Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
24, nº 2, 727-741
DOI: 10.9788/TP2016.2-18
Resumo
O artigo aborda a rede de proteção às crianças e adolescentes a partir do olhar dos profissionais que
atuam no eixo da defesa no Sistema de Garantia de Direitos. O objetivo desse estudo foi conhecer e com-
preender o funcionamento da rede de proteção às crianças e aos adolescentes em situação de violência.
Foi realizada uma pesquisa qualitativa, com a utilização de entrevistas semi-estruturadas, as quais foram
realizadas junto a Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente, Ministério Público e Conselhos
Tutelares de uma cidade de porte médio do interior do Rio Grande do Sul. Os resultados indicam que os
profissionais tem clareza do trabalho em rede e de seu funcionamento como estratégia para a superação
da fragmentação do trabalho. No entanto, ao mesmo tempo, destacaram a importância do fortaleci-
mento do diálogo e de espaços de aproximação entre os diferentes órgãos que compõem o Sistema de
Garantia de Direitos, como forma de superar as lacunas existentes. As considerações finais destacam a
importância da construção de novos dispositivos de trabalho superando o isolamento que teria marcado
as práticas profissionais e a formação dos diferentes núcleos, a fim de promover o atendimento integral
preconizado no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Palavras-chaves: Violência contra criança e adolescente, garantia de direitos, rede de proteção.
Abstract
The aim of this study is to know the perception of the prosecutor, the chief of police and child protection
agents about the network of protection developed for children and adolescents facing a situation of
violence. Five professionals were interviewed and the emerging data evidence that, through permanent
dialogue and communication among its members, the network represents joint efforts, aiming to
guarantee and protect the rights of children and adolescents. The need of strengthening the network was
identified, especially, through dialogue among its agents, so as to promote the integral care recommended
1
Endereço para correspondência: Duque de Caxias, nº 2232, Apto. 302, Bairro Centro, Santa Maria, RS, Brasil
97015-100. E-mail: suanef@yahoo.com.br
Este artigo é um recorte da dissertação de mestrado intitulada “A notificação da violência, o atendimento
psicológico e a rede de proteção da criança e do adolescente: o olhar de profissionais do Sistema de Garantia de
Direitos” de autoria de Suane Pastoriza Faraj, do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade
Federal de Santa Maria.
728 Faraj, S. P., Siqueira, A. C., Arpini, D. M.
in the Statute of the Child and Adolescent (SCA). Strategies for consolidation and reinforcement of the
network of protection are discussed.
Keywords: Violence against children and adolescents, guarantee of rights, network of protection
Resumen
En este artículo se aborda la red de protección a los niños y adolescentes bajo la visión de los profesiona-
les que trabajan en el eje de la defensa en el sistema de garantía de derechos. El objetivo de este estudio
fue conocer y comprender el funcionamiento de la red de protección para los niños y adolescentes en
situación de violencia. Fue realizada investigación cualitativa a través de entrevistas semi-estructuradas,
las cuales fueron hechas con la Policía de Niños y Adolescente, el Ministerio Público y Consejos Tutela-
res de una ciudad de porte medio el interior de Río Grande do Sul. Los resultados indican que los profe-
sionales están seguros de que el trabajo en red y su funcionamiento son una buena estrategia para superar
la fragmentación del trabajo. Sin embargo, al mismo tiempo, subrayaron la importancia de fortalecer
el diálogo y los espacios de acercamiento entre los diferentes organismos que conforman el sistema de
protección de derechos como una forma de superar las carencias existentes. Las consideraciones finales
destacan la importancia de la construcción de nuevos dispositivos de trabajo superando el aislamiento
que ha marcado las prácticas profesionales de los diferentes núcleos de formación, con la finalidad de
promover la atención integral que preconiza el Estatuto del Niño y del Adolescente (ECA).
Palabras clave: Violencia contra los niños y adolescentes, garantía de los derechos, red de seguridad.
estabelecimento dos convênios com as Santas gumas iniciativas foram realizadas pelo Esta-
Casas de Misericórdia e contratos firmados com do após a Proclamação da República em 1889,
as denominadas amas-de-leite. Com relação às como a criação das casas correcionais para os
crianças abandonadas, muitas foram acolhidas menores (termo usado para referir-se à criança
por famílias ou indivíduos, correspondendo a um e ao adolescente até o Estatuto da Criança e do
sistema informal de proteção (Marcílio, 2006). Adolescente), que tinham como objetivo corrigir
As primeiras instituições formais, que sur- o comportamento desviante ou transgressor. A
giram no século XVIII, foram as Rodas dos Ex- criação dos tribunais especiais, do Conselho de
postos, os Recolhimentos para meninas e os Se- Assistência e Proteção aos Menores e do Abrigo
minários para meninos (Marcílio, 2006). A Roda de Menores também se destacam como ações es-
dos Expostos constituía-se em: tatais importantes neste período (V. P. Faleiros,
um dispositivo onde se colocavam os bebês 2004; V. P. Faleiros & Faleiros, 2008). A par-
que se queriam abandonar. Sua forma cilín- tir do início do século XX, questões referentes
drica, dividida ao meio por uma divisória, à conceituação da infância e às suas condições
era fixada no muro ou na janela da institui- sociais e jurídicas, assim como o atendimento a
ção. No tabuleiro inferior e em sua abertura esta parcela da população, começaram a ser re-
externa, o expositor depositava a crianci- pensados (Azambuja, 2011; Marcílio, 2006).
