Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
UNIDADE 2 - CENÁRIO
SOCIOINSTITUCIONAL: A RELAÇÃO TEORIA
E PRÁTICA NO CAMPO DE ESTÁGIO
SUPERVISIONADO
Roberta Boldrini
Introdução
Caro estudante, nesta unidade 2, desenvolveremos discussõ es a respeito dos temas da relação teó rica e prática
do Serviço Social dentro do processo de estágio supervisionado. Você sabe quais são eles? Trabalharemos
com os espaços só cio-ocupacionais, ou seja, as instituiçõ es onde o profissional realiza suas intervençõ es de
trabalho permeado pelo projeto político da profissão. Nesse ponto, podemos nos perguntar: será que a
realidade condiz com a teoria?
Também estudaremos por aqui a instrumentalidade que se construiu na histó ria do Serviço Social,
contemplando os instrumentos do processo de trabalho do assistente social e sua importância para a nossa
área. Veremos os instrumentos estudados durante a Graduação e que estão na teoria, mas hoje, você, estudante
estagiário, poderá colocar em prática, a fim de construir um processo de trabalho por meio da sua
intencionalidade advinda da demanda institucional, logo do Serviço Social.
Que tal começarmos essa nova aventura? Está preparado? Então, vamos em frente!
Vale a pena ler o artigo “Os fundamentos da relaçã o teoria e prá tica no está gio em
serviço social” (MEDEIROS, 2016), no qual sã o trabalhados: a importâ ncia do processo
de formaçã o profissional; os processos de teoria e prá tica dentro da profissã o do
assistente social; a base teórica é importante para o assistente social poder analisar as
relações sociais e identificar sua prá tica profissional; a teoria e a prá tica trabalhadas
juntas no olhar do assistente social (assim como a estagnaçã o e a nã o estagnaçã o do
profissional).
É importante fomentar as práticas do profissional, tanto na Academia quanto no campo de estágio, em três
dimensõ es: teó rico-metodoló gica, ético-política e técnico-operativa. O campo reflete aquilo que vimos na
universidade e vice-versa; portanto, é importante o estudante refletir o que está por trás de cada intervenção,
que tipo de processo de trabalho está sendo desenvolvido nesse momento de atendimento, a importância da
reflexão, para não se tornar um profissional tarefeiro e “rotinizado” (MEDEIROS, 2016) — no sentido de estar
institucionalizado pelo cotidiano da instituição e a rotina institucional e dos atendimentos.
[...] O que se reivindica, hoje, é que a pesquisa se afirme como uma dimensão integrante do
exercício profissional, visto ser uma condição para se formular respostas capazes de impulsionar
a formulação de propostas profissionais que tenham efetividade e permitam atribuir
materialidade aos princípios ético-políticos do projeto profissional. Ora, para isso é necessário
um cuidadoso conhecimento das situaçõ es ou fenô menos sociais que são objeto de trabalho do
assistente social.
A segunda competência, a técnico-operativa, é a dimensão que o profissional trabalha com suas técnicas e
seus conhecimentos institucionais, ou seja, seja ele usará sua intenção para trabalhar e a colocará em prática
com suas técnicas e seus instrumentos:
Pensando no serviço social transformador e não benevolente, temos que, nessas três dimensõ es, destacam-se
autores da contemporaneidade, como José Paulo Netto e Marilda Villela Iamamoto.
[...] Se são os objetivos profissionais (construídos a partir de uma reflexão teó rica, ética e política
e um método de investigação) que definem os instrumentos e técnicas de intervenção (as
metodologias de ação), conclui-se que essas metodologias não estão prontas e acabadas. (SOUZA,
2008, p. 124)
Portanto, o profissional que está ciente de técnicas e metodologias terá conhecimento e deverá planejar sua
atuação com mais ciência e propriedade, tendo objetivos claros de transformar e modificar a realidade
apresentada.
