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POR UMA ESPIRITUALIDADE INTEGRAL


Marcos 12.28 34

No decurso da história da igreja cristã é possível observar que, em diversos


momentos, houve distorções, equívocos e limitações na compreensão da
espiritualidade.

A prática de uma espiritualidade integral continua a ser um importante desafio para o


povo de Deus. Especialmente nesses dias em que os extremos tanto atraem as
pessoas, a experiência religiosa precisa ser equilibrada mediante a prática de uma
espiritualidade integral.

A Bíblia não favorece a idéia de uma espiritualidade verticalista e individualista que


leva em consideração apenas a busca da comunhão pessoal com Deus. Em diversas
passagens fica evidente que as qualidades de nossas relações com o próximo e com
o mundo, constituem-se num importante critério para se avaliar a veracidade e a
intensidade de nossa espiritualidade.

O presente estudo tem por' objetivo:

a) Conscientizar quanto à abrangência da espiritualidade cristã;


b) Apontar pistas e desafiar o povo de Deus para a busca de uma espiritualidade que
seja, de fato, integral.

1 - A ESPIRITUALIDADE INTEGRAL É ESSENCIALMENTE


RELACIONAL
Segundo o ensino de Jesus, a verdadeira religião se resume no amor (Mt 22.37-40). O
cumprimento da lei de Deus consiste em um relacionamento de amor com Ele e com o
próximo (Rm 13.8-10).

É esse aspecto relacional que qualifica a nossa espiritualidade. Quando o indivíduo


assume posturas egoístas e individualistas, a espiritualidade é empobrecida e até
anulada (Tg 2.14-17). A indiferença para com o próximo e suas necessidades é in-
compatível com a verdadeira espiritualidade.

João, o apóstolo do amor, exprime isso com clareza, ao declarar: "Se alguém disser:
Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão,
a quem vê, não pode amar a Deus, aquém não vê" {\ Jo 4.20).

A atitude de Caim, em relação a seu irmão Abel, desmascarou e comprovou a


falsidade da espiritualidade que ele tentava evidenciar, ao ofertar ao Senhor (Gn 4.3-
8).

O apóstolo Paulo afirma que "se alguém não tem cuidado dos seus e es-pecialmente
dos de sua própria casa, tem negado a fé, e é pior do que o descrente "(I Tm 5.8).
Tiago, por sua vez, diz que a verdadeira religião inclui, entre outras coisas, a
assistência aos necessitados (Tg 1.26,27).

A espiritualidade cristã envolve o próximo e depende do grau de envolvimento e


compromisso que temos para com ele. É precisamente isto que Jesus quer ensinar em
Mateus 25.35-46.

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Enquanto perdurarem as relações de opressão e exploração - das quais tantas vezes


nos tornamos cúmplices - Deus estará reprovando e rejeitando a nossa pretensa
espiritualidade (Is 58.5-7; Am 5.21-24).

O pastor Ricardo Barbosa de Souza, uma autoridade no país hoje, sobre o tema da
espiritualidade, afirma o seguinte a respeito desse aspecto relacional: "A forma como
tratamos os outros é a forma como tratamos a Deus.

Se manipulamos os outros e nossas relações são, basicamente, de natureza política,


esta torna-se a forma como nos relacionamos com Deus. Se aprendemos a utilizar
pessoas e coisas, teremos uma relação também utilitária com Deus.

A verdadeira espiritualidade é algo que transcende a nós mesmos, é interpessoal, é


relacional. A amizade e os relacionamentos que construímos são caminhos que nos
conduzem a Deus" ("O Caminho do Coração", Encontrão Editora, Curitiba/PR, 1996,
pág. 72).

2. A ESPIRITUALIDADE INTEGRAL TEM UMA ABRANGÊNCIA


MAIOR DO QUE SE IMAGINA

Comumente, a idéia que se tem de espiritualidade é que ela está relacionada tão-
somente à vida religiosa do indivíduo, limitando-se a práticas devocionais, no contexto
do templo ou do silêncio do quarto. Porém, a abrangência da espiritualidade deve ir
muito além.

