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Entre-Ijuís
2019
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Entre-Ijuís
2019
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 04
3. A LENDA DA CORRENTE....................................................................................... 12
ANEXOS .................................................................................................................... 15
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INTRODUÇÃO
As lendas são um tema que sempre suscitam interesse. Elas povoam o imaginário dos
homens desde o berço, quando os bichos-papões e os homens-do-saco permeiam a infância e
depois são substituídos por outros vultos como boitatás, lobisomens, salamancas, etc.
Todos os povos têm suas lendas. Elas fazem parte da tradição de cada civilização e
traduzem seus costumes, crenças e cultura. E, independente das diferenças raciais ou
geográficas, a lenda se difere em sua totalidade, em sua conceituação, aqui ou acolá. É sempre
uma pequena narrativa de origem histórica, religiosa, humana, animal, seres inanimados,
fenômenos naturais, marcos geográficos ou episódios que, sob o efeito do imaginário popular
ganham magia e encanto quase sempre através da tradição ou da crendice popular.
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Na região das Missões, destacam-se as lendas missioneiras, essas que vêm sendo
recolhidas e registradas desde Simões Lopes Neto através da obra Lendas do Sul, publicada
em sua primeira edição no ano de 1913, depois, por Antônio Augusto Fagundes, e pelo
escritor missioneiro Mario Simon.
Lendas missioneiras seriam aquelas que trazem em si figurações, paisagens, hábitos e
costumes, tradições, tipo humano, crenças, circunstâncias e religiosidades encontradas
especificamente na região dos antigos povos das Missões Jesuíticas da Província do Paraguai,
que abarcava territórios hoje da Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai. Principalmente na
Argentina e no Paraguai, as lendas que têm origem nas Missões Jesuíticas são numerosas,
muito significativas, e bastante divulgadas por autores desses países.
Nesse trabalho mostraremos, em especial, a lenda da Corrente do Rio Ijuí, narrativa
popular entre os habitantes de Entre–Ijuís, município este que abriga os remanescentes da
sexta redução jesuítico-guarani: São João Batista.
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Tal como acontece com tantas outras ciências, corre pelo mundo uma série de
definições de folclore, muitas delas divergentes e atritantes entre si. Isto significa que os
especialistas ainda não se conciliaram quanto à exata conceituação do que seja folclore.
Entretanto, sua origem não é desconhecida, sabe-se que ela tem origem da palavra folk-lore,
que fora formada a partir das velhas raízes saxônicas em que folk significa povo e lore saber.
Assim, segundo o seu criador, Willian John Thoms, a nova palavra significaria sabedoria do
povo.
Assim, o folclore deve ser encarado como uma ciência social, que se ocupa da
cultura espontânea do povo nas sociedades como escrita, pesquisando, recolhendo – o acervo
dos fatos da cultura espontânea – para tentar alcançar através dele a estratégia social. O
folclore não existe gratuitamente pela simples razão de que o povo não cria e não utiliza nada
que não lhe seja imediatamente utilitário. A tendência dos costumes de povos diferentes é,
quando estes se relacionam de modo íntimo, construir expressões híbridas, ou seja, suas
culturas se misturam, resultando em novas expressões de manifestação popular.
No Brasil, os debates folclóricos iniciaram em 1951, dando origem ao I Congresso
Brasileiro, realizado no Rio de Janeiro, onde muitos pesquisadores da área debateram sobre as
características que foram atribuídas ao folclore, como: o anonimato, a transmissão oral, a
antiguidade ou tradicionalidade, a sobrevivência e o conceito de civilidade dos povos,
conceitos defendidos pelos folcloristas tradicionais da época. Como resultado do Congresso
foi aprovada a Carta do Folclore Brasileiro.
Entretanto, em agosto de 1954, foi realizado o Congresso Internacional de Folclore,
na cidade de São Paulo. Nesse encontro, a Comissão Paulista de Folclore, considerou o fato
folclórico a partir do seguinte conceito: “Toda maneira de sentir, pensar e agir, que constitui
uma expressão da experiência peculiar de vida de qualquer coletividade humana, integrada
numa sociedade civilizada” (LIMA, 2003, p.17). Essa caracterização do fato folclórico como
sendo atributo exclusivo da camada popular, e não pertencente à camada civilizada da
sociedade, ocasionou inúmeros protestos.
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Através da releitura da Carta do Folclore Brasileiro foi possível entender que o fato
folclórico surgiu da criação do povo e que é por todos aceito, desmistificando sua existência
em guetos, nos fazendo pensar que todos são portadores de folclore, nas suas superstições,
piadas, remédios caseiros, correntes de oração, ditos populares e provérbios. A mesma
condição se aplica a frases feitas como: “Saúde”, quando alguém espirra; “São Brás”, para
quem se afoga; “São Longuinho, São Longuinho, se eu achar, dou três pulinhos”; e outras que
são faladas e vivenciadas por todos, independentemente do seu grau de instrução. Portanto,
todos nós vivenciamos o folclore no dia-a-dia.