[...] O objeto de trabalho [...] é a questão social. É ela em suas mú ltiplas expressõ es, que provoca a
necessidade da ação profissional junto à criança e ao adolescente, ao idoso, a situaçõ es de
violência contra a mulher, a luta pela terra etc. Essas expressõ es da questão social são a matéria-
prima ou o objeto do trabalho profissional.
Não podemos de deixar de pensar que esse objeto de trabalho está correlacionado às instituiçõ es onde os
profissionais atuam; nesse sentido, a verificação e o entendimento dessas instituiçõ es se tornam de extrema
importância para o profissional e para o futuro profissional que está em processo de formação pedagó gica. É
no entendimento das demandas e das novas relaçõ es que nelas permeiam que se destacam novas atitudes e
incidem diretamente nas práticas de processo de trabalho e planos de estágio.
O filme “28 dias”, dirigido por Betty Thomas traz a perspectiva de uma usuá ria de
drogas e analgé sicos; por conta disso, foi condenada pela justiça por um acidente de
trâ nsito a ir para uma instituiçã o pelo período de 28 dias para recuperaçã o da
dependê ncia do á lcool. Diante dessa perspectiva, cabe analisar a instituiçã o em que a
usuá ria foi encaminhada para a realizaçã o de trabalho multidisciplinar.
Podemos destacar, atualmente, algumas mudanças nas instituiçõ es e demandas com políticas de atendimento
e novas abrangências do pú blico atendido, por meio das políticas pú blicas, assim como na esfera da saú de. O
avanço vem com os planos de saú de, que atualmente contratam profissionais (como também ocorre em
outras esferas), tanto no campo da saú de mental quanto nas novas drogas, com as mudanças de produtos
psicoativos), além das instituiçõ es de terceiro setor — que contaram pessoas para trabalharem nas demandas
que o Estado não consegue atingir, proporcionando outras realidades. Nesse sentido, não podemos deixar de
destacar o
[...] trabalho do assistente social em espaços ocupacionais de natureza diferentes particularizando
as competências e atribuiçõ es profissionais nesses espaços; e o seu significado social no
processo de reprodução das relaçõ es sociais, ante as profundas transformaçõ es que se operam na
organização e consumo do trabalho e nas relaçõ es entre o Estado e a sociedade civil com a
radicalização neoliberal. (YAMAMOTO, 2000 p. 33)
Tendo essas mudanças nas demandas de forma global para o assistente social, esse profissional necessita de
um olhar aguçado nas mais variadas expressõ es da questão social.s da questão social.
VOCÊ SABIA?
Nas instituições, uma das competê ncias desse profissional está a proposta de
ações que se baseiam em projetos e programas de atendimento à s demandas.
Dessa forma, as competê ncias do assistente social estã o baseadas na lei de
regulamentaçã o da profissã o, na qual se destaca a elaboraçã o de programas e
projetos, assim como sua execuçã o, tendo ou nã o a participaçã o da comunidade.
As instituiçõ es onde os profissionais atuam e os estudantes vêm atuar necessitam estar atentas para a
realização de uma adequada análise institucional, verificando o espaço institucional por intermédio das
políticas de atuação onde ela está situada, sua trajetó ria/histó ria, dos profissionais, das demandas, das
correlaçõ es de força etc. Somente dessa forma que o futuro profissional compreenderá a dinâmica de
funcionamento das instituiçõ es e entenderá o processo de evolução do processo de trabalho da profissão.
[...] instituiçõ es são árvores de decisõ es ló gicas que regulam as atividades humanas, indicando O
que é proibido, o que é permitido e o que é indiferente. Segundo seu grau de objetivação, podem
estar expressas em leis, princípios ou fundamentos, em normas ou pautas.
