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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CENTRO DE CIENCIAS HUMANAS E LETRAS


SERVIÇO SOCIAL

DENISE ADRIANE DA SILVA PIRES


ELLEN DAYENE DOS SANTOS MOURA

OS PROCESSOS DE TRABALHO DAS/OS ASSISTENTES SOCIAIS NA


ESFERA PRIVADA, NAS ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL E JUNTO
AOS MOVIMENTOS DA CLASSE TRABALHADORA

TERESINA-PI
2022
Introdução
O serviço social é uma profissão inserida na divisão sociotécnica do trabalho. A
atuação do profissional é articulada ao processo histórico a profissão se
encontra inserida em diferentes espaços ocupacionais seguindo uma direção
social que vise a transformação social e a primazia dos interesses dos
usuários. O assistente social busca intervir e transformar a realidade social e
ao mesmo tempo no decorrer deste processo sofrendo as mudanças
concomitantemente ao seu processo de trabalho. Os espaços profissionais são
produtos históricos condicionados: a) pelo nível de luta pela hegemonia que se
estabelece entre as classes fundamentais e suas respectivas alianças; b) pelo
tipo de respostas teórico-práticas densas de conteúdo político dadas pela
categoria profissional. Apesar das suas limitações o profissional possui uma
relativa autonomia e nela consiste nos ingredientes para uma intervenção:
emancipadora, inovadora e critica (IAMAMOTO,1992)

A questão social assume diferentes formas em cada um desses espaços


remodelando o processo de trabalho do assistente social que necessita estar a
par das novas formas de exploração do trabalho e configurações da
sociabilidade capitalista que afeta a classe trabalhadora para entender as
demandas que vão se apresentar em cada um desses espaços. O serviço
Social comporta em sua essência a necessidade de avançar e conquistar
novos espaços de atuação bem como atualmente em seus fundamentos
contemporâneo decifrar algumas lógicas do capitalismo não deixando de
pensar a profissão fora dos processos socio institucionais e determinações
relacionadas a dinâmica da sociedade civil. Os empregadores dos profissionais
do Serviço Social a serem explorados nesse relatório são: Terceiro Setor,
Empresas Privadas e nas Organizações da Sociedade Civil e junto aos
Movimentos da Classe Trabalhadora e é na análise desses espaços
ocupacionais buscando sua inserção, particularidades e desafios que vai
consistir este trabalho possibilitando a compreensão do processo de trabalho
dentro desses espaços. A metodologia usada no trabalho relatório é a pesquisa
bibliográfica utilizada a partir dos textos estudados em sala na disciplina de
Processo de Trabalho do Serviço Social III. A Estrutura do relatório vai consistir
na apresentação da: Introdução, desenvolvimento, objetivos gerais e
específicos e considerações finais.

Objetivos Geral e Específicos

Geral: Analisar os diferentes espaços ocupacionais do Serviço Social


buscando uma reflexão acerca do processo de trabalho deste visando
apreender o significado social da profissão e sua configuração dentro desses
espaços.

Específicos:

- Analisar a inserção do Assistente Social dentro desses espaços ocupacionais

- Apreender o processo de trabalho do serviço social nos espaços


ocupacionais: Terceiro Setor, Empresas Privadas e Organizações da
Sociedade Civil e movimentos sociais junto a classe trabalhadora

