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PÚBLICAS
1ª Edição
Indaial - 2021
UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
F819g
ISBN 978-65-5646-323-0
ISBN Digital 978-65-5646-322-3
1. Políticas públicas. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da
Vinci.
CDD 352
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO.............................................................................5
CAPÍTULO 1
CONCEITOS, DIMENSÕES E TIPOLOGIAS DE
POLÍTICAS PÚBLICAS.....................................................................7
CAPÍTULO 2
CICLO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E
DIMENSÕES DA GESTÃO.............................................................51
CAPÍTULO 3
INDICADORES E AVALIAÇÕES DE POLÍTICAS PÚBLICAS........97
APRESENTAÇÃO
Caro estudante, neste livro, caminharemos juntos por uma jornada no campo
das políticas públicas. O termo “políticas públicas” tem estado, cada dia mais,
nas rodas de conversa, nas notícias e nas mídias, e nas produções de análises
acadêmicas, como um campo específico da ciência.
A transformação, que vem nos deixando cada vez mais próximos das políticas
públicas, pode ser compreendida como um fenômeno positivo, uma vez que a
discussão do termo tem ganhado espaço, cada vez mais sólido, na sociedade
brasileira. Contudo, o evento deve ser melhor compreendido, analisado, e, nos
termos técnicos e práticos, aprimorado, isso porque grande parte da sociedade e
dos nossos gestores públicos (de políticas públicas) ainda não domina dimensões
importantes do fenômeno.
Bons estudos!
C APÍTULO 1
CONCEITOS, DIMENSÕES E TIPOLOGIAS
DE POLÍTICAS PÚBLICAS
• Definir o que é uma política pública e a gênese desta como um campo científico.
• Conhecer e identificar as principais dimensões teóricas e metodológicas de
análise que compõem a ação no campo das políticas públicas.
• Diferenciar os termos “análise política” e “análise de políticas públicas”.
• Analisar na prática os diferentes segmentos, modelos e tipologias existentes no
campo das políticas públicas.
• Examinar e esquematizar as políticas públicas, de acordo com diferentes
tipologias, que produzem uma síntese das principais formas, funções e
finalidades.
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Capítulo 1 CONCEITOS, DIMENSÕES E TIPOLOGIAS DE POLÍTICAS PÚBLICAS
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Iniciamos, aqui, o nosso percurso de conhecimento e de reflexão em torno
das políticas públicas, por isso, desejamos que a aproximação com o tema e
os diversos conceitos possam ser agradáveis e significativos. Para isso, ao
longo deste e dos demais capítulos, serão disponibilizados alguns materiais
complementares que, além de buscarem uma reflexão crítica e profunda do tema,
também servirão para que você possa aproveitar, ao máximo, os conhecimentos
relativos à gestão de políticas públicas, sem que se torne uma disciplina,
essencialmente, de apropriação de termos.
Nosso mergulho pelo vasto campo das políticas públicas tem, como ponto
de partida, a busca das principais dimensões conceituais e dos modelos teóricos
mais estudados e aplicados na gestão de políticas públicas, e que estruturam o
campo científico.
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Por fim, mas não menos importante, será posto, em debate, o ferramental
metodológico das tipologias das políticas públicas. Dessa forma, serão
apresentadas as principais tipologias: de Lowi, de Wilson, de Gormley, de
Gustafsson etc. Tal exercício buscará aprofundar os conhecimentos do leitor e
torná-lo mais próximo dos principais teóricos que deixaram contribuições a esse
campo de estudos. Cabe, no entanto, frisar que a análise explicitada das tipologias
guarda, em si, possibilidades, mas, também, limitações teórico-metodológicas,
tendo, as políticas públicas, uma grande complexidade de cenários, de fenômenos
e de ações em interseção, assim, deve-se evitar o reducionismo de um “caminho
único”. Por isso, buscaremos, a partir deste primeiro capítulo, formular um
espectro amplo de dimensões reflexivas, conceituais e instrumentais.
2 CONCEITUANDO AS POLÍTICAS
PÚBLICAS
Você já deve ter ouvido o termo política pública em diversos contextos,
e, em muitos deles, até mesmo, pode ter se perguntado, alguma vez, por que
determinado fenômeno seria uma “política pública”. Pois bem, nesta seção,
trataremos das principais abordagens teóricas que buscam dar uma explicação
conceitual do que são as políticas públicas.
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Capítulo 1 CONCEITOS, DIMENSÕES E TIPOLOGIAS DE POLÍTICAS PÚBLICAS
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Outra corrente teórica (DYE, 1992) denota que toda política pública
guarda, em si, intenção de ação (ou de inação – não ação). No entanto, mesmo
nas situações nas quais existe uma falta de ação, não se deixa de haver uma
intencionalidade que oriente a situação.