Público são os usuários que fazem uso da instituição, aqueles que utilizam da instituição
beneficiár como um todo;
io
Demandas são aquelas nas quais a instituição atende, sendo divididas em: a demandas: da
institucio instituição e demandas do Serviço Social;
nais
Objetivos são aqueles que a instituição realiza, o que ela quer: promover, proporcionar, assim
institucio como os objetivos do Serviço Social, que está sempre pautado na defesa intransigente
nais dos Direitos Humanos e na promoção da qualidade de vida;
são aquelas que a instituição atua, podendo ser na esfera política (saú de, educação,
Políticas assistência social). Lembrando que esses elementos devem estar presentes na
sociais análise institucional, pois são eles que nortearão a prática do processo de trabalho
do assistente social, assim como os encaminhamentos e seu papel institucional;
Programa refere-se aos mecanismos de atuação que a instituição disponibiliza, projetos por ela
se mesma realizados ou na esfera estatal que possui programas do Governo Federal.
projetos
[...] o seu significado social no processo de reprodução das relaçõ es sociais, ante as profundas
transformaçõ es que se operam na organização e consumo do trabalho e nas relaçõ es entre o
Estado e a sociedade civil com a radicalização neoliberal.
Também temos que ter atenção nos parâmetros de atuação dos profissionais assistentes sociais nas
instituiçõ es; nesse caso, é importante salientar o que Iamamoto (2000, p. 33, grifos nossos) coloca como o
processo de trabalho:
[...] não existe um processo de trabalho do Serviço Social, visto que o trabalho é atividade de um
sujeito vivo, enquanto realização de capacidades, faculdades e possibilidades do sujeito
trabalhador. Existe, sim, um trabalho do assistente social e processos de trabalho nos quais se
envolve na condição de trabalhador especializado.
Há a importância de os espaços de trabalho e as demandas sempre serem verificados para, assim, estarem
efetivando processos de trabalho eficientes e eficazes.
2.3 Instrumentalidade e instrumentos técnicos do Serviço
Social
Instrumentalidade e instrumentos são assuntos distintos, mas, ao mesmo tempo, se complementam no
Serviço Social. É importante saber que a instrumentalidade faz parte de um processo no qual os instrumentos
estão envolvidos. A seguir, trabalharemos e entenderemos cada um desses dois tó picos.
A instrumentalidade, com as mudanças na dinâmica da sua histó ria na sociedade, está implicada o que Guerra
(2007, p. 1):
A instrumentalidade faz parte do processo no qual ela mesma se coloca como presente no processo de
trabalho do cotidiano profissional, conseguindo cumprir com seus objetivos e com sua intencionalidade; ela é
movida e pensada pelo profissional antes do seu processo de atuação. Todas as profissõ es possuem uma
intenção e, nesse sentido, o Serviço Social possui a intencionalidade com a sua demanda específica. Para que
esse processo ocorra de forma satisfató ria, o profissional deve sempre estar respondendo às perguntas: aonde
eu quero chegar com o usuário dessa demanda? Qual é o meu objetivo com essa demanda?
VOCÊ O CONHECE?
No momento da atuação, o profissional que estiver a intencionalidade com sua clareza na profissão terá sua
aplicabilidade reconhecida para que o processo de trabalho ocorra com profissionalismo e perceptibilidade.
