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A importância da equipe NASF/AB – enfrentamentos e multidisciplinariedade: uma

revisão narrativa/crítica

O Sistema Único de Saúde (SUS) é uma grande conquista para a Saúde Pública do
Brasil. Desde sua criação, em 1988, a saúde deixa de ser centralizada e para poucos e se torna
descentralizada, universal, integral e para todos.
A Atenção Básica (AB) é a porta de entrada para os serviços públicos de saúde.
Os Núcleos Ampliados de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB) são equipes
multiprofissionais que atuam na Atenção Básica de acordo com os princípios do SUS: de
maneira integrada, equitativa, integral e apoiando os profissionais de Saúde da Família.
São vários os profissionais que podem fazer parte da equipe NASF-AB.
Fisioterapeutas, farmacêuticos, fonoaudiólogos, assistentes sociais, nutricionistas, arte
educadores, psicólogos, terapeutas ocupacionais e médicos ginecologistas/obstetras,
homeopatas, pediatras, veterinários, psiquiátricos, geriatras, internistas, médicos do trabalho,
acupunturistas e profissionais sanitaristas.
Mesmo com uma variedade enorme de profissionais e grande demanda no serviço
de saúde, considerando que o Brasil é um país com alta incidência de Doenças Crônicas Não-
Transmissíveis (DCNT) o que se vê é o fim do programa, com o fim do cadastro de novas
equipes do NASF-AB.
Em 2007, foi criado o Piso da Atenção Básica (PAB), que definia um valor
mínimo fixo para financiamento da saúde de R$ 23,00 a R$ 28,00 por cada habitante do
município e um valor mínimo variável de acordo com a quantidade de equipes implantadas e
dos profissionais que faziam parte das equipes. Em 2017 foi criada a Política Nacional de
Atenção Básica (PNAB), que constituía que o financiamento da Atenção Primária à Saúde
(APS, outro nome para a AB) seria tripartite, ou seja, a APS seria financiada pelas três esferas
do governo (União, estados, municípios e Distrito Federal). No mesmo ano, a Portaria no.
3.392 alterou o modelo de transferência de recursos e as duas únicas formas de repasse
financeiro para as equipes NASF-AB se tornaram custeio e investimento.
Todas essas mudanças, incluindo a mais recente, a Portaria no. 2.979 de 12 de
novembro de 2019, que extingue tanto o PAB fixo quanto o variável e revoga a
obrigatoriedade da existência de equipes de NASF-AB nos municípios, deixando a cardo dos
gestores decidirem se as equipes vão continuar ou não, dificultam o acesso do povo à equipes
multidisciplinares de qualidade e em quantidade necessária para cobrir a população.
Por a demanda de profissionais ser menor que o que realmente é necessário, a
falta das equipes NASF-AB é inconcebível. Para retomar uma saúde pública de qualidade, é
necessário o retorno da existência do NASF.
Alguns dos profissionais que fazem parte do NASF-AB são o fisioterapeuta,
fonoaudiólogo, psicólogo, nutricionista e profissional de educação física. Esses profissionais
nem sempre são vistos na integralidade de suas capacidades e potencialidades para a saúde
pública, o que finda por excluí-los das redes básicas de saúde. Profissionais como médicos,
enfermeiros, técnicos de enfermagem, dentistas e auxiliares de dentista são vistos como “mais
importantes” e são priorizados no momento de formação da equipe. Deve-se considerar que
cada profissional da saúde, independente da área, é igualmente importante e necessário para
formar uma Atenção Básica forte e que sirva à população em sua integralidade.
Fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, nutricionistas e profissionais de
educação física, de acordo com as diretrizes da Estratégia Saúde da Família (ESF), devem
realizar ações e serviços de promoção de tratamento e reabilitação, prevenção de agravos e
doenças na população, orientações individuais ou em grupo, causando mudanças
biopsicossociais, além somente da prática clínica. Deve-se lembrar que todos esses
profissionais agem na promoção da saúde e prevenção de doenças e devem ser parte do
fortalecimento da APS.
Reforça-se que o atual governo e os governos subsequentes devem manter os
Núcleos de Apoio à Saúde da Família e as equipes de Núcleos Ampliados de Saúde da
Família e Atenção Básica. Para isso, é imprescindível o devido financiamento e manutenção
do sistema, para que a saúde no Brasil não fique ainda mais arcaica e atrasada.

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