Você está na página 1de 6

FACULDADE SUPERIOR BATISTA DO AMAZONAS

Resenha do texto o espaços sócios-ocupacionais do assistente social.

MANAUS / AM
2020
Maria da Conceição da Silva

Trabalho parcial apresentado ao curso de Serviço Social da faculdade SUPERIOR


BATISTA DO AMAZONAS, da disciplina Fundamento Histórico e Teórico.

Manaus / Am
BIOGRAFIA
Marilda Villela Iamamoto é graduada em serviço social, na universidade federal de Juiz de
Fora em desde 1971, é bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 1B
Em 19782 fez mestrado em Sociologia Rural pela universidade de São Paulo, e
Doutorado em Ciência Social em 2001, pela universidade católica de São Paulo.
É aposentada como professora titular da universidade do Rio de Janeiro, coordenadora do
Programa de Estudos e Pesquisas Pensamento social e realidade brasileira na América
Latina e do Centro de Estudos Octávio Ianni. Ex-coordenadora Adjunta da CAPES para a
área de Serviço Social (triênio 2008-2010). Tem experiência na área de Serviço Social e
Sociologia Rural com ênfase em Serviço Social, atuando principalmente nos seguintes
temas: serviço social, história do serviço social, serviço social na divisão do trabalho,
formação profissional e ensino superior.
A autora aponta o aspecto inovador da proposta curricular da ABESS no que se
refere ao reconhecimento da “'prática profissional' como trabalho e o exercício
profissional inscrito em um processo de trabalho" (IAMAMOTO, 2000, p. 57). No

entanto, neste mesmo livro, apresenta uma compreensão diferente da expressa na


referida proposta curricular, pois afirma que “o exercício profissional está inscrito em
processos de trabalho” (IAMAMOTO, 2000, p. 262). Dito de outra forma, o exercício
profissional do assistente social não possuiria seu próprio processo de trabalho3
, mas se inseriria em processos pré-estabelecidos.
Critica também a colocação, neste mesmo documento, do processo de trabalho
como sendo do Serviço Social "[...] uma vez que o trabalho é atividade do sujeito e não
da profissão, como instituição" (IAMAMOTO, 2000, p. 107). Assim, a autora também nega
ao Serviço Social uma especificidade, um processo de trabalho próprio, ao afirmar
que se insere em processos de trabalho pré-estabelecidos.
Em contraponto ao pensamento de Iamamoto, temos a concepção defendida por
Lessa (2006). Divergente dela, o autor é enfático ao afirmar que o Serviço Social não pode
ser considerado trabalho, pelo simples fato de não transformar a natureza.
Em primeiro lugar, e antes de qualquer coisa, porque o Serviço Social não realiza a
transformação da natureza nos bens materiais necessários à
reprodução social. Não cumpre ele a função mediadora entre os homens e a
natureza; pelo contrário, atua nas relações puramente sociais, nas relações
entre os homens (LESSA, 2006, p. 18).
Para este autor, a identificação entre a práxis dos assistentes sociais e o trabalho
é incompatível com a centralidade ontológica do trabalho tal como descoberta por
Marx. E adverte que em se tratando do atual debate no interior do Serviço Social,Em sua
concepção, se igualarmos todas as práxis sociais ao trabalho,
transformamos todos os indivíduos em operários e, assim, cancelamos a distinção entre
as classes sociais. Desta forma, para este autor, a tese que postula a identidade entre
trabalho e Serviço Social coloca em cheque o fundamental da concepção marxiana. E
segundo ele, é neste terreno que hoje se põe o debate político no interior da profissão.
Diante deste impasse – se o Serviço Social é ou não trabalho–, pretendo discutir
os argumentos destes dois autores, visando entender melhor este debate. Como
Iamamoto e Lessa afirmam que suas teses estão embasadas na interpretação que Marx
confere ao trabalho, antes de adentrarmos no debate, é necessário revisarmos a teoria
Marxiana acerca desta categoria e entender as novas configurações do trabalho na
contemporaneidade.
A polêmica em torno do Serviço Social como trabalho só se tornou possível após
a aproximação da profissão com o referencial marxista. Segundo Granemann (1999,
p.155) é de Iamamato o mérito de ter estabelecido a interlocução como os textos de
Marx no Serviço Social.
No livro Relações Sociais e Serviço Social no Brasil: esboço de uma
interpretação metodologica, os autores afirmam que o Serviço Social é uma
especialização na divisão sociotécnica do trabalho, que se gesta e desenvolve no
capitalismo, especificamente, na idade dos monopólios. Posteriormente, José Paulo
Netto, no livro Capitalismo Monopolista e Serviço Social concordará com essa
afirmativa, acrescentando.
Assim, há que se evidenciar que o espaço sócio ocupacional de qualquer
profissão, neste caso do Serviço Social, é criado pela existência das necessidades sociais
(que se traduzem em demandas) e que historicamente a profissão adquire este espaço
quando o Estado passa a intervir sistematicamente na questão social (de conteúdo
fundamentalmente econômico e político), através de uma modalidade de atendimento,
qual seja, as políticas sociais (GUERRA, 2000, p. 17).
Em se tratando do Serviço Social, para Iamamoto (2005), a profissão mesmo não
se dedicando preferencialmente, ao desempenho de funções diretamente produtivas,
pode ser caracterizada como um trabalho improdutivo4
, participando, ao lado de outras
profissões, da tarefa de implementar as condições necessárias ao processo de
reprodução.
Porém, Iamamoto ressalta que os assistentes sociais não detêm todos os meios
para efetivar seu trabalho [...] dependem de recursos previstos nos programas e projetos
da instituição que o requisita e o contrata (IAMAMOTO, 1998, p.63).
No tocante ao trabalho enquanto atividade, como dispêndio da força física e
expressão de “sujeitos de classe”, argumenta que os assistentes sociais são marcados
pelo recorte de gênero, pelo traço de subalternidade com que interagem com outras
profissões, pela marca concreta do componente cultural da tradição católica e, por fim,
pelos valores humanistas com os quais se compromete (IAMAMOTO, 1998, p. 64 apud
ARAÚJO 2008, p. 16).
Diante destas afirmações, conclui que o efeito útil do trabalho do assistente
social incide sobre as condições materiais e sociais daqueles que são objeto de sua ação,
“cuja sobrevivência depende do trabalho”. E reconhece que o assistente social é um
desses profissionais que atua “na criação de consensos”. Sua intervenção é polarizada
pelos interesses de classes sociais antagônicas.
Considerações finais.
Procurou-se demostrar aqui, a existência de um caloroso debate teórico no
interior da categoria profissional quando o assunto é vínculo existente entre Serviço
Social e a categoria trabalho em Marx. Cabe salientar, no entanto, que “ambas as
perspectivas fundamentam se no que há de mais profícuo na tradição intelectual
progressista de caráter ontológico” (ARAÚJO, 2008, p.25). Tanto Marilda Iamamoto
quanto Sérgio Lessa contribui significamente com a profissão na medida em que
influenciam dois blocos diferentes de interpretação acerca da natureza e funcionalidade
do Serviço Social. A partir deles, vários profissionais se vêm “desestabilizados” e
provocados a assumir seu posicionamento, motivando assim produções acadêmicas que
visam aprofundar o tema. Apesar, disso, tal debate não se faz suficientemente conhecido
entre a categoria dos Assistentes Sociais, sobretudo, entre aqueles que estão diretamente
ligados à “prática”.

Você também pode gostar