-Refletir o processo de trabalho do Serviço Social inserido dentro da


sociabilidade capitalista como trabalhador assalariado

1. PROCESSOS DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL NAS EMPRESAS


PRIVADAS E ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL

Os espaços ocupacionais do assistente social são historicamente


enraizados na dinâmica da acumulação rentista capitalista com resultados
regressivos no âmbito da conquista e usufruto dos direitos dos trabalhadores.
Decorrem das transformações societárias que demandam um profissional
especializado, potencializado e flexível. As relações de sociais e de condições
de trabalho do assistente social refletem os rebatimentos das transformações
operadas na esfera produtiva , estatal e realidades do trabalho assalariada
como: polivalência, terceirização, subcontratação, queda salarial, crescimento
de contratos de trabalho temporários e desemprego também é uma realidade
vivida pelo Serviço Social enquanto trabalhador assalariado e inserido na
divisão sociotécnica do trabalho dentro da configuração do capitalista que
busca expropriar e explorar a força de trabalho para a reprodução ampliada do
capital.
Verifica-se uma tensão entre este projeto profissional que coloca o
assistente social com um profissional dotado de liberdade capaz de realizar
projeções, implantar e intervir na realidade social versus a condição deste
como trabalhador assalariado cujo as ações são submetidas as condições de
seu contrato de trabalho e empregador. Ao ingressar nas instituições em que
irão trabalhar, o assistente social fará parte de um coletivo de trabalhadores
que irão realizar coletivamente as com ações e com objetivos já estabelecidos
pelo empregador dentro daquele espaço sócio-ocupacional.

O assistente social ingressa nas instituições empregadoras como


parte de um coletivo de trabalhadores que implementa as ações
institucionais/ empresariais, cujo resultado final é fruto de um trabalho
combinado ou cooperativo, que assume perfis diferenciados nos
vários espaços ocupacionais. Também a relação que o profissional
estabelece com o objeto de seu trabalho – as múltiplas expressões da
questão social, tal como se expressam na vida dos sujeitos com os
quais trabalha – depende do prévio recorte das políticas definidas
pelos organismos empregadores, que estabelecem demandas e
prioridades a serem atendidas (IAMAMOTO ,2010)

Verifica-se uma tensão entre empregadores na definição do trabalho


profissional interferindo a sua autonomia pois estabelecem demandas e
prioridades que podem entrar em conflito com a direção social a ser seguida
pelo profissional pois:

O assistente social é proprietário de sua força de trabalho


especializada. Ela é produto da formação universitária que o capacita
a realizar um “trabalho complexo”, nos termos de Marx (1985). Essa
mercadoria força de trabalho é uma potência, que só se transforma
em atividade – em trabalho – quando aliada aos meios necessários à
sua realização, grande parte dos quais se encontra monopolizado
pelos empregadores: recursos financeiros, materiais e humanos
necessários à realização desse trabalho concreto, que supõe
programas, projetos e atendimentos diretos previstos pelas políticas
institucionais. (IAMAMOTO ,2010)

Os dilemas inerentes ao trabalho assalariado estão presentes no trabalho


do assistente social em seus diversos espaços sócio-ocupacionais. Nos
diferentes espaços de inserção dos assistentes sociais temos as: empresas
privadas, Terceiro Setor e ONG’s. Nas empresas privadas vemos a
reestruturação produtiva do capital como resposta a crise nos anos 1970
resultado da crise do capital desencadeando uma reestruturação produtiva e
consequentemente nos processos de trabalho (AMARAL 2010). A partir deste
movimento uma grande massa de assistentes sociais é incorporada a
empresas privadas com uma ação voltada para a mediação e preservação da
força de trabalho dos empregados requisitando um profissional que atendesse
aos interesses do capital e dos trabalhadores

A requisição profissional, portanto, atenderia,


contraditoriamente, tanto às necessidades do capital –
contratante dos serviços profissionais – como às do
trabalho, pela via de uma intervenção voltada a considerar
as necessidades básicas dos trabalhadores e de suas
famílias (AMARAL ,2010)

No âmbito das empresas capitalistas o profissional imprimi um caráter de


cunho educativo e pedagógico voltado para as mudanças no sujeito e seu
estilo de vida. Destacam-se os programas que buscam analisar o nível de
satisfação dentro do ambiente de trabalho e do trabalho em si: Programa de
treinamento e desenvolvimento, Programa Participativo e Programa de
Qualidade de Vida e Programa de Clima ou Ambiência Organizacional.
Portanto a absorção desses profissionais denota as estratégias do capital de
controle absoluto sobre a força de trabalho.

