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1) IAMAMOTO. Marilda Vilela.

Serviço Social em tempo de capital


fetiche.São Paulo: Cortez, 2007. P. 414 -432 (2. O trabalho do assistente
social em tempo de capital fetiche)

A autora inicia o texto analisando que a forma como a riqueza social é produzida
provoca singularidades nas relações na sociedade, porém sem alterar a lei de
troca entre proprietários e trabalhadores.
Quando o homem transforma a natureza, transforma também a realidade e a si
mesmo, porque desenvolve novas habilidades, tem que responder a novas
necessidades, e explorar novas possibilidades que surgem, porém a sociedade
capitalista transforma esse processo de produção em forma de exploração e
dominação do trabalhador.
Em relação a isso, Marx (1996) afirma que:

Na produção social da própria existência os homens entram em relações


determinadas, necessárias, independentes de sua vontade; estas relações de
produção correspondem a um grau determinado de desenvolvimento de suas
forças produtivas materiais. O conjunto dessas relações de produção constitui a
estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual de eleva uma
superestrutura jurídica e política a qual correspondem formas sociais
determinadas de consciência. O modo de produção da vida material condiciona
o processo de vida social, política e intelectual. Não é a consciência dos homens
que determina a realidade; ao contrário, é a realidade social que determina a sua
consciência (MARX, 1996, p. 82-83).

A maneira como a força de trabalho é desenvolvida na sociedade

.    O trabalho do assistente social em tempo de capital fetiche:


2.1.        O trabalho do assistente social:
De acordo com Iamamoto (2008), “o propósito deste segmento é
indicar elementos para uma análise do trabalho do assistente social em tempo
de capital fetiche, levando em conta: projeto ético-político e estatuto de
assalariado” (p. 414); observando também a produção teórica do serviço social
e sua especialização enquanto trabalho, na divisão social e técnica do trabalho.
Quanto ao projeto profissional e o assalariamento, trata-se de uma
dupla determinação do trabalho do assistente social, como trabalho útil e
também abstrato.
E quanto a esse assalariamento, ele sinaliza:

A mercantilização da força de trabalho do assistente social, pressuposto do


estatuto assalariado, subordina esse trabalho de qualidade particular aos
ditames do trabalho abstrato e o impregna dos dilemas da alienação, impondo
condicionamentos socialmente objetivos à autonomia do assistente social na
condução do trabalho e à integral implementação do projeto profissional
(IAMAMOTO, 2008, p. 416).

Há, portanto, uma clara tensão entre projeto profissional e condição


de assalariado, pois, este primeiro assegura a liberdade e a teleologia ao
assistente social, quando na realização de projeções que buscam modificar a
realidade social, ao passo que a segunda condição o submete ao domínio e as
limites do empregador, logo às condições internas e externas da instituição,
que está inserido.
O ideal é que se rompa com situações e práticas que se reportam
para atitudes de vieses fatalistas, messiânicos, voluntaristas etc. e buscar
participar de um empreendimento coletivo, contribuindo, de repente, para uma
consciência de classe para si.
Logo, sinaliza Iamamoto (2008):

Sendo o assistente social um trabalhador assalariado, vende sua força de


trabalho especializada aos empregadores, em troca de um equivalente
expresso na forma monetária; (...) o valor de troca de sua força de trabalho
expresso no dinheiro, forma de equivalente geral, no qual se manifesta o valor
de todas as demais mercadorias de qualidades diferentes, permitindo o seu
intercâmbio (p. 420).
Portanto, o trabalho do assistente social ganha uma dupla dimensão:
por um lado, atende as necessidades sociais, na condição de trabalho útil; por
outro, se iguala em condições, a qualquer outro trabalhador, público ou privado.
Quando ingressa nas instituições, após ter tido sua força de trabalho
especializada em universidades e em congressos, seminários, etc., dos quais
participa, o assistente social passa a fazer parte de um trabalho coletivo,
implementando ações institucionais. Significa que, enquanto trabalha, sua ação
é absorvida por outro sujeito – o empregador – e sendo assim, sua autonomia
é bastante relativa, mesmo que, legalmente ela seja absoluta e isenta de
implicações externas. Então, “o trabalho do assistente social encontra-se
sujeito a um conjunto de determinantes históricos, que fogem ao seu controle e
impõem limites, socialmente objetivos, à consecução de um projeto profissional
coletivo no cotidiano do mercado de trabalho” (IAMAMOTO, 2008, p. 424).
Mas, ainda assim, eles (assistentes sociais) dispõem de um manancial de
denúncias sobre violação de diretos humanos, a socialização de informações,
que permite a dimensão democrática, tornando-se transparente em suas ações
e suas intervenções.
Para finalizar, mais uma vez usamos as palavras de Iamamoto
(2008), nas quais ela diz que para decifrar o trabalho do assistente social,
como trabalho concreto e abstrato, torna-se necessário analisar as
particularidades e as condições das relações sociais, onde ele está inserido e
perceber que, diferentes processos de trabalho se inserem na prática deste
profissional.

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