Linguagem/comunicação
É um meio no qual o profissional trabalha o tempo todo; sem ela, torna-se inviável o processo de
trabalho, no entanto Iamamoto (2000, p. 101) afirma que “[...] o Serviço Social, como uma das
formas institucionalizadas de atuação nas relaçõ es entre os homens no cotidiano da vida social,
tem como recurso básico de trabalho a linguagem”. Pela linguagem é que se tratam as relaçõ es nos
espaços institucionais. Assim, o profissional pode dizer quem ele é e se refazer como profissional
para a instituição e para a população atendida, a fim de estabelecer uma forma de comunicação e
interação. Podemos destacar duas formas de comunicação: a linguagem direta (oral) e a indireta
(escrita). De acordo com Sousa (2008), podemos classificar os instrumentos de trabalho como
instrumentos diretos (face a face) e/ou instrumentos indiretos (por escrito). Já na escuta sensível,
podemos destacá-la como sendo um processo de escutar corretamente e responder adequadamente
à demanda que, muitas vezes, está implícita no sujeito, como uma relação de totalidade com o
outro. Nesse sentido, Barbier (1993) aponta que a escuta sensível é de uma afetividade em
interação permanente. A audição, o tato, o paladar, a visão e o olfato precisam ser desenvolvidos na
escuta sensível;
Observação participante
A observação está dentro de um dos instrumentos de muita importância para o Serviço Social, pois
nela podemos descrever cenários, observar açõ es, atitudes e comportamentos. O profissional deve
estar atento aos indicadores que a situação está lhe mostrando; assim como descreve Cruz Neto
(2004), observar é estar atento, é direcionar o olhar, é saber. Diante desse conceito, isso vai além do
uso dos cinco sentidos que temos: está centrada a uma intencionalidade que o profissional possui,
o seu objetivo que está posto para a sua intervenção, aonde ele quer chegar na tarefa de garantia de
direitos e qualidade de vida do usuário;
Entrevista
Este instrumento se torna um aliado ao profissional, pois nele a linguagem e a observação entram
em cena, ou seja, ela é utilizada para proceder o fazer profissional e integrar o processo de trabalho.
Esse processo promove a aproximação entre o profissional e o usuário para, assim, possibilitar o
processo dialético, ou seja, a desconstrução e a construção das demandas trazidas pelo usuário. No
processo profissional, a entrevista deixa de ser um “bate-papo”, e sim ter um roteiro que possui
uma “intencionalidade”: o objetivo profissional e a busca de elementos que servem para o
conhecimento do caso, destacando que a intencionalidade deve ser comunicada ao usuário logo no
início do atendimento, para que ele possa ter o direito de escolher se quer ou não participar desse
processo. Desse modo, entrevistar é mais do que apenas “conversar”: requer um rigoroso
conhecimento teó rico-metodoló gico (SILVA, 1995), a fim de possibilitar um planejamento sério da
entrevista, bem como a busca por alcançar os objetivos estabelecidos para sua realização. Já na
primeira entrevista, o instrumento poderá ser usado para conhecer a situação que o usuário está
trazendo, ou seja, o conhecimento da sua demanda e, nesses casos, a escuta sensível se dará com
mais ênfase;
Grupo
As dinâmicas de grupo são instrumentos de muita importância para o serviço social, pois nelas
podermos ter momentos de muita interação entre os participantes. Os grupos são originários da
Psicologia Social, sendo um tema de pesquisa do comportamento humano. Entre as situaçõ es em
que o grupo é utilizado para uma intervenção profissional, seguimos com alternativas de trabalhar
com varias pessoas ao mesmo tempo, levantar uma temática com tema parecido para determinado
grupo de pessoas, explorar temáticas e levantar propostas; assim, o assistente social serve como
um facilitador para a reflexão do grupo, não deixando de destacar a necessidade do profissional ter
conhecimento teó rico e ter em mente a questão social e ter uma postura ética e democrática.
Reunião
A reunião é um instrumento coletivo muito utilizado pelo assistente social no seu trabalho. Seu
objetivo é a tomada de decisão, diferente do grupo dentro da reunião, se for, não necessariamente,
precisa ser diferente, pode ser complementar. Entre as pessoas que podem participar de uma
reunião espaço entre usuários, as equipes de profissionais de trabalho da instituição empregadora
ou rede. Para a reunião sempre há um coordenador, este com entendimento que a reunião é um
espaço democrático e de interesse de alguns, tem que ter um visão geral e bom senso de avaliação.
Visita domiciliar
Temos agora os instrumentos indiretos, aqueles que são escritos: eles são aqueles que ocorrem apó s a
utilização de um instrumento direto, ou seja, aquele que ficamos cara a cara com o sujeito:
Figura 3 - Novas formas da questão social nos fazem refletir, a fim de contemplar demandas sociais
Fonte: KatarzynaBialasiewicz, iStock, 2020.