nha enjeitada. A seguir, ele girava a roda e O século XX foi marcado por três legisla-
a criança já estava do outro lado do muro. ções voltadas para as questões referentes à infân-
Puxava-se uma cordinha com uma sineta, cia e adolescência: o Código de Menores de 1927
para avisar a vigilante ou rodeira que um (Decreto nº 17943-A, de 12 de outubro de 1927),
bebê acabava de ser abandonado e o expo- o Código de Menores de 1979 (Lei nº. 6.697, de
sitor furtivamente retirava-se do local, sem 10 de outubro de 1979) e o ECA (Lei nº. 8.069,
ser identificado. (Marcílio, 2006, p. 55) de 13 de julho de 1990). O primeiro estabeleceu
Nesse período, não estava em vigência ne- a “Doutrina do Direito Penal do Menor”, sendo
nhuma lei de proteção a essas crianças. Inclusi- seu foco a criança e o adolescente “menor aban-
ve, nas duas primeiras Constituições Brasileiras donado” ou “delinquente”. Através deste códi-
- a Constituição Imperialista de 1824 e a Consti- go, a assistência e a proteção dos abandonados
tuição Republicana de 1891 – houve uma omis- e delinquentes passaram a ser assumidas pelo
são com relação à proteção da criança e do ado- Estado. O estabelecimento de um processo es-
lescente. O código criminal do Império (1830), pecial para julgar os menores delinquentes com
por sua vez, estabeleceu que os menores de qua- idade entre 14 e 18 anos incompletos, excluindo
torze anos não poderiam ser submetidos a penas, a responsabilidade penal aos menores de quator-
a menos que os juízes determinassem, sendo ze anos também foi priorizado neste código (V.
recolhidos nas Casas de Correção, não ultrapas- P. Faleiros, 2004; Mendes, 2008; Rizzini, 2002).
sando os dezessete anos de idade (Azambuja, No âmbito penal, no ano de 1940, foi aprovado o
2011; Rizzini, 2002; C. M. A. Santos, 2005). Já Decreto-Lei nº 2.848 que instituiu o Código Pe-
o Código Penal de 1890, em relação à respon- nal Brasileiro, que está em vigor até o momen-
sabilidade penal da criança, parece ter sido um to, estabelecendo a imputabilidade penal a partir
retrocesso, uma vez que estabeleceu o limite de dos 18 anos.
nove anos de idade. Essa legislação presumia o Um instrumento social, o Serviço de Assis-
recolhimento a estabelecimentos disciplinares tência ao Menor (SAM), instituído através do
de adolescentes com idades entre quatorze e vin- Decreto-lei nº 3.733/41, voltado para a assistên-
te um anos incompletos, quando avaliados como cia à criança e ao adolescente, surgiu em 1941.
“vadios” (Azambuja, 2011; Marcílio, 2006). O SAM tinha o intuito de oferecer apoio aos me-
Em torno da década de 1870, a assistência nores carentes, abandonados e infratores, preve-
à infância, apesar de ainda ter aspectos carita- nindo a criminalidade infantil por meio de ações
tivos, evoluiu para um caráter filantrópico. Al- educativas, porém o que predominou foram as
730 Faraj, S. P., Siqueira, A. C., Arpini, D. M.
ações de caráter mais repressivo e corretivo (V. crática. Surgiu nesse cenário um documento
P. Faleiros & Faleiros, 2008; Rizzini, 2002). intitulado Estatuto da Criança e do Adolescente
Nas décadas de 40 e 50, no âmbito inter- (1990), que altera a concepção dos direitos das
nacional, tem-se documentos e acordos relacio- crianças e dos adolescentes, fruto de uma intensa
nados à infância, entre eles, a Declaração dos mobilização da sociedade civil. Nesse cenário,
Direitos Humanos, proclamada em 1948 pela surgiu também a Constituição Federativa do
Organização das Nações Unidas (ONU), estabe- Brasil de 1988 – chamada de Constituição Cidadã
lecendo que todo ser humano é um ser de direitos – a qual alterou a direção da história dos direitos
e a Declaração dos Direitos da Criança, procla- da criança e do adolescente, reconhecendo-os
mada em 1959, também pela ONU (Azambuja, como sujeitos com direitos e garantias, ante-
2011). Na década de 60, o Estado brasileiro tor- cipando o que se encontraria dois anos mais
nou-se o responsável principal pela assistência tarde no texto do ECA (Fonseca, 2004). Como
e proteção à infância pobre e desviante. A Lei complementou Fonseca (2004), o novo estatuto
nº 4.513 de 1º de dezembro de 1964 instituiu não foi fruto apenas do clima político brasileiro,
a Fundação Nacional de Bem-Estar do Menor mas também fez parte de um movimento mundial,
(FUNABEM) na esfera nacional. Mais tarde, que alterou em muitos países a legislação sobre
em âmbito estadual, foram criadas as unidades as crianças e adolescentes como a Convenção
da Fundação Estadual de Bem-Estar do Menor dos Direitos da Criança das Nações Unidas
(FEBEMs), que estavam voltadas quase que (1989), a Lei do Bem Estar da Criança de 1987,
exclusivamente para a reclusão do adolescente o Estatuto Africano do Bem-Estar da Criança de
que cometia um ato infracional (Marcílio, 2006; 1987, o Código Inglês da Criança de 1989, entre