O terceiro setor se apresenta como um espaço ocupacional interessante


para o serviço social em face as mudanças sofridas no âmbito estatal,
destacando os limites e possibilidades para o exercício profissional nesse
espaço fatores como: desvio de funções, autonomia profissional e a
importância do trabalho multiprofissional tiveram um maior espaço nas
discussões da autora Lídia Lopes da Silva em seu trabalho ‘’O trabalho do
assistente social no ‘’terceiro setor’’ a superação das dificuldades e a
construção da caminhos ‘’ em sua obra vemos relatos de Assistentes Sociais
em seu cotidiano e o significado social da profissão no exercício dela. No
tocante o instrumental este é acompanhado dos objetivos e uma finalidade em
cada situação apresentada em forma de demanda pelos usuários e de suma
importância um planejamento adequado em cada instituição de trabalho. O
termo "terceiro setor" vem sendo utilizado com cada vez mais frequência, e
embora tenha

sido recebido com ressalvas, atenção, indiferença e até mesmo críticas no


contexto do Serviço Social, mas não se pode negar que os aspectos sociais,
econômicos e políticos evidência deste "setor" alcançou a arena internacional e
nacional. Tornou-se um terreno fértil para a atuação de especialistas em
ciências humanas e sociais, dos quais gestores, especialmente distinguidos por
sua excelência profissional, recorreram a ONGs. governo, para ajudar a
sociedade, educação, saúde, entretenimento, cultura, entre outros,
conhecimentos e técnicas de gestão segundo a lógica do negócio. E onde está
a lógica da gestão da política social, para a qual os assistentes sociais podem
contribuir muito? Perdeu a ênfase no papel dos assistentes sociais na gestão
das políticas públicas? Com essa pergunta, a primeira grande questão deste
tópico é compreensão do que é o terceiro domínio, sua configuração e suas
principais características e desafios. Vários autores que estudaram esse
conceito partem da explicação inicial de que a sociedade atual está estruturada
em três áreas principais: Estado (primeiro setor), Mercado (segundo setor) e as
ONG’s Organizações não Governamentais (terceiro setor). Assim, o Estado
atua no setor público, o Mercado no setor privado e o Terceiro Setor no setor
público não estatal. Embora a grande maioria dos autores, que buscam o
conceito de Terceiro Setor, não reforcem o fato de que a Realidade Social não
se configura esporadicamente, dividida em três domínios, pois embora possam
ser fenômenos isolados entre si, insistimos que não podemos ignorar que esta
realidade deve ser compreendida em sua totalidade social. Em outras palavras,
política, economia e sociedade estão indissociavelmente ligadas, determinando
situações e necessidades sociais. É por isso que quando separamos essas três
áreas separadamente, é apenas para fins didáticos e explicativos, porque eles
estão de fato intimamente relacionados e interdependentes entre si, criando
uma realidade social dialética em contínua mutação. Essas mudanças são
cada vez mais aceleradas em um mundo contemporâneo marcado pela
complexidade, incerteza e instabilidade. Para os fins desta apresentação,
consideraremos "sociedade civil" entendida fora do aparelho estatal, embora
mantenha uma relação indissociável com o Estado quando este se estabelece,
legaliza e mantém. A questão da cidadania também nos remete ao conceito de
sociedade civil, pois civil implica que a sociedade seja constituída por cidadãos
com direitos e deveres atribuídos; são os direitos civis, os direitos políticos e os
direitos sociais.

(...) o Terceiro Setor é composto de organizações sem fins lucrativos,


criadas e mantidas pela ênfase na participação voluntária, num
âmbito não-governamental, dando continuidade a práticas tradicionais
de caridade, da filantropia e do mecenato e expandindo o seu sentido
para outros domínios, graças, sobretudo, à incorporação do conceito
de cidadania e de suas múltiplas manifestações na sociedade civil.
(FERNANDES, 1997 p.27)