Cada um desses instrumentos desempenha um papel importante na vida profissional do assistente social nos
espaços socioinstitucionais; no entanto, apresentamos de forma sucinta alguns dos principais instrumentos e
a compressão da instrumentalidade para o Serviço Social, assim como a importância de os instrumentos
estarem alinhados com a intencionalidade e o objetivo do profissional para a demanda na qual será
trabalhada. Isso pode gerar um trabalho com respeito e competência profissional, sempre alinhado com a
dimensão ético-política e as demais dimensõ es, ponto de partida para nossa intervenção, e, principalmente,
por estar em sintonia com o projeto ético-político profissional.
Dessa forma, a identidade profissional vem sendo formada de muitos elementos, sendo eles demarcados por
acontecimentos sociais, pela prática da profissão, dos atendimentos dos sujeitos, tanto no meio individual
quanto coletivo. á para Martinelli (1989, p. 7),
Dessa forma, a identidade profissional vem sendo formada de muitos elementos, sendo eles demarcados por
acontecimentos sociais, pela prática da profissão, dos atendimentos dos sujeitos, tanto no meio individual
quanto coletivo.
É pela identidade que podemos diferenciar e perceber de onde ela provém, já que essa categoria impulsiona
outros dois vetores: a coletividade e a singularidade. Eles se complementam, perpassando pela dialética na
qual logo se cruzam e um promove o crescimento do outro. Esse processo se dá à luz do conhecimento e do
outro. Portanto, a identidade profissional se dá nessa mesma instância, em que novos atores se despertam,
novas demandas e novas tecnologias aparecem. O profissional deve estar atento e apto para emergir nesse
novo paradigma.
A identidade profissional é formada por elementos, tanto da profissão quanto da sociedade, modelando uma
profissão decorrente da personalidade do profissional, resultando em um modelo de construção. A
construção da identidade está atrelada à construção histó rica, portanto:
Dentro dessa perspectiva histó rica, valores estão implícitos nessa construção identitária, assim como
objetivos, finalidades, relação teoria, metodologia e histó ria das profissõ es.
[...] o conjunto das expressõ es das desigualdades da sociedade capitalista madura, eu tem uma
raiz comum: a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente
social, enquanto a apropriação dos frutos mantém-se privada, monopolizada por uma parte da
sociedade.
A apropriação do objeto de trabalho vindo da questão social impulsionou o Serviço Social para a teoria do
método dialético-marxista, a fim de compreender o funcionamento e as relaçõ es da sociedade materialista
(IAMAMOTO, 2000).
O Serviço Social teve um avanço considerado nas demais décadas de construção da sua identidade,
afirmando-se cada vez mais e tomando força maior na divisão só cio- técnica do trabalho. Dessa forma, na
década de 1990, outros avanços marcaram sua histó ria pela construção do có digo de ética profissional, no
qual incluiu conhecimentos teó ricos embasados em dimensõ es para a competência profissional.
Figura 4 - Có digo de ética profissional envolve três dimensõ es: teó rico-metodoló gica, ético–política e
técnico-operativa
Fonte: DGLimages, iStock, 2020.
Portanto, para entender o processo de evolução dessa profissão, temos que demarcar duas etapas importantes:
a identidade atribuída (na qual o Serviço Social era uma profissão demarcada pela burguesia, era ela que
mandava, que controlava as açõ es da profissão, sendo preestabelecida e pré-definida, ou seja sem histó ria,
sem contexto, vazia) e a identidade construída (a profissão já aponta sinais de teoria, a dialética é inclusa
nos processos de desvelamento das desigualdades e a exclusão social já possui sua historicidade).