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Capítulo 1 CONCEITOS, DIMENSÕES E TIPOLOGIAS DE POLÍTICAS PÚBLICAS
As outras dimensões das políticas públicas (que estão fora dos limites das
políticas governamentais) ainda carecem de melhores compreensões teórica e
analítica, além da própria reflexão das dimensões de efetividade para a sociedade
na qual estão inseridas.
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Capítulo 1 CONCEITOS, DIMENSÕES E TIPOLOGIAS DE POLÍTICAS PÚBLICAS
Você pode perceber uma primeira noção desse novo campo como tendo
um caráter multidisciplinar por natureza, uma vez que os problemas públicos
não se restringem a uma área do saber científico. Boullosa (2013) indica que as
contribuições teóricas, ao campo das políticas públicas, advindas da economia,
da sociologia, da administração, da geografia e de outras áreas da ciência,
promovem um potencial de não se limitar a um único olhar teórico. Tais inovações
produzem, como resultado, o que Secchi (2015) denomina de policy sciences,
com a produção de um corpo teórico particular, uma série de ferramentais e
de vocabulários analíticos distintos, estes que buscam analisar a dinâmica dos
fenômenos político-administrativos.
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Capítulo 1 CONCEITOS, DIMENSÕES E TIPOLOGIAS DE POLÍTICAS PÚBLICAS
3 DIMENSÕES E MODELOS DE
ANÁLISE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS
O campo das políticas públicas também possui modelos analíticos bem
delimitados, a partir de diferentes correntes teóricas que embasam a reflexão,
a promoção e a avaliação das diferentes práticas. Dye (1992) apresenta uma
construção teórica em busca de modelos, e ilustra que estes são representações
que tentam simplificar determinados aspectos do mundo real.
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Essas dimensões são tomadas como pontos a serem criticados por teóricos
que compreendem a racionalidade como uma dimensão limitada. Miles e Snow
(1978) advogam que as tomadas de decisões, nas organizações, baseiam-se,
muitas vezes, em percepções imperfeitas, desmistificando a noção de que as
tomadas de decisões e os processos de gestão sempre se alinham em ações
exclusivamente ótimas.
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• Estruturas.
• Organizações.
• Deveres e funções.
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Você pode perceber que o olhar desse modelo é muito restritivo, cobrindo
apenas o âmbito das próprias instituições. Assim, podem ser apontados outros
fatores limitantes do modelo institucionalista:
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• Deliberações.
• Políticas públicas efetivas (saúde, educação, segurança pública).
• Regulamentos e normas administrativas.
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• Interesse governamental.
• Interesse da população.
• Opinião pública e grupos de pressão.
• Recursos financeiros.
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Importante ressaltar que a vertente de políticas públicas, que adota uma visão
processual, guarda dois elementos comuns: a noção de ações coordenadas entre
si, a partir da relação de diferentes tipos de atores e de instituições; e estes, que
podem estabelecer redes (formais ou não formais), a depender dos contextos
em que se inserem os processos em questão (ALMEIDA; GOMES, 2018), ou
seja, as ações processuais seguem forma “determinada” para o comprimento
de uma política, e, sobre essas etapas do processo, busca-se compreender,
analisar, inferir melhorias. Dessa forma, o modelo processual de políticas
públicas assume a construção das policies por meio de etapas interligadas, a
partir de aprimoramentos e de práticas em escala contínua, nos procedimentos
organizacionais (DA PAZ; BERMEJO; SILVA, 2020). Logo, independentemente de
qual política estamos tratando, sempre serão interligadas, por constituírem parte
de um mesmo continuum: a formulação de uma política pública.
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Capítulo 1 CONCEITOS, DIMENSÕES E TIPOLOGIAS DE POLÍTICAS PÚBLICAS
Tais etapas podem ser associadas ao Ciclo de Políticas Públicas (CPP), que
veremos mais à frente, no próximo capítulo. Na verdade, o CPP é um exemplo
(se não, o mais famoso e discutido) do arcabouço teórico produzido com base
em uma visão processual do campo das análises de políticas públicas (policies
analysis).
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Capítulo 1 CONCEITOS, DIMENSÕES E TIPOLOGIAS DE POLÍTICAS PÚBLICAS
individual não só começa a achar o jogo cada vez mais opaco e incontrolável,
como, também, torna-se consciente das impossibilidades de compreendê-lo e de
controlá-lo” (ELIAS, 2005, p. 92).