C. M. A. Santos, 2005). A FUNABEM tinha outros documentos. Fica claro que as mudanças
como objetivo inicial instituir o Anti-SAM, ten- ocorridas no Brasil refletiram os debates, fóruns
do autonomia administrativa e financeira para e as mudanças ocorridas no cenário internacio-
formular e implantar a Política Nacional do nal em relação aos direitos das crianças. Neste
Bem-Estar do Menor (Rizzini & Rizzini, 2004; cenário, destacou-se também o tratado interna-
C. M. A. Santos, 2005). A prevenção e o contro- cional aprovado pela Assembleia Geral das
le dos menores por meio de ações voltadas para Nações Unidas no ano de 1989, instituído
a repressão e a punição estavam instituídos na pela Convenção Internacional dos Direitos da
FUNABEM e as FEBEMs visavam ao cumpri- Criança, elaborado pela ONU. A convenção
mento das providências indicadas pelo Juiz (C. apontou uma série de direitos fundamentais das
M. A. Santos, 2005). crianças, influenciando a concepção da infância
No ano de 1979, foi promulgado o segundo e adolescência que passa a ser identificada na
Código de Menores, que revogou a “Doutrina legislação brasileira (Azambuja, 2011). O ECA
do Direito Penal do Menor” e estabeleceu a (1990) definiu uma política de atendimento dos
“Doutrina do Menor em Situação Irregular”. direitos da criança e do adolescente através de
Esse Código de Menores também não estava um conjunto articulado de ações governamentais
voltado para todas as crianças e adolescentes, e não governamentais, rompendo com as práticas
mas apenas para aqueles que se encontravam assistencialistas e filantrópicas, dando origem ao
nas situações descritas como irregulares, entre Sistema de Garantia de Direitos.
eles, as vítimas de maus tratos, as vítimas da Os caminhos trilhados no percurso histórico
omissão dos pais ou responsáveis e os autores de dos direitos e políticas de atendimento à criança
infração penal. A Lei preconizava que o “Juiz de e ao adolescente foram importantes para alcançar
Menores” poderia decidir, de maneira autoritária os direitos e a atual atenção preconizada à esta
e isolada, a situação da criança/adolescente em população. Contudo, assegurar os direitos preco-
situação irregular (Giaqueto, 2006). nizados no ECA é um desafio que exige rupturas
Destaca-se contudo, que durante os anos de com relação ao modelo anteriormente vigente e
1980 e 1990, o Brasil viveu um momento histó- o desenvolvimento de novas práticas (França &
rico importante sobretudo pela abertura demo- Ferreira, 2012; Lima & Veronese, 2012).
Rede de Proteção: O Olhar de Profissionais do Sistema de Garantia de Direitos. 731
sar formas instituídas de atuação e buscar formas tério Público de um município do Rio Grande
instituintes, que rompam com as práticas tradi- do Sul, órgãos integrantes do SGD. Participaram
cionais, como a busca ativa, a transversalidade do estudo, três conselheiros tutelares, um dele-
de saberes, a articulação com movimentos so- gado de polícia, um promotor de justiça, totali-
ciais” (Grossi, Perdersen, Vincensi, & Almeida, zando cinco participantes. O critério de inclusão
2012, p. 274). adotado foi ser promotor de justiça que atua na
A importância do atendimento em rede para Promotoria Especializada de Defesa da Infância
o enfretamento do fenômeno da violência, bem e Juventude, delegado de polícia da Delegacia
como, para a efetividade das ações de proteção de Proteção à Criança e ao Adolescente e con-
das crianças e adolescentes é discutida pela li- selheiro tutelar no exercício da função de coor-
teratura (Azambuja, 2011; E. T. Faleiros, 2003; denador. Dois conselheiros tutelares possuíam
Faraj & Siqueira, 2012; Furniss, 1993; Lopes, Ensino Superior completo, sendo um especialis-
Silva, Dias, & Arpini, 2012; Rizzini et al., 2007; ta em psicopedagogia. Um operador do direito
Sanderson, 2004/2005). A articulação dos ór- era mestre em direito e outro especialista na área
gãos, instituições e atores que atendem a criança da infância e juventude pela Escola Superior
e adolescente em suspeita ou situação de viola- do Ministério Público. O tempo de atuação dos
ção de direitos faz-se necessária, pois ações iso- profissionais nos órgão variou de dois a 17 anos.
ladas e fragmentadas não se mostram suficientes Para manter os cuidados éticos, principalmen-
na prevenção, na responsabilização do agressor te no que se refere ao sigilo dos participantes,
e no atendimento da vítima (Ipollito, 2004). optou-se por não identificar o sexo e a atividade
Além disso, podem causar um dano adicional à profissional dos participantes. Dessa forma, os
criança e ao adolescente, acentuando o trauma profissionais entrevistados serão apresentados
da situação de violência (Furniss, 1993; Sander- da seguinte forma: P1, P2, P3, P4, P5.
son, 2004/2005).