Em seu livro intitulado "A Ética de Calvino", o Rev. Edijéce Martins Ferreira afirma que
"as doutrinas calvinistas da soberania de Deus e da vida cristã não se ajustam a uma
concepção puramente secular do mundo, porque, para ele, nenhuma área da vida está
isenta de obrigação para com Deus".

A espiritualidade Integral não nega o mundo e nem se limita a acusá-lo. 0 autor acima
referido faz menção à Interessante observação feita por McNeill sobre como Calvino
via, por exemplo, a cultura (especialmente a literatura clássica): "Ao invés de ser
discriminadamente negativo para com ela, ele era positivamente seletivo". Isto se
harmoniza com o princípio apresentado por Paulo em I Tessalonicenses 5.21: "Julgai
todas as cousas, retende o que é bom".

A espiritualidade integral é sensível a tudo quanto diz respeito ao mundo. Em relação


ao que é bom e santo, para ser promovido; em relação ao que é mau, para ser
transformado; e em relação ao que é neutro, para ser tratado com liberdade de acordo
com a consciência de cada um.

A espiritualidade integral tem a ver com o todo da vida. Ela está relacionada às
questões sociais e éticas que envolvem a humanidade.

Nessa perspectiva de integralidade, os anseios pelas delícias do céu não ofuscam os


sonhos de um mundo melhor; a celebração pela conquista da salvação não abafa os
gemidos dos que não têm nem esperança; e a visão da glória de Deus não impede um
olhar misericordioso para as mazelas desse mundo.

A espiritualidade integral se desenvolve tanto no monte da transfiguração, quanto no


vale da aflição. Essa espiritualidade enfatiza não apenas a ida até Deus, mas também
a vinda do reino de Deus até nós (Mt6.10).

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3 - A ESPIRITUALIDADE INTEGRAL É POSITIVAMENTE


TRANSFORMADORA

A eficácia da nossa comunhão com Deus é comprovada nas consequências que ela
produz. Não há como separar espiritualidade e missão.

No prefácio do livro "Um Projeto de Espiritualidade Integral", de autoria do Pastor Caio


Fábio (Editora Sião, Brasília/ DF, 1988), Ricardo Barbosa faz a seguinte afirmação:
"ainda estamos distantes do ideal divino, e carregamos as marcas de uma
espiritualidade fragmentada, dicotômica e promotora de desajustes psicológicos e
emocionais.

Por um lado encontramos igrejas que pouco se preocupam com o assunto e adotam a
espiritualidade da indiferença', deixando que cada membro desenvolva seu projeto
pessoal e seja responsável pelo seu comportamento.

Outros, transformam a espiritualidade em ética comportamental, enquadrando nela


todos os crentes, produzindo uma espécie de 'espiritualidade em série', onde,
conhecendo um, se conhece todos. É a espiritualidade dos 'chavões', advinda de uma
sub-cultura alienante, marcada pelo legalismo".

Esses modelos deformados de espiritualidade, além de não produzir efeitos


transformadores no contexto em que se dão, ainda podem levar seus praticantes a
sérios desajustes.

Por outro lado, a busca de uma espiritualidade integral estará nos transformando, bem
como ao meio em que vi-vemos, cada vez mais e para melhor.

Na conclusão do livro já referido, o Rev. Caio Fábio declara: "se buscarmos


compreender e viver a espiritualidade integral ensinada por Jesus, as nossas vidas
individuais serão mais bonitas, nossas famílias serão mais sadias, nossa visão da vida
será mais dilatada, nosso culto será mais constante, nossa noção do sagrado será
mais cósmica, nosso amor pela natureza será declarado, nossa teologia será mais
completa, nossa vida de oração será mais profunda, nosso impacto sobre o mundo
será muito mais significativo, e a glória de Deus descerá sobre nós. Amém".

DISCUSSÃO

• A vida secular do cristão é menos espiritual que a religiosa?


• O relacionamento entre os membros de sua igreja tem evidenciado
espiritualidade? Por que?

AUTOR: REV. ENEZIEL PEIXOTO DE ANDRADE

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