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Capítulo 1 CONCEITOS, DIMENSÕES E TIPOLOGIAS DE POLÍTICAS PÚBLICAS
FONTE: O autor
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4 TIPOLOGIAS DE POLÍTICAS
PÚBLICAS
Antes de aprofundarmos a nossa análise das políticas públicas em si, e das
definições teóricas mais recorrentes, dirigiremos os nossos olhares para a reflexão
das “tipologias” de políticas públicas. Afinal, você sabe o que são tipologias? Uma
resposta simples e bem objetiva: são os estudos realizados a partir dos atributos-
característicos que definem determinado conjunto de dados ou fenômenos. O
ponto fundamental de qualquer tipologia é a determinação de quais atributos ou
características devem ser o ponto focal de determinação das variáveis, para que,
assim, possam ser produzidas as classificações do objeto estudado, tendo, como
premissa, a alocação em tipos ou em grupos.
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Essa tipologia se firmou como um marco dos estudos das políticas públicas,
pois cobre, de forma sintética, grande parte dos processos relacionais promovidos
por estas, a partir dos impactos na sociedade.
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Capítulo 1 CONCEITOS, DIMENSÕES E TIPOLOGIAS DE POLÍTICAS PÚBLICAS
Outra proposta de análise das políticas públicas, que utiliza um eixo linear
para a classificação dos conceitos abordados, é a Tipologia de Bozeman e Pandey
(2004), que definem duas categorias fundamentais para a análise: a) conteúdos
técnicos; e b) conteúdos políticos. Nesse sentido, a propositiva dos autores busca
ilustrar que as políticas públicas podem ser um elemento híbrido que abarca
interesses e ações políticas, além de dimensões e conhecimentos técnicos.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Vamos fechando o Capítulo 1 e o nosso percurso por alguns conceitos que
vão nos acompanhar ao longo da nossa jornada nos próximos capítulos e análises
do campo das políticas públicas.
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Capítulo 1 CONCEITOS, DIMENSÕES E TIPOLOGIAS DE POLÍTICAS PÚBLICAS
REFERÊNCIAS
AGUM, R.; RISCADO, P.; MENEZES, M. Políticas públicas: conceitos e análise
em revisão. Agenda Política, v. 3, n. 2, p. 1, 2015.
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EASTON, D. The political system. Nova York: The Free Press, 1953.
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Capítulo 1 CONCEITOS, DIMENSÕES E TIPOLOGIAS DE POLÍTICAS PÚBLICAS
LASSWELL, H. D. Politics: who gets what, when, how. New York: P. Smith, 1950.
LOWI, T. The State in politics: the relations between policy and administration. In:
NOLL, R. G. Regulatory policy and the social sciences. Berkeley: University of
California Press, 1985.
LOWI, T. J. American business, public policy, case-studies, and political theory. World
Politics, v. 16, n. 4, p. 677-715, 1964. Disponível em: www.jstor.org/stable/2009452.
Acesso em: 15 jan. 2021.
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MINTZ, A.; WAYNE, C. The polythink syndrome and elite group decision-
making. Political Psychology, v. 37, n. 1, p. 3-21, 2016. Disponível em: www.jstor.
org/stable/43783903. Acesso em: 15 jan. 2021.
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C APÍTULO 2
CICLO DE POLÍTICAS PÚBLICAS
E DIMENSÕES DA GESTÃO
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Capítulo 2 CICLO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E DIMENSÕES DA GESTÃO
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Caro estudante, agora que já abordamos um retrospecto da consolidação
do campo das políticas públicas, as principais abordagens que constituem os
debates dessa área de estudos, alguns conceitos primordiais, como o que pode
ser definido como uma política pública e quais são as principais características
desta, podemos seguir a nossa jornada!
Outro par de conceitos que será abordado neste capítulo será a distinção
teórica entre políticas regulatórias e políticas gerenciais. Ainda, serão
apresentados dois modelos orientadores da gestão de políticas públicas: a gestão
estratégica e a gestão social. Esses modelos, que podem ser compreendidos
como balizadores de ações, a partir das distintas estruturas e orientações, definem
diferentes formas de comportamento, de interação e de produção das políticas
públicas. É importante que, desde já, você compreenda a gestão estratégica como
um modelo de ação importado da área da administração de empresas, voltado
para o aumento da eficiência e a redução dos custos organizacionais, modelo
que ganhou notoriedade na agenda pública brasileira durante o fim da década de
1980 e o início dos anos 90, com as premissas de desburocratizar e de tornar a
gestão pública mais eficiente. Em contraponto, o modelo da gestão de políticas
públicas, delineado pela gestão social, busca, antes de tudo, estabelecer canais
e ações que permitam a promoção de políticas participativas, além da abertura
das distintas etapas de elaboração e da avaliação de policies para a promoção do
bem-comum.