Apesar da atual legislação voltada para a Instrumento
infância e adolescência buscar romper com as Foram realizadas entrevistas semi-estrutu-
antigas práticas presentes no percurso histórico radas a fim de se obter em profundidade as ex-
e estudos científicos apontarem a importância do periências dos profissionais que atuam nos casos
atendimento em rede, pesquisas vêm mostrando de violação dos direitos da criança e o adoles-
a falta de articulação das instituições e dos órgãos cente, realizando-se uma troca dinâmica entre
que integram a rede (Faraj & Siqueira, 2012; Lo- o entrevistador e o entrevistado, promovendo a
pes et al., 2012). Considera-se que a efetivação coleta de informações baseada no livre discur-
dos direitos e a superação das situações de vio- so deste (Bleger, 1993). Os eixos que nortearam
lência requerem o conhecimento e a reflexão de as entrevistas foram: percepção acerca da pro-
atores que compõem a rede. Neste sentido, este blemática da violação dos direitos de crianças e
estudo objetivou conhecer a percepção dos pro- adolescentes no município; conhecimento dos
fissionais que atuam no eixo da defesa acerca da serviços que compõem a rede de proteção; en-
rede de proteção nos casos acompanhados pelo caminhamentos que são realizados; definição de
Sistema de Garantia de Direitos. rede de proteção; percepção acerca do funciona-
mento da rede no município; órgãos que com-
Método põem a rede; como o profissional se insere na
rede; e, percepção sobre o papel do Sistema de
Delineamento e Participantes Garantia de Direitos.
Trata-se de um estudo qualitativo, de caráter
descritivo e exploratório realizado nos Conse- Procedimentos e Considerações Éticas
lhos Tutelares (leste, centro e oeste), Delegacia A pesquisa foi respaldada na Resolução
de Proteção à Criança e ao Adolescente e Minis- nº 466 do Conselho Nacional de Saúde (2012)
Rede de Proteção: O Olhar de Profissionais do Sistema de Garantia de Direitos. 733
AS e acolhimento institucional) e instituições de esse vínculo entre todos. A união faz a força
saúde e educação. Assim, observou-se que todos isso é certo. (P2)
os atores entrevistados se sentiam inseridos na As definições de rede de proteção está em
rede do município e, portanto responsáveis pela sintonia com a legislação e a literatura (Aquino,
promoção e garantia dos direitos das crianças e 2004; E. T. Faleiros, 2003; Oliveira et al., 2006;
dos adolescentes. Rizzini et al., 2007). Para Rizzini et al. (2007), a
Nesta perspectiva, a frase “o estatuto assim rede representa relações e interações estabeleci-
é a nossa bíblia” (P3) exemplifica a concepção das que visam às ações ou trabalhos conjuntos.
compartilhada entre os profissionais de que o De acordo com E. T. Faleiros (2003), as redes
ECA (1990) deve embasar as intervenções vol- se organizam através da articulação de atores e
tadas para a população infanto-juvenil em situ- organizações que são capazes de compartilhar e
ação de violência, sendo estas sustentadas pela de negociar as responsabilidades para o desen-
ótica do SGD. Neste sentido, as ações nos casos volvimento de ações conjuntas. Nesta mesma
de violência requerem, sobretudo, a compressão perspectiva, Oliveira et al. (2006) apontaram
por parte de atores do SGD acerca da rede de que a rede é um padrão organizacional que visa
proteção voltada às crianças e aos adolescentes a uma tomada de decisão, a uma descentraliza-
em situação de violência. ção e prima pela flexibilidade, autonomia e hori-
zontalidade das relações estabelecidas entre seus
“Uma Teia de Comunicação membros.
Permanente”: A Compreensão No estudo, pode-se observar que para os
da Rede de Proteção atores participantes cada “fio” da rede desem-
penha um papel específico, ou seja, cada órgão,
Essa categoria apresenta dados que reme-
instituição, organização, serviço têm sua fun-
tem à definição de rede e o conhecimento sobre
ção, porém deve existir uma articulação entre
sua função. Para os profissionais entrevistados,
os membros. Este dado vai ao encontro da pers-
a rede de proteção representava um trabalho em
pectiva de atuação em rede na qual, cada ator,
conjunto, em que há diálogo e comunicação per- instituição e órgão participante da rede têm o seu
manente entre os atores, instituições e órgãos, papel, no entanto, a rede compreende uma atua-
que tem por escopo a proteção das crianças e ção integrada e intersetorial que envolve todas as
dos adolescentes. Isto pode ser observado nos instituições que atuam na atenção à criança e ao
relatos: “[a rede] é todo mundo engajado pela adolescente (Rizzini et al., 2007).
