


artesanais como um arranjo produtivo local informal. São elas: a elevada
informalidade, a forte tradição familiar que marca todos os elementos
estruturais da empresa, como as relações de trabalho, a forma de apreensão e
de transmissão de conhecimento, com reflexos na dinâmica de inovação do
produto (DINIZ e DINIZ, 2007).

A cidade de Juazeiro do Norte abriga artesãos nacionais e internacionais, que têm suas
peças expostas em museus; e artesãos mestres da cultura cearense que norteiam o ofício
artesanal e contribuem para permanência da cultura sertaneja. Conforme Grangeiro (2015), a
princípio, o alto grau de visibilidade das peças produzidas por um determinado grupo de
artesãos apresenta-se como um possível indicador de êxito profissional destes trabalhadores.

Figura 2- Esculturas de figuras do Reisado

Fonte: Arquivo dos autores (2019).


Colocando em pauta o contato com alguns artesãos do Centro de Cultura Mestre Noza
percebemos que cada artista possui um tempo diferente dedicado ao trabalho artesanal, em
sua maioria tendo em vista às necessidades da renda para família. Vale relembrar que as
transformações que vêm ocorrendo com passar dos anos, como o desenvolvimento das redes
sociais e os novos processos de consumo e de produção, fez com que os artesãos buscassem
novas formas de expor a produção dos seus trabalhos.
Com isso, a Associação do Centro em estudo busca parcerias, principalmente com o
Governo do Estado do Ceará, desenvolvendo projetos, quais se beneficiarão, sobretudo os
artesãos, aprimorando seus instrumentos para realização das suas obras e exposição dos seus
trabalhos, consequentemente, favorecendo os turistas que frequentam o centro e a população
do município.

3 CENTRO DE CULTURA POPULAR MESTRE NOZA: memória e fonte de


informação
Inocêncio Medeiros da Costa, o famoso Mestre Noza, considerado o primeiro artesão
da região, foi um grande escultor brasileiro. Nasceu na cidade de Taquaritinga do Norte, em
Pernambuco, em 1897. No ano de 1912, decidiu ir a pé como romeiro, junto com sua família,
até Juazeiro do Norte, no Ceará, percorrendo uma distância de 480Km. A partir desse trajeto,
começa a relação do artista com a cidade, onde se estabeleceu com sua família.
Inicialmente, ele trabalhou em diversas funções, como soldado, funcionário de estrada
de ferro e até funileiro.O trabalho com o artesanato começou através de pedidos de romeiros,
para os quais ele fazia pequenas esculturas de santos. Somente a partir de 1930, tornou-se
conhecido como artista popular, escultor de imagens e xilogravurista. Sua primeira escultura
foi um São Sebastião e sua primeira xilogravura, uma capa de literatura de cordel
(PAMPOLHA, 2017).
No entanto, o grande sucesso de Mestre Noza começou em 1963, quando o artista
Sérvulo Esmeraldo deu a ele uma série de gravuras da Via Sacra e encomendou as matrizes
em madeira. O resultado do trabalho foi muito satisfatório, e Sérvulo resolveu levar as
matrizes para a França, em uma viagem que fez. Com elas, conseguiu produzir uma edição
especial do folheto da Via sacra, com apenas 22 exemplares, impressos à mão, lançado em
Paris. Com o sucesso da obra, publicou-se uma nova edição de mil exemplares, também
esgotada rapidamente (PAMPOLHA, 2017).
Desde então, Mestre Noza participou de diversas exposições com obras de escultura e
xilogravura em Crato-CE, Recife, Rio de Janeiro e em Paris, sendo considerado o grande
artista popular do Cariri cearense, como enfatizam muitos dos artesãos do Centro de Cultura.
Alguns trabalhos feitos por ele fazem parte do Museu de Arte do Ceará e do Instituto de
Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (USP).
No ano de sua morte, 1983, através de projetos da Secretaria Municipal de Cultural de
Juazeiro do Norte, o antigo prédio da Polícia Militar do Ceará foi reformado e passou a ser
utilizado como prédio do Centro de Cultura Popular Mestre Noza​. ​Assim, origina-se em junho
deste ano, o Centro de Cultura Popular Mestre Noza, a partir do Encontro de Produção de
Artesanato Popular e Identidade Cultural, uma iniciativa do Instituto Nacional de Folclore
(INF) do Ceará, é promovido pela Fundação Nacional de Arte (Funarte).
O Centro é considerado um dos locais mais importantes da cidade de Juazeiro do
Norte e de toda a região do Cariri, criado em homenagem a Inocêncio Medeiros da Costa
(Mestre Noza), considerado o primeiro artesão da região, abriga obras de mais de 100 artesãos
do Cariri e funciona como apoio para os artesãos da região, comprando as peças produzidas
por eles e revendendo para diversas localidades, com isso, o dinheiro arrecadado é investido
no centro de cultura e na compra de novas peças para o trabalho.
Figura 3- Sala de Exposições das Produções Artesanais do Centro

Fonte: Arquivo dos autores (2019).