Assim, o terceiro setor é formado por organizações não-governamentais


(associações ou organizações privadas), representando a sociedade civil
organizada, com a participação de voluntários, para serviços públicos em
diversos setores e segmentos. Passa de uma perspectiva filantrópica e
beneficente para uma atividade profissional e técnica, na qual o usuário é
sujeito de direito, a realizar um trabalho qualitativamente diferente do trabalho
que sempre marcou a história da empresa. essas organizações: socialismo e
caridade. Alguns requisitos são fundamentais a todos os profissionais que
desejam atuar em organizações do Terceiro Setor. Dentre estes, destacamos:
ter um conhecimento básico sobre o que é o Terceiro Setor e as instituições
que o compõem, bem como, mais especificamente, sobre a instituição onde irá
desenvolver a sua ação: histórico, objetivos, missão, recursos, proposta de
trabalho, dificuldades, possibilidades, limites, público alvo. Ter a visão da
totalidade institucional, conhecendo o ambiente interno e externo da
organização e, principalmente, o papel que pretende cumprir naquele
determinado momento histórico e pelo qual deseja ser reconhecida. Conhecer
a legislação atual que fundamenta a política de atuação junto ao segmento
atendido pela instituição. Isso significa buscar nas leis pertinentes à ação
institucional, respaldo legal para a um trabalho voltado para a garantia dos
direitos da população atendida. Exercer uma prática profissional com empenho
e responsabilidade, procurando denunciar situações que requeiram medidas
remediadoras, mas também informando os meios para o fazer.

Considerações Finais

Por ter uma característica generalista, o Assistente Social pode intervir em


diversas áreas, em muitos espaços socioprofissionais. Com isso, verifica-se
que as competências: teórico-metodológicas, técnico-operacionais e ético-
políticas são fundamentais para o desenvolvimento da intervenção cotidiana no
antagonismo do regime das Definições. Esse eixo norteador possibilita a
atuação dos profissionais para garantir a qualidade de vida do usuário. Assim,
procura-se desenvolver uma rede de ligações entre vários organismos públicos
e privados e organizações cívicas organizadas que integram a rede de serviços
municipais, sendo que na maioria dos casos os assistentes sociais estão
ligados à intervenção no setor público onde há maior necessidade de perícia.
Expressões da Questão Social em suas diversas características são inseridas
diariamente nesses espaços de protesto, não apenas pelos usuários, mas
também pelos próprios especialistas. O serviço social através do projeto
político da ética profissional, no processo de trabalhar com uma visão crítica
das pessoas e do mundo, adequada aos diferentes espaços socioprofissionais
e, portanto, realista Investigar, recomendar e desenvolver intervenções às
realidades específicas do trabalho. Criando assim o enfrentamento necessário
para garantir aos usuários o acesso aos direitos legalmente constituídos
estimulando a emancipação e o reconhecimentos das suas demandas.

REFERENCIAS

ALENCAR. Mônica Maria Torres. O trabalho nas organizações privadas não


lucrativas. Disponível em:
<http://www.cressrn.org.br/files/arquivos/4UkPUxY8i39jY49rWvNM.pdf>.
AMARAL, A. S.; CESAR, M. J. O trabalho do assistente social nas
empresas
capitalistas. Disponível em:
http://ucbweb2.castelobranco.br/webcaf/arquivos/12894/11251/4.4_O_trabalho
_do_assistente_social_bas_empresas_capitalistas.pdf. Acesso em:
15/12/2013.
DAVID, Lidiane Maria Siqueira. Assessoria do serviço social aos
movimentos sociais urbanos em Belém (PA): a experiência da assessoria
ao movimento social urbano da frente de defesa das bacias de Belém, no
programa de apoio à reforma urbana. In: XVI Congresso Brasileiro de
Assistentes Sociais. 16, 2019. (DF): 40 anos da “virada” do Serviço Social.
(DF), CBASS, 2019.

IAMAMOTO, Marilda V. Os espaços sócio-ocupacionais do assistente


social. In: CFESS, Serviço Social, 2009, p. 341-375

IAMAMOTO, M. V. Renovação e conservadorismo no Serviço Social.


Ensaios críticos. São Paulo: Cortez, 1992.

SILVA, Lídia Lopes. O trabalho do assistente social no terceiro setor: a


superação das dificuldades e a construção de caminhos. Dissertação de
mestrado. PUC- São Paulo, 2008. Disponível em:
https://tede2.pucsp.br/bitstream/handle/17926/1/Lidia%20Lopes%20da
%20Silva.pdf

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