mesma causa que é a proteção da criança e do Um aspecto importante apontado por um dos
adolescente” (P3); “[a rede] é uma ligação dos participantes do estudo acerca da concepção de
serviços” (P1); trabalho em rede é o entendimento de que “é um
A rede é uma teia de comunicação perma- trabalho gradativo” (P1), ou seja, está em cons-
nente entre os órgãos que compõem, com tante construção. Esse aspecto está em sintonia
pessoas comprometidas né, com pessoas com Oliveira et al. (2006), pois requer mudanças
responsáveis, com pessoas que entendam a de práticas. Dessa forma, é importante conside-
importância e a gravidade daquilo que nós rar que, apesar do ECA ter surgido a mais de 20
estamos nos propondo a combater né. Por anos no Brasil, é recente a percepção da “poten-
que a rede de proteção, se ela é chamada cialidade da atuação em rede como forma ou es-
assim, é por que nós precisamos proteger trutura de organização capaz de reunir pessoas e
alguém né. E esse alguém é a criança e o instituições em torno de objetivos comuns” (Oli-
adolescente. (P4) veira et al., 2006, p. 144). Neste sentido, a cons-
União. Eu acho que tem que ter união entre tituição de uma rede exige, na maioria das vezes,
todas as instituições, se não tiver união não um movimento intenso e contínuo para integrar
tem como funcionar entendeu. Por isso mes- os diferentes atores e organismos sociais (Njai-
mo o nome é rede, tá unido . . . tem que ter ne, Assis, Gomes, & Minayo, 2007).
Rede de Proteção: O Olhar de Profissionais do Sistema de Garantia de Direitos. 735
tes são constantemente “afrontados” nos seus di- Tomanik, 2012; Njaine et al., 2007). Neste senti-
reitos, pois a família, Estado e Sociedade ainda do, para prevenir novos casos de violência, ainda
não se adaptaram à nova exigência de uma nova se faz necessário promover o trabalho conjunto
prática e atuação dessa legislação. dos agentes da rede, bem como, incluir a família
Neste contexto, outro desafio relevante nas ações de prevenção e proteção (Njaine et al.,
apontado pelos atores entrevistados refere-se ao 2007).
atendimento à família. Isso pode ser observado Outro aspecto significativo levantado pelos
no relato: profissionais entrevistados se refere à punição
o desafio nosso é a família. Tu vai trabalhar do agressor da violência, contemplado no eixo
a criança e o adolescente, tu vai trabalhar a da defesa do SGD. Conforme um entrevistado,
violência, mas a criança e o adolescente vai “ele foi lá abusou, agrediu, bateu, até uma vio-
acabar voltando para aquele lar, vai aca- lência psicológica, que muitas vezes é pior que
bar voltando para aquela casa, para aquela uma violência física, né, muitas vezes até é mui-
família. (P1) to pior, e a gente não tem nenhum retorno de
O profissional ainda complementou que a punição” (P3). Na concepção deste profissional,
família tem autonomia, tem total responsa- “não adianta somente a gente fazer, fazer cam-
bilidade pela educação do seu filho. Nós so- panha para que as pessoas denunciem e a gente
mos órgãos de encaminhamento e aplicado- não dar esse retorno para a sociedade” (P3). M.
res de medidas de proteção, mas a família L. Santos (2003) salienta que o grande proble-
é em primeira instância a responsável pela ma de nosso país é a impunidade, pois apesar
criança e adolescente, são eles que têm que da legislação vigente, em grande parte dos casos
mediar os cuidados. (P1) de violência contra a criança e o adolescente, o
Nesta perspectiva, Pedersen e Grossi (2011) agressor ou abusador fica impune, o que facilita
apontaram que através do apoio do Estado e do o aumento da violência contra esta população.
trabalho realizado por diversos profissionais e Os estudos de Branco e Tomanik (2012) e de
instituições, a família poderá garantir os direitos Dell’Aglio, Moura e Santos (2011) apontaram a
e a proteção da população infanto-juvenil. No responsabilização dos agressores como um dos
entanto, para isso, torna-se necessário que as eixos do enfrentamento da violência. Ainda, des-
necessidades básicas da família sejam satisfeitas tacaram que o atendimento psicológico ofereci-
(saúde, alimentação, moradia, entre outras). do aos atores da violência pode ser um recurso
O atendimento à família ainda é deficiente e a para evitar casos novos. Deve-se possibilitar a
inclusão desta nas ações ainda é um desafio reflexão dos agressores/abusadores acerca de
(Njaine et al., 2007). seus comportamentos a fim de evitar a reincidên-
A prevenção da violência também foi apon- cia da violência.
tada como um desafio na visão dos profissionais Diante do exposto, a efetivação da garantia
entrevistados. Para estes, o avanço na esfera dos direitos da criança e do adolescente passa
dos direitos está relacionado também às ações pela existência da rede de proteção, com seus
de prevenção das situações de violência pelos diversos atores atuando na prevenção, respon-
profissionais da rede de proteção. Para um dos sabilização e atendimento dos que tiveram seus
profissionais, “o estado tem que atuar nas duas direitos violados. Salienta-se que, a Constituição
frentes sempre. Na prevenção, através de polí- Federal (1988) e o ECA (1990) “não podem ser
ticas públicas, e também na repressão. Então, vistos como pontos de chegada. Representam,
ocorrendo crime, o estado tem que se fazer pre- de um lado, o aprendizado do passado e, de ou-
sente através da polícia, através do judiciário” tro, simbolizam a força propulsora de um novo
(P4). Destaca-se que, a prevenção da violência tempo, que apenas lança seus primeiros alicerces
pode ser desenvolvida em três modalidades, pri- na história do Brasil” (Azambuja, 2011, p. 49).