Por fim, este capítulo buscará perfazer o debate em torno das experiências
de políticas públicas que vão além das simples relações entre Estado x sociedade
civil. Tendência da dicotomia estabelecida, principalmente, até a década de
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1980. Nesse sentido, desejamos que você, caro estudante, possa conhecer
experiências, como as práticas de governança territorial e de gestão de políticas
públicas em redes, que consolidam caminhos de múltiplos agentes na elaboração,
na implementação e na avaliação de políticas. Assim como os fenômenos das
redes, busca-se trazer uma caracterização das principais definições de redes a
partir dos estudos de políticas públicas, e como estas se encaixam como novos
arranjos institucionais, como os Arranjos Produtivos Locais, também denominados
de APLs; e ações de coprodução de bens públicos, que estabelecem redes
interinstitucionais de organizações não governamentais (ONGs), entidades
filantrópicas, organizações e movimentos da sociedade civil, órgãos estatais e
órgãos de classe que, juntos, produzem e efetivam políticas públicas.
É relevante destacar que cada uma das fases inerentes ao processo do Ciclo
de Políticas Públicas envolve uma gama diferente de atores e de instituições
(públicas, privadas e do terceiro setor), desde o momento em que se identifica um
problema público, até a fase da extinção deste, passando pela implementação,
por exemplo, de diversos atores e instituições que inserem os interesses próprios
(ESTEVÃO; FERREIRA, 2018). Nesse sentido, Boneti (2007) destaca que os
diferentes contextos sociais promovem jogos de forças a partir da ação, da visão e
dos interesses políticos desses atores e instituições sobre determinado problema
público.
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Capítulo 2 CICLO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E DIMENSÕES DA GESTÃO
Antes de analisarmos, de forma mais específica, cada uma das fases que
constitui o Ciclo de Políticas Públicas, é importante que você tenha uma visão
geral das partes constituintes. Dessa forma, ilustrar-se-ão as etapas do CPP, de
acordo com a concepção de Secchi (2015):
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Outro perigo exposto pelos autores é que a visão processual das políticas
públicas assume um caráter “legalista” e que negligencia os fatores “descritivo-
explicativos”, que promovem a dinâmica dos processos de tomada de decisões
(JENKINS-SMITH; SABATIER, 1993, p. 44).
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Capítulo 2 CICLO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E DIMENSÕES DA GESTÃO
Você já parou para pensar como surge um problema público? Ou, até mesmo,
como um determinado problema passa a ser público e ganha espaço na agenda
de ações do governo? Essas são indagações que nos remetem à importância
de determinados fenômenos sociais frente a outras questões, que, apesar de
existirem, e serem identificáveis, acabam não ganhando espaço de ação dos
governos ou políticas públicas que busquem remediá-las.
No outro extremo, por vezes, situações que não são percebidas pela
sociedade, como um problema prioritário, acabam sendo tomadas, pelos gestores
públicos, como problemas cruciais, devendo ter atenção do Estado. Um exemplo
é a dívida pública dos entes federados (União, Estados e municípios), um tema
que, apesar de ganhar notório espaço na mídia e nas discussões políticas, não
se reflete da mesma forma no âmbito da sociedade civil. Vamos retomar essa
questão mais à frente, quando abordarmos os modelos da tomada de decisões.
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Como você pode perceber, não há uma receita de bolo para a definição
de alguns problemas. O caso das enchentes e dos deslizamentos, em áreas
urbanas, é um exemplo tácito. Muitas vezes, o gestor deve ter um olhar apurado
para compreender a causa que determina a existência do problema público.
Isso não quer dizer que a ação dos policymakers está limitada a essas
categorias de ação, uma vez que o cenário das políticas públicas é múltiplo e
dinâmico. Logo, um gestor (e a sociedade) pode iniciar a identificação do problema
público, tendo total conhecimento desse dado fenômeno, além de alta capacidade
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Secchi (2015) define três tipos distintos de agenda, mas que se correlacionam
entre si, a saber:
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• Temporalidade da ação: refere-se ao tempo que deve ser gasto para que
determinado problema público seja resolvido ou atenuado.
• Recursos (financeiros, materiais, de pessoal etc.): são os elementos de
entrada na visão do modelo sistêmico das políticas públicas. Afetam,
diretamente, a capacidade estatal de resolução dos problemas públicos,
além da capacidade, por parte dos demais agentes e das instituições
sociais, de resolução de demandas.
• Ações de grupos de pressão: podem se materializar aberta ou
sigilosamente, a partir dos interesses dos integrantes na consolidação
dos problemas na agenda pública.
