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FÉ: CERTEZA E CONVICÇÃO

Hebreus 11

INTRODUÇÃO

Iniciaremos nossa análise de Hebreus 11 considerando o final do


capítulo 10: “Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição, mas
somos da fé, para a preservação da alma” (Hb 10.39).
Uma certeza que temos é que se tivermos vindo a Cristo, se tivermos
alcançado o perdão e a justificação na nossa vida, nós nunca o
abandonaremos! Não retrocederemos para a perdição, mas avançaremos, pela
fé, para a preservação da alma! Apesar dos altos e baixos, dos problemas e
dilemas, seremos vitoriosos na fé, creremos e continuaremos a crer até o fim!
Mas, o que é a fé? É isso que Hebreus 11 explica e que estudaremos
adiante.

I- FÉ DEFINIDA

“Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que não


se veem” (v.1).

Nessa definição é importante ressaltar duas palavras: certeza e


convicção. Biblicamente falando, nunca a fé dá espaço a insegurança, a
dúvidas, mas sempre remete a certezas. Certezas de coisas que não vemos!
Há uma diferença entre fé e esperança. Esperança é um sentimento
mais geral de que algo acontecerá. Fé não é sentimento, mas certeza e
convicção de que aquilo que não se vê, ocorrerá! Assim, devemos esperar, com
fé!
Fé também não é pensamento positivo ou crendice1.
A fé não é certeza do desconhecido, mas do invisível!2
• Invisível porque ainda não alcançamos. Muitas promessas bíblicas
ainda terão sua existência ou completude em tempo futuro. Nós
somos salvos, entretanto nossa salvação será plena e totalmente
concluída no futuro. Temos a promessa da ressurreição, de que
teremos novos corpos para glorificar a Deus, mas, da mesma
forma, essa promessa aguarda concretização. Esperamos novos
céus e nova terra; além disso, uma nova era, onde não haverá
mais choro, nem pranto, nem dor. Igualmente, pela fé
aguardamos esse invisível.
• Invisível por natureza. Temos certeza e convicção acerca de coisas
invisíveis no sentido de que existe uma realidade espiritual não
tangível aos nossos olhos! Deus, os anjos e outros seres. Mas,
mesmo não vendo com nossos olhos carnais, temos certeza de sua
existência.

1
LOPES, Hernandes Dias. Hebreus: a superioridade de Cristo. São Paulo: Hagnos, 2018. P. 149.
2
OLYOTT, Stuart. A carta aos hebreus bem explicadinha. São Paulo: Cultura Cristã, 2012. p. 100.
Rua Salgado Filho, 2435. São Cristóvão.
Porto Velho/RO
A fé não é certeza do desconhecido, mas do invisível! Essa frase também
aponta para o entendimento de que fé não é uma antítese de conhecimento!
Fé se relaciona com o invisível, não com o desconhecido! Assim, o firme
fundamento está baseado em conhecimento, sabedoria. Mas, que tipo de
conhecimento e sabedoria? Evidentemente não é a humana. Não cremos
porque um homem disse, porque um cientista falou ou porque uma prova foi
mostrada. Nossa base de conhecimento não é construída a partir do homem,
mas da palavra de Deus! Deus fala e devemos crer! Deus tem mais autoridade
no falar do que o homem, um fato ou uma prova em persuadir. Até porque
homens e provas podem falhar, serem mal interpretados ou incertos. No
entanto, a voz de Deus não padece de mudanças, incertezas ou alterações. Ela
é firme e eficaz!
A ciência muda de opinião com frequência. Para citar um exemplo, no
começo da pandemia em que vivemos, COVID-19, existia a recomendação de
que nem todos precisariam usar máscaras e era desaconselhável a produção
de máscaras caseiras! Lembro bem disso. Um mês depois, o que aconteceu?
Os especialistas, as instituições, as organizações de saúde não falam de outra
coisa: é preciso que todos usem máscaras e é viável a produção e uso de
máscaras caseiras! Já existe até um forte comércio de vendas de máscaras
caseiras. Não menosprezando os avanços da verdadeira ciência, mas como
confiar numa base tão volúvel em questões tão importantes quanto a nossa
vida, nossa existência e nosso destino eterno?
Como disse certa vez um escritor: a ciência ainda tem dúvida se a
manteiga que eu como me faz bem ou mal! Poderíamos abrasileirar: a ciência
ainda não decidiu se o café que bebemos nos faz bem ou mal!
Portanto, a fé, certeza e convicção vem pela palavra e conhecimento de
Deus. A isso muitos reclamam que não conseguem ouvir a Deus. Que Deus
não se revela a eles. Que não tem evidências.
A esse respeito Vincent Cheung3 comenta que
As pessoas frequentemente reclamam que há evidência insuficiente
sobre Deus e o Cristianismo, mas a Bíblia diz que eles já conhecem
sobre esse verdadeiro Deus, mas apenas estão suprimindo esse
conhecimento, pois recusam reconhecê-lo ou adorá-lo. O
conhecimento sobre Deus é “evidente entre eles”, pois ele “lhes
manifestou”. O problema não é uma falta de evidência, mas uma série
de pressuposições artificialmente manufaturadas que suprimem a
evidência sobre Deus.