A Associação dos Artesãos de Juazeiro do Norte é a entidade jurídica que representa o


centro, que em seu espaço possui uma diversidade de obras expostas. Em conformidade com
Costa (2016), o prédio onde o centro está localizado propicia uma experiência agradável ao
visitante, que pode inclusive acompanhar o trabalho dos artesãos no local, o que se faz um
diferencial para turistas e pesquisadores. Hoje, a entidade conta com 103 associados, dos
quais 12 trabalham diariamente no Centro Mestre Noza, os demais criam seus produtos em
casa e expõe no espaço cultural em estudo.
Com a fundação do centro, os artesãos associados deram continuidade ao trabalho
desenvolvido pelo Mestre Noza e puderam contar com um lugar de apoio para a produção dos
seus trabalhos. Hoje, a associação é formado por presidente, vice-presidente, tesoureira e
artesãos que buscam a cada dia evoluir nas suas produções e divulgações de seus artenasatos,
além de desenvolverem novos meios para aumentar a demanda no mercado de vendas.
Quando refletimos sobre esse espaço, nos vem à mente Marteleto (1995, p. 2) que
advoga acerca da relação natural que perpassam os conceitos de Cultura e informação.
Funcionando como uma memória, transmitida de geração em geração, na qual se encontram
conservados e reproduzíveis todos os artefatos simbólicos e materiais que mantêm a
complexidade e a originalidade da sociedade humana, é depositária da informação social.
A informação e a memória proporcionam ao indivíduo construir seus saberes ligados
à cultura, permitindo assim a criação de seus conceitos e valores os quais contribuem para a
formação de sua identidade . Segundo Silva (2006, p. 215), perceber o que é uma identidade
cultural, como ela se molda e até que instância ela atinge, faz o homem avaliar seus próprios
saberes, confrontando-os com seu meio cultural. Para que esse processo discursivo ocorra
torna-se necessário que o indivíduo tenha acesso à informação, saiba onde encontrá-la e
como identificá-la enquanto elemento de sua cultura.
Assim o artesanato pode ser compreendido como uma marca original de uma cultura
local, pois, ao construir suas peças, o artesão expressa, por meio de uma técnica específica, o
seu fazer, o seu conhecimento tácito, o qual foi acumulado das gerações passadas, uma
expressividade original que marca sua cultura e territorialidade.

Figura 4- Escultura de Carranca produzida no centro

Fonte: Arquivo dos autores (2019).

Por conseguinte, Castilho (2013) destaca que a cultura está sempre enraizada com base
no território, proveniente da integração do homem para adequar-se às adversidades do local, e
assim construir a sua identidade.
Tal afirmativa é possível de visualizar no âmbito do Centro de Cultura Popular Mestre
Noza onde se fazem presentes elementos de memória existentes tanto no processo de criação
(práticas que os artesãos aprenderam e hoje transmitem) bem como, na memória existente nas
peças criadas, que são representações de elementos da cultura local (Pe. Cícero, Luiz
Gonzaga, Jaraguás, Brincantes de Reisado e outras figuras e elementos). Desse modo,
observar, refletir e analisar essa prática permite adentrar nas tessituras simbólicas e afetivas da
cultura local e compreender os complexos elementos que a compõe.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A história do artesanato confunde-se com a própria história do homem, pois a


necessidade de se produzir bens de utilidades e uso rotineiro, e até mesmo adornos, expressou
a capacidade criativa e produtiva humana como forma de trabalho.
O artesanato constitui-se como fonte de informação e memória, quando seus meios de
aprendizado passam a transferir informações de uma pessoa para outra, de pai para filho, avós
para netos, sendo assim transmitida de geração em geração.
Juazeiro do Norte-CE, considerada uma das maiores expoentes de manifestação
cultural, tem como uma das principais atividades o artesanato, que possui grande participação
na economia da cidade, sendo o espaço Cultural Mestre Noza um grande polo de artesanato
da região do Cariri caririense, chamando a atenção de muitos turistas e pesquisadores que
podem acompanhar no local o processo de confecção das obras.
O espaço em estudo representa dessa forma, tanto uma fonte de informação como um
lugar de memória local, onde as pessoas podem conhecer um pouco da história local e
apreciar obras cujo valor ultrapassam os paradigmas de um mundo industrial.

REFERÊNCIAS

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