• Interesses partidários: podem representar um amplo espectro de
interesses sociais, desde as camadas sociais mais amplas, como os
trabalhadores e o cidadão de baixa e renda média, até grupos sociais mais
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Nessa fase, os
A formulação de alternativas “[...] se desenvolve por meio de atores envolvidos
escrutínios formais ou informais das consequências do problema, e dos no processo de
potenciais custos e benefícios de cada alternativa disponível” (SECCHI, construção da política
2015, p. 48). Logo, nessa fase, os atores envolvidos no processo de pública determinam o
construção da política pública determinam o que é esperado como que é esperado como
resultado.
resultado.
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Não obstante, Spink e Burgos (2019) observam que uma compreensão ainda
mais ampla e profunda, das políticas públicas, é traçada com a conceituação
de Barrett e Fudge (1981), que defendem a possibilidade de conceituá-las nos
programas partidários, nas atividades administrativas e na condução de regras e
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Vastas críticas são feitas a esse modelo pela pouca interação com os agentes
que operacionalizam a política, de fato (AGUM; RISCADO; MENEZES, 2015), e
com as comunidades que recebem determinada política (beneficiários). Ainda,
deve ser exposta, como limitante prático, a noção de que formuladores de políticas
possuem o controle dos agentes organizacionais, políticos e tecnológicos, além
de como estes procedem na fase de implementação (SILVA; MELO, 2000; LIMA;
D’ASCENZI, 2013).
Segue a orientação “de cima para baixo”, que define o fluxo de gestão da
abordagem “top-down”:
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Nas investigações mais recentes, desde a década de 1990, essa fase tem
suscitado grande interesse de pesquisadores (FARAH, 2018); pois, aqui, pode-
se produzir uma métrica de como determinada política se comporta de forma
efetiva. A definição dos planos e dos projetos de políticas públicas sai do papel,
e, na fase da implementação, é possível observar, a partir de diferentes conjuntos
analíticos, os primeiros resultados da política diante da sociedade. Como exemplo,
as experiências dos orçamentos participativos, instrumentos de inserção da
sociedade civil nos processos de tomada de decisões públicas.
Farah (2018) revela que grande parte da literatura brasileira, que aborda a
fase da implementação de políticas públicas, foi produzida depois dos anos 2000,
o que demonstra como é um campo novo, e que vem sendo discutido a partir
de um cenário onde se ampliaram os novos arranjos institucionais de políticas
públicas. Por conseguinte, grande parte dessa produção se estabelece na análise
de casos práticos de políticas implementadas ou de implementação, nas mais
diferentes esferas federativas, e com diferentes configurações e características
práticas.
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Acompanhe uma síntese dos três modelos de avaliação a partir dos tempos
de inserção: antes, durante e depois do processo:
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Não obstante, alguns desses tipos de avaliação são mais comuns e utilizados
do que outros, enquanto outros são mais específicos e aplicados em certas
abordagens e situações na resolução de problemas públicos. As avaliações
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ex-post, por exemplo, são as mais difundidas, inclusive, pelo ato falho de se
compreender a fase da avaliação como um momento que deve existir apenas no
fim do ciclo de política pública (DA CUNHA, 2018).
Você deve estar atento para a percepção de que o ato de avaliar políticas
públicas não é neutro (TEJADAS, 2020). Abriga, em si, o estabelecimento de
critérios do que se deseja avaliar, além de julgamentos valorativos (SILVA, 2001;
TEJADAS, 2020).
Todos esses critérios podem servir como métricas para aferir a execução de
uma política pública. Daí, chegamos a um ponto importante, que é a construção
de indicadores sólidos e confiáveis para a promoção de uma análise avaliativa
sensível à realidade que se deseja medir. Falaremos desse assunto, mais
profundamente, no próximo capítulo, no qual abordaremos a relevância dos
indicadores como instrumentos para os processos de avaliação de políticas
públicas.
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Secchi (2015) define que o modelo gerencial tem, como foco, os resultados
e a capacidade de alcançar metas. Não obstante, os processos (os caminhos),
usados para se chegar a determinados resultados e metas, não são um ponto
focal desse grupo de políticas. Como define Bresser-Pereira (1996), a estrutura de
controles se volta para a fase final (medição de resultados), ex-ante, uma vez que
os processos avaliativos, aqui, são compreendidos com os controles de eficácia e
de eficiência (BRESSER-PEREIRA, 1996; SECCHI, 2009).
4 GESTÃO ESTRATÉGICA OU
GESTÃO SOCIAL: COMO PRODUZIR
POLÍTICAS PÚBLICAS?
Caro estudante, como você bem sabe, a nossa disciplina se propõe a oferecer
uma discussão em torno dos modelos de gestão de políticas públicas. Dessa
forma, chegamos ao momento de adentrar nesse debate, que vem ganhando
mais espaço nos debates práticos e teóricos do campo, consolidando-se a partir
de diferentes construções teóricas, inovações institucionais e experiências de
gestão pública.