O Brasil, por ser vasto qual um continente, apresenta regiões distintas, onde há
diferença de intensidade das influências dos povos formadores. Por outro lado, cada região
possui seu gênero de vida de acordo com o meio ambiente, o que influi, também, no folclore
brasileiro. A seguir, então, será narrada uma ideia geral dos vários desdobramentos do nosso
folclore:
• Linguagem Popular: gíria, apelidos ou alcunhas, legendas, linguagem especial ou
cifrada, metáforas, frases feitas. Além da palavra, há a mímica e os gestos. Assim, nós temos
expressões utilizadas em todo o país (“tirar o pai da forca”, “está se virando”), compreendidos
por todos, e expressões regionais, somente entendidas pelos habitantes da região
(“gineteando” RS “Fute” dito na região NE).
• Literatura Oral: poesia, história, fábulas, lendas, mitos, romances, parlendas,
adivinhas, anedotas, provérbios, orações, pregões e literaturas de cordel, todos transmitidos
oralmente;
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Historicamente a lenda foi uma narrativa utilizada para reunir histórias, explicar
fenômenos ou apresentar divindades. Muitas lendas explicam a origem da vida ou das mais
diversas religiosidades, cristãs ou místicas.
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nos fundos dos campos missioneiros. E assim elas sobrevivem, geralmente com versões um
pouco diferentes, mas sempre cheias de mistério e colorido próprio.
3. A LENDA DA CORRENTE
Como dito anteriormente, uma lenda caracteriza-se por estar limitada temporal e
espacialmente. Sendo assim, cada região ou comunidade tem suas lendas que as vezes passam
desapercebidas, mas que são a verdadeira fonte que forma a personalidade de um povo.
A Região das Missões Jesuíta é rica em costumes, crenças e lendas, conforme
informações fornecidas pelo Portal das Missões, empresa responsável por administrar o
turismo na chamada Rota Missões, encontra-se nesse território a Lenda da Origem da Cruz de
4 Braços ou pedra Itacuruacir que nos aproxima de Deus ao ser perdida tanto que na verdade
ela compreendia quase todo o estado do Riogrande, com exceção da região de Pelotas e Rio
Grande de onde partiram os europeus para guerrear pelo Império contra os Missioneiros.
Na região da antiga redução de São Borja temos, por exemplo, Maria do Carmo,
Santa Missioneira e Profana. Em Santo Ântonio das Missões temos as histórias da Lenda da
Figueira; Santo dos Tropeiros, Uma Janelinha do Céu nas Missões ou Chapéu de Santo
Antônio. No município de Giruá temos a lenda do Delator de Artur Arão; em Eugênio de
Castro tem a Lenda Lagoa da Mortandade – Lagoa do Chaine um lugar lindo e Lenda do
Tridente que uniu os Maragatos e Ximangos. Em São Miguel das Missões temos a Lenda da
Cruz de Caravaca e a conhecida Lenda da M’boi Guaçu – Cobra Grande de São Miguel e suas
marcas negras pela torre nas ruínas, que hoje são patrimônio da humanidade.
Em nosso estado temos também todos os Mistério do Chimarrão e a Lenda Da Erva
Mate, isso sem falar na mais bela lenda do Brasil O Negrinho do Pastoreio acompanhada do
Boitatá – Protetora do Pampa Contra Incêndios, Lenda do Vinho, Lenda de Hortelã ou Lenda
Alecrim.
No município de Entre-Ijuís, local onde encontram-se os remanescentes da sexta
redução jesuítico-guarani, encontramos na cultura popular e nos registros do pesquisador
missioneiro Mario Simon duas lendas em especial: a lenda da corrente do Rio Ijuí e a lenda da
pitangueira.
Nesta pesquisa, trataremos em especial sobre a lenda da Corrente do Rio Ijuí. Está,
está descrita na obra Lendas Missioneiras de Mario Simon. Mario (2016) relata:
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Mário Simon narra que já ouviu outras versões da mesma lenda em que o povo conta
que ninguém conseguiu retirar o tesouro do fundo do rio porque não cumpriram a condição
lendária principal. A caixa de ferro só seria trazida do fundo do poço se fosse puxada por uma
junta de bois gêmeos, um de cor preta, outro de cor branca. Simon disse que é uma lenda
recente, já que foram muitos os testemunhos de pessoas que disseram ter visto a tal corrente, e
que a árvore em que estava amarrada foi levada, juntamente com o barranco, numa das cheias
do Rio Ijuí, desaparecendo para sempre.
Como já foi dito por diversas vezes nessa pesquisa, as lendas representam a cultura de
um povo. É carregada de histórias, valores, traços culturais e sentimentos de valorização e
identidade regional. A lenda da Corrente, por sua vez, carrega a alma da redução de São João
Batista e desperta na população local, o sentimento de pertencimento, de identidade.
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REFERÊNCIAS
LIMA, Rossini Tavares de. Abecê de folclore. 7.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
PORTO, Aurélio. História das Missões Orientais do Uruguai, página 206, Volume I,
Livraria Selbach, Porto Alegre, 1952.
RIBEIRO, Paula Simon. Folclore, aplicação pedagógica. Porto Alegre : Martins Livreiro,
1998.
ANEXOS
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LISTAS DE ANEXOS
ANEXO A
Cópias das Entrevistas
ANEXO B
Fotografias
ANEXO C
Cópia da Pesquisa em CD
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ANEXO A
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ANEXO B
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ANEXO B