mária, secundária e terciária, e também deve en- Dessa forma, para que os direitos das crianças e
volver diversos atores e instituições (Branco & adolescentes sejam garantidos, cabe a todos ze-
738 Faraj, S. P., Siqueira, A. C., Arpini, D. M.
lar e trabalhar para que a política seja colocada atores do eixo de defesa do Sistema de Garantia
em prática. de Direitos quando comparada ao momento an-
terior à efetivação da política que estabeleceu o
Considerações Finais trabalho em rede (V. P. Faleiros, 2004; V. P. Fa-
leiros & Faleiros, 2008; Marcílio, 2006; Rizzini
O estudo permitiu uma discussão sobre & Rizzini, 2004), ainda é necessário fortalecer
a rede de proteção de crianças e adolescentes um trabalho integrado e articulado, favorecendo
a partir dos profissionais que integram o eixo à comunicação.
de defesa do Sistema de Garantia de Direitos. Os desafios mencionados no trabalho em
Possibilitou, a partir da descrição e reflexão do rede foram inúmeros e esclareceram quanto aos
percurso histórico da constituição dos direitos pontos que devem ser trabalhados. A ausência
da criança e do adolescente e das políticas de de atendimento voltado para o agressor, a impor-
atenção voltadas a esse público (Marcílio, 2006; tância de investir mais nas famílias e a escassez
Rizzini & Rizzini, 2004), vislumbrar o grande de ações preventivas são aspectos que devem ser
avanço quanto à legislação que se vivencia na alvo da atuação do SGD. As famílias poderiam
atualidade. De um tempo em que os jovens não ser acompanhadas a partir de um olhar mais aten-
eram reconhecidos como cidadãos e nem mere- to, contudo a demanda das vítimas não tem per-
cedores de direitos, mas sim alvo de políticas mitido que um trabalho mais global seja realiza-
puramente assistenciais, filantrópicas e caritati- do com as famílias (Faraj & Siqueira, 2012). Da
vas até a atualidade, em que esse público é foco mesma forma, ações preventivas deveriam fazer
de legislação específica que o considera sujeitos parte do trabalho desses profissionais, pois são
de direitos e em situação peculiar de desenvolvi- consideradas fundamentais para a mudança de
mento. Os profissionais entrevistados considera- comportamento no campo da garantia de direitos.
ram o ECA (1990) um marco legal e histórico, e Trabalhar em rede implica tanto mudanças
de fato, representa um instrumento contemporâ- na prática dos profissionais envolvidos nos ca-
neo jurídico de promoção e proteção dos direi- sos de suspeita ou violação de direitos, como
tos da criança e do adolescente no Brasil. Desde também investimentos dos gestores municipais
a sua implantação, medidas começaram a ser em recursos e capacitações periódicas que visem
adotadas, principalmente no enfrentamento da a esta nova estratégia de trabalho. Profissionais
violência contra a criança e o adolescente, como com uma boa formação e com oportunidades
mudanças nas políticas e ações de proteção des- frequentes de capacitação e aprofundamento
tinadas a esta população. teórico-prático, sobretudo na área dos direitos da
O estudo possibilitou evidenciar que os par- criança e do adolescente, serão capazes de rom-
ticipantes entrevistados que integram o Sistema per com o isolamento e compartilhar saberes,
de Garantia de Direitos compreendem a política discutir situações, tomar decisões em conjunto,
de atendimento preconizada pelo ECA (1990) e ou seja, sair das “caixinhas”, muitas vezes cons-
vêm tentando desenvolver um trabalho articu- truídas pelos próprios núcleos de conhecimento.
lado nos casos de violência contra a população Atuar em rede implica investimento profissio-
infanto-juvenil. Demonstraram conhecimento nal, engajamento e acima de tudo consciência
sobre a função da rede de proteção, o avanço de que o trabalho conjunto e articulado possi-
que o ECA representou, o estabelecimento da bilita melhor enfrentar o fenômeno da violên-
referência e contra-referência no atendimento cia, assim como, garantir e reparar os direitos
a partir de instituições interligadas, bem como de quem foi violado. Somente desta forma, será
a importância da comunicação. Pode-se obser- possível promover novas práticas e superar as
var, através dos relatos, fragilidades quanto à fragiliades existentes na rede de atendimento e
dificuldade de comunicação entre os atores que de proteção à criança e ao adolescente, evitando
compõem a rede. Cabe destacar que apesar de assim, o retrocesso no atendimento voltado para
mencionado um avanço na comunicação entre os esta população.
Rede de Proteção: O Olhar de Profissionais do Sistema de Garantia de Direitos. 739
Como limitação do estudo, pode-se con- Conselho Federal de Psicologia. (2000). Resolução nº
siderar a inclusão de apenas representantes do 016/2000 de 20 de dezembro de 2000. Brasília,
eixo da defesa do Sistema de Garantia de Direi- DF: Autor.
tos. Estudos que incluíssem os eixos da promo- Conselho Federal de Psicologia. (2012). Referências
ção e controle poderiam contribuir para ampliar técnicas para prática de psicólogas (os) no cen-
a compreensão da rede de proteção e de seu fun- tro de referência especializado da assistência
cionamento. Considerando as especificidades social – CREAS. Brasília, DF: Autor.
de cada eixo e os diferentes profissionais que os Conselho Nacional de Saúde. (2012). Resolução nº
integram, a inclusão de outros atores como parti- 466, de 12 de dezembro de 2012. Brasília, DF:
cipantes, sem dúvida ampliaria as possibilidades Autor.