Assim, devemos ouvir a voz de Deus e uma vez alcançado esse


conhecimento de Deus, reconhecê-lo e adorá-lo. A fé está justamente baseada
nessa resposta à Deus. Por isso a “fé vem pela pregação, e a pregação, pela
palavra de Cristo” (Romanos 10.17).

Mas, como sabemos que a fé é exatamente isso que se fala? “Pois, pela
fé, os antigos obtiveram bom testemunho” (v. 2). Ou seja, o relato bíblico traz
que os antigos tiveram bom testemunho de Deus, e fizeram o que era certo,
justamente por ter esse tipo de fé tratada aqui, ou seja, certeza e convicção
das coisas invisíveis concernentes à vontade do Senhor!

3
CHEUNG, Vincent. Confrontações pressuposicionais. Brasília: Editora Monergismo, 2006. p. 8.
Rua Salgado Filho, 2435. São Cristóvão.
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APLICAÇÃO

• Você tem fé? O Deus invisível é, para você, uma realidade?


• Diante do sofrimento em sua vida, o que tem procurado para seu
consolo: a voz de Deus ou a voz dos homens?

II- FÉ DEMONSTRADA

Mas, será que alguém tem ou viveu ou vive esse tipo de fé? Parece algo
tão ideal e inalcançável! O escritor aos Hebreus mostrará uma série de
exemplos de pessoas que alcançaram bom testemunho agindo exatamente
conforme os padrões dessa fé, com certeza e convicção das coisas que não se
vê.

• Abel foi “desafiado” a adorar ao Deus invisível de determinada


maneira específica. Precisava crer no invisível; primeiro no Deus
invisível e depois, que sua adoração, não seria inútil, mas uma
forma adequada de se aproximar do Senhor. Agiu em obediência
a palavra do Senhor e obteve bom testemunho. Não inventou um
modo alternativo de adorar. Mas, obedeceu.
• Enoque viveu numa sociedade mundana. A maioria das pessoas
não procurava se relacionar com Deus, obedecer a sua palavra. O
desafio foi “ver” que andar com Deus era o melhor caminho,
transformaria, daria sentido à vida e acarretaria grande
recompensa espiritual. Segundo Hernandes Dias Lopes: “Enoque
viveu no meio de uma geração perversa e má, mas escolheu andar
com Deus e deleitar-se em Deus. Enoque viveu sublimemente
acima da corrupção de seu tempo. Sua intimidade com Deus era
tal que Deus o recolheu para si sem que ele passasse pela morte”4.
“Para Enoque, o reino invisível era a realidade suprema e se ainda
hoje desejamos agradar a Deus, assim deve ser. Temos de ter
certeza de sua existência e de que vale a pena andar com ele”5.
• Noé representa um desafio ainda maior. Vivia numa época em que
não chovia e foi chamado a fazer uma grande arca! Passou um
bom tempo construindo e proclamando, assim, a palavra de Deus
acerca de um julgamento futuro: o dilúvio. “Noé demonstrou uma
fé robusta, pois numa época em que a chuva ainda não havia
caído sobre a terra, ele investiu cento e vinte anos para construir
um imenso barco para salvar sua família e os animais. Noé não
se deixou dissuadir pelas críticas dos oponentes”6. Ele precisou
ver o invisível: o dilúvio. Precisou acreditar, pois nem mesmo um
chuvisco caia na terra. A terra era irrigada por neblina, apenas.
Mas, Noé teve o tipo de fé que tem certeza e convicção! Apesar de