CASO
Mulher adulta vítima de violê ncia, conforme Lei Maria da Penha, art. 5º. Para os
efeitos dessa lei, configura violê ncia domé stica e familiar contra a mulher qualquer
açã o ou omissã o baseada no gê nero que lhe cause morte, lesã o, sofrimento físico,
sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial. Ingressa no Centro de Referê ncia
Especializado de Assistê ncia Social (CREAS) para atendimento com marcas roxas no
corpo. Relata espancamento do marido em seus filhos. Quer muito sair de casa, pois
nã o aguenta mais o marido, que a ameaçou de morte. Possui quatro filhos, sendo que
está grávida do quinto, possui Bolsa Família e nã o participa de nenhum grupo de
fortalecimento de vínculos no Centro de Referê ncia de Assistê ncia Social (CRAS). O
marido é etilista e fica muito violento quando ingere bebida alcoólica. Há duas
semanas, a irmã també m foi vítima de violê ncia. Conta que a irmã está em
acompanhamento, saiu de casa e se encontra com os filhos em uma casa de proteçã o
à mulher e à criança. A usuá ria entende o processo e o quer també m. O que deve ser
feito: encaminhar a mulher para a realizaçã o de BO e medida protetiva na Delegacia
da Mulher, para logo depois ser encaminhada com os filhos ao acolhimento de
mulheres vítimas de violê ncia.
Para finalizar, é neste contexto da sua historicidade que a profissão é reconhecida: pela sua autonomia e sua
prática humanizada que hoje vem trabalhando, a fim de construir uma nova histó ria para sociedade.
Conclusão
A leitura desta segunda unidade trouxe a importância do assistente social, por meio da sua histó ria e da sua
posição nas instituiçõ es. Verificamos como esse profissional vem construindo um papel essencial em sua
trajetó ria, sua instrumentalidade e seus instrumentos para o processo de trabalho, a fim de garantir qualidade
de vida e direitos sociais.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
Bibliografia
28 DIAS. Direção: Beth Thomas. EUA: Columbia Pictures, 2000. 103 min., col., son.
BARBIER, R. A escuta sensível em educação. Cadernos da Anped, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 187-216. 1993.
BAREMBlITT, G. Compêndio de análise institucional e outras correntes. 3. ed. Rio de Janeiro: Rosa dos
Tempos, 1996.
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (CFESS). Atribuições privativas do/a assistente social em
questão. Brasília: CFESS, 2012.
CRUZ NETO, O. O trabalho de campo como descoberta e criação. In: MINAYO, M. C. S. (org.). Pesquisa social:
teoria, método e criatividade. 23. ed. Petró polis: Vozes, 2004.
GARRET, A. A entrevista, seus princípios e métodos. Rio de janeiro: Agir, 1991.
GENTILLI, R. M. L. Representações e práticas: identidade e processo de trabalho no serviço Social. São
Paulo: Veras, 1998.
GUERRA, Y. Instrumentalidade no trabalho do assistente social. In: CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL
(CFESS). Capacitação em serviço social e política social: mó dulo 4 – o trabalho do assistente social e as
políticas sociais. Brasília: CFESS, 2000.
IAMAMOTO, M. V. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. São Paulo:
Cortez, 2000.
MARTINELLI, M. L. Serviço social: identidade e alienação. São Paulo: Cortez, 1989.
MEDEIROS. M. S. S. Os fundamentos da relação teoria e prática no estágio em serviço social. Revista
Katálysis, Florianó polis, UFSC, v. 19, n. 3, p. 351-360, out./dez. 2016. Disponível em:
(http://www.scielo.br/pdf/rk/v19n3/1414-4980-rk-19-03-
00351.pdf)http://www.scielo.br/pdf/rk/v19n3/1414-4980-rk-19-03-00351.pdf
(http://www.scielo.br/pdf/rk/v19n3/1414-4980-rk-19-03-00351.pdf). Acesso em 16 jan. 2020.
SILVA, J. A. P. O papel da entrevista na prática do serviço social. Revista Em Pauta, Rio de Janeiro, UERJ, n. 6,
1995.
VIEIRA, B. O. Serviço social: processos e técnicas. Rio de Janeiro: Livraria Agir, 1981.