de melhor compreender o fenômeno aqui estuda- Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Ado-
do. Com este estudo, entende-se que a discussão lescente. (2006). Resolução nº 113, de 19 de
que envolve problemática da violência contra a abril de 2006. Brasília, DF: Autor.
criança e o adolescente e o Sistema de Garantia Constituição da República Federativa do Brasil.
de Direitos não se esgota, identificando-se a ne- (1988, 5 out.). Brasília, DF: Presidência da Re-
cessidade de outras pesquisas que versam sobre pública.
as vivências e percepções de profissionais que Decreto nº 17943-A, de 12 de outubro de 1927. (1927,
atuam no atendimento à criança e ao adolescente 31 dez.). Codigo dos Menores. Coleção das Leis
em situação de violência. do Império do Brasil.
Decreto-Lei nº 2.848. (1940, 31 dez.). Código Penal.
Referências Diário Oficial da União.
Decreto-lei nº 3.733/41. (1941). Institui o Serviço de
Aquino, L. M. C. (2004). A rede de proteção a crian-
Assistência ao Menor.
ças e adolescentes, a medida protetora abrigo e
o direito à convivência familiar e comunitária: Dell’Aglio, D. D., Moura, A., & Santos, S. S. (2011).
A experiência em nove municípios. In E. R. A. Atendimento a mães de vítimas de abuso sexual
da Silva (Ed.), O direito à convivência familiar e abusadores: Considerações teóricas e práticas.
e comunitária: Os abrigos para crianças e ado- Psicologia Clinica, 23(2), 53-73.
lescentes no Brasil (pp. 325-365). Brasília, DF: Estatuto da Criança e do Adolescente. (1990, 27 set.).
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Lei Federal n. 8.069, de 13 de julho de 1990.
Azambuja, M. R. (2011). Inquirição da criança ví- Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Ado-
tima de violência sexual: Proteção ou violação lescente e dá outras providencias. Diário Oficial
de direitos? Porto Alegre, RS: Livraria do Ad- da União.
vogado. Faleiros, E. T. (2003). O abuso sexual contra crian-
Baptista, M. V. (2012). Algumas reflexões sobre o ças e adolescentes: Os (des) caminhos da de-
sistema de garantia de direitos. Serviço Social & núncia. Brasília, DF: Presidência da República,
Sociedade, 109, 179-199. doi:10.1590/S0101- Secretaria Especial dos Direitos Humanos.
66282012000100010 Faleiros, V. P. (2004). Infância e adolescência: Tra-
Bardin, L. (2011). Análise de conteúdo (Ed. rev., atu- balhar, punir, educar, assistir, proteger. Revista
al. e ampl., L. A. Reto & A. Pinheiro, Trads.). Agora: Políticas Públicas e Serviço Social, 1(1),
Lisboa, Portugal: Edições 70. (Original publica- 1-9.
do em 1977) Faleiros, V. P., & Faleiros, E. S. (2008). Escola que
Bleger, J. (1993). Temas de psicologia: Entrevista e protege: Enfrentando a violência contra crian-
grupos. São Paulo, SP: Martins Fontes. ças e adolescentes (2. ed.). Brasília, DF: Minis-
tério da Educação, Secretaria de Educação Con-
Branco, M. A. O., & Tomanik, E. A. (2012). Vio-
tinuada, Alfabetização e Diversidade.
lência doméstica contra crianças e adolescentes:
Prevenção e enfrentamento. Psicologia & So- Faraj, S. P., & Siqueira, A. C. (2012). O atendimento
ciedade, 24(2), 402-411. doi:10.1590/S0102- e a rede de proteção da criança e do adolescen-
71822012000200018 te vítima de violência sexual na perspectiva dos
740 Faraj, S. P., Siqueira, A. C., Arpini, D. M.
profissionais do CREAS. Barbarói, 37, 67-87. Lorencini, B. D. B., Ferrari, D. C. A., & Garcia, M.
doi:10.17058/barbaroi.v0i37.2097 R. C. (2002). Conceito de redes. In D. C. A. Fer-
rari & T. C. C. Vecina (Eds.), O fim do silencio
Fonseca, C. (2004). Os direitos da criança – Dialo-
na violência familiar: Teoria e prática (pp. 298-
gando com o ECA. In C. Fonseca, V. Terto, &
C. F. Alves (Eds.), Antropologia, diversidade e 310). São Paulo, SP: Agora.
Direitos Humanos (pp. 103-115). Porto Alegre, Marcílio, M. L. (2006). História social da criança
RS: Editora da Universidade Federal do Rio abandonada (2. ed.). São Paulo, SP: Hucitec.
Grande do Sul.