4
LOPES, Hernandes Dias. Hebreus: a superioridade de Cristo. São Paulo: Hagnos, 2018. P. 151.
5
OLYOTT, Stuart. A carta aos hebreus bem explicadinha. São Paulo: Cultura Cristã, 2012. p. 102.
6
LOPES, Hernandes Dias. Hebreus: a superioridade de Cristo. São Paulo: Hagnos, 2018. P. 152.
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não ter evidências palpáveis que lhe dessem provas. Imagine a
situação, Deus chamando Noé para construir a Arca, pois enviaria
um dilúvio e Noé retorquindo a Deus pedindo provas de que o
dilúvio era possível e iria acontecer. Não teria cabimento. “Que
exemplo de alguém que creu, creu e continuou crendo! As pessoas
zombavam e escarneciam, dizendo que aquilo nunca aconteceria.
(...) No final, sua fé foi vindicada, e o mundo à sua volta foi
desmascarado por aquilo que era – incrédulo e contra Deus”7.
• Abraão quase representa o exemplo máximo de fé. Em primeiro
lugar, sua fé respondeu ao chamado de Deus. Ele morava em Ur
dos Caldeus, na Mesopotâmia. Sua família era idólatra. Ele
recebeu o chamado de Deus para ir a uma terra que lhe seria
mostrada. Abraão imediatamente obedeceu. “Abraão não duvida,
não questiona nem adia. Ele larga tudo para trás e atende à
convocação divina. Abraão torna-se o pai dos que creem (Rm
4.16)”8. Em segundo lugar, Abraão teve uma fé que espera a
promessa de Deus. A vinda de seu filho Isaque foi fruto da bênção
de Deus e exigiu fé. Abraão estava com cem anos de idade e Sara
com noventa. Entretanto, ainda assim foram visitados por um
Anjo e desafiados a crer no invisível: no nascimento de Isaque!
Isaque veio, foi uma realidade! Em terceiro e último lugar, a fé se
sacrifica para obedecer a Deus. O Senhor colocou Abraão à prova
pedindo que lhe oferecesse seu filho em sacrifício, Abraão
obedeceu e creu que mesmo que matasse seu filho o Senhor o
poderia restituir dos mortos!

APLICAÇÃO

• Sua fé o leva a aproximar-se de Deus conforme ele ensinou, assim


como fez Abel?
• Sua fé o move a agradá-lo como coisa mais importante da vida
assim como fez Enoque?
• Sua fé lhe inspira a obedecê-lo mesmo quando parece que tudo
estará perdido do mesmo modo que fez Abraão?

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Que tenhamos fé na qualidade de certeza e convicção. Que nossa vida,


morte e eternidade estejam baseadas naquilo que o Senhor falou. Que
possamos olhar para trás, e ver os belos exemplos dos servos de Deus como
inspiração para nosso viver, pois eles, mesmo em meio a dificuldades, ainda
assim, ousaram crer no invisível e alcançaram bom testemunho de Deus.
Assim, jamais seremos decepcionados. Deus não tem vergonha de ser o seu
Deus, de andar com você nessa sua vida, de dar as boas-vindas a você quando
chegar à sua habitação final9.
7
OLYOTT, Stuart. A carta aos hebreus bem explicadinha. São Paulo: Cultura Cristã, 2012. p. 104.
8
LOPES, Hernandes Dias. Hebreus: a superioridade de Cristo. São Paulo: Hagnos, 2018. P. 153.
9
OLYOTT, Stuart. A carta aos hebreus bem explicadinha. São Paulo: Cultura Cristã, 2012. p. 104.
Rua Salgado Filho, 2435. São Cristóvão.
Porto Velho/RO
Que Deus nos abençoe como igreja a ter a verdadeira fé. Que diante do
sofrimento em nossa vida, busquemos consolo na voz de Deus. Que nossa fé
nos leve a aproximar-se de Deus conforme ele ensinou. Que nos mova a
agradá-lo como elemento mais importante da vida. E que nos inspire a
obedecê-lo mesmo quando parece que tudo está perdido.
Deus nos abençoe.

Rua Salgado Filho, 2435. São Cristóvão.


Porto Velho/RO

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