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Atuação da Rede Kigali. Nossa atuação é consistente com nossos propósitos independente
do aparelho ou do equipamento cujas políticas estejam sendo revisadas. Evidentemente que
cada aparelho possui suas particularidades tecnológicas e de atores que imprimem uma
dinâmica própria, embora isso de forma alguma altere a consistência dos propósitos de nossa
atuação.
Com a revisão da etiquetagem de refrigeradores não foi diferente. Cumprimos com nosso
papel de contribuir com informações técnicas e análises críticas levadas de forma
transparente e fundamentada à sociedade, aos consumidores e aos tomadores de decisão.
A Rede Kigali foi o único ator do processo de revisão que elaborou e tornou público um estudo
de impacto com diversos cenários para subsidiar o debate público.
Importância de um PBE funcional. Porém, hiatos na revisão como esse são mortais para a
função do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), como foi o caso para refrigeradores e
ares-condicionados: o consumidor não consegue mais diferenciar os produtos mais e menos
eficientes, pois a grande maioria disponibilizada no mercado é “A”, e aprofundou-se a
defasagem de eficiência dos equipamentos disponibilizados no mercado brasileiro em relação
aos existentes em outros países.
… Mas nasce defasada. No entanto, o período de transição para passar a vigorar tal meta
no Brasil é de 10 anos. Isso significa que os equipamentos vendidos aos consumidores
brasileiros como mais eficientes (“A”) já estarão com um padrão defasado em relação ao resto
do mundo em 2031. Para ter uma ideia, essa meta para daqui a 10 anos para o “A” é
atualmente a categoria “C” da etiqueta europeia.
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O tamanho dessa defasagem tecnológica significa que os refrigeradores brasileiros que estão
no patamar da categoria mais eficiente (“A”) não podem ser vendidos no Quênia, México ou
Estados Unidos, porque nesses mercados são considerados ineficientes 1.
Por fim, a consequente concentração dos refrigeradores vendidos no Brasil nos últimos anos
na etiqueta “A” por causa da falta de sua revisão tem causado custos milionários aos cofres
públicos em renúncia fiscal. Estima-se que apenas em 2021 essa renúncia será de R$ 420
milhões. Com a nova portaria do Inmetro, o prazo de cinco anos de vigência das novas faixas
A, A+, A++ e A+++ causarão uma renúncia fiscal de R$ 2,35 bilhões no acumulado de 2021
a 2025 (uma média de R$ 470 milhões por ano)3.
1
Relatório “Alinhando a política brasileira de eficiência energética de refrigeradores com as melhores
práticas internacionais: opções e impactos”, de fevereiro de 2021, da Clasp. Pode ser baixado em
português aqui: https://kigali.org.br/wp-content/uploads/2021/05/Estudo_Clasp_refrigeradores.pdf
2
Artigo “Como revigorar a indústria de geladeiras do Brasil”, de 23 de abril de 2021. Acesso:
https://epocanegocios.globo.com/Um-So-Planeta/noticia/2021/04/como-revigorar-industria-de-
geladeiras-do-brasil.html
3
Estimativas realizadas pelo Instituto Escolhas em seu relatório “O impacto econômico da eficiência
energética no Brasil: refrigeradores”, que pode ser acessado aqui:
https://www.escolhas.org/wp-content/uploads/Relatorio_geladeiras.pdf
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e negociar uma política com tal fim. A Rede Kigali fez publicamente esse convite para os
fabricantes e associações e irá atuar para fazer esse debate.
Oportunidade e sua urgência. Há uma janela de oportunidade para isso com a revisão do
padrão máximo de consumo de refrigeradores que se avizinha. Porém, é preciso agilidade
para construir e pactuar um plano ambicioso, coerente e articulado. O tempo urge, mas é
possível.
Nosso propósito
Nosso propósito. A Rede Kigali possui um propósito muito claro: promover a eficiência
energética como um instrumento para atingir múltiplos benefícios para a sociedade brasileira
e para o consumidor.
A Rede Kigali trata a eficiência energética, o que inclui as políticas e os mecanismos que a
promovem, não como um fim em si mesma, mas como um meio. Um meio com diversos
objetivos.
Um meio com o objetivo de oferecer para os consumidores aparelhos mais baratos e mais
econômicos no consumo de eletricidade. Um meio com o objetivo de dinamizar os setores
econômicos envolvidos com a realização de investimentos em inovações tecnológicas,
geração de emprego, aumento da produtividade e competitividade. Um meio com o objetivo
de adicionar valor à economia nacional e de reduzir a pressão da demanda e das perdas
associadas sobre a cadeia do setor elétrico nacional e local. Um meio de reduzir os impactos
socioambientais locais dessa pressão pela exploração de recursos naturais e os impactos
globais pelas emissões de gases de efeito estufa. Esses são propósitos bastante claros para
a Rede.
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4
Nota Técnica nº 84/2021/Divet/Dconf-Inmetro. Assunto: Parecer às contribuições recebidas na
consulta pública para o PBE para Refrigeradores - texto base para a reunião de consolidação do
texto definitivo.
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Passando pontos a limpo 1. O Inmetro e fabricantes instalados no país alegam que não dá
para comparar os refrigeradores brasileiros com os do México, Quênia e EUA porque os
congêneres brasileiros são testados a 43 °C (classe tropical) e que as normas são diferentes,
dizendo que a comparação é “indevida” e que é uma “falsa conclusão”. Infelizmente
precisamos voltar a esse assunto para reiterar a informação e esclarecer tecnicamente que
o teste de consumo de energia brasileiro é o mesmo do Quênia e que ambos utilizam a
mesma temperatura ambiente de 32 °C. O México e os EUA utilizam um método ligeiramente
diferente e a uma temperatura ligeiramente maior de 32,2 °C, o que produziria um consumo
de eletricidade ligeiramente maior do que o método utilizado no Brasil, o que significa que,
quando comparadas, a regulação brasileira leva vantagem.
Por fim, a esse respeito, é importante reiterar que a base de comparação que utilizamos com
outros países é o valor do patamar “A” dos refrigeradores brasileiros para justamente mostrar
que está muito aquém do que deveria ser para ser considerado o patamar de mais alta
eficiência. Além disso, o atraso na revisão da etiquetagem permitiu ter diferenças de até
metade do consumo de eletricidade entre refrigeradores dentro da própria classe “A”, o que
não permite ao consumidor diferenciá-los sendo ambos “A”. Essa é a razão pela qual o
Inmetro está subdividindo a categoria A em A, A+, A++ e A+++ (além de também ser uma
forma de não mexer com o benefício fiscal do IPI).
um pouco mais rigorosa do que a A++. Ter a maioria dos refrigeradores nas classes 2 e 3
indianas seria uma melhoria dramática em eficiência energética comparada com o atual
mercado brasileiro.
Portanto, as propostas feitas não são para uma etiqueta “super rigorosa” como o Inmetro quis
deixar a entender, já que a proposta que a Rede Kigali fez baseia-se na recomendação para
países em desenvolvimento elaborada por programa da ONU, que contou com contribuições
de multinacionais fabricantes de refrigeradores.
Se demorou 10 anos é uma questão repleta de condicionantes que se relacionam com o fato
da União Europeia não ser um país, mas um conjunto de mais de 25 Estados-membros.
Porém, já nos três primeiros anos fabricantes e instituições da União Europeia já reconheciam
a necessidade de revisão pelos motivos acima.