Mendes, L. M. (2008). Violência sexual infanto-ju-
França, R. M. S., & Ferreira, M. D. A. M. (2012). venil no Brasil: Uma análise sobre a ótica jurídi-
As políticas públicas e a efetivação de direitos ca. In L. M. Mendes & N. A. Marcheza (Eds.),
humanos pós Constituição Brasileira de 1988. Expressão de violência e seu enfrentamento no
Emancipação, 12(2), 181-191. doi:10.5212/
CREAS/Centro de Referencia Especializado da
emancipação.v12i2.1799
Assistência Social (pp. 217-239). Passo Fundo,
Furniss, T. (1993). Abuso sexual da criança: Uma RS: Méritos.
abordagem multidisciplinar (M. A. V. Verone-
Moraes, C. A. (2012). Violência doméstica contra
se, Trad.). Porto Alegre, RS: Artes Médicas.
a criança e rede de proteção social: Uma aná-
Giaqueto, A. (2006). Caminhos para a atenção à in- lise sobre articulação em rede. Serviço Social
fância e adolescência no Brasil: As políticas em Revista, 14(2), 119-144. doi:10.5433/1679-
sociais e as legislações. Revista Agora: Política -4842.2012v14n2p119
Pública e Serviço Social, 2(4), 1-18.
Moreira, E. P., Muller, E. L., & Da Cruz, L. R. (2012).
Grossi, P. K., Perdersen, J. R., Vincensi, J. G., & Centro de referência especializado da assistência
Almeida, M. S. (2012). Prevenção da violência social: Pesquisa-intervenção na rede de prote-
contra mulheres: Desafios na articulação de uma ção à infância e adolescência (Edição especial).
rede intersetorial. Athenea Digital, 12(3), 267- Barbarói, 36, 70-82.
277. doi:10.5565/rev/athenead/v12n3.1112
Njaine, K., Assis, S. G., Gomes, R., & Minayo, M.
Ipollito, R. (Ed.). (2004). Guia escolar: Método para
C. S. (2007). Redes de prevenção à violência:
identificação de sinais de abuso e exploração
Da utopia à ação. Ciência & Saúde Coletiva,
sexual de crianças e adolescentes. Brasília, DF:
11(Supl.), 1313-1322. doi:10.1590/S1413-
Presidência da República, Secretaria do Especial
81232006000500020
dos Direitos Humanos.
Lei nº 4.513 de 1º de dezembro de 1964. (1964, 4 Oliveira, V. L. A., Pfeiffer, L., Ribeiro, C. R.,
dez.). Autoriza o Poder Executivo a criar a Fun- Golçalves, M. T., & Ruy, I. A. E. (2006). Redes
dação Nacional do Bem-Estar do Menor, a ela de Proteção: Novo paradigma de atuação –
incorporando o patrimônio e as atribuições do experiência de Curitiba. In C. A. Lima (Ed.),
Serviço de Assistência a Menores, e dá outras Violência faz mal à saúde (pp. 143-149).
providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF: Ministério da Saúde.
Lei nº. 6.697, de 10 de outubro de 1979. (1979, 11 Pedersen, J. R. (2010). Abuso sexual intrafamiliar:
de out.). Institui o Código de Menores. Diário Do silêncio ao seu enfrentamento (Dissertação
Oficial da União. de mestrado, Faculdade de Serviço Social,
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
Lima, F. S., & Veronese, J. R. P. (2012). Os direitos
do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil).
da criança e do adolescente: A necessária efe-
tivação dos direitos fundamentais: Vol. 5. Pen- Pedersen, J. R., & Grossi, P. K. (2011). O abuso
sando o Direito no Século XXI. Florianópolis, sexual intrafamiliar e a violência estrutural. In
SC: Fundação Boiteux. M. R. F. Azambuja & M. H. M. Ferreira (Eds.),
Lopes, M. D. C., Silva, M. L., Dias, H. Z. J., & Ar- Violência sexual contra crianças e adolescentes
pini, D. M. (2012). Significados atribuídos por (pp. 25-34). Porto Alegre, RS: Artmed.
profissionais à violência contra crianças e ado- Rizzini, I. (2002). A criança e a Lei no Brasil: Revi-
lescentes: Uma análise dos estudos atuais (Edi- sitando a história (1822-2000) (2. ed.) Brasília,
ção especial). Barbarói, 36, 56-69. DF: Fundo das Nações Unidas para a Infância.
Rede de Proteção: O Olhar de Profissionais do Sistema de Garantia de Direitos. 741
Rizzini, I., & Rizzini, I. (2004). A institucionalização Santos, C. M. A. (2005). A criança como sujeito de
de crianças no Brasil: Percurso histórico e de- direito: O longo caminho da história. In G. Sco-
safios do presente. Rio de Janeiro, RJ: Editora bernatti (Ed.), Violência intrafamiliar: Teoria e
da Pontifícia Universidade Católica do Rio de prática – Uma abordagem interdisciplinar (pp.
Janeiro. 37-69). Pelotas, RS: Armazém Literário.
Rizzini, I., Rizzini, I., Naiff, I., & Baptista, R. (Eds.). Santos, M. L. (2003). A realidade infanto-juvenil e o
(2007). Acolhendo crianças e adolescentes: ECA. Direito em Debate, 20, 169-181.
Experiências de promoção de direitos a con-
vivência familiar e comunitária no Brasil (2.
ed.). São Paulo, SP: Cortez.
Sanderson, C. (2005). Abuso sexual em crianças:
Fortalecendo pais e professores para proteger
crianças contra abusos sexuais e pedofilia (D. Recebido: 15/12/2014
C. A. Ferrari, Trad.). São Paulo, SP: M. Books 1ª revisão: 10/06/2015
do Brasil Editora. (Original publicado em 2004) Aceite final: 17/06/2015