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que o pensar políticas públicas está além das dimensões de gerir orçamento e
recursos técnicos. As pessoas são partes fundamentais dos sistemas políticos, e
devem ser percebidas, como tal, com as suas complexidades. Por isso, Tenório
(2016) propõe a ação dialógica (fundamentada na participação) na escuta e
na inclusão do outro como um ponto essencial para a produção de resultados
efetivos, que possam trazer, à sociedade, políticas públicas adequadas para as
especificidades sociais.
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Ainda, acerca do quadro anterior, repare que a gestão estratégica tem, como
espaço de primazia, o da esfera privada, por isso, a concepção de estrutura
organizacional segue os padrões das empresas, pensadas de forma hierarquizadas
e balizadas pela heterogestão, existindo uma unidade de comando que contempla
os modelos das políticas top down (de cima para baixo) e dando eminência aos
papéis dos tomadores de decisões públicas, como dos detentores do poder de
planejamento, formulação e avaliação das políticas. Na outra ponta, o modelo
da gestão social tem a esfera pública, que, na sua perspectiva habermasiana,
é o espaço de diálogo em torno de problemas e demandas públicos, visando
solucioná-los (TENÓRIO, 1998). A estrutura organizacional da gestão social
se baseia na heterarquia, o que promove a igualdade entre os agentes que se
inserem nos processos de discussão de problemas públicos. Nessa perspectiva,
o caminho da ação é orientado por processos que concedem, aos mais diferentes
atores sociais, o mesmo peso na tomada de decisões (TENÓRIO, 2012; 2016;
CANÇADO; SAUSEN; VILLELA, 2013).
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Mota (2020), por exemplo, observa que os estudos das políticas públicas, em
Portugal, apontam para uma forte fragilidade dos processos de implementação das
policies, principalmente, no âmbito de ações intraorganizacionais e promovidas
em processos de governança entre Estado, agentes privados e organizações e
setores da sociedade civil.
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Capítulo 2 CICLO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E DIMENSÕES DA GESTÃO
dos policymakers como agentes com racionalidades limitadas, e que devem levar
em consideração uma série de fatores, como a interação com grupos de pressão
e de interesses, as relações de poder e o tecnicismo (LINDBLOM, 1959; ARAÚJO;
RODRIGUES, 2017). Dessa forma, os processos de ação/intervenção, em prol de
problemas públicos, não devem ser pautados apenas pela ótica tecnicista e pouco
participativa, envolta nas dimensões burocratizadas e que seguem o modelo top
down, como vimos anteriormente.
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Note que essa concepção abrange redes da esfera pública, também ligadas
à produção de serviços e de políticas, a partir do estabelecimento de ações
conjuntas de instituições da própria esfera estatal, não se limitando, apenas, a
redes estabelecidas entre entes estatais e não estatais.
Note que, em todos esses modelos apresentados por Muller e Surel (1998),
participam atores governamentais e não governamentais. São redes híbridas, que
congregam participantes dos segmentos estatais e não estatais. Outro ponto que
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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
No presente capítulo, acompanhamos a abordagem do Ciclo de Políticas
Públicas (CPP), umas das mais utilizadas ferramentas de gestão de políticas
públicas. A partir deste, percorremos as etapas, ou fases (como preferir), em busca
de compreender as definições, as características e os elementos conceituais
abordados na literatura da área.
Buscou-se um olhar com base nas fases definidas por Secchi (2015): 1)
Identificação do problema; 2) Formação da agenda; 3) Formulação de alternativas;
4) Tomada de decisões; 5) Implementação; 6) Avaliação; e 7) Extinção.
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Capítulo 2 CICLO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E DIMENSÕES DA GESTÃO
REFERÊNCIAS
AGE, L. M.; SCHOMMER, P. C. Coprodução de serviço de vigilância sanitária:
certificação e classificação de restaurantes. Revista de Administração
Contemporânea, v. 21, n. 3, p. 415-434, 2017.
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EASTON, D. The political system. Nova York: The Free Press, 1953.
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C APÍTULO 3
INDICADORES E AVALIAÇÕES DE
POLÍTICAS PÚBLICAS
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Capítulo 3 INDICADORES E AVALIAÇÕES DE POLÍTICAS PÚBLICAS
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Caro estudante, agora, iniciaremos a nossa caminhada pelo terceiro capítulo,
no qual abordaremos questões importantes do debate em torno dos instrumentos
de avaliação e de análise de políticas públicas. Para isso, será primordial uma
discussão reflexiva em torno do conceito de indicadores, além de como estes
se diferenciam dos dados e das informações não tratadas. Seguindo por essa
vertente analítica, busca-se trazer, a você, a diferenciação entre indicadores,
índices e taxas, contextualizando o uso de cada um dos elementos no campo de
avaliação das políticas públicas.
2 INDICADORES DE POLÍTICAS
PÚBLICAS
Os indicadores estão presentes nos mais diversos campos e fenômenos
sociais da vida atual, por meio dos indicadores produzidos para a gestão de
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Dessa forma, você Por hora, é importante que você compreenda que os indicadores
deve sempre se de performance nem sempre estão atrelados aos processos (meios
lembrar de que um da política), e podem estar diretamente correlacionados com a
dado bruto, sem uma finalidade desta, por isso, não devem ser traduzidos como sinônimos
contextualização
de indicadores de processos. Um exemplo pode ser a avaliação anual
adequada (teorização
ou finalidade do número de estudantes reprovados, estabelecendo uma avaliação
pragmática), não é contínua da quantidade de estudantes aprovados e estudantes
um indicador, mas reprovados (performance atrelada ao resultado). Outro exemplo, agora,
um número ou dado de um indicador de performance atrelado ao processo: mensuração
estatístico. mensal dos valores gastos com merenda escolar.
Os indicadores podem
Logo, você deve entender que uma mesma política pública pode ter
diferentes formas de ser avaliada, ou, mais especificamente, pode-se dizer que
pode ser analisada a partir de diferentes indicadores, como a política de saúde
da família em determinado município. Pode ser estudada a partir de diferentes
objetos, resultados, processos e dinâmicas sociais e organizacionais. Ex.: 1)
Número de famílias assistidas; 2) Número de famílias assistidas por Unidade
Básica de Saúde da Família (UBSF); 3) Número de atendimentos e procedimentos
realizados em cada Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF); 4) Taxa de
médicos do programa Saúde da Família por população de cada bairro; 5) Taxa de
atendimento do programa Saúde da Família por faixa etária; dentre tantas outras
possibilidades de análise.
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A característica tem a ver com a definição exposta, por Jannuzzi (2002; 2012),
como temporalidade. A temporalidade pode ser conceituada como a capacidade
de um indicador propiciar análises apropriadas com o passar do tempo, inclusive,
possibilitando a comparação entre as diferentes fases temporais (comparações
históricas, também citadas, na literatura, como historicidade).
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Você, com certeza, já deve ter tido acesso a dados, como taxa de
desemprego e taxa de inflação. Esses são bons exemplos de dados públicos
produzidos e publicizados por instituições que monitoram fenômenos sociais,
como o desemprego e a inflação, e que operacionalizam estudos técnicos que
geram a produção de indicadores, mas, afinal de contas, devemos esclarecer
uma questão que é de grande relevância: Por que são necessárias a construção e
a disseminação de estatísticas públicas?
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Apesar dos diferentes contextos institucionais, Taylor (2016) propõe três eixos
fundamentais para que se possa estabelecer um Sistema Nacional Estatístico
(SNE) robusto:
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1 - Caro aluno, tendo, como base, o que estudamos até aqui, assinale
as alternativas a seguir com (V) para as verdadeiras e (F) para as
falsas:
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3 ABORDAGENS DE AVALIAÇÃO
Caro estudante, nesta seção, retornaremos a discutir o conceito de
avaliação, mas, desta vez, teremos, como norte dos nossos estudos, as diferentes
abordagens teóricas que imprimem diferentes marcas conceituais, além de
distintos instrumentos práticos para a execução dos processos avaliativos de
políticas públicas.
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3.1 POSITIVISTA-EXPERIMENTAL
O modelo de avaliação positivista-experimental é, de acordo com Tinôco,
Souza e Oliveira (2011), a visão predominante entre as teorizações de políticas
públicas. Isso se dá, em grande parte, pelo caráter técnico, de estabelecimento
de normas e de pressupostos para a orientação dos gestores públicos. O
papel prescritivo do campo, desde a gênese (BOULLOSA, 2013), promove o
estabelecimento de receituários a serem seguidos antes do estabelecimento de
análises críticas mais densas acerca das construções teórico-metodológicas do
campo (BOULLOSA et al., 2021).
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(CRUZ, 2019), com foco no lucro, na esfera econômica e nos ditames da gestão
estratégica. A agenda também replica uma série de delineamentos de processos
avaliativos tecnicistas e que focam em um “teste de hipóteses, previamente
estabelecidas a partir de apanhados teóricos” (CRUZ, 2019, p. 162).
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Note que, apesar de o exemplo anterior ser bem restrito a algumas poucas
variáveis, o gestor pode perceber uma série de fenômenos sociais em torno da
segurança pública, que, não necessariamente, são percebidos apenas com a
análise dos registros de violência nos dois cenários. Isso ilustra, de forma simples,
como o modelo experimental de cenários é bem limitado, sem refletir, criticamente,
a respeito dos fatores sociais, ambientais, institucionais, econômicos etc. que
afetam determinado cenário de avaliação de políticas públicas.
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FONTE: O autor
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Uma dica é que ele consegue estabelecer, ainda, como dimensões “controle”,
aquelas relacionadas aos problemas encontrados nas seguintes dimensões:
consultas não realizadas (falta do médico), consultas não realizadas (faltas dos
usuários), falta de insumos para vacinação, visitas domiciliares não realizadas etc.
3.3 CONSTRUTIVISTA
O modelo de avaliação construtivista é definido, teoricamente, por Guba e
Lincoln (1989), no trabalho intitulado de Fourth Generation Evaluation (Quarta
Geração da Avaliação). Os autores traçam a consolidação de uma nova
epistemologia do processo avaliativo, que se norteia pela noção basilar de que
a realidade está fora da esfera do avaliador, construída pelas pessoas que
vivenciam tal realidade (GUBA; LINCOLN, 1989; AZEVEDO; VALVERDE, 1999).
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4 MÉTODOS PLURALISTAS DE
AVALIAÇÃO
Os métodos pluralistas (ou, simplesmente, métodos plurais) de avaliação
são cunhados como uma abordagem, de caráter mais amplo, dos processos
avaliativos, na medida em que buscam avaliar as políticas públicas, seguindo uma
dinâmica de inclusão dos demais agentes envolvidos como ativos, baseando-se
nas práticas dialógicas e democráticas (BOULLOSA et al., 2021).
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como indivíduos para serem escutados, mas como agentes ativos nos processos
públicos, é, de fato, uma guinada da compreensão entre as relações Estado-
sociedade.
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Como você pode perceber, com base na leitura das seções anteriores,
o campo da avaliação de políticas públicas é polissêmico (BOULLOSA et al.,
2021), e guarda, em si, uma série de vertentes e de diálogos teóricos que podem,
inclusive, dialogar em um mesmo processo avaliativo, dependendo da visão,
compreensão e atuação do avaliador e dos avaliados em cada contexto social e
histórico.
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demandas. Esse debate ganha uma ampla difusão nos governos de alinhamento
neoliberal nos países latino-americanos, a partir das diretrizes do Consenso de
Washington, como a privatização das empresas estatais, o enxugamento do
Estado e dos órgãos, e a redução das áreas de atuação estatal (MONTAÑO, 2002).
O Consenso de Washington é definido, por Carinhato (2008, p. 40), como uma
conferência “[...] sem caráter deliberativo, realizada em 1989, entre acadêmicos
e políticos norte-americanos e latino-americanos, para buscar soluções que
findassem com a estagnação reinante por mais de vinte anos na América Latina”.
No Brasil, o receituário de Washington é adotado como um conjunto de ações de
redução das esferas administrativas, buscando eficiência e redução dos gastos
públicos; forte direcionamento aos serviços; procura pela descentralização dos
serviços e ampliação dos meios (e instrumentos) de fiscalização e monitoramento
das políticas públicas; e estabelecimento de uma maior dependência do Estado
sobre a ação e os interesses de mercado (DENHARDT; CATLAW, 2017).
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FONTE: O autor
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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Prezado estudante, estamos chegando ao fim do Capítulo 3, e é
imprescindível finalizarmos a nossa jornada pelos indicadores e pelas abordagens
de avaliação de políticas públicas, fazendo um breve retrospecto acerca dos
elementos teóricos vistos até aqui.
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Outro ponto abordado ao longo deste capítulo final foram as políticas públicas
promovidas pelo terceiro setor, além da íntima relação entre os processos
de privatização e de desresponsabilização das atividades estatais frente aos
contextos de mercantilização dos recursos e das políticas públicas.
Bom, agora a nossa jornada vai chegando ao fim, e destacamos, aqui, mais
uma vez, a importância da consolidação de caminhos sólidos, democráticos e
voltados para os interesses sociais nos mais distintos processos de gestão das
políticas públicas, além de não estabelecermos, de forma alguma, um receituário
pré-determinístico diante das complexidades e das diferentes situações possíveis
na seara do planejamento, da implementação, do monitoramento, da avaliação
das políticas públicas.
REFERÊNCIAS
AFONSO, A. J. Avaliação educacional: regulação e emancipação: para uma
sociologia das políticas contemporâneas. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2005.
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EASTON, D. The political system. Nova York: The Free Press, 1953.
HENRY, G. T. How modern democracies are shaping evaluation and the emerging
challenges for evaluation. American Journal of Evaluation, v. 22, n. 3, p. 419-
429, 2001.
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